Nova ronda de negociações EUA/China arranca esta semana em Washington

[dropcap]O[/dropcap]vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, vai estar em Washington entre quinta e sexta-feira para uma nova ronda de negociações comerciais, anunciou hoje o Ministério do Comércio chinês.

O responsável vai reunir-se, mais uma vez, com o representante do Comércio norte-americano, Robert Lighthizer, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, de acordo com uma breve nota publicada no ‘site’ oficial do Ministério.

Liu He já liderou a delegação chinesa que viajou para Washington no final de Janeiro, altura em que se reuniu com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Esta será a quarta ronda de negociações de alto nível entre as duas partes, que vai terminar a apenas uma semana do prazo acordado para a assinatura de um pacto final, em 1 de Março.

Embora os meios de comunicação oficiais chineses tenham abordado “avanços importantes” durante a última ronda de negociações, que terminou na passada sexta-feira, em Pequim, nenhum resultado concreto foi alcançado até ao momento.

Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping, concordaram uma trégua de 90 dias em 1 de Dezembro de 2018, o que significou a suspensão temporária do aumento de 10% a 25% nas tarifas norte-americanas sobre produtos chineses no valor de 200 mil milhões de dólares.

19 Fev 2019

Exposição de fotografia lusófona inaugurada a 1 de Março

[dropcap]A[/dropcap]“Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa” (Somos – ACLP) inaugura, no dia 1 de Março (sexta-feira), a exposição “Somos Imagens da Lusofonia 2018 – Raízes Lusófonas: Veículos de Comunicação”. A mostra integra as fotografias vencedoras do concurso lançado pela associação em Dezembro de 2018, assim como as menções honrosas e outras imagens que o júri considerou relevantes por promoverem a comunicação em língua portuguesa e a disseminação das tradições e costumes lusófonos. A cerimónia de inauguração tem início pelas 18h30, no Albergue da Santa Casa da Misericórdia.

Os três primeiros prémios do 1º concurso fotográfico dedicado à lusofonia promovido pela “Somos – ACLP” foram atribuídos, respectivamente, a Carlos José Pimentel (Portugal), a Jorge Miguel do Rosário Santos Cruz (Portugal) e a António Alves Tedim (Portugal). Por sua vez, John Lino de Melo (Goa), Niklas Kristofer Stephan (Brasil) e Luís Miguel Silva (Portugal) foram distinguidos com menções honrosas.

Aberto a todos

O concurso fotográfico esteve aberto a todos os cidadãos dos países e regiões da Lusofonia e
residentes de Macau, com fotografias tiradas em qualquer um destes locais: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste ou Goa, Damão e Diu.

O painel do júri foi composto por Gonçalo Lobo Pinheiro (presidente do júri e representante da Somos – ACLP), Lim Choi, Paulo Cordeiro, Rodrigo Cabrita e Rui Caria. De acordo com o presidente do júri, além da “proximidade” com o tema do concurso, “os critérios de avaliação basearam-se essencialmente na técnica e qualidade da imagem, com algum pendor, é óbvio, para o olhar e sensibilidade de cada um”.

Relativamente à adesão, Gonçalo Lobo Pinheiro considerou-a “positiva”, tendo em conta o facto de ter sido a edição inaugural do concurso. “A ideia é apostar num melhor marketing e promoção na próxima edição. Julgo que a tendência é de crescimento”, referiu, deixando ainda palavras de incentivo a todos os amantes da fotografia: “Fotografem sempre que possam. Procurem novas realidades, novas abordagens, novas tendências. Vejam o trabalho de outros fotógrafos e desfrutem a fotografia”.

A exposição “Somos Imagens da Lusofonia 2018 – Raízes Lusófonas: Veículos de Comunicação”, com curadoria do fotógrafo António Mil-Homens, pode ser visitada a partir de 1 de Março até dia 15 do mesmo mês. No dia da abertura, segue-se à cerimónia oficial a festa de inauguração, com DJ set, até às 22 horas.

19 Fev 2019

Shinzo Abe elogia “bravura” de Trump mas não confirma indicação ao Nobel da Paz

[dropcap]O[/dropcap[ primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, elogiou hoje a “bravura” do Presidente norte-americano, Donald Trump, no diálogo com a Coreia do Norte, mas escusou-se a confirmar se o havia indicado ao Prémio Nobel da Paz. “O Comité Nobel não revela quem foi recomendado ou quem fez as recomendações”, disse o mandatário nipónico, quando questionado sobre o assunto numa sessão parlamentar.

Abe reagia às declarações de Donald Trump, que garantiu à imprensa, na sexta-feira, que Shinzo Abe o havia nomeado para aquele prémio devido aos esforços para resolver a crise na Península coreana. “Com base nessa regra, evito comentar”, acrescentou o líder japonês, ressaltando que Trump “tem trabalhado corajosamente para resolver o problema nuclear e de mísseis da Coreia do Norte”.

Na mesma ocasião, Shinzo Abe referiu que o Presidente norte-americano está “a colaborar activamente” para resolver a questão dos sequestros de cidadãos japoneses pelo regime de Pyongyang, cujo esclarecimento é uma das principais prioridades do Governo de Abe.

Na mesma linha, o porta-voz do Executivo, Yoshihide Suga, afirmou em conferência de imprensa que o Japão “valoriza muito a liderança de Trump”, escusando-se igualmente a pronunciar sobre a alegada proposta ao Comité Nobel.

Segundo o diário japonês Asahi, o apoio do Governo de Abe à candidatura de Trump foi “informalmente” solicitado por Washington no outono passado, meses após a cimeira que Trump realizou em Singapura, em 12 de Junho, com o líder norte-coreano, Kim Jong-un.

Para além do alegado apoio de Abe, o mesmo jornal acrescentou que Trump terá tido o apoio do Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, que no ano passado se referiu publicamente à possibilidade de recompensar o Presidente norte-americano com o Prémio Nobel da Paz pelos seus esforços a favor da paz na Península coreana.

Da mesma forma, os ‘media’ nipónicos informaram hoje que Tóquio e Washington estão a preparar uma nova visita de Trump à capital japonesa, entre 26 e 28 de Maio, para realizar uma reunião com Abe e reunir-se com Naruhito, que se tornará imperador no início deste mês.

18 Fev 2019

Valter Hugo Mãe dirige colecção de poesia que chega às livrarias portuguesas esta semana

[dropcap]O[/dropcap] escritor Valter Hugo Mãe vai inaugurar a colecção de poesia “Elogio da Sombra”, que quer plural, com os autores José Rui Teixeira, Isabel de Sá, Andreia C. Faria e Luís Costa.

“Estamos a viver um tempo particularmente feliz na poesia portuguesa. De 2010 para cá, há um conjunto de autores e sobretudo mulheres que têm estreado e criado opulência nestes anos, que me parece poder anunciar uma das mais interessantes gerações da poesia portuguesa de sempre”, afirmou o escritor Valter Hugo Mãe em entrevista à agência Lusa, sobre a chegada às livrarias portuguesas, esta sexta-feira, da colecção que dirige.

“Fascinado pela poesia” e sendo um sonho seu voltar a ser editor, Valter Hugo Mãe afirmou que não queria ficar como “passivo espectador convencional” face ao momento que se vive, e “queria muito sugerir” títulos e autores, referindo que “um editor pode ser uma companhia que motiva e proporciona possibilidades”, e é neste papel que se vê “com prazer”. Questionado sobre o nome da coleção, “Elogio da Sombra”, a primeira de poesia da Porto Editora, Hugo Mãe disse que foi uma ideia sua.

“Interessa-me muito esta ideia dual, a hipótese de o poeta poder ser o ‘lado B’ das coisas, o indivíduo que presta atenção àquilo que fica obscuro. Ao mesmo tempo, a poesia é como aquele parente menos visível, menos solar, e por isso já é consciente que [nós, os poetas,] seremos menos, digamos assim”. E acrescentou: “aqueles que se preocupam com o esclarecimento das angústias, ternamente preocupados com as angústias”.

Sobre a escolhas dos quatro nomes, que inclui um estreante, Luís Costa, “que não é um jovem, mas um homem de mais de 50 anos”, o responsável explicou: “Fui ao encontro daquilo que me parecia mais urgente”.

“Via com muita perplexidade a Isabel de Sá sem editar há tanto tempo; foi com muita maravilha que fui assistindo à estreia da Andreia C. Faria, à sua evolução, à sua maturidade assombrosa; o José Rui Teixeira é um poeta que admiro imenso, um poeta rigoroso e que há muito devia estar protegido por uma chancela mais robusta, e o Luís Costa traduz muita coisa, escreve muito e quase obstinadamente, publica na sua página [na rede social] Facebook alguns versos [e] pensamentos”, afirmou à Lusa Valter Hugo Mãe.

Os quatro títulos que vão ser editados são “Autópsia [poesia reunida]”, de José Rui Teixeira, livro que reúne os dois ciclos de seis anos de trabalho do teólogo e poeta portuense: “Diáspora” e “Antípoda”, antecedidos por cinco inéditos de “Eclipse”, de 2018. Esta antologia conta ainda com textos do escritor Rui Nunes e da poetisa espanhola Miriam Reyes.

O segundo título, “O Real Arrasa Tudo”, de Isabel de Sá, poeta e artista plástica, reúne num volume 15 anos de trabalho da autora que a & etc revelou em 1979, com “EsquizoFrenia”, e que viria a ser publicada sobretudo ao longo das décadas de 1980 e 1990 por editoras como a Fenda, a Frenesi, a Rolim e a Ulmeiro, com títulos como “Desejo ou Água Leve”, “Restos de Infantas”, “Autismo”, “Em Nome do Corpo”, “Restos de Infantas”, e de quem a antiga Quasi reuniu a poesia num só volume, sob o título “Repetir o Poema” (2005).

O terceiro título é “Alegria para o Fim do Mundo”, de Andreia C. Faria, que no ano passado venceu o Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores para Melhor Livro de Poesia, com a obra “Tão Bela Como Qualquer Rapaz”.

O quarto livro da coleção é do estreante Luís Costa, “Amar o Tempo das Grandes Maldições”, que Hugo Mãe apontou como “uma estreia madura, ponderada e de poemas ao centro absoluto da existência”.

“Estes quatro livros criam um certo panorama, um certo ecletismo, dos autores mais novos aos mais velhos, de autores mais clássicos como a Isabel de Sá a autores absolutamente contemporâneos como a Andreia C. Faria, ou a estreia de obras. Estes quatros livros acabam por constituir um manifesto, dizendo que esta coleção é para isto… é para integrar os mais velhos, abrir a porta ao mais novos, para todo o tipo de estéticas, e de sensibilidades”, sentenciou Valter Hugo Mãe.

Questionado sobre se há um interesse crescente pela poesia, que habitualmente é apontada pelos editores como vendendo pouco, Hugo Mãe argumentou: “Medimos as nossas paixões por sucessos puramente íntimos, somos cidadãos bem-sucedidos se tivermos o amor de duas ou três pessoas, de um filho ou de uma companheira, e a poesia, para mim, está neste reduto de intimidade e não precisa de ter a pretensão de chegar a muita gente”.

A poesia, disse à Lusa Valter Hugo Mãe, “é um modo profundo, intenso, talvez mais verdadeiro de comunicar, e que sabemos vai dizer respeito a um núcleo restrito, e por isso um grande sucesso na poesia pode dizer respeito a 200 ou 300 exemplares vendidos”. A colecção, ao mesmo tempo, vem ao encontro do desejo que Hugo Mãe “tinha de voltar a editar”.

“Depois de termos sido editores não conseguimos intimamente deixar de o ser”, disse Valter Hugo Mãe referindo a sua experiência na extinta Quasi Edições, referindo o interesse pela descoberta dos textos “e até na decisão da imagem do objeto, a escolha do papel a capa…”.

Quanto à continuidade da coleção, vai contar, para já, com os quatro volumes da Obra Completa de Artur Cruzeiro Seixas, autor com 98 anos, artista plástico e escritor, um dos nomes centrais do surrealismo português. De acordo com o editor, prevê-se a edição de oito a dez livros por ano.

Valter Hugo Mãe garantiu que “estará sempre presente” na colecção, até como tradutor, mas a sua própria poesia “passará por outros lugares”.

A apresentação da colecção “Elogio da Sombra” e das suas primeiras quatro obras realiza-se no próximo dia 23, no âmbito do festival Correntes d’Escritas, que decorre na Póvoa de Varzim, ao longo da próxima semana.

18 Fev 2019

Delegação do Parlamento Europeu impedida de entrar na Venezuela

[dropcap]U[/dropcap]ma delegação do Parlamento Europeu (PE), que tinha sido convidada pela Assembleia Nacional venezuelana (AN) a visitar a Venezuela, foi no domingo impedida de entrar no país e obrigada a apanhar um voo de regresso a Madrid.

A expulsão dos eurodeputados foi denunciada pelo deputado opositor Francisco Sucre, através da sua conta oficial no Twitter, onde afirma que a delegação já tinha chegado ao Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetía (norte de Caracas), o principal do país.

“Queremos alertar a opinião pública nacional e internacional que o regime usurpador de Nicolás Maduro acaba de proibir a entrada na Venezuela de uma delegação de euro-deputados que vieram a convite da Assembleia Nacional da Venezuela e do seu presidente Juan Guaidó”, escreveu.

Numa outra mensagem, o deputado afirma que esta é uma “nova amostra de que Nicolás Maduro é um tirano que pretende isolar a Venezuela do concerto das nações livres e que gera sofrimento no seu povo, que padece de uma emergência humanitária complexa”.

“Denunciamos este novo atropelo contra a liberdade e a democracia. Proíbem a entrada aos euro-deputados e retêm os seus passaportes sem razão ou explicação alguma, o que é um abuso de força de um regime que recorre à força para aferrar-se ao poder”, sublinhou.

Francisco Sucre publicou ainda um vídeo, em que explica que os deputados mostraram às autoridades uma carta com o convite feito pela presidência da Comissão de Política Exterior do Parlamento, mas que obtiveram como resposta “isso não vale nada”.

Entretanto, também através do Twitter, o porta-voz do Partido Popular espanhol, Esteban González Pons, um dos deputados expulsos da Venezuela, explicou que “a única explicação” para o sucedido é que Maduro “não os quer” no país.

A delegação estava composta pelos euro-deputados Esteban González Pons, José Ignácio Salafranca Sánchéz-Neyra e Juan Salafranca. Dela fazia parte também o euro-deputado português Paulo Rangel, que perdeu o voo de ligação entre Madrid e Caracas.

18 Fev 2019

Cicatrizes da lepra ditam vidas de isolamento na China

Por João Pimenta, da agência Lusa

 

[dropcap]N[/dropcap]o canto de um cubículo com dez metros quadrados está um corpo em decomposição: repleto de pus, úlceras nos braços e pernas, dedos amputados, rosto desfigurado, sem nariz. Um cheiro pútrido repele os visitantes. Su Yaodong chegou há duas semanas à aldeia de leprosos do condado de Lianjiang, depois de dez anos a dormir nas ruas de Cantão, uma das mais prósperas cidades da China, a mais de 400 quilómetros dali.

“O seu corpo estava em corrosão”, descreve Masq, uma australiana que há vários anos promove acções de caridade na província de Guangdong, sul da China. “Nós conseguimos convencê-lo a vir para aqui, e estamos felizes, porque ele agora tem um tecto sobre a cabeça”, diz à agência Lusa.

Situada entre terrenos baldios e uma fábrica de cimento, no litoral de Guangdong, perto da ilha tropical de Hainan, esta aldeia acolhe mais de 60 leprosos – a maioria idosos, expulsos das suas terras natais e ali radicados há várias décadas.

Uma das doenças mais antigas do mundo, a lepra ataca a pele e os nervos e cria lesões irreversíveis, e é transmitida pelo contacto próximo com infectados, particularmente entre quem vive em condições de pobreza extrema. Segundo a Organização Mundial de Saúde, em todo o mundo haviam 214.783 casos de lepra, em 2016, entre os quais mais de 12 mil considerados graves.

A China não consta da lista de países onde a doença assume uma “dimensão preocupante” e, segundo a Associação de Leprosos da China, quase 480.000 pacientes foram tratados nos últimos cinquenta anos, enquanto cerca de 6.000 continuam infectados.

No entanto, muitos são ostracizados devido às lesões corporais e acabam por permanecer em comunidades isoladas mesmo depois de curados. Só em Guangdong existem “pelo menos dez” destas aldeias, instaladas “longe das cidades ou algures nas montanhas” e administradas pelas autoridades locais, revela Masq.

As instalações em Lianjiang foram recentemente remodeladas: para além dos espaços comuns – enfermaria, farmácia ou uma sala de convívio – cada unidade individual dispõe de uma cozinha, casa de banho e quarto.

Os residentes recebem, mensalmente, 500 yuan do governo local e um médico desloca-se à aldeia quando telefonam. “De resto, estamos por nossa conta”, dizem. Designado Leprosy Love, o projecto lançado por Masq combate o isolamento destas comunidades: para além de doarem alimentos, roupas e outros bens, os voluntários organizam atividades lúdicas. “Não se trata apenas de dar um saco de arroz e uns pacotes de leite”, explica a australiana, “mas antes proporcionar um momento especial: algo para estimarem e recordarem”.

A criação de aldeias isoladas para leprosos remonta aos primeiros anos após a fundação da República Popular da China, em 1949, com o lançamento de programas de saúde pública pelo novo governo comunista. No final de 2011, estas comunidades, espalhadas pelo país, contavam com uma população total de 20.000 habitantes, segundo dados oficiais.

Este número deverá reduzir-se, ao longo dos próximos anos, à medidas que os residentes vão morrendo e a doença é erradicada, esvaziando estas aldeias.

Lan Ying, que vive em Lianjiang há mais de trinta anos, queixa-se do barulho e poluição gerados pela fábrica de cimento ali aberta recentemente. “Gostava de sair daqui”, diz, “mas já não me resta família”.

18 Fev 2019

Chefe do Executivo | Alexis Tam não responde se entra na corrida

[dropcap]Q[/dropcap]uando questionado por jornalistas sobre uma possível candidatura ao cargo de Chefe do Executivo, Alexis Tam optou por uma não-resposta. O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura “afirmou que o seu maior desejo, nesta altura, é estar empenhado nos trabalhos levados a cabo pela sua tutela e apoiar no desenvolvimento do País, de forma a aumentar o bem-estar da população de Macau”, de acordo com um comunicado do seu gabinete.

Além disso, Alexis Tam referiu que a sua aspiração, “de momento, é melhorar ainda mais a vida da população de Macau, e de auscultar, de forma humilde, as reivindicações dos residentes”.

Quanto à oferta ao Governo de 13 imóveis localizados no Pátio da Eterna Felicidade pela Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu, o secretário revelou que a Direcção dos Serviços de Finanças já recebeu os 13 imóveis, que devem ser entregues no primeiro semestre deste ano ao Instituto Cultural.

18 Fev 2019

Atrasos na entrega de relatórios devido a pressa na construção da Ponte HKZM

[dropcap]A[/dropcap] pressa em cumprir o cronograma de trabalhos para a construção da Ponte HKZM foi a razão pela qual a principal empresa construtora da infra-estrutura, a China State Construction Engineering atrasou a entrega de quase 15 000 formulários de inspecção, de acordo com as declarações do chefe Departamento das Auto-Estradas de Hong Kong, Jimmy Chan Pai-ming.

O responsável falava à margem de uma reunião do Conselho Legislativo de Hong Kong na passada sexta-feira, aponta o jornal South China Morning Post (SCMP), em que Chan admitiu ainda que o Governo já saberia da falta da entrega dos referidos documentos desde 2016, mas só deu importância a este facto dois anos depois.

Recorde-se que segundo os procedimentos habituais de Hong Kong, as construtoras estão obrigadas a preencher um formulário que serve para posteriores inspecções no local para confirmar se os elementos foram feitos de acordo com os planos. O formulário tem o nome de Pedido de Inspecção e Verificação no Local (RISC, na sigla inglesa) e é uma espécie de diário das obras.

É também através destes formulários que são certificados procedimentos de supervisão dos trabalhos de construção que têm que ser submetidos para apreciação antes do construtor avançar para o próximo passo na construção. O atraso na entrega destes documentos tem levantado questões acerca da forma como a empresa de construção levou a cabo o projecto da ponte.

Os formulários RISC em atraso estão relacionados com o segmento de ligação na antiga colónia britânica, uma obra que teve um custo de 8,88 mil milhões de dólares de Hong Kong.

Qualidade garantida

Segundo a mesma fonte, o secretário para os Transportes e Habitação Frank Chan Fan insistiu que este “incidente” envolveu apenas a entrega de documentos em atraso e não de documentos em falta e que tivessem que ver com assuntos relativos à qualidade da construção. “O incidente não teve nada que ver com documentos perdidos ou danificados, nem envolveu problemas de qualidade (…) e a qualidade da construção está em conformidade com os requisitos técnicos e de segurança”, disse o governante de modo a evitar acusações de omissão de informação.

No entanto, o secretário não explicou a razão que levou o Governo a manter a irregularidade na entrega dos formulários durante mais de dois anos, altura em que foi conhecida a falha publicamente e já meses depois da inauguração da Ponte HKZM.

18 Fev 2019

DSAT | 70% dos proprietários ainda não pagaram imposto de circulação

[dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) alertou, na sexta-feira, que 74 por cento dos proprietários de veículos ainda não pagou o imposto de circulação correspondente a 2019, que tem de ser liquidado até ao próximo dia 1 de Abril.

A DSAT apela aos proprietários para regularizarem a situação, com a maior brevidade possível, evitando o adiamento do pagamento até ao final do prazo, de forma a não causar congestionamento nos serviços e eventuais penalizações de mora.

Segundo a DSAT, este ano, 239.775 veículos estão sujeitos ao pagamento do imposto de circulação, incluindo automóveis, motociclos, ciclomotores e máquinas industriais.

18 Fev 2019

Serviços de Saúde apelam à vacinação face a surto de sarampo em países vizinhos

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Saúde lançaram na sexta-feira um apelo à vacinação face aos riscos do surto de sarampo em países vizinhos, como as Filipinas, onde foram sinalizados mais de 4.300 casos, dos quais 70 mortais, desde o início do ano. “Decorrente da situação epidémica activa do sarampo em países vizinhos à RAEM, os Serviços de Saúde apelam a todos os residentes que prestem a máxima atenção à prevenção”, diz um comunicado divulgado na noite de sexta-feira.

Dado que “existe um grande fluxo de pessoas” entre a RAEM e Filipinas, Vietname e Malásia, “actualmente zonas de elevado risco de incidência do sarampo”, segundo a Organização Mundial de Saúde, e atendendo a que há um grande número de trabalhadores oriundos desses países em Macau, “os Serviços de Saúde apelam aos empregadores para prestarem atenção”, instando-os a “programar a vacinação contra o sarampo” dos trabalhadores, cujo registo de vacinação seja desconhecido.

Macau – que obteve a acreditação de erradicação do sarampo em 2014 – sinalizou dois casos importados de sarampo e outro associado, incluindo um em que o paciente, natural das Filipinas, contraiu a doença durante o regresso a casa, desde o início do ano. Os trabalhadores oriundos das Filipinas (31.545), do Vietname (15.119) e da Malásia (1.225) representam, em conjunto, sensivelmente um quarto da mão-de-obra importada que, no final do ano passado, era composta por 188.480 pessoas.

Primeiro caso de Dengue

Entretanto, ontem, os Serviços de Saúde confirmaram a existência de um caso importado de Dengue, o primeiro desde o início do ano. O paciente, um homem de 29 anos, que viajou com a esposa para a capital da Malásia, Kuala Lumpur, entre 1 e 11 de Fevereiro, apresentou os primeiros sintomas no regresso a Macau. O historial de viagem, o período de aparecimento de sintomas e o resultado laboratorial levaram os Serviços de Saúde a concluir tratar-se de um caso importado. De acordo com os Serviços de Saúde, a mulher do paciente relatou que os pais que vivem na Malásia e os dois irmãos que regressaram recentemente da Austrália para a Malásia também foram diagnosticados com febre de Dengue.

18 Fev 2019

AL | Propostas sobre táxis e organização judiciária votadas amanhã

[dropcap]A[/dropcap] Assembleia Legislativa (AL) tem agendada para amanhã a votação de quatro propostas de lei, incluindo duas na especialidade.

Em causa, o novo regime dos táxis e a proposta de alteração à Lei de Bases da Organização Judiciária. Já na generalidade vão ser votados os diplomas relativos ao registo e exercício da profissão de contabilistas e à actividade dos estabelecimentos hoteleiros.

O quinto ponto da ordem do dia é a votação da proposta de debate, da autoria do deputado Sulu Sou, sobre a substituição das portas corta-fogo do Edifício do Bairro da Ilha Verde.

18 Fev 2019

Entrega de fugitivos | Macau e Portugal fecham acordo

[dropcap]M[/dropcap]acau e Portugal rubricaram o Acordo de Entrega de Infractores em Fuga, após terem chegado a um “consenso sobre o teor” do documento. O anúncio surge num breve comunicado, divulgado ontem pelo gabinete da secretária para a Administração e Justiça.

A assinatura do acordo teve lugar na sequência da visita de uma delegação de negociação técnica da RAEM a Lisboa, na semana passada, com vista à realização da primeira ronda da reunião de negociações com os representantes da Direcção Geral de Política de Justiça, do Ministério da Justiça de Portugal. Em cima da mesa estava também o Acordo de Auxílio Judiciário Mútuo em Matéria Penal que, contudo, ficou por fechar, por se “afigurar necessário ainda aprofundar a negociação”, diz a mesma nota.

A delegação da RAEM foi composta por Zhu Lin, assessor do gabinete da secretária para a Administração e Justiça, Chen Licheng, assessor e representante do Tribunal de Última Instância, Adriano Marques Ho, assessor e representante do secretário para a Segurança, Vu Ka Vai, assessor e representante do Ministério Público e Carmen Maria Chung, subdirectora dos Serviços de Assuntos de Justiça, entre outros.

18 Fev 2019

José Pereira Coutinho quer mais fiscais nos casinos

[dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho alerta o Governo para a necessidade de contratar mais inspectores de modo a garantir o cumprimento da lei de controlo do tabagismo nos casinos. Em interpelação escrita, o tribuno justifica a contratação de mais recursos humanos com o incidente que ocorreu no passado dia 3 de Janeiro quando um agente da polícia se viu forçado a disparar um tiro para o ar no Cotai.

De acordo com Pereira Coutinho, o recurso às autoridades policiais para impedir um turista que se encontrava a fumar numa zona proibida deve-se à ausência de uma fiscalização eficaz. “De acordo com as informações recolhidas, em cada turno, um inspector tem de lidar com quatro casinos localizados em locais diferente”, um volume de trabalho “extremamente elevado”, refere o deputado.

A solução passa por medidas que respondam à “insuficiência de pessoal na Inspecção de Jogos, para que a execução da lei sobre o controlo do tabagismo possa ser eficazmente concretizada”, aponta.

Por outro lado, o deputado admite as leis de Macau nesta matéria não estão a ser suficientemente divulgadas junto do crescente número de visitantes. “Face ao aumento do número de turistas, são insuficientes as acções de divulgação que lhes são destinadas (…). Quanto às normas de proibição total do tabagismo nos casinos, a sua divulgação foi escassa”, sublinha.

Cabeça ao alto

Pereira Coutinho entende que os visitantes também devem ser informados quanto às regras de trânsito de forma a congestionamentos. “Muitos turistas passam pelas zebras como se estivessem a passear em jardins privados, ou só se preocupam em jogar no telemóvel e olhar para baixo, sem se preocuparem com a situação do trânsito, o que resulta em engarrafamentos e perigo”, diz.

Para o deputado a solução passa por distribuir panfletos ou disponibilizar informação na internet para “elevar a consciência dos turistas sobre o cumprimento da lei”.

18 Fev 2019

Carlos Piteira, investigador, defende que cultura macaense tem sido preservada por vontade da China e não de Portugal

Carlos Piteira defende que a manutenção das características “singulares” de Macau se deve ao empenho do Governo chinês e não a iniciativas do poder político português que administrou o território durante quase quatro séculos. O investigador do Centro de Investigação do Instituto do Oriente considera ainda que a RAEM está a ser usada como “laboratório experimental” para diferentes modelos políticos do Governo Central

 

[dropcap]N[/dropcap]atural de Macau, o investigador que integra a equipa de Coordenação Científica do Centro de Investigação do Instituto do Oriente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), Carlos Piteira, defende que a China tem contribuído mais para a preservação da identidade local do que Portugal. “Ao contrário do que possa parecer, o Estado chinês tem feito mais pela preservação da identidade macaense e da presença portuguesa em Macau do que propriamente o Estado português. Isto por que tem interesse para a China, obviamente”, afirmou o antropólogo e perito na Região Administrativa e Especial de Macau (RAEM) e Sul da China em entrevista à agência LUSA.

Por outro lado, segundo Carlos Piteira, Macau é “de certa forma um laboratório experimental” para a China, que quer manter o território como “um espaço de singularidade” onde poderão ser testados novos modelos de administração.

A par de Macau, Hong Kong e Taiwan também apresentam características próprias capazes de promover outros modelos de governação. “Macau, Hong Kong e, se quisermos, Taiwan são três peças daquilo que poderão ser novos modelos da própria China”, salientou o também docente do ISCSP da Universidade de Lisboa, acrescentando que “as experiências começam em situações muito localizadas que depois podem ser expandidas”.

Exemplo disso são projectos como a Grande Baía, a iniciativa de cooperação regional que engloba as regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong e expande a sua abrangência à província do sul da China, Guangdong, englobando uma população de mais de 60 milhões de habitantes.

Para Carlos Piteira, Macau representa um papel de relevo dentro do projecto de cooperação regional que não deve ser descurado apesar da pequena dimensão do território. “O papel de Macau [na Grande Baía] é importante, não pelo tamanho, não pelos recursos, mas pela sua especificidade”, reforçou.

Em entrevista à agência LUSA, Carlos Piteira acaba por retratar Macau, citando o célebre autor chinês de “A Arte da Guerra”, Sun Tzu: “’A melhor batalha que ganhamos é quando o adversário nos dá a vitória’. É um bocadinho isto que se está a passar em Macau”.

Características a preservar

Para Carlos Piteira, a identidade macaense foi criada a partir de uma matriz híbrida que continua a resistir através de traços identitários específicos. O investigador destaca o patuá e a gastronomia como as principais características identitárias que ainda caracterizam a cultura macaense.

O desenvolvimento de uma identidade própria manifestada por estes traços deve-se à necessidade dos “filhos da terra” em identificarem uma identidade grupal para se distinguirem quer dos portugueses, quer dos chineses, justificou. “As identidades criam-se porque queremos ser diferentes e a gastronomia e a língua tiveram essa função”, adiantou o antropólogo, nascido em Macau e especialista no território.

Os macaenses, um grupo mestiço com influências portuguesas, chinesas, malaias e japonesas, vai assim compondo, ao longo dos séculos, uma identidade “singular” que tem “renascido graças ao instinto de sobrevivência”, diz o investigador do Instituto do Oriente do ISCSP.

Segundo Carlos Piteira, além do patuá e da gastronomia, havia um terceiro traço identitário, a religião, que se foi “perdendo, essencialmente devido às políticas da Administração” portuguesa que retiraram à igreja a competência de fazer os registos (sobre depois de 1975). “Em Macau, a nacionalidade portuguesa dava-se por via da igreja, através do baptismo. Éramos todos católicos”, lembrou.

Língua múltipla

O patuá macaense, um crioulo português influenciado pelas línguas cantonesa, espanhola, inglesa e malaia, é uma característica identitária local que “há quem diga que foi adoptado pelas senhoras macaenses para esconderem o mau português que se falava”, apontou. No entanto, trata-se de uma linguagem que foi desaparecendo devido à obrigação de aprendizagem do português nas escolas imposta pela Administração portuguesa.

A língua, como os restantes traços identitários macaenses, tinham entre si características semelhantes: eram praticados pelas famílias dentro de casa.

Fora de portas

Contudo, com a transferência de Administração de Macau para a China, há 20 anos, e, “sobretudo, com a globalização e as diásporas”, houve necessidade de adaptar estes traços identitários à dinâmica das sociedades modernas e redefinir a identidade macaense, levando-a para fora do espaço doméstico.

No caso do patuá, Carlos Piteira apontou a importância das tunas e das récitas do teatro que ainda se faz neste dialecto, que já foi declarado património cultural intangível de Macau. O objectivo é manter esta língua viva, tornando-a parte integrante da oferta turística, apontou.

O que aconteceu com a língua, também aconteceu com a gastronomia, que saiu dos lares macaenses e foi adoptada pela restauração.

Nesta cozinha de fusão, onde se cruzam temperos e sabores ocidentais e orientais, muitos dos pratos tradicionais mantêm a designação em patuá, como o “diabo” ou o “balichão”, exemplificou o antropólogo. Mas o mais famoso, sugere, será o “minchi”.

18 Fev 2019

Em Hong Kong, homens e mulheres não são iguais para construir casa

[dropcap]G[/dropcap]raças a uma ‘herança’ da era colonial britânica, William Liu tem o direito, simplesmente por ser homem, de construir uma casa na sua aldeia no norte de Hong Kong, mas rejeita esse direito adquirido em nome da igualdade.

O jovem de 22 anos vive nos “Novos Territórios” cedidos a Londres por Pequim em 1898, num contrato de 99 anos. De acordo com uma política colonial ainda em vigor, qualquer homem que possa identificar as suas origens até o final do século XIX pode construir uma casa de três andares na sua terra, sem pagar os impostos normalmente devidos, ou adquirir um terreno para construção a preço reduzido junto do Governo daquele território.

Numa mega metrópole onde o custo do metro quadrado está entre os mais caros do mundo, esse direito exclusivamente masculino representa um legado dificilmente negligenciável. Contudo, os defensores da igualdade de género estão a desafiar esse direito em nome da luta contra a discriminação contra as mulheres e contra os milhões de Hong Kong excluídos do mercado imobiliário.

William Liu, aldeão e democrata, concorda com aqueles recorreram aos tribunais: “É uma política injusta e não me vou servir dela”, disse ele à agência de notícias France-Presse (AFP). O jovem protesta contra a sua natureza discriminatória, mas também contra o facto de promotores imobiliários, com um caderno de endereços completo, conseguirem servir-se dessa política para construir.

A chamada política de “pequenas casas” foi “contornada para benefício de um pequeno grupo de pessoas que trabalham com promotores [imobiliários] para ganhar dinheiro”, acusa.

De acordo com o centro de pesquisa especializado Liber Research Community, uma em cada quatro casas construídas sob essa política nos “Novos Territórios” foi desenvolvida por promotores que firmaram acordos secretos com os moradores para ficarem com os seus direitos à terra. As autoridades estão a fechar os olhos, sustenta esta entidade.

A chamada política “direitos dos ding”, palavra cantonesa para descendentes do sexo masculino, foi introduzida em 1972 pelos britânicos como uma medida provisória para melhorar as condições de vida dos agricultores. E manteve-se após a entrega de Hong Kong à China em 1997.

Estes direitos são ferozmente defendidos pelo Heung Yee Kuk, um organismo que domina a vida rural há décadas e vota sempre a favor de Pequim no complexo processo eleitoral de escolha do chefe do Governo de Hong Kong.

Hong Kong tem uma carência gritante de habitação. Para melhorar a situação, o Governo quer investir pelo menos 500 mil milhões de dólares de Hong Kong para construir ilhas artificiais, para grande desgosto daqueles que denunciam estar-se perante um projeto caro e perigoso para o meio ambiente.

Para Chan Kim-ching, fundador do Liber Research Community, o Governo precisa de rever todo o sistema de alocação de terra nos “Novos Territórios”. Em particular, desbloquear terras regidas neste momento de acordo com os “direitos dos ding”. “Seria melhor para o meio ambiente, reduziria um pouco as desigualdades e responderia à procura de habitação, tudo ao mesmo tempo”, defende.

Tanto o Governo como o presidente do Heung Yee Kuk, Kenneth Lau, recusaram-se a comentar este estatuto, alegando que estão a decorrer processos judiciais.

Este assunto tem sido desde há muito tempo um ponto de discórdia entre famílias de ex-moradores e outros habitantes de Hong Kong. Estas famílias, que também gozam de outros direitos especiais, especialmente no enterro, são muitas vezes consideradas como injustamente privilegiadas.

No entanto, os moradores reclamam que têm que esperar anos pelas licenças de construção, mesmo quando são donos da terra.

Yelena Yung explica que foi discriminada como mulher pelos “direitos dos ding”, mas, apesar disso, é favorável a este estatuto porque os seus dois filhos foram beneficiados, tendo obtido a licença de construção depois de mais de dez anos de espera.

“Não fale comigo sobre igualdade de género quando eles nem permitem que rapazes construam casas”, disse à AFP. “Já é muito difícil para eles obterem licenças de construção, quanto mais as raparigas. Eles têm que resolver esse problema primeiro”, defende.

Stanley Ho, um aldeão hostil a esse estatuto, cresceu numa aldeia de algumas dezenas de habitantes no coração de um parque natural. Ele diz que viu os campos darem lugar a casas, árvores velhas a serem cortadas para se construírem estradas ilegais para facilitar a construção.

Ho pede ao Governo que trabalhe com Heung Yee Kuk, ambientalistas e representantes da comunidade rural para se abolir “esta política injusta”, de forma a melhorar as condições de vida dos aldeões.

“A nossa geração deve ser ouvida, devemos controlar o nosso espaço”, diz. “Caso contrário, serão os promotores a fazê-lo”, conclui.

17 Fev 2019

Centro Histórico de San Diego, nos EUA, cria museu para preservar memória de pescadores portugueses

[dropcap]O[/dropcap] Centro Histórico Português de San Diego, nos EUA, concebeu um projecto para transformar um barco de pesca do atum num museu dedicado a preservar a memória dos pescadores portugueses, disse à Lusa a presidente, Therese Garces.

A responsável da organização, Portuguese Historical Center, na designação original em inglês, referiu que as conversações com as autoridades portuárias para avançar com o projecto vão decorrer nas próximas semanas.

“Daqui a dez anos ninguém vai saber o que era um barco de pesca do atum”, afirmou a luso-americana, explicando que a comunidade portuguesa foi uma das grandes responsáveis pelo florescimento da indústria nos séculos XIX e XX e que a intenção é “manter a história” porque “foi uma parte enorme de San Diego”.

O projecto tem aspectos semelhantes à conservação do “Star of India”, um navio de 1863 que é mantido pelo Museu Marítimo da cidade e é considerado o mais antigo do mundo que continua a poder navegar.

Muitas das histórias dos pescadores portugueses que fizeram do sul da Califórnia a sua casa serão contadas hoje num simpósio organizado pelo Centro Histórico, sob o mote “A Pesca do Atum em San Diego: Uma Perspectiva Portuguesa”.

Outrora conhecida como “A Capital Mundial do Atum”, San Diego perdeu a maior parte da indústria devido a vários factores, incluindo o reforço da regulação, o aumento do custo de vida na região e a concorrência de barcos com mão de obra estrangeira mais barata.

“San Diego transformou-se numa atracção turística com muitos barcos de cruzeiro”, disse Therese Garces, apontando que no século passado existiam onze fábricas de conservas ao longo da costa. “Agora não há nenhuma”, referiu. “Ninguém quer uma fábrica mal cheirosa ao lado do Hilton”, acrescentou.

No simpósio sobre “a era dourada da pesca do atum” serão contadas histórias de pescadores e empresários da indústria com foco na influência lusa, visto que “95% do que foi a pesca do atum veio dos portugueses, incluindo as técnicas para salvar os golfinhos”, destacam os promotores da iniciativa.

O Centro Histórico Português espera uma audiência de 200 pessoas, composta sobretudo por norte-americanos que “querem conhecer a indústria e saber mais sobre os portugueses”, segundo a organização.

Na comunidade luso-americana de San Diego já são raras as famílias com barcos de pesca, contou Therese Garces. “Tínhamos 50 famílias com barcos, agora há quatro”, revelou, sublinhando que “não é algo que se queira que os filhos continuem” porque “é uma indústria a morrer”.

O simpósio e o barco-museu são duas iniciativas do Centro Histórico Português para preservar a memória, além do “Tunaman Memorial”, uma escultura em bronze que homenageia os pescadores de atum que perderam a vida no mar. “Queremos que as pessoas conheçam a história”, disse Therese Garces, e “que [esta] não seja esquecida”.

17 Fev 2019

Filme “Synonymes” de Nadav Lapid venceu Urso de Ouro do Festival de Berlim

[dropcap]O[/dropcap] filme “Synonymes”, do israelita Nadav Lapid, venceu o Urso de Ouro da 69.ª edição do Festival de Cinema de Berlim, que termina hoje. O júri, presidido pela actriz francesa Juliette Binoche, decidiu atribuir a distinção máxima do festival ao filme que conta a história de um jovem israelita que rejeita o seu país e a sua língua, para viver em Paris.

O realizador afirmou ontem, ao receber o prémio em Berlim, que o filme poderá criar “um escândalo em Israel”. “Espero que as pessoas entendam que a fúria, a raiva, a hostilidade, o ódio e o desprezo só acontecem entre irmãos e irmãs, quando há um forte apego e fortes emoções”, disse o cineasta, citado pela Agência France Presse.

O Prémio Especial do júri foi para “Grâce a Dieu”, do francês François Ozon, que denuncia no filme o silêncio com que a igreja católica oculta os casos de pedofilia no seu seio e baseia a história num caso real ocorrido em França.

Os prémios para melhor interpretação, masculina e feminina, distinguiram dois actores do filme “Di jiu tian chang”, do chinês Xiaoshuai Wang: o chinês Wang Jingchun e a chinesa Yong Mei. No filme, sobre o impacto da política do filho único na China, Yong Mei e Wang Jingchun interpretam um casal marcado pela perda de um filho, num filme que se passa entre as décadas de 1980 e de 2010.

A alemã Angela Schanelec recebeu o Urso de Prata para melhor realização por “Ich war zuhause, aber”. “Os meninos da Camorra”, de Claudio Giovannesi, baseada no livro homónimo do jornalista italiano Roberto Saviano, foi distinguido com o prémio de melhor argumento.

O Urso de Ouro de melhor curta-metragem, prémio ao qual concorria “Past Perfect”, do português Jorge Jácome, foi atribuído ao filme alemão “Umbra”, de Florian Fischer e Johannes Krell. O Urso de Prata de melhor curta-metragem foi para “Blue Boy”, do argentino Manuel Abramovich.

A 69.ª edição do Festival de Cinema de Berlim é a última sob direção de Dieter Kosslick, que abandona o cargo ao fim de 18 anos e a quem foi feita uma ovação no início da cerimónia de entrega dos prémios. “Past Perfect” era o único filme português na programação principal do certame.

No programa paralelo do festival foram exibidos “A portuguesa”, de Rita Azevedo Gomes, e “Serpentário”, a primeira longa-metragem de Carlos Conceição. No programa paralelo Forum, no Forum Expanded, foram exibidas as produções portuguesas “Fordlandia Malaise”, de Susana Sousa Dias, e “A Story from Africa”, de Billy Woodberry.

No European Film Market, um mercado de cinema e audiovisual que acontece durante o festival, foi exibida a série de televisão portuguesa “Sul”, realizada por Ivo M. Ferreira, que se estreia em Setembro na RTP. Além disso, o projecto “Aurora”, de João Vieira Torres, foi exibido no DOC Station do programa paralelo Berlinale Talents, no qual participaram também a distribuidora e programadora Susana Santos Rodrigues, o actor Mauro Soares e o realizador Gonçalo Almeida.

17 Fev 2019

Donald Trump disse estar optimista sobre fim da guerra comercial com a China

[dropcap]O[/dropcap]Presidente dos EUA, Donald Trump, mostrou-se optimista sobre o fim da guerra comercial com a China e levantou a possibilidade de estender o período de tréguas antes de impor novas sanções.
Donald Trump disse na sexta-feira que as negociações com a China estão a correr “muito bem”, dizendo-se optimista sobre o fim da guerra comercial que opõe as duas maiores potências económicas mundiais.

O Presidente disse que está disponível para prolongar o período de tréguas, marcado para durar até dia 1 de Março, para permitir um melhor entendimento entre as partes.

“Mas Deus sabe o que isso significa”, acrescentou Donald Trump, arrefecendo o entusiasmo sobre o resultado da terceira ronda de negociações entre a China e os EUA, que terminou na sexta-feira em Pequim.

“Estamos mais próximos do que nunca para conseguir um acordo real”, afirmou Donald Trump, em declarações aos jornalistas, nos jardins da Casa Branca, confirmando que ainda falta um compromisso final, que termine a guerra comercial.

Se um entendimento não for conseguido, os EUA ameaçam passar de 10% para 25% as tarifas em produtos chineses que valem cerca de 150 mil milhões de euros em importações.

Na ronda de negociações que terminou na sexta-feira em Pequim, as duas delegações procuraram dirimir diferenças em questões estruturais desta guerra comercial, nomeadamente sobre matérias de transferência de tecnologia, direitos de propriedade intelectual, ‘hacking’, barreiras não-tarifárias.

Outro tema central foi o da possibilidade de aumento do volume de compra de bens e serviços norte-americanos por parte da China, para reduzir o que Donald Trump já apelidou de “um enorme e insustentável défice comercial” com Pequim.

Uma nova ronda de negociações está marcada para a próxima semana, em Washington, e Donald Trump anunciou que no final dessa etapa, se encontrará com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, para “enfrentar directamente os problemas que ficarem por resolver”.

17 Fev 2019

Rita Santos recorda transição pacífica de Macau, que começou há 40 anos

[dropcap]A[/dropcap]Conselheira das Comunidades Portuguesas Rita Santos disse à Lusa que o estabelecimento de relações diplomáticas entre Portugal e China, há 40 anos, representou um passo importante para “uma transição sem sobressaltos” de Macau, 20 anos depois.

O estabelecimento das relações diplomáticas, a 8 de Fevereiro de 1979, foi “um passo muito tranquilizante na estabilidade social da comunidade macaense e portuguesa residente em Macau”, afirmou a presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceania das Comunidades Portuguesas.

A comendadora, título que lhe foi atribuído por Portugal, nascida em Macau em 1960, sublinhou que depois da assinatura desse protocolo, “havendo boas relações de amizade entre os dois países, certamente iria haver uma transição sem sobressaltos, o que efectivamente aconteceu”.

Uma opinião partilhada pelo professor de Ciência Política e Relações Internacionais do Instituto Politécnico de Macau, José Sales Marques: “a estrutura para o que podia ser o futuro de Macau (…) a transição pacifica, resulta a partir disso mesmo”, do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países.

Segundo o investigador, o reconhecimento diplomático “foi sempre algo que parecia natural após o 25 de Abril de 1974”, apesar de recordar alguma “desconfiança da China relativamente ao peso que o Partido Comunista português poderia vir a ter”, sobretudo no Exército.

Seis anos depois do estabelecimento das relações diplomáticas, em Maio de 1985, aquando de uma visita do Presidente Ramalho Eanes a Pequim, a China informou o Governo português da vontade de iniciar negociações para discutir o estatuto de Macau, cuja declaração conjunta é assinada em Abril de 1987, dando assim início ao processo de transição que termina em Dezembro de 1999.

Rita Santos lembrou terem sido “chamados com frequência para participar nas reuniões de trabalho pelos chefes das delegações da parte portuguesa e chinesa”.

“No período de transição desde os anos 90, e principalmente nos anos 1997, 1998 e 1999”, recordou, transmitiram “as preocupações dos portugueses, macaenses e trabalhadores da função pública face às alterações sócio-económicas e sociais de Macau”, sobre o “estabelecimento da RAEM) em 20 de Dezembro de 1999, nomeadamente a questão da nacionalidade portuguesa”, destacou Rita Santos.

As questões abordadas foram variadas, lembrou, como a manutenção e respeito pela língua portuguesa, uso e costume, a manutenção da nacionalidade portuguesa dos descendentes dos portugueses e chineses (macaenses), bem como a permanência de todos os meios de comunicação social portuguesa em Macau.

Em cima da mesa esteve também a “discussão detalhada de cada artigo da Lei Básica [mini-Constituição] com o intuito de salvaguardar os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos de Macau , permitindo que todos os portugueses que tivessem residido mais de sete anos pudessem ser residentes permanentes de Macau , com possibilidade de permitir portugueses oriundos de Portugal após o estabelecimento da RAEM poderem trabalhar em Macau em todos os sectores de actividade”, sublinhou.

Por fim, Rita Santos recordou ainda matérias mais concretas que foram discutidas, como “manutenção dos portugueses nos cargos e categorias na Função Publica”, a “manutenção dos direitos, regalias e vencimentos dos funcionários públicos não inferiores aos que detinham antes da transferência de soberania” e a continuidade do pagamento das pensões pela Caixa Geral de Aposentações de Portugal aos funcionários que se aposentaram antes de 20 de Dezembro de 1999, e respectiva negociação com o Governo de Portugal para a isenção do IRS”

Todas estas questões foram resolvidas “graças às boas relações de amizade entre Portugal e Macau”, sublinhou.

15 Fev 2019

Universidade Estadual da Califórnia terá dois cursos de português

[dropcap]A[/dropcap]Universidade Estadual da Califórnia, Fresno vai lançar dois cursos em Língua Portuguesa e Estudos Portugueses no próximo ano lectivo, disse à Lusa a professora Inês Lima, responsável pela criação dos novos cursos.

“Estamos à espera da aprovação das disciplinas novas”, adiantou a docente, que foi contratada em 2018 para leccionar Língua e Cultura Portuguesa no Departamento de Línguas e Literaturas Modernas e Clássicas da Faculdade de Artes e Humanidades.

A professora falava à margem da inauguração do novo Instituto Português Além-Fronteiras na Universidade Estadual da Califórnia, Fresno, que teve a presença de uma comitiva portuguesa liderada pelo presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro.

A “minor” em Português irá focar-se na literatura e “num nível de língua portuguesa mais avançado”, enquanto a “minor” em Estudos Portugueses “será mais abrangente” e terá opções lectivas ensinadas em inglês, para que alunos de qualquer área de ensino possam “aprender sobre a cultura portuguesa e países lusófonos”.

De acordo com Inês Lima, o objectivo é começar com quatro disciplinas e mais tarde, ainda sem horizonte temporal concreto, avançar para uma “Major” em Português e Estudos Portugueses.
“Há de facto muito interesse”, adiantou a professora, que neste momento tem 50 alunos nas cadeiras de língua e cultura portuguesa.

“Tenho alunos que estão sempre a perguntar se já vão poder escolher as novas disciplinas para Setembro e quando é que temos disponíveis cursos de nível mais avançado de língua”, revela a professora.

Além dos estudantes com ascendência portuguesa, Inês Lima refere que muitos dos interessados pretendem estudar português “porque tem um ponto de contacto com as suas áreas”.

É o caso dos alunos de enfermagem e de segurança pública, que querem comunicar melhor com a população luso-americana da região do vale central da Califórnia, onde há elementos da comunidade que “não falam bem inglês”.

Há também alunos de Agricultura “que querem fazer um período de estudos ou mestrado em Portugal”.

Inês Lima lecciona actualmente Língua Portuguesa e Culturas dos Países de Língua Portuguesa, que abrange Portugal, Brasil, Moçambique, Angola e Cabo Verde e se debruça sobre “aquilo que partilham em termos de história, em termos de património cultural, e aquilo que é específico”.

As disciplinas eram leccionadas por uma professora da área de espanhol. “Agora viram que havia potencial para avançar e desenvolver os estudos portugueses”, afirmou Inês Lima.

A professora, natural do Porto, estava a dar aulas na Universidade de Massachusetts, Darmouth, e trocou a Nova Inglaterra pela Califórnia devido à “possibilidade de criar os cursos” numa universidade com potencial de crescimento.

As “Minor” serão leccionadas por Inês Lima e Diniz Borges, director do recém-criado Instituto Português Além-Fronteiras (Portuguese Beyond Borders Institute) na Universidade Estadual da Califórnia, Fresno, que vai iniciar um projecto de recolha das histórias orais da imigração portuguesa na região. No futuro, Inês Lima considera que “serão precisos mais professores” de português.

15 Fev 2019

OPA/EDP | Fundo americano Elliot avisa que oferta chinesa enfraquece a eléctrica

[dropcap]O[/dropcap]fundo de investimento norte-americano Elliot, que detém 2,9% do capital da EDP, considera que o preço da Oferta Pública de Aquisição (OPA) da China Three Gorges (CTG) sobre a eléctrica é “excessivamente baixo” e “subavalia significativamente” a empresa.

“A oferta da CTG, tal como se encontra actualmente, não favorece os melhores interesses dos ‘stakeholders’ [accionistas] da EDP e, em última análise, conduzirá a um enfraquecimento da EDP que será uma empresa mais volátil, com um conjunto de activos menos atractivo e com poucas oportunidades de crescimento”, lê-se numa carta enviada pela Elliot Advisors ao Conselho de Administração Executivo e ao Conselho Geral de Supervisão da EDP, ontem divulgada.

Para o fundo norte-americano, a oferta anunciada pela CTG é mesmo “a maior fonte de incerteza que a empresa enfrenta actualmente” e a estagnação do negócio teve “como efeito prático impedir o crescimento da EDP, o que originou má performance do valor das acções da EDP relativamente às outras empresas do sector”.

“O preço da oferta actual da CTG [que é o maior accionista da EDP, com uma participação de 23%] é excessivamente baixo e subavalia significativamente” a empresa, sustenta, apontando como “o problema mais evidente da oferta o prémio inaceitável de 4,8%”.

Afirmando a sua concordância com o Conselho de Administração Executivo da EDP, que assumiu que “o preço oferecido não reflecte adequadamente o valor da EDP e o prémio implícito na oferta é baixo considerando a prática seguida no mercado europeu das ‘utilities’”, a Elliot afirma que, “caso não exista um aumento da contrapartida, não se antevê qualquer possibilidade de os accionistas virem a apoiar uma oferta que não valoriza adequadamente o seu investimento”.

Segundo destaca, “além de uma avaliação justa e razoável da EDP, para que a oferta seja bem-sucedida também é necessário eliminar vários obstáculos regulatórios”, sendo que actualmente “continuam por verificar 16 das 17 principais condições suspensivas referidas no anúncio preliminar da oferta, tendo sido apenas obtida uma aprovação jusconcorrencial no decurso de nove meses”.

A este propósito, a Elliot aponta o caso dos activos de energia renovável que a EDP detém nos EUA, descritos como “as jóias da coroa” da empresa, mas cuja manutenção avisa que o Committee on Foreign Investment in the Unitede States (CFIUS) não aprovará caso a CTG venha a deter a maioria do capital social da eléctrica.

“Na nossa opinião, se a oferta da CTG prosseguisse teriam de ser efectuados desinvestimentos relevantes como reacção/resposta às imposições dos reguladores”, designadamente nos EUA e na Península Ibérica, sendo que esses desinvestimentos “deixariam a EDP mais fraca”.

Convicta de que a EDP “é uma empresa atractiva, com um potencial de desenvolvimento substancial”, a Elliot adverte que “a continuação da existência de uma oferta que se considera impossível concluir com êxito, na sua forma actual, está a dificultar o crescimento” da eléctrica, pelo que esta “deve ultrapassar rapidamente a oferta e a definição de um novo rumo é urgente”.

“Embora o ‘portfólio’ da EDP inclua áreas de grande potencial, quando a consideramos como uma única empresa, falta-lhe foco”, diz, considerando “difícil para os investidores avaliar o portfólio de forma justa, uma vez que os negócios da EDP com múltiplos elevados são diluídos por divisões com múltiplos baixos, resultando num desconto do conglomerado”.

Para o fundo de investimento, “a EDP encontra-se também excessivamente alavancada”, com uma “consideravelmente reduzida” capacidade “para encontrar oportunidades de crescimento”, o que a tem privado “da possibilidade de acelerar o investimento em oportunidades de alto retorno que se encontram disponíveis nos principais mercados” onde opera.

A posição da Elliot é que “uma EDP fortalecida deve dar prioridade a dois pilares fundamentais para o crescimento sustentável: uma optimização do ‘portfólio’ focada nas principais áreas de negócio e uma redução da excessiva alavancagem; e um investimento no crescimento através de oportunidades no setor das energias renováveis com taxas actrativas de retorno”.

Para o fundo, “esta nova EDP seria mais focada, mais empenhada no crescimento e menos alavancada”, com “um ‘portfolio’ de activos líder de mercado, métricas financeiras actrativas e uma história de crescimento clara e convincente” que “provavelmente impulsionariam uma revisão do ‘rating’ e proporcionariam uma vantagem significativa para todos os ‘stakeholders’”.

“Desinvestimentos indiferenciados, tais como aqueles que seriam provavelmente exigidos pela oferta da CTG, poderiam colocar em risco postos de trabalho. A manutenção de um ‘status quo’ de baixo desempenho pode ter o mesmo efeito. Uma abordagem que priorize o investimento e o crescimento oferece perspectivas mais encorajadoras aos trabalhadores da EDP”, considera.

As “sugestões” avançadas pela Elliot passam pelo investimento da EDP em energias renováveis, a redução da dívida e diminuição do custo da dívida, o reinvestimento na EDP e a venda da participação na EDP Brasil, de 49% da participação na Distribuição Eléctrica Ibérica e dos activos térmicos ibéricos antigos.

“A EDP pode optar por três caminhos distintos quanto ao seu futuro: o ‘status quo’, a oferta da CTG ou a ‘Nova EDP’ – O Plano de Investimento e Optimização”, conclui o fundo norte-americano, defendendo como “próximos passos fundamentais” uma “avaliação realista” da oferta chinesa que leva à sua retirada, uma reflexão dos accionistas sobre novos “caminhos futuros” e a implementação de um “plano ambicioso de investimento e otimização” do ‘portfolio’ da empresa.

Em 11 de Maio passado, a CTG anunciou a intenção de lançar uma OPA voluntária sobre o capital da EDP, oferecendo uma contrapartida de 3,26 euros por cada acção, cujo pedido foi registado junto do regulador, sem alterações ao preço oferecido inicialmente.

15 Fev 2019

Espectáculo “The House of Dancing Water” suspenso por dois meses

[dropcap]O[/dropcap]espectáculo “The House of Dancing Water” será suspenso por um período de pelo menos dois meses. A informação foi avançada na passada quarta-feira pela GGR Asia que adianta razões ligadas à necessidade de requalificação do espaço.

“Para continuar a proporcionar a produção de entretenimento de classe mundial, vamos suspender temporariamente o espectáculo após as celebrações do Ano Novo Lunar e até ao final de Abril de modo a requalificar e actualizar as nossas instalações. Regressaremos para repor o melhor entretenimento ao nosso público em breve” aponta um porta-voz da Melco Resorts, citado pelo GGR Asia.

O espectáculo não deverá regressar antes de 25 de Abril. “The House of Dancing Water”, encenado por Franco Dragone já foi visto por mais de cinco milhões de pessoas desde a sua estreia, sendo o evento residente que registou maior permanência no território.

Segundo a mesma fonte, o director Executivo da Malco Resots, Lawrence Ho, afirmou no mês passado que o novo espectáculo promovido pela operadora, “Elektron”, seria “menos susceptível de atingir sensibilidades culturais do que outros eventos de entretenimento que têm tido lugar no território.

15 Fev 2019

China | Suécia abre inquérito a embaixadora por reunião sobre editor detido

[dropcap]A[/dropcap]Suécia abriu um inquérito interno à embaixadora daquele país na China, depois da representante ter organizado, sem autorização, uma reunião relacionada com o caso de um editor sueco de origem chinesa detido por Pequim, foi ontem divulgado.

“Devido a informações que recebemos sobre acções inapropriadas relacionadas com certos acontecimentos ocorridos em Janeiro, um inquérito interno foi aberto”, avançou, em declarações citadas pelas agências internacionais, Rasmus Eljanskog, um assessor de imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros sueco.

O mesmo representante precisou que a embaixadora Anna Lindstedt foi chamada a Estocolmo para consultas, no âmbito deste inquérito.

“Temos uma ideia do que terá ocorrido, vamos investigar o seu desempenho. Mas podemos afirmar já que a embaixadora se comportou de forma errónea”, afirmou, por sua vez, um porta-voz da diplomacia sueca, Patric Nilsson, em declarações à televisão pública sueca Patric Nilsson.

As relações entre a Suécia e a China têm sido perturbadas ao longo dos últimos anos pelo caso de Gui Minhai, um editor e livreiro sueco de origem chinesa de 54 anos que vendeu em Hong Kong obras críticas do regime chinês.

Em 2015, Gui Minhai desapareceu durante umas férias na Tailândia. O livreiro reapareceu numa prisão chinesa, tendo afirmando então, em declarações transmitidas na televisão, que se tinha entregado às autoridades por causa do seu envolvimento num acidente de trânsito na China em 2003.

As autoridades chinesas libertaram Gui Minhai em Outubro de 2017. O editor e livreiro seria detido mais tarde pela polícia chinesa, em Janeiro de 2018, quando seguia com dois diplomatas suecos num comboio para Pequim, onde tinha marcada uma consulta.

Ligações perigosas

A filha do editor, Angela Gui, que tem sido muito activa nos ‘media’ e na Internet para tentar conseguir a libertação do pai, revelou no seu ‘blog’ que tinha sido convidada pela embaixadora Anna Lindstedt a deslocar-se a Estocolmo, em finais de Janeiro, para uma reunião com empresários chineses que alegadamente poderia ajudar na libertação de Gui Minhai.

Durante a conversa, que decorreu num hotel da capital sueca e na presença da embaixadora, os presumíveis empresários afirmaram que tinham “ligações no seio do Partido Comunista”, no poder na China, e asseguraram que podiam a ajudar na libertação de Gui Minhai.

Em troca, segundo relatou Angela Gui, os homens pediram à jovem que “ficasse tranquila” e que deixasse de falar com a comunicação social.

A diplomacia sueca assegurou que não sabia deste encontro, nem tinha conhecimento da presença da embaixadora Anna Lindstedt em Estocolmo. Depois das primeiras declarações de Angela Gui, a embaixada da China em Estocolmo informou, num comunicado, que Pequim “nunca autorizou e nunca irá autorizar” contactos com a filha do livreiro sueco.

15 Fev 2019

Maré vermelha afecta praia de Hac Sá

[dropcap]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Águas (DSAMA) apela aos residentes que evitem a água da Praia de Hác Sá devido a uma maré vermelha.

A informação foi colocada, ontem, no portal DSAMA e foram afixados avisos na praia. “As pessoas devem evitar correr, nadar e entrar na água durante este período de maré vermelha.

Este departamento vai continuar a acompanhar a situação e actualizar as informações necessária junto do público”, consta no comunicado da DSAMA.

15 Fev 2019