Visita Felipe VI à China | Rainha Letizia homenageia professores de espanhol

A obra “Cem Anos de Solidão” e a cantora Rosalía estão entre os principais motivos que levam milhares de jovens chineses a estudar espanhol, disse ontem a Universidade Beiwai, em Pequim, durante a visita da rainha de Espanha. Segundo dados da universidade, cerca de 60.000 alunos estudam espanhol em toda a China, incluindo 400 na Beiwai (Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim), o principal centro de ensino da língua espanhola no país.

A rainha Letizia participou num evento de homenagem à língua espanhola e aos professores que impulsionaram o seu ensino na China, incluindo docentes espanhóis que, em contextos diversos contribuíram para o desenvolvimento do ensino do castelhano em instituições como a Beiwai desde os anos 1950.

Acompanhada pelo reitor da universidade, Jia Wenjian, e pelo director da Faculdade de Estudos Hispânicos, Chang Fuliang, a rainha ouviu testemunhos de estudantes e professores sobre o crescente interesse pela língua e cultura hispânicas. “Saber espanhol está na moda na China”, disse Chang Fuliang, citado pela agência EFE, sublinhando que o interesse ganhou força sobretudo a partir da entrada da China na Organização Mundial do Comércio, em 2001.

Actualmente, mais de 13.500 estudantes chineses estão matriculados em cursos superiores de espanhol em Espanha.

À entrada do campus, uma faixa com a mensagem “Calorosa boas-vindas a Sua Majestade a Rainha de Espanha, Dona Letizia Ortiz Rocasolano” recepcionou a monarca, que foi aplaudida por centenas de estudantes empunhando bandeiras espanholas e chinesas e registando o momento com os telemóveis.

Durante a cerimónia, foi inaugurada uma placa comemorativa da embaixada de Espanha e da universidade, dedicada à memória dos professores espanhóis pioneiros que leccionaram espanhol na China a partir da década de 1950.

A primeira turma de licenciados em espanhol formou-se em 1973 e, actualmente, existem cerca de 3.000 professores da língua no país, a maioria chineses. Uma reforma curricular de 2018 permitiu a inclusão do espanhol, francês e alemão como línguas estrangeiras no ensino secundário chinês. Cerca de 200 escolas de ensino básico e secundário oferecem aulas de espanhol, cinco das quais com secções bilingues.

De acordo com dados recentes, 106 universidades chinesas possuem departamentos de espanhol, formando anualmente cerca de 5.000 licenciados. Outros 60.000 estudantes frequentam cursos em instituições de ensino não superior, escolas privadas ou cursos extracurriculares. Vários estudantes citados pela EFE disseram que o gosto por autores de língua espanhola ou pela música de artistas como Rosalía esteve na origem da sua escolha académica.

14 Nov 2025

Dia dos Solteiros’ | Subida de 14% nas vendas emedição mais longa de sempre

As vendas no ‘Dia do Solteiro’, o maior festival de comércio electrónico da China, aumentaram 14,2 por cento face ao ano passado, atingindo 1,7 biliões de yuan, segundo estimativas divulgadas ontem. A edição deste ano foi a mais longa de sempre, com 37 dias de duração, começando a 07 de Outubro, uma semana antes do habitual, o que ajuda a explicar parte do crescimento, salientou a consultora Syntun.

Segundo o relatório da Syntun publicado na rede social WeChat, o crescimento foi impulsionado também pela explosão do chamado “comércio instantâneo” – um modelo promovido pela Alibaba que promete entregas em poucas horas não só de refeições, mas também de roupa e outros produtos.

As plataformas que lideraram as transações foram a Tmall (do grupo Alibaba), a JD.com e a Douyin, a versão chinesa do TikTok, refletindo a crescente popularidade do comércio electrónico mediado por vídeos.

Entre as categorias de produtos mais vendidos estiveram os eletrodomésticos (16,5 por cento do total), os telemóveis e dispositivos digitais (14,6 por cento) e o vestuário (14 por cento). A Syntun apontou ainda para um maior interesse dos consumidores por produtos saudáveis – inclusive em alimentos para animais – e pela aplicação de inteligência artificial em tarefas de marketing, logística e atendimento ao cliente.

Apesar do volume recorde, o evento tem perdido parte do seu brilho, não só porque já não se limita ao dia 11 de Novembro – originalmente a única data com grandes descontos – mas também devido à decisão de plataformas como a Alibaba de abandonar as tradicionais galas transmitidas em directo com a actualização em tempo real das vendas.

“Tenho saudades do tempo em que esperávamos pela meia-noite do dia 11 e competíamos para apanhar verdadeiras pechinchas”, escreveu uma utilizadora na rede social Weibo, acrescentando: “Agora os preços mudam constantemente e já nem entendo as promoções”.

14 Nov 2025

Visita | Felipe VI defende diálogo com China

No fim de uma visita à China com forte cariz comercial, o rei espanhol defendeu a importância de manter o diálogo com o gigante asiático sem deixar de abordar questões mais sensíveis como os direitos humanos

O rei Felipe VI encerrou ontem a visita de Estado à China reiterando a importância de manter um “diálogo frutuoso” com Pequim, sem abdicar da defesa dos direitos humanos e da democracia.

Num encontro com a comunidade espanhola em Pequim, no último dia da visita de três dias, o monarca sublinhou que “a Espanha continuará a defender os seus valores – democracia, Direito Internacional, direitos humanos e cooperação multilateral – com confiança em quem é como nação: moderna, solidária, criativa, aberta e comprometida com os grandes desafios do nosso tempo”.

Foi a primeira vez, durante a visita, que Felipe VI abordou publicamente o tema dos direitos humanos, uma das questões mais sensíveis nas relações com a China. Segundo o Governo espanhol, o assunto é regularmente tratado nos contactos diplomáticos bilaterais e no quadro do diálogo específico entre a União Europeia e a China sobre esta matéria.

“A China é hoje um actor-chave na cena internacional, com enormes desafios e transformações em curso”, afirmou o monarca, destacando que Madrid mantém com Pequim “um diálogo europeu e próprio”, assente no respeito e benefício mútuo. O rei manifestou satisfação com o resultado da visita, iniciada na terça-feira na cidade de Chengdu, e considerou que a deslocação simbolizou “a renovação de uma vontade partilhada de construir uma relação pragmática e ambiciosa”.

Felipe VI destacou ainda o papel dos mais de 5.200 espanhóis a viver na China como “ponte viva” entre os dois países. “A Espanha valoriza-vos e sente orgulho em vós”, disse, enaltecendo o contributo da comunidade para o reforço dos laços bilaterais nos domínios empresarial, científico, educativo, cultural e institucional.

“Representam uma Espanha que sabe adaptar-se sem perder a sua identidade, colaborar sem renunciar aos seus valores, estender a mão sem deixar de erguer a voz quando necessário”, sublinhou.

Falar de negócios

Antes do encontro com a comunidade, o monarca participou num pequeno-almoço com o Conselho Empresarial Espanha-China, promovido pela Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (CEOE) e pelo Ministério da Economia espanhol, em colaboração com o Ministério do Comércio chinês e a associação CHINCA.

No evento, Felipe VI defendeu “previsibilidade” e segurança jurídica para as empresas espanholas, e apelou à criação de um ambiente de confiança. “A concorrência leal, o respeito pelos direitos de propriedade intelectual e industrial, e a reciprocidade no acesso aos mercados são condições essenciais para garantir uma competição justa”, afirmou.

Acrescentou ainda que os benefícios do comércio “devem alcançar toda a população”, defendendo a inserção das empresas nas cadeias locais de valor, a criação de empregos qualificados e uma efectiva transferência de conhecimento.

“Convergência de posições”

A China afirmou ontem que Pequim e Madrid partilham posições semelhantes em vários assuntos internacionais e reafirmaram o compromisso com o multilateralismo e o papel das Nações Unidas. Durante uma conferência de imprensa em Pequim, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jean, declarou que o Presidente da China, Xi Jinping, e o rei Felipe VI, de Espanha, coincidiram na defesa da resolução de conflitos “através do diálogo e da consulta” e no apoio à ONU como “núcleo do sistema internacional”, durante um encontro em Pequim.

“As duas partes sempre se pautaram pelo respeito mútuo e pela igualdade, promovendo conjuntamente o desenvolvimento contínuo da sua parceria estratégica integral, que trará mais benefícios aos povos de ambos os países e contribuirá para a paz e estabilidade mundiais”, afirmou Lin. O porta-voz destacou ainda a “forte dinâmica interna” das relações bilaterais, visível na intensificação dos laços políticos e quase quadruplicação do comércio bilateral ao longo das últimas duas décadas.

Na quarta-feira, Felipe VI reuniu-se com Xi Jinping no Grande Palácio do Povo, numa cerimónia marcada por fortes componentes protocolares e a assinatura de dez acordos bilaterais nas áreas económica, científica e cultural. O monarca espanhol encontrou-se ainda com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, e com o presidente da Assembleia Nacional Popular, Zhao Leji.

14 Nov 2025

Fotografia | Livro de Ale Ruaro apresentado na Livraria Portuguesa

Nos próximos dias 24 e 25 de Novembro, a Livraria Portuguesa irá acolher um evento dedicado ao fotógrafo brasileiro Ale Ruaro, que inclui a apresentação de um livro e uma palestra sobre fotografia. No primeiro dia, a partir das 18h, terá lugar a apresentação do livro “Vestígios”, publicado pela editora Selo Vertigem.

A obra reúne mais de duas décadas de pesquisa visual e desconstrução da linguagem fotográfica, propondo uma reflexão sobre a fotografia expandida — uma abordagem que ultrapassa os limites da representação tradicional e convida o público a questionar percepções e significados. No dia seguinte, também às 18h, o fotógrafo brasileiro participa numa conversa sobre fotografia e o seu trabalho, partilhando o percurso que tem trilhado e a sua visão artística.

O evento é apresentado pela associação HALFTONE e a Livraria Portuguesa, enquanto a vinda do fotógrafo brasileiro a Macau contou com o apoio da Fundação Oriente e da Com Viagens, assim como o apoio institucional do Consulado-Geral do Brasil em Hong Kong e Macau, da Universidade de São José e do Leitorado do Instituto Guimarães Rosa – USJ Macau.

Com uma carreira de três décadas, Ale Ruaro tem-se dedicado nos últimos anos quase exclusivamente ao retrato. As suas imagens, sempre a preto e branco, são construídas em colaboração com os retratados, criando uma harmonia entre o rosto e a luz que o envolve. A iluminação contrastada e densa é uma das marcas do seu trabalho, evocando os contornos e a atmosfera de pintores holandeses como Vermeer e Rembrandt. Ruaro retrata pessoas do seu tempo com um olhar suave, amoroso e solidário — o olhar de um artista do século XVII em pleno século, descreve a organização dos eventos.

14 Nov 2025

Exposição | Obras de Eduardo Nery no Aeroporto de Macau

A criação do mural de azulejos encomendado a Eduardo Nery pelo Executivo para adornar o terminal de passageiros do Aeroporto de Macau é o mote para a exposição patente no próprio aeroporto. A mostra assinala os 30 anos da inauguração do Aeroporto Internacional de Macau

O Aeroporto Internacional de Macau inaugurou uma exposição sobre a criação do mural de painéis de azulejo por parte do artista plástico português Eduardo Nery (1938-2013). Num comunicado, a companhia gestora da infra-estrutura indica que a mostra, no terminal de passageiros, “apresenta materiais preciosos do processo criativo” de Nery, “incluindo esboços, estudos de cor e projectos gráficos”.

A exposição “Arte Icónica: O Ícone do Terminal” oferece aos visitantes “um olhar aprofundado sobre a metodologia do artista”, acrescentou a CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau.

A mostra concentra-se no mural de azulejos portugueses criado por Eduardo Nery para a inauguração, em 9 de Novembro de 1995, do aeroporto, ainda durante a administração portuguesa do território.

O mural, com 210 metros de comprimento e 2,1 metros de altura, “inspira-se na mitologia, na história marítima, na evolução da aviação e nas trocas culturais entre a China e Portugal”, referiu a CAM. A obra “integra com mestria a essência das culturas chinesa e portuguesa, reflectindo o papel histórico singular de Macau como ponto de encontro das civilizações oriental e ocidental”, acrescentou a empresa.

Trabalho de uma vida

A exposição, que serve também para assinalar os 30 anos do aeroporto, foi organizada em conjunto pela CAM e pela Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade de São José. Na cerimónia de inauguração, o presidente da CAM, Ma Iao Hang, agradeceu ao director da faculdade, o português Carlos Sena Caires, “pela estreita colaboração” com a família de Eduardo Nery, que permitiu apresentar ao público “manuscritos e esboços de design gráfico de valor inestimável”.

Nascido na Figueira da Foz, em 1938, Eduardo Nery exerceu a sua actividade nas áreas da pintura, tapeçaria, vitral, mosaico e azulejo, entre outras. Desde a década de 60 realizou diversas intervenções em espaços arquitectónicos, de que são exemplo os painéis de azulejo no viaduto do Campo Grande (Lisboa) ou os vitrais da capela de São José, na Basílica de Fátima.

Entre 1970 e 1972, Eduardo Nery leccionou as disciplinas de Desenho e Texturas no IADE, à altura designado Instituto de Arte e Decoração. Em 1973 integrou a primeira direcção pedagógica do Centro de Arte e Comunicação Visual (Ar.Co), escola onde se manteve até 1975.

Ao longo da carreira artística foi premiado por diversas vezes, com destaque para um galardão atribuído na 1.ª Bienal Internacional de Arte Contemporânea Europeia (Itália, 1975) ou o Prémio Bordalo da Imprensa, na categoria de Artes Plásticas (1995).

14 Nov 2025

SJM | Operadora culpa fecho de casinos-satélite por queda de lucros

A concessionária do jogo em Macau SJM Holdings anunciou na quarta-feira uma queda homóloga de 91,1 por cento nos lucros durante o terceiro trimestre deste ano e culpou o encerramento de vários ‘casinos-satélite’.

Num comunicado enviado à bolsa de valores de Hong Kong, a empresa revelou um lucro de nove milhões de dólares de Hong Kong entre Julho e Setembro. No mesmo período de 2024, o grupo fundado pelo magnata do jogo Stanley Ho tinha registado um lucro de 101 milhões de dólares de Hong Kong.

“Enfrentámos dificuldades significativas no terceiro trimestre, impulsionadas pela cessação gradual das operações de casinos-satélite e pela intensificação da concorrência de mercado”, admitiu, no comunicado, a presidente da SJM, Daisy Ho Chiu-fung.

Daisy Ho disse ainda que, “apesar das inevitáveis perturbações que acompanham este período de transição”, a empresa irá “entrar em 2026 numa posição mais sólida, com uma plataforma mais integrada e resiliente”.

Apesar da queda homóloga no lucro entre Julho e Setembro, a SJM conseguiu inverter a situação do segundo trimestre, em que registou um prejuízo de 151 milhões de dólares de Hong Kong. As propriedades da operadora arrecadaram 7,03 mil milhões de dólares de Hong Kong no terceiro trimestre, menos 6,2 por cento do que em igual período do ano passado. Mas a SJM sublinhou que as receitas do jogo nos casinos geridos directamente pela empresa aumentaram 0,9 por cento, para 4,79 mil milhões de dólares de Hong Kong.

A operada anunciou também que pagou 724 milhões de yuan para adquirir edifícios de escritórios em Hengqin, que serão transformados num hotel de três estrelas.

14 Nov 2025

Casino-satélite | Casa Real vai encerrar a 21 de Novembro

A concessionária de jogo SJM Resorts anunciou ontem que vai encerrar, em 21 de Novembro, o Casa Real, o quarto ‘casino-satélite’ da empresa a fechar portas. Das quase três centenas de trabalhadores do casino, a operadora sublinhou que os funcionários contratados directamente pela SJM, e que têm estatuto de residente terão emprego garantido

A SJM Resorts emitiu ontem um comunicado a anunciar o encerramento de mais um casino-satélite, desta feita o Casa Real, que fica na esquina na Rua de Malaca e a Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues. O encerramento do casino-satélite Casa Real foi anunciado um dia depois do fecho do Legend Palace, com a cessação oficial das operações marcada para as 23h59 de sexta-feira, 21 de Novembro.

Como tem sido hábito nos fechos anteriores, a SJM sublinhou que todos os funcionários locais directamente contratados pela empresa têm emprego garantido. A operadora explicou que o pessoal com estatuto de residente em Macau será “transferido para outros casinos da empresa para desempenhar funções relacionadas com o jogo, de acordo com as necessidades operacionais”.

Já os funcionários locais que não foram contratados directamente pela SJM Resorts, “são convidados a candidatarem-se a vagas relacionadas” dentro do grupo, “com prioridade para contratação” e com condições iguais às que tinham.

Com toda a atenção

Pouco depois do anúncio da SJM, a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) assegurou que vai “supervisionar rigorosamente, in loco, os procedimentos de encerramento” do Casa Real.

No que diz respeito aos 285 funcionários do casino, a DICJ garantiu, numa nota à imprensa, que vai manter a comunicação com a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, para assegurar o cumprimento das garantias dadas pela SJM, nomeadamente “a recolocação de todos os referidos trabalhadores”.

A SJM sublinhou que “todas as mesas e máquinas de jogo actualmente em funcionamento no local vão ser transferidas para outros casinos da empresa”. Recorde-se que no dia 9 de Junho, o Governo anunciou que as concessionárias de jogo tinham comunicado o fim da exploração dos 11 ‘casinos-satélite’, onde trabalhavam cerca de 5.600 residentes.

No entanto, apenas nove ‘casinos-satélite’ devem fechar portas, uma vez que a SJM quer adquirir os hotéis onde se situam dois – Ponte 16 e Casino Royal Arc – e pedir às autoridades para assumir a gestão directa dos espaços.

Os ‘casinos-satélite’, sob a alçada das concessionárias, são geridos por outras empresas, sendo uma herança da administração portuguesa e que já existia antes da liberalização do jogo no território, em 2002. Quando a legislação que regula os casinos foi alterada, em 2022, estabeleceu-se o final de 2025 como data limite para terminar a actividade destes espaços de jogo.

O primeiro casino a encerrar foi o Grandview, no final de Julho, que estava sob a alçada da SJM. O Emperor Palace fechou portas no final de Outubro, enquanto o Legend Palace encerrou na quarta-feira.

Legend Palace | DICJ afirma que encerramento correu bem

O encerramento do Casino Legend Palace, afecto à SJM Resorts, “decorreu de acordo com os procedimentos previstos, na manhã de hoje, dia 13 de Novembro”, indicou ontem a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), entidade que coordenou o fim das operações do casino-satélite.

Após o encerramento do Casino Legend Palace, às 23h59 de quarta-feira, “a DICJ procedeu, de imediato, à suspensão do funcionamento das mesas de jogo, tendo assegurado a coordenação, de forma activa, com diversos serviços, o acompanhamento do processo de retirada do respectivo recinto, entre outros.

O encerramento do casino decorreu de forma ordenada”, indicaram as autoridades, que enviaram para o local pessoal para prestar esclarecimentos aos trabalhadores. Para garantir a preservação da ordem pública, foi destacado para o local pessoal do Corpo da Polícia de Segurança Pública e da Polícia Judiciária.

14 Nov 2025

Julgamento | Wong Sio Chak não comenta caso de jornalista barrada

O secretário para a Administração e Justiça recusou comentar o caso da jornalista impedida de acompanhar o novo julgamento do ex-procurador-adjunto Kong Chi por corrupção. “Em concreto não sei de nada, só sei o que foi mencionado na reportagem”, justificou Wong Sio Chak, numa conferência de imprensa do Conselho Executivo.

De acordo com o canal em língua portuguesa da televisão pública TDM, na segunda-feira, funcionários do Tribunal de Segunda Instância (TSI) impediram uma repórter do jornal ‘online’ All About Macau de assistir ao julgamento. Os funcionários disseram à TDM ter recebido “ordens superiores” para não permitir a entrada, nem como simples cidadã, de Ian Sio Tou, chefe de redacção do All About Macau e presidente da Associação de Jornalistas de Macau.

Wong Sio Chak disse apenas que a decisão tinha sido tomada pelo Gabinete de Comunicação Social, que está sob a tutela directa do chefe do Executivo, Sam Hou Fai. “Nada tenho a acrescentar”, concluiu.

14 Nov 2025

Publicidade ilegal | Lei eleva multa máxima para 100 mil patacas

O Governo apresentou uma nova lei que, além de regulamentar pela primeira vez a actividade dos influenciadores, duplica a multa máxima por publicidade ilegal para 100 mil patacas. O novo diploma vem actualizar um regime legal com mais de três décadas

A multa mais avultada para quem fizer publicidade ilegal aumentou para 100 mil patacas com a nova lei que irá regular o sector e, pela primeira, a actividade dos chamados influenciadores digitais. O porta-voz do Conselho Executivo, Wong Sio Chak, sublinhou, numa conferência de imprensa, que a actual lei da actividade publicitária, do tempo da administração portuguesa, “tem já mais de 30 anos, é necessário alterar as sanções ou multas”.

A chefe do Departamento de Licenciamento e de Inspecção da Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) revelou que a multa máxima, por “violar o princípio da licitude”, será de 100 mil patacas. Choi Sao Leng referiu que passará a ser ilegal fazer publicidade usando o nome da República Popular da China (RPC) ou da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), assim como “imagens de funcionários ou dirigentes públicos”.

Recorde-se que em Abril, a polícia denunciou a existência de vídeos falsos feitos com tecnologia de inteligência artificial para colocar Ho Iat Seng, líder do Governo entre 2019 e 2024, a promover um suposto investimento. Choi Sao Leng sublinhou que será também proibida a publicidade que possa “prejudicar a imagem da RPC ou da RAEM, prejudicar a imagem de outros países ou prejudicar o interesse público”.

A lei, que segue agora para a Assembleia Legislativa, irá, pela primeira vez, regulamentar a actividade dos influenciadores, incluindo o ‘live marketing’, que envolve a interacção em tempo real com o público.

Choi garantiu que, “quando um embaixador publicitário ou influenciador usar a sua imagem para divulgar um produto”, também vai “assumir uma determinada responsabilidade”. A dirigente acrescentou que os influenciadores terão de esclarecer “qual a relação de contrato com o produto” e se “assinaram um contrato para vender” um produto ou serviço.

Verdadeiras intenções

Em Julho, aquando do arranque de uma consulta pública sobre a proposta de lei, o director da DSEDT, Yau Yun Wah, disse que os influenciadores terão de usar primeiro os produtos que apoiam, para garantir o cumprimento do requisito de veracidade.

Para “optimizar ainda mais o ambiente de negócios”, a lei elimina a necessidade de obter uma avaliação e parecer vinculativo do Instituto Cultural (IC) para colocar publicidade em edifícios protegidos, disse Wong Sio Chak.

Mas, horas antes, a presidente do IC, Deland Leong Wai Man, prometeu que a proposta não irá afectar a salvaguarda do património cultural do território. “Não reduzimos a protecção do património e vamos continuar a proteger as ruas pitorescas”, garantiu a também líder do Conselho do Património Cultural de Macau, numa conferência de imprensa. “Há aspectos que já não precisam do parecer do IC”, explicou Leong.

14 Nov 2025

Bairro Internacional Turístico | Três grandes espaços com detalhes

O planeamento do Bairro Internacional Turístico e Cultural Integrado ganhou ontem alguns contornos mais concretos, principalmente dos três grandes projectos: Museu Nacional de Cultura de Macau, o Centro Internacional de Artes Performativas de Macau e o Museu Internacional de Arte Contemporânea.

O plano divulgado ontem, segundo o plano da Academia de Turismo da China, esclarece que o Museu Nacional de Cultura de Macau ficará localizado num terreno a leste da Torre de Macau, com uma área entre 80 mil e 100 mil metros quadrados. O novo museu terá espaços para armazenamento, conservação, investigação do acervo museológico e exposições flexíveis, assim como locais complementares para intercâmbio, ensino, incubação, instalações comerciais e lazer público.

Já o Centro Internacional de Artes Performativas de Macau, terá uma área entre 55 mil e 65 mil metros quadrados na Zona C dos Novos Aterros, e será uma instalação capacitada para acolher vários tipos de artes performativas. Quanto ao Museu Internacional de Arte Contemporânea, contará com uma área entre 35 e 45 metros quadrados e ficará situado no lado leste da Zona C dos Novos Aterros.

14 Nov 2025

Jogos Nacionais | Conselheira de Estado inspecciona instalações

A conselheira de Estado, Shen Yiqin, teve um encontro na quarta-feira com o Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, para trocar impressões sobre a realização das provas na Zona de Competição de Macau da 15.ª edição dos Jogos Nacionais. Segundo um comunicado divulgado na noite de quarta-feira pelo Gabinete de Comunicação Social, a reunião contou também na agenda com “o desenvolvimento de alta qualidade da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e a construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”.

Sam Hou Fai adiantou que as provas de todas as modalidades realizadas em Macau têm decorrido de forma tranquila e segura e que “os atletas de Macau mostraram em plenitude as suas potencialidades e o espírito desportivo”. O governante local indicou também que o Executivo que lidera irá manter uma cooperação estreita com Guangdong e Hong Kong para que as competições da 15.ª edição dos Jogos Nacionais e dos Jogos Olímpicos Especiais para Deficientes, a realizar em Dezembro, decorram de forma “simples, segura e maravilhosa”.

Como é tradição em todos os encontros institucionais, o Chefe do Executivo apresentou ainda o progresso actual de Macau e da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, e repetiu que o seu Governo continua a implementar a estratégia de desenvolvimento da diversificação adequada da economia 1+4 e potenciar e construir “uma plataforma de abertura ao exterior de nível mais elevado”.

14 Nov 2025

Património Cultural Intangível | Macau quer proteger Chu Pa Pau

O Conselho do Património Cultural de Macau apoiou ontem a protecção da versão local da bifana, o Chu Pa Pau, como Património Cultural Intangível, juntamente com a procissão de Nossa Senhora dos Remédios e o Dia dos Finados católico.
Um representante do Conselho, Wu Chou Kit, disse que os membros “concordaram com o conteúdo da lista” de manifestações propostas para o Inventário do Património Cultural Intangível da região semiautónoma chinesa.
Numa conferência de imprensa, a presidente do órgão e líder do Instituto Cultural de Macau, Leong Wai Man, disse que a lista discutida na reunião de ontem inclui 28 manifestações.
Leong deu como exemplo a “bifana de Macau”, uma costeleta de porco frita servida num pão de estilo português, um item popular nos restaurantes e cafés do território.
A lista inclui a procissão de Nossa Senhora dos Remédios, e os rituais do Dia dos Finados católico, também celebrado em 01 de Novembro, mas que em Portugal é conhecido como Dia de Todos os Santos.
O Inventário do Património Cultural Intangível já inclui o Dia dos Finados chinês, conhecido como ‘Cheng Ming’, no 15.º dia após o solstício de Primavera, no início de Abril, e o ‘Chong Yeong’, o dia de Culto dos Antepassados, a 09 de Setembro.
Na lista de novas manifestações culturais a serem protegidas, constam ainda três propostas por macaenses, uma comunidade euro-asiática composta sobretudo por lusodescendentes com raízes no território.
São elas o chá gordo, um lanche festivo com dezenas de iguarias, a Tuna Macaense, que toca músicas no dialeto crioulo macaense, o patuá, e o batê saia, uma arte decorativa de recorte de papel de seda ou papel rendado.
“Há muitas manifestações porque Macau é ponto de encontro das culturas chinesa e ocidental. Temos várias comunidades étnicas e recursos [culturais] ricos”, defendeu Leong Wai Man.

Inscrições várias
Além de um inventário, Macau tem ainda uma Lista do Património Cultural Intangível, que inclui “as manifestações de maior valor, incluindo aquelas que sejam representativas de tradições sociais relevantes, (…) e passam a usufruir de um maior grau de proteção”.
Em 13 de Outubro, a região inscreveu na lista 12 novas manifestações, incluindo a dança folclórica portuguesa e os pastéis de nata locais, inspirados pelo pastel português.
Em 2019, Macau já tinha inscrito como património cultural intangível as procissões católicas do Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos e de Nossa Senhora de Fátima, a gastronomia macaense e o teatro em patuá.
Em 2021, a gastronomia macaense e o teatro em patuá foram também incluídos pela China na Lista de Património Cultural Imaterial Nacional.

13 Nov 2025

Académico defende integração de cadeias industriais China-África

O académico chinês Tang Xiaoyang defendeu ontem uma nova fase na cooperação entre China e África, centrada na integração de cadeias de valor industriais, aproveitando os polos empresariais chineses já estabelecidos no continente africano.
Professor e director do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Tsinghua, Tang argumentou num artigo publicado no Orange News, um portal de notícias em Hong Kong, que os fundamentos estruturais da relação comercial entre a China e África permanecem sólidos, apesar do abrandamento do comércio e das pressões geopolíticas.
Em vez de apostar apenas na escala, é tempo de aprofundar a qualidade e integração dos projectos existentes, defendeu.
“O momento é propício para transformar projectos dispersos em cadeias completas e integradas, com investimento coordenado nos segmentos industrial, logístico e financeiro”, escreveu Tang.
Desde o início do século, impulsionado pela Iniciativa Faixa e Rota e pelo Fórum de Cooperação China – África (FOCAC), o comércio bilateral cresceu a uma média anual de quase 14 por cento, passando de 39,6 mil milhões de dólares em 2005 para 295,4 mil milhões em 2024, segundo dados oficiais. A China é o maior parceiro comercial de África há 16 anos consecutivos.
África fornece sobretudo matérias-primas, como petróleo, minérios e cobre, enquanto a China exporta maquinaria, equipamentos de transporte e bens de consumo.
Para ultrapassar este modelo, Tang defendeu o reforço do investimento chinês em sectores industriais africanos, com base em três eixos: cadeias de valor completas na mineração, na agricultura e na indústria ligeira de bens de consumo. Cada eixo deve incluir não apenas produção, mas também etapas intermédias, como refinação, transformação e logística.
“Um dos grandes entraves ao desenvolvimento industrial de África são cadeias de fornecimento fragmentadas e pouco fiáveis”, afirmou. “Mesmo embalagens ou componentes básicos precisam de ser importados, elevando os custos de produção e comprometendo a competitividade”, descreveu.
Tang identificou dezenas de polos industriais chineses já operacionais em África – em sectores como têxteis, calçado, reciclagem de plásticos e aço, ou agroalimentar – que podem ancorar cadeias produtivas locais e regionais.

Elementos nucleares
A digitalização e os sectores extrativos também são centrais nesta visão. A presença de empresas como Huawei, ZTE, Transsion ou StarTimes tem contribuído para transformar as telecomunicações em África. No sector da mineração, Tang salientou o contributo da tecnologia e gestão chinesas para modernizar a exploração de recursos e aumentar a eficiência.
O académico notou que as autoridades africanas têm vindo a reforçar as suas estratégias de industrialização. Planos como a Agenda 2063 da União Africana ou iniciativas nacionais na Etiópia, Ruanda e África do Sul apontam nesse sentido.
“A complementaridade estrutural entre África e a China é evidente: África carece de capacidades industriais, enquanto a China detém o sistema produtivo mais completo do mundo”, escreveu Tang.
Em 2024, a China representou 28 por cento do valor acrescentado industrial global e lidera a escala industrial mundial há 15 anos consecutivos.
O artigo defendeu que o modelo de infraestrutura e industrialização sino-africano deve equilibrar sustentabilidade comercial com benefícios públicos, como tem sido feito em grandes projectos ferroviários, portuários e energéticos em África. O objectivo é criar “um ciclo virtuoso em que infraestrutura e indústria se reforcem mutuamente”, lê-se no artigo.
A opinião de Tang Xiaoyang surge numa altura em que os Estados Unidos ultrapassaram a China como maior investidor directo estrangeiro em África em 2023, de acordo com dados da China Africa Research Initiative, da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos.

13 Nov 2025

Filipinas | Pelo menos 27 mortos e 3,6 milhões de afectados por tufão

Pelo menos 27 pessoas morreram e 3,6 milhões foram afectadas pela passagem do supertufão Fung-wong nas Filipinas no domingo, informaram ontem as autoridades locais.
De acordo com o último relatório do Conselho Nacional de Redução e Gestão de Riscos de Desastres das Filipinas (NDRRMC), o número de mortos subiu ontem de 18 para 27, enquanto as equipas de resgate procuram duas pessoas desaparecidas. Trinta e seis pessoas ficaram feridas, algumas com gravidade.
Do total de mortes, 19 foram registadas na Região Administrativa de Cordillera, a norte de Manila, a região mais devastada por chuvas torrenciais, deslizamentos de terra e inundações nas últimas 72 horas.
O NDRRMC actualizou também o número de pessoas afectadas, de 2,4 milhões para 3,6 milhões, das quais 171.786 famílias estão em centros de evacuação e mais de 100.000 pessoas foram deslocadas pelo mau tempo, estando a receber assistência nas ruas em 16 regiões do país.
As autoridades reportaram mais de sete mil casas completamente destruídas e outras 33.000 parcialmente danificadas, além de 37 pontes que colapsaram e 12 autoestradas nacionais inundadas.
O governo mobilizou mais de 10 mil pessoas para responder à emergência, incluindo agentes de segurança, equipas de resgate e profissionais de saúde.

O tufão Fung-wong, conhecido localmente como Uwan, atingiu as Filipinas no domingo, afectando principalmente as regiões norte e central do país, antes de se deslocar para o Mar do Sul da China na segunda-feira, enfraquecido e seguindo em direção a Taiwan, onde era esperado ontem à noite.
A agência meteorológica filipina, PAGASA, classificou ontem Fung-wong como uma tempestade tropical, com ventos 61 quilómetros por hora (km/h), depois de ter atingido a força de um supertufão nos últimos dias, com rajadas até 230 km/h.
A passagem de Fung-wong pelas Filipinas acontece enquanto o país ainda está a recuperar do tufão Kalmaegi, que atingiu o arquipélago na semana passada, fazendo 232 mortos e mais de 100 desaparecidos, segundo a Defesa Civil.

13 Nov 2025

Cooperação | Espanha e China reforçam comércio agroalimentar

Espanha e China assinaram ontem três novos protocolos para reforçar o comércio bilateral nos sectores da pesca, aquicultura e carne de porco, incluindo um mecanismo que permite restringir eventuais surtos de peste suína africana a regiões específicas.
Os acordos foram celebrados no âmbito da visita de Estado dos reis de Espanha à China, indicou o Ministério espanhol da Agricultura, Pesca e Alimentação (MAPA), em comunicado.
Para o ministro Luis Planas, os protocolos “consolidam a confiança sanitária mútua e ampliam as oportunidades de exportação para o sector agroalimentar espanhol”, lê-se na nota.
O destaque vai para o novo protocolo de regionalização da peste suína africana, que entrou ontem em vigor, e que estabelece a aceitação por parte da China do princípio de “compartimentação”, já aplicado por Espanha.
Na prática, caso se registem surtos da doença, as restrições à exportação serão limitadas à zona afectada, permitindo que o restante território espanhol continue a exportar carne de porco para o mercado chinês.
Planas classificou o acordo como “chave” para proteger o sector suinícola, um pilar estratégico das exportações espanholas, reforçando a “confiança internacional na produção espanhola”.
Segundo dados oficiais, as exportações espanholas de carne de porco para a China totalizaram 540 mil toneladas em 2024, num valor superior a 1.097 milhões de euros, confirmando a relevância do sector no comércio externo.
Os dois países assinaram ainda dois protocolos adicionais relativos a produtos da pesca e aquicultura.
O primeiro estabelece os requisitos sanitários e de quarentena para óleo, farinha de peixe e outras proteínas e gorduras de origem aquática destinadas à alimentação animal, facilitando o comércio destes subprodutos espanhóis.
O terceiro protocolo regula os requisitos de inspeção, quarentena e segurança alimentar para produtos da aquicultura destinados à exportação, exigindo que os estabelecimentos espanhóis cumpram os padrões sanitários exigidos por ambos os países.

Segundo o MAPA, o objectivo é reforçar a confiança nas exportações de aquicultura espanhola, reconhecida pela “alta qualidade e controlo sanitário”.
A Organização Interprofissional Agroalimentar do Porco Branco (Interporc) saudou o protocolo de regionalização, considerando-o um “avanço estratégico de máxima relevância” para o sector e sublinhando que o acordo garante a “estabilidade dos fluxos comerciais” com a China.
Num comunicado, a organização agradeceu o “intenso trabalho” do MAPA, dos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Economia, bem como da embaixada de Espanha em Pequim e do rei Felipe VI, cujo papel foi descrito como “fundamental para o êxito” das negociações.

13 Nov 2025

Cinema | Diáspora de Macau debatida em festival na Polónia

O Festival de Cinema Asiático “Cinco Sabores”, que começou ontem em Varsóvia e se estende até à próxima quarta-feira, terá no sábado um painel de debate que irá focar os temas da migração. A dupla formada pelo artista e antropólogo de Macau Cheong Kin Man e a artista polaca Marta Stanisława Sala, irá participar na conversa com o objectivo de oferecer ao público uma perspectiva da diáspora de Macau. O debate terá lugar no Museu de Arte Moderna da capital polaca.
A participação no festival de cinema asiático é parte integrante de um projecto conjunto de investigação e criação artístico-etnográficas em Berlim e na Universidade Nova de Lisboa, onde Cheong Kin Man é doutorando em antropologia.
Em relação ao futuro, o artista de Macau radicado na Europa revelou ao HM que tem planos para prosseguir a série de exposições de autoetnografias experimentais “As Espantosas e Curiosas Viagens”, uma delas com passagem por Macau (em Julho de 2026) na Fundação Rui Cunha. A mostra em Macau terá a curadoria de Sara Neves.
A dupla pretende também fazer exposições pop-up em Berlim, “Galerie Met”, no “Mayer Pavilion”, no “mp43 – Project Space for the Peripheral” e no “WerkStadt”. Ainda com alguns detalhes por acertar, a dupla artística pretende levar “As Espantosas e Curiosas Viagens” também a Portugal, mas desta feita fora de Lisboa.

13 Nov 2025

BNU | Lucros de 315,3 milhões de patacas até Setembro

Nos primeiros nove meses do ano, o Banco Nacional Ultramarino registou um resultado líquido não auditado de 315,3 milhões de patacas, o que representou uma redução de 128,9 milhões de patacas (29 por cento) em comparação com os primeiros nove meses de 2024.
De acordo com um comunicado da instituição, o rendimento líquido de juros entre Janeiro e Setembro deste ano caiu para 631,3 milhões de patacas, menos 121,9 milhões de patacas (queda de 16,2 por cento) em termos homólogos. Esta diferença foi explicada pela instituição como estando “principalmente” relacionada com a “evolução das taxas de juro”.
Todavia, a queda do rendimento líquida foi “parcialmente compensada por um aumento das comissões líquidas para 68,9 milhões” um aumento de 2,5 milhões de patacas face ao mesmo período do ano anterior. Na perspectiva do banco, o aumento das comissões reflecte a “a resiliência da actividade económica e um maior envolvimento dos clientes”.
As imparidades de crédito e de investimentos financeiros totalizaram 32,7 milhões de patacas, um crescimento de 27,8 por cento face ao mesmo período de 2024, quando o valor era de 25,6 milhões de patacas.
Os custos operacionais totalizaram 323,9 milhões de patacas, um aumento de 3,4 por cento em termos homólogos.
O crédito concedido atingiu 26,21 mil milhões de patacas em Setembro, um crescimento homólogo de 900 milhões de patacas, enquanto os depósitos dos clientes aumentaram 9,9 por cento para 36,42 mil milhões de patacas.

13 Nov 2025

Salário Mínimo | Deputados criticam apresentação tardia

Os deputados da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa criticaram o Governo por apresentar de forma apressada a proposta para aumentar o salário mínimo. A opinião foi partilhada por alguns deputados durante a reunião de ontem para discutir a proposta, segundo Wong Kit Cheng, deputada e presidente da comissão.
De acordo com a versão citada pelo jornal Ou Mun, os deputados têm dificuldades em compreender os motivos que levaram a que a proposta apenas chegasse ao hemiciclo no mês passado, a pouco mais de dois meses da entrada em vigor. Segundo alguns deputados, o facto é incompreensível, uma vez que a lei do salário mínimo prevê que se equacione a actualização do valor a cada dois anos. Por este motivo, os legisladores acreditam que a proposta devia ter entrado mais cedo na Assembleia Legislativa.
Em relação ao aumento de uma pataca por hora, ou de 2,9 por cento, Wong Kit Cheng revelou que houve legisladores preocupados com o impacto deste aumento nas empresas que gerem condomínios e que vai contribuir para criar dificuldades acrescidas ao sector (ver abertura).
Dado que os deputados consideram que o processo de proposta de aumento não foi claro, os legisladores vão pedir ao Executivo para se deslocar ao hemiciclo para explicar o processo de discussão no Conselho Permanente de Concertação Social (CPCP) que levou à proposta actual.

13 Nov 2025

IPS | Finalizada discussão sobre nova lei

O Conselho Executivo terminou a discussão da lei da actividade das instituições privadas prestadoras de cuidados de saúde, que deverá dar entrada no hemiciclo nos próximos dias.
De acordo com a informação disponibilizada, o novo diploma visa regulamentar “o funcionamento das instituições privadas prestadoras de cuidados de saúde (IPS) e os respectivos regimes de licenciamento e registo”.
A futura lei só foi apresentada de forma parcial e além de prever os tipos de IPS, introduz uma nova licença para o “hospital de dia”. Esta nova licença vai permitir que “certos serviços médicos especializados”, que anteriormente apenas podiam ser oferecidos nos hospitais locais, passem a ser disponibilizados nas instituições classificadas como hospitais de dia.
A futura lei vai ainda definir “os requisitos e a regulamentação para o desenvolvimento da telemedicina”, assim como “serviços médicos de proximidade” e das “terapias avançadas”.
Ao mesmo tempo, o diploma vai actualizar sanções e levantar algumas das restrições relativas ao conteúdo da publicidade de prestação de cuidados de saúde. O objectivo é permitir o desenvolvimento de um sector privado mais dinâmico, que contribua para o desenvolvimento dos cuidados de saúde compreensivos de Macau.

13 Nov 2025

Comércio | Exigidas licenças para exportação de químicos para os EUA, México e Canadá

Pequim intensifica o controlo sobre a exportação de componentes químicos que podem levar ao fabrico de drogas como o fentanil

 

A China anunciou ontem o endurecimento dos controlos de exportação de produtos químicos que podem ser utilizados no fabrico de drogas sintéticas, particularmente o fentanil, nomeadamente para os Estados Unidos, o México e o Canadá.

Segundo uma declaração conjunta do Ministério do Comércio e de outras agências chinesas, a medida entra em vigor imediatamente e incorpora também uma lista específica de 13 produtos químicos sujeitos a controlos especiais para estes três países.

As exportações para outros destinos não vão necessitar de autorização.

O Ministério chinês justificou o ajustamento como parte dos esforços para “melhorar a gestão da exportação de produtos químicos susceptíveis de desvio” para usos proibidos.

O Ministério do Comércio já aplicava controlos semelhantes ao Myanmar, Laos e Afeganistão, países que já constavam anteriormente da lista de destinos considerados de alto risco para o desvio de produtos químicos.

Com o ajuste ontem anunciado, os Estados Unidos, o México e o Canadá juntam-se a este grupo, embora com uma lista diferente de 13 compostos focados nos derivados da piperidina, base de inúmeros opioides sintéticos, como o fentanil.

Aliviar tensões

O anúncio surge depois da assinatura dos acordos este mês entre os Presidentes da China, Xi Jinping, e dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o encontro na cidade sul-coreana de Busan, que incluiu compromissos de cooperação no combate às drogas e o alívio das restrições e taxações comerciais após meses de tensões.

Nesse encontro, Pequim e Washington concordaram em intensificar a colaboração para combater o tráfico de fentanil, um opioide sintético responsável por dezenas de milhares de mortes anualmente nos Estados Unidos, que segundo Washington é fabricado pelos cartéis mexicanos a partir de produtos originários da China.

Trump anunciou, então, que iria reduzir as tarifas sobre as importações chinesas de 20 por cento para 10 por cento, como parte de uma trégua comercial de um ano, que inclui também reduções tarifárias e a suspensão de vários controlos de exportação por parte da China sobre materiais estratégicos, como as terras raras, que são muito cobiçadas pelos norte-americanos.

11 Nov 2025

Cinema | A balada de Colin Farrell por Macau é uma obra “muito autobiográfica”

Em “Ballad of a small player”, Lord Doyle (Colin Farrell), jogador compulsivo, é a voz do próprio criador, assume à Lusa Lawrence Osborne, autor do livro que inspirou o filme da Netflix. Tudo começou num remoto mosteiro chinês na província de Sichuan

 

Logo numa das primeiras cenas de “Ballad of a small player”, Lord Doyle – é assim que se dá a conhecer Brendan Reilly, um vigarista que fugiu do Reino Unido com fortuna roubada – desce as longas escadas rolantes do casino (ficcionado) Rainbow, para nova sessão de bacará. E é nesta descida ao inferno que o jogador inveterado, com contas milionárias por acertar, se cruza pela primeira vez com Dao Ming (Fala Chan), do Interior da China, a trabalhar como agiota em Macau e uma possível avenida para a redenção (e para o crédito).

Dao Ming é, aliás, o ponto de partida desta balada nocturna, ainda antes do realizador Edward Berger (“Conclave”, 2024) imaginar transferi-la para o grande ecrã, conta em entrevista à Lusa Lawrence Osborne, autor do livro “The ballad of a small player” (2014). É preciso recuar a 2007 quando, enviado pela revista Vogue, o jornalista britânico passa uma noite num mosteiro remoto, a oeste da província chinesa de Sichuan. “Os monges contaram-nos que todas as raparigas daquela localidade tinham ido para Hong Kong e Macau e a maioria nunca mais voltou, ninguém sabia o que tinha acontecido”, lembra Osborne, a viver em Banguecoque.

Ideia “estranha e inquietante”, que ressurgiu quando viajou a Macau e se hospedou, como era habitual, no hotel-casino Lisboa, obra dos anos 1970 e parte do império do magnata do jogo Stanley Ho (1921-2020) – “nunca tinha estado num sítio assim”. “Quantas dessas raparigas serão de Sichuan?”, lembra-se de pensar ao ver circularem prostitutas pelo átrio do Lisboa. “Descia à noite e tinham na cave uma espécie de área onde se apostava nas corridas de galgos, e uns tipos ficavam ali sentados de óculos escuros à noite – era bastante divertido. Eu sentava-me no café e observava essas raparigas a andarem no sentido dos ponteiros do relógio, circulavam assim o dia todo”, lembra.

 

Da mesa para as páginas

Dao Ming desenhava-se naqueles corredores – no livro de Osborne é prostituta – mas a resistência de se pôr na pele de uma migrante chinesa, acabou por relegá-la para segundo plano nesta história. A escolha do protagonista resolveu-se quando, uma noite, o jornalista se cruzou com um “britânico solitário, todo suado, com uma espécie de casaco aveludado meio fajuto”, a jogar. “Parecia completamente perdido, o único ‘gwai lou’ naquele lugar”, diz, ao usar uma expressão cantonesa local, em referência a estrangeiros caucasianos, mas que significa literalmente “diabo” ou “fantasma”.

Osborne descobriu assim Doyle, um pretenso aristocrata (‘Lord’) – com o título nobiliárquico inspirado, contou numa entrevista à Monocle, por Lord Stow, como foi baptizado por locais Andrew Stow (1955-2006), o farmacêutico britânico que fundou o império dos pastéis de nata em Macau. Ou melhor, em Doyle descobriu quem lhe projectasse a voz.

 

Macau caleidoscópica

Narrado na primeira pessoa, “The ballad of a small player” é uma obra “muito autobiográfica”. “Não no sentido de ser um viciado louco ou um impostor – bem, algumas pessoas discordariam – mas a voz sou eu”, acrescenta.

A relação com Macau já tinha anos e evoluiu quando começou a viajar mais até ao território por precisar de sair da Tailândia para renovar o visto de entrada. Os dias orbitavam muito em torno do Lisboa. À noite descia até ao casino e pasmava-se com “aquela incrível espécie de ópera”. Depois começou a jogar. “Foi bastante divertido, perdi dinheiro, e isso foi ainda mais divertido. E toda aquela atmosfera sobrenatural que os chineses têm em relação ao jogo era algo que eu nunca tinha visto”, diz.

Sobre Macau, nota que é hoje uma cidade diferente daquela que passou para livro em 2014. Também a retratada por Berger distancia-se, de certa forma, da de Osborne – não aparecem muitas das referências do livro à gastronomia ou locais portugueses ou mesmo aos velhos casinos do território. O Greek Mythology, na área da Taipa, onde Osborne arranca o livro, já nem existe.

Macau descobre-se num “filme operático, que é muito colorido, muito intenso, muito barulhento”, avalia. E para quem vê o filme, é possível que fique exausto ao fazer por acompanhar Farrell, que vai avançando, suado, à beira do colapso, por salões e quartos opulentos, a fugir à lei e à lei das probabilidades, e sem saber o que o espera na próxima mão – “a sensação pela qual todos os jogadores vivem”, como escreve Osborne na obra, que lhe valeu comparações a Dostoievsky e Graham Greene.

O livro “é mais tranquilo, mais interior e mais calmo, é um tipo diferente de voz”, considera o autor, admitindo, porém, estar surpreendido “de forma positiva” com este “filme sensual”, que veio ainda adicionar novos elementos ao universo de Doyle, como a investigadora enviada a Macau para o encontrar, Cynthia Blithe (Tilda Swinton). “A história é muito ‘dark’, não é um folheto turístico, mas a cidade parece incrível no filme. (…) Acho que fizemos algo bom para Macau. E não é uma coisa pequena, é grande”, refere.

Lawrence Osborne diz ter visto o filme apenas quando estreou em Londres, a 9 de Outubro no Royal Festival Hall, e admite ter “ficado muito emocionado”: “parecia que estava a olhar para a minha vida há 20 anos.”

“E eu sentado naquele cinema e ninguém sabia quem eu era, completamente anónimo (…) Na sessão de perguntas e respostas, era apenas Collin Farrell e Tilda Swinton, mas ainda assim é o meu mundo e é uma sensação estranha. Fui até lá completamente sozinho, tinha uma pequena limusina da Netflix à minha espera, bebi um uísque sozinho e fui para casa. Foi estranhamente satisfatório”, conta.

“Ballad of a small player” estreou na Netflix a 29 de Outubro.

11 Nov 2025

Internet | Angolano é rosto africano da economia digital chinesa

Seis anos após começar a publicar vídeos “por brincadeira”, o angolano João Gabriel Kamosso soma hoje 30 milhões de seguidores em plataformas chinesas e vive do comércio electrónico em directo, na maior indústria digital do mundo.
Natural da cidade de Huambo e conhecido nas redes sociais chinesas como ‘Laoma’, Kamosso, de 29 anos, vive actualmente em Changsha, capital da província de Hunan, no centro da China, onde produz vídeos curtos e faz transmissões em directo para um público exclusivamente chinês.
“No começo foi ‘streaming’ de jogos, mas agora comecei a vender produtos, coisas de comer, sobretudo, em comércio electrónico”, disse à agência Lusa.
Na plataforma Kuaishou, soma 18 milhões de seguidores. Na Douyin, versão chinesa do TikTok, tem 12 milhões. “Os seguidores aumentaram muito desde 2019”, quando tinha três milhões, contou.
Nos últimos meses lançou também um canal no YouTube, direccionado ao público chinês, com vídeos falados apenas em mandarim e sem legendas. “Em alguns meses já consegui 30 mil seguidores”, afirmou.
Kamosso começou por publicar vídeos curtos com trocadilhos em mandarim e sátiras com duplas interpretações da língua. “Gosto de fazer vídeos que têm a ver com a língua chinesa e os seus significados. Eu amo a língua chinesa”, disse.
No mandarim, existem quatro tons e mais um quinto tom neutro. A mesma palavra pode ter vários significados, dependendo do tom utilizado. ‘Chi’, por exemplo, pode significar comer (chi), estar atrasado (chí), régua (chi) ou repreender (chì).
A criatividade linguística, aliada à imagem de um jovem africano fluente em chinês e com domínio das expressões culturais locais, tornou-o rapidamente viral. O sucesso mereceu destaque no jornal oficial em língua inglesa China Daily.
“Ele fala fluentemente chinês e tem um grande interesse pela cultura chinesa. Embora não seja chinês, tem um coração chinês”, descreveu o jornal.

Feliz da vida
Formado em informática pela Nantong Vocational University, no leste da China, o angolano aterrou no país asiático pela primeira vez em 2015, para estudar mandarim em Cantão, num programa negociado entre o governo do Huambo e uma empresa chinesa.
“A ideia era estudar chinês e tirar uma licenciatura, mas com a crise em Angola tivemos que regressar, devido às dificuldades em transferir dinheiro”, contou.
De regresso a Angola, foi trabalhar como intérprete em Luanda, para a Zhongtai Senda, empresa chinesa do setor da construção. “Foi aí que mais aprendi chinês, a trabalhar com chineses todos os dias”, contou.
Com o dinheiro amealhado como intérprete, rumou no sentido contrário dos cerca de 50.000 chineses que se estima viverem actualmente em Angola. “Eu gosto de viver na China. A vida aqui é mais fácil”, notou.
O percurso de João Gabriel Kamosso acompanha o crescimento explosivo da economia digital chinesa, em particular da indústria de vídeos curtos e de transmissão em directo, que se tornou um dos motores do comércio electrónico no país.
Segundo a Administração de Serviços de Transmissão Online da China (CNSA), existiam 15,08 milhões de criadores profissionais de vídeo no final de 2024, num mercado que vale já centenas de milhares de milhões de euros.
Mais de 70 por cento dos utilizadores afirmaram ter feito compras com base em vídeos curtos ou transmissões ao vivo, no ano passado. Para mais de 40 por cento dos internautas chineses, estas plataformas são já o principal canal de consumo, segundo o mesmo relatório.
O crescimento acelerado tem motivado maior escrutínio estatal. Em 2022, foram estabelecidas novas directrizes com 31 comportamentos proibidos e requisitos específicos para influenciadores que abordem temas sensíveis como medicina, finanças ou direito.
No ano passado, o jornal oficial Diário do Povo pediu um reforço da supervisão, denunciando casos de publicidade enganosa e preços manipulados.
Instalado em Changsha há três anos, Kamosso diz que prefere a vida nesta cidade do centro da China, mais animada e com melhor gastronomia do que Nantong, onde se formou.
Chegou a planear uma viagem a Angola este ano, mas cancelou devido às manifestações. “Já não vou a Angola há sete anos, mas estou sempre em contacto com a família”, disse.

10 Nov 2025

Filipinas | Retiradas mais de 900.000 pessoas

As autoridades das Filipinas retiraram quase um milhão de residentes das suas habitações no leste e norte do país, antes da chegada do supertufão Fung-wong.
A agência meteorológica local, PAGASA activou ontem o alerta máximo, de nível 5, no sudeste de Luzon e no norte das Filipinas, incluindo as províncias de Catanduanes e as áreas costeiras de Camarines Norte e Camarines Sur.
Entretanto, a região metropolitana da capital Manila e arredores estão sob alerta de nível 3.
O Fung-wong, conhecido nas Filipinas como Uwan, está a deslocar-se para noroeste e previa-se que atingisse a costa ontem, na província de Aurora, no centro de Luzon, de acordo com as previsões meteorológicas.
A tempestade tropical ganhou força e foi ontem classificada como um supertufão.
O Fung-wong, cujo diâmetro abrange quase todo as Filipinas, deslocava-se para oeste com ventos sustentados de 185 quilómetros por hora (km/h) e rajadas de até 230 km/h.
Um total de 916.863 pessoas tinham sido retiradas até ao início da tarde, disse o responsável adjunto do Gabinete de Defesa Civil, Rafaelito Alejandro, em conferência de imprensa.
As escolas e os edifícios públicos vão continuar hoje em grande parte do país, incluindo a capital, Manila, e quase 300 voos já foram cancelados.
Os meteorologistas preveêm que o supertufão traga chuvas torrenciais, fortes ondas de tempestade e ventos destrutivos.
“Além dos ventos fortes, podemos esperar chuvas intensas […] precipitações de 200 milímetros ou mais, capazes de causar inundações generalizadas, não apenas nas zonas de baixa altitude”, alertou o meteorologista filipino Benison Estareja durante uma conferência de imprensa.
Partes das ilhas Visayas, no leste das Filipinas, já sofriam com cortes de energia na manhã de domingo, enquanto as autoridades locais continuavam as operações de retirada.
Na província de Aurora, os socorristas fizeram no sábado uma operação porta a porta para instar os moradores a procurarem refúgio em locais elevados, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) um deles, Elson Egargue.

Em suspenso
As operações de socorro foram suspensas no sábado em Cebu, a província filipina mais atingida pelo Kalmaegi, devido à aproximação do Fung-wong, anunciaram as autoridades locais.
A passagem do Kalmaegi provocou pelo menos 224 mortos no arquipélago do Sudeste Asiático, onde 109 pessoas continuam desaparecidas, segundo dados oficiais.
Cebu regista cerca de 70 por cento das vítimas.
Segundo a base de dados especializada EM-DAT, Kalmaegi foi, até agora, o tufão mais mortal do ano, tendo causado também pelo menos cinco vítimas mortais no Vietname.
Todos os anos, cerca de 20 tempestades ou tufões atingem ou aproximam-se das Filipinas, sendo as regiões mais pobres geralmente as mais afectadas.
Segundo os cientistas, o aquecimento global provocado pela actividade humana torna os fenómenos meteorológicos extremos mais frequentes, mais letais e mais destrutivos.

10 Nov 2025

Varoufakis decreta fim do capitalismo e início do tecnofeudalismo

O antigo ministro das Finanças grego Yanis Varoufakis considera que o capitalismo chegou ao fim, com as rendas das empresas tecnológicas a substituírem o lucro como motor das economias, dando origem a um sistema a que chamou tecnofeudalismo.
Este regresso a um passado feudal na era da tecnologia e da Inteligência Artificial é a ideia central do novo livro do economista grego, “Tecnofeudalismo – Ou o fim do capitalismo”, agora lançado em Portugal pela editora Objectiva (Penguim Random House).
“Observada no seu conjunto, torna-se evidente que a economia mundial é cada vez menos movida pelo lucro e cada vez mais pela renda da nuvem”, escreve Varoufakis, fazendo depois a distinção entre os conceitos de renda e lucro, no último caso um bem ou mercadoria ao qual é acrescentado valor.
As empresas detentoras do poder tecnológico, a quem chama os “cloudalistas”, são os novos suseranos do sistema político a quem os capitalistas tradicionais prestam vassalagem, sob a forma do pagamento de rendas.
Na base na pirâmide estão os proletários e os servos do sistema, utilizadores das plataformas e redes sociais que, simultaneamente, as alimentam e lhes dão pistas e informações para os algoritmos trabalharem depois as melhores formas para captar a sua atenção, colocando-se ao serviço dos vassalos-capitalistas para venderem as suas mercadorias.
Para o antigo ministro das Finanças grego dos tempos da ‘troika’, “o capitalismo definha como resultado da actividade capitalista em expansão”.
“Foi através da própria actividade capitalista que nasceu o tecnofeudalismo, e é assim que está a conquistar o poder. Afinal, como poderia ser de outro modo”, questiona.
Num registo de diálogo com o seu falecido pai, com referências que vão da mitologia grega à cultura pop, Varoufakis vai buscar as mudanças tecnológicas das últimas duas décadas para mostrar como conduziram ao predomínio das plataformas tecnológicas sobre os mercados tradicionais.

Nas mãos dos ‘cloudistas’
São dados inúmeros exemplos na economia norte-americana, apontados casos de empresas como a Apple, Google, Tesla ou Amazon, mas também, no caso chinês, do Tik-Tok, Alibaba, Tencent, Baidu, Ping An ou JD.com.
“Desde os donos de fábricas no Midwest dos Estados Unidos aos poetas que lutam para vender a sua mais recente antologia, dos motoristas da Uber em Londres aos vendedores ambulantes na Indonésia, todos dependem agora de algum feudo da nuvem para aceder aos seus clientes. É um progresso, de certo modo”, escreve.
Varoufakis nota que “ficou para trás o tempo em que, para cobrar a renda, os senhores feudais mandavam os rufias partir as pernas ou derramar o sangue dos seus vassalos”.
Na sua opinião, “os cloudalistas não precisam de recorrer a agentes de execução para confiscar bens ou proceder a despejos. Basta removerem uma ligação da página do vassalo na nuvem para este perder o acesso à maioria dos seus clientes. E bastaria a remoção de uma ou duas hiperligações do motor de busca da Google ou de alguns sites de redes sociais e de comércio electrónico para desaparecerem por completo do mundo online”.
“O tecnofeudalismo assenta num terror higienizado e tecnológico”, remata o ex-ministro grego, depois de apontar o poder de determinadas empresas, como a Tesla, de desligar o sistema operativo dos seus automóveis, ou da Google ou Apple, ao retirarem os seus sistemas operativos de determinada marca de telemóveis.

10 Nov 2025