Sérgio Fonseca DesportoKimi Räikkönen | Em 2000 foi recusado, hoje seria algo extraordinário Dos vinte pilotos que perfazem a grelha de partida do mundial de Fórmula 1 de 2021, apenas dois não participaram no Grande Prémio de Macau e um deles não o fez porque não foi aceite à partida. Contudo, quem rejeitou a sua participação na altura sempre disse que, quando este deixasse a Fórmula 1, gostaria de o convidar para um dia correr no Circuito da Guia. A oportunidade ainda não surgiu, mas poderá estar para breve. Estávamos no ano 2000 quando Kimi Räikkönen se sagrou campeão britânico de Fórmula Renault. Mesmo sem ter qualquer experiência na Fórmula 3, Steve Robertson, o seu “manager” da altura, queria que o jovem de 21 anos participasse no Grande Prémio. “O ‘manager’ do Räikkönen pediu-me um convite para a prova e disse-me: ‘aponta aí as minhas palavras, ele vai estar na Fórmula 1 no próximo ano’. Na altura não acreditei nele. Era algo improvável e uma cantilena que ouvimos dezenas de vezes”, dizia frequentemente Barry Bland, o mentor da Fórmula 3 em Macau, quando questionado qual era o piloto mais promissor que um dia lhe tinha “escapado”. Steve Robertson sabia o que dizia. Um mês antes do Grande Prémio de Macau, no circuito italiano de Mugello, Räikkönen testara pela Sauber, tendo impressionado a equipa suíça. Apesar de ter sido logo contratado, a Sauber quis manter o seu novo piloto em segredo, até porque havia dúvidas se a FIA lhe daria a Super-Licença que o autorizaria a participar nos Grande Prémios em 2011. Barry Bland, o homem que geriu os destinos da Fórmula 3 no território de 1983 a 2015, reconhecia que “apesar de provavelmente me arrepender de não o ter convidado, ele não se qualificava para um convite, mas não deixa de ser uma pena”. O inglês acreditava que “um dia que ele deixe a Fórmula 1, pode ser que tentemos convencê-lo a correr connosco. Não será fácil, quem sabe…” Infelizmente, Barry Bland, que faleceu em Julho de 2017, não teve essa oportunidade. Räikkönen continua a bater recordes de participações na categoria máxima do automobilismo e quando a temporada de 2021 arrancar a 28 de março no Bahrein, o piloto nórdico vai para o seu 331º Grande Prémio de Fórmula 1. Todavia, “Iceman” sabe que o seu percurso na Fórmula 1 está a chegar ao fim e não rejeita aventurar-se noutras disciplinas do desporto automóvel. Depois da Fórmula 1 Quando perdeu o seu lugar na Ferrari, no final do ano 2009, o campeão do mundo de 2007 decidiu deixar o “Grande Circo” para experimentar os ralis, cumprindo duas temporadas do Campeonato do Mundo de Ralis (WRC) e realizando duas excursões em competições da norte-americana NASCAR. Em 2012, o finlandês regressou à categoria rainha do automobilismo com a Lotus F1 Team, para voltar à Ferrari em 2014, onde completou cinco épocas consecutivas antes de rumar à Alfa Romeo Racing. Numa entrevista dada à revista holandesa “Formule 1”, o piloto de 41 anos abriu um pouco o livro do que quer fazer no pós-F1: “Há uma série de coisas engraçadas que posso fazer, mas não penso nelas até terminar com a Fórmula 1. Não sei se será ralis, NAScAR ou algo completamente diferente”. Questionado se gostaria de participar nas 24 Horas de Nurburgring, uma das provas principais das corridas de GT, com o seu grande amigo e compatriota Toni Vilander, Räikkönen não negou que isso “poderia ser divertido”, sorrindo, algo raro no piloto nórdico, mas relembrando que “há muitas coisas giras para fazer”. Pois bem, pode ser que lhe tome o gosto pelas corridas de GT e que duas décadas depois os astros se alinhem… Raras excepções Diz a história que Alan Jones foi o único campeão do mundo de Fórmula 1 que regressou ao Circuito da Guia para conduzir numa outra corrida que não a do Grande Prémio. O campeão do mundo de 1980 voltou ao território para alinhar na Corrida da Guia de 1987, aceitando o convite da Toms Toyota para conduzir um dos Toyota Supra (MA70). Infelizmente, a presença de Jones foi curta, pois abandonou à sétima volta com um problema no turbo do seu carro. É muito raro ver um piloto de Fórmula 1 a regressar ao Grande Prémio de Macau, até porque nem sempre as regras o permitiram. Em 1985, o português César Torres conseguiu o então presidente da FISA, Jean-Marie Ballestre, a retirar a proibição da vinda de pilotos de Fórmula 1 a Macau. E logo nesse ano, a organização conseguiu convencer o francês René Arnoux, que havia sido despedido da Scuderia Ferrari, a aventurar-se na corrida. Sem qualquer experiência de Fórmula 3 no seu currículo, o ex-campeão europeu de F2 qualificou-se a meio da tabela e terminou em sexto no cômputo das duas mangas. O último piloto ex-F1 que quis correr em Macau foi Nelson Piquet Jr em 2016. Todavia, o piloto brasileiro, que até tinha um acordo com a equipa Carlin para estar à partida da corrida de Fórmula 3, foi barrado pela FIA. Segundo o então Presidente da Comissão de Monolugares da FIA e agora responsável máximo da Fórmula 1, Stefano Domenicali, a participação de Nelsinho ia “contra o espírito da categoria”.
Sérgio Fonseca DesportoGP | Contrato para o mundial de MotoE não impede André Pires de vir a Macau André Pires, o único piloto luso que preenche os requisitos para participar no Grande Prémio de Motos de Macau, irá tornar-se este ano no segundo português a alinhar no mundial de velocidade em motociclismo, depois de Miguel Oliveira, e será o primeiro a tripular motas eléctricas. Contudo, a tradicional vinda à Macau no mês de Novembro não está em causa Na passada sexta-feira, numa cerimónia curta e cumprindo todas as medidas sanitárias e de distanciamento necessárias, André Pires foi oficialmente apresentado como piloto da Avintia Esponsorama. É com a equipa de Andorra com a qual vai alinhar na próxima Taça do Mundo MotoE, competição realizada em conjunto com algumas etapas do mundial MotoGP e que utiliza em exclusivo as Energica EGP Corsa, motos de propulsão eléctrica que vão para a sua terceira temporada no mais elevado patamar do motociclismo mundial. “Estou muito contente pela oportunidade que me dá a equipa Avintia Esponsorama para correr no campeonato do mundo. É um sonho tornado realidade que me faz muito feliz. Vou tentar aprender e dar o máximo para obter os melhores resultados e ser competitivo por mim, pela minha equipa e pelos meus patrocinadores”’, revelou o piloto de Vila Pouca de Aguiar no decorrer da cerimónia realizada no centro do Principado. A Taça do Mundo MotoE é o primeiro campeonato global realizado em exclusivo com motos de propulsão eléctrica construídas em Itália pela Energica. O modelo utilizado é o Ego Corsa que reclama 163 cavalos de potência máxima e 270 km/h de velocidade máxima. Dezoito pilotos de todo o mundo irão discutir o terceiro ano da competição, que terá sete provas no seu calendário e dois testes de pré-temporada. Macau em Novembro Apesar de embarcar neste novo projecto com todo o afinco, o piloto português, que foi campeão nacional de 125cc em 2011, de Superstock 600 em 2012 e de Superbikes em 2014, planeia regressar em Novembro à RAEM para o 54º Grande Prémio de Motos de Macau, caso a prova se realize. “Este contrato com a equipa apenas é para mundial de MotoE”, começou por explicar ao HM André Pires, esclarecendo que “não tenho nenhum tipo de cláusula que não me permita correr noutros campeonatos ou provas.” André Pires fez a sua estreia no Circuito da Guia em 2013, ano em que obteve a sua melhor classificação, um 13º lugar, e desde aí tem sido presença assídua no maior evento desportivo de carácter anual da RAEM. A confirmar-se a prova de motociclismo deste ano, esta será a oitava participação de André Pires no Grande Prémio de Motos de Macau, o que o tornará o piloto português com mais presenças nesta corrida. “Tenho que me manter activo e por isso Macau está nos planos para Novembro. Espero estar à partida da prova do Grande Prémio para acabar o ano em grande”, disse ao HM um dos poucos pilotos de motociclismo que no passado estava disposto a cumprir a quarentena obrigatória de catorze dias para participar no evento. Um sonho Para cumprir o sonho de correr no mundial, André Pires disse à agência Lusa que provavelmente irá deixar o emprego a tempo inteiro. “É um campeonato do mundo, com um nível de exigência muito grande, pelo que terei de me dedicar a tempo inteiro à preparação”, afirmou. O objetivo para esta sua estreia numa disciplina diferente do motociclismo passa por “aprender” e “tentar ser o melhor dos oito estreantes” do campeonato. Um dos poucos apoios com que conta para esta aventura é o do município de onde é natural, mas acredita que “é possível” encontrar parceiros que o apoiem. “Se não conseguir patrocínios, vou ter de por o dinheiro do meu bolso e hipotecar tudo, a casa, o carro, o cão, tudo, mas não quero perder esta oportunidade”, frisou à agência Lusa.
Sérgio Fonseca DesportoGP Macau vai (e tem que) caminhar para um futuro sustentável Ainda não é certo quando será realizada a 68ª edição do Grande Prémio de Macau, mas uma coisa é certa, se no fim de semana de 18 a 21 de Novembro a Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR realizar a sua prova final no Circuito da Guia, como está escrito no calendário internacional da FIA, então será aberto um novo capítulo no evento – a estreia dos biocombustíveis. A organização da WTCR anunciou na passada sexta feira que os carros da WTCR serão alimentados pela primeira vez por uma gasolina especial com 15% de componentes renováveis. Estes componentes não-fósseis são derivados do bioetanol produzido através da celulose e biomassa lenhosa, assim como de combustível bio-sintético (totalmente renovável). “A nomeação da P1 Racing Fuels como fornecedor oficial de gasolina da WTCR é um importante primeiro passo em direcção ao uso de um combustível 100% sustentável no campeonato, como delineado no roteiro de implementação que temos definido para a introdução dos biocombustíveis na WTCR”, disse Alan Gow, o presidente da Comissão de Carros de Turismo da FIA. Apesar de ser uma novidade numa prova como o Grande Prémio de Macau, o uso de biocombustíveis no desporto não é novidade, como relembrou ao HM o engenheiro macaense Duarte Alves, que em Inglaterra “já em 2006 corríamos com um Aston Martin DBRS9 que usava E85 (85% de etanol). E em 2007, quando estive nos EUA, com um Aston Martin Vantage GT2, este também usava E85. No entanto, obrigava-nos a ter um depósito de combustível muito maior e a utilizar pressões mais altas no sistema de injeção. Julgo que, em termos de balanço ‘ecológico’, era complicado, pois utilizava 30% mais de combustível em termos de volume. Na altura, não pegou muito porque a tecnologia ainda estava nos seus primórdios e os custos que implicava não a justificam”. Com a indústria automóvel em plena transformação, o automobilismo não escapará à tendência e, por ser um alvo fácil, está rapidamente a passar das palavras aos actos. A questão da sustentabilidade energética e da produção de gases que contribuem para o efeito de estufa são uma preocupação para a FIA. Por isso, não é por acaso que assistimos a um crescente de novos campeonatos com carros eléctricos, enquanto que as principais competições apostam em sistemas híbridos – F1, WRC, WEC, etc – e outras tecnologias mais amigas do ambiente. O hidrogénio é a aposta futura para os organizadores do Dakar e de Le Mans. Por seu lado, a F1, que pretende chegar à neutralidade carbónica em 2030, acredita que a gasolina sustentável, sobretudo os “e-fuels” – que recorrem ao carbono presente na atmosfera para sintetizar petróleo – serão o futuro da indústria automóvel e do automobilismo, uma vez que, no limite, haverá um circuito fechado que não acarretará um aumento de dióxido de carbono para a atmosfera. Não há marcha-atrás Para Duarte Alves, o responsável pelo carro vencedor da classe principal das Thailand Super Series no ano passado e do Audi que terminou em segundo na Taça GT, o Grande Prémio de Macau precisa de olhar atentamente para esta questão ambiental se quiser conservar a relevância no panorama internacional. “Sem dúvida que Macau também deveria ter pelo menos uma categoria destas que promovam um futuro sustentável. Isto, se realmente quiser estar à frente e ser uma referência como evento a nível mundial”. Por outro lado, Duarte Alves acredita que “juntar o legado do Grande Prémio a tecnologias ecológicas será um bom argumento para dar uma boa imagem do evento”, referindo, que do outro lado da moeda, “há sempre um problema a ultrapassar que neste caso são os elevados custos que implicam às equipas e obviamente a disponibilidade de equipamento ou carros”. Os sistemas híbridos ou célula de combustível (hidrogénio) são por agora inacessíveis em massa, enquanto que os carros eléctricos de competição pecam pela autonomia ou têm ainda limitações técnicas que impossibilitam a sua utilização num circuito tradicional, como o Circuito da Guia. Já os biocombustíveis têm no seu custo actual o maior entrave, mas permitem manter a base dos sistemas de combustão actual e até o som do roncar dos motores, uma das críticas principais dirigidas às corridas com carros eléctricos pelos adeptos mais conservadores do automobilismo. Uma coisa é certa, a gasolina tal como a conhecemos tem os dias contados. Igual nas motas A aplicação de energias sustentáveis na categoria de duas rodas não será muito diferente daquela que está acontecer nas quatro rodas, basta lembrar que a Ilha de Man TT tem há vários anos uma categoria exclusiva para as motas eléctricas, a “TT Zero”. Em 2018, Michael Rutter disse ao HM que acreditava que uma moto de TT seria capaz de completar as 12 voltas do Grande Prémio de Motos. Sobre a possibilidade de no futuro a corrida combinar na mesma corrida as motos convencionais, com as motos eléctricas, Rutter, um também vencedor na “TT Zero”, afirmou que tal cenário não é de todo inconcebível. “Definitivamente, isso não seria impossível, dependendo da gestão da potência e da velocidade por volta (das motas eléctricas). Mas só experimentando no circuito de Macau é que seria realmente possível perceber a diferença por volta destes dois tipos diferentes de motos”, explicou ao HM o britânico sobre algo que provavelmente um dia poderá ser avaliado. “A maior diferença de uma moto eléctrica para uma moto com motor a combustão é o ‘feeling’ que tens da mota”, esclareceu o veterano natural de Stourbridge. “Principalmente quando aceleras. Não há o atraso habitual, não tens de esperar (que a potência seja entregue à roda). Não consegues pôr a roda traseira a patinar”.
Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo | Rui Valente subiu ao pódio em Guangdong Rui Valente deu início à temporada desportiva de 2021 da mesma forma como terminou a época de 2020, subindo ao pódio. O primeiro piloto de Macau a correr no ano 2021, terminou na terceira posição da geral, vencendo a sua classe, na prova de abertura do “GIC Challenge”, realizada durante o fim de semana no Circuito Internacional de Guangdong. O veterano piloto português alinhou na primeira das dez corridas de uma hora que compõem a competição organizada pelo segundo circuito permanente da Província de Guangdong. Depois de ter arrancado do quarto lugar da grelha de partida, Rui Valente rapidamente ascendeu à segunda posição, posição essa que parecia confortável na posse do representante da RAEM, mas infelizmente a mecânica do seu tradicionalmente fiável Honda Integra DC5 traiu-o já ao cair do pano. “Eu andei em segundo durante toda a corrida, mas a doze minutos do fim a bomba de gasolina ou os filtros pregaram-me uma partida”, esclareceu Rui Valente ao HM. “O carro começou a falhar nas (mudanças) altas, pois a gasolina falhava e o velhinho Type R começou a fazer birra” e o piloto do DC5 nº14 não conseguiu fazer mais do que levar o carro em ritmo lento até à bandeira de xadrez. “Resultado, fiquei sem o segundo lugar batido por um outro Honda”, lamentou o piloto de matriz portuguesa de Macau há mais tempo no activo. Apesar do terceiro lugar da geral, Rui Valente subiu ao lugar mais alto do pódio entre os concorrentes da categoria do seu Honda; carro que ainda ostenta no tejadilho o autocolante da sua última corrida no Circuito da Guia, em 2013. O piloto de Macau já pensa na próxima corrida, “que em princípio será em Março, pois em Fevereiro não há nada devido ao período festivo”. A prova foi ganha pelo KTM X-BOW GT4 de Chan Shien Shang, o mesmo carro que terminou no segundo lugar na edição passada da Taça GT – Corrida da Grande Baía. Depois do terceiro posto na categoria 1600cc Turbo, na última edição da Taça de Carros de Turismo de Macau, Rui Valente vê ainda margem de progressão no seu MINI Cooper S e vai aproveitar os meses que antecedem à maior prova do ano – o Grande Prémio de Macau – para preparar condignamente o carro inglês. Neste momento, o Cooper S está a recuperar das mazelas sofridas no passado mês de Novembro na RAEM, até porque as datas para as corridas de apuramento para o Grande Prémio ainda não são conhecidas. Nos últimos dois anos, Rui Valente fez questão de tirar do descanso ex-rivais de outros tempos e este ano espera fazer o mesmo. Ricardo Lopes, Belmiro Aguiar e José Mariano da Rosa – pilotos que escreveram várias páginas do desporto automóvel local nas últimas quatro décadas – tiraram o fato e o capacete do armário e participaram ao lado de Rui Valente em provas de maior duração no circuito dos arredores da chinesa continental de Zhaoqing. Ricardo Lopes e Belmiro Aguiar assistiram à prova de Rui Valente “in loco”, enquanto José Mariano Rosa ficou retido em Macau por motivos pessoais. Este ano, segundo Rui Valente, “o plano passa por fazermos mais provas, de seis e quatro horas de duração, que não contam para o GIC Challenge”. Obviamente, o incansável Honda Integra DC5 será o “cavalo de batalha”.
Sérgio Fonseca DesportoDakar | Leiriense mantém viva a tradição sino-portuguesa no automobilismo Terminou na sexta-feira passada, em Jeddah, o rali Dakar 2021, a prova rainha de Todo-o-Terreno que já não percorre o trajecto de Paris à capital senegalesa, mas este ano disputou-se ao longo de 8000 quilómetros, divididos por 12 etapas, inteiramente na Arábia Saudita. A dupla portuguesa Ricardo Porém/Jorge Monteiro, a única nos automóveis, chegou com sucesso ao fim da prova, com a particularidade de o ter feito ao volante de um carro de uma marca chinesa, seguindo uma tradição Ao volante de um Borgward BX7 DKR Evo, um carro que foi construído na Holanda há dois anos, tendo como base o Mitsubishi Racing Lancer, a dupla portuguesa terminou a prova na 20.ª posição da geral. “Estamos naturalmente satisfeitos com o resultado alcançado. A Wevers Sport e a Borgward Rally Team prepararam-nos uma viatura que conseguiu superar uma prova como o Dakar sem um único problema mecânico nos mais de 8,000 quilómetros de corrida, sendo que todos os problemas que o Borgward sentiu, fruto da dureza das etapas, foram prontamente resolvidos por esta equipa fantástica que me acompanhou na prova”, disse o piloto de Leiria. Com mais de quarenta e quatro horas de competição, a edição 2021 do rali Dakar foi vencida nos automóveis pelo francês Stéphane Peterhansel (MINI), enquanto que o argentino Kevin Benavides (Honda) tornou-se o primeiro sul-americano a vencer nas motas. A representação chinesa esteve particularmente bem nos automóveis, com os três BAIC oficiais a terminarem a prova classificados na 13ª, 14ª e 15ª posições da geral, com a dupla Binglong Lu/Wenke Ma a serem os melhores iniciados na prova. O buggy SMG pilotado por Wei Han, a maior estrela do todo-o-terreno chinês e que conta com o apoio do maior construtor automóvel privado chinês, a Geely, terminou no 18º lugar. O rali Dakar é das poucas provas internacionais em que os construtores de automóveis chineses se aventuram com regularidade. O Borgward BX7 DKR foi construído como ferramenta promocional a pensar na prova, isto quando a marca alemã falida em 1961 foi ressuscitada pela Foton Motor, uma subsidiária do BAIC Group. O objectivo era vender 800,000 viaturas por ano, mas este nunca foi concretizado. Após mais de 4 mil milhões de yuans de prejuízo e de ter feito um investimento inicial da mesma ordem, a Foton decidiu vender dois terços da sua participação à Ucar, uma empresa chinesa de partilha e aluguer de curta duração de automóveis. O construtor fundado em 1929 concentra agora a maior parte das suas vendas na China, onde terá vendido 5,000 unidades na primeira metade de 2020. Na Europa apenas tem uma concessionária no Luxemburgo. O escritório central na Alemanha fechou portas e o projecto do SUV eléctrico terá sido cancelado. O facto do fundador da Ucar, Charles Zhengyao Lu, estar a ser investigado pelos negócios da Luckin Coffee, não abona a favor do futuro da marca. O resultado de Ricardo Porém com certeza não irá mudar o futuro da Borgward, mas pelo menos deixou um registo positivo de uma marca chinesa entre os adeptos e entusiastas europeus. Outros feitos Apesar da curta história da indústria automóvel chinesa no automobilismo, a verdade é que a combinação “carro chinês-piloto português” tem dado bons resultados. Com mais de uma década e meia de participações no Dakar, a primeira, e única até aqui, etapa vencida por um carro chinês aconteceu em 2014 pelas mãos de um piloto português. Carlos Sousa venceu a primeira etapa da 33ª edição do rali Dakar, quando este ainda se disputava na América do Sul, ao volante de um Haval da Great Wall Motors, um feito nunca mais igualado. Os pilotos portugueses de Macau também têm dado um contributo precioso para o sucesso das marcas chinesas no desporto. Rodolfo Ávila foi vice-campeão do Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC) pela SAIC Volkswagen e foi vice-campeão do Campeonato TCR China com o único carro da categoria construído na China Interior, o MG6 XPower TCR. André Couto venceu a sua única prova do CTCC também com um SAIC Volkswagen, enquanto que Helder Assunção conquistou a Taça da Corrida Chinesa do 64ª edição do Grande Prémio de Macau, um troféu monomarca para os Senova D50 “Made in China”.
Sérgio Fonseca DesportoAdiamento do GP China abre portas ao GP Portugal O mais que provável adiamento do Grande Prémio da China de Fórmula 1 deverá permitir o regresso da principal categoria do automobilismo pelo segundo ano consecutivo a Portugal em 2021 A incerteza quanto ao início da temporada deste ano do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 continua. Com a corrida da Austrália, em Melbourne, que deveria ser a prova de abertura de temporada, praticamente adiada devido às condicionantes criadas pela pandemia da COVID-19, as dúvidas quanto à realização da prova chinesa na data inicialmente prevista, 11 de Abril, foram crescendo ao longo das últimas semanas, parecendo uma inevitabilidade o seu adiamento. Yibin Yang, o responsável pela Juss Event, a empresa que tem os direitos de promoção da Fórmula 1 na República Popular da China, confirmou no sábado à imprensa local que “temos estamos em contacto [com a F1] via videoconferência quase todas as semanas. Apesar do calendário se manter intacto, penso que é altamente incerto que a [nossa] corrida de F1 tenha lugar na primeira metade do ano, em Abril”. Para o responsável chinês, o objectivo da organização que lidera é “trocar a data original para a segunda metade do ano e apresentamos formalmente o pedido e esperamos transferir [o evento] para a segunda metade do ano.” Caso a Formula One Management (FOM) concorde em adiar as provas da Austrália e da China, depois do Grande Prémio do Bahrein, marcado para o último fim-de-semana de Março, apenas o Grande Prémio de Espanha está confirmado, a 9 de Maio, uma vez que o fim-de-semana de 25 de Abril – quando se deveria realizar a prova do Vietname – está também em aberto, dado o desinteresse em que caiu o evento prometido a Hanoi. Isto obriga a que a FOM encontre soluções para garantir um arranque de época sustentado, sendo o Autódromo Internacional do Algarve, em Portugal, e o circuito italiano de Imola as opções em cima da mesa para que se cubra o hiato entre o Bahrein e Espanha. De acordo com o calendário que anda a circular, a temporada terá o seu início em Sakhir, a 28 de Março, seguindo-se o Grande Prémio de Portugal a 11 de Abril, na data da prova da China, e o Grande Prémio de Emilia Romagna, a 25 de Abril, para quando estava prevista a ronda do Vietname. Tanto a Austrália como a China esperam poder realizar os seus eventos na segunda metade do ano, o que poderá criar ainda mais alterações no calendário, dado que, com vinte e três provas previstas para este ano, são poucos os fins-de-semana livres para um novo reagendamento. Reagendamento complicado Embora tenha um número de casos diários francamente melhor que a média mundial, a República Popular da China continua bastante fechada ao resto do mundo. Uma série de eventos desportivos marcados para os primeiros meses do ano foram cancelados ou adiados, como os campeonatos de recinto coberto da Associação Asiática de Atletismo em Hangzhou, previstos para o mês de Fevereiro, o Campeonato do Mundo de Atletismo Indoor, agendado para Nanjing, que tinha sido programado para Março de 2021, foi adiado para Março de 2023, ou a prova do Campeonato FIA de Fórmula E que seria disputada a meio de Março nas ruas de Sanya. Apesar da vontade do organizador em realizar o evento do Circuito Internacional de Xangai na segunda metade do ano, a última palavra será das entidades oficiais da cidade. “Tudo depende do plano do governo da cidade. Se colocamos todos os eventos internacionais na segunda metade do ano, a cidade ficará sobrelotada. Para a realização de eventos em sucessão, são necessários recursos públicos em massa, como polícia e secretarias de saúde. Se tivermos que acolher todos os maiores eventos na segunda metade do ano, iremos enfrentar falta de recursos públicos, assim como conflitos em termos de marketing entre eventos”, explicou Yibin Yang. O ano transacto foi bastante negativo para os desportos motorizados no país da Grande Muralha, tendo todas as competições internacionais sido canceladas, incluindo a prova do mundial de Fórmula 1. O 67º Grande Prémio de Macau foi o único evento de automobilismo internacional a ser realizado em território chinês em 2020 e o imponente Circuito Internacional de Xangai realizou apenas uma corrida em todo o ano, neste caso a “ Porsche Sports Cup China” para clientes da marca de automóveis de luxo germânica.
Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo | Mak Ka Lok explica a aposta na Taça da Grande Baía Mak Ka Lok é um dos pilotos há mais tempo no activo no automobilismo de Macau, fazendo parte de uma geração praticamente extinta de pilotos que começaram nas “corridas ilegais” e transitaram para o automobilismo via Grande Prémio no final da década de 1980s. Anos passaram desde a estreia nas pistas em 1988, mas a vontade de acelerar continua intacta, com a particularidade do experiente piloto de matriz chinesa ter sido um dos pioneiros da Taça GT – Corrida da Grande Baía, conceito que elogia A competição para carros de GT menos desenvolvidos, que teve o seu berço em Macau e reúne carros da categoria GT4 e Lotus do antigo troféu monomarca, foi criada a pensar nos pilotos da região da Grande Baía, mas também permite a participação de pilotos de outras paragens da China Interior, assim como de Taiwan. Com carros a custarem entre um e dois milhões de patacas, mas já a saírem de fábrica prontos a competir, sem por isso necessitarem de mais transformações, a Corrida GT – Taça da Grande Baía tem cativado vários pilotos locais. Mak Ka Lok vê na estabilidade dos regulamentos e na desnecessidade de investimentos de vulto na evolução das viaturas como principais trunfos para apostar nesta categoria. “Desde o início da minha carreira no automobilismo, que a maior parte dos meus carros de corrida eram modificados por mim, com a excepção dos carros com que competi nas provas do WTCC. Percebi que, se continuasse por esse caminho, isso não me iria trazer melhores resultados, porque as modificações requerem orçamentos altos e eu não tinha os apoios suficientes”, explicou Mak Ka Lok ao HM a sua escolha. “Quando descobri no primeiro ano da Taça da Grande Baía que esta seria organizada com os Lotus Exige e com uma regulamentação monomarca, em que todos os carros seriam iguais, eu sabia que essa era a minha oportunidade, pois não tinha que me preocupar com despesas inesperadas. Portanto, decidi agarrar a oportunidade e finalmente consegui uma pole-position e finalizar em terceiro lugar.” O Lotus Exige tem sido a aposta de Mak Ka Lok, um carro que cumpre a regulamentação GT4, mas pode alinhar nas provas locais da Taça Grande Baía. O veterano piloto da RAEM reconhece que o carro da marca britânica “está muito longe da comparação de desempenho com os carros GT4 oficiais”, mas elogia a sua “base de regulamento de troféu monomarca”, muito mais em conta para os pilotos com orçamentos mais limitados. “Também tenho que admitir que adoro carros com tracção traseira. É o meu estilo de condução favorito”, afirma o piloto que completou três décadas a conduzir carros de Turismo antes de transitar para os pequenos GT. GP tem que continuar Enquanto o Governo da RAEM se prepara para decidir o futuro da 68ª edição do Grande Prémio de Macau, o influente piloto da comunidade chinesa considera que o evento é uma mais valia para o território e que, independentemente da evolução da pandemia fora de portas, este deve cumprir a tradição de nunca ter sido interrompido nos mais de sessenta anos de história. “Penso que, independentemente do estado do vírus, o Grande Prémio de Macau deve avançar. Isto porque o evento é um cartão de visita de Macau. Precisamos de relançar a economia do turismo de Macau assim que a COVID-19 esteja terminada”, diz Mak Ka Lok. “O evento está agendado para o fim de 2021. Ainda temos muito tempo para ver como a pandemia se irá desenrolar. De certeza que somos capazes de fazer um Grande Prémio melhor do que em 2020”. Parar ainda não Tal como a temporada de 2020, aquela que agora vai iniciar-se não será fácil para os pilotos, devido às limitações da circulação de pessoas e à expectável diminuição de verbas provenientes de patrocinadores. “Eu continuo positivo quanto a 2021. Os piores tempos já passaram”, admite com um óbvio optimismo Mak Ka Lok. “A vacina estará disponível em breve, mas não sei se o Grande Prémio voltará ao normal ou se será semelhante a 2020. Eu planeio participar em alguns eventos na China para preparar melhor Macau”, realça o sétimo classificado da Taça GT – Corrida da Grande Baía, ele que teve problemas eléctricos na sua viatura no evento do passado mês de Novembro. Na sua já longa carreira destacam-se as quatro participações na Corrida da Guia, todas elas pontuáveis para o Campeonato do Mundo de Carros de Turismo da FIA (WTCC), a última vez em 2017, quando conduziu o seu carro favorito: “o Lada Vesta TC1, que me trouxe a volta mais rápida que alguma fiz ao Circuito da Guia (2 minutos 34 segundos)”. E ao fim de estes anos todos, parar ainda não está na agenda. “Eu tenho pensado sobre isso. Decidirei quando não for mais competitivo em pista, então aí irei parar”. Enquanto essa chamada do destino não chega, venha a próxima corrida.
Sérgio Fonseca Desporto“E-racing” | Corridas virtuais ganham o seu evento na RAEM Num ano atípico, a temporada de automobilismo em Macau não terminou com o habitual Grande Prémio Internacional de Karting, que este ano não se realizou, mas sim com o primeiro grande torneio de “sim racing” organizado na RAEM Para aqueles que não estão familiarizados com o fenómeno, o “sim racing” (ou “e-racing”) é a modalidade dos e-sports, ou desportos electrónicos, que engloba as corridas de carros que têm por base simuladores de automóveis, que conseguem reproduzir praticamente tudo o que acontece num verdadeiro carro de competição. Um simulador é diferente das corridas de videojogos e consolas, pois estas não conseguem reproduzir estes efeitos. Estes simuladores, a um nível menos complexo, são usados há muito tempo pelas equipas de Fórmula 1. O GBA Sim Racing Grand Prix (SRGP) ficará para a história como o primeiro grande evento de “sim racing” organizado em Macau. Com 500 mil yuans de prémios monetários, o dobro que ofereceu o Grande Prémio de Macau este ano, este torneio, que usou a plataforma Assetto Corse, foi lançado em meados de Outubro em Jiangmen, Guangzhou, Zhuhai, Hong Kong e Macau, tendo só a eliminatória de Zhuhai reunido mais de quinze mil participantes “online” e “offline”. No anfiteatro do “The House of Dancing Water”, no City of Dreams, realizaram-se as pré-finais e a grande final. Durante quarenta minutos, ou dezoito voltas ao Circuito da Guia virtual, os dezoito finalistas, todos ao volante do mesmo carro (Audi R8 GT3), discutiram o triunfo. Yin Zheng de Pequim veio à Grande Baía levar a melhor sobre Zheng Zhaojie de Shenzhen e Huang Kuisheng de Guangzhou. A selecção dos pilotos de Macau para a final foi feita no local, com uma corrida de qualificação para os vinte mais rápidos nas voltas de selecção e que apurou os três representantes do território. E do trio da RAEM, o melhor na decisiva corrida foi Filipe Veloso Chan que acabou na quarta posição, deixando uma boa imagem dos praticantes do território. “Temos jogadores com muito potencial em Macau e espero que haja mais participantes em torneios de e-racing no futuro”, disse Filipe Veloso Chan no final do evento. Com o apoio de várias entidades de peso de Guangdong, a competição foi transmitida em directo em plataformas online da CCTV e da iQiyi Sports, aguçando assim o apetite de muitos que perderam esta oportunidade e que não quererão perder uma próxima. Até porque a promessa do sucesso deste ano é para repetir para em 2021. Razões para repetir Este evento não contou com a colaboração da Associação SimRacing Macau-China, que apesar de tudo se manteve atenta ao que foi realizado. Para o piloto das corridas de carros de Turismo locais, Sabino Osário Lei, que começou o seu trajecto desportivo nas corridas virtuais, este evento foi um sucesso e o interesse que gerou em seu redor é merecedor de uma repetição. “Macau é uma cidade especial, onde se incluí o Circuito da Guia e sua história, portanto como é que não poderia existir um evento de ‘sim racing’ aqui?”, interrogava-se o também participante do primeiro SRGP do território. “É algo novo para Macau. Honestamente, não sabia que o evento ia ser tão grande, só me apercebi da sua dimensão quando cheguei ao City of Dreams. Fui ver a corrida final e os lugares sentados estavam todos ocupados, até eu tive que ficar de pé para ver a corrida”, afirmou ao HM. Lawrence Ho, o CEO da Melco, em comunicado, reconheceu o porquê desta aposta: “O turismo desportivo é um segmento chave do turismo actual, com mais e mais pessoas a viajarem pelo mundo para participar. Os e-sports são um desporto emergente com um grande potencial”. Mais próximo do real As provas de simuladores viram a sua exposição mediática crescer abruptamente com a pandemia de COVID-19. Com os circuitos fechados e campeonatos parados, os pilotos profissionais, como as estrelas de Fórmula 1 Max Verstappen ou Charles Leclerc, viraram-se para o “sim racing”, trazendo toda atenção mediática e dos fãs consigo. Contudo, esta já era uma actividade em crescimento por todo o mundo, com uma cada vez maior proximidade ao mundo real, proximidade essa que começa também a acontecer na Ásia. A SRO Motorsports Group, co-organizadores da Taça do Mundo de GT da FIA no Grande Prémio de Macau e do GT World Challenge Asia, organizou o seu primeiro campeonato virtual, um exemplo seguido pela FRD Sports de Hong Kong que fez o mesmo com o Campeonato Asiático de Fórmula Renault e o troféu Renault Clio. A proximidade entre o virtual e o real nunca esteve tão perto e até as equipas com base em Zhuhai seguem a tendência. A Champ Motorsport organizou o primeiro torneio do género na cidade vizinha, a Absolute Racing vai participar na competição virtual World eX e a Asia Racing Team fez este ano uma parceria com a equipa virtual Team Squadios. “O nosso foco claro é continuar a interagir com uma nova geração de jovens fãs do automobilismo”, explica Rodolfo Ávila, o Chefe de Equipa da Asia Racing Team. “A acessibilidade que o ‘sim racing’ oferece uma nova entrada no mundo das corridas para apaixonados das corridas e novos fãs. Espero que esta parceria (com o Team Squadios) nos ajude a ligar o ambiente virtual com o desporto na vida real na China e na região da Ásia-Pacifico”.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteGP Macau | FIA e organizadores na expectativa quanto a nova edição À margem das comemorações do 21º aniversário da RAEM, a secretária Elsie Ao Ieong esclareceu que Macau mantém a intenção de realizar o Grande Prémio no próximo ano, apesar de nenhuma decisão ter sido tomada a esse respeito. Enquanto o Instituto do Desporto está a terminar o relatório sobre o Grande Prémio da edição deste ano, para que as autoridades competentes tomem a decisão se o evento, que nunca foi interrompido em 67 anos de história, se realizará ou não em 2021, as organizações internacionais vão planeando o ano que aí vem, aguardando uma definição de Macau Apesar do contexto de pandemia, as normas de segurança e sanitárias impostas pela FIA e seus associados durante os eventos permitiram a realização da maior parte das competições em 2020. Porém, ninguém espera um 2021, mais fácil, a começar por Jean Todt, o Presidente da FIA. “A temporada acabou e não começamos a nova a partir de uma folha branca. Ainda existem confinamentos e o vírus continua cá. A próxima metade de 2021, na minha opinião, não será normal. Fizemos progressos, estamos à espera da vacina, e isso será bom para todos no planeta. Penso que nos próximos dias podemos ver muitas mudanças nos potenciais calendários”, disse o dirigente francês. A data do 68.º Grande Prémio já está reservada no calendário internacional, no fim de semana de 20 e 21 de Novembro, mantendo a tradição com mais de sessenta anos de se colocar de pé o evento no terceiro fim de semana do penúltimo mês do ano. Do último Conselho Mundial da FIA do ano de 2020 não saiu qualquer decisão de vulto respeitante a Macau. No comunicado emitido pela federação internacional, o território aparece apenas mencionado uma vez, no calendário provisório da Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR), como prova de encerramento da temporada. O formato da prova de Macau também foi dado a conhecer, com dois treinos livres, uma sessão de qualificação dividida em três secções e duas corridas (n.d.r: em vez de três corridas como nas duas edições anteriores). Jean Todt deixou claro, no mês passado, que queria ver novamente as três Taças do Mundo a serem decididas nas ruas de Macau no próximo ano. Como dizia recentemente Trevor Carlin, proprietário da equipa de F3 com o mesmo nome, para as equipas da disciplina de monolugares foi um Novembro “muito estranho, sem ter que apanhar o ‘jetfoil’ de Hong Kong para Macau”. O calendário do Campeonato de Fórmula 3 da FIA de 2021 encaixa na realização da habitual corrida de fim de época entre nós, embora a última prova do campeonato esteja agendada para o fim de semana de 23 e 24 de Outubro em Austin. Perante este cenário, os carros terão que viajar de avião directamente dos Estados Unidos da América para Macau, o que irá impedir, muito provavelmente, que as equipas realizem testes de preparação para a prova. A Taça do Mundo de GT da FIA, cujas cinco edições tiveram palco em Macau, também não foi anunciada, mas esta é uma competição que a federação internacional apenas costuma revelar informação mais tarde no ano. Apesar de existirem vontades para deslocalizar a prova para um circuito convencional, preferencialmente na Europa, no calendário de provas da SRO Motorsport Group enviado às equipas, onde se destaca o campeonato GT World Challenge Asia, há uma menção a Macau “por confirmar”. Questionado pelo HM sobre um eventual regresso, Benjamin Franassovici, o coordenador para a Ásia da influente empresa de Stéphane Ratel, o “pai das corridas de GT” nos últimos vinte e cinco anos, disse que “tivemos bons tempos com equipas e pilotos de topos. Portanto, nunca dizemos nunca a um regresso a Macau com a Taça do Mundo…” Por outro lado, o Campeonato da China de GT, competição que mais concorrentes providenciou à Taça GT Macau este ano, incluindo o vencedor Leo Ye Hongli, já tem um calendário provisório para a temporada vindoura. O HM teve acesso a este documento, que ainda não é público, e onde Macau aparece como a sexta e última corrida da época. É de recordar que a organização chinesa revelou o ano passado um acordo de dois anos para competir no Circuito da Guia. Neste calendário, a prova que antecede Macau será a homóloga a realizar no circuito citadino de Wuhan, evento que este ano não avançou devido à pandemia. Motas em maus lençóis Após um ano para esquecer, em que nenhuma das suas corridas principais teve lugar, o calvário do motociclismo de estrada poderá prolongar-se em 2021. Com a crise sanitária por resolver no “velho continente”, o Governo da Ilha de Man achou por bem cancelar a Ilha de Man TT, prova que estava marcada de 29 de Maio a 12 de Junho. A Southern 100, a Classic TT e o Grande Prémio de Manx, três outros eventos que se realizam anualmente durante o Verão nesta dependência da coroa britânica, não estão ainda garantidos que se realizem. Na Irlanda, a North West 200, inicialmente marcada para meados de Maio, e que é o maior evento ao ar livre do país, deverá ser adiada para os meses de Verão, enquanto o futuro do Grande Prémio de Ulster continua em risco. Michael Rutter e John McGuinness, dois veteranos de Macau, já expressaram publicamente a sua consternação com a situação actual. O Grande Prémio de Motos de Macau arrisca-se a regressar à posição ingrata que ocupou este ano, onde foi a única prova grande de estrada a poder ser realizada. Infelizmente, a 54ª edição da mais importante prova de motociclismo da actualidade em território chinês não teve lugar este ano, pois não foi possível reunir um número mínimo aceitável de participantes, após vários intervenientes se terem recusado a aceitar os catorze dias de quarentena impostos pelas autoridades de saúde, uma medida que visava proteger a população. A única boa notícia é que a Ilha de Wight, a sul de Portsmouth, quer organizar um evento em Outubro, mas por outro lado, poderá ter impacto na logística e transporte do material para Macau.
Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo | Luciano Lameiras tem-se afirmado nas corridas locais na última década Apesar de discreto, tanto dentro, como fora da pista, Luciano Castilho Lameiras tem sido um dos principais intervenientes nas corridas de carros de Turismo de Macau, tendo obtido resultados bastante interessantes nos últimos nove anos. Depois de ter subido ao pódio no 66.º Grande Prémio de Macau, o piloto de 32 anos tem como grande objectivo um dia lá regressar Ao volante de um Mitsubishi Evo9, Luciano não conseguiu repetir o feito de 2019, onde inscrito na classe “1950cc e Acima” da Taça de Carros de Turismo de Macau, a exemplo deste ano, terminou na terceira posição da categoria. “Tive algumas contrariedades este ano. Na primeira sessão de treinos obtive a primeira posição, mas depois disso o carro teve alguns problemas”, revelou o piloto ao HM. “Este ano houve duas corridas, com a melhor volta das duas sessões de treinos livres e da qualificação a determinar a posição de partida. Portanto, no sábado ainda arranquei do terceiro lugar e mantive a posição durante três voltas. Depois disso, o motor começou a ter o problema de sobreaquecer e a única forma era abrandar o ritmo. O resultado de sábado não foi bom e tive de arrancar de trás para a corrida de domingo”. Contudo, no domingo, a sorte voltou a não estar do seu lado, terminando na décima sétima posição, a duas voltas do carro vencedor, “pois tive um pequeno acidente e tive de vir às boxes para reparar o carro. Foi um ano infeliz, mas espero ter melhores resultados no próximo ano”. Mas o piloto da SpeedHeart Racing Team consegue tirar positivos do fim-de-semana desportivo mais importante da temporada: “O meu companheiro de equipa obteve um bom resultado e fiquei feliz por isso”, referindo-se ao triunfo à geral de Wong Wan Long. Limites da realidade Com o ano 2021 à porta, Luciano não tem planos para realizar muito mais provas do que aquelas que sejam necessárias para se qualificar para o maior evento desportivo de carácter anual da RAEM. E “dar uma perninha” no estrangeiro? “Talvez não, desta vez, mas em 2021, as provas de qualificação do Grande Prémio de Macau serão num novo circuito na China, o Circuito Internacional de Zhuzhou”, o que, a concretizar-se, será uma novidade em relação ao tradicional binómio Circuito Internacional Zhuhai-Circuito Internacional de Guangdong. O objectivo para a próxima temporada, e para um futuro próximo, é “voltar a terminar numa posição do top-3 outra vez em Macau”. Ciente das suas limitações, Luciano não sonha com participações futuras nas corridas de GT ou na Corrida da Guia. “Não há muito dinheiro disponível para trocar de carro. Nas corridas actuais, o nosso carro ainda está relativamente aperfeiçoado e tem uma vantagem larga”, esperando poder utilizar nas provas locais a sua actual viatura ainda “nos próximos três anos”. Bilhete de entrada A oportunidade de entrar no pequeno mundo das corridas de automóveis de Macau surgiu quando um amigo mais velho tinha um carro atractivo para venda, estávamos nós em 2012. “Ele tinha um Nissan Z33 Fairlady de corridas que nesse ano ninguém usou. Ele não queria desperdiçá-lo e por um preço muito baixo tentou apoiar-me. E assim comecei. Se não tivesse aparecido aquela oportunidade, talvez nunca tivesse a chance de correr no circuito de Macau”. Tal como a grande parte dos iniciados nestas andanças, Luciano sofreu das mesmas e conhecidas dificuldades crónicas de quem opta por um desporto pouco acessível, enumerando por esta ordem os obstáculos que encontrou: “primeiro, dinheiro, segundo, a falta de experiência, e por fim, em terceiro, a falta de apoio de alguns membros da família”. Este último obstáculo já foi ultrapassado, reconhecendo o piloto que “habitualmente as pessoas pensam que as corridas de automóveis são muito perigosas”. Para além do automobilismo, Luciano também tem outra grande paixão. Como grande aficcionado da pesca desportiva, é um dos organizadores da Taça de Macau da pesca do robalo.
Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo | Delfim Mendonça Choi quer tentar a WTCR [dropcap]N[/dropcap]uma altura em que escasseiam novos valores do automobilismo de Macau nos palcos internacionais, Delfim Mendonça Choi tem intenções de fazer a sua estreia na Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR) em 2021 e quiçá em mais provas internacionais da categoria TCR. Tendo-se estreado em 2017 nas corridas de carros de Turismo, Delfim nunca escondeu que a maior ambição na sua carreira desportiva passa por um dia “vencer uma corrida no Grande Prémio de Macau”, no entanto, agora a prioridade é outra. “Em princípio, para o ano vou correr na corrida da WTCR em Macau”, explicou o piloto macaense ao HM. “Este ano, eu queria correr na Corrida da Guia com um Audi RS 3 LMS TCR, igual ao do Filipe Souza, mas o meu chefe de equipa disse que como é um carro com volante à esquerda, e requer mais prática, pediu-me para o conduzir apenas no próximo ano”. Tal como todos os pilotos do território, devido às limitações nas viagens para o estrangeiro e dos constrangimentos financeiros, Delfim reconhece que planear a próxima temporada desportiva não é uma tarefa simples, no entanto, há uma coisa que o piloto da RAEM tem em mente para 2021: “Antes de Macau talvez vá à China correr na WTCR para me familiarizar com o carro da categoria TCR”. Outra possibilidade será fazer corridas do “TCR China ou do TCR Ásia, mas ainda não está definido”. Uma coisa é certa, Delfim vai trocar o volante do seu habitual Mitsubishi Evo9 por um Audi RS 3 LMS TCR, também preparado pela SLM Racing Team, equipa que este ano colocou em pista o carro de Ng Kin Veng na Corrida da Guia. A escolha do Audi deve-se à “melhor condução” do carro germânico que no Grande Prémio foi em pista o único a conseguir rivalizar directamente com os Lynk&Co e MG oficiais. Edição 2020 não muito feliz Candidato a um dos três lugares do pódio na Taça de Carros de Turismo de Macau, na categoria “1950cc ou Superior”, a 67ª edição do Grande Prémio de Macau não correu de feição ao ex-campeão do AAMC Challenge. “Correu muito mal, foram três dias em que o meu carro teve problemas”, relembra o piloto do Mitsubishi Evo9 preparado pela SLM Racing Team. “Este ano, estava muito concentrado na obtenção de um bom resultado, mas o carro não me ajudou nessa tarefa”. Depois de ter sido o décimo primeiro mais rápido no cômputo dos treinos livres e qualificação, Delfim apenas cumpriu três voltas na Corrida de Qualificação e desistiu na corrida de domingo ao fim de nove. “O motor estava sempre em altas temperaturas. Não conseguimos resolver o problema e no sábado meti um outro motor, mas voltamos a ter o mesmo problema, o que foi muito mau”. Para o ano, se a pandemia em curso assim o permitir, Delfim vai medir forças com os melhores pilotos de carros de Turismo da actualidade. Obviamente, o desafio que tem pela frente é enorme, mas provavelmente é isso de que Macau precisa, de jovens pilotos que arrisquem a sair da sua zona de conforto.
Sérgio Fonseca DesportoGP Macau | Charles Leong não sabe se vitória o levará mais longe [dropcap]H[/dropcap]á uma semana Charles Leong Hon Chio arrancava para o fim-de-semana que o tornaria o segundo piloto de Macau a vencer a prova principal do Grande Prémio de Macau. Após ter conquistado um dos troféus mais cobiçados do automobilismo internacional, o jovem piloto da RAEM está bastante cauteloso no que respeita às expectativas do seu futuro no automobilismo. Depois de duas participações no Grande Prémio de Macau de Fórmula 3, Leong fez prevalecer o seu estatuto de favorito, dominando os acontecimentos praticamente durante todo o pretérito fim-de-semana, com a excepção do primeiro treino-livre, onde um problema na suspensão do seu Mygale M-14 Geely o impediu de ser o mais rápido. O ex-campeão da China de Fórmula 4 e da Ásia de Fórmula Renault não cedeu à pressão, vencendo a corrida do final da tarde de domingo por meio segundo de avanço sobre o conterrâneo, e igualmente experiente nestas andanças, Andy Chan. Questionado pelo HM sobre qual a sensação após o feito alcançado na sua corrida caseira, Leong confessou que “foi fantástico, não sei como descrever, porque o sentimento é como um sonho… mas aconteceu. Foi muito bom!”. Para o piloto de 19 anos este sucesso tem um sabor ainda mais especial, pois a quatro meses do Grande Prémio não tinha nada sólido para regressar à prova. Devido à pandemia, Leong esteve onze meses afastado das pistas e caso a Fórmula 3 tivesse corrido no território, as probabilidades de voltar a conduzir no Circuito da Guia este ano eram muito reduzidas devido à impossibilidade de testar antes. Num passado não muito distante, uma vitória no Grande Prémio de Macau era meio bilhete para a entrada no mundial de Fórmula 1. Nas duas últimas décadas, quase todos os vencedores da prova rainha do cartaz desportivo da RAEM passaram ao lado de uma carreira no “Grande Circo”, tendo apenas o japonês Takuma Sato, vencedor em 2001, e o brasileiro Lucas di Grassi, vencedor em 2005, sido os únicos a ganhar um Grande Prémio de Macau e a competir na Fórmula 1 a tempo inteiro. Embora a vitória na tradicional prova de monolugares continue a abrir portas no automobilismo, Leong não sabe qual o impacto que terá a sua vitória no primeiro Grande Prémio de Macau de Fórmula 4. “Para ser honesto, não tenho a certeza, porque devido à COVID-19 tudo é imprevisível”, reconhece conscientemente Leong. “Provavelmente irá ajudar um pouco, mas de um modo geral, não estou seguro quanto ajudará mais tarde”. Mais dúvidas que certezas Nos últimos anos, Leong tem sido a aposta da RAEM nos desportos motorizados, mas sem grandes hipóteses de progresso, a sua carreira desportiva estava prestes a ficar estagnada. Num território onde a probabilidade de encontrar no sector privado um forte apoio para continuar a competir ao mais alto nível no estrangeiro é reduzida, o amparo das entidades governamentais relevantes acaba por ser vital. Todavia, Leong tem dúvidas que Macau o posso ajudar muito mais. “Não tenho a certeza se este feito vai ajudar ou não. Vamos a ver se vão querer continuar a apoiar-me, pois este apoio requer também o apoio de outras pessoas, da população em geral”, admite Leong. “Lembro-me que quando recebi o apoio do governo, que não era suficiente, houve pessoas de outros desportos que se queixaram dos apoios dados ao automobilismo. Não é também fácil para eles apoiarem-me. E agora já não têm mais o programa para jovens atletas para mim, porque é apenas para praticantes sub-18, o que acho que não é ideal, portanto, não faço ideia do que irá acontecer”. Num mundo idílico, Leong, que continua empenhado na sua vida académica, continuaria a subir degraus na pirâmide do automobilismo, objectivo que o próprio não esconde. “Espero continuar a minha jornada em monolugares, porque fórmulas são aquilo que eu sempre quis conduzir, portanto se tivesse que escolher uma disciplina, seria a Fórmula 3”, afirma o piloto que começou a competir nos monolugares em 2016. Devido à crise sanitária mundial em curso, não se espera um 2021 mais fácil para o automobilismo que o ano que agora caminha para o fim. Portanto, mais do que qualquer outro seu antecessor, para Leung capitalizar deste triunfo vai precisar que todos os astros se alinhem e daquela estrelinha da sorte que acompanham sempre os campeões.
Sérgio Fonseca Desporto Grande Prémio de MacauGP Macau | Antevisão de um fim-de-semana invulgar [dropcap]O[/dropcap] programa do 67º Grande Prémio de Macau contempla cinco corridas de automóveis, já que o Grande Prémio de Motos foi cancelado devido à falta de quórum, não tendo sido possível encontrar uma prova substituta. Numa edição inédita, devido às perturbações causadas pela pandemia da covid-19, não há Taças do Mundo da FIA para atribuir este ano e também não haverá estrelas internacionais, com a excepção de Rob Huff, que assumirá o mesmo papel que Dieter Quester há precisamente cinquenta anos. O facto de o nível competitivo não ser comparável ao que estávamos habituados a ver nas últimas três ou quatro décadas, poderá não ter impacto no espectáculo, que deverá ser tão ou mais animado dentro de pista do que em anos anteriores, visto que o factor imprevisibilidade é ainda maior. Ainda para mais quando é esperada a visita da chuva no sábado. Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 Dada a inexperiência da maior parte dos dezassetes participantes em circuitos citadinos, o favoritismo da corrida pesa todo nos dois pilotos locais: Andy Chang e Charles Leong. Será quase como um “tira-teima” entre os dois pilotos em quem a RAEM mais investiu na última década. Numa jornada que vale pontos a dobrar para o Campeonato Chinês de F4, para o qual os dois pilotos de Macau não pontuam, Zijian He lidera destacado e deverá sagrar-se campeão. Ainda à geral, há que contar com a inscrição de última hora de Kang Ling, um piloto chinês que fez quatro épocas de monolugares na Europa ao mais algo nível. Corrida da Guia Macau Talvez a corrida que terá maior cobertura além fronteiras este ano tem três motivos de interesse. Primeiro, Rob Huff irá tentar bater o seu recorde de nove vitórias em corridas no Circuito da Guia e para isso terá que triunfar na corrida de domingo. Segundo, há um enorme interesse para ver quem sai vencedor do duelo entre os dois gigantes da indústria automóvel chinesa – Lynk&Co (Geely) e MG (SAIC). E por fim, a decisão do título do campeonato TCR China, onde Ma Qing Hua (Lynk&Co) tem oito pontos de vantagem para Rodolfo Ávila (MG), sendo que ambas as corridas valem pontos. A prova, que teve o máximo de inscritos possível, contará com a presença dos pilotos macaenses Filipe Souza, Eurico de Jesus e o regressado Jo Merszei. Taça GT Macau A corrida para carros das categorias FIA GT3 e GT4 será um duelo entre os “veteranos” de Hong Kong Darryl O’Young e Marchy Lee, que terá como engenheiro Duarte Alves, e a nova geração de pilotos chineses, bem representadas por Leo Ye Hongli e David Chen. Será também um duelo a seguir muito atentamente em Ingolstadt e Affalterbach, as sedes dos departamentos de competição da Audi e Mercedes-AMG respectivamente. Taça de Carros de Turismo de Macau Praticamente um assunto entre pilotos de Macau este ano, a popular corrida para os pilotos locais irá coroar novamente os vencedores de duas categorias determinadas pela cilindradas das viaturas participantes: 1950cc e Acima e 1600cc Turbo. A corrida ,que por tradição costuma ser animada e ter a participação de vários pilotos macaenses e nomes portugueses, este ano não é excepção contando com a participação de Rui Valente, Sabino Osório Lei, Delfim Medonça Choi, Luciano Lameiras, Jerónimo Badaraco e Célio Alves Dias. Taça GT – Corrida da Grande Baía Na teoria, a menos interessante de todas as corridas, junta alguns carros da classe GT4 e carros da defunta Taça Lotus nas suas diferentes iteracções. O vencedor da edição passada, Kevin Tse de Macau, não está inscrito, pois reside em Hong Kong e não teve disponibilidade para cumprir a quarentena obrigatória. Curiosidades – Lo Pak Yu, Lo Ka Chun e Lo Hung Pui são respectivamente filho, pai e avô, naquela que será a primeira vez que três gerações participam numa mesma corrida (Taça GT Macau). – Antes de Rodolfo Ávila, outro português conduziu um MG no Circuito da Guia – Macedo Pinto em 1954. No arranque, estava tão nervoso que ficou com as calças presas na alavanca de velocidades e esqueceu-se de desengatar o travão de mão. O Mercedes-AMG GT4 de e Eric Kwong n.º23 da Taça GT Cup tem um autocolante a dizer “Obrigado pai e mãe”. Os pais do piloto de 38 anos eram contra a sua participação na corrida de Macau e na sua primeira participação inscreveu-se “Eric K” para evitar ser apanhado em flagrante delito. Os únicos dois pilotos estrangeiros que ganharam corridas na China Interior em 2020 foram dois portugueses e de Macau: Rodolfo Ávila, no TCR China, e Rui Valente, no GIC Challenge. Factos: O programa do 67º Grande Prémio de Macau é o mais pequeno de sempre desde 1966 É a primeira vez desde 1967 que não há uma corrida de motas – É a primeira vez desde 1983 que não haverá corrida de F3 – É a primeira vez desde 1986 que não haverá pilotos portugueses residentes em Portugal à partida em nenhuma das corridas – Será a primeira vez que Macau acolherá uma prova de F4 Sexta-feira 6h00: Fecho do Circuito 6h30-7h00: Inspecção do Circuito 7h20-7h50: Carros de Segurança e Intervenção Rápida -Voltas de teste 8h00-8h35: Taça de Carros de Turismo de Macau – Treino livre 1 8h50-9h25: Taça GT – Corrida da Grande Baía – Treinos livres 1 9h40-10h15: Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 – Treinos livres 1 10h30-11h05: Corrida da Guia Macau – Treinos livres 1 11h20-11h55: Taça GT Macau – Treinos livres 1 12h25-13h00: Taça de Carros de Turismo de Macau – Treinos Livres 2 13h15-13h50: Taça GT – Corrida da Grande Baía – Treinos livres 2 14h05-14h40: Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 – Treinos livres 2 14h55-15h30: Corrida da Guia Macau – Treinos livres 2 15h45-16h20: Taça GT Macau – Treinos livres 2 18h00: Abertura do Circuito Sábado 6h00: Fecho do Circuito 6h30-7h00: Inspecção do Circuito 7h30-7h50: Taça de Carros de Turismo de Macau – Cronometrado 8h15-8h35: Taça GT – Corrida da Grande Baía – Cronometrado 9h00-9h20: Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 – Cronometrado 9h45-10:05: Corrida da Guia Macau – Cronometrado 10h30-10h50: Taça GT Macau – Cronometrado 11h35-12h05: Evento Especial 12h30-13h00: Taça de Carros de Turismo de Macau (Prova Classificativa) – 8 voltas 13h25-13h55: Taça GT – Corrida da Grande Baía (Prova Classificativa) – 8 voltas 14h20-14h50: Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 (Prova Classificativa) – 8 voltas 15h15-15h45: Corrida da Guia Macau (Prova Classificativa) – 8 voltas 16h10-16h40: Taça GT Macau (Prova Classificativa) – 8 voltas 18h00: Abertura do Circuito Domingo 6h00: Fecho do Circuito 6h30-7h00: Inspecção do Circuito 7h30-8h30: Carros de Segurança e Intervenção Rápida -Voltas de teste 9h00-9h40: Taça de Carros de Turismo de Macau – 12 voltas 10h05-10h45: Taça GT – Corrida da Grande Baía – 12 voltas 11h40-12h20: Corrida da Guia Macau – 12 voltas 12h45-13h25: Taça GT Macau – 12 voltas 13h40-14h30: Evento Especial 15h10-15h20: Dança do Leão 15h30-16h10: Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 – 12 voltas 18h00: Abertura do Circuito
Sérgio Fonseca DesportoMotociclismo | Faye Ho lança a sua equipa no circuito internacional Precisamente no dia em que a organização do Grande Prémio de Macau anunciava que a 54ª edição do Grande Prémio de Macau de Motos não se realizará este ano, uma das mais reputadas estruturas internacionais do motociclismo da última década era adquirida pela empresária de Macau, Faye Ho [dropcap]A[/dropcap]pós ter apoiado vários pilotos no Grande Prémio de Macau de Motos, a neta de Stanley Ho subiu a parada e comprou o equipamento da equipa Smiths Racing, que cessará actividade no final da temporada de 2020. A FHO Racing irá também “herdar” da Smiths Racing, a estrela britânica Peter Hickman, talvez o mais forte piloto de motociclismo de estrada da actualidade. Entre a Ilha de Man TT, Grande Prémio do Ulster, North West 200 e o Grande Prémio de Macau, Hickman e a Smiths amealharam vinte e um triunfos. “Apoiei pela primeira vez equipas de motociclismo no Grande Prémio de Macau em 2009 e no ano seguinte conseguimos a vitória com Stuart Easton e a PBM”, disse Faye Ho, em comunicado. “O que me impressionou imediatamente nas corridas de duas rodas foi o entusiasmo e paixão que as equipas e os pilotos assumem cada vez que estão em pista. Eu sempre gostei de desportos motorizados e em particular de motociclismo, portanto surgiu a oportunidade de assumir a equipa Smiths e pareceu ser a oportunidade ideal para me envolver. Quando ouvi que a equipa Smith ia abandonar, tendo conhecido o Alan e a Rebecca Smith, os donos da equipa, em Macau, senti que era a altura perfeita para ajudar a dar o passo para construir uma nova equipa.” A FHO irá participar em 2021 no Campeonato Britânico de Superbikes (BSB) e nas principais provas de estrada a nível internacional, sendo esperada obviamente a presença no Grande Prémio de Macau, se as condições assim o permitirem. “Estou entusiasmada para avançar, este é provavelmente o maior desafio que alguma vez realizei e, no final de contas, temos o desejo de querer vencer corridas”, explicou a empresária. Um novo dia Para “Hicky”, que obteve três triunfos no Grande Prémio de Macau, este novo passo na carreira é “algo excitante para mim, para a equipa e também penso que para as corridas no geral, já que ganhamos na Faye uma nova apaixonada dona de equipa. Eu conheço a Faye há já alguns anos como uma generosa apoiante das corridas em Macau e o mais importante é que ela quer que ganhemos. Tive quatro anos fantásticos na Smiths Racing, crescemos juntos como um grupo, obtendo sucessos no BSB e nas estradas, portanto penso que podemos construir a partir daí e irmos para um novo patamar. Após um ano tão mau globalmente, é positivo ter uma nova equipa e um novo patrocinador na arena”. Para além de ter assegurado os serviços de alguns dos técnicos da Smiths Racing, incluindo o chefe de equipa Darren Jones, Hickman conseguiu garantir para a sua equipa as BMW M 1000 RR Superbike. A equipa terá a seu cargo uma parte substancial do desenvolvimento desta máquina que é o primeiro modelo M da BMW Motorrad. O espanhol Xavi Fores irá ser o companheiro de equipa de Hickman nas provas do britânico de Superbikes, enquanto que Alex Olsen fará as provas do britânico de SuperStock 1000.
Sérgio Fonseca DesportoGP Macau | André Couto lamenta ausência no circuito da Guia Quando na passada quarta-feira foram reveladas as listas de inscritos para a 67ª edição do Grande Prémio de Macau, evento que este ano terá uma forte componente local, obviamente que saltou à vista a ausência do único piloto da RAEM a ter até hoje conquistado o troféu mais importante da prova, André Couto [dropcap]A[/dropcap]pesar dos esforços para participar num evento que lhe é tão querido, o piloto português vai pelo segundo ano consecutivo faltar à maior manifestação desportiva do território. “É com muita mas muita pena minha que não vou poder participar no Grande Prémio deste ano. Infelizmente, não consegui reunir os apoios para participar na prova de GT e portanto não vou estar presente”, esclareceu ao HM o vencedor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 de 2000. Numa edição que precisava desesperadamente de todos os heróis locais para colmatar a falta das habituais estrelas estrangeiras, e assim justificar o seu alto estatuto internacional, o facto daquele que é um dos “nomes grandes” do automobilismo da região estar novamente ausente não deixa de ser desapontante. O piloto luso de Macau terá tido a oportunidade de correr numa das equipas de topo, com um carro competitivo, na Taça GT Macau, mas por diversos motivos, com o principal a ser de indole financeira, tal não se materializou. “Confesso que é um desgosto grande não estar este ano à partida, porque sei que teria boas hipóteses de dar uma grande alegria à população de Macau que tanto me tem apoiado ao longo de toda a minha carreira”, admite Couto. “Contudo, não existe o apoio necessário, quer institucional, quer por parte de entidades privadas, para levar a cabo a minha participação. Ao contrário do passado, não sinto que haja, dentro das entidades competentes, quem realmente puxe para que haja pilotos de Macau a vencer nas corridas principais do Grande Prémio. Se houvesse interesse em oferecer alguma glória desportiva à RAEM, provavelmente a atitude seria outra.” Caso a participação de Couto se tivesse concretizado, certamente que o piloto da casa seria um sério candidato à conquista Taça GT Macau, troféu que nunca foi ganho por um piloto de Macau desde a implantação da corrida em 2008. Como não haverá Couto à partida, teremos então um duelo entre dois “veteranos” de Hong Kong, como são Darryl O’Young (Mercedes AMG) e Marchy Lee (Audi), contra o “sangue novo” oriundo da China Interior, David Chen (Audi) e Leo Ye Hongli (Mercedes AMG). Final no Japão é possível A temporada de 2020 de Couto foi severamente afectada pela pandemia de COVID-19. O piloto de Macau tem contrato com a equipa JLOC (Japanese Lamborghini Owners Club) para o campeonato japonês Super GT, mas devido às restrições impostas à entrada de estrangeiros no país do sol nascente, só realizou os testes de pré-temporada no circuito de Okayama com o Lamborghini Huracán GT3 Evo. Contudo, Couto está a tentar estar à partida na última prova do campeonato, no fim-de-semana de 28 e 29 de Novembro, em Fuji. De acordo com o piloto, a sua participação em “tudo vai depender dos tramites das burocracias em curso”, existindo a real possibilidade do ex-campeão da classe GT300 voltar ao cockpit do Huracán GT3 Evo para o fim de época. O japonês Yuya Motojima tem ocupado o lugar de Couto ao lado de Takashi Kogure no “touro” com o nº88, e a duas provas do final, o duo nipónico está na 11ª posição da classificação de pilotos.
Sérgio Fonseca DesportoTCR China | Duelo de gigantes será decidido no Circuito da Guia [dropcap]A[/dropcap] Corrida da Guia do Grande Prémio de Macau vai este ano celebrar a sua 49ª edição. Quando o Automóvel Clube de Portugal e a Hong Kong Automobile Association decidiram introduzir esta corrida para carros de Turismo, em 1972, certamente estavam longe de imaginar que passado quase meio século esta seria o palco do maior confronto desportivo entre construtores automóveis chineses num palco internacional até à data. Esta circunstância só foi possível devido à resiliência do piloto de Macau Rodolfo Ávila. Nas quatro corridas da jornada dupla do passado fim-de-semana no Circuito Internacional Jiangsu Wantrack, Ávila venceu a segunda corrida e terminou no pódio nas restantes, numa performance que no início do ano seria pouco plausível dada a falta de evolução dos MG 6 XPower TCR. Ávila ainda passou por um susto na terceira corrida, onde uma carambola, em que foi inocente, quase provocava a sua desistência. Quem desistiu nesse acidente foi o favorito Ma Qing Hua, que lidera as contas do campeonato de pilotos e que venceu o primeiro embate. Numa pista que desconhecia, Ávila recuperou 22 pontos a Ma Qing Hua, quando ainda estão em jogo 36 pontos a atribuir em duas corridas no Circuito da Guia. A vantagem do ex-piloto de testes da Fórmula 1 sobre o vice-campeão do TCR Asia de 2015 poderia ser ainda menor, mas por razões que só a MG XPower Racing saberá explicar, Ávila não teve “luz verde” para ultrapassar o seu companheiro de equipa Sun Chao na última corrida do fim-de-semana passado. “Após estas duas últimas provas estamos mais confiantes, mas Macau será uma história diferente, pois é uma pista onde tudo pode acontecer e trata-se de um circuito em que a MG nunca correu, ao contrário dos nossos maiores adversários, cujo carro venceu as três corridas da WTCR no ano passado”, reconheceu o piloto de nacionalidade portuguesa da MG XPower Racing, em comunicado, ele que tem sido o maior contribuinte para o facto da MG liderar folgadamente sobre a Lynk&Co na classificação de marcas. No fim-de-semana de 21 e 22 de Novembro, a Lynk&Co, com um carro construído pelas mesmas pessoas que fizeram os Volvo do WTCC, e a MG, com um automóvel produzido em Xangai com assessoria europeia, vão medir forças pela primeira vez num palco internacional, com vantagem teórica para a Lynk&Co que já escreveu o seu nome na galeria dos vencedores da Corrida da Guia. Souza fez a primeira parte Presente também no circuito de Jiangsu Wantrack esteve o macaense Filipe Souza. Após a jornada menos feliz em Tianma, em que uma miriade de problems técnicos impediram um resultado melhor, Filipe Souza aproveitou esta jornada nos arredores de Nanjing para preparar o Grande Prémio. O piloto do território apenas disputou as duas corridas de sábado, rumando propositadamente mais cedo a casa. Na primeira corrida do programa, Souza foi nono classificado, mas na segunda contenda de 28 voltas, o piloto da RAEM terminou num animador quinto lugar, tendo sido o melhor dos pilotos privados. Filipe Souza será certamente um dos mais fortes representantes de Macau na Corrida da Guia dentro de três semanas. Huff esperado Apesar de não estar oficialmente confirmado, tudo indica que Rob Huff poderá estar à partida da Corrida da Guia este ano, o que lhe dará automaticamente o estatuto de favorito. O ex-campeão do mundo, e por nove vezes vencedor no Circuito da Guia, tinha planos para realizar esta corrida desde o início do ano, tendo mostrado as suas intenções ao HM no início do ano. A quarentena obrigatória não terá demovido o britânico de 41 anos que este ano se sagrou campeão sueco de carros de Turismo. “Huffy” ainda não revelou os seus planos para a prova, mas muito provavelmente deverá alinhar ou com um Volkswagen Golf TCR ou num dos carros oficiais da MG. Ávila encerra época do CTCC Num fim-de-semana em que disputou oito corridas de dois campeonatos diferentes, Rodolfo Ávila encerrou a temporada 2020 do Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC) no exíguo Circuito Internacional de Jiangsu Wanchi, voltando a subir ao pódio e cumprindo o objectivo de ajudar a equipa oficial da SAIC Volkswagen a renovar um dos títulos do campeonato, neste caso o de pilotos. Depois do acidente, quando seguia em primeiro e um disco de travão literalmente explodiu, na última corrida de Zhuhou, que Ávila ficou relegado a segunda opção dentro da equipa, tendo que abdicar de resultados para dar espaço ao seu chefe de fila, Zhang Zhen Dong, que acabaria por se sagrar campeão. Mesmo assim, Ávila, que foi novamente o piloto mais rápido da equipa este fim-de-semana nos arredores de Nanjing, ficou em quinto no campeonato.
Sérgio Fonseca DesportoTCR China | Pilotos de Macau com sortes diferentes Rodolfo Ávila e Filipe Souza foram os dois pilotos de Macau presentes na terceira jornada do campeonato TCR China, no Circuito de Tianma, e tiveram sortes diferentes. Ávila teve razões para celebrar, ao vencer a corrida de domingo, enquanto Souza não teve a sorte do seu lado nas duas corridas [dropcap]N[/dropcap]um fim-de-semana em que foi o piloto mais rápido em pista, Rodolfo Ávila deu à MG a primeira pole-position e a primeira vitória em provas oficiais da categoria TCR. O início do evento começou de feição para o piloto do território que na sessão de qualificação fez o melhor tempo, obtendo a primeira pole-position de sempre da história da MG nas corridas da categoria TCR. O piloto português residente de Macau bateu por 0,153 segundos o seu companheiro de equipa Zhang Zhen Dong. Infelizmente, Ávila, não teve como capitalizar a sua posição de partida, pois ainda nos primeiros metros da corrida foi abalroado pelo seu companheiro de equipa Rainey He. O MG 6 XPower TCR entrou em pião e foi atingido por dois adversários. Devido aos danos causados na viatura, não havia forma de continuar. O sorteio realizado após a qualificação de sexta-feira ditou que a grelha de partida para a segunda corrida de 27 voltas seria invertida nas seis primeiras posições. Isto queria dizer que Ávila iria partir do sexto lugar da grelha de partida. Com um bom arranque, Ávila chegou ao terceiro lugar ainda nas duas primeiras voltas, para na terceira volta ultrapassar o vencedor da primeira corrida, Ma Qing Hua (Lynk & Co), e Wu Yifan (Audi). Contudo, o ex-WTCC e ex-piloto de testes de F1, Ma Qing Hua, não esteve pelos ajustes com o segundo lugar, obrigando Ávila a “puxar pelos galões” para manter a primeira posição. Os dois pilotos travaram um duelo durante catorze voltas, que teve tanto de espectacular, como de limpo, com Ávila a levar a melhor na última curva, num final quase decidido ao “photo-finish”, em que os dois primeiros cortaram a linha de meta separados por dezassete centésimas de segundo. “Obviamente que estou muito satisfeito por ser o primeiro piloto a vencer uma corrida com o MG 6 XPower TCR. Foi um fim-de-semana em que mostrámos uma competitividade superior e depois da frustração da corrida de sábado, esta vitória é um prémio para toda a equipa. Vencer o campeonato será uma tarefa muito difícil, mas quero continuar a dar alegrias à MG XPower Team e aos milhares de aficcionados da marca MG espalhados pelo mundo”, afirmou, em comunicado, o piloto português do MG 6 XPower TCR nº20 que ocupa o segundo lugar no Campeonato de Pilotos com seis corridas ainda por disputar. Souza sem sorte Também presente na pista dos arredores de Xangai esteve Filipe Souza. Ausente da jornada de abertura em Zhuzhou, em Agosto, devido às restrições de viagens ainda em vigor, o piloto macaense finalmente regressou ao TCR China. Contudo, a sorte não esteve ao lado de Souza, que na qualificação de sexta-feira até deu boa conta de si, ao ser o quinto mais rápido, apenas atrás dos carros oficiais da MG e Lynk&Co. O que poderia ser um bom fim-de-semana para o piloto da RAEM, acabou por ser um fim-de-semana para esquecer. Problemas técnicos no Audi RS 3 LMS TCR da T.A. Motorsport ditaram dois abandonos para Souza. “Foi um fim-de-semana mau para mim”, reconheceu Souza ao HM, que lamentou os problemas de “motor e caixa-de-velocidades”, problemas que espera solucionar a tempo da próxima prova que se realiza já no próximo fim-de-semana. Corrida da Guia decide o campeonato A Corrida da Guia do Grande Prémio de Macau irá pontuar para o Campeonato TCR China, anunciou a organização do campeonato após rever o seu calendário. Assim, com seis corridas ainda por realizar esta temporada, o campeonato TCR China prossegue já no próximo fim-de-semana no Circuito Internacional de Jiangsu Wanchi, localizado nos arredores da segunda maior cidade da região leste da China, Nanjing. O campeonato irá ser decidido com duas corridas dentro do programa do 67º Grande Prémio de Macau, de 19 a 22 de Novembro. Na conferência de imprensa de apresentação do 67º Grande Prémio de Macau ficou-se a saber que a Corrida da Guia iria “adoptar as especificações TCR, e os pilotos serão seleccionados a partir das corridas TCR Asia e Asia Pacific 2.0T, com a participação também de pilotos locais”. Contudo, a competição denominada “Asia Pacific 2.0T” não realizou qualquer prova ainda este ano e o TCR Asia também não, apesar das provas do TCR China contarem para um troféu chamado TCR Asia North. As outras quatro de Ávila Para além das duas corridas do TCR China, Rodolfo Ávila disputou ainda as quatro corridas do Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC). O piloto do território, que defende as cores da SVW 333 Racing, foi o melhor piloto da sua equipa numa jornada que não correu bem aos VW Lamando azuis. Depois de um oitavo e um décimo lugar nas corridas de sábado, Ávila conseguiu “salvar a honra do convento” da sua equipa com um segundo lugar na primeira corrida, para obter ainda um quinto lugar a fechar o programa. A BAIC e a Kia dividiram os triunfos em Tianma. O campeonato, onde Ávila ocupa agora o quarto lugar, termina no próximo fim-de-semana com quatro corridas na pequena e sinuosa pista de Nanjing.
Sérgio Fonseca DesportoGP Macau | Engenheiro português prepara ataque à Taça GT A equipa chinesa TSRT ou Tianshi Racing Team, vai participar com dois Audi R8 LMS GT3 na Taça GT Macau do 67º Grande Prémio de Macau: um deles será para o chinês David Chen Weian e outro para Billy Lo, piloto do território. Numa corrida desfalcada este ano dos seus principais actores internacionais, David Chen e Billy Lo poderão ter uma palavra a dizer na luta pelos lugares cimeiros [dropcap]C[/dropcap]onhecedor como poucos da equipa que tem base em Zhuhai, o engenheiro português Rúben Silva, reconhece que este estatuto de candidato-surpresa vitória por parte da TSRT, é merecido: “A equipa está a colher os frutos do trabalho que tem desenvolvido, sendo o David Chen o seu candidato principal na disputa por este título. É um piloto que vem duma boa estreia em Macau o ano passado, que sabe o que vai encontrar e isso deixa-o numa posição promissora com grandes hipóteses na luta pela vitória”, explicou ao HM. No outro Audi da classe GT3 estará o Billy Lo, um piloto da RAEM com doze presenças no Grande Prémio e que já subiu ao pódio por seis ocasiões. “Quase que diria que é uma verdadeira lenda de Macau. Vai correr este ano pela primeira vez com um GT3 e com grandes possibilidades de dar cartas e cruzar a meta com um resultado de topo”, enalteceu o engenheiro de pista luso residente em Zhuhai que trabalhou no passado com vários pilotos de Macau, como André Couto, Rodolfo Ávila e Filipe Souza. Numa altura em que todas as equipas ultimam os preparativos para as corridas do Circuito da Guia, para o técnico natural das Caldas da Rainha, realça, que para as equipas de Grande Turismo, “não considero que, em termos de preparação, seja muito diferente de uma outra prova de alto nível. Se bem que se tratando de uma prova tão especial como Macau, existe uma motivação extra em todos os membros da equipa e nota-se sempre uma maior dedicação e uma maior atenção aos detalhes”. Particularidades da Guia Mas o traçado citadino das dezanove curvas, que um dia foi pensado para acolher “rally paper”, tem as suas particularidades. “Existe um aspecto que é muito especial no Circuito da Guia que é a curva do Melco”, realça Rúben Silva. “É uma curva de raio tão apertado que a maioria dos GT3 não tem brecagem suficiente para a fazer sem bater. Temos de alterar a afinação da caixa de direcção para aumentar a brecagem e garantir que o carro passa no Melco sem bater”. O pelotão da Taça GT Macau será composto este ano por carros das categorias GT3 e GT4, duas categorias com regulamentos técnicos muito restritos e usados com frequência por todo o mundo. “As especificidades técnicas primeiramente estão limitadas pelo regulamento que temos de obedecer, nomeadamente o Balanço de Performance (BOP), depois de conhecidos os limites impostos pelas regras é preciso ter em conta as especificações dos pneus que vão ser usados, juntar a esse conjunto de informação a natureza irregular do piso do circuito, com um asfalto típico de circuito citadino e que em Novembro apresenta temperaturas relativamente media-baixas, e a partir dai define-se a linha de base das afinações do carro que consoante as evoluções/condições da pista durante o GP vão sendo alteradas para maior rendimento dos carros”, explica o nosso interlocutor. Todavia, não só o piso tem influência neste processo de oferecer o melhor carro possível aos pilotos. “A exigência inigualável da parte da montanha desta pista entre a curva de São Francisco e a Curva dos Pescadores obriga-nos a um certo tipo de afinações de chassis que só usamos em Macau”, refere o engenheiro que começou a sua experiência asiática em 2013 com a Asia Racing Team. Em tempos de pandemia A crise sanitária não teve influência na preparação para o Grande Prémio, mas este foi um ano diferente para todas as equipas na Ásia. “A nível de preparação técnica não houve a necessidade de alterar os nossos procedimentos. Contudo, este foi um ano atípico. Fomos fazendo testes durante o ano, para manter pilotos e pessoal activo. Esta foi uma época sem campeonato, mas os pilotos são atletas de alta competição e têm que estar em forma. A única forma de estarem ao seu melhor nível é testarem ou então, para aqueles que tiveram possibilidade, realizarem provas soltas, como o Billy, que venceu duas corridas dos pilotos de Macau em Zhaoqing”. Aproveitando a longa paragem ou suspensão dos campeonatos de automobilismo nesta região do globo, Rúben Silva voltou a trabalhar na Europa, mais precisamente no Super Troféu Lamborghini. “A principal diferença está no know-how. Geralmente as estruturas das equipas europeias têm mais conhecimento, experiência e métodos de trabalho do que a generalidade das equipas que encontramos na Ásia”, afirma, acrescentando que “os construtores automóveis também apoiam mais os campeonatos europeus, logo as equipas europeias têm acesso a mais informação e a mais apoio dos construtores. Em contrapartida, o ambiente do automobilismo na Ásia não se compara ao que se vive num paddock na Europa. Na Ásia as equipas são muito mais acolhedoras e o paddock é mais animado, como que uma grande família, com um bom espírito de entre a ajuda, enquanto na Europa há muito mais snobismo ou elitismo. É mais cada equipa por si…”
Sérgio Fonseca DesportoResistência | Quarteto de veteranos com saldo positivo em Zhaoqing Como diz o povo português, “velhos são os trapos”. Pois bem, quatro nomes incontornáveis do automobilismo de Macau voltaram a juntar-se para disputar as “6 Horas de Endurance do Circuito Internacional Guangdong” no passado dia 8 de Outubro, uma prova de resistência para viaturas de Turismo que se disputa todos os anos no circuito permanente dos arredores da cidade de Zhaoqing [dropcap]O[/dropcap] quarteto da “250 Macau Spirit Racing” – o ano passado a equipa chamava-se “246 Macau Spirit Racing” por razões óbvias – voltou a ser composto por Rui Valente (59), Ricardo Lopes (59), Belmiro de Aguiar (65) e José Mariano da Rosa (67), que se sentaram novamente aos comandos do Honda Integra Type-R nº20, um carro que já tem alguns anos, mas ainda está distante da provecta idade daqueles que o conduziram. Deste tétrade apenas Rui Valente continua assiduamente activo no desporto motorizado local, mas como o próprio admitiu, desta vez “os meus companheiros de equipa empenharam-se mais e rodaram todos mais rápido que o ano passado”. E foi mesmo o ex-regular da Corrida da Guia do Grande Prémio de Macau a realizar a qualificação, colocando o Honda na segunda posição da grelha de partida de dezanove viaturas, tendo apenas sido superado por um inalcançável e muito mais moderno Audi R8 LMS TCR, carro que haveria de vencer a corrida com um certo à vontade. Os quatro veteranos do território realizaram uma prova isenta de erros, mas as paragens nas boxes acabaram por prejudicar um melhor resultado. “Rodámos sempre em segundo da geral nas duas primeiras horas, mas quando tivemos que atestar de gasolina e mudar de pneus perdíamos muito tempo”, explicou Rui Valente ao HM. Com cada piloto autorizado a fazer turnos de condução com o máximo de 75 minutos, Rui Valente fez a partida, para depois passar o volante a Ricardo Lopes, para uma hora depois ser a vez a “Miro”, antes do mais graduado de todos, Mariano da Rosa, assumir os comandos. Até à mostrarem da bandeira de xadrez Lopes, “Miro” e Valente voltaram a sentar-se no cockpit do carro japonês. “Chegámos a cair até nono, mas depois fomos subindo outra vez. Quando voltei à pista, a uma hora e dez minutos do fim, só foi possível ir até ao 5.º lugar da geral e ganhar a nossa classe, pois ficámos ainda a duas voltas do quarto e do terceiro classificados”. Parar é que não A equipa da RAEM não conseguiu repetir o pódio à geral, mas venceu a sua classe e no final o saldo era positivo. “Foi pena não termos acabado nos três primeiros, mas acho que quinto lugar obtido foi bom”, disse, em jeito de balanço, Rui Valente. Num ano atípico para o automobilismo na região, os quatro macaenses não têm planos para voltar a competir este ano, como confirma Rui Valente, o mentor desta iniciativa. “Este ano não, mas esperamos voltar já em 2021”, até porque os planos para o futuro próximo passam por “continuar a fazer corridas de resistência na China”. Regressar ao Grande Prémio de Macau não está nos planos destas “velhas glórias”, com a excepção de Rui Valente, que lá estará no Grande Prémio de Macau no mês de Novembro, no pelotão da Taça de Carros de Turismo de Macau. Contudo, “desacelerar” não é uma palavra que esteja no vocabulário do quarteto da “250 Macau Spirit Racing” e poisar o capacete não é uma meta a atingir a curto prazo.
Sérgio Fonseca DesportoAndré Pires arranjou solução para participar no GP Motos [dropcap]O[/dropcap] cumprimento de uma quarentena de 14 dias num hotel da cidade à chegada está a colocar em sério risco o 54º Grande Prémio de Motos de Macau. Esta obrigatoriedade coloca entraves difíceis de ultrapassar aos pilotos e equipas provenientes do estrangeiro. Contra ventos e marés, com o engenho e improviso tão típico dos portugueses, o motociclista André Pires conseguiu encontrar forma para contornar este obstáculo e estar à partida do Grande Prémio de Macau. O piloto natural de Vila Pouca de Aguiar, que disputou as primeiras provas do Campeonato Nacional de Velocidade de Superbike de 2020, vai novamente participar no Grande Prémio de Macau com a sua Yamaha R1, mas esta não vai ser assistida pela Beauty Machines Racing Team, mas sim por um pequeno grupo de pessoas que Pires conseguiu reunir com disponibilidade e motivação para estar presente na maior prova de motociclismo do Sudeste Asiático – a APRacing. “Consegui criar a APRacing para ir a Macau. A mota será a mesma do campeonato, só mudam os mecânicos”, explicou Pires ao HM. “Seremos quatro a ir a Macau: eu, como piloto, dois mecânicos e mais um elemento que dará apoio em termos de logística e comunicação”. O piloto português está na expectativa, mas ao mesmo tempo confiante, que esta troca de equipa técnica não irá comprometer a sua performance em pista. “Vamos a ver como vai correr. Estou confiante que não teremos problemas nesse lado. Continuo com o apoio dos técnicos cá em Portugal, por isso se vamos estar sempre em contacto durante o fim-de-semana da corrida”, esclareceu Pires. Do simbolismo A presença de Pires no 67º Grande Prémio de Macau tem algum simbolismo para Portugal. Desde 1986, ininterruptamente, que Portugal envia uma delegação às provas de motociclismo do território. Ao mesmo tempo, Pires será o único português não residente em Macau a participar no evento deste ano. Apesar de o Grande Prémio, realizado pela primeira vez em 1954, ter estado sob a batuta da secção de Macau do Automóvel Club de Portugal (ACP), só em 1966 teve a participação de um piloto da metrópole, algo que só se voltou a repetir em 1986. Pires fez a sua estreia no Circuito da Guia em 2013, ano em que obteve a sua melhor classificação, um 13º lugar, e desde aí tem sido presença assídua no maior evento desportivo de carácter anual da RAEM. A confirmar-se a prova de motociclismo deste ano, esta será a oitava participação de Pires no Grande Prémio de Motos de Macau, o que o tornará o piloto português com mais presenças nesta corrida. Visto que há vários pilotos que não têm interesse em participar no evento devido à quarentena obrigatória, o fantasma do cancelamento ainda paira sobre o 54º Grande Prémio de Motos de Macau. Uma decisão final sobre o destino da edição deste ano da prova, pela primeira vez organizada em 1967, será tomada nos próximos dias.
Sérgio Fonseca DesportoÁvila e Charles Leong Hon Chio regressam ao GP em ano atípico [dropcap]N[/dropcap]o início do ano, nem Rodolfo Ávila, nem Charles Leong Hon Chio, tinham muitas certezas de que iriam participar na 67ª edição do Grande Prémio de Macau. Mas num ano tão incomum como este, tanto um como o outro, vão estar à partida do evento automobilístico da RAEM pela força das circunstâncias. Com a Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA (WTCR) a ceder o seu lugar na Corrida da Guia a um grupo de participantes de diversas competições da categoria TCR deste ponto do globo, a MG XPower Team decidiu estrear-se na prova. Ávila, que não participa no Grande Prémio desde 2015, onde obteve um quinto lugar na Corrida da Guia, foi inscrito pela equipa oficial do construtor sino-britânico na principal corrida para carros de Turismo do Sudeste Asiático. “A MG conta comigo para correr em Macau, por isso já nos inscrevemos no princípio deste mês, e agora estamos a fazer os últimos preparativos”, revelou o piloto português em primeira mão à Rádio Macau na sexta-feira, ele que tem a melhor classificação de sempre de um piloto de Macau nesta corrida. Neste regresso, Ávila irá conduzir um MG 6 XPower TCR, o mesmo carro com que participou nas primeiras quatro corridas da temporada de 2020 do campeonato TCR China, competição que deverá contribuir com o maior número de concorrentes da Corrida da Guia. Ávila será o primeiro piloto de nacionalidade portuguesa a conduzir um MG no Grande Prémio desde a última participação de Fernando Macedo Pinto, um dos fundadores do evento, em 1956. A dois meses do seu regresso ao traçado citadino da RAEM, o piloto da casa não coloca a fasquia muito alta para a sua participação na prova. “Os Lynk & Co ou os Audi, por exemplo, são carros que estão muito mais evoluídos que o nosso. Em Zhuzhou, na primeira prova do TCR China, foi muito difícil igualar o andamento deles”, esclareceu o piloto ao HM, lembrando ainda que “todos os outros carros já correram em Macau e o nosso não”. Regresso inesperado Quem também deverá regressar ao Grande Prémio é Charles Leong, que o ano passado foi 19.º na Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA. O piloto de 19 anos não tinha planos para conduzir este ano na corrida de Fórmula 3 porque não conduz um carro de corrida desde o Grande Prémio de 2019. Contudo, a ausência forçada da Fórmula 3 e a sua substituição pela Fórmula 4 tornará possível o seu regresso, até porque Leong conhece bem o Mygale-Geely com que se sagrou campeão da China de Fórmula 4 em 2017. Leong estava a considerar “diversas opções” para alinhar na única corrida de monologares do programa.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteGP Motos | Obrigatoriedade de quarentena coloca em risco corrida [dropcap]O[/dropcap] 54º Grande Prémio de Motos de Macau corre um sério risco de não se realizar este ano. O cumprimento injuntivo de uma quarentena de 14 dias num hotel da cidade antes do evento está a deitar por terra a vontade da Comissão Organizadora do GP Macau em reunir novamente os ases das corridas de estrada na RAEM no final do ano. Isto, porque grande parte dos pilotos e das equipas considera impraticável esta medida introduzida devido à covid-19. Apesar de estar inscrito na prova, o pluri-vencedor da prova Michael Rutter disse, na sexta-feira, à Rádio Macau, que caso esta obrigatoriedade se mantenha, “o mais certo é não correr em Macau em Novembro”. O Macau Daily Times já tinha avançado que dez dos vinte e sete concorrentes que foram convidados a participar na prova de 2020, exactamente os mesmos que correram na edição de 2019, já tinham demonstrado a sua indisponibilidade perante este cenário. Entre as baixas confirmadas estão Lee Johnston, que já tinha decidido no início do ano que não regressaria ao Circuito da Guia, Gary Johnson, que confirmou a sua ausência ao HM, e o austríaco Horst Saiger que ainda está em recuperação de um sério acidente no Red Bull Ring no passado mês de Julho. Segundo o Belfast News Letter, os motociclistas Paul Jordan, Derek Sheils e Davy Morgan que também não virão ao território neste cenário. Sem possibilidades de manterem as suas estruturas afastadas de casa durante um período tão longo, o português André Pires e o espanhol Raul Torras também estão na posição ingrata de serem forçados a faltar a uma prova que lhes é tão querida. Substituição equacionada O Presidente da Associação Geral de Automóvel de Macau-China e Coordenador da Subcomissão Desportiva da COGPM, Chong Coc Veng, afirmou aos microfones do canal chinês da TDM que a organização poderá substituir a corrida de motos caso se confirme um número insuficiente de participantes. Recorde-se que o regulamento desportivo do ano passado – o deste ano foi ainda não foi publicado – dizia apenas que “um número de vinte e duas inscrições devem ser recebidas para a corrida se realizar”. Uma decisão sobre o futuro da corrida que se disputa ininterruptamente desde 1967 será tomada no próximo mês.
Sérgio Fonseca DesportoCalendário 2021 da WTCR deverá incluir GP Macau [dropcap]O[/dropcap] Circuito da Guia deverá figurar no calendário provisório do próximo ano da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA (WTCR). Todavia, os organizadores da competição estão igualmente a considerar muito seriamente a possibilidade de não realizar qualquer prova na Ásia em 2021, após este ano terem sido obrigados a cancelar os seus quatro eventos previstos para esta região do globo, incluindo a tradicional visita ao Grande Prémio de Macau. Devido à pandemia da covid-19, que limitou drasticamente a movimentação de pessoas, a competição promovida pela Eurosport Events foi das primeiras a riscar do seu calendário de 2020 as visitas ao continente asiático este ano. Quando já se fazem planos para 2021, a WTCR prepara-se para seguir o mesmo caminho, caso a situação se mantenha. François Ribeiro, o CEO da Eurosport Events, disse ao portal especializado TouringCarTimes.com que planos de contingência estão a ser pensados com vista à próxima temporada, pois ninguém pode garantir hoje que será possível correr fora da Europa em 2021. “Claro que não é a nossa vontade”, disse François Ribeiro à publicação online. “Temos contratos e aspirações para regressar à Ásia, a Macau, à China, à Coreia do Sul, como estávamos a planear este ano. Mas seremos nós capazes de organizar transportes internacionais? Estarão esses países (e territórios) abertos a estrangeiros? Haverá voos comerciais? Haverá lugar a quarentenas ou não?” A WTCR, que sucedeu ao defunto WTCC, visitou a RAEM em 2018 e 2019, dando corpo à internacionalmente reputada Corrida da Guia. Aquela que seria a terceira visita ao território foi cancelada em meados de Maio, quando ficou perceptível que a crise sanitária à escala mundial não teria uma resolução rápida. Oito provas com Macau Este ano a WTCR introduziu uma série de medidas para reduzir os custos, desde a diminuição dos dias de cada evento, até a limitações no número de staff e pneus a utilizar. Contudo, como a economia mundial passa por um período difícil, mais medidas serão introduzidas a curto prazo, e François Ribeiro confirmou ao TouringCarTimes.com que o calendário de 2021 deverá ser composto por apenas oito provas com duas corridas cada. “O que foi prometido às equipas e já foi acordado com a FIA é que haverá oito eventos, com um máximo de duas corridas por evento, porque controlar os custos no próximo ano é mais crítico do que nunca”, afirmou o CEO da Taça Mundial. “Temos já cinco eventos na Europa, mais três eventos que estávamos a planear para a Ásia antes do confinamento – Coreia do Sul, China e Macau – mas haverá um plano de reserva (com provas) só na Europa”. Dada a ausência do pelotão da WTCR no próximo mês de Novembro, de acordo com Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau, este ano a Corrida da Guia “irá adoptar as especificações TCR, e os pilotos serão seleccionados a partir das corridas TCR Asia e Asia Pacific 2.0T, com a participação também de pilotos locais”.
Sérgio Fonseca DesportoF4 China | Campeonato arrancou em Zhuhai de olhos postos no GP da RAEM O Campeonato da China de Fórmula 4, a competição de monologares que irá substituir a Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA na 67ª edição do Grande Prémio de Macau, teve a sua primeira prova de 2020 no passado fim-de-semana. O evento que marcou o arranque do campeonato serviu também como um importante treino para todos os pilotos que projectam correr no Circuito da Guia [dropcap]N[/dropcap]um evento organizado pela Associação de Desportos Motorizados de Zhuhai à porta fechada, tanto para o público, como para a imprensa, quinze Mygale-Geely disputaram as quatro corridas do primeiro fim-de-semana no Circuito Internacional de Zhuhai. Apesar de o pelotão não contar com qualquer nome sonante e ser composto principalmente por pilotos amadores que habitualmente competem em diversas categorias do automobilismo do outro lado das Portas do Cerco, as corridas foram bastante animadas. A imprevisibilidade dos acontecimentos, e consequentemente do espectáculo em pista, não terá sido alheia a visita da chuva, principalmente no sábado. Em termos desportivos, He Zijian fez o melhor tempo nas duas sessões de qualificação que determinaram as posições de partida da primeira e da terceira corrida, e foi vencedor da primeira corrida de sábado, beneficiando do acidente na recta da meta que envolveu os dois primeiros na corrida à altura. Bei Siling venceu a corrida de sábado à tarde. No domingo, He Zijian começou o dia com nova vitória, enquanto que Stephen Hong triunfou na última corrida do fim-de-semana. Ambição de longa data Os monologares que veremos no Circuito da Guia no mês de Novembro chegaram à República Popular da China no início de 2015, após uma das subsidiária da Mitime Investment and Development Group, uma empresa do Zhejiang Geely Holding Group, ter comprado um lote de vinte e oito carros ao fabricante francês Mygale. Todos os carros foram equipados com motores de 2,000cc da marca Geely, o segundo maior construtor automóvel privado chinês e que hoje tem no seu portfólio marcas mundialmente conhecidas como a Volvo, a Lotus, a recém-nascida Lynk & Co ou a companhia que fabrica os famosos táxis pretos da cidade de Londres. Devido ao elevado preço dos carros, durante estes cinco anos, apenas metade das unidades que chegaram ao país foram parar a mãos de equipas ou pilotos privados, pertencendo metade da frota à própria organização do campeonato que os aluga prova-a-prova ou então para o campeonato completo. A temporada do Campeonato da China de Fórmula 4 deveria ter cinco provas este ano, uma delas como parte do programa do Grande Prémio da China de Fórmula 1, em Xangai. A crise sanitária reduziu a competição a duas jornadas de quatro corridas cada em Zhuhai e a duas corridas no Circuito da Guia. As corridas do território irão oferecer pontos a dobrar. Esta presença em Macau era há muito ambiciona pela marca Geely. Desde o tempo da “Asian Formula Geely”, a competição nascida com o apoio da federação chinesa em 2006 e que antecedeu a Fórmula 4, que a Mitime namorava uma corrida no Circuito da Guia. O Campeonato da China de Fórmula 4, um dos catorze campeonatos da categoria reconhecidos pela FIA, terá sido uma terceira opção, após a recusa das equipas do Campeonato FIA de Fórmula 3 em deslocarem-se à RAEM com as condições que lhes foram oferecidas. As estruturas da competição Euroformula Open – uma espécie de F3 e que tem um campeonato congénere no Japão – também terão declinado ponderar uma viajem a Oriente em Novembro pelas mesmíssimas razões. Félix da Costa lamenta ausência de F3 O único ex-vencedor do Grande Prémio de Macau que publicamente comentou a ausência da Fórmula 3 no programa do evento deste ano foi o português António Félix da Costa. O vencedor das edições de 2012 e 2016 do Grande Prémio, recentemente condecorado com o grau de Comendador da Ordem do Mérito da República Portuguesa, expressou a sua tristeza pelo desfecho causado pela pandemia da COVID-19. “A F3 em Macau é suposto ser o ponto alto do ano para aquelas equipas e pilotos, a atmosfera na prova não tem comparação, onde as equipas de F3 tornam-se no evento principal. Não fico feliz por ler estas notícias”, escreveu o piloto de Cascais e campeão da Fórmula E nas redes sociais.