Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | China regista 12 casos nas últimas 24 horas, todos oriundos do exterior [dropcap]A[/dropcap] China atingiu hoje 22 dias consecutivos sem registar casos locais de covid-19, já que os 12 novos casos diagnosticados nas últimas 24 horas são todos oriundos do exterior, informaram as autoridades. A Comissão de Saúde da China detalhou que os casos importados foram diagnosticados nos municípios de Xangai, Tianjin e Chongqing e nas províncias de Guangdong e Sichuan. As autoridades informaram ainda que, nas últimas 24 horas, 18 pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infectadas activas no país asiático se fixou em 180, incluindo dois em estado considerado grave. Desde o início da pandemia, a China registou 85.134 infetados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. As autoridades chinesas referiram que 819.075 pessoas que tiveram contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica na China, das quais 5.959 permanecem sob observação. A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 880.396 mortos e infectou mais de 26,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Dezenas de detidos em protestos contra lei de segurança [dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong deteve ontem cerca de 90 pessoas na sequência dos protestos contra a lei de segurança aprovada pela China para o território e contra o adiamento das eleições legislativas. No dia 31 de Julho, a Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou que as eleições legislativas seriam adiadas por um ano devido ao “risco extremo para a saúde” representado pela terceira vaga de infecções da covid-19, negando que a decisão tivesse motivações políticas, como alegavam os movimentos pró-democracia. Carrie Lam argumentou com os riscos levantados pela previsível aglomeração de eleitores e trabalhadores nas mesas de voto e a incapacidade dos residentes de Hong Kong no estrangeiro de viajarem para votar devido a exigências de quarentena. O adiamento das eleições legislativas foi o mais recente capítulo na história recente de convulsão política na antiga colónia britânica. A imposição por Pequim em Julho de 2019 de uma nova lei de segurança nacional, que pune com penas que podem chegar à prisão perpétua actos como a secessão ou conluio com forças estrangeiras, mergulhou Hong Kong num clima de agitação e gerou uma reação de protesto da comunidade internacional. Polícia em força Leung Kwok-hung, Raphael Wong Ho-ming e Figo Chan Ho-wun, membros da Liga Social Democrática, foram alguns activistas presos “por participarem numa marcha não autorizada”, de acordo com a imprensa, que refere ainda a adesão pouco significativa aos protestos, marcados por uma forte presença da polícia, com cerca de 2.000 agentes mobilizados. Numa publicação no Facebook, a polícia reconhece que prendeu quase 90 pessoas por terem participado numa manifestação não autorizada. Em vários vídeos publicados nas redes sociais consegue perceber-se que os manifestantes exigiam a possibilidade de voto e gritaram que a corrupção atingiu a polícia. Os protestos concentraram-se nos bairros de Kowloon e Mong Kok.
Hoje Macau China / Ásia ManchetePolícia de Hong Kong aguarda informações de estudante com passaporte português detido na China [dropcap]U[/dropcap]m porta-voz da polícia de Hong Kong disse hoje desconhecer qualquer informação sobre o caso de um estudante de 19 anos, detentor de passaporte português, detido na China quando tentava sair por mar do território. O superintendente Cheung, do departamento de Relações Públicas da polícia de Hong Kong, acrescentou à Lusa que as autoridades locais aguardam informações da congénere de Shenzhen, zona económica especial adjacente à antiga colónia britânica, sobre a detenção de um grupo de 12 pessoas. Na segunda-feira, a polícia de Hong Kong afirmou que 12 pessoas, envolvidas em “vários casos” na região foram acusadas de vários crimes, incluindo tentativa de fogo posto, posse de armas ofensivas, conluio com país estrangeiro, motins e posse de explosivos, foram interceptadas no mar pelas autoridades da província de Guangdong. O grupo de 11 homens e uma mulher, com idades entre os 16 e os 33 anos, pretendia chegar a Taiwan, tendo iniciado a viagem em 23 de agosto. Horas depois de terem partido, a embarcação foi apresada pela guarda costeira da província chinesa de Guangdong, a 50 milhas a sudeste da península de Sai Kung. De acordo com a polícia de Hong Kong, as 12 pessoas foram acusadas de entrarem ilegalmente em território chinês, encontrando-se detidas na China continental. Entre os detidos e passageiros da embarcação, conta-se Tsz Lun Kok, de 19 anos, estudante da Universidade de Hong Kong, confirmou à Lusa a instituição do ensino superior. Por outro lado, Cheung indicou que Kok foi acusado pelos crimes de tumulto, posse de arma ofensiva com intenção e posse de arma ofensiva em local público. Residente de Hong Kong, portador de passaporte português, Kok é suspeito de ter participado no cerco da Universidade Politécnica de Hong Kong (entre 17 e 29 de novembro de 2019), incidente pelo qual foi acusado, referiu. Na sequência do caso, ocorrido durante os protestos que abalaram a cidade no ano passado, os tribunais de Hong Kong proibiram 11 das pessoas, que tentaram deixar o território com destino a Taiwan, de sair da cidade, enquanto três eram procuradas, de acordo com a polícia. Kok foi libertado sob fiança e deverá “estar presente” na audiência do tribunal de Tuen Mun, um dos tribunais de Hong Kong, para o processo de que é alvo, afirmou Cheung. Na terça-feira, num nota enviada à Lusa, o Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong indicou que Kok, “natural e residente na RAEHK [Região Administrativa Especial de Hong Kong], detentor de passaporte português, se encontrará detido em Shenzhen por travessia ilegal da fronteira ao sair de Hong Kong, por via marítima, com destino a Taiwan”. O consulado português lembrou que a China reconhece “o passaporte português apenas enquanto documento de viagem não atributivo da nacionalidade”, o que limita a intervenção das autoridades portuguesas “ao domínio humanitário, procurando assegurar que o detido se encontra bem, que lhe seja dispensado um tratamento digno e que possa ser defendido por um advogado”. Por outro lado, as regras internacionais que “regem as relações consulares entre os Estados no que respeita à proteção consular de cidadãos detentores de dupla nacionalidade, a assistência consular por parte deste Consulado Geral fica formalmente excluída nos casos em que os indivíduos em questão se encontrem no país da sua outra nacionalidade”. O cônsul geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves, indicou que “em coordenação com a Embaixada de Portugal em Pequim e com o Consulado Geral de Portugal em Cantão, estão em curso contactos com as autoridades competentes da República Popular da China”. O caso surge quase um mês depois da entrada em vigor, em 30 de junho, da lei de segurança nacional imposta ao território por Pequim. A lei de segurança nacional criminaliza actos secessionistas, subversivos e terroristas, bem como o conluio com forças estrangeiras para interferir nos assuntos da cidade. O documento entrou em vigor em 30 de Junho.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | China regista onze casos nas últimas 24 horas, todos oriundos do exterior [dropcap]A[/dropcap] China atingiu hoje 18 dias consecutivos sem registar casos locais da covid-19, já que os onze novos casos diagnosticados nas últimas 24 horas são todos oriundos do exterior, informaram as autoridades. A Comissão de Saúde da China detalhou que os casos importados foram diagnosticados nas províncias de Shaanxi, Guangdong e Sichuan. As autoridades informaram ainda que, nas últimas 24 horas, 17 pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infectadas activas no país asiático se fixou em 192, incluindo três em estado considerado grave. Desde o início da pandemia, a China registou 85.077 infectados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. As autoridades chinesas referiram que 816.868 pessoas que tiveram contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica na China, entre as quais 7.259 permanecem sob observação. A pandemia do coronavírus que provoca a covid-19 já provocou pelo menos 857.824 mortos e infectou mais de 25,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
João Luz China / ÁsiaDefesa | Pentágono diz que China vai duplicar arsenal nuclear em 10 anos Pequim tem planos para duplicar o número de ogivas nucleares na próxima década, de acordo com um relatório do Pentágono. Além disso, o documento realça os consideráveis avanços em áreas como a construção naval, o desenvolvimento de mísseis e sistema de defesa antiaérea. Ainda assim, no ano passado, o orçamento militar norte-americano foi mais do triplo do chinês e o país apresenta um arsenal nuclear sete vezes maior [dropcap]A[/dropcap]s tensões a vários níveis entre China e Estados Unidos têm sido muitas vezes equiparadas aos tempos da Guerra Fria. É óbvio que conflitos diplomáticos, comerciais e políticos estão longe de serem equivalentes ao pavor global de aniquilação nuclear, quando bunkers eram só mais uma divisão da casa. Porém, a agenda geopolítica avançou esta semana para o tema nuclear com a divulgação do relatório do Pentágono “Desenvolvimento militar e de defesa da República Popular da China 2020”, um documento da responsabilidade do departamento de Defesa, entregue ao Congresso todos os anos. Um dos destaques do relatório, é a sugestão de que Pequim planeia duplicar o número de ogivas nucleares na próxima década. Segundo a estimativa do Pentágono, o arsenal nuclear chinês, neste momento, conta com cerca de duas centenas de ogivas nucleares, contabilidade que varia de acordo com quem a faz, e que pode chegar às 320 ogivas. “A força nuclear chinesa vai evoluir significativamente na próxima década, à medida que se moderniza, diversifica e aumenta o número de plataformas de distribuição nuclear em terra, mar e ar. A China está a tentar atingir a ‘tríade nuclear’ com o desenvolvimento de mísseis balísticos disparados do ar e que podem ser equipados com armas nucleares, e a melhorar as capacidades nucleares em terra e mar”, refere o documento. No início do ano, o Global Times, jornal oficial chinês, escrevia que Pequim deveria aumentar, a curto-prazo, a sua capacidade nuclear para 1000 ogivas. Importa referir que, segundo o Center for Arms Control and Non-Proliferation, o arsenal norte-americano conta actualmente com 5.800 ogivas. Além disso, mais de 90 por cento de todas as armas nucleares existentes no mundo pertencem aos Estados Unidos e à Rússia, os dois históricos adversários na Guerra Fria. Também para dar contexto quanto ao registo da administração Trump nesta matéria, recorde-se a abrupta saída de Washington do acordo nuclear com o Irão, na tentativa de romper com o legado internacional de Obama, e do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, assinado em 1987 entre Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev. Além disso, Donald Trump disse a Vladimir Putin que caso seja reeleito não tem interesse em renovar o New START (Strategic Arms Reduction Treaty), um tratado que expira em 2021 e que impõe limites estratégicos aos arsenais nucleares americanos e russos. Heróis do mar O relatório sobre as capacidades militares chinesas é publicado numa altura de tensões militares entre Pequim e Washington, como as disputas do Mar do Sul da China e o apoio norte-americano a Taiwan. Além disso, surge em plena campanha eleitoral, num momento em que um dos trunfos eleitorais de Donald Trump é a posição de força contra Pequim. Nesse sentido, o Global Times publicou um artigo na segunda-feira a alertar para a possibilidade de Washington estar a apostar na provocação para ver se Pequim dispara o primeiro tiro. O artigo cita analistas que afirmam que um avião militar norte-americano sobrevoou os céus de Taiwan no passado domingo, suspeitando que a aeronave poderá ter descolado de uma base na Formosa em direcção ao Japão. As autoridades de Taiwan negaram que tal tivesse acontecido. Apesar da tensão, a Administração Trump tem tentado incluir a China nas conversações com a Rússia sobre controlo de armamento nuclear, convite que Pequim tem reiteradamente negado. “A China conseguiu paridade com os Estados Unidos em várias áreas de modernização militar”, refere o documento do Pentágono, acrescentando que em algumas áreas a capacidade chinesa excedeu a americana. O departamento de Defesa destaca a construção naval, sistemas de defesa antiaérea e bases mísseis balísticos convencionais e de cruzeiro. Outro dos destaques do documento é a Marinha chinesa, descrita como “a maior do mundo”. Com cerca de 350 navios e submarinos, incluindo mais de 130 vasos de guerra, a China ultrapassou a capacidade norte-americana para lutar no mar, uma vez que a Marinha norte-americana tinha no início do ano 293 navios. Quanto à capacidade de disparo, o Pentágono escreve que a China “tem mais de 1250 mísseis cruzeiro e balísticos lançados de terra, com alcance entre 500 e 5500 quilómetros”. Neste domínio, o departamento de Defesa realça que no ano passado Pequim “fez mais testes com mísseis balísticos do que o resto do mundo no seu conjunto”. O poder do dinheiro Outro elemento de contexto fundamental quando se fala em investimento militar é a crise socioeconómica que praticamente todo o mundo enfrenta devido à pandemia da covid-19. O relatório destaca que se a China mantiver o grau de despesa com defesa, excedendo o crescimento económico, irá em breve tornar insignificante a capacidade militar dos países da região. Apesar do contexto regional, o orçamento oficial de defesa da China em 2019, fixou-se em 174 mil milhões de dólares, uma migalha comparada com o orçamento americano que foi de 685 mil milhões. Contudo, o relatório do Pentágono aponta que o orçamento militar de Pequim “omite várias categorias de despesas”, incluindo pesquisa e desenvolvimento e aquisição de armas ao estrangeiro, e que deve ser muito maior do que é oficialmente admitido. O documento estima que o orçamento total deverá ultrapassar os 200 mil milhões de dólares. Na região, destaque para o orçamento de defesa do Japão que se fixou no ano passado em 54 mil milhões de dólares, da Coreia do Sul chegou aos 40 mil milhões de dólares e de Taiwan que foi 10,9 mil milhões de dólares. Nem todos os aspectos relatados apontam no sentido de modernização, em particular no que toca às unidades de infantaria que usam material militar que o Pentágono descreveu como obsoleto. Algumas relíquias datam dos tempos em que Mao governava a China. Segura e Formosa Como em relatórios anteriores sobre a capacidade militar chinesa, este ano é repetido que a China ultrapassou obstáculos que poderia ter pela frente para organizar a invasão de Taiwan, ao mesmo tempo que declarou que Taipé também procurou melhorar a capacidade de defesa para repelir ataques. Neste aspecto, o Pentágono não esquece os recentes exercícios militares chineses realizados no Estreito de Taiwan que coincidiram com a visita do secretário da Saúde, Alex Azar, à ilha. A luta pelo protagonismo no plano geoestratégico é outro dos destaques do departamento de Defesa, apesar do pendor marcadamente isolacionista da Administração Trump no panorama global, em particular a desconsideração do papel da NATO. Nesse contexto, é mencionado que a China tem uma vasta lista de países que representam possíveis locais para instalar bases logísticas militares. Nomeadamente, Birmânia, Tailândia, Singapura, Indonésia, Paquistão, Sri Lanka, Emirados Árabes Unidos, Quénia, Seicheles, Tanzânia, Angola e Tajiquistão. No contexto global, o progressivo crescimento militar da China é mencionado no relatório do Pentágono numa perspectiva temporal. “É provável que Pequim procure desenvolver a sua capacidade militar ao ponto de a meio deste século equiparar, ou ultrapassar, as forças armadas norte-americanas”, lê-se no documento. Se a China conseguir atingir os seus objectivos, e Washington falhar na resposta, o Pentágono considera que isso “terá sérias implicações para os interesses nacionais norte-americanos e para a segurança e o direito internacional”.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | China regista 8 casos nas últimas 24 horas, todos oriundos do exterior [dropcap]A[/dropcap] China atingiu hoje 17 dias consecutivos sem registar casos locais da covid-19, já que os oito novos casos diagnosticados nas últimas 24 horas são todos oriundos do exterior, informaram as autoridades. A Comissão de Saúde da China detalhou que os casos importados foram diagnosticados na cidade de Xangai e nas províncias de Guangdong, Liaoning e Sichuan. As autoridades informaram ainda que, nas últimas 24 horas, 26 pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infectadas activas no país asiático se fixou em 198, incluindo três em estado considerado grave. Desde o início da pandemia, a China registou 85.066 infectados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. As autoridades chinesas referiram que 816.307 pessoas que tiveram contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica na China, entre as quais 7.587 permanecem sob observação. A pandemia do coronavírus que provoca a covid-19 já fez pelo menos 851.071 mortos e infectou mais de 25,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Hoje Macau China / ÁsiaMorreu primeiro homem condenado pelos crimes dos Khmer Vermelhos no Camboja [dropcap]O[/dropcap] antigo carcereiro Kaing Guek Eav, primeiro homem condenado pelos crimes dos Khmer Vermelhos por um tribunal internacional, em 2010, morreu hoje, aos 77 anos, na capital do Camboja. Conhecido por “camarada Duch”, o chefe da prisão de segurança S-21 do regime de Pol Pot, responsável pela morte e tortura de mais de 15 mil prisioneiros, morreu no Hospital da Amizade Khmer-Soviética de Nom Pen às 00:52, enquanto cumpria uma pena de prisão perpétua por crimes contra a humanidade, disse um porta-voz do tribunal na rede social Twitter, Neth Pheaktra. O homem condenado por crimes contra a humanidade tinha dado entrada no hospital na segunda-feira, depois de desenvolver dificuldades respiratórias, na prisão de Kandal, disse o responsável do estabelecimento prisional para onde Duch tinha sido transferido, em 2013. A mesma fonte acrescentou que será feita uma autópsia para determinar a causa da morte, antes de o corpo ser entregue à família. Antigo professor de matemática, Duch documentou meticulosamente os prisioneiros que entravam na prisão, convertido mais tarde num museu da memória, com fotografias das vítimas e das celas onde foram torturadas. O antigo comandante da prisão ultra-secreta Tuol Sleng, com o nome de código S-21, foi um dos poucos Khmer Vermelhos que reconheceu a responsabilidade, ainda que parcial, pelos seus atos, durante o julgamento. Homens, mulheres e crianças vistos como inimigos do regime foram encarcerados e torturados às suas ordens, e apenas uma mão cheia sobreviveu. “Todos os que eram presos e enviados para [a prisão] S-21 já se presumiam mortos”, testemunhou Duch, durante o julgamento. Os descendentes dos detidos foram assassinados para garantir que a geração seguinte não se pudesse vingar. As torturas e execuções em Tuol Sleng foram registadas e fotografadas de forma meticulosa, e quando os Khmer Vermelhos foram forçados a abandonar o poder, em 1979, os milhares de documentos deixados na prisão tornaram-se prova das atrocidades do regime. Duch fugiu, desaparecendo durante quase duas décadas no noroeste do Camboja, convertendo-se ao cristianismo, até ser descoberto por um fotógrafo irlandês, Nic Dunlop, em 1999, levando à sua prisão. Foi condenado a 35 anos de prisão em julho de 2010, uma pena prolongada em prisão perpétua em 2012. Os Khmer Vermelhos, um grupo maoísta que queria abolir a propriedade privada e converter o Camboja num país rural, tomaram o poder em 1975 e impuseram um regime repressivo, até serem expulsos em 1979 pelas tropas vietnamitas, também comunistas. Cerca de 1,7 milhões de pessoas morreram devido a purgas, fome e abusos às mãos dos Khmer Vermelhos, liderados por Pol Pot, que morreu em 1998. Além de Duch, o tribunal internacional condenou a prisão perpétua dois líderes dos Khmer Vermelhos, Nuon Chea e Khieu Samphan, em 2014 e 2018. Na segunda condenação contra Nuon Chea, o braço direito de Pol Pot, e Khieu Samphan, antigo chefe de Estado, o tribunal reconheceu pela primeira vez o genocídio cometido pelos Khmer Vermelhos contra as minorias vietnamitas e os muçulmanos cham. Nuon Chea morreu no ano passado, enquanto outros líderes do regime, Ieng Sary e Ieng Thirith, morreram em 2013 e 2015, antes de serem condenados. Pol Pot morreu em abril de 1998 na base guerrilheira de Amlong Veng, no noroeste do Camboja, assassinado pelas suas próprias forças.
Hoje Macau China / ÁsiaTailândia cumpre 100 dias sem casos locais de covid-19 [dropcap]A[/dropcap] Tailândia cumpre hoje 100 dias sem registar contágios locais de covid-19, depois de instaurar medidas estritas para combater a pandemia, incluindo o encerramento das fronteiras. As autoridades tailandesas anunciaram hoje mais oito casos do novo coronavírus, todos importados, de países como os Estados Unidos, Austrália e Japão, elevando o total acumulado desde janeiro para 3.425 infeções, além de 58 mortes. Estes números fazem da Tailândia um dos países menos afetados no mundo pela pandemia. A Tailândia foi o primeiro país a detectar, em Janeiro, uma infeção de covid-19 fora da China. Apesar da sua proximidade com o gigante asiático e de ser o principal destino dos turistas chineses, a Tailândia escapou ao grande número de infeções de países próximos, como a Indonésia (com 178.000 casos) ou as Filipinas (com 224.000). Em Março, o Governo ordenou o recolher obrigatório, o uso obrigatório de máscaras em supermercados e transportes públicos e o encerramento das fronteiras e da maioria das empresas, embora não tenha decretado o confinamento rigoroso. As medidas foram aligeiradas a partir de junho, apesar de as fronteiras continuarem fechadas aos turistas. Em 21 de Agosto, as autoridades decidiram prorrogar o estado de emergência pela quinta vez, até 31 de setembro. O encerramento das fronteiras e a queda da procura externa infligiram um duro golpe à economia tailandesa, que entrou em recessão, com o produto interno bruto (PIB) a cair 12,2% no segundo trimestre do ano, após uma contração de 2% nos primeiros três meses. Segundo as previsões do Banco da Tailândia, o PIB perderá 8,1% este ano em relação ao ano anterior, o pior valor desde a crise financeira que devastou o país e grande parte do Sudeste Asiático em 1998. As autoridades aprovaram pacotes de ajuda multimilionários para aliviar os efeitos económicos da pandemia, em setores como o turismo. O país deverá receber este ano menos 80% de visitantes que em 2019, quando acolheu 40 milhões de turistas.
Hoje Macau China / ÁsiaBerlim exige a Pequim respeito pelos direitos humanos [dropcap]A[/dropcap] Alemanha interpelou ontem a República Popular da China apelando ao respeito pelos direitos humanos nomeadamente ao povo uigur e aos cidadãos de Hong Kong, enquanto manifestantes em Berlim exigiam pressão política sobre Pequim. “Você sabe que as nossas preocupações no que diz respeito à lei sobre a segurança [em Hong Kong não estão dissipadas”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Mass, numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo da República Popular da China, Wang Yi, em Berlim. “Queremos que o princípio ‘um país dois sistemas’ seja totalmente aplicado”, acrescentou o ministro da Alemanha, atualmente o país com a presidência rotativa da União Europeia. Heiko Mass referia-se à Região Administrativa Especial de Hong Kong onde Pequim implementou a lei de segurança nacional, que constitui uma limitação aos direitos, liberdades e garantias de mais de sete milhões de pessoas que residem na ex-colónia britânica. Em relação à minoria muçulmana reprimida na República Popular da China, Mass reiterou o pedido da Alemanha para que Pequim autorize uma missão de observação independente das Nações Unidas aos campos de prisioneiros uigurs. Várias organizações de defesa de Direitos Humanos acusam a República Popular da China de promover a detenção e trabalhos forçados a milhares de muçulmanos na província de Xinjiang, no noroeste do país. “Como é que tantos chineses estão tão contentes com o trabalho do governo [de Pequim], se o trabalho é assim tão mau”, respondeu o ministro dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China. Enquanto decorria a conferência de imprensa, centenas de manifestantes, incluindo dissidentes políticos de Hong Kong e membros da comunidade uigur na Alemanha, demonstravam em Berlim desagrado pelas políticas de Pequim. A visita do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês a Berlim é a última etapa da deslocação a cinco países europeus – Holanda, França, Noruega e Itália – no quadro do reforço das relações diplomáticas e económicas.
Hoje Macau China / Ásia MancheteResidente de Hong Kong com passaporte português detido em Shenzhen [dropcap]A[/dropcap]s autoridades portuguesas disseram hoje à Lusa que um residente de Hong Kong, detentor de passaporte português, estará detido em Shenzhen “por travessia ilegal da fronteira”. “O Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong foi informado que o sr. Tsz Lun Kok, natural e residente na RAEHK [Região Administrativa Especial de Hong Kong], detentor de passaporte português, se encontrará detido em Shenzhen por travessia ilegal da fronteira ao sair de Hong Kong, por via marítima, com destino a Taiwan”, de acordo com uma nota enviada à Lusa. O consulado português lembrou que a China reconhece “o passaporte português apenas enquanto documento de viagem não atributivo da nacionalidade”, o que limita a intervenção das autoridades portuguesas “ao domínio humanitário, procurando assegurar que o detido se encontra bem, que lhe seja dispensado um tratamento digno e que possa ser defendido por um advogado”. Por outro lado, as regras internacionais que “regem as relações consulares entre os Estados no que respeita à proteção consular de cidadãos detentores de dupla nacionalidade, a assistência consular por parte deste Consulado Geral fica formalmente excluída nos casos em que os indivíduos em questão se encontrem no país da sua outra nacionalidade”. O cônsul geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves, indicou que “em coordenação com a Embaixada de Portugal em Pequim e com o Consulado Geral de Portugal em Cantão, estão em curso contactos com as autoridades competentes da República Popular da China”. Na segunda-feira, a polícia de Hong Kong afirmou ter intercetado 12 pessoas no mar, envolvidas em “vários casos” na antiga colónia britânica, incluindo tentativa de fogo posto, posse de armas ofensivas, conluio com país estrangeiro, motins e posse de explosivos, de acordo com uma declaração citada pelo jornal norte-americano Washington Post. Os tribunais de Hong Kong tinham proibido 11 daquelas pessoas de saírem da cidade e três eram procuradas, acrescentou a polícia. O grupo de 11 homens e uma mulher, com idades entre os 16 e os 33 anos, pretendia chegar a Taiwan, tendo iniciado a viagem em 23 de agosto. Horas depois de terem partido, a embarcação foi apresada pela guarda costeira da província chinesa de Guangdong, a 50 milhas a sudeste da península de Sai Kung, noticiou o Washington Post. De acordo com a polícia de Hong Kong, as 12 pessoas foram acusadas de entrarem ilegalmente em território chinês, encontrando-se detidas na China continental. Entre os detidos e passageiros da embarcação, conta-se Tsz Lun Kok, de 19 anos, cidadão com passaporte português e estudante da Universidade de Hong Kong, segundo o diário. O caso surge quase um mês depois da entrada em vigor, em 30 de junho, da lei de segurança nacional imposta ao território por Pequim.
Hoje Macau China / ÁsiaAntigo Presidente da Índia Pranab Mukherjee morreu aos 84 anos após contrair covid-19 [dropcap]O[/dropcap] antigo Presidente indiano Pranab Mukherjee, um veterano da política com grande reputação de negociador, morreu esta segunda-feira aos 84 anos, depois de ter contraído covid-19, informou a sua família. O antigo Presidente indiano estava hospitalizado há várias semanas após contrair covid-19 e morreu por falência geral dos órgãos. Originário de Bengala, no nordeste da Índia, Pranab Mukherjee era um protegido da ex-primeira-ministra Indira Gandhi, que foi assassinada em 1984. Pranab Mukherjee, do Partido do Congresso, tornou-se o braço direito do primeiro-ministro Manhoman Singh (2004-2014), servindo sucessivamente como ministro da Defesa, Negócios Estrangeiros e depois Finanças, ganhando a reputação de negociador de destaque. Em 2012, Mukherjee assumiu a Presidência da Índia, permanecendo no cargo até 2017. O actual primeiro-ministro Narendra Modi, do rival partido nacionalista Bharatia Janaty, disse no Twitter que Pranab Mukherjee era “admirado por toda a classe política” e que deixou “uma marca indelével na trajectória de desenvolvimento” da Índia. A Índia é o quarto país do mundo com mais caos de covid-19 registados, contando mais de 3,6 milhões infectados e 64.469 mortos.
Hoje Macau China / ÁsiaPraga convoca embaixador chinês após ameaças de Pequim devido a visita a Taiwan [dropcap]O[/dropcap] ministro dos Negócios Estrangeiros da República Checa, Tomas Petricek, vai convocar o embaixador chinês em Praga, depois de Pequim ter advertido que o país europeu pagará “caro” pela visita de uma delegação a Taiwan. Ao anunciar hoje a sua intenção de pedir explicações ao representante do Governo chinês, Petricek considerou que a reação de Pequim “ultrapassou o limite”. O ministro referia-se às declarações do homólogo chinês, Wang Yi, que avisou que a República Checa vai pagar “caro” por “desafiar o princípio de ‘uma China’ com a visita a Taiwan de uma delegação checa chefiada pelo presidente do senado, Milos Vystrcil. “Desafiar o princípio de ‘uma China’ é equivalente a tornar-se no inimigo de 1,4 mil milhões de chineses”, advertiu Wang Yi, durante a actual viagem pela Europa, em declarações publicadas hoje pelo ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Para Pequim, a visita da delegação checa é “um acto de traição internacional”. Petricek considerou as declarações de Wang como “abruptas e incomuns na diplomacia” e indicou que o seu país está pronto para “protestar”. “Espero que a parte chinesa explique estas palavras, que ultrapassaram os limites”, afirmou, enquanto lembrou que o governo checo respeita a política de “uma China” e que a viagem do senador a Taiwan “não mudou nada”. Vystrcil, do Partido Democrático Cidadão (ODS), liberal-conservador, e que integra a oposição na Câmara dos Deputados, disse à imprensa checa em Taiwan que a declaração de Pequim representa uma “interferência nos assuntos internos da República Checa”. “Somos um país livre, que tem interesse em manter boas relações com todos, e espero que isso continue apesar da declaração [chinesa]”, explicou Vystrcil, que destacou o caráter económico da visita. As empresas de alta tecnologia de Taiwan são os maiores investidores na República Checa, enquanto a robusta democracia do país marca um forte contraste com o sistema autoritário do Partido Comunista da China. Durante a sua visita, Vystrcil deve encontrar-se com a Presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, que é repudiada por Pequim devido à sua posição pró-independência. A visita de seis dias de Vystrcil a Taiwan foi motivada em parte por reclamações do lado checo de que a China estava a introduzir elementos políticos indesejados nas suas relações. Praga e Pequim romperam as relações entre cidades geminadas depois de a China se recusar a retirar a linguagem do acordo que ditava que o governo da cidade apoiasse o “princípio de ‘uma China'”, que define Taiwan como parte da República Popular da China. O antecessor de Vystrcil, Jaroslav Kubera, tinha uma viagem planeada a Taiwan. Kubera morreu em janeiro passado e Vystrcil disse que a pressão da China, incluindo um aviso da embaixada chinesa contra a decisão de parabenizar a Presidente de Taiwan, Tsai Ying-wen, pela sua reeleição, contribuiu para a decisão de viajar para a ilha.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Renúncia do primeiro-ministro não deve afectar relacionamento com Pequim O primeiro-ministro japonês, no cargo desde 2012, anunciou a renúncia por motivos de saúde, devido a uma doença inflamatória intestinal que já o tinha forçado a deixar o poder em 2007. Apesar da incerteza quanto ao sucessor de Shinzo Abe, a posição de equilíbrio entre o maior aliado, os Estados Unidos e o maior parceiro comercial, a China, será para manter no próximo Governo [dropcap]”D[/dropcap]ecidi renunciar ao cargo de primeiro-ministro”, disse Shinzo Abe em conferência de imprensa na sexta-feira, explicando que sofreu uma recaída da sua doença crónica, colite ulcerosa. A intenção, que já tinha sido avançada por órgãos de comunicação social nipónicos, foi confirmada depois de uma reunião com altos responsáveis na sede do partido. “As minhas condições de saúde não são perfeitas. Uma saúde fraca pode resultar em decisões políticas erróneas”, disse Abe, sublinhando que, “em política, o mais importante é gerar resultados”. Questionado pelos jornalistas, o primeiro-ministro japonês que reteve o poder durante mais tempo escusou-se avançar nomes de um eventual sucessor, mas afirmou que irá manter o cargo até ser encontrado o próximo líder do Governo. Para já, o núcleo de aspirantes é composto por dirigentes de peso, como o ex-secretário geral do Partido Liberal Democrático (PLD) e ex-ministro da Defesa, Shingeru Ishiba, de 63 anos, favorito nas sondagens entre os potenciais sucessores, embora menos popular dentro do partido no poder. A lista inclui ainda o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e chefe político do PLD, Fumio Kishida, de 63 anos, o chefe de gabinete, Yoshihide Suga, de 71 anos e o ministro da Defesa e ex-titular dos Negócios Estrangeiros, Taro Kono, de 56 anos. A maioria dos potenciais sucessores têm um historial de lealdade a Abe, com a complicada excepção de Ishiba. O ex-ministro da Defesa foi dos poucos políticos do PLD que abertamente criticou o Governo. Um dos sinais do posicionamento político de Shingeru Ishiba foi a recusa em visitar um templo (Yasukuni) dedicado aos combatentes japoneses mortos, incluindo alguns condenados por crimes de guerra, considerado no estrangeiro como um símbolo negro do passado militar japonês. O especialista em assuntos japoneses da Universidade de Tsinghua, Liu Jiangyong, encara esta posição como um sinal positivo numa possível relação futura entre Tóquio e Pequim. “Isto pode significar que Ishiba será mais amigável para com a China, e menos extremista na reforma constitucional”, comentou o académico, citado pelo South China Morning Post. A virtude do meio Apesar de recentemente a relação entre China e Japão ter sido abalada por algumas controvérsias, como troca de galhardetes motivada pela pandemia de covid-19, a lei da segurança nacional em Hong Kong e as velhas disputas marítimas, a mudança de elenco governativo em Tóquio não é encarada por analistas como passível de alterar a dinâmica diplomática entre os países. Assim sendo, o próximo primeiro-ministro deverá continuar a linha de Shinzo Abe na abordagem à China, equilibrando os laços económicos entre o maior parceiro comercial e o aliado estratégico norte-americano. “Manter a aliança com os Estados Unidos ao mesmo tempo que dá continuidade às relações com a China, vão continuar a ser as prioridades do Japão, isso não vai mudar”, projecta o académico japonês, Michito Tsuruoka, citado pelo South China Morning Post. O professor da Universidade de Keio em Tóquio, faz, porém, a ressalva de que esta posição pode ser colocada em causa se a posição de Washington endurecer face à China. “Se Donald Trump for reeleito e continuar as políticas agressivas contra a China, as relações sino-japonesas podem sair afectadas”, comenta o académico, acrescentando que a eleição do democrata Joe Biden pode levar a uma abordagem “menos extrema” a Pequim. O Governo de Abe tentou sempre evitar posições de conflito com a China, “uma política que privilegia abordagens realistas e pragmáticas”, considera o especialista em relações internacionais da Universidade de Renmin, Huang Dahui, citado pelo South China Morning Post. Quebrar o gelo China e Japão têm uma história repleta de conflito e tensão. Recentemente, Shinzo Abe e Xi Jinping suavizaram diplomaticamente a relação, como ficou demonstrado na visita a Tóquio do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, em Maio de 2018 e a ida de Abe a Pequim no ano seguinte. Os porta-vozes do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying e Zhao Lijian, demonstraram apreço pelos esforços de Abe para melhorar as relações entre o Japão e a China e desejaram as melhoras ao primeiro-ministro demissionário. Analistas citados pelo jornal oficial chinês Global Times destaca o contributo de Shinzo Abe, durante os dois mandatos, para a construção de uma relação estável e recíproca entre os dos países, apesar de o ponto de partida ter sido o mais baixo em termos de relações bilaterais. Em relação ao futuro, Zhao Lijian refere que “a China está disposta a trabalhar com o Japão para aprofundar a cooperação no controlo da pandemia e no desenvolvimento das relações económicas e sociais entre os dois países”. O Global Times destaca também que, “no início do primeiro mandato, Shinzo Abe decidiu visitar primeiro a China, em vez dos Estados Unidos, construindo uma imagem de não-hostilidade para com a China”. A jornal cita mesmo analistas que categorizam Abe como o “bombeiro” que apagou o fogo diplomático entre os dois gigantes asiáticos. Processo complicado A rápida sucessão de poder é a prioridade política do momento no Japão. Os dirigentes do PLD tiveram logo uma primeira reunião de emergência, horas depois de confirmado o desejo de Abe resignar ao cargo, para preparar o cenário, tendo ficado o secretário-geral do partido, Toshihiro Nikai, encarregado de delinear todo o processo. “Se houvesse tempo suficiente, os votos dos membros do partido deveriam ser considerados, mas queremos ouvir as opiniões e julgar o que se vai fazer”, afirmou Nikai, em declarações aos jornalistas, depois da primeira reunião de emergência. Num processo normal, o líder do PLD elege uma assembleia que integra os legisladores do partido, dirigentes territoriais e representantes dos militantes que se reúnem a cada três anos para nomear o dirigente máximo desse grupo político. No entanto, em casos como o actual, existe um processo que por razões de urgência implica seleccionar o candidato a primeiro-ministro entre os legisladores do partido e representantes das 47 prefeituras do país. A primeira opção, ainda que mais lenta em procedimentos, é mais ampla quanto aos apoios políticos necessários, contrariamente à segunda opção, em que os legisladores têm mais peso, tendo sido este o sistema escolhido em 2007 para designar o sucessor de Abe quando este renunciou ao cargo um ano depois devido a uma doença inflamatória intestinal. As propostas para eleger o próximo primeiro-ministro serão amanhã levadas a uma reunião do conselho geral do partido, momento em que se estima será escolhido o dia das eleições para o novo líder, apontado para meados de Setembro, e como a eleição será feita. Legado e família Shinzo Abe ficou conhecido no estrangeiro sobretudo devido à sua política económica apelidada de “Abenomics”, lançada no final de 2012, que combinava flexibilização da política monetária, grande estímulo fiscal e reformas estruturais. No entanto, na ausência de reformas realmente ambiciosas, este programa teve apenas sucessos parciais e que agora foram ofuscados pela crise económica ligada à pandemia do novo coronavírus. Segundo Masamichi Adachi, economista do banco UBS, entrevistado pela agência de notícias AFP, Shinzo Abe agiu como “um populista” e não impôs as reformas económicas, necessariamente “dolorosas”, o que será uma das principais razões da sua longevidade no poder. A grande ambição de Abe, herdeiro de uma grande família de políticos conservadores, era rever a constituição pacifista japonesa de 1947, escrita pelos ocupantes norte-americanos e desde então nunca alterada. Tendo construído parte de sua reputação com base na firmeza em relação à Coreia do Norte, Abe queria a existência de um exército nacional no lugar das actuais “forças de autodefesa” japonesas, mas a Constituição estipula que o Japão deveria renunciar à guerra para sempre. Também defendeu um Japão descomplexado de seu passado, recusando-se em particular a carregar o fardo do arrependimento pelos actos do exército japonês na China e na península coreana na primeira metade do século XX. No entanto, Abe absteve-se de ir ao santuário Yasukuni em Tóquio, um foco de nacionalismo japonês, após a sua última visita ao local no final de 2013, que indignou Pequim, Seul e Washington. As relações entre Tóquio e Seul deterioraram-se claramente nos últimos dois anos, tendo como pano de fundo disputas históricas, enquanto as relações com Pequim aqueceram, embora continuem tortuosas. Em relação aos Estados Unidos, Abe adaptou-se a cada mudança de Presidente, demonstrando nos últimos anos a sua cumplicidade com Donald Trump, com quem compartilha a paixão pelo golfe. Uma estratégia com resultados mistos e complicada pelo lado imprevisível do Presidente norte-americano. Shinzo Abe teve também o cuidado de não ofender o Presidente russo, Vladimir Putin, na esperança de resolver a disputa pelas Ilhas Curilas do Sul (chamadas de “Territórios do Norte” pelos japoneses), anexadas pela União Soviética ao fim da Segunda Guerra Mundial e nunca mais devolvidas ao Japão. Também tentou brilhar no cenário internacional, por exemplo, assumindo o papel de mediador entre o Irão e os Estados Unidos ou sendo o apóstolo do livre comércio. Regularmente salpicado por escândalos que afectam os seus familiares, Abe costuma aproveitar eventos externos – os disparos de mísseis norte-coreanos ou desastres naturais – para distrair a atenção e colocar-se como o chefe necessário na adversidade. Shinzo Abe soube aproveitar-se da ausência de um rival à sua altura no PLD e da fragilidade da oposição, que ainda não recuperou da desastrosa passagem pelo poder entre 2009 e 2012. A sua popularidade, entretanto, diminuiu acentuadamente desde o início da pandemia do novo coronavírus, pois a sua acção foi considerada muito lenta e confusa. Também se apegou à esperança de manter as Olimpíadas de Tóquio no Verão de 2020, que seria um dos pontos altos de sua gestão, mas a realização do evento foi adiada por um ano devido à pandemia de covid-19.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | China regista mais nove casos e está há 14 dias sem detectar contágios locais [dropcap]A[/dropcap] China registou nove casos importados nas últimas 24 horas, mas está há 14 dias consecutivos sem detetar qualquer contágio local com o novo coronavírus, informou hoje a Comissão Nacional de Saúde. Os nove casos “importados” foram detectados em Xangai (3) e nas províncias de Fujian (2), Sichuan (2), Tianjin (1) e Guangdong (1). As autoridades de saúde indicaram que mais 27 pacientes tiveram alta, com o número total de infectados activos na China continental a fixar-se nos 244, quatro dos quais em estado grave. A Comissão Nacional de Saúde não anunciou novas mortes por covid-19, mantendo-se o total de óbitos nos 4.634, entre os 85.031 infetados desde o início da pandemia. Mais de 80 mil pessoas foram dadas como recuperadas. A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 838 mil mortos e infetou quase 24,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Hoje Macau China / ÁsiaPrimeiro-ministro japonês resigna por motivos de saúde [dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro japonês, no cargo desde 2012, anunciou hoje a sua renúncia por motivos de saúde, após ter sido acometido por uma doença inflamatória intestinal que já o tinha forçado a deixar o poder em 2007. “Decidi renunciar ao cargo de primeiro-ministro”, disse Shinzo Abe em conferência de imprensa, explicando que sofreu uma recaída da sua doença crónica, colite ulcerosa. A intenção, que já tinha sido avançada por órgãos de comunicação social nipónicos, foi confirmada depois de uma reunião com altos responsáveis na sede do partido. “As minhas condições de saúde não são perfeitas. Uma saúde fraca pode resultar em decisões políticas erróneas”, disse Abe, sublinhando que, “em política, o mais importante é gerar resultados”. Questionado pelos jornalistas, Abe escusou-se a avançar nomes de um eventual sucessor. Shinzo Abe, cujo mandato termina em Setembro de 2021, deverá permanecer até que um novo líder do partido no poder, o Partido Liberal Democrático, seja eleito e o seu nome formalmente aprovado como primeiro-ministro pela câmara baixa do parlamento. As preocupações sobre o problema crónico de saúde de Abe voltaram à discussão pública desde o início do verão e intensificaram-se neste mês, quando deu entrada por duas vezes num hospital de Tóquio, para realizar exames não especificados. Em 2007, Abe demitiu-se abruptamente, na primeira vez que ocupou o cargo, também devido a problemas de saúde, e lidera o Governo desde final de 2012, um recorde de longevidade para um primeiro-ministro japonês. O primeiro-ministro japonês demissionário reconheceu ter colite ulcerosa desde que era adolescente e disse que o seu estado foi controlado com tratamento. É considerado um político de sangue azul que foi preparado para seguir os passos de seu avô, o ex-primeiro-ministro Nobusuke Kishi. A sua retórica política concentrava-se frequentemente em fazer do Japão uma nação “normal” e “bonita”, com um exército mais forte e um papel maior em assuntos internacionais. Citado pela agência de notícias Associated press (AP), Hiroshige Seko, secretário-geral do partido para a Câmara Alta do parlamento, confirmou que Abe disse aos membros do partido que renuncia ao cargo de primeiro-ministro para não causar problemas. Shinzo Abe tornou-se o primeiro-ministro mais jovem do Japão em 2006, aos 52 anos, mas sua primeira passagem excessivamente nacionalista terminou abruptamente um ano depois por causa da sua saúde. Em dezembro de 2012, regressou ao poder, dando prioridade a medidas económicas na sua agenda nacionalista. Ganhou seis eleições nacionais e conquistou o poder com firmeza, reforçando o papel e a capacidade de defesa do Japão e a sua aliança de segurança com os EUA. Também intensificou a educação patriótica nas escolas e aumentou a projeção internacional do Japão. Abe tornou-se já esta semana, dia 24, o primeiro-ministro que mais tempo serviu no Japão por dias consecutivos no cargo, superando o recorde de Eisaku Sato, seu tio-avô, que serviu 2.798 dias de 1964 a 1972. Mas a sua segunda visita ao hospital na segunda-feira acelerou as especulações e as manobras políticas em direção a um regime pós-Abe. A colite ulcerosa causa inflamação e, às vezes, pólipos nos intestinos. Pessoas com a doença podem ter uma expectativa de vida normal, mas os casos graves podem envolver complicações com risco de vida. Depois de as suas recentes visitas ao hospital serem conhecidas, altos funcionários do gabinete de Abe e do partido no poder disseram que o primeiro-ministro estava sobrecarregado e precisava de descanso. As preocupações com a sua saúde aumentaram a especulação de que os dias de Abe no cargo estavam contados. Os seus apoios já estavam em níveis muito baixos devido ao modo como lidou com a pandemia do coronavírus e o seu severo impacto na economia, além de vários escândalos políticos. Há uma grande quantidade de políticos a desejar a substituição do chefe do Governo. Shigeru Ishiba, um ex-ministro da defesa, de 63 anos, e arquirrival de Abe, é o líder favorito nas sondagens entre os potenciais sucessores, embora seja menos popular dentro do partido no poder. Um ex-ministro das Relações Exteriores, Fumio Kishida, o ministro da Defesa, Taro Kono, o secretário-chefe de gabinete, Yoshihide Suga, e o ministro da Revitalização Económica, Yasutoshi Nishimura, encarregado das medidas contra o coronavírus, são também referidos nos ‘media’ japoneses como potenciais sucessores. Abe, que enfrentou críticas públicas devido à forma como lidou com o surto de coronavírus, foi frequentemente ofuscado pela governadora de Tóquio, Yuriko Koike, que é vista como uma candidata potencial a primeira-ministra por alguns. Contudo, teria que primeiro ser eleita para o parlamento para concorrer ao cargo mais alto. O fim da primeira passagem de Shinzo Abe como primeiro-ministro foi o início de seis anos de mudança anual de liderança, lembrada como uma era de política de “porta giratória” que carecia de estabilidade e políticas de longo prazo. Quando voltou ao cargo em 2012, Abe prometeu revitalizar o país e tirar a sua economia da estagnação deflacionária com sua fórmula “Abenomics”, que combina estímulo fiscal, flexibilização monetária e reformas estruturais. As medidas impopulares que tomou para fazer face ao coronavírus fizeram com que os seus apoio diminuíssem, já antes dos seus problemas de saúde. Talvez o seu maior fracasso tenha sido a sua incapacidade de cumprir uma meta longamente acalentada pelo seu avô, de reescrever formalmente o esboço da constituição pacifista dos Estados Unidos. Abe e os seus apoiantes ultraconservadores veem a constituição elaborada pelos EUA como um legado humilhante da derrota do Japão na segunda guerra mundial. Não atingiu também o seu objetivo de resolver vários legados inacabados do tempo de guerra, incluindo a normalização dos laços com a Coreia do Norte, a resolução de disputas nas ilhas com vizinhos e a assinatura de um tratado de paz com a Rússia.
Hoje Macau China / ÁsiaDirector executivo da aplicação de vídeo TikTok demite-se [dropcap]O[/dropcap] director executivo da TikTok renunciou hoje ao cargo, no momento em que os EUA pressionam o proprietário chinês a vender a popular aplicação de vídeo, que a Casa Branca diz ser um risco para a segurança nacional. Numa carta aos funcionários, Kevin Mayer disse que sua decisão surge depois de o “contexto político ter mudado drasticamente”. A demissão acontece depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter ordenado a proibição do TikTok, a menos que a proprietária, a Bytedance, venda as suas operações nos EUA a uma empresa norte-americana num prazo de 90 dias. “Fiz uma reflexão significativa sobre o que as mudanças estruturais empresariais exigirão e o que isso significa para o papel global com o qual me comprometi”, escreveu Mayer. “Neste contexto, e como esperamos chegar a uma resolução muito em breve, é com o coração pesado que gostaria de informar (…) que decidi deixar a empresa”, salientou o ex-executivo da Disney, que assumiu o cargo de director executivo da TikTok em maio. Os EUA aumentaram o escrutínio das empresas de tecnologia chinesas, justificando a ação com preocupações de que possam representar uma ameaça à segurança nacional. A Bytedance está actualmente em negociações com a Microsoft para que a empresa norte-americana compre as operações da TikTok nos EUA.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Coreia do Sul com 441 novos casos, pior registo diário desde Março [dropcap]A[/dropcap] Coreia do Sul registou 441 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas, anunciaram as autoridades, o pior balanço diário desde 7 de Março, quando o país contabilizou 483 infecções. O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da Coreia do Sul informou que 315 dos novos casos são provenientes da área metropolitana de Seul, onde vive metade da população do país, que conta com 51 milhões de habitantes. O aumento de casos já levou os peritos de saúde a alertar para a possibilidade de os hospitais esgotarem a capacidade para acolher novos doentes. A Assembleia Nacional de Seul foi hoje encerrada e mais de uma dúzia de deputados do partido no poder foram forçados a entrar em quarentena, após um jornalista que cobriu uma reunião dos líderes do partido ter testado positivo, segundo a agência de notícias Associated Press (AP). Na semana passada, o Governo da Coreia do Sul alargou a todo o país uma série de restrições em vigor até ali apenas na capital, Seul, devido ao aumento de casos de covid-19. As restrições, que correspondem ao nível 2 de uma escala de 3, incluem o encerramento de espaços públicos e estádios desportivos, a redução do número de alunos até um terço do total, o encerramento de cafés e salas de ‘karaoke’ e o cancelamento dos serviços religiosos dominicais. As reuniões em espaços fechados com mais de 50 pessoas e com mais de uma centena em espaços ao ar livre também passaram a estar proibidas a nível nacional. Já em 25 de agosto, a Coreia do Sul ordenou que as escolas em Seul retomassem o ensino à distância. As autoridades sanitárias descreveram o surto das últimas duas semanas como a maior crise do país desde o surgimento da covid-19, e já alertaram que, se a propagação não abrandar, poderão vir a elevar as medidas para o nível 3. As autoridades temem, no entanto, que essas medidas, que limitariam a economia às actividades essenciais, prejudiquem a recuperação do país. O banco central da Coreia do Sul baixou hoje as suas perspectivas de crescimento para a economia nacional, prevendo uma contração de 1,3%. A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 820 mil mortos e infetou mais de 23,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).
João Luz China / ÁsiaMar do Sul da China | Exercícios militares chineses reacendem polémicas antigas Um exercício de larga escala ao longo da costa do Pacífico, em quatro regiões diferentes, relançou receios da tomada de territórios disputados pela força. Além disso, revelou o músculo militar chinês e a capacidade para actuar em múltiplos teatros de operações. Pequim queixa-se de que o exercício foi “espiado” por um avião norte-americano [dropcap]O[/dropcap] Golfo de Bohai, uma parte do Mar Amarelo e os mares sul e este da China têm sido palco de um exercício militar de larga escala das Forças Armadas Chinesas. Entre os muitos “brinquedos”, a China estreou o navio anfíbio de assalto Type 075, que saiu de Xangai no dia 5 de Agosto e terminou no passado fim-de-semana a sua primeira viagem. Vídeos e fotografias partilhados em portais de internet dedicados a questões militares mostram o gigantesco navio a aportar na tarde de domingo na doca naval de Hudong-Zhonghua, a “casa” da maior construtora naval de defesa do estado chinês, a China State Shipbuilding Corp. De regresso à base, depois do primeiro teste de mar, o Type 075 trazia a chaminé chamuscada por fumo, um detalhe na boa nova para o Exército de Libertação Popular que terá assim um novo trunfo pronto para ser usado. Citado pelo China Daily, o analista militar Wu Peixin referiu que o facto de o baptismo do navio de guerra ter demorado 18 dias, antes de regressar ao porto de partida, deve significar que teve um bom desempenho nos muitos testes que terá realizado ao longo da jornada inaugural. Caso contrário, o exercício teria acabado muito mais cedo. O Type 075 foi apenas uma das estrelas do exercício que continua, por exemplo, ao largo de Hainan até sábado. Importa referir que a ilha de Hainan, que fica cerca de 400 quilómetros de Macau, é local de “estacionamento” de um dos porta-aviões chineses. Ao mesmo tempo que se desenrolavam os treinos militares ao largo da ilha, as autoridades da província de Guangdong montavam um cordão de segurança para controlar o tráfico marítimo. Também no Mar Amarelo, ao largo de Lianyungang, uma área de mar ficou com acesso restrito durante os exercícios navais com fogo real. De acordo com o South China Morning Post, até 30 de Setembro estão previstos exercícios militares com fogo real no Golfo de Bohai. Sinais de alerta O conjunto de exercícios militares têm sido vistos por analistas internacionais e governos como um sinal forte de prontidão operacional para um confronto de larga escala com o Estados Unidos e Taiwan. Mesmo sem intenção de iniciar uma guerra, a altura escolhida, durante as convenções partidárias na corrida presidencial norte-americana, pode ser encarada como uma forma de demonstrar capacidade de mobilização de vários tipos de forças para múltiplos locais em simultâneo. Importa referir também que estes exercícios acontecem apenas um mês depois de uma outra demonstração bélica de larga escala, incluindo manobras perto de Taiwan, na altura em que a região foi visitada pelo representante da saúde da Administração Trump, Alex Azar. Além disso, em Julho, as forças armadas chinesas já haviam realizado exercícios, em particular de defesa aérea, nas mesmas regiões, mas separadamente, depois de manobras de dois porta-aviões norte-americanos no Mar do Sul da China. Outra leitura, que vai para lá da reacção política com demonstrações de força, é a localização dos exercícios. Se a proximidade do Golfo de Bohai a Pequim indica uma postura militar meramente defensiva, os restantes teatros de operações podem ter diferentes leituras. Nesse sentido, o ministro dos Negócios Estrangeiros das Filipinas, Delfin Lorenzana, declarou no domingo que os direitos históricos que a China alega na disputa do Recife de Scarborough não existem e que a China ocupa ilegalmente o disputado território, ao largo da maior ilha filipina Luzon. Lorenzana condenou particularmente a actuação da guarda costeira chinesa e de frotas piscatórias como actos de “confiscação ilegal”. Resposta de Hanói Também o Governo do Vietname condenou a presença de forças militares, em particular de bombardeiros, a sobrevoar as ilhas Paracel, um arquipélago praticamente equidistante entre os territórios chinês e vietnamita, com cerca de 130 pequenas ilhas de coral. O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Vietname comentou os exercícios chineses como actos que “comprometem a paz”. “O facto de terem sido enviados bombardeiros não só viola a soberania do Vietname como coloca em perigo a situação na região”, referiu o porta-voz do ministério, citado pela agência Reuters. Espião espia espião Ontem, de acordo com a agência Xinhua, Pequim acusou os Estados Unidos de enviarem um avião espião U-2 que terá “trespassado” uma zona proibida, para observar os exercícios conduzidos pelo Exército de Libertação Popular. O aparelho de reconhecimento a elevada altitude terá entrado no espaço aéreo chinês no teatro de operações do norte, de acordo com o porta-voz do Ministério da Defesa chinesa, Wu Qian. “A violação do espaço aéreo não só afectou severamente os normais exercícios e as actividades de treino, como também violou as regras de comportamento para a segurança aérea e marítima entre a China e os Estados Unidos e as práticas internacionais”, declarou Wu. O porta-voz prossegui referindo que “a actuação norte-americana poderia facilmente ter resultado em maus julgamentos e mesmo acidentes”. Em comunicado enviado à CNN, a Força Aérea norte-americana do Pacífico confirmou o voo do U-2, mas negou ter violado qualquer regra. “Um aparelho U-2 conduziu operações na área do Indo-Pacífico dentro leis internacionais aceites e de acordo com os regulamentos de voo. O pessoal das Forças Aéreas de Pacífico vai continuar a voar e a operar onde as leis internacionais permitirem, quando melhor achar”, lê-se no comunicado. O U-2 é dos aviões mais antigos do inventário das Forças Armadas norte-americanas. O primeiro modelo foi desenvolvido nos anos 1950, durante a Guerra Fria, para espiar a expansão militar soviética, algo que os críticos da política internacional de Washington, inclusive Pequim, acusam estar de volta. Os modelos antigos conseguiam voar a altitudes fora do alcance das baterias antiaéreas. Corrida às armas Para gáudio das multinacionais de defesa, também do outro lado do espectro geopolítico se investem biliões em armamento. Além da injecção financeira, categorizada na campanha eleitoral de Donald Trump como a reconstrução do exército, esta semana o Wall Street Journal publicou um editorial escrito por Mark Esper, secretário da Defesa. O governante referiu que em resposta à aposta militar de Pequim, os Estados Unidos estão a acelerar a Estratégia de Defesa Nacional. Com o objectivo de modernizar e adaptar as forças armadas norte-americanas, a competição bélica da China é o pano de fundo para o vigoroso investimento militar. “Para a liderança política chinesa, o poder militar é central para atingir os objectivos que pretendem. Entre estes objectivos mais proeminentes, destaca-se a remodelação da ordem internacional de formas que colocam em perigo regras globalmente aceites e que normalizam o autoritarismo. Este reordenamento oferece condições ao Partido Comunista Chinês para poder exercer coerção sobre outros países e infringir as suas soberanias”, escreveu o secretário da Defesa. Na sequência deste jogo de pingue-pongue diplomático, o governante revelou que se prepara para visitar o Pacífico com reuniões marcadas com os líderes da região, parando no Havai, Palau e Guam. A visita deverá ter na agenda a preparação da RIMPAC, o mega exercício militar naval, que acontece de dois em dois anos sob a batuta do Pentágono. O exercício deveria estar a realizar-se neste momento, mas foi sofrendo sucessivos atrasos devido à pandemia da covid-19.
Hoje Macau China / ÁsiaTrabalhos de resgate terminam em prédio desabado na Índia com 16 mortos [dropcap]A[/dropcap]s equipas de resgate concluíram hoje os trabalhos de procura de sobreviventes entre os escombros do edifício que desabou na segunda-feira no oeste da Índia, causando 16 mortes e nove feridos. “A operação de busca e resgate, que começou imediatamente depois do acidente” na tarde de segunda-feira na localidade de Mahad, no Estado de Maharashtra, foi hoje concluída, segundo o porta-voz da administração do distrito de Raigad, Manoj Shivaji Sanap, em declarações à agência espanhola Efe. Esta manhã foi recuperado o último corpo dos escombros, de uma mulher de 63 anos, elevando o total de vítimas para 16 mortos e nove feridos, dos quais cinco já tiveram alta hospitalar, explicou o porta-voz. Para trás ficaram os momentos de euforia como o que aconteceu na terça-feira, quando as equipas de resgate encontraram um menino de quatro anos vivo depois de passar 19 horas sob os escombros. As causas do incidente estão ainda por apurar, embora o desmoronamento de edifícios seja comum na Índia durante a época das monções (de junho a setembro). As chuvas torrenciais afetam as fundações dos edifícios, deixando-os fragilizados. O imóvel demorou dez anos a ser construído em fundações “instáveis”, declarou à cadeia de televisão TV9 Marathi, um antigo deputado de Mahad, Manik Motiram Jagtap. “[O edifício] desmoronou-se como um baralho de cartas. Foi assustador”, sublinhou. As monções desempenham um papel central no sul da Ásia, nomeadamente na agricultura, mas provocam também numerosas mortes e semeiam a destruição em grande escala, entre inundações e desmoronamentos de edifícios. Desde o início do ano, as monções provocaram a morte a cerca de 1.200 pessoas, mais de 800 delas só na Índia.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Dois deputados pró-democracia detidos por participarem nos protestos de 2019 [dropcap]D[/dropcap]ois deputados pró-democracia de Hong Kong foram hoje detidos, acusados de participarem em protestos anti-governamentais no verão passado, numa operação em que foram detidas mais 14 pessoas, segundo a imprensa local. Fonte policial ouvida pela agência de notícias France-Presse (AFP) confirmou a detenção dos deputados Lam Cheuk-ting e Ted Hui, bem como a de mais 14 pessoas, numa operação relacionada com as manifestações pró-democracia de julho de 2019. Os dois deputados da oposição no Conselho Legislativo (LegCo) são conhecidos pelas críticas às autoridades chinesas e de Hong Kong, tendo Hui sido expulso do parlamento durante a discussão da polémica lei que criminalizou insultos ao hino chinês, no final de maio. Numa publicação na página de Lam na rede social Facebook indica-se que foi detido por suspeitas de “ter participado num motim em 21 de julho” de 2019, sendo ainda acusado de obstrução à Justiça, de “causar distúrbios” e de participar na “destruição de propriedade pública”. Nesse dia, o representante eleito e dezenas de manifestantes foram brutalmente atacados na cidade de Yuen Long por apoiantes do Governo, alguns dos quais suspeitos de pertencerem às tríades. A polícia demorou a chegar e alguns agentes foram filmados a deixar partir os atacantes armados, um incidente que contribuiu para a desconfiança da população em relação às forças da ordem, durante os maiores protestos desde a transferência do território para a China, em 1997. Para além dos dois deputados, pelo menos mais 14 pessoas foram igualmente detidas hoje, associadas aos protestos de 2019, segundo a estação de televisão local TVB e o jornal em língua inglesa South China Morning Post. As detenções ocorrem duas semanas após o magnata dos ‘media’ de Hong Kong Jimmy Lai e a activista Agnes Chow terem sido detidos, ao abrigo da polémica nova lei de segurança nacional imposta ao território por Pequim. Os detidos nessa altura, nove pessoas no total, foram mais tarde libertados sob caução. A lei de segurança nacional criminaliza actos secessionistas, subversivos e terroristas, bem como o conluio com forças estrangeiras para interferir nos assuntos da cidade. O documento entrou em vigor em 30 de junho, após repetidas advertências do Governo de Pequim contra a dissidência em Hong Kong, abalado em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas democráticas e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia, que levaram à detenção de mais de nove mil pessoas.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping aposta no consumo interno face a “mudanças turbulentas” no ambiente externo [dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, alertou que a China vai enfrentar um período de “mudanças turbulentas”, marcado por “maiores riscos externos”, pelo que vai apostar no fomento do consumo interno para sustentar o seu crescimento económico. Xi, que participou na segunda-feira à noite num simpósio sobre o plano económico quinquenal a ser lançado pelo Partido Comunista Chinês (PCC) no próximo ano, disse que “a China deve estar preparada para o desafio”, face aos “ventos cada vez mais contrários no ambiente externo”, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua. O Presidente chinês frisou que “é preciso estabelecer um novo padrão de desenvolvimento”, que tenha o mercado interno “como base” e que permita que os mercados interno e externo se “reforcem”. “O mercado interno vai dominar o ciclo económico nacional no futuro”, disse, citado pela Xinhua. Xi Jinping afirmou crer que a pandemia da covid-19 está a acelerar as mudanças “inéditas num século” e que a China deve “aproveitar as oportunidades” que surgirem. A China vai assim tentar crescer através da inovação científica e tecnológica “independente” e investir no “desenvolvimento de tecnologias essenciais o mais rápido possível”. Sobre a diplomacia, o chefe de Estado chinês indicou que a China “fará com que o seu estatuto continue a elevar-se na economia mundial”. O país asiático enfrenta uma prolongada guerra comercial e tecnológica com os Estados Unidos, à medida que a administração de Donald Trump procura reduzir a interdependência entre as duas maiores economias do mundo e conter a ascensão do país asiático. A União Europeia afirmou também recentemente que a China não fez os avanços esperados desde a última cimeira, em 2019, para reduzir as barreiras no acesso ao seu mercado, o que afecta a Europa, o maior investidor estrangeiro e parceiro comercial do país asiático. A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 809 mil mortos e infectou mais de 23,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Hoje Macau China / ÁsiaEquipas de resgate encontram criança com vida nos escombros de edifício que ruiu na Índia [dropcap]A[/dropcap]s equipas de resgate retiraram esta terça-feira uma criança de 4 anos viva dos escombros do edifício que desabou na segunda-feira em Mahad, oeste da Índia, incidente que provocou a morte a pelo menos 13 pessoas. De acordo com um vídeo consultado pela agência France-Presse (AFP), a multidão presente no local aplaudiu quando o menino foi retirado dos escombros e transportado para uma maca. O edifício com 47 apartamentos que desabou na segunda-feira, provocou a morte a pelo menos 13 pessoas, explicitou o porta-voz da Força Nacional de Resposta e Desastres, Sachidanand Gawde. Pelo menos 60 pessoas poderão estar soterradas nos escombros deste prédio. “Ninguém sabe exactamente quantas [pessoas] estão presas dentro” do prédio, disse à AFP um funcionário da polícia de Mahad, sob a condição de anonimato. As autoridades temiam inicialmente que houvesse cerca de 200 pessoas soterradas, mas um balanço posterior reviu os números para cerca de 60. Vários residentes encontravam-se longe das habitações no momento do colapso do edifício.
Hoje Macau China / ÁsiaOperadora de restaurantes Burger King na China multada devido a ingredientes fora do prazo [dropcap]A[/dropcap] operadora de seis restaurantes da cadeia Burger King no sul da China, que usou ingredientes fora de prazo, foi multada em mais de 400.000 dólares americanos, anunciou ontem um regulador chinês. Um dos restaurantes na cidade de Nanchang, a capital da província de Jiangxi, foi criticado, em 16 de julho passado, num programa difundido pela televisão estatal chinesa e dedicado à proteção do consumidor. O Burger King pediu desculpa na altura e prometeu cooperar com a investigação. Os restaurantes são operados por uma empresa local, que foi multada em 916.504 yuans, anunciou o Gabinete de Supervisão do Mercado de Nanchang. A agência também confiscou “receitas ilegais”, elevando o total para 2,8 milhões de yuan. A segurança alimentar é um tema sensível na China, que nos últimos anos foi abalada por escândalos envolvendo leite contaminado, medicamentos e outros produtos falsos ou de má qualidade que resultaram na morte ou intoxicaram consumidores.
Hoje Macau China / ÁsiaFacebook contesta encerramento de grupo pró-democracia na Tailândia [dropcap]O[/dropcap] Facebook vai contestar uma ordem do governo tailandês que o obrigou a encerrar um grupo muito popular dedicado ao movimento pró-democracia em curso no reino, declarou ontem a empresa norte-americana. Uma crescente onda de manifestações alastrou-se no país do sudeste asiático desde Julho, contra o governo considerado ilegítimo, mas também contra a monarquia, assunto que até então era tabu. O grupo “Royalist Marketplace”, criado em Abril, tinha mais de um milhão de membros quando o acesso foi bloqueado pelo Facebook na segunda-feira. A rede social foi “forçada” a tomar essa decisão por ordem do governo tailandês, afirmou um porta-voz do Facebook à agência francesa France-Presse. “[Pedidos como este] violam o direito internacional. Estamos a trabalhar para proteger e defender os direitos de todos os utilizadores da Internet e estamos a preparar-nos para contestar legalmente esse pedido”, acrescentou. Pavin Chachavalpongpun, um activista tailandês exilado no Japão e moderador nesse grupo, disse à AFP que o mesmo permitiu “discussões reais” sobre a monarquia, o seu papel e caminhos para a reforma. De acordo com Pavin, o encerramento do grupo mostra que o Facebook está a trabalhar para “promover o autoritarismo” na Tailândia e “aprovar as tácticas do Governo sobre censura de informações”. É “um obstáculo ao processo de democratização na Tailândia, bem como à liberdade de expressão”, acrescentou. Sem precedentes Ontem de manhã, o advogado Anon Numpa, uma das principais figuras do movimento, foi preso pela terceira vez em poucas semanas. Desde o início dos protestos, 11 activistas foram detidos por uma dúzia de motivos, incluindo sedição e violação da lei de emergência sanitária. A monarquia é um assunto extremamente delicado na Tailândia, onde o rei e a sua família são protegidos por uma lei de difamação muito severa que pune com até 15 anos de prisão qualquer crítica. Com uma fortuna estimada em 60 mil milhões de dólares, o monarca Maha Vajiralongkorn, conhecido como Rama X, trouxe mudanças sem precedentes na governação do país desde a sua ascensão ao trono, assumindo o controlo directo dos bens reais e colocando unidades do exército directamente sob o seu comando. Manifestantes tailandeses, inspirados nos jovens de Hong Kong, atacam também o primeiro-ministro, Prayut Chan-O-Cha, um antigo chefe do exército que liderou um golpe de Estado em 2014 e permanece no poder após as eleições contestadas de 2019. Os manifestantes exigem a sua renúncia, a dissolução do Parlamento e a reescrita da Constituição de 2017, que dá poderes muito amplos aos 250 senadores, todos eleitos pelo exército. A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) denunciou o uso por parte do governo tailandês de “leis que violam os direitos” e a liberdade de expressão. “O Facebook deve lutar contra as exigências do governo em todas as instâncias possíveis para proteger os direitos humanos do povo tailandês”, afirmou John Sifton, director da HRW para a Ásia. Um pequeno protesto pró-monarquia ocorreu ontem em frente à embaixada japonesa em Banguecoque, para pedir a Tóquio que reenviasse Pavin para a Tailândia para ser julgado sob a lei de difamação real.