Nobel da Literatura | Governo japonês felicita Kazuo Ishiguro

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo do Japão felicitou hoje o escritor britânico Kazuo Ishiguro pela atribuição do Nobel de Literatura e destacou as suas raízes nipónicas, tal como os diários japoneses, que dão relevo ao autor nascido em Nagasaki.

“Queremos felicitá-lo e alegra-nos muito que alguém de origem japonesa tenha êxito no estrangeiro, porque provavelmente teve que superar muitas dificuldades”, disse, em conferência de imprensa, o ministro porta-voz da Executivo, Yoshihide Suga.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, emitiu um comunicado no qual felicita Ishiguro e destaca que o autor é natural da cidade de Nagasaki (sudoeste do arquipélago nipónico) e “conta com muitos fãs” no Japão.

A atribuição do Nobel de Literatura a Ishiguro está nas capas dos principais jornais japoneses e na abertura dos noticiários, nos quais se destaca a ligação do escritor com o país de origem e sobretudo com a cidade natal.

A Academia Sueca justificou a escolha de Kazuo Ishiguro, por ser um escritor que, “em romances de grande força emocional, revelou o abismo sob o sentido ilusório de conexão com o mundo”.

O escritor britânico de origem japonesa destacou-se com os primeiros contos, publicados na revista Granta, escreveu para cinema e televisão, é autor de canções. Com “Os Despojos do Dia” venceu o Booker Prize, em 1989.

6 Out 2017

Tensão com Coreia do Norte pode ameaçar economia da Ásia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] aumento da tensão em torno do programa nuclear da Coreia do Norte pode constituir uma ameaça para o crescimento robusto da Ásia, advertiu um responsável do Banco Mundial.

O Produto Interno Bruto (PIB) da Ásia Oriental e da região do Pacífico deve avançar 6,4% este ano, 6,2% no próximo e 6,1% em 2019, ligeiramente acima das anteriores previsões publicadas em Abril pelo Banco Mundial.

O desenvolvimento nessa região “é melhor do que em qualquer outra região em desenvolvimento do mundo e deve continuar nessa direcção”, declarou Sudhir Shetty, economista-chefe do banco na Ásia.

A evolução é explicada por “clima externo favorável e por uma procura interna robusta”, indicou ao comentar as previsões da instituição.

Mas a tensão com a Coreia do Norte “pode potencialmente afectar o comércio e o acesso ao financiamento externo”, tendo, por isso, impacto na economia, considerou Shetty, que falava à imprensa a partir de Banguecoque.

“O aumento da tensão na região pode tornar os fluxos de capitais e as taxas de juro mais voláteis, com as taxas a aumentar”, acrescentou.

Pyongyang tem multiplicado os disparos de mísseis e os testes nucleares violando as resoluções da ONU, enquanto o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, e o presidente norte-americano, Donald Trump, se envolveram numa guerra de palavras.

O aumento do proteccionismo nos Estados Unidos com a administração Trump e a incerteza provocada pela saída do Reino Unido da União Europeia (UE) constituem igualmente ameaças, advertiu.

A China, segunda economia mundial, deve registar um crescimento de 6,7% este ano, de 6,4% no próximo e de 6,3% em 2019, segundo o relatório.

6 Out 2017

Coreia | Vladimir Putin duvida de êxito de ataque

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]positor declarado de uma intervenção estrangeira na Coreia do Norte, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quarta-feira que não há certeza de sucesso de um ataque armado porque o regime do ditador Kim Jong-un pode ter instalações militares escondidas.

“Será possível um ataque global contra a Coreia do Norte para desarmá-la? Sim. Atingirá seu objectivo? Não sabemos. Quem sabe o que eles têm lá e onde. Ninguém sabe com 100% de certeza, já que é um país fechado.”

A abordagem cautelosa de Putin destoa do tom adoptado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que tem repetidamente feito ameaças ao regime comunista e pedido a imposição de sanções económicas cada vez mais duras.

Outro país que segue o mesmo princípio é a China, aliado de Pyongyang, embora tenha adoptado nas últimas semanas punições no comércio exterior que reduzem drasticamente a disponibilidade financeira do regime.

Nesta quarta, Trump escreveu numa rede social que disse ao secretário de Estado, Rex Tillerson, que este estava “a perder tempo tentando negociar com o homem do foguete [Kim Jong-un]”.

No seu primeiro discurso na Assembleia-Geral da ONU, o republicano disse que “se [os EUA] forem forçados a se defender ou a defender seus aliados, não teremos outra escolha que destruir totalmente a Coreia do Norte.

No início de agosto, o americano fez uma de suas mais contundentes ameaças ao país comunista ao declarar que “eles [o regime de Kim Jong-un] enfrentarão fogo e fúria como o mundo jamais viu”.

Putin, por sua vez, tem advogado pela adopção de incentivos económicos e por uma diplomacia actuante que permita negociações entre as potências e a ditadura.

“Mais sanções são uma via para lugar nenhum”, afirmou o presidente russo, frisando que cerca de 40 mil norte-coreanos trabalham na Rússia. Sabe-se que estes trabalhadores enviam parte de seus salários com frequência para o se país.

O russo também disse que seu país tem mais razões que a maioria dos países para se preocupar com o programa de mísseis balísticos de Pyongyang, já que o local onde as forças de Pyongyang realizaram seus testes nucleares fica a menos de 200 km de distância da fronteira russa.

6 Out 2017

Aniversário da RPC | Chui Sai On destaca segurança social, saúde, habitação e o ensino

O aumento da felicidade dos residentes foi um dos quatro pontos destacados por Chui Sai On, no discurso das celebrações do 68.º aniversário do Dia Nacional. Segurança social, saúde, habitação e o ensino vistos como áreas chave

João Santos Filipe

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]egurança Social, saúde, habitação e ensino foram os aspectos considerados essenciais, pelo Chefe do Executivo, para aumentar a felicidade da população. A garantia foi deixada por Chui Sai On, no domingo, durante o discurso sobre as celebrações do 68.º aniversário do Dia Nacional da República Popular da China.

Num texto com várias referências à passagem do Tufão Hato e agradecimentos ao Governo Central, Chui Sai On prometeu um Executivo focado em “trabalhar proactivamente para a melhoria da qualidade de vida da população e para a promoção da harmonia social”.

“O Governo continuará a optimizar os mecanismos eficientes de longo prazo relacionados com a vida da população, nomeadamente nas áreas da segurança social, da saúde, da habitação e do ensino, empenhando-se no aumento da felicidade dos residentes”, disse Chui Sai On, junto à Torre de Macau.

Neste sentido, e de acordo com o comunicado oficial, o líder do Executivo destacou a necessidade de trabalhar para que os benefícios do crescimento económico sejam distribuídos de forma justa.

“O Governo continuará a envidar esforços na melhoria da qualidade de vida da população, impulsionando a concretização da construção conjunta e da partilha dos frutos do desenvolvimento”, garantiu.

Faixa e Rota

A questão da qualidade de vida da população foi o terceiro dos quatro pontos destacados pelo Chefe do Executivo. Em primeiro lugar foi sublinhada a necessidade de aumentar a capacidade governativa e a estabilidade do território, no segundo, a promoção da estabilidade na economia e a sua diversificação e, por último, Chui Sai On frisou a promoção do desenvolvimento regional mútuo.

“Acelerar a reforma da administração pública, continuar a promover a estratégia de ‘racionalização de quadros e simplificação administrativa’, intensificar continuamente as acções sobre a integridade e as acções de auditoria, e iremos, ainda, reforçar a formação e as capacidades dos talentos da equipa de governação”, foi a receita especificada pelo governante.

Ainda em relação ao primeiro aspecto, o Chefe do Executivo comprometeu-se a “promover amplamente a união das forças patrióticas e apoiar veemente as forças patriotas e o amor a Macau”.

No plano económico, Chui disse que Macau vai ter de aproveitar as oportunidades criadas pelo desenvolvimento do Interior do País, ao mesmo tempo que diversifica a economia. Os sectores das indústrias das convenções e exposições, medicina tradicional chinesa, actividades financeiras e industrias criativas vão ser as principais apostas para a diversificação.

No que diz espeito à política Uma Faixa, Uma Rota, o Governo sublinhou a importância do território identificar as “suas vantagens próprias e singulares” para poder contribuir para este esforço nacional.

O discurso de Chui ficou igualmente marcado por um aviso para a situação internacional, que exige um planeamento eficaz para garantir a estabilidade: “o crescimento da economia mundial mantém-se com um nível de desempenho fraco e é assinalável o aumento de factores de incerteza. Perante tal situação, Macau articular-se-á com dedicação na estratégia de desenvolvimento do País, contribuindo assim para o seu crescimento”, apontou.

5 Out 2017

Deputados nomeados | Chefe do Executivo destaca posições académicas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo reagiu publicamente à nomeação dos sete deputados para a Assembleia Legislativa (AL), tendo dito que cumpriu a lei na sua escolha. Chui Sai On considerou “ser difícil obter a concordância e satisfazer todos”, mas que as suas opções se basearam “em três aspectos principais”, tal como “o cumprimento da lei, o equilíbrio da AL, na sequência dos resultados das eleições de sufrágio directo e indirecto e o desempenho excepcional das sete personalidades escolhidas, nos sectores competentes, assim como a vontade que estes expressam no serviço e no contributo à sociedade”. O Chefe do Executivo lembrou ainda que “os vários académicos e especialistas de diferentes áreas são pessoas que conhecem bem a realidade pelos diversos estudos de investigação que realizaram ao longo dos anos”. Chui Sai On destacou ainda o factor juventude dos novos deputados nomeados. “A faixa etária mais jovem na Assembleia irá ainda permitir um bom desempenho dos deputados no exercício das suas funções legislativas e de fiscalização do trabalho do Governo”, aponta o comunicado.

5 Out 2017

Governo recusa pedido de reforma de Fung Soi Kun

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo revogou a fixação de pensão de aposentação do antigo director dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), que abandonou o cargo após a passagem do tufão Hato, que matou dez pessoas e feriu mais de 240.

Em comunicado, o Fundo de Pensões informou que a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, procedeu “à revogação do (…) despacho efectuado em 13 de Setembro de 2017”, em que foi fixada a pensão de aposentação de Foi Soi Kun.

Segundo a nota, os funcionários públicos devem apresentar ao serviço a que pertencem a declaração ou o requerimento para a aposentação com a antecedência mínima de 90 dias em relação à data em que pretendem deixar o serviço.

“Tendo em conta que a declaração de aposentação do anterior meteorologista (…) Fong Soi Kun não cumpriu a referida disposição legal, a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, procedeu (…), nos termos da lei, à revogação do referido despacho de fixação da pensão de aposentação”, indicou.

Na quinta-feira, o gabinete da secretária tinha divulgado um comunicado em que lembrava que, apesar de haver “aposentação voluntária sempre que o funcionário ou agente que reúne os requisitos legais declare desejar aposentar-se”, tal não impede “a punição por infracções cometidas no exercício dessas funções”.

Sónia Chan referia-se às duas investigações que decorrem ao trabalho de Fong Soi Kun na previsão do tufão Hato, no dia 23 de Agosto. “Embora a pessoa acima referida tivesse declarado a sua aposentação voluntária, tal facto não impede não só a instrução de inquérito, lançada pela Comissão de Inquérito sobre a Catástrofe “23.08”, que foi constituída por despacho do chefe do executivo sobre os eventuais erros e a eventual responsabilidade dos serviços públicos e o seu pessoal durante a catástrofe”, indicou o comunicado.

A aposentação também não impede “a instrução de inquérito do CCAC [Comissariado contra a Corrupção] sobre o procedimento da previsão de tufão, e a gestão interna da Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos, como também a efectivação posterior das eventuais responsabilidades disciplinares e penais”, acrescentou.

O curto intervalo de tempo entre o içar de sinais de tempestade tropical fez gerar dúvidas sobre a capacidade de previsão dos SMG.

Fong Soi Kun tinha estado debaixo de fogo devido ao hastear dos sinais de tempestade tropical há um ano, por ocasião da passagem do tufão Nida, altura em que os SMG içaram apenas o 3, tendo sido criticados por não terem elevado o alerta para 8.

O Chefe do Executivo reagiu entretanto a esta notícia, tendo dito que existem “dois inquéritos que estão ainda em curso”. Citado por um comunicado oficial, Chui Sai On adiantou ainda que “caso seja necessário, irá instruir o devido processo disciplinar”.

5 Out 2017

Novo deputado dos Operários quer salário mínimo para todos, menos para empregadas

Continua a xenofobia: recém-eleito pelos Operários, Leong Sun Iok lê da mesma cartilha dos seus antecessores. Para ele, as empregadas domésticas, na sua esmagadora maioria estrangeiras, não devem ter os mesmos direitos que os outros trabalhadores.

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] novo deputado da associação de operários de Macau quer avançar com uma agenda focada nos locais: aumento da licença de maternidade, regulamentação da lei sindical e alargamento do salário mínimo a toda a população, com excepção das empregadas domésticas.

Leong Sun Iok é um dos seis novos deputados do hemiciclo de Macau – três destes, incluindo Leong, foram escolhidos directamente pela população, e outros três foram eleitos por via indirecta, ou seja, através de associações. O deputado de 40 anos vem reforçar a bancada da Federação das Associações de Operários de Macau (FAOM), que com a eleição de 17 de Setembro passa a contar com quatro deputados, num total de 33: dois eleitos pela via directa e dois pela indirecta.

Apesar de Macau ter uma taxa de desemprego de apenas 2%, Leong garante que as condições de trabalho dos locais não acompanham o acelerado desenvolvimento económico de Macau.

“Observo que o desenvolvimento económico é muito rápido, mas nem todos os trabalhadores locais conseguem beneficiar. O Governo diz que a taxa de desemprego é muito baixa, muito poucas pessoas não conseguem encontrar emprego, mas isso não quer dizer que consigam um bom trabalho com facilidade. Queremos que consigam o melhor emprego possível para eles”, disse à agência Lusa.

Para que isso aconteça, Leong e os colegas pretendem continuar com uma agenda em prol de melhores condições de trabalho, mas sempre com os locais como prioridade. Esta tem sido a política da FAOM, apesar de mais de um quarto da população de Macau ser composta por trabalhadores não residentes, que apenas podem permanecer em Macau enquanto o contrato de trabalho estiver válido, não possuindo direito de residência.

Discriminação negativa

No que toca ao salário mínimo, que actualmente só existe aplicado a duas profissões mas que o Governo já anunciou querer alargar à generalidade da população, Leong apoia a inclusão dos trabalhadores de fora, mas com uma excepção. “Concordamos que o Governo estenda o salário mínimo a toda a gente, incluindo os não-residentes, mas não às empregadas domésticas”, disse. A posição de Leong está em linha com a do Governo, que no passado afastou a possibilidade de incluir as empregadas.

O salário mínimo foi introduzido em Macau a 1 de Janeiro de 2016 para duas categorias de trabalhadores: segurança e limpeza de prédios de habitação. O diploma fixou o salário mínimo em 30 patacas por hora, 240 por dia ou 6.240 por mês.

Leong defende que privilegiar os locais no acesso ao mercado de trabalho continua a fazer sentido. Confrontado com a questão da falta de mão-de-obra, o antigo ‘croupier’ de casino diz que tal não se verifica em todos os sectores. Por exemplo, aponta, “na arquitectura já há alguns anos que não vemos locais, é um ramo onde é difícil trabalhar, a maioria é de fora”.

“Outra indústria é a da restauração. A importação de trabalhadores é excessiva. Os empregadores são relutantes ou indisponíveis para ajudar os trabalhadores locais a subirem [na carreira], a chegarem às posições de gestão”, acrescentou.

“Actualmente, Macau tem cerca de 180 mil trabalhadores contratados ao exterior. O princípio da FAOM é que os trabalhadores estrangeiros devem poder ajudar o mercado local quando as pessoas do mercado local não conseguem preencher a procura. Mas devido à gestão errada do Governo, podemos ver situações em que há trabalhadores locais suficientes, mas ainda há lugar para empregar trabalhadores estrangeiros”, concluiu.

Na lista de prioridades da FAOM está também o aumento para cinco do número de dias em que um pai pode ficar com o filho após nascimento e o da mãe para 90 – actualmente, no sector privado, o pai tem direito a duas faltas justificadas aquando do nascimento de um filho e a mãe tem 56 dias de licença.

O grupo dos quatro

Quanto à lei sindical – prevista na Lei Básica, mas nunca regulamentada – Leong diz que vai “manter a pressão”: “Temos feito esse esforço de muitas formas, pedimos encontros com dirigentes do Governo, recolhemos assinaturas dos cidadãos”.

Os deputados da FAOM apresentaram também dois projectos de lei sobre o assunto, ambos chumbados. No total, oito projectos já foram apresentados por deputados desde 1999, sempre recusados. No final do ano passado, o Governo anunciou que ia começar a estudar a matéria. “Agora é tempo de pressionar o Governo para que avance”, disse Leong.

Questionado sobre a demora em avançar com esta legislação, o novo deputado disse que o principal motivo prende-se com o facto de “a maioria dos membros da Assembleia Legislativa vir do sector empresarial”. “Os Operários não eram suficientes. Mas este ano temos quatro assentos e acreditamos que a nossa voz vai ser mais forte e vamos conseguir ajudar mais os cidadãos. Tenho confiança que vamos conseguir fazer muitas coisas, incluindo [passar] a lei sindical”, afirmou.

5 Out 2017

ATFPM vai discutir abertura a ‘bluecards’

A associação celebrou 30 anos e José Pereira Coutinho considera que está na altura de debater a integração de não-residentes. Jorge Fão, ex-presidente, acusa a actual ATFPM de ter perdido o rumo e de fazer pouco pelos funcionários públicos

João Santos Filipe

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pós celebrar o 30.º aniversário, na semana passada, a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) vai discutir a abertura a trabalhadores não-residentes. Esta é uma posição do presidente, José Pereira Coutinho, que vai ser discutida entre a direcção.

“São todos trabalhadores e são comunidades que contribuem para o desenvolvimento de Macau, por isso não podemos estar a discriminá-las. Estamos a falar de pessoas que dão contributos importantes para Macau”, afirmou José Pereira Coutinho, ao HM.

“Após 30 anos, temos de abrir mais a ATFPM e não podemos colocar de lado a hipótese de passar a aceitar não-residentes. É uma hipótese que não me incomoda nada, a título pessoal. Vamos estudar este assunto entre a direcção, e depois, talvez, proponhamos uma Assembleia Geral para ouvir os nossos sócios”, acrescentou.

A ATFPM foi criada em 1987 com o objectivo de lutar pelos direitos dos trabalhadores da função pública. Na altura, o principal objectivo passava por garantir que o Governo de Portugal assumiria o pagamento das pensões dos funcionários públicos que se reformassem antes da transição da soberania.

Em Maio de 2004, a aprovação dos novos estatutos permitiu que também os trabalhadores do sector privado passassem a ser aceites na associação.

No entanto, os trabalhadores do privado não podem fazer parte dos corpos dirigentes. Uma situação que o presidente diz estar aberto a alterar, se houver consenso no seio da direcção e associação.

“As pessoas do sector privado não podem ser membros dos corpos sociais. Os estatutos não permitem. Mas da minha parte não tenho objecções a que passem a integrar os corpos sociais”, disse José Pereira Coutinho.

“Falo por mim, é uma discussão que podemos ter e que pode alterar a situação. Mas só vai haver mudanças se for essa a vontade da direcção e da ATFPM. Eu da minha parte não vejo problemas, mas há pessoas na direcção que não estão muito receptivas. É uma tema que pode ser discutido”, sublinhou.

Sobre a celebração do 30.º aniversário, Coutinho falou de um marco histórico, não deixando de admitir que há aspectos que ainda não foram concluídos e que são fundamentais para a ATFPM.

“É uma pena e lamento que ainda não haja uma lei sindical. Sobre esse aspecto, ainda hoje nos penitenciamos. Lei sindical, negociação colectiva e direito à greve são direitos fundamentais dos trabalhadores consagrados pela Lei Básica e pelos quais vamos continuar a lutar”, explicou.

Fão sem convite

Já para Jorge Fão, sócio e um dos fundadores, a associação desviou-se do propósito com que tinha sido criada, a partir do momento em que começou a aceitar pessoas que não são trabalhadoras da função pública.

“Houve uma mudança de princípios com o decorrer dos anos, e hoje em dia a ATFPM só mantém o nome. Acabou por meter a foice na seara alheia, ao congregar não só os funcionários públicos mas também toda e qualquer espécie de funcionários privados”, defendeu Jorge Fão, ontem, ao HM.

“É mau porque vai contra a nomenclatura da ATFPM. Não podemos admitir que haja um engenheiro numa associação de advogados e vice-versa. Foi uma medida tomada por ambição política. Resolveram mexer no estatuto para que outros trabalhadores e operários pudessem engrossar as fileiras”, frisou.

Ao HM, Jorge Fão acusa a actual direcção de tentar apagar história e confessou não ter sido convidado para o jantar da passada quinta-feira da ATFPM, em que foi celebrado o 30.º aniversário. Isto apesar de ter as quotas e ser um dos fundadores.

“Nas outras associações há sempre fotografias dos líderes anteriores ou de momentos importantes do passado. Isso não acontece na ATFPM, não se encontram fotografias dos antigos presidentes. Mas, antes, estavam lá. Quiseram apagar a história. Só que se não fosse o passado, hoje o presidente nunca seria deputado. Querer apagar o passado, para mim, é um pecado”, acusou Jorge Fão, antigo presidente da ATFPM, entre 1992 e 1995.

Sobre o futuro da associação, Fão diz que gostava que “se falasse menos e se fizesse mais”, destacando a actualização do estatuto da Função Pública como uma prioridade: “É um regime que foi pensado em 1987 e que já não se adapta ao mundo de hoje. É um regime com demasiada rigidez”, considerou.

5 Out 2017

Lusofonia | Semana Cultural decorre de 14 a 22 de Outubro

Concertos no anfiteatro Casas-Museu da Taipa e a participação, pela primeira vez, na Exposição de Produtos e Serviços de Língua Portuguesa e na Feira Internacional de Macau. Eis as novidades da 9ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de 150 artistas vão participar entre 14 e 22 de Outubro na nona Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa, que volta a juntar teatro, gastronomia, arte contemporânea, dança e música de vários continentes.

Esta é uma iniciativa que se realiza em Macau desde 2008. Pela primeira vez, os artistas convidados participam também na Exposição de Produtos e Serviços de Língua Portuguesa (PLPEX) e na Feira Internacional de Macau (MIF).

O cartaz deste ano inclui concertos no Largo do Senado, no coração de Macau, de grupos e artistas de Portugal (Diogo Piçarra), Cabo Verde (Trio Hélio Batalha, Sílvia Medina e Ellah Barbosa), Angola (Yola Semedo), Timor-Leste (Solution Band), Goa, Damão e Diu (True Blue), Moçambique (Os Kassimbos), Brasil (Rastapé), Guiné-Bissau (Klim Mota), São Tomé e Príncipe (Haylton Dias) e China (Grupo de Música e Dança da Província de Guagxi).

Além de subirem ao palco no Largo do Senado, os artistas vão actuar no Festival da Lusofonia, a decorrer entre 19 e 22 de Outubro nas Casas-Museu da Taipa.

Teatro de regresso

Além da música, a Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa de Macau volta a ter uma mostra de teatro de países e territórios lusófonos pelo quarto ano consecutivo.

A mostra de teatro integra quatro companhias de países lusófonos, incluindo Portugal, e uma de Macau.

Assim, entre 14 e 19 de Outubro, o grupo local Hiu Kok Theatre marca presença com a peça “O cuco da noite escura”, o Grupo de Teatro Girassol (Moçambique) leva ao palco “Nkatikuloni (A outra)”, a companhia Nómada – Art & Public Space vai representar “Solange, uma conversa de cabeleireiro”, o grupo Nós Por Cá (São Tomé e Príncipe) leva à cena “Feitiçaria”, e a Arte Naroman (Timor-Leste) apresenta “Nahe Biti”.

Esta semana cultural integra ainda uma vertente de exposições de arte contemporânea de artistas de Moçambique (Pekiwa, escultura), São Tomé e Príncipe (Guilherme Vaz de Carvalho, pintura) e Macau (Filipe Dores, artes plásticas) e uma exposição de animação do artista plástico e cineasta brasileiro Alê Abreu relacionada com o seu filme “O Menino e o Mundo”, que também será exibido em Macau.

As exposições vão decorrer entre 14 de Outubro e 12 de Novembro, no edifício do antigo tribunal, na Galeria de Exposições da Avenida da Praia, na Casa de Nostalgia da Avenida da Praia e na residência do cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong.

A mostra de artesanato poderá ser vista na Feira do Carmo e a mostra de gastronomia “Sabores do Mundo” decorrerá num restaurante da Torre de Macau e também no espaço onde vai decorrer o Festival da Lusofonia.

Este ano estão convidados ‘chefs’ de cozinha de Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Goa, Damão e Diu e Macau.

A Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa é organizada pelo Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), sendo co-organizadores o Instituto Cultural de Macau e o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais da cidade. Conta ainda com a colaboração das associações das comunidades lusófonas que existem em Macau.

Orçamento de milhões

A nona edição da Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa tem um orçamento semelhante ao do ano passado, na ordem de 8,8 milhões de patacas, disse, na apresentação à imprensa, Echo Chan, secretária-geral adjunta do Secretariado Permanente do Fórum Macau.

Eco Chan disse que as actividades desta semana cultural articulam-se com a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” promovida pelo Governo central e destacou a importância de “reforçar o intercâmbio cultural” entre os países e territórios participantes.

“Espero que através desta semana cultural possam mostrar a sua cultura”, acrescentou.

5 Out 2017

Photo Macau | Evento vai decorrer em Março de 2018

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de 60 galerias internacionais de arte e fotografia vão participar na primeira edição da feira Photo Macau, que vai decorrer entre 25 e 28 de Março do próximo ano, anunciou a organização.

“No coração da cena artística e cultural da Ásia, que está a crescer rapidamente, a nossa feira de fotografia de arte contemporânea reunirá talentos asiáticos e de outras paragens para promover e celebrar a fotografia e a arte em vídeo, que estão rapidamente a ganhar reconhecimento na região”, afirmou, em comunicado, a directora executiva da feira, Cecilia Ho.

A responsável destacou que a Photo Macau vai decorrer num local “com uma tradição chinesa e portuguesa única”, afirmando que a feira de arte “é dedicada à fotografia artística e às imagens em movimento, apresentando arte visual, digital e impressa numa das economias asiáticas em maior crescimento”.

Segundo a organização, a cargo da Red Balloon, o certame vai “destacar um país diferente a cada ano, celebrando a fotografia e as imagens em movimento dessa nação, e a sua contribuição para o mundo das artes”.

“Nesta primeira edição, a atenção recai sobre Istambul, com a curadoria de Nina Öger, colecionadora, patrona das artes e especialista em arte turca”.

5 Out 2017

Cultura | Festival da América Latina arranca esta sexta-feira

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]xposições, gastronomia, cinema. São vários os ingredientes que compõem a edição desta ano do Festival da América Latina, que começa na sexta-feira e termina a 5 de Novembro. A organização está a cargo da Associação para a Promoção do Intercâmbio entre a região Ásia-Pacífico e América Latina (MAPEAL, na sigla inglesa).

O evento começa com a inauguração de uma exposição intitulada “Arquitectura latino-americana”, que estará patente na Torre de Macau até ao dia 15 deste mês. O mesmo evento poderá ser visto, de 15 de Outubro até 1 de Novembro, na Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST).

Segue-se, no Sábado, dia 7, uma mostra de cozinha do Chile no restaurante Tromba Rija, localizado no rés-do-chão da Torre de Macau. Haverá também uma demonstração da gastronomia natural do Peru, no mesmo local, no dia 10 de Outubro.

Na segunda-feira, dia 9 de Outubro, arranca a exibição de filmes oriundos de países latino-americanos, como é o caso do Brasil, Equador ou Argentina. Até ao dia 31 de Outubro, as películas poderão ser vistas em locais distintos, como é o caso da MUST ou da Fundação Rui Cunha.

A partir de terça-feira, 10 de Outubro, haverá também lugar à realização de seminários destinados a abordar a cultura de cada país da América do Sul. Os representantes consulares de países como Cuba, Brasil ou Peru em Macau e Hong Kong vão ser os principais oradores destes encontros, que terão lugar na MUST e na Universidade de Macau.

Na área da fotografia, a Torre de Macau vai também acolher uma exposição intitulada “A memória do Peru: 1890-1950”, que estará disponível para a visita do público até ao dia 22 de Outubro.

A agenda do Festival da América Latina dará ainda destaque à realização da Semana de Gastronomia do Chile, de 7 a 12 de Outubro, sem esquecer as semanas da gastronomia do Equador e Argentina. Estas iniciativas terão lugar nos restaurantes Tromba Rija e Café 360º, ambos localizados na Torre de Macau. O programa completo está disponível em https://www.latinamericanfestival.org

5 Out 2017

China | Presidente retoma marxismo e pede a sua sinificação

Xi Jinping não tem dúvidas: só a sinificação do marxismo poderá manter a teoria viva e servir de farol para o povo chinês

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente da China, Xi Jinping, também secretário-geral do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC), pediu um “entendimento profundo do marxismo e uma vigorosa promoção da sinificação da teoria do filósofo alemão.

Xi fez estas declarações numa sessão de estudo colectivo na qual participaram os membros da Comissão Política do Comité Central do PCC.

O presidente disse que o marxismo mostrou uma grande força e vitalidade, e que continua a desempenhar um papel insubstituível para ajudar as pessoas a compreender e transformar o mundo, bem como promover o progresso social.

Xi sublinhou que, embora os tempos estejam a mudar e a sociedade se esteja a desenvolver, os dogmas básicas do marxismo continuam verdadeiros. “Se nos desviarmos ou abandonamos o marxismo, nosso Partido perderá a sua alma e direção”, disse. “Sobre o tema fundamental de defender o papel guia do marxismo, devemos manter a determinação inabalável, e jamais movimentarmo-nos em nenhum momento ou sob nenhuma circunstância”.

A China experimentou mudanças profundas desde a fundação da República Popular da China, especialmente depois da reforma e abertura. Por isso, o povo chinês está mais qualificado e é mais capaz de revelar a experiência histórica e as regras de desenvolvimento existentes no processo, e de dar contribuições originais para o desenvolvimento do marxismo, sublinhou Xi.

O presidente chinês assinalou que o PCC deve integrar melhor os princípios básicos do marxismo com a realidade da China contemporânea e aprender com os feitos de outras civilizações para criar e desenvolver o marxismo. Xi também pediu que os membros do Partido estudem o capitalismo contemporâneo, a sua essência e modelos.

“O PCC deve desenvolver continuamente o socialismo com características chinesas, reforçar continuamente a força nacional integral da China e demonstrar plenamente as vantagens do sistema socialista da China”, concluiu Xi.

Ao recordar a história do PCC, Xi indicou que o uso das teorias científicas tem uma importância chave para o êxito do Partido e pediu esforços contínuos na aplicação da sinificação do Marxismo.

5 Out 2017

Manifestação em Hong Kong “contra autoritarismo” de Pequim

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ilhares de pessoas manifestaram-se no domingo em Hong Kong, durante o 68.º aniversário da implantação da República Popular da China, para denunciar a ingerência de Pequim e a erosão das liberdades na antiga colónia britânica.

Sob a chuva, esta manifestação, denominada “Concentração contra o autoritarismo”, decorreu algumas semanas depois da detenção de três jovens líderes do movimento “dos guarda-chuvas”, a vasta mobilização pró-democracia do outono de 2014.

“O autoritarismo já é uma realidade em Hong Kong”, lamentou perante os manifestantes Benny Tai, cofundador do movimento “Occupy Central”, que contribuiu para dinamizar a multidão em 2014. “Esta manifestação de hoje serve para mostrar à população de Hong Kong a real natureza do governo”, acrescentou este professor de Direito.

Os principais alvos dos manifestantes foram a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, o secretário para a Justiça, Rimsky Yuen, ou ainda o Presidente chinês, Xi Jinping, cujas imagens exibiam as palavras: “Palhaço autoritário”. Alguns manifestantes exibiam bandeiras semelhantes às chinesas, com cinco estrelas amarelas em fundo negro e não vermelho.

No tradicional discurso por ocasião do dia nacional da China, o primeiro desde que assumiu a chefia do Executivo em Julho, Carrie Lam apelou à unidade. É preciso “agarrar as oportunidades” e “manter a união”, afirmou Lam, considerando “ter a certeza de que Hong Kong pode superar desafios ainda maiores”.

5 Out 2017

China | Reservas de ouro atingem 12,1 mil toneladas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s reservas de ouro da China atingiram 12,1 mil toneladas no final de 2016, as segundas maiores do mundo depois da África do Sul, informou Zhang Yongtao, vice-presidente da Associação de Ouro da China, em um entrevista coletiva. No ano passado, as transações de ouro no mercado chinês, incluindo as divisas em ouro, trocas de futuros e ouro fora de balcão em bancos comerciais, chegaram a 70 mil toneladas, disse Zhang, prevendo um volume maior de 100 mil toneladas em 2020.

A China é o maior produtor de ouro no mundo há dez anos e o maior consumidor há quatro. O país quer aumentar sua produção anual de ouro para 500 toneladas em 2020 em relação ao nível anual de 450 toneladas. No primeiro semestre deste ano, um total de 207 toneladas de ouro foram produzidas, uma queda anual de 9,8%. Enquanto isso, o consumo de ouro cresceu quase 10% em termos anuais para 545 toneladas no mesmo período, com o consumo de barras de ouro aumentando mais de 50%.

5 Out 2017

Milhões de deslocações marcaram o Dia Nacional

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China celebrou no domingo o seu Dia Nacional, em que se comemorou o 68.º aniversário da fundação da República Popular, com milhões de deslocações que marcam o início da chamada ‘Semana Dourada’ de feriados. A Administração Nacional de Turismo da China estima que, ao longo destes oito dias de festividades, se registem cerca de 710 milhões de deslocações, mais 10% do que em 2016.

Segundo os cálculos do organismo, os cidadãos da segunda economia mundial vão gastar nestes dias 90.000 milhões de dólares, o que representa mais 12% do que no mesmo período do ano passado.

As vias de saída das principais cidades entraram em colapso no início do fim de semana e há vários dias que estão esgotados os bilhetes de comboio e autocarros para os trajetos mais populares dentro do território nacional: Pequim, Xangai e Hangzhou. Fora da China, os destinos favoritos são Tailândia, Singapura e Japão.

O Ministério dos Transportes calcula que durante esta semana se registem 560 milhões de deslocações por estrada, 70 milhões por dia, o que fará aumentar o trânsito em 10% em relação a 2016.

As deslocações por via fluvial ou marítima também devem aumentar 5%, chegando a 16 milhões. Já as deslocações por comboio devem superar as 150 milhões.

Um dos maiores atrativos das celebrações do Dia Nacional aconteceu na capital com a cerimónia do içar da bandeira, que todos os dias acontece na praça de Tiananmen, mas que domingo reuniu mais de 15 mil pessoas.

5 Out 2017

Palácio de São Bento | Remodelações retiram pintura sobre Macau

Segundo o jornal Público, os interiores do Palácio de São Bento, residência oficial do primeiro-ministro português, estão a ser alvo de uma remodelação, o que levará à retirada do quadro de Fausto Sampaio

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]oucos saberão que, até agora, quando o primeiro-ministro de Portugal falava ao país, tinha por detrás dele a imagem do Delta do Rio das Pérolas. O quadro, que Macau antigo como pano de fundo, vai ser retirado do Palácio de São Bento devido a um projecto de remodelação de interiores, notícia o jornal Público.

A reportagem publicada ontem pelo diário português refere que todas as obras de arte situadas no interior do edifício vão ser substituídas por outros quadros de arte contemporânea.

“Se durante estes discursos fotógrafos e operadores de imagem tivessem conseguido mostrar a placa com o título e o nome do pintor, teríamos percebido que os chefes do Governo de Portugal estavam a discursar em frente a uma paisagem de Macau, actualmente território chinês. Intitulada Porto Interior de Macau, o quadro mostra a foz do rio das Pérolas e foi pintada por Fausto Sampaio em 1936, quando aquele território fazia parte do império português”, lê-se no artigo.

Suzanne Cotter, uma das responsáveis pela remodelação, disse ao Público que o novo quadro que ficará neste local foi alvo da discussão de todos, incluindo da equipa que diariamente acompanha o primeiro-ministro, actualmente António Costa.

“É uma perspectiva muito importante, em termos de imagem, porque o primeiro-ministro geralmente fala aqui”, explicou a Suzanne Cotter.

O jornal recorda que, apesar da sala em questão, com a lareira ao fundo, ser dos locais mais fotografados e transmitidos, a verdade é que poucos se recordavam do local retratado na pintura.

“Quando vimos em directo a demissão de José Sócrates em Março de 2011, em que o então primeiro-ministro falou ao país na Residência Oficial, lá estava aquela foz misteriosa atrás, que olhámos por um segundo para novamente nos focarmos em algo mais dramático como o discurso. Parecia o Douro, mas de um ângulo diferente, com um vale muito mais encaixado. Dois anos depois, já com Passo Coelho em São Bento, a paisagem surgia novamente como cenário durante o anúncio das novas medidas de austeridade feito em 2013.”

Mesmo com um novo Governo e um novo líder, a sala “continua a ser o espaço mais formal da residência de São Bento, onde António Costa recebe os seus homólogos e os chefes de Estado estrangeiros”.

Na Sala da Lareira, como é oficialmente conhecida, passará a estar um quadro amarelo, da autoria de Ângelo de Sousa e pintado em 1989.

Quadro regressa ao museu

A obra de Fausto Sampaio, tal como o total de 35 quadros retirados de São Bento, voltarão a estar expostos em locais como o Museu do Chiado e o Museu de Arte Antiga.

Em sua substituição passam a estar expostos pelos corredores 26 obras do Museu de Serralves, localizado no Porto, no contexto da iniciativa “Arte em São Bento – Serralves 2017”, inaugurada para coincidir com o feriado de 5 de Outubro. A iniciativa estará patente até final deste ano.

Intitulado “Porto Interior”, a obra de Fausto Sampaio foi realizada em 1936. Sendo portador de uma deficiência auditiva, Fausto Sampaio pintou várias quadros sobre Macau, onde viveu vários anos. Falecido em 1956, o artista foi considerado o “Pintor do Império”, por ter representado na tela lugares de territórios que outrora estiveram sob administração portuguesa, como foi o caso de Goa, Damão e Diu.

5 Out 2017

Casinos | Lawrence Ho aposta no Japão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] magnata Lawrence Ho aposta no Japão para continuar a expansão internacional do império do jogo em casino, a partir de Macau. À frente da empresa Melco International, Lawrence Ho investiu nas Filipinas e na Rússia e quer agora atacar o Japão, onde os casinos foram legalizados em Dezembro de 2016, pelo parlamento. “Ali, nada me segurará”, afirmou o empresário de Hong Kong, numa entrevista à agência noticiosa France Presse (AFP), prometendo apresentar ofertas muito ambiciosas pelas licenças de jogo no Japão.

Para Lawrence Ho, Macau deve continuar a ser a base do grupo, independentemente da sua expansão internacional. “Macau vai continuar a ser o melhor mercado do mundo para os complexos integrados de jogo por ser a porta de entrada na China”, garantiu.

Confrontados com o abrandamento económico da China e a campanha anti-corrupção, lançada em 2014 pelo Presidente Xi Jinping, o continente, os casinos voltaram-se para o mercado de massas, abrindo gigantescos complexos que apresentam várias actividades, da gastronomia ao entretenimento, para compensar a perda dos grandes apostadores.

Em Outubro de 2015, a Melco, cuja capitalização bolsista é de 4,36 mil milhões de dólares, inaugurou em Macau com grande pompa o Studio City, um hotel-casino que afirma ter a mais imponente roda gigante da Ásia e um simulador de voo inspirado em Batman.

Actualmente com 95 anos, Stanley Ho construiu a sua fortuna ao conseguir o monopólio da exploração de casinos em Macau, de 1962 a 2002, data na qual o mercado foi aberto à concorrência. Só naquela altura os gigantes de Las Vegas entraram no jogo. “O meu pai teve a sorte de ter o monopólio durante 40 anos. Mas o governo de Macau decidiu abrir à concorrência. Foi uma boa decisão”, afirmou o empresário, cuja fortuna foi avaliada pela revista Forbes em 2,6 mil milhões de dólares.

5 Out 2017

Armazém do Boi abre portas em 2018

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] já a partir do dia 1 de Outubro, domingo, que o espaço cultural Armazém do Boi estará fechado ao público, “a fim de melhorar as suas condições em prol das suas operações futuras”, anuncia o Instituto Cultural (IC) em comunicado. O IC prevê que o Armazém do Boi volte a funcionar na segunda metade de 2018.

Vão ser feitos “trabalhos de reparação em todo o Armazém, incluindo a reparação de todo o telhado, paredes externas e internas e sua impermeabilização, trabalhos de drenagem e a substituição e recuperação do chão, janelas e portas”.

Quanto ao concurso público, o IC deseja que “todas as associações artísticas locais interessadas em promover as artes visuais e o desenvolvimento das artes comunitárias” possam submeter as suas propostas para a utilização do espaço.

A ideia é que se possa criar “um novo método cooperativo para encorajar a participação e actividade das associações civis, a fim de revelar a diversidade do panorama artístico de Macau”.

Outras paragens

Localizado na Avenida do Almirante Lacerda, o antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino e Canil Municipal de Macau foi classificado em 2017 como edifício de interesse arquitectónico. O edifício do antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino foi construído em 1912 e reconstruído em 1924, sendo composto por dois edifícios paralelos com a tipologia de grandes armazéns, um dos quais (actualmente conhecido por Armazém do Boi) passou a ser usado como espaço expositivo em 2003 e passou a estar sob a égide do IC em 2016.

No ano passado, durante uma vistoria ao edifício, foram detectados alguns riscos de segurança causados pelo envelhecimento e degradação do mesmo, explica o IC.

A associação que actualmente está no Armazém do Boi teve de sair, mas segundo explicou a sua responsável, Gigi Lee, ao HM, a ideia é continuarem o trabalho que têm vindo a desenvolver.

“Saímos das instalações e vamos trabalhar com as pessoas ou trazemos a comunidade para integrar as nossas actividades. É um trabalho muito interessante e que merece ter continuidade.”

29 Set 2017

Benfica de Macau garante licenciamento para Taça AFC

O Benfica de Macau está a um passo de a participar na Taça AFC, depois de se ter tornado o primeiro clube do território a ter uma licença oficial da Confederação Asiática. Agora, falta o estádio e o dinheiro para as despesas dos jogos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] presença do Benfica de Macau na edição de 2018 da Taça AFC (Confederação de Futebol Asiática) ficou mais próxima de se concretizar, após as águias se terem tornado o primeiro clube do território a garantir uma licença para participar na competição. A decisão da AFC foi comunicada ao clube, na terça-feira, e revelada ontem, em comunicado.

No entanto, para que o clube dirigido pelo macaense Duarte Alves se torne na primeira equipa de Macau a participar na competição, é preciso garantir um estádio e apoios financeiros que permitam fazer face a todas as despesas. A situação foi explicada, ontem, ao HM, pelo próprio administrador do Benfica de Macau.

“Agora tudo depende de factores financeiros. Nos jogos fora, a AFC dá um subsídio para as viagens, que nem sempre cobre todas as despesas. Mas nos jogos em casa, temos a responsabilidade de garantir os recursos de hotel e logística das equipas visitantes. Também temos de arranjar um estádio e tratar da logística para a realização dos encontros”, disse Duarte Alves.

Esta é uma situação nova para qualquer clube do território, pelo que Duarte Alves admite que só vai ser possível concretizar com os apoios da Associação de Futebol de Macau (AFM) e do Instituto de Desporto (ID).

“Temos de cobrir os custos de 20 quartos de hotel para os visitantes, mais 10 para os membros da AFC. Também temos de pagar os custos de alimentação e esse tipo de despesas para os agentes vindos de fora. Para um clube de Macau, esta realidade não é fácil e vai ser necessário fazer parcerias com a associação, o ID e empresas locais”, admitiu.

O responsável das águias elogiou todo o apoio da AFM, ao longo do processo de inscrição. Agora, espera que a associação possa ajudar o Benfica de Macau com a experiência acumulada com os jogos da Selecção local.

“Temos de ver até onde podemos trabalhar com a AFM e o ID para trazer os encontros para Macau. A AFM tem este tipo de experiência porque é semelhante aos jogos da selecção”, apontou o administrador.

Plantel por definir

Caso todas as condições estejam reunidas, o Benfica de Macau vai ficar no Zona da Ásia Oriental, onde irá defrontar equipas da Mongólia, Coreia do Norte, Taiwan e Guam. Neste momento Kaohsiung City e Taipé City, de Taiwan, Erchin, da Mongólia, e os Rovers FC, de Guam são os possíveis adversários do Benfica já conhecidos.

À semelhança do que sucedeu este ano, a competição só deve começar por volta de Março de 2018, altura em que o Benfica de Macau já estará a disputar a Liga de Elite.

Por isso, Duarte Alves reconhece que ainda tem tempo para pensar na equipa técnica e no plantel para a próxima época. A prioridade, neste momento, é mesmo garantir as condições para a participação na Taça AFC.

“Ainda está tudo muito fresco. Ainda não começámos a definir quem são os jogadores com que vamos contar e os estrangeiros que vamos inscrever na competição”, afirmou. “Primeiro temos de definir bem com os nossos parceiros aquilo com que podemos contar e que apoios vamos ter”, sublinhou.

Questionado sobre os níveis de confiança para a concretização da segunda fase de preparativos, Duarte Alves limitou-se a dizer que “não é impossível”.

29 Set 2017

Tailândia | Amnistia Internacional pede mais atenção aos refugiados

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Amnistia Internacional (AI) pediu ontem ao Governo da Tailândia uma maior atenção aos refugiados, num momento em que mais de 480.000 membros da maioria muçulmana rohingya fugiram para o Bangladesh para escapar à violência no Myanmar.

A directora de Assuntos Globais da AI, Audrey Gaughran, afirmou, em comunicado, que as autoridades tailandesas devem servir de exemplo na região com a adopção de políticas que protejam os refugiados, em vez de os expulsar ou impedir a sua entrada no país.

“O Governo tailandês deve garantir a segurança daqueles que procuram amparo internacional na Tailândia”, disse Gaughran.

“Ao mesmo tempo que se deve felicitar o Governo tailandês por acolher centenas de milhares de refugiados há décadas (…) é preciso substituir a retórica pela acção”, acrescentou.

A Tailândia tem 102.000 refugiados birmaneses em nove campos instalados junto à fronteira com o Myanmar, segundo dados do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

A AI pediu ao Conselho de Segurança, na quarta-feira, que avance com um embargo de armas e outras medidas para o país parar aquilo que apelidou de “limpeza étnica” contra a população civil rohingya no Myanmar.

Cerca de 480.000 rohinyas fugiram para o Bangladesh desde o início da violência, em 25 de Agosto, no estado de Rakain (anteriormente Arakan) no oeste do país, segundo dados divulgados pela ONU.

O Programa Alimentar Mundial garantiu a distribuição de alimentos para estes refugiados até Novembro.

Outras vítimas

Além dos rohingyas, também a minoria hindu em Rakain foi vítima de violência desde que os rebeldes do Exército de Salvação do Estado Rohingya (ARSA) atacaram 30 postos de controlo das forças de segurança, a 25 de Agosto.

Segundo o exército birmanês, foram recolhidos 52 cadáveres e 192 pessoas foram dadas como desaparecidas, todos birmaneses da minoria hindu, em Rakian, onde os militares mantêm uma operação para anular os rebeldes.

O Myanmar estreou em 2016 o primeiro governo democrático – após quase meio século de ditadura militar -, liderado pela Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, que esteve mais de 15 anos em prisão domiciliária por exigir a democracia no país.

Embora Suu Kyi, muito criticada pela “crise rohingya”, lidere a nação, as Forças Armadas mantêm as áreas da Defesa, Interior e Assuntos Fronteiriços, mais um quarto dos assentos nos parlamentos nacionais e regionais, entre outros privilégios que foram reservados na Constituição de 2008.

29 Set 2017

Hong Kong | Morre multimilionário que ajudou a repatriar milhares de timorenses

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m multimilionário e filantropo de Hong Kong que em 1999 ofereceu a Timor-Leste um navio usado para repatriar da Indonésia milhares de refugiados leste-timorenses morreu na semana passada aos 91 anos, informou a família.

Eric Edward Ho Tung, que nasceu em 1926 e foi nomeado embaixador itinerante de Timor-Leste em 2002, era neto do empresário Robert Ho Tung e filho de Edward Ho Tung e da sua mulher a irlandesa Mordia O’Shea.

“Era um amigo de Timor-Leste que em 2000-2003 despendeu milhões de dólares para ajudar no repatriamento de mais de 100 mil refugiados timorenses de Kupang para Díli num navio que ele comprou para o efeito”, recordou à Lusa o ministro timorense José Ramos-Horta, que em 2002 o nomeou embaixador itinerante de Timor-Leste.

Neto de um conhecido filantropo, Robert Ho Tung, que no século passado ofereceu uma biblioteca a Macau, Eric Ho Tung ajudou a libertar bispos e padres que estavam detidos no Vietname e na China, tendo apoiado a Ordem de Malta e institutos de ensino em vários locais do mundo.

Através de uma fundação que criou, Eric Ho Tung começou a ter conhecimento do que se passava em Timor-Leste nos anos finais da ocupação indonésia – depois de contactos com o Duque de Bragança – tendo desde então apoiado vários projectos da resistência e da igreja timorenses.

Pai de cinco filhos e três filhas do seu casamento com a norte-americana Patricia Anne Shea, Eric Ho Tung ficou conhecido em Timor-Leste quando, em Dezembro de 1999, ofereceu um navio que permitiu repatriar mais de 15 mil refugiados que estavam na Indonésia.

A violência de Setembro de 1999, depois do anúncio do resultado do referendo em que os timorenses escolheram a independência, reavivou o interesse que Eric Ho Tung já tinha demonstrado para com a questão de Timor-Leste, tendo nessa altura voltado a contactar o Duque de Bragança para saber “qual era a melhor maneira de ajudar os timorenses”.

A ideia do navio surgiu para preencher as carências que se sentiam em questões de acesso à ilha, já que a maior parte dos transportes estavam nessa altura dependentes das forças militares australianas.

Comprado à marinha australiana e com plataforma para helicópteros, o navio, de 2.500 toneladas e cem metros de comprimento, tinha salas de assistência médica para poder circular a ilha e prestar apoio médico às populações costeiras.

À chegada a Díli a 11 de setembro de 1999 Hotung explicou à Lusa que a oferta do navio era “como um tributo à coragem dos timorenses” que apesar “de todas as ameaças e das consequências votaram pela independência”.

Os primeiros refugiados foram repatriados de Timor Ocidental a bordo do Patricia Anne Ho Tung, o nome do navio que um ano depois já tinha transportado mais de 10 mil pessoas.

Percurso de vida

Natural de Hong Kong, Eric Ho Tung foi viver para Xangai com o pai quando era criança, estudou no Colégio S. Francisco Xavier e regressou a Hong Kong na 2ª Guerra Mundial, altura em que trabalhou nas urgências do Hospital Tung Wah.

Quando Hong Kong foi ocupado pelos japoneses em Dezembro de 1941, Ho Tung foi enviado de novo para Xangai onde esteve em prisão domiciliária, acabando, em 1947, por viajar para os Estados Unidos para estudar.

Depois das mortes do avô em 1956 e do pai em 1957, Eric Ho Tung regressou a Hong Kong onde assumiu o controlo das empresas da família, especialmente nas áreas imobiliária, financeira e de importação e exportação.

Começou a trabalhar no mundo diplomático na década de 80 do século passado, aproveitando os contactos que tinha na China e nos Estados Unidos, ampliando vários programas de apoio que financiaram o estudo a muitos estudantes de Hong Kong no estrangeiro.

29 Set 2017

Lai Chi Vun | Limpeza dos estaleiros vai demorar 20 dias

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] zona dos estaleiros de Lai Chi Vun, em Coloane, vai demorar cerca de 20 dias até ficar totalmente limpa, após a passagem do tufão Hato que causou muitos estragos.

A estimativa é feita pelo Instituto Cultural (IC), uma vez que “alguns trabalhos de limpeza, em algumas áreas, não podem ser levados a cabo por caminhos terrestres”. Os responsáveis pela limpeza do espaço vão “aproveitar a temporada das marés altas”, sendo auxiliados por barcaças “na limpeza dos objectos do estaleiro desmoronado por caminhos marinhos”. Os trabalhos de limpeza “têm feito bons progressos”.

Parte dos materiais servirão ainda para um futuro museu. “O IC irá organizar e estudar os objectos com valor de preservação dos estaleiros, de modo a preparar a demonstração das técnicas da indústria de construção naval no museu futuro, oferecendo ainda alguns objectos aos artistas para a criação artística.”

“De momento, o IC está a dar início activamente aos trabalhos de reforço de toda a área, a fim de assegurar a segurança dos residentes e público ao redor da zona dos estaleiros de Lai Chi Vun”, aponta o mesmo comunicado.

29 Set 2017

Jogo | Estudo alerta para publicidades que apelam a superstições

O trabalho realizado pelos académicos Davis Fong, Lawrence Fong e Desmond Lam, da Universidade de Macau, sublinha os efeitos escondidos da publicidade de promoção ao casinos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] facto das estratégias de marketing dos hotéis com casinos apostarem em símbolos que apelam às superstições dos jogadores é um factor a que o Governo deveria tomar mais atenção, na altura de lidar com o problema do vício do jogo. A recomendação faz parte de um estudo da Universidade de Macau, feito pelos académicos Lawrence Fong, Desmond Lam e Davis Fong (futuro deputado), que foca as superstições, o envolvimento no jogo e o vício.

Ao apostarem em elementos como os amuletos, deuses e números associados ao factor sorte nas campanhas de publicidade, as estratégias de marketing apelam ao que os investigadores definem como as “superstições controláveis”. Ou seja as superstições em que os jogadores acreditam que podem influenciar o resultado do jogo. Este tipo de crença dos jogadores, segundo o estudo, é um sinal que pode indicar a existências de problemas de vício.

“Como as superstições controláveis aumentam o envolvimento no jogo, elementos como os deuses, amuletos, números e cores associados à sorte nas publicidades e design dos casinos devem revelar-se eficientes em fazer com que os indivíduos apostem em diversos jogos e experimentem outros novos”, explicam os autores nas conclusões.

“De um ponto de vista do jogo responsável, os operadores dos casinos devem considerar os efeitos prejudiciais causados pelas estratégias e medidas de marketing. Os reguladores devem acompanhar de muito perto o impacto desta estratégias e intervir, se necessário”, defendem.

Pouca atenção

Por outro lado, esta é uma área à qual o Governo de Macau não tem dado muita importância, no momento de considerar as estratégias para lidar com o problema do vício jogo. Esta é foi a opinião pessoal expressa por Lawrence Hoc, académico, que fez questão de sublinhar que não compromete os restantes colegas.

“O que observámos é que as publicidades em Macau não podem promover directamente elementos ligados ao jogo, mas vimos alguns indícios ou sugestões escondidas, que atraem pessoas aos casinos. É uma estratégia muito eficaz, caso contrário não seria tão utilizada”, afirmou o professor Lawrence Fong, ao HM.

“Mas com base no meu entendimento, a ligação entre as superstições e o comportamento dos jogadores é algo a que o Governo não tem prestado muita atenção, na altura de lidar com jogadores problemáticos. É por isso que sugerimos que o Governo veja as nossas conclusões e no futuro, quando definir políticas de jogo responsável, que tenha em atenção estes factores”, apontou.

Lawrence deixou igualmente um aviso: “A aposta e a crença nas ‘superstições controláveis’ é um dos factores que pode conduzir as pessoas a tornarem-se jogadoras compulsivas. É uma dimensão que o Governo precisa de considerar”, opinou.

Contudo, e em a favor da acção Governativa, Lawrence Hoc Nang Fong reconhece que esta é uma área que necessita de ser melhor explorada, para que no futuro seja possível perceber como as campanhas podem ser menos prejudiciais.

“É uma discussão que ainda precisa de ser mais explorada para haver um equilíbrio maior entre o marketing e as restrições que possam impedir que as pessoas desenvolvam problema”, admitiu.

O estudo, com o nome Controllable superstition and its relationship with enduring and behavioural involvement in gambling, que em português significa superstição controlável e sua relação com envolvimento permanente e comportamental em jogos de azar, foi publicado na revista International Gambling Studies.

29 Set 2017

Tribunal | Executivo ganha caso de recuperação de terreno na Taipa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Companhia de Investimento Predial Pak Lok Mun perdeu no Tribunal de Segunda Instância o recurso interposto para evitar a perda da concessão de um terreno na Taipa, na Avenida de Kwong Tung, com uma área de 2 209 m2. A decisão foi conhecida ontem e a principal justificação prende-se com o facto do tribunal ter dado como provado que o terreno não foi aproveitado por responsabilidade da concessionária.

Depois de em 1964 a concessão, com um prazo de 50 anos, ter sido entregue para a construção de uma fábrica à empresa Fábrica de Artigos de Vestuário Estilo, que tinha como principal accionista Stanley Ho, em 1999 o contrato foi revisto. O terreno, que nunca tinha sido aproveitado, foi entregue à Pak Lok Mun, que actualmente tem sede no Hotel Lisboa. À empresa foi dado o prazo de 48 meses para construir a fábrica.

Porém, a Pak Lok Mun justificou que não conseguiu aproveitar o terreno, devido à crise do imobiliário vivia em Macau entre 1996 e 2004. Justificação que não foi aceite pelo tribunal.

“Se a crise estava em Macau desde 1996, como ela própria reconhece, e se durou até 2004, então qual o motivo porque aceitou a revisão do contrato e se comprometeu a cumpri-lo na data da sua celebração (1999)?”, questionaram os juízes. “Havia crise? Então, não aceitava o contrato, pelo menos naqueles moldes”, é ainda respondido no documento.

A primeira decisão de recuperar este terreno, conhecido como lote BT11, foi tomada, pelo Governo, em Maio 2015.

29 Set 2017