Gás Butano | Ho Ion Sang preocupado com preços praticados em Macau

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Ho Ion Sang quis que o Governo explicasse porque é que a compra de gás butano é feita à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos quando estes são, diz, mais caros. Numa interpelação escrita, o deputado quer perceber qual a estratégia de compra levada a cabo pelo Governo.
Dados da Direcção dos Serviços de Economia (DSE) indicam que o Governo importou gás butano de Singapura, Indonésia, China continental, Arábia Saudita e EAU, sendo que estes três últimos ocupam uma percentagem de 91% no fornecimento. Desde Junho deste ano, indicam os dados, a Arábia Saudita e os EAU, de forma gradual, tornaram-se os principais fornecedores da mercadoria para Macau.
O deputado aponta, contudo, que o preço do gás butano no mercado internacional registou um grande declínio, de cerca de 61%, mas o preço de venda a retalho em Macau só caiu cerca de 18,2%, algo que, diz, não é aceitável.
“O gás butano de Hong Kong é importado, por transporte marítimo, do interior da China com um preço mais barato”, exemplificou. Assim, o deputado quer saber porque é que Macau não opta pelo gás mais barato e prefere comprar mais caro e mais longe. “Os dados para o preço importado de gás butano da DSE e da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) não são iguais e tenho dúvidas das contas que o Governo fez. Como é que estes dados foram verificados?”, indaga ainda Ho Ion Sang.
Como último ponto, o deputado considera que as companhias do sector estão aliadas e manipulam o preço de venda a retalho do gás. A falta de competitividade permitiu isso, diz, e são os cidadãos que perdem.
“O Governo deve formar um regime para fiscalizar o preço de gás butano, planear uma estratégia para reduzir a influência dos preços para os residentes, ” terminou.

19 Nov 2015

O que fomos

POR AURELIO PORFIRI

[dropcap styyle=’circle’]N[/dropcap]este momento, aqui em Roma, onde vivo, não me é possível deixar de pensar no que aconteceu em Paris. Estamos todos em perigo e a nossa civilização também está. Tudo aquilo por que os nossos antepassados lutaram, está a ser atacado em muitas frentes. É evidente que o choque civilizacional é cada vez mais violento e, como o Papa Francisco afirmou ontem, estamos perante a Terceira Guerra Mundial, mas em tranches. Estou seriamente convencido que um dos principais problemas terá sido confundir a nossa identidade greco-romana e, judaico-cristã, com o poder de sermos detentores da verdade. Já não vivemos orientados pelos valores que antes partilhávamos, não podemos disfrutar dos nossos símbolos, com a plena consciência de que eles são e, permanecerão, símbolos. Perdemos a capacidade de sentir o poder renovador do perdão, porque, onde tudo é permitido, não é necessário pedir desculpa, faça-se o que se fizer. Deixámos de ser o que éramos.
Um dos muitos alicerces da nossa civilização é a arte, a música, que contribuíram para a nossa grandeza. Durante o período que vivi em Macau, tentei partilhar este tesouro, que herdei dos meus ilustres antepassados. Nunca me tentei impor aos meus alunos, fui movido apenas pelo desejo de partilhar e, pela amizade que sentia por eles. Com isto tentei enriquecer os seus horizontes culturais, sem, no entanto, afirmar “este património é vosso”. Tratava-se do “meu património” e dos meus antepassados. Pelo meu lado, sempre desejei que alguém me desse igual oportunidade de conhecimento da cultura chinesa e da sua sabedoria ancestral. Não que esse conhecimento me tornasse igual a eles, mas iria, certamente, enriquecer a minha visão do mundo. No entanto isto nunca se verificou, ou, apenas, muito raramente. Como já referi noutras ocasiões, lidamos constantemente com pessoas que só desejam o que não lhes pertence, e não desenvolvem nem aprofundam o que é verdadeiramente seu, a sua cultura. Costumo alertar as pessoas para os benefícios do desenvolvimento, mas, também, alertá-las sobre os perigos de nos sobrepormos à nossa herança cultural.
Certo dia, em conversa com um músico macaense, pelo qual nutro respeito, falámos sobre o baixo nível da vivência musical na cidade. O meu interlocutor queixava-se da falta de bons professores. É evidente que é aqui que reside o problema e toda a gente sabe disso. Quem está no poder, acredita que basta desperdiçar uns dinheiros em eventos culturais, que acabam por se revelar inúteis, para fazer subir a fasquia. Mas estão enganados, porque existe um conceito errado de base em Macau, e que nunca é combatido: que os “locais” são culturalmente auto-suficientes e capazes de organizar programas culturais capazes de elevar o nível de, por exemplo, coros e ensembles musicais. Quando compreenderem que não faz sentido investir nos “locais”, só porque são locais, e for implementada uma política pedagógica séria, capaz de atrair professores estrangeiros, que sabem o que estão a fazer, penso que Macau também poderá vir a ser um dia competitivo nesta área. Mas depois de sete anos em Macau e de contacto próximo com o meio musical local, duvido muito que isto algum dia venha a acontecer. Devemos estar preparados para ouvir vezes sem conta: você sabe, estamos em Macau….

18 Nov 2015

Atentados de Paris levam Putin e Obama a acertar posições sobre a Síria

Os presidentes da Rússia e dos EUA parecem ter chegado a um acordo sobre os meios de combater o Estado Islâmico na Síria

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s presidentes americano, Barack Obama, e russo, Vladimir Putin, acertaram neste domingo as suas posições sobre a guerra na Síria e, com outros países na cimeira do G20 na Turquia, prometeram actuar contra os “terroristas estrangeiros”.
Dois dias depois dos atentados de Paris, reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI), terem tornado mais urgente avançar para uma solução do conflito sírio, Obama e Putin mantiveram uma inesperada reunião bilateral informal, a primeira desde o início, há um mês, da intervenção russa para apoiar o regime do presidente sírio, Bashar Al Assad.
Os dois líderes pediram na cimeira de Antalya (sudoeste da Turquia) uma “transição política dirigida por sírios, precedida de negociações sob mediação das Nações Unidas”, assim como a negociação de um cessar-fogo.
A reunião internacional realizada no sábado, em Viena, permitiu que os chefes da diplomacia de 17 países, liderados pelos Estados Unidos e Rússia, fixassem um calendário concreto para a transição política na Síria, mas sem chegar a um acordo sobre a saída de Assad do poder, como exigem os países ocidentais e árabes.
Obama e Putin conversaram por cerca de 35 minutos sentados frente a frente, segundo imagens da televisão.
O assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, no entanto, afirmou que algumas divergências sobre a táctica para combater o EI na Síria persistem entre a Rússia e os Estados Unidos.
“Moscovo e Washington têm objectivos estratégicos muito próximos na luta contra o EI, mas persistem divergências sobre a táctica”, declarou Ushakov, sem dar maiores detalhes.
Por seu lado, um representante da Casa Branca disse que “o presidente Obama e o presidente Putin concordaram com a necessidade de uma transição política na Síria, que será realizada por meio de negociações mediadas pela ONU entre a oposição e o regime do país, assim como de um cessar-fogo”.
Obama elogiou os esforços de todos os países para combater o EI, notando a importância dos esforços militares russos na Síria focados no combate desse grupo, acrescentou.

Tudo muito bonito mas…

Mas, além das declarações de boas intenções, a França, representada pelo ministro das Relações Exteriores Laurent Fabius e das Finanças Michel Sapin, espera acções concretas na luta contra o terrorismo.
“Além da solidariedade e da comoção, a França quer decisões concretas em matéria de luta contra o financiamento do terrorismo”, declarou à AFP Sapin.
As declarações de intenção escondem, de facto, as divergências sobre a guerra na Síria, onde mais de 250 mil pessoas já morreram.
Numa cimeira marcada pelos atentados de Paris, que deixaram 129 mortos, os líderes fizeram um minuto de silêncio em memória das vítimas e mostraram-se determinados a fazer uma frente comum perante o jihadismo. O anfitrião do encontro, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, prometeu que a cimeira enviará uma mensagem dura contra o terrorismo.
Neste contexto, e duas semanas após a vitória nas eleições legislativas, o homem forte da Turquia quer aproveitar a oportunidade para reafirmar o seu papel na crise. Para lembrar a urgência da ameaça terrorista, um membro do EI cometeu um ataque suicida sábado à noite durante uma acção da polícia na cidade turca de Gaziantep, localizada a 500 km a leste de Antalaya.

Rascunho e refugiados

Os líderes do G20 devem tomar medidas contra a crescente circulação de terroristas estrangeiros, segundo um rascunho da declaração final da cimeira obtida pela AFP.
As principais economias do planeta concordaram em “compartilhar informações operacionais, fazer uma gestão de fronteiras para detectar deslocamentos, tomar medidas preventivas, dar uma resposta judicial adequada e fazer um reforço da segurança aérea internacional”, segundo o texto.
O projecto de declaração também condena os “odiosos ataques de Paris e de Ancara” em 10 de Outubro, mas não cita qualquer grupo ou organização terrorista.
A cimeira dos países mais ricos do planeta deveria tratar de assuntos económicos, mas a guerra na Síria, a crise migratória na Europa e os atentados de Paris modificaram a agenda deste ano.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, advertiu contra qualquer tentativa de transformar a política europeia de refugiados em função dos atentados em Paris. “Quem cometeu os atentados são exactamente as pessoas de quem fogem os migrantes e, por isso, não é preciso rever o conjunto da política europeia em termos de refugiados”, declarou.
A questão veio à tona quando as autoridades gregas indicaram que um passaporte sírio achado pela polícia francesa num dos locais dos ataques em Paris pertencia a um solicitante de asilo que se registou em Outubro passado numa ilha grega, onde chegam milhares de migrantes.

França retalia com bombardeamentos na Síria

Dez caças franceses lançaram domingo à noite 20 bombas sobre Raqqa, no Norte da Síria, que o Estado Islâmico tornou a sua capital, anunciou o Ministério da Defesa de Paris. O acto está a ser visto como uma resposta aos atentados de sexta-feira na capital francesa, que o Presidente François Hollande tinha classificado como “um acto de guerra, cometido por um exército terrorista.” Durante o dia, o Presidente recebeu os líderes dos partidos políticos representados no Parlamento, em busca de uma união nacional, tentando reproduzir o clima em França após os atentados de Janeiro contra o semanário satírico Charlie Hebdo e um supermercado judaico, que fizeram 17 mortos.
Desde sexta-feira à noite que o Presidente apela à “unidade indispensável” para defender “a pátria e os valores da humanidade”. Este domingo, o primeiro-ministro, Manuel Valls, exortou os partidos a formarem “a união sagrada”, antes da sessão conjunta das duas câmaras que se realizará em Versalhes na segunda-feira. É muito raro que o Senado e a Assembleia Nacional se reúnam ao mesmo tempo – a convocatória excepcional justifica-se, afirmou Hollande, devido à necessidade de “unidade” da nação face ao desafio do terrorismo.
Mas Nicolas Sarkozy, o líder do partido de centro-direita, em vez de consensos, exigiu “alterações drásticas” na política de segurança – indiciando que Hollande não conseguiria a desejada união. “Disse ao Presidente que me parecia que devíamos construir respostas adequadas, o que quer dizer fazer uma inflexão da nossa política externa, das decisões no plano europeu e efectuar modificações drásticas na nossa política de segurança”, declarou o ex-Presidente, batido nas eleições de 2012 por Hollande.
Apesar de bombardeamentos continuados, inicialmente no Iraque e depois de Setembro na Síria, a coligação internacional não está a conseguir enfraquecer o grupo jihadista Estado Islâmico. Por isso a oposição francesa está a reclamar uma acção mais ampla. Alguns, como Sarkozy, dizem que o Ocidente se devia coordenar com a Rússia e até com o Presidente sírio, Bashar al-Assad – contra o qual os sírios se levantaram inicialmente, dando origem à guerra civil.
“Temos de tirar as consequências da situação na Síria. Precisamos de toda a gente para acabar com o Daesh [a sigla em árabe do Estado Islâmico], incluindo os russos. Não pode haver duas coligações internacionais na guerra da Síria”, declarou Sarkozy.

O que é o Estado Islâmico?

A tentação agora será a de seguir uma política mais dura – os bombardeamentos serão prova disso. O caminho de França inicia agora poderá levá-la para o mesmo percurso que os Estados Unidos começaram a percorrer após os atentados do 11 de Setembro de 2001, com um difícil equilíbrio entre as liberdades cívicas, uma sociedade aberta e a segurança, sublinha o New York Times.
“Hollande está a ser empurrado para endurecer a sua retórica”, sublinha a editorialista Françoise Fressoz no Le Monde. O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, solicitou a realização de conselho dos ministros do Interior da União Europeia extraordinário na próxima sexta-feira, 20 de Novembro.
Por outro lado, é a primeira vez que uma alta figura do Estado europeu é ameaçada directamente num atentado jihadista – Hollande estava no Estádio de França a assistir ao jogo amigável entre as selecções francesa e alemã, no qual os terroristas tentaram entrar. Houve uma linha vermelha que foi atravessada, que obrigará as autoridades de Paris a agir de forma diferente.
Além disso, neste momento está a decorrer uma campanha eleitoral em França – as regionais disputam-se em duas voltas, a 6 e 13 de Dezembro, com uma derrota quase certa para os socialistas no poder. E as presidenciais de 2017, cujo contra-relógio começou a contar logo em 2012, após a eleição de François Hollande, estão a aproximar-se. Pode haver “um efeito de repetição talvez muito doloroso”, diz SainteMarie.
“A repetição dos acontecimentos pode provocar uma reflexão sobre as escolhas do Governo e do Presidente. De uma parte sobre a eficácia das medidas de prevenção, sobre o aspecto securitário, mas também sobre o aspecto diplomático.” Tudo isso pode significar que a França entrou de facto em guerra com o Estado Islâmico.

Os números

150
rusgas foram levadas a cabo em locais islamitas em França desde os atentados perpetrados na sexta-feira, disse o primeiro-ministro francês, Manuel Valls. Em Lyon, no centro-leste do país, foram apreendidas armas, um lança-foguetes, coletes à prova de bala, várias pistolas e uma arma automática de tipo ‘kalachnikov’

23
pessoas foram detidas para interrogatório e foi decidida a prisão domiciliária para 104 pessoas. O primeiro-ministro francês disse que as autoridades acreditam que novos ataques terroristas estão a ser planeados em França e noutros países europeus após os atentados realizados na noite de sexta-feira em Paris. Anteriormente, Valls tinha estimado que os ataques poderiam ocorrer nos “próximos dias, próximas semanas”

31
armas foram apreendidas

3
meses poderá durar o estado de emergência em França. Hollande terá comunicado esta intenção ao parlamento. “Ele disse-nos que quer o estado de emergência durante três meses, no mínimo”, disse uma das fontes. Em França, o prolongamento do estado de emergência para mais de 12 dias exige uma lei que tem de ser votada no parlamento, fixando a duração definitiva da medida.

2
luso-descendentes ainda não apareceram. A associação de jovens luso-descendentes Cap Magellan e o vereador da Câmara de Paris Hermano Sanches Ruivo procuram dois jovens alegadamente de origem portuguesa que aparecem como desaparecidos na conta do Twitter criada na sequência dos atentados de Paris. Hermano Sanches Ruivo, fundador da associação Cap Magellan, disse que estão à procura dos jovens Julien Ribeiro e Cédric Santos. “Pela fotografia eu diria que eles têm menos de 30 anos, provavelmente menos de 25 também. Eles não constam da lista dos feridos, daqueles que ainda estão a ser vistos nos hospitais, o que não deixa de ser uma má notícia, a menos que estejam completamente fora do esquema e nesse caso podemos estar numa falsa pesquisa. É um risco também, não podemos descartar que seja uma piada de mau gosto”, descreveu

1
dos terroristas abatidos era filho de uma portuguesa. Ismael Omar Mostefai, um dos terroristas identificados como autor do ataque à sala de especáculos Le Bataclan, que fez 89 dos 129 mortos dos atentados de Paris desta sexta-feira, era filho de uma portuguesa e de um argelino, escreve o “New York Times”. Ismael Omar Mostefai tem 29 anos e nasceu em Courcouronnes (arredores de Paris). Era o terceiro de cinco irmãos, contou ao jornal um vizinho da família que o jornal norte-americano ouviu em Chartres, onde vivia a família, a cerca de 100 quilómetros da capital francesa. Mostefai, adiantou ainda a mesma fonte, chegou a trabalhar numa padaria nos subúrbios de Chartres. “Era uma família normal, como todas. [Mostefai] brincava com os meus filhos. Nunca falou de religião. Era normal. Tinha alegria de viver. Ria-se muito”, contou o vizinho. Isto até há cinco anos, depois algo mudou: “Foi em 2010, foi aí que ele começou a radicalizar-se. Não percebemos o que aconteceu.” O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas disse que não consegue confirmar a informação avançada pelo “New York Times”. Afirmou apenas que Mostafa “não é português”

17 Nov 2015

Receitas do Governo caem 31,2%

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau encerrou Outubro com receitas públicas totais de 90.993,9 milhões de patacas, uma queda de 31,2% face ao mesmo período de 2014 e a traduzir uma execução de 85,3%. A grande fonte das receitas públicas de Macau são os impostos sobre as receitas dos casinos, que estão em queda desde Junho de 2014 e em Setembro desceram até níveis de há cinco anos.
De acordo com os dados provisórios da execução orçamental até Outubro disponibilizadas ontem na página electrónica dos Serviços de Finanças, as receitas correntes da administração totalizaram 90.050,7 milhões de patacas, uma queda de 31,6% face aos primeiros dez meses de 2014 e a representarem uma execução de 84,8%.
Os impostos directos continuam a ter um forte peso na composição da receita de Macau traduzindo numa receita de 77.624,5 milhões de patacas, menos 32,6% face aos primeiros dez meses do ano passado, com 83,7% da previsão anual já cumprida.
Dos impostos directos, as receitas oriundas dos impostos sobre o sector do jogo, no valor de 35% sobre as receitas brutas dos casinos, representaram 71.378,3 milhões de patacas, mas estavam em queda de 35,3% em relação ao ano passado.
Já no capítulo da despesa, entre Janeiro e Outubro foram gastos 56.410,8 milhões de patacas, mais 21,5% do que no mesmo período do ano passado.
Mesmo assim, a despesa no final de Outubro cumpria apenas 64,2% do previsto para os 12 meses do ano.
Entre receitas e despesas, a Administração acumulou um saldo positivo de 34.583,1 milhões de patacas, menos 59,7% quando comparado com os primeiros dez meses do ano passado.

17 Nov 2015

Jogo | Académicos pedem prudência em apertar fiscalização aos junkets

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]crise que afecta os promotores de jogo em Macau pode ser uma oportunidade para reformas, maior transparência e maior regulação, mas fontes do sector ouvidas pela Lusa recomendam “pinças” na hora de abordar “tão importante” dossiê. “Os junkets atingiram um patamar em que precisam de algum tipo de reforma, mas são demasiado importantes para que a maneira de o fazer seja decidida num período muito curto de tempo”, afirmou Carlos Siu, professor do Centro Pedagógico e Científico na Área do Jogo do Instituto Politécnico de Macau, autor de vários artigos sobre os promotores de jogo.
Apesar da diminuição do peso do segmento VIP nas receitas dos casinos de Macau, os junkets, que angariam grandes apostadores, ainda contribuem para cerca de 60% daquelas receitas. Estes têm-se visto afectados por golpes de confiança infligidos por desfalques em salas VIP dos casinos, crescentes restrições aos movimentos de capital da China e a campanha anti-corrupção lançada por Pequim, que afastou grandes apostadores do território.
“Não devemos tomar acções drásticas para regular os junkets. Existem há décadas [e o sistema] não pode ser mudado do dia para a noite. Não é bom. As regulamentações não foram efectivamente implementadas há anos e se, de repente, são muito restritas, imaginem quantos podem transitar de um estádio para outro”, questionou o académico, recomendando prudência.
Chan Chak Mo, deputado à Assembleia Legislativa de Macau e antigo promotor de jogo, também constata que a reputação das salas VIP tem sido beliscada, apontando que os recentes casos de desfalques deixaram “mais alerta” Governo e particulares que investiam sem estarem familiarizados com os riscos.
O Executivo, em especial, “precisa de se sentar e olhar para tudo para ver o que deve fazer em termos de regulação”, sublinhou. “Há diferentes formas de melhorar a situação e a mais importante prende-se com a transparência e a informação prestada pelo junket”, defendeu Hoffman Ma, vice-presidente do grupo Success Universe, com interesse no sector VIP e para quem o novo paradigma “é algo a que [os promotores de jogo] se têm de adaptar”.
“A ideia dos junkets é a de que ser mais transparente implica fazer menos dinheiro (…), mas fazer menos negócio não significa não fazer um negócio lucrativo. Pode haver outras políticas do Governo para reforçar o controlo da supervisão, mas também para subsidiar o potencial risco”, argumentou.

Vida difícil

Após o caso de desvio de fundos da Dore, em Setembro, a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos de Macau revelou que vai rever a legislação e as condições de acesso e de exercício de actividade de promoção de jogo.
No mês seguinte, emitiu uma instrução que visa apertar a fiscalização das contas dos promotores de jogo a partir de 2016.
O promotor de jogo não foi inventado em Macau. No Nevada (EUA), o primeiro junket data do início da década de 1960, quando um accionista do Flamingo Casino Hotel tratou de fazer chegar a Las Vegas um ‘charter’ carregado de amigos abastados.
Hoje, a ideia do promotor de jogo existe noutras jurisdições, dos EUA à Ásia, mas não nos contornos de Macau, onde a imagem que existe é a de que se não operam à margem da lei, operam na zona cinzenta.
O terreno em que se movimentam é, aliás, frequentemente apontado como potencialmente fértil à lavagem de dinheiro, nomeadamente pelo Departamento de Estado norte-americano.
Têm três principais funções: arranjar clientes, facilitar-lhes crédito e, por fim, cumprir a tarefa de o cobrar, na China. Ao seu serviço têm uma vasta rede de colaboradores que vão directamente à fonte, do outro lado da fronteira, em busca de endinheirados predispostos a tentar a sorte em Macau.
Como o promotor de jogo precisa de enormes volumes de liquidez, e obter um empréstimo do banco não é fácil, oferece diferentes modalidades de investimento a terceiros, até sem qualquer interesse relacionado com o jogo, como uma participação no capital da empresa ou simplesmente um elevado retorno sobre o “depósito”, podendo a taxa de juro chegar aos 30% ao ano, segundo fontes ouvidas pela Lusa.
A origem dos junkets em Macau remonta à década de 1980, quando a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau tinha o monopólio do sector no território e Stanley Ho decidiu entregar salas VIP a terceiros, que tentavam identificar potenciais clientes através de vastas redes de contactos.
Esta terá sido a forma encontrada pelo magnata para lidar com “determinados interesses ligados ao submundo, que tentam associar-se ao jogo”, pois “ao atribuir a diferentes grupos um papel na angariação de clientes e ao remunerá-los manteve todos satisfeitos”, de acordo com fontes da indústria.
Os angariadores de grandes apostadores elevaram Macau a capital mundial do jogo, ao fazer rolar milhões nas salas VIP dos casinos. Continuam a ser “ases”, mas – em face da actual conjuntura – arriscam deixar de ser de trunfo.
Carlos Siu não tem dúvidas: “Apenas os mais fortes podem sobreviver”.
E alguns estão já a desaparecer: da lista de “promotores de jogo” em Macau, publicada pelo regulador, constam este ano 183 (empresas ou particulares), que servem salas VIP de 35 casinos. Em 2014, eram 235 e em 2013 totalizavam 216.
Tony Tong, consultor na Pacific Financial Services que, no passado, participou na actividade como investidor, nota que o actual cenário também se agudizou porque “houve agressivas aprovações” de crédito aos jogadores VIP, “muitas empresas cresceram rapidamente e agora têm vindo a sofrer”.
“O negócio tinha de encolher”, realçou Hoffman Ma. LUSA/HM

Dore continua a ser investigada

As autoridades continuam a investigar há dois meses o caso Dore, de desvio de fundos num operador de salas VIP, com o montante envolvido nas queixas a ascender, até 3 de Novembro, a 540 milhões de dólares de Hong Kong, segundo dados facultados à Lusa pela Polícia Judiciária (PJ), que indicou que o valor global inclui ainda o reportado pela própria Dore, mas sem o especificar. A maioria das queixas foi apresentada por residentes de Macau, estando a PJ a “tomar diligências no âmbito dos crimes de burla, abuso de confiança e de cheque sem provisão”.

17 Nov 2015

Menores | Abuso sexual a crime público, defendem deputados

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]han Hong voltou ontem a pedir o abuso sexual de menores passe a ser crime público, depois de ter sido dado a conhecer o caso dos jovens que terão sido alegadamente abusados por um instrutor do campo de treino onde se encontravam. Durante a sessão plenária de ontem, também os deputados Ma Chi Seng e Gabriel Tong mostraram, durante as suas intervenções, a sua preocupação relativamente ao problema. Chan Hong considera que o caso mostra a falta de orientação e supervisão suficientes por parte do Governo quanto às actividades co-organizadas pelas escolas e associações populares e fala em falta de medidas de segurança para os estudantes. A deputada termina a intervenção pedindo que, depois de tanta gente pedir que o abuso de menores seja crime público, o Governo avance com a “revisão da legislação relacionada, de modo a aumentar os efeitos dissuasores”.

13 Nov 2015

Taiwan quer cooperação judiciária com Macau

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] chefe do Gabinete de Delegação Económica e Cultural de Taipei em Macau, Lu Chang Shui, espera que o Governo de Macau possa assinar um acordo de cooperação judiciária com Taiwan, com o objectivo de combater o crime. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, numa exposição de pintura de comemoração de nascimento de Sun Yat Sen, Lu disse considerar que os dois governos têm a responsabilidade de proteger a segurança da população. Por isso mesmo espera que o Governo de Macau possa assinar um acordo de cooperação judiciária com a Ilha Formosa. No entanto, lamenta que até ao momento não tenha havia qualquer progressão nesta matéria. Recorde-se que o Governo ainda não assinou acordos de cooperação judiciária com o interior da China ou Hong Kong, estando em fase negociações.  

13 Nov 2015

Dengue | SS confirmam novo caso importado

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á mais um caso de dengue importado, de acordo com os Serviços de Saúde (SS). Num comunicado, avançam que se trata de uma mulher de 29 anos, TNR de Taiwan que reside na zona do Pérola Oriental e viajou até à sua terra-natal entre os dias 23 e 29 do mês passado. Suspeita-se que a doença tenha sido contraída primeiramente pelo seu namorado, cuja infecção foi confirmada ainda na Ilha Formosa. Foi no dia 1 de Novembro que a jovem começou a revelar sintomas como erupções cutâneas, dores de olhos, febre e dores musculares. Depois de uma consulta numa clínica privada do território, chegaram os resultados de análises laboratoriais que confirmaram a presença do anticorpo. Este é o terceiro caso importado de febre de dengue.

13 Nov 2015

Negócio das ourivesarias caiu quase 90%

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] jornal Ou Mun avança na sua edição de ontem que o volume de negócios das ourivesarias caiu cerca de 80% a 90% este ano. A Associação das Ourivesarias começou a fazer uma inspecção de qualidade do ouro vendido em 121 lojas desde o passado dia 11 de Novembro, uma iniciativa na qual participaram representantes da Direcção dos Serviços de Economia (DSE) e que durou três dias. “Os negócios pioraram muito e registaram uma grande quebra, especialmente no sector das ourivesarias. Espero que o volume de negócios no nosso sector possa manter o mesmo nível do ano passado. Os residentes têm capacidade de consumo, mas a confiança dos consumidores foi afectada pelo facto da economia estar em declínio”, referiu Li Chi Fong, presidente da Associação.

13 Nov 2015

Governo | Tortura é proibida e punida por lei

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China garantiu ontem que as confissões forçadas são proibidas e punidas por lei, em resposta a um relatório da Amnistia Internacional (AI) que denuncia a persistência da prática de tortura em detidos e advogados.
“A China é um país regido pela lei que proíbe a tortura e que pune claramente a prática de coerções forçadas nos interrogatórios”, declarou o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Hong Lei, horas depois de a organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos AI ter divulgado o relatório “No End in Sight” (Sem fim à vista).
Hong acrescentou que “quando se encontram casos de confissões obtidas sob coerção, os responsáveis são tratados em conformidade com a lei”.
O regime comunista vai continuar a tentar melhorar a situação dos direitos humanos, afirmou.
“Vamos continuar a melhor o nosso sistema de protecção oficial para que todos sejam tratados com justiça”, destacou.
O relatório da AI defende que a tortura e as confissões forçadas continuam no sistema judicial chinês, acrescentando que os advogados são as mais recentes vítimas das autoridades.
A ONG constatou que, apesar de a obtenção de confissões forçadas ser proibida, o Governo “fracassou na aplicação” da lei e os órgãos competentes não investigam as denúncias de tortura, ao mesmo tempo que os tribunais continuam a aceitar estas confissões como provas para permitir uma condenação.

13 Nov 2015

Hong Kong | Magnata compra diamante para a filha por 45 ME

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m milionário de Hong Kong gastou o valor recorde de 48,4 milhões de dólares para oferecer à filha um diamante de 12,3 quilates, leiloado na noite de quarta-feira pela Sotheby’s, em Genebra.
O misterioso comprador do “Blue Moon” foi o magnata do imobiliário de Hong Kong Joseph Lau – condenado em 2014 por corrupção em Macau – que o rebaptizou, de imediato, de “Blue Moon of Josephine”, em homenagem à sua filha de sete anos. joseph-lau-blue-moon-diamond
Na véspera, o milionário da antiga colónia britânica havia desembolsado 28,5 milhões de dólares por um raro diamante cor-de-rosa, de 16,08 quilates – o maior do seu tipo a ir a leilão – da casa rival Christie’s, que nomeou de “Sweet Josephine”.
Uma porta-voz de Joseph Lau, em Hong Kong, confirmou ambas as aquisições à agência AFP.
A jóia, apresentada em anel, em formato rectangular, foi vendida por 48,6 milhões de francos suíços, incluindo taxas, depois de uma licitação inicial de 43,2 milhões de francos suíços, foi arrematada ao fim de uma “guerra” ao telefone de oito minutos.

Recordista absoluto

Segundo o director da divisão internacional de joalharia da Sotheby’s, David Bennett, a venda do “Blue Moon” bateu vários recordes, tornando a pedra preciosa no “mais caro diamante independentemente da cor, e a jóia mais cara alguma vez vendida em leilão”.
De acordo com David Bennett, trata-se também do preço mais elevado por quilate.
O anterior recorde mundial para uma jóia vendida em leilão pertencia ao diamante de 24,78 quilates denominado de “Graff Pink” que, em Novembro de 2010, foi arrematado por 46,2 milhões de dólares num leilão na Sotheby’s, também realizado em Genebra.
Esta não é a primeira vez que Joseph Lau, de 64 anos, adquire pedras preciosas raras para a sua filha. Alegadamente, em 2009, terá gasto 9,5 milhões de dólares num outro diamante azul, ao qual chamou de “Star of Josephine”.
Joseph Lau foi condenado, em Março de 2014, por corrupção e branqueamento de capitais a um cúmulo jurídico de cinco anos e três meses de prisão por um tribunal de Macau, num processo conexo ao do ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas Ao Man Long.
Contudo, é improvável que cumpra a pena, dado que as duas Regiões Administrativas Especiais chinesas não têm um acordo de extradição.

13 Nov 2015

Taiwan | Milhares inundam Facebook da líder da oposição

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ezenas de milhares de internautas chineses inundaram ontem a página do Facebook da líder da oposição e candidata presidencial em Taiwan, Tsai Ing-wen, criticando-a por se opor a um encontro entre os líderes dos dois lados.
Em Taiwan “existe democracia, a liberdade de expressão é uma garantia e todos se podem expressar”, reagiu Tsai, face aos mais de 50.000 comentários feitos por internautas da China continental, onde aquela rede social está censurada.
“Prefiro ver este incidente pelo lado positivo e espero que os internautas chineses possam ver perfis de diferentes pessoas no Facebook. Convido todos a visitar a minha página”, disse ontem Tsai à imprensa local.
Os presidentes da China e de Taiwan, Xi Jinping e Ma Ying-Jeou, respectivamente, reuniram-se no sábado passado, em Singapura, num encontro inédito e histórico. 20140831_TsaiIng-wen_AFP
A líder do Partido Democrático Progressista, mais céptico em relação a Pequim, atacou Ma Ying-Jeou por não ter defendido a democracia e liberdade em Taiwan, durante o encontro, e por não se ter referido à ilha como República da China.
Esta semana, um jornal estatal da China acusou Tsai de ser “tacanha e egoísta”.

Cuidado com a raiva

Em editorial, o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista Chinês (PCC), disse que a líder da oposição em Taiwan “cometeu um erro”, descrevendo-a como “raivosa”.
Ela “expôs o seu apoio à independência”, criticou o jornal, aludindo a uma postura que Pequim ameaça retaliar “usando a força”, caso se concretize.
Depois da guerra civil chinesa ter acabado, com a vitória do PCC, o antigo governo nacionalista (Kuomintang) refugiou-se na ilha de Taiwan, onde continua a identificar-se como governante de toda a China.
Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a “reunificação pacífica”, segundo a mesma fórmula adoptada para Hong Kong e Macau (“Um país, dois sistemas”).
Do ponto de vista da diplomacia internacional, existe a República Popular da China, governada pelo PCC, e a República da China, na ilha de Taiwan, mas ambos os lados rejeitam uma divisão definitiva.
Taiwan tem previsto para Janeiro a realização de eleições legislativas, e Tsai é a favorita a ganhar o exercício, numa altura em que a opinião pública taiwanesa olha com desconfiança para as relações cada vez mais estreitas com a China comunista.

13 Nov 2015

O guião de Hollywood VS o guião de Macau

POR THOMAS LIM

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m Setembro de 2015 tive a honra de ser convidado pelo Instituto de Estudos Europeus (IEEM) e pela Creative Macau a regressar à RAEM pelo segundo ano consecutivo, para conduzir um curso de guionismo durante duas semanas. O que me deixou, contudo, ainda mais entusiasmado foi o facto das inscrições terem chegado ao limite máximo de 15 alunos dias antes do prazo final. De acordo com o IEEM, entre cinco a sete pessoas viram a sua entrada negada, infelizmente, porque não havia mais espaço. Sem dúvida que estes números – além de me fazerem sentir apreciado e feliz – provam que as pessoas de Macau percebem a importância do treino e da prática no que toca a escrever guiões de cinema. Isto é um importante e encorajador passo em frente na construção em Macau de uma indústria cinematográfica mais vibrante.

Hollywood versus Macau

Passou quase um ano desde que me mudei para Los Angeles. Naturalmente, tenho muito a dizer sobre a produção de filmes em Hollywood, especialmente quando comparado com aquela que se faz no continente de onde sou, a Ásia.
Primeiro que tudo, é preciso ver que, na Ásia, vemos muitos filmes de Hollywood, idolatramos a magnitude dos orçamentos destas películas e o poder de distribuição. Produtores e realizadores de filmes sonham em trabalhar em Hollywood, onde um orçamento de cem milhões de dólares americanos é considerado normal actualmente.
Na Ásia, contudo, a maior parte dos nossos filmes são feitos com menos de cinco milhões de dólares. De facto, muitos deles são feitos com orçamentos abaixo dos dois milhões. Uma das razões para os filmes de Hollywood precisarem de tanto dinheiro é o custo das estrelas que aparecem nos filmes – metade do orçamento vai, normalmente, para os dois principais actores, se forem, claro, considerados grandes estrelas de cinema. sept group 2
Como realizador, a maior recompensa para todo o tempo e energia dispensado em fazer um filme é vê-lo ser lançado comercialmente, em grandes salas de cinema. Os realizadores deveriam, aliás, fazer os filmes tendo sempre em consideração que o ecrã de cinema é enorme comparado ao tamanho da audiência e não esperar apenas que os seus filmes sejam vistos em DVDs ou ecrãs de computador. Esta deve ser uma parte importante na arte de fazer cinema. E é aqui que Macau pode ser um luxo tremendo.
Todos os países ou territórios no mundo têm uma certa percentagem dos seus cinemas reservados para filmes de Hollywood e outra percentagem para filmes feitos localmente. Por exemplo, no Japão, 50% dos filmes apresentados nos principais cinemas são filmes de Hollywood, enquanto a outra metade são filmes japoneses. Nos EUA, contudo, os filmes feitos localmente são os ‘blockbusters’ de Hollywood! Isso significa que um realizador americano que fez o seu filme com um milhão de dólares compete com os filmes orçados em cem milhões por um lugar no cinema. Mas, se um realizador produz um filme em Macau com esse mesmo dinheiro – um milhão de dólares – atrevo-me a dizer que conseguiria mostrar o seu filme em todos os principais cinemas de Macau e talvez até nas regiões vizinhas, como Hong Kong, Taiwan, Singapura, Malásia e até na China continental! Entretanto, o seu colega americano, que faz o seu filme com o mesmo orçamento nos EUA, tem provavelmente zero hipóteses de ver a sua obra ser apresentada nos cinemas mais ‘mainstream’.
Esta é precisamente uma das razões para que os realizadores de Macau tenham mais apoio, mais recursos para fazer os filmes e, mais importante que tudo, confiança na distribuição do filme, enquanto o realizador americano é deixado ao desespero e à depressão, questionando-se onde é que o seu filme de um milhão de dólares o vai levar.
Uma comparação como esta mostra-nos claramente as vantagens de fazer filmes na Ásia e é esta a razão por que eu continuo a focar-me em fazer filmes no Oriente, de forma a conseguir mais oportunidades para a distribuição comercial dos meus filmes.
Seja como for, não interessa se estamos em Hollywood ou em Macau, qualquer filme – ou projecto – que valha a pena começa com um bom guião…

Curso “Escrever um guião de Hollywood” 2015

O curso que leccionei em Macau foi considerado um curso de guionismo intermédio: a continuação do curso básico do ano passado “Da história ao guião”.
Desta vez, tivemos 15 participantes (o máximo permitido), sendo que metade deles eram alunos que já estiveram presentes no último curso e a outra metade eram pessoas que estavam lá pela primeira vez. O curso durou dez dias, teve lugar todas as segundas e sexta-feiras, das 19h00 e às 21h00.
Nos primeiros dois dias usei o tempo para revermos algumas das ideias mais básicas e mais importantes do que é escrever um guião de cinema, algo que foi essencial não só para os novos estudantes, como para os que já tinham feito o curso anterior.
O guionismo está vivo. É possível manter longas discussões acerca da escrita, o que é muito diferente da matemática, onde as fórmulas e os conceitos podem ser ensinados num determinado tempo. Durante o curso, examinámos as estruturas dos guiões, a forma como as personagens são desenhadas, a criação de conflitos para efeitos dramáticos e até a formatação dos guiões, entre outras coisas.
Como no curso de 2014, os participantes deste ano têm diferentes ‘backgrounds’ e idades variadíssimas: desde os vinte e tal aos cinquenta. A maioria eram trabalhadores e alguns até tinham experiência em filmagens e cinema. Todos eram bastante proactivos e tive duas semanas fantásticas enquanto partilhava as minhas experiências, não só respondendo às suas perguntas, como ouvindo as suas opiniões sobre a produção de filmes e de guiões. Foi fantástico.
Alguns dos participantes estão já a formar grupos de guionismo, para se encontrarem uma vez por mês para criticar e motivar-se uns aos outros e aos seus roteiros. É uma iniciativa fantástica.

Curso “Re-escrever para Hollywood” 2016

Uma semana depois de ter deixado Macau, no final de Outubro, recebi um email da Creative Macau a convidar-me para regressar a Macau em 2016 para conduzir a terceira parte do curso de guionismo. Em princípio, isso acontecerá entre 25 de Janeiro e 5 de Fevereiro, sendo o título do curso “Re-escrever para Hollywood”. Esta será mais uma continuação do curso anterior, mas utilizarei a primeiro semana para rever conhecimentos mais importantes para eventuais novos estudantes.
Ainda que o ponto de maior enfoque vá ser escrever uma longa-metragem, haverá alguns dias em que vamos também ter um cheirinho do que é escrever para curtas-metragens. Vamos ainda analisar as nossas oportunidades de sucesso nas indústrias cinematográficas dos EUA, Hong Kong e Macau.
As inscrições deverão abrir em meados ou finais de Novembro e, pela nossa experiência, as vagas deverão esgotar rapidamente. Por isso, se está ou conhece alguém que esteja interessado em escrever um guião, inscreva-se o mais cedo possível, para que não fique de fora.
Estou ansioso por regressar a Macau para leccionar este curso e passar momentos agradáveis com toda a gente, partilhando as alegrias e tristezas do que é escrever para Hollywood.

*realizador

13 Nov 2015

Macau | População fala em degradação da qualidade de vida

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] indústria do turismo corre o risco de perder o apoio da população se a insatisfação com a qualidade de vida continuar a aumentar, aponta um estudo da Universidade de Macau (UM) publicado este mês.
O trabalho “Resident’s Perceptions of the Role of Leisure Satisfaction and Quality of Life in Overall Tourism Development: Case of a Fast-Growing Tourism Destination – Macao”, da autoria dos professores Amy So, Desmond Lam e Xue Yan Liao, argumenta que o desenvolvimento do sector do turismo contribuiu para maior oferta de lazer em Macau, o que é valorizado pela população.
No entanto, ainda assim, quem vive na cidade acusa uma degradação da qualidade de vida, criando insatisfação com a indústria. “Quanto mais satisfeitos os residentes de Macau estão com a sua qualidade de vida, mais provável é que pensem que o turismo lhes traz mais benefícios do que prejuízos”, explica o estudo, sublinhando que, no entanto, “os residentes de Macau não estão muito satisfeitos com a sua qualidade de vida”, especialmente no que diz respeito ao controlo do trânsito, ao intenso crescimento e ao fraco planeamento urbano.

Colateral

Em termos gerais, a população “tende a acreditar que o turismo traz mais benefícios que custos”, mas, apesar de beneficiar de uma economia forte, “sente-se perturbada por problemas como o custo ambiental, aumento do preço das casas e problemas de trânsito”.
“Se a situação piorar, isso vai afectar o seu apoio à indústria do turismo (…) Os governantes devem perceber que é muito importante equilibrar a qualidade de vida dos residentes com o desenvolvimento turístico, o que iria eventualmente resultar numa estabilidade a longo prazo na indústria do turismo”, concluem os investigadores.
Em declarações à Lusa, Desmond Lam sublinhou que a equipa concluiu que “a percepção dos residentes em relação à qualidade de vida é mais baixa do que o esperado em muitas áreas”.
Nesse sentido, “há muito espaço para melhorias”, disse citando os problemas de trânsito, pressão urbana e limpeza da cidade. “Sentem também que os turistas nem sempre respeitam o seu modo de vida”, indica.
Por outro lado, “sentem que Macau é seguro, tem um ambiente político estável e água limpa”, diz.
As entrevistas para este estudo foram conduzidas entre Junho e Julho de 2013 e envolveram 265 residentes.

13 Nov 2015

IH | Estudo sobre novo modelo habitacional até Dezembro

[dropcap styçle=’circle’]O[/dropcap] presidente do Instituto de Habitação (IH), Ieong Kam Wa, prevê que já no final deste ano seja entregue um relatório sobre a viabilidade de criação de um novo tipo de habitação pública. O documento está a ser redigido pela Universidade de Macau (UM) e considera o lema de “arrendamento primeiro e depois compra”, destinando-se a casais novos e jovens. No entanto, avança que “não faz muito sentido” implementar tal ideia, uma vez que o valor de entrada para uma casa económica não é elevado. A preferência vai para este último tipo de apartamento.

12 Nov 2015

Xi Jinping quer acelerar reformas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] presidente da China, Xi Jinping, disse esta terça-feira numa reunião entre altas autoridades que o governo deve trabalhar para impulsionar o ímpeto do crescimento, no momento em que este dá mais sinais de fraqueza na segunda maior economia mundial.
A China deve acelerar reformas em companhias estatais e nas áreas fiscal e financeira, para ajudar a melhorar o crescimento, disse Xi na reunião, segundo a agência estatal Xinhua.
Apesar de uma série de medidas de estímulo do governo, o crescimento económico chinês desacelerou para 6,9% no terceiro trimestre deste ano, seu desempenho mais fraco desde a crise financeira global. Indicadores económicos em Outubro apontaram para uma maior desaceleração, face à fraqueza na procura doméstica e global.
Xi também se comprometeu a estabelecer um mercado de acções que possa proteger os interesses dos investidores, após Pequim dizer na semana passada que retomará em breve as ofertas públicas iniciais de acções (IPOs, na sigla em inglês) depois de uma suspensão de quatro meses.
O Presidente disse ainda na reunião que o registo de habitação no país, conhecido como o sistema hukou, deve ser reformado num esforço para acelerar a urbanização. O governo precisa trabalhar para elevar a quantidade de imóveis disponíveis e manter um crescimento sustentável no mercado imobiliário, afirmou o líder.

12 Nov 2015

China | “Sozinhos e falidos” no Dia dos Solteiros

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] chinesa Cai Man aguardou até aos primeiros segundos de ontem para consumar as compras que planeara fazer nas últimas semanas, cumprindo assim o ritual com que milhões de chineses assinalam o “Dia dos Solteiros”.
“Além de sozinhos, vamos acabar falidos”, ironizou à Lusa sobre a efeméride, que está a gerar fortes vendas na China, devido às promoções que as empresas de comércio electrónico e os grandes armazéns lançam neste dia.
No conjunto, 50.000 marcas, entre as quais 5.000 não chinesas, aderiram à iniciativa, celebrada a 11 de Novembro pelos quatro ‘um’ que combinam nesta data (11/11), que afigura assim a condição de solteiro.
As vendas do gigante do comércio electrónico chinês Alibaba, por exemplo, superaram, em apenas 13 horas e meia, 35 mil milhões de yuan, estabelecendo um novo recorde mundial de vendas ‘online’.
O grupo, que opera os populares ‘sites’ de compras Taobao e Tmall, foi o primeiro a lançar ofertas no “Dia dos Solteiros”, em 2009, visando o trepidante crescimento do consumo ‘online’ na China, país com 668 milhões de internautas.
Com base na cidade de Hangzhou, na costa leste da China, estima-se que a empresa fundada por Jack Ma, o segundo homem mais rico do país, controle 90% do comércio electrónico no país.
Nos primeiros 12 minutos e 28 segundos após a meia-noite, os ‘sites’ do Alibaba atingiram um volume total de vendas de 10 mil milhões de yuan.
“No ano passado, levou 38 minutos e 28 segundos a alcançar aquela marca”, notou o jornal oficial chinês China Daily.
Cai garante que a culpa não é sua: “Eu só gastei 2.500 yuan (365 euros)”.
Durante aquele período, a Ant Financial Services Group, a afiliada do Alibaba que administra a plataforma de pagamentos ‘online’ Alipay, registou 85.900 transacções por segundo.

Além fronteiras

Mas a voracidade do maior mercado consumidor do mundo não se limita às fronteiras do país.
Na Austrália, uma empresa de laticínios teve que pedir desculpa às mães locais através da rede social Facebook, depois da sua fórmula de leite orgânica para bebés ter esgotado no mercado doméstico.
“Fomos apanhados de surpresa”, admitiu o presidente da empresa, citado pela France Presse, aludindo à enorme procura por parte da China, onde comercializa os seus produtos através do Alibaba.
E, a julgar pelas declarações de Zhang Jianfeng, o responsável pelas vendas a retalho do grupo chinês, aquela empresa não deverá ser a única “afectada” pela febre consumista na China.
“Algumas das marcas já venderam mais de 60% dos produtos em ‘stock’ e outras deverão mesmo esgotar”, revelou Zhang ao China Daily, durante a manhã de ontem na China.
Para celebrar, Jack Ma está em Nova Iorque, onde juntamente com o novo presidente do Alibaba, Daniel Zhang, tocou o sino que marca o início da sessão da bolsa em Wall Street.
País mais populoso do mundo, com 18% da população mundial, o “gigante” asiático representa hoje um importante destino de quase todos os produtos consumidos no mundo, desde automóveis a vestuário.

12 Nov 2015

Stanley Au |Queda das receitas tem efeitos “adversos”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] presidente da Associação de Pequenas e Médias Empresas de Macau admite que a queda nas receitas do jogo está a ter impactos “adversos”, mas acredita que pode também fazer “diminuir a pressão”, nomeadamente, através da descida das rendas.
“Claro que, até certo ponto, estamos a sofrer adversamente um impacto, mas não tão severo como o da indústria do jogo”, disse Stanley Au à margem da apresentação do “Livro Branco sobre as PME de 2015” em Macau.
No entanto, o dono do Banco Delta Ásia admitiu que, a manter-se, a queda na indústria do Jogo vai definitivamente diminuir a pressão nas PME.
“Mas não vou dizer que estamos contentes por vê-los a ir abaixo”, ressalvou.
Nos “próximos dias”, Au vai reunir-se com o Chefe do Executivo para lhe apresentar as principais dificuldades das PME e sugerir medidas para as atenuar. Mais uma vez, os problemas prendem-se com a dificuldade em atrair mão-de-obra, face à concorrência dos casinos, com maior margem para salários elevados, e o preço do imobiliário.
É neste sentido que uma continuada descida das receitas do Jogo podia ajudar as pequenas e médias empresas (PME).
“Temos falta de mão-de-obra. Mesmo que o negócio na indústria do Jogo esteja a descer, não podemos contratar pessoas suficientes. As rendas desceram um bocadinho mas não é o suficiente para nos ajudar. Basta andar na rua para ver que muitas lojas estão a fechar”, disse.

12 Nov 2015

Polícia | FAOM faz denúncia por difamação na internet

A Federação das Associações de Operários de Macau (FAOM) fez uma denúncia por difamação à PSP, depois de ter sido acusada nas redes sociais de ter abusado da angariação de fundos para a construção do Edifício da Federação das Associações dos Operários. A associação recebeu doações de membros internos, mas também de outras associações, de trabalhadores e até da Fundação Macau. Mas comentários nas redes sociais alegavam que a FAOM não utilizou o dinheiro para os fins devidos e que ficou com parte do montante. A Federação emitiu um comunicado, citado no Jornal do Cidadão, onde diz que a difamação é “ridícula”, além de “fabricada”, e “engana” as pessoas, pelo que a associação fez queixa à PSP. “No processo de construção do edifício utilizamos o dinheiro angariado de forma eficaz e tentamos até diminuir as despesas de construção e o que sobrou do dinheiro angariado já regressou à Fundação,”defendeu a Federação.

11 Nov 2015

Vã magnificenza

POR AURELIO PORFIRI

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]ou um leitor voraz. Leio todos os dias, devoro toneladas de livros por ano. Num dos livros que estou a ler actualmente encontrei um excerto, sobre o qual me parece interessante reflectir. O livro é uma biografia do grande artista italiano Gian Lorenzo Bernini, escrita por Franco Marcoaldi, Bernini: “O Artista e a sua Roma”. Passo a transcrever a parte que me chamou a atenção: “A economia de Roma centrava-se basicamente na indústria de prestação de serviços, ou seja, atendia às necessidades da Igreja, em tudo o que lhe dizia respeito (desde os edifícios à cera para as velas do altar) fornecia o vestuário luxuoso, as ementas gourmet e o mobiliário para as mansões, quer pertencessem a membros da corte papal, quer a outras de menor importância. Estas cortes menores, que podiam ser seculares, como por exemplo, a dos Colonna e dos Orsini, ou eclesiásticas (de cardeais, sobretudo), precisavam de impressionar e de conquistar alianças, para sobreviverem e consolidarem o seu poder. Para tal era necessário exibirem toda a opulência do seu estilo de vida” (pág.21). Neste trecho o autor fala da Roma do século XVII e, de como a Arte e outros luxos eram usados para exibir a magnificência (magnificenza) de quem os suportava financeiramente. Tem sido sempre incontornável a utilização da Arte e da Cultura para estes fins; faz parte da natureza humana. Tudo isto me faz reflectir demoradamente sobre o que se passa em Macau a este nível, e tento perceber quais é que podem ser as diferenças. É claro que não posso esperar que em Macau exista o esplendor de Roma, de Veneza, Florença, Paris, Viena, ou de outras cidades do género; não se pode esperar que exista o entendimento, nem os padrões culturais, que se encontram nestas cidades. Mas posso verificar que muitos dos “eventos culturais” que se vão organizando na cidade servem, sobretudo, para promover o estatuto do organizador e para satisfazer alguns “artistas” locais, em busca de reconhecimento. No fundo, acabam por não ter verdadeiro impacto na vida cultural da cidade.
Lutei muito para ver reconhecida a ideia de especificidade cultural; não posso ensinar Artes Marciais com a mesma competência de um asiático: estes possuem uma vantagem cultural. Vantagem cultural que se manifesta em muitas outras matérias. Nós possuímo-la no que respeita à música e à cultura ocidentais. Algumas pessoas podem contrapor que os “artistas” locais têm de aprender. A maior parte das pessoas com quem me cruzei querem poder, e não aprender. É evidente que existem artistas talentosos em Macau. Muitos deles estão a optar pelo único caminho possível numa cidade com este tipo de políticas: estão a sair, a tentar alcançar o melhor que podem no estrangeiro. Quando o Governo estiver interessado em criar programas de música, nas escolas e universidades, assentes num espírito de imparcialidade e se empenhar seriamente no assunto, então talvez as coisas venham a mudar daqui a uns anos. Mas isso nunca vai acontecer. É preferível desperdiçar dinheiro em eventos que se revelam inúteis, a partir do momento em que a última nota se desvanece no éter.

11 Nov 2015

Moçambique | História do Parque de Gorongosa na Torre de Macau

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]história e a recuperação do Parque Nacional da Gorongosa, a principal área protegida de Moçambique, que viu quase 90% da sua fauna dizimada após o fim da guerra civil, em 1992, estarão em exposição em Macau este mês.
A iniciativa é da Associação dos Amigos de Moçambique em Macau, que desenvolveu a exposição, em cooperação com a direcção do Parque Nacional da Gorongosa (PNG), explicou ontem à Lusa o vice-presidente da Associação, Carlos Barreto.
Entre 14 e 29 de Novembro, estarão em exposição na Torre de Macau um conjunto de fotografias e filmes fornecidos pelo PNG, que a Associação apresenta como sendo “talvez a maior história de restauração da vida selvagem em África”.
Os filmes em exibição integram dois sectores, um deles formado por pequenas metragens, de um a dois minutos. O segundo integra filmes mais longos, de até 25 minutos.
Em qualquer caso, tratam-se de imagens e filmes que explicam o que é o parque e as actividades de recuperação que estão em curso.
“Pretende-se dar a conhecer a história do parque, estabelecido em 1924 no centro de Moçambique, a vida selvagem, a preservação do meio ambiente, as novas espécies descobertas entretanto e desconhecidas até à data e a integração das comunidades no projecto de restauração deste paraíso”, explicou a Associação dos Amigos de Moçambique em Macau, num comunicado.
Carlos Barreto sublinhou que está em causa um projecto com uma “imagem muito positiva” e lembrou que Macau pretende afirmar-se como uma plataforma para o estreitamento das relações entre a China e os Países de Língua Portuguesa.
Neste contexto, a associação considerou que seria “interessante” levar até à região chinesa um “aspecto” que não está propriamente relacionado com as relações comerciais e económicas, mas que é “muito importante” e pode, por outro lado, ajudar a desenvolver essas relações.
A entrada na exposição é gratuita e, para já, está garantida a visita de perto de mil alunos de escolas de Macau.

Fauna em recuperação

Em 2005, o Governo moçambicano assinou com a fundação do filantropo norte-americano Gregory Carr uma parceria por vinte anos com vista à recuperação da área protegida.
Numa entrevista à Lusa em Outubro, o director do PNG, Mateus Mutemba, disse que a fauna parque está “em franca recuperação”, contando agora com quatro mil espécies, algumas novas para a Ciência.
Segundo o director do PNG, a população de elefantes registava menos de cem animais no pós-guerra e está agora estimada em mais de 500, os búfalos, que chegaram a ser 14 mil em 1972, caíram para 60 em 2000 e são agora mais de 600, tornando-se “muito frequente vê-los nas planícies da Gorongosa em manadas de cem indivíduos”.
A população de pivas subiu de 3500 para 35 mil e a Gorongosa acolhe a maior população desta espécie de grande antílope em África. Os pala-pala são agora 800 e as próprias impalas sofreram “uma recuperação visível” e já abundam no parque.
“Fizemos também a reintrodução de elandes, búfalos, bois-cavalos, alguns hipopótamos e elefantes, para ter melhoramento genético, e registamos com satisfação que, associadas ao ritmo de recuperação natural de algumas espécies, já contribuem para que haja mais diversidade”, referiu o director do parque.
Salientando que o PNG nunca tinha sido muito estudado, Mateus Mutemba disse que três levantamentos de biodiversidade foram realizados desde o início do projecto de restauro e que identificaram cerca de quatro mil espécies, algumas das quais inéditas.

10 Nov 2015

Emissão de cartões de crédito aumentam

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] número de emissão de cartões de crédito aumento no terceiro trimestre do ano, conforme indica um comunicado da Autoridade Monetária de Macau. Ao todo foram 899,763 o número de cartões de crédito emitidos entre Julho e Setembro, em Macau, ou seja, mais 3,4% do que no período homólogo de 2014. O limite de crédito de cartões foi de 20,3 mil milhões de patacas, isto é, mais 4,1%. No terceiro trimestre de ano, o crédito usado foi de 4,5 mil milhões, um crescimento de 3,1%. O adiantamento de numerário atingiu 221,7 milhões, correspondendo 5% do total do crédito usado no período. Por outro lado, o montante do reembolso, incluindo os juros e despesas, foi de 4,6 mil milhões, ou seja, aumentou 8,6% relativamente ao trimestre anterior.

9 Nov 2015

Saúde | Lam Cheong classifica Macau positivamente

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e boa saúde. É assim que o Chefe do Centro de Prevenção e Controlo da Doença, Lam Cheong, classifica Macau quanto às condições de saúde apresentadas à sociedade. O chefe falava à Rádio Macau, depois da participação no programa chinês Fórum, na passada sexta-feira.
Com boas condições e com uma das maiores taxas de esperança média de vida no mundo, a única preocupação são, por isso, as doenças crónicas. “A esperança média de vida em Macau é de 82 anos e este é um número muito alto entre os países desenvolvidos, sendo que até nos Estados Unidos se regista um nível inferior. No entanto, as doenças crónicas são o maior problema de saúde dos residentes, especialmente as doenças do foro cardiológico, cancerígenas e a diabetes”, explicou Lam Cheong. Saude
O chefe indicou ainda que o seu departamento está a par do desenvolvimento de Macau e com trabalho em acção. “Estamos a promover a auto-monitorização, por exemplo, disponibilizamos pontos de auto-medição de tensão arterial nos centros comunitários e nos centros de saúde”, indicou, frisando, uma vez mais, que os serviços de Macau estão aptos a minimizar o impacto das doenças crónicas entre os pacientes.

É melhor não

Em reacção ao relatório da Organização Mundial de Saúde, que indica que comer produtos de carne processada, como enchidos e presunto, pode aumentar o risco de cancro, Lam Cheong desaconselha o consumo da mesma.
“O consumo de carne processada foi classificado como grupo 1 apenas porque várias pesquisas confirmaram consistentemente o mesmo resultado: que pode aumentar o risco de cancro. Mas a média é uma propensão 18 vezes mais alta, se virmos o tabaco, este tem um risco muito maior e aumenta conforme o consumo. No entanto, apesar de o risco de cancro não ser muito elevado na carne processada, o seu consumo pode, de facto, aumentar esse risco, portanto, aconselhamos os residentes a comerem pouca carne processada, até porque é tem níveis muito elevados de sal e pode causar outros problemas de saúde como hipertensão, ataques cardíacos e outras doenças cardiovasculares”, explicou Lam Cheong, em declarações à Rádio Macau.
No mesmo momento, o chefe do departamento clarificou ainda que a febre da dengue no território está controlada. Depois dos surtos em Taiwan e em Guangdong, Lam Cheong indica que em Macau foram registados dois casos importados, mas que está tudo normalizado. Ainda assim os cuidados são sempre necessários.
“A população precisa de estar sempre em alerta, porque viajam para Taiwan, para países do sudeste asiático, locais onde os casos de dengue estão sempre a surgir. Mas a situação em Macau está controlada, pelo menos por este ano. Mesmo se houvesse um surto agora penso que seria relativamente fácil de resolver uma vez que as temperaturas estão a baixar. Mas para o ano, precisamos combater outra vez este problema”, alertou o chefe.

9 Nov 2015

Planetário encerrado de 16 a 25 de Novembro

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Planetário do Centro de Ciência de Macau vai estar encerrado de 16 a 25 de Novembro para trabalhos de “manutenção e optimização do sistema de projecção digital” de 3D da cúpula. O Planetário do Centro tem um ecrã inclinado circular com mais de 15 metros de diâmetro e está equipado com projectores digitais que exibem filmes. O espaço volta a abrir portas ao público a 27 deste mês.

9 Nov 2015