João Santos Filipe SociedadeDSEC indica que combate à covid-19 aumentou desemprego As medidas de confinamento no território, identificadas pelo Governo como “estado relativamente estático” levaram ao aumento do desemprego, principalmente entre residentes. A informação foi avançada pela DSEC, com a publicação dos números do desemprego, na sexta-feira. “Entre Maio e Julho de 2022 a taxa de desemprego atingiu 4,1 por cento e a taxa de desemprego dos residentes foi de 5,4 por cento, mais 0,4 e 0,6 pontos percentuais, respectivamente, face ao período passado (Abril a Junho de 2022), devido à suspensão da maioria das actividades industriais e comerciais durante o ‘estado relativamente estático’, originada pelo novo surto pandémico”, pode ler-se no comunicado. Os números mostram ainda o efeito na taxa de subemprego: “A taxa de subemprego situou-se em 13,4 por cento, tendo aumentado 9,3 pontos percentuais”, foi indicado. A população subempregada atingiu 50.600 pessoas, tendo “aumentado significativamente de 34.900”, aponta a DSEC, em relação ao período anterior. “Salienta-se que a maior parte da população subempregada pertencia ao ramo de actividade económica das lotarias, outros jogos de aposta e actividade de promoção de jogos, ao ramo dos hotéis, restaurantes e similares e ao ramo do comércio a retalho”, foi explicado. Menos pessoas e empregos De acordo com os dados, entre Maio e Julho, a população activa totalizou 377 mil pessoas. Entre essas, 361 mil tinham trabalho, e deste universo 274 mil eram residentes. Os números reflectem uma redução de 2.900 e 1.500, respectivamente, no número de pessoas empregadas e do número de residentes com trabalho. Ao mesmo tempo, a população desempregada era composta por 15.600 pessoas, mais 1.700, face ao período transacto. Destaca-se que de entre os desempregados à procura de novo emprego, a maioria trabalhou anteriormente nos sectores do jogo e construção. Por outro lado, o número de desempregados à procura do primeiro emprego representou 8,7 por cento do total da população desempregada, ou seja, mais 1,7 pontos percentuais, um fenómeno normal nesta época, quando os recém-licenciados entram no mercado de trabalho.
João Santos Filipe Manchete PolíticaPIB com contracção de 39,3% no segundo trimestre As medidas para controlar a covid-19 voltaram a pesar na economia local no segundo trimestre deste ano, com uma contracção de quase 40 por cento do PIB em relação ao mesmo período do ano passado. A quebra recente segue-se à perda de 66,3 por cento verificada no segundo trimestre de 2021 O Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 39,3 por cento, em termos reais, durante o segundo trimestre deste ano, em comparação com o período homólogo de 2021. Os números da Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC) provam cada vez o impacto das medida adoptadas para lidar com a covid-19, tanto em Macau como no Interior, o principal mercado turístico da região. Segundo os dados de sexta-feira, esta redução é a segunda consecutiva em termos reais. Recorda a DSEC que na comparação entre o segundo trimestre de 2020 e o mesmo período do ano passado, a queda tinha sido de 66,3 por cento, ou seja, quase dois terços da economia. Se 2020 foi um mau ano para o turismo, a situação só piorou no ano seguinte. Segundo a DSEC, “em virtude da pandemia”, o número de visitantes que entrou na RAEM entre Abril e Maio teve um decréscimo de 27,5 por cento. Ao mesmo tempo, as exportações de serviços diminuíram 48,6 por cento em termos anuais, principalmente no sector do jogo e nos outros serviços de turismo, com reduções de 69,6 por cento e 41,4 por cento, respectivamente. Na tendência decrescente destaque também para as exportações de bens, com uma redução de 36 por cento. Famílias cautelosas A desconfiança face à situação económica também está cada vez mais presente no consumo das famílias, como reconhece a DSEC. “Por um lado, o interesse dos residentes em consumir diminuiu ainda mais em virtude da desaceleração económica e por outro, as actividades económicas locais foram afectadas na sequência do aparecimento em finais de Junho de casos confirmados de pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus em Macau”, foi justificado. A despesa de consumo final das famílias no mercado local decresceu 6,3 por cento em termos anuais, e no mercado exterior, 4,1 por cento. “A despesa de consumo privado diminuiu 6,6 por cento em termos anuais”, é apontado. Também o investimento no território teve uma quebra de 12,2 por cento, enquanto as importações de bens e serviços contraíram 20 e 12 por cento, respectivamente. Governo menos gastador Não só as famílias estão menos gastadoras. “A despesa de consumo final do Governo desceu 6,5 por cento em termos anuais, dado a redução de 15,7 porcento das compras líquidas de bens e serviços, efectuadas pelo Governo da RAEM”, foi indicado No mesmo sentido, a formação bruta de capital fixo registou um decréscimo anual de 29,4 por cento, realçando-se variações negativas de 41,4 por cento no investimento em construção e um aumento de 17,5 por cento no investimento em equipamento. Ao nível das obras públicas também foi registado um corte de 24,3 por cento explicado pela DSEC com a “queda do investimento em obras relacionadas com a habitação pública”. Apesar disso, os serviços indicam que o investimento em equipamento cresceu 47,4 por cento. Finalmente, ao nível das trocas comerciais de mercadorias houve descidas anuais de 20,0 por cento nas importações de bens e de 36 por cento nas exportações.
João Santos Filipe Manchete SociedadeGoverno criticado por passar responsabilidade da diversificação para concessionárias Em vez de pedir às concessionárias que encontrem soluções para diversificar a indústria com elementos não-jogo, deve ser o Governo a assumir o lugar do “condutor”. A crítica ao Executivo de Ho Iat Seng foi deixada na feira Global Gaming Expo Asia 2022, que se realiza este ano em Singapura, devido às restrições de viagem existentes em Macau. De acordo com a opinião de Chen Sin, director executivo da empresa Mohegan Gaming and Entertainment, que no passado esteve ligada à Macau Legend e Las Vegas Sands, tem de ser o Governo a planear e orientar as concessionárias no que pretendem com os elementos não-jogo. “O Governo tende a contar com as concessionárias porque pensa que têm recursos e capacidade global para atrair muitos desses elementos [não-jogo] para Macau. Mas, na realidade, devia ser o Governo a assumir o lugar do condutor”, defendeu. O director executivo da Mohegan Gaming and Entertainment considerou ainda que o Governo da RAEM tem objectivos nobres, mas que na prática há falhas que impedem a concretização dessas metas. “Falta de ligação entre o objectivo da política pública [de Macau] – que é nobre e boa – e o nível prático”, afirmou Chen Sin. “Falta também […] liderança a nível governamental, e até a nível de trabalho, que falha em […] coordenar e desenvolver políticas e desenhar mecanismos que podem conduzir essa oferta [de elementos não-jogo] em Macau”, acrescentou. À beira da renovação Apesar de sublinhar que um concurso público é sempre uma caixa de surpresas, e que pode efectivamente mudar o panorama local, Jorge Godinho considerou que existe grande probabilidade de as actuais concessionárias e subconcessionárias serem as vencedoras do procedimento que está a decorrer. “Há um consenso claro de que existe 90 por cento de hipóteses de as actuais concessionárias e subconcessionárias serem as vencedoras, mas não colocaria as hipóteses em 100 por cento”, afirmou Jorge Godinho. “Nunca se sabe o que pode acontecer num concurso público, e a história mostra-nos que um concurso público é uma caixa cheia de surpresas”, sustentou. Neste capítulo, Jorge Godinho falou ainda da história de Macau e do concurso público, que surpreendeu a sociedade local, quando Stanley Ho obteve o monopólio do jogo, ainda durante a Administração Portuguesa.
João Santos Filipe PolíticaIntegração | Governo e MNE organizam palestra na terça-feira O Governo da RAEM e o Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros vão organizar uma iniciativa, intitulada “Diálogo sobre Transformação do Desenvolvimento Urbano de Macau”, para abordarem o aprofundamento da integração de Macau no Interior, no âmbito da política duplo ciclo económico interno e externo. A iniciativa irá decorrer na próxima terça-feira e vai ter como principais oradores Lei Wai Nong, secretário para a Economia e Finanças, e Liu Xianfa, comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiro da República Popular da China na RAEM. A frase “em resposta às iniciativas de desenvolvimento global, promover-se-á a transformação diversificada da economia –” foi escolhida como o tema do evento, que vai decorrer em formato online e offline. A organização do evento irá “cumprir rigorosamente” as medidas restritivas associadas à covid-19, e com esse propósito será disponibilizada em formato online. A iniciativa foi ainda justificada com o facto de não só ajudar a “explorar mais soluções para alcançar a diversificação adequada da economia” como também sendo uma forma de reforçar a “sustentabilidade do processo de construção da sociedade”. O Governo e o Comissariado acreditam também que com este diálogo podem contribuir para divulgar e promover Macau como “Um Centro, Uma Plataforma, Uma Base”, política que dizem ter alcançado “preponderância na comunidade internacional”. A iniciativa deverá ainda contar com a “participação de figuras importantes de cidades estrangeiras, tais como Dubai, Luxemburgo, Seul e Tóquio, e representantes da esfera política, industrial e académica” do Interior da China e Macau.
João Santos Filipe Manchete PolíticaOrçamento | Governo só aumentou despesas com salários Apesar de as receitas correntes da RAEM registarem uma quebra de quase 10 mil milhões de patacas, o gasto com funcionários públicos bateu recordes. Os dados até Julho da execução orçamental mostram cortes em apoios sociais Até Julho as únicas despesas correntes do orçamento que cresceram foram os gastos com funcionários públicos, mesmo acima dos apoios sociais, que estão em contracção. Os dados foram revelados pela Direcção de Serviços das Finanças (DSF), com as últimas actualizações da execução orçamental. Segundo a DSF, a Administração Pública gastou nos primeiros sete meses do ano 8,78 mil milhões de patacas com salários de funcionários públicos, o valor mais elevado desde o estabelecimento da RAEM. Este montante representa um aumento de 60 milhões de patacas, em comparação com os primeiros sete meses do ano passado. Apesar da crise, e excluindo as despesas de capital, apenas os gastos com os funcionários públicos subiram. Numa altura em que o território atravessa a mais grave crise financeira dos últimos 10 anos, as despesas com “transferência, apoios e abonos” registaram uma redução de 1,82 mil milhões de patacas, nos primeiros sete meses. No ano passado, até Julho, o Executivo tinha distribuído 30,75 mil milhões de patacas em apoios, montante que agora foi reduzido para 28,93 mil milhões de patacas. Este número não tem em conta os apoios distribuídos recentemente, como o cheque pecuniário de 15 mil patacas para pessoas com rendimentos anuais nos últimos dois anos inferiores a 300 mil patacas. No âmbito do corte de despesas, destaca-se também a redução com o regime de aposentação e sobrevivência, que passou de 203 milhões para 181 milhões de patacas, as despesas com prestação de serviços de utilidade pública, que caíram de 518 milhões para 491 milhões de patacas, e as despesas de funcionamento foram cortadas de 2,98 mil milhões de patacas para 2,24 mil milhões de patacas. Receitas a caírem Os dados da execução orçamental mostram igualmente uma redução de quase 10 mil milhões de patacas nas receitas correntes. Esta diferença tem como principal razão a crise do sector do jogo, motivada pela redução na emissão de vistos para turistas do Interior e com os surtos de covid-19 mais recentes. Neste capítulo, importa referir que as receitas das concessionárias dos jogos de fortuna ou azar até Julho caíram de 22,2 mil milhões, no ano passado, para 14,0 mil milhões de patacas, este ano. A diferença é de 8,2 mil milhões de patacas. Também nos impostos directos e indirectos a crise se faz reflectir. As receitas até Julho de 2021 foram de 2,97 mil milhões de patacas e 1,53 mil milhões e caíram para 3,26 mil milhões e 2,27 mil milhões de patacas, respectivamente. Considerando todo o orçamento até ao final Julho, as receitas foram de 58,1 mil milhões de patacas e as despesas de 47,9 mil milhões de patacas, o que se traduziu num orçamento positivo de 10,2 mil milhões de patacas. No entanto, se nas receitas não tivessem sido contabilizadas as transferências de capitais da reserva financeira, cuja injecção terá rondado 37 mil milhões de patacas, o orçamento apresentaria um défice de 16,8 mil milhões de patacas.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTufão | Ma-on passou perto de Macau sem causar grandes estragos ou inundações Apesar de ter levado quase 100 pessoas aos centros de acolhimento e de ter causado seis incidentes, principalmente com queda de objectos pendurados, o tufão Ma-on esteve longe de se concretizar na ameaça prevista Esperavam-se inundações na sequência da passagem do tufão Ma-on, mas a madrugada e a manhã de ontem foram relativamente calmas, com as inundações longe de atingirem níveis superiores a um metro, como apontavam as previsões dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG). Apesar de a cidade ter acordado com vestígios do vento, as rajadas registadas na Ponte da Amizade e Ponte Governador Nobre Carvalho, as mais fortes, não terão ultrapassado 80 quilómetros por hora. Nos outros pontos da cidade, segundo os dados dos SMG, à excepção do Porto Interior, os ventos não ultrapassaram a velocidade de 50 quilómetros/hora. Mesmo no local mais propício a inundações, o vento máximo foi de 61 quilómetros por hora, fazendo-se sentir entre as 10h e as 11h. Segundo os dados do Centro de Operações de Protecção Civil, a passagem do tufão não terá causado feridos, mesmo tendo sido registados seis incidentes, até às 11h. Entre estes, quatro ocorrências foram relacionadas com queda de objectos, como janelas, anúncios publicitários ou reboco. Ao mesmo tempo, foi registada uma ocorrência de remoção de objectos em risco de queda, como árvores ou candeeiros, e também um acidente marítimo, que não foi especificado pelas autoridades. Quase 100 acolhidos Apesar de apenas terem sido registadas seis ocorrências, as pessoas não deixaram de se precaver. Por volta das 10h, o Instituto de Acção Social anunciou que tinha recebido 96 pessoas nos centros de acolhimentos. Algumas da quais haviam sido retiradas, ainda na noite anterior, de zonas do Porto Interior onde se esperava que a água atingisse níveis mais preocupantes. Antes da passagem do tufão, os SMG alertaram para a possibilidade de cheias com grande impacto para a população, principalmente no Porto Interior, uma vez que havia o risco de a tempestade (storm surge) coincidir com o período de maré alta. O cenário não se concretizou, segundo os SMG, porque o Ma-on passou perto do território a uma velocidade “mais rápida do que o esperado” e a trajectória e o local onde tocou na superfície também ficaram mais a Oeste do que as previsões iniciais. “Devido a estes dois factores, a situação das inundações na manhã de ontem não foi tão grave como o esperado”, foi explicado. O local mais afectado pelo tufão terá sido a Rua do Doutor Lourenço Pereira Marques, no Porto Interior, onde o nível da água chegou aos 20 centímetros, por volta das 07h. Contudo, às 11h, quando foi retirado o sinal número oito e içado o sinal número três, e os comerciantes começaram voltaram à rua e encontraram poucos vestígios das inundações. Confusão de almoço Para a maioria da população, os principais efeitos do tufão fizeram sentir-se na parte da tarde, quando muitos se deslocaram para os diferentes locais de trabalho. Como frequentemente acontece nestas situações, o trânsito ficou congestionado em algumas partes do território, como por exemplo nas estradas junto ao Jardim da Montanha Russa, onde se formaram filas de trânsito lento. Também nos autocarros houve maior afluência em comparação com outros dias, ainda assim muito longe do nível da situação causada pelo tufão Mulan, que passou por Macau no passado dia 10 de Agosto. Visita da praxe O facto de o impacto do tufão ter sido menor do que esperado, não significou que os mecanismos de protecção civil não tivessem sido activados e prontos para intervir em qualquer emergência. Por isso, por volta das 22h30, altura em que foi içado o sinal número 8, começaram a ser fechadas as pontes, os transportes públicos foram suspensos e moradores foram retirados das zonas baixas da cidade. Uma hora e meia antes, Ho Iat Seng, de acordo com os órgãos do Governo, esteve no COPC para acompanhar e coordenar os trabalhos de resposta e ainda exigir aos seus subordinados que envidassem “esforços conjuntos na prevenção das inundações nas zonas baixas da cidade”, para que garantissem “a segurança da vida e dos bens da população”. Antes da deslocação, Ho esteve nos locais de encontro e de permanência, ou seja, na Barra, Praia de Manduco, Porto Interior, estação de tratamento de águas na Ilha Verde e nas zonas baixas do Fai Chi Kei. Óbito | Mulher morre durante sinal número 8 As autoridades anunciaram ontem a morte de uma mulher que terá caído de um edifício na Avenida do Conselheiro Borja, quando estava içado o sinal número 8 de tufão. As autoridades indicaram que a morte foi confirmada no Hospital Conde São Januário, onde a mulher terá chegado sem pulso e sem respirar. A morte não foi relacionada pelas autoridades com incidentes registados pelo Centro de Operações de Protecção Civil, e o caso ainda estava a ser investigado. Ao longo deste ano, Macau está a registar um recorde absoluto de suicídios, com 47 ocorrências entre Janeiro e Junho. IAS | Creches e lares de idosos de zonas baixas abriram ontem à tarde As creches e instalações que prestam cuidados para idosos e reabilitação localizados nas zonas baixas retomaram ontem à tarde o funcionamento normal, de acordo com o Instituto de Acção Social (IAS), excepto os que “foram afectados pela ocorrência de «Storm Surge», inundações ou outras circunstâncias”. Apesar do regresso à normalidade, as autoridades recomendam aos utentes e familiares que consultem os horários dos centros, lares e creches no website do IAS.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTestes | Trabalhadores fora dos grupos alvo padecem com custos Desde de 31 de Julho que quem chega do estrangeiro precisa de fazer testes de ácido nucleico com amostra individualizada. Para quem precisa de apresentar os resultados para trabalhar, e não faz parte dos grupos alvo, a medida pode chegar às 4 mil patacas Após regressarem de férias no estrangeiro, os trabalhadores excluídos dos grupos de risco estão a ser surpreendidos com elevados custos dos testes de ácido nucleico. Ao HM, chegou o relato de quem tem gasto entre 150 patacas a 200 patacas, por dia, para poder trabalhar. Desde um anúncio com a data de 31 de Julho, que o Governo passou a exigir que quem esteve no estrangeiro tem de fazer testes de ácido nucleico individualizado, durante um mês. A medida exclui o Interior e Hong Kong, mesmo para quem esteve em locais de alto risco nessas áreas, com surtos activos. A situação não é imediatamente sentida quando se sai da quarentena, porque durante o período de autogestão os testes são gratuitos, ou seja, pagos pelo Governo. Contudo, finda a autogestão, quem não faz parte dos grupos de profissionais com testes gratuitos, se tiver de ser testado, para trabalhar ou para qualquer outra situação, como participar num banquete, sente o peso na carteira. Actualmente, só é possível fazer os testes com amostra individualizada em quatro postos. No Auditório do Hospital Kiang Wu, Estádio da Universidade de Ciência e Tecnologia e Posto Fronteiriço Qingmao e Nam Yue. O custo é de 200 patacas por teste e é necessário fazer marcação. No Centro Hospitalar Conde de São Januário, o teste custa 150 patacas e pode ser feito sem marcação. Estes testes têm uma validade de 24 horas. Até 4 mil patacas Neste cenário, quem não pertence a grupos de risco, trabalhe em espaço com concentração de pessoas e a quem é exigido o teste à entrada do local de trabalho, arrisca-se a gastar entre 750 patacas e 1.000 patacas por semana. Quando considerado o mês inteiro, o valor sobe para 3.000 a 4.000 patacas. “O valor dos testes é tão caro, que mais vale uma pessoa desistir de trabalhar e ficar de mão esticada à espera da esmola do Governo”, desabafou, ao HM, um trabalhador nesta situação, que pediu para manter o anonimato. Regressado do estrangeiro, sem que alguma vez tivesse testado positivo, e já depois de cumprir uma quarentena, o queixoso não teve qualquer alternativa: “Se fizer a marcação para um dos postos normais, vou ao posto e eles recebem um aviso de que não posso fazer o teste ali, em que a amostra é misturada com outras cinco. Por isso, não há mesmo alternativa a não ser pagar”, acrescentou. Ao nível dos infectados A medida aplicada pelo Centro de Coordenação de Contingência coloca as pessoas que estiveram no estrangeiro ao nível dos infectados. A norma assume que todos foram infectados: “O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus afirma que é mais comum haver a situação de ‘recaída’ na realização do teste de ácido nucleico de Covid-19 para as pessoas infectadas com a Covid-19 com história recente de viagem no exterior e para as pessoas recuperadas da Covid-19”, foi justificado, no comunicado de 31 de Julho. No mesmo documento, foi também defendido que as amostras colectivas com pessoas vindas do estrangeiro e recuperadas levaram frequentemente à repetição dos testes com amostras conjuntas. Para evitar as repetições, o Governo adoptou a medida de teste singular, com os custos a recaírem sobre os infectados e pessoas vindas do estrangeiro. A medida foi implementada num Verão em que vários membros da comunidade portuguesa foram ao país para verem as famílias pela primeira vez em quase três anos.
João Santos Filipe SociedadeTufão | Ma-on passa a cerca de 100 quilómetros e vai causar inundações Com o sinal número oito içado ontem às 22:30h, o território preparou-se para mais um tufão, que deve passar a uma distância de 100 a 200 quilómetros do território. As autoridades alertaram para o perigo de inundações As autoridades alertaram ontem para o perigo de inundações com o nível de água superior a um metro em várias zonas do território devido à passagem do tufão Ma-on. O aviso foi deixado ontem, numa conferência de imprensa, quando se esperava que o tufão pudesse passar a cerca de 100 quilómetros do território. “O Ma-on vai passar no ponto mais próximo de Macau no início da manhã de amanhã [hoje]. Por volta das 7h também se espera que se registe maré alta. Como estes fenómenos podem correr à mesma altura, espera-se uma inundação que pode chegar a 1,5 metros”, afirmou Frankie Tam, chefe substituto da Divisão de Meteorologia dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos, citado pela Rádio Macau. “O ciclone tropical Ma-on é grande, está localizado a 490 quilómetros para o sudeste de Macau e o raio, o chamado campo de vento forte, é de cerca de 200 a 250 quilómetros”, acrescentou. Desde das 11h de ontem que o aviso amarelo de storm surge foi emitido. À hora de fecho do HM, o sinal já tinha sido alterado para laranja, devido à influência da maré astronómica, sendo relativamente baixa a possibilidade de passar a vermelho. As cheias com maior impacto eram esperadas para o período entre as 4h e o meio-dia de hoje. Mais fraco do que Hato Apesar dos avisos à população, os responsáveis dos SMG afastaram o cenário de o Ma-on ter um impacto tão forte como o que foi sentido durante a passagem dos tufões Hato, o mais mortal dos últimos anos, e do Mangkhut, ambos classificados como super-tufões. “Este é um ciclone tropical severo. O Mangkhut e o Hato eram super-tufões. Este ainda é relativamente fraco. A intensidade é totalmente diferente. Por agora, segundo as nossas previsões, a força do Ma-on não vai atingir os níveis do Hato ou Mangkhut”, sublinhou Frankie Tam. Se, por um lado, os SMG destacaram as diferenças com os tufões de 2017 e 2018, por outro, não deixaram de antecipar um aumento da velocidade dos ventos, considerado “significativo”, que pode atingir o nível 7–9 da escala Beaufort. “Vão sentir-se ventos fortes, aguaceiros, que podem ser frequentes e ocasionalmente acompanhados de trovoadas” era antecipado. Com o sinal 8 içado na noite de ontem, os SMG não afastavam a possibilidade de lançarem o sinal n.º 9 durante o dia de hoje, contudo, a probabilidade era categorizada como “baixa”.
João Santos Filipe EventosExposição | Memphis Ng leva mostra de figurinos à Fundação Rui Cunha Alterações nos mapas, convívio do chinês e português, arquitectura das ruas e festivais e feriados, foram o mote para a designer Memphis Ng contar a história da transformação de uma aldeia de pescadores na cidade actual Desde ontem, e até 27 de Agosto, os interessados podem visitar a Exposição de Design de Figurinos “Macasaphis”, na Fundação Rui Cunha, com peças de Memphis Ng Chi Wai. Os figurinos em questão serão exibidos no teatro “Macasaphis” Stand Up Comedy, agendado para o próximo mês. Em exposição, vão estar cinco figurinos, criados a partir de quatro ideias que têm por base Macau, e que reflectem a história do território na passagem de uma aldeia de pescadores até à cidade actual. Os elementos escolhidos por Memphis Ng foram as alterações nos mapas, a presença do chinês e português, a arquitectura das ruas e os festivais e feriados, que se reflectem nas roupas. “A escolha do vestuário é uma expressão de afirmação individual. Usar as quatro características principais de Macau nas pessoas é também uma expressão de identidade e orgulho, já que os figurinos traçam a trajectória de desenvolvimento da cidade, vendo as mudanças na paisagem e as emoções dos jovens em relação à cidade”, pode ler-se no manifesto da companhia Frost Ice Snow Creative Experimental Theatre, responsável pela organização do espectáculo. Formação em Xangai Memphis Ng é formada em Design de Moda e Modelagem pela Universidade de Xangai – Instituto Internacional de Moda e Arte de Paris, desde 2021, e tem trabalhado como figurinista e assistente de guarda-roupa para diversas criações teatrais. Em Macau, tem acumulado prémios e menções de honra. Memphis ficou no 1.º lugar no Concurso de Design de Moda de Protecção Ambiental do Instituto de Estudos do Turismo de Macau, recebeu o 2.º lugar no 15.º Concurso de Tecnologia de Moda Jovem de Macau, organizado pelo Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau, e foi 2.ª classificada no Concurso de Tecnologia da Moda na 16.ª Moda Jovem de Macau pelo Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau. Teatro experimental A mostra funciona como uma antevisão do espectáculo “Macasaphis” Stand Up Comedy, que está agendado para 24 de Setembro na Torre de Macau. Este evento é apresentado como teatro experimental, num formato de talk-show, dividido em quatro partes, permitindo aos artistas explorarem diferentes aspectos da realidade local. A peça foi construída pelo Teatro Experimental Criativo Frost Ice Snow, criado em Janeiro de 2017. A Frost Ice Snow uma companhia profissional de jovens em Macau que procura integrar o multiculturalismo com o pensamento criativo e inovar a produção artística independente local. Realizou mais de 120 digressões nacionais em 15 cidades, com repertórios originais de drama, comédia, farsa e tragédia, incluindo arte chinesa, clássicos culturais, nova poesia e teatro sobre família, amor, amizade, sonhos e actualidade social, entre outros.
João Santos Filipe PolíticaSong Pek Kei quer Governo a subsidiar compra de táxis eléctricos Song Pek Kei considera que o Governo deve criar um programa de incentivo para o abate de táxis antigos. A ideia foi defendida pela deputada, enquanto presidente da Associação da Visão do Povo, num encontro com Lam Hin San, director dos Serviços de Trânsito, para debater o Planeamento Geral do Trânsito e Transportes Terrestres de Macau (2021-2030). Segundo o modelo da proposta, para implementar uma frota mais actual, Song Pek Kei acredita que o Governo devia subsidiar as compras de novos veículos, em troca do abate dos mais antigos e poluentes. O objectivo passa por fazer com que o sector seja menos poluente. Para o efeito, basta imitar o programa utilizado no abate dos motociclos antigos. Ao mesmo tempo, a deputada destacou ainda que os taxistas, e proprietários das licenças de táxis, não conseguem as receitas de outros anos, pelo que considera estar na altura de o Governo lançar novos incentivos. Entre os apoios sugeridos, Song atirou a criação de estacionamento mais barato, redução do preço dos combustíveis e das taxas cobradas pelo serviço. No encontro, a deputada destacou também a necessidade de tornar mais eficientes os transportes públicos, para aliviar a pressão sobre o sistema, uma acção que pode levar a que as pessoas utilizem menos o transporte individual. Política incoerente Também a Associação Sinergia de Macau, ligada ao deputado Ron Lam, divulgou uma lista de aspectos sobre o planeamento geral. A associação destaca a inconsistência política dos últimos anos, uma vez que se tem apelado à menor utilização do transporte individual, mas, ao mesmo tempo, tem havido incentivos fiscais para a compra de veículos eléctricos. Segundo a associação, uma das políticas mais eficazes para resolver o problema do excesso de veículos individuais passa mesmo por melhorar a eficácia dos transportes públicos. No que diz respeito aos autocarros, a associação sugeriu ao Governo que equacione a criação pelas escolas de transportes especializados que levem os alunos e as respectivas empregadas a determinados pontos da cidade. Desta forma, acredita a associação, os efeitos da hora de ponta seriam mitigados.
João Santos Filipe Manchete PolíticaSaúde / Idosos | Cuidados ao domicílio com subida de quase 20% Em 2021, as equipas de apoio ao domicílio do IAS serviram mais de 16 mil pessoas, entre consultas médicas e cuidados de enfermagem. Para o próximo ano, há planos para lançar uma nova equipa, na zona da Praia do Manduco Há cada vez mais pessoas a receberem cuidados domiciliários, coordenados pelo Instituto de Acção Social. Os dados oficiais sobre o ano passado apontam para um crescimento de 19,3 por cento nos cuidados prestados. Em resposta a uma interpelação da deputada Ella Lei, Hon Wai, presidente do IAS, adiantou que 16.341 pessoas receberam consultas médicas ou tratamento de enfermagem em casa. “Em 2021, foram prestados serviços de cuidados domiciliários a 16.341 pessoas, das quais 2.009 receberam serviços de consulta médica e 14.332 serviços de cuidados de enfermagem, registando-se um aumento de 19,3 por cento em relação ao ano anterior”, pode ler-se na resposta de Hon Wai, à interpelação da deputada. No documento, o presidente do IAS revela ainda que actualmente existem sete equipas prestadoras de serviços ao domicílio, com capacidade para tratar até 110 pessoas. “Tomando como exemplo os serviços de cuidados domiciliários e de apoio, cada equipa proporciona serviços a 110 casos no máximo ao mesmo tempo, nos quais 90 são casos gerais e 20 são casos de idosos débeis”, foi explicado. Por outro lado, Hon Wai explicou também que cada equipa é constituída por 16 trabalhadores, entre chefe de equipa, assistentes sociais, enfermeiros, terapeutas, e outros funcionários, que tratam de assuntos diversos, como o atendimento e a logística. Nova equipa Segundo os dados actuais, os serviços de cuidados domiciliários do IAS têm capacidade para lidar com 770. No entanto, a partir do próximo ano, a capacidade vai subir para 880, com a criação de uma nova equipa que vai ficar situada na zona da Praia do Manduco. “Em 2023, [o IAS] irá acrescentar uma equipa de serviços de cuidados domiciliários e de apoio na zona da Praia do Manduco para responder às necessidades dos serviços para idosos na zona centro-sul”, foi prometido. Na resposta, Ella Lei é ainda informada de que a associação a que pertence, a Federação das Associações dos Operários, trabalha em cooperação com os Serviços de Saúde, para a prestação de cuidados a idosos. “Os Serviços de Saúde (SS) há muitos anos colaboram com equipas dos serviços de cuidados domiciliários integrados e de apoio da Federação das Associações dos Operários para a prestação de cuidados ambulatórios e de cuidados domiciliários a idosos que necessitam destes serviços”, foi comunicado. No âmbito desta cooperação, estão incluídos serviços como avaliação do ambiente domiciliário, avaliação de saúde e elaboração de planos de cuidados de saúde personalizados, entre outros.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Secretária nega problemas após infecção em hotel com infectados Após a infecção de um trabalhador no hotel England Marina Club, Elsie Ao Ieong U considerou que as pessoas que vêm do exterior aumentam o risco de contágio no território e destacou que num único dia registaram-se 10 casos importados A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, desvalorizou a existência de problemas no hotel England Marina Club, que alberga os infectados com covid-19, após ter sido detectada uma infecção entre os trabalhadores em circuito fechado. A posição foi tomada na Assembleia Legislativa, à margem de uma sessão para responder às interpelações orais dos deputados. Segundo Elsie Ao Ieong U, apesar de não ter sido determinada a causa de infecção, não “foram detectados problemas evidentes no mecanismo e nas medidas de prevenção e controlo de contágio” no hotel. A ocasião serviu também para a secretária elogiar o trabalho realizado nas instalações, ao frisar que “as medidas de prevenção e controlo de contágio estão a ser bem implementadas”. A responsável indicou ainda que “o trabalhador infectado estava em circuito fechado e era responsável pela distribuição de refeições e recolha de lixo, entre outras tarefas no hotel”. A recolha de lixo e a remoção da roupa e equipamentos de protecção foram apontados como dois momentos de grande risco, durante as funções dos trabalhadores neste hotel. Os culpados Sobre o caso, a secretária justificou que se deve a um maior número de pessoas infectadas do exterior. Ao Ieong U apontou “que regressaram a Macau, recentemente, mais indivíduos vindos do exterior, e que num único dia 10 testaram positivo nos testes de ácido nucleico”. Na opinião da governante, o “ideal” seria receber os infectados “em enfermarias de pressão negativa” do hospital, mas que tal não é possível devido à falta de recursos de saúde no território. No mesmo sentido, o Centro Clínico de Saúde Pública no Alto de Coloane não é utilizado para casos assintomáticos porque tem um espaço limitado. Todas estas circunstâncias fazem com que as pessoas infectadas sejam acompanhadas por trabalhadores sem formação em saúde, o que levou Elsie Ao Ieong U a prometer um reforço dos ensinamentos, a ser promovido pelas autoridades. Mais casos importados Entre sexta e sábado, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciou a importação de mais seis casos de covid-19. Os primeiros cinco casos foram diagnosticados na quinta-feira, confirmados na sexta-feira, e dizem respeito cinco homens, com idades entre 51 e 61 anos, que voaram de Portugal, Reino Unido, Vietname e Hong Kong. No sábado, foi confirmado mais um caso, uma mulher com 45 anos que tinha vindo de Portugal. Com esta infecção, os casos de covid-19 na RAEM subiram para 2.260, entre 793 casos confirmados de covid-19 e 1.467 infecções assintomáticas.
João Santos Filipe SociedadeImobiliário | Mais 2 mil habitações privadas em construção Durante o segundo trimestre estavam em construção em Macau 2.146 habitações privadas, num total de 57 prédios, de acordo com as estatísticas divulgadas ontem pela Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU). Estes empreendimentos contam ainda com 926 estacionamentos para automóveis e 338 para motociclos. Apesar dos vários prédios em construção, apenas foi emitida uma licença de utilização para um empreendimento, que corresponde a seis fracções habitacionais. Além disso, foram concluídos, mas em fase de vistoria, 11 prédios, num total de 100 casas, 61 parques de estacionamento para automóveis e 8 para motociclos. A estatística revela também que se encontram em fase de projecto 104 empreendimentos habitacionais, num total de 7.620 casas, 4.919 lugares de estacionamentos para automóveis e 1.577 para motos. Em termos de hotéis, estavam em construção no segundo trimestre do ano 12 unidades, que correspondem a 4.737 quartos, com 2.106 lugares de estacionamento para automóveis ligeiros e 677 motociclos. Além disso, havia 16 empreendimentos em fase de projecto que vão acrescentar à cidade mais 1.723 quartos, 278 estacionamentos de automóveis e 125 de motos.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTNR | Trabalhadores despedidos após reclamarem salários em atraso A empresa de limpeza Tai Koo despediu 18 trabalhadores que recusaram receber apenas um de três salários em atraso. A proposta rejeitada e a subsequente onda de despedimentos, levou os trabalhadores a pedir ajuda ao Governo Após terem apresentado queixa aos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), por estarem há mais de três meses sem salários, 18 trabalhadores não-residentes foram despedidos. A informação foi avançada ontem pelo jornal Macau Daily Times, depois de o grupo ter comparecido na Sede do Executivo para entregar uma carta a pedir ajuda. Um grupo com cerca de 30 trabalhadores da empresa Serviços de Limpeza Tai Koo dirigiu-se à DSAL, há algumas semanas, para apresentar queixa por não receber salários há mais de três meses, apesar de todos continuarem a trabalhar. Do grupo de trabalhadores que reclamou a falta de pagamento de vencimentos, 18 foram despedidos pela empresa. O despedimento chegou depois de uma proposta da entidade patronal, supervisionada pela DSAL, para que o litígio ficasse resolvido apenas com o pagamento de um dos três salários devidos. Alguns trabalhadores recusaram e foram despedidos. “Os contratos de 18 de nós foram rescindidos, depois de termos apresentado queixa na DSAL. Despediram-nos sem qualquer tipo de notificação formal. Apenas nos enviaram uma mensagem”, afirmou Yolly Behuco, uma das trabalhadoras afectadas, ao Macau Daily Times. “Nem sabíamos que já tinham cancelado os nossos blue cards, só fomos avisados quando estávamos a trabalhar”, acrescentou. Sem contrato de trabalho, as 18 pessoas foram autorizadas a permanecer no território, com uma autorização especial, que não lhes permite trabalhar nem obter rendimentos. A entidade patronal também não se ofereceu para assumir os custos de repatriamento. Condições difíceis Com salários em atraso, e sem poderem exercer qualquer actividade remunerada, ao mesmo tempo que não há voos regulares para os países de origem, Yolly Behuco e os outros 17 despedidos foram à Sede do Executivo pedir ajuda. Na carta queixam-se de abusos e situações ilegais praticadas pela empresa, que alegadamente não terá pago pelo trabalho exercido, e que terá praticado um nível salarial de 2.703 patacas por mês, abaixo do salário mínimo actual, de 6.656 patacas mensais. “Só estamos a lutar por aquilo que merecemos. Como é que esperam que consigamos sobreviver depois de três meses sem receber salários?”, questionou. “Acabámos de atravessar um período de confinamento parcial quase sem nada e sem sermos capazes de pagar rendas nos últimos três meses”, justificou. Sobre os ordenados em atraso, a empresa terá justificado aos trabalhadores que o único gestor que pode assinar os cheques se encontra no Interior. Com o despedimento sem justa causa, os trabalhadores têm direito a receber uma indemnização, no entanto, nas condições actuais, e quando ainda têm salários por receber, poucos acreditam que vão ser tratados de acordo com as leis em vigor em Macau.
João Santos Filipe PolíticaHabitação | Lei da Classe Sanduíche na AL em Outubro A proposta de lei para a habitação da classe intermédia, também conhecida como classe sanduíche, deverá entrar na Assembleia Legislativa em Outubro, a tempo da futura sessão legislativa. O calendário foi indicado ontem pelo secretário Raimundo do Rosário, quando respondia a uma questão do deputado Leong Sun Iok sobre os critérios de escolha para o número de assoalhadas das habitações públicas que vão ser construídas. “Em Outubro vamos apresentar a proposta da lei para a classe sanduíche. A elaboração da lei está na fase final e na nova sessão legislativa, vamos apresentar a nova proposta”, afirmou Raimundo do Rosário. A classe intermédia é composta por pessoas com rendimentos superiores aos que permitem adquirir uma habitação económica, mas que não conseguem comprar uma casa no mercado privado.
João Santos Filipe Manchete PolíticaObras Públicas | Raimundo do Rosário reconhece problemas, mas pede respeito O secretário recusou críticas aos seus subordinados, após ouvir que os problemas com a queda de azulejos só começaram a ser resolvidos após a intervenção do CCAC. Raimundo do Rosário foi mais longe e assumiu “todas as responsabilidades” da sua tutela, excepto pela corrupção O problema da queda de azulejos nos Edifícios do Lago e Ip Heng deixou ontem o secretário para os Transportes e Obras Públicas irritado, com o que considerou um ataque injustificado dos deputados aos quadros da sua tutela. Após alguns membros da Assembleia Legislativa, como Ella Lei ou José Pereira Coutinho, terem indicado que as Obras Públicas só começaram a resolver a situação após um relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), Raimundo do Rosário chamou a si todas as responsabilidades. “O deputado [José Pereira Coutinho] diz que só actuámos depois do relatório. Não é assim, intervimos logo depois de ter sido feita a vistoria. Não é nada como diz”, afirmou o secretário, depois de ter pedido para falar sem máscara. “E se quer utilizar o ETAPM [Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau] para apurar responsabilidades, respondo-lhe como respondi quando debatemos o Metro Ligeiro. Se quer efectivar responsabilidades, já lhe disse que nos últimos sete ou oito anos do meu mandato, e vou dizer o mesmo quando forem dez anos, a responsabilidade é minha. Não é por haver responsabilidades sobre coisas que correram mal que vou fugir ou atirá-las para os meus subordinados”, acrescentou. O secretário admitiu ainda a humanos falta de recursos: “Quando peço ao director que está aqui sentado ao meu lado [Lam Wai Hou, director das Obras Públicas], que só tem 100 pessoas para fazer o trabalho para 300 pessoas, a responsabilidade não é dele. É minha. Sou eu que peço que faça um trabalho que excede a sua capacidade”, justificou. “Espero que não perguntem mais por responsabilidades, são minhas”, frisou. Raimundo do Rosário não deixou de reconhecer problemas com algumas obras, mas recusou a descrição feita no hemiciclo. “Se eu não conhecesse nada do assunto, e ouvisse os deputados, pensava que as obras de Macau não têm nenhuma qualidade”, começou por dizer, sobre este aspecto. “É claro que existem problemas, mas não é por um ou dois problemas que se pode dizer que as Obras Públicas têm muitos problemas. Não é assim”, contestou. “Eu assumo que há dois projectos com problemas, mas não devem colocar sempre as mesmas perguntas. Eu tenho uma visão muito diferente, porque os meus colegas trabalham arduamente”, atirou. Afirmações da discórdia As declarações que desencadearam o mal-estar inicial pertenceram a Ella Lei, deputada ligada aos Operários, que indicou que as Obras Públicas parecem não ter feito nada para resolver o problema da queda de azulejos nas habitações públicas. No polo oposto, a legisladora indicou que o CCAC foi mais pró-activo com a elaboração de um relatório. Uma intervenção semelhante foi feita por José Pereira Coutinho, que admitiu estar muito desagradado com toda a situação. “Porque estou aqui zangado? Porque estou a representar os residentes, se não formos assim as nossas palavras são inúteis”, reconheceu. Coutinho recordou ainda que em 2021 alguns deputados enviaram cartas ao Executivo sobre o assunto, mas que não surtiram efeitos. “Só depois do relatório do CCAC é que o Governo lançou novas acusações”, frisou. Das palavras aos actos Face à contestação do secretário, a deputada Ella Lei, quando voltou a intervir, deixou elogios ao trabalho realizado e justificou as críticas: “Nós quando colocamos questões, não estamos a fazer críticas aos seus colegas. Nós continuamos com estas opiniões porque estamos sempre a tentar melhorar”, explicou. Por sua vez, José Pereira Coutinho recusou ser reprendido. “O secretário já foi deputado, claro que era nomeado, não era eleito pela população. Eu estou aqui a representar a população. Não tem o direito de me repreender”, atirou. O legislador ligado à ATFPM ainda questionou Raimundo do Rosário sobre as consequências de assumir responsabilidades: “Na sua tutela diz que assume sempre a responsabilidade. Mas o que é que vai fazer? Não é só falar. Vai demitir-se? Vai reduzir o seu ordenado?”, questionou. Nesta altura, Raimundo do Rosário colocou água na fervura. “No passado, também estive desse lado [dos deputados]. Mas, temos de compreender que há serviços muito carregados, têm muita pressão e eu não consigo responsabilizá-los. Desde 2019 que as Obras Públicas concluíram 34 projectos, e estão a fazer mais 50 projectos, avaliados em cerca de 47 mil milhões patacas”, argumentou. O secretário fez também questão de recusar responsabilidades sobre eventuais actos de corrupção ocorridos no início do seu mandato. Sem que tenha havido qualquer referência directa, Raimundo Rosário parece ter-se lembrado do ex-director das Obras Pública, Li Canfeng, que está detido a aguardar julgamento. “Com excepção da corrupção, os problemas decorrentes dos trabalhos são da minha responsabilidade (…) Não estou a dizer que não têm o poder de me responsabilizar, mas sobre os trabalhos realizados, à excepção da corrupção, eu sou o responsável”, clarificou. Muralhas da Cidade | Reparadas casas destruídas O Governo garantiu ontem que estão totalmente reparadas as casas de três famílias danificadas pela derrocada de uma parte do troço das Antigas Muralhas da Cidade. A revelação foi feita pelo secretário, que reconheceu que o surto mais recente atrasou os trabalhos. “Houve três famílias afectadas pela derrocada. Os trabalhos foram afectados pelo surto, mas agora já arranjámos tudo. Foi uma prioridade depois do surto”, contou Raimundo do Rosário aos deputados. “Queria agradecer às três famílias a cooperação e compreensão. Foi lamentável, mas felizmente foi resolvido. As famílias ficaram satisfeitas com a situação e queria agradecer-lhes a sua postura”, acrescentou.
João Santos Filipe Manchete SociedadeGalaxy com prejuízo de 850 milhões de dólares de HK no primeiro semestre A Galaxy anunciou ontem perdas superiores a 850 milhões de dólares de Hong Kong na primeira metade de 2022, registo que contrasta com os 947 milhões apurados nos primeiros seis meses de 2021. Os resultados reflectem-se nos impostos, com a RAEM a amealhar perto de metade dos impostos pagos pela concessionária no mesmo período do ano passado A concessionária Galaxy, que gere o casino com o mesmo nome, registou perdas de 850,5 milhões de dólares de Hong Kong na primeira metade do ano. Os resultados negativos, anunciados ontem, contrastam com os ganhos de 947,1 milhões de dólares de Hong Kong, do período homólogo. Entre Janeiro e Junho deste ano, a operadora de Lui Chee Woo, teve receitas de 6,52 mil milhões de dólares de Hong Kong. O impacto foi sentido, ainda antes de o Executivo ter imposto o confinamento parcial no território, que forçou o encerramento dos casinos. Por contraste, nos primeiros seis meses do ano passado, as receitas tinham sido de 10,7 mil milhões de dólares de Hong Kong, o que significa uma redução de 38,9 por cento. Os números apresentados mostram que também o Governo da RAEM ficou a perder. Segundo a operadora, nos primeiros seis meses do ano passado as contribuições fiscais atingiram valores na ordem dos 3,79 mil milhões de dólares de Hong Kong, quantia que caiu para 1,91 mil milhões de dólares de Hong Kong. Crise pandémica Os resultados foram anunciados ontem num comunicado em que é destacada a situação da empresa que, principalmente em Macau, continua a sofrer o impacto da covid-19 e das restrições de viagem. “Em muitas cidades chinesas foram impostas restrições de viagem durante uma parte significante da primeira metade de 2022. Estas restrições entre províncias tiveram impacto no número de visitantes em Macau, o que contribuiu para que as nossas receitas e os lucros fossem afectados”, justificou Lui Chee Woo, presidente da Galaxy. “Além disso, Macau passou por um surto de covid-19 que levou o Governo a pedir a suspensão de todas as actividades comerciais entre 11 e 22 de Julho, que resultou num impacto ainda maior no turismo, receitas e lucros”, foi acrescentado. Em relação ao futuro da concessionária, Lui mostrou-se confiante que a concessionária está em boa posição para garantir uma nova licença no concurso que está em curso. No mesmo sentido, o presidente afirma que a Galaxy promete colaborar para a estratégia de diversificação da economia e trazer para o território “vários elementos inovadores não-jogo”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCPU | Vong Kock Kei preocupado com obras no Templo Iok San A nova Planta de Condições Urbanísticas vai permitir obras numa parte do terreno do Templo Budista Iok San. Vong Kock Kei, membro do CPU, teme que a população fique sem mais um espaço para o culto dos antepassados Vong Kock Kei, membro do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), receia que futuras obras no Templo Budista Iok San, na Rua Almirante Costa Cabral, possam levar à extinção de um espaço para o culto dos antepassados. A preocupação foi deixada ontem durante uma sessão em que foi aprovada nova Planta de Condições Urbanísticas (PCU) para o terreno. Segundo a proposta apresentada ontem, o terreno está dividido em três áreas. Uma zona é referente ao templo, que não deve sofrer alterações, outra diz respeito ao espaço livre, também para ser mantida, e, por último, uma terceira área, onde a construção vai ser autorizada, desde que o proprietário respeite os limites da construção em altura. No entanto, Vong Kock Kei alertou para o facto de que o espaço onde vão decorrer as obras é utilizado pela população para o culto dos antepassados. “Há muitas pessoas que utilizam esse espaço para fazer o culto dos antepassados. Acho que temos de ter em consideração essa questão”, indicou. “Estamos a falar de uma instalação religiosa e temos de ponderar se não estamos a criar um problema social”, alertou. “Com esta PCU, os proprietários podem fazer as obras que quiserem. Mas como vai ser resolvida a questão das pessoas que fazem culto dos antepassados?”, questionou. As dúvidas do vogal do conselho ficaram sem resposta, por não fazerem parte das competências dos organismos presentes, mas Mak Tat Io, presidente do conselho e sub-director da Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU), prometeu que as preocupações seriam enviadas para os departamentos competentes. Não classificado Por sua vez, Tam Chi Wai, membro do conselho, mostrou-se surpreendido com o facto de o templo não ser património protegido. Na resposta à questão, a presidente do Instituto Cultural, Deland Leong, explicou que os critérios para a protecção não estão reunidos. “Para classificar uma construção seguimos as regras, os critérios, fazemos análises e consultas públicas. Primeiro, temos de ouvir as opiniões e ver se as condições para classificação estão reunidas”, clarificou a presidente do IC. “Neste caso, as condições não estão reunidas e o templo nem sequer está incluído no património que aguarda por ser classificado como património protegido”, acrescentou. Tam Chi Wai perguntou também se uma estátua existente no templo, na área onde vai ser possível construir, poderia ser removida. A esta pergunta, Deland Leong respondeu afirmativamente. Esticar os limites Um outro projecto que gerou alguma discussão durante a sessão foi a PCU para um edifício situado na Rua de Ferreira do Amaral e na Rua de Abreu Nunes. Segundo a Planta de Condições Urbanística, o edifício permite a construção de um infra-estrutura de altura média. No entanto, os membros Omar Yeung To Lai, Vong Kock Kei e Christine Choi questionaram se não era possível aprovar uma PCU com uma altura superior, ou seja, do tipo “médio-alto”. Perante as questões, Mak Tat Io justificou que a área do terreno era de 325 metros quadrados, e que a área para se emitir uma PCU para um edifício médio-alto é de 350 metros quadrados. Face ao argumento, Omar Yeung To Lai defendeu que devia haver uma maior flexibilidade, porque os interesses privados estavam a ser prejudicados. Contudo, Mak recusou uma maior flexibilidade, justificando que os critérios são para cumprir, e acrescentou que em 2008 a área dos terrenos para permitir uma PCU para um edifício médio-alto já tinha sido reduzida de 400 metros quadrados para os actuais 350 metros quadrados.
João Santos Filipe Manchete PolíticaPJ | Distinguidos agentes por papel em acções contra redes de jogo ilegal Wong Sio Chak atribui ontem menções de mérito excepcional a três agentes da Polícia Judiciária, Leong Kin Wai, Wong Si Nga e Lok Kuan Wa, pelo trabalho desempenhado em investigações a associações criminosas ligadas ao jogo ilegal O secretário para a Segurança atribuiu várias menções de mérito excepcional a agentes da Polícia Judiciária envolvidos em investigações relacionadas com associações criminosas e exploração de jogo ilegal. A informação foi publicada ontem em Boletim Oficial, através de vários despachos assinados por Wong Sio Chak. No que diz respeito ao combate ao jogo ilegal e a associações criminosas, são três os investigadores mencionados pelo secretário para a Segurança: Leong Kin Wai, Wong Si Nga e Lok Kuan Wa. Leong, agente policial desde 2005 e chefia na Secção de Patrulhamento Contra Crimes Relacionados com o Jogo, é distinguido por ter liderado uma equipa que “no ano transacto” descobriu “uma rede criminosa que praticava empréstimos e cobrava, com violência, dívidas nas salas VIP dos casinos de Macau”. Porém, a equipa foi mais longe e detectou 14 casos, que foram investigados em parceria com a polícia do Interior. O despacho não menciona as investigações concretas, mas o “ano transacto” ficou marcado por várias operações da Polícia Judiciária contra as principais empresas junket da RAEM, como a Suncity e a Tak Chun, que levaram às detenções dos proprietários dos grupos, Alvin Chau e Levo Chan, respectivamente. Ambos aguardam julgamento em prisão preventiva e no caso de Alvin Chau a primeira sessão está agendada para 2 de Setembro. Trabalho para o futuro Leong Kin Wai é igualmente destacado por ter aperfeiçoado “o mecanismo para a cooperação com as operadoras de jogo na prevenção e controlo dos crimes relacionados com o jogo” e por ter desenvolvido acções “de prevenção criminal com vista a melhorar a capacidade de prevenção criminal por parte dos trabalhadores do sector do jogo”. Por sua vez, Wong Si Nga é destacada pelo desmantelamento de uma associação criminosa ligada à exploração ilícita de jogo, mas também pelo desmantelamento de casos de droga por encomenda, plantações de marijuana e imigração ilegal. Wong está na PJ desde 2011 e faz parte do Departamento de Informações e Apoio. Quanto a Lok Kuan Wa, que faz parte dos quadros da PJ desde 2007, integrado no Departamento de Informações e Apoio, é dito que participou numa investigação “de uma rede criminosa de jogo ilegal”. Entre os 13 distinguidos, destaca-se ainda Lai Sio Fai, investigador ao serviço da Secção de Investigação de Crimes Contra a Pessoa. Lai é mencionado pelo mérito com que “participou na investigação de um caso de homicídio e desmembramento, onde apurou todas as pistas e recolheu meticulosamente os vestígios no local da ocorrência”. Entre o contributo deste agente, o despacho de Wong Sio Chak assinala que “conseguiu coleccionar e encontrar pistas-chaves e, em colaboração com a equipa, logrou rapidamente confirmar o primeiro local do crime, identificar o suspeito e rastrear o percurso de fuga, resolvendo prontamente este caso”.
João Santos Filipe Manchete PolíticaMetro | Jornal de Cantão anuncia desfecho de concurso público antes do Governo Wu Chou Kit criticou a eventual fuga de informação que levou o Diário de Guangzhou a anunciar a empresa vencedora do concurso público na RAEM com uma proposta que ronda 339 milhões de patacas A construção do Metro Ligeiro está envolvida em mais uma polémica, após o Diário de Guangzhou ter anunciado, antes das Obras Públicas, o desfecho do concurso público do projecto de concepção de design e construção da Linha Leste. No entanto, o facto de uma notícia sobre o possível vencedor do concurso de 339 milhões de patacas ter sido publicado no Interior, ainda antes do anúncio oficial, está a causar mal-estar. Ao Jornal do Cidadão, o deputado Wu Chou Kit mostrou-se preocupado com a forma como as notícias começaram a circular. Wu afirmou acreditar que a empresa terá sido notificada da sua selecção para fazer os trabalhos, mas ainda deverão faltar completar alguns procedimentos, como o período para recorrer da decisão, o pagamento da caução e a assinatura do contrato. No entanto, o deputado criticou a empresa, por ter informado os meios de comunicação de Cantão, logo depois de ter sido notificada, sem tentar perceber como decorrem todos os procedimentos no território. O cenário do Governo já ter assinado o contrato com a empresa também não foi totalmente afastado por Wu, que neste caso, admite que a falha terá sido da Direcção dos Serviços de Obras Públicas, que devia ter anunciado a decisão em primeira mão. Por isso, o também presidente da Associação de Engenharia de Transportes e Trânsito de Macau avisou que no futuro o Governo deve obrigar as empresas nos concursos a manter confidencialidade até ao anúncio oficial. Elogios à vencedora Apesar das críticas, Wu Chou Kit elogiou a escolha da empresa do Interior. Para o deputado, a companhia escolhida não só tem mostrado capacidade de construção em vários projectos, como é também uma forma de aprofundar relações na Grande Baía. Por sua vez, Leong Hong Sai, deputado dos Kaifong, também se expressou publicamente, em declarações ao Jornal do Cidadão, para a apoiar a escolha do Executivo. Segundo Leong, as empresas do Interior são mais capazes, têm experiência nesta área e a tecnologia necessária, o que contrasta com a realidade local. Contudo, o deputado dos Moradores sublinhou que o Governo tem de exigir à empresa que utilize mão-de-obra local para contribuir para a economia do território. Leong Hong Sai deixou ainda o desejo que as obras do Metro Ligeiro, projecto que diz ser pouco comum para a realidade local, sirvam para que as empresas do território se desenvolvam e ganhem conhecimentos que as tornem competitivas na Grande Baía. Críticas à empresa Wu Chou Kit entende que a fiscalização da operação da primeira linha do Metro Ligeiro, a cargo do consórcio FASE – Estudos e Projectos S.A. / Egis Rail / Setec its, foi “inaceitável” e contribuiu para atrasos e derrapagem orçamental do projecto. “Sem experiência em metros ligeiros, o atraso no período de construção e o aumento no custo da primeira fase do Metro Ligeiro foram alvo de críticas por parte da população”, disse Wu, numa interpelação escrita ao Governo. foi adjudicada em 2013 ao consórcio formado pelas empresas Fase-Estudos e Projectos S.A./Egis Rail/Setec its, cujas sedes estão em Portugal e França, com um preço de 176 milhões de patacas.
João Santos Filipe Manchete SociedadePatrimónio | Pedida protecção do Pátio das Seis Casas Um artigo publicado por dois académicos da MUST aponta que o Pátio da Seis Casas é um dos raros exemplos do estilo arquitectónico Lingnan em Macau e que deve ser protegido Chen Yile e Zheng Liang, académicos da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, acrónimo em inglês) defendem que o Pátio das Seis Casas deve ser utilizado para promover a História do território. Num artigo com o título Casas Tradicionais de Lingnan: Pátio da Seis Casas, publicado na revista Multidisciplinary International Journal of Research and Development, os autores argumentam que as casas do pátio apresentam exemplos raro da arquitectura Lingnan em Macau. “O Pátio das Seis Casas tem uma história com uma centena de anos, tem dos poucos edifícios que preservam o estilo Lingnan, de uma forma tradicional e completa”, sustentam Chen e Zheng. Este estilo arquitectónico vai buscar o nome à região de Lingnan, que fica no Sul das Montanhas Nanling e abarca Macau, Hong Kong, grande parte de Cantão e ainda o norte do Vietname. Destaca-se de outros estilos adoptados no Interior devido à adaptação ao clima subtropical da região, o que faz com que, por exemplo, seja frequente a utilização de materiais mais resistentes à humidade. A arquitectura de Lingnan tende igualmente a favorecer cores claras, como o verde e o branco, evita estruturas circulares, e apresenta detalhes no topo das fachadas, que vão de pinturas a esculturas em relevo. No entanto, os autores reconhecem que o facto dos edifícios terem sido erigidos numa colónia portuguesa também se faz sentir: “Têm traços tradicionais da arquitectura chinesa, mas também alguns elementos da arquitectura portuguesa, o que reflecte um valor arquitectónico único”, é indicado. “São um elemento físico que nos permite estudar as casas, o imobiliário e a forma de viver dos comerciantes chineses durante o período mais tardio da Dinastia Qing”, é acrescentado. Perigo à vista Apesar do que consideram o valor histórico e cultural, Chen Yile e Zheng Liang alertam que os edifícios podem estar ameaçados. “Uma vez que o Pátio das Seis Casas não faz parte da Zona Protegida do Centro Histórico de Macau não está legalmente protegido. É uma sorte que tenha mantido toda a integridade”, é sublinhado. Por isso, além de considerarem ser imperativo garantir que o espaço se mantém sem alterações, o que significa preservar não só os edifícios do pátio, mas outros elementos como poços e altares, os autores consideram que se deve proceder a trabalhos de limpeza e restauração. Ainda neste capítulo, Chen Yile e Zheng Liang esperam a coordenação das autoridades com os proprietários dos terrenos naquela zona, para que lhes seja explicada a importância do local e da manutenção das suas características. No mesmo sentido, é ainda sugerido que o Pátio das Seis Casas, como prova viva da história do final da Dinastia Qing em Macau, seja desenvolvido como uma atracção turística, com materiais a explicar a história e a cultura reflectidas pelos edifícios.
João Santos Filipe Manchete SociedadeObras Públicas | Julgamento de Li Canfeng e Jaime Carion arranca em Novembro A primeira sessão está agendada para 4 de Novembro, e vai ter como presidente do colectivo de juízes Lou Heng Ha, que também tem em mãos o caso que implica Alvin Chau O julgamento do caso que envolve os ex-directores dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, Li Canfeng e Jaime Carion vai arrancar no dia 4 de Novembro. A informação foi divulgada na sexta-feira pela Rádio Macau. A primeira sessão daquele que é o maior escândalo de corrupção a implicar as autoridades da RAEM desde o julgamento de Ho Chio Meng, ex-Procurador, está marcada para as 10h. O colectivo de juízes vai ter como presidente Lou Heng Ha, juíza que, segundo a Rádio Macau, está igualmente encarregue de outro caso mega mediático, com Alvin Chan, junket fundador da empresa Suncity. Jaime Carion é acusado de um crime de associação secreta, em concurso com o crime de associação criminosa, cinco crimes de corrupção passiva para acto ilícito e seis crimes de branqueamento de capitais. O antigo director das Obras Públicas não está em Macau há vários anos. O seu paradeiro é desconhecido, apesar das suspeitas de que esteja algures em Portugal ou no Brasil, pelo que as hipóteses de passar tempo na prisão são praticamente nulas. No que diz respeito a Li Canfeng, sucessor de Carion nas Obras Públicas, é acusado de um crime de associação secreta, em concurso com o crime de associação criminosa, 11 crimes de corrupção passiva para acto ilícito, 10 crimes de branqueamento de capitais, um crime de falsificação de documentos e quatro crimes de inexactidão de elementos. O ex-director está preso preventivamente no Estabelecimento Prisional de Coloane desde Dezembro de 2021, depois de ter sido detido no Interior do país. Outros crimes Por sua vez, Sio Tak Hong é acusado de um crime de associação secreta, em concurso com o crime de associação criminosa, dois crimes de corrupção activa, cinco crimes de branqueamento de capitais e quatro crimes de falsificação de documentos. O empresário William Kuan Vai Lam, que enquanto estava em liberdade foi responsável pela venda de terrenos mais cara de sempre em Macau, é acusado de um crime de associação secreta, em concurso com o crime de associação criminosa, três crimes de corrupção activa e três crimes de branqueamento de capitais. Sio Tak Hong e William Kuan foram detidos em Macau em Dezembro de 2021, na mesma altura que Li Canfeng. No processo, consta ainda o nome do empresário Miguel Wu, ex-sócio de Pedro Chiang, que já havia sido condenado no âmbito do processo com o ex-secretário Ao Man Long. Wu é acusado de um crime de associação secreta, em concurso com o crime de associação criminosa, dois crimes de corrupção activa e dois crimes de branqueamento de capitais.
João Santos Filipe Manchete SociedadeDSEDJ | Regresso às aulas com regras apertadas A Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) vai permitir que as aulas do ensino não superior recomecem na segunda metade de Agosto e no início de Setembro. A informação foi avançada na sexta-feira, através de um comunicado em que foi exigida uma “rigorosa observância das medidas de prevenção da epidemia”. Entre as orientações é pedido aos alunos que regressem “à sua residência habitual (Macau, Zhuhai ou Zhongshan) 10 dias antes do início das aulas”. Os estudantes vão ficar ainda obrigados a apresentar “um certificado de teste negativo de ácido nucleico no mesmo dia do início das aulas, realizado até 72 horas antes, que será verificado pela respectiva escola”. Este critério é igualmente aplicado aos alunos do ensino superior. Ainda de acordo com as mesmas indicações da DSEDJ, os alunos e docentes que não fiquem 10 dias na residência habitual antes do início das aulas devem adiar o regresso, até cumprirem o critério. Nos últimos dias foram vários os pedidos de escolas e deputados para que a DSEDJ desse início à preparação dos trabalhos para o novo ano lectivo. No comunicado, o Governo considera que actuou no tempo oportuno. “A DSEDJ forneceu, em tempo útil, orientações às escolas do ensino não superior sobre a suspensão das aulas devido à epidemia, contidas no ‘Guia de Funcionamento das Escolas’ e, nos próximos dias, vai continuar a comunicar com o sector educativo para implementar as diversas disposições”, foi considerado. Além disso, a DSEDJ apelou igualmente à vacinação dos alunos e prometeu continuar a promover o “Dia da Vacinação dos Alunos”.
João Santos Filipe Manchete SociedadePorto Interior | Detectados dois casos positivos em zona “de controlo” O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciou duas infecções por covid-19 no Porto Interior. Os casos positivos dizem respeito a um residente de 64 anos e uma mulher de 70 anos, ambos classificados como casos importados O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciou na sexta-feira a descoberta de um caso positivo de covid-19 na zona de controlo do Porto Interior, o que levou as autoridades a decretarem duas rondas de testes de ácido nucleico para quem vive e trabalha na área. A pessoa infectada é um residente com 64 anos de idade, e as duas rondas de testagem têm de ser concluídas até hoje. “Foi diagnosticado um caso positivo do teste de ácido nucleico da covid-19 num residente de Macau, tripulante de navios de Hong Kong e Macau, do sexo masculino, com 64 anos de idade, que tinha sido considerado contacto próximo do caso diagnosticado em 10 de Agosto, também tripulante de navios de Hong Kong e Macau”, foi revelado pelo centro de coordenação de contingência. Segundo a mesma informação, o homem estava “sob controlo” desde a manhã de 10 de Agosto, por ter trabalhado entre 7 e 9 de Agosto com outro trabalhador infectado. Contudo, “todos os testes de ácido nucleico realizados entre 4 e 10 de Agosto foram negativos”, foi indicado. Esta infecção foi classificada “preliminarmente como caso importado de infecções assintomáticas da covid-19”, por estar relacionada com o caso mais recente importado, também de um trabalho no sector da logística, que realizava viagens entre Macau e Hong Kong. Em relação a contactos próximos, o centro informou que “os coabitantes e colegas estavam sob controlo desde 10 de Agosto”. Ontem, as autoridades reportaram um caso, referente uma residente de Macau, com 70 anos idade. A paciente é a mulher do tripulante com 73 anos de idade que foi diagnosticado no passado dia 10 de Agosto. 18 casos importados Além do caso confirmado, as autoridades anunciaram igualmente que até quinta-feira tinham sido registados mais onze casos importados, dos quais nove negaram qualquer histórico de infecção anterior, levando a que fossem considerados casos importados de infecções. Estas infecções envolveram três pessoas do sexo masculino e seis do sexo feminino, com idades entre os 26 e 63 anos, provenientes do Reino Unido, Portugal, Filipinas, Japão, Estados Unidos, Singapura, Hong Kong e Taiwan. Além disso, foram registados dois casos importados, do sexo masculino, com idades entre os 2 e 4 anos, provenientes de Hong Kong, que alegaram que tinham sido infectados pela COVID-19, pelo que foram classificados como caso de recaída. Ontem foram acrescentados mais sete casos à lista de importações, referentes a dois homens e cinco mulheres, com idades compreendidas entre 13 e 73 anos. Até ao dia de ontem, tinham sido registados 791 casos confirmados de covid-19 e 1.423 casos de infecção assintomática, num total de 2.214 casos.