João Santos Filipe Manchete SociedadeANIMA diz que Yat Yuen está a tentar ganhar tempo no terreno Em vez de estar a trabalhar para resolver a situação dos mais de 600 galgos que estão no Canídromo, a Companhia de Corridas de Galgos de Macau está a fazer tudo para continuar a ocupar o terreno após Julho, altura em que de acordo com o Governo devia deixar o terreno. É a tese do presidente da ANIMA [dropcap style≠‘circle’]M[/dropcap]ais do que resolver a situação dos cerca de 600 galgos do Canídromo, o principal objectivo da Companhia de Corridas de Galgos de Macau (Yat Yuen) é ganhar tempo para continuar a ocupar o terreno onde se realizam as corridas. É esta a convicção de Albano Martins, presidente da ANIMA, que acusa ainda a empresa liderada por Angela Leong de recusar a cooperação da associação de protecção de animais no esquema de adopção dos galgos. “Entrámos em contacto com o Canídromo e eles disseram-nos para informar as pessoas que se mostraram disponíveis para adoptar galgos a preencherem no site deles uma ficha de adopção. Só que no portal deles não há ficha de adopção, apenas uma linha de apoio e um endereço de email”, afirmou, ontem, Albano Martins, ao HM. “Eles dão-nos sempre essa resposta. Quando tentamos falar com eles é uma conversa de surdos. Mas mesmo que houvesse fichas de site, como poderíamos pedir a pessoas fora de Macau que preenchessem fichas em chinês? Eles estão apenas a querer queimar tempo”, acrescentou. É por esta razão que Albano Martins acredita que o objectivo da empresa passa apenas por tentar ficar mais tempo no Canídromo. “A minha opinião, de longa data, é que eles querem ficar naquele espaço mais tempo”, apontou. “Acho que vão consegui-lo porque não estou a ver o Governo a mandá-los embora imediatamente, quando ainda têm 650 animais. Mais uma vez, Angela Leong vai levar a sua avante”, justificou. Por outro lado, Albano Martins previu também que a Yat Yuen vai falhar o prazo para a entrega do plano que resolva o destino dos cães. Segundo o Governo, a empresa liderada pela deputada Angela Leong tem até hoje para explicar ao Executivo o que vai fazer com os cães. “Ela tem até amanhã [hoje] para entregar o plano. Mas a arrogância nestes processos é tanta que tenho muitas dúvidas que entreguem qualquer plano a tempo”, considerou. Altura de crescer O presidente da ANIMA criticou também as intenções reveladas por Angela Leong de transportar os galgos para o Interior da China. Albano Martins vincou que está na altura de Macau começar a resolver por si os problemas, sem recorrer sempre ao Interior da China “Este é um problema que tem de ser Macau a resolver. Não se pode estar constantemente a passar os problemas para o Continente”, julgou. “Tiveram mais do que tempo suficiente para preparar tudo desde que o Governo lhes indicou que tinham de sair do Canídromo”, considerou. Também o outro lado da fronteira não se afigura como o local mais indicado para enviar os galgos: “Não pode ser no Continente, porque na maior parte do Interior os animais não são autorizados como animais de estimação. Se forem para o Continente ou vão acabar no prato ou numa pista de corridas, muito provavelmente com apostas ilegais”, indicou. Albano Martins apontou também o dedo ao Governo, a quem apelou que assuma as suas responsabilidades: “Macau tem um grande papel a desempenhar que é convencer a Angela Leong a ter uma postura civilizada, a salvar os animais e arranjar-lhes um família”, frisou.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCaso Sulu Sou | “Não somos culpados”, diz deputado suspenso [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]ara o deputado suspenso, nem ele nem Scott Chiang são culpados do crime de manifestação e reunião ilegal, apesar da condenação do Tribunal Judicial de Base. “Como dissemos no início, continuamos a achar que não somos culpados, estávamos a exercer a prática de um direito fundamental. Não podemos dizer que concordamos com a decisão”, disse Sulu Sou. “Considero que este caso teve algum impacto na sociedade civil e desde o início que pensamos que houve razões políticas por parte da polícia [neste processo]”, vincou. Sobre a possibilidade de recurso, Sulu Sou explicou que ainda vai pensar sobre esse assunto e que não consegue prever como o Ministério Público agirá: “Ainda vamos discutir se vamos recorrer. Temos 20 dias. Também não consigo prever se o MP vai recorrer, são eles que devem responder directamente à pergunta”, considerou. Sobre as suas acções políticas no futuro, Sulu Sou fez questão de sublinhar que não se vai restringir e que mais importante do que o seu lugar na Assembleia Legislativa são as liberdades da população. “Estamos preocupados que o espaço para a liberdade de expressão e opinião possa ficar diminuído após este caso e que qualquer pessoa possa correr um grande risco, quando decide exprimir a sua opinião sem autorização das autoridades. Esta é uma grande preocupação”, explicou. “O mandato de deputado não é o mais importante para mim. O mais importante para nós é que os cidadãos não tenham medo de exprimir as suas opiniões e possam exercer os seus direitos civis. É também este ponto que vai ser tido como referência para a decisão sobre o recurso”, revelou. Porém, o deputado ligada à Associação Novo Macau reconheceu que tinha havido respostas positivas à decisão do tribunal. “Concordo que muitos dos nossos apoiantes se sentem contentes após terem ouvido a decisão da primeira instância, porque posso voltar à Assembleia Legislativa”, admitiu. Scott Chiang: Pronto para ser sacrificado O ex-presidente da Novo Macau afirmou não ter medo de ir para à prisão para defender os ideais democráticos e que não se importa de ser um sacrificado, mesmo que tenha uma filha com menos de dois anos e um outro filho em vias de nascer. “Ser detido não me impede de ser pai. Eles não podem prender-me para sempre. E mesmo que tenham outros casos focados noutras pessoas que participaram no protesto, não nos podem matar a todos. Essa é a ideia, e as ideias não se matam”, afirmou Scott Chiang, negando ter medo de ser detido. “Podes tentar encolher a margem de manobra que as pessoas têm para praticar direitos fundamentais, mas não podes de facto impedi-las de ter outra ideia diferente em relação ao que o Governo pensa. Há muitas pessoas lá fora”, frisou. Já sobre a sentença, Scott Chiang afirmou que não tinha expectativas, mas que está consciente que este pode não ser derradeiro veredicto: “Todos sabemos que esta decisão pode não ser final, por isso, vou manter uma mente aberta. É uma batalha dentro de toda uma guerra. É uma luta perpétua caso não abandones o combate a meio, nem morras prematuramente. É um combate para vida”, apontou. Pedro Leal: Esperava absolvição No final do julgamento, numa breve declaração, o advogado de Scott Chiang revelou que esperava que o seu cliente fosse absolvido. “Eu não estava à espera. Foi uma decisão negativa e que não esperava. Estava à espera de absolvição”, afirmou Pedro Leal. O advogado atirou também a decisão sobre a apresentação de um eventual recurso para o seu cliente: “A sentença é grande. É uma decisão com 60 páginas, todas escritas em chinês. É muito difícil dizer, para já, se vamos recorrer. Depois, não é uma decisão nossa. É uma decisão dos arguidos. Eles é que sabem as consequências que poderão ter em relação ao recurso”, justificou. Jorge Menezes: Não estou satisfeito Jorge Menezes, advogado de defesa de Sulu Sou, revelou no final da sessão não ter ficado satisfeito com a decisão. O causídico também esperava ver o seu cliente declarado inocente pela juíza: “Não estou satisfeito. Evidentemente que estava à espera da absolvição”, disse no final do julgamento. Reacções Agnes Lam “Considero [ a decisão do tribunal] positiva”. Foi desta forma que a deputada Agnes Lam comentou a notícia da condenação de Sulu Sou com uma pena de 120 dias de multa. Ho Iat Seng, presidente da AL: “Ainda não sei se as duas partes vão apresentar recurso, por isso, não posso comentar [o caso] porque ainda está a decorrer o processo judicial” Leonel Alves, advogado e ex-deputado: “É porque há motivos suficientemente fortes para não se recorrer à punição mais severa. Se é razoável, ou não, eu não tenho bases para tecer qualquer tipo de comentário. Sinceramente, não posso dar opinião (se é muito ou pouco) porque não estou dentro da factualidade e também não sou criminalista. Lido muito pouco com processos penais de maneira que não posso objectivamente dizer nada de concreto. O que posso dizer é que o Ministério Público pediu prisão efectiva, o tribunal não seguiu essa ideia, o que demonstra que o tribunal ponderou devidamente os factos e encontrou esta solução. A defesa, obviamente, que defendia a absolvição, de maneira que creio que irá haver matéria de recurso. José Pereira Coutinho, deputado: “Acho que vamos ainda ter de esperar porque, muito provavelmente, o Ministério Público vai recorrer da decisão. Enquanto a sentença não for transitada em julgado, vamos ter, de facto, de esperar para ver o que vai acontecer” Podemos falar numa pequena vitória? “Não, acho que, de qualquer forma, foi pesada, porque se compararmos as sentenças mais ou menos parecidas que aconteceram com o edifício Sin Fong e os casos de brutalidade com o edifício Politex, em que ficaram danificadas várias viaturas policiais e alguns agentes da autoridade sofreram pequenas lesões, acho que este caso foi algo exagerado. Mas, em todo o caso, do mal o menos. De todos os males esse é o mal menor, pelo menos é uma pena de multa. Vamos ter que aguardar até que a sentença transite em julgado para ver qual vai ser, de facto, o resultado” Frederico Rato, advogado: Gonçalo Lobo Pinheiro Acho que é uma decisão muito acertada. Acho que está de acordo com a jurisprudência dos tribunais de Macau relativamente a este tipo de crime quando o arguido é primário. Além de tudo o mais, existe também aí alguma justiça que eu digo de natureza substancial, porque o caso teve grandes repercussões na opinião pública e era preciso através de uma decisão judicial clara, simples, transparente e tranquila devolver à opinião pública a importância e a valoração penal desse tipo legal de crime. Por isso, fico muito satisfeito. Espero que o Ministério Público tenha o bom senso de superar os exageros da pena que pediu nas alegações finais e aceitar a decisão judicial como uma decisão justa e dela não recorrer para terminarmos com esse folhetim e o deputado Sulu Sou retomar de pleno as suas funções na Assembleia Legislativa, para as quais foi eleito pelo voto popular.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCaso Sulu Sou | TJB abre a porta ao regresso do deputado à AL Eram acusados de um crime de desobediência qualificada pelo Ministério Público, mas Sulu Sou e Scott Chiang acabaram condenados a 120 dias de multa, pela prática de um crime de manifestação ilegal. A decisão permite a Sulu Sou regressar à Assembleia Legislativa, mas o Ministério Público, que pediu a prisão efectiva do deputado, pode recorrer nos próximos 20 dias [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ulu Sou foi condenado a uma pena de 120 dias de multa por ter cometido um crime de reunião e manifestação ilegal. A sentença foi lida ontem no Tribunal Judicial de Base (TJB), numa sessão que durou perto de uma hora. O outro arguido do caso, Scott Chiang, foi também punido com uma pena de 120 dias de multa. Os valores das multas aplicadas aos arguidos são diferentes, uma vez que os tribunais tiveram em consideração os diferentes rendimentos. Sulu Sou vai ter de pagar 40.800 patacas, equivalente a uma multa diária de 340 patacas, e Scott Chiang vai pagar 27.600 patacas, o equivalente 230 patacas por dia. No caso do não pagamento da multa, os dois arguidos são obrigados a passar 80 dias na prisão. A decisão tomada pela juíza Cheong Weng Tong permite a Sulu Sou regressar à Assembleia Legislativa sem ter de enfrentar um eventual processo de expulsão do hemiciclo. Contudo, a sentença poderá ainda não ser final, uma vez que a partir de hoje, e até dia 18 de Junho, tanto os arguidos, como o Ministério Público podem apresentar recurso da decisão. Até ao final do dia de ontem não havia uma decisão sobre se os arguidos tinham a intenção de recorrer, nem era conhecida a intenção do MP. Recorde-se que a delegada do procurador tinha feito questão de pedir uma condenação com pena de prisão. Manifestação ilegal Ontem, durante a leitura da sentença, Cheong Weng Tong referiu que os factos da acusação ficaram todos provados e que ambos agiram com dolo e conhecimento de que estavam a praticar uma conduta ilegal. Contudo, a juíza decidiu que o crime que estava em causa era o de reunião e manifestação ilegal, porque o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) não tinha autorizado uma manifestação naquela zona. A moldura penal é a mesma para ambos os casos e vai até uma pena máxima de dois anos de prisão ou 240 dias de multa. “Não se trata de um crime de desobediência qualificada, mas de reunião ilegal, que é equiparado a desobediência qualificada”, afirmou a juíza. “Os arguidos sabiam que o IACM proibia a reunião no Jardim da Penha e sabiam que o Palacete não recebia petições. Mas foram e incentivaram mais 20 a 30 pessoas. Reuniram-se e não houve um aviso prévio”, apontou. Por outro lado, o tribunal não colheu o argumento da defesa sobre o fim da manifestação na tenda branca de Nam Van. Nos vídeos ouvia-se Sulu Sou e Scott Chiang a informar que o protesto tinham chegado ao fim, mas depois disso ainda houve discursos. Foi ainda dito que alguns dos participantes iriam, de forma individual, entregar uma carta ao Palacete do Chefe do Executivo. “O anúncio do fim da manifestação [na tenda branca] foi uma declaração formal. Mas não coincidiu com o fim da manifestação. Só no fim dos discursos é que se pode considerar que chegou ao fim a manifestação”, considerou a juíza. “[Na tenda branca] tentaram incentivar o estado emocional dos participantes para que eles entendessem que estavam proibidos de ir ao Palacete e aderissem ao protesto. Se não tivessem a intenção de promover a manifestação [ilegal] não precisavam de ter mencionado essa informação”, justificou. O tribunal considerou que a partir do momento que abandonaram o percurso que tinha sido comunicado, que os indivíduos tiveram sempre num acto de reunião ilegal. Para o tribunal, o crime só terminou junto ao Palacete, quando, após atirarem os folhetins da manifestação em forma de aviões de papel, os arguidos e os restantes 20 a 30 demonstrantes saíram do local. Protestos restringidos Ao mesmo tempo que culpou os indivíduos pela promoção da manifestação ilegal, Cheong Weng Tong defendeu que o direito de reunião e manifestação só pode ser exercido dentro da lei e que esta impõe restrições. “O exercício do direito de manifestação tem de ser dentro do enquadramento jurídico. Os manifestantes não podem reunir-se de livre vontade. As reuniões que violam a lei têm de ser proibidas”, sustentou na sentença. “O tribunal tem que salientar que a lei não permite que qualquer pessoa possa agir de livre vontade e que há regras, mesmo que em nome da lei ou de um interesse público. Todo o cidadão é igual perante a lei. A nossa sociedade é controlada pela lei, não é por determinada pessoa”, vincou. Na sentença ficou também escrito que o tribunal teve de transmitir uma mensagem importante em relação a esta conduta, mesmo que os manifestantes tenham agido em defesa do interesse público. Apesar disso, a própria juíza ressalvou que a reunião ilegal “não foi violenta nem prolongada” e que isso foi tido em conta na decisão da pena. Também foi ponderado o facto de ambos não terem antecedentes criminais, apesar de existirem outros processos em fase de inquérito. Mensagem final Já depois de ter dado a conhecer as penas, Cheong Weng Tong deixou uma mensagem a Sulu Sou e a Scott Chiang, aconselhando o deputado suspenso e o activista a não repetirem as condutas no futuro. “Independentemente do recurso, os arguidos tem que assumir a responsabilidade pelas suas condutas. Independentemente da vontade de defenderem o interesse público, têm de agir de acordo com a lei”, começou por dizer nesta altura. “Vocês é que sabem se vale a pena continuar com estas condutas, mas espero que no futuro não as repitam”, aconselhou. Os factos que resultaram na condenação do deputado suspenso e de Scott Chiang ocorreram a 15 de Maio de 2016. Na altura, a Associação Novo Macau organizou uma manifestação contra o donativo da Fundação Macau no valor de 100 milhões de yuan à Universidade de Jinan. Durante os protestos, os manifestantes pediram a demissão do Chefe do Executivo, Chui Sai On, que era, ao mesmo tempo, presidente do Conselho Geral de Curadores da Fundação Macau e vice-presidente da Conselho Geral da universidade. Os manifestantes acreditavam que existe conflito de interesses, uma acusação que o Comissariado Contra a Corrupção, prontamente, negou. Líder da Novo Macau arrisca acusação A juíza Cheong Weng Tong ordenou que fossem retiradas certidões do processo para enviar ao Ministério Público, que terá de decidir se há matéria de facto para acusar outros cinco participantes na manifestação ilegal. Entre os cerca de cinco suspeitos constam os nomes da actual presidente da Novo Macau, Kam Sut Leng, Alan Lam – co-arguido com Scott Chiang no caso da faixa no Hotel Estoril contra Alexis Tam – e um indivíduo conhecido como Roberto, que apareceu em várias imagens captadas pela polícia no Palacete entre Scott e Sulu, na manifestação ilegal julgada. Palacete não é um lugar de trabalho Para a juíza do caso Sulu Sou, o Palacete do Governo não é um lugar de trabalho, mas um sítio onde o Chefe do Executivo descansa e recebe convidados. Foi por essa razão, que Cheong Weng Tong considerou que Scott Chiang e Sulu Sou não poderiam ter ido ao local para deixar o panfleto, mas antes à sede do Governo. “O Palacete é um local para o Chefe do Executivo descansar e receber convidados. Não é um local de trabalho”, considerou. Regresso à AL vai demorar mais de 20 dias Mesmo que não haja recursos por parte do Ministério Público, nem dos dois arguidos, o deputado suspenso Sulu Sou nunca vai regressar ao seu assento na Assembleia Legislativa nos próximos 20 dias. Isto porque é esse o tempo necessário para que a sentença transite em julgado, ou seja considerada final. Mesmo depois desse prazo, Sulu Sou terá 10 dias para fazer o pagamento da multa. Só depois de cumpridos esses requisitos o tribunal poderá comunicar o fim do processo ao hemiciclo e o deputado poderá regressar ao lugar para o qual foi eleito com cerca de 9 mil votos. Sulu Sou com quatro processo em fase de inquérito O primeiro de muitos. A condenação de Sulu Sou neste processo poderá ser apenas a primeira entre muitas. Na altura em que disse à juíza que este era o primeiro caso em que tinha de comparecer em julgamento na condição de arguido, o deputado revelou que recaem sobre ele quatro processos-crime, todos em fase de inquérito e relacionados com o período da campanha eleitoral. Caso o juiz de instrução considere que existem motivos para levar o deputado novamente a julgamento, e sem o estatuto de primário, o deputado pode mesmo acabar ser condenado a pena de prisão e arriscar perder definitivamente o seu lugar na Assembleia Legislativa.
João Santos Filipe Manchete SociedadeSaúde | Mais de metade das residentes não sabe o que é uma mamografia Mais de metade das mulheres residentes, com idades entre os 40 e 60 anos, não sabe o que é uma mamografia. Por outro lado, 66,9 por cento admite nunca ter feito este tipo de exame ao longo da sua vida. Estas são as conclusões de um estudo que traça um cenário negro sobre a realidade do cancro da mama em Macau [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de 60 por cento das mulheres residentes de Macau, com idades entre os 40 e 60 anos, nunca realizou uma mamografia, o exame que permite fazer o rastreio do cancro da mama. A conclusão faz parte de um estudo publicado este mês na revista científica Revista de Saúde Pública (Journal of Public Health), em que se analisou a atitude das residentes do território perante as diferentes formas de rastreio do cancro da mama. Para a realização do trabalho académico, com o título Exame ao Cancro da Mama em Macau (Breast Cancer Screening in Macao), foram feitos 417 inquéritos a mulheres com o estatuto residente e de etnia chinesa. Das pessoas ouvidas, 257 nunca tinham feito qualquer mamografia, ou seja 61,8 por cento das mulheres. Entre essas, 245 residentes, ou seja 58,8 por cento, não sabiam sequer o que era uma mamografia e quais os objectivos deste exame. Entre o universo de mulheres que afirmou não ter realizado qualquer mamografia, 66,9 por cento explicaram esse facto por nunca terem ouvido falar do exame, 17,1 por cento consideraram não ser necessário e 3,9 por cento disseram que nunca tinham tido essa recomendação por parte dos médicos. Em relação às mulheres que realizaram mamografias, os números são relativamente reduzidos. Apenas 10,8 por cento, ou seja 45, afirmaram fazer uma mamografia por ano, 13,9 por cento fizeram uma mamografia nos últimos dois anos e 13,5 por cento disseram ter feito o exame uma vez num período de três ou mais anos. Entre as residentes inquiridas, uma preferiu não responder à questão. Padrões de Hong Kong Os autores do estudo explicam também que os Serviços de Saúde de Macau não dão instruções aos médico sobre a frequência com que as residentes devem fazer os diferentes tipos de rastreio do cancro da mama. Por essa razão, os profissionais do sector fazem as recomendações com base nos padrões em vigor em Hong Kong, também pelas proximidades culturais com o território. Segundo esses padrões, é recomendado que as mulheres com mais de 40 anos devem fazer uma mamografia a cada dois anos. Além disso, são aconselhadas consultas médicas. No caso dos auto-exames, em que se procuram anomalias com base na observação e no toque do peito, este deve ser feito uma vez por mês, segundo as recomendações de Hong Kong. “O estudo mostra que a maioria das mulheres de meia-idade não segue as recomendações sobre a realização do rastreio. Em particular, apenas um quarto das participantes efectuaram mamografias dentro das recomendações”, é explicado pelos autores, onde se inclui Lao Cheng Kin, académico da Instituto Politécnico de Macau. No que diz respeito ao auto-exame da mama, o conhecimento é muito maior. Cerca de 81 por cento das mulheres admitiu conhecer esse tipo de rastreio. No entanto, 30,7 por cento, ou seja 128 inquiridas, admitiu nunca o ter feito. Por outro lado, 38,4 por cento afirmou fazer o auto-exame uma vez por mês, 18,5 por cento fizeram-no mais de uma vez por ano, 11,5 por cento disseram que procedem à autoanálise uma vez por ano e 0,7 por cento disse ter feito uma vez num período de 3 a 4 anos. Entre as razões apontadas para não ser feito o auto-rastreio, as principais foram o desconhecimento desta forma de exame, usada como justificação em 60,9 por cento dos casos, o desconhecimento de como fazer este tipo de rastreio, em 14,1 por cento das respostas, e o facto de ser considerada uma forma de exame desnecessária, em 10,2 por cento. Finalmente, quanto à realização de exames clínicos, ou seja quando é o médico a procurar anomalias sem a realização de mamografia, 72,4 por cento das mulheres com idades entre os 40 e 60 anos admitiram conhecer o método. Contudo, também neste capítulo mais de um terço (36,5 por cento) nunca tinha sido observada clinicamente. Entre essas pessoas, 75,7 por cento referiram não conhecer a possibilidade de serem observadas clinicamente, 9,2 por cento disseram não ser necessária a observação e 3,9 por cento dispensaram o exame por não terem encontrado anomalias no auto-exame. Exames gratuitos Em relação aos exames clínicos, ao autores destacam que em Macau existe a possibilidade de serem feitos de forma gratuita. No entanto, é explicado que as longas filas de espera nos centros de saúde e clínicas locais e a falta de consciencialização dos benefícios dos exames são algumas das razões que contribuem para a baixa taxa de realização do rastreio. “O baixo cumprimento das recomendações [de Hong Kong] entre os residentes de Macau talvez se fique a dever aos longos tempos de espera em alguns dos serviços de saúde gratuitos, a uma falta de conhecimento dos benefícios dos exames e a um conhecimento muito limitado sobre a existência dos mecanismos existentes, assim como os elevados custos do sector privado”, é apontado no estudo. Por outro lado, é explicado que esta tendência de baixa frequência de realização de rastreios não é exclusiva de Macau, e que pode ser encontrada também no Interior da China, Taiwan e mesmo entre as mulheres de etnia chinesa dos Estados Unidos. “É uma crença popular da cultura Chinesa que se não existem dores ou doenças graves não se deve visitar um médico. Também existe a crença cultural de que falar de uma doença pode fazer com que ela se desenvolva”, é acrescentado pelos autores, dos quais fazem parte ainda Gan Xiang Yan e Alexandre Chan, do Centro Nacional de Cancro de Singapura. As explicações têm como base o facto de 53,5 por cento das inquiridas terem considerado que só vão ao médico quando têm um problema de saúde e por 61,6 por cento das residentes ouvidas terem afirmado que se não sentem nenhum problema não precisam de ir ao médico fazer exames. Bons níveis de conhecimento Por outro lado, os autores concluem ainda que as pessoas de Macau estão informadas sobre o cancro da mama e que percebem a gravidade da doença. Porém, a falha está nos comportamentos de prevenção e na altura de fazer os exames. “A maior parte das mulheres tem um bom conhecimento sobre o cancro da mama, mas tem atitudes negativas em relação aos exames”, é apontado. Com base no relatório sobre o cancro elaborado pelo Governo em 2016, com dados de 2014, este tipo de cancro é apontado como o terceiro mais mortal entre as mulheres residentes. Face às conclusões do estudo, os autores alertam o Governo para a necessidade de se proceder a uma campanha de informação sobre a necessidade das residentes fazerem os exames com regularidade. “Como a incidência do cancro da mama em Macau está a aumentar, a necessidade de detectar os casos numa fase precoce do desenvolvimento é uma importante estratégia de controlo da doença. Uma campanha de educação elaborada tendo em conta os factores culturais devia ser uma das prioridades do Governo para alertar a população para a doença e as práticas de examinação”, é sugerido. “Devia haver um esforço maior para educar as pessoas locais sobre os exames disponíveis assim como os diferentes benefícios dos tipos de análises. Ao mesmo tempo, os profissionais do sector médico de todos os níveis devia receber uma formação maior, para dar resposta Às preocupações da população e fornecerem as recomendações apropriadas em relação aos exames” é acrescentado. Cancro com maior incidência Em 2015, o cancro da mama foi o tipo da doença que mais casos novos registou entre das mulheres do território, segundo os números mais recentes disponibilizados no portal dos Serviços de Saúde. Num total de 810 novos cancros diagnosticados, 178 foram na mama, o que representa uma proporção de 22 por cento. Entre os três tipos de cancros mais comuns em 2015, figuraram o cancro colorretal, ou seja no cólon ou recto, com 110 casos novos, que representou uma proporção de 13,5 por cento. De seguida, os tipos de cancro mais frequentes foram dos brônquios e pulmões, com 78 casos novos, e uma proporção de 9,6 por cento. Cancro da mama causou 25 mortes No que diz respeito às mortes por cancro da mama, este foi o terceiro tipo mais mortal da doença entre as mulheres de Macau, com 25 casos em 2015, os dados disponíveis mais recentes. Os tipos de cancro mais mortais para as residentes foram nos brônquios e pulmões com 63 mortes, seguido pelo cancro colorretal, ou seja no cólon ou recto, que causou 42 mortes. 719 pessoas morreram em 2015 Foram 719 as pessoas que perderam a vida devido a diferentes tipos de cancros em Macau durante 2015. Numa análise em que os dos géneros aparecem juntos, o cancro mais mortal foi o dos pulmões, com os casos de mortes de cancros de brônquios e pulmões a serem de 207, ou seja 28,8 por cento. O cancro colorretal foi o segundo mais mortal com 99 mortes, seguido pelo cancro do fígado com 83 casos, o que representa uma proporção de 11,8 por cento. Brônquios e pulmões mais fatais No que diz respeito aos residentes do género masculino, o cancro nos brônquios e pulmões foi o mais fatal, resultando na morte de 144 residentes, num total de 456 casos registados, o que representa uma proporção de 31,6 por cento, ou seja quase um terço. A segunda doença oncológica mais mortal foi o cancro no fígado, com 68 mortes, seguido pelo colorretal com 57 mortes. Em 2015, foram ainda registados 844 casos novos de cancro entre os homens, dos quais 212 foram cancros nos brônquios e pulmões, seguidos por 140 casos de cancros colorretais e 72 casos de cancro no fígado.
João Santos Filipe DesportoLiga de Elite | Miguel Noronha foi o herói da vitória do Monte Carlo frente ao Ka I O Estádio de Macau assistiu a um espectáculo de golos no sábado à noite com os Canarinhos a imporem-se por 6-5, já em período de descontos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Monte Carlo venceu o Ka I por 6-5 no sábado à noite, num encontrou que ficou marcado pelo golo tardio apontado por Miguel Noronha. Quando o cronómetro indicava os 94 minutos, o atacante rematou à entrada da área e apontou o 6-5, que permitiu a vitória tardia canarinha. Com o golo, Miguel Noronha tornou-se o herói da vitória, num jogo que ficou marcado também pela grande eficácia dos canarinhos, que em seis remates à baliza marcaram seis golos. Por sua vez, o Ka I rematou mais mas mesmo assim não o suficiente para evitar uma derrota surpreendente, apesar dos quatro tentos apontados por William. Apesar de uma entrada mais ofensiva da equipa que actuou de vermelho, foi o Monte Carlo que se colocou primeiro em vantagem. Aos 10 minutos, Miguel Noronha isolou Vernon Wong, numa jogada de contra-ataque, e o avançado na frente do guardião Sou Kwok Ho rematou para o 1-0. Um golo que nasceu do primeiro remate à baliza feito pelo Monte Carlo. Se no primeiro lance de golo a defesa do Ka I se tinha mostrado algo desconcentrada, a confirmação desse facto chegou aos 27 minutos. Vernon Wong teve tempo para, dentro da área, fintar três adversários e ainda rematar quase em câmara lenta para o 2-0, sem que o guardião Sou pouco mais pudesse fazer do que tentar sair-lhe aos pés. Em desvantagem, a recuperação do Ka I começou aos 33 minutos. Fábio Ribeiro surge isolado perante o Ho Mai Fan, que consegue cortar a bola. Contudo, William chega mais rápido que toda a gente ao ressalto e reduz para 1-0. Mais tarde, a um minuto do intervalo, Kou Cheng Hong apontou o tento do 2-2, quando tirou dois adversário do caminho e rematou, já dentro da pequena área, para o golo. Esforço inglório No regresso do intervalo, o Ka I veio com a mesma atitude e demorou pouco tempo a chegar à vantagem. William, no espaço de dez minutos, aos 46 e 56, colocou os encarnados na frente por 4-2. Contudo, o esforço do brasileiro foi inglório. Na defesa a equipa do Ka I deixou-se adormecer e sofreu três golos, que colocaram o resultado em 5-4, com sete minutos do tempo regulamentar para jogar. Geofredo Cheung, Miguel Noronha e Iong Oi Chit foram os marcadores de serviço. O Ka I não baixou os braços e três minutos depois, aos 86 minutos, chegou ao empate através de William, que fez o 5-5. Com este resultado, o encontro parecia caminhar para o fim, mas, aos 94 minutos, chegou o golo que haveria de imprimir surpresa ao marcador. Noronha remata, à entrada da área, com pouca força e de forma rasteira, mas e a bola toma a direcção da baliza, só parando lá dentro. O guardião Sou pouco fez e assim o Monte Carlo garantiu os três pontos num encontro em que nem sempre se defendeu da melhor maneira. Jogo entre Casa de Portugal e Tim Iec adiado A Casa de Portugal tinha encontro agendado diante do Tim Iec para ontem, no Canídromo, mas o jogo foi adiado devido ao aviso de tempestade içado pelos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG). A nova data deverá ser agendada durante esta semana, sendo provável que o encontro se realize em Julho. Já na quinta-feira à noite o Consulado de Portugal tinha derrotado o Hong Ngai por 2-0, com golos de Pedro Maia, aos 66 minutos, e Diego Miranda, aos 78 minutos.
João Santos Filipe Manchete SociedadeViolência escolar | Escola Portuguesa de Macau enviou esclarecimentos para Portugal O Ministério da Educação de Portugal pediu e a escola enviou os esclarecimentos necessários sobre dois casos de violência que decorreram na instituição. A resposta foi enviada logo início do mês, segundo o presidente da EPM, Manuel Machado [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Escola Portuguesa de Macau (EPM) já respondeu ao pedido de esclarecimentos que partiu do Ministério da Educação de Portugal sobre os dois casos de violência ocorridos no estabelecimento de ensino. O envio da resposta foi confirmado por Manuel Peres Machado, presidente da EPM, ao HM, e aconteceu no início do mês. “Procedeu-se de acordo com o que nos foi solicitado e os relatórios foram enviados a quem os solicitou”, afirmou, ontem, Manuel Peres Machado, ao HM. “O relatório já foi enviado há bastante tempo, por volta de início de Maio”, completou. Em causa estão dois casos de violência que foram denunciados junto da Inspecção-geral de Educação e Ciência de Portugal. O primeiro ocorreu em finais de 2016, quando um docente, alegadamente, terá promovido agressões entre alunos da mesma turma. O segundo episódio ocorreu a 14 de Março deste ano, quando houve uma troca de agressões entre dois estudantes de 15 e 13 anos, que terminou com um aluno internado, na sequência de lesões na cabeça. Ainda segundo Manuel Peres Machado a questão foi tratada com a maior brevidade possível, mostrando-se a escola disponível para prestar todos os esclarecimentos necessários. “Fizemos o levantamento do que era necessário para responder e respondemos ao que nos foi solicitado. Foi uma compilação de tudo o que era necessário e respondeu-se logo que possível, obviamente”, explicou, sem querer, nesta altura, entrar em mais detalhes. Apesar do envio há quase um mês da correspondência para Portugal, até ontem a EPM ainda não tinha recebido nenhum tipo de resposta. Recorde-se que o pedido de esclarecimentos chegou ao estabelecimento de ensino de matriz portuguesa na semana de 25 de Abril, depois de ter saído de Lisboa a 9 de Abril. DSEJ também analisou o caso Este não é o primeiro pedido de esclarecimentos que a EPM tem de prestar face ao caso de agressões entre os alunos de 15 e 13 anos. Também em relação ao episódio anteriormente noticiado, a DSEJ pediu um relatório sobre o ocorrido. “A DSEJ está muito preocupada com o confronto físico que ocorreu entre estudantes na Escola Portuguesa de Macau. Depois de ter tido conhecimento da situação, a DSEJ entrou imediatamente em contacto com a direcção da escola para se inteirar da situação e pediu que fosse enviado um relatório de investigação tão rapidamente quanto possível”, afirmou fonte do Governo de Macau, na altura. Apesar dos incidentes registados na EPM, a direcção considerou em Março que se tratam de situações com um carácter “residual”.
João Santos Filipe Manchete PolíticaTecnologia | Agentes políticos popularizam directos nas redes sociais [dropcap style=’circle’] C [/dropcap] om o lançamento da ferramenta de directos no Facebook tornaram-se normais os “programas” dos agentes políticos locais, numa espécie de Conversas em Família. Além de partilharem as suas mensagens e ideias, a ferramenta permite ainda perceber o impacto das políticas e os assuntos que mais preocupam os residentes. O estabelecimento das redes sociais como uma das principais plataformas de comunicação arrastou os actores político para a internet. Nos Estados Unidos, a eleição de Barack Obama, em 2008, ficou muito ligada à utilização que a sua campanha fez das plataformas digitais, como o Facebook e o Twitter, promovendo vários debates sobre o assunto. Passados alguns anos a tendência instalou-se também em Macau e nas últimas eleições, as redes sociais mereceram uma grande atenção da comissão eleitoral, que inclusive recomendou que os candidatos retirassem os conteúdos online, antes do período oficial da campanha. Hoje são mais os grupos presentes nas redes sociais do que os que estão ausentes. Mesmo as forças mais tradicionais, como Operários, Moradores e Associação das Mulheres tiveram de se adaptar aos novos tempos. E neste capítulo, há uma funcionalidade que se destaca, os directos que muitos fazem ao final da tarde e princípio da noite, para abordarem os temas mais comuns. Contacto directo Ao HM, a deputada Agnes Lam, que utiliza os directos do Facebook para comunicar frequentemente, destaca o facto de conseguir comunicar com grande eficácia com as pessoas que acompanham as questões quotidianas de Macau. O facto de haver comentários em directo, é uma grande vantagem porque permite responder às dúvidas dos internautas em tempo real. “É um recurso muito importante e tem a grande vantagem de nos permitir chegar facilmente às pessoas. Quem está a ver pode colocar-nos questões quando estamos em directo e conseguimos respondê-las imediatamente”, começou por explicar Agnes Lam, sobre a utilização da plataforma. “Nesta interacção, as pessoas acabam por sentir que têm um maior contacto connosco e que do outro lado está uma pessoa verdadeira, que se preocupa com os seus problemas”, explicou. Para Johnson Ian, membro da Associação Sinergia de Macau, que apoio a lista encabeçada por Ron Lam nas últimas legislativas, a presença nas redes sociais é igualmente uma obrigação. Segundo o ex-jornalista, os órgãos de comunicação social perdem cada vez mais importância, e as pessoas mostra-se menos interessada em aceder à informação através dos jornais, rádio ou televisão. “No seio da organização sentimos que tínhamos de recorrer às novas plataformas porque os média tradicionais perderam muito do impacto junto da população. Para nos fazermos ouvir e para que as pessoas pudessem saber o que defendemos e os nosso pontos-de-vista, considerámos que o melhor era recorrer às novas plataformas”, contou Johnson Iam, ao HM. “As pessoas em Macau mostram cada vez menos interesse pelos jornais ou televisão. Por isso, é importante estar nestas plataformas mais utilizadas onde as pessoas passam mais tempo”, acrescentou. Nesta interacção com os eleitores e interessados, Johnson Ian destaca como grande vantagem a interacção com as pessoas, permitindo abordar temas que interessam a quem está a assistir aos directos. No caso da Sinergia de Macau são frequentes as conversas à mesa com três ou dois membros da associação. “As pessoas interagem connosco, levantam-nos questões e pedem para abordarmos assuntos da ordem do dia, ou mesmo outros. Acho que toda esta importância, é sublinhada com o facto do próprio Governo fazer um esforço para estar mais presente nas plataformas sociais”, considerou Johnson Ian. Poderes equilibrados Uma das associações mais activas na utilização das redes sociais é a Novo Macau, que começou a fazer as transmissões por volta de 2015. Para Scott Chiang, presidente na altura, a grande vantagem foi o facto das vozes menos ouvidas nos órgãos de comunicação social tradicionais poderem chegar directamente às pessoas. “Na altura em que surgiu esta ferramenta, entendemos que nos dava mais poder. Antes dos directos precisávamos de ir a um canal de televisão, mas com esta tecnologia ficámos dispensados disso. Até porque nem sempre surgem os convites, assim podemos comunicar directamente e muito mais facilmente”, explicou Scott Chiang. Actualmente, a associação faz mesmo directos como programas de televisão, numerados como se de episódios se tratassem. O maior equilíbrio no acesso às pessoas foi um aspecto que também foi destacado por Agnes Lam: “As redes sociais trouxeram uma maior liberdade à comunicação e permitiram um maior acesso. O facto de uma pessoa não ter presença nos média tradicionais, não impede de ser altamente popular nas redes sociais”, apontou a deputada. Conteúdos variados Com a emergência de tantos actores políticos com transmissões em directos, nem sempre é fácil alcançar números significativos. Por outro lado, nem todas as pessoas estão disponíveis para estar longos períodos a ver o mesmo vídeo, quando facilmente podem aceder a outro conteúdos. Neste aspecto, Johnson Ian destaca que o mais importante é oferecer conversas que se distingam das restantes análises políticas, com dados bem fundamentados e informação que as pessoas não consigam obter facilmente de outra forma. “O conteúdo é o principal diferenciador. Hoje há tantas plataformas com opiniões tão semelhantes que se não houver uma análise mais profunda as pessoas não vão assistir”, disse o ex-candidato a deputado, ligado à Sinergia de Macau. “As pessoas muitas vezes preferem quando revelamos dados do Governo, a que não conseguem facilmente aceder, ou quando fazemos as leituras políticas das acções do Executivo que, em certos casos, prefere não explicar claramente as situações e as razões para tomar certas medidas”, revela. Segundo o ex-candidato às legislativas os temas mais populares e discutidos visam a habitação e o trânsito local. Por sua vez, Sulu Sou admite que os programas que dirige não se ficam só pela política pura e dura. Por vezes foca outros assuntos como lifestyle ou tem entrevistas com pessoas conhecidas. O deputado Mak Soi Kun e Jorge Valente, ex-candidato pela lista de Melinda Chan, foram alguns dos convidados. “Há temas actuais com muita gente a assistir, porque despertam interesse. Recordo-me que, recentemente, fizemos um programa sobre o reconhecimento mútuo das cartas de condução e muita gente assistiu e comentou o assunto. Havia um grande descontentamento”, admitiu o deputado suspenso. “Mas no programa que faço para a Novo Macau, tive sempre a intenção de fazer algo para além da política pura e dura. Sentimos que é importante falar também de outro tópicos, como cultura, ter talks shows, abordar pessoas conhecidas, como foi o caso de Mak Soi Kun, numa perspectiva que os média tradicionais não fazem”, reconheceu. Sulu Sou explicou também que os directos têm mais gente a ver após o final do programa. Isto porque o vídeos ficam guardados na página de quem transmitiu. “Nós temos um audiência muito estável. Por exemplo, no directo temos 30 pessoas a assistir. Mas horas depois de acabarmos de transmitir, atingimos um número que varia entre 3 mil e 5 mil visualizações”, constatou. Já Agnes Lam adopta uma postura diferente nos seus programas, utilizando a plataforma para explicar o seu trabalho legislativo e partilhar opiniões sobre os assuntos mais actuais. Pulso à população Outra das grandes benefícios de ter acesso à opinião dos cidadãos é poder orientar as acções para tratar dos assuntos levantados nas plataformas sociais. “Uma das grandes vantagens é percebermos o que as pessoas pensam sobre os assuntos abordados e também os assuntos que querem ver discutidos. Com estas plataformas podemos ter uma maior noção dos temas que interessam às pessoas nas actividades políticas”, admitiu Scott Chiang. Embora não tenha um programa em directo, também Jorge Valente reconhece que nas eleições utilizou o Facebook e o Wechat para muitas vezes perceber as necessidades dos eleitores. Na altura da campanha, segundo Jorge Valente, Melinda Chan chegou a recorrer aos directos online “Eu usei o Facebook e o Wechat na campanha, foram as plataformas que mais pessoas utilizaram. Era onde estava o eleitorado e permitiu divulgar as mensagens que queríamos e receber uma feedback, saber o que as pessoas pensavam sobre os assuntos”, explicou Jorge Valente. Ataques agressivos Contudo, como acontece frequentemente nas redes sociais, nem sempre as opiniões partilhadas têm substância. Todos os agentes políticos ouvidos pelo HM admitiram ter sido alvos de insultos, e defendem que a melhor forma de lidar com as opiniões ofensivas passa por simplesmente ignorá-las. “Acontece às vezes, mas, honestamente, não é muito frequente e para mim não tem grande importância”, afirmou Agnes Lam. “São situações que acontecem nas redes sociais, como todos sabem. Há sempre gente com comentários negativos que nos dizem coisas do género: ‘és um loser” ou ‘vai-te embora, não precisamos de ti em Macau’”, reconhece Scott Chiang. “Acho que são coisas normais da internet, onde é mais comum as discussões não serem muito profundas”, considerou o activista pró-democrata. Facebook | Sulu Sou entrevistou Mak Soi Kun e Jorge Valente Nos programas transmitidos através da sua página no Facebook, o deputado suspenso Sulu Sou entrevistou Mak Soi Kun. A conversa incidiu principal sobre a vida do legislador ligado a Jiangmen e sobre as suas acções políticas nos bastidores. “Foi uma entrevista interessante com perguntas a que ele normalmente não responde sobre a sua vida. Na altura, houve muita gente a dizer que ele tinha sido corajoso, porque esteve numa plataforma que é em quase tudo oposta ao que ele pensa”, afirmou o deputado pró-democrata. “Claro que também houve comentários negativos, sobre ser um homem de negócios, pelos apoios que dá e recebe do Governo, mas nada que não fosse previsível”, acrescentou. Mak Soi Kun é muito provavelmente um dos 28 deputados que suspenderam Sulu Sou, uma vez que nunca se expressou contra a suspensão, ao contrário de outros legisladores como José Pereira Coutinho, Ng Kuok Cheong ou Au Kam San. Só quatro deputados votaram contra a suspensão. Também Jorge Valente foi entrevistado por Sulu Sou, também numa conversa que focou aspectos da sua vida: “Tive um feedback muito positivo porque a minha presença neste tipo de programa não era esperada. Mas somos dois jovens, com alguma diferença de idades, com um grande contraste em quase tudo, mesmo assim houve uma grande dinâmica”, relatou Jorge Valente. “As pessoas que me abordaram sobre essa participação mostraram-se surpreendidas e disseram-me que gostaram muito da conversa”, contou.
João Santos Filipe DesportoBilhetes para o Sporting disponíveis, mas anúncio só foi feito para chineses [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s ingressos para assistir ao encontro entre a Selecção de Macau e o Sporting Clube de Portugal começam a ser distribuídos esta tarde às 16h, no Estádio de Macau. A distribuição dos ingressos vai decorrer hoje e amanhã, entre as 16h e 20h, e no sábado, entre as 10h e as 14h, no Estádio de Macau. Quem não puder levantar os bilhetes nesses dias pode ainda fazê-lo antes do jogo. Os ingressos são gratuitos, porém, apenas os órgãos comunicação social em língua chinesa foram convidados para a conferência de imprensa em que as informações foram reveladas. Apesar do momento conturbado em Alvalade, com demissões ontem à noite na Mesa da Assembleia-Geral e no Conselho Fiscal e Disciplinar, não havia indicações sobre o adiamento da visita. A comitiva do Sporting chega já amanhã a Macau e é constituída principalmente por atletas da equipa B, que foi despromovida da II Liga. Já o encontro com a selecção local está marcado para as 20h de segunda-feira, no Estádio de Macau. No dia seguinte, os jogadores do Sporting treinam com jogadores juvenis de Macau e na próxima quarta-feira são recebidos na Residência do Cônsul Geral e têm um jantar com o Sporting de Macau, filial do clube no território. Finalmente, na quinta-feira, a comitiva vai para o Interior da China. No entanto, o anúncio de ontem da Associação de Futebol de Macau ficou marcado por grande polémica. A federação, que tem como homem forte Chong Coc Veng, “esqueceu-se” de convidar os órgãos sociais em língua portuguesa. Também o Sporting de Macau não foi convidado para marcar presença, apesar de ser uma filial oficial do clube de Lisboa. Ao HM, Daniel Sousa, vice-presidente da Associação de Futebol de Macau, negou ter existido má-fé. “Pedimos imensa desculpa pelo sucedido com os órgãos sociais de matriz portuguesa. Não estamos a ignorar ninguém por qualquer má-fé”, afirmou Daniel Sousa, sobre o ocorrido.
João Santos Filipe Manchete SociedadePais que apresentaram queixa desconheciam reunião com Coutinho A reunião com pais de crianças que frequentam o jardim de infância D. José da Costa Nunes não era conhecida pelos pais que apresentaram queixa de alegados abusos sexuais à Polícia Judiciária. Coutinho reitera que teve uma reunião com alguns pais de crianças que frequentam aquela escola e que vai continuar a acompanhar o processo e a disponibilizar o apoio necessário [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s pais das crianças que pertencem à turma do jardim de infância D. José da Costa Nunes, que está envolvida nos alegados casos de abuso sexual infantil, não estiveram presentes e não tinham conhecimento da reunião que terá acontecido na Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), na passada quarta-feira. O encontro terá sido organizado pelo deputado José Pereira Coutinho. A informação foi dada por Aureliano Ritchie, um dos pais em causa, ao HM. “Não, pelo menos por parte do grupo que fez a queixa, não havia conhecimento acerca da reunião do deputado”, referiu Ritchie ao HM quando questionado se tinha conhecimento da situação. Depois da queixa de alegado abuso sexual foi criado um grupo entre os pais da turma em questão para que pudessem trocar informações acerca do decorrer do processo e das melhores formas de actuar. Depois de ter participado na conferência de imprensa com a deputada Agnes Lam na passada segunda-feira, este grupo optou por não falar com mais nenhum legislador. “Entre o grupo de pais que apresentou queixa houve a opinião de não nos dirigirmos a mais deputados e não estamos interessados em reunir com mais nenhum”, apontou Aureliano Ritchie. De acordo com este pai, a reunião e esclarecimento promovidos por Agnes Lam foi a ajuda necessária para dar conhecimento acerca do processo que está a decorrer e para transmitir as preocupações relativas aos procedimentos, nomeadamente no que respeita às acções “da polícia, do hospital e até com a própria Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ)”, disse ao HM. Relativamente aos pais que pudessem ter estado, na quarta-feira, reunidos com o deputado José Pereira Coutinho, Aureliano Ritchie afirma que “não me parece que tenha sido do conhecimento de nenhum de nós deste grupo”, sublinhou. O HM contactou com vários pais daquela escola, sendo que nenhum afirmou ter conhecimento do encontro com José Pereira Coutinho. Coutinho reitera Entretanto, o deputado reitera que a reunião com pais do jardim de infância D. José da Costa Nunes aconteceu mesmo sem, no entanto, adiantar quaisquer pormenores. “Não vou fazer qualquer comentário, mas nós vamos acompanhar este caso e posso garantir que estive reunido com os pais” apontou ao HM quando questionado acerca do desconhecimento do grupo de pais quanto à reunião em causa. Pereira Coutinho não adianta quantos pais participaram no encontro, porque “podem existir situações de mal-entendidos”. Para divulgar o número de participantes Coutinho disse precisar da autorização dos mesmos. Relativamente às preocupações que pudessem ter sido apontadas ao deputado, não foram ainda adiantados quaisquer detalhes, sendo que terão sido relativos “a muitas coisas”. Ainda na quarta-feira, o HM tinha contactado o também responsável pela ATFPM que sublinhou a promessa de acompanhamento do caso. “Nós vamos acompanhar junto das instâncias oficiais o desenvolvimento do processo que está a decorrer”, referiu. As atenções serão direccionadas para os trabalhos desenvolvidos pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) “para saber, de facto, ao que é que o Governo pretende dar seguimento” De acordo com Coutinho, o apoio a ser dado centra-se, fundamentalmente, na prestação de informação legal, “no acompanhamento junto das instâncias oficiais, bem como salvaguardar que a futura gestão melhore na defesa dos direitos básicos de segurança das crianças que frequentam a escola”, disse. O deputado adiantou ainda que na reunião que nenhum dos pais presentes se mostrou a favor de um pedido de demissão por parte do presidente da Associação Promotora de Instrução dos Macaenses (APIM), até porque “os pais estão preocupados com a gestão interna mas continuam a confiar na instituição”. Pereira Coutinho acrescentou que não foram discutidos nomes de pessoas, mas “a instituição em si”.
João Santos Filipe Manchete SociedadePedro Abrunhosa e António-Pedro Vasconcelos cabeças de cartaz no mês de Portugal O cantor e o cineasta portugueses são os principais destaques da iniciativa Junho, mês de Portugal, que se celebra pelo terceiro ano consecutivo. Ao longo de 25 eventos, vão ser 35 os artistas a participar na iniciativa O músico Pedro Abrunhosa e o cineasta António-Pedro Vasconcelos vão ser as figuras de destaque do grande público e vão estar presentes em Macau, durante o mês de Portugal. O programa dos 25 eventos que constituem a iniciativa organizada pelo Consulado de Portugal na RAEM, Casa de Portugal, Fundação Oriente e Instituto Português do Oriente (IPOR) foi apresentado ontem. “Vai ser um concerto memorável e acredito que vai encher por completo a sala [Grande Auditório do Centro Cultural de Macau]”, disse Vítor Sereno, Cônsul-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, na cerimónia de apresentação, que decorreu no consulado. “Em relação à nossa escolha de Pedro Abrunhosa, confesso que sou fã. Gostei muito da vinda dele há uns anos, quando foi convidado pelo Instituto Politécnico de Macau e pelo Dr. Carlos André”, acrescentou. O concerto vai ter lugar a 8 de Junho, pelas 20h, no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau. A entrada é livre e as pessoas podem começar a pedir os bilhetes a partir de 23 de Maio. “Corremos durante estes anos os grandes nomes da música portuguesa, trouxemos gente consagrada e já, por várias vezes, tínhamos tido a sugestão e o empenho de algumas pessoas para que se trouxesse o Pedro Abrunhosa”, disse, por sua vez, Amélia António, presidente da Casa de Portugal. “Achámos que tinha chegado o momento de satisfazer uma parte da comunidade que é fã do Pedro Abrunhosa. Todos os fãs vão ficar muito satisfeitos por, finalmente, se fazer um concerto com ele”, frisou. Por sua vez, o realizador António-Pedro Vasconcelos vai estar em Macau a 7 de Junho, no Café Oriente do IPOR, para uma conferência. Além disso, o cineasta vai estar presente em três mostras de filmes que realizou, nomeadamente a película “Jaime”, a 7 de Junho pelas 20h30, os “Gatos Não Têm Vertigens”, a 11 de Junho pelas 18h45, e “Os Imortais”, a 12 de Junho pelas 18h30. Todas as mostras vão decorrer no Auditório Dr. Stanley Ho e no final António-Pedro Vasconcelos vai comentar os filmes. 25 eventos Junho, o mês de Portugal, vai ser celebrado com um total de 25 eventos, em mais de 10 espaços cultural e institucionais, em que vão participar 35 artistas. Entre os eventos, ao nível da música, vai ainda decorrer, a 2 de Junho, o concerto “Era Uma Vez a Cantar em Português”, virado para as famílias, e, no Dia 29, o espectáculo Fados de Coimbra, no Teatro D. Pedro V, às 20h. Ao nível das exposições, a arquitecta e artista Ana Aragão vai ter os seus trabalhos em exibição na Casa Garden, a partir de 14 de Junho, pelas 18h30. A artista também vai estar presente no território. Também o Consulado vai ter uma exposição com fotografias em que todos os membros da comunidades podem participar. Como tal, devem enviar fotografias sobre elementos em Macau que remetam para Portugal. Esta exposição abre no dia 5 de Junho na Galeria da Residência Consular. “Ao valorizarmos estas expressões de matriz portuguesa, nestes 25 eventos, estamos obviamente a elevar o nome de Portugal e da comunidade portuguesa que reside aqui a outra patamar”, considerou Vítor Sereno. Todos os eventos são grátis, no entanto, alguns devido à capacidade dos locais onde se realizam exigem o levantamentos de bilhetes, que poderá ser feitos junto da Casa de Portugal. Roteiro Camilo Pessanha em Macau Apesar de ainda não haver confirmação sobre a data e os pormenores, a organização quer que o mês de Portugal fique igualmente marcado pelo início do Roteiro Camilo Pessanha em Macau, organizado pelo IPOR em conjunto com a Direcção de Serviços de Turismo. Este será um roteiro sobre a presença do escritor em Macau, com passagens pelos locais mais icónicos da relação de Pessanha com o território, que vai estar disponível em português, chinês e inglês. Este será um projecto que se prolongará no tempo e que visa ser mais uma oferta cultural para o turismo no território.
João Santos Filipe PolíticaSecretário afirma que empresas têm direito a recorrer aos tribunais Raimundo do Rosário considera que as empresas insatisfeitas com a recuperação de terrenos em Nam Van podem recorrer para os tribunais. Sobre a fusão de TCM e Nova Era, limitou-se a dizer que o Governo concordou com a sugestão das empresas [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s atrasos no aproveitamentos de 16 terrenos levaram o Governo a declarar caducadas as concessões atribuídas à Sociedade de Empreendimento Nam Van e subsidiárias. A decisão, anunciada na quarta-feira, resultou numa resposta das empresas, que consideram que o Governo foi o grande responsável pelos atrasos, devido ao facto de não permitir o avanço das obras. Ontem, de acordo com a Rádio Macau, Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obra Públicas afirmou que as empresas, se quiserem, podem recorrer aos tribunais. “Não quero comentar. É um direito que assiste à sociedade [Nam Van]. Não devo comentar. A sociedade fará aquilo que entender”, afirmou o secretário, à margem da cerimónia de comemoração do Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade da Informação 2018. Se por um lado, o secretário reconhece o direito de recurso aos tribunais, por outro, as empresas têm consciência que dificilmente vão ser autorizadas a ficar com os terrenos. Um cenário reconhecido logo na quarta-feira por Jorge Neto Valente: “O secretário está a seguir a lei, não tem culpa nenhuma, fizeram aquela lei, ele cumpre. Já critiquei a lei, acho que não devia ter sido feita assim. Já foi referido por aí que, na altura, a AAM chamou a atenção para as consequências perniciosas que iriam existir de executar a lei”, justificou. Apesar dos recursos com o objectivo de declarar ilegal a caducidade dos terrenos, as empresas podem ainda procurar compensações financeiras devido à actuação do Governo. Contudo, sobre este aspecto, Neto Valente também explicou que os accionistas não querem o dinheiro e que preferem ter os terrenos para construir. Táxis sem agravo Raimundo do Rosário não avançou com mais informações sobre a declaração de caducidade dos terrenos, mas comentou a fusão entre as empresas de autocarro TCM e Nova Era. Sem concretizar os reais benefícios, o secretário disse que esta situação também respondeu a um direito das duas operadoras. “As companhias de autocarros têm o direito de pedir [a fusão]. Eles requereram e é uma possibilidade que lhes assiste. O Governo, ao analisar a questão, entendeu que devia autorizar e autorizou”, explicou, de acordo com a Rádio Macau. A fusão das companhias de autocarros TCM e Nova Era deve entrar em vigor a 1 de Agosto e surge a meses de expirarem os contratos das operadoras. Também na semana passada, a polícia deteve um taxista de 26 anos, por cobrança abusiva e por ter sequestrado um turisto. Em relação a este assunto, Raimundo do Rosário negou que o problema da insegurança no sector dos táxis se esteja a agravar.
João Santos Filipe DesportoTaça AFC | Benfica de Macau termina participação com vitória por 3-0 Com o triunfo de ontem diante dos norte-coreanos do Hwaepul, as águias encerraram a participação na competição continental com quatro vitórias em seis partidas. O matador Carlos Leonel foi o melhor jogador em campo e apontou todos os golos [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] partida de despedida do Benfica de Macau na histórica participação na Taça AFC terminou com mais uma vitória, desta feita diante do Hwaepul por 3-0, no Estádio de Macau. Em mais uma noite de magia de Carlos Leonel, que marcou os três golos dos encarnados, as águias confirmaram o segundo lugar do Grupo I, com quatro vitórias em seis jogos. Diante de 300 pessoas, a formação de Bernardo Tavares entrou em campo no esquema habitual de 4-4-2, com Batista na baliza, Chan Man, Vítor Almeida, Gilchrist e Lei Chi Kin na defesa; Hugo Silva, Edgar Teixeira, Cuco e Tetteh no meio-campo, e a dupla atacante a ser constituída por Nikki e mais à frente o goleador Carlos Leonel. No lançamento do encontro, o técnico português tinha afirmado que o Benfica de Macau já não eram visto como um clube “coitadinho” do futebol asiático, e a equipa não perdeu tempo a dar razão ao treinador. Apesar de um equilíbrio inicial entre as duas formações, as águias mostraram-se superiores e mais objectivas na altura de atacar. Mesmo quando em certos momentos perderam bolas no meio-campo, que facilmente poderiam criar problemas junto à sua baliza. Com os ataques longe de terem o melhor seguimento em ambos os lados, a oportunidade de golo mais evidente só surgiu aos 40 minutos. Após a marcação de um livre por Edgar Teixeira, Tetteh surge isolado à frente da baliza, mas cabeceia por cima. Se Tetteh revelou falta de pontaria, Carlos Leonel não cometeu o mesmo erro, dois minutos depois. Após um cruzamento na área de Tetteh, a redimir-se, o avançado cabeceou sem levantar os pés para o 1-0, já dentro da pequena área. Aos intervalo, as águias justificavam em pleno a vantagem, contra uma equipa norte-coreana com muita vontade, mas longe em termos de qualidade do Benfica. Instinto matador No segundo tempo, as equipas subiram ao relvado sem alterações nos onzes titulares, mas o Hwaepul encostou nos primeiros minutos o Benfica à defensiva e conseguiu três pontapés de canto seguidos. Aos 55 minutos, numa fase em que o Benfica tinha aliviado um pouco a pressão, o Hwaepul esteve mesmo muito perto de marcar, com Choe Kwang Jin a rematar, isolado. Contudo, Batista fez a defesa da noite, ao sair para fazer a mancha aos pés do adversário. Apesar de ter feito o primeiro remate à baliza na segunda parte apenas aos 62 minutos, a oportunidade não foi desperdiçada e o Benfica matou o jogo. O primeiro remate deu origem a um canto, batido por Hugo Silva, que cruzou ao segundo poste. Mais uma vez, Carlos Leonel surgiu a cabecear e fez o 2-0, apesar de um defesa norte-coreano ainda ter tentado aliviar a bola em cima da linha de golo. O Benfica voltou a marcar novamente antes do fim da partida, quando, aos 81 minutos, Pang Chi Hang é derrubado na área depois de uma boa arrancada e o árbitro marca penálti. Na marcação, Carlos Leonel rematou colocado e fez o 3-0. Até ao final, o encontro não sofreu alterações no marcador e partida acabou com o triunfo encarnado. Bernardo Tavares: Milagre merecido No final do encontro, o treinador do Benfica de Macau mostrou-se orgulhoso com os 12 pontos alcançados em 18 possíveis. Por essa razão, Bernardo Tavares afirmou que as pessoas de Macau deviam sentir-se orgulhosas do clube. “Doze pontos nestas condições que temos, num grupo da Taça da AFC, é uma marca histórica. Foi um momento histórico e Macau devia olhar para estes rapazes de outra maneira”, disse o técnico. “Agora, há todo um crédito diferente do Benfica de Macau e as pessoas já falam do clube de outra maneira. Não digo que seja um milagre, porque foi tudo merecido, mas o facto de disputarmos o segundo lugar do grupo desta maneira e de termos ganho por 3-0 é muito positivo”, acrescentou. Em relação à partida, o treinador considerou que o resultado está longe de espelhar a diferença entre as duas formações e que o desafio só foi tornado fácil devido à qualidade da exibição dos seus atletas. “Foi um jogo contra uma equipa complicada em que olhamos para o resultado e parece que foi fácil. Só que foi um jogo complicado, que os jogadores tornaram fácil. O posicionamento sem bola foi quase excelente”, defendeu. “Na segunda parte, o golo foi muito importante, porque eles entraram de forma muito pressionante e com vários cantos”, frisou. Carlos Leonel: Momento para celebrar Com mais três golos ontem, Carlos Leonel somou um total de sete tentos ao longo dos seis jogos da competição. No final, mostrou-se muito satisfeito a nível pessoal, mas preferiu dar o mérito à equipa e ao clube. “Sinto-me muito feliz pela minha participação na AFC mas estou mais feliz pelo que fizemos em equipa e pelas pessoas que investiram não só em mim mas neste projecto. Estou orgulhoso por saber que faço parte de um projecto que começou há oito anos e que atingiu este ponto. Todas as pessoas que estão no futebol de Macau devem estar orgulhosas pelo que foi conseguido. Parece um milagre mas é fruto de muito trabalho”, frisou. Ao mesmo tempo, o avançado admitiu que a prestação do Benfica de Macau deve ser uma inspiração para os jovens que gostam de futebol, mas que consideram que no território não vale a pena apostar na modalidade: “Hoje [ontem] é um dia para celebrar e sair com um sorriso na cara. Escrevemos uma página muito bonita no futebol de Macau”, considerou. Mun Ho Il: Talvez outro dia “Hoje não foi o nosso dia. Se tivéssemos outra oportunidade, num jogo diferente do de hoje, acredito que poderíamos ter um resultado diferente”, afirmou Mun Ho Il, treinador do Hwaepul. O técnico norte-coreano admitiu igualmente que a equipa teve dificuldades para se adaptar ao tempo de Macau e às condições do relvado natural, uma vez que os coreanos estão acostumados à relva artificial. Grupo I – Classificação Final Posição Clube Pontos Jogos Vitórias Empates Derrotas 1.º 25 de Abril 18 6 6 0 0 2.º Benfica de Macau 12 6 4 0 2 3.º Hwaepul 6 6 2 0 4 4.º Hang Yuen 0 6 0 0 6
João Santos Filipe PolíticaÁreas marítimas | Governo mantém sigilo em nome da segurança nacional A Comissão Permanente da Assembleia Legislativa concluiu a análise ao diploma que irá regular a gestão das águas marítimas. O Chefe do Executivo poderá não anunciar a finalidade de algumas das áreas em apreço se estiverem em causa assuntos sobre segurança e defesa nacional [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa terminou ontem a análise da lei de bases de gestão das águas marítimas, após uma reunião que durou pouco mais de meia-hora e que contou com a presença da secretária para a Administra e Justiça. Segundo aquela que deverá ser a última versão do documento, o Chefe do Executivo fica dispensado de anunciar a finalidade de algumas áreas marítimas do território, se estas envolverem aspectos ligados à segurança e defesa nacional. De acordo com Chan Chak Mo, presidente da comissão, a decisão foi tomada pelo Governo da RAEM, após uma consulta com o Governo Central, com base em aspectos da lei nacional marítima. Por outro lado, de acordo com o jornal Ou Mun, caiu igualmente a proposta de ser criado um órgão coordenador de gestão das áreas marítimas, passando o Governo a recorrer aos órgãos já existentes, nomeadamente na Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA). Os deputados da comissão liderada por Chan Chak Mo vão ficar agora a aguardar a entrega da última versão do documento, o que deve acontecer hoje, e depois começar a elaborar o respectivo parecer. De seguida, terá lugar a votação em Plenário. “Foi uma reunião muito simples, que durou menos de meia-hora. Os deputados não tinham quase dúvidas, levantaram questões de detalhes e o Governo respondeu. Não houve qualquer problema e agora é só elaborar e assinar o parecer”, afirmou Chan Chak Mo, no final do encontro, ao HM. “É uma lei que não levanta problemas”, acrescentou. Lei anti-jogo nos aterros Na primeira reunião entre os deputados tinha havido algumas reservas pelo facto de se acreditar que o diploma para a gestão das águas marítimas colocava em causa 17 decretos-lei, 19 regulamentos administrativos e portarias e 14 editais ou avisos da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água. No entanto, a questão foi resolvida numa reunião posterior, com o Governo a garantir que os diplomas não estavam em causa. O documento em análise ontem foi apresentado em Dezembro do ano passado, pelo porta-voz do Conselho Executivo, Leong Heng Teng. Na altura, o ex-professor e activista realçou que o diploma exigia que os aterros não fossem utilizados para espaços de jogo: “A exigência de não utilizar os aterros para espaços de jogo partiu do Governo da RAEM. Queríamos legislar desta forma”, garantiu.
João Santos Filipe Manchete SociedadeNam Van | Concessão de terrenos considerada nula origina processo em tribunal A concessão acabou há dois anos, mas só agora foi oficializada e publicada em Boletim Oficial. A Sociedade de Empreendimento Nam Van e as suas subsidiárias acabam de perder os 16 terrenos concessionados pelo Governo e promete ir para tribunal. Jorge Neto Valente, presidente do conselho de administração, lembra que a empresa construiu o sistema de esgotos na Praia Grande como contrapartida das concessões e acusa o Governo de não cumprir com as suas obrigações [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m Março deste ano, chegou o alerta. Em 2016, o prazo de concessão dos 16 terrenos localizados nas zonas C e D de Nam Van tinha terminado, mas o Governo ainda não tinha anulado oficialmente essa concessão. Dois anos depois, é divulgado o veredicto final: de acordo com a publicação de ontem em Boletim Oficial (BO), a Sociedade de Empreendimento Nam Van e as suas subsidiárias perdem mesmo a concessão dos terrenos, por não os terem desenvolvido no prazo de 25 anos conforme manda a Lei de Terras. Ontem a empresa organizou uma conferência de imprensa, tendo o seu presidente do conselho de administração, Jorge Neto Valente, acusado o Governo de não ter cumprido com as suas responsabilidades, sobretudo no que diz respeito aos prazos para a aprovação de projectos. A empresa alega que teve de esperar pelo desenvolvimento do plano do Fecho da Baía da Praia Grande e que a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) poucas respostas deu quanto aos projectos que foram sendo apresentados sucessivamente. Em causa está também a parcela de terreno que a empresa teve de ceder para a construção dos casinos Wynn e MGM, sem que tenha, alegadamente, recebido compensação. Tal aconteceu há 12 anos, quando Edmund Ho era Chefe do Executivo. “Contrariamente ao que é habitual, o Governo disse à Nam Van que queria dar aquele terreno à Wynn, que tinha pressa [em fazê-lo], e que depois essa área que perdíamos iríamos construir nas zonas C e D. Isto está escrito no BO. Isto significa que se pode acreditar naquilo que o Governo põe no BO? Umas vezes pode-se acreditar, outras vezes não. É moral? Acho que não”, frisou Neto Valente. O Governo terá alegado que algumas das subsidiárias nunca apresentaram pedidos para o desenvolvimento de terrenos, mas Neto Valente tem explicações para essa situação. “Foram feitas várias diligências e não é honesto dizerem à empresa do lote 2 para esperar pelo plano [Fecho da Baía da Praia Grande] e dizerem o mesmo para o lote 3. Claro que [os responsáveis] dos lotes 4 e 5, que eram da mesma empresa, não foram lá perguntar outra vez. Será que posso afirmar que ‘se destes lotes não questionaram, é porque não queriam desenvolver?’ Isso não é verdade”, frisou. Os cheiros da Praia Grande Além de ceder parte do terreno a casinos, a empresa lembra que investiu muitos milhões para desenvolver o sistema de esgotos na zona da Praia Grande, quando o lago artificial não existia e os maus cheiros eram evidentes. “Conheço a história da Nam Van desde o princípio e as pessoas hoje não têm muitas memórias, não sabem qual era o estado da Baía da Praia Grande. Os esgotos eram despejados para lá, havia lodo e mau cheiro. Hoje temos melhor qualidade de vida nessa zona, porque a Nam Van fez as infra-estruturas, tirou o lodo, levou os canos para a estação de tratamento e fez os lagos. Hoje temos melhores condições porque a Nam Van investiu não como benemérita, mas como contrapartida. À Administração interessava resolver a questão da Baía da Praia Grande, foi resolvida, e o desenvolvimento ficou para depois”, lembrou Neto Valente. O também advogado e presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM) recorda que o investimento feito foi elevado. “Se tivessem começado, como muitas vezes o Governo permite, que é fazer as coisas do seu interesse e deixar o pagamento para depois, ou com prémios baixos… mas não foi o caso. Aquilo custou milhares de milhões, foi o investimento mais caro que existiu em Macau”, conta o advogado. Outra questão prende-se com a necessidade de preservar a vista da Colina da Penha, protegida pela UNESCO, mas a empresa alega que o Governo nunca arranjou soluções para compensar os terrenos cedidos. “Quando a Nam Van cedeu ao Governo os terrenos da zona B, para a MGM e o Wynn, foi-nos dito que a área seria compensada do outro lado, nas zonas C e D. Mas essa área não iria permitir ver a zona da Colina da Penha nem os prédios do Porto Interior. Teria de haver outra maneira, e acho que os investidores pensaram que o Governo iria arranjar espaço nos novos aterros. Vários investidores com situações idênticas pediram ao Governo para dar compensações nos novos aterros.” “A sociedade cumpriu tudo aquilo a que se tinha comprometido, mas o Governo não. Mais do que como presidente das sociedades subsidiárias, mas também como cidadão, o que me preocupa é o Governo, a falta de moral da Administração. Para mim não é aceitável dizer ‘não fui eu, foi o meu antecessor’. Isto não se faz. O Governo tem ou não tem credibilidade?”, questionou Neto Valente. A portaria revogada Os terrenos foram concessionados nos anos 90 e, de acordo com a versão da empresa, os planos para o desenvolvimento dos terrenos arrancaram de imediato. O Governo alega que, em 2006, a Sociedade de Empreendimento Nam Van já poderia ter aproveitado os terrenos, mas Neto Valente negou. “Não é verdade, porque a Nam Van fartou-se de pedir ao Governo aprovações, apresentamos requerimentos e a resposta ou não era nenhuma ou dizia ‘esperem pela aprovação do plano [Fecho da Baía da Praia Grande].” Neste aspecto importa frisar que, em 1991, foi aprovado um plano de ordenamento para a zona, que foi “convenientemente revogado” pela Administração, considerou Neto Valente. “Foi a primeira vez que se fez isso em Macau, aprovar um plano através de uma portaria, para não ser alterado de acordo algum funcionário mais negligente. Quando nasceu a Nam Van, o plano de desenvolvimento da Baía da Praia Grande foi feito de acordo com essa portaria, que foi revogada depois”, acrescentou. Para facilitar o desenvolvimento dos terrenos, a empresa acabou por distribui-los em empresas subsidiárias ou investidores, tendo sido investidos “milhares de milhões de patacas”. Má Lei de Terras Para Neto Valente, o caso só se resolve nos tribunais e defende que é importante olhar para a responsabilidade que caberia ao Executivo neste caso. “As pessoas só têm duas maneiras: ou à tareia ou através dos tribunais. Penso que vão escolher os tribunais. O secretário [Raimundo do Rosário, com a tutela dos Transportes e Obras Públicas] está a seguir a lei, não tem culpa nenhuma, fizeram aquela lei, ele cumpre. Já critiquei a lei, acho que não devia ter sido feita assim. Já foi referido por aí que na altura, a AAM chamou a atenção para as consequências perniciosas que iriam existir de executar a lei. E um dos deputados que a aprovou, por sinal um jurista, disse que foi enganado.” Na sua visão de Neto Valente, se o Governo tivesse considerado os atrasos, não teria havido caducidade, até porque umas vezes são justificados os atrasos, mas outras vezes não. “Não me pergunte a mim qual é o critério”, comentou. O presidente do conselho de administração da concessionária deixou ainda bem claro que no continente nada disto aconteceria. “Nunca vi fazer isto no interior da China. Sendo assim prefiro o primeiro sistema em vez do segundo sistema. Lá não fazem disto”, rematou. Reacções de alguns presentes Ung Choi Kun, ex-deputado e accionista da Nam Van “Sou um accionista com uma participação pequena numa das concessões, mas arrependo-me. Na altura em que foi aprovada a nova Lei de Terras, o Governo disse que ia lidar com as situações de forma diferente e que ia ter em conta as responsabilidades. Deveria haver um tratamento diferente entre as terras com atrasos imputáveis às concessionárias e os outros terrenos” Zheng Anting, deputado à Assembleia Legislativa “Os atrasos nas obras foram causados pela DSSOPT, que pediu tempo aos construtores por vários motivos, a candidatura à UNESCO, o plano para o desenvolvimento da zona, a concepção do Plano Director. As construtoras não puderam fazer as obras e não receberam respostas do Governo. Também no caso do Pearl Horizon não se pôde construir porque não houve autorização” William Kuan, accionista e ex-candidato às eleições legislativas “Depois da aprovação, as empresas estiveram abertas à comunicação com o Governo, mas eles não comunicaram connosco, e agora recuperaram os terrenos. É injusto porque nunca aprovaram os planos de construção e recuperaram os terrenos como se [a falta de desenvolvimento] tivesse sido responsabilidade das concessionárias. Os tribunais deveriam decidir qual a percentagem de responsabilidade que cabe ao Governo nestes casos. É importante que se arranje uma solução para que as promotoras sejam compensadas” Patrick Wong, director-executivo da Nam Van “As pessoas pensam que as empresas tiveram 25 anos para construir, mas não é verdade porque não tiveram aprovação. Há uma solução, que passa por compensar as empresas que não são responsáveis pelo atraso e espero que o Governo tenha coragem para alterar a lei. Estamos a falar de 65 casos em que as concessionárias não são responsáveis”.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCaso Sulu Sou | Jorge Menezes considerou que autoridades impuseram ordens ilegítimas [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s ordens emitidas pela polícia na zona da Santa Sancha aos arguidos não respeitaram a lei, por isso Sulu Sou e Scott Chiang não podem ter praticado o crime de desobediência qualificada. Foi este um dos argumentos utilizados por Jorge Menezes, defensor do deputado suspenso. “Não houve desobediência, porque não houve uma ordem legítima, uma vez que a polícia também está sujeita a cumprir a lei. Primeiro, não houve manifestação. Segundo, mesmo que tivesse havido, a interrupção nos moldes em que aconteceu era ilegal [segundo a lei que regula o Direito à manifestação]”, afirmou Jorge Menezes. Segundo o artigo 11 da Lei 2/93/M, mesmo que uma manifestação seja ilegal, ou nos casos em que sai do percurso, ela só pode ser terminada por promover motivos e acções contrários à lei, ou quando se afastar da finalidade. A tese do MP focou o facto dos arguidos não terem dispersado o que para a acusação consubstancia o crime de manifestação ilegal junto ao Palacete do Chefe do Executivo, após a ordem da PSP. A acusação considera, igualmente, que os manifestantes não obedeceram ao percurso do IACM, que tinha imposto a proibição de entrarem no Jardim da Penha, por motivos de segurança. Na sessão de julgamento de ontem nunca se mostrou os arguidos dentro do espaço, ou qualquer outro manifestante. Mistério da UTIP “O IACM proibiu que a manifestação fosse ao Jardim da Penha porque havia obras que poderiam ameaçar a segurança pública. Mas a UTIP [Unidade Táctica de Intervenção da Polícia] não colocou as barreiras no Jardim da Penha para garantir a segurança, foram meter no caminho de acesso à porta da Residência Oficial do Chefe do Executivo”, notou o advogado. “A contradição entre a justificação apresentada pelo IACM e a actuação da polícia no local revela a vontade de restringir um acto político”, apontou. Por outro lado, o advogado de Sulu Sou questionou o facto dos responsáveis da UTIP não terem sido arrolados como testemunhas: “O comissário que deu a ordem para as barreiras era da UTIP. As barreiras foram colocadas de forma ilegal, precisavam de autorização de um juiz”, apontou. Também Jorge Menezes se queixou da acusação ser pouco concreta: “Os arguidos não são acusados de mais do que um crime. A acusação não nos diz qual é o crime. Em 23 páginas não se sabe como foi praticado o crime”, frisou. “Era o MP que devia ter dito onde estava o crime. É uma obrigação. Uma pessoa para se defender de um ataque legal, precisa de saber como cometeu um crime”, acrescentou.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCaso Sulu Sou | Pedro Leal realça esforço político contra carreira do deputado [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] acusação do Ministério Público contra Sulu Sou e Scott Chiang integra-se num esforço político que tem como objectivo acabar com a carreira do deputado. Foi este um dos pontos defendido nas alegações finais por Pedro Leal, advogado de Scott Chiang, que pediu a absolvição dos arguidos. “Há um esforço grande do ponto de vista político para acabar com a carreira de Sulu Sou. Felizmente, há separações de poderes”, disse Pedro Leal, durante as alegações finais do caso. “Macau devia orgulhar-se de ter políticos como estes dois. Hong Kong devia ter mais políticos como estes”, acrescentou. O causídico considerou que o MP não foi claro na acusação, ao contrário das suas obrigações legais e que, por isso, teve dificuldades para saber o momento e a conduta que o MP afirmou ser o crime de desobediência qualificada. “Constato que não há um crime de desobediência de forma continuada. Mas não percebo como podemos passar por esta situação. É o próprio Ministério Público que não consegue explicar como os arguidos violaram uma ordem pública”, sublinhou. Em causa está o facto do MP ter apontado quatro momentos diferentes e distanciados temporalmente para a alegada conduta de desobediência qualificada. Aviões só com autorização Pedro Leal criticou o facto da acusação ter focado grande parte do processo na paragem de 20 minutos à frente do auto-silo junto ao New Yao Hon. Uma parte do processo que já tinha sido arquivada pelo MP. “Não se percebe como são reabertos em audiência do tribunal factos que já tinham sido arquivados. A acusação diz que deviam ter circulado no passeio. Mas até o MP, quando arquivou esta parte do processo, entende que não era possível prosseguir com a acusação”, apontou. Sobre os manifestantes terem parado na tenda branca de Nam Van, o advogado destacou que nunca houve uma ordem contrária: “Nunca houve ordem a dizer que não podiam estar ali e que tinham de seguir até à Assembleia Legislativa”, apontou. Em relação à situação junto ao Palacete de Santa Sancha, Pedro Leal recordou as palavras do responsável pela segurança: “Até o chefe Lam disse que a conduta dos indivíduos tinha sido de desobediência, porque precisavam de autorização para entregar uma carta na caixa do correio e para atirar aviões de papel. Foi essa conduta que apontou como crime”, apontou. “A polícia não soube justificar a sua actuação, não foi nada eficaz e posso dizer que foi mesmo desastrosa”, considerou.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCaso Sulu Sou | MP defende pena de prisão como única pena dissuasora A magistrada Leong Mei Fun pede que Sulu Sou e Scott Chiang sejam condenados com pena de prisão, uma vez que entende que a multa não vai ter um efeito dissuasor. A consideração não foi justificada. A representante do MP acusou os arguidos de quatro situações de desobediência, que colocaram em causa as decisões e ordens do IACM, PSP e Tribunal de Última Instância. A sentença vai ser lida a 29 de Maio [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Ministério Público (MP) pediu ao tribunal pena de prisão para Sulu Sou, porque acredita que a aplicação de multa não vai ter um efeito dissuasor. Na sessão de ontem do julgamento do deputado suspenso e do activista Scott Chiang, a magistrada Leong Mei Fun não explicou a razão pela qual a pena de multa não permitiria ter um efeito dissuasor para os dois arguido. Recorde-se que o deputado está a ser julgado pela prática de um crime de desobediência qualificada e, em caso de ser condenado com pena igual ou superior a 30 dias, pode ser expulso da Assembleia Legislativa. “Quanto à pena a aplicar neste caso, é de um máximo de dois anos de prisão ou de 240 dias de multa”, começou por explicar a magistrada Leong. “Atendendo à gravidade das condutas, que envolveram provocações, causaram distúrbios, afectaram os direitos das outras pessoas, ignoraram uma ordem do Tribunal de Última Instância, apesar de ter havido advertências, que foram ignoradas, peço que seja aplicada uma pena de prisão. A pena de multa não vai ser dissuasora. Peço ao tribunal que faça justiça”, acrescentou. Apesar destas declarações, Leong Mei Fun não apresentou uma justificação para a afirmação feita de que a pena de multa não seria dissuasora para Sulu Sou e Scott Chiang. Também não fez uma sugestão sobre o número de dias de pena que deveria ser aplicada. Desobediência continuada Quanto aos argumentos utilizados pela magistrada, não foi indicado o momento em que a desobediência qualificada aconteceu. Em vez de apontar a ocasião em Scott Chiang e Sulu Sou cometeram o crime, a magistrada optou por apontar um conjunto de situações que, de acordo com Leong Mei Fun, constituem o crime de desobediência qualificada. O discurso da magistrada deu antes a entender que em diferentes momentos, Sulu Sou e Scott Chiang desobedeceram a decisões da Polícia de Segurança Pública, Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e do Tribunal de Última Instância. A primeira situação, apesar da defesa e da magistrada reconhecerem estar arquivada, diz respeito ao momento em que os manifestantes caminharam na estrada junto à entrada do estacionamento do auto-silo de Pak Wo, em Nam Van, quando deviam ter ido imediatamente para o passeio. Os manifestantes estiveram cerca de 20 minutos a falar com a polícia, antes de se mudarem para o passeio. Segundo Leong Mei Fun, também o Tribunal de Última Instância já tinha decido que os manifestantes tinham obrigatoriamente de passar pelo passeio naquela zona. “De forma dolosa pretenderam ultrapassar os limites da polícia. Antes da manifestação, a PSP tinha pedido para os manifestantes se deslocarem no passeio”, disse a magistrada do MP. “Sulu Sou sabia que, chegando ao auto-silo, tinha de passar da faixa de rodagem para o passeio, mas ficaram 25 minutos no local. Algumas partes deste processo foram arquivadas, mas podemos reparar que os arguidos desobedeceram a uma ordem do tribunal”, apontou. Manifestações ilegais O segundo momento de desobediência terá acontecido quando a manifestação acabou na tenda branca, no Centro Náutico de Nam Van, quando estava planeado que o destino final do cortejo seria na Praça da Assembleia Legislativa. “O Centro Náutico fazia parte do percurso como passagem, não era um sítio para permanecerem. Mas ficaram lá 50 minutos. Não tinham de seguir para a Praça da Assembleia Legislativa? Segundo a lei, têm de colaborar com o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e com a PSP. Mas reparamos que alteraram o trajecto”, indicou. Mesmo quando anunciaram o fim da manifestação, para a magistrada houve uma manifestação ilegal, porque houve pessoas que continuar a discursar com altifalantes. O argumento da manifestação ilegal, desta vez sem altifalantes, foi novamente utilizado, quando Sulu Sou e Scott Chiang, acompanhado de outras pessoas, se tentaram dirigir ao Palacete de Santa Sancha. “No Jardim da Penha aconteceu novamente uma reunião ilegal, não cumpriram a lei. Não avisaram as entidades públicas competentes e fizeram discursos sobre o conteúdo da manifestação. Também as cartas que pretendiam entregar versavam o conteúdo da manifestação”, apontou. Sulu Sou respeita pedido Por sua vez, o deputado suspenso falou aos jornalistas no final da sessão do julgamento e considerou que a magistrada tem direito à sua opinião. O legislador também fez questão de frisar que a decisão final cabe aos tribunais. “Acreditamos que a decisão vai ser justa, reflectindo a independência dos tribunais. É uma crença que temos desde o início do processo até hoje [ontem]” disse o deputado. “Todas as pessoas têm a sua posição em Tribunal. Só podemos limitar-nos a respeitar quando os outros expressam a sua opinião. No entanto, a última decisão pertence ao tribunal e à juíza”, frisou. Tudo legal para o CCAC A manifestação contra a doação da Fundação Macau, no valor de 100 milhões de yuan, Universidade de Jinan foi realizada a 15 de Maio de 2016. Os manifestantes pediram a demissão do Chefe do Executivo, Chui Sai On, que na altura era igualmente presidente do Conselho Geral de Curadores da Fundação Macau e vice-presidente da Conselho Geral da universidade. No entanto, o Comissariado Contra a Corrupção, através das declarações na altura, negou que houvesse conflito de interesses por parte do Chefe do Executivo e que Chui Sai On não representava a Universidade de Jinan. Segundo o organismo que tem como objectivo combater a corrupção em Macau, foi tudo feito dentro da legalidade, até porque a universidade é uma entidade pública, mesmo que fique no Interior da China. Recorde-se que Sulu Sou está suspenso do cargo de deputado, desde 15 de Dezembro para poder ser julgado. No caso de ser condenado com uma pena igual ou superior a 30 dias de prisão, o pró-democrata arrisca mesmo ser expulso pelos outros deputados da Assembleia Legislativa. Desobediência | Sin Fong Graden com multas Em 2014 a manifestação, sem aviso prévio, de proprietários do Edifício Sin Fong Garden fez com que sete participantes fossem condenados pela prática do crime de desobediência qualificada. As penas aplicadas foram de 9 mil patacas, o correspondente a 90 dias de multa, a cada um. No entanto, o acórdão denota que os condenados continuaram no local várias horas depois de terem sido avisados para sair, foram emocionalmente agressivos e que fizeram uma cadeia humana, ocupando a estrada. Também impediram a circulação do trânsito e resistiram “com toda a força” a ordem da polícia. A decisão foi tomada pelo juiz Chan Iao Chao e acatada pelo mesmo MP.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCaso Sulu Sou | Julgamento arrancou com arguidos a declararem-se inocentes O deputado suspenso Sulu Sou e o activista Scott Chiang negaram ontem ter cometido qualquer ilegalidade durante a manifestação contra o donativo da Fundação Macau e afirmam terem cumprido as ordens das autoridades. Negaram também a tese da acusação, que defende que o acto de atirar aviões de papel para o Palacete de Santa Sancha foi uma manifestação ilegal [dropcap style≠’circle’]À[/dropcap] terceira foi de vez. O julgamento do deputado Sulu Sou e do activista Scott Chiang pela prática de um crime de desobediência qualificada arrancou ontem, no Tribunal Judicial de Base. Em causa estão os acontecimentos da manifestação de 15 de Maio de 2016, contra o donativo da Fundação Macau à Universidade de Jinan, no valor de 100 milhões de yuan. No arranque da sessão, Scott Chiang, defendido por Pedro Leal, e Sulu Sou, que tem como advogado Jorge Menezes, negaram as acusações e disponibilizaram-se a prestar a sua versão dos acontecimentos. Contudo, ainda antes da declarações dos dois, ficou um aviso da juíza Cheong Weng Tong: “se os factos que constam nos autos forem verdade, aconselho que confessem, porque isso vai ser tido em conta. O silêncio também não prejudica os arguidos”, afirmou. Segundo a acusação do Ministério Público, representado pela magistrada Leong Mei Fun, os arguidos cometeram o acto de desobediência qualificada ao terminar a manifestação no Centro Náutico da Avenida Panorâmica de Nam Van, também conhecido como a tenda branca, quando estava planeado que o fim fosse na Praça da Assembleia Legislativa. O Centro Náutico era apenas um dos pontos de passagem. O MP acredita igualmente que o facto de alguns dos manifestantes terem tentado entregar uma petição no Palacete de Santa Sancha, já depois de ter terminado o evento, constituiu uma manifestação ilegal. Segundo a acusação, Scott Chiang e Sulu Sou lideraram o grupo de cerca de 50 pessoas, que não se retirou imediatamente da área, após os avisos da polícia, e que mais tarde se reduziu a 10 cidadãos, que atiraram aviões de papel para dentro da residência oficial do Chefe do Executivo. “Nego ter violado uma ordem das autoridades, ou ter instigado os cidadãos a praticarem qualquer acto desse género”, disse Sulu Sou, quando foi questionado pela juíza. “Sempre quis fazer tudo de forma legal e estava confiante de que não estava a violar a lei”, frisou, momentos mais à frente, quando questionado sobre a deslocação não planeada ao Palacete de Santa Sancha. Ida a Santa Sancha “A ideia de entregar a carta no Palacete surgiu já no Centro Náutico. Foi uma iniciativa individual, e optou-se por entregar a carta em Santa Sancha porque o Governo nunca respondeu às petições entregues na sede do Governo”, clarificou. Por sua vez, Scott Chiang defendeu que as pessoas que quiseram ir “em nome individual” ao Palacete nunca foram proibidas pelas autoridades. “Não concordo que não tenhamos obedecido às ordens, nem que tenhamos tido intenção de fazer alguma coisa [promover uma manifestação perto do Palacete de Santa Sancha]. Estivemos no local, mas a acusação diz que tínhamos intenção de instigar qualquer coisa e com isso não concordamos”, apontou. “Eu disse, no Centro Náutico, que ia entregar uma carta ao Palacete. Disse às pessoas que poderiam fazer o mesmo, se quisesse, mas que era uma opção deles. Nunca dirigi ninguém”, acrescentou. Fim no Centro Náutico Foi também da voz do anterior presidente da Novo Macau que chegou a explicação para o fim da manifestação no Centro Náutico, uma decisão que encurtou o percurso: “Calculámos que estavam cerca de três mil pessoas na manifestação. A praça ficava ao sol, enquanto a tenda tinha sombra, considerámos que era um local mais adequado”, justificou o activista. “Não marchámos até ao final do percurso porque estava em causa a saúde dos participante e entendemos que não havia perigo público se parássemos naquele lugar”, rematou. O tema foi também abordado pelo seu advogado, Pedro Leal. O causídico questionou se esta tinha sido a primeira vez que o fim de uma manifestação tinha sido encurtado em termos de percurso. “Já tinha acontecido em manifestações anteriores”, revelou Scott Chiang. Ainda de acordo com os arguidos, numa versão confirmada pelos seis agentes da PSP ouvidos ontem, Sulu Sou e Scott Chiang frisaram ao megafone, ainda no Centro Náutico, que a manifestação tenha chegado ao fim. Avisos sem efeito Um dos grandes argumentos da acusação é que foram necessários mais de dois avisos, em dois lugares diferentes, para que Sulu Sou e Scott Chiang deixassem as imediações do Palacete de Santa Sancha. Foi nesta altura, quando só restavam cerca de 10 protestantes, que foram atirados os aviões de papel. As autoridades e o Ministério Público consideram também que as situações, e o facto de alegadamente cerca de 50 manifestantes se terem deslocado a um cruzamento na zona, e mesmo os 10 manifestantes que foram atirar os aviões de papel para dentro de Santa Sancha, criaram grande embaraços ao trânsito local. “Eu avisei-os [aos cerca de 10 manifestantes] que tinham de ir embora, caso contrário cometiam um crime de desobediência qualificada. Foram três avisos. Mas eles ainda atiraram os aviões de papel e só depois é que dispersaram”, contou o agente com o apelido Lam, um dos principais responsáveis pela segurança, e testemunha no processo. “Considerei que por estarem naquela zona junto ao Palacete de Santa Sancha a discursar e a falar com jornalistas sobre o tópico da manifestação que isso violava a lei”, justificou Lam. O mesmo agente defendeu ainda que depois dos avisos que os arguidos demoraram “minutos” a dispersar. A defesa, com recurso ao vídeo transmitido, contestou as afirmações e apontou as suas contas, com base nas imagens: “Depois do aviso que o senhor agente deu, e que não foi o último, os arguidos demoraram entre 8 segundos e 32 segundos, de acordo com as imagens dos vídeos que constam no processo”, argumentou Pedro Leal. Apesar de acusarem Scott Chiang e Sulu Sou de atrasos a acatar as ordens, foi a opinião geral dos agentes ouvidos que ambos foram sempre cordiais e que acabaram por sair pelos próprios pés. O caso prossegue hoje, com audiência marcada para as 9h30, com três testemunhas de acusação. Devem também ser ouvidas todas as testemunhas arroladas pela defesa. O crime de obediência qualificada é punido com pena de prisão até dois anos ou 240 dias. No caso de Sulu Sou ser punido com pena de prisão igual ou superior a 30 dias, a Assembleia Legislativa pode votar a expulsão do deputado pró-democrata. “Póquer” Sulu Sou foi alvo de quatro processos de inquérito de investigação durante Setembro do ano passado, altura em que estava em campanha para as eleições legislativas. O facto foi revelado pelo deputado, quando questionado pela juíza se tinha antecedentes criminais: “Nunca respondi em juízo, nem fui julgado. Mas há quatro casos semelhantes a este de desobediência que estão em fase de inquérito. Todos esses processos ocorreram em Setembro do ano passado, na altura das eleições, mas ainda não recebi a acusação”, afirmou Sulu Sou, que até a este caso nunca foi condenado. “Esquecimento” Segundo a lei em vigor sobre as manifestações, a interrupção de uma manifestação ou reunião em Macau, mesmo nos casos em que não tenha sido comunicada, obriga as “autoridades policiais” a elaborarem um auto da ocorrência “com a descrição pormenorizada dos seus fundamentos”, que tem de ser entregue às pessoas identificadas como promotoras “no prazo de 12 horas a contar da interrupção”. Segundo o HM conseguiu apurar, tanto Sulu Sou como Scott Chiang ou a Novo Macau nunca receberam o auto do ocorrido a 15 de Maio de 2016. Também os agentes da polícia ouvidos ontem não conseguiram esclarecer se o auto tinha sido elaborado ou entregue aos promotores. O facto do auto não ter sido entregue coloca em xeque a tese de que as autoridades encararam os factos no primeiro momento como uma manifestação ilegal. Vídeos A alegada manifestação ilegal, que culminou com os membros da Novo Macau a atirarem aviões de papel, ficou registada pelos vídeos das autoridades. No entanto, na maioria das imagens junto ao Palácio de Santa Sancha a presença de agentes da polícia à paisana – identificáveis pelos auriculares e câmaras de filmar – e de jornalistas era em maior número do que os manifestantes. No entanto, um dos polícias no local, de apelido Lei, afirmou que estavam 50 manifestantes em certo local. Segundo o agente, se contassem também os jornalistas e polícias à paisana, o número subia para 70 ou 80. Entre as pessoas na sala, estavam vários jornalistas que surgiram nas imagens. Um dos agentes ouvidos em tribunal referiu que só do seu departamento estiveram presentes sete ou oito polícias à paisana. O agente não conseguiu precisar o número total de polícias à paisana presentes, por não ter conhecimento da acção de outros departamentos. Sem justificação A última testemunha ouvida ontem, um agente chamado Sebastião, foi o responsável pelo último relatório da acusação. No entanto, o polícia não foi capaz de explicar a razão de ter concluído que tinha sido cometido um crime de desobediência qualificada: “Como o primeiro relatório, o original, dizia que tinha havido uma reunião ilegal, eu fiz o relatório de acordo com esse documento e a investigação”, afirmou. “O inspector Lam fez um apelo para os manifestantes saírem do local, por isso achei que era uma manifestação ilegal”, apontou. Questionado por Jorge Menezes se tinha sido ele a fazer as conclusões ou se estas lhe tinham sido impostas, o polícia voltou a reiterar que tinha seguido o primeiro relatório elaborado e que não tinha estado no local. Chiang advertido Durante o julgamento, o activista Scott Chiang foi chamado por duas vezes à atenção pela juíza. A primeira deveu-se ao facto de Scott estar a tirar notas da sessão. A juíza mandou imediatamente parar a sessão e disse a Scott que não estava autorizado a tirar notas. Depois, Scott fez um pedido para tirar notas, que a juíza autorizou, depois de opinião favorável da magistrada. Minutos depois, Chiang, já depois de ter sido ouvido, estava a ler uns documentos e foi advertido imediatamente. Cheong Weng Tong explicou-lhe que como arguido não podia ler documentos, a não ser que fosse em voz alta e para todos ouvirem.
João Santos Filipe DesportoLiga de Elite | Benfica de Macau e Chao Pak Kei empatam 2-2 No jogo entre os primeiros classificados, o C.P.K. conseguiu a igualdade e afastou as águias do sonho do campeonato perfeito só com vitórias. O golo do empate foi festejado pela equipa de Gilmar Tadeu como se de uma vitória se tratasse [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi ao minuto 92 do encontro com o Chao Pak Kei que chegou ao fim o sonho do campeonato perfeito para o Benfica de Macau. Após uma partida equilibrada, as águias conseguiram superiorizar-se e aos 76 minutos venciam por 2-0. Contudo, a expulsão de Iuri Capelo relançou o encontro e permitiu aos comandados por Gilmar Tadeu alcançar mais tarde o empate por 2-2. Na sexta-feira, os encarnados entravam em campo no Estádio de Macau com a missão de bater o C.P.K. e dar um passo de gigante rumo ao quase certo pentacampeonato. Por sua vez, o Chao Pak Kei tinha como objectivo adiar ao máximo a conquista do título por parte das águias e impedir que a vantagem de sete pontos crescesse para dez. Apesar da primeira parte ter sido bastante equilibrada, com as duas equipas a praticar um futebol interessante, foram as águias a fazer a diferença. O primeiro golo surgiu aos 26 minutos, através de Edgar Teixeira. Após uma bola aérea a cerca de 30 metros da baliza do C.P.K., uma defessa carregou Carlos Leonel por trás, que caiu. O árbitro marcou prontamente falta, com livre directo para as águias. Apesar de alguma hesitação, a defensiva do C.P.K. fez uma barreira apenas com três homens. Na marcação, Edgar Teixeira rematou directo e fez o 1-0, aproveitando a falha do guarda-redes Lei Tin U. Passados 10 minutos, o Benfica dilatou a vantagem, com a concretização do segundo golo. Mais uma vez, Carlos Leonel ganha uma falta de costas para a baliza, desta feita a meio do meio-campo ofensivo. O árbitro apontou o castigo e, na marcação, Edgar Teixeira bombeia a bola para a área. É nesse momento que Carlos Leonel surge na área contrária, entre a defensiva do C.P.K., e cabeceia junto ao poste da baliza defendida por Lei Tin U, fazendo o 2-0. Expulsão e surpresa No segundo tempo, o encontro continuou equilibrado, com o C.P.K. mais ofensivo e à procura de voltar a entrar na partida. No entanto, o Benfica de Macau, apesar de permitir algumas oportunidades ao adversário, mostrava controlo dos acontecimentos. Com a intenção de mexer na equipa, Gilmar Tadeu apostou forte no ataque com a entrada de Ho Ka Seng, para o lugar de Lam Ka Seng, Kwok Siu Tin por Emanuel Líbano e Felipe Souza para substituir Danilo. As alterações acabaram por confirmar o pendor ofensivo que a formação necessitava. Finalmente, aos 76 minutos começou o fim do sonho do Benfica. Bruno Nogueira isola-se num contra-ataque rápido e só é parado, em falta, por Iuri Capelo, à entrada da área. Sem qualquer dúvida, o árbitro Robesh mostrou o vermelho ao extremo encarnado. Na marcação desse livre, surgiu o pontapé de canto em que Diego Patriota aproveitou, ao segundo poste, para desviar de peito para o 2-1. Apesar de ter feito três substituições a seguir ao golo com o objectivo de equilibrar a equipa, Bernardo Tavares não conseguiu evitar a igualdade. Já no período de descontos, o C.P.K. lançou um contra-ataque rápido na direita do ataque e Alexandre Matos cruza rasteiro para a área, onde surge, ao segundo poste, Ho Ka Seng a desviar para o 2-2. Um golo que foi festejado pelo C.P.K. como se de uma vitória se tratasse. Com este resultado a diferença de sete pontos entre as formações mantém-se, numa altura em que a Liga de Elite deve parar durante três semanas e restam apenas seis jornadas para o fim do campeonato. Lugar Equipa Pontos Jogos Vitórias Empates Derrotas Golos 1.º Benfica 34 12 11 1 0 59-8 2.º C.P.K. 27 12 8 3 1 77-11 3.º Sporting 25 12 8 1 3 34-11 4.º Ching Fung 24 12 7 3 2 27-12 5.º Ka I 21 12 6 3 3 44-18 7.º Monte Carlo 16 12 5 1 6 18-13 6.º Polícia 12 11 4 0 7 12-26 8.º Hang Sai 7 11 2 1 8 10-51 9.º Alfândega 3 12 1 0 11 4-54 10.º Lai Chi 1 12 0 1 11 5-77 Resultados da Jornada C.P.K. 2-2 Benfica de Macau Lai Chi 0-9 Ching Fung Ka I 5-0 Alfândega Sporting 3-0 Monte Carlo Hang Sai 0-0 Polícia* Jogo encontrava-se empatado à hora de fecho.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCaso Sulu Sou | Julgamento por desobediência qualificada arranca hoje Após um período de espera de quase cinco meses, o julgamento do deputado e do activista Scott Chiang começa esta manhã. Caso Sulu Sou seja punido com uma pena igual ou superior a 30 dias de prisão, a Assembleia Legislativa pode expulsar o deputado do hemiciclo [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pós uma espera de quase cinco meses desde o último adiamento, o julgamento do deputado suspenso Sulu Sou e do activista Scott Chiang pela alegada prática de desobediência qualificada arranca esta manhã, no Tribunal Judicial de Base. A audiência está marcada para as 9h30 e o deputado da Novo Macau acredita que vai ser um julgamento íntegro. “Acreditamos que vai ser um julgamento justo. É tudo o que podemos dizer nesta fase”, afirmou Sulu Sou, ao HM Por sua vez, o activista Scott Chiang admitiu esperar que desta vez não haja mais nenhum adiamento: “Só espero que o julgamento possa finalmente começar, ao contrário do que aconteceu da últimos vez”, disse o membro da Novo Macau, ao HM. “Como é óbvio, não sabemos qual vai ser o veredicto, por isso só nos podemos preparar da melhor maneira, tentar recordar o melhor possível os acontecimentos e esperar que os tribunais tomem uma decisão justa”, acrescentou. Marcado para o início da manhã, o julgamento deverá prolongar-se ao longo do dia, com os arguidos e as principais testemunhas, entre polícias e manifestantes, a serem ouvidos pela juíza Cheong Weng Tong. O caso assume especial importância política para Macau, uma vez que se o deputado suspenso for condenado com uma pena igual ou superior a 30 dias de prisão poderá ver a Assembleia Legislativa votar a perda do seu mandato. Os factos que vão ser analisados por Cheong Weng Tong ocorreram a 15 de Maio de 2016, quando a Associação Novo Macau organizou um protesto contra o donativo de 100 milhões de yuan, por parte da Fundação Macau – capitalizada com dinheiro dos impostos sobre o jogo – à Universidade de Jinan. Em causa, para os demonstrantes, esteve o facto de Fernando Chui Sai On, Chefe Executivo, ser igualmente presidente do Conselho Geral de Curadores da Fundação Macau e vice-presidente da Conselho Geral da Universidade de Jinan. Contudo, Chui Sai On limitou-se a negar a existência de um conflito de interesse. De acordo com a versão da Polícia de Segurança Pública, na altura da manifestação, registou-se o crime de desobediência qualificada porque os demonstrantes pisaram o passeio junto ao centro comercial New Yao Hon, quando deviam ter seguido apenas pela estrada. Também cerca de 50 manifestantes pararam num cruzamento contra as indicações das autoridades e cerca de 10 pessoas estiveram junto ao Palácio do Chefe do Executivo a atirar aviões de papel. Apesar do número de envolvidos, apenas Sulu Sou e Scott Chiang vão a julgamento. Suspensão polémica Esta é a terceira data do julgamento, que inicialmente tinha sido agendado para 28 de Novembro. Na altura, a sessão foi adiada, uma vez que o deputado estava protegido pela imunidade política. Posteriormente, o julgamento foi agendado para 16 de Janeiro, após o membro da Assembleia Legislativa ter sido suspenso com 28 votos a favor e 4 contra dos restantes legisladores. Contudo, a defesa de Sulu Sou apontou falhas aos procedimentos internos da AL, colocou uma providência cautelar nos tribunais contra a suspensão, além de um recurso, e a sessão de 16 de Janeiro teve de ser adiada. Com a providência cautelar contra a suspensão rejeitada e o recurso no Tribunal de Última Instância, cuja decisão não deve ser conhecida antes de Agosto, o caso do alegado crime de desobediência qualificada pode agora ser retomado.
João Santos Filipe SociedadeATFPM | Corrupção na administração pública discutida em reunião de sindicatos [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] s efeitos da corrupção na moral dos trabalhadores do Estado e os abusos da entidade patronal foram alguns dos assuntos que o presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), José Pereira Coutinho, discutiu ontem e anteontem, em Tóquio. O também deputado esteve nos últimos dois dias a participar, a par da coordenadora adjunta do Conselho da Juventude da ATFPM, Sugar Lam, nas reuniões da federação mundial de sindicatos, a Public Service International (em português Serviço Público Internacional). “Debateu-se, essencialmente, a questão da importância da existência de um sistema de protecção aos denunciantes dentro da função pública, não se permitindo por via legal qualquer tipo de abusos por parte da entidade patronal”, disse José Pereira Coutinho, ao HM. “É importante, uma vez denunciados os eventuais casos de corrupção, que não se possam transferir os denunciantes para outros postos de trabalho nem prejudicar-lhes as carreiras ou eventuais promoções”, acrescentou. Focando a perspectiva dos funcionários públicos quando se deparam com casos de corrupção interna, José Pereira Coutinho sublinhou que é um rombo para o moral dos funcionários, além dos evidentes problemas de imagem perante o público. “O problema da corrupção dentro da função pública foi amplamente debatido porque além de afectar a qualidade dos serviços públicos prestados pelos cidadãos, acaba também por desmotivar os trabalhadores nos seus postos de trabalho”, sustentou. Ao longo de dois dias estiveram em Tóquio cerca de dez representantes de sindicatos de países e regiões, que participaram na discussão dos assuntos da função pública. Também na discussão foram abordadas as “cunhas”, um fenómeno que José Pereira Coutinho diz contribuir para desvalorizar a meritocracia no serviço: “A corrupção traz consigo, na maioria das vezes, o sistema de padrinhos e madrinhas e as promoções acabam por ser motivadas não pelo mérito, mas antes pela influência de pára-quedistas que ocupam os ‘tachos’”, apontou. Visita à Embaixada Durante a passagem por Tóquio, o também deputado da Assembleia Legislativa, que esteve ausente da sessão de ontem e de quarta-feira do hemiciclo, aproveitou igualmente para fazer uma visita ao embaixador de Portugal no Japão, Francisco Xavier Esteves, na condição de Conselheiro das Comunidades Portuguesas. Em relação a este aspecto, Coutinho confirmou que tinha discutido as comunidades locais de Macau e Japão com o embaixador, e que endereçou um convite a Francisco Xavier Esteves para que visitasse Macau num futuro próximo. Por sua vez, o embaixador mostrou-se disponível para vir a Macau e admitiu já ter essa vontade há mais de três anos.
João Santos Filipe Manchete PolíticaTáxis | Proposta de lei gera muitas questões a deputados [dropcap style=’circle’] A [/dropcap] nova proposta para o sector dos táxis continua a levantar muitas dúvidas aos deputados que estão a analisar o diploma. Ontem, após mais uma reunião da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, o presidente Vong Hin Fai revelou aos jornalistas algumas das questões que não ficaram claras com a redacção da lei proposta por parte do Governo. Para os deputados, não é muito claro quais as consequências para os taxistas se não pagarem uma multa após cometerem uma infracção. Assim, querem que o Governo explique se os taxistas, caso tenham multas em dívida, vão sofrer outras consequências. “Se, por exemplo, os taxistas não pagarem uma multa devido a uma infracção, quais são as consequências que isso vai acarretar? Será que vai impedir que paguem o imposto de circulação até terem saldado o pagamento em falta? Será que os taxistas vão ficar impedidos de renovar o cartão de identificação de condutor de táxi?”, questionou o deputado. “Vamos colocar estas questões ao Governo para que fiquem bem explicadas”, frisou. Ao contrário do que era esperado, os deputados não conseguiram terminar a análise da lei, ficando agendada mais uma reunião para a próxima semana, provavelmente na próxima quarta-feira à tarde. Outra questão que não ficou clara para os deputados da comissão liderada por Vong Hin Fai trata-se da equivalência do pessoal de fiscalização da DSAT aos agentes do Corpo de Polícia de Segurança Pública, durante as operações de fiscalização. Inspectores como autoridade Segundo a proposta, os funcionários da DSAT estão investidos “de autoridade pública” quando forem vítimas de ofensas, agressões ou outras infracções por parte de taxistas. Porém, os legisladores querem entender o alcance desta protecção. “De acordo com as leis em vigor, quando há ofensas à integridade das autoridades, ou injúrias e situações semelhantes, os castigos para as pessoas que cometem as infracções são mais graves. É isto que o Governo pretende com esta ‘protecção’, que consta no artigo? Precisamos de compreender este aponto”, apontou. Ainda no que diz respeito a este aspecto da protecção da autoridade, Vong Hin Fai admitiu que a comissão não consegue compreender se esta parte da lei permite a actuação de agentes à paisana. No entanto, até ontem, os deputados não tinham tomado uma posição sobre este assunto, que só vai ser discutido mais tarde. Já em relação às reuniões com o Governo para clarificar todas as dúvidas sobre este documento, Vong Hin Fai previu que os encontros com a comissão comecem na terceira ou quarta semana deste mês.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEducação | Governo cria área na Zona A com capacidade para 13 mil alunos O Executivo vai criar uma mega zona escolar no aterro da Zona A com capacidade para receber até 13 mil alunos. As plantas para os terrenos foram apresentadas ontem no Conselho do Planeamento Urbanístico [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo vai criar uma área na zona A com quatro com capacidade para receber entre 11 mil e 13 mil alunos, junto à zona litoral Oeste. As quatro plantas de condições urbanísticas das parcelas de terras nos novos aterros estiverem ontem a ser discutidas no Conselho do Planeamento Urbanístico. “Temos mantido uma comunicação estreita com a Direcção de Serviços de Educação e Juventude e planeamos o futuro, de acordo com a densidade populacional da Zona A. Prevemos que os quatro terrenos tenham capacidade para cerca de 11 mil a 13 mil alunos”, afirmou Li Canfeng, director Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). “Neste momento, ainda não sabemos quais as escolas que se vão ser instaladas no espaço. Isso será algo para ser escolhido no próximo passo. Agora, começamos com a planta de condições urbanísticas”, acrescentou o dirigente. Das quatro plantas apresentadas, duas vão regressar ao CPU, visto que o parecer o Instituto Cultural foi entregue momentos antes da reunião, pelo que não puderam ser discutidas. Todavia, os projectos públicos não são aprovados pelo CPU, apenas discutidos, e alvo de pareceres que não são vinculativos. No entanto, este projecto, que foi definido como “Aldeia Escolar” pelos membros do CPU, colheu vários elogios, mas também algumas preocupações. O membro Vong Kuoc Ieng foi um dos que elogiou prontamente o projecto. “Fico muito satisfeito por haver um espaço para a educação. Na verdade, depois da transferência da soberania nunca houve grandes planos de projectos para a educação. Este conceito de Aldeia Escolar é uma inovação no território”, afirmou. Trânsito preocupa Já outros membros, demonstraram apoio ao projecto, mas sublinharam a necessidade do trânsito ser bem planeado na zona, para evitar perigos para os estudantes que se deslocam a pé, assim como a necessidade de criar paragens para autocarros e viaturas privadas. “É preciso considerar muito bem a situação de trânsito porque são zonas que ao longo do dia vão ter períodos de grande densidade. No entanto, parece que não são apresentados espaços de paragens para os autocarros, estacionamentos ou outros transportes”, apontou Bernie Leong, membro do conselho. Porém, o director da DSSOPT explicou que o trânsito vai ser uma questão bem ponderada e que as plantas nem sempre têm os pormenores definidos, por uma questão de “flexibilidade” dos projectos. Em relação à circulação pedonal, o funcionário das Obras Públicas que referiu o projecto explicou que haverá muitas zonas verdes que permitem às pessoas circular, mesmo junto à marginal. Também foram sugeridas ligações subterrâneas e aéreas entre as diferentes escolas. Estas foram hipóteses às quais o director da DSSOPT se mostrou receptivo.
João Santos Filipe SociedadeCPU | Plantas para 7.500 fracções na Zona A com opiniões favoráveis [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s plantas que definem as condições para a construção de 7.500 fracções de habitações públicas na Zona A dos aterros foram ontem discutidas na reunião do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU). Das 28 mil habitações públicas que vão ser construídas neste aterro, ficam a faltar passar pelo CPU 14 mil fracções, o que acontecerá em duas fases. Entre os membros do conselho, a principal preocupação esteve virada para a situação do trânsito, até porque nesta altura só está construído um acesso à Zona A dos aterros. “Dá gosto ver estas plantas para a habitação pública. Espero que sejam apressados os passos para a construção”, interveio, imediatamente após a apresentação das plantas, o deputado e membro do conselho Mak Soi Kun. “Mas, neste momento, ainda não conhecemos o planeamento do trânsito e a zona da rotunda onde fica o monumento da Pérola Oriental já é muito congestionada”, frisou o legislador. Na resposta, Kuong Vai Cheok, chefe de Departamento da DSAT, explicou que esta situação está a ser ponderada e que vai haver mais do que uma ligação entre a Península de Macau e a Zona A. O responsável revelou que vai ser igualmente construído um viaduto na mesma rotunda onde já fica a ponte de acesso à Zona. Mais tarde, já em declarações aos jornalistas, Li Canfeng, director da DSSOPT, acrescentou mais detalhes: “Estamos numa fase de estudo para a concepção de dois viadutos. Por exemplo, um na Rua dos Pescadores e talvez outro também no Porto Exterior. Também vamos pensar num túnel para ligar a Zona A com a Zona B [Orla Costeira da Península]. No total, queremos construir quatro ligações”, explicou. Ainda no que diz respeito às plantas dos terrenos para a construção de habitações, ficou definido que 50 por cento do espaço deve ser ocupado com vegetação para jardins e outras zonas de lazer para os residentes. Em relação aos transportes públicos, vários membros insurgiram-se contra a construção de paragens de autocarros subterrâneas devido à qualidade do ar. Por sua vez, Li Canfeng sublinhou que o Governo vai ter em conta esta opinião e que será construído um grande centro intermodal na Zona A para transportes, como autocarro e metro. Rua da Barca abaixo Ontem ficou igualmente decidido que o edifício da Rua da Barca vai ser demolido, sem que a fachada seja mantida. A manutenção da fachada era uma opinião que já tinha sido defendida por Rui Leão, em reuniões anteriores, e que ontem teve como principal defensor o membro e arquitecto Bernie Leong. Apesar da demolição do edifício ser total, Li Canfeng, director da DSSOPT, pediu que na planta constasse a necessidade do edifício ser reconstruído utilizando o mesmo estilo arquitectónico. Até ao final da reunião houve ainda tempo para aprovar a planta do edifício do Centro Católico, na Rua do Campo. O edifício vai ser demolido e no lugar vai ser construído um novo, com ligação aérea e pedonal ao China Plaza. A votação deste projecto, que é privado e exige aprovação do Conselho.