Banca | Pedro Cardoso vai deixar o BNU com resultados positivos, mas sem consenso

Ao longo de quase sete anos, o presidente do BNU conseguiu como feitos maiores aumentar os lucros de 373,1 milhões de patacas para 706 milhões e abrir a primeira representação na Ilha da Montanha. Porém, os cortes nos apoios locais, os formulários a pedir dados dos clientes e a crescente burocratização valem-lhe críticas

 

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]edro Cardoso está de saída do Banco Nacional Ultramarino e para o seu lugar espera-se que entre Carlos Cid Álvares. Quando ocorrer a troca, que deve acontecer durante o Verão, o actual presidente do banco detido pelo Grupo Caixa Geral de Depósitos vai cumprir sete anos na liderança dos destinos do BNU. Para trás, Pedro Cardoso vai deixar, segundo as pessoas ouvidas pelo HM, resultados financeiros muito positivos. Quando chegou à presidência do BNU, em 2011, no ano anterior à sua chegada, o banco tinha fechado 2010 com lucros na ordem dos 373,1 milhões de patacas. Quando sair, o actual presidente deixa um lucro de 706 milhões, ou seja quase o dobro, referente a 2017.

Contudo as polémicas com o preenchimento dos formulários “Conheça o Seu Cliente”, e o consequente congelamento de algumas contas, assim como os cortes recentes do banco, apesar dos lucros recorde no ano passado, impedem um consenso total face à prestação do gestor em Macau.

Aposta no Interior da China

Colega de profissão de Pedro Cardoso e administrador do agora banco Well Link, antigo Novo Banco Macau, José Morgado não tem dúvidas que o actual presidente do BNU vai deixar um legado positivo, muito pelos números apresentados e pela relação com o sector financeiro local.

“A avaliação tem de ser positiva e a forma mais lógica de fazer uma análise é olhar para os resultados que conseguiu. Foram sempre em crescendo. Por outro lado tem uma grande aceitação no mercado financeiro local, muito também pelo facto de se ter dedicado a aprender chinês”, contou José Morgado ao HM.

“Aprendeu chinês, ou pelo menos um pouco, e eu próprio assisti a apresentações que fez em chinês em Xangai. Foi um facto que contribuiu para que fosse muito bem aceite no sector financeiro desta região. Afirmou o carácter regional do banco com a dinamização do escritório da representação em Xangai e com a abertura da sucursal na Ilha da Montanha”, justificou.

Uma opinião semelhante à de José Morgado é partilhada pelo economista Albano Martins. O também presidente da Associação Anima considera que sob o comando de Pedro Cardoso o banco ficou mais profissional, mas também mais burocrático, principalmente junto das empresas.

“A impressão que tenho é que o trabalho do Pedro Cardoso foi positivo. Os resultados e a evolução dos lucros é notória”, disse Albano Martins, ao HM. “O banco tornou-se mais profissional, mas provavelmente terá também ficado demasiado burocrático, é a minha ideia como cliente. Por exemplo, para se ter acesso a uma conta pela Internet no BNU, e estamos a falar do acesso, ou seja não é para fazer transacções online, são necessárias montanhas de papéis que têm de ser preenchidas. O processo poderia ser muito mais facilitado, mesmo com as preocupações de segurança e com a movimentação de capitais”, defendeu.

Outras interpretações

Apesar dos recordes, também há quem considere que o BNU tem acompanhado a tendência de crescimento da banca local e mesmo da instituição, antes da chegada do actual presidente.

“O BNU, independentemente dos presidentes que por lá passam, conseguiu resultados que têm batido recordes nos últimos anos”, começou por constatar Paulo Azevedo, presidente do grupo de comunicação De Ficção.

A mesma tendência nos resultados do banco foi explicada pelo gestor da representação em Macau do banco português BCP, José João Pãosinho, que por motivos de ética profissional se recusou a comentar a prestação de Pedro Cardoso.

“Desde 2003, o BNU entrou numa dinâmica de crescimento apreciável e com o Dr. Pedro Cardoso continuou essa dinâmica. O banco está a recolher os frutos de uma estratégia acertada, quando por volta de 2002 e 2003 apostou no apoio à abertura do mercado do jogo”, apontou José João Pãozinho.

O outro lado do lucro

A notícia da saída do presidente do BNU chegou numa altura em que foi alvo de críticas no âmbito dos cortes a apoios e patrocínios locais, principalmente entre a comunidade portuguesa. Uma medida que muitos acreditam ter sido motivada pela situação financeira difícil do Grupo Caixa Geral de Depósitos.

“O BNU pertence a um grupo em reestruturação em Portugal, e é necessário que actue mais segundo os critérios do grupo e menos por critérios localizados. É natural que por força desse condicionalismo que tenham orientações para adoptar uma postura mais regredida e uma actividade não tão contributiva em termos de ajuda a patrocínios”, considera José Morgado.

Apesar de admitir a possibilidade de existirem orientações superiores, Paulo Azevedo recorda a função que o BNU tem assumido em Macau: “O BNU tem outro tipo de responsabilidade que a restante banca portuguesa não tem e está a divorciar-se disso por causa de cortes que o Grupo Caixa em Lisboa decidiu, sem olhar à natureza histórica de liderança da comunidade portuguesa aqui”, notou.

“Muitas vezes, em Portugal, as decisões tomam-se porque Lisboa está muito longe de Macau e os gestores continuam um bocado divorciados da realidade local. É por isso que é importante que o presidente do BNU dê, de vez em quando, um murro na mesa e defenda o posicionamento do banco. Se o BNU perde a reputação e o crédito junto da comunidade portuguesa são os interesses do banco a médio e longo prazo que ficam prejudicados”, considerou.

Também Albano Martins sublinha a necessidade do banco conservar uma boa imagem junto da comunidade portuguesa e dos clientes.

“Provavelmente não é um corte significativo e é politicamente errado. Se calhar é minimalista em termos de exploração para o BNU, não vai representar muito e, por outro lado, cria uma sensação de mal-estar, porque a comunidade de Macau é diferente da de Portugal”, apontou.

“É preciso que as pessoas desçam à terra e percebam que as coisas funcionam de forma diferente. As atitudes e as posturas de quem decide têm de ter em atenção essas questões”, frisou.

Apesar destas versões, ao HM uma fonte informada sobre os processos de decisão do banco, que não quis ser identificada, garantiu que os cortes se devem exclusivamente a Pedro Cardoso e à vontade do gestor em “apresentar lucros mais positivos todos os anos”.

O HM contactou Pedro Cardoso, mas o presidente do BNU não quis fazer qualquer comentário.

Cartas da polémica

Foi em 2016 que os clientes do BNU começaram a receber cartas com “ameaças” de que seriam impedidos de continuar a ser clientes do banco, se não preenchessem o formulário “Know Your Client”. O documento pedia informação e autorização para transmitir ao Grupo Caixa Geral de Depósitos os dados dos consumidores.

Na altura, o tom da carta gerou críticas por parte de alguns clientes, e também Albano Martins considera que houve um erro na comunicação do banco.

“A comunicação não foi a melhor. Foi uma questão que poderia ter sido colocada de uma outra forma… mas foi a maneira que o banco encontrou de comunicar com os clientes”, afirmou o economista.

“Mas também não é uma nódoa pequenina na comunicação que vai deixar marca no desempenho do Pedro Cardoso, que me parece bastante positivo”, frisou.

Já José Morgado considerou normal a parte do documento em que é referido que sem a assinatura do formulário, o BNU ficaria em posição de cancelar as contas dos clientes.

“A situação consolidada da Caixa, que está ligada à UE, exige que os dados sejam relatados e que os clientes cumpram com as regras do fornecimento deste tipo de informação. Se os clientes não pretendem cumprir, naturalmente que o relacionamento pode quebrar-se. Os bancos não podem actuar fora do contexto dos territórios em que estão”, justificou.

 

Momentos Marcantes

Agosto de 2011: Pedro Cardoso é nomeado presidente do Banco Nacional Ultramarino, substituindo Artur Santos, que estava no cargo há cerca de um ano.

Julho de 2013: Esquema de phishing utiliza nome do BNU na tentativa de enganar os clientes do banco. BNU garante que não houve clientes afectados.

Julho de 2015: BNU e sucursal de Macau do Banco da China assinam protocolo para a promoção de negócios entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Início de 2016: Envio de cartas a pedir aos clientes o preenchimento do formulário “Conheça o Seu Cliente”. No documento as pessoas são avisadas que se optarem por não preencher o formulário que a relação entre as partes será terminada.

Julho de 2016: Abertura da primeira agência em Seac Pai Van.

Finais de 2016: Surgem os relatos das primeiras contas de clientes congeladas pelo BNU devido ao facto dos clientes não terem preenchido o formulário KYC, que autoriza a transmissão de dados pessoais à casa-mãe.

Janeiro de 2017: Abertura da primeira sucursal na República Popular da China, na Ilha da Montanha.

Junho de 2017: BNU anuncia logótipo comemorativo dos 115 anos da instituição, apenas em chinês e inglês.

Setembro de 2017: Banco realiza cerimónia comemorativa dos 115 anos, com a presença do presidente da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo.

Janeiro de 2018: BNU anuncia lucros recorde de 706 milhões de patacas em 2017, com um crescimento de 26 por cento face a 2016.

Janeiro de 2018: Instituição começa uma série de cortes ao nível dos apoios e publicidades em Macau.

Fevereiro de 2018: Anúncio da saída de Pedro Cardoso do cargo de presidente do BNU. Carlos Cid Álvares será o homem que se segue.

22 Fev 2018

WildAid preocupada com vendas de barbatanas de tubarao

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] organização não governamental WildAid está preocupada com o crescimento do mercado de barbatanas de tubarão em Macau, em contraste com o que acontece no Interior da China. Segundo um relatório publicado na semana passada com o título “Sharks in Crisis: Evidence of Positive Behavioral Change in China as New Threats Emerge”, há uma nova tendência para o desenvolvimento de novos mercados, nomeadamente em Macau, Hong Kong e Tailândia.
“Em 2016, pela primeira vez, Macau ultrapassou o Interior da China no topo das reexportações de barbatana de tubarão com origem em Hong Kong, registando um aumento de 62 por cento de 88.029 quilograma, em 2015, para 143.396 quilograma, um ano depois”, pode ler-se no relatório.
Entre as razões apontadas para este crescimento está o desenvolvimento do sector do turismo, após a liberalização do jogo, assim como o crescente hábito dos locais consumirem barbatana de tubarão: “Os locais estão a consumir barbatana de tubarão nos restaurantes, onde estes pratos são servidos de forma regular, assim como nos banquetes tradicionais: estima-se que 70 por cento dos banquetes de casamento em Macau incluam barbatana de tubarão”, é revelado.
“Também os 30,95 milhões de turistas que visitaram Macau, em 2016, são um dos públicos-alvo: muitos sites dedicados ao turismo promovem restaurantes famosos pela sopa de barbatana de tubarão, encorajando os turistas a experimentarem os pratos”, é explicado.
No Interior da China, segundo os dados do Governo Central, houve uma tendência diferente, com o registo de uma quebra de 80 por cento no consumo de barbatana de tubarão, assim como uma redução de 81 por cento nas importações e venda de barbatana de tubarão em Pequim, Xangai e Cantão, entre 2010 e 2014.

21 Fev 2018

Emprego | Governo das Filipinas alerta para propostas de trabalho fraudulentas

As autoridades filipinas lançaram um comunicado a denunciar o caso de uma empregada em Macau a quem foi oferecida uma proposta de trabalho no Interior da China. No Continente, a trabalhadora nunca foi paga e os patrões ficaram-lhe com o passaporte e o telemóvel

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Departamento do Trabalho e Emprego das Filipinas lançou um alerta para o facto de uma mulher filipina, em Macau, estar a oferecer a conterrâneas falsas propostas de emprego no Interior da China. Segundo as autoridades filipinas, foi registado um caso em que uma empregada se despediu do emprego em Macau depois de ter recebido uma proposta para trabalhar no Interior. Já no Continente, a empregada acabou por não ser paga, apesar de lhe terem prometido um salário mensal de 7.500 yuans, e ainda viu os patrões ficarem-lhe com o passaporte e o telemóvel.

“Os trabalhadores filipinos e os turistas que procuram trabalho em Macau devem ter muito cuidado quando aceitam ofertas de emprego de outros filipinos para supostamente trabalharem no Interior da China”, pode ler-se no aviso publicado pelo departamento em causa.

A proposta foi apresentada através de uma filipina com o apelido Ciabacal, que está ligada a uma recrutadora chinesa chamada Fancy. Segundo as informações das autoridades filipinas, Fancy é proprietária de um estabelecimento com o nome MMC Entreprises, localizado na zona do Mercado Vermelho, que recruta de forma clandestina empregadas filipinas e vietnamitas para trabalharem no Continente.

Esta é uma situação que não é nova e os membros da comunidade em Macau ouvidos pelo HM recomendam muito cuidado a quem considerar responder a propostas no Interior da China.

“Não ouvi falar dessa situação em concreto, mas conheço outras com amigos de amigos, que ocorreram em Macau. É um tema que tem sido muito discutido entre a comunidade e mesmo o Consulado das Filipinas tem alertado para estas situações”, afirmou Ana Fivilia, representante da Associação Bisdak, ao HM.

“O caso típico é surgirem propostas tentadoras do Interior da China com bons salários. Mas, depois, quando se aceita o emprego e se começa a trabalhar, as pessoas não são pagas e os benefícios prometidos não se concretizam”, apontou.

Na dúvida, recusar

Por sua vez, Rodantes, membro do movimento Couples For Christ (CFC) Global em Macau defende que a melhor forma de lidar com estas situações é não aceitar propostas de emprego do Continente.

“É muito complicado trabalhar no Interior da China. Há alguns anos houve casos de algumas pessoas a trabalharem em Macau que foram levadas pelos patrões para o Interior da China. Nessa altura houve muitas queixas sobre as condições de trabalho encontradas do outro lado da fronteira”, recorda Rodantes.

“Temos noção das condições que encontram no Interior da China e já deixámos avisos aos membros da comunidade. Mesmo que haja ofertas com um salário muito bom, nós recomendamos que não aceitem”, frisou.

Segundo a lei das Filipinas, os cidadãos só podem trabalhar no estrageiro quando aceitam propostas de emprego através de agências reconhecidas pelo próprio Governo. Contudo, para evitar o pagamento de taxas e a demora do processo, há cidadãos que entram nos países onde desejam trabalhar como turistas e tentam encontrar empregos por si.

“A procura de emprego com visto de turista é uma situação que, apesar dos esforços os Governos de Macau e das Filipinas, não conseguem controlar. Por uma questão de segurança recomendamos que as pessoas só venham para Macau através das agências reconhecidas pelas autoridades”, explicou Rodantes.

O representante da CFC Global em Macau alerta também que este tipo de problemas não é exclusivo dos cidadãos filipinos e que acontecem igualmente com imigrantes da Indonésia e do Vietname.

21 Fev 2018

Idosos | Académico pede mais esforços na implementação de Previdência Central

Até 2036 a percentagem da população dependente, ou seja crianças e idosos, vai aumentar para 38,6 por cento. Por essa razão, e principalmente devido a envelhecimento, o académico Tang Kai Hong defende num artigo académico a necessidade de um maior empenho para a implementação total de Regime de Previdência Central

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo de Macau tem de lidar com o problema do envelhecimento da população e criar de forma urgente um Regime de Previdência Central universal e colocar mais recursos humanos nesse objectivo. Esta é a conclusão de um estudo elaborado pelo académico Tang Kai Hong, num artigo publicado na Revista da Administração Pública e Governação, em Journal of Public Administration and Governance.

“A constituição de um Regime de Previdência Central é uma política muito importante, especialmente numa altura em que Macau tem uma sociedade cada vez mais envelhecida. O Governo deve lidar de forma urgente com a construção de um Sistema de Previdência Central”, pode ler-se nas conclusões do académico Tang Kai Hong.

“Neste momento, o Governo ainda não anunciou uma calendarização para levar avante a sua determinação de implementar um sistema [obrigatório]. Desta perspectiva, a implementação de um fundo de previdência ainda está uma fase experimental, não há um implementação total dessa determinação, por isso, o Governo precisa de dedicar mais recursos para a implementação total do sistema de previdência central”, considera.

No entanto, o académico alerta para a necessidade do sistema gerar retornos positivos para os trabalhadores, ao contrário do que diz acontecer em Hong Kong. Segundo o académico, na região vizinha os pagamentos aos pensionistas, após as contribuições, têm ficado aquém das expectativas.

“Em Hong Kong, mais de 10 anos depois de terem sido estabelecidos os fundos de previdência, há críticas que os retornos dos fundos sãos baixos e que os custos de gestão são caros, o que faz com que falhem na função de proteger os trabalhadores”, explicou. “Há vozes que propõem mesmo que o Governo [de Hong Kong] faça uma revisão profunda do modelo adoptado ou que termine mesmo com a política”, frisou.

O regime de Previdência Central Não-Obrigatório entrou em vigor no início do ano. Na discussão na Assembleia Legislativa que resultou na aprovação do documento, foi explicado que o regime não seria obrigatório imediatamente, devido às pressões para as Pequenas e Médias Empresas. Na altura, o Governo comprometeu-se a torná-lo obrigatório, dentro de três anos.

População mais velha

A preocupação com esta questão para o académico parte de um problema há muito identificado pelo Governo da RAEM: a população está a ficar cada vez mais velha.

Segundo os números da população de 2016, o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu para 59.383, ou seja um aumento de 48,6 por cento face a 2011. Este valor representava, em 2016, 9,1 por cento da população e tem tendência par aumentar.

Também de acordo com os dados compilados por Tang Kai Hong, com base nos número oficiais, o número de cidadãos que dependem de outrem para sobreviver vai aumentar. Ou seja o número de pessoas com mais de 65 anos e as crianças, que ainda são novas para entrar no mercado do trabalho. Em 2016 a média da idade população era de 39,3 anos e o rácio de dependência ficava situado em 14 por cento. Porém, em 2036, estima-se que a dependência suba para 38,6 por cento e que a média da idade atinja os 45,5 anos.

20 Fev 2018

Hotel Love Lane Seven Inn | Lawrence Cheang, A paixão pelo património

Os alojamentos de baixo custo continuam a escassear em Macau, mas Lawrence Cheang decidiu apostar neste segmento e abriu há alguns meses o hostel Love Lane Seven Inn., onde os hóspedes têm a oportunidade de ficar perto das Ruínas de São Paulo

[dropcap style≠‘circle’]S[/dropcap]ituado na Rua da Paixão junto à Cinemateca, o hostel Love Lane Seven Inn pretende destacar-se no panorama hoteleiro de Macau pela aposta no valor do Património. Foi com este propósito que um grupo de residentes comprou há mais de dez anos o edifício junto às Ruínas de São Paulo, onde agora opera o Love Lan Seven Inn.

Ao HM, Lawrence Cheang explicou que a o espaço pretende ser uma alternativa para os turistas menos interessados nos casinos e nos grandes resorts classificados com cinco estrelas. Ao mesmo tempo, enquanto o hotel aposta nas linhas históricas da fachada tem também a vantagem de ficar situado junto ao centro turístico de Macau.

“Comprámos este edifício há muito tempo e depois decidimos abrir um negócio, com objectivo de lançar um hostel que apostasse principalmente no valor arquitectónico da cidade. É um componente que queremos muito valorizar”, afirmou Lawrence Cheang.

“Foi um projecto que demorou cerca de 10 anos desde o momento da construção até abrir as portas e começar a aceitar reservas. Foi um grande desafio encontrar os materiais de construção porque não podíamos utilizar materiais modernos. Sempre quisemos recriar um ambiente histórico e antigo”, sublinhou.

Sem os recursos das grandes cadeias de hotéis que entrarem em Macau com a expansão do mercado do jogo, o hostel Love Lane Seven Inn aposta num serviço mais personalizado e num aconselhamento muito detalhado aos clientes.

“Somos o único hostel que se destaca pela aposta no valor arquitectónico e temos a vantagem de estar situados nas principais atracções. Como não podemos oferecer todos os serviços que outros resorts oferecem, temos o cuidado de aconselhar da melhor maneira os nossos clientes, ao nível de restaurantes ou transportes que podem utilizar”, explicou Lawrence.

Ambiente competitivo

Se por um lado a aposta no valor arquitectónico é uma mais-valia para o Love Lane Seven Inn, por outro a competição perante os grandes hotéis de cinco estrelas não é fácil. O facto das grandes operadoras também oferecerem promoções agressivas com reduções nos preços significativas, complica a sobrevivência para os hostéis locais.

“Esta área de negócios em Macau não é fácil porque estamos a competir com outros hotéis que têm mais quartos e outras condições. Como têm muitos quartos, esses hotéis podem apostar em fortes promoções e mesmo assim gerar lucro. Mas esse não é o nosso caso”, começou por admitir Lawrence.

“Por exemplo, quando um hotel de cinco estrelas que tem centenas de quartos faz promoções que podem abater cerca de 400 patacas nos preços, o custo final entre as duas ofertas fica mais próxima. Se os preços são muito semelhantes, entre um hostel e um hotel de cinco estrelas, é fácil perceber qual é a escolha que os clientes vão fazer”, explicou sobre a situação do mercado.

Actualmente, com a emergência de várias plataformas online de reservas de quartos, Lawrence explica que não é difícil chegar aos clientes. Porém reconhece que as comissões pagas são elevadas, principalmente quando os preços praticados são mais baixos.

“Nós recorremos a plataformas online para arranjar reservas. Mas elas também nos cobram uma percentagem significativa. Estamos a falar de valores que chegam aos 14 por cento do preço dos quartos. Para preços mais baixos é muito dinheiro”, defendeu.

Em relação à hotelaria em Macau não são raras as queixas contra os procedimentos e burocracias do Governo. Lawrence Cheang admite que há espaço para melhorar, mas que o processo é bastante acessível.

“Eu creio que os procedimentos para obter as licenças junto do Governo funcionam bem. Claro que há sempre espaço para haver melhorias e acelerar os procedimentos. Mas mesmo assim a informação disponibilizada é boa e os departamentos fazem um bom trabalho”, referiu.

20 Fev 2018

Instituto Cultural | Ministério Público guarda casamata

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pesar de no passado o Instituto Cultural ter emitido um parecer em que defendeu a protecção da Casamata no Alto de Coloane, o Governo recusa avançar se tem algum tipo de planos para uma futura reutilização do espaço ou abertura ao público.

Após o relatório elaborado pelo Comissariado Contra a Corrupção que defendeu a recuperação pelo Governo da RAEM do terreno onde está a antiga construção de origem portuguesa, o HM questionou se havia já tinha sido elaborado algum projecto para o espaço.

No entanto, o IC recusou fazer qualquer comentário, com base no facto do caso estar a ser acompanhado pelo Ministério Público, a pedido do Chefe do Executivo. “Considerando que o “Relatório de investigação sobre construção no Alto de Coloane” se encontra na posse do Ministério Público da RAEM para efectuar sindicâncias e ser acompanhado, o IC, por conseguinte, não expressa quaisquer comentários neste momento”, foi a posição oficial emitida.

20 Fev 2018

Benfica de Macau mais perto de defrontar Hwaepul SC

Os norte-coreanos do Hwaepul derrotaram o Erchim FC por 4-0, na Mongólia, na terça-feira à noite, e estão mais perto de garantir o apuramento para a fase de grupos da Taça AFC, onde vão ter como adversário o Benfica de Macau

 

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Hwaepul SC está com pé e meio no Grupo I da Taça da Confederação de Futebol Asiática (AFC), depois de na primeira mão do play-off de apuramento para a próxima fase da competição, ter derrotado a equipa do Erchim FC por 4-0. O encontro foi realizado na terça-feira à noite, na Mongólia.

No Centro de Futebol da Federação de Futebol local, na capital Ulaanbaatar, os norte-coreanos mostraram desde cedo aos 335 espectadores presentes a razão de serem encarados como favoritos no play-off de apuramento para a próxima fase da competição.

Ainda o cronómetro não tinha chegado aos 10 minutos, e a equipa já estava em vantagem, fazendo valer a sua maior experiência internacional. O golo foi apontado pelo defesa-central Ri Chang-ho, jogador que com 28 anos é um dos principais rostos da selecção A da Coreia do Norte.

Durante o primeiro tempo o Hwaepul SC controlou os acontecimentos com facilidade. Porém evitou sempre correr riscos desnecessários para não sofrer golos que pudessem comprometer a segunda mão do play-off na Coreia do Norte.

Ainda assim, antes do intervalo, aos 41 minutos, a equipa orientada pelo técnico Il Mun-ho conseguiu dilatar a vantagem para 2-0. O marcador de serviço foi o avançado Ri Song.

 

Esforço inglório

Após o intervalo, o Erchim FC entrou com uma atitude mais agressiva, procurando reduzir a vantagem do adversário. Os mongóis mantiveram esta toada mais agressiva até aos 85 minutos, altura em que chegou o 3-0, por Ril Il-san.

O golo provou como certa a aposta do treinador coreano, que 10 minutos antes tinha feito entrar o marcador do terceiro tento, para o lugar do também avançado Il Jon-chung.

Com 3-0, o Erchim desistiu animicamente do jogo e entrou numa fase de maior desorientação. Apesar de faltarem pouco mais de cinco minutos para o final do encontro, os mongóis acabaram mesmo por sofrer mais um golo. O tento que fechou o encontro foi apontado pelo central Ri Chang-ho, que bisou na partida.

Com uma desvantagem de 4-0, a missão de dar a volta à eliminatória para os campeões da Mongólia adivinha-se como quase impossível. Para dificultar ainda mais a situação do Erchim, a segunda mão, que está agendada para a próxima terça-feira, vai ser disputada na cidade de Pochon-up, no Estádio Hwaepul, que tem uma capacidade para 5 mil pessoas.

 

Grupo quase completo

Com este resultado o Grupo I da Taça AFC, que conta com o Benfica de Macau, está praticamente completo. Além da equipa do território, também fazem parte do grupo o Hang Yuen, de Taiwan, e o 25 de Abril, formação que também é da Coreia do Norte.

Contudo, o adversário do primeiro jogo do Benfica no Grupo I já é conhecido e realiza-se a 7 de Março diante da formação de Taiwan, às 20h00, no Estádio de Macau. Depois, na segunda jornada, a 14 do mesmo mês, as águias de Macau vão deslocar-se fora para defrontar Hwaepul, ou Erchim, naquela que poderá ser a primeira de duas deslocações à Coreia do Norte. O jogo está marcado para as 19h00, hora de Macau.

20 Fev 2018

Função Pública | Deputados preocupados com trabalho por turnos

A comissão que está a analisar a proposta de alteração aos Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública está preocupada que grávidas e pessoas com mais de 50 anos não sejam dispensada de trabalhar por turnos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s deputados estão preocupados com o facto da Alteração ao Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública não considerar a necessidade de dispensa do trabalho por turnos das pessoas em casos especiais, como grávidas, funcionários com mais de 50 anos ou pessoas que tenham filhos com menos de um ano. A situação foi explicada, ontem, por Vong Hin Fai, presidente da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, que está a analisar na especialidade o diploma.

“Estivemos a analisar com maior profundidade a questão do regime de trabalho por turnos e fizemos uma comparação com os diplomas em vigor. Por exemplo, no Regime das Carreiras de Auxiliar de Saúde existe uma dispensa do trabalho por turnos para alguns trabalhadores”, começou por dizer Vong Hin Fai.

“As auxiliares de saúde grávidas a partir do quarto mês de gravidez, os auxiliares de saúde com idade superior a 50 anos ou os que tenham filhos até à idade de 1 ano podem pedir dispensa do trabalho por turnos. Também na Lei da Relações do Trabalho, que não se aplica à Função Pública, há uma norma semelhante para proteger os trabalhadores”, observou.

“Mas no artigo 79 das alterações ao Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública parece que não há um regime que permita aos funcionários suspender o trabalho por turnos. Vamos suscitar esta questão junto do Governo”, reconheceu o deputado e presidente da comissão.

Acumulação de férias

Outro dos problemas que preocupam os deputados é o facto dos trabalhadores da função pública poderem acumular 11 dias de férias de um ano para o outro, até um total de 33 dias acumulados. Se esses 33 dias forem gozados em conjunto com os 22 dias, correspondentes às férias de cada ano, existe a possibilidade dos trabalhadores terem 55 dias de férias em 12 meses.

“Queremos perceber se o facto de poderem gozar 55 dias de férias num ano, não poderá causar inconveniências para os serviços”, explicou Vong Hin Fai.

Na reunião de ontem os deputados também abordaram a questão das pausas obrigatórios após seis horas de trabalho ininterruptas. De acordo com a proposta do Governo existe a necessidade de fazer um intervalo, mas não é claro as condições em que deve acontecer.

“A proposta não diz de quanto tempo deve ser o intervalo. Na lei das relações do trabalho, que, repito, não se aplica neste caso, há um artigo para haver uma pausa de pelo menos meia hora, após o cumprimento de cinco horas. Queremos que este ponto seja esclarecido”, considerou.

Também sobre a proposta de Alteração ao Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública, a AL está a fazer uma consulta pública e recolheu até ontem 16 opiniões, 6 de indivíduos e 10 de movimentos cívicos que não quiseram ser identificado como associações oficiais.

20 Fev 2018

Fórmula 3 | Mick Schumacher renova com a Prema Theodore

Após a época de estreia, Mick Schumacher vai continuar a competir com a formação apoiada por Teddy Yip, numa temporada em que as ambições passam por estar na frente do Campeonato Europeu de Fórmula 3

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ick Schumacher vai correr mais uma época na categoria de Fórmula 3 com as cores da Prema Theodore. A renovação do contrato com o filho de Michael Schumacher foi revelada pela formação apoiada por Teddy Yip, na segunda-feira.

Após ter realizado a estreia na categoria de Fórmula 3 na temporada passada, terminando o campeonato no 12.º posto, este ano o piloto de 18 anos vai procurar assumir-se como um dos principais candidatos à luta pelo título.

“A competição na Fórmula 3 é dura, musculada e muito equilibrada. Aprende-se muito com as lutas a este nível e é por isso que estou ansioso por poder começar outra temporada com a Theodore”, disse Mick Schumacher, em comunicado.

“Estou na equipa certa para continuar a evoluir como piloto. É uma formação que trabalha muito bem e estou convencido que esta época podemos viver momentos de glória juntos. Estou muito entusiasmado e espero lutar com os pilotos de topo desta categoria”, acrescentou.

Na temporada de estreia na Fórmula 3, Mick somou como melhor resultado um terceiro lugar em Monza, logo na segunda prova do campeonato. Num total de 30 corridas terminou 17 nos pontos, que lhe valeu o 12.º lugar no campeonato com 94 pontos.

Schumacher foi terceiro entre os estreantes, ficando atrás dos pilotos da Carlin Lando Norris, vencedor do campeonato com 441 pontos, e do indiano Jehan Daruvala que ficou no 6.º lugar, com 191 pontos.

Teddy Yip entusiasmado

“É entusiasmante inscrever cinco carros no Campeonato de Fórmula 3 para esta temporada e ter entre os nossos pilotos o Mick [Schumacher]. É um talento puro e vai ser um forte candidato ao título esta época”, afirmou Teddy Yip

“No ano passado o Mick demonstrou todo o seu talento principalmente durante o Grande Prémio de Macau ao realizar a volta mais rápida. Estamos muito ansiosos para ver como vai evoluir ao longo deste ano”, frisou.

No ano passado, Mick fez a volta mais rápida, numa prova que terminou no 16.º lugar, a mais de duas voltas do líder. Por essa razão, o alemão teve condições ideais para ser o mais rápido, uma vez que sofreu problemas e ficou arredado da luta pela vitória muito cedo, podendo focar-se em rodar e fazer tempos rápidos.

Por sua vez, também o director da equipa René Rosin se mostrou satisfeito com a renovação do contrato com o alemão.

“Estamos contentes e orgulhosos por voltar a contar com o Mick. No ano passado teve uma época desafiante, uma vez que tinha sido promovida da Fórmula 4, mas mostrou uma grande personalidade e potencial”, opinou René Rosin.

“Estamos à espera que este consiga aproveitar a experiência do ano passado e melhorar a sua prestação. Vamos ter cinco carros a competir e esepramos ter uma boa temporada pela frente”, apontou.

Além de Mick Schumacher, a Prema Theodore vai contar com o chinês Zhou Guan Yu, o neozelandês Marcus Armstrong, o estónio Ralf Aron e o russo e estreante Robert Shwartzman.

O Campeonato Europeu de Fórmula 3 arranca no circuito citadino de Pau, em França, no fim-de-semana de 13 de Maio.

14 Fev 2018

Economia | Agência Fitch aumenta rating de Macau para AA

A agência de notação financeira subiu o rating do território e destaca a prudência do Executivo, ao nível da despesa pública. A Fitch considera que as reservas acumuladas pelo Governo são suficientes para reduzir os riscos da dependência do turismo do Interior da China

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] cautela do Governo e a acumulação de fundos através dos impostos durante a crise do jogo fez com que a agência de notação financeira Fitch subisse o rating da dívida da RAEM para AA de AA-, com uma perspectiva estável. Segundo o comunicado de ontem da agência, os fundos acumulados nas reservas de Macau são mais do que suficientes para reduzir os riscos ligados à dependência do turismo do Interior da China e à reduzida base económica, ou seja o pequeno número de empresas geradoras de emprego.

De acordo com a escala adoptada pela agência americana, o nível AA representa um crédito “com muita qualidade”, em que as instituições apresentam um risco “muito pequeno” de não pagarem as suas dívidas. Segundo esta escala da agência, as entidades classificadas com AA têm uma capacidade de pagamento de dívidas que “não é significativamente vulnerável” a acontecimentos com um impacto negativo para a economia.

“A almofada fiscal continuou a aumentar [em 2017]. Macau é a única região avaliada pela Fitch que não tem qualquer tipo de dívida soberana, enquanto a dívida média dos Governos avaliados com rating AA cresceu para 42 por cento do PIB em 2017”, justifica a agência.

“Além do mais, um gestão prudente das despesas permitiu uma acumulação substancial de uma almofada fiscal. A Fitch estima que as reservas fiscais representassem aproximadamente 137 por cento do PIB no final de 2017, o equivalente a 5,6 vezes o orçamento para 2018”, é acrescentado.

A Fitch acredita que caso o Governo deixasse de ter qualquer receita e mantivesse o actual nível de despesa pública ano após ano, só daqui a cinco anos e seis meses ficaria sem dinheiro.

Em resposta à subida da avaliação, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) emitiu um comunicado onde sublinha o compromisso com o controlo da despesa pública: “O Governo da RAEM continuará a seguir o princípio da manutenção das despesas dentro dos limites das receitas, como princípio de gestão financeira prudente e a aperfeiçoar o estabelecimento do regime de gestão dos recursos financeiros, assegurando o desenvolvimento sustentável das finanças da RAEM”, é prometido.

Ainda de acordo com os dados oficiais, até finais de Novembro de 2017, os valores totais da Reserva Financeira da RAEM cifraram-se em MOP487,1 mil milhões, dos quais, a reserva básica representava MOP128,0 mil milhões e a reserva extraordinária MOP359,1 mil milhões.

Elogio às finanças públicas

Para a Fitch a força das finanças da RAEM é o “corolário” de Macau enquanto destino turístico internacional e do jogo, assim como do facto da região ter o monopólio na região da Grande China.

Em relação a este ano, a agência acredita que Macau vai gerar um superavit nas contas públicas de 35 por cento do PIB, superior aos 33 por cento do ano passado.

“Nos últimos 15 anos as contas públicas de Macau foram sempre positivas, incluindo durante 2015, quando houve o choque nas receitas do jogo, que caíram 34 por cento”, é referido.

Por outro lado, a agência destaca os activos no exterior detidos por Macau, no final do ano passado, atingia um valor que representava 176 por cento do Produto Interno Bruto.

14 Fev 2018

Banca | Clientes do Banco da China esperam horas para serem atendidos

O Ano Novo Chinês fez disparar as filas de espera nos balcões do Banco da China. No entanto, os residentes ouvidos pelo HM explicam que o problema é recorrente, mesmo noutras alturas do ano

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s clientes do Banco da China que ontem se dirigiram ao balcão no Fai Chi Kei, pelas 15h47, tinham à sua frente 193 pessoas. A situação não era muito diferente no balcão do Edifício Nga Lim Fong, na Avenida Ouvidor Arriaga, onde estavam 156 em fila de espera. Também na quarta-feira a situação tinha estado caótica em vários balcões do maior banco a operar em Macau. Por exemplo, segundo uma publicação de um residente que se queixou numa rede social, no balcão na Rua da Barca pelas 15h55 estava 224 pessoas na fila da espera.

As filas de espera nos balcões do Banco da China são um problema que se agrava nos dias anteriores e a seguir ao Ano Novo Chinês. Contudo, o atendimento presencial tende a ser complicado no início e final de cada mês. Um cenário que foi confirmado ao HM por utilizadores frequentes do banco.

“O Banco da China costuma ter grandes filas, dependendo da altura do mês. Normalmente nessas situações o que faço é recorrer a alternativas, ou seja às plataformas online ou ao multibanco”, afirmou o residente Lokia Ng, ao HM. “O problema é que há demasiadas pessoas a acederem ao serviço, porque se compararmos a velocidade do atendimento dos balcões do Banco da China com outros bancos, o serviço é o mais rápido”, considerou.

Para lidar com as filas, Lokia Ng adopta duas estratégias: evita os balcões que normalmente têm mais clientes, como os que ficam situados na Avenida Horta e Costa, Mercado Vermelho ou Rua do Campo e, por outro, evita os dias com mais movimento, como as segundas-feiras.

“Nesta altura do Ano Novo Chinês é impensável ir ao banco porque há muita gente. Nos dias normais é muito mais fácil ser atendido. Contudo há dias que devem ser evitados, como as segundas-feiras ou os dias a seguir aos feriados porque o encerramento dos balcões faz com que, nos dias seguintes, haja mais gente”, explica.

“Para ser atendido com maior rapidez, as pessoas devem evitar os balcões com mais pessoas, como o balcão na Horta e Costa, Mercado Vermelho ou Rua do Campo. Normalmente costumo ir à Rua 1 de Outubro, porque tem menos pessoa e fica mais perto do local onde more”, confessa.

Mais de duas horas à espera

O mesmo tipo de problema foi abordado um residente de origem portuguesa, em conversa com o HM, que preferiu não ser identificado.

“Mesmo não sendo cliente do Banco da China, vejo-me obrigado pelo menos uma vez por mês a recorrer aos serviços do banco para efectuar o pagamento da renda, depois de ter tido alguns conflitos com a agente imobiliária que me alugou o apartamento onde vivo. É das experiências mais ingratas pelas quais passei em Macau”, considerou.

“O habitual é ter que aguardar duas ou mais horas para efectuar uma operação que demora dois minutos a fazer. Da última vez, no final da semana passada, tinha cento e poucos números à frente. Dei entrada no banco às três e meia da tarde, saí da agência às seis e meia, muito depois do fim do horário de expediente”, revelou.

Face a esta situação, o Banco da China respondeu ao HM que têm sido adoptadas medidas para evitar as longas horas à espera: “O Banco da China lançou uma variedade de medidas para que os clientes possam poupar tempo, como senhas electrónicas ou aplicações no Wechat ou o BOC Direct, que permitem aos clientes verem à distância quando se aproxima a sua vez de serem atendidos”, foi explicado.

“Também através das aplicações podem ver quais os balcões com menos pessoas na fila de espera”, respondeu o banco.

Sobre a questão de contratar mais pessoas para solucionar o problema, o Banco da China não respondeu, mas explicou que há um acompanhamento em tempo real das pessoas à espera e que o número de postos de atendimento nos balcões abre e fecha consoante as filas. A instituição fez também questão de sublinhar que faz todos os esforços para ir ao encontro das necessidades dos clientes.

Tempo é dinheiro

Segundo Lokia Ng a situação da filas também encontra explicação no facto de parte da população ser conservadora, quando se trata do seu dinheiro: “Os balcões têm muitos utilizadores em Macau, porque as pessoas não gostam de utilizar os multibancos. Na altura de fazer os depósitos ou retirar dinheiro, há muita gente que evita os multibancos ou os serviços online”, justificou.

“No Interior da China, as pessoas estão muito acostumadas a utilizar as plataformas online como o Wechat, mas em Macau as pessoas são mais conservadoras”, sublinhou.

Contudo o residente de origem portuguesa ouvido pelo HM responsabiliza o banco pela situação: “Um banco, melhor do que ninguém, sabe que tempo é dinheiro. É pena que não tenham em grande consideração o tempo de quem recorre aos seus serviços”, sublinha.

O Banco da China é o maior banco a operar no território de Macau e o que mais lucros obtém. Em 2016, segundo os números no relatório e contas, a sucursal de Macau do Banco da China teve um lucros de 6,23 mil milhões de patacas.

14 Fev 2018

Jogo | Casino da Suncity no Vietname reforça candidatura a sétima licença

A promotora de jogo Suncity vai tornar-se numa operadora de casinos com a abertura de um empreendimento no Vietname, e o banco de investimento Union Gaming acredita que este facto reforça as hipóteses da empresa receber uma licença de jogo em Macau

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] construção de um hotel e casino em Hoi An, no Vietname, é um trunfo para o Grupo Suncity, caso haja uma corrida para atribuição de uma sétima licença de jogo em Macau. É esta a opinião expressa no último relatório do banco de investimento Union Gaming, publicado ontem.

“No que diz respeito ao concurso público para a atribuição das novas licenças em Macau, o empreendimento da Suncity em Hoi An coloca o grupo numa melhor posição (no caso de um sétima licença ser atribuída)”, é defendido. “Não só porque o grupo Suncity se vai tornar num verdadeiro operador de empreendimentos turísticos com raízes em Macau, mas porque a atribuição de uma licença à Suncity faria com que fossem enviados dólares do mercado VIP para Macau, que poderiam beneficiar a economia local”, é acrescentado.

O relatório foi publicado depois de uma visita ao Vietname de Grant Govertsen, analista em Macau do banco de investimento, onde acompanhou os trabalhos de construção do hotel com casino.

O empreendimento que o Grupo Suncity está a construir no Vietname, em parceria com o grupo de jóias Chow Tai Fok e o fundo de investimento VinaCapital, é composto por sete fases, que serão abertas ao longo de 20 anos. Vai ter um total de 140 mesas de jogo e 1000 slots e máquinas electrónicas de jogo. As previsões apontam para que a primeira fase comece a operar em meados do próximo ano e o investimento será de 650 milhões de dólares americanos, o equivalente a 5,23 mil milhões patacas.

Ameaça a Macau

Se por um lado o relatório realça que a atribuição de uma licença de jogo à Suncity em Macau pode ser benéfica, por outro é avançada a hipótese do sector VIP no território ver as suas receitas afectadas com a abertura do novo casino da empresa, que tem como figura de proa Alvin Chao.

“A realidade é que a Suncity vai estar em posição de desviar um montante real do volume de apostas VIP de Macau para o Vietname a partir do próximo ano. Claro que nem todo o montante [gerado pela promotora] vai ser desviado de Macau (por exemplo, parte virá de outros mercados do Sudoeste Asiático), mas apesar disso, pode ter um impacto no jogo VIP de Macau, a começar em 2019”, é explicado.

De acordo com as contas apresentadas, a quota de mercado no segmento VIP de Macau da Suncity fixa-se nos 50 por cento, o que, segundo a Union Gaming, corresponde a 20 por cento das receitas totais brutas dos casinos de Macau. Neste sentido, a promotora do jogo foi responsável por 53,2 mil milhões de patacas do total de 265,7 mil milhões gerados nos casinos de Macau, durante o ano passado.

Além do casino no Vietname, a Suncity está a abrir mais salas de jogo em casinos no Camboja e Filipinas.

13 Fev 2018

Táxis | DSAT rejeita críticas contra o lançamento de táxis eléctricos

Lam Hin San acredita que existem condições para a implementação de táxis eléctricos em Macau e sublinha que a própria DSAT tem um conjunto desse tipo de veículos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) rejeita as críticas dos taxistas contra os veículos eléctricos e reitera que vai dar uma “passo verde” com as novas licenças. O director da DSAT, Lam Hin San, sublinha também que só devem concorrer ao concurso públicos as empresas que cumprem os requisitos.

“Não percebo as razões que levam algumas vozes no sector argumentarem que não conseguem comprar os veículos eléctricos a tempo. Até a DSAT tem carros eléctricos e o custo por quilómetro é de 40 avos”, disse ontem Lam Hin San, à saída da primeira reunião do ano do Conselho Consultivo do Trânsito.

“Os interessados têm de avaliar muito bem as suas capacidades para concorrer ao concurso público. Os critérios foram definidos com base num estudo feito por uma instituição. Por isso, não vamos definir a marca do veículo que as operadoras devem comprar. Mas no mercado há pelo menos duas marcas de carros eléctricos e há cada vez mais carros eléctricos que cumpre os nossos critérios”, sustentou.

Para Lam Hin San está na altura da DSAT dar um “primeiro passo verde”, mesmo que no início possa haver alguns problemas: “No início não vai ser tudo perfeito, porque também estamos a aprender, mas este passo com medidas mais amigas do ambiente é um bom começo. Sabemos que o público vai apoiar-nos”, defendeu.

Até 8 de Março a DSAT está a aceitar propostas para a concessão de 100 licenças de táxis. Os veículos têm de ser eléctricos.

Mais passageiros

De acordo com os números que emergiram da reunião do Conselho Consultivo de Trânsito, no ano passado os autocarros de Macau transportaram 211 milhões de passageiros. O valor é um novo recorde.

“Em 2017 registámos 211 milhões de passageiros. É um novo recorde. O dia com mais passageiros atingiu a marca de 680 mil pessoas por dia e a média diária rondou os 400 mil passageiros”, começou por dizer Lam Hin San.

“Mas em Janeiro deste ano houve um novo aumento de 7 por cento nos passageiros, face ao ano passado”, acrescentou.

Apesar deste aumento, o director da DSAT não está à espera de um aumento significativo do número de carros a circular em Macau. Segundo o responsável, a aposta passa por aproveitar melhor os recursos existentes.

“Neste momento temos cerca de 900 autocarros em Macau. Em comparação com o ano de 2016 trata-se de um aumento de 4 por cento. Foi um número que cresceu na mesma proporção do número de passageiros, que também foi de 4 por cento. Acredito que temos uma abordagem equilibrada”, explicou.

“O nosso objectivo é aproveitar os autocarros da melhor forma. Principalmente através da carreiras rápidas, que têm mostrado ser muito eficazes”, frisou.

Em relação à possibilidade do aumento do preço dos bilhetes de autocarros entrar em vigor durante este ano, Lam Hin San não limitou-se a dizer que não há nada de novo para acrescentar.

A mesma postura foi adoptada perante as perguntas sobre o reconhecimento mútuo das cartas de condução com o Interior da China. Contudo, sobre este ponto, o director sublinhou que a medida é para beneficiar os residentes de Macau que visita em têm casas no Continente.

 

Empresas com multas mais caras

O Governo está a equacionar aumentar as multas para as exploradoras dos parques de estacionamento que não cumprem as suas obrigações. A revelação foi feita por Lam Hin San, ontem. “Em 2017 aumentámos as inspecções junto dos parques de estacionamento. As fiscalizações passaram a acontecer com intervalos de quatro a cinco dias. Quando foram verificadas irregularidades, as companhias de gestão foram sancionadas”, informou. “Mas vamos ponderar aumentar as multas, porque temos ouvido vozes na sociedade a dizer que os valores são baixos”, justificou.

13 Fev 2018

Estudo | Violência juvenil influenciada por conflitos familiares e seitas

Um estudo da Universidade Cidade de Hong Kong revela que os conflitos familiares têm um grande impacto nos comportamentos violentos dos jovens infractores, seguindo-se a influência das tríades. No que diz respeito aos estudantes, a baixa auto-estima e a obrigatoriedade de ter um bom desempenho escolar pode levar à violência

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] mudança do tecido económico registada em Macau a seguir à liberalização do jogo mudou a estrutura social de muitas famílias, algo que teve um impacto nos jovens. Esta é uma das conclusões do estudo “Uma previsão dos efeitos dos factores pessoais e de contexto na violência: Uma comparação entre estudantes e jovens infractores em Macau”, desenvolvido por T. Wing Lo e Christopher H.K. Cheng, académicos do departamento de ciências sociais aplicadas da Universidade Cidade de Hong Kong.

O estudo, realizado com base em inquéritos anónimos feitos a 3085 jovens com idades entre os 12 e os 20 anos, revela que, no que diz respeito aos jovens infractores, os conflitos familiares, causados pela existência de uma elevada pressão económica e menos tempo entre pais e filhos, levaram aos comportamentos violentos dos jovens infractores. Em segundo lugar surge a influência das seitas.

“Os jovens infractores revelam mais sinais de violência do que os estudantes”, é referido. Neste grupo “os conflitos familiares revelaram ter um efeito mais directo [ao nível dos comportamentos violentos], seguindo-se a susceptibilidade a uma influência negativa ou influência das tríades. Enquanto isso, a ligação ou o compromisso para com a escola tiveram algum efeito directo, ainda que ténue”.

As conclusões revelam, portanto, que “a influência das tríades foram o segundo indicador mais forte em termos de violência”.

“Para os jovens infractores, a baixa auto-estima não tem um efeito significativo em termos de violência, nem efeitos directos ou indirectos. Isso significa que para eles a sua auto-estima não é preditivo de violência. Os conflitos familiares têm o maior efeito directo, seguindo-se a ‘susceptibilidade a uma influência negativa’, e a influência das tríades, enquanto que o compromisso e a ligação com a escola registou um efeito significativo, ainda que leve.”

Naquele que é apontado como o primeiro estudo sobre a violência juvenil em Macau, os académicos analisaram factores pessoais e do contexto em que se inserem os jovens para medirem aquilo que pode desencadear comportamentos violentos.

No que diz respeito aos factores pessoais, uma baixa auto-estima e a elevada eficiência escolar nos estudantes estavam associados a comportamentos mais violentos. Contudo, estes factores mostraram não ter qualquer influência nos jovens infractores.”

Em relação ao contexto, “os conflitos familiares revelaram ser um forte indicador de violência, enquanto que o compromisso ou ligação à escola foram o factor mais fraco para ambos [estudantes e infractores]”.

Em declarações ao HM, Paul Pun, secretário-geral da Caritas e director da Escola São João de Brito, considerou que a influência das seitas junto dos jovens nos dias de hoje é cada vez mais ténue em comparação ao que se verificou nos anos 90. “No passado era um problema [a influência das tríades], e hoje em dia ainda se verifica um pouco. Antes era comum haver essa influência das tríades que diziam aos jovens o que fazer, mas agora essa influência já não se verifica com a mesma frequência. Essa situação melhorou.”

Paul Pun recorda os dias de maior violência nas ruas de Macau, em que era comum não só o recrutamento de jovens nas escolas como a influência de seitas em comportamentos violentos ocorridos em ambiente escolar. “Essa situação está melhor”, acrescentou o secretário-geral da Caritas, que chegou a trabalhar como assistente social. “A sociedade de Macau está numa boa fase e as próprias tríades não sentem a necessidade de ir às escolas atrair jovens para fazerem parte dos seus grupos. Não digo que não continue a haver o recrutamento de jovens, mas a situação melhorou. Se os jovens têm algum tipo de problema podem falar com os pais, não têm de encontrar as suas próprias formas de atacar outros estudantes.”

Evolução de comportamentos

T. Wing Lo e Christopher H. K. Cheng realizaram os inquéritos em 2012 em várias escolas secundárias e lares juvenis do território. A média de idades dos que responderam é de 15 anos, sendo que mais de um terço dos inquiridos completou o ensino secundário. “A maioria”, ou seja, 78 por cento, é natural de Macau, seguindo-se 19 por cento de jovens oriundos do continente.

Questionados sobre os rendimentos familiares, mais de 40 por cento dos jovens não tinham conhecimento dos valores, enquanto que um quarto dos jovens disse ter rendimentos mensais abaixo das 15.000 patacas. Já 18,4 por cento disse que as famílias levam para casa, todos os meses, entre 15.000 a 24.999 patacas.

Os autores do trabalho académico apontam para a existência da influência das seitas no sector do jogo, o que acaba por se reflectir numa ligação, ainda que mais ténue, aos jovens. “Macau passou por um período turbulento em termos de violência no final dos anos 90, devido ao domínio das tríades chinesas nas operações do jogo VIP dos casinos. Apesar de um desenvolvimento da indústria dos casinos, as pesquisas sugere que as seitas mantém esse domínio. Tratam as mesas VIP de jogo como se fossem os seus territórios económicos, tendo surgido diferentes tipos de apostas e o crime emergiu para captar os desejos dos jogadores. Surgiu um híbrido empresarial das tríades que exerce violência ou que tem a reputação de recorrer à violência para controlar determinado território para obter ganhos financeiros.”

O recrutamento dos mais jovens em escolas acontece porque as tríades necessitam de “proteger os seus negócios”. Estabelece-se uma “relação Dai Lo-Lan (de protector e protegido) para reforçar o seu poder em determinado território”. “As pessoas aceitam este comportamento porque entendem que a reputação das tríades em relação à violência constitui uma ameaça. Há a ideia de que as tríades são capazes de exercerem a sua força da maneira que quiserem”, aponta o estudo.

Muitos dos jovens infractores que participaram neste estudo “foram membros de seitas”. “Assim que o jovem passa a fazer parte de uma seita, a violência é recompensada como uma forma de expressão e de comportamento integrado em relação ao grupo. A aceitação do comportamento anti-social dos membros torna-se numa recompensa no seu compromisso para com a violência”, apontam os autores, que falam da existência de um “processo de desenvolvimento” nesse campo. Ou seja, há uma evolução em termos de comportamentos relacionais dos jovens em relação às tríades.

“Numa fase inicial a auto-estima dos estudantes é relativamente baixa e têm um desejo de serem aceite pelos seus pares, e cometer violência é uma das opções. Assim que começam a desenvolver um comportamento violento, a sua auto-eficácia começa a destacar-se e isso facilita a violência, assim que garantem o seu status nos grupos de pares. Alguns podem juntar-se a tríades, cometer crimes ou serem apanhados pela polícia.”

“Numa fase posterior, a violência deixa de ser afectada pela sua baixa auto-concepção, mas pela participação no gang. Assim que passam a pertencer a um gang, essa subcultura torna-se no guia para o comportamento violento. Nessa subcultura, os jovens tornam-se violentos para preencher as normas do gang, ‘olho por olho’ e a irmandade das tríades”, aponta ainda o estudo.

Os autores destacam o trabalho que o Governo tem vindo a fazer nesta matéria, desde que criou, em 2004, o programa de auxílio comunitário destinado a jovens e crianças. Contudo, é sugerido que se faça mais nesta matéria, no sentido de se criarem programas específicos para com casos de baixa auto-estima e problemas com a necessidade de um bom desempenho escolar. É também sugerido que sejam realizados mais estudos académicos sobre este tema.

O outro lado da economia

O trabalho desenvolvido com a chancela da Universidade Cidade de Hong Kong lembra que a mudança brusca que a economia local começou a registar a partir de 2001 teve um forte impacto nas famílias, o que se traduz em menos tempo para os pais estarem com os seus filhos.

“Macau tem hoje um dos Produto Interno Bruto mais elevados do mundo. Isso mudou a vida das pessoas em diversas áreas. Em primeiro lugar, houve uma influência no aumento do custo de vida, sobretudo ao nível das rendas e dos preços das habitações para a sociedade em geral. Em muitas famílias, tanto o pai como a mãe têm de trabalhar a tempo inteiro e têm falta de tempo, energia ou paciência para lidar com os seus filhos. Os conflitos familiares aumentaram como resultado da pressão económica nas famílias.”

Dessa forma, e “devido ao aumento da pressão económica e dos conflitos familiares, a continuação do domínio das tríades e o fenómeno das ‘baixas qualificações, empregos muito bem pagos’ na nova era do jogo, Macau tem vindo a enfrentar o problema da delinquência juvenil semelhante ao que foi vivido em muitas sociedades”.

13 Fev 2018

Trabalho | Queda resulta na morte de residente de 50 anos

O colapso de uma cobertura num segundo andar fez com que um homem de 50 anos tenha caído para a morte, num estaleiro na Avenida Almirante Lacerda, na sexta-feira de manhã. As obras no local foram suspensas

 

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m trabalhador de 50 anos perdeu a vida, na sexta-feira de manhã, depois de ter caído de um segundo andar de um obra, na Avenida Almirante Lacerda. De acordo com as informações prestadas pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), os trabalhos foram imediatamente suspensos e só recomeçam quando forem cumpridas as medidas de segurança exigidas.

Na sexta de manhã, decorriam as obras de demolição no estaleiro em questão, quando o residente de 50 anos estava no segundo andar a fazer trabalhos de inspecção. Terá sido nesta altura que a cobertura em que se encontrava cedeu, fazendo com que caísse do segundo andar.

“De acordo com as investigações preliminares, estavam a decorrer obras de demolição no estaleiro. Suspeita-se que, naquele momento, um trabalhador residente se encontrava a proceder a trabalhos de fiscalização no segundo andar, e quando chegou à cobertura, aquela partiu, tendo provocado a queda do trabalhador”, explicou a DSAL, horas mais tarde, em comunicado.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, quando os bombeiros chegaram ao local, o homem já não apresentava sinais respiratórios nem batimentos cardíacos, sendo declarado morto.

Como consequência do acidente, os trabalhos foram suspensos com efeito imediato no estaleiro. As obras só serão retomadas quando a DSAL considerar que estão reunidas todas as condições de segurança.

“A DSAL já emitiu uma ordem de suspensão ao empreiteiro, estando suspensas todas as obras naquele estaleiro, sendo que os trabalhos só poderão ser retomados quando o empreiteiro concretizar as medidas eficazes de segurança ocupacional e após a aprovação da DSAL”, sublinhou o organismo do Governo, em comunicado.

“Estes Serviços salientam que, durante a execução de trabalhos de demolição em altura, devem ser observados os procedimentos de trabalho correctos”, acrescentou.

14 mortos até Setembro

No comunicado emitido horas após o acidente, a DSAL enviou as condolências “à família da vítima” e prometeu “dar apoio no acompanhamento da matéria referente à indemnização por acidentes de trabalho”.

Por outro lado, o Governo apelou para que as normas de segurança sejam cumpridas, avisando que vai continuar a “reforçar os trabalhos de sensibilização e divulgação sobre a segurança e saúde ocupacional e a execução rigorosa da lei”.

De acordo com os dados mais recentes da DSAL entre Janeiro e Setembro do ano passado houve um total de 14 mortos relacionados com acidentes de trabalho, cujo número total foi de 5 591. Ficaram ainda 11 pessoas incapacitadas de forma permanente. Já o número de acidentes por queda em altura foi de 182.

12 Fev 2018

Jogo | Melco a perder para a concorrência no segmento de massas

A operadora detida por Lawrence Ho, filho de Stanley Ho, quase que duplicou os lucros em 2017, mas luta com o problema de ver os jogadores premium do mercado de massas fugirem para os concorrentes. A esperança está em Morfeu…

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pesar de ter aumento os lucros em 97 por cento, de 175,9 milhões de dólares americanos, em 2016, para 347 milhões, no ano passado, a operadora Melco Entertainment admite que está a enfrentar um problema para manter os jogadores que fazem as apostas mais altas no segmento de massas. O presidente da operadora, Lawrence Ho, justificou com esta situação a decisão de ter substituído, em finais de Janeiro, Gabriel Hunterton por David Sisk, na posição de presidente do casino City of Dreams.

“A nossa conclusão é que a quebra nas receitas do mercado de massas se ficou a dever ao facto de alguns dos nossos jogadores estarem a experimentarem outros casinos. Uma pessoa que ocupa a posição de presidente de casino precisa de tirar os melhor de todos os funcionários. E isso não estava a acontecer”, disse, na sexta-feira, Lawrence Ho, sobre a saída da operadora de Gabriel Hunterton.

A justificação acabou depois por ser ainda mais elaborada pelo novo presidente do City of Dreams, David Sisk: “Precisamos de acabar com a fuga dos nossos jogadores do segmento premium de massas. É óbvio que eles estão a sair para experimentar os outros casinos, seja o Wynn Palace, MGM ou outros, e que nós não fizemos o suficiente para que eles regressassem”, apontou.

“É um problema que está ligado à motivação da nossa equipa de vendas, por isso aquilo que nos temos focado nestas primeiras semanas [após a substituição] é trazer de volta algumas pessoas da antiga chefia desta departamento”, completou.

Apesar do desafio, Lawrence Ho mostrou-se confiante que 2018 vai ser um ano positivo para a indústria do jogo, com um aumento do número de jogadores, motivado pela abertura da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.

Negociações com o Governo

Ao longo deste ano, a operadora vai abrir a quinta torre no casino City of Dreams, que foi desenhada pela arquitecta Zaha Hadid e tem como nome Morpheus. Em conversa com os analistas, Lawrence Ho admitiu ter esperanças que esta torre permita ao casino ganhar uma nova vida e recuperar alguns dos jogadores VIP, que se mudaram para casinos mais modernos.

Por outro lado, os dirigentes da Melco Entertainment reconheceram que estão em negociações com o Governo de Macau para estender o período de aproveitamento do terreno do Studio City. Em causa está a construção da segunda fase do casino, que fica nas traseiras da primeira, junto aos parques de estacionamento.

“Neste momento estamos a trabalhar na segunda fase e em conversações com os respectivos departamentos do Governo, porque antes de começarmos as obras temos de estender o período de aproveitamento do terreno”, explicou Lawrence Ho.

O terreno onde foi construído o Studio City fez parte da lista de terras cujo desenvolvimento se atrasou. Contudo, o Governo admitiu ter tido culpa nos processos, e optou por não recuperar os terrenos.

Em relação à segunda fase do projecto, não foram adiantados muitos detalhes, mas o presidente da operadora sublinhou a necessidade de aumentar o número de quartos do casino.

12 Fev 2018

Liga de Elite | Benfica e Sporting ultrapassam adversários com vitórias gordas

As águias são cada vez mais líderes, após terem goleado o recém-promovido Hang Sai por 5-1 e o Chao Pak Kei ter empatado com o Ching Fung. Nos leões os três reforços nigerianos estrearam-se com golos na vitória diante da Polícia por 5-0

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Benfica de Macau somou ontem a quarta vitória em quatro jogos, após ter goleado por 5-1 o Hang Sai, e deixou o Chao Pak Kei mais longe, que se deixou empatar aos 90 minutos diante do Ching Fung 1-1. Num encontro entre duas equipas com dimensões muito diferentes, o Hang Sai mostrou-se uma formação muito esforçada e lutadora, no entanto, não chegou para evitar a goleada.

As coisas não começaram propriamente bem para o encarnados, que aos 19 minutos viram Lei Kam Hong lesionar-se num lance com o guarda-redes adversário. Por essa razão, Bernardo Tavares foi obrigado a utilizar a primeira substituição, com a entrada de Nicholas Torrão.

Apesar da contrariedade, o Benfica conseguiu chegar ao golo cinco minutos depois, com um lance de bola parada a revelar-se decisivo. Após um canto marcado na direita do ataque das águias, Gilchrist surgiu ao segundo poste sozinho, sem qualquer pressão, e desviou para o 1-0.

Apesar da entrada forçada, a aposta em Torrão mostrou-se acertada e aos 38 minutos o atacante apontou o 2-0. O lance nasceu da insistência da frente benfiquista, que soube pressionar o adversário e causar o erro que isolou Torrão. Na frente do guarda-redes o internacional por Macau fez o chapéu para o golo.

A segunda parte começou como terminou a primeira, com a pressão alta do Benfica a não dar grandes oportunidades ao Hang Sai, principalmente na altura da equipa recém-promovida sair para o ataque.

A estratégia voltou a pagar dividendos e Reis fez o marcador para 3-0, aos 50 minutos. Menos de um minuto depois, Tony Lopes fez o resultado subir para 3-0 e 4-0, aos 51 e 64 minutos.

Ainda antes do fim, aos 80 minutos, Samuel Ramosoeu apontou o tento de honra do Hang Sai, após uma perda de bola do Benfica em zona proibida.

Reforços fizeram a diferença

Chegados a Macau no fim-de-semana passado, os três reforços nigerianos do Sporting destruíram por completo a defesa da Polícia, na vitória leonina por 5-0. Na partida de ontem, o central Chidi Bright, que jogou durante a primeira parte no meio-campo, precisou apenas de dois minutos para se estrear a marcar. Após um pontapé de canto a favor do Sporting, o defesa aproveitou os ressaltos e emendou para o 1-0, à frente do guarda-redes.

Foi só depois do intervalo que a vantagem disparou para os 5-0, ao mesmo tempo que a defensiva da Polícia se mostrava incapaz de parar os atletas nigerianos.

Indicava o relógio do Estádio da Taipa 47 minutos, quando Malachy Elu, também ele reforço, apontou o 2-0. Em resposta a um ataque dos agentes da PSP, Prince Aggreh arrancou na direita da defesa leonina e foi ganhando metros até chegar à área contrária, deixando a defensa para trás. Já na área tirou outro defesa da frente e assistiu Elu, que só teve de encostar para os 2-0.

Aos 60 minutos, novo golo na sequência de canto. Após o cruzamento a bola sofre dois desvios de cabeça de atletas leoninos, até que surge Prince Aggreh Prince a emendar para o 3-0.

A diferença entre os reforços do Sporting e os restantes atletas ficou novamente patente aos 86 minutos. Após uma falta à entrada da área da Polícia, Aggreh arranca para cima da defensiva contrária, passa três adversários em velocidade e cruza para a área. O cruzamento acaba nos pés do defesa da Polícia, que quando tentava aliviar rematou contra Cissé, que fez desta forma o 4-0.

O último golo ficou a cargo de Elu, após mais uma excelente arrancada e uma combinação com Aggreh, que deixou os agentes da PSP completamente perdidos.

Nos restantes jogos o Ka I bateu o Monte Carlo por 2-0 e o Lai Chi perdeu por 3-0 com a Alfândega.

12 Fev 2018

Nuance U, Gestora de Marketing | Fascínio comunicativo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] gosto pela comunicação e o fascínio pelo desafio de encontrar a melhor estratégia para transmitir os valores de uma marca além das palavras, fazem de Nuance U uma apaixonada pela área do marketing. É por essa razão que a residente se dedica a esta área e à comunicação, desempenhando as funções de gerente de marca.

“É um campo muito interessante e que me fascina muito porque exige uma grande capacidade de planeamento e aptidão para adoptar as estratégias correctas. Este desafio de fazer as escolhas certas para ajudar a construir uma marca e transmitir os valores que pretendemos é mesmo muito fascinante. Foi por isso que decidi licenciar-me em marketing em comunicação”, contou Nuance U, ao HM.

Depois de completar o ensino secundário no território, Nuance licenciou-se em marketing, na Universidade de Macquarie. No entanto, o gosto pela escrita, outra das suas paixões, fez com que frequentasse o King’s College, em Londres, onde estudou a escrita jornalística.

Esta experiência na capital inglesa acabou por ser muito marcante para a residente de 30 anos, que se apaixonar pelo Reino Unido. Ainda hoje não tem dúvidas em apontar o Reino de Sua Majestade como o seu destino turístico preferido.

“Senti uma grande diferença em relação a Macau. É um local que tem uma cultura muito diferente em áreas que também aprecio, como a arquitectura e a arte. Foi um local muito interessante para estudar e viver porque tive acesso a experiências que em Macau não teria”, explica.

Sobre Londres, a gestora de marca destaca a gentileza dos britânicos no dia-a-dia: “As maneiras muito bem-educadas que as pessoas têm na sua rotina foi algo que me marcou. São aspectos culturais muito interessantes e diferentes que também me fizeram gostar de lá ter estudado e que me deixam sempre vontade de voltar”, sublinhou.

Em termos de viagens, a gerente de marcas confessa ainda o sonho de visitar os Estados Unidos de América: “Quando escolho os locais que visito tenho o cuidado de optar por destinos com um contexto históricos e com uma arquitectura que acho que me vai impressionar. Por isso, neste momento, quero muito ir aos Estados Unidos”, admitiu. “Tenho muita curiosidade em passear por Nova Iorque e viver o ambiente cosmopolita de Manhattan”, frisou.

Viciada em livros e informação

Além de viajar, nos tempos livres Nuance gosta de frequentar os cafés locais, onde não dispensa a companhia de um livro ou dos portais de informação anglo-saxónicos: “Se tenho mais tempo livre, gosto muito de ir para os cafés ler. E felizmente Macau tem muitos espaços interessantes que permitem ler com tranquilidade”, afirmou.

“Também passo muito tempo a ler informação. Gosto de aceder com frequências aos portais da imprensa estrangeira, como da BBC, do jornal New York Times ou mesmo da CBN”, apontou.

A gerente de marca também não dispensa a visita aos grandes casinos do território, onde gosta de relaxar nos Spas e, por vezes, fazer compras. O piano, que aprendeu a tocar desde pequena, é também uma companhia para os momentos mais relaxantes.

“Uma das coisas que gosto muito de fazer em Macau é ir aos Spas. Temos a sorte de ter no território as grandes cadeiras de hotéis que trazem Spas com grande qualidade. É muito importante para relaxar bem os músculos”, explicou.

Sobre Macau há dois aspectos que apaixonam Nuance: a convivência entre as culturas oriental e ocidente e o ambiente de Hac Sá: “Tenho memórias muito boas da Praia da Hac Sá. Gosto muito da venda dos churrascos na rua. Também tem os restaurantes portugueses onde a comida é deliciosa. Por outro lado, não posso deixar de mencionar que é o local onde o ar é mais puro”, sublinhou.

9 Fev 2018

Esqui | Atleta nascido no território defende cores Portugal na Coreia do Sul

As Olimpíadas de Pyongchang arrancam hoje e o porta-estandarte português nasceu em Macau, tem o apelido Lam e fala fluentemente cantonense. Após ter saído do território com três meses, o atleta nunca mais regressou, mas admite o desejo de voltar para visitar a cidade

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Jogos Olímpicos de Inverno começam hoje em PyeongChang e entre os competidores vai estar Kequyen Lam, esquiador nascido em Macau, de 38 anos, que representa as cores de Portugal. Filho de pais chineses que viviam no Vietname, Lam nasceu após pais terem procurado refúgio em Macau, como consequência da Guerra Sino-Vietnamita. Desde então não regressou, mas fala cantonense e não esquece o território onde nasceu, apesar da passagem só ter durado três meses.

“Os meus pais viveram em Macau durante um ano, no campo de refugiados. Depois de eu ter nascido ainda ficaram aí durante três meses, até terem conseguido emigrar para Abbotsford, no Canadá”, contou Kequyen Lam, em entrevista ao HM.

“Como só estive três meses em Macau e era bebé não tenho memórias. Também não voltei a Macau desde que nasci, mas espero ter a oportunidade de visitar o território brevemente”, explicou.

Mesmo não guardando memórias físicas, o facto do território e das pessoas terem acolhido a sua família não foi esquecido pelo esquiador, como atesta o livro electrónico que lançou em inglês e está à venda na Internet com o título: “Na mente de um atleta olímpico”.

“Com braços abertos, Macau, as pessoas de Macau, os portugueses e muitas pessoas envolvidas nos movimentos de ajuda internacional receberem aos meus pais. Ofereceram-lhes abriga e ajudaram-nos a recuperar a sua saúde no campo de refugiados”, recorda no livro. “Foi desta forma que os meus pais sobrevieram durante um ano. E durante esse ano, nasci, nasci numa colónia Portuguesa”, acrescenta.

Apesar de a língua com que está mais à vontade ser o inglês, Kequyen, que só conseguiu a nacionalidade em 2006, consegue falar fluentemente cantonense e um bocado de português, embora de uma forma limitada.

Estreia em Jogo Olímpicos

Orgulhoso por representar as cores de Portugal, apesar de viver no Canadá, Kequyen vai realiza a estreia nos Jogos Olímpicos. A oportunidade chegou depois do atleta profissional ter tomada uma decisão radical e mudado de modalidade, há cerca de dois anos e meio, após uma lesão que o impossibilitou de tentar apurar-se para as Olimpíadas de de Sochi, em 2014.

Até essa altura, o atleta competia na modalidade Snowboard Cross, em que quatro atletas deslizam em pranchas individuais ao longo de uma descida para ver quem é o primeiro a cortar a meta. A lesão fê-lo apostar em algo completamente diferente: “Depois da lesão, tirei algum tempo para me afastar do desporto, mas a chama ainda estava acesa. Eu sentia o desejo de ser atleta e de competir. Por isso, há dois anos e meio tive a ideia de me desafiar, defini novos objectivos: qualificar-me para os Jogos Olímpicos de 2018 na modalidade de Cross Country”, contou.

“Foi uma ideia maluca porque sempre fui um atleta de provas de pouca duração, as minhas corridas duravam um minuto e meio. Fazer uma adaptação tão grande para provas com uma duração com mais de 30 minutos parecia-me uma coisa quase impossível. Mas consegui e estou muito entusiasmado”, frisou.

Sobre a participação em PyeongChang, Kequyen está à espera de uma prova tranquila que inspire Portugal a apostar mais nos desportos de inverno. O atleta já está na Coreia do Sul e entra em acção a 16 de Fevereiro, às 16h00, hora de Macau na prova de Cross Country 15 km livres.

9 Fev 2018

Habitação | Apesar de chumbo dos deputados, Governo compromete-se a arrefecer mercado

Apesar de Lionel Leong não ter conseguido convencer a Assembleia Legislativa a aprovar a lei para o pagamento de imposto de selo extra na compra de segunda e terceira habitação entre casais, as Finanças prometem trabalhar para fazer cumprir o diploma

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção de Serviços de Finanças garante que vai fazer tudo para garantir que a medida do imposto de selo especial para quem a compra da segunda e terceira casas em Macau tenha o efeito pretendido de diminuir a procura e arrefecer o mercado de habitação. A promessa foi deixada pelo director dos serviços Iong Kong Leong, após a Assembleia Legislativa ter chumbada parte da proposta apresentada pelo secretário Lionel Leong.

Segundo a intenção original do Governo recusada pelos deputados, as pessoas casadas tinham de pagar um imposto extra de selo na compra da segunda casa ou terceira casa, independentemente da titularidade da primeira habitação poder estar apenas em nome de um dos membros do casal. Os deputados consideraram a proposta injusta e demonstraram receio que fosse um incentivo para que as pessoas não se casassem.

“Respeitamos todas as opiniões partilhadas na Assembleia Legislativa. Vamos ter de actuar de acordo com a legislação aprovada para impedir que as pessoas evitem o imposto. Vamos actuar dentro da forma como a lei foi aprovada e fazer o nosso trabalho e esforços para lidar com a situação”, afirmou Iong Kong Leong, em conferência de imprensa.

A proposta do Governo tinha o objectivo de evitar que os membros do casal fugissem ao pagamento do imposto de selo extra, ao escolherem o regime de separação de bens e colocarem todos os bens em nome de um único membro. Assim, se a compra for feita pelo membro sem habitação em seu nome, não há pagamento de um acréscimo de cinco por cento sobre o valor do imóvel no caso da segunda casa, nem de dez por cento nas restantes.

Ontem, Iong Kong Leong admitiu que as pessoas possam sair beneficiadas se optarem por transmitir os imóveis para a habitação, mas recordou que se a transmissão acontecer antes de passarem três anos, após a compra da casa, que estão sujeitas a um imposto de selo.

Medidas diferentes

Além do imposto, o Governo anunciou um esquema para facilitar o acesso por parte dos jovens com idades entre os 21 e os 44 anos aos crédito para a compra da primeira casa. A medida só está disponível para casas com valor até aos 8 mil milhões, com a taxa de cobertura do empréstimo a variar entre os 80 e 90 por cento.

A medida foi questionada pelo facto de por um lado se pretender limitar o acesso ao mercado com um novo imposto, mas por outro de facilitar o crédito. No entanto, os representantes defenderam que se tratam de coisas diferentes: “São medidas diferentes, mas faz sentido falar em contraditórias”, justificou Lau Hang Kun, representante da Autoridade Monetária de Macau (AMCM).

Esta medida foi também explicada com o facto de haver pessoas que têm capacidade para pagar as prestações mensais, mas que não conseguem juntar o suficiente para cobrir a entrada do empréstimo.

No entanto, Lau Hang Kun sublinhou que se exige cautelas aos jovens e bancos, para que não se endividem acima das suas capacidades.

9 Fev 2018

Liga de Elite | Reforços leoninos já treinam com a equipa

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]rince Aggreh, Malachy Elu e Chidi Bright são os nomes dos três reforços que o agente de futebol Graham Heydorn colocou no Sporting de Macau para esta época. Os atletas, de origem nigeriana, estão a treinar sob a orientação de Nuno Capela desde o início da semana e assistiram, logo no Domingo passado, à vitória do Benfica diante do Chao Pak Kei por 4-1.

“O meu objectivo é fazer uma boa época pelo Sporting de Macau e acredito que o clube tem condições para isso. Estou a ter uma boa impressão do clube e posso dizer que fui muito bem recebido e orientado nos primeiros dias”, disse Aggreh, ontem, ao HM.

O jogador é ponta-de-lança, tem 21 anos e conta com seis internacionalizações e três golos pela selecção da Nigéria. No Sporting tem pela frente a primeira experiência a jogar no estrangeiro e espera poder dar o salto para outros voos com esta oportunidade.

“Até agora joguei sempre na Nigéria, mas acredito que tomei a decisão certa ao vir jogar para o Sporting de Macau, onde posso criar outras oportunidades. Espero poder ajudar o clube nos seus objectivos”, apontou.

“Com esta aposta em Macau quero poder conseguir dar um primeiro passo para depois poder actuar em outras ligas asiáticas mais competitivas”, revelou.

Aggreh não é o único reforço para o ataque e vem acompanhado por Malachy Elu, atleta de 22 anos, que também está a fazer a estreia fora de portas.

“Estou a sentir-me muito bem. Esta mudança está a correr bem até agora e acredito que é o clube certo. O primeiro jogo a que assistimos já deu para ver algum do nível local e vou tentar ajudar o clube”, apontou Elu.

Defesa com passagem por Angola

Entre os jogadores que agora chegam ao Sporting de Macau o mais experiente é Chidi Bright, de 25 anos. O atleta actuou na época passada no Santa Rita de Cássia de Angola e muda-se para Macau, onde também espera criar oportunidades para outros mercados. Antes, actuou na Nigéria e na Jordânia.

“Em Angola aprendi algum português muito básico, só algumas palavras. Mas acredito que me está a facilitar a nível da adaptação à realidade de Macau. Sinto-me bem por poder conviver novamente com pessoas que falam português”, afirmou.

No Sporting de Macau Chidi Bright vai reforçar a defesa, actuando no centro do terreno. Os atletas já estão disponíveis para jogar no próximo encontro, no Domingo, diante da Polícia.

Os leões ocupam actualmente o 6.º lugar da Liga de Elite com quatro pontos, em nove possíveis.

8 Fev 2018

Instituto Cultural | Mok Ian Ian define protecção do património como prioridade

Mok Ian Ian recusa entrar em conflito com os interesses do imobiliário mas promete assegurar a protecção do património através do diálogo. A quarta presidente do IC em menos de um ano, admite também que está num cargo com muito stress e pressão

 

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma presidente à espera de muito stress e muita pressão, uma área com um grande escrutínio. Foi desta forma que a nova presidente do Instituto Cultural, Mok Ian Ian, comentou a posição que assumiu ontem de forma oficial, no Centro Cultura de Macau.

“Tenho uma grande experiência de muitos anos na função pública e sei que tenho de enfrentar muito stress e pressão, não só dentro dos serviços, mas também por da sociedade”, afirmou Mok Ian Ian, sobre o facto de ser a quarta pessoa a assumir o cargo, menos de um ano. “No Instituto Cultural temos uma grande tarefa pela frente”, reconheceu.

Em relação às prioridades para o ano que agora começa, a nova presidente do IC apontou a situação dos Estaleiros Navais de Lai Chi Vun e a questão do Centro Histórico da Cidade.

“Nesta momento os trabalhos mais importantes passam pela consulta sobre os Estaleiros Navais de Lai Chi Vun e pelo Centro Histórico de Macau. O IC trabalha sobretudo a para protecção do Património Cultural”, frisou.

Em relação aos confrontos entre os interesses do sector imobiliário e a protecção do património histórico, Mok recusa entrar em confronto directo: “Não sou uma pessoa que vá entrar em conflitos directamente. Vou apostar na comunicação para perceber as ideias das diferentes partes. Através do diálogo acho que em conjunto com a minha equipa podemos conseguir resultados interessantes”, sublinha

Porém este não é o único objectivo e 2018 pode trazer uma maior aproximação aos Países de Língua Portuguesa: “Um dos trabalhos mais importantes para este ano é a criação do Centro de Intercâmbio Cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Temos de organizar actividades artísticas, espectáculos e exposições”, indicou.

Bem preparada

Formada em jornalismo e com mestrado e doutoramento em Ciências do Teatro, Mok Ian Ian conta no currículo com passagens pelo Instituto Cultural e Gabinete de Comunicação Social. Entre 2015 e 2017 integrou também o Conselho de Administração do Fundo das Indústrias Culturais, por nomeação do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam.

A presidência do IC chega num momento muito conturbado para o próprio organismo. Devido ao escândalo da utilização de contratos de prestação de serviços, Guilherme Ung Vai Meng teve de abandonar a presidência do Instituto Cultural, em Fevereiro de 2017. O mesmo caso acabaria por afectar o sucessor Leung Hio Ming, que deixou o organismo em Dezembro. Também a substituta de Leung, Cecilia Tse, foi forçada a deixar o posto por motivos de saúde, menos de um mês após ter tomado posse.

No entanto, Mok Ian Ian expressou acreditar ter as condições para alcançar o sucesso no cargo, apostando no apoio da equipa e na sua dedicação. Ao mesmo tempo, comprometeu-se a seguir as políticas definidas pelo Governo durante as Linhas de Acção Governativa.

 

 

Alexis Tam confessa grande expectativa

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura revelou ter uma grande expectativa face ao trabalho da nova presidente do Instituto Cultural, apesar de admitir que o desafio não é fácil. “A pressão não é pouca, mas posso dizer que a nova presidente tem as capacidades necessárias para exercer o cargo. Temos uma grande expectativa face ao seu trabalho e todos os resultados do anterior trabalho dela na área da cultura tiveram resultados muito positivos”, afirmou Alexis Tam, durante a tomada de posse. Por outro lado, o secretário definiu como prioridade a defesa do património e disponibilização de espaços e oportunidades para os artistas locais: “Vamos continuar a prestar apoio aos artistas locais, com lugares onde possam desenvolver o seu talento e mostrar os seus trabalhos”, sublinhou Alexis Tam.

8 Fev 2018

Habitação | Governo aprovou lei para lançar imposto especial de selo, mas sofre derrota

Lionel Leong pretendia evitar a especulação com a limitação do acesso dos casais à segunda casa, mas viu os deputados chumbarem esta parte da proposta. Antes da votação deste ponto, o secretário tinha admitido que chumbo colocava em causa a eficácia das medidas

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Assembleia Legislativa aprovou ontem, na especialidade, o pagamento de um imposto de selo especial para a compra da segunda e posteriores habitações. O Governo pretendia que nos casos em que um dos membros é o único detentor de uma casa, que a propriedade fosse extensível ao outro cônjuge apenas para efeitos do pagamento deste imposto. Contudo este ponto acabou mesmo por ser chumbado em grande parte devido aos votos dos deputados eleitos pela via directa. Nem os avisos do secretário da Economia e Finanças, Lionel Leong, para o facto do chumbo colocar em causa o funcionamento da nova lei e abrir a porta para a especulação fez os membros da AL mudar de opinião.

Para evitar a fuga ao novo imposto, o Governo pretendia que independentemente do regime de partilha de bens e de apenas um dos membros do casal ter em seu nome uma habitação, que qualquer outra casa adquirida por esse casal teria de pagar o novo imposto, mesmo que fosse em nome do cônjuge sem qualquer habitação. Com o chumbo, o Governo admite que os casais podem passar os bens todos para o nome de um dos cônjuges, enquanto o outro compra a segunda e terceira casa do casal, sem ter de pagar os impostos aprovados ontem. Através da transmissão da posse dos bens, o processo pode ser repetido várias vezes.

“Queremos evitar situações de fuga aos impostos, mas não queremos alterar em nada o regime de bens do casamento. A lei só produz efeitos para este imposto”, justificou Lionel Leong, sobre a proposta.

“Pretendemos reduzir a vontade da população em adquirir mais de um imóvel para evitar a especulação. O casamento é para constituir uma família e os cônjuges devem viver num imóvel”, defendeu o director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong.

“Sobre o regime da separação de bens, um casal pode aproveitar todas as lacunas para não pagar impostos. Isso só iria prejudicar a proposta de lei e evitava os objectivos pretendidos. Já estamos a prever que muitos casos não sejam declarados”, acrescentou, ainda antes do chumbo ser conhecido.

Casamentos em causa

Entre os argumentos contra a proposta, os deputados apontaram as situações em que há pequenos proprietários que querem comprar casas para os filhos, ou os casos em que um membro do casal é prejudicado por estar casado com uma pessoa que já tem uma habitação em seu nome, mesmo que vivessem em regime de separação de bens.

Também houve deputados a defender que este ponto da lei iria afectar a estabilidade das famílias em Macau e que poderia levar a uma redução do número de casamentos. Mak Soi Kun e Song Pek Kei foram os deputados que justificaram o chumbo com este argumento.

“Devido a esta proposta de lei, consigo ver muitos casais a terem dúvidas sobre o matrimónio. As leis não devem incentivar as pessoas a não pagarem impostos, mas também não devem fazer com que não se casem ou mesmo que se divorciem”, justificou a deputada ligada à comunidade de Fujian.

Porém Ip Sio Kai recusou a ideia de que o casamento possa ser posto em causa devido a benefícios fiscais: “O casamento é sagrado. É muito complicado fugir ao fisco. Se acham que as pessoas vão tentar evitar o casamento para fugirem ao fisco, isso não corresponde aos nossos valores. Não é uma situação comum em Macau”, afirmou Ip Sio Kai.

No final, esta parte da lei acabou mesmo por ser chumbada com os votos contra de: Kou Hoi In, Chan Hong, Ng Kuok Cheong, Au Kam San, Si Ka Lon, Wong Kit Cheng, Song Pek Kei e de Ip Sio Kai. Abstiveram-se Vong Hin Fai, Leong On Kei, Mak Soi Kun, Ho Ion Sang, Zheng Anting, Lei Cheng I, Lei Chan U, Lam Lon Wai e Leong Sun Iok. A favor votaram José Pereira Coutinho, Agnes Lam e os deputados nomeados pelo Chefe do Executivo.

De acordo com a lei aprovada ontem, na especialidade, e que entra em vigor hoje, uma pessoa que compre a segunda habitação em Macau fica sujeita a um imposto de selo extra no valor de 5 por cento. Se a casa for a terceira ou posteriores, o imposto sobe para 10 por cento.

 

 

Forças de Segurança pode recrutar chefias nos Serviços de Alfândega

Também ontem os deputados aprovaram, por unanimidade, a proposta que vai permitir às Forças de Segurança de Macau e à Escola Superior da Forças de Segurança de Macau recrutarem dos Serviços de Alfândega pessoas para os cargos de direcção. O diploma não gerou qualquer tipo de debate entre os deputados e foi votado em menos de cinco minutos. Os Serviços de Alfândega tinham sido separados das Forças de Segurança em 2001, após a transição, mas voltam com esta alteração voltam aproximar-se.

8 Fev 2018

Trânsito | Ho Ion Sang arrasa comportamento de condutores e peões

 

O legislador eleito pelos kaifong defende que os acidentes e comportamentos nas estradas reflectem o civismo da população e apela para que o Governo aumente a consciencialização sobre a segurança nas estradas

Os conflitos entre condutores e peões nas estradas, assim como os vários acidentes de trânsito, entre eles os casos de atropelamentos de pessoas nas passadeiras, em Janeiro, levaram Ho Ian Sang a dizer que a situação reflecte o civismo da população de Macau. Apesar de admitir que houve uma redução no número de acidentes, o deputado dos Kaifong pediu ontem, na Assembleia Legislativa, ao Governo que actue uma vez que “os conflitos entre veículos e peões são cada vez mais graves”.
“Nos últimos anos, o trânsito de Macau ficou cada vez mais intenso, há sempre engarrafamentos e os conflitos entre veículos e pões são cada vez mais graves, a que se acresce o incumprimento das regras de trânsito por parte de veículos e peões, assim, a situação da segurança rodoviária de Macau é vista com pessimismos”, afirmou Ho Ion Sang, deputado.
“O civismo no trânsito e nas deslocações reflecte a qualidade dos residentes, o nível de gestão global do Governo e o grau de civismo da cidade. O aumento da consciencialização sobre a segurança do trânsito exige a participação conjunta do Governo e da sociedade”, considerou.
Como exemplo da falta de civismo, o deputado mencionou os “condutores [nas passadeiras] que disputam sempre o caminho com os peões para poderem passar rapidamente e reduzir o tempo de espera” e os pões que “também não ligam aos semáforos nem aos veículos”.
Por outro lado, o legislador acusou o Governo de ter um planeamento das vias rodoviárias insuficiente.

Pedidos mais estacionamentos

Ainda em relação ao trânsito, o assunto dos parques de estacionamento foi abordado por Leong Sun Iok. Segundo os rácios apresentados pelo legislador, por cada carro existe 1,10 estacionamentos. O caso é mais grave no caso das motos, em que há quase o dobro destes veículos face ao lugares de estacionamento, sendo o rácio de 1 moto para 0,56 lugares.
Face ao problema, Leong Sun Iok defendeu a ideia de construir parques de estacionamento tridimensionais em Macau, ou seja aqueles com elevador para arrumar os carros nos diferentes lugares, assim como o aumento de lugares temporários para o período da noite.
“O Governo deve proporcionar mais lugares de estacionamento temporário e, durante o período nocturno, aumentar o espaço de estacionamento nas vias públicas”, sugeriu.
O legislador da FAOM defendeu igualmente a necessidade dos patrões fornecerem locais de estacionamento para os empregados no local de trabalho.

7 Fev 2018