Hoje Macau China / ÁsiaInteligência Artificial | Pequim quer que IA reflicta valores socialistas A China quer que as ferramentas de inteligência artificial reflictam “valores socialistas fundamentais”, segundo um projecto de regulamento divulgado ontem, enquanto operadores chineses trabalham arduamente para conceber aplicações do tipo ChatGPT. A ferramenta norte-americana ChatGPT, lançada em Novembro de 2022 e capaz de elaborar, em segundos, respostas detalhadas sobre uma vasta gama de assuntos, está a ser observada com interesse na China. A interface não está disponível no país, mas o ChatGPT é objecto de inúmeros artigos e discussões nas redes sociais, e os gigantes tecnológicos locais estão a competir para conceber ferramentas equivalentes na China. O motor de busca Baidu foi um dos primeiros grupos chineses a posicionar-se neste nicho, a que se juntou o campeão da Internet e dos jogos de vídeo Tencent e o pioneiro do comércio electrónico Alibaba. No meio da euforia que rodeia a chamada inteligência artificial generativa, a China quer regular esta tecnologia. Antes de serem disponibilizados, os produtos que utilizam inteligência artificial generativa terão de “procurar uma inspecção de segurança”, segundo o projecto de regulamento da Administração do Ciberespaço da China, citado pela agência francesa AFP. O regulador, que está a submeter o texto para comentários públicos antes de ser adoptado, não especifica quando é que o regulamento entrará em vigor. O conteúdo gerado pela inteligência artificial deve “reflectir valores socialistas fundamentais e não deve conter [elementos relativos] à subversão do poder do Estado”, lê-se no projecto de regulamento. O projecto visa assegurar “o desenvolvimento saudável e a implementação ‘standard’ da tecnologia de inteligência artificial generativa”, de acordo com o regulador da Internet na China. Ganhar o futuro A China pretende tornar-se o líder mundial em inteligência artificial até 2030, o que deverá revolucionar uma série de sectores, incluindo as indústrias automóvel e médica. O motor de busca Baidu foi o primeiro no país a anunciar que estava a trabalhar num equivalente local ao ChatGPT. Apresentado à imprensa em Março, Ernie Bot, que opera em mandarim e se dirige exclusivamente ao mercado chinês, está actualmente apenas disponível em versão beta. O gigante retalhista ‘online’ Alibaba revelou ontem a sua versão, o “Tongyi Qianwen” (máquina que sabe tudo). Na corrida pela inteligência artificial, o principal desafio para os programadores chineses é o de encontrar um robô de conversação que tenha um bom desempenho, mas que não se afaste do rigoroso quadro de conteúdo permitido. A China acompanha de perto a Internet e os meios de comunicação no país, segundo a AFP. A China, que está na vanguarda da regulamentação de novas tecnologias, já no ano passado tinha pedido aos gigantes da Internet que revelassem os seus algoritmos. No coração da economia digital, os algoritmos servem de cérebro por detrás de muitas aplicações e serviços na Internet e são geralmente um segredo bem guardado.
Hoje Macau SociedadeTurismo | Associação Comercial de Macau quer mais TNR O presidente da Associação Comercial de Macau disse à Lusa esperar que o Governo facilite “sem demora” o processo de contratação de trabalhadores não-residentes (TNR), numa ocasião de retoma do sector do turismo. “Espera-se que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais [DSAL] flexibilize as quotas dos trabalhadores não-residentes sem demora, para que os empresários possam aproveitar as oportunidades decorrentes da recuperação do sector do turismo”, disse à Lusa o presidente da Associação Comercial de Macau, Frederico Ma Chi Ngai. A rígida política ‘zero covid’ adoptada durante a pandemia por Macau, tal como na China, teve um impacto severo na economia do território. Dados oficiais indicam uma perda de 41.626 mil trabalhadores não-residentes entre Dezembro de 2019 e Dezembro de 2022. Numa resposta enviada por email à Lusa, Ma Chi Ngai lamentou a “longa escassez de mão-de-obra”, citando dados da DSAL que dão conta de que “o número de trabalhadores não-residentes contratados em Fevereiro foi apenas mais 699” do que no final de Janeiro (mais 2.335 em relação ao mês anterior). Antes, o vice-presidente da Associação de Hotéis de Macau, Rutger Verschuren, tinha dito à Lusa que as unidades hoteleiras do território ainda não estão a funcionar a 100 por cento, com falta de funcionários “em departamentos operacionais, como na limpeza ou comidas e bebidas”. “Além de terem funcionários a fazerem horas extraordinárias”, constatou. Boas entradas No que diz respeito ao período de feriados da Páscoa, a Associação Comercial de Macau, organismo composto por empresários locais e próximo do Governo, saudou “a impressionante entrada de visitantes” no território, que se deveu “ao planeamento proactivo e eficaz das campanhas publicitárias do Governo”. Dados divulgados pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública indicam que, entre 05 e 10 de Abril, entraram em Macau 481.765 visitantes, um número superior ao da semana do ano novo lunar (451 mil pessoas), principal festividade chinesa, este ano entre 22 e 28 de Janeiro. Mas apesar dos resultados “muito bons”, Ma notou que os visitantes são provenientes “principalmente de Hong Kong e do interior da China”. “Precisamos observar a proporção de visitantes estrangeiros no futuro”, considerou. O presidente da Associação Comercial sugeriu ainda que o aeroporto do território, “além de aumentar o número de rotas”, pode também “estudar como fazer uso da capacidade complementar dos aeroportos de Hong Kong e das regiões vizinhas para aumentar a capacidade de Macau”. Isto para que a província chinesa vizinha de Guangdong, Hong Kong e Macau possam “cozinhar um bolo maior e promover uma parceria mutuamente benéfica”, disse.
Hoje Macau SociedadeHotéis com casinos continuam a atrair mais turistas Apesar dos apelos do Governo de Macau para diversificar a economia local, fortemente dependente do jogo, os hotéis com casinos foram os que atraíram mais turistas durante a Páscoa, de acordo com a Associação de Hotéis do território. “Podemos concluir que os hotéis com jogo estiveram quase lotados e aqueles que baixaram os preços tiveram uma taxa de ocupação de mais de 90 por cento ao longo de três dias”, disse o vice-presidente da Associação de Hotéis de Macau, Rutger Verschuren, referindo-se ao período entre sexta-feira e domingo. “A maior parte dos hotéis que não têm jogo não estavam cheios”, acrescentou Verschuren, indicando que a taxa de ocupação variou “entre 60 por cento e 80 por cento “. O responsável admitiu que os turistas que visitam Macau vêm para jogar, embora os resorts integrados com casinos tenham flexibilizado as regras, “de modo que mesmo turistas com pequenos registos de jogo possam usufruir de quartos complementares”, ou seja, quartos habitualmente oferecidos a clientes de quem se espera que gerem receitas de jogo. Uma tendência, aliás, que se mantém, ainda de acordo com o responsável, com os resorts integrados a “convidarem, como é habitual” durante os feriados e fins de semana prolongados “os seus clientes para jogarem” e “encherem agressivamente os quartos para aumentarem as receitas do jogo”. Mais promoções Apesar dos valores optimistas de entradas, o vice-presidente da associação referiu que uma “grande percentagem, bem mais de 50 por cento ” são pessoas que só passam apenas o dia em Macau. Para reverter esta tendência e “incentivar visitantes a pernoitar”, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) de Macau lançou, a partir de segunda-feira e até 30 de Junho, a segunda fase do programa que prevê descontos para residentes de Hong Kong na compra de bilhetes de autocarros ou de ‘ferries’. A promoção “compre um bilhete de ida e receba um de regresso” contempla agora visitantes internacionais, disse a DST em comunicado.
Hoje Macau SociedadeGuangdong | Residentes com acesso a cartão de benefícios sociais As autoridades de Guangdong alargaram o âmbito do cartão intitulado “Youyue”, criado em 2018 apenas para quadros qualificados estrangeiros que trabalham na província. Assim, a partir do dia 1 de Maio, os residentes de Macau e Hong Kong podem candidatar-se ao cartão que lhes dará os mesmos benefícios detidos pelos cidadãos chineses de Guangdong. Segundo um comunicado das autoridades de Guangdong, os benefícios incluem a criação de “corredores especiais” para tratamentos médicos e marcação de consultas em hospitais integrados neste programa, apoio em matéria de recursos humanos para casais e para os filhos que queiram prosseguir estudos na província. Como requisitos, os residentes que se candidatarem ao programa devem ter experiência profissional, dar contributos para o desenvolvimento económico e social de Guangdong e pagar há, pelo menos, seis meses, os impostos e as contribuições para o sistema de segurança social. Quem já assinou protocolos de cooperação com entidades de Guangdong pode candidatar-se, bem como aqueles que trabalham na província há mais de seis meses. Já foram emitidos, até à data, mais de três mil cartões “Youyue”.
Hoje Macau SociedadeCultura | Leong Sun Iok questiona sobre apoios O deputado Leong Sun Iok quer saber que planos tem o Governo para criar novos incentivos de desenvolvimento da cultura, após o forte impacto sentido com as políticas de zero casos de covid-19 e os cortes nos apoios do Executivo liderado por Ho Iat Seng. As questões vão ser colocadas na próxima sexta-feira, durante uma sessão de interpelações orais aos Executivo. Um dos assuntos abordados vai focar o protocolo entre a RAEM e o Ministério da Cultura e de Turismo do Interior para o estabelecimento de “uma base” em Macau. “Que trabalho vai ser feito ao nível do intercâmbio e da cooperação, de forma a reforçar o treino dos quadros qualificados na região? E como é que as autoridades do Interior vão cooperar com Macau, vai haver espaço para os artistas locais desenvolverem no Interior as suas actividades?”, questiona. Sobre o desenvolvimento da cultural local, Leong Sun Iok quer ainda saber como é que os artistas locais se vão poder enquadrar nos eventos não-jogo que as concessionárias de jogo estão obrigadas a desenvolver, com as novas concessões. “Qual é o conteúdo específico dos programas de artes e culturas entregues pelas concessionárias [durante o concurso público]?”, pergunta. “E como é que estes programas vão criar plataformas e oportunidades para os artistas locais poderem participar e desenvolver-se nestes sectores?”, interroga.
Hoje Macau China / ÁsiaPolémica | Dalai Lama pede desculpa por beijar criança na boca O líder espiritual tibetano, Dalai Lama, pediu ontem desculpas por causa de um vídeo em que aparece a beijar uma criança na boca, que se tornou viral nas redes sociais e provocou severas críticas. Num comunicado divulgado na sua página de Internet, o líder religioso de 87 anos lamentou o incidente e pediu “desculpa ao menino e à sua família, bem como aos seus muitos amigos em todo o mundo, pela dor que as suas palavras podem ter causado”. O incidente ocorreu durante uma reunião pública em Fevereiro, no templo Tsuglakhang em Dharamsala, onde mora o líder exilado. No vídeo, o Dalai Lama estava a responder a perguntas das pessoas presentes na cerimónia, quando o menino pediu para o abraçar. O Dalai Lama convidou o menino a subir à plataforma onde estava sentado, mostrando-lhe a bochecha, levando a criança a beijá-lo antes de o abraçar. Nessa altura, o Dalai Lama pediu ao menino para o beijar na boca e mostrou a língua. No vídeo, é possível ouvi-lo dizer à criança, “chupa-me a língua”, enquanto o menino também mostrava a própria língua e se inclinava na direcção do Dalai Lama, provocando risos na plateia. As imagens de vídeo tornaram-se virais nas redes sociais, provocando severas críticas contra o comportamento do líder religioso. “Sua Santidade costuma provocar as pessoas que conhece, de maneira inocente e brincalhona, mesmo em público e perante as câmaras”, diz o comunicado do Dalai Lama.
Hoje Macau PolíticaEnsino | Ho Iat Seng reuniu com membro da Academia Chinesa de Ciências O Chefe do Executivo encontrou-se ontem com o membro da Academia Chinesa de Ciências e presidente honorário do Instituto de Inteligência Artificial da Universidade Tsinghua, Zhang Bo. Em cima da mesa estiveram assuntos como o desenvolvimento da indústria de inteligência artificial em Macau, com Ho Iat Seng a referir que “a inteligência artificial será o principal caminho das futuras indústrias emergentes”. O líder do Governo local deu como exemplos do papel de base no crescimento da tecnologia de inteligência artificial trabalhos da Universidade de Macau, Universidade Politécnico de Macau e Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, onde foram desenvolvidos projectos académicos relacionados com autocarros autónomos, platafomas de tradução e sistemas de segurança. Ho Iat Seng sublinhou ainda a necessidade de Macau conseguir atrair mais quadros qualificados do Interior da China e do exterior para apoiar o seu desenvolvimento do sector na RAEM.
Hoje Macau VozesÉ a cultura, génios da lâmpada! A vista de Macron teve também uma forte componente cultural. Em Cantão, o presidente francês provou chá de Lingnan e assistiu a um espectáculo musical, no qual foi utilizado um guqin com 1267 anos. As trocas culturais foram um dos aspectos mais importantes da visita, já a pensar no ano seguinte que marca o 60º aniversário do estabelecimento de laços diplomáticos entre a China e a França. “Qual era o nome da música?”, perguntou o presidente francês perguntou depois de ouvir uma peça musical guqin chamada “Gao Shan Liu Shui” (High Mountains and Flowing Water) durante uma reunião com Xi Jinping, na sexta-feira. Feito da madeira de uma árvore guarda-sol chinesa (firminiana simplex), o guqin utilizado na actuação é um tesouro nacional da China. O instrumento chama-se Jiuxiao Huanpei (Pendente de Jade do Supremo Céu), e foi feito durante a dinastia Tang (618-907), com um valor estimado de 400 milhões de yuan (58,22 milhões de dólares). Na parte de trás do guqin está gravada uma caligrafia de Su Shi, um dos maiores literatos chineses da dinastia Song (960-1279). Xue Liyang, uma perita em instrumentos musicais, disse que o guqin é a “encarnação da antiga filosofia chinesa”, que está entrelaçada com os “valores chineses de elegância, verdade, benevolência e beleza”. “A actuação deu a pessoas de diferentes origens culturais um sabor da estética ideológica da China antiga”, observou Xue. “Altas Montanhas e Águas Correntes” tem um forte significado simbólico na cultura chinesa, uma vez que a melodia está intimamente ligada à história do guqinista Bo Ya e do lenhador Zhong Ziqi. Representa a “compreensão tácita e apreciação mútua entre duas pessoas na arte”, disse Xiao Shuming, um investigador cultural, ao Global Times. De acordo com a história, Bo Ya estava a tocar música quando foi ouvido por um lenhador que passava. Enquanto Bo Ya tocava uma peça para capturar a grandiosidade das altas montanhas, o lenhador comentou “Tão alto como o Monte Tai!” Bo Ya tocou então uma música no espírito da água corrente e Zhong exclamou: “Quão vastos são os rios e oceanos!” Bo Ya percebeu então que tinha conhecido alguém que o compreendia verdadeiramente. Diz-se que quando Zhong faleceu, Bo Ya partiu o seu instrumento, uma vez que sabia que nunca ninguém iria compreender a sua música como o seu amigo tinha entendido. A própria melodia foi dividida em duas partes, “High Mountains” e “Flowing Water”, após a dinastia Tang. Embora o presidente francês só tenha conseguido ouvir “Flowing Water” durante a actuação, isto mostra que “a China vê a França como um amigo com objectivos mútuos”, observou Xiao. A Macron foram também oferecidos dois tipos de chá Oolong e chá preto chinês durante a sua visita a Guangzhou. O sociólogo Chu Xin disse que os produtos culturais locais têm sido vistos há muito tempo como um meio “suave mas eficaz” de “estratégia diplomática” utilizada para aproximar os países. “As emoções e memórias dos seres humanos estão intimamente relacionadas com os seus gostos. Tais gostos locais mostram a imagem cultural autêntica e especial de um país”, observou Chu. Em 2019, Macron ofereceu à China uma garrafa de vinho Romanee Conti 1978 como presente para assinalar o aniversário do início da reforma da China e da sua abertura em 1978. “A China e a França são dois países que respeitam o desenvolvimento das humanidades e ambos somos bons a usar ‘empréstimos líricos’ para transmitir as esperanças nos nossos corações”, observou Xiao. O presidente francês também visitou a Universidade Sun Yat-sen em Cantão. Utilizando o cantonês local para cumprimentar estudantes, Macron acolheu uma sessão universitária para revelar as suas esperanças no intercâmbio China-França em campos como as humanidades, ciência e tecnologia. A ligação entre a Universidade chinesa de Yat-sen e a França foi estabelecida na década de 1920. Apoiado por pioneiros como Sun Yat-sen, o Institut Franco-Chinois de Lyon foi a única instituição de ensino superior da China estabelecida no estrangeiro. Funcionou de 1921 a 1950. Devido a esta ligação histórica, a universidade chinesa tornou-se a mais antiga no Sul da China a estabelecer a língua francesa como licenciatura. Realizou também programas de investigação em colaboração com mais de 30 universidades francesas. Macron disse esperar que mais jovens estudantes chineses aprendam francês e que os jovens franceses partilhem a mesma paixão pela civilização, cultura e língua chinesas. Acompanhado por figuras francesas como o director Jean-Jacques Annaud e Catherine Pégard, a presidente do Palácio de Versalhes, Macron encorajou um “diálogo intercultural de artes” mais forte entre a China e a França na cerimónia, afirmando que os dois países caminharão “de mãos dadas” para continuar diversas colaborações culturais em vários campos, tais como museus, arte e cinema para assinalar a “ocasião significativa” do 60º aniversário do estabelecimento de laços diplomáticos entre a China e a França em 2024. Para agradecer à China o seu caloroso acolhimento, o presidente francês apresentou como presentes duas fotografias de Marc Riboud, o pioneiro das artes francesas, que foi o primeiro fotógrafo ocidental a documentar a República Popular da China durante a década de 1950. “Historicamente, a civilização chinesa forneceu sabedoria asiática à Europa, especialmente durante o Iluminismo francês no século XVIII. A Revolução Francesa e a cultura francesa também tiveram um profundo impacto no processo de modernização da China”, disse Wang Xuebin, professor na Escola do Partido do Comité Central do CPC.
Hoje Macau China / ÁsiaVisita | Macron recebido com todas as honras, Ursula von der Leyden em tom muito menor Uma visita, duas atitudes. Emmanuel Macron trouxe consigo a presidente da Comissão Europeia, que Pequim praticamente ignorou, enquanto proporcionava ao presidente francês uma visita cheia de sucessos e com grande cobertura mediática. No fim, Macron distanciou-se das posições americanas face a Pequim e considerou que a Europa deve alcançar “autonomia estratégica” e tornar-se no “terceiro pólo” O presidente francês Emmanuel Macron recebeu o tratamento completo de tapete vermelho a semana passada em Pequim: foi-lhe oferecido um banquete estatal, foi saudado por desfiles militares, tiros de canhões na Praça Tiananmen e, quando o seu avião aterrou, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da China deu-lhe pessoalmente as boas-vindas. Já quando a Presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen chegou à China foi recebida pelo ministro da Ecologia, na saída regular de passageiros no aeroporto de Pequim. Durante os dias da visista, a agenda de Macron esteve sempre a transbordar, já a de Ursula von der Leyen foi minimal. Enquanto Macron assistia a um banquete de estado na quinta-feira à noite com o Presidente chinês Xi Jinping, von der Leyen dava uma conferência de imprensa na sede da própria delegação da UE. Enquanto os meios de comunicação social chineses relatavam a relação sino-francesa com notas positivas, demonizavam von der Leyen como um “fantoche americano”. A estratégia chinesa começou na quinta-feira, quando Xi desceu os degraus do Grande Salão do Povo para saudar o presidente francês com sorrisos e um aperto de mão. Abaixo de uma linha de bandeiras vermelhas, os dois líderes trocaram saudações com uma reunião que incluiu alguns dos conselheiros de Macron. Quem não estava presente era von der Leyen. Ela juntar-se-ia mais tarde às reuniões, subindo sozinha as escadas do Grande Salão. Convite falhado A decisão de Macron de convidar von der Leyen para a viagem pretendia ser uma demonstração da unidade europeia. Mas o resultado foi tudo menos isso. Embora os funcionários da Comissão antes da viagem tivessem salientado que von der Leyen seguiria um calendário diferente do presidente francês – e não participaria na sua visita de estado – o resultado foi desarticulado. Os meios de comunicação estatais chineses fizeram as suas opções. Na página inicial da agência Xinhua, grande parte do foco centrou-se inteiramente em torno de Macron e dos laços da China com a França, deixando a UE como um assunto quase invisível. Noutros meios de comunicação social, von der Leyen foi vilipendiada – um tema que se acelerou desde que o chefe da UE proferiu na semana passada um discurso relativamente agressivo sobre a China. “A viagem de Macron tem a expectativa de que a China dará um impulso à França … mas ao trazer von der Leyen, parece que falta um pouco de sinceridade a Macron”, lê-se num artigo publicado por uma plataforma de comunicação social afiliada ao Ministério da Defesa. E continua: “Von der Leyen, uma conhecida personalidade pró-EUA, vende a Europa para lucrar com os EUA, que não se poupa a esforços para empurrar a Europa a confrontar a Rússia. Conseguiu chegar à China apenas por se ter agarrado a Macron”. Vários comentadores com enormes seguidores nas plataformas de comunicação social chinesas dizem que a visita de von der Leyen foi realizada “com má fé”. “O seu objectivo está longe de ser simples”, de acordo com um comentador com um relato com um quarto de milhão de seguidores. “Os americanos podem tê-la encarregado de vigiar Macron”. Mas não foram apenas os comentadores chineses que apreenderam a discórdia projectada pelas comunicações desencontradas da viagem. As diferenças políticas de Macron e von der Leyen quando se trata da China – Macron, um líder ansioso por trabalhar com Pequim; von der Leyen, com uma perspectiva mais aguerrida – surgiu durante a visita. A necessária distância Horas depois de ter aterrado na China na quarta-feira, já o presidente francês se distanciava do discurso principal de von der Leyen na semana passada. Questionado sobre o assunto durante uma reunião com a imprensa, Macron recusou-se a comentar o discurso e, em vez disso, disse que a UE “tem uma estratégia que foi definida no Conselho Europeu; esta estratégia é clara e definida, e é essa que é a nossa referência”, retirando assim peso à Comissão Europeia e à sua presidente. Enquanto funcionários franceses sublinharam que Macron não estava interessado em levantar a questão de Taiwan com os seus anfitriões, von der Leyen discutiu o estatuto da ilha com Xi. “Ninguém deveria alterar unilateralmente o status quo pela força nesta região”, disse ela. “O uso da força para alterar o status quo é inaceitável e é importante que as tensões que possam ocorrer sejam resolvidas através do diálogo”. Ucrânia sem nuclear, obrigado Depois das conversações entre os presidentes, China e a França asseguraram apoiar “todos os esforços para restaurar a paz” na Ucrânia, ressalvando a sua oposição face a ataques armados contra centrais nucleares. A posição foi expressa num comunicado conjunto, citado pela agência Xinhua. Os dois países defenderam ainda a procura por “soluções construtivas, tendo por base o direito internacional, para os desafios e ameaças ao nível da segurança e estabilidade global”. Para Pequim e Paris, as disputas devem ser assim resolvidas “pacificamente e através do diálogo”. Na reunião com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, Macron disse saber que tem o apoio da China para “fazer a Rússia ver a razão e trazer todas as partes para a mesa de negociação”. O Presidente francês assinalou ainda que a “agressão da Rússia pôs fim a décadas de paz na Europa”, acrescentando estar confiante de que Pequim irá ajudá-lo a estabelecer as negociações tendo em vista “uma paz duradoura que respeite as fronteiras internacionalmente reconhecidas e evite” a escalada do conflito. Por sua vez, Xi Jinping afirmou que, em conjunto com França, exorta a comunidade internacional a evitar actos que agravem a crise. Os dois países vão ainda aprofundar o entendimento sobre as questões de segurança e fortalecer o diálogo entre as várias potências. Desde que o Presidente chinês se encontrou com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, para apresentar as suas propostas de paz, Macron é o segundo líder europeu a viajar para a China, depois do espanhol Pedro Sánchez. Autonomia estratégica Mas o grande resultado político da viagem de Macron a Pequim talvez possa ser resumido na recomendação do Presidente francês, Emmanuel Macron, segundo a qual a Europa deve estabelecer a sua própria “estratégia de autonomia” fora do padrão estabelecido pelos Estados Unidos e China, para evitar ser arrastada pelas tensões entre as duas potências. “O pior que pode acontecer é que os europeus acreditem que têm que se tornar seguidores e adaptar-se ao ritmo americano e às reações exageradas da China”, disse o chefe de Estado francês em entrevista ao jornal Les Echoes, publicada no regresso da sua visita à China. Macron fez essa consideração à luz das actuais tensões entre Estados Unidos, China e Taiwan, neste momento palco de um exercício militar chinês sobre um bloqueio à ilha, em retaliação à visita da líder da ilha, Tsai Ing Wen, aos Estados Unidos. “Por que devemos ir no ritmo escolhido por outros? Em algum momento, devemos perguntar-nos quais são os nossos próprios interesses”, afirmou. O Presidente francês explicou que a Europa pode acabar como uma “pinça” entre os Estados Unidos e a China se esse conflito se agravar. “À medida que o conflito entre este duopólio se acelera, não teremos tempo nem meios para financiar a nossa autonomia estratégica e ficaremos vassalos”, alertou. Em vez disso, Macron defende a transformação da Europa num “terceiro polo” internacional, embora tenha advertido que a sua construção levará um tempo que talvez não haja. “A autonomia estratégica deve ser a luta da Europa. Não queremos depender dos outros em questões críticas, porque no dia em que ficarmos sem margem de manobra em questões como energia, defesa, redes sociais ou inteligência artificial, o dia em que ficarmos sem a estrutura necessária sobre essas questões, ficaremos fora do ritmo da história”, concluiu. Na sexta-feira à tarde, Xi Jinping encontrou-se com Emmanuel Macron no Songyuan de Guangzhou, onde manteve uma reunião informal com o líder francês. Xi disse que nos últimos dois dias, os dois lados tiveram “intercâmbios aprofundados e de alta qualidade em Pequim e Guangzhou, que aumentaram a compreensão e a confiança mútua, e clarificaram a direcção para a futura cooperação entre a China e a França a nível bilateral e internacional”. “Estou satisfeito por partilharmos muitas opiniões comuns ou semelhantes sobre as relações China-França, China-UE, bem como muitas questões internacionais e regionais, reflectindo o elevado nível e a natureza estratégica das relações China-França”, disse Xi, observando que está disposto a continuar a manter a comunicação estratégica e a fazer avançar a parceria estratégica abrangente China-França para um nível mais elevado. Macron disse que a visita foi muito bem sucedida e produziu resultados frutuosos, que ajudarão a fazer avançar as relações França-China para um maior progresso. O líder francês disse estar disposto a manter uma comunicação estratégica estreita com Xi, e congratula-se com a visita de Xi a França em 2024. Os dois lados também divulgaram uma declaração conjunta na sexta-feira, prometendo reforçar os diálogos políticos e aumentar a confiança mútua política, promover conjuntamente a segurança e estabilidade globais, fazer avançar as trocas económicas e reiniciar os intercâmbios entre as pessoas e enfrentar conjuntamente os desafios globais. “A recepção de alto nível a Macron durante a sua visita mostrou a nossa cortesia diplomática e que os nossos actos correspondem às nossas palavras”, disse Cui Hongjian, director do Departamento de Estudos Europeus do Instituto de Estudos Internacionais da China. “A China valoriza a tradição de independência da França e o seu importante papel no avanço do mundo multipolar, e esse respeito foi sublinhado pela hospitalidade que recebeu na China”, disse Cui. “A visita não só resultou em negócios frutuosos nos domínios dos transportes, energia, agricultura, cultura e ciência, como também forneceu orientação para a futura direcção das relações China-França e China-UE, uma vez que os líderes de ambos os lados procuraram uma forma mais razoável de coexistir na era pós-pandémica e no meio da crise da Ucrânia, apesar das diferenças e competições”, afirmaram os especialistas. A cooperação continua a ser prioritária “É muito raro ver altos funcionários da UE a visitar a China no prazo de um mês (seguem-se Joseph Borrel, comissário para os Negócios Estrangeiros da UE e a MNE alemã), o que também mostrou que a Europa tem uma forte vontade de salvaguardar e desenvolver as suas relações com a China, embora haja algumas vozes diferentes dentro do bloco”, disse Cui, observando que é importante estabilizar as relações através dessas interacções de alto nível e redefinir alguns princípios de cooperação, transformando esses consensos em prática este ano. Durante a reunião de sexta-feira, Xi delineou o esforço de modernização da China e deu as boas-vindas ao lado francês para participar activamente na Feira de Cantão, na China International Import Expo e na Feira Internacional de Comércio de Serviços da China para explorar melhor o mercado chinês. “Embora haja cooperação e concorrência, existem diferenças essenciais entre as relações China-UE e China-EUA. A China e os EUA procuram a cooperação em rivalidade, mas a China e a UE precisam de lidar adequadamente com a sua concorrência em cooperação. A visita de Macron e von der Leyen enviou um sinal de que apesar do aumento da concorrência e das diferenças, a cooperação continua a ser a prioridade”, disse Wang Shuo, professor na Escola de Relações Internacionais da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim. “Ambos os lados esperam construir um ambiente externo relativamente favorável, que é a principal razão para se chegar ao consenso e ao acordo”, disse Wang. “As relações China-UE haviam sido prejudicadas pelo conflito Rússia-Ucrânia e pela questão de Taiwan, mas agora descartamos alguns mal-entendidos e dissipamos algumas preocupações durante as reuniões com os líderes europeus”, disse Wang Yiwei, director do Instituto de Assuntos Internacionais da Universidade Renmin da China.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA | “China pode conquistar Taiwan sem um só tiro” Os Estados Unidos advertiram ontem de que a China poderá conquistar Taiwan “sem um só tiro”, se o Kuomintang (Partido Nacionalista Chinês, PNC), vencer as eleições presidenciais taiwanesas de 13 de janeiro de 2024. “Aqui há um debate político com dois partidos diferentes: um partido quer falar com a China [o Kuomintang] e o partido da [actual] Presidente, Tsai Ing-Wen [o Partido Progressista Democrático, PPD], não quer ser parte da China”, afirmou o presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, o republicano Michael McCaul, numa entrevista à estação televisiva NBC, em resposta a uma pergunta sobre se a população de Taiwan quer um confronto militar. “Penso que as próximas eleições, em Janeiro, vão ser de enorme importância, porque creio que, como o ex-presidente Ma [Ying Heou, do Kuomintang] está neste momento na China, a China vai tentar influenciar essas eleições e conquistar a ilha sem disparar um só tiro”, sustentou McCaul, classificando o partido Kuomintang como pró-Pequim, o que provocou uma gargalhada geral entre especialistas e comentadores. O congressista republicano participa num périplo por Taiwan, Coreia do Sul e Japão, iniciado após o encontro entre o presidente da Câmara de Representantes, o também republicano Kevin McCarthy, e a Presidente taiwanesa, Tsai Ing-Wen, no Estado norte-americano da Califórnia, que tem sido alvo de protestos por parte de Pequim. Armas e mais armas O próprio McCaul se reuniu hoje com Tsai e sublinhou que “o que aconteceu em Hong Kong e a invasão russa da Ucrânia”, “abriram os olhos” à população de Taiwan que, por isso, está “muito nervosa”. O congressista norte-americano sublinhou, assim, que a capacidade militar de Taiwan “não está ao nível a que precisa de estar” para responder a uma possível invasão chinesa. “Não está ao nível a que precisam que esteja. Se vamos ter uma paz por dissuasão, necessitamos que as armas cheguem a Taiwan”, explicou McCaul, referindo-se ao fornecimento de armamento norte-americano acordado entre ambas as partes em dezembro. O Kuomintang tem defendido uma aproximação à China, embora rejeite ser favorável a Pequim: o partido frisou que existe a necessidade de “tentar reduzir a tensão no estreito [de Taiwan] para promover os interesses da população e que as partes possam iniciar uma nova era de forma amigável”. Trata-se do mesmo partido (o Kuomintang) que controlava o Governo chinês liderado por Chiang Kai-Shek e que foi derrotado na revolução maoista que culminou com a tomada do poder em 1949.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Norte | Xi quer reforçar laços bilaterais O Presidente chinês, Xi Jinping, transmitiu ao líder norte-coreano, Kim Jong-un, o seu desejo de reforçar a “orientação estratégica” dos laços bilaterais, noticiaram ontem os meios de comunicação estatais. Xi Jinping enviou esta mensagem através de uma carta em resposta às anteriores felicitações de Kim Jong-un, pela sua recente reeleição como presidente da China, segundo a agência estatal norte-coreana KCNA. O líder chinês “atribui grande importância às relações entre os dois partidos e os dois países, e manifestou o seu desejo de acelerar o desenvolvimento da causa socialista de ambos os países e de promover a paz regional, a estabilidade, o desenvolvimento e a prosperidade, através de um reforço da orientação estratégica das relações bilaterais”, de acordo com a KCNA. A mensagem do líder chinês foi transmitida pelo novo embaixador de Pequim na Coreia do Norte, Wang Yajun, que apresentou as suas credenciais esta semana. Wang Yajun tornou-se o primeiro diplomata a assumir o cargo naquele país isolado, desde que o regime impôs um rigoroso encerramento da fronteira em março de 2020 devido à pandemia. Especialistas acreditam que Pyongyang permitiu a entrada de Wang Yajun em situação excepcional, por Pequim ser o seu principal parceiro comercial e estratégico.
Hoje Macau China / ÁsiaNavio de guerra dos EUA no mar do Sul da China, Pequim denuncia “intrusão” Depois da visita da líder de Taiwan aos EUA, que motivou uma forte reacção chinesa, e de uma delegação do Congresso visitar Taipé, um navio de guerra americano passeia-se pelo Estreito. Pequim declarou esta presença como sendo “ilegal” A Marinha norte-americana anunciou ontem que um dos seus navios está a realizar uma operação no mar do Sul da China, com Pequim, em manobras militares em torno de Taiwan, a denunciar “a intrusão” do contratorpedeiro. “Esta operação de liberdade de navegação respeitou os direitos, liberdades e usos legais do mar”, disse a Marinha dos Estados Unidos, numa declaração, acrescentando que o USS Milius tinha passado perto das ilhas Spratly. O navio passou a menos de 12 milhas náuticas (22 quilómetros) do recife Mischief, reivindicado pela China. “O contratorpedeiro lança-mísseis USS Milius entrou ilegalmente nas águas adjacentes ao recife Meiji [nome oficial chinês para o recife Mischief] nas ilhas Nansha [nome chinês das Spratly] da China, sem a autorização do Governo chinês”, declarou o porta-voz do Comando do Teatro de Operações Sul do exército chinês Tian Junli. A força aérea chinesa “seguiu e vigiou o navio de guerra”, acrescentou em comunicado. A passagem deste navio de guerra norte-americano numa zona contestada ocorreu quando a China realiza pelo terceiro dia consecutivo exercícios militares em redor de Taiwan, em protesto contra uma visita aos EUA da líder da ilha, Tsai Ing-wen. A China disse ontem que mobilizou caças com “munição real” e o porta-aviões Shandong para executarem “ataques simulados” a alvos em Taiwan, após ter cercado o território com dezenas de aviões e navios de guerra. “Vários grupos de caças H-6K com munição real realizaram vários ataques simulados em alvos importantes na ilha de Taiwan”, informou o Comando do Teatro de Operações Oriental do Exército de Libertação Popular, especificando que o Shandong também “participou nos exercícios”. O exército chinês enviou dezenas de caças e 11 navios de guerra para próximo de Taiwan, na sequência do encontro entre a líder da ilha, Tsai Ing-wen, e o presidente da Câmara dos Representantes do Congresso norte-americano, Kevin McCarthy, informou o Ministério da Defesa de Taiwan. Os militares chineses anunciaram anteriormente “patrulhas de prontidão de combate” para um período de três dias, num aviso a Taiwan. A decisão de enviar aviões e navios de guerra para próximo do território surgiu após o encontro entre Tsai e McCarthy, na Califórnia. Este fim de semana, Tsai reuniu com uma delegação do Congresso dos EUA, depois de voltar a Taipé. A China respondeu ao encontro entre Tsai e McCarthy com o aumento da actividade militar e a proibição de viagens e sanções contra entidades e pessoas associados à viagem de Tsai aos EUA. Entre domingo e segunda-feira, 70 aviões cruzaram a linha mediana do estreito de Taiwan, uma fronteira não oficial, de acordo com o comunicado do Ministério da Defesa de Taiwan. Entre os aviões que cruzaram o espaço aéreo constam oito caças J-16, quatro caças J-1, oito caças Su-30 e aviões de reconhecimento. Isto ocorreu depois de, entre sexta-feira e sábado, oito navios de guerra e 71 aviões chineses terem sido detetados perto de Taiwan, de acordo com o Ministério de Defesa da ilha. O Ministério disse, em comunicado, que está a abordar a situação de uma perspectiva de “não escalar conflitos e não causar disputas”. Taiwan disse estar a monitorizar os movimentos chineses através dos sistemas de mísseis em terra e navios da Marinha. Além das patrulhas de prontidão de combate, o Exército de Libertação Popular da China vai realizar exercícios com fogo real na baía de Luoyuan, na província de Fujian, que fica no leste da China e defronte a Taiwan, anunciou a Autoridade Marítima local no fim de semana. Nos últimos anos, as incursões de jactos da Força Aérea chinesa no espaço aéreo de Taiwan intensificaram-se e, após a ex-presidente da Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA Nancy Pelosi ter visitado a ilha, em agosto passado, Pequim lançou exercícios militares numa escala sem precedentes, incluindo lançamento de mísseis e uso de fogo real.
Hoje Macau EventosCCCM | Relação entre Portugal e Macau celebrada com exposição O Centro Científico e Cultural de Macau organiza uma exposição que apresenta um vislumbre de cinco milénios de história e arte da China. A mostra tem como objectivo realçar a importância da RAEM nas relações entre Ásia e Europa Uma garrafa de porcelana com cinco séculos e a última bandeira hasteada na transferência da administração de Macau são alguns dos objectos que contam a relação entre Portugal e a Macau no Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa. Estas são apenas duas das cerca de 4.000 peças patentes no espaço museológico do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) e que pretendem “dar uma ideia de 5.000 anos de história e arte chinesa, que vai desde o período neolítico até ao início do século XX”, como explicou o director do museu, Rui Dantas. Neste espaço, adiantou à Lusa, os visitantes podem perceber “como Macau foi criado e as relações que se estabeleceram entre a Europa e a Ásia, a partir de Macau”. O acervo conta com exemplares das primeiras cerâmicas neolíticas, até terracotas funerárias, bronzes, cerâmica song, objectos para o fumo do ópio, pinturas, pratas e leques, entre outros. Um dos objectos em destaque é uma garrafa decorada que foi encomendada, em 1522, por Jorge Álvares, um mercador abastado de Freixo Espada à Cinta que teve como sócio Fernão Mendes Pinto e foi um dos pioneiros portugueses no negócio da porcelana. A obra assinala o início do comércio da porcelana, sendo uma das primeiras peças de encomenda no arranque de um vasto percurso de trocas comerciais, explicou o director do Museu de Macau. Buda de Pun Yu Shu Outra peça em destaque é um Buda assinado pelo artista cerâmico Pun Yu Shu, discípulo do célebre mestre da cerâmica de Shek Wan, e que foi encomendada pelo coleccionador Silva Mendes, o primeiro europeu a coleccionar peças de qualidade com as características da cerâmica de Shek Wan. O espaço conta com um apontamento sobre a transferência (da administração do território de Portugal para a China), tendo exposta a última bandeira a ser arreada nas cerimónias oficiais da transferência da administração de Macau, em 1999. Foi precisamente esse o ano em que o CCCM foi criado, com o objectivo de “promover o conhecimento das relações entre a Europa e a Ásia”, propósitos que se mantêm, com uma forte componente na formação, segundo a presidente do Centro, Cármen Mendes. Nesta área, destacou o curso de Cultura e Língua Chinesa, recordando que o centro foi “a primeira instituição a leccionar este curso em Portugal”. Segundo Cármen Mendes, este é um centro “vivo”, com a passagem de muitos investigadores, doutorandos, bolseiros e pessoas interessadas nas relações entre Portugal e a Ásia, e outras que simplesmente não resistem a ofertas de formação como, por exemplo, sobre o patuá ou o guzheng (instrumento de música tradicional chinesa), administradas neste espaço. “Temos cada vez mais visitantes, não só na nossa biblioteca – que é a melhor biblioteca com obras sobre a Ásia em Portugal, que reúne investigadores e outros interessados na Ásia -, o nosso museu e os cursos de formação que vamos leccionando para especialistas, académicos e também a sociedade civil e o público em geral”, indicou à Lusa. Ao nível da investigação, sublinhou, “o centro tem tido um papel pioneiro na ligação de todos os académicos que trabalham sobre a Ásia em Portugal, alguns portugueses no estrangeiro e alguns estrangeiros com fortes ligações à academia portuguesa”. Incentivo à investigação Carmen Mendes destacou ainda as Conferências da Primavera, que reúne cerca de 180 oradores e a atribuição de bolsas de doutoramento anuais, financiadas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), que tutela o Centro, a estudantes de doutoramento que fazem investigação sobre a Ásia. O CCCM conta com 25 bolseiros de doutoramento, voluntários que neste espaço conseguem uma grande proximidade com a Ásia. “Temos aqui pessoas das mais diversas áreas disciplinares – da arte, religião, língua, cultura, também história e economia, mas há algo que as une: A paixão pela Ásia”, afirmou Carmen Mendes mostra-se entusiasmada com a criação de uma incubadora científica e académica, que “vai permitir investigadores, empresários e até artistas terem esta ligação a Macau, através da Universidade de São José, a Universidade Católica de Macau”. Em relação à biblioteca, a chefe da divisão de Informação e Documentação do CCCM, Helena Dias Coelho, apresenta-a como primeiramente “vocacionada para o estudo das relações entre Portugal e Macau” e, mais tarde, alargado a toda a Ásia. “Somos, sobretudo, procurados por estudantes de estudos asiáticos, investigadores, muito por jovens estudantes de ensino superior, doutorandos e a nossa documentação responde a este tipo de procura”, disse à Lusa. Nessa biblioteca, as obras mais procuradas são as gerais da história da Ásia, mas também os espólios, nomeadamente do monsenhor Manuel Teixeira, um historiador que viveu em Macau, onde publicou mais de uma centena de livros e centenas de artigos na imprensa. Foi o próprio que doou o seu espólio ao CCCM, estando o mesmo devidamente tratado e consultável, repartido entre livros, fotografias, textos e pequenas notas. Nos arquivos da biblioteca está ainda uma colecção de microfilmes constituída por cerca de 7.000 microfilmes, com mais de 50.000 documentos essenciais para o estudo de Macau e das suas instituições, entre o início do século XVII e meados do século XX.
Hoje Macau PolíticaFundação Oriente | Carlos Monjardino em Macau O presidente da Fundação Oriente, Carlos Monjardino, está em Macau, e tem encontros agendados com o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, e a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong. A informação foi avançada pela TDM-Rádio, a quem Carlos Monjardino tinha adiantado em Março os detalhes sobre a visita. Durante a estadia no território, o presidente da Fundação Oriente vai ainda encontrar-se com o cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong, Alexandre Leitão, e manter reuniões de trabalho com a nova delegada da Fundação Oriente, Catarina Cottinelli.
Hoje Macau SociedadeCPSP | Infracções de taxistas aumentam 60% Desde o início do ano até 14 Março foram registadas 106 infracções cometidas por taxistas no território, de acordo informação fornecida pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública fornecida ao canal chinês da Rádio Macau. Este valor representa um aumento de 60 por cento face ao mesmo período do ano passado. Mais de metade das queixas foram feitas por residentes e relacionam-se com a recusa de transporte, cobranças excessivas, desrespeito pela ordem de chegada nas paragens, realização de percursos excessivamente longos e negociação de preços.
Hoje Macau SociedadeApesar da falta de ligações com o exterior, número de passageiros aumentou O fluxo de passageiros no Aeroporto Internacional de Macau (AIM) aumentou para quase o triplo no primeiro trimestre do ano, anunciou na semana passada a CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau. “O Aeroporto Internacional de Macau registou mais de 750 mil passageiros no primeiro trimestre de 2023, o que representa uma subida anual de 1,7 vezes”, referiu a empresa, em comunicado. No que diz respeito ao número de voos, o aeroporto observou um aumento de 57 por cento, com mais de 6.900 ligações realizadas nos primeiros três meses do ano. A média diária de passageiros e de voos totalizou dez mil e 100, respectivamente. “A retoma total das autorizações para voar em Macau impulsionou directamente o aumento de passageiros”, sublinhou a sociedade, numa altura em que a oferta de voos para o estrangeiro continua muito baixa, face ao período pré-pandemia. Retoma lenta “As companhias aéreas estão a retomar gradualmente as operações de voo e a aumentar o número de voos”, frisou a CAM, sublinhando que “no segundo trimestre”, o aeroporto vai “empenhar-se no desenvolvimento de novos destinos”. Actualmente, Macau apenas apresenta opções consistentes para quem pretenda voar para o Interior da China, apesar do objectivo de internacionalizar as fontes de turistas. Em Abril, vão ser retomadas ligações aéreas que estiveram suspensas durante a pandemia da covid-19, nomeadamente para Osaka, no Japão, e Cebu e Clark, nas Filipinas, “com um total de 14 rotas internacionais no início do Verão”. Com o aumento do volume de rotas e voos, o aeroporto de Macau espera “fornecer fontes mais diversificadas de turistas” e “promover a recuperação económica e o desenvolvimento do turismo em Macau”. A CAM referiu ainda que vai “activamente explorar potenciais rotas ‘charter’ de médio e longo prazo e concentrar-se em coordenar com a política do Governo” para “fortalecer o desenvolvimento de rotas internacionais”.
Hoje Macau SociedadeDST | Oferta de bilhetes estendida a Taiwan Desde o início do mês e até ao final de Junho, os turistas que visitarem Macau provenientes de Taiwan ou do estrangeiro têm direito a um bilhete grátis de regresso, pago pela RAEM. O objectivo passa por aumentar a internacionalização do mercado. O programa “Macao Treat” era até agora aplicado apenas a quem viesse de Hong Kong, mas foi estendido a Taiwan e ao estrangeiro, de acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Segundo dados oficiais, entre 13 de Janeiro e 31 de Março, foram oferecidos 145.657 bilhetes grátis, dos quais 100 mil foram bilhetes de barco e mais de 45 mil bilhetes de autocarro. No primeiro trimestre deste ano, o território recebeu 4,96 milhões de visitantes, dos quais cerca de 1,51 milhões visitantes de Hong Kong, quase 10 vezes mais em comparação com o período homólogo do ano passado, quando ainda era exigida quarentena de 14 dias a quem viesse da RAEHK.
Hoje Macau PolíticaMaternidade | Wong Kit Cheng quer licença estendida A deputada Wong Kit Cheng defende que a licença de maternidade deve ser estendida além dos 70 dias actuais praticados no sector privado. Numa opinião partilhada ontem com os órgãos de comunicação social, a legisladora ligada à Associação das Mulheres considerou que a medida actual está “obviamente atrasada” face à prática das regiões vizinhas. Por isso, defendeu que o Governo tem de começar a trabalhar o mais depressa possível para alcançar um consenso na sociedade e aumentar a licença. A deputada traçou 2025 como o ano em que o sector privado devia ser obrigado a conceder licenças de maternidade de 90 dias, como acontece no sector público. Com estas alterações, Wong Kit Cheng acredita que o território poderia inverter a tendência da redução da natalidade.
Hoje Macau SociedadePortugal | Mais vagas em universidades para alunos no estrangeiro O Governo português anunciou o aumento de vagas para filhos de emigrantes que pretendem estudar nas universidades portuguesas, medida que se prevê beneficiar os estudantes da Escola Portuguesa de Macau. A partir do concurso nacional de acesso ao ensino superior deste ano, o contingente prioritário para familiares de emigrantes e para luso-descendentes passa a incluir 3,5 por cento das vagas disponibilizadas na segunda fase do concurso. Até agora, o contingente prioritário envolvia apenas sete por cento das vagas existentes na primeira fase do concurso. Este ano está previsto que a primeira fase do concurso decorra entre 24 e 31 de Julho. A segunda fase está marcada para o período entre 28 de Agosto e 5 de Setembro.
Hoje Macau Grande Plano MancheteUM | Rui Martins nega que docentes sejam desencorajados a falar com jornalistas A pandemia obrigou “bastantes alunos internacionais” da Universidade de Macau a anos de percurso académico à distância, disse à Lusa o vice-reitor da instituição, referindo que, apesar das “condições difíceis”, as inscrições de fora aumentaram. Rui Martins destacou ainda a excelência da investigação científica ao nível da electrónica e medicina tradicional chinesa “A pandemia nunca interrompeu a admissão de alunos internacionais, só que eles tiveram de o fazer em condições difíceis, através da plataforma ‘zoom’ e aulas ‘online’, porque nós demos sempre aulas ‘online’ até Dezembro”, referiu o vice-reitor para os Assuntos Globais da Universidade de Macau (UM), Rui Martins. “Houve alunos de licenciatura que estiveram três anos fora e que só agora estão a regressar ao campus para o primeiro ano [presencial]”, continuou o responsável. “Com alguns alunos de mestrado as coisas foram um pouco suspensas, só agora estão a regressar para fazer a tese”. Apesar disso, Rui Martins, responsável “pela área dos alunos internacionais”, admitiu que houve “um pequeno aumento” das inscrições do exterior: “um pouco menos do que 30 por cento”. “A previsão que eu tinha era multiplicar o número de alunos de cento e pico por cinco, para 500, e isso não conseguimos – se não houvesse pandemia quase de certeza conseguíamos este ano – mas aumentámos para perto de 200 e esses alunos internacionais ficaram fora [de Macau durante a pandemia]”, explicou. Além destes estudantes internacionais, que completam integralmente os estudos académicos na UM, a instituição de ensino superior recebe ainda alunos de intercâmbio – “à volta de 200 alunos” antes do aparecimento da covid-19. “E tínhamos um número igual de alunos nossos que iam fazer esse intercâmbio na Europa, Estados Unidos, etc, e isso com a pandemia foi a zero”, lembrou. Martins, um dos cinco vice-reitores da UM, admitiu que durante a crise sanitária, “a capacidade que se instalou” em termos de oferta de aulas e conferências à distância, “foi importante” para que houvesse progressão académica. A UM tinha, no primeiro semestre deste ano lectivo, 7.515 alunos em licenciaturas, 59 em pós-graduações, 3.368 a fazer mestrados e 1.836 doutorandos, num total de 12.778 alunos inscritos, de acordo com o ‘site’ da instituição. Um ligeiro aumento – quase 5 por cento – em relação ao ano anterior (12.208). Cerca de 80 alunos são provenientes de Países de Língua Portuguesa (PLP), sendo que “talvez cerca de 80 por cento” frequentam estudos na área do Direito, notou o vice-reitor. “Nós aqui somos apoiados pela Fundação Macau, aumentámos o número de bolsas que demos a alunos internacionais, que também cobre o número de alunos africanos [dos PLP] e, portanto, espero que esse número venha a aumentar”. Nos planos da universidade para os próximos três anos, avançou ainda o vice-reitor, está um crescimento do volume de inscritos para entre “15 e 17 mil”, com a aposta a ser direccionada para cursos pós-graduados. A UM avançou esta semana que vai lançar, no próximo ano lectivo, seis novos mestrados, em Inteligência Artificial, Robótica e Sistemas Autónomos, Ambiente Costeiro e Segurança, Materiais Inovadores, Gestão Médica e ainda Filosofia. Através dos novos programas, lê-se num comunicado, a instituição quer “formar mais profissionais de alta qualidade para apoiar o desenvolvimento das indústrias emergentes e ajudar Macau na transformação económica”. “Os alunos de pós-graduação vêm essencialmente da China”, declarou Rui Martins, considerando que a UM atrai “cada vez mais alunos de topo”. “Há cerca de dez, 20 anos, os alunos da China que se candidatavam aqui à universidade eram alunos medianos. (….) Agora compete com a [universidade de Pequim] Tsinghua, agora são alunos de muito alto nível que se candidatam, essencialmente para mestrado, mas também para doutoramento”, disse. Falta de coragem Sobre a oferta de língua portuguesa, o investimento passa por “manter os programas”, com o responsável a considerar a possibilidade de “recrutar mais professores” na área da Literatura. “Em tempos tivemos essa área, mas alguns professores foram embora e podemos tentar desenvolver mais essa área”, disse. Rui Martins lembrou ainda “um plano de contingência”, delineado para o período após a transferência do exercício da soberania de Macau para a China, em 1999, “para o caso de o programa de Direito em português acabar por falta de alunos”. “Estávamos com essa perspectiva, porque o número de alunos estava a cair, houve uma altura de crise, mas depois foi criado aqui o Fórum [para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os PLP], em 2013, e então essa área manteve-se”, reforçou. Rui Martins, que falava à agência Lusa numa entrevista alargada, foi ainda questionado se a Universidade de Macau desencoraja os docentes a falarem à comunicação social. O responsável respondeu negativamente. “O que pode haver é a questão, como é muito referido, da auto-censura, mas a universidade não tem muito a ver com isso”, afirmou. A Lusa tem tido cada vez mais dificuldade em contactar académicos para analisar assuntos da actualidade, com docentes a explicarem que são desencorajados de falar com os ‘media’. Liderança electrónica A Universidade de Macau (UM), que viu 15 trabalhos de investigação serem aceites em Fevereiro numa conferência internacional de electrónica em São Francisco, nos EUA, é “líder mundial nesta área”, disse à Lusa o vice-reitor Rui Martins. “Nós este ano, em termos electrónicos fomos líderes mundiais nessa área, em segundo lugar veio a universidade [de Pequim] Tsinghua com 13 ‘papers'”, notou o vice-reitor para os Assuntos Globais da UM. Os artigos científicos da instituição de ensino superior da região administrativa especial abordaram temas como a conversão de dados, comunicações ‘wireless’ ou conversão de energia. A 70.ª edição da ‘International Solid State Circuits Conference (ISSCC)’ [Conferência Internacional de Circuitos em Estado Sólido] distinguiu ainda Rui Martins como principal colaborador entre 1954 e 2023. “Ninguém acredita, mas somos líderes mundiais nessa área”, apontou o académico, director do instituto de Microelectrónica e director fundador do Laboratório de Referência do Estado em Circuitos Integrados em Muito Larga Escala Analógicos e Mistos, ambos da Universidade de Macau. Em entrevista, o responsável disse que a pesquisa da Universidade de Macau na área da ciência dispõe este ano de um orçamento interno de 100 milhões de patacas, recebendo ainda 440 milhões de entidades externas, como o Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT), através do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA), e entidades do Interior da China. “Em termos de financiamento de investigação científica e comparado com outras universidades, acho que é um bom investimento”, afirmou o vice-reitor para os Assuntos Globais da UM. Rui Martins sublinhou avanços da instituição no estudo do “cancro da mama e do cólon, que são aqueles mais frequentes em Macau”. Realçou ainda o desenvolvimento, durante a pandemia, de “dois ventiladores sofisticados e avançados em termos de electrónica”, que foram doados a duas universidades em África, uma em Maputo [Moçambique] e outra no Lubango [Angola]”. No que diz respeito a parcerias na área da investigação científica, o responsável admitiu que há “poucos projectos” com Portugal e que o baixo investimento noutros países influencia potenciais parcerias com Macau. “Tenho notado”, reagiu. E acrescentou: “Em Portugal, onde há projectos financiados em Ciência e Tecnologia, bem financiados, são essencialmente pela União Europeia e alguns projectos também pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), mas programas para a cooperação com Macau especificamente, os valores são muito baixos”. Para desenvolver essa colaboração, “esses valores têm de aumentar”. Rui Martins lembrou que, em 2017, foi assinado entre a FCT e a FDCTM um memorando de entendimento com o objectivo de incentivar a cooperação entre as instituições de investigação das duas regiões. “Durante a pandemia esteve um bocado parado”, disse o responsável, sublinhando que decorrem negociações para uma nova edição. “O fundo que se colocou aí, se não me engano, foi de 300 mil euros”, disse Martins, admitindo que é um valor “muito baixo, para não dizer insignificante” e que “não permite desenvolver projectos de elevada envergadura”. “Espero que agora no programa seja aumentado esse montante”, acrescentou. Com tranquilidade Rui Martins considera que a internacionalização da Medicina Tradicional Chinesa, uma das apostas do estabelecimento de ensino, “vai levar algum tempo”, pela dificuldade em competir com a indústria farmacêutica. “A indústria farmacêutica está muito avançada e esses produtos chineses estão agora a aparecer e a ser comercializados e, portanto, vão levar algum tempo a afirmarem-se”, disse em entrevista à Lusa o vice-reitor para os Assuntos Globais. O responsável admitiu que os “produtos naturais” utilizados pela Medicina Tradicional Chinesa (MTC) “poderão levar mais tempo a ser efectivos do que os produtos químicos”, o que pode contribuir para a dificuldade de consolidação do sector. Além disso, referiu, outro dos obstáculos é o desconhecimento geral da prática: “No ocidente, o que eles consideram medicina chinesa é acupuntura”. O Ministério da Ciência e Tecnologia chinês aprovou, em 2011, a criação do Laboratório de referência do Estado para investigação de qualidade em medicina chinesa, coordenado em conjunto pela UM e pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, com a “ideia de internacionalizar a medicina chinesa”, explicou o responsável. “O que se está a fazer é um bocado inovador, mas eu creio que ainda vai levar algum tempo, porque os investimentos aqui são grandes nessa área, mas os investimentos na industria farmacêutica normal são brutais”, referiu. A MTC é uma das apostas para Macau com vista a diversificar a economia do território, profundamente dependente das receitas do jogo. Além do laboratório de Estado, são vários os projectos pensados para dar forma a esta aspiração, nomeadamente a criação, em 2011, do Parque científico e industrial de medicina tradicional chinesa para a cooperação entre Guangdong–Macau, estabelecido em Hengqin. Macau, frisou Rui Martins, “é um dos sítios mais avançados no mundo” no que diz respeito à investigação na área da MTC.
Hoje Macau China / ÁsiaTimor-Leste | Português aprovado como língua de instrução e ensino O Governo de Timor-Leste aprovou ontem uma proposta do Ministério da Educação que define o português como língua de instrução e ensino em todo o sistema educativo, deixando o tétum como língua de apoio. “A presente proposta de lei procede a um conjunto de alterações necessárias para adequar a lei de bases do sector educacional do país às actuais exigências e desafios”, lê-se no comunicado emitido no final da reunião do Conselho de Ministros, no qual se dá conta da “alteração à norma referente às línguas de instrução e ensino, definindo a língua portuguesa como língua de instrução e ensino do sistema educativo timorense, com a língua tétum e demais línguas nacionais a assumirem um papel de apoio”. Além disso, aponta-se ainda na parte do texto que dá conta das alterações à lei de bases da Educação, “são também alteradas diversas normas relativas aos níveis de ensino pré-escolar, básico e secundário de modo a reconhecer a importância da aprendizagem da língua portuguesa no sector educativo nacional”. O Governo argumenta que o diploma vai também “eliminar injustiças na atribuição de graus e diplomas no ensino superior técnico”, pelo que “passará a ser possível aos estabelecimentos de ensino superior técnico atribuírem graus e diplomas como o bacharelato, a licenciatura e o mestrado”.
Hoje Macau China / ÁsiaAfeganistão | Talibãs proíbem mulheres de trabalhar para a ONU em todo o país Os talibãs emitiram uma ordem que proíbe as mulheres afegãs empregadas pela ONU, até agora isentas destas restrições, de trabalharem em qualquer lugar no Afeganistão, adiantou o porta-voz da organização na terça-feira, denunciando uma decisão “inaceitável e francamente inconcebível”. “Fomos informados por diferentes canais que a proibição se aplica a todo o país”, realçou Stéphane Dujarric, citado pela agência France-Presse (AFP). Inicialmente, a missão das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA) tinha anunciado que os talibãs tinham proibido as suas funcionárias de trabalhar na província oriental de Nangarhar. Dujarric referiu que a decisão é para todo o território e que a ONU ainda está à procura de mais informações. Esta quarta-feira, estão marcadas reuniões em Cabul com os “governantes de facto” do país para tentar esclarecer os detalhes, enquanto se avalia o seu possível impacto, acrescentou. “Para o secretário-geral [António Guterres] tal proibição é inaceitável e francamente inconcebível”, apontou, denunciando a vontade de “minar as capacidades das organizações humanitárias para ajudar quem mais precisa”. O porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, deixou claro que, sem as mulheres, as Nações Unidas não poderão continuar a ajudar o país e a população como tem feito. “As mulheres do nosso quadro são essenciais para que as Nações Unidas prestem uma ajuda vital”, sublinhou o porta-voz durante a sua conferência de imprensa diária. Dujarric vincou que este veto não só viola “os direitos fundamentais das mulheres” como também dificulta a continuidade do trabalho da organização no terreno. Entre outras coisas, recordou que “dada a sociedade e a cultura” no Afeganistão “são necessárias mulheres para ajudar as mulheres”, que estão entre as mais ameaçadas pela enorme crise humanitária no país, aludindo ao facto de que em muitas regiões não é bem visto que os homens atendam as mulheres, ou vice-versa. De acordo com Dujarric, a proibição é “inaceitável” e contribui para uma “tendência preocupante de minar a capacidade das organizações de ajuda humanitária de alcançar os mais necessitados”. Operações congeladas Segundo dados da ONU, entre 30 e 40 por cento do pessoal das organizações humanitárias que entregam, gerem, controlam ou avaliam a necessidade de assistência são mulheres. Dujarric acrescentou que a organização tem actualmente cerca de 4.000 pessoas a trabalhar no Afeganistão, das quais cerca de 3.300 são nativas do país, embora não tenha revelado quantas são mulheres. Os talibãs impedem as mulheres de participarem na vida pública do país tendo muitas afegãs perdido os empregos no sector público. Desde Novembro do ano passado as mulheres afegãs foram também proibidas de frequentarem parques, ginásios e banhos públicos. As mulheres afegãs não são autorizadas a viajar sem serem acompanhadas de um parente do sexo masculino e devem estar sempre cobertas quando saem de casa.
Hoje Macau China / ÁsiaLíngua | Sector de tradução e serviços linguísticos emprega seis milhões de pessoas O número total de pessoas empregadas no sector de tradução e serviços linguísticos na China em 2022 chegou a 6,01 milhões, 11,7 por cento acima do número do ano anterior, de acordo com a conferência anual da Associação de Tradutores da China (TAC, em inglês), iniciada na segunda-feira. Na cerimónia de abertura, foram divulgados relatórios sobre o desenvolvimento do sector de tradução e serviços linguísticos, tanto em todo o país como no mundo. Além disso, foi lançada uma cerimónia para premiar excelentes tradutores em diferentes áreas e um concurso nacional de capacidades em tradução, indica o Diário do Povo. Tang Heng, vice-secretário-geral do Departamento de Comunicação do Comité Central do Partido Comunista da China, disse no evento que a comunidade de tradutores e intérpretes do país apoiou e impulsionou substancialmente o intercâmbio internacional chinês em todas as frentes. Tang pediu esforços para melhorar a aprendizagem mútua entre diferentes civilizações, ampliar o canal de intercâmbios, enriquecer o conteúdo da cooperação e promover a construção de uma comunidade humana com um futuro compartilhado. Du Zhanyuan, chefe da Administração de Publicações em Línguas Estrangeiras da China e da TAC, pediu esforços para se integrar activamente no intercâmbio internacional.
Hoje Macau China / ÁsiaMalásia propõe criação de um fundo monetário asiático O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, disse na passada terça-feira que a China está aberta à sua iniciativa para formar um “Fundo Monetário Asiático”, visando contrariar o domínio global do dólar norte-americano e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Numa intervenção no parlamento malaio, Anwar revelou que “nos negócios entre a Malásia e outros países devem ser utilizadas as respectivas moedas nacionais”, segundo declarações recolhidas pela agência estatal Bernama. O primeiro-ministro malaio defendeu a ideia da constituição de um fundo asiático, durante um encontro em Pequim, na sexta-feira passada, com o Presidente chinês, Xi Jinping, que “saudou” o início das conversações sobre esta iniciativa. Anwar Ibrahim propôs também a constituição daquele fundo no Fórum Boao, a “Davos asiática”, que se realizou entre 28 e 31 de Março, na ilha de Hainan. No fórum estiveram ainda o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong, o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, e a directora do FMI, Kristalina Georgieva. “Não há razão para a Malásia continuar a depender do dólar”, afirmou o primeiro-ministro malaio, acrescentando que o banco central da Malásia já está a trabalhar para permitir que a China e o seu país façam negócios usando as moedas da Malásia e da China. Sítio certo, hora certa No cargo desde Novembro passado, Anwar, que também é ministro das Finanças, lembrou na terça-feira que já havia aventado a possibilidade de criar um fundo regional em 1990, quando assumiu pela primeira vez essa pasta, mas a ideia não foi adiante porque o “dólar ainda era visto como uma moeda forte”. “Mas, agora, com a força das economias da China, Japão e outras, acho que devemos discutir isso, e também o uso da nossa moeda”, enfatizou. O relatório do Fórum Boao 2023, uma das principais conferências económicas internacionais da China, estimou que o crescimento real do PIB (Produto Interno Bruto) da Ásia deve ser de 4,5 por cento, este ano. Aquele valor é um “destaque”, face à desaceleração da economia mundial, lê-se no relatório. A China tem tentado internacionalizar a moeda chinesa, o yuan, desde 2009, visando reduzir a dependência do dólar em acordos comerciais e de investimento e desafiar o papel da moeda norte-americana como a principal moeda de reserva do mundo.