RUC | Trinta anos de rádio celebrados na RAEM

A Rádio Universidade de Coimbra (RUC) celebra 30 anos e, em Macau, um grupo de ex-DJs da estação prepara-se para assinalar a ocasião com uma festa onde vamos ouvir, garantem, “coisas que só se ouvem na RUC”. Uma sessão eclética, alternativa e independente é a promessa para o evento, que acontece na Live Music Association (LMA), no próximo dia 27.
Corria o período que ficaria para a história como o das “Rádio Piratas” quando surgiu a RUC. Uma estação intimamente ligada com o movimento estudantil de Coimbra, alternativa e por onde passaram muitos profissionais actuais dos média portugueses.
“A única rádio local de Coimbra, a única rádio-escola da Península Ibérica e uma das últimas rádios verdadeiramente livres” – assim se define a RUC no seu site, ao introduzir as comemorações do aniversário.
Celebrar os 30 anos vai merecer a realização de uma série de actividades durante o ano, que vão de concertos a emissões especiais, passando pela edição de livros. O lema? “Há 30 anos em todo o lado” – um slogan que surge do facto da RUC, adianta o site, “ter sócios pelo mundo fora, através dos mais diversos e abrangentes cargos, muitos dele de responsabilidade.”
Alguns desses sócios estão em Macau e é por isso que o aniversário da estação também aqui será lembrado mais uma vez. Os suspeitos por detrás do desafio chamam-se José Carlos Matias (jornalista da TDM) e Rui Farinha Simões (advogado) ambos ex-DJs da RUC.
Na primeira mensagem ao “auditório macaense”, via Facebook, a organização afirma que “há coisas que só se ouvem na RUC e que se vão voltar a ouvir em Macau” garantindo ainda que “um contingente de DJs RUC (Macau-based) vai partir a loiça.”
Portanto são de esperar sons que irão dos Pixies ao Kid Loco, passando por rock independente e “quiçá alguma música étnica”, confessa ao HM José Carlos Matias.

17 Fev 2016

Cinema | Macau recebe Festival Internacional com Marco Mueller e Elvis Mitchell

Pode custar cerca de 80 milhões de patacas e pretende levar Macau para o grupo dos grandes festivais de cinema. Deverá acontecer em Dezembro deste ano entre o Centro de Ciência e o Galaxy. À frente, dois nomes de peso – Marco Mueller e Elvis Mitchell – e um programa que prevê 45 filmes, galas, prémios e muitas estrelas internacionais

[dropcap]M[/dropcap]acau vai albergar de 8 a 14 de Dezembro o seu “primeiro” Festival Internacional de Cinema, já baptizado como International Film Festival Macao (IFFM). A notícia é avançada por vários meios internacionais especializados e foi confirmada ao HM pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), ainda que não tenha havido qualquer anúncio oficial.

Com um orçamento estimado em cerca de 80 milhões de patacas, valor considerado suficiente para que a organização possa transportar e albergar as delegações dos filmes e os principais média da Ásia, a maior parte da factura vai ser paga pelo Governo de Macau e o remanescente suportado por patrocinadores.

Nesta edição inaugural do IFFM, o foco vai ser para o cinema comercial com diversos géneros em presença. Está também prevista competição, galas e uma mostra temática. O Centro de Ciência de Macau constituirá o centro nervoso do evento, que se alargará para o Galaxy, onde as exibições para o mercado serão efectuadas.

A data escolhida (8-14 Dezembro) surge como aposta numa transição lógica a partir da Convenção CineAsia, que acontece na semana anterior – de 6 a 8 – em Hong Kong,

À frente do certame estará Marco Mueller, que já dirigiu festivais como os de Veneza, Locarno e Roma, e foi consultor artístico do Festival de Cinema de Pequim e do Festival Silk Road. Mueller terá o apoio de Elvis Mitchell, apresentador do programa de rádio “The Treatment”, leitor visitante de Harvard e crítico de cinema que ficará responsável pela selecção de títulos no mercado norte-americano.

A chegada de Mueller a Macau acontece depois deste ter trabalhado com os festivais de Pequim e Silk Road, e terá a ver com as restrições governamentais implementadas na China aos eventos competitivos, o que não acontece em Macau.

Os últimos a saber

A notícia chegou claramente mais depressa aos meios internacionais do que mesmo a Macau, já que os departamentos do Governo contactados pelo HM ou não sabiam do evento, ou sabem mas não estão prontos a anunciar. Todavia, as nossas fontes garantem que o evento cairá sob a alçada da Direcção dos Serviços de Turismo. Contactados estes serviços, foi-nos apenas autorizado a dizer que “os Serviços de Turismo estão a preparar a organização”, não confirmando em que papel, nem o orçamento, e prometendo uma divulgação com maior detalhe durante o próximo mês de Março.

Contactado o Instituto Cultural, cuja assessoria de imprensa não tinha conhecimento de qualquer envolvimento do organismo no festival, quisemos apurar a hipotética constituição de uma Comissão de Cinema ou de um Sistema de Incentivos Financeiros – algo também anunciado pela imprensa internacional (ver caixa). Contudo, até ao fecho desta edição, não nos foi possível qualquer tipo de comentário.

No fecho da edição, a Macau Films & Television Production and Culture Association enviou um comunicado, onde confirma o convite a Marco Mueller, as datas do Festival e uma conferência de imprensa para meados de Março.

Comissão de Cinema e apoio financeiro em estudo?

Segundo a revista Variety é ainda divulgado, sem referir fontes, que este evento enquadra-se na política do Governo de Macau de desenvolvimento da indústria do cinema, estando ainda previstas a constituição de um comissão de Cinema e da criação de um Sistema de Incentivos Financeiros para a indústria. Recorde-se que há uns anos surgiu em Macau um festival intitulado “Macau Internacional Film Festival (MIFF)”, numa organização que suscitou muita celeuma por entre a comunidade local do sector e muitas as interrogações sobre a apropriação da designação para um festival que segundo os seus críticos não tinha estatuto para isso, sendo que foi ainda questionado o apoio do Governo à iniciativa.

17 Fev 2016

ONG | Número de presos políticos na China triplicou em três anos

O número de presos políticos na China quase triplicou desde que o Presidente Xi Jinping ascendeu ao poder, em 2012, segundo uma das Organizações Não Governamentais (ONG) de defesa dos direitos humanos mais activas no país.
No mesmo período, a China consolidou o seu papel no plano internacional, com iniciativas como o Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII) ou a nova Rota da Seda, nota a Chinese Human Rights Defenders (CHRD), num relatório ontem difundido.
A organização indica que as autoridades chinesas detiveram 22 activistas dos direitos humanos no ano passado por “crimes políticos”, acusados de incitar à subversão contra o poder do Estado, uma cifra igual à soma dos três anos anteriores (quatro em 2014, dez em 2013 e oito em 2012).
Em Janeiro passado, a CHRD confirmou 11 casos de detenção de cidadãos por “subversão”.
O número diz respeito unicamente aos acusados de crimes “políticos”, enquanto a cifra total de detenção de activistas de direitos humanos ascendeu a mais de 700 no ano passado, incluindo aqueles que passaram, no mínimo, cinco dias sob custódia.

Leque alargado

Sob o mandato de Xi, a repressão estendeu-se a grupos que anteriormente contavam com a aprovação do Governo, como feministas ou trabalhadores de ONG que defendem os grupos mais frágeis da sociedade, indica o relatório.
O documento acrescenta que no ano passado se registou um “ataque sem precedentes” contra advogados que trabalham em casos sensíveis.
Só em Julho, uma campanha resultou na detenção para interrogatório ou “desaparecimento” de mais de 300 advogados, entre os quais mais de vinte continuam nas mãos das autoridades, alguns acusados de subversão, o que na China pode resultar em penas até prisão perpétua.
Xi recorreu a nova legislação para justificar a redução de liberdades, como a lei de Segurança Nacional ou a emenda da Lei Criminal, nota a CHRD.
Um dos casos mais mediáticos envolveu a condenação a três anos de prisão de Pu Zhiqiang, activista e defensor dos direitos humanos, por “incitação ao ódio étnico” e “provocação de distúrbios” por comentários que publicou numa rede social.

17 Fev 2016

China | Regulamentos da OMC são cumpridos “fielmente”

Após as manifestações europeias em protesto contra a alegada prática de “dumping” pelas empresas chinesas, Pequim responde que tudo o que faz está de acordo com as normas da Organização Mundial do Comércio

A China assegurou ontem que “cumpre fielmente” com os regulamentos da Organização Mundial do Comércio (OMC), face aos protestos em Bruxelas, que acusam Pequim de praticar concorrência desleal nas suas exportações de aço.
Representantes do sector na Europa saíram na segunda-feira às ruas em Bruxelas para protestar contra a prática de “dumping” – produção subsidiada que mantém o preço abaixo do custo de fabrico – pela China.
Os manifestantes apelaram ainda à União Europeia (UE) para que não conceda o estatuto de economia de mercado ao país asiático.
A China luta pelo reconhecimento de que a “economia de mercado socialista” – um modelo em que os sectores chave da economia permanecem estatais, mas geridos sobre uma base comercial – funciona em pleno, segundo as regras capitalistas.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hong Lei, assegurou, entretanto, que Pequim “cumpre fielmente” com as suas obrigações perante a OMC, mas que, por outro lado, também pode exercer os seus “direitos” como membro daquela instância reguladora.

Investigação em curso

Por seu lado, a Comissão Europeia anunciou que usará todos os instrumentos para defender a indústria na Europa.
Na passada sexta-feira, colocou em marcha investigações sobre três produtos siderúrgicos importados do país asiático, para determinar se foram introduzidos no mercado comunitário recorrendo a concorrência desleal.
Os produtos envolvidos são tubos, chapas grossas e produtos de aço planos laminados a quente, com origem na China.
Pequim anunciou no início deste mês planos de reduzir o excesso de produção na indústria do aço chinesa, ao longo dos próximos cinco anos, com um corte anual de entre 100 a 150 milhões de toneladas – 12,5% do total produzido pelo país.
O excesso de capacidade levou nos últimos anos à imposição de sanções comerciais à indústria siderúrgica chinesa por “dumping” em vários mercados de exportação.

17 Fev 2016

Cabo Verde | Governo contra “interesses pouco claros” na oposição a plano de David Chow

O ministro do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território cabo-verdiano disse ontem que é preciso ter “muita atenção e muito cuidado” com os “interesses pouco claros” que se insurgem contra a construção de um complexo turístico no país.
“Precisamos ter muita atenção e muito cuidado com a movimentação de interesses que são poucos claros, interesses outros, que não coincidem com as opções de desenvolvimento do país. Temos de tomar muito cuidado com isso”, alertou Antero Veiga, respondendo assim à comunidade científica que disse não ter acesso a nenhum estudo de impacto ambiental do complexo turístico do empresário chinês David Chow.
A estância turística no ilhéu de Santa Maria e na Gamboa, situado defronte da cidade da Praia, e orçado em 250 milhões de euros, prevê a construção de um hotel-casino no ilhéu, uma marina, uma zona pedonal com comércio e restaurantes, um centro de congressos, infra-estruturas hoteleiras e residenciais na zona da Praia da Gamboa e uma zona de estacionamento.
Trata-se do maior empreendimento turístico no país, que cobrirá uma área de 152.700 metros quadrados e inaugurará a indústria de jogo no arquipélago.
Deverá estar pronto dentro de três anos e durante a construção poderá gerar milhares de postos de trabalho.
“Naturalmente que há muita boa gente que teria grande satisfação em acolher este tipo de projecto nos seus respectivos países. Nós aqui em Cabo Verde respeitamos toda a legislação, foram feitos três estudos de impacto ambiental, tendo em conta as valências do investimento, a autoridade ambiental fez o seu pronunciamento, não hesitei em homologar esses estudos de impacto ambiental, de modo que não há razão para esse tipo de observação”, esclareceu o ministro, que não especificou, porém, os interesses que estão na base das contestações.

Fala a ciência

Domingo, um grupo de 12 cientistas e paleontólogos, coordenado pelo Instituto Gulbenkian de Ciência, insurgiu-se contra a construção do complexo, após visitarem o local no âmbito da componente lectiva da terceira edição do Programa de Pós-Gradução Ciência e Desenvolvimento (PGCD), com apoio de Portugal.
O grupo de cientistas recomendou que qualquer projecto no local tivesse um estudo muito aprofundado de impacto ambiental e histórico, considerando que o “Djéu” [ilhéu] simboliza um local de importância extraordinária do ponto de vista ambiental e histórico.
Para Antero Veiga, a comunidade científica “está um pouco desatenta”, porque todos os estudos estiveram em consulta pública de acordo com os prazos legais no país.
“Alegar que não tiveram acesso já não é o nosso problema”, prosseguiu.
“Naturalmente que não tem cabimento vir agora alegar que alguém não teve acesso aos estudos”, insistiu Veiga, para quem não se pode promover o desenvolvimento de Cabo Verde sem ter impacto ambiental.
“O que fazemos com os estudos é ver de que forma é que podemos mitigar os efeitos negativos. Os técnicos estarão melhor posicionados para responder a essa questão”, indicou, dizendo que há outros locais onde se pode encontrar espécies que abundam no país.
Após o lançamento da primeira pedra, o empresário David Chow considerou ser normal as várias vozes que têm manifestado o seu desagrado perante o projecto, dizendo que não se consegue satisfazer toda a gente e que, no futuro, os críticos irão ver o complexo de outra forma.

17 Fev 2016

Pintura, Fotografia e Multimédia | [X], de Rhys Lai, dia 20 na FRC

Quebrar a tradição e explorar novas possibilidades é a proposta do artista local Rhys Lai, que inaugura já esta semana a exposição [X], na Fundação Rui Cunha. Em Março, o artista volta à carga com um workshop de pintura acrílica para pais e filhos

[dropcap style=’circle’]R[/dropcap]hys Lai inaugura no sábado a exposição [X], na Fundação Rui Cunha. A designação da mostra fica a dever-se, segundo o artista, “ao desconhecido, a algo misterioso, ao inexplicável e, por outro lado, à pronúncia em Chinês de [X] – lê-se “乘”(Cheng), que tem o mesmo som de “承”que significa herança.”
Quebrar a tradição e explorar as possibilidades das artes em diferentes formas de apresentação da mesma, tais como pintura, fotografia, ou outros meios, é o objectivo desta exposição que vai ser montada em diferentes zonas da galeria, sendo uma delas intitulada “Eu Penso e Tu Reflectes”, onde o artista pretende estimular a interacção com o público. A exposição abre dia 20 de Fevereiro de 2016, pelas 17h00 horas e a entrada é livre. A mostra estará patente até 13 de Março.
Como jovem artista local, e membro activo da Associação de Desenvolvimento Artístico da Juventude de Macau, Rhys Lai tem a ambição de herdar e divulgar a arte e cultura de Macau. É também nesse sentido que dedica grande parte do seu tempo à formação e que no dia 5 de Março, pelas 16h00, vai promover um workshop de pintura acrílica destinado a pais e filhos, para que ambos possam explorar a sua expressão e a própria relação através da pintura, mas também para sensibilizar as crianças para as artes.
‘Técnicas básicas da pintura acrílica’ é o tema do workshop que é totalmente gratuito (incluindo material de pintura). Além disso, os participantes podem ficar com o produto do seu trabalho e com um livro de colecção das obras do artista. A lotação máxima é de dez pares – sendo aberto a crianças entre os três e os dez anos de idade – e é obrigatório inscrição.

16 Fev 2016

USJ | Palestras sobre tecnologias de ponta e música electrónica

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap]já nos próximos dias 25 e 26 deste mês que estarão entre nós Martin Kaltenbrunner e Miha Ciglar, académicos que chegam à Universidade de São José para duas conferências onde a música assume o papel central, mas onde numa se fala da interacção tangível entre pessoas e computadores na produção de música electrónica e na outra das últimas tecnologias áudio onde expressões como “acústica não linear” e “sensibilidade táctil ultrasónica” fazem sentido.
Kaltenbrunner, que toma o lugar no dia 25, é professor do interface Culture Lab da Universidade de Arte e Design de Linz, foi investigador e docente na universidade Pompeu Fabra de Barcelona, entre outras instituições, e é um dos fundadores da Reactable Systems, empresa que tem sido responsável pela integração de conceitos de design desenvolvidos para o Reactable, um sintetizador modular tangível.
O instrumento tem vindo a ser mostrado em diversas feiras de arte e festivais de música e recebeu o Nica de Ouro para Música Digital conferido pelo importante festival Prix Ars Electronica. 16216P8T3
Em Macau, Martin vai falar do Reactable, introduzir as bases do design tangível de interacção e abordar a relação humana com a música electrónica. Esta conferência surge numa época em que os interfaces tangíveis se tornaram no paradigma emergente na concepção de instrumentos musicais electrónicos.
No dia seguinte, 26, é a vez de Miha Ciglar nos falar da sua empresa, a Ultrasonic, sendo que vai apresentar produtos actuais e futuros e introduzir os tópicos da acústica não linear e sensibilidade táctil ultrasónica.
Miha é compositor e investigador na área das tecnologias áudio e fundador do Instituto Pesquisa para Artes Sónicas (IRZU na designação inglesa) e do Festival Internacional de Artes Sónicas EarZoom, que acontece todos os anos desde 2009 em Ljubljana, na Eslóvenia.
A Ultrasonic, que fundou em 2011, é uma ‘startup’ especializada em tecnologias áudio produzindo controladores de interface sem contacto táctil ou altifalantes direccionais baseados em ultra-sons.
As palestras têm início às 18h30 em ambos os dias 25 e 26 de Fevereiro, na USJ. Ambas têm duração estimada de duas horas e são abertas ao público.

16 Fev 2016

Creative Macau | Workshops de arte com Ana Maria Pessanha

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Creative Macau vai organizar dois workshops ministrados pela artista plástica Ana Maria Pessanha. Um incidirá sobre a importância da brincadeira no desenvolvimento infantil, o outro levará os participantes para um mergulho na obra do impressionista Matisse.
As acções decorrerão em Abril mas as inscrições já estão abertas, sendo que o primeiro worskhop, agendado para 5 a 9 de Abril, convidará os participantes a redescobrirem o conceito artístico de Matisse e compreenderem a personalidade de um dos mais representativos artistas do séc. XX. A parte prática também vai ser privilegiada com o ensino de técnicas de pintura, de entre elas o processo que Matisse começou a aplicar no final da sua vida – o método de colagens de diversos papéis coloridos. Para a monitora, este curso “permitirá aos participantes descobrirem não apenas o legado de Matisse, mas também o conhecimento de diversas técnicas de composição com colagens e técnicas mistas e a utilização de a materiais novos e reciclados”.

Brincar é preciso

No segundo workshop, de 11 a 15 de Abril, pretende-se revelar a importância da brincadeira no desenvolvimento das crianças ao promover a literacia derivada das actividades lúdicas. Segundo a artista, “brincar e jogar desenvolvem diversos campos cognitivos possíveis e proporcionam uma reflexão cuidada sobre a selecção dos jogos e dos brinquedos educacionais que permitem a promoção de uma educação harmoniosa”. No curso, os participantes vão aprender a produzir vários brinquedos e jogos para crianças por via de técnicas como recortes, montagens e pintura. Uma acção que visa ainda enfatizar o papel dos pais na promoção de momentos de educação não formal para assim abrirem espaços para a interacção familiar, essenciais para atenuar pressões e proporcionar momentos de prazer

Bilhete de identidade

Ana Maria Pessanha frequentou os primeiros três anos da Escola de Pintura da Faculdade de Belas Artes do Porto e, em 1970, viria a concluir o seu grau em pintura na Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Actualmente é professora de Arte e coordenadora do programa de Mestrado da Escola Superior de Educação Almeida Garrett da Universidade Lusófona.
Como artista participou em diversas exposições colectivas e, em 2011, apresentou a exposição a solo “Eu Vejo o Mar”, entre outras nos anos seguintes. Mais recentemente, em 2014, realizou outra exposição a solo, desta feita na Casa Garden da Fundação Oriente, em Macau, intitulada “Atravessando o Mar”.
O workshop de “Jogos, Brincadeiras e a Importância da Brincadeira no desenvolvimento Infantil terá sessões de segunda a sexta das 14h30 às 17h30 ou das 18h30 às 21h30. O de Matisse acontecerá de terça a sexta-feiras das 14h30 às 17h30 e sábado das 09h30 às 12h30 ou então de segunda a sexta das 18h30 às 21h30 e sábado das 14h30 às 17h30. Ambos os cursos têm um custo de 1200 patacas, um limite de dez lugares disponíveis e são destinados a pessoas com mais de 12 anos.

16 Fev 2016

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa?

* José Drummond

[dropcap style=’circle’]1[/dropcap]. Ela

Não estás só. Mesmo que os dias cruéis nos separem. Mesmo que o aperto dos minutos nos tenha abreviado os encontros. Mesmo que nunca mais te tenha visto. Mesmo que as mãos trémulas se separem de nossos corpos. Não estás só. Mesmo que te não olhe, te não escute, te não aspire. Não estás só nem eu só estou. Apenas a memória resta. A memória amante. E os seus calabouços permanecem. Encarcerando tudo aquilo que não compreendo. Tudo aquilo que se quedou numa promessa. Não estás só e eu só não estou. Porque sei que todas os atalhos do pensamento nos unem. Apesar de tudo. Apesar de todas as minhas simuladas conquistas. Não estás só e eu nada percebo. Nada percebo deste mundo. Nem sequer uma coisa só. Não estás só e eu só não estou mas apesar disso todas as fontes desaguam em ti.

As cortinas de renda branca cobrem as janelas do apartamento com vista para o rio. O apartamento que escolhemos para viver. Mas a vista de pouco vale. O nevoeiro, denso, não permite perceber a hora da manhã. Talvez um outro nascer de dia. Talvez um sopro de verão. Talvez um outro amor possa florir no meu coração. Mas isso não parece possível com este nevoeiro. Eu só não estou mas o céu apresenta-se assim desde aquela manhã em que desapareceste. E eu nada vejo. Nada mais que uma luz viúva, cansada, estranhamente enferma.

Foste-te e contigo foram todos os espelhos. Contigo esta casa esvaziou-se. Contigo as imagens desapareceram. Existe apenas esta cama onde fomos felizes. Existe apenas aquela cadeira onde um dia me disseste que me irias amar para sempre. Mas nenhum espelho. O tempo passa e eu não sei se existe mundo lá fora. Nenhum espelho de nós. Nenhum espelho de mim. Deixo-me cair naquela cadeira. Uma vez por outra. E é uma cadeira grande. Imito-te. Descanso o queixo na mão e repito as tuas palavras. Mas já não sei as palavras correctas. De cada vez que te imito acrescento ou modifico algo.

Descanso o queixo na mão e repito as tuas palavras. Mas não as digo. Ouço-as. Ecoam em mim e fazem-me estremecer. Sinto os olhos encovados, como os teus. Sinto o pescoço mais enrugado, como o teu. Sinto os lábios sem cor, como os teus. Sinto as pontas das tuas sobrancelhas na minha cara. E, de cada vez que te imito, sinto desistir. De cada vez que te imito deixo de existir. De cada vez que te imito quero ser como tu. E penso se será possível desistir desta luta contra a gravidade da memória. E quero saber sobre quem está no caminho mais curto para o inferno.

Talvez a eficiência do meu sistema circulatório esteja a diminuir. Talvez o meu coração seja preguiçoso. Talvez. Mas não tenho espelhos para me ver. Contigo foram todos os espelhos. Agora recordo-me de como a tua pele mostrava bem a tua idade. Cheia de riscos e manchas. Naquela manhã em que desapareceste, na última vez que olhei para ti, vi um homem envelhecido. Agora, que perdi os dias em que te foste embora, isso já não parece incomodar-me. Agora a fadiga sou eu. Agora não tenho aparência para manter. Agora eu sou tu e o envelhecimento é meu. E pergunto se será este o dia do julgamento.

Tenho que sair deste labirinto. Tenho que sair desta casa esvaziada. Sei que saio mas nunca me lembro como. Sigo até à ponte. Talvez se atravessar o rio. Talvez se desaparecer como tu. Talvez se me esconder no denso nevoeiro que não deixa ver o outro lado. Uma lágrima. Como assassinar a louca com o diabo? Olho de soslaio para o rio. Imagino-lhe um tom arroxeado mas na realidade não se vê nada. Apenas este nevoeiro desde aquela manhã. Quantos dias passaram? O que aconteceria se agora, de repente, eu decidisse saltar a meio da ponte? Iria alguém encontrar esta bolsa que me deste no meu aniversário?

Desapareceste. Disseste que ias ter com amigos. Eu sabia que não era verdade. Que não ias ter com amigos. Mas tu não tens amigos. Tínhamo-nos aos dois e bastava. Senti a tua mentira. Foi a primeira vez que senti mentires-me. Agora não sei se me tinhas mentido antes. Disseste que tinhas que pensar. Eu quis acreditar. À noite telefonei-te e não respondeste. E liguei todos os dias e todas as noites depois. E não respondeste. Liguei ininterruptamente. E não respondeste.

O que valeria agora um salto da ponte? Imagino o piquete da polícia a parar o trânsito. Imagino os fotógrafos dos jornais. Imagino a notícia, “Jovem salta para a morte por razões desconhecidas”. Quantas mulheres saltam para a morte por razões desconhecidas? E quantas mulheres são assassinadas? E se fosse um homicídio? Iria a polícia isolar a área? Iria a polícia fazer um relatório? Serei eu digna de uma investigação? E se não me encontrarem identificação irão perceber que tenho trinta anos? Imagino a voz das notícias no noticiário da noite na televisão. “Ontem de manhã a polícia recebeu um telefonema de uma testemunha que viu uma jovem a actuar de modo estranho na ponte. Quando a polícia chegou ao lugar não foi possível encontrar o corpo. Apenas uma bolsa.”

16 Fev 2016

Investigadora local com exposição que alerta para o consumismo

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omprar roupas apenas pela marca que ostentam e sem pensar na sua utilidade é um dos resultados da sociedade de consumo em que vivemos. É essa análise que Cheong Siwai faz e pretende reflectir numa exposição, que intitulou “Loja Pop Up para Alguma Coisa ﹣As Experiências com Roupa de Siwai”.
Para a jovem de Macau formada em Moda, “nesta sociedade consumista, as pessoas preocupam-se exclusivamente com uma foram materialista de viver e, por isso, as marcas servem de guia de compras”. Siwai é uma investigadora de moda que tem vindo a trabalhar na indústria depois de se formar no Instituto Politécnico de Macau em Design de Moda e de ter um mestrado em Gestão de Moda no Reino Unido. Agora de volta a Macau, Siwai pretende desenvolver uma carreira baseada na sua visão do fenómeno, apesar de cedo ter percebido da sua incapacidade para fazer frente à pressão de um mercado onde, como ela própria diz, “as marcas têm de seguir as tendências das estações, desenvolver produtos ‘quentes’ baseados nelas e até imitar marcas maiores para atraírem e manterem clientes”. picture_4
Um processo que choca de frente com a sua visão mais ligada a uma moda com base nas pessoas e na sustentabilidade.
Na sua procura de “pensar fora da caixa”, Cheong Siwai vai transformar o segundo andar da galeria do Armazém do Boi numa loja temporária de moda onde os visitantes podem assistir ao processo de produção, dos tecidos à peça final, incluindo mesmo a promoção e logística envolvidas.
Em exposição estarão também uma série de protótipos e peças imperfeitas – daquelas que podem acabar no lixo – mas às quais a artista pretende conferir um novo significado, algo que obrigue os visitantes a reflectirem sobre o consumismo.
Todas as peças em exposição poderão ser adquiridas e os proveitos reverterão para a Oxfam Hong Kong. A abertura da exposição acontecerá no próximo dia 20 de Fevereiro (sábado) pelas 16h00 e estará aberta ao público até ao dia 27 de Março. A entrada é gratuita.

15 Fev 2016

Palestra sobre festivais na Cinemateca Paixão

A Cinemateca Paixão vai realizar no próximo sábado uma palestra sobre a organização de festivais de cinema, a ser levada a cabo pelo cineasta e crítico de cinema de Hong Kong, Jonathan Hung. Nesta sessão, o convidado, que possui vários anos de experiência na organização de festivais de cinema, propõe-se discutir com os participantes formas de conceber, planear e organizar festivais de cinema de carácter distinto. Os temas incluem critérios de selecção de filmes, planeamento do programa, aluguer de filmes, local de projecção, bilheteira, promoção e educação, entre outros.
Hung é Director do InD Blue (Hong Kong), do Festival Internacional de Cinema InD Panda e começou a escrever crítica de cinema e teatro em vários jornais e revistas em 1997. Foi ainda director de desenvolvimento do departamento de cinema e vídeo do Centro de Artes de Hong Kong e participou no Festival ifva e no lançamento de filmes independentes na Ásia.
Os lugares são limitados pelo que se aconselha a reserva antecipada. Os interessados devem enviar um email até às 12h00 horas do próximo dia 26 de Fevereiro de 2016 para info.dpicc@icm.gov.mo.
A palestra decorre dia 27 de Fevereiro (sábado), das 15h00 às 17h00 horas e a entrada é livre.

15 Fev 2016

Jogo | Wynn com quebra de 54,5% em 2015

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Wynn Macau anunciou uma quebra de 54,5% dos lucros líquidos do último trimestre de 2015, fixados em 63,5 milhões de dólares. No quarto trimestre de 2015, a Wynn Macau registou um decréscimo de 27% nas receitas líquidas, para 557,7 milhões de dólares, em comparação com os 761,2 milhões de dólares em igual período do ano anterior, segundo comunicado enviado à bolsa de Hong Kong. O EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) atingiu 160,1 milhões de dólares, traduzindo uma queda anual homóloga de 33,6%.
O volume de negócios nas mesas de segmento VIP das operações da Wynn Macau caiu 36,9%, para 13 mil milhões de dólares, entre Outubro e Dezembro, altura em que o número médio de mesas para grandes apostas diminuiu de 244 para 192.
Já o negócio do mercado de massas sofreu uma queda de 8,2% em termos anuais homólogos, para 228,6 milhões de dólares, com o número de mesas desde segmento a aumentar de 202 para 249.
No último trimestre de 2015 a Wynn Resorts obteve receitas líquidas de 946,9 milhões de dólares, abaixo dos 1,14 mil milhões de dólares americanos registados nos últimos três meses de 2014.
A companhia liderada pelo norte-americano Steve Wynn justificou o declínio com o decréscimo de 27% nas receitas em Macau, não obstante o aumento de 3,8% nas receitas líquidas da operação em Las Vegas. Globalmente, a Wynn Resorts encerrou 2015 com receitas líquidas de 4,07 mil milhões de dólares (3,5 mil milhões de euros), menos 25% face a 2014.
Com dois casinos na Península de Macau – o Wynn e o Encore – a operadora tem em construção outro resort integrado – o “Wynn Palace”, na zona de casinos do Cotai, entre as ilhas da Taipa e de Coloane, cuja data de abertura foi entretanto adiada para 25 de Junho deste ano, depois de ter estado prevista para Março.
As receitas de Jogo estão em queda há 20 meses consecutivos. Recorde-se que os casinos terminaram 2015 com receitas brutas de 230.840 milhões de patacas, uma queda de 34,3% face a 2014. Trata-se do segundo ano consecutivo de quebra das receitas dos casinos depois de, em 2014, terem sofrido uma diminuição de 2,6%.

15 Fev 2016

Pintura | “Ma-Boa Lis-Cau”, de Charles Chauderlot, inaugura dia 23

São retratos com algum humor, detalhados, produtos do confronto entre as duas cidades das sete colinas, onde o espectador é impelido a confundir-se apesar das evidências. São as pinturas de Charles Chauderlot que trazem Macau e Lisboa à Creative Macau na quinta-feira

[dropcap style=’circle’]“[/dropcap]São diferentes mas parecem-se”, garante Charles Chaderlot a propósito de Macau e Lisboa. É isto, aliás, que o pintor vai tentar provar na sua próxima exposição de desenhos e litografias na Creative Macau: a visão do artista ao combinar as duas.
“Gosto do sabor especial dos tabacos no meu cachimbo, da mistura dos diferentes tabacos”, garante Chauderlot para ilustrar o espírito desta exposição que, significativamente, intitulou “Ma-Boa Lis-Cau”.
Segundo o pintor, “Macau e Lisboa têm muitos aspectos diferentes como a sua a história e a própria localização. Mas também têm muitas semelhanças, como a cancela chinesa, as igrejas, as pequenas lojas, etc.” Nesta descoberta, Chauderlot retrata diversas cenas das duas cidades, na visão composta delineia entre Macau e Lisboa. chauderlot
Das ruas de Madrid aos recantos inacessíveis da Cidade Proibida, num percurso de pintura ocidental e chinesa com passagens por Lisboa e Macau, onde vive desde 2006, Charles Chauderlot tem um longo percurso na pintura. Nasceu em Madrid, em 1952, no seio de uma família franco-espanhola com uma árvore genealógica cheia de reconhecidos escultores, pintores, arquitectos e gente das Artes.
Começou a pintar aos 11 anos, em Bordéus, com um professor de Belas Artes, até que em 1996 vem pela primeira vez à China e em 1997 muda-se para Pequim onde acaba a pintar em zonas restritas da Cidade Proibida, numa época em que estudava as técnicas de pintura chinesa e desenvolvia capacidades para explorar a pintura a preto e branco.
Em 2006, muda-se para Macau, onde continua a pintar. Um percurso que o levou a expor um pouco por todo o mundo e a participar em várias feiras de arte. Em 2011 o IACM organiza-lhe uma exposição de dois meses e publica um importante catálogo da sua obra. Em 2013, no Museu do Oriente, em Lisboa, Chauderlot também viu a sua obra exposta por cinco meses no contexto das celebrações dos 500 Anos das Relações entre Portugal e a China.
Agora, a sua mais recente exposição inaugura no próximo dia 23 pelas 18h30 na Creative Macau, sendo a entrada gratuita. A organização promete uma tarde de refrescos e animação intermitente. Os trabalhos de Charles Chauderot estarão disponíveis ao público todos os dias, de segunda a sábado, entre as 14h00 e as 19h00 até ao dia 19 de Março.

15 Fev 2016

Restauro do templo de A-Ma vai durar um ano

O incêndio de quarta-feira no Templo de A-Má, classificado pela UNESCO, vai obrigar a um ano de obras, apesar de o pavilhão principal se encontrar em estado “aceitável” e peças históricas não terem ficado danificadas. Após uma inspecção realizada ontem ao templo, a chefe do departamento do Património Cultural do Instituto Cultural (IC), Leong Wai Man, referiu que “a estrutura do pavilhão principal [onde se registou o incêndio] encontra-se em estado aceitável” e que “não existe perigo” actualmente.
A mesma responsável disse, citada num comunicado, que se prevê que “a recuperação estrutural esteja concluída dentro de dois ou três meses” e que “as obras de recuperação do templo original levem pelo menos um ano”.
Leong Wai Man considerou “que a estrutura danificada pode ser recuperada pelos artesãos locais” e que “não será necessária a ajuda de peritos do exterior”, já que artesãos locais poderão reconstruí-lo.
Também salientou que o incêndio não causou danos em itens de interesse histórico no interior do pavilhão e que a estátua da Deusa A-Má não foi afectada.
Segundo um relatório preliminar dos bombeiros, o incêndio no Templo de A-Má ficou a dever-se a um curto-circuito ocorrido durante a noite, período durante o qual não estavam a ser queimados incensos no pavilhão. O incêndio foi apagado em poucos minutos, segundo informações dos bombeiros aos meios de comunicação locais.
O templo já existia antes do estabelecimento da cidade de Macau, segundo os Serviços de Turismo e é composto pelo Pavilhão do Pórtico, o Arco Memorial, o Pavilhão de Orações, o Pavilhão da Benevolência, o Pavilhão de Guanyin e o Pavilhão Budista Zhengjiao Chanlin, dedicados à veneração de diferentes divindades.
Os vários pavilhões do Templo de A-Má foram construídos em diferentes épocas, e a sua configuração actual data de 1828, de acordo com as autoridades locais.
O templo faz parte do património de Macau classificado há dez anos pela UNESCO, o organismo das Nações Unidas para a Educação e Cultura.
O HM tentou perceber junto do IC qual será o orçamento para as obras, mas não foi possível receber resposta até ao fecho desta edição. Da mesma forma, não foi possível contactar Vicente O, presidente da associação que gere o templo.

12 Fev 2016

Visitantes chegam quase a meio milhão até ontem

Quase meio milhão de pessoas entrou em Macau entre domingo e as 11h00 de ontem, nos primeiros dias das festividades do Ano Novo chinês, levando a polícia a adoptar “medidas de controlo de multidões”. Um total de 483.423 pessoas entrou no território desde sábado, dois dias antes do início no novo Ano Lunar, agora sob o signo do Macaco, disse fonte dos Serviços de Migração à agência Lusa.
Quarta-feira – o terceiro feriado consecutivo dedicado ao Ano Novo Chinês – foi o dia mais movimentado até à data, com um total de 153.249 entradas em Macau. O posto fronteiriço das Portas do Cerco – passagem terrestre para o interior da China – foi durante estes dias o mais movimentado, com um fluxo de entradas superior ao terminal marítimo do porto exterior e ao aeroporto. Em igual período foram registadas 399.725 saídas em todas as fronteiras de Macau.

Sentido único

Em declarações à Lusa, fonte da PSP informou ontem que na quarta-feira, como já aconteceu em anos anteriores, foram implementadas medidas de controlo de multidões durante cerca de uma hora junto a dois pontos turísticos da cidade – a praça do Leal Senado, incluindo a Avenida de Almeida Ribeiro, e as Ruínas de São Paulo.
As mesmas medidas de “grau 1” voltaram a ser accionadas ao início da tarde de ontem, o que implica, por exemplo, a implementação de sentidos únicos para a circulação de peões nas ruas laterais e escadaria das Ruínas de São Paulo.
A PSP indicou também que caso sejam accionadas as medidas de “grau 2”, à semelhança do ano passado, serão instaladas duas ambulâncias junto à praça do Leal Senado e Ruínas de São Paulo e o Centro de Actividades Turísticas (na praça do Leal Senado) vai funcionar como centro provisório de socorro.
Divididas em três graus, as medidas de controlo de pessoas são aplicadas nos dias de maior concentração de pessoas nas ruas de Macau, incluindo nas festividades do Ano Novo Lunar.
Um total de 40 agentes foi destacado para reforçar a segurança nas ruas e nenhum incidente foi registado, segundo a PSP. A operação deverá estender-se à próxima quarta-feira, 17 de Fevereiro, o décimo dia do Ano Novo Lunar.

12 Fev 2016

Hong Kong indicia 37 pessoas de motim por distúrbios de segunda-feira

Trinta e sete pessoas foram ontem presentes a tribunal em Hong Kong e acusadas individualmente de participação em motim, em conexão com os distúrbios registados na noite segunda-feira, informa a imprensa local.
Um adolescente de 15 anos, que enfrenta a mesma acusação, deverá ser presente a um tribunal juvenil, segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).
Entre os acusados está o porta-voz do grupo Hong Kong Indigenous, Edward Leung – apontado como candidato às eleições deste ano para o Conselho Legislativo (LegCo) – e Stephen Ku Bok-him, da revista dos alunos da Universidade de Hong Kong Undergrad.
Derek Lam, um membro do movimento estudantil Scholarism – que esteve envolvido nos protestos pró-democracia em 2014 – integra também o grupo de acusados.
A acusação requereu o adiamento dos casos para 7 de Abril para dar continuidade à investigação da polícia.
O crime de que são acusados é punível com uma sentença de até 10 anos de prisão.
Até quarta-feira, foram detidas 64 pessoas em conexão com os incidentes ocorridos na noite de segunda-feira na zona de em Mong Kok. Destes, foram acusados 35 homens e três mulheres com idades entre 15 e 70 anos.
Os distúrbios, que escalaram de um protesto contra uma tentativa da polícia para dispersar vendedores ambulantes de comida, resultaram em 130 feridos, a maioria polícias, refere a RTHK. Seis pessoas continuavam na manhã de ontem internadas no hospital.
O grupo ‘Scholarism’ disse em comunicado que Derek Lam esteve apenas quatro horas em Mong Kok na noite de segunda-feira e que não participou nos confrontos violentos nem atacou os polícias.
Segundo o Scholarism, agentes tentaram revistar a casa de Derek Lam sem um mandado do tribunal e que a revista não chegou a acontecer porque o seu advogado chegou rapidamente ao local.

Avisos escolares

Em declarações ontem à RTHK, o líder do Scholarism, Joshua Wong, advertiu que Hong Kong pode testemunhar mais incidentes como os motins de Mong Kok, se a abordagem do Governo liderado por Leung Chun-ying, também conhecido por CY Leung, não mudar.
Wong disse que vários partidos políticos e amplos sectores da sociedade condenaram a violência, mas que o Governo deve aceitar a responsabilidade pela divisão social que existe.
Segundo Wong, alguns activistas radicalizaram-se após os protestos pró-democracia de 2014, por considerarem que os movimentos pacíficos não conseguem mudanças.
Também o deputado do Partido Democrático James To disse que prender pessoas não resolve nada e defendeu que é preciso analisar as razões pelas quais tantos jovens desenvolveram um profundo ódio à polícia e às autoridades.
Já o deputado da Liga dos Sociais Democratas Leung Kwok-hung, conhecido por acções radicais dentro e fora do Conselho Legislativo, disse que as pessoas estão fartas de CY Leung, que descreveu como um tirano que não foi eleito pela população.
Por sua vez, o deputado Tam Yiu-Chung, do partido pró-Pequim Aliança Democrática para a Melhoria e Progresso de Hong Kong (DAB, na sigla inglesa), apontou os protestos pró-democracia em 2014 como a razão da radicalização dos manifestantes.
Para Tam Yiu-Chung, estes manifestantes estão cada vez mais arrojados nas suas acções, advertindo que este é um caminho perigoso, desencadeado por não terem sido punidos adequadamente.

Sem desculpas

A acção da polícia também está sob escrutínio. Um jornalista do jornal em língua chinesa Ming Pao disse que foi espancado por agentes quando estava a tirar fotografias a um autocarro, apesar de ter gritado repetidamente que era repórter.
Entretanto, o secretário para as Finanças do Governo de Hong Kong, John Tsang, disse acreditar que a violência foi incitada por um pequeno grupo de pessoas irracionais que queriam atacar a polícia.
Também acrescentou que não é apropriado justificar as acções dos atacantes culpando o Governo de CY Leung por má governação, porque não há desculpas para a violência.

12 Fev 2016

Arte | José Drummond e Peng Yu apresentam-se em Berlim

Um encontro de almas predestinadas a estarem juntas é o tema da exposição de vídeo-arte que José Drummond e Peng Yun desenvolveram e vão inaugurar em Berlim já amanhã. No dia 20, os artistas seguem para a vizinha Áustria, onde dão uma palestra e apresentam trabalhos para o Festival de Vídeo Arte do Danúbio
A inspiração para o novo projecto de José Drummond e Peng Yun perpassa pelo antigo ditado chinês “embora nascido a mil li de distância, as almas que são uma vão encontrar-se” e é esse o tema da exposição de vídeo-arte que os artistas vão inaugurar em Berlim já amanhã.
O projecto alerta para algum tipo de força predestinada que une as pessoas mesmo que estejam distantes. A configuração deste reencontro traz um nível perturbador, embora criativo, existencial, onde o ponto de encontro predestinado é alcançado através de uma perspectiva nómada. Segundo os artistas, ela pressupõe que uma, ou ambas as “almas”, devam viajar para um determinado ponto para assim se realizarem.
Em declarações à imprensa, o par declara ainda que “este conceito de unicidade das almas concorre com a ideia de alma gémea que tem a sua origem no ‘Simpósio’ de Platão”. Nas imagens, “a ideia de quatro braços, quatro pernas e uma única cabeça feita de duas faces leva um valor interessante quando aplicado ao conceito de dois artistas trabalhando em conjunto para o mesmo objecto, o mesmo objectivo”. Uma reflexão sobre um caso específico de artistas que “embora nascidos separados por mais de mil li” reúnem-se num novo lugar como “almas que são uma”, trabalhando em conjunto e onde cada identidade individual é uma contribuição para um objecto que existe entre lugares, como garantem José e Yun.
Peng Yun nasceu na província de Sichuan, na China, e é bacharel do Departamento de Pintura a Óleo da Academia de Belas Artes de Sichuan, tendo ainda um mestrado em Belas Artes conferido pelo Departamento de Novos Média da Academia de Artes da China. O seu trabalho incide especialmente em imagens em movimento, fotografia e instalação tal como o de José Drummond.
Nascido em Lisboa, este residente de Macau estudou pintura e cenografia sob orientação do professor Pedro Morais e possui um mestrado do Instituto Transart. O par conheceu-se em Macau em 2010 e, em 2015, decidiram começar a trabalhar juntos em projectos relevantes.
No dia 20, os artistas seguem para a Áustria, onde dão uma palestra e apresentam trabalhos para o Festival de Vídeo Arte do Danúbio.

12 Fev 2016

China | Mercado financeiro chinês à beira do colapso ?

Kyle Bass, que cometeu o “pecado” de apostar contra os fundos imobiliários de Wall Street alerta para os perigos do mercado financeiro chinês. Uma crise quatro vezes pior do que a americana, com perdas gigantescas no horizonte e a obrigatoriedade da China desvalorizar o yuan em pelo menos 30%, são algumas das revelações

Numa carta dirigida aos investidores, e à qual a Bloomberg teve acesso, Kyle Bass alerta para o facto de que se o sistema bancário chinês perder 10 por cento dos seus activos por via do crédito mal parado, verá desaparecer cerca de 3.5 biliões de dólares de capital. Isto significa que a segunda maior economia mundial poder ver-se obrigada a “imprimir mais de 10 biliões de yuan para recapitalizar a banca e pressionar a moeda para desvalorizar em pelo menos 30% em relação ao dólar”, garante o investidor
Bass, que ganhou uma fortuna ao apostar contra as hipotecas do mercado financeiro norte-americano em 2007, e retratado no recente filme “The Big Short”, tem-se mostrado um às na previsão de colapsos financeiros pois, para além da crise norte-americana previu, em 2010, a crise do mercado obrigacionista japonês. “Estamos a assistir à redefinição do maior macro desequilíbrio que o mundo alguma vez viu” garante Bass na referida carta, avisando ainda que “o crédito na China atingiu o limite de curto prazo e o sistema bancário vai conhecer um ciclo de perdas que terão implicações profundas no resto do mundo.” Bass reforça a ideia dizendo ainda que, “os problemas que a China enfrenta não têm precedentes. São tão grandes que o Governo chinês vai ter de se empenhar a fundo para rectificar os desequilíbrios. Investimentos de risco não é o lugar para se estar quando isto está a acontecer”, diz o investidor que nos últimos 18 meses tem vindo a libertar-se dos seus activos de maior risco, apesar de ter “85% do portefólio investido em produtos relacionados com a China”, como próprio garantiu.

Bomba Relógio

Para Bass, “o epicentro do problema é o sistema bancário chinês e as suas perdas em perspectiva.” Segundo as suas estimativas, “os activos bancários chineses aumentaram 10 vezes na última década, para mais de 34.5 biliões de dólares, e está impregnado de produtos de risco utilizados por instituições financeiras para fugirem aos regulamentos.” O crescimento da banca no país, que estima ter inchado mais de 600% nos últimos três anos — citando dados da UBS Group AG data — “é onde os primeiros problemas de crédito estão a surgir”, garante. Para além disso, “os produtos de gestão de fortunas que têm sido utilizados pelos bancos chineses para cobrirem as folhas de balanço emprestando e atraindo compradores com promessas de garantias e lucros que ultrapassam os depósitos bancários, começam a falhar”, assegura Bass, adiantando ainda que a utilização dos ‘trust beneficiary rights’ – direitos legais para garantir produtos financeiros – “são autênticas bombas relógio, pois são utilizadas pelos bancos para esconderem as suas perdas nos créditos mal parados”.

Padrão de desaceleração

O crescimento da economia chinesa, que se manteve na casa dos 10% durante quase 30 anos, tem vindo a desacelerar desde há cinco atingindo o seu ponto mais baixo em 25 anos em 2015, com uma taxa de 6.9%. Este ano, segundo uma sondagem efectuada pela Bloomberg junto de economistas, prevê-se que baixe ainda mais para os 6.5%. Este abrandamento fica a dever-se à mudança de perfil da economia chinesa que tem vindo a mutar de um padrão de manufactura e investimento para um perfil de serviços e consumo que, segundo os especialistas, não conseguiu ainda equilibrar com o antigo perfil económico do país.
Em Outubro Kyle Bass já tinha previsto que a China iria fazer face a uma contracção de crédito e uma iminente crise bancária na Ásia.

12 Fev 2016

Governo | Localização do Centro de infecção é adequada

Chui Sai On, Chefe do Executivo da RAEM, defendeu, numa cerimónia do Ano Novo Lunar, em Tai Seac, que a localização do Centro de doenças infecciosas é adequada, sugerindo aos residentes que não se sintam preocupados relativamente a esta questão. “De acordo do caso de SARS na Ásia, em 2003, os residentes preocuparam-se muito com as doenças infecciosas, e depois da aprovação da Lei de Prevenção, Controlo e Tratamento de doenças transmissíveis, em 2004, é definido que Macau precisa de um ambiente saudável, isso envolve as instalações e a formação dos profissionais para lidar, prevenir e controlar as doenças infecciosas”, segundo o Jornal Ou Mun.
Chui Sai On defendeu que “a sugestão da Organização Mundial da Saúde (OMS) e a experiência demonstram que a localização ao lado do hospital, para o Centro, é a mais adequada. A possibilidade do Centro ficar naquele local aumenta as instalações contra este tipo de doenças, evita o vazamento de doenças e separa os doentes por tipo, isto previne vidas”.
Chui avançou ainda que o Governo irá preparar com mais rigor os trabalhos de prevenção e instalações de materiais como a filtração de ar, portanto, os residentes não precisam de se preocupar sobre isso.

Ano do Macaco | Chui Sai On quer enfrentar “pressão” económica

Na sua habitual mensagem de Ano Novo Chinês, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, garantiu que o “inicio do ano simboliza a renovação”, sendo que o Executivo vai “trabalhar em conjunto com os cidadãos, reunindo sabedorias, para enfrentar a pressão trazida pela desaceleração da economia, manter a estabilidade financeira, dar prioridade aos projectos relacionados com a vida e o bem-estar da população, e consolidar a harmonia e a estabilidade sociais, abrindo assim um novo cenário para o desenvolvimento de Macau”. Para o novo ano, Chui Sai On pretende construir “uma cidade com condições ideais de vida, que permita aos idosos viver com tranquilidade, aos jovens ter oportunidades de desenvolvimento dos seus talentos e um crescimento feliz às crianças, que seja um lugar ideal para viver e trabalhar com alegria”, rematou.

11 Fev 2016

Turismo | Directora afasta optimismo de Ano do Macaco

Ainda não é altura para festejar. O aviso vem de Helena de Senna Fernandes que afirma não ser um ano de muito “optimismo” para o cenário económico global. Mas há boas notícias: o Festival de Luzes veio para ficar

No primeiro dia do novo ano chinês, a directora dos Serviços de Turismo de Macau foi cautelosa acerca do ambiente geral de recuperação, afirmando que Ano do Macaco “não é ainda” tempo para optimismo. “O Ano do Macaco não é ainda um ano em que podemos ser muito optimistas”, afirmou Helena de Senna Fernandes.
“Ainda estamos a verificar que o cenário económico global não está muito estável”, disse, referindo-se à queda, desde 2014, das receitas dos casinos, principal motor da economia e do turismo em Macau. O número de turistas desceu 2,57% em 2015, a primeira queda desde 2009.
Para a directora dos Serviços de Turismo, “na melhor das expectativas”, será possível “atingir um ligeiro aumento, na ordem de 1%”, no número de visitantes em 2016. “Mas não temos muitas expectativas porque este ano ainda não vai ser fácil”, sublinhou.
Em Fevereiro de 2015, também à margem das celebrações do ano lunar, o Executivo anunciou a intenção de negociar com o Governo Central a imposição de um limite ao número de turistas da China em Macau.
O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, chegou mesmo a deslocar-se a Pequim para discutir o assunto, mas desde então nenhuma medida foi anunciada.
Confirmando que tais negociações tiveram lugar, e contaram com o apoio de diferentes instituições da China continental, Helena de Senna Fernandes disse apenas que o Governo de Macau se vai concentrar na “melhor distribuição [dos turistas] durante diferentes épocas do ano” e numa mudança de estratégia no que toca às campanhas de promoção na China, o principal mercado de origem dos turistas.
“Dentro da China estamos a fazer uma mudança em termos da nossa maneira de atrair turistas, estamos a ir além de Guangdong”, indicou, referindo-se à província vizinha de Macau, de onde chega a maioria dos visitantes.
“A sua estadia continua a ser um bocadinho curta”, lamentou. Por esse motivo, os Serviços de Turismo querem “ir além de Guangdong para atrair turistas de longa distância, turistas que têm menos oportunidades de visitar Macau, que não conhecem bem Macau”, sendo por isso possível atrai-los “a ficar mais tempo e despender mais”.
Macau recebeu no ano passado mais de 30,7 milhões de visitantes, dois quais 20,4 milhões eram oriundos da China interior. Menos de metade do total de visitantes (46,6%) pernoitaram na cidade em 2014 e aqueles que o fizeram permaneceram em média 2,1 dias em Macau.

Luz é para manter

Helena de Senna Fernandes indicou ainda que o Festival de Luzes irá continuar no presente ano. A directora afirmou que vários comerciantes pediram para que o Governo realizasse de novo, em 2016, o festival, justificando que não aproveitaram as mais valias do mesmo no ano passado. Senna Fernandes garantiu que o mesmo será realizado. Neste momento está a decorrer um Festival de Luzes, perto da Casa de Portugal, para o dia dos namorados.
“Desta vez não foi feito um concurso porque não houve tempo, mas para a próxima edição o Governo vai lançar o concurso para as empresas interessadas possam concorrer”, explicou, indicando que todos os anos será subordinado a um tema diferente, portanto não existirá a possibilidade de repetição das mesmas decorações. “A direcção vai continuar a investir. Neste momento já foram investidos cerca de cinco milhões de patacas para a promoção deste festival. Isto é para continuar. Vamos continuar a apostar na promoção”, reforçou. F.A/Lusa

11 Fev 2016

Ano Novo Chinês | Funcionários públicos aproveitam licença para jogar nos casinos

São apenas três dias por ano em que funcionários públicos estão autorizados a entrar nos casinos. Há quem não queira perder a oportunidade de tentar a sua sorte e conseguir ganhar o “lucky money” garantindo a boa sorte para o resto do ano

Fátima Valente, da Agência Lusa

Lei e Manuela, duas funcionárias públicas de Macau, não falham uma ida aos casinos no Ano Novo Chinês, a única altura do ano em que ali podem entrar e tentar a sorte, cumprindo a tradição chinesa.
Apesar de estar longe de se interessar pelo Jogo, Lei, de trinta e poucos anos, recebe sempre com entusiasmo a autorização da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) que lhe permite – a ela e demais funcionários públicos –, ir três dias por ano ao casino.
A autorização para entrar e jogar nos casinos é válida, este ano, entre as 20h de 7 de Fevereiro (véspera do primeiro dia do Ano Novo Chinês), passado domingo, e a meia noite de hoje, podendo ir até às duas da manhã se os funcionários públicos já se encontrarem numa sala de jogo dos mais de 35 casinos de Macau.
Por norma, Lei vai ao casino em grupos de oito a dez pessoas. Para as apostas dos três dias, reserva mil dólares de Hong Kong. “É uma tradição chinesa. Se conseguires ganhar o dinheiro da sorte (‘lucky money’) é um bom sinal. Talvez [signifique que] vais ganhar mais no novo ano ou [que] vais conseguir algum benefício extra”, afirmou.
Para evitar uma eventual exposição à tentação de suborno ou corrupção, os funcionários dos Serviços Públicos de Macau estão proibidos de entrar nos espaços de jogo, excepto durante o Ano Novo Chinês.
A proibição já vem do tempo em que o magnata Stanley Ho era o único com licença para operar casinos no território, observou o antigo académico do Instituto Politécnico de Macau Larry So, em declarações à Lusa.
O académico recua até à China imperial para explicar o quão enraizada está a tradição chinesa de jogar durante o Ano Novo Chinês, em que “as pessoas são encorajadas a jogar diferentes jogos, incluindo no casino”.

A céu aberto

“Nas áreas rurais, as pessoas jogam todo o tipo de jogos e estes podem ser a dinheiro”, sublinha. Por outro lado, lembra que no período do Ano Novo Chinês, “em especial nos primeiros dias”, até a Cidade Proibida, em Pequim, está aberta ao público.
“Em essência, estamos a falar de que não deveria haver nada proibido à população; de que durante o Ano Novo Chinês estamos abertos a tudo”, acrescentou.
Mas a interdição aplicada aos funcionários públicos do território durante o resto do ano não significa que não possam jogar: “Não podem jogar no casino, mas podem continuar a jogar Mahjong e outros jogos, e se forem [viajar para fora de Macau, por exemplo] à Coreia do Sul, podem ir aos casinos”, explicou.
Para Lei, é normal que os funcionários públicos ganhem um interesse especial por este limitado período em que podem apostar nos casinos de Macau, o maior centro de jogo do mundo. Mas na sua opinião, os quadros da Administração não entram em desespero por ficarem mais de 360 dias sem poderem ir ao casino ou terem de os contornar sempre que vão aos restaurantes ou lojas dos centros comerciais dos grandes complexos onde estão instalados.
“Hoje em dia temos mais meios para jogar. Há o ‘poker’, as apostas nos cavalos e no futebol”, disse.
Segundo o Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau, caso sejam apanhados no interior de um casino fora do período autorizado durante as festividades do Ano Novo Chinês, os funcionários públicos são penalizados de “acordo com uma decisão do seu respectivo departamento”, segundo a DICJ.
Manuela Sousa Aguiar, funcionária pública há cerca de 25 anos, diz que passa bem sem pôr os pés nos casinos. “Não tenho familiares próximos que gostassem de jogar, por isso, não tenho essa grande ansiedade”, afirmou.
Ainda assim, não desperdiça a oportunidade de, nesta altura do ano, entrar num casino, nem que seja para “não ser saloia e poder explicar [como funcionam] aos amigos estrangeiros” que visitam Macau.
Além disso, também já foi a casinos quando viajou para o estrangeiro e ficou surpreendida com as diferenças. “Em Auckland [Nova Zelândia] eles têm mais ‘slot machines’ do que mesas de jogo com ‘croupiers’ e as apostas não são muito elevadas nas salas comuns”.
Tradutora ao serviço da Administração Pública, diz que estas idas aos grandes espaços de entretenimento também a ajudam a aprofundar conhecimentos sobre a indústria de jogo, não raras vezes tema de trabalho nas interpretações simultâneas que tem de fazer.
Neste Ano Novo Chinês, Manuela já decidiu o que fazer: quer ir ao Studio City, o mais recente casino da cidade, inaugurado no final de Outubro. Planeia apostar até mil dólares de Hong Kong: “Se ganhar levo a família a um restaurante de luxo”.

11 Fev 2016

Carlos Monjardino: “Tem havido pressão da China” no sector do Jogo

Numa entrevista concedida ao jornal português Público, o presidente da Fundação Oriente diz que hoje “a tendência é para controlar” o sector do Jogo e que Macau é um caso perdido para Portugal “há muito tempo”

O presidente da Fundação Oriente (FO), Carlos Monjardino, disse numa entrevista ao jornal Público que a China tem vindo a tentar controlar o sector do Jogo por forma a reduzir o número de ilegalidades cometidas.
“Em Macau tem havido mais condescendência, mas hoje a tendência é para controlar, tem havido pressão da China que já se notou, pois as receitas do jogo baixaram. Havia quem ganhasse dinheiro ilícito na China e depois vinha a Macau limpar o dinheiro, e isto deixou de se fazer porque essas pessoas foram identificadas em Macau e devidamente repatriadas. Isto baixou brutalmente, em especial as ordens nas chamadas mesas VIP. Mas Macau rapidamente se adaptou convertendo-se para o pequeno e médio jogador sem aqueles problemas. Hoje há cada vez mais gente a jogar, mas com apostas mais baixas. É uma tradição chinesa, que vai ter a competição dos russos que estão a apostar no negócio”, disse ao diário de língua portuguesa.
Referindo que o futuro papel da FO passa sobretudo pela acção cultural, Carlos Monjardino defendeu que Macau é um caso perdido para Portugal “há muito tempo”. “Não há hoje em dia, e falo da Fundação, condições para actuarmos na vida de Macau, sobretudo social, mas também cultural. Na parte cultural levamos a componente portuguesa e trazemos a chinesa. Mas ao nível social, que é um sector particularmente sensível, Macau não necessita de nós e tem aliás mais meios para o fazer”, apontou.
“A Fundação é que tem um papel menos importante na componente social, porque foi assumido pelo governo de Macau. E percebe-se: está mais próximo da população”, defendeu Monjardino, dando o exemplo do Programa de Comparticipação Pecuniária.
“Há episódios caricatos: sou residente não permanente de Macau e, nessa condição, tenho direito a receber um cheque todos os anos, como, aliás, toda a população. Os residentes recebem mais do que os residentes não permanentes. Mesmo assim, recebo 400 euros (4800 patacas) por ano. As autoridades de Macau levam este apoio a sério”, frisou.

A transparência

Monjardino, que nas últimas presidenciais foi membro da comissão política do candidato Sampaio da Nóvoa, falou ainda sobre o facto de não ter sido candidato à presidência da República em 2006 e apontou que o seu percurso em Macau poderia ter contribuído de forma negativa para a campanha.
“Haveria sempre quem falasse no assunto. Mas o meu (percurso), ao contrário de outras figuras que por lá passaram, foi relativamente transparente. Embora, tenha percebido rapidamente que ia ter problemas em Portugal, pois fui relativamente duro em opor-me aos favores aos partidos políticos portugueses. Tomei decisões bastante duras relativamente a quem andou por lá e os partidos não me perdoaram”, disse.
Sobre a Escola Portuguesa de Macau (EPM), que já não é apoiada directamente pela FO, Monjardino lembrou que a escola “é muito válida em termos de promoção da língua portuguesa e pedagógicos, mas em termos de gestão financeira é complicado”.
Sobre o seu futuro à frente da FO, Carlos Monjardino apenas disse que “não é insubstituível”. “Tenho vindo a delegar poder em gente muito capaz e chego à conclusão, com prazer, que não sou insubstituível. Tenho a noção que hoje não tenho as mesmas capacidades de antes”, rematou.

11 Fev 2016

Linha de Assédio sexual | Poucos pedidos reflectem sexo como tabu

A linha aberta – de 24 horas – para as vítimas de assédio sexual, criada pelo Gabinete do Coordenador dos Serviços Sociais, Sheng Kung Hui, disponível desde 2014, recebeu até ao momento menos de dez casos. Número este que, para o coordenador, é reflexo de uma Macau que não consegue oferecer um ambiente que permita suportar os pedidos de ajuda.
Esta não é a única razão, pois para Ip Kam Po, chefe do Centro de Serviços para Saúde de Famílias e Aconselhamento de Jogo, em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, o tema sexo é ainda “tabu”, e por isso a sociedade não se sente segura para pedir ajudar nestes casos.
Segundo os dados publicados pelo Gabinete do Coordenador dos Serviços Sociais, referentes a 2014 e 2015, a taxa de consultas e pedidos de ajuda de vítimas de assédio sexual foi muito baixa. Feitas as contas, explicou ao responsável foram tratados menos de dez casos relativos a assédio sexual
“É sempre difícil para as vítimas falar e pedir ajuda a outros. Uma parte da vítimas conta o seu caso depois de algum tempo, em que já sofreram muito. A outra parte tenta esconder. Há ainda os casos de pessoas com problemas mentais e emocionais e isto pode fazer com que a comunicação interpessoal seja afectada”, explicou Ip Kam Po.
Atenção reforçada
Embora o número de pedidos de ajuda seja baixo, segundo os dados do Gabinete do Secretário para a Segurança, foram denunciados 29 casos de violação e assédio sexual infantil, entre Janeiro a Setembro de 2015. O chefe do centro reforçar a atenção que deve ser dada ao assunto, apelando a que as vítimas peçam ajuda sempre que sentirem alguma ameaça.
Para Chan Wai Leong, chefe do Centro de Serviços Gerais de Jovens da União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong), seria aconselhável acrescentar o ensino sexual na educação regular nas escolas primárias, permitindo que os estudantes entendam que podem conversar sobre o tema do sexo tanto com pais como com professores, deixando de ser tabu. Para o mesmo responsável só desmistificando o assunto é que se poder criar uma atmosfera social adequada.

11 Fev 2016

Lançada primeira pedra de empreendimento turístico de David Chow em Cabo Verde

Já arrancaram as obras do empreendimento turístico que David Chow vai construir em Cabo Verde. No seu discurso, o empresário frisou o facto de uma empresa de Macau estar a fomentar as relações com o mundo lusófono

Está lançada a primeira pedra do projecto turístico integrado do Ilhéu de Santa Maria e Gamboa, empreendimento da Macau Legend Development, do empresário local David Chow. Em Cabo Verde, a comitiva fez-se acompanhar não só por membros do Governo cabo-verdiano mas também de Macau, tendo David Chow destacado a importância do seu investimento para o fomento das relações com o mundo lusófono.
“Julgo ser justo realçar que é louvável o facto de uma empresa de Macau poder aproveitar-se do seu papel e, servindo de plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa, poder desenvolver as suas actividades no estrangeiro”, disse o empresário, que referiu ainda a estratégia da China de “Uma Faixa, Uma Rota”.
“Esta iniciativa acaba por confirmar a tão importante posição de Macau como uma das cidades que fazem parte da Rota da Seda Marítima, e que poderá, eventualmente, apoiar as Pequenas e Médias Empresas (PME) de Macau a concretizarem o seu desenvolvimento e cooperação no estrangeiro”, realçou.
Com uma licença de jogo exclusiva por um período de dez anos, a Macau Legend Development investiu cerca de 2,15 milhões de dólares de Hong Kong num projecto que terá casino, restauração, hotéis e outras áreas de entretenimento, estando prevista a sua conclusão daqui a três anos. Para David Chow, “o presente projecto tem condições para uma maior expansão, daí que estamos a contar com o necessário e permanente apoio por parte do Governo cabo-verdiano”.
O empresário, que em Macau detém os espaços Landmark e Doca dos Pescadores, referiu que o projecto nas ilhas de Santa Maria e Gamboa “servirá de exemplo de que as gentes de Macau sabem utilizar as vantagens e a experiência adquirida para promover as suas actividades no exterior, concretizando-se, assim, a tão almejada política de internacionalização”.

Subir de nível

Citado pela agência Lusa, o primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, garantiu que o turismo no país vai ser um sector em grande desenvolvimento. “Este é um projecto que vai permitir que o nosso turismo atinja outros patamares. Com outros hotéis em que estão em construção teremos condições de gerar milhares de postos de trabalho nos próximos anos, alavancar mais o desenvolvimento do turismo e conseguir o desenvolvimento de outros sectores como os agro-negócios e a economia marítima”, sustentou.
Referindo que neste momento o país recebe anualmente cerca de 600 mil turistas, José Maria Neves disse que os vários empreendimentos turísticos em construção vão fazer com que o país chegue a um a dois milhões de turistas nos próximos anos. “Este projecto é mais uma pedra fundamental para a construção e transformação de Cabo Verde”, referiu José Maria Neves.
Em Agosto do ano passado, cerca de 40 elementos do movimento cabo-verdiano “Korrenti di Activista” acamparam no ilhéu de Santa Maria em protesto contra a construção do completo, considerando que irá servir sobretudo para trazer ao país “lavagem de capitais, prostituição e turismo sexual”. Na semana passada, o ex-bastonário da Ordem dos Arquitectos (OAC) cabo-verdianos, Cipriano Fernandes, pediu, através de uma petição, a intervenção da Procuradoria-Geral da República (PGR) para suspender o projecto, por considerar que não respeita todos os requisitos legais e que o mesmo deveria ser aberto ao escrutínio público.

11 Fev 2016