Tóquio | Porta-aviões chinês entrou em águas do Japão

O Ministério da Defesa do Japão revelou ontem que um porta-aviões chinês e restante frota entraram em águas da Zona Económica Exclusiva (ZEE) japonesa, no passado sábado, numa altura de tensões na relação entre os dois países.

De acordo com o ministério japonês da Defesa, o porta-aviões Liaoning, dois contratorpedeiros de mísseis guiados e um navio de reabastecimento rápido navegaram a cerca de 300 quilómetros do ponto mais oriental do Japão, a ilha Minamitori, no sábado.

De acordo com um comunicado, depois de o Liaoning e os navios que o acompanhavam terem deixado a ZEE japonesa, realizaram no domingo exercícios de descolagem e aterragem de caças e helicópteros.

O ministério da Defesa japonês disse que destacou um navio para a zona, de forma a acompanhar a situação. Esta foi a primeira vez que um porta-aviões chinês entrou nesta parte da ZEE do Japão no Oceano Pacífico, disse um porta-voz do ministério à agência de notícias France-Presse.

“Acreditamos que os militares chineses estão a tentar melhorar as suas capacidades operacionais e a sua capacidade de conduzir operações em áreas remotas”, acrescentou. A crescente presença militar da China e a utilização de meios navais e aéreos para reivindicar territórios disputados estão a preocupar os Estados Unidos e os seus aliados na região da Ásia-Pacífico.

O porta-voz do Governo, Yoshimasa Hayashi, afirmou ontem numa conferência de imprensa que o Governo japonês “transmitiu uma mensagem apropriada à parte chinesa”, sem especificar se tinha apresentado um protesto formal.

10 Jun 2025

Hong Kong | Executivo mantém ligação ao dólar norte-americano

O Chefe do Executivo de Hong Kong garantiu, num excerto de uma entrevista divulgado ontem, que vai manter a moeda local ligada ao dólar norte-americano, apesar da guerra comercial entre Washington e Pequim. Em entrevista ao diário de Hong Kong South China Morning Post, John Lee Ka-chiu disse que a indexação do dólar local à moeda dos Estados Unidos tem sido “um dos factores fundamentais para o sucesso” da região.

Desde 1983, ainda antes da transição de administração do Reino Unido para a China, que o dólar de Hong Kong está ligado exclusivamente à moeda norte-americana, podendo flutuar numa faixa entre 7,75 e 7,85 unidades por dólar.

Algo que também significa que o regulador financeiro do território, a Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA, na sigla em inglês), segue as subidas e descidas da taxa de juro de referência impostas pela Reserva Federal dos Estados Unidos.

Em Maio, a HKMA teve de intervir por várias vezes no mercado, comprando um total de 16,7 mil milhões de dólares norte-americanos para enfraquecer a moeda local. Isto depois do dólar de Hong Kong ter atingido o limite superior da faixa de flutuação, devido à valorização das moedas asiáticas e ao aumento do investimento em acções listadas na bolsa da cidade.

Além de investidores estrangeiros, também os investidores da China continental têm comprado mais acções locais, em parte graças a um mecanismo, lançado em 2014, que liga as bolsas de Hong Kong e de Xangai, a ‘capital financeira’ chinesa.

Numa entrevista realizada a propósito do terceiro aniversário da sua administração, John Lee negou que o sistema financeiro dependa unicamente da ligação ao dólar dos Estados Unidos. O Chefe do Executivo prometeu criar mais produtos financeiros para reforçar o papel de Hong Kong como o maior centro mundial para negócios na moeda da China continental, o renminbi.

10 Jun 2025

Economia | Regista deflação pelo quarto mês consecutivo em Maio

O índice de preços no consumidor (IPC), o principal indicador da inflação na China, caiu pelo quarto mês consecutivo em maio, descendo 0,1 por cento em termos homólogos, o mesmo valor registado em Abril e Março.

Ainda assim, o indicador, divulgado ontem pelo Gabinete Nacional de Estatística (NBS, na sigla em inglês) do país asiático, sofreu uma queda menos acentuada do que as previsões da maioria dos analistas, que esperavam uma descida de 0,2 por cento.

Por outro lado, os analistas esperavam que os preços se mantivessem ao mesmo nível de Abril, mas a tendência mensal em Maio também foi negativa: os preços no consumidor caíram 0,2 por cento face ao quarto mês de 2025. O risco de deflação na China, a segunda maior economia do mundo, agravou-se no último ano, suscitado por uma profunda crise imobiliária, que afectou o investimento e o consumo.

A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno reflecte debilidade no consumo doméstico e investimento e é particularmente perigoso, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.

Dong Lijuan, estatístico do NBS, preferiu sublinhar que a inflação subjacente – uma medida que elimina o efeito dos preços dos alimentos e da energia devido à sua volatilidade – subiu 0,6 por cento, em termos homólogos.

“O IPC passou de alta para queda na comparação mensal, principalmente devido à queda dos preços da energia”, explicou o especialista, que insistiu que “as políticas de aumento do consumo continuam a ser eficazes, dado que os preços em algumas áreas apresentaram variações positivas”.

As autoridades da China têm sublinhado repetidamente nos últimos meses que impulsionar a fraca procura interna é uma das principais prioridades económicas para 2025, que tem sido marcado pela guerra comercial com os EUA.

9 Jun 2025

Exportações sobem menos do que esperado sob efeito da guerra comercial

As exportações da China aumentaram menos do que o esperado em Maio, de acordo com estatísticas oficiais reveladas ontem, repercutindo a diminuição do volume de mercadorias enviadas para os EUA em plena guerra comercial.

De acordo com as alfândegas chinesas, as exportações aumentaram 4,8 por cento em termos homólogos no mês passado. O valor ficou abaixo das previsões dos economistas inquiridos pela agência de notícias financeiras Bloomberg, que esperavam um crescimento de 6 por cento.

Depois de Genebra em Maio, norte-americanos e chineses iniciaram ontem uma nova ronda de conversações em Londres, com o objectivo de prolongar a trégua comercial e chegar a um acordo duradouro sobre a redução das sobretaxas aduaneiras impostas reciprocamente.

As exportações chinesas para os Estados Unidos totalizaram 28,8 mil milhões de dólares em Maio, contra 33 mil milhões de dólares em Abril, registo equivalente a uma queda de 12,7 por cento. Em contrapartida, as exportações chinesas para o Vietname aumentaram ligeiramente em Maio, atingindo 17,3 mil milhões de dólares.

Futuro incerto

“A guerra comercial entre a China e os Estados Unidos levou a uma queda acentuada das exportações para os EUA, mas isso foi compensado por um aumento das exportações para outros países”, escreve Zhang Zhiwei, economista da Pinpoint Asset Management, numa nota.

“As perspectivas comerciais permanecem muito incertas nesta fase” e podem surgir problemas “à medida que o efeito de antecipação se desvanece”, observou Zhang, referindo-se aos compradores estrangeiros que tinham aumentado as encomendas de produtos chineses em antecipação de possíveis aumentos das sobretaxas dos Estados Unidos.

No outro prato da balança comercial, as importações chinesas caíram 3,4 por cento em Maio, refletindo a fraca procura e as crescentes pressões comerciais sobre a segunda maior economia do mundo. As conversações sino-americanas em Londres marcarão as segundas negociações formais entre os dois países, desde que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou uma ofensiva comercial global em Abril.

Do lado norte-americano, a delegação incluirá o secretário do Tesouro, Scott Bessent, o secretário do Comércio, Howard Lutnick, e o representante comercial da Casa Branca, Jamieson Greer. Tal como em Genebra, o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, lidera a delegação de Pequim.

Estas discussões seguem-se a uma troca telefónica na quinta-feira entre Donald Trump e o homólogo chinês Xi Jinping, que o Presidente dos Estados Unidos descreveu como “muito positiva”.

9 Jun 2025

Moeda | Brasil prepara emissão inédita de dívida pública em yuan na China

A guerra comercial lançada por Donald Trump leva cada vez mais países a procurarem alternativas ao dólar norte-americano

 

O Brasil pretende emitir títulos de dívida soberana no mercado chinês ainda este ano, numa operação inédita, quando o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforça os laços comerciais e de investimento com a China.

Brasília planeia emitir títulos denominados na moeda chinesa, o yuan, no mercado de capitais da China continental, e quer também regressar ao mercado de obrigações denominadas em euros, revelou ontem o secretário-adjunto do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, citado pelo jornal britânico Financial Times.

“A ideia é que, ainda este ano, façamos uma nova emissão sustentável em dólares, como no ano passado, além de emissões na Europa e ‘obrigações panda’ na China”, afirmou Durigan, em entrevista ao FT. “A União Europeia quer negociar com o Brasil a expansão do comércio bilateral, tanto em termos de transações como também possibilitando ao Brasil a opção de emitir dívida na Europa”, acrescentou. “O mesmo pode acontecer com a China”, frisou.

O Governo brasileiro tem vindo a reforçar os laços comerciais com Bruxelas e a consolidar relações com Pequim, num contexto da guerra comercial lançada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O bloco sul-americano Mercosul, do qual o Brasil faz parte, espera que o aguardado acordo comercial com a União Europeia seja aprovado até ao final do ano.

Na quinta-feira, Lula reuniu-se com o Presidente francês, Emmanuel Macron, em Paris, e apelou ao apoio de Paris ao acordo. Macron tem resistido à ratificação do tratado, alvo de forte oposição por parte dos agricultores franceses.

Os planos para emitir títulos de dívida soberana na China surgem num momento em que o Governo brasileiro procura atrair mais investimento do país asiático, que é de longe o maior parceiro comercial do Brasil. A China está igualmente a tentar reforçar a sua influência económica na América Latina.

A operação testará também o apetite dos investidores internacionais pela dívida brasileira, num contexto de crescente cepticismo face à política económica de Lula, que tem apostado num maior papel do Estado na economia para impulsionar o crescimento e reduzir a desigualdade. A estratégia de aumento da despesa tem gerado críticas entre empresários, que acusam o Governo de agravar a inflação, elevar as taxas de juro e colocar em risco a sustentabilidade da dívida pública.

Jogo do mercado

Esta semana, o Brasil colocou 1,5 mil milhões de dólares em obrigações a cinco anos com uma taxa de juro de 5,68 por cento e 1,25 mil milhões de dólares em dívida a dez anos a 6,73 por cento, na segunda emissão de dívida ‘offshore’ em 2025.

Os custos de financiamento no Brasil aumentaram depois de o banco central ter elevado a taxa diretora para 14,75 por cento, numa tentativa de conter a inflação. Os críticos acusam o Executivo de Brasília de não agir com firmeza para resolver o défice orçamental crónico e o crescimento da dívida.

A agência Moody’s elevou o ‘rating’ de longo prazo do Brasil em Outubro passado para um nível abaixo do grau de investimento, o que permitiu acesso a capital mais barato. No entanto, em Maio, a agência reviu em baixa a perspectiva de positiva para estável, citando progressos mais lentos do que o esperado na política orçamental.

9 Jun 2025

Myanmar | Xi manifesta vontade de “acelerar cooperação”

O Presidente chinês, Xi Jinping, enviou ontem uma mensagem ao chefe da junta militar de Myanmar, Min Aung Hlaing, expressando a vontade de “acelerar a cooperação de alta qualidade” entre a China e a antiga Birmânia.

Xi sublinhou que a amizade entre a China e Myanmar “resistiu ao teste do tempo e saiu reforçada”, segundo um comunicado divulgado no âmbito do 75.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas bilaterais, citado pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

“Os dois países mantiveram uma boa vizinhança, aprofundaram a cooperação mutuamente benéfica e apoiaram-se firmemente nas questões relacionadas com os respectivos interesses fundamentais e preocupações essenciais, dando assim um excelente exemplo de intercâmbio amigável entre nações”, afirmou o chefe de Estado chinês.

A China atribui “grande importância” ao desenvolvimento dos laços com Myanmar e está disposta a trabalhar com o país, utilizando o 75.º aniversário dos laços diplomáticos “como uma oportunidade para acelerar a cooperação de alta qualidade no âmbito da Faixa e da Rota”, disse ainda Xi.

O Presidente chinês reuniu-se com Min Aung Hlaing no dia 09 de Maio em Moscovo, no que se acredita ter sido o primeiro encontro pessoal entre os dois desde o golpe de Estado levado a cabo pela Junta Militar em 01 de Fevereiro de 2021, com a prisão do Presidente eleito Win Myint, assim como da ex-lider do partido no Governo, Aung Suu Kyi, e de outros governantes e políticos.

Embora as trocas diplomáticas entre Myanmar e a China não tenham sido interrompidas pelo golpe, tornaram-se mais públicas ao longo dos anos, tal como a mediação de Pequim no conflito.

9 Jun 2025

Hong Kong usa IA para prever riscos de Alzheimer através de imagens da retina

Um centro de saúde de Hong Kong desenvolveu um sistema que utiliza tecnologias de inteligência artificial (IA) para prever o risco de doença de Alzheimer através da análise de imagens da retina, um avanço pioneiro no mundo.

O sistema analisa de forma não invasiva as imagens do fundo do olho, detectando alterações precoces nos vasos sanguíneos e nos nervos da retina que podem estar relacionadas com a doença de Alzheimer, permitindo identificar potenciais casos de risco anos antes do aparecimento de sintomas clínicos.

O Humansa Medical Center, um centro de saúde centrado na longevidade, desenvolveu o sistema em colaboração com a i-Cognitio Sciences, uma empresa de tecnologia oftalmológica da Universidade Chinesa de Hong Kong (CUHK).

A inteligência artificial da i-Cognitio foi validada com um vasto conjunto de dados, que inclui quase 13.000 imagens do fundo de olhos de 648 pacientes diagnosticados com Alzheimer e mais de 3.000 indivíduos com cognição normal.

Um estudo publicado em 2022 na revista Lancet Digital Health demonstrou que a tecnologia de inteligência artificial desenvolvida para a detecção do risco de Alzheimer atinge uma precisão de 80 por cento a 92 por cento em populações multiétnicas de diversos países.

A demência afecta cerca de um terço das pessoas com mais de 85 anos na região Ásia-Pacífico, segundo dados recentes. Em Hong Kong, a demência afecta 10 por cento da população com mais de 70 anos e a doença de Alzheimer é responsável por mais de metade dos casos diagnosticados.

Estudos científicos sublinham que até 45 por cento dos casos de demência poderiam ser evitados ou retardados através de intervenções precoces, salientando a importância da detecção precoce para atenuar o impacto da demência na população.

No entanto, os testes cognitivos convencionais e a imagiologia estrutural do cérebro apresentam uma precisão limitada, ao passo que os métodos avançados, como o PET amiloide e a análise do líquido cefalorraquidiano, são invasivos e menos acessíveis à população em geral.

Acção crucial

Neste contexto, este estudo desenvolveu um modelo baseado na aprendizagem profunda com uma abordagem que promete oferecer “uma solução simples, de baixo custo e pouco trabalhosa” para identificar potenciais doentes em ambientes comunitários e proporcionar uma precisão e sensibilidade adequadas.

Num esforço para realçar a relevância da IA no diagnóstico e nos cuidados de saúde do cérebro, Vincent Mok, director e fundador da i-Cognitio, destacou o papel fundamental da retina como janela para o cérebro. Segundo Mok, “através da fotografia do fundo do olho não invasiva, é possível identificar alterações nos vasos sanguíneos da retina e nos nervos da retina ligados à doença de Alzheimer”.

O especialista explicou que essas alterações na retina podem manifestar-se entre 10 a 15 anos antes que os sintomas clínicos da Alzheimer sejam evidentes, o que representa uma oportunidade crucial para uma intervenção precoce.

9 Jun 2025

Vice-primeiro-ministro chinês em Londres pra debater tarifas com os EUA

O vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, vai liderar a delegação chinesa nas negociações comerciais com representantes dos Estados Unidos, amanhã em Londres, anunciou sábado o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

Num comunicado citado pela agência espanhola de notícias Efe, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês indicou que He Lifeng visitará o Reino Unido de 08 a 13 de Junho “a convite do governo britânico” e aproveitará a sua estadia no país para participar na “primeira reunião do mecanismo de consulta económica e comercial China-Estados Unidos”.

He, muito próximo do Presidente da China, Xi Jinping, foi encarregado de liderar as negociações comerciais realizadas no mês passado em Genebra com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, que terminaram com uma trégua tarifária entre as duas potências.

O anúncio foi feito um dia depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter antecipado que a reunião sobre tarifas entre delegados comerciais dos EUA e da China, acordada na quinta-feira numa chamada telefónica com Xi Jinping, vai realizar-se esta segunda-feira, em Londres.

A conversa entre os dois líderes ocorreu depois de, na semana passada, Trump ter acusado a China, sem dar detalhes, de violar o acordo bilateral de pausa tarifária alcançado em maio, após o encontro em Genebra. Pequim respondeu argumentando que foi Washington quem violou o acordo, ao impor novas restrições sobre chips e o cancelamento de vistos para estudantes chineses, anunciado na semana anterior.

Guerra aberta

Os dois países tinham iniciado uma escalada de tarifas no dia seguinte ao anúncio feito por Trump, no início de Abril, das suas tarifas ditas “recíprocas”, impondo pelo menos 10 por cento sobre todos os produtos que entram nos Estados Unidos, independentemente da sua origem.

Os produtos chineses foram sujeitos a uma sobretaxa de 34 por cento, para além dos 20 por cento impostos no âmbito da luta contra o tráfico de fentanilo, um opiáceo que está a provocar uma grave crise sanitária nos Estados Unidos, e dos direitos aduaneiros que existiam antes da reeleição de Donald Trump.

Pequim retaliou com tarifas equivalentes, o que levou a uma guerra aduaneira com Washington, atingindo 125 por cento e 145 por cento, respectivamente, sobre os produtos de cada país, provocando um forte abrandamento do comércio entre os dois gigantes.

9 Jun 2025

Hong Kong | Descartada retaliação tarifária que comprometa “ADN de sucesso”

John Lee defende o estatuto da região administrativa especial como um porto livre e quer diversificar o mercado do território afastando-o cada vez mais dos Estados Unidos

 

O Chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, afirmou que as tensões entre Pequim e Washington não farão a cidade adoptar medidas de retaliação, que comprometeriam o seu “ADN de sucesso” e estatuto de zona portuária livre. Em entrevista ao diário de Hong Kong South China Morning Post, no terceiro aniversário da sua administração, Lee afirmou que o seu governo preparou “planos de contingência para os piores cenários”.

Garantiu também que está a tentar contrariar o impacto das taxas aduaneiras impostas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à China, que também afectam a região administrativa especial chinesa, apesar do regime “um país, dois sistemas”.

O líder de Hong Kong reafirmou que a metrópole manterá o seu estatuto de porto livre e excluiu a possibilidade de medidas de retaliação contra os EUA, mesmo que as relações entre Pequim e Washington se deteriorem. Lee rejeitou que esta atitude seja “passiva”, defendendo a estratégia como forma de preservar o estatuto económico de Hong Kong.

De acordo com a Lei Básica de Hong Kong, a mini-constituição que rege a cidade, a região manterá o seu papel de território aduaneiro independente da China e não imporá tarifas a não ser que a lei estipule o contrário, consolidando a posição de porto livre.

Por outras águas

Lee afirmou ainda que, nos dois anos que restam do seu mandato, o Governo de Hong Kong intensificará as medidas de diversificação dos mercados em benefício das empresas locais, reduzindo a exposição das mesmas aos Estados Unidos e incentivando a expansão para “oceanos azuis”, em regiões económicas de elevado potencial, como o Sudeste Asiático e o Médio Oriente.

“Com 180-190 economias globais, as oportunidades são vastas. Estamos a falar de reorientar estratégias, desenvolver novas capacidades e forjar alianças estratégicas”, afirmou, sublinhando a necessidade de consolidar a posição de Hong Kong enquanto centro financeiro e comercial mundial face às tensões geopolíticas.

Os Estados Unidos são o segundo maior mercado de exportação de Hong Kong, com um volume de 37,9 mil milhões de dólares em mercadorias em 2024, liderado por equipamentos e peças de telecomunicações e seguido por computadores, pedras preciosas, jóias, semicondutores e válvulas e tubos electrónicos.

9 Jun 2025

Citigroup | Despedidos 3.500 funcionários na China

O banco norte-americano Citigroup despediu cerca de 3.500 colaboradores da divisão de tecnologia na China continental, no âmbito de uma estratégia global de redução de custos e reestruturação operacional, informou ontem o jornal Financial Times.

Os cortes afectam uma divisão sediada nas cidades de Xangai e Dalian, responsável pela prestação de serviços informáticos a operações do Citigroup em mais de 20 países.

Segundo informou o banco, alguns dos postos de trabalho serão relocalizados para outros países, “para ficarem mais próximos dos negócios e produtos que apoiam”, sem, no entanto, revelar números ou destinos concretos. A instituição financeira indicou ainda que o processo deverá estar concluído “no início do quarto trimestre”.

“Apesar de ainda haver trabalho a fazer, muitos dos nossos esforços permitiram melhorar a eficiência da nossa forma de operar, da nossa força de trabalho e da presença global em termos de infraestruturas”, afirmou Marc Luet, responsável do Citi para o Japão, norte da Ásia e Austrália, citado pelo Financial Times.

O banco, que mantém presença na China continental desde 1902, garantiu que a decisão não terá impacto nas operações bancárias da sua subsidiária chinesa, com sede em Xangai, nem na equipa tecnológica baseada em Cantão, que continua a prestar serviços à China continental e a Hong Kong.

Terceiro maior banco dos Estados Unidos em termos de activos, o Citigroup tem procurado resolver desafios operacionais e de rentabilidade persistentes através de uma reestruturação profunda, que incluiu o despedimento de milhares de trabalhadores e uma simplificação da estrutura de gestão.

Este corte representa um dos maiores despedimentos registados entre grupos financeiros estrangeiros na China nos últimos anos, e reflecte uma tendência crescente de redução de quadros na área tecnológica.

6 Jun 2025

Mar do Japão | Seul resgata quatro norte-coreanos em barco à deriva

A Coreia do Sul anunciou ontem ter resgatado quatro norte-coreanos cujo barco estava alegadamente à deriva em águas territoriais no mar do Japão.

A Marinha sul-coreana “detectou um pequeno barco de madeira norte-coreano a cerca de 100 quilómetros da costa de Goseong”, na costa leste da Coreia do Sul, disse um porta-voz militar. De acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap, os resgatados tinham aparentemente atravessado a fronteira marítima acidentalmente e pediram para ser devolvidos à Coreia do Norte.

Os quatro foram entregues “às autoridades [sul-coreanas] competentes”, disseram os militares, acrescentando que o incidente aconteceu em maio. Os desertores norte-coreanos são normalmente sujeitos a interrogatórios pelos serviços de segurança sul-coreanos.

“Se desejarem regressar à Coreia do Norte, garantiremos o repatriamento rápido e seguro por razões humanitárias”, garantiu o Ministério da Unificação da Coreia do Sul. Seul afirmou que ainda aguarda uma resposta de Pyongyang sobre o repatriamento de dois norte-coreanos encontrados em circunstâncias semelhantes há três meses no mar Amarelo, localizado entre a China, a Coreia do Norte e a Coreia do Sul.

No discurso de posse, na quarta-feira, o novo Presidente de centro-esquerda da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, disse que queria aproximar-se da Coreia do Norte, num discurso que contrasta com a linha dura do antecessor deposto Yoon Suk-yeol.

6 Jun 2025

Hong Kong | Nomeado primeiro juiz estrangeiro em um ano

O parlamento de Hong Kong aprovou a primeira nomeação de um juiz estrangeiro para o tribunal superior da região semiautónoma chinesa no espaço de um ano, após uma série de demissões. O Conselho Legislativo do território votou na quarta-feira a favor de uma proposta do Governo para nomear William Young para o Tribunal de Última Instância de Hong Kong, para um mandato de três anos, que deverá começar ainda em Junho.

O número dois do executivo de Hong Kong, o secretário-chefe Eric Chan Kwok-ki, sublinhou aos deputados que o juiz liderou uma comissão de inquérito ao ataque de Março de 2019 contra duas mesquitas em Christchurch. Em Agosto de 2020, um supremacista branco foi condenado a pena perpétua sem direito a liberdade condicional – a primeira sentença deste tipo na Nova Zelândia – por ter morto 51 muçulmanos.

A nomeação de juízes de outras jurisdições que partilham o sistema conhecido como ‘Common Law’ (direito comum) herdado do Reino Unido “contribuiu para a manutenção de um elevado nível de confiança no sistema judicial” de Hong Kong, defendeu Eric Chan. O secretário-chefe disse ainda que a vinda de juízes estrangeiros “demonstra que a Lei Básica [a ‘mini-constituição’ de Hong Kong] garante o exercício independente do poder judicial”.

Volta ao mundo

Depois de se reformar do Supremo Tribunal da Nova Zelândia, em 2022, William Young, de 73 anos, serviu como juiz nos tribunais superiores das Seychelles, de Samoa e das ilhas Fiji. Em Julho de 2022, o neozelandês foi nomeado para os Tribunais do Centro Financeiro Internacional do Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, mas demitiu-se menos de um mês depois.

Na altura, Young deu como razão o risco de “percepções adversas”, após a organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional ter acusado o país de nomear juízes estrangeiros para tentar legitimar o regime político.

Cinco juízes estrangeiros não permanentes (dois do Reino Unido e três da Austrália) desempenham actualmente funções no tribunal superior de Hong Kong, que conta também com o lusodescendente Roberto Ribeiro. Vários magistrados estrangeiros, incluindo do Reino Unido e do Canadá, abandonaram o Tribunal de Última Instância do território nos últimos 12 meses.

6 Jun 2025

Educação | China pede aos EUA para não politizarem intercâmbios

A China criticou ontem as novas restrições impostas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, à entrada de cidadãos estrangeiros, incluindo as que afectam a Universidade de Harvard, e apelou a Washington para que deixe de politizar a cooperação educacional.

“A cooperação educacional entre a China e os EUA é mutuamente benéfica. A China sempre se opôs à politização nesta área”, disse ontem o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Lin Jian, em conferência de imprensa.

Lin respondia à ordem assinada por Trump que suspende por seis meses a entrada de novos estudantes internacionais em Harvard, sob acusações de “radicalismo” e “ligações estrangeiras preocupantes” por parte do centro académico. Pequim advertiu que esta medida vai “prejudicar a imagem e a credibilidade internacional” dos EUA e garantiu que vai defender os direitos legítimos dos seus estudantes e académicos no estrangeiro.

Harvard, uma das universidades mais prestigiadas do mundo, acolhe actualmente 10.158 estudantes internacionais de 150 países, incluindo 2.126 da China, segundo dados relativos ao ano letivo 2024/2025 publicados no portal do gabinete internacional da instituição.

O porta-voz também reagiu à nova proibição de viajar para os Estados Unidos para cidadãos de 12 países, incluindo Irão, Haiti, Guiné Equatorial, Somália e Iémen, e às restrições impostas a cidadãos de outros sete, como Cuba e Venezuela.

“Os intercâmbios interpessoais são a base fundamental para promover a compreensão e a cooperação entre os países. Esperamos que todas as partes criem condições propícias para o efeito, em vez de erguerem barreiras”, afirmou Lin.

6 Jun 2025

Taiwan | Pequim oferece recompensas pela captura de piratas informáticos

O Gabinete de Segurança Pública da cidade chinesa de Cantão vai oferecer recompensas a quem ajudar a capturar mais de 20 indivíduos ligados a Taiwan acusados de terem realizado ciberataques contra uma empresa tecnológica chinesa.

Esta é a primeira vez que as autoridades de segurança pública chinesas tomam esta medida para “combater as forças separatistas de Taiwan”, segundo o jornal oficial Global Times. É também “a primeira acção coordenada de repressão das actividades criminosas organizadas pelo Comando da Força de Informação, Comunicações e Electrónica de Taiwan”, acrescentou.

Segundo o Global Times, estes “20 suspeitos da ilha de Taiwan” estiveram envolvidos em ciberataques contra uma empresa tecnológica chinesa local e estão ligados às autoridades do Partido Democrático Progressista (DPP), actualmente no poder em Taiwan.

“O ciberataque foi dirigido e executado pelo Comando da Força de Informação, Comunicações e Eletrónica do DPP, que realiza múltiplas actividades ilegais”, declarou o Gabinete de Segurança Pública Municipal de Cantão, que emitiu mandados de busca para os 20 suspeitos.

As autoridades chinesas acrescentaram que aqueles que fornecerem pistas válidas e ajudarem na captura dos suspeitos receberão uma recompensa de 10.000 yuan por cada um deles.

6 Jun 2025

AIE | Investimento de 2,9 biliões de euros em 2025 com China a liderar

As previsões da Agência Internacional de Energia para 2025 indicam o reforço da liderança chinesa na revolução energética em curso com a aposta nas energias “limpas” em detrimento do investimento em combustíveis fósseis

 

O investimento em energia deverá aumentar para 3,3 biliões de dólares (2,9 biliões de euros) em 2025, com a China a consolidar a sua posição de liderança, segundo um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE).

A análise, ontem divulgada pela agência, indica que as energias “limpas” deverão atrair duas vezes mais capital do que os combustíveis fósseis. “No meio das incertezas geopolíticas e económicas que ensombram as perspectivas do mundo da energia, vemos a segurança energética emergir como um motor fundamental do crescimento do investimento global este ano”, lê-se no relatório.

“Actualmente, a China é, de longe, o maior investidor mundial em energia, gastando duas vezes mais do que a União Europeia – e quase tanto como a UE e os Estados Unidos juntos”, acrescenta a análise, salientando que, em 2015, o país asiático estava apenas à frente dos Estados Unidos neste aspecto.

O investimento em energias renováveis e nucleares, armazenamento e combustíveis com baixas emissões, bem como em eficiência energética e eletrificação, deverá atingir um recorde de 2,2 biliões de dólares, segundo a AIE.

“As actuais tendências de investimento mostram claramente que se aproxima uma nova era da electricidade”, sublinhou a agência. O investimento neste sector deverá ser cerca de 50 por cento superior ao montante total gasto em petróleo, gás natural e carvão.

Há dez anos, o investimento em combustíveis fósseis era 30 por cento superior ao investimento na produção e nas redes de eletricidade, indicou o organismo. O petróleo, o gás natural e o carvão deverão absorver investimentos de 1,1 biliões de dólares, com forte concentração das despesas na exploração de petróleo e gás no Médio Oriente.

Sobe e desce

A AIE estimou que a queda dos preços e da procura de petróleo deverá conduzir ao primeiro declínio do investimento no sector desde a pandemia de covid-19, em 2020, principalmente devido a uma descida acentuada das despesas com o petróleo de xisto nos Estados Unidos.

Em contrapartida, o investimento em novas instalações de gás natural liquefeito (GNL) registará um forte crescimento. “Entre 2026 e 2028, o mercado mundial de GNL deverá registar o maior crescimento de capacidade de sempre”, estimou a AIE.

De acordo com a agência, o investimento mundial em energia solar deverá atingir 450 mil milhões de dólares até ao final de 2025, colocando-a em primeiro lugar, enquanto o investimento em energia nuclear deverá atingir cerca de 75 mil milhões de dólares, um aumento de 50 por cento nos últimos cinco anos.

No entanto, a AIE receia que o investimento nas redes eléctricas (cabos, postes, etc.), actualmente em 400 mil milhões de dólares por ano, “não acompanhe o ritmo das despesas de produção e electrificação”, o que constitui um “sinal preocupante para a segurança da electricidade”.

O investimento em redes teria de aumentar para atingir a paridade com as despesas de produção até ao início da década de 2030, mas “tal é dificultado por procedimentos de licenciamento morosos e por cadeias apertadas de abastecimento de transformadores e cabos”.

Por último, o forte crescimento da procura de electricidade está também a beneficiar o carvão, principalmente na China e na Índia.

Em 2024, a China lançou a construção de quase 100 gigawatts (GW) de novas centrais eléctricas alimentadas a carvão, elevando as aprovações globais para centrais deste tipo ao nível mais elevado desde 2015, salientou a AIE.

6 Jun 2025

Tarifas | Trump diz que é “extremamente difícil chegar a um acordo” com Xi Jinping

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse ontem que aprecia o homólogo chinês, mas que é “extremamente difícil chegar a um acordo” com Xi Jinping, numa altura em que os dois países travam uma guerra comercial.

“Gosto do Presidente XI da China, sempre gostei e sempre gostarei, mas ele é MUITO DIFÍCIL”, afirmou o líder norte-americano, na sua rede social Truth, no dia em que as taxas alfandegárias sobre o aço e o alumínio importados pelos EUA aumentaram para 50 por cento.

As declarações de Trump surgem numa altura em que a imprensa norte-americana avança com a possibilidade de os dois líderes abordarem, por telefone, um acordo final que atenue as tensões comerciais.

Não ficou claro se Trump falou com Xi, entretanto. O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, acusou na terça-feira os Estados Unidos de violarem o acordo comercial provisório alcançado em Genebra, no mês passado, ao imporem “medidas negativas”, como as últimas restrições à exportação de semicondutores ou a anulação de vistos de estudantes chineses. Wang fez aquelas afirmações durante um encontro com o novo embaixador dos Estados Unidos na China, David Perdue.

“Infelizmente, os EUA introduziram recentemente uma série de medidas negativas com base em fundamentos infundados, prejudicando os direitos e interesses legítimos da China”, afirmou Wang, durante o encontro, em Pequim, de acordo com um comunicado difundido pelo Governo chinês. Wang apelou aos EUA para que “criem as condições necessárias para que as relações [bilaterais] regressem ao caminho certo”.

Trump mostrou-se anteriormente confiante de que uma conversa com Xi poderá aliviar as tensões comerciais, embora não seja claro que esse telefonema esteja a ser organizado.

5 Jun 2025

Airbus | China negoceia compra de centenas de aviões

A China está a considerar a possibilidade de encomendar centenas de aviões à construtora europeia Airbus no próximo mês, por altura do 50.º aniversário das relações oficiais entre o país e a União Europeia, avançou ontem a Bloomberg.

De acordo com a agência de notícias, que cita fontes não identificadas, o negócio poderá incidir sobre cerca de 300 aviões de fuselagem larga e estreita, enquanto outra fonte avança com 500 aparelhos, o que constituiria uma das maiores compras de aviões da história e a maior para a China.

Em todo o caso, estas fontes afirmam que as negociações ainda estão em aberto e que o negócio pode não se concretizar ou ser fechado numa data posterior.

Até ao momento, nem a Airbus nem as autoridades chinesas responsáveis pelas negociações dos aviões emitiram qualquer confirmação oficial sobre o assunto. A França e a Alemanha, dois dos países que controlam a Airbus, poderão enviar os seus dirigentes, Emmanuel Macron e Friedrich Merz, à cimeira China – UE, que se realiza em Julho, em Pequim.

Novas alianças

Se o acordo for assinado nessa altura, poderá também ser interpretado como um sinal do Presidente chinês, Xi Jinping, ao seu homólogo norte-americano, Donald Trump, de que pretende estreitar os laços comerciais com a UE, numa altura em que os laços de Pequim com Washington se deterioram devido à guerra comercial entre as duas potências.

No entanto, a Bloomberg aponta a principal rival da Airbus, a norte-americana Boeing, como uma das potenciais vencedoras de um hipotético acordo comercial entre Pequim e Washington. No recente pacto comercial com o Reino Unido, um dos pontos mais importantes foi precisamente a venda de aviões.

Mas a Boeing está há anos em dificuldades no mercado chinês, face às tensões comerciais e às preocupações com a segurança dos seus aviões, que resultaram numa proibição de quase cinco anos do 737 Max, após dois acidentes com um total de 346 mortos na Etiópia e na Indonésia.

Este facto, associado a outras proibições temporárias, como a proibição, durante um mês, entre Abril e Maio, da entrega de aviões da Boeing a empresas chinesas devido à escalada da guerra comercial entre Pequim e Washington, permitiu à Airbus ganhar vantagem na China nos últimos anos. A Boeing não recebe uma grande encomenda da China desde, pelo menos, 2017.

5 Jun 2025

Hong Kong | Homem acusado de alegada ameaça de bomba contra concerto

A polícia de Hong Kong anunciou ontem ter acusado um homem de 35 anos de quatro crimes de “ameaça de bomba”, contra um concerto e contra a representação do Governo Central chinês na região semiautónoma.

Num comunicado, o Departamento de Segurança Nacional da polícia de Hong Kong disse que o suspeito de 35 anos será apresentado no Tribunal de Magistrados de Kwun Tong. Na terça-feira, a polícia tinha anunciado a detenção do homem e de quatro mulheres, entre os 24 e os 38 anos, por “conspiração para cometer actividades terroristas”.

De acordo com uma investigação, os cinco suspeitos terão enviado várias mensagens à polícia, através de telefone, correio electrónico e plataformas de mensagens, entre 29 de Abril e 13 de Maio. As mensagens incluíam ameaças de fazer explodir bombas colocadas em vários escritórios do Governo Central chinês em Hong Kong e no Parque Desportivo Kai Tak, referiu a polícia.

A última chamada incluía uma ameaça de bomba contra um concerto marcado para 13 de Maio, disse, numa conferência de imprensa, o superintendente do Departamento de Segurança Nacional, Steve Li Kwai-wah. O Parque Desportivo Kai Tak, inaugurado em Março, integra um estádio com lugar para 50 mil espectadores, que recebeu, em 13 de Maio, um concerto dos Mayday, uma banda de Taiwan.

De acordo com a imprensa local, Steve Li disse que a polícia realizou buscas ao estádio nesse mesmo dia, mas que não encontrou nada de suspeito e que o concerto decorreu com normalidade. O comunicado indica que os suspeitos terão ainda enviado “mensagens sediciosas que incitavam à independência de Taiwan e de Hong Kong”.

Steve Li disse que os cinco suspeitos foram detidos na segunda-feira, na sequência de buscas efectuadas em quatro residências, durante as quais foram apreendidos telemóveis e computadores. As quatro mulheres foram libertadas sob fiança, “enquanto se aguardam novas investigações”, referiu o comunicado.

4 Jun 2025

Coreia do Sul | Xi Jinping felicita Lee Jae-myung pela vitória nas presidenciais

O Presidente chinês, Xi Jinping, enviou ontem uma mensagem de felicitações ao liberal Lee Jae-myung pela vitória nas eleições presidenciais sul-coreanas e apelou à cooperação para que os dois países mantenham a “boa vizinhança e amizade”.

“Nos 33 anos desde o estabelecimento das relações diplomáticas, os dois lados ultrapassaram as diferenças ideológicas e sociais, trabalharam em estreita colaboração, alcançaram êxitos e conseguiram um desenvolvimento estável e saudável das suas relações”, afirmou Xi num telegrama, citado pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

O líder chinês afirmou que atribui “grande importância” aos laços com Seul e disse que o país está disposto a trabalhar com a Coreia do Sul para “promover conjuntamente a parceria estratégica de cooperação” entre as duas nações, apesar de citar “a crescente incerteza na situação internacional e regional”.

A China é o maior parceiro comercial da Coreia do Sul, mas, apesar dos fortes laços económicos, as relações bilaterais são marcadas por um constante braço de ferro sobre rivalidades regionais, sensibilidades históricas e interesses estratégicos contraditórios.

Pequim criticou Seul por ter estreitado os laços com Washington no âmbito da estratégia de dissuasão contra a Coreia do Norte, enquanto a China se opôs nos últimos anos à imposição de novas sanções da ONU contra Pyongyang.

O liberal Lee Jae-myung venceu as eleições presidenciais da Coreia do Sul na terça-feira com 49,4 por cento dos votos, contra 41,1 por cento do rival conservador Kim Moon-soo.

4 Jun 2025

OMC | China exige supervisão de “tarifas unilaterais”

O representante do comércio chinês esteve em Paris onde discutiu com a directora-geral da OMC a grave situação internacional

 

O ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, instou a Organização Mundial do Comércio (OMC) a reforçar a supervisão das “tarifas unilaterais” e a apresentar propostas políticas “objectivas e neutras”, segundo um comunicado divulgado ontem.

De acordo com o Ministério do Comércio chinês, Wang reuniu-se na terça-feira com a directora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, à margem de uma reunião ministerial da organização em Paris, onde mantiveram uma “discussão aprofundada sobre a grave situação do comércio mundial”.

“Em resposta à imposição arbitrária de tarifas por parte de alguns membros, a OMC deve reforçar a supervisão destas tarifas unilaterais e oferecer recomendações políticas objectivas e neutras”, afirmou o ministério, numa referência velada aos Estados Unidos.

A mensagem instou ainda os países-membros da OMC a garantir que quaisquer acordos comerciais bilaterais “cumpram as regras” da organização e “evitem prejudicar os interesses de terceiros”.

Wang reiterou a posição da China de defender “um sistema comercial multilateral” e afirmou que a OMC tem o seu apoio para desempenhar “um papel mais importante na governação económica global”.

O ministro chinês reuniu-se ainda com o Comissário Europeu para o Comércio, Maros Sefcovic, com quem manteve discussões “profundas, francas e abrangentes” sobre “questões urgentes e importantes relacionadas com a cooperação económica e comercial entre a China e a União Europeia”.

De acordo com o ministério, Wang apelou a maiores esforços para “preparar a importante agenda entre a China e a UE este ano”, que inclui uma cimeira para celebrar o 50.º aniversário das relações bilaterais.

Viagem a Pequim

Os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen e António Costa, respectivamente, deverão deslocar-se a Pequim na segunda metade de Julho para se reunirem com o líder chinês, Xi Jinping.

Von der Leyen afirmou que a UE deve “trabalhar construtivamente com a China para encontrar soluções” ao longo deste ano, e que Bruxelas deve “manter uma relação mais equilibrada com Pequim, num espírito de justiça e reciprocidade”.

A UE apelou ainda à China para evitar “uma nova escalada” na guerra comercial desencadeada pelas tarifas anunciadas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, embora Pequim acredite que Washington não está a cumprir o acordo alcançado pelas duas potências em Genebra.

Outras conversas

Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, reuniu-se na terça-feira com o embaixador dos Estados Unidos na China, David Pound, a quem chamou a atenção para a introdução recente de “uma série de medidas negativas baseadas em argumentos infundados, minando os direitos e interesses legítimos da China”.

“Opomo-nos firmemente a isso”, sublinhou o chefe da diplomacia chinesa. Entre as medidas referidas estão a suspensão das vendas de programas informáticos para o desenho de semicondutores, novos controlos à exportação de semicondutores vitais para a inteligência artificial e a revogação de vistos para estudantes chineses, uma medida que a China descreveu como discriminatória.

Em 12 de Maio, ambas as potências acordaram uma trégua tarifária de três meses, na qual os EUA se comprometeram a reduzir as tarifas de 145 por cento para 30 por cento e a China de 125 por cento para 10 por cento, numa tentativa de abrir caminho a um acordo mais amplo.

4 Jun 2025

Coreia do Sul | Candidato da esquerda vence presidenciais

O candidato da oposição Lee Jae-myung (centro-esquerda) é dado como vencedor das eleições presidenciais na Coreia do Sul, com 51,7 por cento dos votos, segundo as projecções divulgadas após o encerramento desta votação com uma única volta.

De acordo com as sondagens à boca das urnas, Lee Jae-myung (Partido Democrata) obteve 51,7 por cento dos votos, contra 39,3 por cento do seu principal adversário, o conservador Kim Moon-soo (PPP, direita), informaram as três maiores emissoras de televisão sul-coreanas.

Esta votação, cujo resultado ainda precisa de ser confirmado pela Comissão Eleitoral Nacional, deve permitir que a Coreia do Sul recupere um líder e a estabilidade política, após seis meses de crise desencadeada pelo anterior chefe de Estado, Yoon Suk Yeol.

No início de Dezembro, Yoon declarou surpreendentemente a lei marcial e enviou o exército para assumir o controlo do parlamento, amplamente dominado pela oposição, a fim de silenciá-lo. Na ocasião, um número suficiente de deputados conseguiu reunir-se para votar uma moção e rapidamente fazer fracassar a iniciativa do então Presidente, que foi classificada como um golpe de força.

Seguiram-se seis meses de profundo caos político, entre manifestações maciças, prisão e destituição de Yoon Suk Yeol, sucessão inédita de presidentes interinos e outras reviravoltas, nomeadamente judiciais.

Se a sua vitória for homologada, Lee Jae-myung, um antigo operário de 61 anos, terá a difícil tarefa de enfrentar a ameaça representada pelo imprevisível vizinho norte-coreano, ao mesmo tempo que se posiciona entre a China, principal parceiro comercial da Coreia do Sul, e os Estados Unidos, aliado e protector histórico.

4 Jun 2025

Turismo | ECTAA quer vistos mais fáceis para chineses

O líder da Confederação Europeia das Associações de Agências de Viagens e Operadores Turísticos defendeu ontem que a União Europeia facilite a entrada a chineses, depois da China ter alargado a isenção de vistos a mais de 30 países europeus.

“Continuaremos a bater à porta da Comissão Europeia para baixar o limiar para visitantes vindos de fora da Europa”, disse o presidente da Confederação Europeia das Associações de Agências de Viagens e Operadores Turísticos (ECTAA, na sigla em inglês). Frank Oostdam falava em Macau, numa conferência de imprensa, quando questionado sobre a resposta europeia à política de isenção de vistos da China, que desde 15 de Outubro abrange Portugal.

No final de Março, o embaixador chinês em Lisboa Zhao Bentang disse em entrevista à Lusa que “a China já pediu à Europa, a Portugal, que facilite a entrada a cidadãos chineses”. Mas o holandês Frank Oostdam admitiu que “o clima político não é animador” e que a actual tendência é para maiores restrições à entrada na União Europeia, dando como exemplo os Países Baixos.

Oostdam falava horas antes do líder da extrema-direita dos Países Baixos, Geert Wilders, ter retirado o partido da coligação governamental, devido a um desacordo sobre a imigração, abrindo caminho a eleições antecipadas. Wilders exigia uma redução radical da migração, o reforço dos controlos fronteiriços e a rejeição de todos os requerentes de asilo.

“Gostaríamos de ter o máximo de pessoas a viajar pelo mundo, tanto quanto possível, mas não estou assim tão confiante”, lamentou Frank Oostdam. “Somos muito a favor da liberdade de circulação, porque se as pessoas se conhecerem, teremos um mundo melhor”, defendeu o presidente da ECTAA.

No mesmo tom

Antes da conferência de imprensa, também o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) lamentou “não haver a mesma solução do ponto de vista da Europa relativamente aos turistas chineses”. “Gostaríamos muito que acontecesse, é essa a opinião da ECTAA, é essa a posição da APAVT. Os vistos fazem mal à mobilidade e a mobilidade faz bem ao mundo”, defendeu Pedro Costa Ferreira.

No caso de Portugal, a isenção de visto para entrada na China vigora até 31 de Dezembro, mas Frank Oostdam demonstrou esperança que seja “prolongada por muitos anos”. “Pelo que ouvimos, a situação parece otimista. Esperemos que sim, porque a questão do visto é realmente essencial para explorar o potencial do turismo da Europa para a China”, defendeu o dirigente.

“Se não tivermos [isenção de visto], o potencial está lá, mas não resultará em muito mais turistas”, alertou o neerlandês. Já a vice-presidente da ECTAA, Heli Maki-Franti, lamentou que o encerramento do espaço aéreo da Rússia tenha levado as companhias aéreas a “reduzir drasticamente” o número de voos para a China.

A União Europeia fechou o espaço aéreo aos aviões russos após a invasão da Ucrânia, e Moscovo retaliou com proibições semelhantes, tornando mais longas e dispendiosas as ligações entre a Ásia e a Europa. “Muitos clientes não estão dispostos a pagar”, disse Maki-Franti.

A directora dos Serviços de Turismo de Macau (DST), Maria Helena de Senna Fernandes, disse que isto representa “uma clara oportunidade” para as transportadoras chinesas, “porque podem sobrevoar território russo”. O problema, respondeu Heli Maki-Franti, é que os viajantes europeus “ainda não conhecem as companhias aéreas chinesas”. “Há muito [trabalho de promoção] que estas empresas poderiam fazer no mercado europeu”, acrescentou a finlandesa.

4 Jun 2025

Tarifas | China acusa EUA de quebrar acordo com medidas de “supressão extrema”

Pequim acusou ontem Washington de violar um acordo alcançado em maio para reduzir temporariamente as taxas alfandegárias com medidas de “supressão extrema”, como restringir as exportações de semicondutores e anular vistos a estudantes chineses.

“O consenso de Genebra foi alcançado com base no respeito mútuo e na igualdade de consultas. A China implementou-o de forma responsável e de boa-fé. No entanto, os EUA impuseram restrições unilaterais e infundadas”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lin Jian.

A China, que declarou ter apresentado um protesto formal, instou Washington a “corrigir as suas acções erradas” e a “respeitar o consenso duramente conquistado”. “O uso de pressão e coerção não é a forma correcta de lidar com a China”, disse Lin.

Pequim afirmou na segunda-feira, através do seu Ministério do Comércio, que desde que o pacto comercial foi selado a 12 de Maio, Washington adoptou novas medidas que “minam seriamente” os compromissos assumidos, incluindo a suspensão das vendas de ‘software’ utilizado no fabrico de semicondutores, novos controlos sobre a exportação de ‘chips’ utilizados em sistemas de inteligência artificial e a recente revogação de vistos para estudantes chineses, uma medida que a China descreveu como “discriminatória”.

As tensões aumentaram nos últimos dias, com novas restrições impostas por Washington e uma queda de cerca de 20 por cento nas importações norte-americanas de produtos chineses em Abril.

O Secretário do Tesouro, Scott Bessent, reconheceu, na semana passada, que as negociações estão paradas e referiu que um telefonema entre Trump e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, poderia quebrar o impasse.

O conselheiro económico da Casa Branca, Kevin Hassett, disse no domingo que ainda não há uma conversa agendada entre os dois líderes, embora espere que possam falar sobre comércio na próxima semana. Pequim, no entanto, respondeu ontem que não tem “qualquer informação” sobre um possível telefonema.

4 Jun 2025

Vistos | Pequim anuncia que vai continuar a alargar isenção

A China afirmou ontem que vai continuar a alargar a sua política de isenção de vistos a mais países, destacando a recente inclusão, pela primeira vez, de países da América Latina, incluindo o Brasil.

“Vamos continuar a optimizar as nossas políticas de entrada, a alargar o número de países isentos de vistos e a convidar mais amigos internacionais a experimentar os produtos, serviços e ofertas de consumo de qualidade da China”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, em conferência de imprensa.

Desde 01 de Junho, os cidadãos do Brasil, Argentina, Chile, Peru e Uruguai podem entrar na China sem visto até 30 dias, no âmbito de uma iniciativa-piloto anunciada durante a última cimeira China – Comunidade dos Estados Latino-Americanos e das Caraíbas (CELAC).

Com a entrada em vigor, a 09 de Junho, da isenção de visto para os cidadãos da Arábia Saudita, Omã, Kuwait e Barém, o número de países com acesso à China com isenção de visto aumentará para 43. A política abrange também Portugal desde o ano passado.

Abrir ao mundo

Esta expansão reflecte o compromisso de Pequim com uma “abertura de alto nível” e com a construção de uma “economia mundial aberta”, disse Lin. O porta-voz sublinhou que as medidas de facilitação da entrada “já estão a produzir resultados concretos”: no primeiro trimestre de 2025, mais de nove milhões de estrangeiros entraram na China, um aumento de mais de 40 por cento, em relação ao mesmo período do ano passado.

Além disso, mais de 18.000 novas empresas com investimento estrangeiro foram criadas na China entre Janeiro e Abril, um aumento homólogo de 12,1 por cento, de acordo com dados oficiais citados por Lin.

Pequim acredita que estas políticas ajudarão a impulsionar o turismo, a reforçar os laços com os países parceiros e a projectar uma imagem moderna e acessível da China, após anos de restrições fronteiriças devido à pandemia da covid-19.

4 Jun 2025