Cinemateca | IC repreende nova gestora por ausência do português no website

Numa resposta enviada ao HM, o Instituto Cultural (IC) admitiu que vai emitir uma “advertência por escrito” à nova gestora da Cinemateca Paixão. Em causa está o facto do novo website não ter versões em português e chinês simplificado, o que viola as regras do caderno de encargos. A bilheteira online estará disponível antes do dia 1 de Setembro

 

[dropcap]O[/dropcap] facto de o novo website da Cinemateca Paixão não estar disponível em português e chinês simplificado levou o Instituto Cultural (IC) a repreender por escrito a nova gestora do espaço, a Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada. A confirmação foi dada ontem pelo IC, através de uma resposta enviada ao HM.

“Relativamente à violação das regras do Caderno de Encargos sobre as línguas no sítio web da Cinemateca Paixao, o IC irá emitir uma advertência por escrito à empresa exploradora, exortando a mesma a corrigi-lo com a maior brevidade possível”, refere o IC.

Recorde-se que a situação veio a lume na passada segunda-feira, quando foi apresentado o novo website e colocados à venda os bilhetes para o festival de cinema que marca a reabertura da Cinemateca Paixão no dia 1 de Setembro.

Além do novo website não incluir versões em português e chinês tradicional, também não contempla a aquisição de bilhetes online. A ausência da funcionalidade provocou o descontentamento de vários utilizadores que alertaram para o facto, através de comentários partilhados na página de Facebook da Cinemateca Paixão.

Contudo, relativamente à venda de bilhetes online, o IC esclarece que o sistema “está a ser testado e os respectivos serviços estarão disponíveis antes do dia 1 de Setembro”, data oficial estipulada para a venda de ingressos.

Na resposta, o IC garante ainda que “irá intensificar a supervisão da construção da respectiva página electrónica” e que já alertou a In Limitada para “trabalhar de acordo com as regras do Caderno de Encargos”. Caso contrário, alerta o IC, “as respectivas punições serão aplicadas, de acordo com as regras estabelecidas”.

Segundo o caderno de encargos, as “penalidades por incumprimento do contrato” prevêem que, caso o adjudicatário receba duas advertências por escrito, “o IC tem o direito de lhe aplicar uma multa com o valor limite de mil patacas, por incumprimento”. Se mesmo assim as correcções não forem efectuadas, pode ser aplicada uma multa no valor máximo de três mil patacas por infracção.

Apesar do “puxão de orelhas”, o IC reconhece que “desde Agosto, a empresa exploradora tem levado a cabo, activamente, os preparativos para a reabertura da Cinemateca ao público”.

A tempo e horas

Contactada pelo HM, a Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada reagiu à advertência emitida pelo IC, admitindo ter falhado “em providenciar as interfaces em chinês simplificado e português no website”. As correcções serão feitas, garante a In Limitada, antes da reabertura oficial da Cinemateca, a 1 de Setembro.

“Esperamos lançar oficialmente as páginas em chinês simplificado e português do website, antes da abertura da Cinemateca Paixão”.

Sobre as críticas em torno da venda de bilhetes, a In Limitada lembra que, apesar de as operações só começarem em Setembro, levou a cabo “arranjos especiais entre 24 e 31 de Agosto”, para que o público tivesse a oportunidade de adquirir ingressos no local, antecipadamente.

Antes de um pedido de desculpas, a resposta da nova gestora termina com um convite dirigido ao público para partilhar opiniões sobre os serviços oferecidos pela Cinemateca.

“Estamos a fazer todos os possíveis para assegurar a qualidade dos nossos serviços (…) e corresponder às expectativas do público”.

Recorde-se que o evento “Uma carta de amor ao Cinema: Produção cinematográfica nos grandes ecrãs”, o primeiro a acontecer na Cinemateca Paixão desde que o espaço encerrou para obras e a nova gestora assumiu as rédeas da operação, irá debruçar-se sobre o cinema clássico e não colheu a aprovação de profissionais da área do cinema.

26 Ago 2020

Hotéis | Autorizações provisórias geram dúvidas

[dropcap]O[/dropcap]s deputados da 2ª Comissão permanente que estão a analisar a proposta de lei que regula as actividades hoteleiras pediram mais esclarecimentos ao Governo sobre a aplicação prática da possibilidade de restaurantes, estabelecimentos de refeições simples, bares e salas de dança pedirem uma licença provisória de funcionamento antes da vistoria.

Para Chan Chak Mo, que preside à Comissão, o diploma não é claro quanto ao sujeito que deve apresentar a declaração que atesta, mesmo antes da vistoria, que as instalações e equipamentos do estabelecimento detentor de projecto autorizado, bem como o cumprimento das regras de segurança, estão em conformidade.

“A Lei não diz se a declaração tem de ser do próprio interessado ou da empresa de segurança. Pedimos ao Governo para ter reunião uma técnica com a assessoria para aperfeiçoar a redacção e saber quem deve apresentar esta declaração”, referiu ontem Chan Chak Mo.

A dúvida surgiu após os deputados questionarem o Governo se bastaria os proprietários apresentarem o contrato de arrendamento para que o licenciamento fosse concedido. Segundo Chan Chak Mo, o Governo afirmou que “o proprietário tem de escrever uma carta a dizer que concorda com a abertura do estabelecimento”.

Contudo, a tomada de posição suscitou mais dúvidas aos deputados que alertaram para o facto de a situação poder vir a provocar o arrendatário. Na resposta, o Governo respondeu que “está a ponderar se apenas o contrato de arrendamento é suficiente, porque em princípio não deve intervir para verificar se o arrendatário pagou as rendas ou não”, partilhou Chan Chak Mo.

Sobre o diploma que deverá continuar a ser discutido até meio de Setembro, Chan Chak Mo referiu que, apesar de não haver “grandes dúvidas”, o que tem tomado tempo ao debate é o facto de os deputados “não perceberem na prática” a aplicação da nova propsta de lei, que pretende simplificar procedimentos.

25 Ago 2020

Maioria das escolas reabre a 1 de Setembro

O regresso às aulas está marcado para Setembro, com 60 por cento das escolas a abrir portas no primeiro dia do mês. A Escola Portuguesa de Macau e o Jardim de Infância Costa Nunes dão início ao novo ano lectivo no dia 7 de Setembro. As escolas de Macau retomam actividades com horários diferenciados. A DSEJ apela aos encarregados de educação para prestarem atenção ao trânsito e às medidas de combate à epidemia

 

[dropcap]A[/dropcap]pós um período atípico marcado pelo cancelamento do normal desenrolar das actividades escolares devido à pandemia, os alunos de Macau regressam às aulas a partir do dia 1 de Setembro, de forma faseada e com horários diferentes. De acordo com um comunicado divulgado ontem pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), a maioria das escolas abre portas no primeiro dia do mês.

“A maioria das escolas começa no início de Setembro, o ano lectivo 2020/2021, sendo que mais de 60 por cento delas terão início a 1 de Setembro, 15 por cento a 2 de Setembro, e as restantes, a 3 de Setembro ou após esta data”, pode ler-se no comunicado.

Também ontem, a DSEJ publicou um documento onde constam as datas e os horários estipulados para a reabertura de todos os 78 estabelecimentos de ensino de Macau. Detalhando, a Escola Portuguesa de Macau (EPM) abre portas no dia 7 de setembro, tanto para o ensino primário (9h00) como secundário (11h00). No mesmo dia, o Jardim de Infância “D. José da Costa Nunes” dará início às suas actividades do ensino infantil, a partir das 8h30.

Já o Colégio de Santa Rosa de Lima (secção inglesa e chinesa) e o Colégio do Sagrado Coração de Jesus iniciam o novo ano lectivo no dia 1 de Setembro em todos os graus escolares. Excepção feita ao ensino secundário da secção chinesa do Colégio de Santa Rosa de Lima, que retoma actividades a 4 de Setembro.

Também no primeiro dia de Setembro, estão de volta as actividades de todos os níveis escolares e secções do Colégio Diocesano de São José, à excepção do ensino infantil da secção chinesa do Colégio Diocesano de São José, que abre portas no dia 2 de Setembro.

Este dia é também o agendado para acolher os alunos da Escola Hou Kong, nas sucursais de Macau e Taipa em todos os níveis escolares.

Quanto os alunos da Escola para Pais e Filhos dos Operários, o regresso está previsto para o dia 3 de Setembro.

O regresso às aulas na escola Pui Tou está previsto para os dias 4 e 5 de Setembro. Nas sucursais de Macau, o ensino primário e secundário começa no dia 4 de Setembro, ao passo que o ensino infantil começa a 5 de Setembro. Já nas sucursais da Taipa, o ensino primário acontece no dia 4 de Setembro e os restantes níveis no dia seguinte.

Mais vale prevenir

Com o aproximar do novo ano lectivo, a DSEJ fez ainda um apelo dirigido aos encarregados de educação, no sentido de “prestarem atenção às medidas preventivas da epidemia do Governo (…), ao trânsito, ao tempo e às condições físicas dos seus educandos”, para lhes transmitir conhecimentos sobre a importância de manter bons hábitos de higiene.

O organismo aponta ainda que “tem mantido uma estreita comunicação com as escolas”, de forma a preparar o novo ano lectivo e ajudar na aplicação de medidas preventivas e manutenção da “limpeza e higiene das suas instalações”.

Sobre o previsível aumento do trânsito durante o reinício das actividades escolares, a DSEJ afirma ter contactado a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) e outras entidades, com o objectivo de “reduzir, o mais possível, os atrasos dos alunos devido à situação do trânsito”.

25 Ago 2020

Deputados defendem advertência para restaurantes que violam regras de higiene

[dropcap]O[/dropcap] Governo está a ponderar seguir a sugestão dos deputados da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) e implementar um mecanismo de advertência para os restaurantes e estabelecimentos de pequena dimensão que prevariquem pela primeira vez, ao invés de aplicar, de imediato, multas pelo incumprimento de regras de higiene e segurança.

Em causa está o regime sancionatório previsto na proposta de lei que regula a actividade dos estabelecimentos hoteleiros e que esteve ontem a ser analisada numa reunião que contou com membros do Governo.

Chan Chak Mo, deputado que preside à comissão, revelou ontem que as multas previstas para os restaurantes localizados dentro de hotéis situam-se entre 50 e 70 mil patacas, ao passo que nos estabelecimentos de refeições simples, quiosques, bares e salas de dança a multa é de 10 a 30 mil patacas.

Segundo o deputado, a comissão questionou se o Governo considera a situação justa, sobretudo para os pequenos restaurantes.

“Questionámos o Governo sobre o conteúdo que sanciona o acto de comer, cuspir ou tossir na zona de manipulação, preparação e armazenamento de alimentos. Ou seja, se a pessoa tem de tossir, terá que pagar uma multa de 10 mil patacas? Isto é razoável? Se calhar é preciso mexer na redacção ou então vão ter de usar toalha para tapar boca”, apontou Chan Chak Mo.

De acordo com Chan Chak Mo, os “deputados entendem que isto é um pouco rigoroso para os pequenos restaurantes” e, por isso, sugerem que o Governo introduza mecanismos de advertência para os casos em que as infracções acontecem pela primeira vez.

“Sugerimos outras leis que adoptam um mecanismo de advertência, tal como a lei da cibersegurança no seu artigo e a lei do ensino não superior (…), onde, no caso de violar a lei pela primeira vez, existe uma advertência. O Governo diz que vai ponderar (…), temos de ver se a próxima versão da lei já contém o termo ‘advertência’”, sublinhou.

Rigor linguístico

Chan Chak Mo revelou ainda que uma das alterações introduzidas à nova versão da proposta de lei em análise, garante mais rigor quanto ao idioma em que têm de estar redigidos os nomes dos estabelecimentos autorizados pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST).

Segundo o novo texto, os estabelecimentos apenas poderão ter uma designação em inglês, depois de definida a sua redacção em chinês e português. Isto quando, a versão inicial do diploma, chegou a prever que a redacção fosse obrigatória apenas numa das línguas oficiais, antes de poder ter uma versão em inglês.

25 Ago 2020

Cinemateca | Novo website ainda sem versão portuguesa e reservas online

Os bilhetes para o festival que marca a reabertura da Cinemateca Paixão começam hoje a ser vendidos. Contudo, um dia depois do anúncio da programação multiplicaram-se críticas sobre o novo website, que não permite comprar bilhetes online, nem tem versões em português e chinês simplificado

 

[dropcap]E[/dropcap]stão à venda a partir de hoje, os bilhetes para o festival de cinema que marca a reabertura da Cinemateca Paixão, sob a batuta de uma nova gestora, a Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada. Contudo, tanto a programação para o mês de Setembro, como o novo website da Cinemateca Paixão estão longe de reunir consenso entre o público e profissionais do sector.

As principais queixas são a impossibilidade de adquirir bilhetes online através do novo portal da Cinemateca Paixão, mas também a inexistência de tradução para português e chinês simplificado.

Intitulado “Uma carta de amor ao Cinema: Produção cinematográfica nos grandes ecrãs”, o primeiro evento desde que a Cinemateca encerrou para obras tem como objectivo “evocar um amor indescritível pelos filmes, entre os fãs”, através de uma selecção de clássicos e obras-primas de diferentes países e Eras. O festival abre a 1 de Setembro com a versão remasterizada de “Singin’ in the Rain” e inclui também obras de Fellini (“Otto e Mezzo”) e Woody Allen (“The Purple Rose of Cairo”).

Contactado pelo HM, o cineasta Vincent Hoi, membro do grupo “Macau Cinematheque Matters”, considera que a programação apresentada pela nova gestora falha em cumprir o próprio objectivo a que se propõe, porque as obras escolhidas não chegam a abordar de forma apropriada o tema da cinematografia.

“A nova programação inclui filmes clássicos, mas, na verdade, acho que não estão lá as obras principais. Simplesmente querem, ou pretendem, exibir algumas obras para apresentar a programação, mas os filmes principais estão a faltar”, apontou Hoi. “Penso que não sabem o que quer dizer cinematografia. Para organizar a programação do próximo mês acho que se limitaram a escolher obras, algumas delas muito populares, que falam do cinema, mas não da cinematografia”, acrescentou.

Além disso, num jogo de palavras, o cineasta refere ainda que o próprio nome do festival, “Produção cinematográfica nos grandes ecrãs” é “caricato” e “não faz qualquer sentido”. “Se virmos bem, como é que se pode rodar um filme no grande ecrã?”, atirou.

Já Rita Wong, directora de operações da CUT, empresa que geriu até ao final do ano passado a Cinemateca Paixão, não vê problemas em apostar nos clássicos, apesar de admitir que estava à espera de ver “coisas novas” ligadas ao cinema independente. “Não considero mau que haja alguns clássicos para o público ver, mas há também que explorar o cinema independente. Como único espaço dedicado ao cinema em Macau esperamos também ter a oportunidade de ver algumas obras pioneiras (…), coisas novas que vão além dos clássicos e que mostrem o que de melhor está actualmente a ser feito no mundo”, partilhou Rita Wong.

Faroeste digital

Ao contrário do que aconteceu nos últimos três anos, o novo website da Cinemateca Paixão não inclui versão em português e chinês tradicional, nem permite a compra de bilhetes online. Além disso, através de comentários partilhados na página de Facebook da Cinemateca Paixão, foram muitos os utilizadores a queixarem-se que a informação disponibilizada no novo portal está incompleta, não incluindo, por exemplo, o preço dos ingressos ou o nome dos realizadores e produtores das obras a ser exibidas.

Recorde-se que, no ponto relacionado com as “condições gerais de execução da prestação de serviços”, do caderno de encargos referente ao concurso público que a In ganhou é estabelecido como critério da cumprir que “o website deve ter interfaces em chinês, tradicional e simplificado, português e inglês”.

O mesmo se passa com o serviço de venda de bilhetes online, que segundo o documento deve ser disponibilizado, “com, pelo menos, duas formas de pagamento, electrónico e no local, no horário de funcionamento da bilheteira”.

“Estou um pouco surpreendida com o facto de o novo portal não ter a versão portuguesa e em chinês simplificado que sempre existiu, até porque fazia parte dos requisitos do caderno de encargos. Por isso, pergunto-me o que se terá passado”, refere Rita Wong.

Entre os vários problemas que detectou no site, Vicent Hoi confessa não compreender porque não aparecem os nomes dos realizadores e qual a razão para “a apresentação dos dias das exibições não ser explícita”.

“Não sei se é, ou não, um prenúncio de que as coisas vão correr mal, mas ao ver o site da Cinemateca, é como se estivesse a ler a informação do Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM), onde falta sempre muito conteúdo”, aponta o cineasta.

Sobre a impossibilidade de comprar bilhetes no website, Hoi refere que é como voltar ao ano em que a Cinemateca abriu portas, gerida pela CUT.

“Não se compreende porque é impossível comprar bilhetes online. Nos últimos três anos, a CUT construiu uma relação importante com o público e as bases de uma operação eficaz que incluía uma bilheteira online. É como regressar a 2017. Ou melhor, é como andar para trás 10 anos”.

Julgamentos precoces

Já para João Nuno Brochado, professor e coordenador dos programas de Cinema da Universidade de São José (USJ) é ainda cedo para fazer um julgamento, embora admita que “depois de tanta polémica, não foi boa ideia começar com este tipo de programação”, até porque tem dúvidas se terá o condão de atrair o público de Macau.

“Efectivamente esta primeira programação vem confirmar que não há nenhum filme de Macau. Contudo, estamos a falar da programação para um mês e a nova empresa tem contrato para três anos, por isso não podemos estar a julgar toda a programação apenas com base no primeiro mês”, vincou o académico.

Sobre as razões que fizeram soar o alarme junto dos cineastas locais, o professor aponta que o sector receia que a nova gestora deixe de apostar no cinema de Macau, sobretudo “porque as pessoas sempre trabalharam muito em conjunto”.

“A comunidade ligada ao cinema em Macau é muito pequena, são pessoas que se conhecem e estão juntas com alguma regularidade e a Cinemateca era o sítio onde se encontravam. Além disso, quem geria a cinemateca também fazia parte desse grupo que também produz filmes em Macau. Por isso, quando agora mudaram a gestão para uma empresa que nem se sabia que existia e que está fora da comunidade cinematográfica, todos ficaram com receio”, apontou João Brochado.

Remetidos ao silêncio

O HM tentou saber junto do Instituto Cultural (IC) quais as justificações apresentadas pela nova gestora para que o website da Cinemateca Paixão não permita a venda de bilhetes online e não tenha versão em português e chinês simplificado. No entanto, até ao fecho da edição, não obteve respostas.

O mesmo aconteceu após nova tentativa de contacto junto da Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada. Recorde-se que, a 16 de Julho, o HM questionou, por escrito, a empresa In sobre a data estimada para a apresentação da nova programação da Cinemateca, bem como o andamento da construção da futura página oficial da In na internet. Adicionalmente, após várias tentativas falhadas de contacto telefónico com a empresa através da sua coordenadora, Kathy Wong, o HM confrontou o IC com a ausência de respostas da In. O IC voltou a remeter a responsabilidade para a nova gestora da Cinemateca.

Desde que foi anunciado que a In venceu o concurso de gestão da Cinemateca Paixão, têm sido levantadas muitas dúvidas sobre a experiência e trabalho feito pela empresa na área do cinema. Por ocasião de uma conferência de imprensa, que aconteceu nas instalações da In a 24 de Junho, quando foram pedidos exemplos concretos de trabalhos realizados, Kathy Wong remeteu mais informações para a futura página oficial da In na internet.

A In venceu o concurso para assumir a gestão da Cinemateca Paixão no final de Junho. Com uma proposta de 15,4 milhões de patacas, a empresa bateu a CUT, que geriu até ao final do ano passado a Cinemateca Paixão e que tinha uma proposta de 34,8 milhões de patacas.

 

Programação | 1 a 23 de Setembro

Uma carta de amor ao cinema

Filme de abertura: Singin’ in the Rain (Remasterizado) (1952)
Realização: Stanley Donen, Gene Kelly

1. Otto e Mezzo (Remasterizado) (1963)
Realização: Federico Fellini

2. The Purple Rose of Cairo (1985)
Realização: Woody Allen

3. Cinema Paradiso (Remasterizado) (1990)
Realização: Giuseppe Tornatore

4. Close-up (1990)
Realização: Abbas Kiarostami

5. Center Stage (Remasterizado) (1992)
Realização: Stanley Kwan

6. Goodbye, Dragon Inn (Remasterizado) (2003)
Realização: Tsai Ming-liang

7. Phantom of Illumination (2017)
Realização: Wattanapume Laisuwanchai

8. Talking the Pictures (2019)
Realização: Masayuki Suo

Selecção de Setembro

1. La Belle Époque (2019)
Realização: Nicolas Bedos

2. The Weasels’ Tale (2020)
Realização: Juan José Campanella

3. Beasts Crawling at Straws (2020)
Realização: Kim Yong-hoon

Animação: Buñuel in the Labyrinth of the Turtles (2018)
Realização: Salvador Simó

24 Ago 2020

Abrigos da Anima severamente afectados pela passagem do Higos

[dropcap]O[/dropcap]s abrigos da Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA) destinados a cães e gatos ficaram ontem severamente danificados pela passagem do tufão Higos, afectando, no total, 700 animais. O prejuízo total dos estragos deverá situar-se entre as 400 e as 500 mil patacas, apontou ontem ao HM o ex-presidente da Anima, Albano Martins. O objectivo passa agora por reparar os estragos, o quanto antes, e angariar fundos para as reparações.

“Pelo que vi, o valor dos estragos deve situar-se entre as 400 a 500 mil patacas. Era bom que conseguíssemos angariar esse valor. Até numa zona mais resguardada houve uma porta que foi arrancada”, começou por dizer Albano Martins. “Fomos afectados no abrigo dos cães e no paraíso dos gatos. Só no primeiro temos cerca de 400 animais e no abrigo dos gatos temos 300 animais”, acrescentou.

Essencialmente, explicou Albano, os estragos resultaram da queda de árvores que destruíram várias estruturas, como vedações e telhados que acabaram arrancados. Além disso, houve também zonas que ficaram inundadas porque as árvores obstruíram as canalizações de saída das águas. “Muitas casas individuais dos animais foram destruídas”, vincou.

Apesar de admitir ser ainda difícil fazer um ponto de situação, o ex-presidente garante que “nenhum animal ficou ferido”. Sobre o tufão Higos, que motivou o içar do sinal 10 durante a madrugada de ontem, Albano afirma que a Anima não foi apanhada de surpresa, apesar da intensidade inesperada.

“Quando saímos ontem [terça-feira] deixámos tudo preparado. Já sabíamos que havia tufão e, portanto, o pessoal já tinha alinhado quem vinha, sendo esperado um tufão de nível 8. No entanto, as medidas que tomámos, tomaríamos também para um tufão de nível 10, que foi o que acabou por acontecer”, explicou.

Sobre a reparação que está a ser feita, as dificuldades são muitas, sobretudo no que toca à remoção de árvores e limpeza de entulho. Tendo em conta que os animais não podem sair do espaço “porque não têm alternativa”, o objectivo imediato passa agora “por limpar e dar mais decência ao espaço para os animais ficarem bem”.

Ajuda preciosa

Já Zoe Tang, representante da Anima, espera que, através da campanha de angariação de fundos, o organismo consiga reunir “pelo menos 400 mil patacas”. Até porque, antecipa, este ano, devido à situação gerada pela covid-19, a Anima “vai passar dificuldades adicionais”, porque não existe a mesma ajuda por parte dos casinos.

Tang espera ainda que possam “aparecer mais voluntários” para ajudar nos trabalhos de reparação, estimando que sejam necessárias três semanas, para retirar as árvores tombadas nas instalações da Anima. Após a passagem do Hato, recorda, foi necessário um mês, para reparar os estragos.

20 Ago 2020

FRC | Sessão sobre presença da ópera na obra de Eça de Queiroz apresentada amanhã

A sessão “Eça na Ópera” pretende explicar as ligações entre o texto literário do autor e referências a obras musicais nele patentes. A descodificação acontece amanhã na Fundação Rui Cunha e ficará a cargo de Ana Paula Dias e Shee Vá. “O Primo Basílio” será uma das obras em destaque, contou a docente ao HM

 

[dropcap]H[/dropcap]á música escrita nas entrelinhas das obras de Eça de Queiroz. Com o objectivo de compreender as intenções do autor nesse cruzamento entre a música e as palavras, a Fundação Rui Cunha recebe amanhã, a partir das 18h30, a sessão “Eça na Ópera”, integrada no programa comemorativo dos 120 anos da morte do escritor português.

A sessão de amanhã será conduzida pela académica Ana Paula Dias e o médico e escritor Shee Vá, com a primeira a debruçar-se sobre a vertente literária e a música a ficar a cargo do segundo convidado.

“A Ópera (…) efectivamente aparece em quase todos os livros do Eça de Queiroz e há sempre referências aos serões musicais e a obras específicas. Eu vou falar mais da parte da literatura e o Dr. Shee Vá vai falar da ópera para, em conjunto, explicarmos que relações de intertextualidade que se estabelecem entre os livros e a ópera”, começou por dizer Ana Paula Dias ao HM.

O objectivo, conta a docente, passa por “tentar descodificar um pouco as relações de sentido que se estabelecem entre os dois tipos de texto, o literário e o musical”. Para isso acontecer, serão citadas várias passagens da obra de Eça onde são feitas referências às óperas, sendo depois exibidos alguns excertos das peças em vídeo.

Como exemplo, Ana Paula Dias faz referência à obra “As Farpas”, onde o autor se dirige por diversas ocasiões ao panorama musical português e à falta de formação na área.

“Na fase inicial de ‘As Farpas’, o Eça aponta por diversas vezes como o panorama musical português é bastante pobre e faz várias referências a isso. Na altura, o teatro de São Carlos era o teatro da grande ópera e depois havia os teatros populares e ele critica muito o facto de não existir uma escola de canto, de formação musical em Portugal”, explica Ana Dias.

No centro do palco

Contudo o principal foco da sessão de amanhã será analisar a presença da ópera no romance “O Primo Basílio”, que possui uma ligação indissociável com várias peças musicais, incluindo as suas próprias caricaturas sociais patentes em personagens-tipo.

“Curiosamente, ’O Primo Basílio’ é um romance construído, ele próprio, a par com as intrigas existentes nas óperas. Ou seja, tem personagens que são uma espécie de personagem-tipo da ópera, como o sedutor, o vilão sedutor, a dama romântica ou o marido enganado. As diversas fases da história vão sendo acompanhadas com o enredo das óperas”, vincou a professora.

Sobre o modo de funcionamento da sessão, Ana Paula Dias explica que será “em função da reacção do público”, mas deverá passar por intercalar a leitura dos textos feitas por si, com a apresentação das óperas em vídeo, parte que ficará a cargo de Shee Vá.

A sessão “Eça na Ópera” é a segunda do programa comemorativo dos 120 anos da morte de Eça de Queiroz, uma organização conjunta da Fundação Rui Cunha, Associação dos Amigos do Livro em Macau e o IPOR.

A fechar o programa, no dia 1 de Setembro, também na Fundação Rui Cunha, o mote é a internacionalização, tradução e adaptação da obra do escritor, com a exibição do filme mexicano “O Crime do Padre Amaro”, do realizador Carlos Carrera, com Gael Garcia Bernal, Ana Claudia Talacon e Sancho Garcia.

19 Ago 2020

Cinemateca | Grupo de cineastas entrega petição dirigida a Ao leong U

Praticamente dois meses depois do mar de dúvidas, gerado pelo anúncio da nova gestora da Cinemateca Paixão, o grupo de cineastas locais “Macau Cinematheque Matters” entregou ontem uma petição à secretária para os Assuntos Sociais e Cultura. O objectivo é pressionar o IC e a empresa a dar respostas sobre a gestão do espaço. Junto da petição seguiram ainda 158 cartas de apoio de cidadãos

 

[dropcap]D[/dropcap]epois de quase dois meses remetido ao silêncio, o grupo de cineastas locais “Macau Cinematheque Matters” entregou ontem uma petição ao Governo, com o objectivo de pressionar o Instituto Cultural (IC) a revelar mais informações acerca da nova gestora da Cinemateca Paixão, a Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada.

Junto da petição dirigida à secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Leong U, seguiram também 158 cartas de apoio, incluindo 98 conteúdos escritos e 60 ilustrações de cidadãos locais, artistas e cineastas da China, Portugal, Hong Kong, Taiwan e Malásia. Além de experiências passadas nos últimos três anos na Cinemateca Paixão, nas cartas estão também patentes preocupações relativas à recente controvérsia gerada pela nova gestão. Recorde-se que esta é a segunda petição entregue pelo grupo, depois de no dia 22 de Junho ter endereçado um primeiro apelo ao IC, que recolheu mais de 300 assinaturas de profissionais do sector.

“A primeira petição uniu sobretudo cineastas locais, e constitui uma opinião profissional junto do Governo. Mas não havendo respostas concretas, quisemos dar aos cidadãos e ao público a oportunidade de expressarem as suas opiniões. Por isso, esta segunda petição pretende dar voz, sobretudo, a todos os cidadãos de Macau e também de artistas e cineastas malaios, portugueses, Tawain, Hong Kong”, disse ao HM o realizador Reade Iao, após entrega do documento.

Outro realizador presente na entrega da petição, Vincent Hoi sublinhou que todos os que enviaram cartas ao grupo “sentem sobretudo uma enorme pena”, pelo facto de Macau ter perdido “um centro cultural e artístico muito importante”. “A maioria dos cidadãos e do público não confia na nova gestão da Cinemateca Paixão e querem que a CUT [gestora dos últimos três anos] continue o trabalho que estava a fazer”, acrescentou.

Transparência, procura-se

No documento entregue ontem, o grupo volta a insistir na falta de informação relativamente à experiência, trabalho realizado na área do cinema e detalhes acerca do programa para os próximos três anos, que estará a cargo da In. Além disso, frisando que a Cinemateca Paixão se tornou “numa importante plataforma cultural para os artistas de Macau”, o grupo pede que o IC “comunique de forma mais transparente e inclusiva com o público”, com o objectivo de permitir que “todos os cidadãos participem no desenvolvimento cultural de Macau”.

Na petição é ainda pedido que Ao Leong U, juntamente com o IC, possam reavaliar o concurso público que deu a vitória à In, sob o argumento de que “os serviços prestados por instituições culturais não devem seguir os cadernos de encargos tradicionais”, que dão primazia à contenção de custos em vez da experiência passada.

“Queremos que a secretária dê seguimento ao funcionamento da nova empresa e exerça a sua responsabilidade para que a In se coordene com o IC para nos dar algum tipo de respostas e materializar este problema”, vincou Vincent Hoi.

Recorde-se que a Cinemateca Paixão volta a abrir portas no próximo dia 1 de Setembro sob a batuta da In, apesar de a programação prevista após a conclusão das obras de restauro de que está a ser alvo, continuar a ser desconhecida. Desde o dia 16 de Julho que o HM tem procurado contactar, sem sucesso, a nova gestora.

18 Ago 2020

Matadouro | Deputados pedem transparência e renovação de processos

Perante os prejuízos acumulados de 21,6 milhões de patacas, a comissão para os assuntos das finanças púbicas pede ao Matadouro mais transparência e “novos métodos operacionais”. Quanto ao PIDDA, dada a constante escavação e repavimentação das vias públicas, é exigida “mais qualidade” nas obras

 

[dropcap]A[/dropcap] Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas da Assembleia Legislativa (AL) considera que, tendo em conta os prejuízos acumulados do Matadouro de Macau, exige-se que a empresa de capitais públicos seja mais transparente na divulgação de informações e que reveja o seu actual modo de funcionamento para “aumentar as receitas e diminuir as despesas”. Foi esta a principal conclusão do parecer assinado na passada sexta-feira pela comissão sobre a situação financeira do Matadouro, da Macau Renovação Urbana e do Centro de Ciência de Macau.

Aos jornalistas, Mak Soi Kun, deputado que preside à comissão, disse ainda que o Matadouro deveria acompanhar a evolução dos tempos, já que há cada vez menos interessados em trabalhar lá e a empresa falha em não ter presença online. “O Matadouro é a empresa que tem levantado maior preocupação à comissão, porque há cada vez menos pessoas interessadas em trabalhar lá. Por isso, alertámos o Governo para rever o modelo de funcionamento da empresa para que possa acompanhar a evolução dos tempos.

Neste momento não conseguimos aceder a qualquer informação na internet e é necessário rever e reformular o modelo de funcionamento desta empresa de capitais públicos que tem prejuízos”, explicou Mak Soi Kun.

O objectivo é que o público fique a par da situação real das operações, aumentando a transparência e possibilitando a fiscalização pública.

“O Matadouro (…) tem como objectivo a prestação de serviços relacionados com a vida da população, devendo, por isso, envidar esforços para aumentar a transparência, no sentido de possibilitar a fiscalização da sua actividade pelo público”, lê-se no relatório.

A comissão verificou ainda que o Matadouro “raramente divulga a situação financeira”, limitando-se a publicar, anualmente, no Boletim Oficial da RAEM, o relatório das contas do exercício.

Recorde-se que só em 2019, as despesas totais do Matadouro foram de 23,76 milhões de patacas, registando-se uma perda de 1,47 milhões de patacas. O prejuízo acumulado é de 21,66 milhões de patacas.

“Tendo em conta o envelhecimento do equipamento e com prejuízos acumulados durante o seu funcionamento ao longo dos anos, a comissão sugere que o matadouro reveja o seu actual modo de funcionamento, procurando entrar soluções para estes problemas com a maior brevidade possível”, sublinhou Mak Soi Kun.

Aumentar a qualidade

No outro parecer assinado na sexta-feira, onde consta a análise financeira ao Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA), Mak Soi Kun considera que a qualidade das obras de repavimentação e escavação das vias públicas deve melhorar, para reduzir o número de intervenções ao longo dos anos e melhorar a vida da população.

Quanto aos projectos com baixa ou nenhuma taxa de execução orçamental, a comissão “pede que o Governo utilize adequadamente o erário publico” e reduza as situações de subaproveitamento do orçamento que “afectam negativamente a execução da política governativa, especialmente na actual situação de défice orçamental”.

18 Ago 2020

PJ | Lei da contratação “secreta” pronta para ser votada

[dropcap]F[/dropcap]icou concluída na passada sexta-feira a proposta de alteração de Lei da Polícia Judiciária (PJ). O diploma prevê que trabalhadores efectivos da PJ fiquem isentos de nomeação publicada em Boletim Oficial (BO), para os casos em que há razões de segurança do pessoal ou de necessidade de desempenho de funções especiais.

No parecer assinado pelos deputados consta que o regime de dispensa de publicação de actos, “mereceu especial atenção”. À Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, o Governo esclareceu que o objectivo é “proteger (…) a segurança pessoal dos trabalhadores que se encontram a desempenhar funções secretas”, no âmbito da defesa da segurança do Estado, luta contra o terrorismo, combate ao crime organizado e relacionado com estupefacientes. Os casos terão de abranger “a gestão de informadores, seguimento de alvos, agentes infiltrados e análise especializada”.

Outro ponto que levantou dúvidas à comissão foi a “interconexão de dados”, já que a lei prevê o acesso à informação contida nos ficheiros da administração, entidades públicas autónomas e concessionárias.

Perante as dúvidas dos deputados se isso “significaria a possibilidade de acesso directo a dados de outros departamentos” e se os dados estariam devidamente protegidos, o Governo esclareceu que o acesso terá de respeitar a Lei de Protecção de Dados Pessoais.

“Quando a PJ lida com dados pessoais através da interconexão com outros serviços, se na legislação orgânica de ambas as partes houver a disposição relativa à interconexão, as duas necessitarão de notificar o GPDP da primeira interconexão de cada sistema”, pode ler-se no parecer.

Além disso, o registo de acesso da PJ acesso “será também gravado em tempo real”, em ambos os sistemas informáticos envolvidos.

Em nome da segurança

O objectivo da revisão da lei é dotar a PJ das ferramentas necessárias para “fazer face à tendente complexidade da segurança nacional”, de forma centralizada e uniformizada.

“A conjuntura da segurança nacional tende a agravar-se particularmente pelas ameaças não convencionais, que estão gradualmente a ganhar destaque. Exige-se que durante todo o processo (…) seja garantida confidencialidade e uma execução eficaz”, pode ler-se na apresentação do parecer. A lei está pronta para ser votada na especialidade pela Assembleia Legislativa.

18 Ago 2020

Covid-19 | Autoridades reforçam que a comida pode ser fonte de contágio

Depois de a OMS ter afirmado que a comida não é fonte de contágio, os Serviços de Saúde de Macau reforçaram que este é um meio de transmissão ao qual vai ser dada a máxima atenção, depois de terem sido encontradas asas de frango contaminadas. Os testes aos trabalhadores dos casinos devem terminar dentro de dias

 

[dropcap]A[/dropcap]pós terem sido encontradas carne contaminada com o novo tipo de coronavírus, nomeadamente asas de frango congeladas, importadas do Brasil para Shenzhen, os Serviços de Saúde (SS) reiteraram a continuidade de reforçar o número de análises feitas aos alimentos que entram em Macau. Isto, apesar de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter referido que as pessoas “não devem recear a comida ou as embalagens de comida” como fontes de contágio de covid-19. A garantia foi deixada na sexta-feira pela coordenadora do Núcleo de Prevenção e Vigilância da Doença, Leong Iek Hou.

“O IAM [Instituto para os Assuntos Municipais] tem feito testes às carnes importadas. Nós sabemos que, se os produtos estiverem infectados e contactarmos com eles, levando depois, por exemplo, as mãos aos olhos, podemos ser contaminados. Além disso, como esses produtos infectados podem também contaminar o local onde se encontram, caso as pessoas permaneçam nesse local e haja falta de circulação de ar, podem também contrair a doença. Por isso, neste momento, o Governo da RAEM dá grande importância aos produtos importados, nomeadamente aos congelados e refrigerados, aos quais continuaremos a fazer testes”, afirmou a responsável, por ocasião da conferência de actualização da covid-19.

A tomada de posição aconteceu um dia depois de o Governo anunciar a suspensão da importação de carne de frango proveniente do Brasil e após ter confirmado que em Macau existem produtos oriundos do mesmo fornecedor que vendeu as asas de frango contaminadas. Numa nota divulgada pelo IAM na quinta-feira, o organismo garantiu que a carne que que se encontra no território passou os testes de despistagem à covid-19.
Quanto aos argumentos da OMS, recorde-se que a principal responsável técnica no combate à covid-19, Maria van Kerkhove, esclareceu, segundo a agência Lusa, que a China “testou cerca de cem mil embalagens” de comida à procura do novo coronavírus, mas que só o encontrou em “menos de dez”.

Já Michael Ryan director executivo do programa de emergências sanitárias da OMS afirmou que “não há provas de que os alimentos ou a cadeia alimentar participem na transmissão deste vírus”. “As pessoas já estão suficientemente assustadas e com medo”, acrescentou.

A tempo e horas

Foi ainda anunciado que os testes de ácido nucleico que estão a ser feitos aos trabalhadores da linha da frente dos casinos devem terminar dentro de dias, depois de retomados na passada quinta-feira.

“Ontem [quinta-feira] começámos a enviar os trabalhadores dos casinos para fazer o teste de ácido nucleico e, mais ao menos, 2.300 trabalhadores que já o fizeram. Dentro de 10 dias vamos concluir o teste de ácido nucleico para todos os trabalhadores da linha da frente dos casinos. Todos os dias vamos fazer cerca de 3.000 testes”, esclareceu Leong Iek Hou.

Cumprindo-se a previsão, todos os trabalhadores dos casinos terão sido testados aquando do alargamento da emissão de vistos turísticos anunciado para toda a província de Guangdong a partir do dia 26 de Agosto.

17 Ago 2020

Matadouro | Deputados pedem transparência e renovação de processos

Perante os prejuízos acumulados de 21,6 milhões de patacas, a comissão para os assuntos das finanças púbicas pede ao Matadouro mais transparência e “novos métodos operacionais”. Quanto ao PIDDA, dada a constante escavação e repavimentação das vias públicas, é exigida “mais qualidade” nas obras

 

[dropcap]A[/dropcap] Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas da Assembleia Legislativa (AL) considera que, tendo em conta os prejuízos acumulados do Matadouro de Macau, exige-se que a empresa de capitais públicos seja mais transparente na divulgação de informações e que reveja o seu actual modo de funcionamento para “aumentar as receitas e diminuir as despesas”. Foi esta a principal conclusão do parecer assinado na passada sexta-feira pela comissão sobre a situação financeira do Matadouro, da Macau Renovação Urbana e do Centro de Ciência de Macau.

Aos jornalistas, Mak Soi Kun, deputado que preside à comissão, disse ainda que o Matadouro deveria acompanhar a evolução dos tempos, já que há cada vez menos interessados em trabalhar lá e a empresa falha em não ter presença online. “O Matadouro é a empresa que tem levantado maior preocupação à comissão, porque há cada vez menos pessoas interessadas em trabalhar lá. Por isso, alertámos o Governo para rever o modelo de funcionamento da empresa para que possa acompanhar a evolução dos tempos. Neste momento não conseguimos aceder a qualquer informação na internet e é necessário rever e reformular o modelo de funcionamento desta empresa de capitais públicos que tem prejuízos”, explicou Mak Soi Kun.

O objectivo é que o público fique a par da situação real das operações, aumentando a transparência e possibilitando a fiscalização pública.
“O Matadouro (…) tem como objectivo a prestação de serviços relacionados com a vida da população, devendo, por isso, envidar esforços para aumentar a transparência, no sentido de possibilitar a fiscalização da sua actividade pelo público”, lê-se no relatório.
A comissão verificou ainda que o Matadouro “raramente divulga a situação financeira”, limitando-se a publicar, anualmente, no Boletim Oficial da RAEM, o relatório das contas do exercício.

Recorde-se que só em 2019, as despesas totais do Matadouro foram de 23,76 milhões de patacas, registando-se uma perda de 1,47 milhões de patacas. O prejuízo acumulado é de 21,66 milhões de patacas.

“Tendo em conta o envelhecimento do equipamento e com prejuízos acumulados durante o seu funcionamento ao longo dos anos, a comissão sugere que o matadouro reveja o seu actual modo de funcionamento, procurando entrar soluções para estes problemas com a maior brevidade possível”, sublinhou Mak Soi Kun.

Aumentar a qualidade

No outro parecer assinado na sexta-feira, onde consta a análise financeira ao Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA), Mak Soi Kun considera que a qualidade das obras de repavimentação e escavação das vias públicas deve melhorar, para reduzir o número de intervenções ao longo dos anos e melhorar a vida da população.

Quanto aos projectos com baixa ou nenhuma taxa de execução orçamental, a comissão “pede que o Governo utilize adequadamente o erário publico” e reduza as situações de subaproveitamento do orçamento que “afectam negativamente a execução da política governativa, especialmente na actual situação de défice orçamental”.

17 Ago 2020

Música | Concrete/Lotus ao vivo no Club Legend

Dupla actua amanhã a partir da meia-noite no Club Legend, integrado no evento Toghether We Dance. As portas abrem às 22h30 ao som de Ryoma. Até às cinco da manhã outros três DJs juntam-se à dança. O ambiente pouco habitual prometer puxar por uma nova faceta dos Concrete/Lotus

 

[dropcap]H[/dropcap]abituados à sintonia com o ar livre que chega mais lá para o final da tarde, os Concrete/Lotus sobem amanhã a um palco pouco habitual, a partir da meia-noite. Sem a luz de uma tarde passada no jardim, mas com a intensidade do ambiente do Club Legend, a dupla composta pelo produtor, cantor e multi-instrumentista Kelsey Wilhelm e pela vocalista Joana de Freitas, diz estar preparada para enfrentar um desafio mais “pesado”, que permite, porém, dar aso a outras viagens a nível musical.

“É a primeira vez, ou talvez a segunda, que tocamos numa discoteca. É uma atmosfera muito diferente, que nos obrigou a adaptar ligeiramente o nosso set a um concerto, com um ambiente mais pesado digamos assim. Não é pesado no sentido de mudarmos o nosso estilo, vamos é aproveitar para mostrar músicas que temos e que, por vezes, não saem do estúdio porque são um pouco diferentes daquilo que fazemos normalmente”, disse ao HM Joana de Freitas.

A vocalista partilhou ainda que a actuação de amanhã no Club Legend vai permitir ao público contactar “um bocadinho com outro tipo de influências” dos Concrete/Lotus. “Tudo o que fazemos é original. Se tivéssemos de nos encaixar num género, não seria o normal, seria Trip Hop, que é como nos classificam normalmente (…) mas, na verdade, nunca sabemos bem dizer, porque somos influenciados por muitos estilos”, acrescentou.

Antes dos Concrete/Lotus entrarem em palco, quando as portas do Club Legend abrirem às 22h30 o som ficará a cargo do conhecido DJ Ryoma. Depois do concerto dos Concrete/Lotus, a música vai continuar até às cinco da manhã, ficando a cargo dos DJs, D-Hoo, Matteo C. e Furtas.
O evento é organizado pela Macau Dance Music Association e o custo de admissão é de 200 ou 250 patacas, consoante a entrada seja feita antes ou depois da meia-noite.

É bom estar de volta

Com mais ou menos luz, Joana de Freitas não tem dúvidas que, depois de tanto tempo em que a pandemia atirou Macau para um silêncio forçado, o que importa é estar de volta aos palcos, até porque em Agosto e Setembro, os Concrete/Lotus têm já agendados vários espectáculos.
“A nossa parte favorita de fazer música é mesmo tocar ao vivo. É uma adrenalina incrível e sentimo-nos completamente livres. Em Julho, já tivemos um pouco dessa experiência depois de tanto tempo parados (…) com os concertos das Casas-Museu da Taipa. Este mês tivemos já convites para mais dois ou três concertos lá”, partilhou a vocalista.

O primeiro desses espectáculos ao ar livre acontece já no domingo, ficando a promessa de mostrar “algumas músicas novas”.
“Como estivemos tanto tempo fechados sem poder mostrar nada, agora temos uma data de músicas novas. Antes faltava tempo para criar, mas agora ficou a faltar tocar para alguém, mostrar às pessoas aquilo que fazemos”, rematou.

14 Ago 2020

Cinemateca | Bilhetes à venda na segunda quinzena de Agosto

Numa resposta enviada ao HM, o Instituto Cultural garantiu que os bilhetes para os programas a serem exibidos a partir de Setembro vão ser postos à venda na segunda quinzena deste mês. A programação a cargo da nova gestora da Cinemateca, essa, continua no segredo dos deuses. O espaço está actualmente encerrado para obras de restauro

 

[dropcap]A[/dropcap] partir do dia 1 de Setembro a Cinemateca Paixão volta a abrir portas ao público, de cara lavada e sob a batuta de uma nova gestora, a Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada. No entanto, a programação prevista para a reabertura do espaço após a conclusão das obras de restauro de que está a ser alvo, continua a ser desconhecida.

Numa resposta enviada pelo Instituto Cultural (IC) ao HM, a única certeza que parece existir é de que a Cinemateca Paixão volta a abrir ao público a partir de Setembro e que os bilhetes para as exibições e actividades que irão ter lugar daí para a frente, começam a ser vendidos na segunda quinzena deste mês. Aos interessados é pedido que estejam atentos à divulgação online.

“A Cinemateca Paixão (…) vai concluir as obras de restauro e reabrir ao público a partir de Setembro, continuando a prestar serviços culturais públicos de qualidade aos residentes e divulgando ao público informações relativas a programas e actividades antes da sua realização, como habitualmente. Os bilhetes para os programas que irão ter lugar em Setembro serão colocados à venda na segunda quinzena do corrente mês, devendo o público estar atento à publicação de informações actualizadas no sítio web da Cinemateca”, pode ler-se na resposta do IC.

Quanto à data de início das operações da nova empresa está tudo dentro do previsto, já que, no caderno de encargos que definiu os critérios do concurso público lançado para encontrar a nova gestora da Cinemateca, a data estipulada para a prestação de serviços é de “1 de Setembro de 2020 a 31 de Julho de 2023”.

A 16 de Julho, o HM questionou, por escrito, a empresa In sobre a data estimada para a apresentação da nova programação da Cinemateca, bem como o andamento da construção da futura página oficial da In na internet. Adicionalmente, após várias tentativas falhadas de contacto telefónico com a empresa através da sua coordenadora, Kathy Wong, o HM confrontou o IC com a ausência de respostas da In. O IC voltou a remeter a responsabilidade para a nova gestora da Cinemateca.

“A construção do sítio web da empresa adjudicada constitui um acto comercial da mesma sugerindo-se, desta forma, que seja contactada a Sr.ª Wong, representante da empresa em questão”, pode ler-se na resposta do IC.
Recorde-se que, desde que foi anunciado que a In venceu o concurso de gestão da Cinemateca Paixão, têm vindo a ser levantadas muitas dúvidas acerca da experiência e trabalho feito pela empresa na área do cinema. Por ocasião de uma conferência de imprensa que aconteceu nas instalações da In a 24 de Junho, quando foram pedidos exemplos concretos de trabalhos realizados, Kathy Wong remeteu mais informações para a futura página oficial da In na internet.

Sector insiste

O grupo de cineastas locais “Macau Cinematheque Matters” vai entregar na próxima segunda-feira ao gabinete da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Leong U, o resultado da recolha de cartas de apoio onde são partilhadas, além de experiências dos últimos três anos, preocupações relativas à recente controvérsia gerada pela nova gestão.

A informação foi revelada ontem ao HM pela “Macau Cinematheque Matters”. Ao todo vão ser entregues à secretária 60 cartas, com imagens, ilustrações e conteúdos escritos.
Segundo o grupo, vários elementos têm também procurado contactar a empresa In nas últimas semanas, mas sem sucesso.

14 Ago 2020

EPM | Direcção garante que ataque informático apenas encriptou base de dados

O director da Escola Portuguesa de Macau confirmou que o ataque informático ao sistema NetGiae aconteceu no final de Abril e garantiu ao HM que “não há cópia, nem desvios de dados”. O ataque não foi comunicado aos pais, para “não preocupar as pessoas”, explicou Manuel Machado. Os moldes da implementação da história da China são ainda inconclusivos

 

[dropcap]O[/dropcap]director da Escola Portuguesa de Macau (EPM), Manuel Machado, garantiu ontem que o ataque cibernético que afectou o sistema de consulta e gestão de informação entre alunos, encarregados de educação e professores, NetGiae, não apagou, copiou ou desviou quaisquer dados. Em vez disso, garante o director, a informação continua no servidor da escola, mas está inacessível por ter sido encriptada.

“O nosso servidor foi alvo de um ataque cibernético (…) em finais de Abril. Este ataque foi feito a nível mundial e, portanto, atingiu imensos destinatários. No caso da EPM não apagou nem copiou dados. O que este ataque fez, foi encriptar os dados, impedindo o acesso aos mesmos. Portanto, os dados não andam a circular”, garantiu ao HM. “Não há cópia nem desvio de dados. Isso é muito importante. Os dados estão connosco, não podem é ser utilizados”, acrescentou.

Recorde-se que a informação consta de um documento enviado pela Associação de Pais da Escola Portuguesa (APEP) aos seus associados, à qual o HM teve acesso na terça-feira.

Na sequência do ataque, esclareceu Manuel Machado, foi enviado um email à Polícia Judiciária (PJ) a relatar o sucedido e contratada uma empresa de renome mundial para “tentar fazer a desencriptação de dados”. Contudo, por ainda não ter sido encontrada solução, o director da EPM admite que o sistema está a ser actualizado com os dados em falta, a tempo do início do próximo ano lectivo.

“No pior dos cenários, (…) temos os dados necessários dos alunos até Setembro de 2019 e estamos a fazer a actualização da informação que está em falta, caso não seja possível a desincriptação”, explicou.

Preocupações maiores

Questionado sobre a razão pela qual o ataque informático não foi dado a conhecer aos encarregados de educação, Manuel Machado argumenta que foi, sobretudo, para não preocupar os pais.

“Por um lado, pensámos que isto se resolvia mais depressa e, por outro, porque, quer a direcção da APEP, quer nós, infelizmente, não conseguimos resolver o problema. Por isso, não havia necessidade de estar a preocupar as pessoas”, sublinhou.

Contactado pelo HM, Filipe Regêncio Figueiredo, presidente da APEP, afirma que os encarregados de educação deviam ter sido informados e que, motivado pelo advento tecnológico, as instituições têm que saber como actuar neste tipo de situações.
“A escola devia ter informado de imediato os pais. Os ataques informáticos são coisas que acontecem e, por isso, as instituições têm de estar preparadas e saber como reagir. Além de comunicar às entidades competentes, que nos foi dito que aconteceu, não nos especificaram a quem o fizeram”, explicou.

Filipe Regêncio frisou ainda que, em virtude do sucedido, já podia ter havido consequências sem que os pais tivessem sabido do ataque. “Imaginemos que um pai ia com o filho a Hong Kong e o número [do BIR] já estava sinalizado (…) e o pai era barrado sem saber o que se passa”, partilhou o presidente da APEP. “Se calhar quem encriptou os dados também ficou com eles, não é?”, acrescentou.

Já sobre a implementação da disciplina de História da China no plano curricular do 10º ano já no próximo ano lectivo, Manuel Machado afirmou ao HM que esse é “um assunto que ainda está a ser discutido e sobre o qual não há nada de conclusivo”.
“Quando se diz que os currículos das novas disciplinas serão os mesmos à excepção da História da China ou que a sebenta será feita à semelhança das que existem para 2º e 3º ciclos, isso ainda não está 100 por cento definido”, esclareceu o director da EPM.

13 Ago 2020

Maria Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo: “Sentimos Portugal como uma família estendida”

O HM falou com a directora dos Serviços de Turismo, antes do anúncio do regresso dos vistos de turismo para entrar em Macau, e a responsável não tem dúvida de que o preço dos testes à covid-19 vai ser determinante para viajar e vê com bons olhos uma eventual retoma do voo directo entre Macau e Portugal. Quanto a nomes de ruas, defende que a maioria é pela coexistência do passado e presente das culturas chinesa e portuguesa

 

[dropcap]P[/dropcap]

erante tantas incertezas, como é vivido o dia-a-dia dos Serviços de Turismo?

Entrámos agora numa nova etapa, pois não há nada que possamos fazer para alterar a situação gerada pela pandemia. Mas já estamos a ter mais movimento e podemos ir avançando com mais trabalhos. Durante os últimos meses temos vivido tempos de grande incerteza porque, a cada dia, podem surgir situações completamente diferentes do dia anterior e, por isso, é preciso grande flexibilidade e capacidade de planeamento, apesar de muitos projectos acabarem por não se concretizar. Temos de estar física e mentalmente preparados para isso, porque há muitas frustrações, mas temos de ter sempre uma mentalidade muito aberta e capacidade para aceitar diferentes situações em momentos diferentes. Apesar disso, a nossa equipa tem alcançado alguma coisa nos últimos meses. Isto, depois do desafio de ajudar os Serviços de Saúde [SS] e outros departamentos a controlar a situação da pandemia. Ultrapassada esta etapa, o dia-a-dia já é mais suave, porque temos mais experiência, os SS têm mais informação sobre o vírus e a forma como, dentro de Macau, estamos a tentar evitar qualquer contágio também contribuiu para dar mais confiança às pessoas.

O foco da DST passa agora por reanimar a actividade económica?

Ninguém pensou que iríamos passar tantos meses sem turistas ou pessoas a entrar, pois todos os clientes são locais. Por isso, estamos a passar de uma altura em que estávamos dedicados a conter o vírus para outra, em que temos que reabrir a indústria e a actividade económica, algo que tem de ser feito passo a passo. Acho que estamos no bom caminho e, apesar de não termos muitos turistas, passámos de 200 ou 300 visitantes diários para mais de cinco mil. Há mais movimento nas fronteiras e dentro da cidade, mas ainda estamos longe da recuperação económica, porque isso não depende só de nós. Agora já não é a área do turismo a fazer planos sobre quais os mercados com mais potencial. É a área da saúde que diz quais os mercados sobre os quais podemos trabalhar. Daqui para a frente vamos ainda ter grandes desafios, porque o mundo do turismo vai ser completamente diferente.

Muito se tem falado em diversificação económica. Que solicitações recebeu a DST nesse sentido?

A diversificação da economia vai ser um trabalho conjunto e nós fazemos parte disso, assim como o Instituto Cultural [IC] e o Instituto do Desporto [ID] que estão também a fazer muitos planos. Vamos trabalhar também mais estritamente com o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento [IPIM] na área das convenções e exposições e com a Direcção dos Serviços de Economia [DSE] para desenvolver as lojas com características tradicionais de Macau, porque também podem ser atracções. Também a área da saúde, ao nível do bem-estar como está a acontecer em Hengqin como o projecto NovoTown, pode ser uma maneira de atrair pessoas. Daqui para a frente, além de dizer que Macau é uma cidade com grandes atracções turísticas, também temos de mostrar aos potenciais clientes que temos um bom histórico na contenção da pandemia, de forma a transmitir confiança para as pessoas voltarem a visitar Macau. Este vai ser um ponto muito importante até ao fim do ano e provavelmente em 2021.

Foram anunciados cortes de mais de 30 por cento no orçamento da DST para 2020. Prevê que ainda possam existir mais ajustes?

O nosso orçamento foi cortado, mas isso não quer dizer que o Governo deixou de investir. O Governo está a subsidiar directamente outras indústrias com muitos milhões, mas, na área do turismo, está a apoiar de forma indirecta através da campanha “Vamos! Macau!”, que inclui as excursões locais, e a plataforma de descontos [Macau Ready Go] que lançámos. Isto permite ajudar os que trabalham no turismo e, através do movimento dos residentes locais, ajudar outras áreas a recuperar. Não vai ser uma recuperação completa, porque o total de residentes é ainda muito menor que o número de visitantes que costumamos ter anualmente, mas, pelo menos, há movimento a recomeçar. Utilizamos também estas excursões para descobrir novas atracções de Macau, ou melhor dizendo, atracções que já existiam, mas que nunca foram utilizadas na área do turismo. Acho que as excursões que estão a ter maior adesão podem ser transformadas em produtos comerciais no futuro para os visitantes.

Admite que as excursões locais possam ser prolongadas?

A ideia inicial é que o programa dure até 30 de Setembro. Não estamos a pensar estender porque o objectivo passa pela reabertura do turismo à China. De facto, as excursões locais têm tido uma grande adesão, quase 110 mil pessoas já se inscreveram, mas, mesmo assim, é uma fracção do turismo que normalmente recebemos. Não vamos agora, de um dia para o outro, recomeçar o turismo e fazer com que tudo seja igual ao que era antes da pandemia, porque há muitos factores em jogo e o mercado tem de reabrir passo a passo. A longo prazo temos de reabrir o turismo para ajudar a indústria. As excursões locais estão de facto a ajudar muito, mas não podemos ter toda a gente de Macau, todos os dias, a viajar dentro de Macau. Toda a indústria está à espera da reabertura total do turismo. Neste momento não [ponderamos prolongar], mas é muito difícil dizer com toda certeza. Espero que não haja necessidade de prolongar as excursões locais porque seria mau sinal. Se temos de continuar, quer dizer que não há hipótese de abrir o mercado turístico, não é? Por isso, acho que temos de continuar a trabalhar para a reabertura total do turismo. Para já, o nosso trabalho vai focar-se nas províncias que têm mais facilidade de viajar para Macau, quer por via aérea ou de comboio, ou seja, a província de Fujian e Hunan. Mas também isso só vai ser possível, passo a passo, não vai ser amanhã.

Há residentes estrangeiros que se sentem esquecidos no alargamento de isenções para Guangdong. Esta situação pode ser alterada em breve?

Neste momento, é muito difícil de dizer porque, na China, quando fazem uma isenção [nas fronteiras] não é só para quem vive em Macau, mas para o país inteiro. Vai ser uma consideração bastante complicada, porque não podem apenas dizer: “os estrangeiros que estão em Macau podem viajar para a China, mas os outros estrangeiros não”. Isto seria até uma discriminação de alguns estrangeiros em relação a outros, de regiões diferentes.

Se a pandemia se prolongar por muito mais tempo, a DST planeia investir no turismo internacional mais cedo que o previsto?

Estamos sempre a investir no mercado internacional, mas este ano temos de ser objectivos nos nossos planos. Agendámos reuniões online com representantes dos EUA, Europa, Austrália e outras partes da Ásia. Nessas reuniões, recolhemos informações sobre as novas considerações dos diferentes mercados. Um exemplo muito simples: mesmo abrindo para diferentes mercados, uma grande condicionante vai ser o teste de ácido nucleico. Durante algum tempo, este vai ser, para além do passaporte, uma necessidade para viajar. No entanto, mesmo que em Macau não seja assim tão caro (120 patacas) e na China seja ainda menos (75 renminbis), em diferentes partes do mundo o custo é bastante elevado. Falámos com o nosso representante na Indonésia e na Coreia do Sul e disseram-nos que nestes países o teste custa cerca de 150 dólares americanos. Por isso, o custo dos testes vai influenciar em grande medida a vontade de viajar. Se contabilizarmos 150 dólares americanos por pessoa, uma família de quatro pessoas já vai ter de gastar 600 dólares só para os testes, ainda sem contar com os custos das viagens e alojamento. Não podemos pensar apenas que a pandemia já passou e vai ser tudo igual ao que era. Não vai ser assim, temos de ter todos estes novos factores em consideração e ver quais as regiões com maior potencial, tendo em conta estas condicionantes.

Esses alvos já estão identificados?

É bastante difícil. Mesmo que as pessoas de Hong Kong queiram viajar para Macau agora, eles têm de gastar mais de 1.000 dólares de Hong Kong. Apesar de ser um mercado muito atraente pelo preço da viagem, a partir de agora vão pensar três vezes antes de decidir onde vão viajar, porque os custos não vão ser os mesmos.

Macau esteve perto de abrir as fronteiras com Hong Kong?

Tivemos grandes esperanças no final de Junho que isso pudesse acontecer, até porque Hong Kong não tinha novos casos há muitos dias, mas infelizmente, a situação piorou de repente. Em Macau, ainda bem que temos a possibilidade de abrir as portas ao Interior da China. Hong Kong está a passar por uma fase muito difícil. Fui ver o número de entradas de visitantes em Julho e Macau recebeu 22 mil pessoas. Depois fui ver o número de visitantes para Hong Kong na mesma altura e fiquei chocada, porque tivemos mais pessoas a visitar Macau do que Hong Kong, que apenas recebeu 15 mil. Isto é impensável. Desde que entrei na DST nunca tinha visto esta situação. Se achamos que a situação em Macau é difícil, a situação de Hong Kong é ainda pior em termos de turismo.

A dependência que Macau tem do aeroporto de Hong Kong para aceder a outros mercados ficou à vista devido à pandemia?

Gostava muito que o aeroporto tivesse mais capacidade de receber voos de médio e longo curso, mas isto não depende só da nossa vontade, porque existem considerações comerciais. De facto, Macau tem esta dificuldade porque temos uma população bastante pequena e, para sustentar um voo de longo curso, este não pode depender apenas dos habitantes. No futuro, temos que pensar de que forma podemos trabalhar em conjunto com a Grande Baía para que essas pessoas venham a Macau e utilizem o nosso aeroporto para atrair voos directos de outras partes do Mundo, pois só com a população de Macau é muito difícil.

A hipótese de estabelecer um voo directo para Portugal pode ser equacionada no futuro?

Portugal é um país com o qual partilhamos sempre grandes emoções e, apesar de estar distante, estamos próximos quando falamos do coração. Além disso, temos muitos estudantes lá e muitos portugueses a trabalhar aqui, por isso, sentimos Portugal como se fosse uma família estendida. Em relação ao voo, comercialmente não é fácil, mas se fosse possível era muito bom para Macau.

Preservar o patrimómio cultural de Macau vai continuar a ser uma das prioridades da DST?

Sem dúvida nenhuma. O centro histórico de Macau é património mundial e é preciso protegê-lo. Além disso, porque há sempre aspectos positivos mesmo em contextos difíceis, acho que temos de ter sempre uma mentalidade optimista. Por causa disso, mesmo nas excursões locais, há boas ideias que podem ser aproveitadas. É necessário ter imaginação e abertura, mas o património é, e vai continuar a ser sempre, uma parte muito importante das nossas operações turísticas. Além do património físico, o património intangível também é importante, como o patuá e a ópera chinesa. Daqui falo, não só do património Ocidental, mas também a mistura que se vive dentro de Macau.

Nesse sentido, como classifica as palavras do vogal do Conselho Consultivo do IAM Chan Pou Sam que defendeu recentemente a alteração dos nomes das ruas para apagar os vestígios do passado colonial? Este tipo de pensamento pode ser prejudicial para o turismo?

Os visitantes da China querem vir a Macau porque Macau é diferente das outras províncias do Interior. Esta diferença existe porque temos uma grande tradição e uma longa história de convivência com diferentes culturas. Este é um aspecto que temos de continuar a defender. Em 2020 celebramos os 15 anos da entrada do centro histórico de Macau na lista do Património Mundial e esta possibilidade existe por causa da nossa mistura de culturas. Quando nos candidatámos a “Cidade Criativa de Gastronomia”, também conseguimos convencer a UNESCO que merecíamos ser incluídos na lista, devido ao resultado da convivência entre as diferentes culturas. Temos sempre que defender a coexistência das diferentes culturas. Claro que há quem tenha ideias diferentes, mas acho que a maioria das pessoas de Macau dá muito valor à coexistência das culturas Ocidental e Oriental, sobretudo da cultura chinesa e portuguesa.

Dado o contexto, o podemos esperar da edição deste ano do Festival Internacional de Cinema de Macau?

O festival vai acontecer, mas o grande problema é que as pessoas não podem vir cá. Uma parte será virtual e outra presencial, onde, mesmo assim, teremos de reduzir o número de pessoas na assistência por causa das novas restrições de saúde. O Mike [Goodridge] e a equipa de programação já contactaram responsáveis por vários filmes que queremos exibir e estamos no bom caminho. Infelizmente, ainda não sabemos se vamos ter filmes locais, pois tem sido um ano muito difícil para todas as produções a nível mundial, mas temos esperança que venha a acontecer. Estamos a trabalhar num evento híbrido, em que o público poderá ver uma parte nos cinemas e outra, talvez até de forma mais confortável, em casa. Ainda persistem muitas incertezas, mas confiamos que vamos conseguir fazer um festival, apesar de diferente, com bons filmes e qualidade para mostrar à audiência local.

De que forma o orçamento do IFFAM vai ser afectado este ano?

O orçamento não vai ser igual ao dos anos anteriores, mas ainda não conseguimos dizer porque vamos lançar concursos em breve, tendo em conta diferentes modelos. Estamos a estudar, em termos de online o que é preciso fazer e investir num sistema de Geoblock, ou seja restringir o visionamento dos filmes em algumas partes do mundo. Estamos também a analisar as obras que podem ser exibidas online e por isso essa triagem está a ser feita para decidir quais os filmes que vão ser exibidas em sala e as que vão ser transmitidas online. Mesmo online vai existir uma limitação em termos dos “lugares” que podem ser vendidos.

Que participação a Cinemateca vai ter no festival deste ano?

A utilização da Cinemateca durante o festival já foi aceite pelo IC. Estamos a falar de assistências muito reduzidas porque, infelizmente, dos 70 lugares disponíveis só poderão ser vendidos cerca de 30. Vai ser difícil para quem quer ver os filmes, mas continuamos a achar que a Cinemateca é um bom local. No futuro, estamos a planear uma sala de exibição de filmes dentro do novo museu do Grande Prémio. No entanto, não vai estar pronta este ano.

Como tem sido a relação com a nova gestão da Cinemateca, que tem levantado tanta polémica?

Acredito que não haja grandes dificuldades, mas, até lá, não posso dizer com certeza porque ainda não fizemos qualquer reunião técnica. Para já, as discussões têm sido apenas entre a DST e o IC e ainda não entrámos em pormenores com a companhia que está a gerir o espaço. Acho que isto vai acontecer apenas quando tivermos mais informações sobre os filmes que vamos passar. Até lá, julgo que não deve haver grandes transtornos. Conseguimos sempre arranjar uma solução e penso que desta vez vai acontecer o mesmo.

13 Ago 2020

Fronteiras | Vistos turísticos entre Zhuhai e Macau a partir de amanhã

A partir de amanhã é retomada a emissão de vistos de turismo, individuais e de grupo, para quem vem de Zhuhai. Também a partir de amanhã os residentes de Macau podem viajar para toda a China sem necessidade de quarentena. Quem não tem passaporte chinês continua de fora. Basta haver um caso para as restrições voltarem, assegura Lei Chin Ion

 

[dropcap]P[/dropcap]ode muito bem ser o primeiro sinal de retorno a alguma normalidade fronteiriça e até de reactivação económica de maior escala em Macau. O Governo anunciou que a partir de amanhã será retomada a emissão de vistos de turismo para os residentes de Zhuhai que pretendem entrar em Macau, tanto individuais, como de grupo. Obtendo o visto, os visitantes passam a estar isentos de quarentena à entrada em Macau, tendo apenas de apresentar um teste de ácido nucleico negativo e fazer prova que, nos 14 dias anteriores não estiveram em Hong Kong, Taiwan ou no estrangeiro. A medida foi avançada ontem pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Leong U.

“A partir do dia 12 de Agosto os vistos de turismo individuais e de grupo vão voltar a ser emitidos para a cidade de Zhuhai e (…) para os cidadãos de Zhuhai virem a Macau”, sublinhou a secretária, por ocasião da conferência de actualização do novo tipo de coronavírus.

Questionada sobre a razão pelo qual a nova medida se restringe a Zhuhai e não inclui a recentemente “aberta” província de Guangdong, Ao Leong U argumentou que este é um processo que tem de ser feito gradualmente e de acordo com a evolução da epidemia, antes de serem dados novos passos.

“Temos de observar se as medidas tomadas são ou não suficientes, para depois comunicarmos ao Governo Central as nossas intenções de retomar a emissão de vistos a partir de outras regiões”, começou por responder Ao Leong U. “Pode existir um ressurgimento da epidemia. Temos de observar a situação, garantindo que tudo é seguro para passarmos à próxima etapa”, acrescentou.

Por fim, a China

Na conferência de ontem, Ao Leong U anunciou ainda que a partir de amanhã os residentes de Macau com passaporte chinês ou salvo conduto podem viajar para toda a China sem necessidade de fazer quarentena. As condições para viajar além de Guangdong mantêm-se iguais às anteriormente definidas para circular na província, com a agravante de ser aconselhada a obtenção do relatório do teste de ácido nucleico em suporte físico, ou seja, em papel.

“A partir do dia 12 de Agosto, os residentes de Macau que entram no interior da China, com um historial de viagem sem passagens no estrangeiro nos últimos 14 dias e um código de saúde que confirme o resultado negativo ao teste de ácido nucleico, válido nos últimos sete dias, passam a estar isentos de observação médica de 14 dias. Se os cidadãos quiserem sair além de Guangdong devem pedir o suporte em papel do teste de ácido nucleico porque não é fácil estabelecer o reconhecimento mútuo do código de saúde com outras cidades da China”, explicou a secretária.

Excluídos das isenções de quarentena continuam os residentes estrangeiros, dando assim continuidade à medida restritiva implementada por Pequim desde Março. “A China ainda não admite a entrada de estrangeiros, isto é só para residentes de Macau titulares de passaporte da China ou de outros documentos de identificação emitidos pela China”, esclareceu a secretária.

Ao Leong U avisou ainda que as medidas nas fronteiras podem voltar para trás caso se verifique um “agravamento da situação epidémica”. O Director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, corroborou o cenário, vincando que basta existir um novo caso em Macau para as restrições voltarem. “É simples! Basta aparecer um caso em Macau. Não estou a falar de casos importados, mas se aparecer um caso confirmado de transmissão local, serão reforçadas novamente as medidas. Se forem registados mais de 10 caso locais, Macau passa a ser considerada uma zona de alto risco. Até lá, é uma zona de médio risco, mas também temos medidas para essa situação”, garantiu Lei Chin Ion.

11 Ago 2020

Rodolfo Ávila conquista nove pódios em Zhouzhou

[dropcap]A[/dropcap]o todo, foram nove os pódios conquistados pelo piloto de Macau, Rodolfo Ávila, durante o fim de semana, no Circuito Internacional de Zhuzhou. Cinco no Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC) e outros quatro na prova que assinalou o arranque da temporada do campeonato TCR China.
Num “super evento” de seis dias a contar para o CTCC, e que equivaleu a metade da temporada, em oito corridas, Rodolfo Ávila conquistou três segundas posições e dois terceiros lugares. O rescaldo do fim de semana não foi ainda mais brilhante, devido a uma falha mecânica no VW Lamando conduzido pelo piloto de Macau, registada quando liderava confortavelmente a última corrida da prova, obrigando-o a desistir.
“Foi talvez a semana mais dura da minha carreira, pois nunca tinha realizado tantas corridas num tão curto espaço de tempo. Ainda assim, estamos todos muito contentes pelo regresso das corridas depois de uma paragem tão longa devido a razões que são alheias ao automobilismo”, afirmou Ávila em comunicado. “A minha equipa fez um bom trabalho e evoluímos em termos de performance ao longo da semana. Gostava de ter saído daqui com uma vitória, mas tal não foi possível. Ainda faltam disputar outras oito corridas até ao final do ano, portanto ainda muito pode acontecer”.
Com estes resultados, o piloto de Macau ocupa agora o quarto lugar na classificação de pilotos, estando a 333 Racing à frente na classificação de equipas. O CTCC regressa em Setembro para uma jornada de duas corridas no Circuito Internacional de Xangai, no fim-de-semana de 12 e 13 de Setembro.

Vira o disco

Também no Circuito Internacional de Zhuzhou, Rodolfo Ávila deu início à sua temporada de 2020 do campeonato TCR China com quatro subidas ao pódio, conquistando uma segunda posição e três terceiras posições ao volante do MG6 da MG Xpower Team.
“Dadas as circunstâncias, o resultado global do fim-de-semana acaba por ser muito positivo. Não havia muito mais que pudesse fazer. O nosso carro não está ainda ao nível da concorrência e vamos ter que trabalhar para encurtar esta diferença nas próximas provas. Todavia, estes resultados são como um prémio para todos os membros da equipa que fizeram um enorme esforço para que conseguíssemos estar aqui na máxima força”, disse o piloto de Macau.
Os concorrentes do campeonato TCR China regressam ao activo no fim-de-semana de 12 e 13 de Setembro, também no Circuito Internacional de Xangai.

10 Ago 2020

Metro Ligeiro | Ella Lei quer aposta na formação de técnicos locais

Deputada quer a que sociedade gestora do Metro Ligeiro crie equipas técnicas locais para que Macau se torne independente ao nível da operação, gestão e manutenção e que assegure o trabalho dos residentes. Uma carruagem vazia avariou na sexta-feira entre as estações do Estádio e Pai Kok, afectando 100 passageiros que viajavam noutra unidade

 

[dropcap]E[/dropcap]lla Lei quer que a sociedade responsável pela gestão do Metro Ligeiro de Macau dê prioridade à formação de técnicos locais, com o objectivo de garantir a independência e estabilidade da prestação de serviços ao longo do tempo, e oferecer mais oportunidades para os trabalhadores do território.
Argumentando que o Metro Ligeiro é o primeiro projecto de transporte ferroviário de Macau e que a MTR (Macau) “ainda não tem responsabilidades na área da operação, gestão e manutenção”, pois depende do apoio da empresa de metro de Hong Kong, Ella Lei considera que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) deve exigir que a empresa invista na formação de trabalhadores locais.

“Mesmo que seja necessário introduzir trabalhadores estrangeiros no início da exploração, devem ser criadas condições para garantir que os locais tenham prioridade no acesso ao emprego, proporcionando mais oportunidades de mobilidade horizontal e vertical”, pode ler-se numa interpelação divulgada no sábado.

Por escrito, e sublinhando que os trabalhadores não residentes (TNR) podem optar por sair do território ou ser impedidos de ficar, em qualquer momento devido às políticas de emprego, a deputada quer saber quantos TNR foram contratados pela MTR de Hong Kong e Macau para dar resposta às exigências da operação e quais são as suas categorias de trabalho.
Quanto à aposta na formação, Ella Lei pediu esclarecimentos em relação às intenções da MTR (Macau) para os próximos anos.

“O que está a ser feito pelo Governo e pela MTR (Macau) relativamente à formação de técnicos especializados em falta, nos sectores da operação e manutenção do Metro Ligeiro? Quais as metas para a formação e inclusão de pessoal local?”, questionou Ella Lei.

Acidente fantasma

Uma carruagem do Metro Ligeiro avariou na passada sexta-feira, por volta das 21h, deixando o comboio parado entre as estações do Estádio e Pai Kok. Não havia qualquer passageiro a bordo da composição.
O incidente foi confirmado no dia seguinte através de uma nota divulgada pela Sociedade de Metro Ligeiro de Macau, dando conta que cerca de uma centena de passageiros que viajavam no comboio seguinte foram afectados.

“Por volta das 21h11 do dia 7, devido a avaria, uma unidade de composições da Estação do Estádio para a Estação de Pai Kok ficou parada. Tendo em conta a reactivação sem sucesso, a mesma unidade permaneceu na Estação do Cotai Oeste, pelo que cerca de 100 passageiros na unidade seguinte necessitaram de viajar noutra [carruagem]”, pode ler-se no comunicado.

Segundo a MTR, após a avaria, “foi implementada temporariamente a circulação de dois sentidos num carril único entre as Estações do Oceano e do Posto Fronteiriço de Lótus, com frequência de 18 a 24 minutos”.
As causas da avaria estão ainda por apurar, estando a ser feita uma “inspecção detalhada” à carruagem em causa.

10 Ago 2020

Fronteiras | Vagas diárias de testes à covid-19 sobem para 23 mil

[dropcap]F[/dropcap]oi alargado de 16.000 para 23.000 o número de vagas diárias para realizar testes de ácido nucleico, obrigatórios para quem quer cruzar as fronteiras rumo a Guangdong. O anúncio foi feito na sexta-feira por Alvis Lo Iek Long, médico adjunto do Centro Hospitalar Conde de São Januário, por ocasião da conferência de imprensa de actualização do novo tipo de coronavírus.
Apontando que 23 mil exames representam uma capacidade para testar diariamente 3,4 por cento da população total de Macau, o responsável apontou que o acréscimo foi possível “através do aumento de equipamentos, reagentes e formação ao pessoal competente pela recolha de amostras”.
Alvis Lo referiu ainda que em Macau já foram testadas voluntariamente, e de forma gratuita, 300 mil pessoas, lembrando que o 1º teste de ácido nucleico é gratuito, tanto para residentes de Macau, como para trabalhadores não residentes. Depois disso, a realização do teste à covid-19 está sujeita a uma taxa que, a partir de quarta-feira, será reduzida de 180 para 120 patacas.
Recorde-se que para usufruir da isenção de quarentena à entrada de Guangdong, é obrigatório apresentar, na fronteira, o código de saúde e um resultado negativo ao teste de ácido nucleico efectuado nos últimos sete dias.

10 Ago 2020

Jho Low | Polícia da Malásia acusa Macau de falta de cooperação

Apesar do desmentido de Wong Sio Chak na semana passada, o Inspector-Geral da polícia da Malásia voltou a insistir que o fugitivo acusado de crimes financeiros, Jho Low, está escondido em Macau a conduzir os seus negócios livremente. As autoridades malaias pediram ainda que a polícia de Macau actue com responsabilidade

 

[dropcap]O[/dropcap] Inspector-Geral da polícia da Malásia, Abdul Hamid Bador, voltou ontem a insistir que Jho Low, empresário acusado de estar envolvido num esquema que desviou 4,5 mil milhões de dólares norte-americanos do Estado malaio, está escondido em Macau. A insistência chega praticamente uma semana depois de o secretário para a segurança Wong Sio Chak ter desmentido a presença de Low no território.

De acordo com declarações do Inspector-Geral da polícia da Malásia à agência France-Presse (AFP), citadas pelo Malay Mail, Jho Low “está praticamente a conduzir de forma livre os seus negócios a partir de Macau”, deixando um novo apelo: “Queremos que as autoridades locais e a polícia de Macau ajam com responsabilidade. Será que as autoridades de Macau não têm o instinto policial para nos ajudar?”.

Garantindo que as autoridades malaias “não vão descansar enquanto não for feita justiça”, Abdul Hamid Bador acusou ainda as autoridades de Macau de “falta de cooperação”.

Recorde-se que a recente tomada de posição do Governo de Macau vem no seguimento do Inspector-Geral da polícia da Malásia ter afirmado que Jho Low fez transacções durante a sua permanência em Macau e que os seus familiares estão a circular livremente em Hong Kong. Na resposta, Wong Sio Chak desmentiu as ocorrências, lembrando que já em 2018, o Governo de Macau esclareceu que o bilionário não se encontrava em Macau, após ter sido emitido um mandato internacional para a sua captura. “A Polícia da Malásia, contrariando as regras e as práticas no âmbito de cooperação policial internacional, divulgou unilateralmente que Lao XX [Jho Low] se encontra em Macau, informação que não corresponde à verdade”, segundo um comunicado do gabinete do secretário para a Segurança.

“Em 2018, o sub-gabinete de Macau da Polícia Judiciária do Gabinete Central Nacional Chinês da Interpol recebeu um pedido das autoridades da Malásia, tendo dado resposta clara de que o referido indivíduo não se encontrava em Macau”, pode ler-se na mesma nota divulgada na semana passada.

Crime maior

Jho Low, cujo nome real Low Taek Jho está em fuga desde 2017, e é procurado por um crime de desfalque de fundos públicos no valor de 4,5 mil milhões de dólares norte-americanos, que envolve a companhia 1Malaysia Development Berhad (1MBD).

O escândalo ligado ao desvio de um fundo soberano culminou no final de Julho numa sentença de 12 anos de prisão para o ex-primeiro-ministro da Malásia Najib Razak, dois anos depois de provocar a queda do seu Governo.

7 Ago 2020

DSAT | Lucros da MTR não devem ser entendidos como tal

[dropcap]E[/dropcap]m resposta a uma interpelação escrita enviada por Agnes Lam, a Direcção dos Serviços para os assuntos de tráfego (DSAT) afirmou que os lucros obtidos pela sociedade que gere o metro ligeiro (MTR), não devem ser considerados como proveitos.

Em vez disso, em resposta à deputada, o presidente da DSAT, Lam Hin San, aponta que esses “proveitos” devem ser considerados ”como o valor dos saldos resultantes das despesas efectivas dos montantes de adjudicação” fixados entre o Governo e a MTR (Macau). ”Não deve ser entendido como lucro”, acrescenta.

Também na resposta a Agnes Lam pode ler-se que existe uma divergência no entendimento quanto ao que é referido na interpelação sobre “um lado estar prejudicado e outro rentabilizado”.

Recorde-se que, no seguimento da publicação do relatório anual da Sociedade do Metro Ligeiro, a deputada pediu esclarecimentos ao Governo sobre o facto de a empresa ter obtido receitas líquidas de 262 milhões de patacas, quando o Governo já assumiu estar a ter prejuízos com a infraestrutura, a começar pelo valor da adjudicação da obra, fixado em 10,2 mil milhões de patacas.

Já quanto ao pedido de divulgação dos detalhes do contrato de adjudicação assinado com a MTR, a DSAT revelou que os montantes envolvem salários da operação do metro ligeiro e a prestação de serviços, como o ensaio e activação do sistema antes da entrada em funcionamento. Outros custos dizem respeito à formação de trabalhadores, operação do sistema nos primeiros cinco anos e a reparação e manutenção de comboios, sistemas de sinalização e infra-estruturas.

7 Ago 2020

Dança | Companhia Stella & Artists celebra aniversário no palco do CCM

No próximo sábado, o grande auditório do Centro Cultural de Macau recebe dois espectáculos da companhia de dança local Stella & Artists, depois do adiamento em Fevereiro devido à pandemia. O grupo irá brindar o público com interpretações que cruzam géneros tão díspares como dança folclórica chinesa, ballet e dança contemporânea

 

[dropcap]O[/dropcap] grande auditório do Centro Cultural de Macau está reservado no próximo sábado para dois espectáculos de dança, às 15h30 e às 20h, intitulados “The 7th Anniversary Performance of Stella & Artists”. Como o nome indica, a companhia dirigida por Stella Ho celebra em palco sete anos de existência, com um percurso que vai muito além de ensaios e performances em palco.

O HM falou com a mentora e directora artística do projecto, Stella Ho, que revelou que o espectáculo de celebração começou a ser preparado em Outubro do ano passado com o objectivo de ser apresentado a 2 de Fevereiro. “Devido à covid-19, a data de apresentação da performance foi alterada para 8 de Agosto.

Portanto, recomeçámos os ensaios em Maio para cumprir as medidas exigidas pelo Instituto Cultural e podermos actuar no Centro Cultural”, conta Stella Ho. O espectáculo foi redimensionado, com limites impostos ao número de bailarinos e aos elementos da equipa de produção. A adaptação às condições impostas por razões de saúde pública forçou à reinvenção do espectáculo. “A performance de 2 de Fevereiro foi adaptada para as duas performances que vamos apresentar no sábado”, revela a directora artística.

O grupo de intérpretes que dá corpo ao “The 7th Anniversary Performance of Stella & Artists” é variado, com idades a partir dos 4 anos até pessoas mais maduras. “Damos cursos de dança chinesa e ballet como formação de base para os nossos alunos e bailarinos. Apesar de as nossas produções serem principalmente focadas na dança contemporânea, esta é um testemunho do percurso que fizemos nos últimos sete anos, com a apresentação de diversos géneros como dança folclórica chinesa, ballet, ballet contemporâneo e dança contemporânea”, desvenda a directora artística.

Em palco vão cruzar-se professores e alunos de dança, assim como os bailarinos da companhia. Uma parte do espectáculo, interpretada por um dueto de professores, foi pensada pela promissora coreógrafa de Hong Kong Justyne Li.

O espectáculo de sábado será o somatório de vários géneros de dança coreografados pelos professores da Stella & Artists e do progresso que os alunos fizeram ao longo dos anos.

Para Macau

“Quando olho para trás, para o caminho que a Stella & Artists percorreu em sete anos, só posso ficar feliz com os objectivos que conquistámos, passo a passo, e a nossa contribuição para o desenvolvimento da dança em Macau.” É assim que Stella Ho arrisca um balanço do tempo de actividade da companhia que fundou.

Além de produção de qualidade e intercâmbios recheados de significado e colaborações com artistas estrangeiros, a preparação do espectáculo de aniversário tem servido para a directora artística reflectir no trabalho feito até agora. Os ensaios e a forma como a performance de aniversário correu enche Stella Ho de confiança no caminho que a companhia tem pela frente, especialmente na oferta educativa de formação de dança. “Estou muito contente com o progresso que os nossos professores fizeram, que se pode ver nas coreografias e performances dos alunos. O trabalho de equipa e a atitude positiva dos professores tornou possível o progresso”, remata a directora artística.

A Stella & Artists foi fundada em 2012 com o objectivo de promover a dança contemporânea ao mesmo tempo que actua como veículo para dar a conhecer os elementos tradicionais da dança chinesa. Absorver e incorporar o quotidiano de Macau, assim como reflectir a partilha de expressão artística com outras culturas são também metas da companhia que celebra o sétimo aniversário. Os bilhetes para o espectáculo estão à venda e custam entre 150 e 200 patacas.

5 Ago 2020

FRC | Estudantes superam deficiência através da arte

A Fundação Rui Cunha recebe a partir de 11 de Agosto uma exposição de pintura com peças feitas pelos estudantes da Associação de Apoio aos Deficientes Mentais de Macau. “Protect, Hope, Love – Student Art Exhibition 2020” tem como tema, a luta contra a covid-19. A fundação recebe o evento pelo terceiro ano consecutivo

 

[dropcap]A[/dropcap] Fundação Rui Cunha acolhe a partir do dia 11 de Agosto uma exposição de pintura executada por alunos portadores de deficiências mentais de várias escolas e centros de formação integrados na Associação de Apoio aos Deficientes Mentais de Macau.

Daqui a precisamente uma semana, e durante três dias, serão expostas na “Protect, Hope, Love – Student Art Exhibition 2020, o total, de 26 peças preparadas pelos alunos da Escola Kai Chi, Centro de Formação Inicial Kai Chi, Centro Vocacional Kai Lung, Centro Kai Hon e Casa de Petiscos “Sam Meng Chi”, sob a orientação dos seus mentores, que procuraram desafiar os alunos a superar as suas deficiências através da arte.

Com o combate contra a pandemia de covid-19 como pano de fundo, as pinturas pretendem reflectir, segundo um comunicado divulgado ontem pela Fundação Rui Cunha, “a preocupação dos alunos com os desafios que a sociedade local enfrenta” e incentivar “as equipes da linha da frente no seu progresso”.

Com linhas finas ou mais cheias, as cores das peças são tanto mais vívidas ou ténues, consoante a ideia de esperança e preocupação que parecem querer transmitir. Com a crise provocada pelo novo tipo de coronavírus a marcar, durante meses a fio, o quotidiano de todos, as obras pretendem, não só revelar o percurso e a evolução pessoal deste grupo de estudantes ao longo do último ano, mas mostrar também a “extraordinária imaginação e criatividade das pessoas com deficiência mental através da sua arte”.

Trabalhar a consciência

A Associação de Apoio aos Deficientes Mentais de Macau é uma organização sem fins lucrativos estabelecida no território em 1986, esperando, através da plataforma da Fundação Rui Cunha, “contribuir para aumentar a consciência e a compreensão sobre o valor da criação artística entre pessoas com incapacidades intelectuais”.

Recorde-se ainda que este é o terceiro ano consecutivo em que a Fundação Rui Cunha recebe o evento. Na edição do ano passado, “Art-Infinite – Student Art Exhibition 2019”, foram exibidas 38 peças de arte, incluindo pintura, cerâmica, mosaico e colagens.

A exposição “Protect, Hope, Love – Student Art Exhibition 2020” abre ao público a partir das 11h do dia 11 de Agosto e pode ser vista até 13 de Agosto. A entrada é livre.

4 Ago 2020