BNU regista ganhos de quase 40 milhões de patacas

No primeiro trimestre deste ano o Banco Nacional Ultramarino gerou um resultado líquido de 39,9 milhões de patacas, de acordo com os números não auditados revelados ontem, através de um comunicado. Este montante representa uma redução de 69,5 milhões de patacas em comparação com o mesmo período do ano anterior.

“O resultado financeiro do Banco continuou a reflectir o efeito da descida das taxas de juro, ao mesmo tempo que surgiram incertezas acrescidas da economia global e de Macau, tendo a margem financeira registado um decréscimo de 6,7 milhões de patacas em comparação com 2021, sendo que as comissões liquidas diminuíram 9,1 milhões de patacas”, foi justificado.

Ainda de acordo com as explicações do BNU, no período em causa, “as provisões líquidas reportadas registaram uma variação de mais 34 milhões de patacas, em comparação com o mesmo período de 2021, devido à adopção das novas regras contabilísticas que entraram em vigor em Macau a 1 de Janeiro de 2022”. O banco explicou também que o novo modelo de contabilidade é “mais conservador” devido a uma “perspectiva económica futura decorrente de riscos inflacionários e restrições mais rígidas de controlo da COVID-19 relacionadas com a China Continental”.

Também no primeiro trimestre deste ano, o BNU registou uma perda líquida de 26,3 milhões de patacas com a venda de obrigações detidas como consequência do aumento de taxas de juro nos EUA e da deterioração do risco das mesmas, que contrasta com os ganhos de 3,4 milhões de patacas entre Janeiro e Março de 2021.

19 Mai 2022

Estados Unidos | Steve Wynn processado por actuar ao serviço do governo chinês

O magnata está a ser acusado de ter pressionado Donald Trump para entregar um cidadão chinês que estava nos EUA e procurava asilo político. Steve Wynn nega tudo, inclusive que estivesse a tentar proteger o negócios em Macau, e vai lutar nos tribunais

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos processou esta terça-feira o antigo magnata, Steve Wynn, por recusar a registar-se como um agente estrangeiro, após ter feito um trabalho de ‘lobby’ ao serviço da China. Segundo a agência Associated Press (AP), Steve Wynn realizou um trabalho de pressão e influência, a pedido do governo chinês, durante o governo de Donald Trump.

A justiça norte-americana referiu que aconselhou Steve Wynn repetidamente, nos últimos quatro anos, a registar-se sob a Lei de Registo de Agentes Estrangeiros (FARA) e que está agora a processar o empresário depois deste se ter recusado a fazê-lo.

Embora o Departamento de Justiça tenha intensificado os esforços para processar criminalmente pessoas que não se registam como agentes estrangeiros, as autoridades descreveram este caso como o primeiro processo deste género em mais de três décadas.

“Quando um governo estrangeiro usa um norte-americano como seu agente para influenciar decisões políticas nos Estados Unidos, a FARA dá ao povo americano o direito de saber”, referiu o procurador-geral assistente Matthew Olsen, chefe da Divisão de Segurança Nacional do departamento, em comunicado. Os advogados de Steve Wynn garantiram que vão recorrer contra este processo.

“Steve Wynn nunca actuou como agente do governo chinês e não tinha obrigação de se registar sob a Lei de Registo de Agentes Estrangeiros”, salientaram, em comunicado, os advogados Reid Weingarten e Brian Heberlig.

Pressão para entrega de chinês

A acusação alega que Steve Wynn, que deixou a sua empresa, Wynn Resorts, em 2018, depois que várias mulheres o acusaram de má conduta sexual, pressionou o então Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e membros do seu governo, durante vários meses em 2017, para retirar dos Estados Unidos um cidadão chinês que tinha sido acusado de corrupção na China e estava à procura de asilo político nos Estados Unidos.

Os esforços para retirar aquele cidadão chinês dos EUA não tiveram sucesso.

A justiça norte-americana refere que o trabalho de ‘lobby’ foi realizado em nome de altos funcionários do governo chinês, incluindo Sin Lijun, o então vice-ministro do Ministério da Segurança Pública, e incluiu conversas durante o jantar com Trump e por telefone.

Steve Wynn teria ainda como motivação proteger os seus interesses comerciais na China, adianta também a acusação.

O governo de Macau restringiu o número de mesas e máquinas de jogo que podiam ser operadas no casino de Wynn e este pretendia renegociar as licenças para operar casinos em 2019, refere ainda a justiça norte-americana.

Manobras secretas e acusações

A FARA, promulgada em 1938 para desmascarar a propaganda nazi nos Estados Unidos, exige que as pessoas divulguem ao Departamento de Justiça quando defendem, fazem ‘lobby’ ou realizam trabalhos de relações públicas nos EUA em nome de um governo estrangeiro ou entidade política.

A acusação alega que Wynn foi atraído para o esforço de ‘lobby’ por Elliott Broidy, um conhecido angariador de fundos para Donald Trump e o Partido Republicano, que se declarou culpado em 2020 de uma campanha de ‘lobby’ ilícita com o objectivo de fazer com que o governo Trump abandonasse uma investigação aos desvios multimilionários de um fundo de investimento estatal da Malásia.

Elliott Broidy assumiu também que fez um esforço secreto de ‘lobby’ para providenciar o regresso de um dissidente chinês que vivia nos EUA.

19 Mai 2022

Coutinho defende promoção de locação financeira

O deputado José Pereira Coutinho defende que o Governo deve lançar medidas para promover a criação de mais empresas de locação financeira em Macau, de forma a contribuir para a diversificação da economia do território. A posição foi tomada numa interpelação escrita revelada recentemente pelo legislador ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM).

Se, por um lado, o deputado destacou a necessidade de Macau se integrar no Interior e contribuir para a política nacional, por outro, mostrou-se preocupado com a situação actual das empresas de empréstimos.

“Actualmente, há poucas empresas de locação financeira licenciadas, aliás, segundo as informações da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), em Macau só há até ao momento, duas empresas de locação financeira registadas”, vincou Pereira Coutinho. “Da raridade das empresas de locação financeira resulta que o Governo da RAEM não tem dado importância às actividades de locação financeira em Macau ao longo dos tempos, daí a estagnação do desenvolvimento do respectivo sector em Macau”, considerou.

Neste sentido, José Pereira Coutinho quer saber o que vai ser feito para garantir o desenvolvimento da indústria e competir com as regiões vizinhas. “Perante a forte competição entre Macau e as regiões vizinhas ao nível das actividades de locação financeira, o Governo tem de aumentar a eficiência e a transparência no licenciamento das empresas de locação financeira, com vista a impulsionar as respectivas actividades em Macau”, atirou. “Vai fazê-lo?”, questionou.

19 Mai 2022

O que diz Xi – A importância da aprendizagem mútua entre civilizações

“Para estimular a inovação e criatividade das pessoas, a melhor maneira é entrar em contacto com diferentes civilizações, ver os pontos fortes dos outros e tirar partido deles”, disse o Presidente chinês Xi Jinping, salientando a importância do intercâmbio e da aprendizagem mútua entre diferentes civilizações. Seguem-se algumas das suas observações a este respeito.

18 de Janeiro, 2017
Num discurso de abertura no Gabinete das Nações Unidas em Genebra, Xi disse que “a sopa deliciosa é feita através da combinação de diferentes ingredientes, e que a diversidade das civilizações humanas não só define o nosso mundo, como também impulsiona o progresso da humanidade”. “Existem mais de 200 países e regiões, mais de 2.500 grupos étnicos e múltiplas religiões no nosso mundo. Diferentes histórias, condições nacionais, grupos étnicos e costumes dão origem a diferentes civilizações e fazem do mundo um mundo colorido”, acrescentou.

18 de Outubro, 2017
Num relatório entregue no 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, Xi disse que deveríamos respeitar a diversidade de civilizações. Ao tratar das relações entre civilizações, substituamos o afastamento pelo intercâmbio, os choques pela aprendizagem mútua, e a superioridade pela coexistência, disse.

17 de Novembro de 2018
Num discurso de abertura na Cimeira do CEO da APEC, Xi disse que vivemos num planeta onde vivem mais de 7 mil milhões de pessoas, acrescentando que tentar apagar as suas diferenças não vai funcionar. Tais diferenças não são um obstáculo às trocas, e muito menos uma causa de confronto, disse ele, observando a diversidade e interacção entre diferentes civilizações, sistemas sociais e caminhos pode dar um forte impulso ao progresso humano.

14 de Junho de 2019
Ao dirigir-se à 19ª Cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), Xi apelou aos países membros para construírem a SCO como um paradigma de inclusão e aprendizagem mútua. A este respeito, disse, é aconselhável descartar o conceito de choque de civilizações e manter a abertura, a inclusividade e a aprendizagem mútua.

15 de Maio de 2019
Ao abordar a Conferência sobre o Diálogo das Civilizações Asiáticas de 2019, Xi disse que a diversidade estimula a interacção entre as civilizações, o que por sua vez promove a aprendizagem mútua e o seu desenvolvimento futuro. Ele apelou à promoção de intercâmbios e aprendizagem mútua entre países, nações e culturas de todo o mundo, e ao reforço do apoio popular à construção conjunta de uma comunidade com um futuro partilhado tanto para a Ásia como para a humanidade como um todo.

22 de Set. de 2020
Ao dirigir-se ao Debate Geral da 75ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, Xi disse que deveríamos abraçar a visão de uma comunidade com um futuro partilhado em que todos estão unidos. Ao apelar à rejeição de tentativas de construção de blocos para manter os outros fora e ao opor-se a uma abordagem de soma zero, Xi disse que devíamos ver-nos como membros da mesma grande família, perseguir uma cooperação vantajosa para ambas as partes, e ultrapassar as disputas ideológicas e não cair na armadilha do “choque de civilizações”.
Mais importante ainda, devemos respeitar a escolha independente do caminho e modelo de desenvolvimento de um país, disse Xi, acrescentando que o mundo é de natureza diversa, e devemos transformar esta diversidade numa fonte constante de inspiração que impulsione o avanço humano.

25 de Janeiro de 2021
No seu discurso especial no Fórum Económico Mundial Evento Virtual da Agenda de Davos, Xi disse que as diferentes histórias, culturas e sistemas sociais são tão antigas como as sociedades humanas, e são as características inerentes da civilização humana. Não haverá civilização humana sem diversidade, e tal diversidade continuará a existir enquanto pudermos imaginar, disse ele.

20 de Abril de 2021
No seu discurso principal na Conferência Anual do Fórum Boao para a Ásia, Xi disse que precisamos de compromisso com a justiça para criar um futuro de respeito mútuo e aprendizagem mútua, salientando que a diversidade é o que define o nosso mundo e torna a civilização humana fascinante. Xi apelou ao encorajamento de intercâmbios e aprendizagem mútua entre as civilizações para promover o progresso da civilização humana.

5 de Fev., 2022
Ao proferir um discurso no banquete de boas-vindas dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022, Xi disse que precisamos de seguir a tendência dos tempos, permanecer fiéis aos valores comuns da humanidade de paz, desenvolvimento, equidade, justiça, democracia e liberdade, promover intercâmbios e aprendizagem mútua entre civilizações, e trabalhar em conjunto para construir uma comunidade com um futuro comum para a humanidade.
Ao abordar a Cerimónia de Abertura da Conferência Anual do Fórum do Boao para a Ásia, Xi salientou que os países de todo o mundo são como passageiros a bordo do mesmo navio que partilham o mesmo destino. Para que o navio navegue na tempestade e navegue em direcção a um futuro brilhante, todos os passageiros devem unir-se.
Por conseguinte, apelou à comunidade internacional para que abrace uma filosofia de governação global que enfatize consultas alargadas, contribuição conjunta e benefícios partilhados, promova os valores comuns da humanidade, e defenda intercâmbios e aprendizagem mútua entre civilizações.

18 Mai 2022

Jogo | Analista defende que nova lei aumenta incertezas e afasta investidores

Ben Lee, analista de jogo, acredita que as diversas alterações que o Governo tem introduzido na proposta de lei só aumentam as incertezas no sector, podendo mesmo afastar potenciais investidores quando forem realizados os concursos públicos para atribuir novas concessões

 

O analista de jogo Ben Lee considera que as alterações introduzidas à proposta de lei que regula os casinos em Macau aumentam a incerteza e podem afastar potenciais interessados em novas concessões, a partir de 2023. As alterações introduzidas podem “ser um tigre escondido na sombra”, disse à Lusa o analista da consultora de jogo IGamix, “porque dá ao Governo a capacidade de extrair um prémio, além do imposto sob as receitas do jogo”, que na prática é de 39 por cento.

O Governo mudou a proposta de “Regime jurídico de exploração de jogos de fortuna ou azar em casino”, permitindo que o Chefe do Executivo altere os limites mínimo e máximo anual das receitas brutas de cada mesa e máquina de jogo.

Na segunda-feira, o deputado e porta-voz da comissão da Assembleia Legislativa que está a discutir a proposta, Chan Chak Mo, confirmou que os limites podem ser ajustados “a qualquer momento”, em caso de “circunstâncias imprevisíveis e fatores irreversíveis”.

A proposta de lei prevê que as concessionárias teriam de pagar um prémio especial caso as receitas brutas anuais não atinjam o limite mínimo.

Perante uma alteração dos limites durante o contrato, “as operadoras de casinos não teriam qualquer forma de recurso, por isso poderia ser bastante pernicioso”, defendeu o analista.

Ben Lee disse acreditar que esta cláusula poderá ser uma tentativa de reduzir “a volatilidade nas receitas públicas”, que dependem do imposto sob o jogo. “Mas o que estão a fazer é basicamente empurrar os riscos de uma economia volátil para os operadores” de casinos, acrescentou. A alteração “aumenta a incerteza e também diminui a potencial viabilidade da entrada de qualquer novo investidor”, alertou o especialista.

“Grande cedência”

As actuais licenças de jogo terminam em 31 de Dezembro deste ano e o Governo quer avançar com um concurso público para atribuir novas concessões. Na sexta-feira, Chan Chak Mo revelou que o Executivo retirou da proposta de lei um artigo que obrigaria os chamados ‘casinos-satélites’ a estarem “localizados em bens imóveis pertencentes às concessionárias” de jogo.

Ben Lee admitiu que é “uma grande cedência”, após reacções “bastante dramáticas” dos operadores destes casinos que avisaram sobre um impacto “sísmico” em termos de perda de postos de trabalho. Em Abril, Melinda Chan Mei Yi, directora executiva da Macau Legend, que opera, de forma independente, vários ‘casinos-satélites’, disse que a nova lei poderia obrigar ao encerramento de muitos destes casinos e aumentar o desemprego.

Mesmo assim, o analista disse que é muito provável que a esmagadora maioria dos ‘casinos-satélites’, que estão há a acumular prejuízos desde o início da pandemia, acabe mesmo por fechar portas. O primeiro a avançar nessa direção, em 1 de Abril, foi o operador do hotel Grand Emperor, que anunciou o encerramento do casino, a partir de 26 de Junho.

17 Mai 2022

Dia Internacional dos Museus | IC organiza exposições e eventos temáticos

Celebra-se esta quarta-feira o Dia Internacional dos Museus com uma série de eventos culturais e exposições que decorrem no Museu de Arte de Macau e Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania. Destaque para a realização de um “carnaval” nestes museus e da referência à exposição “Alegoria dos Sonhos”, do colectivo YiiMa, de Guilherme Ung Vai Meng e Chan Hin Io

 

O Dia Internacional dos Museus celebra-se amanhã, 18, e, para marcar essa efeméride, o Museu de Arte de Macau e o Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania, do Instituto Cultural vão acolher uma série de eventos e exposições temáticas. O tema do ciclo de eventos é “O Poder dos Museus”, evocando “o poder de alcançar a sustentabilidade, de inovar nas áreas da digitalização e da acessibilidade e de construir comunidades por meio da educação”. As inscrições para estes eventos decorrem desde sexta-feira.

Hoje serão realizadas visitas guiadas no MAM e no Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania, enquanto que no dia 29 de Maio os dois espaços vão celebrar o “Carnaval do Dia Internacional dos Museus de Macau 2022”, que decorre entre as 14h e as 18h. Neste carnaval serão realizados uma série de jogos, incluindo a “Caça ao Tesouro num Escritório do Bairro Iao Hon” e a “Caça ao Tesouro de Prendas da Transferência de Soberania de Macau”. O objectivo deste evento é “dar a conhecer os museus de forma divertida”.

Entre os dias 22 e 29 de Maio acontece a actividade “Sonhando com a Macau Antiga”, que apresenta dois percursos ligados às características culturais dos bairros de Macau, e que são revelados na exposição de arte e fotografia “Colectivo YiiMa: Alegoria dos Sonhos”, de Ung Vai Meng e Chan Hin Io. De frisar que estes artistas representam Macau na edição deste ano da Bienal de Arte de Veneza, além de que esta mostra já esteve patente, em 2019, no Museu Berardo, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Dia 31 de Maio os dois artistas vão falar desta mostra na palestra “Plena de Desafios: a 59ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia”, que decorre de forma presencial e online.

Exposições para todos

Além dos eventos acima descrito, o público poderá também visitar as exposições que estão actualmente patentes no MAM, tal como “Imaginação Selvagem: Arte a Tinta Contemporânea em Guangdong – Hong-Kong – Macau de 2000 a 2022” ou “Nas Brisas da Primavera: Pinturas e Caligrafia de Yang Shanshen doadas à Colecção do MAM por Lei Loi Tak e Lao Ngai Leong”.

O MAM tem também a “Exposição de Cerâmicas de Shiwan da Colecção do MAM” e “Retratos e Bustos por Tam Chi Sang doados ao Museu de Arte de Macau”. Está também prevista a instalação de um expositor sobre os trabalhos de “Colectivo YiiMa: Alegoria dos Sonhos”.

Por sua vez, a “Exposição de Ofertas da Transferência de Soberania” encontra-se permanentemente patente no Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania.

17 Mai 2022

Actividade económica da China afunda face a medidas de combate à covid-19

A actividade económica da China contraiu fortemente em abril, face às duras restrições impostas pelas autoridades do país para conter surtos de covid-19, segundo dados divulgados hoje pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE).

A produção industrial registou uma queda homóloga de 2,9%, surpreendendo os analistas, que esperavam um ligeiro avanço de 0,4% no quarto mês do ano. Face ao mês anterior, a produção industrial chinesa caiu 7,08%, destacou o GNE. O setor automóvel registou a maior contração (-43,5%).

Tommy Wu, analista da consultora Oxford Economics, assegurou que a contração da atividade económica na China, em abril, foi a mais severa, desde o primeiro trimestre de 2020, quando o país enfrentou o primeiro surto do coronavírus.

“O bloqueio prolongado de Xangai e o seu efeito cascata na China, combinados com atrasos logísticos, devido ao bloqueio de estradas em partes do país, afetaram severamente as cadeias de fornecimento domésticas”, explicou o especialista.

As vendas a retalho, o principal indicador do consumo doméstico, que já tinha contraído em março, caiu 11,1%, em termos homólogos, em abril, ultrapassando a previsões dos analistas, que apontavam uma queda de 6,6%.

O consumo tinha já contraído 3,5% em março. O valor acumulado para 2022 cai assim para -0,2%, em relação ao mesmo período do ano passado.

A agência de estatísticas não divulgou a evolução homóloga dos activos fixos, em abril, mas antes uma comparação intermensal, que revelou uma contração de 0,82%. O sector imobiliário também sofreu, com uma queda de 2,7%, nos primeiros quatro meses do ano.

O desemprego nas áreas urbanas continuou a sofrer com a situação actual e subiu 0,3%, em abril, para 6,1%, uma taxa superior à que Pequim estipulou como limite para este ano (5,5%).

Os dados ilustram o crescente custo económico da estratégia de ‘zero casos’ da China, que procurou extinguir a doença por meio de bloqueios, testes em massa e isolamento de todos os infectados em centros de quarentena. A eliminação de infeções é uma prioridade para o Presidente, Xi Jinping, que procura obter um terceiro mandato este ano.

Nos últimos dois meses, dezenas de cidades e centenas de milhões de pessoas em toda a China foram colocadas sob bloqueios totais ou parciais, como parte de uma política que deve ter profundas ramificações para as cadeias de fornecimento globais.

O GNE assegurou que o “impacto de um ambiente internacional cada vez mais preocupante e complexo e de uma maior perturbação doméstica, devido à pandemia da covid-19, superou obviamente as expectativas”.

Apesar da “crescente pressão negativa” para a economia chinesa, a instituição garantiu que a “tendência geral de desenvolvimento de qualidade” mantém-se intacta e que as medidas adoptadas pelas autoridades vão fazer com que as contas nacionais “estabilizem” e “recuperem”.

Wu acredita que as interrupções económicas podem durar até junho, e que a retomada da actividade vai ser “muito gradual” no início, não prevendo uma recuperação realmente significativa até ao segundo semestre.

16 Mai 2022

Óbito | Morreu o escritor e jornalista Fernando Sobral, colaborador do HM 

Fernando Sobral morreu sexta-feira vítima de doença prolongada. Jornalista desde os anos 80, publicou vários romances sobre Macau e era colaborador regular do HM. Uma das últimas histórias, publicada em capítulos, foi “A Grande Dama do Chá”

 

“O Oriente é a minha estrela polar. Guia-me, há muito. E, talvez por isso, alguns dos meus livros têm a ver directamente com esse mundo, para mim fascinante.” A frase pertence a Fernando Sobral, escritor e jornalista falecido na última sexta-feira, vítima de doença prolongada.

Em 2017, em entrevista ao HM, o autor falava sobre “O Silêncio dos Céus”, o romance editado pela Livros do Oriente que contava a história de Diogo Inácio, um homem que sonha com a independência de Macau do reino português, buscando, ao mesmo tempo, a vingança em relação à mulher que o abandonou.

Colaborador regular do HM, uma das histórias que escreveu para este jornal, em capítulos, foi “A Grande Dama do Chá”, em 2019, e que seria editada em livro pela Arranha-Céus no ano seguinte. Esta é uma história centrada em Macau, em vésperas da II Guerra Mundial, conjugando espionagem, música e paixão. Além disso, era colaborador d’O Jornal Económico.

Nascido no Barreiro, em 1960, Fernando Sobral iniciou a sua carreira na imprensa, na década de 1980, quando era ainda aluno da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, destacando-se desde logo em publicações como o antigo suplemento DN/Jovem, do Diário de Notícias.

Ao longo de quase 40 anos, o seu nome esteve associado a jornais como Semanário, O Independente, Diário Económico, Se7e e Jornal de Negócios, onde foi grande repórter e autor da coluna “O Pulo do Gato”, sobre actualidade política, e da página temática “Oriente”, sobre a Ásia e o Médio Oriente. No Jornal Económico assinava, desde o ano passado, a coluna “Sociedade Recreativa”, que juntou a uma outra, anterior, sobre relógios, no caderno Et Cetera, onde publicou, esta semana, o último texto. Em 2020-21, assinou igualmente uma coluna de opinião no jornal Público.

Durante a sua carreira, foi também colaborador de revistas como Ler, Máxima e Sábado, e ainda do jornal Correio da Manhã, onde assinou opinião sobre desporto.

Os livros

“As Jóias de Goa”, “Ela Cantava Fados”, “Na Pista da Dança”, “O Navio do Ópio”, “Torre de Papel”, “O Silêncio dos Céus”, “L.Ville”, “O Segredo do Hidroavião”, “Os Anos Sócrates – o grande jogo da política portuguesa” e “Futebol – o estádio global” são outros dos títulos em nome próprio, escritos desde o final dos anos 1990.

Em co-autoria, escreveu ainda “Alfredo da Silva, a CUF e o Barreiro”, com Agostinho Leite e Elisabete de Sá, “Os Mais Poderosos da Economia Portuguesa” e “A Teia do Poder”, com Pedro Santos Guerreiro, e “Barings, a história do banco britânico que salvou Portugal”, com Paula Alexandra Cordeiro. Sobre o seu desaparecimento, Pedro Santos Guerreiro escreveu nas redes sociais: “Ele cantava fados. E agora o mundo não tem última página”.

Em 1986, Fernando Sobral foi um dos nomes fundadores da Rádio Universidade Tejo, da Academia de Lisboa, trabalhando mais tarde na antiga Correio da Manhã Rádio, privilegiando sempre a abordagem de temas de arte e cultura e, em particular, a divulgação de novas tendências musicais. Foi também um dos fundadores da antiga Rádio Sul e Sueste, estação local do Barreiro, sua terra natal.

Na televisão, foi colaborador regular de programas dedicados à música e à literatura, como “Escrita em Dia”, na SIC, e “Ler para Crer”, na RTP. “O nosso maior défice é o das ideias”, afirmou numa das derradeiras colunas que escreveu, no Público, em Junho de 2021, referindo-se a Portugal, para acrescentar de seguida: “Na nossa elite política, ninguém acredita que a cultura e o conhecimento continuam a ser importantes para a sociedade em geral e para se perceber a política global”.

Há uma semana, n’O Jornal Económico, Fernando Sobral escreveu: “O horizonte dá as respostas: a crise vai chegar e com muita força. Há um Adamastor à nossa espera”.

16 Mai 2022

Exibicionismo | Detido por expor órgão sexual a estudante

A Polícia Judiciária (PJ) deteve um residente de 65 anos que alegadamente terá exibido os órgãos genitais em plena via pública, a uma estudante que circulava na Avenida Doutor Mário Soares pelas 21h do passado dia 8 de Maio.

De acordo com o jornal Cheng Pou, o caso aconteceu quando o homem decidiu abordar a estudante para lhe pedir indicações e, dado estar a usar uns calções largos, levantou a perna direita ao nível da cintura, expondo o órgão sexual.

Assustada, a vítima fugiu e apresentou queixa à polícia, que viria mais tarde a interceptar o homem com recurso a câmaras de videovigilância.

Durante o interrogatório, o homem negou ter exibido intencionalmente o seu órgão sexual, alegando ter sido importunado por uma comichão inadiável naquela zona do corpo e que, por isso, se viu forçado a levantar a perna. O caso seguiu para o Ministério Público onde o suspeito irá responder pela prática do crime de actos exibicionistas, pelo qual pode vir a ser punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa até 120 dias.

16 Mai 2022

Covid-19 | Coreia do Norte anuncia 21 novas mortes enquanto luta contra contágios

A Coreia do Norte anunciou no sábado 21 novas mortes e mais 174.440 pessoas com sintomas de febre, numa altura em que o país luta contra a propagação da covid-19.

As mortes e os novos casos, referentes a sexta-feira, elevam o número total de óbitos para 27 e de pessoas com sintomas para 524.440, desde o início de um surto de febre no país, no fim de abril.

Pyongyang disse que 243.630 pessoas já recuperaram e 280.810 permanecem em quarentena, não especificando quantos casos de febre e quantas mortes foram causadas por covid-19.

O país impôs um confinamento geral na quinta-feira, depois de confirmar as primeiras infeções pelo coronavírus SARS-CoV-2, desde o início da pandemia.

Numa reunião realizada no sábado, o líder Kim Jong-un descreveu o surto como uma “enorme perturbação” histórica, e apelou à unidade entre o governo e a população, para estabilizar a situação o mais rapidamente possível.

Peritos têm dito que uma falha no controlo da propagação da doença pode trazer consequências devastadoras para a Coreia do Norte, considerando o frágil sistema de saúde e o facto de grande parte dos 26 milhões de norte-coreanos não estarem vacinados, escreveu a agência de notícias Associated Press (AP).

Pyongyang rejeitou ofertas de vacinação da Organização Mundial da Saúde (OMS), da China e da Rússia.

Os ‘media’ oficiais apontaram, por sua vez, que amostras de vírus recolhidas no domingo de um número não especificado de pessoas com febre, na capital do país, confirmaram que estavam infetadas com a variante Ómicron. Apesar disso, até agora, a Coreia do Norte só confirmou uma morte relacionada com a covid-19.

O país relatou os primeiros casos de coronavírus na quinta-feira e, na sexta-feira, a agência oficial norte-coreana, KCNA, noticiou que Kim visitou a sede de prevenção de epidemias, onde “aprendeu sobre a disseminação do covid-19” no território, tendo indicado então que seis pessoas com uma “nova febre” tinham morrido no país.

A Coreia do Norte, que foi um dos primeiros países do mundo a fechar as fronteiras em janeiro de 2020, depois de o vírus ter surgido na vizinha China, há muito se orgulha da capacidade de manter o vírus sob controlo e, até agora, não havia relatado nenhum caso confirmado de covid-19 à OMS.

Um representante da OMS para a Coreia do Norte disse na sexta-feira que a organização ajudou Pyongyang a desenvolver um plano de vacinação no início deste ano. Na Coreia do Sul, o novo Governo do Presidente, Yoon Suk-yeol, ofereceu vacinas à Coreia do Norte, especificando, no entanto, não ainda discutido isso com Pyongyang.

15 Mai 2022

China renuncia à organização da Taça das Nações Asiáticas de futebol

A China renunciou à organização da Taça das Nações Asiáticas de futebol de 2023, devido ao aumento de casos de covid-19 no país, anunciou este sábado a Confederação Asiática de Futebol (AFC), em comunicado.

“Após conversações exaustivas com a Associação Chinesa de Futebol (CFA), a AFC foi oficialmente informada pela CFA de que não seria capaz de organizar a Taça das Nações Asiáticas de 2023. A AFC compreende as circunstâncias excecionais provocadas pela pandemia de covid-19, que levaram a esta renúncia da China”, refere o organismo.

Na mesma nota, a AFC remete para mais tarde qualquer anúncio sobre o anfitrião da próxima edição da Taça das Nações Asiáticas.

A organização da edição de 2023 tinha sido atribuída à China em junho de 2019, sendo que a competição deveria disputar-se em 10 cidades chinesas, entre 16 de junho e 16 de julho do próximo ano.

Uma nova vaga de casos de infeção com o coronavírus na China levou ao confinamento dos 25 milhões de habitantes em Xangai desde abril, originando igualmente o cancelamento de vários eventos desportivos no país, como foram os casos das duas etapas chineses da Liga Diamante de atletismo, o Grande Prémio de Xangai de Fórmula 1 ou os torneios de ténis do circuito ATP.

15 Mai 2022

Ucrânia | Familiares de combatentes de Azovstal pedem ajuda a Xi Jinping

Familiares dos combatentes ucranianos cercados há semanas na fábrica de Azovstal, última bolsa de resistência às forças russas no porto estratégico de Marioupol, lançaram este sábado um apelo ao Presidente chinês, Xi Jinping, pedindo-lhe ajuda na evacuação.

“Há no mundo uma pessoa a quem Putin teria dificuldades em dizer não. Estamos confiantes de que a China, forte e nobre, pode tomar decisões difíceis por uma boa causa”, disse, numa conferência de imprensa em Kiev, Natalia Zarytska, mulher de um dos combatentes.

Zarytska apelou por isso a Xi Jinping para que dê provas “de uma grande sabedoria oriental e trabalhe para salvar os defensores de Marioupol”.

Numa sala com uma fotografia de Xi Jinping pendurada, a mulher citou mensagens enviadas pelo seu marido e afirmou que os russos estão a atrasar as coisas deliberadamente para prolongar “a tortura” dos combatentes.

Cerca de mil soldados ucranianos ainda nas galerias subterrâneas desta enorme siderurgia, 600 dos quais estão feridos, segundo um dos seus comandantes, são alvo de “tiros de todos os tipos de armas possíveis, desde o mar, do solo e do ar, incluindo armas proibidas”, acrescentou Zarytska.

“Não é guerra, é massacre”, afirmou.

Stavr Vychniak, pai de um soldado em Azovstal, reiterou, na mesma conferência de imprensa, que só há “um único homem no mundo” a quem podem recorrer: o líder chinês.

“Apelamos ao Presidente Xi para que tome as medidas necessárias para retirar [os combatentes], para se apresentar como mediador”, disse.

Parceiro diplomático próximo de Moscovo, Pequim está constrangido pela invasão russa da Ucrânia, mas até agora recusou-se a condená-la.

Há dias que os familiares de combatentes de Azovstal lançam pedidos de ajuda, nomeadamente à Turquia, aos Estados Unidos, ao Papa e agora à China.

O Presidente ucraniano, Volodymr Zelensky, confirmou na sexta-feira que estão em curso “negociações muito difíceis” para retirar os soldados gravemente feridos e o pessoal médico da fábrica.

A vice-primeira-ministra ucraniana Iryna Verechtchouk disse na quinta-feira que Kiev negoceia com Moscovo a retirada de “38 combatentes gravemente feridos”.

“Avançamos passo a passo. (…) Não há neste momento conversações sobre a libertação de 500 a 600 pessoas”, acrescentou.

Mulheres, crianças e idosos que se tinham refugiado em Azovstal foram retirados no final de abril graças a uma operação coordenada pelas Nações Unidas e o Comité Internacional da Cruz Vermelha.

15 Mai 2022

Xangai anuncia reabertura gradual do comércio

Xangai vai reabrir gradualmente o comércio a partir de segunda-feira, após semanas de um rigoroso confinamento da capital económica chinesa devido a um surto de covid-19, anunciaram as autoridades.

Centros comerciais e supermercados vão retomar a atividade e permitir aos clientes fazerem compras de forma ordenada, revelou hoje, em conferência de imprensa, o vice-presidente da Câmara de Xangai Chen Tong, citado pelo CGTN, canal em língua inglesa da estação estatal CCTV.

Por outro lado, cabeleireiros e mercados de vegetais vão abrir com uma capacidade limitada, informou o responsável.

A reabertura surge numa altura em que o número de casos de infeções de covid-19 em Xangai tem vindo a diminuir, com 1.369 novos casos positivos anunciados hoje, contra mais de 25 mil no final do mês passado.

Um surto de covid-19 em Xangai, no leste da China, levou as autoridades chinesas a impor, no final de março, um confinamento da cidade, com cerca de 25 milhões de habitantes.

Os moradores ficaram sem acesso a comida e necessidades diárias, face ao encerramento de supermercados e farmácias, e dezenas de milhares de pessoas foram colocadas em centros de quarentena.

O Governo chinês continua a implementar uma estratégia de ‘tolerância zero’ à doença, que inclui o isolamento dos casos positivos e o bloqueio de cidades.

O Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu, no início de maio, que as duras medidas antiepidémicas impostas em Xangai “vão resistir ao teste do tempo” e prometeu combater qualquer tentativa de “distorcer, questionar e desafiar” a política de ‘zero covid’.

15 Mai 2022

Timor-Leste/20 anos: Os ‘veteranos’ portugueses há duas décadas no país

Reportagem de António Sampaio com imagens de António Cotrim, da Agência Lusa

Praticamente desde o referendo em que os timorenses escolheram a independência, em 1999, que uma pequena comunidade portuguesa, de dimensão variável ao longo dos tempos, se instalou permanentemente em Timor-Leste.

Inicialmente dominada por elementos ligados a várias facetas da cooperação portuguesa, a comunidade diversificou-se, apesar da constante presença de professores e assessores em várias áreas – da justiça à defesa.

Álvaro Antunes é um dos que vive há mais tempo em Timor-Leste, mesmo sem contar o período entre 1972 e 1975, em que esteve aqui destacado na polícia militar e se acabou por casar com a ex-deputada do PSD, Natália Carrascalão, hoje embaixadora timorense.

Regressou ao país a 27 de setembro de 1999, como um dos dois coordenadores da grande missão de cooperação inicial portuguesa e, desde aí, nunca mais saiu.

“Pediram-me para vir cá uma semana e a semana ainda não acabou”, recorda, relembrado o cheiro a queimado que encontrou quando aterrou em Díli uma semana depois da chegada da força internacional Interfet, enviada depois da violência pós-referendo.

A comunidade cresceu a chegada de emigrantes portugueses, hoje com pequenas empresas ou negócios em Timor-Leste, com jovens, em início de profissão ou ao abrigo de projetos a viajarem para o país e, depois a decidir ficar por cá.

De uma presença mais individual passou igualmente a evidenciar-se uma maior presença de famílias, algumas fruto de casamentos entre portugueses e timorenses.

Hoje, vários dos ‘veteranos’ portugueses fazem balanço dos primeiros 20 anos da vida do país em que decidiram viver e onde querem permanecer, sublinhando a relação especial que os timorenses ainda mantêm com Portugal, reconhecendo o muito que já foi feito, mas apontado o dedo a problemas que persistem em vários setores.

“Para alguém que tenha vindo em 1999 ou 2000 e se foi embora, se voltar agora vai ficar de boca aberta, não vai reconhecer isto, vai dizer que está uma maravilha”, explica Álvaro Antunes.

“Para quem vive cá, isto foi um bocadinho enfeitado, mas podia ter-se feito tanto mais. Em 20 anos pode fazer-se muita coisa, mesmo quando se tem pouco dinheiro. Não sei se é alguma inexperiência, falta de vivência de alguns líderes, da cúpula administrativa, a insularidade, que não ajuda muito”, sublinha.

Reconhece que para os mais velhos, do período da luta no mato contra a ocupação indonésia, pode ser difícil ter ideias do século 21 e nota que os mais jovens, até com formação no estrangeiro, “não são bem aproveitados”.

Falta de confiança na formação nas universidades locais, o peso da tradição em que só o liurai, o chefe tradicional, é que tinha as ideias que todos seguiam, são igualmente apontados como aspetos que condicionam o desenvolvimento.

Hoje empresário, no setor da hotelaria, nota as dificuldades de se fazer negócio, num mercado onde, em muitos casos, “há preços estapafúrdios” e falta de medidas adequadas do Governo para proteger ou apoiar empresas.

Falhanços no setor primário sem apoio a empresas que possam dar dimensão à agricultura, predominantemente de subsistência e uma ausência total de indústria a penalizarem a economia nacional.

“O comércio não precisa de tanta ajuda Tínhamos um comercio péssimo com preços altíssimos, dominado por alguns comerciantes indonésios e chineses timorense. A salvação do comercio para a população em geral foi a vinda dos comerciantes chineses. Passou a haver 10 ou 20 vezes mais lojas, 100 vezes maior variedade de produtos e a um preço que quem ganha centro e poucos dólares podem comprar”, afirmou.

Filipe Silva é outros dos mais antigos portugueses no país. Chegou a Timor-Leste em setembro de 2000 – conheceu a sua mulher, a Cândida, “nas filas das vacinas em Portugal” -, e vive “na mesma casa” há 15 anos, num bairro de Díli, com as duas filhas do casal.

Destaca as grandes mudanças em Díli, recordando a memória de quando chegou, com casas queimadas e destruídas e o contraste com a mais expandida capital – “houve uma explosão no número de pessoas a viver aqui” – e a maior oferta no retalho.

Uma das áreas onde destaca as carências é no setor educativo, com melhorias nas infraestruturas, mas carências de bons professores, com boa metodologia de ensino, agravada pelas carências na formação de docentes.

E, nesta área, sugere, por exemplo, a importância que poderia ter um projeto conjunto de cooperação da CPLP, virado em termos gerais para o setor educativo e apostando também na língua portuguesa.

Com a mais velha prestes a ir para universidade, Filipe Silva não pensa em sair de Timor-Leste: “já sou do meu bairro”, explica, “não penso na ideia de regressar”.

João Paulo Esperança, em Timor-Leste desde abril de 2001, casado com uma timorense e com quatro filhos (três nasceram aqui) e uma adotada, está para ficar, apesar de preocupações com o futuro.

“Esta é a minha casa. Sou um cidadão do mundo. Já sonhava vir para Timor-Leste antes da independência. Vim para cá, fiz família cá. A minha intenção é ficar por aqui até morrer”.

“Preocupa-me o futuro dos meus miúdos. O país vive com o dinheiro do petróleo que não sabemos quando vai terminar e não estou a ver que a economia se tenha desenvolvido para permitir que se possa viver bem em Timor-Leste sem o dinheiro do petróleo”, disse.

Fala de um contexto em que “há mais dinheiro, mas parece haver menos sonhos”, depois dos anos iniciais se pensar que as coisas em Timor-Leste poderiam ser feitas diferentes, aprendendo com erros noutras geografias.

“Hoje vejo mais desencanto, de pessoas que acham que alguns erros se deviam ter evitado, e que consideram que já passaram 20 anos algumas coisas poderiam estar a funcionar melhor, especialmente em áreas sociais, como a educação”, explicou.

As infraestruturas melhoraram, Díli cresceu imenso, mas na educação, por exemplo, o sistema “não esta a preparar os alunos para os desafios necessários”, com “miúdos que chegam ao pré-secundário e mal sabem ler e escrever”.

Melhorias na saúde, com mais médicos que nunca, mas que depois têm que trabalhar “hospitais sem material, equipamento, medicamentos, equipamento de diagnóstico”, com o hospital nacional em Díli, a continuar a ser “um desastre”.

A população jovem, distante da luta contra ocupação, e “cuja realidade do dia a dia tem a ver com outras dificuldades, nomeadamente arranjar emprego”, apesar das lideranças políticas vincarem, muitas vezes, “as questões da resistência”.

Considera haver falta de consciência crítica, em parte devido uma herança educativa herdada do período indonésio, e que educa jovens “que não conseguem articular os problemas que têm e pensar em soluções”.

15 Mai 2022

Timor-Leste / 20 anos | O quase desconhecido impacto da cooperação social portuguesa

Reportagem de António Sampaio com fotografias de António Cotrim, da Agência Lusa

 

O caminho de terra castanha da entrada contrasta com as cores que decoram as paredes do recinto principal do Centro Social de Nª Sr.ª de Fátima, um dos mais de 30 projetos sociais apoiados pela cooperação portuguesa em Timor-Leste.

No espaço ouve-se o som de música e as vozes de dezenas de crianças que ao ritmo compassado de palmas estão nas várias salas de aula do ATL, instalado ao lado da igreja de Padiae, perto da nova estrada alcatroada que une a capital do enclave de Oecusse-Ambeno à zona de Tono, no sul.

O projeto nasceu em 2002, iniciativa da congregação das Irmãs Franciscanas da Divina Providência que decidiram criar aqui, ainda hoje uma das zonas mais isoladas do país, um centro de acolhimento e apoio a crianças.

“Começamos com 37 crianças, as mais carenciadas, que não tinham pais ou quem os ajudasse a continuar o estudo. Hoje já temos 320”, explica a irmã timorense Mariana da Costa Araújo, rodeada de dezenas de crianças, de todas as idades.

Praticamente desde o início que o projeto contou com o apoio da cooperação portuguesa a que se juntou, mais tarde, o Ministério da Solidariedade Social e Inclusão, e hoje o centro de Padiae é um dos melhores exemplos do grande impacto da cooperação portuguesa no país.

Entre 2002 e 2021 a cooperação do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social português canalizou para Timor-Leste mais de 19 milhões de dólares para mais de 30 projetos e iniciativas em todo o país.

Centradas em particular no combate à pobreza, as iniciativas incluíram apoio a duas dezenas de equipamentos, beneficiando no total quase 30 mil pessoas anualmente.

Entre as extensas áreas abrangidas contam-se apoio socioeducativo de crianças e jovens, apoio alimentar, formação, apoio social à educação, saúde, apoio domiciliário, língua e bibliotecas, internatos, alfabetização de adultos e animação comunitária e apoio a populações vulneráveis, incluindo doentes com tuberculose e HIV.

O espaço de Padiae funciona como um ATL, acolhendo as crianças nos turnos em que não estão na escola.

“Quem tem escola de manhã, vêm para aqui à tarde. Os que têm escola à tarde ficam aqui de manhã e depois o nosso autocarro leva-os às várias escolas. Apoiamos com três refeições por dia, pequeno-almoço, almoço e merenda”, refere Mariana Araújo.

“Vejo as crianças ao nosso cuidado, que têm acesso a refeições melhores. E podem ver que eles estão bem alimentados. Temos muita atenção na alimentação porque quando as crianças andam na escola, sem alimentação razoável, isso não ajuda a aprender”, vinca.

O plano educativo – sob o mote “crescer na estatura, sabedoria e graça com Jesus” – abrange várias atividades, “a língua portuguesa acima de tudo, matemática, expressão plástica e música”.

Há atividades para crianças entre o primeiro e o 12º ano e até apoio para jovens que vão com bolsas estudar para Portugal ou a quem o centro aluga casa em Díli para estudarem na capital.

“Entre os medidos alguns foram tirar cursos em Portugal com bolsas de estudo, e outros no Brasil ou Moçambique, apoiados por padrinhos e que agora estão a trabalhar em Timor. Digo aos meninos: comeram aqui os vossos pratos, por isso têm que regressar para trabalhar em Timor”, refere a irmã.

A ligação a Portugal é evidente nas canções em língua portuguesa que as crianças ensaiam nas salas de aula – todo o complexo está em excelentes condições, fruto de limpeza e manutenção regular – mas também no exterior.

No recinto desportivo, as tabelas de uma quadra de basquetebol têm as bandeiras de Timor-Leste e Portugal, com as paredes decoradas com bonecos infantis a segurarem as bandeiras dos dois países.

Ao longo de uma das alas, pinturas dos rostos de alguns dos líderes históricos timorenses e também do padre João Felgueiras, hoje com mais de 100 anos e o português a viver há mais tempo no país.

Ao lado de cada uma das imagens, uma frase em defesa da língua portuguesa e da sua importância histórica para o país, incluindo o primeiro Presidente, Nicolau Lobato, Xanana Gusmão, Mari Alkatiri e José Ramos-Horta.

“O ensino da língua portuguesa em Timor é uma atividade que brota mais da alma e da vontade do povo do que qualquer outra iniciativa”, lê-se ao lado da imagem com o busto de João Felgueiras.

“Sem a língua portuguesa Timor seria um eterno escravo da cultura javanesa”, a frase de Xanana Gusmão, boné da resistência e camuflado, praticamente ao lado de outra do líder histórico, ‘à civil’ e montado numa mota: “Somos a meta de uma das 13 mil ilhas da Indonésia e só somos diferentes porque a nossa língua é o português”.

Numa das paredes está o retrato de Mari Alkatiri e uma das suas frases históricas sobre o português: “a interação entre a língua portuguesa, o tétum e a fé levou ao nascimento da nação timorense”.

15 Mai 2022

Rússia é “ameaça mais direta” à ordem mundial, diz von der Leyen no Japão

A Rússia é a “ameaça mais direta” à ordem internacional, devido à invasão da Ucrânia, declarou hoje a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Tóquio para participar na 28.ª cimeira UE-Japão.

Moscovo “é hoje a ameaça mais direta à ordem mundial com a guerra bárbara contra a Ucrânia e o perturbador pacto com a China”, disse Von der Leyen, depois de um encontro com o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, na presença do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

Nesta 28.ª cimeira, os dois lados comprometeram-se a reforçar a cooperação para aplicar “fortes sanções” à Rússia, na sequência da invasão na Ucrânia, e a levar à justiça os responsáveis pelos “crimes de guerra” cometidos no conflito.

Os líderes do Japão e da Europa deixaram ainda uma mensagem à China, de defesa de um “Indo-Pacífico livre e aberto” contra a ascensão militar de Pequim na região.

O Indo-Pacífico “é uma região cada vez mais próspera, mas com tensões crescentes”, destacou Von der Leyen, assinalando, em particular, os contínuos testes de armamento da Coreia do Norte e o elevado perfil militar da China.

A UE procura ter “um papel mais ativo” e “mais responsabilidade” numa região que considera “vital para a sua prosperidade”, acrescentou.

Kishida disse, por sua vez, que tanto o Japão como a UE “discutirão em conjunto quaisquer tentativas de alterar o ‘status quo’, ou de coerção económica” na região, com vista a promover um Indo-Pacífico “livre e aberto”.

12 Mai 2022

Cardeal pró-democracia detido em Hong Kong libertado sob caução

Um cardeal católico pró-democracia detido na terça-feira à noite em Hong Kong ao abrigo da lei sobre a segurança nacional foi libertado sob caução algumas horas depois pelas autoridades pró-Pequim do território, noticiou hoje a imprensa local.

O cardeal Joseph Zen, de 90 anos, bispo emérito de Hong Kong, surge saudando os jornalistas num vídeo divulgado na rede social Twitter, no momento em que sai de uma esquadra da polícia do bairro de Chai Wan. A cantora Denise Ho, detida ao mesmo tempo que ele, foi igualmente libertada sob fiança, segundo um órgão de comunicação social local.

O Vaticano tinha expressado hoje “preocupação” pela detenção de Joseph Zen, conhecido partidário do movimento pró-democrático.

“A Santa Sé tomou conhecimento da detenção do cardeal Zen com preocupação e acompanha muito de perto a evolução da situação”, disse o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, num curto comunicado emitido “em resposta às perguntas dos jornalistas”.

A Casa Branca tinha também já apelado para a libertação imediata pelas autoridades chinesas das figuras pró-democracia detidas em Hong Kong, entre as quais o cardeal emérito Joseph Zen.

“Os Estados Unidos exortam a China e Hong Kong a libertar imediatamente os [ativistas] injustamente detidos e acusados, como o cardeal Joseph Zen”, declarou a porta-voz adjunta da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, numa conferência de imprensa.

Zen foi detido na noite passada pela polícia, noticiou a agência católica Asianews, citando fontes locais e vários meios de comunicação de Hong Kong, segundo os quais a detenção “estava relacionada com a gestão do Fundo 612”, uma organização de beneficência que, até ao seu encerramento, ajudou milhares de manifestantes pró-democracia envolvidos nos protestos de 2019.

As autoridades detiveram-no juntamente com outros promotores do fundo, que deixou de funcionar em outubro do ano passado, entre os quais a conhecida advogada Margaret Ng, o académico Hui Po-keung e a cantautora Denise Ho, indicou o órgão de comunicação católico.

“Aparentemente, a investigação das forças da ordem centra-se em se o Fundo 612 ‘conspirou’ com forças estrangeiras em violação da draconiana lei de segurança nacional imposta por Pequim no verão de 2020”, afirmou, acrescentando que Zen “estava há muito tempo na mira do Governo chinês”.

O cardeal nonagenário criticou “o controlo que o Partido Comunista Chinês exerce sobre as comunidades religiosas”, além de condenar “a retirada de cruzes do exterior das igrejas na China e de ter celebrado, ao longo dos anos, missas em memória dos mártires de Tiananmen, em Pequim: os jovens massacrados pelas autoridades a 04 de junho de 1989 por exigirem liberdade e democracia”.

Segundo a mesma fonte, o cardeal Joseph Zen é igualmente contra o acordo entre o Vaticano e a China sobre a nomeação de bispos.

12 Mai 2022

Covid-19 | Líder da Coreia do Norte ordena confinamento no país

O dirigente da Coreia do Norte impôs um maior isolamento no país, devido ao primeiro caso de covid-19, desde o início da pandemia, há mais de dois anos, noticiou hoje a imprensa oficial.

Kim Jong-un “apelou a todas as cidades e concelhos do país para que fechem completamente os seus territórios e organizem o trabalho e a produção, depois de isolarem cada unidade de trabalho, unidade de produção e unidade habitacional”, sem contacto entre si, para bloquear a propagação do “vírus malicioso”, noticiou a agência estatal KCNA.

Depois de dois anos de luta contra a pandemia, amostras de testes de doentes com febre em Pyongyang “coincidem com a variante Ómicron BA.2”, indicou a KCNA.

Com o estado de “emergência máxima” e além de um controlo mais rigoroso das fronteiras e das medidas de confinamento, “o objetivo é eliminar a raiz o mais rapidamente possível”, disse Kim Jong-un, citado pela KCNA, durante uma reunião de emergência da comissão política do Partido dos Trabalhadores, no poder.

A Coreia do Norte fechou completamente as fronteira desde o início da pandemia, há mais de dois anos, sendo esta a primeira vez que o regime norte-coreano anuncia a presença da doença no país.

Um professor da Universidade Ewha, em Seul, Leif-Eric Easley disse à agência de notícias France-Presse que “para Pyongyang estar a admitir publicamente casos de Ómicron, a situação de saúde pública deve ser grave”

O ‘site’ especializado NK News, com sede na capital sul-coreana e que cita fontes em Pyongyang, avançou que alguns bairros da capital norte-coreana estiveram isolados durante dois dias, dando também conta de “corridas” aos supermercados e mercados.

De acordo com peritos, o sistema de saúde do país terá muitas dificuldades em responder a um surto, tanto mais que a Coreia do Norte não vacinou os 25 milhões de habitantes, por ter rejeitado as propostas de vacinação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Rússia.

Aceitar vacinas através do programa COVAX da OMS exige “transparência na forma como as vacinas são distribuídas” e “foi por isso que a Coreia do Norte rejeitou” a oferta, declarou o investigador Go Myong-hyun, do Instituo Asan de Estudos Políticos, ‘think tank’ independente e sem fins lucrativos, sediado em Seul.

De acordo com a OMS, a Coreia do Norte realizou, em 2020, 13.259 testes à covid, todos com resultado negativo.

12 Mai 2022

Hong Kong | Organizadores de vigília por Tiananmen acusados de serem “agentes estrangeiros”

Um tribunal de Hong Kong decidiu esta quarta-feira que os juízes procuradores podem designar os organizadores da vigília anual em memória do massacre de Tiananmen como “agentes estrangeiros”, sem precisar de referir para quem são acusados de trabalhar.

A decisão foi motivada por razões de segurança nacional, mas as pessoas visadas consideram que a situação dificulta a preparação da sua defesa, antes do julgamento.

Ao longo de 30 anos, a organização Aliança de Hong Kong, agora extinta, realizou uma vigília anual para homenagear as vítimas da repressão da Praça da Paz Celestial, em Pequim, em 1989. Estas comemorações foram proibidas desde a entrada em vigor em 2020 da lei de segurança nacional.

Depois de terem processado judicialmente a organização por “incitamento à subversão”, o que constitui uma ofensa à segurança nacional, as autoridades ordenaram que a direção da Aliança de Hong Kong entregasse dados sobre os seus membros, movimentos financeiros e ligações com o estrangeiro.

Para fundamentar o pedido, a polícia acusou a Aliança de Hong Kong de trabalhar como “agente estrangeiro”, retórica que remete para a afirmação de Pequim de que os protestos de Tiananmen foram fomentados por forças estrangeiras e não por um movimento popular.

A recusa em atender a esse pedido levou à prisão, no ano passado, de cinco líderes da organização, incluindo o vice-presidente Chow Hang-tung.

Durante as audiências preliminares, os advogados de defesa pediram aos procuradores que esclarecessem para quem os arguidos são acusados de trabalhar.

Contudo, o juiz Peter Law argumentou que “a divulgação total de todos os documentos sem dúvida resultaria num risco real de sérios danos à segurança nacional”.

De acordo com Albert Wong, advogado de defesa, a transparência é necessária porque o tribunal terá de determinar durante o julgamento se a Aliança era realmente um “agente estrangeiro”. O julgamento de três funcionários da Aliança, incluindo Chow, está previsto começar em 13 de julho.

12 Mai 2022

Ferdinand ‘Bongbong’ Marcos declara-se “presidente eleito” das Filipinas

Ferdinand ‘Bongbong’ Marcos, filho do ex-ditador Ferdinand Marcos declarou-se hoje vencedor das eleições presidenciais que se realizaram na passada segunda-feira nas Filipinas, apesar de ainda não serem conhecidos os resultados oficiais.

Numa conferência de imprensa hoje em Manila, Vic Rodríguez, o porta-voz de ‘Bongbong’ Marcos, disse que o candidato se declara “presidente eleito” e que Sara Duterte-Carpio, filha do anterior chefe de Estado Rodrigo Duterte, vai ser vice-presidente das Filipinas.

De acordo com os resultados provisórios, Marcos obteve 31 milhões de votos (mais de 56%), o dobro da adversária Leni Robredo, enquanto Duterte-Carpio alcançou os 31 milhões de votos.

A contagem dos votos é um processo lento nas Filipinas sendo que o resultado oficial só deve ser conhecido nas próximas semanas.

“Os filipinos falaram de forma decisiva: Ferdinand ‘Bongbong’ Marcos Júnior vai ser o 16.º presidente das Filipinas. Com números históricos, as pessoas usaram o voto para unir a nação. Esta é uma vitória para todos os filipinos e para a democracia”, indicou Rodríguez.

[Marcos] compromete-se a ser o presidente de todos os filipinas e a procurar consensos nas [atuais] divisões políticas e a trabalhar em conjunto para unir a nação”, disse o porta-voz.

“‘Bongbong’ tem interesse em trabalhar em todo o país, com parceiros e organizações internacionais para enfrentar os problemas críticos que a nação enfrenta e quer começar com soluções”, sublinhou Rodríguez.

Um dos primeiros atos públicos de Marcos após as eleições foi a visita ao túmulo do pai, sepultado no Cemitério dos Heróis de Manila, onde depositou flores.

As imagens da visita ao cemitério estão a ser divulgadas hoje através da conta oficial de ‘Bongbong’ Marcos na rede social Twitter.

A visita ocorre um dia depois de Marcos ter afirmado que vai trabalhar para todos os filipinos pedindo para que não sejam julgados os atos do passado.

“Não me julguem pelos meus antepassados mas sim pelas minhas ações”, disse Marcos através do porta-voz, Vic Rodríguez, num comunicado lido na noite de terça-feira.

O regime do pai, antigo ditador das Filipinas, provocou a morte de três mil pessoas em execuções extrajudicialmente e mandou torturar mais de 35 mil cidadãos.

Durante a ditadura (1965-1986), Ferdinand Marcos desfalcou o Estado em mais de 10 mil milhões de dólares.

Recentemente uma campanha de desinformação e propaganda que se prolongou durante os últimos anos tentou branquear o regime autoritário do ditador Ferdinand Marcos (1917-1989).

11 Mai 2022

OMS diz que estratégia de tolerância zero da China “não é sustentável”

A estratégia de tolerância zero à covid-19 da China “não é sustentável”, advertiu esta terça-feira o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), à medida que o país insiste em medidas cada vez mais severas para conter o vírus.

“Não achamos que a estratégia de ‘zero covid’ seja sustentável, considerando o comportamento atual do vírus e o que prevemos no futuro”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, em conferência de imprensa.

“Discutimos esta questão com especialistas chineses e indicamos que a abordagem não é sustentável (…) acho que uma mudança seria muito importante”, acrescentou.

O diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, disse também que está na altura de a China repensar a sua estratégia, defendendo que quaisquer medidas para combater a pandemia devem mostrar o “devido respeito pelos direitos individuais e humanos”.

“Precisamos equilibrar as medidas de controlo com o impacto na sociedade e na economia, e isso nem sempre é um equilíbrio fácil”, argumentou.

A China continua a praticar uma política de ‘tolerância zero’ à covid-19, que inclui o isolamento de cidades inteiras e a realização de testes em massa, sempre que um surto é detetado.

O isolamento de Xangai e de importantes cidades industriais como Changchun e Cantão, tiveram forte impacto nos setores serviços, manufatureiro e logístico.

Também Pequim, Suzhou, Shenzhen, Dongguan, que desempenham um importante papel na cadeia industrial do país, foram afetadas por medidas parciais ou totais de confinamento este ano. As reclamações sobre a inconveniência causada pelas medidas antiepidémicas aumentaram.

Um consultor português radicado na capital chinesa, que prefere não ser identificado, disse à Lusa ter recebido ordem para ficar em casa nos próximos 17 dias, após um morador no seu condomínio ter testado positivo.

O condomínio, situado na zona oeste de Pequim, é composto por 12 prédios e abriga mais de cinco mil pessoas. Todos os moradores vão ter que cumprir quarentena e serão sujeitos a seis rondas de testes.

Grades foram colocadas em torno dos edifícios, para impedir a saída dos moradores, segundo fotografias partilhas pelo consultor.

“Todos os prédios foram barricados, apesar de apenas num edifício existir um morador que testou positivo”, descreveu. “Isto faz algum sentido?”, questionou.

No final da semana passada, a China declarou novamente que iria continuar com a estratégia de medidas rígidas no combate ao vírus, considerada um “trunfo importante” do país contra a pandemia, apesar da frustração crescente em Xangai, onde vários residentes confinados vão protestando contra as regras, batendo com panelas e frigideiras nas janelas.

Incólume nos últimos dois anos pandémicos, o gigante asiático enfrenta agora o pior surto desde a primavera de 2020, tendo sido identificados hoje 357 novos casos positivos e seis mortes.

11 Mai 2022

Ferdinand Marcos Jr. com vitória esmagadora nas Filipinas, após 97% dos votos contados

Ferdinand Marcos Júnior, filho do antigo ditador com o mesmo nome, terá alcançado uma vitória esmagadora nas eleições presidenciais de segunda-feira nas Filipinas, segundo os resultados não oficiais divulgados esta terça-feira, já com 97% dos votos apurados.

“Bongbong” Marcos, como é conhecido, de 64 anos, teve mais 30,8 milhões de votos segundo os resultados não oficiais, citados pela agência Associated Press (AP).

O oponente mais próximo, a vice-presidente Leni Robredo, defensora dos direitos humanos, teve 14,7 milhões de votos, enquanto o pugilista Manny Pacquiao, deverá ser o terceiro mais votado, com 3,5 milhões.

Sara Duterte, filha mais velha do chefe de Estado cessante, tem também uma grande vantagem para a eleição para a vice-presidência, um escrutínio diferente e ao qual se apresentaram nove candidatos.

Nesta eleição de uma volta, um candidato só precisa de obter mais votos do que os seus rivais para vencer.

A confirmar-se a vitória, Marcos Jr., 64 anos, substituirá o controverso Rodrigo Duterte como Presidente das Filipinas por um único mandato de seis anos.

O pai do candidato, Ferdinand Marcos, foi deposto em 1986, após uma revolução popular pacífica que pôs fim a um regime corrupto e despótico de 21 anos. O antigo Presidente das Filipinas morreu em 1989, no Havai.

Com uma população de mais de 111 milhões de pessoas, maioritariamente católicas, a antiga colónia espanhola das Filipinas é um arquipélago do Sudeste Asiático com mais de 7.000 ilhas e ilhéus.

A aliança dos descendentes de líderes autoritários está a aumentar as preocupações dos ativistas dos direitos humanos.

Dezenas de manifestantes anti-Marcos reuniram-se na Comissão de Eleições, culpando o organismo pela avaria das máquinas de contagem de votos e outros problemas que impediram as pessoas de votar. As autoridades eleitorais asseguraram que o impacto das máquinas com defeito foi mínimo.

“Uma possível vitória com base em uma campanha construída em mentiras descaradas, distorções históricas e enganos em massa equivale a ludibriar seu caminho para a vitória”, realçou a organização Campanha Contra o Retorno de Marcos e a Lei Marcial.

A Amnistia Internacional manifestou profunda preocupação com a postura de Marcos Jr. e Sara Duterte em evitarem discussões sobre violações de direitos humanos, passadas e presentes, nas Filipinas. Já a Human Rights Watch pediu a Marcos Jr., caso assuma o cargo, para melhorar a situação dos direitos humanos nas Filipinas.

11 Mai 2022

Covid-19 | China corre risco de ter 1,6 milhões de mortos caso abandone medidas de prevenção, diz estudo

Um estudo da Universidade Fudan, em Xangai, apontou que a China corre o risco de registar cerca de 1,6 milhões de mortos, caso modere ou reduza as medidas de prevenção e controlo da covid-19.

O estudo, revisto por pares, e publicado na revista Nature, concluiu que a variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2, altamente contagiosa, ia sobrecarregar o sistema hospitalar do país, devido à baixa taxa de vacinação entre os idosos e menor eficácia das inoculações domésticas.

O modelo, desenvolvido em conjunto por especialistas chineses e norte-americanos, sugeriu que o surto causaria 112 milhões de casos sintomáticos, ou 80 casos por mil pessoas, com 2,7 milhões a necessitar de tratamento em cuidados intensivos.

Durante o pico, a procura de cuidados intensivos ia superar em 16 vezes a capacidade atual existente, de acordo com o modelo matemático usado para simular um hipotético surto de Ómicron na China, com base em dados da situação em Xangai (leste).

Os investigadores estimaram que pessoas não vacinadas, com mais de 60 anos, seriam responsáveis por três quartos (74,7%) das mortes, considerando que 52 milhões de pessoas nessa faixa etária não estavam totalmente vacinadas em meados de março.

No melhor cenário, em que todos os casos sintomáticos seriam tratados com o medicamento antiviral oral Paxlovid, desenvolvido pela farmacêutica Pfizer e aprovado na China, os internamentos e as mortes podiam ser reduzidos em quase 89%, acrescentaram.

Para diminuir o número de mortos para um nível comparável à contagem anual de mortes causadas pela gripe sazonal na China, em torno de 88 mil, os investigadores disseram que a adesão à vacina entre os idosos deve atingir 97%, e que mais de metade das infeções sintomáticas deve ser tratada com terapias antivirais.

“A longo prazo, melhorar a ventilação, fortalecer a capacidade dos cuidados intensivos e o desenvolvimento de novas vacinas altamente eficazes, com persistência imunológica a longo prazo, seriam as principais prioridades”, disse a equipa.

A China está a enfrentar o pior surto de covid-19 desde que conteve os primeiros casos da doença, em Wuhan (centro), em 2020. A campanha de vacinação em massa chinesa assentou nas vacinas desenvolvidas internamente pelas farmacêuticas Sinopharm e Sinovac.

Ambas as vacinas oferecem alguma proteção contra doença grave, hospitalização e morte, em caso de infeção pela variante Ómicron, de acordo com uma avaliação da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas têm taxas de eficácia mais baixas do que algumas inoculações utilizadas no resto do mundo.

11 Mai 2022

Lucros da japonesa Toyota aumentam 26,9% em 2021

A Toyota anunciou hoje lucros líquidos de 2,8 biliões de ienes no último ano fiscal, mais 26,9% comparativamente a 2021, devido a um aumento de vendas e cortes nos custos.

O fabricante de automóveis japonês registou um lucro operacional de 2,9 biliões de ienes, mais 36,3% do que no ano anterior, de acordo com os resultados para o período de abril de 2021 a março.

As receitas de vendas da empresa aumentaram 15,3% para 31,3 biliões de ienes, apesar das perturbações de produção relacionadas com a pandemia da covid-19.

11 Mai 2022