Média | Jornalistas vão a Pequim estudar pensamento de Xi

Um grupo de 20 jornalistas de Macau vão a Pequim participar num curso de formação dirigido à comunicação social sobre o estado da nação, que será ministrado na Universidade Renmin da China.

Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, o secretário-geral da Associação dos Trabalhadores da Comunicação Social de Macau, Chui Chi Tou, apontou que o objectivo do curso é dar aos formandos conhecimentos sobre a situação do país e o desenvolvimento nacional.

O conteúdo do curso inclui o estudo do espírito do 20.º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês, o pensamento de Xi Jinping sobre o papel da cultura, relações internacionais, o grande rejuvenescimento e a acção chinesa. Os jornalistas locais também vão visitar o Museu do Partido Comunista Chinês e instalações de meios de comunicação estatais.

12 Dez 2023

Faixa de Gaza | Qatar promete continuar a tentar um cessar-fogo

O Qatar garantiu ontem que prossegue os esforços de mediação para obter um cessar-fogo na guerra entre Israel e o Hamas, mas alertou que os incessantes bombardeamentos israelitas reduzem as possibilidades de um resultado positivo.

“Os nossos esforços, (…) em conjunto com os nossos parceiros, continuam. Não vamos desistir”, afirmou o primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, no Fórum de Doha. Reconheceu, no entanto, que “a continuação dos bombardeamentos está a reduzir essas possibilidades”, segundo a agência francesa AFP.

O Qatar desempenhou um papel fundamental nas negociações de uma trégua de sete dias no final de Novembro, durante a qual dezenas de reféns israelitas foram trocados por prisioneiros palestinianos, até ao recomeço dos combates em 01 de Dezembro.

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel nesta guerra, vetaram na sexta-feira uma resolução que apelava para um cessar-fogo. “Estamos determinados a libertar os reféns, mas também estamos determinados a parar a guerra”, afirmou o primeiro-ministro do Qatar. Mas “não vemos a mesma vontade de ambos os lados” e “os bombardeamentos contínuos reduzem as nossas possibilidades”, admitiu.

11 Dez 2023

Ilhas Spratly | Navio filipino e embarcação chinesa colidem

As disputas territoriais continuam a agitar as águas das ilhas Spratly. Autoridades filipinas e chinesas acusam-se mutuamente de ter provocado a colisão entre as duas embarcações

 

Um navio filipino em missão de reabastecimento foi ontem abalroado por um navio da guarda costeira chinesa, disseram as autoridades filipinas, enquanto a China acusou o navio de “colidir deliberadamente” com a embarcação chinesa.

Um navio chinês também “disparou um canhão de água” contra três navios filipinos envolvidos na missão de reabastecimento, causando “graves danos no motor” de uma das embarcações, disse o porta-voz da Guarda Costeira para o mar das Filipinas Ocidental Jay Tarriela, numa mensagem divulgada na rede social X (antigo Twitter).

Já a guarda costeira chinesa, indicou que quatro navios filipinos “entraram ilegalmente” nas águas das ilhas Spratly, reivindicadas pela China, de acordo com um comunicado. Um navio filipino “não deu atenção aos múltiplos e severos avisos (…) e mudou subitamente de direcção de forma pouco profissional e perigosa, colidindo deliberadamente com o navio da guarda costeira 21556” chinesa, acrescentou a mesma nota das autoridades chinesas.

Com história

O incidente perto de Second Thomas, um atol nas ilhas Spratly, ocorre um dia depois de outro confronto entre guardas costeiros chineses que “obstruíram com canhões de água” três barcos do governo filipino que estavam a abastecer pescadores filipinos perto de Scarborough Shoal, um recife controlado por Pequim ao largo da ilha filipina de Luzon.

Manila e Pequim têm uma longa história de disputas marítimas no mar do Sul da China, por onde passam anualmente milhares de milhões de dólares em mercadorias.

As Filipinas, o Brunei, a Malásia, Taiwan e o Vietname também reivindicam vários recifes e ilhotas naquele mar, algumas das quais podem conter ricas reservas de petróleo.

11 Dez 2023

Corrupção | Anunciado reforço de “supervisão disciplinar” para 2024 na China

A liderança chinesa previu sexta-feira mais “inspeções e supervisões disciplinares”, em 2024, e defendeu as punições contra altos quadros ao longo deste ano, ao abrigo da mais persistente campanha anti-corrupção na História da China comunista.

“Este ano, promovemos a construção de um Partido Comunista e governo limpos, lutámos contra a corrupção e continuámos a promover e a melhorar o nosso rigoroso sistema de governação”, afirmou sexta-feira o Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC), no final de uma reunião presidida pelo secretário-geral e líder do país, Xi Jinping, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua.

O PCC afirmou ter “forjado um exército de ferro de inspecção e supervisão disciplinar” que alcançou “novos avanços e novos resultados” em 2023. “As agências de inspecção e supervisão disciplinar devem continuar a aprofundar a disciplina e a luta contra a corrupção”, apontou, num comunicado difundido pela Xinhua. “É necessário reforçar a supervisão política” e “defender eficazmente a unidade do PCC”, acrescentou.

O regime comunista salientou que é preciso uma “rectificação especial” para “resolver problemas de corrupção industrial, sistémica e regional relativamente importantes” e “investigar e resolver a ‘corrupção das moscas e das formigas’ que rodeia o povo”.

A agência máxima anti-corrupção da China já alertou esta semana para o facto de ter detectado “novas vias” para receber subornos e presentes dispendiosos, apesar da intensa luta das autoridades para erradicar a corrupção.

“Trata-se de erradicar resolutamente as condições que geram a corrupção, o que exige uma supervisão suave, conjunta e eficaz, bem como uma equipa de inspecção profissional com um profundo espírito revolucionário”, concluiu a reunião.

Após ascender ao poder, em 2012, Xi Jinping lançou a mais ampla e persistente campanha anticorrupção desde a fundação da República Popular da China, em 1949. Milhares de altos funcionários chineses foram condenados por aceitarem subornos no valor de milhões.

11 Dez 2023

Israel | China decepcionada com veto americano a cessar-fogo

A China expressou sábado “profunda decepção” com o veto dos EUA a uma resolução do Conselho de Segurança da ONU para um cessar-fogo imediato em Gaza, apresentada pelos Emirados Árabes Unidos e patrocinada por 97 países membros. A proposta “reflecte o apelo universal da comunidade internacional e representa a direcção certa para o restabelecimento da paz”, afirmou o embaixador chinês na ONU, Zhang Jun, citado pela televisão estatal CGTN.

“A China apoia totalmente esta iniciativa e juntou-se à pressão para a elaboração deste projecto de resolução”, acrescentou Zhang, que acusou Washington de empregar “dois pesos e duas medidas” ao falar da protecção das mulheres, das crianças e dos direitos humanos, enquanto “consente” na continuação do conflito. Zhang apelou ainda a Israel para que ponha fim à “punição colectiva do povo de Gaza”.

Esta é a segunda vez, desde o início da guerra em Gaza, que os EUA vetam uma resolução no mesmo sentido – fizeram-no a 18 de Outubro – alinhando assim com Israel, que argumenta que um cessar-fogo deste tipo ajudaria o Hamas a rearmar-se e a manter em cativeiro os 138 reféns na Faixa de Gaza.

A 18 de Outubro, os EUA vetaram também, sozinhos, uma resolução de cessar-fogo semelhante apresentada pelo Brasil, argumentando que não mencionava o direito de auto-defesa de Israel.

Esta última votação foi realizada a pedido do próprio secretário-geral da ONU, António Guterres, que na semana passada recorreu a um mecanismo excepcional da carta fundadora do organismo, o artigo 99, que lhe dá poderes para solicitar a intervenção do Conselho de Segurança em casos de ameaças graves à paz e à segurança no mundo.

11 Dez 2023

Vistos chineses | Preços diminuem 25 por cento

As embaixadas e consulados chineses vão reduzir o custo para processamento de vistos em 25 por cento, até ao final de 2024, numa altura em que a China tenta atrair turistas estrangeiros, após ter encerrado as fronteiras durante três anos. A medida visa “promover o intercâmbio transfronteiriço de pessoal”, lê-se num comunicado publicado na conta dos Assuntos Consulares da China, na rede social WeChat.

No mês passado, a China anunciou que os cidadãos de cinco países da União Europeia – Alemanha, Espanha, França, Itália e Países Baixos – vão passar a ter isenção de visto para estadias de até 15 dias no país. Esta medida temporária vigora entre 1 de Dezembro de 2023 e 30 de Novembro de 2024. A decisão surge quase um ano após a China ter abdicado da política de ‘zero casos’ de covid-19.

Ao abrigo daquela estratégia, o país manteve as fronteiras praticamente encerradas durante quase três anos: quem chegava do exterior tinha que cumprir um período de quarentena de até 21 dias, em hotéis designados pelo governo, enquanto o número de ligações aéreas ao país foi reduzido a 2 por cento, face ao período anterior à pandemia.

A China tomou outras medidas este ano para impulsionar o número de visitas ao país. As carteiras digitais WeChat Pay e Alipay anunciaram, em Julho passado, que os seus sistemas de pagamento estão disponíveis para utilizadores estrangeiros que visitam o país e que, por vezes, têm dificuldade em realizar pagamentos e usar determinados serviços.

11 Dez 2023

Relatório | “Uma Faixa, Uma Rota” alivia a fome em vários países

Após uma década de cooperação agrícola no âmbito da Iniciativa do “Uma Faixa, Uma Rota”, a China ajudou a aumentar a produção agrícola em muitos países parceiros e a aliviar a fome entre as populações locais, segundo um relatório divulgado na quinta-feira pela Fundação Chinesa para o Desenvolvimento dos Direitos Humanos e a Pesquisa da Nova China (NCR), think tank da Xinhua.

O relatório, intitulado “Por um mundo melhor – analisando a última década de busca conjunta da Iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’ a partir de uma perspectiva de direitos humanos”, aponta que a fome tem sido um dos problemas mais graves enfrentados pelo mundo, e a cooperação agrícola é uma das áreas críticas da construção cooperativa da iniciativa.

O relatório refere que a China assinou mais de 100 documentos de cooperação agrícola e pesqueira com cerca de 90 países parceiros e organizações internacionais, e estabeleceu mecanismos regionais de cooperação agrícola, como o mecanismo de cooperação “10+10” para instituições de investigação agrícola sino-africana, promovendo activamente a cooperação regional em segurança alimentar.

Em 2021, a China enviou mais de 2 mil especialistas e técnicos agrícolas para mais de 70 países e regiões, promoveu e demonstrou mais de 1.500 tecnologias agrícolas em muitos países e ajudou os projectos a aumentar a produção em 40 por cento a 70 por cento em média, diz o relatório.

11 Dez 2023

Economia chinesa | Recuperação deverá acentuar-se em 2024

A reunião do Partido Comunista da China, presidida por Xi Jinping, deixou indicações optimistas para 2024. A consolidação da recuperação económica, após três anos de pandemia, deverá passar pela execução de políticas monetárias prudentes e pela expansão do consumo interno

 

A China vai procurar “estimular a procura interna e consolidar a recuperação económica em 2024”, concluiu sexta-feira a cúpula do Partido Comunista da China (PCC), numa reunião presidida pelo líder do país, Xi Jinping. O Comité Permanente do Politburo, o mais alto órgão de decisão do PCC, garantiu que o país vai continuar com “uma política monetária prudente e uma política fiscal pró-activa” no próximo ano, de acordo com os órgãos estatais.

“A China vai ganhar vitalidade económica, prevenir e resolver os riscos, melhorar as perspectivas sociais, consolidar e reforçar a recuperação económica e continuar a promover a melhoria efectiva da qualidade e do crescimento da economia”, apontou a cúpula do poder chinês, num comunicado difundido pela agência noticiosa oficial Xinhua. O PCC estipulou que são necessários “esforços” para “expandir a procura interna” e promover o consumo e o investimento.

“Este é o ano da recuperação após três anos de prevenção e controlo contra a covid-19. Resistimos às pressões externas e ultrapassámos as dificuldades internas. Agora é tempo de expandir a procura interna, optimizar a estrutura económica, reforçar a confiança e prevenir e desativar os riscos”, lê-se no texto.

A mesma nota assegurou que a economia do país regista “progressos sólidos” com “bases para um desenvolvimento seguro”. “Temos de continuar a dar um forte impulso ao desenvolvimento de alta qualidade. É necessário alargar a abertura de alto nível ao mundo exterior e consolidar os fundamentos do comércio externo e do investimento estrangeiro”, defendeu o PCC.

Previsões e notações

Nos últimos meses, Pequim tentou estimular a fraca recuperação económica pós-pandemia, face à crise imobiliária, riscos da dívida das administrações locais, fraco crescimento global e tensões geopolíticas.

A agência de notação financeira Moody’s afirmou esta semana que vê “cada vez mais indícios” de que Pequim vai prestar “apoio financeiro” aos governos locais e regionais que enfrentam problemas de liquidez, o que “colocará em risco a força fiscal, económica e institucional da China”, com perigos também num possível abrandamento “estrutural e persistente” do crescimento. A indicação da Moody’s já mereceu a contestação das autoridades chinesas (ver página 2).

No entanto, a empresa manteve a notação A1 para a dívida chinesa, considerando que Pequim dispõe de recursos financeiros e institucionais suficientes para “gerir esta transição de forma ordenada”, e que a grande dimensão da sua economia é também uma protecção contra a absorção destes riscos.

A economia chinesa vai crescer 5,4 por cento este ano, mas abrandará para 4,6 por cento em 2024, devido à “fraqueza contínua” do mercado imobiliário e à “fraca” procura externa, previu em Novembro o Fundo Monetário Internacional (FMI).

11 Dez 2023

Concerto | “A Paixão do Buda”, de Tan Dun, no MGM em Janeiro

O compositor Tan Dun, autor de diversas bandas sonoras de filmes chineses e criador do espectáculo “Buddha Passion” [A Paixão do Buda] traz ao MGM Theatre a sua criação musical nos dias 1 e 2 de Janeiro. O concerto que conta a história dos murais da cidade chinesa de Dunhuang, na província de Gansu, conta com a presença da Orquestra Sinfónica e o Coro da Sala de Concertos de Lanzhou

 

Nos dias 1 e 2 de Janeiro será possível ver e ouvir, no MGM Theatre, o espectáculo criado por um dos mais aclamados nomes da música e composição chinesas da actualidade. Trata-se de “Buddha Passion” [A Paixão do Buda], criado por Tan Dun, em homenagem aos trabalhos murais dispostos nas Grutas de Mogao, na cidade chinesa de Dunhuang, na província de Gansu.

Em digressão desde 2018, “A Paixão do Buda” apresenta-se pela primeira vez em Macau, sendo composto, segundo um comunicado da MGM, por “um extraordinário alinhamento musical”, uma vez que Tan Dun irá dirigir em palco a Orquestra Sinfónica e o Coro da Sala de Concertos de Lanzhou.

O espectáculo revela pedaços da cultura musical da histórica cidade chinesa de Dunhuang, contando com diversas colaborações de intérpretes da música tradicional deste lugar e vocalistas internacionais, como é o caso do cantor tibetano Zeren Yangjin; Hasibagen, cantor e antigo intérprete de Xiqin, de Dunhuang; o dançarino de “Fantan Pipa” de Dunhuang, Chen Yining; a soprano Candice Chung, a mezzo-soprano Liu Niru, o tenor Henry Ngan e ainda o baixista Yang Yi.

A música de “A Paixão do Buda” será complementada pelas imagens exibidas num ecrã LED de 28 milhões de pixels disponível na sala do MGM Theatre, criando-se “uma fusão imersiva de música e tecnologia”. Estes são os ingredientes escolhidos para celebrar os 75 anos da fundação da República Popular da China e os 25 anos da transição da administração portuguesa de Macau para a China, aponta a operadora de jogo.

Palavra de compositor

Citado pelo mesmo comunicado, Tan Dun descreveu que, ao criar o “Buddha Passion”, pretendeu “trazer os murais de Dunhuang para o palco mundial através da música”, esperando “animar o espírito cultural, artístico e filosófico da antiga Dunhuang”. “Através da fusão harmoniosa de elementos auditivos e visuais, criaremos de forma inovadora uma atmosfera imersiva que transmite ao público de Macau o espírito compassivo e bondoso da cultura de Dunhuang”, disse ainda.

“A Paixão do Buda” tem sido aclamado em todo o mundo desde a sua estreia, sendo que Tan Dun esteve mais de seis anos a compor e a criar todo o espectáculo. O concerto acontece em seis actos, nomeadamente “Árvore Bodhi”, “O Cervo das Nove Cores”, “Mil Braços e Mil Olhos”, “Jardim Zen”, “Sutra do Coração” e “Nirvana”.

Neste concerto, fundem-se “elementos da música chinesa e ocidental” juntamente com “vozes em língua chinesa para narrar as histórias filosóficas orientais retratadas nos murais [de Dunhuang]”. Este espectáculo mostra ainda ao mundo “os valores culturais e filosóficos de igualdade, dedicação e filantropia inerentes à cultura chinesa de Dunhuang”, descreve-se na mesma nota.

Os murais de Dunhuang encontram-se nas Grutas de Mogao, que formam um conjunto de 735 grutas com mais de 45 mil metros quadrados de pinturas murais. Trata-se do maior acervo de arte budista do mundo, combinando a arte com a escultura e a arquitectura.

Tan Dun é ainda autor de bandas sonoras de filmes como “O Tigre e o Dragão”, pela qual ganhou o Óscar de Melhor Banda Sonora, e “Herói”, além de ter composto a música de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. O compositor chinês é referenciado pelo jornal norte-americano New York Times como um dos dez músicos do género “World Music” mais importantes do mundo, além de ser tido como um dos dez chineses mais influentes no mundo por parte dez meios de comunicação social chineses.

11 Dez 2023

Droga | Três detidos por suspeita de tráfico de 6Kg de cocaína

Três pessoas foram detidas por alegado envolvimento num caso de tráfico de droga em que as autoridades de Macau e Hong Kong apreenderam 16 garrafas de vinho contendo cocaína líquida, com um peso total de 6 quilogramas. Segundo a estimativa das autoridades policiais, a droga terá um valor aproximado de 26,4 milhões de patacas.

A Polícia Judiciária (PJ) indicou na quinta-feira que em Macau foram detidos um homem, de 28 anos, e uma mulher, de 27 anos, num hotel do Cotai, ambos residentes de Taiwan. O outro suspeito, um cidadão da Malásia de 23 anos, foi detido pela polícia de Hong Kong em Tsuen Wan

Segundo a PJ, os dois suspeitos afirmaram ser desempregados e ter recebido a promessa de pagamento de cerca de 51 mil patacas se transportassem vinho para Macau, território onde nunca tinham estado. Porém, não adiantaram mais informações às autoridades.

Também na quinta-feira, a PJ revelou outro caso de tráfico de cocaína que envolveu um estrangeiro que voou para Macau a partir de Kuala Lumpur, na Malásia. No interior do corpo transportava 45 embalagens de cocaína com um peso total de um quilograma.

11 Dez 2023

Saúde | Dois dos 12 médicos portugueses candidatos devem ser recrutados

Os Serviços de Saúde vão propor a contratação de dois dos 12 médicos portugueses que se candidataram para integrar a rede hospitalar do território. Os dois médicos são especialistas de Medicina Interna

 

“Após a apreciação curricular do Centro Hospitalar Conde de São Januário, é proposta a contratação de dois médicos especialistas de Medicina Interna”, escreveram os Serviços de Saúde (SS) num email enviado à Lusa na sexta-feira à noite. A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, esteve no final de Maio em Portugal para abordar a possibilidade do recrutamento de profissionais portugueses.

Em Outubro, o director dos SS, Alvis Lo Iek Long, referiu que, de um total de 12 médicos portugueses que se candidataram para trabalhar na RAEM, oito reuniam os requisitos para integrar a rede de saúde local. Contudo, no mês seguinte, admitiu que dos oito pré-seleccionados para trabalharam em Macau no novo Hospital das Ilhas, alguns já tinham desistido do processo, de acordo com a TDM – Rádio Macau. À margem do programa radiofónico “Fórum” da Ou Mun Tin Toi, canal da rádio da TDM em língua chinesa, o responsável notou que os especialistas invocaram razões pessoais.

À Lusa, os SS vêm agora dizer que, dessas oito candidaturas, quatro foram submetidas por “portadores de bilhete de identidade de residente (BIR) de Macau, pelo que necessitam de obter a acreditação antes de preencherem os requisitos legais para o ingresso na carreira”.

“Quanto aos restantes quatro, que são portadores de passaporte de Portugal, após a apreciação curricular do Centro Hospitalar Conde de São Januário, é proposta a contratação de dois médicos especialistas de Medicina Interna, sendo que os outros dois ainda necessitam de informações complementares e análises”, concluiu.

Abaixo da média

No final de Novembro, os Serviços de Saúde tinham dito à Lusa que, “de acordo com a situação dos recursos médicos” no território, as autoridades “continuam a recrutar os médicos especialistas com qualificações especiais, que estão em falta em Macau”.

O novo Hospital Peking Union de Macau vai entrar em funcionamento, “a título experimental”, no final deste ano, reiterou o Governo em Outubro. Situado no Cotai, a infraestrutura tem uma área bruta de construção de cerca de 430 mil metros quadrados e é o maior complexo de cuidados de saúde do território.

O coordenador do Gabinete Preparatório do Centro Médico de Macau do novo hospital anunciou, em Setembro, a abertura de concurso para preencher 200 vagas para médicos, enfermeiros, funcionários técnicos e administrativos. Em declarações à Ou Mun Tin Toi, Lei Wai Seng não excluiu a contratação de médicos do exterior, incluindo de Portugal.

Ainda recentemente, numa interpelação escrita, o deputado Che Sai Wang citou dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), dizendo que, até 2022, havia 1.965 médicos em Macau, ou seja, “2,9 médicos por cada mil habitantes”.

“Estabelecendo a comparação com os países desenvolvidos, verifica-se que o número médio de médicos por cada mil habitantes é de 3,2 a 3,9, portanto existe ainda uma certa distância. Isto demonstra que o número de médicos em Macau não é suficiente para satisfazer as necessidades de assistência médica dos residentes”, salientou.

Em resposta, Alvis Lo notou que os planos das autoridades apontam para três médicos por cada mil habitantes em 2025. Quanto aos passos seguintes, o director dos SS garantiu que “será também intensificada a formação de pessoal”. “Tendo em conta a procura de serviços de especialidade em Macau, os recursos humanos existentes e os necessários no futuro, será definido o número de vagas para a formação de médicos especialistas em Macau, e as diversas instituições de formação iniciarão, em breve, a formação de médicos especialistas, envolvendo mais de 60 vagas”, lê-se na resposta de Lo.

11 Dez 2023

Habitação | Preços caíram 1,3% no terceiro trimestre

Entre Agosto de Outubro deste ano, o preço da habitação desceu 1,3 por cento, em comparação com o período transacto (Julho a Setembro de 2023), segundo dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

Tendo em conta a comparação anual, durante o período entre Agosto e Outubro deste ano, os preços diminuíram 4,2 por cento face ao mesmo período de 2022, com destaque para a maior depreciação dos imóveis situados na península de Macau, que registou uma quebra anual de 5,3 por cento, enquanto a Taipa e Coloane registaram uma descida de 0,2 por cento dos preços. Por zonas, o preço dos imóveis para habitação caiu 1,5 por cento na península de Macau, e 0,4 por cento na Taipa e Coloane.

As habitações construídas também registaram quedas de preços. O índice de preços de habitações construídas pertencentes ao escalão dos 11 aos 20 anos de construção e o índice do escalão superior a 20 anos baixaram 5,4 e 0,8 por cento, respectivamente. Porém, o índice do escalão inferior ou igual a 5 anos cresceu 0,4 por cento, enquanto o índice de preços de habitações em construção foi semelhante ao do período precedente.

11 Dez 2023

Táxis | DSAT diz que concurso foi transparente

O director dos Serviços para os Assuntos do Tráfego (DSAT), Lam Hin San, afirmou ontem que todo o processo do concurso público para a atribuição de licenças de táxis decorreu com toda a transparência, desde a abertura ao encerramento das propostas das empresas candidatas.

As declarações foram prestadas à margem da Marcha da Caridade, que decorreu ontem. Depois de muitas críticas e uma queixa apresentada ao Comissariado contra a Corrupção por Ron Lam, o director da DSAT vincou que foram seguidos todos os procedimentos legais durante o concurso, e que os candidatos ou os seus representantes legais estiveram todos presentes à abertura das propostas.

Sem fazer mais comentários à forma como correu o concurso púbico, Lam Hin San afirmou que a DSAT não recebeu solicitações para actualizar tarifas ou bandeirada dos táxis, mas que se receber, entretanto, o assunto será tratado de acordo com os normais trâmites legais.

Por sua vez, o Comissário contra a Corrupção confirmou ter recebido a queixa de Ron Lam, mas não ter recebido queixas de candidatos ao concurso público para as licenças de táxis.

11 Dez 2023

Conselho das Comunidades | Rita Santos com mais de 1900 votos

A lista liderada por Rita Santos às eleições do Conselho das Comunidades Portugueses pelo círculo eleitoral da China, Singapura, Tóquio, Seul e Banguecoque venceu as eleições de 26 de Novembro, onde concorreu sem adversário.

Segundo um edital publicado pela Embaixada de Portugal em Pequim, a lista de Rita Santos recebeu 1909 dos 1972 votos, o que corresponde a mais de 96 por cento de votos favoráveis. Foram ainda contabilizados 29 votos em branco e 34 nulos.

A lista reagiu ao resultado na página de Facebook do Conselho das Comunidades Portuguesas da China. Macau e Hong Kong. “Caros portugueses, fui mesmo agora tirar fotografia do Edital do resultado do apuramento do resultado das Eleições das Comunidades Portuguesas do Círculo da China no Consulado Geral de Portugal em Macau. Muito obrigado pelo vosso apoio!” Juntamente com Rita Santos foram eleitos Rui Marcelo e Marília Coutinho.

11 Dez 2023

Moody’s | Governo critica avaliação com tendência negativa

A agência de notação financeira Moody’s baixou a perspectiva da classificação de Macau de “estável” para “negativa” devido às “estreitas ligações” com o Interior da China, uma decisão criticada pelas autoridades da RAEM

 

“A mudança na perspectiva de classificação de Macau para negativa reflecte a avaliação da Moody’s das estreitas ligações políticas, institucionais, económicas e financeiras entre Macau” e o Interior da China, referiu a agência num comunicado. A Moody’s sublinhou que os sectores do turismo e do jogo, estão muito dependentes dos visitantes chineses e que o sistema bancário de Macau “está igualmente exposto” à China continental, cuja classificação a agência também reviu em baixa.

Em resposta, divulgada na quarta-feira à noite, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) defendeu que, pelo contrário, “os estreitos laços económicos” com o Interior da China “proporcionam um forte apoio ao desenvolvimento de Macau a longo prazo”. A economia mundial “enfrenta actualmente desafios complexos e com múltiplas incertezas”, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 5,2 por cento até Setembro, “o que terá um impacto positivo” para Macau, defendeu a AMCM, num comunicado.

A AMCM acrescenta que, “com a plena retoma dos intercâmbios de pessoas de Macau com as regiões vizinhas e outras jurisdições do mundo e o regresso gradual da indústria do turismo à sua capacidade normal, verificou-se uma recuperação gradual da economia de Macau”. Nesse capítulo, as autoridades locais realçam que nos primeiros três meses de 2023, o PIB da RAEM cresceu “77,7 por cento em termos reais, quando comparado com o período homólogo do ano passado”.

Amortecedores fortes

Apesar da revisão em baixa da perspectiva, a Moody’s manteve a classificação de Macau em Aa3. As classificações na categoria “Aa”, a quarta mais alta da agência, são de alto grau de investimento e estão sujeitas a um risco de crédito muito baixo.

As “grandes reservas fiscais e externas” de Macau dão à economia “amortecedores muito fortes para absorver choques e tendências negativas de longo prazo, incluindo o abrandamento estrutural da economia da China continental”, acrescentou a Moody’s.

Também na quarta-feira, a agência tinha baixado a perspectiva do ‘rating’ da China de “estável” para “negativo”, devido aos altos níveis de endividamento da segunda maior economia do mundo. “A alteração para perspectiva negativa reflecte os indícios crescentes de que o governo e o sector público vão prestar apoio financeiro aos governos regionais e às empresas públicas em dificuldades”, afirmou a Moody’s, em comunicado. Isto “gera riscos significativos (…) para a solidez orçamental da China”, face ao abrandamento da economia do país e às dificuldades no sector imobiliário, acrescentou.

Na sequência do relatório, o ministério das Finanças chinês declarou-se “desiludido” com a decisão da Moody’s. Durante muito tempo, o sector imobiliário representou um quarto do PIB da China, assegurando a subsistência de milhares de empresas e de trabalhadores pouco qualificados.

Nos últimos 20 anos, o sector registou um crescimento fulgurante, mas os problemas financeiros de grupos imobiliários emblemáticos estão agora a alimentar a desconfiança dos compradores, num contexto de casas inacabadas e de queda dos preços por metro quadrado.

Face a um mercado de capitais exíguo, o sector concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas – cerca de 70 por cento, segundo diferentes estimativas. Para relançar o mercado imobiliário e estimular a actividade, o Governo intensificou o apoio ao sector nos últimos meses. Mas os resultados continuam a ser inconclusivos.

11 Dez 2023

USJ quer criar base de biotecnologia que liga China a Portugal

A Universidade de São José (USJ) quer ajudar a criar na região uma base de biotecnologia marinha e ambiental que ligue a China e Portugal, disse à Lusa um dirigente da instituição. A USJ criou em outubro o Laboratório Conjunto Sino-Português de Ciências Marinhas e Ambientais, em parceria com a Universidade Católica Portuguesa (UCP), o Instituto Português do Mar e da Atmosfera e a Academia de Ciências da China.

O director do Instituto de Ciências e Ambiente da USJ disse que o projecto quer “fomentar o desenvolvimento em Macau de um ‘hub’ tecnológico ligado à biotecnologia azul e verde”, uma área onde “a parceria China Portugal pode trazer bons frutos”.

David Gonçalves apontou como meta conseguir que a investigação não se fique pelos laboratórios e chegue à “implementação dessa inovação no mercado”, através da ligação a empresas. O biólogo acrescentou que um dos objectivos futuros é estabelecer parcerias “com empresas da China, de Portugal e algumas que existem já também em Macau para estabelecer um tecido empresarial”.

Portugal pioneiro

Gonçalves disse que a biotecnologia é “uma área interessante, onde há muitas pequenas empresas hoje em dia a surgirem em Portugal”.
O país tem sido “pioneiro numa certa forma moderna de olhar para o oceano enquanto um recurso que tem de ser explorado de uma forma sustentável”, defendeu o investigador, apontando como exemplo a aposta na aquacultura.

Portugal tem dado “passos interessantes” na definição de áreas protegidas na sua Zona Económica Exclusiva e a China “tem algum interesse” na investigação marinha desenvolvida no país, referiu o académico.

Por outro lado, sublinhou Gonçalves, a China está “extremamente avançada” na monitorização dos processos globais oceânicos e tem “uma grande sofisticação” técnica no que toca a navios de investigação, submersíveis e veículos operados remotamente. “Podiam-se fazer aqui equipas de sucesso para investigar determinados temas no mar”, defendeu o também presidente da Associação em Macau para a Cooperação Científica entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Gonçalves deu como exemplo a proliferação de algas, “um problema que afecta Portugal continental”, e novas técnicas e métodos para garantir uma aquacultura “de facto sustentável e que permita salvaguardar as populações naturais” de peixes. Outra potencial área de investigação é a exploração de recursos biológicos que possam ter utilizações comerciais, desde a indústria alimentar aos medicamentos, referiu o biólogo.

“Muitas vezes até podem ser não só moléculas novas, mas também dar valor a desperdícios que existem em indústrias, como por exemplo na indústria da aquacultura”, acrescentou Gonçalves. Em ligação com o novo laboratório, a USJ já apresentou à Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude, planos para uma licenciatura em biotecnologia, adiantou o reitor. Stephen Morgan disse à Lusa ter esperança de que a licenciatura, que será oferecida em conjunto com o Centro de Biotecnologia e Química Fina da UCP, poderá arrancar no ano letivo de 2024/2025.

O reitor acrescentou que, já em Setembro de 2024, a USJ deverá começar a oferecer uma licenciatura de grau duplo, também em parceria com a UCP, em ciências ambientais.

10 Dez 2023

Casa Garden apresenta xilogravuras do artista japonês Katsushika Hokusai

As xilogravuras do japonês Katsushika Hokusai, expostas a partir do próximo sábado na Casa Garden, sede da Fundação Oriente em Macau, são uma oportunidade de conhecer a técnica da gravura, muitas vezes confundida com a pintura, defende o curador da mostra.

A exposição “Hokusai The Wave Maker”, que apresenta três conjuntos de 64 gravuras ‘ukiyo-e’, na posse de uma “grande família de Osaka”, integra, entre outras, 46 peças da série “Trinta e Seis Vistas do Monte Fuji”, disse à Lusa James Wong Cheng Pou.

“A Grande Onda de Kanagawa”, trabalho mais conhecido do artista do período Edo, entre 1603 e 1868, e que a partir de 2024 vai ser motivo da nota de mil ienes (6,44 euros), inaugura esta série, originalmente criada entre 1831 e 1934 e que retrata o monte Fuji em diferentes épocas do ano e de várias perspectivas.

“Há dois anos, peritos do Museu Britânico, que fez uma grande exposição sobre Hokusai, consideraram a possível existência de cerca de 8.000 cópias de ‘A Grande Onda [de Kanagawa]’ no mundo. Actualmente só se conseguem localizar cerca de 200”, notou.

Reimpressão de qualidade

Embora as gravuras expostas na delegação da Fundação Oriente em Macau sejam reimpressões da década de 1970 e anos mais recentes, James Wong nota que a qualidade é atestada pelas autoridades competentes japonesas, tendo a reprodução de respeitar “os métodos tradicionais”.

“É necessário utilizar o papel de estilo antigo, bem como madeira de cerejeira, para cortar os blocos [onde se faz a gravura], que geralmente tem de ter mais de 100 anos, além de todas as tintas das impressões serem de materiais minerais”, notou o também presidente do Centro de Pesquisa de Gravuras de Macau.

“A arte que vai ver nesta exposição são provavelmente os exemplares mais caros destas impressões recentes”, salientou.
Para Wong, membro fundador da Comunidade de Gravuras e da Trienal de Gravura em Macau, esta é também uma oportunidade para desmistificar a gravura, já que “não há muita gente que conheça a diferença entre pintura e gravura”. “Talvez [a população] tenha interesse em vir ver como são as impressões”, sugere.

A xilogravura japonesa ‘ukiyo-e’ junta dois elementos: o desenho que dá origem ao produto final e o bloco de madeira. Num primeiro momento, faz-se o desenho em papel e coloca-se sobre um bloco de madeira. Depois talha-se a madeira, deixa-se o desenho em relevo e, numa fase seguinte, o bloco é pintado e coberto com o papel onde vai ser feita a impressão, sendo que para uma só obra são necessários vários blocos. Ao longo do processo, pressiona-se o papel contra o bloco de madeira com uma ferramenta circular chamada ‘baren’.

A ‘ukiyo-e’ e o nome de Katsushika Hokusai não são completos desconhecidos do território. Em 2018, a Rádio Macau noticiou que o Fundo de Pensões tinha guardada uma coleção de arte japonesa, adquirida no final dos anos 1980 pela administração portuguesa e avaliada em 13,68 milhões de patacas.

Essas 84 gravuras remontam ao século XVIII e XIX e estão guardadas nos cofres do Banco Nacional Ultramarino (BNU) do território, de acordo com a emissora. O exemplar “Grande Onda de Kanagawa” – e as restantes 45 gravuras da série “Trinta e Seis Vistas do Monte Fuji” – é a peça de arte de maior relevo adquirida pelo Fundo de Pensões.

James Wong recorda-se quando, nos anos 1990, passou “mais de uma hora” a observar essas impressões. Com ele, lembra à Lusa, encontrava-se também o artista e pedagogo português Nuno Barreto (1941-2009), na altura diretor da Academia de Artes Visuais de Macau.

“Fomos ao último andar do BNU e tivemos a oportunidade privilegiada de examinar [as peças]”, diz. A Lusa contactou o Fundo de Pensões para saber se a obra continua na posse do Governo de Macau, mas até ao momento não recebeu qualquer resposta.

10 Dez 2023

EAU denunciados por ignorarem promessas climáticas

A organização Human Rights Watch (HRW) denunciou ontem que os Emirados Árabes Unidos, anfitriões da Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP28), não cumprem as promessas de saúde e bem-estar que fizeram aos trabalhadores migrantes.

Numa nota, a HRW afirma que o compromisso de colocar a saúde no centro da acção climática, assumido por 124 países no início da reunião sobre o clima e assumido pela presidência dos Emirados Árabes Unidos (EAU) da reunião, continua a não ter importância “mesmo fora do local da conferência, onde os trabalhadores migrantes estão expostos a danos para a sua saúde”.

Estes danos estão “associados aos efeitos crescentes das alterações climáticas e dos combustíveis fósseis, incluindo o calor extremo e a poluição atmosférica”, que os migrantes enfrentam “sem protecção adequada”, segundo a organização não-governamental (ONG).

A declaração de saúde da COP28 sublinha “o combate às desigualdades dentro e entre países e a prossecução de políticas que permitam alcançar os objectivos de desenvolvimento sustentável”, mas isso, sublinha a HRW, “soa a falso para milhões de trabalhadores migrantes nos EAU, que constituem 88 por cento da população”.

“A HRW documentou a forma como as autoridades dos EAU estão a externalizar os riscos climáticos para os trabalhadores migrantes, que estão desproporcionadamente expostos ao calor extremo e não dispõem de protecção adequada, enviando para casa trabalhadores já cronicamente doentes sem remédio”, afirmou a ONG.

Isto transfere os encargos da saúde “para os sistemas de saúde já sobrecarregados dos países de origem dos migrantes, como o Bangladesh, o Paquistão ou o Nepal, que já estão na linha da frente das catástrofes climáticas”, apesar de serem emissores mínimos de gases com efeito de estufa.

Um migrante entrevistado pela HRW descreveu o país como “uma fábrica que produz doentes”, uma vez que “são poucos os que saem com saúde”. Da mesma forma, a declaração de saúde da COP28 assinala a importância da “investigação transversal e interdisciplinar no domínio da saúde”, bem como das “parcerias entre as populações mais vulneráveis aos impactos na saúde”.

No entanto, os EAU limitam severamente os grupos não-governamentais, proíbem os sindicatos e têm “tolerância zero para a dissidência”, o que dificulta ainda mais a vida dos migrantes que querem reformas estruturais.

Cimeira minada

A 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), que começou na quinta-feira, reúne os representantes de quase todos países do mundo no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, até 12 de Dezembro, para debater estratégias de adaptação e mitigação, apoios financeiros, e fazer um balanço de oito anos de acção climática.

O país que acolhe a cimeira é um dos maiores produtores mundiais de petróleo e é muito contestado a nível de direitos humanos, recusando-se a libertar dissidentes políticos.

A legislação e as práticas do governo dos Emirados impõem severas restrições aos direitos de liberdade de expressão, de associação e de reunião pacífica e violam outros direitos, incluindo o direito à privacidade e os direitos dos migrantes.

Ao contrário da maioria dos países, os EAU não assinaram o Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais e o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos.

7 Dez 2023

Timor-Leste | ONU apoia desenvolvimento sustentável

As Nações Unidas continuam a apoiar a luta da nação timorense contra as alterações climáticas e por um desenvolvimento sustentável

 

A representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Timor-Leste, Katyna Argueta, reiterou ontem o apoio ao país na luta pelo desenvolvimento sustentável.

“Reiteramos a disposição do PNUD para acompanhar os esforços do Governo na luta para o desenvolvimento sustentável”, afirmou a representante do PNUD em Timor-Leste, após um encontro de cortesia com o chefe de Estado timorense, José Ramos-Horta. Katyna Argueta explicou que durante o encontro com o Presidente foram abordados vários assuntos, incluindo a intervenção de José Ramos-Horta na cimeira sobre alterações climáticas.

No seu discurso, o chefe de Estado timorense apelou aos países desenvolvidos para aumentarem os apoios financeiros para que os países mais pobres possam fazer face às alterações climáticas e promover um desenvolvimento sustentável. “Falamos também da importância de promover o empoderamento das mulheres”, disse a representante do PNUD, salientando que foram discutidos os esforços do Governo para maior emancipação económica das mulheres e para o desenvolvimento humano.

Foco no futuro

Em Novembro, o Governo timorense lançou uma ‘task force’ interministerial para o desenvolvimento social, que tem como principal objectivo dar apoio ao desenvolvimento sustentável, com investimento no capital humano, e que junta vários ministérios e organizações internacionais parceiras do país. A ‘task force’ vai incidir sobre a infância, melhoria da nutrição e segurança alimentar e o empoderamento dos jovens.

“Estas três prioridades transversais requerem uma forte coordenação entre o Governo e os seus parceiros, que será vital para superar obstáculos institucionais, evitar duplicações, garantir a implementação eficiente de políticas e programas, alocar recursos de forma eficaz, promover a responsabilidade e fomentar uma cultura de comunicação, cooperação e colaboração”, referiu o Governo timorense.

O Banco Mundial alertou, num relatório divulgado em Novembro, que Timor-Leste enfrenta uma crise de capital humano e que é necessária “uma acção urgente” para que as crianças nascidas actualmente no país possam realizar o seu “potencial produtivo na vida adulta”.

7 Dez 2023

Myanmar | Pequim reforça campanha contra fraudes

A China está a intensificar o combate contra fraudes ‘online’ conduzidas por grupos criminosos a partir das zonas fronteiriças do Myanmar (antiga Birmânia), através de operações que incluíram tiroteios e transmissões televisivas de detenções de suspeitos. As fraudes, conduzidas por telefone ou via Internet, geram dezenas de milhares de milhões de dólares de receitas por ano.

No Verão, a China anunciou operações conjuntas com países vizinhos que levaram ao resgate de milhares de pessoas, muitas atraídas pela promessa de empregos bem remunerados. Estas pessoas foram mantidas em cativeiro e forçadas a executar esquemas.

Em 18 de Novembro, o ministério da Segurança Pública da China anunciou que as autoridades no norte do Myanmar capturaram cerca de 31.000 suspeitos de organizar fraudes. Entre eles, segundo a polícia, 63 eram líderes de diferentes organizações.

A Zona Auto-Administrada de Kokang e a Divisão Auto-Administrada de Wa partilham uma fronteira com a China e são fortemente influenciadas pelo gigante asiático. As pessoas que vivem em ambos os locais partilham a língua e a cultura com a China. As pessoas que vivem em Kokang são etnicamente chinesas. A elite política dos Wa, que têm o seu próprio Partido Comunista, tem ligações antigas ao regime chinês.

Em meados de Novembro, a polícia chinesa emitiu mandados de captura contra quatro pessoas, todas de apelido Ming, por suspeita de fraude, homicídio e detenção ilegal. A família é uma das mais poderosas de Kokang, com membros no governo e na polícia local.

A televisão estatal CCTV mostrou depois imagens da polícia a levar três dos quatro suspeitos para o outro lado da fronteira, na província de Yunnan, sudoeste da China.

De acordo com órgãos locais, os esforços renovados para acabar com as redes seguiram-se a um violento tiroteio ocorrido a 20 de Outubro em Kokang, num complexo pertencente à família Ming. Agentes da polícia militar da China morreram durante o tiroteio.

Poucos dias antes de os chineses emitirem os mandados de captura contra os Ming, Wei Qingtao, membro de uma outra poderosa família Kokang, foi visto num vídeo que circulou nas redes sociais chinesas a exortar os seus familiares a libertarem as pessoas forçadas a participarem em esquemas fraudulentos.

No final de Outubro, a China emitiu mandados de captura para dois homens que ocupavam altos cargos governamentais na divisão de Wa. Um deles era director do ministério da Construção de Wa. O outro era chefe de uma vila. Poucos dias depois, o Partido Comunista de Wa informou que os dois tinham sido expulsos da organização. A polícia de Wa entregou 194 cidadãos chineses às autoridades chinesas em 28 de Novembro, segundo a imprensa estatal de Wa.

Crime compensa

Nas últimas semanas, Kokang enviou cerca de 26.000 pessoas de volta para a China, disse Yin Masan, chefe do gabinete administrativo de Kokang. A campanha tornou-se um factor no conflito em curso no Myanmar.

Em 27 de Outubro, três grupos étnicos armados lançaram uma nova ofensiva contra o exército no norte do Estado de Shan. Designados por Aliança das Três Irmandades, incluem combatentes do Exército Arakan, do Exército da Aliança Democrática Nacional do Myanmar (MNDAA) e do Exército de Libertação Nacional de Ta’ang.

O MNDAA declarou que a ofensiva tem dois objectivos: derrotar as forças apoiadas pela junta militar que controlam Kokang e eliminar os grupos criminosos. A ofensiva exerceu pressão sobre o governo de Kokang.

“No mínimo, eles perceberam muito bem para que lado o vento soprava na China”, disse Richard Horsey, um conselheiro do International Crisis Group que acompanha o Myanmar. Embora possa ter-se tornado mais difícil executar as fraudes, os grupos ainda podem tirar partido da instabilidade e da corrupção que prevalecem nas zonas fronteiriças.

“Tornou-se mais arriscado”, disse Horsey. No entanto, “há um enorme incentivo financeiro para continuar a fazer isto” e “as recompensas continuam a existir”, acrescentou.

7 Dez 2023

Israel | Wang Yi defende que cessar-fogo é prioridade máxima em conversa com Blinken

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, disse ontem, em conversa por telefone com o homólogo norte-americano, Antony Blinken, que a prioridade “máxima” no conflito Israel – Hamas deve ser o cessar-fogo. “A prioridade máxima é o cessar-fogo para acabar com os combates o mais rapidamente possível”, afirmou Wang Yi, segundo um comunicado emitido pelo ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

“Os principais países (…) devem manter a objectividade e a imparcialidade e demonstrar calma e racionalidade”, acrescentou o chefe da diplomacia chinesa, que apelou a “todos os esforços” para que “evitem uma catástrofe humanitária em grande escala”.

No mês passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, apelou ao fim imediato das hostilidades, numa cimeira virtual extraordinária do bloco de economias emergentes BRICS. O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, reiterou a Wang Yi o “imperativo de todas as partes trabalharem para evitar que o conflito se alastre”, segundo o serviço diplomático de Washington.

A China tem boas relações com Israel, mas apoia a causa palestiniana há várias décadas e considera que a Palestina é um Estado soberano. Pequim tem defendido tradicionalmente a solução de “dois Estados”. Wang Yi deslocou-se a Nova Iorque no final de Novembro para uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o conflito entre Israel e o Hamas.

7 Dez 2023

UE | Pequim diz que restrições nas exportações de tecnologia “não fazem sentido”

O Governo chinês disse ontem que as restrições impostas pela União Europeia (UE) no fornecimento de alta tecnologia à China “não fazem sentido” e causam desequilíbrios comerciais, na véspera de uma cimeira em Pequim.

“Se a UE impõe restrições rigorosas à exportação de produtos de alta tecnologia para a China, por um lado, e espera aumentar significativamente as suas exportações para a China, por outro, receio que não faça sentido”, disse Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do país asiático.

Os presidentes do Conselho e da Comissão Europeia, Charles Michel e Ursula von der Leyen, e o principal diplomata do bloco, Josep Borrell, vão reunir-se hoje e amanhã com as autoridades do país asiático, retomando um encontro anual que foi suspenso durante os três anos da pandemia.

A relação comercial entre a UE e a China é uma das mais importantes do mundo. Em 2022, o comércio bilateral ascendeu a 865 mil milhões de euros, um montante recorde.

No entanto, o défice comercial para a UE nas trocas com a China aumentou de 154,7 mil milhões de euros, em 2018, para 396 mil milhões de euros, no ano passado, suscitando fortes reclamações por parte de Bruxelas, que acusa o país asiático de práticas comerciais “injustas”.

Von der Leyen afirmou na terça-feira que “os líderes europeus não vão tolerar um desequilíbrio no comércio a longo prazo”. “A China é um parceiro fiável e indispensável para a UE”, reagiu Wang em conferência de imprensa regular. “A gestão adequada das diferenças através do diálogo e da consulta é importante para o desenvolvimento das relações entre a China e a UE”, sublinhou.

“Esperamos que a parte europeia colabore com a China para encontrar um meio-termo, crie uma atmosfera positiva para que a reunião entre os líderes da China e da UE tenha sucesso e envide esforços conjuntos para o desenvolvimento saudável e estável das relações”, acrescentou.

7 Dez 2023

China | Emenda à lei de contra-espionagem não afecta ambiente empresarial

O ministério da Segurança do Estado da China defendeu ontem que a emenda à lei de contra-espionagem “não afecta as actividades comerciais normais e o investimento e operações legítimas” das empresas estrangeiras na China.

Num comunicado publicado através da sua conta oficial na rede social WeChat, o organismo afirmou que a emenda tornou a lei “mais precisa, clara e transparente”, o que “reflecte o progresso do sistema jurídico chinês”.

A nota surge em resposta a alguns “mal-entendidos” sobre a lei, que suscitou a preocupação entre alguns setores empresariais estrangeiros de que poderia ser utilizada para restringir actividades ou dar acesso às autoridades a segredos comerciais. O ministério afirmou que a segurança é “indispensável para o desenvolvimento” e “a base para a manutenção de um ambiente empresarial aberto e estável”.

“É prática comum e legítima” os países aplicarem leis contra actividades de espionagem, afirmou. Aqueles que “exageram” e afirmam que “a lei prejudica o ambiente empresarial” na China “têm segundas intenções” e “procuram distorcer a realidade”, segundo o organismo.

Segurança apertada

No Verão, o ministério apelou à mobilização de “toda a sociedade” para “prevenir e combater a espionagem” e anunciou uma série de medidas para “reforçar a defesa nacional” contra “actividades de serviços secretos estrangeiros”. Em Abril, a China alterou a sua Lei Contra – Espionagem para incluir a “colaboração com organizações de espionagem e seus agentes” na categoria de espionagem.

A legislação, que entrou em vigor em Julho, passou a proibir a transferência de qualquer informação relacionada com a segurança nacional e alargou a definição de espionagem, à medida que o Presidente chinês, Xi Jinping, enfatiza a necessidade de construir uma “nova arquitectura de segurança”.

Todos os “documentos, dados, material e itens relacionados com a segurança e interesses nacionais” passaram a estar sob o mesmo grau de protecção que os segredos de Estado, de acordo com a emenda. As investigações efectuadas nos últimos meses a empresas de consultadoria e empresas estrangeiras na China suscitaram preocupações entre o sector e potenciais investidores estrangeiros.

7 Dez 2023

Nuclear | Primeiro reactor mundial de quarta geração do mundo começa a operar na China

A China dá um salto em frente em matéria energética com a entrada em funcionamento da primeira central do mundo de quarta geração. A central já está a produzir electricidade em Shandong

 

A primeira central nuclear de quarta geração do mundo entrou ontem em funcionamento comercial na Baía de Shidao, província de Shandong, leste da China, informou a imprensa estatal chinesa. Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, a central nuclear de alta temperatura está agora a produzir electricidade para uso comercial, após ter completado com êxito um teste de funcionamento contínuo de 168 horas.

A Corporação Nacional Nuclear da China (CNNC) disse que esta etapa marca um “feito histórico” para os projectos científicos e tecnológicos do país asiático e sublinhou que foram realizados com “direitos de propriedade intelectual completamente independentes”.

A central, que foi desenvolvida conjuntamente pela Huaneng Energy Company, a Universidade de Tsinghua e a CNNC, começou a ser construída em Dezembro de 2012 e foi ligada à rede pela primeira vez em Dezembro de 2021.

A central tem uma capacidade instalada de 200 megawatts e utiliza reactores nucleares de alta temperatura arrefecidos a gás (HTGR), reconhecidos internacionalmente como um tipo avançado de quarta geração com “segurança intrínseca”, disse Zhang Zuoyi, engenheiro-chefe do projecto.

“Sem quaisquer medidas de intervenção, o reactor pode manter-se num estado seguro caso perca toda a capacidade de arrefecimento, e não haverá fusão do núcleo nem fuga de substâncias radioativas”, acrescentou.

Mudança de energia

O primeiro reactor nuclear totalmente desenvolvido na China, o Hualong-1, começou a funcionar comercialmente em Janeiro de 2022 na central eléctrica de Fuqing, no sudeste da China. A China estabeleceu o objectivo de aumentar a sua capacidade de produção de energia nuclear em 50 por cento até 2025 e de produzir entre 100.000 e 200.000 toneladas de hidrogénio a partir de energias renováveis no mesmo ano.

Estes objectivos fazem parte dos planos do Governo chinês para atingir a neutralidade das emissões de dióxido de carbono até 2060. A energia nuclear e o hidrogénio são duas fontes de energia limpas e renováveis que podem ajudar a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.

7 Dez 2023