Leonor Sá Machado Ócios & NegóciosNomad Design Ldt, empresa de design | Stanley C., fundador e designer [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e Macau para o Canadá e de regresso às origens que o viram nascer. É isso mesmo: Stanley C. nasceu no território, mas viajou até àquele país para completar uma licenciatura em Design de Arquitectura. Talvez tenha sido isso ou a simples vontade de abrir um negócio que fez com que o jovem designer tenha criado a marca Nomad Design Ldt há cerca de dois anos. Em parceria com um outro profissional, transportou a empresa para voos mais altos. A clientela é toda local, mas os produtos são comprados lá fora, até “porque aqui não há coisas com a qualidade das estrangeiras”, diz. Do maior ao mais pequeno À conversa com o HM, mostrou uma série de projectos que ganharam vida por essas ruas, incluindo do restaurante e loja Green’s, localizado na Calçada de Santo Agostinho. A ideia partiu da premissa de escassez quando se fala de empresas que oferecem “soluções de design”. Enfim, uma alternativa aos estilos clássicos a que a população está habituada. A Nomad produz de tudo um pouco e está preparada para completar grandes projectos. “Podemos fazer desde pequenos elementos até ao projecto [de construção] todo, quase chave na mão, desde a escolha de azulejos, tintas de parede e móveis”, começa o designer por explicar. Os materiais, esses, podem vir de qualquer parte do mundo, passando pelos EUA, países europeus, América do Sul e outros países asiáticos. “Tentamos encontrar a melhor solução para aquilo que o cliente quer e depois importamos de qualquer parte do mundo, com pessoas a quererem peças dos EUA que são depois reproduzidas na China”, informa. Estúdios de trabalho, a Nomad não tem, mas dispõe de um escritório. É aqui que a magia acontece. Os designers encontram-se com o cliente, debatem ideias e chegam à conclusão naquele mesmo local. As ideias vão surgindo e depois resta avaliar o espaço in loco e pôr mãos à obra. No escritório são dois funcionários, a juntar a uma equipa de pessoal de construção e outras duas pessoas que tratam de negócios no exterior. O cliente importa Os trabalhos mais interessantes, confessa Stanley, não têm que ver com os espaços a mexer, mas sim com o tipo de cliente e os pedidos. “Sinceramente, não importa muito o espaço em que mexemos, mas sim o cliente e às vezes é interessante debater ideias”, acrescenta. Abrir a Nomad foi uma ideia que partiu dos dois parceiros: “Temos a mesma mentalidade em relação à forma como se faz design em Macau”. Ambos trabalhavam para terceiros outrora, mas chegou a altura de montarem o seu próprio negócio e deixarem de seguir ordens para passarem a transformar conceitos em objectos palpáveis. “Não tínhamos capacidade para executar as nossas ideias e percebemos que as pessoas em Macau estão a pagar cada vez por trabalhos que não são exactamente aquilo que desejavam inicialmente”, explicou. E assim nasceu a Nomad. (In)visionários Neste momento, diz, os principais obstáculos têm somente que ver com a natureza humana. O primeiro problema teve início mesmo antes da empresa estar em actividade: “Tudo o que está relacionado com burocracias e aprovações do Governo, é lento e progride num passo vagaroso”. Outro dos obstáculos é a falta de visão da população e das empresas relacionadas com a área. “Enquanto no resto do mundo há uma tendência já no seu pico, em Macau pouca gente a conhece ou rejeita”, lamenta Stanley. É preciso, assim, “persuadir as pessoas para que percebam o que é melhor para elas”. Aqui joga-se, aparentemente, pelo seguro. Questionado sobre se por estes lado se transpira um espírito e gosto clássicos e pouco modernos, o designer consente e vai mais longe. “Diria que não são apenas clássicos, mas também com uma visão muito fechada”, disse. “É muito mais interessante quando trabalhamos com pessoas que nos deixam experimentar mais e arriscar”, confessa. São os casinos e hotéis que vencem pela sua imensidão e popularidade internacional. “A clientela local tem necessidade de ver os materiais em primeira mão já montados”, adiantou ao HM. A Nomad está a tentar trazer novos métodos, ideias, conceitos, materiais e formas de criar diferentes. Para isso, explicam, viajam bastante para procurar lá fora. Põe-se aqui um outro problema: Stanley lamenta que haja uma crescente escassez de pessoal de construção especializado, que saiba trabalhar com as mãos na massa. China com qualidade A China é conhecida pelos inúmeros casos de contrafacção e imitação de produtos, pelo que é uma tendência que se estende a todos os mercados e não apenas aos dos acessórios, roupa e relógios. As empresa de arquitectura e construção queixam-se frequentemente de lidarem com produtos falsos, com maus acabamentos e de má qualidade. Questionado sobre como enfrenta este problema, Stanley fala de uma revolução neste mercado chinês. “Nestes últimos anos, tenho ido várias vezes à China e noto que as coisas estão a mudar. Há já uma vasta escolha de materiais de alta qualidade e as empresas fazem boas opções de preço/qualidade”, revela. Há vários anos, justificou, era preciso ir até Hong Kong porque os produtos do continente não eram de confiança. Às vezes voava-se mesmo até aos EUA. “Acho que as empresas chinesas perceberam que faz mais sentido investir um pouco mais para ter produtos de qualidade e conquistar a clientela do que gastar menos e vender coisas sem qualidade”, justificou. Sobre o preçários dos trabalhos executados, Stanley adiantou apenas que “depende do projecto”, porque há muitas premissas a ter em conta. Aqui importam os materiais, o tamanho do espaço e o estilo escolhido.
Leonor Sá Machado SociedadeDSAL | TNR “não podem injustificadamente” recusar-se a trabalhar [dropcap style=’circle’]A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) disse ontem que os trabalhadores TNR “não podem injustificadamente recusar a prestação de trabalho”, sem indicar, no entanto, que consequências poderia ter esta acção. “Os empregadores devem assegurar os legítimos direitos e interesses dos seus trabalhadores, e estes, por seu lado, não podem injustificadamente recusar a prestação de trabalho”, declara a DSAL. A afirmação, feita em jeito de advertência num comunicado publicado ontem, refere-se ao pedido de apoio que 130 trabalhadores fizeram à DSAL. Em causa estava um conflito laboral que data de 26 do mês passado e envolve cerca de 200 trabalhadores não residentes da construção civil. Nesse dia, dirigiram-se à sede do organismo para pedir ajuda à DSAL, que garante ter aberto “imediatamente” um processo. No entanto, a entidade afirma que alguns deles exigiram “outras compensações não contempladas” na legislação. “A DSAL também esclareceu detalhadamente as disposições legais em causa, mas parte dos trabalhadores manifestaram-se várias vezes pouco cooperativos, afectando em certa medida o acompanhamento do caso e o normal funcionamento da DSAL”, lamenta a Direcção de Serviços em comunicado. No documento, a DSAL apelou ainda “ao bom senso” dos TNR, sem mencionar a entidade empregadora.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeAutomobilismo | André Couto sagra-se campeão de GT300 no Japão André Couto tornou-se campeão da prova nipónica GT 300 no circuito Autopolis. Foi no passado domingo que a equipa do piloto português de Macau recebeu a taça. Mesmo arrancando em 14º lugar e com 74 kg em cima [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] automobilista de Macau, André Couto sagrou-se campeão da prova mundial de GT300 no passado domingo. Em parelha com o seu colega de equipa japonês Katsumasa Chiyo, completou o circuito Autopolis em segundo, mesmo tendo arrancado em 14º lugar da grelha de partida. Foi na sexta posição que passou o carro para Chiyo, que continuou a recuperar até chegar ao segundo lugar. A corrida, que se prolonga por mais de 300 quilómetros, foi dividida pelos dois atletas, que conseguiram uma recuperação notável com Nissan GT-R da Gainer. Além de partir bem atrás, ao carro de Couto foram ainda adicionados 74 kg, como obstáculo (handicap, em inglês). A corrida de domingo foi a sétima ronda das oito que completam o circuito de GT 300. Esta prova acontece a par com a GT 500, na qual os automobilistas têm que percorrer 500 quilómetros em vez de 300. A sétima ronda teve lugar em Autopolis, circuito localizado na Prefeitura de Oita. Segue-se agora a última ronda da prova, mas na qual André Couto não precisa de vencer, uma vez que já reuniu pontos suficientes para a sua equipa se sagrar campeã. Esta acontece em meados deste mês, em Motegi. Durante os treinos de sábado, o atleta confessou que o carro não era dos melhores da sua categoria e os pneus não eram “exactamente iguais”, mas tudo correu pelo melhor. “O que está feito, está feito e está para trás, portanto agora o nosso foco mental está na corrida de amanhã. Vamos fazer de tudo para recuperar da 14ª posição”, disse o automobilista no sábado passado. Uma ultrapassagem de cada vez A partir da sétima fila no início da corrida, a bandeira desceu e André Couto conseguiu ultrapassar quase todos os seus adversários. Durante a nona volta, já o atleta estava em 12º lugar. A 17ª volta serviu para ultrapassar outros três atletas, ficando na 10ª posição. Foi ao final de 35 voltas que André Couto passou o comando para as mãos de Katsumasa Chiyo, com a equipa já em quinto lugar. O japonês continuou a corrida até chegar, na 51ª volta, ao segundo lugar. Ao HM, o campeão garante a parte mais difícil da corrida de domingo foi ultrapassar os rivais que estavam na casa das dezenas. “Não me estavam a facilitar a vida. Estavam a ser um pouco agressivos a guiar e eu tinha que ter mais cautela para não bater, pelo que demorei um bocado mais a desembaraçar-me deste pelotão, mas consegui”, afirmou orgulhosamente. A pista de Autopolis “desgasta muito os pneus”, mas Couto justificou que tanto a maquinaria do automóvel como os pneus usados fizeram jus ao esforço que esta sétima ronda exigia. O regulamento do presente campeonato responde a uma série de exigência para tornar as provas mais competitivas. Uma das normas é que as equipas com mais pontos devem partir em desvantagem. Esta premissa somou ao carro de Couto uns notáveis 74 kg numa posição quase final. E mesmo assim conseguiu alcançar o pódio. Faltam agora duas semanas para a última corrida deste campeonato de GT 300. Desta vez, todos os carros estarão ao mesmo nível. “Na próxima, todos os carros tiram os pesos todos, portanto ficamos todos com zero [quilos], de forma que também vai ser melhor para nós”, disse. “Atacar ao máximo” O português garantiu ainda que a oitava e última corrida “não vai ser diferente das outras”, pelo que a equipa vai empenhar-se da mesma forma. “Vou para lá atacar ao máximo, só não tenho é a pressão de ter que me chegar à frente de um ou outro adversário, vamos estar mais calmos”, explicou o atleta. [quote_box_right]“Não me estavam a facilitar a vida. Estavam a ser um pouco agressivos a guiar e eu tinha que ter mais cautela para não bater, pelo que demorei um bocado mais a desembaraçar-me deste pelotão, mas consegui”[/quote_box_right] Em entrevista aos media, o automobilista dedicou a vitória a “várias pessoas”, afirmando que “todas elas sabem quem são”. No entanto, foi o seu filho Afonso – que faleceu vítima de um linfoma há cinco anos – que mereceu lugar de destaque: “agradeço às várias pessoas que me acompanharam desde criança, mas só há uma pessoa em quem penso quando estou dentro do carro e quando venci o campeonato. E essa pessoa é o Afonso”, confessou ao HM. É a primeira vez, desde há 11 anos, que André Couto chega ao pódio. Em 2004, sagrou-se vice-campeão ao volante de um Toyota Supra. No entanto, a prata foi conquistada na prova de GT 500, na qual o atleta correu durante 11 anos. Couto estreou-se no GT 300 do Japão em 2014. A coleccionar feitos André Couto foi mundialmente reconhecido depois de ter vencido o Grande Prémio (GP) de Macau em 2000, na categoria de Fórmula 3 (F3). Tendo começado jovem nas lides dos karts no território, Couto não demorou a entrar em competições por esse mundo fora. Em 1995 venceu uma ronda do Circuito do Estoril do campeonato europeu Fórmula Opel Lotus, ano em que também deu início à sua carreira na F3. Entre 1996 e 1997, o atleta viveu competiu na mesma categoria na Alemanha e Itália. Foi ao final de seis anos no GP que finalmente venceu em 2000. Nessa altura, Macau inteiro ficou ao rubro: não só um atleta local venceu a prova mundial, como o território voltava a ser colocado no mapa internacional do desporto. A 20 de Novembro de 2000, o jornalista John Carney escrevia que o dia se assemelhava ao de uma “novela televisiva”. É que a mesma corrida que deu a vitória a Couto, vitimou dois turistas que estavam na assistência. O piloto holandês Franz Verschuur estava ao volante de um Renault quando falhou a curva do Hotel Lisboa e saiu sem conseguir travar, atingindo os turistas mortalmente. De acordo com Carney, Couto “teve que concluir um jogo de gato e rato com o italiano Paulo Montin antes de vencer”, mas o repórter garante que os fãs celebraram. “As pessoas ficaram loucas; homens feitos desfizeram-se em lágrimas e o champanhe fluía”. Um clima de festa, leia-se. Lar doce lar Questionado pelo HM sobre a diferença que é vencer o GP da sua terra-natal e um campeonato de GP internacionalmente renomado, André Couto não tem dúvidas: “são duas coisas completamente diferentes, até porque um é uma corrida só e outro são várias, mas o sentimento de vitória acaba por ser o mesmo”. O presente campeonato é mais como uma prova de esforço a longo prazo, enquanto o GP de Macau prima por ser competição onde tudo tem que ser dado de uma vez só. Ainda assim e embora o pisar de um pódio é sempre um momento inesquecível, Couto admite que “Macau será sempre Macau”. Afinal, a vitória no lar é sempre a mais doce de todas.
Leonor Sá Machado SociedadeSeis adolescentes terão sido molestados em campo militar em Coloane Com Flora Fong [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi durante a estadia num campo militar que seis adolescentes locais foram alegadamente molestados por um dos instrutores. O homem, natural do continente, já confessou o crime, depois de um dos jovens ter denunciado os actos de abuso junto da Direcção para os Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) e das autoridades. De acordo com declarações do jovem, o acto terá sido cometido durante a madrugada de quinta para sexta-feira, no campo militar das Águias Voadoras de Macau, em Coloane. Este era o primeiro de três dias de actividades no campo. De acordo com a Polícia Judiciária (PJ), o instrutor terá tocado nos pénis dos rapazes e feito sexo oral a dois deles. Os seis têm entre 12 e 14 anos de idade. Contactada pelo HM, a Associação organizadora do campo não quis comentar o caso, alegando que se trata de um “assunto muito sensível” e que “envolve várias premissas”. Deixou, no entanto, a promessa de falar publicamente sobre o sucedido “em breve”. É também a associação que se responsabiliza pela contratação do corpo docente, de acordo com a DSEJ. Pés de lã “No dia 30, por volta das três [horas] da madrugada, o suspeito entrou no dormitório onde os rapazes estavam a dormir, tirou as calças e roupa interior e dois deles e fez-lhes sexo oral”, explicou Chan Cho Man, porta-voz da PJ. “Depois disso, o suspeito tocou no pénis de outros quatro alunos”, continuou o responsável. O instrutor trabalha na Associação Águias Voadoras desde Junho passado e é proveniente do continente. De acordo com esclarecimento da DSEJ, podem ser empregados naquela associação profissionais não residentes que reúnam as qualificações exigidas pelo organismo. Está em Macau com Bluecard e a DSEJ assegura que já está a tratar do caso e a investigar o passado de todos os outros profissionais. “Basicamente, a associação é que tem que garantir [a qualificação] dos professores, instrutores e outros funcionários, mas o normal é que, em questões de comportamento, cada um assuma a responsabilidade por aquilo que faz”, começou a directora da DSEJ, Leong Lai, por dizer. Raiva acumulada “Estou enraivecido com este caso”, adiantou o subdirector da Associação Geral de Estudantes Chong Wa de Macau, Fong Kam Hoi. O responsável disse estar “desapontado com a negligência da associação”, considerando que o caso vai trazer prejuízos para as vítimas. Actualmente, defende, o importante é proteger os adolescentes lesados e as suas famílias, através de acções de aconselhamento. “É preciso ajudá-los a sair da sombra o mais rápido possível”, reiterou. Fong Kam Hoi instou a DSEJ a resolver o assunto rapidamente e a promover mais acções de sensibilização e educação sexual e de auto-defesa.
Leonor Sá Machado SociedadeHabitação Pública | Governo assegura construção de mais de duas mil fracções [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Governo assegura estar a preparar-se para a construção de 2600 fracções de habitação pública, depois de ter recuperado ou estar ainda em processo de recuperação de alguns terrenos. De acordo com um documento do website da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), a Companhia de Electricidade de Macau (CEM) está já a demolir a central térmica que está construída na Areia Preta para que sejam edificadas mil fracções habitacionais. “A CEM já deu início às obras de demolição e dos trabalhos preliminares para a realização da avaliação do impacto ambiental”, atenta a tabela publicada online. A elaboração do projecto, refere o documento, “somente poderá ter início” depois de serem apuradas as consequências ambientais e emitida a Planta de Condições Urbanísticas (PCU). Já em dois terrenos da Doca do Lam Mau, cuja recuperação foi anunciada no início deste mês por representantes do Instituto de Habitação e da DSSOPT, no programa Macau Talk da TDM, estão já a ser feitos os trabalhos de geo-sondagem. O concurso para o projecto deverá ser aberto em breve. “[Está agora] em curso a realização dos trabalhos de geo-sondagem e dos preparativos do concurso de concepção para a elaboração do projecto”, informa a DSSOPT. O lote A foi já revertido, mas o F encontrava-se, a 16 deste mês, em fase de despejo. Aqui serão construídas 200 casas. Grupo dos quatro O mesmo documento fala ainda de quatro outros terrenos. O lote onde agora fica o Conselho Consultivo para o Reordenamento dos Bairros Antigos, no Iao Hon, já está a ser objecto da redacção da PCU, de modo a que as obras possam começar. Está prevista a construção de outras 200 casas para este espaço. A leste da Piscina Olímpica da Taipa está um outro terreno que, de acordo com a DSSOPT, tem capacidade para albergar mil apartamentos. É ainda preciso elaborar a PCU e relocalizar “as instalações do respectivo serviço público que actualmente ocupa o local”. Na mesma situação está um terreno na zona central da Taipa, mas neste serão apenas construídos 200 apartamentos.
Leonor Sá Machado BrevesVenetian não confirma obrigação de funcionários terem dinheiro consigo [dropcap style =’circle’]A[/dropcap] Venetian revelou ontem, numa resposta ao HM, que ainda não se decidiu sobre a medida de obrigar os seus funcionários a transportarem consigo dinheiro para facilitar o pagamento aos apostadores nas slot-machines. “A empresa está de momento a ouvir a opinião e feedback dos seus valiosos membros de equipa para optimizar o processo de trabalho, com o intuito de reduzir o tempo de esperar e melhorar a experiência dos consumidores”, esclarece a Venetian na resposta. Ontem, dava-se conta da implementação de uma alegada medida da operadora para com os seus funcionários em que estes teriam que andar sempre com 250 mil patacas em dinheiro para pagar, com mais facilidade, a quem ganha nas slot machines. A empresa sublinha ainda que “lamenta profundamente” o facto daquilo que considera serem “informações confidenciais da empresa” terem sido tornadas públicas. “A Venetian lamenta profundamente que alguém esteja a aproveitar-se da sua posição de insider para revelar informações confidenciais da empresa que mantêm o negocio competitivo”, escreve.
Leonor Sá Machado EventosBodies in Urban Spaces | Projecto de Willi Dorner encaixa artistas pela cidade Bodies in Urban Spaces, do coreógrafo austríaco Willi Dorner, chega a Macau amanhã. A população vai ver, de manhã e ao final da tarde, pessoas encaixadas, dobradas, empoleiradas e empilhadas, a escalar e a esconderem-se pelos prédios, passeios e degraus da cidade [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e cabeça erguida ou baixa, a paisagem será sempre a mesma: uma hora de almoço mal chega para saborear a refeição, quando mais apreciar a cidade em que vivemos. É a pensar na percepção visual que as pessoas têm das suas cidades que Willi Dorner, coreógrafo e artista austríaco, desenhou e deu vida ao projecto Bodies in Urban Spaces. A ideia é que o comum transeunte vá acompanhando um roteiro preparado pela equipa e que vá captando as mais estranhas formas de caber por cima de uma porta, na fresta de um corrimão e uma parede ou entre dois prédios. A assistente de Dorner, Esther Steinkogler, está no território para apresentar e coordenar os dois espectáculos da companhia. Estes têm lugar já amanhã: o primeiro acontece às 10h00 e o segundo, às 19h00. Steinkogler estudou Dança em Salzburgo e a sua participação no projecto começou depois de ter sido escolhida pelo coreógrafo para fazer parte da equipa. A ideia destes espectáculos é não só criar arte em espaços exteriores, mas também alterar a percepção das pessoas do ambiente que normalmente as circunda. Outro dos objectivos é “mostrar aos habitantes as restrições” das cidades. Na hora de escolher os melhores locais para se empilharem, escalarem, equilibrarem ou trancarem, Steinkogler menciona que tudo é bem-vindo, desde zonas industriais aos bairros mais antigos, passando pelas áreas modernas. As áreas negligenciadas da cidade também entram nesta equação, porque há vontade de “conduzir a percepção das pessoas para zonas [da cidade] que geralmente não seriam visitadas”. Mas de que forma é isto feito? Steinkogler explica: “medimos o espaço com o corpo humano”, ou seja, ao invés do produto ser criado em função dos seus consumidores, este projecto explora a forma como o ser humano pode fundir-se com os objectos já existentes. A ideia, continua, é despertar mentalidades e olhares de quem por cá vive há algum tempo e deixa de vislumbrar os pormenores da sua cidade para a ver apenas como um labirinto de roteiros. “Como trabalhamos muito em função do ambiente que nos circunda, o que fazemos é sempre diferente”, disse. É de proporção humana A adaptação do projecto a Macau caracteriza-se como desafiante. “Aqui, tudo é megalómano, tirando determinadas zonas da cidade. Para preencher a porta de um casino, por exemplo, precisaria de umas 50 pessoas e isso é impossível”, justifica a coreógrafa. Bodies in Urban Spaces partiu da genialidade de Dorner, quando decidiu passar a trabalhar com a cidade e não dentro de um estúdio. Interessado por Arquitectura e Estética, tem um hábito pouco comum: altera, várias vezes, a disposição dos móveis em casa para “se manter alerta”. Partindo desta estratégia, foi fácil desenvolver o resto. Primeiro, entre estantes e sofás, depois, na rua. O projecto conta com uma equipa de um ou dois coreógrafos – que levam a ideia de Dorner ao local da performance – e artistas locais. “Uma das características é trabalhar com pessoal local, para que haja um intercâmbio”, explica a jovem. Steinkogler tem estado presente em todos os espectáculos. Até agora, foram executados espectáculos na Áustria, França, Alemanha, Austrália, Japão e vários outros países. Interesse acima da obediência A jovem conta alguns episódios peculiares que espelham as características de cada sociedade. É que a reacção da população na Alemanha, Áustria, Reino Unido ou EUA é bastante diferente daquela captada por estes lados. “Não há um senso de obediência tão forte como na Alemanha, por exemplo”, explica. Segundo a co-fundadora da BABEL, Margarida Saraiva, o feedback “tem sido positivo” e tem despertado a atenção de quem passa ou mesmo de quem está em casa e de repente se depara com uma pessoa pendurada na sua janela. No final do primeiro ensaio do grupo, as performances já tinham sido difundidas em mais de mil partilhas no WeChat. “As pessoas estavam curiosas para saber o que era e houve mesmo quem pensasse que uma das performances – um dos dançarinos com a cabeça dentro de uma caixa da CTM – fosse um manifesto contra a lentidão da internet”, conta Margarida, entre risos. O interesse da BABEL em ter o projecto no território é a necessidade de cor nesta cidade. “Macau é uma cidade cinzenta e dourada. Precisamos de cor”, disse. Preocupação inocente Steinkogler explica a diferença: “em alguns países europeus, somos várias vezes abordados com raspanetes e advertências de possível ilegalidade, mas aqui as pessoas mostraram-se curiosas e algumas até preocupadas com o nosso bem-estar”. O único telefonema que um cidadão quis fazer para a polícia foi a pensar na segurança dos artistas. “Queria ligar porque pensou que alguém estava magoado”, confessou a coreógrafa. Estas reacções são, decerto, curiosas e surpreendentes, pensando-se em Macau como uma cidade cinzenta, caótica e cujos passeios estão constantemente lotados. O ponto de encontro para os interessados está disponível na página do evento, que pode ser acedida através da BABEL. As sessões são, naturalmente, gratuitas e exigem algum fôlego para seguir os artistas Macau adentro. Para os mais preguiçosos, aqui fica o ponto de encontro: zona coberta frente aos Lagos Nam Van.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeEducação | Menos alunos nas escolas. Milhões investidos Em dez anos, as escolas do território ensinam menos 20 mil alunos, mas empregam mais professores. Houve uma maior aposta nas actividades culturais e formação de funcionários públicos. Os alunos do ensino superior receberam menos ajudas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]número de alunos nas escolas do território diminuiu significativamente nos últimos dez anos, passando de 89,1 mil em 2005 para 69,5 mil no ano lectivo passado. Em Setembro de 2014, a maior percentagem de alunos tinha entre 12 e 17 anos de idade, totalizando 26,2 mil alunos dos quase 70 mil registados. As estatísticas, publicadas recentemente pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), podem querer dizer que menos jovens da RAEM frequentam o ensino. Isto porque, de acordo com as estimativas da população do ano passado, publicadas pelos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC), cerca de 182 mil habitantes de Macau tinham entre cinco e 29 anos, do total dos 636,2 mil registados. Embora a população tenha aumentado brutalmente desde 2005, esta não foi a faixa etária mais afectada. A justificação é simples: a taxa de natalidade não aumentou e foi contratada muita mão-de-obra não residente (TNR) com idade superior a 25 anos. No entanto, o número de professores contratados não se alterou muito em função da queda no volume de estudantes. Em 2005, estavam empregados 4363 professores e o ano passado eram 5731. Houve mesmo um aumento – ainda que não muito visível – do número de pessoal recrutado. Em 2005 estavam a trabalhar nas escolas de Macau mais de 4300 professores e pessoal relacionado com o ensino, ao passo que no ano lectivo de 2014/2015 estavam empregados 5700 profissionais. A esmagadora maioria do pessoal docente tem entre 31 e 40 anos e é do sexo feminino, ocupando as mulheres 1372 do total de lugares, comparando com os 550 dos homens. A estratégia de contratar mais funcionários, mesmo com uma diminuição do número de alunos, não tem em conta o acréscimo de turmas: há dez anos, havia 2414 turmas no ensino formal da RAEM. No ano passado, a DSEJ fala de 2493, uma diferença de 79 turmas. Alto investimento O relatório “Inquérito Geral à Educação” da DSEJ mostra estatísticas de 2015, mas outras vão apenas até 2013. Assim, os únicos valores financeiros disponíveis sobre as despesas do Governo no sector educativo são de há dois anos. Em 2013, o Governo despendeu 46,4 milhões de patacas para o ensino obrigatório e superior, o que totaliza apenas 17,3% dos gastos totais. Na educação não superior foram despendidas 4,8 milhões de patacas, de acordo com o mesmo relatório. Comparando com 2011, o valor investido neste sector aumentou em 1,5 milhões. Entre 2011 e 2013, foi 2012 que contou com mais apoio nesta área, tendo a despesa do Executivo na educação ultrapassado os 22%. A idade traz dinheiro A DSEJ aponta para um ligeiro aumento no número de bolsas de estudo atribuídas ao ensino superior. No ano lectivo de 2011/2012 foram dadas bolsas a 7100 alunos, ao passo que em 2013 e 2014, foram distribuídas a 7200. É a área de Economia e Gestão que mais pessoas reúne desde 2011 até ao ano passado. A maioria dos beneficiários está inscrita em universidades da RAEM e Taiwan. Seguem-se aqueles que estudam no continente, em Portugal e Hong Kong. O mesmo não se verifica nas ajudas atribuídas ao ensino não superior. A DSEJ divide os subsídios do Governo em três: ajuda financeira, ajuda para material escolar e subsídio de alimentação. De 2011 a 2014 houve um decréscimo no número de ajudas atribuídas. Ora veja-se: no ano lectivo de 2011/2012, o Executivo forneceu ajuda a 7367 alunos dos ensinos infantil, primário e secundário nas três vertentes. Já em 2013/2014, apenas 6765 jovens foram beneficiados. Capacidades que se querem Os números revelam o cumprimento da promessa do Governo em aumentar as capacidades dos seus funcionários, bem como de promover a actividades desportiva entre os jovens. Quanto à formação de Língua Portuguesa, foram o Instituto Português do Oriente (IPOR) e a DSEJ que mais participantes tiveram nos seus cursos. No ano lectivo de 2013/2014, foram 6000 as pessoas que frequentaram estas formações, com 2400 nos da DSEJ e 2100 no IPOR. Os cursos de Inglês organizados em 2013 e 2014 tiveram menos adesão do que em anos anteriores, mas mesmo assim contaram com a participação de quase 5000 pessoas. Foi o Instituto de Formação Turística que angariou mais alunos, um total de 3100. O relatório revela ainda uma maior aposta no desporto escolar. O número de participantes nestas actividades quase duplicou, passando dos 190 alunos em 2012, para os 387 no passado. Também se registou um acréscimo no volume de estudantes que entraram em competições internacionais. No entanto, o total de participantes é significativamente menor no ano lectivo passado do que em 2011/2012, muito devido à diminuição da participação em “outras actividades de lazer”.
Leonor Sá Machado EventosFestival | Associação local traz arte latino-americana à cidade [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]edição deste ano do Festival de Cultural Latino-Americana espalha-se por Macau e oferece várias actividades deste sábado a 27 de Novembro. É a Associação de Macau para a Promoção do Intercâmbio entre a Ásia-Pacífico e a América Latina (MAPEAL na sigla inglesa) que está responsável pela organização destas iniciativas, que acontecem um pouco por toda a cidade, desde a Torre de Macau à Fundação Rui Cunha. Através da colaboração com uma série de associações, fundações e instituições universitárias, a MAPEAL conseguiu trazer ao território obras do pintor Armando Revéron. Por ocasião do 125º aniversário do seu nascimento, a Associação pretende mostrar “a luz da Venezuela”, nos dias 10, 11 e 12 do próximo mês, no 3º andar da Torre. Nascido em Caracas, Revéron ficou conhecido pelas “bonecas” que pintava e por ter democratizado o estilo impressionista na Venezuela. A obra e vida do autor já foi apresentada no MoMa, museu de arte contemporânea em Nova Iorque. A par disso, será inaugurada, ao final do dia deste sábado, uma exposição de fotografia sobre a América Latina, que fica aberta ao público até 8 de Novembro. É também no próximo mês que abre a sessão de exibição colectiva de filmes sobre a cultura latina, maioritariamente focada na América do Sul. Entre os dias 4 e 27, a Universidade de Macau, a Universidade de Ciência e Tecnologia, a Universidade de São José e a Fundação Rui Cunha acolhem mostras de cinema. No grande ecrã vão ser apresentados “Viejos Amigos”, “White Elephant”, “La Reconstrucción”, “Guantanamera” e “El viaje del Acordeón”.
Leonor Sá Machado EventosSands Eco Trailhiker | Edição conta com dois mil participantes e 200 voluntários [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]próxima edição da iniciativa Sands Eco Trailhiker, que tem lugar este sábado, vai contar com a participação de duas mil pessoas e 200 voluntários. No Venetian, o evento pretende sensibilizar a população para um estilo de vida saudável, defendendo o trabalho de equipa e a conclusão de desafios. Entre eles está a finalização de duas maratonas de 30 e de 10 quilómetros. A primeira destina-se a grupos formados por pessoal de empresas e o segundo percurso será feito por famílias. A Eco Trailhiker tem sido organizada anualmente desde 2010 e é apoiada pelos Serviços de Turismo e pelos Instituto de Desporto. A ideia é não só promover um estilo de vida saudável, mas também dar a conhecer vistas de uma natureza que passa muitas vezes ao lado no quotidiano e potenciar as actividades partilhadas por amigos e família. Os percursos acontecem na ilha de Coloane e o dinheiro angariado na edição deste ano irá parar a duas associações solidárias: a Macau Special Olympics e a Associação de Pessoas com Deficiência Mental de Macau. “[Ambas as associações] vão organizar equipas para participar no evento e encorajar o bem-estar e a inclusão social e a promoção do conceito de ‘amigo do ambiente’ na sociedade”, explica a organização em comunicado. Esta é já a sexta edição da actividade e tem vindo a juntar cada vez mais adeptos de todas as idades. Em 2010 juntaram-se 150 equipas e este ano bateu-se o recorde de 2000 participantes espalhados por 500 equipas. As cinco edições passadas valeram a instituições solidárias um total de 1,4 milhões de patacas em donativos, pelo que neste momento reúne participantes de todo o mundo, incluindo Portugal, Austrália, Hong Kong, Malásia, China e Reino Unido. O mote de partida para este ano é “exploração de um lado mais verde de Macau”, tendo o objectivo de espalhar a mensagem de que é preciso criar um ambiente de vida mais amigo do ambiente. Este ano, a organização vai criar uma “avenida do bem-estar”, que pretende promover um estilo de corrida saudável para quem participa na corrida.
Leonor Sá Machado EventosCinema | Alliance Française com festival francês na MUST A Alliance Française volta a trazer o melhor do cinema francês ao território, organizando o Festival de Cinema Europeu já amanhã, ao final da tarde. É na MUST que os amantes do cinema francófono podem assistir a três filmes estreados em 2014 [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Alliance Française de Macau vai dedicar o dia de amanhã à exibição de três filmes francófonos. Dois deles foram realizados em França e um terceiro conta com a participação de membros da Argélia. O programa tem início às 18h30 e acontece na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), com entrada livre. A Alliance Française escolheu três películas lançadas no ano passado. “Vincent” é o primeiro a ser exibido. Do realizador Thomas Salvador, retrata a história da personagem que dá nome ao filme. “Vincent tem um poder extraordinário: as suas forças e reflexos são vastamente aumentados quando entra em contacto com água”, explica o website da Alliance Française na sinopse do Festival. Vincent muda-se para uma zona de França com muitos lagos onde consegue aproveitar as suas qualidades, repentinamente conhecendo Lucie. “Foi amor à primeira vista”, lê-se no resumo. Amor e violência O segundo filme chama-se “Hunk” e é de Emma Benestan. Passa-se no Sul de França a história de amor entre Sarah, uma jovem de 16 anos que vende donuts na praia com o pai, e conhece Baptiste. Em cenários de praia e calor em terras francesas, esta curta-metragem tem Oulaya Amamra, Samir Guesmi e Ilian Bergala nos papéis principais. “Hunk” já participou em vários festivais e concursos de cinema internacional, tanto de curtas como de experimental. O último filme, “The Days Before”, chega pelas mãos do realizador argelino Karim Moussaoui. Passado no país-natal do seu autor, a obra é passado nos anos 90 e conta a história dos vizinhos desconhecidos Djaber e Yamina. No entanto, incidentes explosivos vão deixar marcas inesquecíveis nas suas vidas num local onde “reina o aborrecimento”, de acordo com a sinopse. Moussaoui é já versado na arte das curtas, tendo realizado Breakfast e What We Must Do. É também membro-fundador da associação cultural Crisálida e em 2011 tornou-se o director de programação de cinema do Instituto Cultural Argelino. Todos os filmes têm legendas em Inglês.
Leonor Sá Machado SociedadeArte | Leiloeira de Angela Leong abre sucursal em Macau Abriu uma leiloeira em Macau e Angela Leong está à frente do negócio. A directora da SJM e deputada faz parte da direcção e prometeu ontem que esta vertente pretende ajudar à diversificação da economia e à transformação da região na “capital oriental da arte” [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Poly Auction Hong Kong abriu uma sucursal em Macau e a deputada e empresária Angela Leong faz parte da direcção. De acordo com a responsável, a abertura da nova leiloeira na região vem criar “mais uma plataforma de intercâmbio de arte”, enquadrando-se “perfeitamente na missão do Governo em diversificar a economia” local. O primeiro leilão vai ter lugar no dia 10 de Janeiro do próximo ano e compreende a exposição de cem peças de arte exclusivas que vão desde joalharia, arte contemporânea, relógios e objectos de luxo a pinturas de Arte Chinesa Moderna, cerâmica e outros tipos de arte. “Estas foram todas seleccionadas pela equipa da Poly Auction através de um processo rigoroso que assegura que todas as peças são genuínas, originais e exclusivas”, refere a organização. Para Angela Leong, há uma série de premissas que permitem que a política de aposta em novos negócios tenha sucesso. O facto da indústria do Jogo estar a passar por “uma fase de ajustamento”, aliada a maior oferta turística do território, e as várias parcerias para o desenvolvimento das indústrias culturais e criativas são, para a também deputada, elementos que permitem uma evolução “saudável” do mercado. “Esta série de actividades culturais é apenas o prelúdio, uma vez que estão já pensadas a oferta de elementos culturais e artísticas para a cidade, transformando-a numa plataforma de arte internacional. Este objectivo de desenvolvimento alinha-se precisamente com a política do Governo e, além disso, permite a evolução do mercado além-Jogo”, disse Angela Leong. Irmã da vizinha A Poly Auction de Hong Kong é, por sua vez, detida pelas empresas Poly Culture Group Corporation Limited e Chiu Yeng Cultural Limited. “Estamos empenhados em ser a leiloeira e o centro de comunicação de arte e cultura mais reconhecidos de Macau.” A leiloeira do território vizinho facturou, nos leilões da Primavera e Outono passados, um total de dois mil milhões de patacas. A par com a inauguração do leilão, será feita uma exposição, entre os dias 7 e 10 de Janeiro. Nesta participarão 60 artistas de Macau, Taiwan, China e Hong Kong nascidos até à década de 80. Estes vão ainda ter que decorar o quarto do hotel Regency que lhes for dado, imprimindo no espaço a sua própria filosofia de trabalho. Trinta dos quartos vão ser decorados com uma ambiência da China, 15 deles serão decorados de acordo com a arte de Taiwan e da RAEHK e 15 outros de Macau.
Leonor Sá Machado Eventos MancheteLMA | Projecto de Boi Akih apresenta jazz no domingo [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Live Music Association (LMA) vai acolher um projecto musical inovador às 20h00 do próximo domingo. A iniciativa é do duo Boi Akih, composto pelo guitarrista Niels Brouwer e a cantora Monica Akihary. O concerto de domingo integra-se na digressão do colectivo pela China e conta com a participação dos músicos locais Ryoma Ochiai – que junta música tecno com tribe –, o duo de portugueses Carlos & Beto e Martijn Grootendorst, Yedo Gibson e Vasco Trilla. Os bilhetes custam 150 patacas e podem ser adquiridos no Centro de Design de Macau e na Livraria Portuguesa. O grupo, formado em 1996, desenvolveu um “repertório distinto” através da fusão de várias culturas musicais incluindo jazz das Moluccas, Sunda, Bali e Holanda e música clássica da Índia com um toque de tradicional africana. No website oficial dos Boi Akih, é possível ter acesso a um sem número de vídeos dos seus concertos. Neles impera o improviso e uma mistura de jazz com músicas tradicionais étnicas e texto falada. “Exploração do som, formas de composição, improvisação e performance têm sido facetas essenciais desde o início”, refere a banda no website. A manutenção das tradições surge incorporada em sonoridades contemporâneas, ressuscitando até línguas que hoje em dia são pouco usadas. É o caso da língua materna do pai de Akihary, Moluccan. Dois anos depois da criação, o colectivo tem vindo a desenvolver trabalho com linguistas alemães e australianos. O intuito, dizem, é o de não deixar morrer a língua. Os Boi Akih têm participado numa série de festivais internacionais de jazz, como é o caso do BerlinJazz Fest, do Jazz Sous Les Pommier, European Jazz Nights Oslo, Awesome Africa Music Fest ou o Kilkenny Arts Fest. Em 2007, foi-lhes atribuído o prémio de Melhor Disco de Jazz do Mundo ao CD Yalelol. O duo é fiel à discográfica alemã ENJA.
Leonor Sá Machado EventosDança | Projecto Unitygate espalha actividades por Macau até fim de Novembro O projecto Unitygate volta a Macau, desta vez acontecendo também em Taiwan, Hong Kong e Guangdong. Pelas mãos das coreógrafas Sandra Battaglia e Stella Ho, o projecto desdobra-se numa série de actividades como espectáculos, workshops e palestras sobre arte contemporânea [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]projecto Unitygate, que junta as académicas de dança portuguesa Amálgama e a local Stella & Friends, chega novamente ao território. Macau foi, juntamente com Guangdong, Hong Kong e Taiwan, o local escolhido para a realização da segunda fase deste projecto, dedicado a reforçar a ponte entre o Oriente e o Ocidente e que promove o intercâmbio cultural entre artistas e amantes da arte contemporânea. Como? Através da realização de palestras, cursos e workshops, actividades e espectáculos. O Unitygate é maioritariamente dedicado à dança, uma vez que a organização é especialista no tema, mas foca também outras áreas culturais. A primeira fase do projecto teve lugar em Portugal, até 10 deste mês, e a próxima etapa começa a 6 de Novembro e encerra a 29 do mesmo mês. Algumas das actividades são pagas e os interessados deverão inscrever-se em programas que tenham lugares limitado. É o caso de palestras e workshops. A dança que nos une A Unitygate pretende promover trabalho “baseado na convergência das culturas através de um programa anual de intercâmbio artístico e cultural entre o Oriente e o Ocidente”, tendo como lema a unidade na diversidade. “Os objectivos gerais são promover a criatividade, a troca de conhecimentos e competências no desenvolvimento artístico e pessoal, numa aprendizagem continua com e através da Arte”, aponta a organização no seu website oficial. À conversa com a fundadora da companhia de dança Stella & Artists, de nome homónimo, é possível perceber que há uma troca de ganhos com este projecto. “Enquanto colectivo, somos muito pequenos e, sinceramente, não com um nível tão avançado com outras companhias internacionais. Com esta parceria, o nosso objectivo é melhorar as nossas competências enquanto profissionais e elevar o grau do nosso trabalho”, conta Stella Ho. Para Sandra Battaglia, a coreógrafa e fundadora da companhia Amálgama e deste projecto, a ideia passa muito por relembrar o mundo da ligação centenária que junta Portugal e Macau nos livros de História dos mais novos. Em comunicado, a organização prevê que o projecto chegue até aos EUA, à Suécia e à Índia já em 2016. Programa pela Ásia A edição deste ano conta com uma vinda a Macau para um ciclo de conferências, seguido de uma performance do espectáculo “Revival” num dos festivais de danças mais conhecidos do mundo, o Guangdong Dance Festival, mesmo aqui ao lado, a 10 de Novembro. Dia 13 o projecto volta ao território, com uma sessão de artes aberta de música, poesia e dança, das 19h00 às 21h00 na Fundação Rui Cunha. Tal como o HM já havia noticiado, às 16h00 e às 17h00 de dia 14, a Unitygate apresenta os espectáculos OUTSI(T)E nas Ruínas de S. Paulo, englobado no festival Fringe. No dia seguinte, o mesmo projecto estará no Leal Senado. Os debates sobre arte, da Unitygate, acontecem no dia 17, das 19h às 21h00 no Albergue SCM. As conferências discussões sobre Teatro Físico, um show de vídeo dança e a inauguração da mostra Sinergia. O resto do calendário reserva-se a Hong Kong e a Taiwan. O território vizinho vai acolher espectáculos de improviso de dança das 10h00 às 11h30 e das 13h00 às 15h00 de dia 19, no i-Dance HK, teatro Y-Space, em Kwai Chung. O teatro Kwai Tsing acolhe, às 20h00 dos dias 20 e 21, dois espectáculos distintos de improviso. O primeiro é o Land 60 e o segundo chama-se New Dance Platform. No dia 22, o Unitygate apresenta Dancing All Around, em Kam Tin, e Dance Under The Sky, dos Land 61. Ambas as performances acontecem no espaço i-Dance HK. Esta iniciativa conta com o apoio de uma série de empresas e instituições, como são a Fundação Oriente, a Casa de Portugal, a Fundação Rui Cunha, entre várias outras.
Leonor Sá Machado Eventos MancheteStudio City | Novo complexo é “Gotham City” para nova classe de turistas O Studio City inaugurou ontem e com ele uma série de novos espaços de entretenimento, restaurantes renomados, salas de espectáculos e conferências. A “Gotham City” dos anos 20, de Ho e Packer, é Nova Iorque pelos corredores e pretende atrair um público a que os empresários chamam “extremamente sofisticado” [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]novo complexo do grupo Melco Crown, o Studio City, foi ontem inaugurado e o co-presidente da empresa, Lawrence Ho, descreveu-o como sendo uma “Gotham City” com características do universo cinematográfico das décadas 20 e 30, “como se vê no [filme] Great Gatsby”. Para Ho, o público-alvo será, como tem sido, a população chinesa e asiática. O responsável diz ser preciso “estar sempre a inovar” porque, explica, “os chineses estão a subir a escala de consumo muito rapidamente e são um público extremamente sofisticado”. Os corredores, que deixam espaço para as vitrines de sumptuosas marcas, estão decorados com adereços de filmes de Hollywood. Enfim, podia quase ser Nova Iorque deste lado do mundo. Além do seu casino – dedicado às apostas de massas – estar aberto 24 horas, o resto do complexo emana uma aura escura, mas simultaneamente divertida. Ao lado de uma loja de doces, encontra-se um pátio de restauração num espaço decorado como se de uma nave espacial se tratasse. O “Cosmos” oferece variedade internacional nas comidas que vai de coreana a chinesa, norte-americana a argentina. Nos corredores do Studio City foram instaladas entradas do metro nova-iorquino para dar a sensação de que os visitantes estão a passear por estúdios de cinema ou pela própria cidade. Nem das tampas de esgoto se esqueceram. Vendem-se emoções “Alteramos a forma como as pessoas pensam, porque o mundo do Jogo e a indústria dos casinos não vende produtos, como a maioria das empresas: vende emoções”, afirmou James Packer, co-presidente da empresa. O projecto mental do Studio City começou há cinco anos e nasceu da imaginação dos dois parceiros, que viram em Gotham – cidade fictícia da série de banda desenhada do Batman – muito potencial. “Acho que há aqui muita coisa que vale a pena, incluindo a Roda Gigante, a House of Magic, as estátuas [no exterior], o espectáculo do Batman, a zona da Warner Bros.”, começou Lawrence Ho por dizer, quando questionado sobre aquilo que mais chamava a atenção dentro do espaço. Já James Packer preferiu mostrar-se seguro de que as escolhas da administração tiveram em conta a vontade de “oferecer o melhor”, como é, exemplificou, o espectáculo do City Of Dreams, House Of The Dancing Water. “Tentámos, com muito esforço, cumprir o que o Governo queria e acho que conseguimos”, acrescentou Packer. Nata da nata Em termos de oferta de entretenimento e restauração, os progenitores do Studio City não fizeram por menos. O espaço – cuja decoração é inteiramente dedicado ao cinema e à art-deco – tem mais de 30 locais de comidas e bebidas espalhados e quatro restaurantes de luxo. O Trattoria Il Mulino voa directamente de Nova Iorque para oferecer a melhor comida italiana da cidade que nunca dorme. A par disso existe o japonês Hide Yamamoto, o Pearl Dragon, do chef Tam Kwok Fung, e o Shanghai Magic. Além de aquecer o estômago, a clientela pode ficar num dos 1600 quartos disponíveis, passear pelas zonas hollywoodescas e aproveitar os diferentes espaços de entretenimento, quer no exterior como no interior. Em dia de sol, a Roda Gigante pode ser uma boa opção – por 80 ou cem patacas – para ver a cidade de cima e em andamento, enquanto o Simulador do Batman – custa entre 120 e 150 patacas – pode ficar para um dia de chuva ou frio, seguindo de umas horas na Zona da Warner Bros, inteiramente dedicada aos desenhos animados da marca. The House Of Magic oferece shows de magia para crianças e adultos, com preços que vão das 320 às 600 patacas e tem quatro mágicos da casa. Para encerrar a noite, o Studio City criou uma parceria com a gigante de entretenimento nocturno, a discoteca Pacha. Está aberto das 22h00 às 5h00 e será inaugurado este sábado. O Studio City inaugurou oficialmente ao público depois das 20h00, mas às 14h00 já dezenas de pessoas se reuniam frente ao complexo para conhecer o mais recente espaço de entretenimento e casino de massas da região. Scorcese realiza filme sobre novo complexo O realizador norte-americano Martin Scorcese juntou-se aos gigantes do cinema Robert De Niro, Leonardo DiCaprio e Brad Pitt para realizar “The Audition”, uma curta-metragem de 16 minutos inteiramente gravada no novo complexo hoteleiro do território. A ideia surgiu devido à ligação de James Packer ao mundo da sétima arte: o co-presidente da Melco Crown tem também uma produtora, a Rat Pac. Foi a partir daí que entrou em contacto com os actores e produtores para construir um enredo em volta da luta por um papel principal. Todos os actores fazem de si mesmos num filme que se quer animadamente sério e de promoção do novo espaço da Melco. Tanto Scorcese como os actores DiCaprio e DeNiro estiveram no território para apresentar a curta. Para o famoso Jack de Titanic, tratou-se de “uma experiência sem precedentes”. Não só por contracenar com o próprio realizador, mas também por trabalhar com DeNiro e Pitt. [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]co-presidente do grupo Melco Crown Entertainment disse ontem que “o Governo chinês é o melhor” dos governos, justificando a sua escolha com o facto da China estar “atenta aos padrões de vida da população”. A afirmação, proferida ontem durante a inauguração do novo empreendimento da cadeia, o Studio City, vem de certa forma contrariar aquilo que o seu parceiro Lawrence Ho havia dito no dia anterior. “O que tem estado a acontecer com a economia chinesa, especialmente a campanha anti-corrupção, tornou o ambiente no segmento VIP mais desafiante a curto prazo, à medida que o medo tem sido introduzido nos corações de muitos da classe média-alta”, disse o filho do magnata Stanley Ho, numa entrevista à Fairfax media. O magnata frisou a mesma ideia, quando lhe foi pedida uma previsão para o sector do Jogo nos próximos anos: “Penso que a queda se deve à crise na China, são factores macro (…) e não podemos fazer previsões, apenas esperar que o Studio City ultrapasse tudo isso”. Sobre a alteração do estatutos do hotel de cinco para quatro estrelas, Lawrence Ho afirmou que a opção foi feita para não colocar “o Governo numa posição difícil”, embora tenha reconhecido que o novo empreendimento está “acima de muitos outros considerados de luxo” no território. Ho não se adiantou em pormenores sobre esta posição difícil. Duo bem-comportado Os dois presidentes da Melco estiveram ontem presentes nas conferências de apresentação do complexo, em que responderam às perguntas dos jornalistas. Questionado sobre a abertura de um novo espaço numa altura em que as receitas estão a sofrer um decréscimo, Lawrence Ho e James Packer uniram-se para explicar que estão a “cumprir aquilo que o Executivo pediu”, não fosse essa a razão pela qual investiram cerca de 27,1 mil milhões de patacas na construção de um complexo dedicado à sétima arte. “Penso que somos quem mais apostou no sector não-Jogo (…) percebemos o que o Governo queria”, acrescentou Ho. Packer disse ainda ver o seu sócio como um visionário por ter sido o único, além de Sheldon Adelson, “a acreditar no Cotai” e no potencial daquela zona da cidade. Expansão em acção Os dois responsáveis do Studio City anunciaram que um terço do terreno do empreendimento ainda está por desenvolver, mas Lawrence Ho e James Packer já têm planos para aquela porção. Contudo, a ideia é ir mais longe: “há um projecto de expansão no City Of Dreams, onde está a ser construído um centro comercial do mesmo tamanho do Landmark de Hong Kong”, anunciou Ho ontem. Durante a conferência de inauguração do novo espaço, ambos referiram que há ainda muito para fazer nos próximos cinco anos. “Se em 12 meses ainda não está tudo concluído, em cinco vão-se fazer coisas incríveis”, acrescentou Packer. Uma decisão empresarial A queda das receitas desta indústria parece não preocupar os presidentes da Melco Crown, Lawrence Ho e James Packer, que afirmam terem-se “afastado de uma aposta no sector VIP há já muito tempo” para se dedicaram ao entretenimento e às áreas de jogo de massas. “Foi uma decisão empresarial”, frisou mesmo Lawrence Ho. “Acreditamos veemente que o futuro da China reside na classe média”, justificou o líder. Esta faixa social de que Ho falava investe, na grande maioria, no sector de jogo de massas, pelo que a aposta no VIP foi posta de lado para a inauguração do novo complexo da empresa, no Cotai. O Studio City inaugurou ontem ao público e vai continuar com uma série de eventos pela semana fora. Jogo | Deputada pede medidas concretas ao Governo A directora-executiva da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) defendeu ontem que o Governo tem de adoptar mais “medidas concretas” para apoiar a economia da região após 16 meses consecutivos de quebras nas receitas do jogo. “Macau é um sítio muito pequeno e o Governo quer diversificar a economia, mas só falam e não dizem como é que apoiariam”, disse Angela Leong, em declarações à Bloomberg. A SJM, fundada por Stanley Ho, é a operadora com mais licenças de mesas de jogo em Macau. Angela Leong, sempre citada pela Bloomberg, considerou que após anos de forte crescimento em Macau, “ninguém esperava que a economia caísse tão depressa” e deixou críticas ao planeamento. “Macau não tem feito bem o seu planeamento. Quando a economia cai, é preciso fazer melhor nas infra-estruturas, nos transportes”, afirmou, dando como exemplo os atrasos na conclusão da ponte que vai ligar o território a Hong Kong e à cidade de Zhuhai, na China continental. Lawrence Ho | Macau tem capacidade para receber 31 milhões O magnata da Melco Crown Lawrence Ho, garante que o território consegue acolher o número de turistas que o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, havia anunciado. “Macau tem capacidade para receber 31 milhões”, garantiu o co-presidente do grupo, durante a conferência de inauguração do Studio City. Ho acrescentou que a gestão do número de turistas na cidade em dias de feriados é da responsabilidade do Governo, que, diz, deve saber canalizar as pessoas. “Há um estrangulamento nas semanas douradas e no ano novo chinês, mas se o Executivo conseguir resolver isto, Macau tem capacidade para receber milhões”, argumentou. Lawrence Ho diz que esta gestão deve coadunar-se com a finalização de uma série de projectos. Segundo as previsões oficiais, a ponte entre Macau, Zhuhai e Hong Kong e o terminal marítimo do Pac On deverão estar concluídos até 2019. Packer e Ho falavam de planos a médio-prazo. De Niro considera “fascinante” presença portuguesa em Macau O actor norte-americano Robert De Niro considerou ontem “fascinante” a presença histórica dos portugueses em Macau, numa conferência de imprensa com outras estrelas de cinema que participam num filme promocional do novo casino do território. “É fascinante. Os portugueses vieram para cá há 500 anos”, afirmou o actor norte-americano quando questionado sobre o que pensa de Macau. Robert De Niro, que até hoje “só tinha estado um dia em Macau, no empreendimento ‘City Of Dreams’”, também da Melco Crown Crown. Também Martin Scorcese destacou “a arquitectura do Macau antigo” e o papel da cidade como “ponte entre o Oriente e o Ocidente”. “Percebi a dimensão da presença de Portugal e Espanha”, disse Scorcese. O realizador falou também das filmagens para o novo filme “Silence”, que segundo o Internet Movie Database (IMDB) aborda a missão jesuíta enviada para o Japão no século XVII e é inspirado no romance de ficção histórica do autor japonês Shusaku Endo. A história do filme também está ligada à presença dos jesuítas em Macau: “Começámos a filmar em Taipé em Fevereiro e recreámos o Macau de 1640”, disse Scorcese. Já Leonardo DiCaprio destacou a possibilidade que esta curta-metragem de 16 minutos lhe deu de trabalhar com dois grandes nomes de Hollywood: De Niro e Scorsese. “Estes dois homens são os meus pais no mundo do cinema(…). Contracenar com Bob [De Niro] e ser dirigido por Scorsese foi um pedaço do céu para mim como actor”, afirmou.
Leonor Sá Machado SociedadeWynn pode ser multada por transformar área comum em sala de fumo A transformação de uma sala de jogo de massas numa área VIP com autorização para fumar pode levar a operadora de Steve Wynn a ser multada. A Wynn disse que fez uma má interpretação da lei [dropcap style=’circle]A[/dropcap] Wynn poderá ser multada por ter transformado uma área de jogo de massas onde era proibido fumar numa sala VIP para fumadores. Um comunicado do Governo indica que a operadora é obrigada a proibir o fumo na área comum, onde estava a ser permitido fumar, de acordo com uma inspecção levada a cabo pelos Serviços de Saúde (SS) e pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Em comunicado, as entidades afirmam que o grupo de inspecção obrigou à colocação de dísticos anti-fumo e outras medidas para dissuadir este acto naquele espaço. “[A DICJ e os SS] procederam à elaboração do auto e processo de punição ao casino Wynn, solicitando de forma expressa que, de forma imediata, sejam cumpridas as normas sobre o controlo do tabagismo no estabelecimento, ou seja, que exista a afixação de dísticos de interdição de fumar, de forma visível, não sejam disponibilizados cinzeiros e que existam aconselhamento para que as pessoas não fumem”, explica o comunicado. Má leitura A inspecção ocorreu depois de terem sido publicadas notícias sobre a transformação de uma área comum de jogo numa sala para fumadores e dos organismos responsáveis “terem recebido denúncias”. Antes da implementação das medidas, a DICJ e os SS depararam-se com uma sala aberta ao público onde não havia dísticos e que disponibilizava cinzeiros pelo espaço. O representante do Wynn justificou o erro com a existência de uma “má interpretação” da legislação, de acordo com o comunicado. Já foi instaurado um processo para melhor averiguar o caso. “As autoridades vão agora instaurar uma investigação e quando o relatório for concluído os dados serão do conhecimento público”, informa o documento. Duas salas da Dore fecham portas Duas das salas VIP da empresa Dore – envolvida no escândalo do roubo de mais de dois mil milhões de patacas – vão fechar portas no Wynn já no próximo sábado, de acordo com notícia do jornal Business Daily. Segundo fonte citada pelo periódico, “o encerramento está fortemente relacionado com o roubo de dois mil milhões de patacas”. A empresa alega que o crime foi cometido por uma contabilista da Dore. Sem impostos por mais cinco anos O Governo voltou a isentar a Sociedade Wynn Resorts SA do pagamento do imposto complementar de rendimentos. O despacho, assinado por Chui Sai On, Chefe do Executivo, e publicado ontem em Boletim Oficial (BO), determina que a isenção terá a duração de cinco anos, no período entre 2016 e 2020.
Leonor Sá Machado SociedadeAgente da PSP e segurança da UM condenados por auxílio a entrada ilegal [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) e um guarda de segurança do campus da Universidade de Macau (UM) foram condenados, pelo Tribunal Judicial de Base (TJB), a cinco anos e nove meses e a oito anos e três meses de prisão, respectivamente, pelos crimes de auxílio à entrada ilegal e posterior acolhimento. A decisão foi proferida pelo TJB em Novembro do ano passado e os dois interpuseram recurso no Tribunal de Última Instância (TUI), que recusou o recurso. De acordo com acórdão do TUI, ontem tornado público, o caso teve início quando os dois arguidos se conheceram, em Agosto de 2013, e deram início a um processo de ajuda de entrada ilegal de imigrantes em Macau, através da aplicação móvel WeChat, “dando-lhes auxílios na entrada e saída entre Zhuhai e Macau através de botes rápidos ou passagem de fronteiras” mediante pagamento. Três meses depois de iniciado o processo, um amigo do agente da PSP quis vir jogar nos casinos da região, mas como não conseguiu entrar de forma legal com os seus documentos de viagem, pediu à dupla que organizasse a sua entrada. Assim, conseguiu passar para este lado da fronteira a 5 de Novembro e ficou alojado num quarto de hotel marcado pelo agente, a quem pagou seis mil reminbis pela tarefa. Tanto o segurança da UM como o agente da PSP receberam ainda uma “comissão de ficha” no valor de dez mil dólares de Hong Kong. Orquestra de quatro Os dois foram acusados pelo Ministério Público pelos crimes de auxílio e acolhimento e posteriormente condenados em Novembro do ano passado. Insatisfeitos com a decisão do TJB, recorreram ao TUI e o oficial da PSP justificou que a sua pena devia ser minorada porque ter “confessado integralmente e sem reservar” os actos criminosos e por ter “agido sob um circunstancialismo mitigador da culpa”. Já o segurança usou a sua situação financeira e familiar para pedir ao TUI que a sua pena pelo crime de acolhimento fosse atenuada. Os dois faziam parte de uma equipa de quatro orquestradores das viagens.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeUber | Governo vai mesmo combater novo serviço de táxis privados [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] serviço de transporte privado Uber é, de acordo com o Governo, mesmo ilegal, pelo que o porta-voz do Governo, Leong Heng Teng, prometeu fazer de tudo para impedir, “de forma séria”, que estes veículos circulem. A directiva vem do Gabinete do porta-voz do Governo, que refere, em comunicado, que está muito atento à entrada da Uber em Macau. “O Governo vê com grande importância e mantém-se atento relativamente ao lançamento da aplicação móvel para smartphones que visa, por parte de uma empresa, a prestação de serviços de transporte em veículos privados, tendo igualmente ordenado às respectivas autoridades para acompanhar de perto a situação e combaterem de forma séria a prestação ilegal de serviços por parte desses veículos”, sublinha o comunicado. Castigo pesado O mesmo documento assinala que os condutores que forem apanhados pelas autoridades em exercício ilegal de funções como taxistas incorrem no pagamento de uma multa que pode ir até às 30 mil patacas. O Gabinete refere ainda que vai proceder à análise de casos e “rumores em circulação na internet” sobre pessoas que já fizeram uso da Uber. O HM contactou o Gabinete do Secretário para as Obras Públicas e Transportes Raimundo do Rosário, mas o organismo não quis prestar comentários adicionais às informações publicadas pelo porta-voz do Executivo. O comunicado justifica a ilegalidade desta actividade por não ser “um meio eficiente para colmatar a insuficiência de automóveis de aluguer”, pois será difícil “regular o funcionamento e a remuneração do serviço cobrado”. A inauguração da empresa em Macau aconteceu no passado dia 22 e já vários cibernautas referiram ter utilizado o serviço, mostrando um feedback positivo. Nesse dia, cerca de 127 mil já haviam feito o download da aplicação para chamar o carro privado. No entanto, têm já surgido várias queixas de taxistas locais sobre a falta de legalidade deste serviço, pelo que o Executivo veio então reafirmar a sua posição contra a sua disponibilização em Macau. A Uber é uma empresa norte-americana que já chegou a Portugal e Hong Kong, regiões onde já causou vários problemas, nomeadamente uma greve de taxistas portugueses. Em Agosto, a polícia da RAEHK fez uma série de inspecções aos escritórios da empresa e foram detidos três funcionários, apreendidos computadores e documentos e cinco motoristas com idades compreendidas entre os 28 e os 65 anos. No entanto, estes foram libertados após pagamento de uma fiança.
Leonor Sá Machado SociedadeSão Januário | Recusa de autópsia por família leva hospital ao tribunal [dropcap style=’cirlce’]A[/dropcap]morte de uma paciente e consequente recusa de autópsia está a ser investigada pelas autoridades judiciais. A família da paciente – doente com cancro do esófago – recusou o pedido de autópsia do Centro Hospitalar Conde de São Januário, tendo o hospital seguido com o caso para tribunal. A mulher havia sido operada no passado dia 8, depois de, em Setembro, de acordo com um comunicado dos Serviços de Saúde (SS), se ter dirigido ao serviço de cirurgia para marcar uma operação, que acabou por ficar concluída no início deste mês. A doente foi então transferida para os Cuidados Intensivos por se encontrar em estado grave, mas de acordo com os SS, o seu estado “piorou subitamente” na semana passada. “Perante a situação, o pessoal médico procedeu a todas as manobras de socorro, sem sucesso. A doente acabou por falecer”, refere o documento. O hospital pediu então à família da doente que autorizasse a realização de uma autópsia para verificar as causas da morte, mas esta não aceitou, pelo que o hospital “declarou o caso junto do órgão judicial”. O caso está “a ser investigado e tratado pelo órgão judicial que irá averiguar aprofundadamente as causas da morte da doente”, referem os SS. Este é o terceiro caso de morte do São Januário que vai parar ao tribunal, depois de duas mortes que envolviam um bebé de cinco meses e uma mulher idosa.
Leonor Sá Machado EventosMAP | Atelier de arquitectura português cria peça interactiva na residência consular A residência consular – antigo Hotel Belavista – tem agora um espaço de sombra inteiramente feito de escadotes de madeira e atilhos plásticos. A ideia, pensada por Diogo Aguiar e João Jesus, foi montada por um colectivo de interessados em levar a arte mais longe. A organização cabe à BABEL [dropcap style=’cirlce’]S[/dropcap]obre o pôr do sol singular que só da residência consular é visível, o HM esteve à conversa com dois arquitectos da LIKEarchitects, um atelier português sediado no Porto. Os dois dedicam-se àquilo que chamam de “arquitectura convencional”, mas o talento recai sobre um projecto de matriz mais interactiva, que se insiram no espaço urbano das cidades. E para Diogo Aguiar, em Macau, “é altura dos casinos retribuírem à cidade” a oportunidade que lhes foi dada para crescer, numa perspectiva de criar mais actividades relacionadas com arte e cultura. Foi a pensar nisso que os dois arquitectos do atelier português prepararam, juntamente com os alunos do workshop que antecederam a inauguração da obra, uma peça interactiva feita de escadotes de madeira e atilhos plásticos. Empilhados de forma lateral, criam uma espécie de cúpula de sombra que permite aos visitantes entrar e sair por vários lados. O workshop durou cerca de uma semana e a exposição inaugura hoje, podendo todos os interessados ver o pôr-do-sol debaixo de um conjunto de escadotes bem montados. A mostra estará patente na residência consular até 1 de Novembro e tem entrada gratuita. Para chegar ao protótipo final, explica João Jesus, foi preciso um dia e meio. “Fizemos vários estudos da forma como poderíamos encaixar [os escadotes] com a premissa de não danificar o objecto e tentar criar espaços, explorámos vários tipos de encaixe de forma a alcançar o objectivo pretendido”, informou o arquitecto, em conversa com o HM. Este, acrescenta Diogo Aguiar, é “um trabalho colectivo”, que não conta somente com a assinatura do atelier do Porto. Para tudo e todos Os conceitos aqui postos em prática destinam-se a um público mais geral, ao transeunte comum, nada de “arquitectura para arquitectos”, como se diz de tantos edifícios de conhecidos profissionais. “Temos reparado que há uma grande identificação por parte das pessoas quando percebem que as coisas são construídas a partir de materiais que reconhecem”, conta Diogo. Questionado sobre o facto de em Macau a construção ser um sector em constante crescimento, mas não haver uma aposta clara na arte e cultura, Diogo não tem dúvidas: o sector do Jogo tem que começar a retribuir à região pela oportunidade que lhes foi dada. “A própria cidade tornou-se refém desta proliferação de casinos e é o momento em que tem que reflectir e pensar no que é que pode pedir em troca às operadoras”, sugere Diogo. “Temos uns edifícios todos sumptuosos e depois ao lado uma massa cinzenta de edifícios de habitação por reabilitar e uma série de torres a nascer por trás. Foi um impacto de contraste”, confessa. Ambos os arquitectos consideram que existem, sim, intenções de fazer crescer estes ambientes na cidade, mas ainda “muito pontuais”. Para a BABEL, a série de projectos MAP vem suscitar o interesse da população para a arte e cultura contemporâneas. Através de um programa vasto que inclui workshops, instalações, palestras, cinema e outros eventos, a ideia é, assegura a fundadora da BABEL, Margarida Saraiva, trazer a arte para a rua e permitir que as pessoas interajam com esta. Enfim, fazer com que a cidade alicie a mais do que passar de carro. Arquitectura inconvencional Embora os LIKEarchitects sejam um atelier de arquitectura, não dão prioridade à criação de projectos como os conhecemos. Antes, como explica Diogo, fazem projectos “não convencionais”. E como se transporta este ideal para a materialização de uma estrutura? Através do emprego de objectos do dia-a-dia. Criam o abrigo de exposições, conferências e várias outras iniciativas. O repertório dos LIKEarchitects conta com poucas obras de arquitectura “convencial”, mas também com um prémio internacional na China atribuído a um destes projectos, no Idea Tops. “Geralmente, é o cliente quem define o programa e, quando estudamos isso, procuramos encontrar um objecto que melhor responda às premissas do cliente”, explicou Diogo. Por exemplo, em busca de algo para albergar uma exposição do artista Andy Wharhol – num centro comercial em Lisboa –, o colectivo optou por usar latas de tinta para servir de paredes à mostra temporária. “Esta arquitectura mais experimental é resolvida através do protótipo, ou seja, parte da forma como o nosso trabalho começou”, disse Diogo. O trabalho destes jovens – na casa dos 30 – ganhou vida através da vontade comum de construir e fazer acontecer. Em Portugal, explica, “as coisas não têm a velocidade que têm em Macau” e é complicado um atelier tão recente pôr logo as mãos na massa de grandes projectos. “Dedicamo-nos a projectos mais pequenos, em que a arquitectura possa ser, em grande parte, controlada por nós, incluindo o orçamento, o transporte e outras coisas”, continua Diogo. São os “acontecimentos efémeros” que mais sentido fazem para estes jovens. Por quê? A razão é simples: “permite-nos experimentar muito mais, levar conceitos ao limite”, dizem. A ideia é tirar partido dos objectos e criar espaços completamente novos, que os próprios arquitectos desconheciam até verem feito. No entanto, é no curso de Arquitectura que está a base de tudo isto. “Trazemos da nossa formação muitos dos elementos e formas de pensar para o nosso trabalho”, explica João.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadePoluição | DSPA implementa “plano de emergência” para Areia Preta A DSPA começou sábado com uma série de projectos na Areia Preta, que visam resolver o problema do mau cheiro sentido na zona. Entre eles está a construção de um dique e de uma estação elevatória que vai desembocar longe da população [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]zona da Areia Preta está a ser sujeita, desde sábado, a um plano de emergência que visa a melhoria ambiental e deverá demorar três meses. O projecto, desenvolvido pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) e pela Direcção de Serviços dos Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA), visa a conclusão da instalação de tubos de águas residuais na Estrada Marginal da Areia Preta e a instalação de uma estação elevatória na ETAR da península com o alargamento das bocas de descarga para distanciar o lixo da população. Foi ainda aumentado o número de inspecções aos restaurantes. “Iniciaram-se em 24 de Outubro de 2015 as obras de emergência para diminuir a poluição encontrada na zona costeira da Areia Preta, em conformidade com um programa de emergência para a atenuação do problema”, escreve a DSPA em comunicado. As lamas depositadas ao longo da rota que vai do Centro de Actividades do Bairro da Areia Preta até frente à Avenida da Ponte da Amizade vão ser removidas na zona de águas baixas da costa. A iniciativa será levada a cabo por navios. Isto para, explica a mesma entidade, “reduzir o impacto causado pelos odores aos cidadãos”, um problema que tem vindo a tornar-se problemático para os habitantes da zona já há alguns anos. Separar águas “Além disso, será construído um dique de separação no leito de águas profundas, evitando assim que as lamas sejam levadas pelas correntes para as zonas costeiras de águas baixas, o que pode afectar o efeito das respectivas obras de emergência”, acrescentam. O período de finalização deste projecto de emergência vai até final de Dezembro devido ao facto dos navios de apoio à obra não poderem navegar em águas pouco profundas, como acontece neste momento. A questão do mau odor naquela zona, em grande parte provocada pelas obras de construção da ponte de ligação entre Macau, Hong Kong e Zhuhai, valeu mesmo a ida do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, à Assembleia Legislativa, para responder a perguntas dos deputados. “Por causa dos seus [pequenos] diâmetros, os esgotos facilmente se entopem. O maior problema tem a ver com a Ponte do Delta, é como se fosse um muro, que tornou a Areia Preta num ponto sem fluxo. A acumulação da lama está no ponto a que assistimos hoje e com a construção desse muro parece que estamos num beco sem saída”, referiu Raimundo do Rosário, numa das suas idas ao hemiciclo, em Agosto passado. Contudo, as reclamações não vêm só dos deputados: também os moradores e associações daquela zona têm apresentado uma série de queixas devido ao mau cheiro sentido. O referido plano de emergência foi implementado através das conclusões de um estudo encomendado pela DSPA a uma instituição cujo nome não foi referido. O HM tentou saber mais sobre a pesquisa, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.
Leonor Sá Machado SociedadeMIF 2015 | PLP querem mais apoios da China no sector da pesca Moçambique, Angola, Cabo Verde e a Guiné-Bissau querem criar parcerias com investidores chineses para estabelecer linhas de montagem de pescado que possam ir do mar às prateleiras de supermercado. A China mostrou-se disponível [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s embaixadores de Moçambique, Angola, Cabo Verde e Guiné-Buissau presentes na sexta-feira na Feira Internacional de Macau (MIF) querem mais apoio da China no sector da pesca. Isso mesmo confirmaram durante as intervenções feitas numa conferência sobre actividade piscatória e parcerias. O Embaixador de Angola em Pequim, João Garcia Bires, sublinhou a necessidade “profunda” do país em ter linhas de processamento de pescado, desde o alto-mar até à venda nas prateleiras de supermercados. “Gostaríamos de ver fortalecida a comunicação nas áreas da tecnologia (…) sustentabilidade, intercomunicação de informação e formação de professores”, disse o embaixador. A ideia transmitida pelos representantes dos Países de Língua Portuguesa (PLP) é que a ajuda da China é essencial na criação de um sistema de exportação de pescado de África para o mundo. O processamento do peixe foi o que mais atenção valeu no fórum dedicado ao tema da pesca, que teve lugar na presente edição da MIF. Os embaixadores de PLP africanos referiram estar em carência destes mecanismos, que englobam o próprio acto da pesca, o congelamento, tratamento e transporte dos produtos e, finalmente, a exportação e colocação dos mesmos na prateleira. “Tanto Moçambique como Angola estão interessadas em atrair investimento na área da indústria de pesca. Não só in loco nos países, a pescar, mas também fazendo parte de toda a linha de montagem desde aí até à exportação”, disse Rita Santos, a ex-secretária-geral adjunta do Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Em declarações ao HM, a também Conselheira das Comunidades Portuguesas afirma que Moçambique tem “mais interesse em atrair investimento de empresários chineses para a criação de uma linha de montagem completa”. A relação entre os PLP e a China tem vindo a crescer, principalmente na área da construção de infra-estruturas como habitação social, pontes, estradas e outras edificações. Cabo Verde quer mais Por outro lado, um dos responsáveis de Jangsu presente no painel referiu precisar de criar parcerias que fizessem com que empresas chinesas conseguissem sair da Ásia “para conhecer novos mercados”. Outro dos assuntos focados foi a criação de um centro ou secretariado de Jangsu em Cabo Verde. Não ficou, no entanto, bem esclarecida qual a cidade cabo-verdiana que vai receber o referido centro, que serviria para facilitar as relações entre as duas regiões. O embaixador Júlio Freire de Morais garante que a indústria piscatória de Cabo Verde está a florescer, mas argumenta que ainda assim é preciso que os seus produtos atravessem o mundo. “[O comércio de Cabo Verde] não é significativo [face à realidade chinesa], mas acredito que podemos duplicar e até mesmo triplicar o nosso comércio”, anunciou. O responsável garantiu mesmo existirem “potencialidades” para que o volume de negócios crescesse. Papel local A língua é, para Rita Santos, aquilo que muitas vezes impossibilita a conclusão de processos de negociação. E Macau, neste âmbito, ajuda. “Às vezes não se concluem parcerias por simples falta de informação adequada de ambas as partes”, acrescentou. Na perspectiva da ex-secretária do Fórum, Macau tem “um papel preponderante” no estabelecimento destas relações. Não só devido à sua localização geográfica, mas também à sua capacidade de formar quadros falantes de mandarim e português. Tal ajuda, na opinião de Rita Santos, às negociações. Questionada sobre as vantagens para a China destas trocas comerciais com os PLP na área da pesca, a responsável afirma que tudo tem que ver com a hipotética exclusividade da própria indústria. “A vantagem para a China é que se trata de um negócio totalmente novo e desde que haja a intenção de fazer esse investimento, saindo da China, poderá haver possibilidade de obter a exclusividade na indústria da pesca”, justificou.
Leonor Sá Machado Manchete ReportagemEmpreendedorismo | PME sofrem com crise chinesa, mas há mais apoios do Governo [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á mais pequenas e médias empresas (PME) em Macau, mas algumas delas dizem que tem sido cada vez mais complicado expandirem-se além-RAEM. Tal, dizem, é consequência da crise económica da China e da queda das receitas no mercado do Jogo da região. Segundo dados dos Serviços de Economia (DSE) para este ano, foram aprovados pedidos de financiamento a 380 PME só entre Janeiro e Março deste ano, com o Governo a despender mais de cem milhões nesta vertente. O HM entrou em contacto com sete destas empresas. A esmagadora maioria comercializa serviços, não bens. Servem de ponte de distribuição, importação e exportação para produtos internacionais de e para Macau. Serviços em barda Exemplo disso é a Batilo Trading, empresa fundada há dez anos por Yuki Huang, empresária nascida em Macau que optou por fazer da importação e exportação a sua vida. A líder faz dinheiro com duas vertentes distintas: a primeira e mais antiga dedica-se à disponibilização de serviços de importação e exportação e a mais recente, criada este ano, foca-se na venda de produtos estrangeiros nesta zona do globo. Para Yuki, há duas medidas que têm vindo a ajudar à melhoria deste sector: são eles a diminuição dos custos de Alfândega e os apoios públicos. “O negócio das PME está a crescer exponencialmente devido à crescente ajuda do Governo local e pelo facto dos custos alfandegários de exportação para a China estarem a baixar cada vez mais”, começa a empresária por dizer. Entre a venda de mel da Tasmânia, vinho de casca de árvore, cereais da Austrália e chá do Nepal, Yuki debate-se com um problema que lamenta ser crescente: “nos últimos dois a três anos, o negócio não tem estado assim tão bom, porque as políticas económicas da China estão a estrangulá-lo”. No entanto, a sorte calha a alguns e Macau foi uma das regiões sortudas. Segundo a empresária, este é um dos territórios “que mais benefícios tem”, quando comparado com outros locais como Hong Kong, Taiwan ou certas províncias chinesas. Neste momento, Yuki está à procura de distribuidores para expandir a sua rede de venda. Por mês, a sua mais recente empresa lucra entre 50 mil e cem mil patacas e a antiga está em declínio devido “às medidas impostas pela China”. Já encontrou algumas potenciais empresas distribuidoras, de e-commerce, a quem pretende aliar-se para expandir o seu novo negócio. Dinheiro não chega Todos os empresários entrevistados pelo HM afirmam que o sector das PME está bastante melhor do que há dez ou cinco anos, quando fundar uma empresa destas levava ao declínio quase certo. “Os apoios do Governo eram muito menores e quase ninguém os recebia. Talvez por não saberem da sua existência porque também não havia a divulgação de hoje em dia”, explica Kevin Chan. Fundador de uma empresa especializada na concepção de puzzles educativos sobre a cidade, o empresário afirma que o ambiente de negócios “está melhor agora, mas mesmo assim não é o ideal”, atribuindo à queda das receitas do Jogo este problema. Com dois anos de existência, Chan e a sua funcionária Yammy Cheong fazem o melhor que podem para vender estes puzzles onde podem. “Vendemos em lojas das indústrias criativas, algumas de brinquedos e livrarias”, esclarecem. Neste momento, procuram distribuidores e pontos de venda. A razão é simples: mesmo com apoios do Governo na ordem das 300 mil patacas, é preciso ajuda de quem se importa com o desenvolvimento da empresa. “O dinheiro só não chega e agora estamos à procura de quem nos ajude a expandir o negócio”, começam por dizer. “O dinheiro do Governo é muito bem-vindo, mas depois de estabelecermos o negócio com a montagem dos materiais, é preciso criarmos parcerias com quem os ponha no mercado”, continuam. E isso acontece, mas não ao passo que ambos gostavam. “A crise económica da China e do Jogo [em Macau] faz com que as empresas maiores queiram investir menos em negócios mais pequenos”, lamentou Chan. Esta parece ser a tendência comum para as PME que precisam de quem as ajude a crescer. Trata-se de um ciclo vicioso que começa e acaba lá fora, especificamente na China. A crise económica sentida no país provocou uma onda de ponderação no mundo empresarial asiático, cortando as asas àquilo que poderia ter sido o sucesso de várias empresas. A Fuhong Society dá a entender, como o nome indica, que é uma associação, mas é uma PME como qualquer outra. Ou quase, pelo menos. O intuito do seu fundador é dar a conhecer a cadeias de lojas conhecidas, o conceito especial sobre o qual criou a marca. Mais importante do que vender os brinquedos, carteiras, acessórios de moda e toalhas de banho produzidos, a Fuhong Society preocupa-se em mostrar ao mundo que ajudam pessoas com necessidades especiais. Grande parte dos produtos foi enfeitada com o desenho feito por um jovem residente autista. “Queremos mostrar que as pessoas portadoras de deficiência também têm criatividade e talento, somos o exemplo disso”, esclareceu uma das funcionárias. Para isso, diz, “é preciso que as grandes lojas disponibilizem espaços e aceitem o conceito da nossa marca com a divulgação” dos produtos da marca. Para a Fuhong, o foco está na divulgação destes trabalhos, que a empresa defende só ser possível se outras maiores ajudarem. PME ajudam PME Outras, no entanto, não tiveram ainda tempo para se expandir. É o caso da Great Chance International Group Limited, detida por Ramble Chan. Há três anos, desenvolveu a PME com mais quatro fundadores, onde trabalham sete pessoas. A marca mais recente dá pelo nome de Swim Macao e dedica-se à criação de mapas da cidade feitos à mão que podem ser aplicados de diferentes formas. “Agora, temos só o mapa, mas também criámos a marca só este ano. No futuro, queremos incluir [no mapa] algumas empresas criativas locais para lhes dar amplitude no mercado”, explicou Ramble Chan ao HM. Questionado sobre o estado actual do mercado das PME, o fundador lamenta que a queda das receitas esteja a ferir a possível expansão de vários negócios. Ramble Chan confirma, no entanto, que a crise económica pode ter os seus benefícios para as PME: “as grandes empresas, de casinos por exemplo, deixam de encomendar determinados trabalhos ao estrangeiro e passam a escolher PME locais para estes trabalhos”. Um mar de marcas “As empresas como a nossa foram criadas enquanto alternativa ao Jogo, como forma de diversificar a economia e o Governo está a apostar cada vez mais nisto”, frisa. Só este ano, o grupo internacional Great Chance recebeu do Executivo 200 mil patacas para a nova marca. As duas outras marcas da empresa dedicam-se ao design gráfico e publicidade e a uma plataforma online para dinamizar o empreendedorismo na Ilha da Montanha. “Fazemos a ponte de comunicação entre empresas-mãe e potenciais compradores no WeChat”, esclarece Chan. Entre as 143 PME locais presentes na Feira Internacional de Macau (MIF) 2015, contam-se pelos dedos as que se dedicam à exploração das indústrias culturais e criativas. Entre material de cozinha, vinhos gaseificados importados do Japão, produtos alimentares de pastelaria coreanos, marcas de produtos de higiene oral e de aparelhos dedicados à fisioterapia, contam-se pelos dedos aqueles que são realmente locais. A grande maioria das PME criadas em Macau funciona para importar e exportar. A Macau Pure Delights tem três pessoas a trabalhar e vende somente produtos de Hong Kong, Coreia do Sul e do Vietname. “Vendemos produtos que fazem bem à saúde, com características medicinais e a principal razão pela qual são todos estrangeiros é que aqui não é possível criar este tipo de coisas, é muito caro”, justifica um dos funcionários. Criada há quatro anos, tem vindo a expandir-se a passos de bebé. Agora, procuram quem queira vender produtos que compraram a empresas estrangeiras. “É uma espécie de venda a retalho”, brinca o mesmo funcionário, que preferiu não ser identificado. Macau não é global Há dois anos, em meados de 2013, nasceu a Lovelina, pelas mãos da sua criadora de nome quase homónimo, Alina. Questionada sobre o actual estado do sector das PME no cenário geral da região, a fundadora afirma que a crise económica causada pela queda das receitas “provocou uma queda, em simultâneo, da vontade das pessoas arriscarem em novos produtos e compras”, pelo que lamenta que a Lovelina não tenha já aberto asas e voado até outros países. A casa da empresa será sempre Macau e isso mesmo garante Alina, que se mostra orgulhosa do seu pequeno império de malas totalmente originais. “Em média, fazemos 60 a 80 mil patacas por mês, mas queremos ir mais além, dando a conhecer os nossos produtos ao público, mas a presença da nossa PME aqui [na MIF] surgiu da necessidade em arranjarmos parcerias de co-working”, explica. É que, acrescenta, estar em Macau “não é internacionalizar a marca”. Mais uma vez, o rodopio de uma marca local pelo mundo passa, essencialmente, pela criação de parcerias no sentido de levar os nomes mais longe, talvez até uns quilómetros além da fronteira. A ideia de Alina é partilhada por Kevin Chan, que afirma ser difícil ganhar fama se a marca se ficar por terras macaístas. Até porque para o criador de puzzles da cidade, tudo começou nos EUA. “Estive lá a estudar e foi quando percebi que as pessoas não faziam ideia de onde era Macau. Foi nessa altura que decidi associar-me à empresa internacional 4D Cityscape”. Tal decisão, assegura, pretende colocar Macau “no mapa global”. O dinheiro é, assim, essencial para o nascimento de qualquer negócio, mas a opinião das PME é unânime: é preciso criar parcerias com empresas internacionais e até mesmo outras locais para que as marcas e produtos voem além-mar. A maioria dedica-se à disponibilização de serviços do mundo para o mundo, passando por Macau. Talvez a região possa realmente transformar-se na plataforma de que tantos milhares hoje falam.
Leonor Sá Machado PerfilSara Justino, Engenheira do Ambiente [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau é um lugar sui generis e Sara Justino é bem capaz de saber isso. Mais do que uma experiência totalmente aventureira, esta cidade trouxe à jovem portuguesa um primeiro e fresco olhar para a Ásia. Algo que se assumiu como o início de uma óptima experiência, tanto profissional como pessoal. Sara tem, certamente e como vários outros emigrantes portugueses na região, família e amigos lá bem longe, mas quando se quer muito uma coisa, dizem, é preciso mergulhar de cabeça. A jovem, agora na casa dos 20 e poucos anos, conta com uma licenciatura e um mestrado feitos em Portugal e foi numa parceria neste último programa académico que Sara conheceu esta terra que diz ser “bastante familiar”. No âmbito de um estágio, foi parar à Macao Water, empresa onde actualmente trabalha. “Gosto muito de Macau e mesmo muito do que faço”, disse. É que Engenharia do Ambiente não parece ser uma área fácil, principalmente para quem lida com as águas do território. O mais complicado, revela, foi lidar com o choque cultural em termos de idiomas. “Continua a ser muito complicado comunicar, mas no início foi ainda mais difícil porque trabalho maioritariamente com pessoas chinesas e a comunicação pode ser difícil”, diz. No entanto, Sara parece ter-se adaptado bastante bem à realidade local – ao contrário de outros tantos. Se nos três meses do estágio viveu nas residências da Universidade de Macau, actualmente mudou-se sozinha para uma casa numa zona que, curiosamente, não atrai muitos estrangeiros. “Moro perto da Ilha Verde, junto ao trabalho, num bairro completamente chinês, em que nenhum dos meus vizinhos é ocidental”, revela. “Tem as suas coisas boas, como poder sair à rua de pijama e ser uma coisa perfeitamente normal”, brinca. Há voltas e regressos “No início [da proposta para ficar em Macau] não sabia bem se queria mesmo ficar, até porque Macau é do outro lado do mundo”, confessou. Em Abril passado foi quando Sara se decidiu a pôr pela segunda vez os pés nesta terra. A sua primeira experiência em Macau começou de forma meio atabalhoada. A viagem inaugural, em Setembro de 2014, aconteceu precisamente no dia seguinte à defesa da tese, momento que marca o estudante, mais que não seja pelo passo académico que representa. Quando as asas do avião deixaram mostrar Hong Kong, Sara percebeu que era época de feriados, mais conhecida como a Semana Dourada. As ruas abundavam de gente e sacos, pessoas e saquinhos. O tempo foi deixando que Sara se ambientasse e fizesse amigos, conhecesse pessoas na universidade e no local de trabalho. Cedo percebeu que era um local agradável para viver. “É um ambiente familiar”, reforça na conversa com o HM. “A primeira impressão? Que calor!”. “Apesar de ser tudo muito diferente e de ser a única estrangeira, tenho muita sorte com a empresa onde estou”, adianta. É que Sara sente-se a trabalhar com uma equipa que valoriza o seu trabalho. “Eles adoptaram-me, por assim dizer, e às vezes na brincadeira, até digo que são a minha família chinesa”, revela. Por enquanto, está-se bem por aqui. Ou pelo menos é essa a ideia transmitida pela especialista em Ambiente. Assegura que fica por estes lados até que seja preciso mais para evoluir. “Fico cá enquanto sentir que estou a aprender e a partir do momento em que não é possível evoluir mais, penso em ir embora”, frisa. Debaixo de um guarda-chuva Para Sara, o mais complicado de ultrapassar é mesmo a barreira linguística, mas acredita que “se se quiser muito cá viver e ficar a longo prazo, é fácil ter aulas e aprender em alguns meses” de muito esforço. No entanto, fossem esses todos os males. É que, ao contrário de muitos outros lugares, Macau parece trazer a várias pessoas a sensação de conforto e uma familiaridade que, diz Sara, “não tem nada a ver com o sítio de onde vimos”, mas está presente a cada canto, esquina de prédio, pastelaria e restaurante. Caso a ideia fosse ficar por aqui por tempo indefinido, a jovem confessa que gostaria de ter “uma casa em Coloane”, aquela que considera ser “a zona mais bonita de Macau”. O território tem, diz, “ainda muito por onde evoluir” na área da poluição e de formas de ajudar o ambiente. Quando questionada sobre momentos estranhos, que só teriam lugar em Macau, Sara não demora a recordar aquele que considera melhor espelhar o choque cultural entre a China e Portugal. Um dos episódios mais caricatos que marcam a estada de Sara no território aconteceu debaixo de uma chuva torrencial, com um grande amigo seu de naturalidade local. Chinês de alma e sangue. “Estávamos os dois debaixo do mesmo guarda-chuva, estava a chover imenso e eu, num gesto de amizade, cruzei o braço ao dele para não ficarmos desfasados debaixo do chapéu. Mas ele ficou agitadíssimo, a dizer que não podíamos fazer aquilo porque a namorada ia pensar que existia alguma coisa”, recordou, ao mesmo tempo que se ria. Quando Sara finalmente explicou ao seu amigo a natureza altamente inócua da acção, riram-se os dois ao perceber que também na amizade existia uma espécie de “protocolo cultural”. Sara sabe que tem ainda “imensa coisa para ver e aprender” por essa Ásia fora, especialmente aqui ao lado. “Adorava pegar numa mochila e fazer uma viagem pela China, mas sei que não sabendo Mandarim não ia correr bem”, lamenta. Assim, as viagens vão-se fazendo ao passo de quem trabalha e aproveita o tempo livre. Por enquanto, Sara parece feliz com o que faz, mas essencialmente, com quem é.