Segurança | Wong Sio Chak fala de grandes avanços em 2015

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, afirma ter criado “três novas linhas conceptuais” só no ano passado. Estas incluem “o policiamento activo, o policiamento comunitário e policiamento de proximidade”, que foram, de acordo com o responsável, essenciais para executar a lei de forma “efectiva”. O responsável confirma ainda que a sua tutela se empenhou bastante para cumprir aquilo a que se dispôs.
“Durante o mesmo ano, todos os serviços sob a minha tutela têm executado de forma activa o novo modelo de policiamento moderno, no âmbito do qual se vem promovendo a rigorosa execução da lei, perseguindo com eficiência os crimes, salvaguardando a segurança e a ordem pública da sociedade, protegendo os direitos legítimos dos cidadãos e dos turistas”, disse no discurso feito durante um jantar com a imprensa. Wong Sio Chak acrescentou que a sua Secretaria “não se inibiu” de enfrentar questões civis: “pelo contrário empenhámo-nos na firme resolução dos problemas surgidos, colaborámos integralmente com o Comissariado contra a Corrupção nos trabalhos de investigação criminal em que estiveram envolvidos agentes das forças de segurança”.

22 Jan 2016

Guitarra clássica em São Domingos

[dropcap style= ‘circle’]E[/dropcap]ste sábado a igreja de São domingos acolhe um programa muito especial: um concerto para guitarra clássica pela Orquestra de Macau dirigida pelo maestro Nabil Shehata, tendo Yang Xuefei como solista de guitarra. Nascido no Kuwait mas radicado na Alemanha, Nabil é actualmente maestro da orquestra de câmara de Munique e estreou-se recentemente como solista e maestro da Orquestra Sinfónica de Dusseldórfia. Yan Xuefei, actualmente a guitarrista mais marcante da China, nasceu em Pequim logo a seguir à Revolução Cultural, uma época em que os instrumentos e a música ocidentais eram banidos, sendo por isso protagonista de uma história de conquistas e pioneirismos: foi a primeira guitarrista a entrar numa escola de música na China e a primeira a lançar uma carreira internacional. Neste concerto serão interpretados um eterno clássico, o Concerto de Aranjuez de Joaquin Rodrigo, a Sinfonia N.º 29 de Mozart e as Bachianas Brasileiras N.º 2 de Heitor Villa-Lobos.  A não perder, no próximo sábado, pelas 20h00. A entrada é gratuita.

22 Jan 2016

Caso Alan Ho rebentou com denúncia anónima em 2014

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] caso da rede de prostituição do Hotel Lisboa, que está em julgamento, foi, de acordo com o agente da Polícia Judiciária responsável pelo caso, denunciado de forma anónima em Abril de 2014. De acordo com declarações do agente na sessão de ontem do julgamento, este foi o momento determinante para o início da investigação, cita a rádio Macau.
A denúncia fala da então vice-gerente do hotel e a segunda arguida do processo, Kelly Wang. De acordo com notícia da Rádio Macau, alegava-se que Wang estaria a receber despesas de protecção das prostitutas que trabalhavam no Hotel Lisboa. O principal meio de investigação até ao momento são escutas telefónicas aos suspeitos. No testemunho do agente da PJ, Kelly Wang surge como a pessoa que controlava a rede de prostituição em articulação com proxenetas. Wang cobrava 150 mil yuan às mulheres que queriam oferecer serviços sexuais no Lisboa. O agente da PJ referiu também que, durante um período em que Kelly Wang esteve doente, a gestão da entrada e saída das raparigas passou para as mãos de Alan Ho e Peter Lun, gerente geral do espaço. MACAU-CRIME-PROSTITUTION-CASINO
Nas escutas, a PJ monitorizou uma gravação de uma das prostitutas que fora enviada a Alan Ho, onde esta lamentava a cobrança da verba, pedindo que o director-executivo do Hotel Lisboa se inteirasse da situação, justificando que a empresa estava a perder dinheiro.
Foi também através das escutas telefónicas que a PJ chegou às contas bancárias utilizadas por Kelly Wang e pelo marido. Dados fornecidos pelas autoridades chinesas mostram movimentos nestas contas, mas os dados apresentados foram contestados pelos advogados de defesa, que entendem que não devem ser admitidos como meio de prova. Os juristas alegam que os documentos não estão devidamente autenticados, não se sabendo quem os fez nem quando foram elaborados. O colectivo de juízes remeteu uma decisão sobre a matéria para mais tarde.

22 Jan 2016

Financiamento a Angola prevê criar 365.000 empregos

[dropcap style = ‘circle’]A[/dropcap] Linha de Crédito da China (LCC) a Angola vai financiar 155 projectos com 5,2 mil milhões de dólares, a executar por empresas chinesas, estimando o Governo angolano a criação de quase 365.000 empregos.
A informação consta do plano operacional da LCC, elaborado pelo Governo angolano com as obras a realizar pelas empresas chinesas ao abrigo deste financiamento, fechado durante a visita de Estado de José Eduardo dos Santos à China, documento ao qual a Lusa teve ontem acesso.
O sector da energia e águas lidera, em termos dos montantes a investir, entre nove sectores, com 2.174.238.412 dólares alocados para 34 projectos.
Neste sector, só o projecto para reabilitação e reforço do sistema de abastecimento de água na província de Cabinda, a desenvolver em 18 meses, vai custar 209 milhões de dólares e gerar, na perspectiva do Governo angolano, 42.421 empregos.
O sector da construção contará com 33 projectos, mobilizando 1.644.282.124 dólares.
O sector da educação é o que concentra o maior número de projectos, num total de 55, sobretudo a construção de escolas, num investimento global de 373.348.412 dólares.
A província de Luanda vai mobilizar cerca de um quinto do total do investimento, com 1.026 milhões de dólares em 18 projectos, seguida do Huambo, com 776 milhões de dólares e 12 projectos.
O documento é acompanhado por uma lista com 37 empresas chinesas “recomendadas para o mercado angolano”, ao abrigo da LCC.
china angola
Apesar de executados por empresas chinesas, o Governo angolano garantiu anteriormente que estes projectos terão também uma incorporação maior de materiais e empresas nacionais, face às linhas de crédito anteriores.
O Governo angolano anunciou a 15 de Outubro que o acordo estabelecido com a China em Junho previa a atribuição a Angola de um crédito a rondar os seis mil milhões de dólares, a aplicar em investimento público no país.
A informação foi prestada na Assembleia Nacional pelo vice-Presidente da República de Angola, Manuel Vicente, em representação do chefe de Estado, na anual mensagem sobre o estado da nação.
“Contraíram-se também créditos à China no valor de aproximadamente seis mil milhões de dólares norte-americanos, destinados a investimento público nos domínios da educação, saúde, água, energia eléctrica e estradas, tendo sido já aprovado pelo executivo o plano operacional para assegurar a execução de projectos identificados em 2016 e em 2017”, disse Manuel Vicente.
Angola enfrenta uma crise financeira e económica devido à forte quebra da cotação internacional do barril de crude no mercado internacional, o que provocou também uma crise cambial, pela redução de entrada de divisas no país.

22 Jan 2016

China já é o maior gerador mundial de energia solar

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China superou a Alemanha como o maior gerador mundial de energia solar, com 43 gigawatts de capacidade instalada no final de 2015, segundo dados publicados ontem pela Associação da Indústria Fotovoltaica do país asiático.
O país acrescentou 15 gigawatts à sua capacidade de geração, um aumento de 40 por cento face ao início do ano passado e que lhe permite superar a maior economia da zona euro, que tem 40 gigawatts.
“Uma coisa é a instalação, outra coisa é a utilização”, apontou à Lusa o consultor e especialista em alterações climáticas português Renato Roldão, radicado em Pequim há quase uma década.
Ao contrário da Europa – explicou o técnico português -, a China carece de um sistema de consumo de energia que cobre um valor adicional a quem consome energia produzida a partir de combustíveis fósseis.
Como resultado, “o desperdício é enorme”.
Cerca de dois terços da energia consumida no país assentam no carvão, apesar de este ser o maior investidor em energias renováveis entre as nações em desenvolvimento – 89 mil milhões de dólares, só em 2014. o desenvolvimento de energia solar na china
A ambição do “gigante” asiático é potenciar a sua capacidade instalada para que em 2020 15% do total da energia consumida no país proceda de fontes limpas.
A Administração Nacional de Energia da China prevê triplicar a capacidade de geração de energia solar instalada até aos 150 giga watts, nos próximos cinco anos.

22 Jan 2016

Presidentes chinês e egípcio reúnem-se para reforçar laços económicos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, e o seu homólogo egípcio, Abdelfatah al Sisi, inauguraram ontem no Palácio Presidencial de Abdin, no Cairo, uma cimeira bilateral, que deverá servir para assinar vários acordos na área económica.
Xi chegou na quarta-feira ao Egipto a meio de um périplo pelo Médio Oriente, que arrancou na Arábia Saudita e terminará no Irão.
Trata-se da primeira deslocação do líder chinês à região, desde que ascendeu ao poder, em 2012, e ocorre numa altura de crescente tensão entre dois dos principais fornecedores de petróleo para a China, Arábia Saudita e Irão.
Riade anunciou no início do mês o corte de relações diplomáticas com Teerão, na sequência da tensão gerada pela execução do clérigo xiita Nimr Baqer al-Nimr, crítico do poder no reino sunita.
No Cairo, o líder chinês reforçou a sua determinação em lançar a iniciativa chinesa “Uma Faixa, uma Rota”, um gigante plano de infra-estruturas que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, a costa leste de África e o sudeste asiático.
Pelas contas do Governo chinês, aquele plano, que inclui a construção de uma malha ferroviária de alta velocidade entre a China e a Europa, vai abranger 65 países e 4,4 mil milhões de pessoas – cerca de 60% da humanidade.
O primeiro-ministro egípcio, Sherif Ismail, assinalou que, no âmbito daquela iniciativa, os dois países assinaram já vários acordos nos sectores da energia, habitação e transporte.
Durante a sua estadia, Xi inaugurará ainda o ano da cultura da China no Egipto e participará da celebração do 60.º aniversário das relações bilaterais entre Cairo e Pequim.

22 Jan 2016

Pequim defende validade dos seus dados estatísticos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] vice-director do Gabinete Nacional de Estatísticas chinês qualificou ontem de “incompletos” os estudos que indicam que os dados oficiais sobre o crescimento da economia chinesa estão sobrevalorizados, num comunicado citado pela agência oficial Xinhua.
Os números do Produto Interno Bruto (PIB) chinês são frequentemente questionados por observadores internacionais, que acusam Pequim de manipular os dados por razões políticas.
Por outro lado, algumas entidades apontam erros causados por aspectos técnicos na forma como as autoridades chinesas calculam a expansão da economia. imagem-trabalho-em-serie-Foxconn-680x420
Xu Xianchun refere que o método utilizado por essas entidades, e denominado de Média Móvel Ponderada (WMA, na sigla em inglês), apenas contabiliza uma parte da produção industrial.
“O método WAM não produz dados acurados, porque apenas contabiliza alguns produtos, incluindo o carvão e ferro, e não reflecte a melhoria na qualidade dos bens produzidos”, lê-se na nota citada pela Xinhua.
Os estudos negativos também “subestimam o rápido desenvolvimento do sector dos serviços, incluindo o sector financeiro e a internet, resultado da melhoria da produtividade do trabalho”, aponta.

Outros ritmos

A economia chinesa, a segunda maior do mundo, cresceu 6,9% em 2015, o ritmo mais lento dos últimos 25 anos, segundo dados revelados por Pequim esta semana.
Ao longo de 2015, a economia do “gigante” asiático continuou a abrandar progressivamente ao crescer 7%, no primeiro e segundo trimestre, 6,9% (terceiro) e 6,8% (quarto).
De acordo com dados do centro de pesquisa sediado em Londres Capital Economics, o crescimento no último quarto do ano fixou-se em 4,5%, enquanto a agência Bloomberg coloca o crescimento para o conjunto do ano em 6,8%, ligeiramente abaixo da estimativa oficial.
Xu argumenta que a China adequou este ano o seu sistema de contabilidade do PIB ao Special Data Dissemination Standard (SDDS), o mecanismo utilizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), visando maior transparência estatística.
O SDDS foi estabelecido em 1996 para guiar os países que pretendiam aceder aos mercados internacionais de capitais na disseminação de informação financeira.
“As práticas da China estão em linha com os padrões internacionais”, defendeu Xu, argumentando que os dados extraídos pelas autoridades são aceites por organizações como as Nações Unidas, o Banco Mundial e o FMI.

22 Jan 2016

Rota das Letras | Festival Literário de Macau de 5 a 19 de Março

Traz-nos um prémio Pulitzer, vários autores de renome, dois regressos, mais dias de festival, mais idiomas e duas dedicatórias especiais: a Camilo Pessanha e Tang Xianzu. O Festival Literário Rota das Letras está de volta em Março

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]briu com um toque de classe com o cenário da biblioteca do edifício do Leal Senado de fundo. A organização do Festival Literário Rota das Letras levantou ontem a ponta do véu do evento que regressa em Março. Para abarcar três fins-de-semana o Festival passa de 12 para 15 dias de exposições, cinema, debates, palestras nas escolas e música ao vivo. Garante-se o Fado, anuncia-se um enigmático regresso a Macau e espera-se fechar em breve a contratação de um músico chinês de relevo. A sede dos concertos também muda, passando da Arena do Venetian para o Grande Auditório do Centro Cultural.

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Celebrar Pessanha

A homenagem a Tang Xianzu e a Camilo Pessanha são o grande destaque do Festival para este ano. Tang Xianzu por ser um dos primeiros autores chineses a estabelecer contacto com estrangeiros em Macau, tendo visitado a cidade em 1591. Um dos dramaturgos mais aclamados da dinastia Ming e da literatura chinesa em geral, Tang imortalizou Macau em vários poemas e é autor da peça de referência da dramaturgia chinesa “Pavilhão das Peónias”, tradicionalmente representada no estilo Kunqu, desenvolvido durante os primórdios da dinastia Ming (séc. XVI), e quase desaparecido durante o séc. XX tendo sido em 2001 considerado pela UNESCO como “Obra Prima do Património Oral e Intangível da Humanidade. Camilo Pessanha, o autor de “Clepsidra”, viveu e morreu em Macau e deixou um legado valioso que continua a ser objecto de estudo até hoje. Para aprofundar a sua obra, o Festival convidou Paulo Franchetti, Daniel Pires, Pedro Barreiros e Carlos Morais José.

Lolita e Zink outra vez

Regressam ao festival duas das figuras com mais impacto no contexto da edições anteriores: Rui Zink e Lolita Hu. Desafiados a trazerem um “acompanhante”, Zink escolheu o escritor sueco Bengt Olsson e Lolita o escritor de Xangai Chan Koonchung. Chan é o fundador da “City Magazine” e seu editor por 23 anos, sendo ainda guionista e produtor de cinema, co-fundador do grupo ambientalista de Hong Kong Green Power e antigo membro da direcção da Greenpeace. O seu maior sucesso até à data é “Gregorius”, que recupera uma das personagens mais repulsivas da literatura sueca: o Pastor Gregorius do romance clássico de Hjalmar Söderberg Doctor Glas, de 1905. Um dos seus últimos livros, “Rekviem för John Cummings”, sobre a vida e a morte do guitarrista de punk rock Johnny Ramone, foi nomeado em 2011 para o August Prize.

Pacheco Pereira (é desta)

José Pacheco PereiraQuase participou nas edições anteriores do Festival mas desta é que é. Conhecido comentador político, Pacheco Pereira chega a Macau. Lançou recentemente o IV volume da sua obra de maior fôlego, “Álvaro Cunhal, uma biografia política”, esperando-se vivos debates sobre a personalidade que marcou o movimento comunista em Portugal.

De Portugal, estão ainda confirmados Matilde Campilho, Luísa Fortes da Cunha, Paulo José Miranda, Pedro Mexia, Ricardo Adolfo e Graça Pacheco Jorge. O premiado autor brasileiro Luiz Ruffato também estará entre nós, assim como Marcelino Freire, Carol Rodrigues e Felipe Munhoz. A Guiné-Bissau assinalará a primeira presença no Festival com a vinda de Ernesto Dabó, do qual se espera revelar ainda os seus dotes musicais.

Letras chinesas

Além de Can Koonchung e Lolita Hu contam-se ainda confirmados na área das letras chinesas Chen Xiwo, Zhou Jianing, Wu Mingy, Shen Haobo, Zheng Yuanjie, Yang Chia-Hsien e Zhang Yueran, considerada, em 2012, como uma das 20 escritoras do futuro pela People’s Literature. O seu romance “The Promise Bird” foi considerado o Melhor Romance Saga em 2006 e o seu conto “Ten Loves” foi nomeado para o Frank O’Connor Award.

Pulitzer e Filipinas


Os idiomas Português e Chinês continuam a dominar o Festival, mas a organização pretende continuar a apostar na diversidade não só de autores e trabalhos mas também de idiomas. Assim surgem o Espanhol e o Inglês, idiomas em que se destaca Junot Diaz, o escritor dominicano naturalizado americano, professor do MIT e premiado com o Pulitzer para melhor ficção em 2008 com o livro “The Brief Wondrous Life of Oscar Wao”.

Activista conhecido pela sua participação em organizações comunitárias em Nova Iorque, no Pro-Libertad e no Partido dos Trabalhadores Dominicanos, Diaz trará na sua bagagem a prosa humorística e sarcástica que o caracteriza.
Pela primeira vez, foram ainda convidados escritores das Filipinas – um tributo da organização ao que considera uma das comunidades mais importantes da cidade.

Assim surgem Angelo R. Lacuesta e Ana Maria Katigbak-Lacuesta. Angelo recebeu diversos prémios pela sua ficção, incluindo dois National Book Awards, o Madrigal Gonzalez Best First Book Award e vários Palanca e Philippines Graphic Awards e foi director-executivo da comissão de cinema no Film Development Council das Filipinas. Ana Maria obteve, em 2014, o primeiro lugar na categoria de Poesia no Don Carlos Palanca Memorial Awards for Literature, considerado o Prémio Pulitzer das Filipinas em termos de prestígio. Jordi Puntí (Espanha), Owen Martell (País de Gales), Jane Camens (Austrália), Angelo Lacuesta (Flipinas), Ana Maria Katigbak-Lacuesta (Filipinas) e Marita Conlon-McKenna (Irlanda) fecham esta lista.

Cinema e outras artes

Os cineastas locais Tracy Choi, Emily Chan e Cheong Kin Man irão apresentar filmes seus, ao lado de Luís Filipe Rocha, o adaptador ao cinema do livro de Henrique de Senna Fernandes “Amor e Dedinhos de Pé”.

Chega ainda a documentarista portuguesa premiada Sofia Marques e, para breve, aguarda-se a confirmação de um prestigiado cineasta chinês.

No campo das artes visuais poderão ser contempladas obras do artistas locais Alexandre Marreiros e Eric Fok; do Hunan chega o pintor e calígrafo Oyang Shijian. Mu Xinxin (também na qualidade de especialista de Tang Xianzu)e Carlos Morais José), a poeta Un Sio San, o tradutor literário e poeta Carlos André e o jornalista e escritor Mark O’Neill, que divide o seu tempo entre Hong Kong, Macau e a China continental, são outros dos convidados.

O orçamento para o Festival não irá sofrer grandes alterações em relação ao do ano transacto, continuando a custar cerca de 2,3 milhões de patacas dos quais 1,4 milhões serão providenciados pelo erário público.

O centro nervoso deste evento continuará a ser o edifício do velho tribunal.

22 Jan 2016

Uma palavra aos jogos complicados

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]precio o meu amigo Albano Martins pela sua forma invulgar de estar na vida, em particular no que se refere a papas na língua. Não as tem e anda bem. É prova cabal de que o meu amigo está a raiar de saúde, o que me deixa feliz. Todavia, se tem razão na língua, essa é questão completamente diferente.
Sem embargo, tenho que lhe agradecer, em abono da verdade, pelas palavras de apoio à nova direcção da APIM que muito lucrará com os sábios e sempre bem intencionados conselhos seus. Especialmente, no que se refere ao Canídromo.
E por falar disso, há que reconhecer quão magistral é a ligação que o meu camarada faz, entre eu, a APIM e o Canídromo. Sim, uma coisa de génio, o qual de facto nem lembra o Diabo, e como tal, nem é de fácil alcance para um “puto da primária” como eu. Decidi que só podia ser coisa boa. Assim, da minha parte vai também como gesto de gratidão uma palavra de carinho, pois quem seria este jovem para o aconselhar? Aí vai : passeie, faça ioga ou crossfit, mas sobretudo tenha cuidado com essa nova gripe que paira por aí – a “canídrome” – que tem por sintoma mais típico, uma obsessão raivosa que ofusca o tino. gran_torino28
Mas indo ao cerne do artigo, permita-me dizer desde já uma coisa. E começarei por tratar o meu amigo por “tu”.
Caro Albano, lamento que escolheste esta forma de expressar a tua opinião. Respeito, pois trata-se de um direito que te assiste e não precisas de justificar perante ninguém. Mas sinceramente, conhecemo-nos há muitos anos, sempre nos demos bem. Tivemos momentos de bom relacionamento profissional. Não sou um estranho para ti, como para ninguém em Macau. Ora, se te soou tão ultrajante a entrevista que dei, estavas perfeitamente à vontade para me ligar, para tirar nabos da púcara. Preferiste lançar-te logo na “surra” moral em público. Tudo bem, respeito, mas lamento.
Não queria tocar mais neste assunto. Mas tal como tu o farias se estivesses no meu lugar, também não me calarei por aquilo que disseste de mim. O público melhor julgará.
Pois bem, achas que eu usei “um caso particular para extrapolar para um universo bem mais vasto” e como tal teria “violado as regras do pensamento científico”. Ora vamos a ver se isso foi assim e que “carradas de razão” são essas.
Para começar, tratava-se de uma questão meramente incidental, que não fazia parte do corpo principal da entrevista. Esta não era sobre portugueses.
Mas quando uma pergunta começa por “Há portugueses que … “, ela significa duas coisas. É sobre portugueses e mais ninguém e só uma parte deles. Podia ter falado dos macaenses e dos chineses, mas a questão se cingia a uma categoria de pessoas, mais concretamente a uma parte dela. Ora, a minha resposta só podia ser interpretada neste contexto. E foi neste sentido dada. Com pesar, não foi esta leitura que escolheste. E tal como o Marques da Silva partiste da visão de que eu teria generalizado os casos. Daí a extrapolação.

Meu caro, não sei como é o teu processo interpretativo, mas chegaste a notar que eu sempre me pautei pelo respeito pelos outros? Sempre me eduquei sendo português de Macau, com as nuances muito próprias de o ser. Diplomacia está no meu sangue, pois esta é a linguagem que deve presidir, numa terra com a história como teve Macau. Talvez pela minha condição de mestiço – aqui no mais neutro sentido da palavra – que me permite discernir as susceptibilidades de vários mundos existentes em Macau.
Sempre fui amigo dos portugueses oriundos de toda a parte do mundo, nomeadamente de Portugal. Durante anos vivi e convivi com eles, entre os quais se encontram alguns dos melhores amigos que tenho na vida. Sem me esquecer das minhas outras costelas, defendi o seu bom nome, sempre que me foi possível, com total espírito de lealdade e de solidariedade. Não tenho que produzir a prova de que nutro profundo respeito e carinho pela comunidade portuguesa residente em Macau, fui e sou um dos acérrimos defensores da sua língua e cultura. Julgo ter contribuído com algo significativo para o prestígio dessa comunidade em Macau, pelo menos fiz a parte que me cabia. Não o faço por correcção política ou por mero favor. Faço-o pelo português que orgulhosamente também sou.
Tens razão quando falas do respeito pela diferença, da tolerância pela diversidade cultural. Já reparaste que é o que ando a fazer nestes anos?
Foi pena não teres sequer considerado isto quando embarcaste na tua reprimenda.
E sabes que mais? Tenho legitimidade de sobra, quer para enaltecer como inúmeras vezes faço, quer para criticar qualquer português que seja, esteja onde eu estiver neste mundo. Não como forasteiro da comunidade, mas como um que faz parte dela.
Ora, no caso vertente à pergunta que me foi feita, nos termos que já expliquei, apontei o dedo para certos casos que não abonam o bom nome da comunidade portuguesa. Apressaste-te logo em tirar conclusões. “Há coisas” dizes “que não se devem nem pensar alto e muito menos sair da boca para fora, por respeito para com a diferença, na igualdade”. Pois, quando tu presencias uma situação em que um patrício teu se porta mal em relação aos outros, nem sequer pensas alto e muito menos sai algo da tua boca para fora quanto a isto, por respeito para com a diferença, na igualdade?! Francamente, Albano, não te reconheceria assim! Tal como eu, podes não despoletar uma reprimenda por iniciativa própria, e guardar para ti durante anos a fio. Mas se te fizerem a pergunta sobre a existência de tais comportamentos, não te estou a ver calado! E “doa a quem doer” como bem nos habituaste!
E sabes porque não ficarias calado? Por aquilo que escarrapachaste no teu arrazoado: “o respeito pela diferença e a assunção de que as culturas se aceitam e não se discutem, nem se comparam” que o patrício não sabe ter.
Não fiz mais nada que fazer o que qualquer um provavelmente faria. Ao contrário do que erroneamente supuseste, não fiz deste tema o mote da entrevista que continha outras coisas bem mais relevantes. No fundo não são portugueses “tout cours” que estão em causa mas as atitudes que alguns ainda tomam.
Se a pergunta fosse também para os macaenses, podes ter a certeza de que também responderei positivamente. Também há entre nós casos de conduta incompatível com o respeito pela diferença. Faço todos os anos com os espectáculos de patuá, não sei ainda te recordas da vez que foste assistir. Mas não era o caso.
Se tu me dissesses que nunca foste mal tratado só fico feliz por ti. Mas isto nada diz quanto aos casos que mencionei.
Meu caro Albano, gosto de ti e respeito-te. Agradeço-te pelas dicas da vida que me dás, pois eu com os meus 55 anos ainda tenho muito que aprender. Mas por favor, poupa-me da paternalista lição de moral e de entendimento entre povos. É que – desculpa que eu te diga -, “irrita bués”, fazendo uso do vernáculo agora mais em voga, sobretudo quando repetes o que há anos e anos ando a fazer.
Não é meu feitio falar assim em público, mas não esperem que fique calado quando sinto o peso dos outros nos meus calos.
E, para o teu sossego “canidrómico”, nem eu, nem a APIM somos sócios do Canídromo. A tua impressão sobre os interesses que imaginariamente eu possa aí ter, faz da tua declaração tão irresponsável (ou pior), quanto a que dizes dos outros.
Bom fim de semana, meu querido. Aquele abraço apesar de tudo.

De Miguel de Senna Fernandes

22 Jan 2016

Escolas chinesas encerram face a onda de frio histórica

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China ordenou ontem o encerramento de escolas em várias cidades do sul do país, face à chegada de uma onda fria que atingirá várias regiões, provocando temperaturas mínimas históricas e nevões. O Centro Meteorológico Nacional da China emitiu ontem o alerta azul (o nível menos grave), face à alta possibilidade de neve e temperaturas até 14 graus negativos, nas regiões próximas ao rio Yangtze. A previsão oficial é que cidades como Xangai ou Changsha alcancem até sábado as temperaturas mais baixas dos últimos 30 anos, enquanto em Pequim os termómetros deverão atingir os 17 graus negativos, o mais baixo em quase três décadas. Na província de Zhejiang, na costa leste da China, as autoridades suspenderam as aulas face à possibilidade de ocorrência de um nevão, informou o jornal oficial China Daily.

22 Jan 2016

EI destrói o mosteiro cristão mais antigo do Iraque

O EI (Estado Islâmico) destruiu esta quinta-feira o mosteiro cristão de Santo Elias de Mossul, o mais antigo do Iraque. Resistiu 1400 anos. A destruição foi confirmada por imagens de satélite da Associated Press.
O local era denominado de Dair Mar Elia, nome do monge cristão assírio Santo Elias, que o construiu entre os anos de 582 e 590.
Durante 1.400 anos, o mosteiro sobreviveu a ataques da natureza e humanos na terceira maior cidade do Iraque.
Desde a instauração do califado do Estado Islâmico no país, o templo passou a ser frequentado, sobretudo, por tropas norte-americanas, que voltaram a realizar manobras militares na região em 2015, com autorização do governo iraquiano.
Na entrada da capela do mosteiro estão gravadas as letras gregas «chi» e «rho», representando as duas primeiras letras do nome de Cristo. O Chi Rho é uma das primeiras formas de cristograma, e é usado por alguns cristãos, sendo formado pela sobreposição das letras chi e ró ( ΧΡ ) de tal forma a produzir o monograma.
«Não consigo descrever a minha tristeza. A nossa história cristã em Mossul está a ser barbaramente destruída. Nós vemos isto como uma tentativa de nos expulsar do Iraque, eliminando a nossa existência nesta terra», disse ao Haaretz o reverendo Paul Thabit Habib, de Mossul, que vive em exílio na cidade de Irbil.
O grupo extremista, que controla grandes porções de territórios do Iraque e da Síria, já demoliu mais de 100 edifícios históricos e religiosos, incluindo túmulos, igrejas e até mesquitas nos dois países. Museus e bibliotecas foram saqueadas, livros foram queimados e obras de arte foram destruídas ou vendidas ilegalmente.
Um dos casos mais famosos é a pérola arqueológica de Palmira.

22 Jan 2016

CPU pede plano geral das zonas em vez de análise caso a caso

A análise a determinados terrenos ou construções leva a que não se possa ter a ideia total do que vai nascer em determinadas zonas de Macau. Membros do CPU pedem, por isso, que se analisem planos gerais

[dropcap style=’circle’]W[/dropcap]u Chou Kit, membro do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), pediu ontem que o Governo se dedicasse a fazer um planeamento alargado das zonas, em vez de se analisarem os projectos para novos imóveis caso a caso, como tem acontecido desde a entrada em vigor da Lei do Planeamento Urbanístico. Na primeira reunião do CPU, que decorreu ontem e onde estavam em discussão a atribuição de licenças de construção a 14 imóveis em Macau e nas ilhas, Wu Chou Kit alertou para necessidade de existência de um plano alargado por zona, de forma a que se perceba o que está a ser avaliado. A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) respondeu vagamente, referindo apenas que, no futuro, quando existirem mais dados recolhidos, essa opção poderá ser adoptada.
Foi também discutido na reunião o poder vinculativo, ou não, dos pareceres do Instituto Cultural (IC) sobre as construções, já que na prática, como disse Wu Chou Kit, os construtores acabam por fazer o “que bem entendem”. Relativamente a este assunto, o Secretário para as Obras Públicas e Transportes Raimundo do Rosário, também presidente da Comissão, assegurou que se as indicações do IC estiverem na planta os construtores têm tendência a segui-las.

Cuidado com as imitações

O arquitecto Rui Leão, outro dos membros da Comissão, manifestou-se contra a vinculação obrigatória no que às linhas arquitectónicas dos imóveis diz respeito, alertando para o problema da autenticidade pois, conforme disse, “descobriu-se em várias cidades que esse método era um erro pois dava origem à criação de obras falsas e à eventual demolição das originais por já não estarem ao nível daquelas que entretanto vão sendo construídas.”
Em discussão ontem estiveram diversas construções, como o caso de um terreno junto ao Largo da Ponte, na Taipa, que terá sido o que mais comentários suscitou, quer da parte dos conselheiros, quer por via da consulta pública. Como o terreno em causa é público – e é apenas uma parcela de um terreno maior e desocupado – vários conselheiros voltaram a trazer à discussão a necessidade de um planeamento geral, interrogando-se porque se avalia apenas aquela parcela e não o terreno todo.

Edifício de 93 metros no centro da cidade?

Segundo notícia ontem avançada pelo jornal Tribuna de Macau, o lote na Av. Dr. Mário Soares ao lado do hotel Grand Emperor, que foi excluído da lista de terrenos cuja concessão iria caducar, poderá albergar um edifício até 93 metros de altura nos 41.69 metros quadrados disponíveis. O imóvel será destinado a comércio, escritórios e estacionamento e está agora em consulta pública a viabilidade da sua construção. É ainda referido no projecto que a futura construção terá o mérito “de melhorar a paisagem na Travessa Central da Praia Grande pois irá providenciar a manutenção dos canteiros”.

21 Jan 2016

Óbito | Nuno Teotónio Pereira: Da habitação social ao combate ao regime

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]arquitecto Nuno Teotónio Pereira, que faleceu ontem, em Lisboa, aos 93 anos, foi um dos pioneiros da habitação social, contestou a arquitectura do regime de Salazar e defendeu a importância da beleza e do bem-estar nos edifícios.
Com mais de 60 anos de carreira, o arquitecto nascido em Lisboa, em 1922, foi homenageado pelos pares na Ordem dos Arquitectos, em 2010, e recebeu no ano passado o Prémio Universidade de Lisboa.
Na altura, a Universidade destacou o exercício “brilhante” na área da arquitectura e apontou-o como uma “figura ética”.
Nuno Teotónio Pereira, que faria 94 anos a 30 de Janeiro, foi galardoado por três vezes com o Prémio Valmor para edifícios como a Torre de Habitação Social, nos Olivais Norte, o chamado Edifício “Franjinhas” e a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, todos em Lisboa.
Pioneiro na área da habitação social, foi também um activista dos direitos cívicos e políticos, integrando o movimento dos chamados “católicos progressistas”, que o levou por várias vezes à prisão no regime ditatorial do Estado Novo.
Participou no 1.º Congresso Nacional de Arquitectura, em 1948, afirmando-se como um dos opositores à estética do regime de Salazar, nomeadamente contra a ideia de uma “arquitectura portuguesa” típica.
Assinou, ao longo da vida, dezenas de projectos em nome próprio ou em co-autoria com arquitectos como Bartolomeu da Costa Cabral, Nuno Portas, João Braula Reis e Gonçalo Byrne, entre outros.

Amor alfacinha

O histórico arquitecto, continuava a declarar “um grande amor por Lisboa”, uma cidade onde procurou sempre “contribuir para a beleza do espaço e o bem-estar das pessoas”.
“A construção está quase parada em Portugal. Há pouco dinheiro, mas um projecto feito por um arquitecto competente sai mais económico do que se for feito por um arquitecto incompetente”, comentou, em 2010, numa entrevista à agência Lusa.
Formado na Escola de Belas Artes de Lisboa, recordou que, “antigamente, havia um conceito errado ao recorrer aos arquitectos apenas para criar obras sumptuosas”. “Hoje, os arquitectos devem fazer desde as obras mais modestas às mais grandiosas”.
Com uma experiência de vinte anos na área da habitação social, defendeu que este conceito “continua a fazer sentido, enquanto houver pessoas ou famílias sem casa digna”.
“Estou esperançado que acabem com os bairros de lata no país”, comentou o co-autor do projecto de Habitação Social para Olivais Norte, que viria a receber o Prémio Valmor em 1968.
Defendia, contudo, que a habitação social devia ter certas características, como não se diferenciar da restante paisagem urbana para evitar ser de imediato classificada como “casa dos pobres”, e fugir à criação de “ilhas” sociais.

Boas influências

Nuno Teotónio Pereira decidiu seguir arquitectura contagiado pelo entusiasmo de um colega, Carlos Manuel Ramos (filho do arquitecto Carlos Ramos), numa altura em que se sentia mais inclinado pela Geografia.
A paixão pela arquitectura manteve-se ao longo da carreira, mas “houve momentos difíceis”, sobretudo durante o regime salazarista, quando foi preso várias vezes pela PIDE, a polícia política da ditadura.
Teotónio Pereira repudiava as pressões para alterar projectos conforme o gosto do regime: “Sempre defendi que os edifícios devem ser construídos de acordo com o seu próprio tempo. Eles queriam que se construísse tudo no estilo antigo”.

21 Jan 2016

Cinema | DocLisboa até 5 de Fevereiro no Consulado de Portugal

De 27 de Janeiro a 5 de Fevereiro vai poder assistir a filmes de realizadores portugueses e chineses de Macau. O DocLisboa regressa pela terceira vez ao território e traz consigo uma dezena de filmes

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Festival Internacional DocLisboa chega pela terceira vez a Macau, através de uma extensão trazida pelo Instituto Português no Oriente (IPOR), e este ano integra também uma secção dedicada às produções e realizadores de Macau. De 27 de Janeiro a 5 de Fevereiro são exibidos no Consulado-Geral de Portugal os nove filmes de realizadores portugueses que competiram no DocLisboa’14 e os vencedores das edições de 2014 das competições locais Sound & Image Challenge e European Union Short Film Challenge, além de uma sessão para outros realizadores de Macau.
O festival abre com “Mio Pang Fei”, um documentário do realizador de Macau Pedro Cardeira sobre o conceituado artista plástico chinês que se interessou pela arte moderna numa época em que esta era considerada anti-revolucionária pelo regime do continente. Mio Pang Fei acabou por se refugiar em Macau onde desenvolveu um novo estilo de pintura “baseado no cruzamento das técnicas artísticas ocidentais com o espírito cultural chinês, a que chamou Neo-Orientalismo”, segundo explica o IPO.
No dia 28 é exibido “Volta à Terra”, do português João Pedro Plácido, que estará presente para falar sobre o filme e responder às perguntas da audiência. A película conta a história de uma “comunidade em extinção”, de 49 camponeses que praticam agricultura de subsistência numa aldeia, Uz, nas montanhas do norte de Portugal.
A terceira sessão, no dia 29, é dedicada ao filme “Fado Camané”, de Bruno de Almeida, sobre o processo de criação do artista, e a quarta, a 2 de Fevereiro, “As Cidades e as Trocas”, aborda a chegada da economia de escala a Cabo Verde e os efeitos que esta teve na transformação da paisagem física e humana da ilha.

Três em um

Na quinta sessão vão ser exibidos três filmes, dois de Portugal – “Triângulo Dourado”, de Miguel Clara Vasconcelos, e “Da Meia Noite para o Dia”, de Vanessa Duarte – e um de Macau, “Um Olhar sobre os Deficientes”, de Zélia Lai.
“Triângulo Dourado” dá voz às “memórias, encontros e sentimentos” das viagens que levaram a personagem principal até Paris e “Da Meia Noite para o Dia” lança um olhar sobre a “memória colectiva e sentido de identidade dos trabalhadores fabris da Covilhã”. Por fim, “Um Olhar sobre os Deficientes”, vencedor do Sound & Image Challenge, reflecte sobre as dificuldades dos portadores de deficiência.
No dia 4 de Fevereiro é exibido “Flor Azul”, do português Raul Domingues, e “São”, de Susana Valadas, sobre um dia na vida de uma operária fabril.

Para acabar

O último dia é dedicado a três obras: “O Pesadelo de João”, do português Francisco Botelho, e “Western Star” e “Fonting the City”, dos realizadores de Macau Wu Hao I e Wallace Chan, respectivamente.
“Western Star”, vencedor do European Union Short Film Challenge, relata o encontro de “uma mulher natural de Macau, que tem feito a sua vida no estrangeiro, com um homem” que conhece na sua cidade natal, quando a visita como turista. “Fonting the City” conta a história de um grupo de designers que percorre Macau em busca de “caligrafias esquecidas”, encontrando “letreiros de lojas antigas, caracteres manuscritos de antigos artesãos e até exemplos de caligrafia pós-década de 80 numa ementa de chá”.
As sessões decorrem às 18h30 no auditório do Consulado-geral de Portugal em Macau e têm entrada livre.

21 Jan 2016

Integração regional e multilateralismo

BRICS: novas instituições financeiras multilaterais

* por Rui Paiva

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]mundo está gradualmente mais inseguro, havendo factores de desequilíbrio que colocam novos desafios de impacto global. Assimetrias (nas armas, nas guerras e nas vontades políticas e religiosas) que se transformam em impasses duradouros, como no caso das Primaveras Árabes, não trouxeram estabilidade, antes um maior desacerto à segurança internacional. Riscos de uma espiral securitária, ainda relativamente contida, mercê de atentados dispersos que vão da Europa ao Norte de África, e beligerâncias regionais que geram milhares de refugiados agravando as condições de vida de populações indefesas.
Num outro plano, a queda drástica do preço do petróleo veio pressionar fortemente os países produtores, afectando significativamente quem faz depender a sua performance económica e financeira das exportações (Rússia em particular).
A China (internamente a braços com problemas adstritos a um crescimento tendencialmente menor e com elevados riscos advindos de bolhas no imobiliário e nas bolsas de valores, e com
correcção de assimetrias no foro social), que vem tornando mais assertiva a sua estratégia de domínio regional (vejam-se acontecimentos no mar do Sul da China – iniciativa ASEAN para debate do tema em Abril de 2015), defendeum certo “pan-asiatismo”.
Recordemos que, pela voz do seu presidente Xi Jinping, vem falar na cimeira da APEC em Novembro de 2014 no Asia Pacific Dream, defendendo “a Ásia para os Asiáticos”, e construindo o novo conceito sobre características económicas, o que pode ser contraditório com a sua estratégia global, quando aumenta a sua presença noutros continentes como a América Latina e África, e mais cirurgicamente na Europa (v. g. sectores estratégicos). A serem bem-sucedidas as duas orientações, poderá haver um momento de clivagem de interesses, acaso não consiga concertar os seus anseios com os dos membros
do BRICS; como maior potência do bloco, entra numa nova fase de integração financeira no mundo, levando os parceiros a dar passos que terão que ser decisivos para a afirmação do todo.
Será pela via financeira que esse objectivo se poderá materializar, embora envolvendo o BRICS, mas fazendo parte de uma estratégia chinesa mais ampla e ambiciosa; daí ser relevante referir a criação de várias instituições financeiras, com
maior relevo para dois bancos, um de desenvolvimento e outro especializado no financiamento de infraestruturas.

Múltiplas envolventes financeiras de Pequim

Defendendo uma forma de cooperação sul-sul, a China anuncia em 2012 a criação do NBD, numa vontade manifestada pela Índia. Logo em 2014, e com vocação específica, a mesma China lidera a criação do BAII, Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (AIIB). Pequim envolve-se em múltiplas vertentes, que estruturam a sua estratégia geopolítica pela via financeira internacional.
Assim, no âmbito do BRICS, o Banco de Desenvolvimento, equiparado ao seu rival Banco Mundial (em que se integrou o BIRD), e ao Banco de Desenvolvimento Asiático, criado no seio do grupo e para os membros, ainda que o seu carácter global se vincule à diversidade de continentes a que pertencem os cinco países.
Complementarmente surge o Fundo de Contingência de Reservas Cambiais, com a lógica de um fundo na esfera monetária, na prática um claro contraponto ao Fundo Monetário
Internacional.
Fora da esfera de acção do BRICS, Pequim cria um megaprojecto estratégico, o Silk Road Economic Belt and the 21st. Century Maritime Silk Road Initiative, conhecido também como One Belt, One Road, procurando criar uma malha de infraestruturas ligando o ocidente chinês através da Ásia Central, seguindo as míticas ‘rotas da seda’ até ao Médio Oriente.
A visita de Xi Jinping ao Paquistão, poucos dias depois de fechado o processo de admissão ao BAII, dando início à formalização das promessas de investimento naquele país, demonstram a vontade de realizar o sonho idealizado.
Será o primeiro passo da ambiciosa estratégia regional chinesa, juntando um investimento de trinta e quatro mil milhões de dólares em projectos de energia e onze mil milhões em vias rodoviárias, portuárias e outras infraestruturas de transportes, assim como o porto de Gwadar, onde começa um corredor que termina na região ocidental de Xinjiang (onde a China tem um dos principais focos de tensão interna); logo, para além de abrir uma via de comunicação fulcral para as trocas comerciais que se antecipam (aproximando ainda a região chinesa do Médio Oriente tão importante na perspectiva energética), estabelecerá, esperam, um mecanismo de segurança1 e estabilidade regional.
O BAII ganha novo élan por conseguir juntar a maioria dos países asiáticos, muitos europeus, alguns do Médio Oriente, América Latina e África.
Os EUA pressionaram os seus aliados no sentido da não-adesão, invocando a falta de confirmação do cumprimento de boas práticas internacionais, de transparência, de boa governance, mas não conseguiram suster a dinâmica chinesa.
Mas uma (aparente) indecisão dos países aliados cai por terra porque no âmago da corrida está um Reino Unido que, aceitando o convite (ciente dos ganhos que assim poderia obter em negócios, o dossiê de cooperação nuclear, e, não menos importante, a sua aspiração a ser a plataforma de internacionalização do renmimbi), na prática abriu a porta aos outros países. Um alto funcionário americano criticou o que apelidou de “acomodação” britânica em declarações
ao Financial Times.
O Silk Road Fund (quarenta mil milhões de dólares) é um fundo de financiamento em infraestruturas e recursos, assim como para cooperação industrial e financeira, dado a conhecer
aquando da Cimeira da APEC em Pequim, em 8 de Novembro de 2014, e destinado a investidores da Ásia. É um fundo complementar ao One Belt, One Road, vocacionado para o financiamento de eixos rodoviários e ferroviários, portos e aeroportos, com expressão na Ásia Central e do Sul, a partir da Rota da Seda, como eixo de acção. Para a SCO, a China avança com uma terceira instituição, o Banco de Desenvolvimento da Organização de Cooperação de Xangai.

Medidas internas de reforço

Na óptica interna, o governo chinês toma medidas de reforço de capitais e de gestão dos chamados policy banks, o China Development Bank (CDB), o Export-Import Bank of China (EIBC), e o Agricultural Development Bank of China (ADBC),
bancos estatais que executam a política monetária e se viram para o financiamento de infraestruturas.
De molde a garantir a capacidade financeira para o gigantesco projecto One Belt, One Road, destinou parte importante das suas reservas externas, sessenta e dois mil milhões de euros, para reforço de capital dos mesmos.
Na óptica do BRICS é fundamental perceber como se articulam e qual a vantagem para a China em promover estes bancos, quando os membros têm os seus policy banks poderosos, mormente o China Development Bank, o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social brasileiro ou o South African Industrial Development Corporation, da África do Sul.
A experiência será um valor acrescentado na implementação de políticas de ‘banca de desenvolvimento’, desta vez numa perspectiva mul-tilateral e com a vantagem de serem projectos novos, actualizados, renovados, demarcando-se o ascendente financeiro chinês, potenciando a dependência dos outros membros, e evitando o ónus de uma actuação bilateral mais aberta, ao aparecer integrada num grupo de países, diluindo assim o que poderia ser invocado como o seu domínio pelo seu peso desproporcionado, anulando eventuais críticas à sua acção
enquanto potência dominante.

A dança das adesões

Dos acontecimentos de meados de Março de 2015 realça-se que, i) a China dá vantagem estratégica ao BAII, definindo um timing apertado; ii) o ministro das Finanças chinês a 15 de Abril anuncia a lista de cinquenta e sete membros fundadores, verificando-se que Taiwan e Coreia do Norte não foram aceites, enquanto EUA e Japão mantiveram-se firmes na decisão de não aderirem. Suécia, Israel, Polónia e África do Sul foram os últimos a ser aceites; iii) consegue assim um apoio alargado que transcende o âmbito geográfico, ao conseguir atrair para o seu projecto países europeus (Reino Unido, seguido da França, Itália e Alemanha) e de outros quadrantes geográficos; iv) não menos importante, provoca uma aparente “cisão”, pelo menos diplomática, entre os EUA e os seus aliados depois do lobbying
para que não houvesse uma adesão significativa, mormente entre os países europeus e asiáticos.
A 12 de Março, uma data marcante, o Reino Unido decide avançar, alegadamente contra a vontade do Foreign Office, numa decisão de David Cameron e do Chancellor do Exchequer, George Osborne.
Porque se deu a sucessão em catadupa? Em primeiro lugar porque a China, bem avisada, definiu uma dead-line para meados de Março por pretender organizar um encontro de alto
nível no fim-de-semana (28-29 de Março), em Almatai no Cazaquistão; em segundo, a solidariedade é sacrificada por um posicionamento de oportunidade, pretendendo assim marcar
presença num futuro e vantajoso negócio, para mais podendo vir a ser parte substancial em divisa chinesa. A China mandatou Jin Liqun seu ex-vice-ministro das Finanças e alto quadro do ADB para realizar um road-show tentando convencer os eventuais candidatos; e, em terceiro, os países vão sabendo com alguma antecipação das sucessivas adesões.
As decisões de adesão passaram essencialmente por um triângulo de questões em suspenso, a) escolha dos três membros ‘não regionais’ para o board (num total de quinze a vinte); b) quem acolherá o prestígio do escritório regional europeu?; c) a eventual caída de um poder de veto chinês.
Este comportamento mostra a dependência económica e financeira face a Pequim e a falta de unidade e consenso entre os ‘ocidentais’ quando se perspectivam novas oportunidades financeiras, denotando sobreposição do sentido de negócio sobre o plano diplomático.
É a primeira vez que a China questiona frontalmente a hegemonia dos EUA , e tem a possibilidade de gerir instituições financeiras internacionais, não obstante poder ter criado uma clivagem com impacto futuro entre os EUA e seus tradicionais aliados no processo de adesão ao BAII; mostra uma estratégia global clara e com ambição, enquanto agente de uma prática financeira, mas cimentando acima de tudo a sua projecção geopolítica, e revela complementaridade no funcionamento futuro dos três bancos, numa estratégia de reforma do sistema financeiro mundial.

Notas
1 Note-se que deste acordo nasce o fornecimento de oito submarinos
chineses (USD 4/5 mil milhões) e a venda de mais de trinta
jactos de guerra FC-31, quando a Índia adquiriu a França 36 Rafale.

20 Jan 2016

MDMA une-se a Pacha para festa underground e prepara festival de música

São dos mais antigos na quase inexistente cena musical de Macau e querem continuar a tentar mudar a forma como se faz e sente música no território. Os membros da MDMA organizam este sábado uma festa no Pacha e já se preparam para apresentar por cá um festival internacional de música

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]arka, D-Hoo e Erick L. vão fazer a noite do próximo sábado no recentemente inaugurado Pacha, no Macau Studio City. Todos são Djs e pertencem ao colectivo local Macau Dance Music Association (MDAM). Não só prometem uma noite diferente para este fim-de-semana, como já têm na manga planos para trazer mais ao público de Macau.
“Vai ser um grande desafio”, diz-nos Derek, ou D-Hoo, justificando com o facto do seu som não ser, normalmente, tão comercial como o que passa neste clube internacional. Os que se deslocarem ao Studio City no sábado devem esperar um lado mais profundo da música house, que progredirá para uma versão de estilo tech, batido com pitadas, aqui e ali, de trechos techno, para ver como o público reage.

Desde 1999

D-Hoo, em conjunto com Roberto Osório, o seu “parceiro de crime” como o próprio define, são dos mais antigos organizadores de festas em Macau. Tudo começou em 1999, como diz D-Hoo ao HM: tinha vivido uns anos em Londres e, ao voltar para Macau, em 97, deparou-se com uma cena vibrante em Hong Kong e um deserto no território. Começaram, por isso, a tentar organizar festas por estas bandas, com a primeira a acontecer em 1999. derek hoo roberto osório mdma
“Correu muito bem”, assegura D-Hoo, que nos diz que, depois houve mais umas quantas que não correram exactamente assim. Alguns anos de inactividade, até que, em 2012, os dois músicos resolveram constituir a MDMA – desde então as coisas têm começado a acontecer.
O grande objectivo da associação é o de juntar as pessoas através da música e criar experiências para aliviar a tensão através da dança, já que “a vida em Macau é tão stressante nos dias de hoje”, como desabafa Derek. Mas, acima de tudo, o que pretendem é criar uma plataforma para expor artistas locais.

Festival Internacional em preparação

Um dos grandes objectivos da MDMA é o de organizar um festival de música electrónica ao ar livre com músicos internacionais, DJs e bandas com um pendor alternativo. Ainda não sabem se será possível já em 2016, mas em 2017 esperam que a ideia venha mesmo a tornar-se realidade, assim que consigam os apoios públicos necessários.
Entretanto, a MDMA pretende continuar a colocar os seus DJs em eventos importantes da região: Derek classifica como exemplos a Secret Island Party e o Clockenflap, em Hong Kong, ou o One Love Festival (Shenzhen), Labyrinth 2016 (Japão) e o Wonderfruit (Tailândia).

Cena local? Qual Cena?

O pior mesmo para Derek é a cena de música local. Quando confrontado com o seu potencial calibre, o Dj não foi de meias medidas: “Qual cena? A dos casinos? Ou a dos karaokes? Não há cena de clubbing. Uns andam demasiado ocupados a fazer dinheiro nos casinos e os outros a assinarem e a jogarem esses jogos estúpidos das salas de karaoke… Claro que existem pessoas que gostam de ir a um clube e eu vejo potencial de crescimento. Mas a cena mesmo, a real, ainda é muito fraca por aqui”, diz ao HM.

EDM? Cox e Sascha!

Nos últimos anos tem ganho terreno junto de uma geração mais jovem um novo conceito de música de dança designado por EDM (Electronic Dance Music), um significado provavelmente abusivo pela caracterização genérica que apresenta. Mas a realidade é que define um estilo que, para Derek, se explica mais ou menos assim: “Se fizermos uma pesquisa no Google por EDM vamos descobrir falsos DJs a tocarem barulho puro para uma nova geração de ‘clubbers’, a destruírem-lhes ouvidos e mente apenas para fazerem paletes de dinheiro. Uma música sem profundidade, sem história, mesmo sem qualidade.”
Seguramente, isso não irá acontecer no próximo sábado. Para D-Hoo, a qualidade descobre-se mais a montante em personagens como Carl Cox que, diz-nos o DJ, “mesmo aos 53 anos continua forte com uma grande adesão”.
Cox, recorde-se, foi grande estrela em Portugal na época das ‘rave parties’, tocando para milhares de pessoas em lugares icónicos como o Castelo de Vila da Feira ou os estaleiros navais de Figueira da Foz durante o mundial de surf aí organizado em 1996. Mas as influências de D-Hoo não ficam completas sem uma referência especial a um galês DJ, produtor, vencedor de vários Prémios Internacionais de Música de Dança e nomeado para os Grammies: Sascha.
“Ele é mesmo o meu exemplo. Fez muito… Foi chamado ‘Filho de Deus’ em tempos e ouvir as suas misturas é pura alegria. Oiço-o há 20 anos e, de vez em quando, ainda me consegue surpreender. Assim sejamos também nós surpreendidos este sábado no Pacha. Até lá!”
A entrada na festa da MDMA no mais novo clube de Macau custa 200 patacas e começa às 22h00. Para os “amigos do MDMA”, os bilhetes ficam a metade do preço.

20 Jan 2016

NY Portuguese Short Film aceita candidaturas até final de Fevereiro

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s inscrições para a sexta edição do NY Portuguese Short Film Festival, a decorrer em simultâneo nos Estados Unidos e em Portugal, a 3 e 4 de Junho, estão abertas até ao próximo dia 29 de Fevereiro. O New York Portuguese Short Film Festival – festival de curtas-metragens portuguesas, em Nova Iorque – foi o primeiro certame de cinema português nos Estados Unidos.
No ano passado, o evento chegou a 14 cidades em 11 países: Lisboa e Cascais (Portugal), Nova Iorque, New Bedford e São Francisco (EUA), São Paulo e Rio de Janeiro (Brasil), Sidney (Austrália), Macau (China), Londres (Reino Unido), Luanda, (Angola), Joanesburgo (África do Sul), Maputo (Moçambique), Vancouver (Canadá) e Berlim (Alemanha).
“Continuando à procura de novos e exigentes públicos para o que de melhor se faz entre a nova geração de realizadores portugueses, o NY Portuguese Short Film Festival chegou a mais cidades, a todos os continentes, a um ritmo sem precedentes. E com ele, chegou o cinema contemporâneo português”, garante o Arte Institute, que organiza o festival.
A directora do Arte Institute, Ana Ventura Miranda, acredita que, nos últimos seis anos, o festival tem sido uma montra para o cinema contemporâneo português.
“Tem aberto portas aos novos realizadores nacionais, em termos de promoção e divulgação das suas curtas-metragens, e até mesmo para participarem noutros festivais internacionais”, diz a responsável.
Podem concorrer ao festival todos os realizadores portugueses, residentes no país ou no estrangeiro, que tenham produzido filmes, com menos de 18 minutos de duração, nos últimos três anos.
As candidaturas serão seleccionadas e submetidas à apreciação de um júri composto por figuras do meio cinematográfico português, brasileiro e norte-americano.
Não há um limite para o número de filmes que serão mostrados, sendo os critérios de escolha “o gosto pessoal do júri, a originalidade da história e a forma como foram filmados.”
O regulamento e o formulário para submissão de candidaturas podem ser encontrados em www.arteinstitute.org/shortfilmfestival. LUSA/HM
 

19 Jan 2016

Arte | Mestres austríacos no Museu de Arte até Abril

O MAM decide embarcar a sério na história universal da pintura e traz-nos uma mostra com o que de melhor existe no seio das da Artes Plásticas: a partir do fim do mês e até ao princípio de Abril vai ser possível admirar ao vivo obras de Klimt, Shiele ou Koshka, entre outros mestres austríacos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Museu de Arte de Macau (MAM) inaugura no próximo dia 29 de Janeiro pelas 18h30 a exposição “Um Século de Arte Austríaca 1860-1960”, que engloba obras de grandes mestres austríacos dos séc. XIX e XX, numa perspectiva panorâmica da arte daquele país deste período. A mostra, com entrada livre aos domingos e feriados e com um custo de cinco patacas nos restantes dias, inclui obras de Gustav Klimt, Egon Shiele e Oskar Kokoshka, entre outros, sendo que, ao todo, estarão em exibição 89 pinturas que fazem parte de colecções de 34 privados e entidades públicas.
A evolução da arte austríaca aqui representada destaca-se, sobretudo, pelos trabalhos pós-Secessão de Viena (1827-1920), um movimento artístico nascido no seio da Künstlerhaus, que contestou o género de pintura tradicional da época e manifestou a pretensão de primar o carácter artístico por oposição a meras representações de interesses comerciais. Gustav-Klimt-O-beijoArtePinturasBlog-do-Mesquita-01
A exposição que agora chega a Macau começou a sua itinerância na China, no Museu de Arte do Mundo de Pequim, em Abril do ano passado, seguindo-se o Museu Moderno de Dalian e o Museu Provincial de Hubei. A exibição, patente até 3 de Abril, é organizada conjuntamente pelo MAM, Instituto Cultural, Museu de Arte do Mundo de Pequim e pela Academia de Belas-Artes Sino-Austríaca.

Revolucionando a tela

Da selecção de mestres agora proposta pelo MAM, Gustav Klimt é, provavelmente, aquele mais conhecido da maioria, seja por via do quadro “O Beijo” ou ”O retrato de Adele Bloch-Bauer”, cuja recuperação depois de ter sido alvo de um saque nazi deu origem ao filme “Woman in Gold” protagonizado por Helen Mirren e lançado no ano passado.
Mas Klimt é reconhecido acima de tudo por ser visto, como todos os grandes, como um homem à frente do seu próprio tempo, controverso, seja pelos temas eróticos escolhidos mais para o final da sua careira, seja pelo papel preponderante desempenhado na criação do movimento secessionista. Simbolista no seu âmago, mas nada subtil, pois as suas obras iam muito mais para além do que a imaginação da época sancionava como correcto, Klimt foi mais um a entrar no grande livro dos incompreendidos já que o seu trabalho, como é da praxe, não era muito bem aceite na altura.
Depois de deixar o movimento secessionista em 1905, foi quando o seu trabalho feriu ainda mais susceptibilidades, tanto dos vienenses como dos próprios colegas pintores, devido ao retratar muitos nus femininos, em poses evocativas e eróticas que enfatizavam a sensualidade e o sexo. Imagens controversas que apelavam a uma nova sensibilidade, a uma celebração da sexualidade, a que não serão estranhos os ventos da época como o trabalho de Freud, também ele vienense e que nesse mesmo ano publicou “Três ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade, um livro revolucionário que desafiava frontalmente as atitudes conservadoras da época em relação ao sexo.
Após a sua morte em 1918, as vendas dos seus trabalhos aumentaram exponencialmente e são hoje obras de referência consideradas como das peças mais importantes e influentes alguma vez saídas da Áustria.
Um dos seus últimos trabalhos leiloados, um raro retrato de corpo inteiro, foi adquirido no ano passado por um comprador desconhecido pela quantia 39 milhões de dólares.

19 Jan 2016

Edifícios | Associação quer mais formas de correr com arrendatários

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Associação Comercial de Fomento Predial de Macau defendeu, numa opinião enviada ao Jornal Ou Mun, que uma limitação nas rendas é bom para os arrendatários “mas viola o objectivo de economia livre e, ao mesmo tempo, prejudica os direitos dos proprietários”. A organização tece ainda críticas à possibilidade de arbitragem em caso de conflitos, como é sugerido no projecto de lei.
“Embora o projecto defenda a arbitragem para resolver os problemas de arrendamento desonesto, os residentes ainda não aceitam este tipo de meio para resolver as questões. Por isso é que os centros de arbitragem em Macau quase não recebem casos.”
A Associação sugere ainda que seja simplificado o processo de despejo para que os senhorios tenham mais hipóteses de fazer com que os arrendatários deixem as casas. “O Governo deve determinar algumas acções como o encerramento dos serviços de electricidade e da água, para que se consiga expulsar os arrendatários desonestos. Assim não é necessário que cada caso seja tratado pelo tribunal”, aponta, acrescentando que uma compensação para o senhorio deve anda ser indicada no contrato de arrendamento. A exigência, proposta no projecto, de um documento do notário para os contratos de locação é também criticada pela Associação. “Esta exigência faz com que o processo leve tempo e haja gastos monetários tanto da parte dos proprietários como dos arrendatários.” T.C.

15 Jan 2016

PME | Intervenção nas rendas pode ter efeitos negativos

[dropcap style=’circle’]V[/dropcap]ozes do sector das Pequenas e Médias Empresas (PME) consideram que a intervenção que será feita nas rendas, no âmbito da alteração do regime jurídico de arrendamento previsto no Código Civil, pode vir a causar um efeito negativo nos negócios.
Ao jornal Ou Mun, Lam Tak Wa, presidente da Associação Comercial de PME, disse que o objectivo do Governo de controlar os valores das rendas é bom, mas teme que esse controlo possa vir a influenciar as operações no mercado. “O Governo deve promover um equilíbrio aquando do processo legislativo, garantindo o direito dos proprietários e dos arrendatários”, apontou.
Lam Tak Wa considera que, devido ao declínio económico, “o sector pode aproveitar-se disso”, porque os arrendatários, defende, têm agora mais condições para discutir os valores das rendas.
O responsável também considera que, tanto as alterações ao regime jurídico do arrendamento como a implementação da lei do salário mínimo pretendem atingir bons objectivos para a sociedade, mas podem trazer uma série de problemas para os residentes e empresários do sector das PME.
Um empresário de uma PME, que optou por não ser identificado, disse ao Ou Mun que neste momento não é uma boa altura para implementar limites às rendas. “As mudanças no arrendamento deveriam ter sido feitas quando a economia de Macau estava a crescer”, referiu.

15 Jan 2016

IAS | Residentes sem consciência da dependência do Jogo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto de Acção Social (IAS) disse ao canal chinês da TDM que os residentes de Macau não têm conhecimentos suficientes sobre a dependência do Jogo, sendo que apenas “uns raros 1%” pedem ajuda se precisarem, tal como aconteceu em 2011. Os dependentes do jogo, diz o instituto, têm medo de ser rotulados como doentes mentais. Um inquérito feito pelo IAS em 2013 demonstra que 1,9% entre 200 entrevistados é um possível dependente do jogo. Outros 0,9% são já definidos como viciados.

15 Jan 2016

Recursos Humanos | Grande pedido de domésticas da China

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Gabinete de Recursos Humanos (GRH) garantiu em resposta ao deputado Chan Meng Kam que Macau tem feito muitos pedidos de empregadas domésticas do continente. A lista referente a Abril de 2014 citada pelo GRH mostra que já foram aprovados 266 pedidos de importação deste tipo de trabalhadoras, sendo que 224 são oriundas da província de Guangdong e as restantes da província de Fujian. No final de um ano de contrato, 117 trabalhadoras viram os seus contratos prolongados pelos patrões. 0022190dec450fd6477b27
Até finais de Setembro do ano passado existiam em Macau um total de 113 empregadas domésticas do interior da China, sendo 95 de Guangdong e 18 de Fujian. O GRH indicou a Chan Meng Kam que já fez uma avaliação preliminar do projecto de importação de trabalhadoras domésticas, tendo enviado um inquérito a 266 patrões. Desses, 126 responderam, sendo que mais de 75% dos entrevistados revelaram-se satisfeitos com o desempenho das empregadas.
“O resultado mostra que há uma grande exigência por parte dos residentes para a vinda de empregadas domésticas do continente. Por isso iniciámos o processo de candidaturas da importação a 19 de Outubro de 2015, tendo recebido até final desse mês 212 pedidos”, apontou a entidade.
O GRH prometeu ainda debater com os diversos departamentos públicos questões como a importação, quotas de trabalhadores, a sua origem e as empresas que estão envolvidas nestes processos.

Tomás Chio

15 Jan 2016

Educação Cívica | Estudo diz que disciplina é “incompatível com cidadania activa”

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m estudo da Universidade de Macau (UM) conclui que a Educação Cívica e Moral promovida no território tem-se revelado incompatível com o conceito de “cidadania democrática activa”, cenário agravado após o movimento Occupy Central, em Hong Kong, em 2014. A ideia é o resultado do estudo “Harmonizar a melodia?! Um estudo crítico da política de Educação Cívica e Moral do sistema de educação não-superior”, assinado por Teresa Vong, docente e investigadora da instituição.
“Este é um estudo sobre a evolução da Educação Moral e Cívica”, começa por explicar ao HM, a docente e autora do estudo. “Existe um conflito entre a educação nacional e a Educação Moral e Cívica. Estamos a falar sobre o conceito de cidadania e a participação cívica. Esta participação parece ter, de alguma forma, um grande conflito com a proposta de educação nacional”, continua. ensino escolas alunos
Em conclusão, o estudo indica que “o aspecto controverso [da Educação Cívica] prende-se com a coesão social, por um lado, e, por outro, com a promoção de um cidadão activo, com pensamento crítico e [que tome parte no] debate público, em busca da democracia. Até agora, parece que o discurso de uma cidadania democrática activa e o de construção de uma nação são incompatíveis no contexto de Macau”.
A investigadora argumenta que o conceito de cidadania está a ser interpretado de forma “muito estrita, maioritariamente ligado ao patriotismo, ao cumprimento da lei e incluindo algumas virtudes tradicionais chinesas”, um entendimento que “não é suficiente para preparar os cidadãos para viverem num mundo mais vasto”.
Em Macau manifesta-se uma “tensão entre o discurso da cidadania activa e a consolidação nacional desejada pelo Governo de Macau, ou talvez do Governo Central”, lê-se no estudo. O conceito de Educação Cívica e Moral – materializado numa disciplina que em 2015 começou a ser implementada nas escolas – começou a ser promovido no período de transição de Administração do território de Portugal para a China e ganhou novo fôlego com o movimento pró-democracia de desobediência civil de Hong Kong, em 2014.

Vem de trás

Teresa Vong recorda que a Educação Cívica e Moral esteve sempre “politicamente carregada”: a administração portuguesa foi pouco intervencionista, levando as instituições privadas a comporem o mosaico escolar com elevada liberdade, de tal modo que a primeira Lei da Educação surge apenas em 1991, em consequência da assinatura da Declaração Conjunta, em 1987, que preparou a transição para a China.
Esta lei reconhece a importância do cultivo da cidadania, definindo que se deseja “desenvolver uma consciência cívica, através da transmissão da cultura de Macau, que é indispensável ao reforço e consolidação da sua identidade”.
A mesma lei refere o “desenvolvimento da democracia e do pluralismo”, a importância do “respeito pelos outros e pelas suas ideias”, com “abertura ao diálogo e à livre troca de pontos de vista de modo a cultivar os cidadãos a julgarem com espírito crítico e a participarem criativamente nos assuntos sociais”. alunos
Esta lei foi substituída em 2006, passando a afirmar que as escolas e governos têm a responsabilidade de “promover o carácter patriótico dos estudantes e o amor a Macau, as boas virtudes e o cumprimento da lei e disciplina”, entre outras características. “A identidade cultural chinesa torna-se o foco, enquanto as características de Macau se tornam periféricas”, aponta Vong.
Em 2014 e 2015 foi aprovada nova legislação que inclui a Educação Cívica no currículo escolar, com conteúdo específico e objectivos curriculares, tornando o conceito “mais estrito”.
“As acções são altamente focadas no fortalecimento do patriotismo e da coesão do Estado através da construção de uma identidade cultural chinesa. (…) O aspecto central desta governamentalização [da educação] é a ênfase extraordinária no patriotismo, na unidade e conformidade, que pode ensombrar a importância da democracia e da autonomia individual numa sociedade liberal”, lê-se no documento.

Pressão vizinha

O estudo afirma que o movimento Occupy Central, em Hong Kong, “gerou grande pressão para o reforço da educação nacional e patriótica em relação à juventude de Macau”, motivando mais de cinco centenas de artigos em 17 dias, grande parte alertando para os impactos negativos do movimento em Macau.
Em Outubro de 2014, a Associação de Educadores Chineses de Macau “enviou uma lista de orientações a professores para encaminharem os estudantes e reflectirem sobre o Movimento Occupy de Hong Kong de modo a evitarem influências negativas”.
Em Março de 2015, Li Gang, director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau, sugeriu que, devido ao Occupy, era necessário reforçar a educação nacional em Macau, lembra Vong.
A investigadora conclui ser necessário “reescrever” o conceito de cidadania de modo a integrar Macau “na comunidade local, regional, internacional e global” mas admite: “Neste momento em que assistimos à harmonização de uma melodia, tudo o que ouvimos é uma peça colectiva e as vozes dos indivíduos são silenciadas”.

15 Jan 2016

Informática | Sistemas locais vulneráveis a ataques de hackers

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s sistemas de informação computorizada locais estão vulneráveis a eventuais ataques de hackers, explica um estudo publicado ontem pelo Centro Incubador de Novas Tecnologias de Macau.
De acordo com declarações do director-executivo do centro, Gilbert Chan, a vulnerabilidade deve-se ao facto de, no ano passado, “pelo menos 40% dos servidores” estarem desactualizados ou utilizarem “versões atrasadas”. Os responsáveis dos departamentos públicos e privados ainda têm “pouco conhecimento” sobre os perigos existentes, acrescentou. Além disso, existe o receio de que as actualizações necessárias comprometam o desempenho dos serviços.
“O sistema pode não aguentar a última versão. Acho que esta é uma das razões para as instituições não actualizarem os servidores”, explicou Gilbert Chan à Rádio Macau. Todos os serviços online precisam de um servidor web, responsável por gerir a informação transferida e que em muitos casos é privada. No entanto, só entre 6% a 10% dos orçamentos para a tecnologia de departamentos do Governo, bancos, operadoras de Jogo e outros serviços foram direccionados para esta área no ano passado. O Centro Incubador de Novas Tecnologias de Macau gere o Centro de Resposta e Emergência Informática, que recebeu cerca de 90 pedidos de assistência, no ano passado. Casos de phishing e de sotfwares que causam danos, alterações e roubo de informação, oriundos de Macau, países asiáticos e dos Estados Unidos, ocuparam 60 por cento das ocorrências. Gilbert Chan diz que, nos últimos anos, o número tem vindo sempre a crescer, acrescenta a rádio.

15 Jan 2016