Andreia Sofia Silva Manchete SociedadePortugal | Estudantes de Macau sofrem com aumento das rendas Well Lai, presidente da Associação dos Estudantes Luso-Macaenses, sediada em Lisboa, adianta que os estudantes da RAEM em Portugal também sofrem com o aumento das rendas, sobretudo em Lisboa. A estudante de Direito acredita que o Governo de Macau poderá aumentar o subsídio de alojamento actualmente atribuído A enorme procura que se tem feito sentir no mercado do imobiliário em Portugal, mas sobretudo nas grandes cidades como Lisboa e Porto, tem gerado um grande aumento das rendas, com consequentes dificuldades de habitação para a maioria dos portugueses. Apesar de receberem um subsídio de alojamento mensal de cerca de 3.300 patacas, os estudantes da RAEM em Portugal também têm sofrido com estes aumentos. Quem o diz é Well Lai, estudante de Direito na Universidade Católica Portuguesa e presidente da Associação dos Estudantes Luso-Macaenses (AELM). “Recebemos um subsídio mensal de alojamento, mas este não cobre o valor total da renda. Cobre cerca de 75 por cento, sendo de quase 300 euros [3.300 patacas]. Sei que as rendas subiram bastante nos últimos tempos e há estudantes que vivem nas residências universitárias e as rendas também são muito caras. Antes recebíamos menos do subsídio, mas os membros do Governo perguntaram-nos se tínhamos dificuldades e alguns estudantes relataram o aumento das rendas, e houve um aumento mensal de 300 patacas. Se as rendas continuarem a subir é possível que venham a aumentar o subsídio”, disse ao HM. Neste momento alugar um T2 no centro de Lisboa, por exemplo, pode chegar aos 1.500 euros [cerca de 13 mil patacas], e um estúdio não custa menos de 800 ou 900 euros [entre sete a oito mil patacas]. Criada em 2013 para estabelecer um elo de ligação entre os estudantes de Macau e os portugueses, a AELM dedica-se hoje a realizar diversas actividades de intercâmbio que visam unir mais os residentes a Portugal. Pelo meio, o contacto com entidades como a Delegação Económica e Comercial de Macau ou a Casa de Macau em Lisboa tem sido frequente. Hoje, são cerca de 70 os membros da AELM, com 15 vogais no activo, conta Well Lai. Os maiores desafios de sair de Macau para estudar em Portugal, relata a presidente, continuam a ser a saída “da zona de conforto” e o contacto diário com a língua. “Mesmo com alguns cursos de português em Macau, nem todos os estudantes os frequentam e há licenciaturas com uma linguagem mais técnica. A maior parte dos estudantes que estão em Portugal recebem bolsa do Governo de Macau e temos um curso de preparação, o chamado ano zero. Mas muitas vezes um ano não é suficiente, nos casos dos cursos de Direito ou Tradução.” Mercado algo saturado Well Lai pretende exercer advocacia quando voltar a Macau e confessa que, nessa área, há ainda vagas de trabalho, mas teme que seja mais difícil encontrar trabalho em relação aos anos pré-pandemia. “Depois da pandemia as oportunidades de encontrar trabalho em Macau já não são tão boas como antes. Mas acho que na área do Direito ainda existem muitas pessoas interessadas em voltar para Macau. Em áreas como as línguas, os estudantes têm de tirar mais um curso de mestrado para serem mais competitivos face aos outros alunos, porque penso que é um mercado que já está um pouco saturado.” A Grande Baía poderá dar “mais possibilidades de emprego”, mas é ainda grande o desconhecimento dos estudantes em relação ao projecto. “Penso que vai ser algo bom para tentarmos encontrar emprego. Mas no meu caso ainda considero que Macau é a minha casa. Posso trabalhar na Grande Baía, mas não pretendo viver lá”, adiantou a jovem estudante, que já está no quarto ano de Direito. Durante a pandemia a associação foi fundamental nos contactos com as autoridades de Macau para que os estudantes regressassem temporariamente a casa. No caso de Well Lai, a estadia em Macau fez-se por um ano e meio, tendo continuado a ter aulas online. Relativamente a eventos para este ano, a AELM pretende organizar algumas conferências e mesas redondas. Na última sexta-feira, decorreu mais uma edição do evento “Bem-vind@ à Ásia”, que incluiu a “Feira de Macau” e uma conferência sobre “o exercício da profissão jurídica em Macau”.
Andreia Sofia Silva PolíticaHabitação intermédia | Au Kam San critica ocultação de preços O ex-deputado Au Kam San escreveu na rede social Facebook que a proposta de lei de habitação intermédia, actualmente a ser analisada na Assembleia Legislativa (AL), peca por não revelar os preços das casas, apresentando apenas os elementos de candidatura. Au Kam San afirma, assim, que o projecto da habitação intermédia está a ser feito da mesma forma que o da habitação económica, ou seja, sem a divulgação prévia dos valores das casas. O ex-deputado lembrou que, depois de duas rondas de candidatura a casas económicas, em 2019 e 2021, a população continua a não saber o método de cálculo dos preços das habitações por parte do Governo, sendo essa a principal razão pela qual se registou uma redução do número de candidatos. Au Kam San recordou ainda o período da Administração portuguesa, quando havia a ideia de uma habitação pública com preços acessíveis, enquanto na era RAEM a percepção que existe é de que se trata de casas que valem milhões, sobretudo desde a entrada em vigor da nova lei de habitação económica, com o custo por pé quadrado a atingir as cinco mil patacas.
Andreia Sofia Silva SociedadeJogo | Ano encerra com menos trabalhadores Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que houve uma quebra de trabalhadores do jogo no quarto trimestre do ano passado. Havia, no total, 52.174 mil, menos 2.665 funcionários em termos anuais. Relativamente aos croupiers eram 23.721, menos 685, enquanto o pessoal dos serviços e vendedores era 3.967, uma quebra homóloga de 932. Por outro lado, os dados da DSEC revelam uma subida nos salários: em Dezembro de 2022 a remuneração média, sem contar com prémios ou participações nos lucros, dos trabalhadores do jogo era de 23.680 patacas, um aumento de 1,8 por cento face a Junho do ano passado. No entanto, em termos anuais, os salários baixaram ligeiramente, 0,1 por cento. A remuneração média dos croupiers foi de 19.800 patacas, menos 1,1 por cento em termos anuais. Durante o quarto trimestre de 2022, 99 trabalhadores foram recrutados e 803 deixaram o emprego. A taxa de recrutamento de trabalhadores, de 0,2 por cento, foi idêntica à do quarto trimestre de 2021, enquanto a taxa de rotatividade, de 1,5 por cento, aumentou 0,6 pontos percentuais, em termos anuais. Já a taxa de vagas desceu para um nível próximo de zero. A DSEC aponta que “estes indicadores reflectem que a procura de mão-de-obra no sector das lotarias e outros jogos de aposta continuou relativamente baixa”.
Andreia Sofia Silva PolíticaAL | Admitido diploma que regula salários de dirigentes educativos Foi admitida na Assembleia Legislativa (AL) a proposta de lei relativa às “Disposições fundamentais das funções específicas nas áreas do ensino oficial não superior e da juventude” que, na prática, vem actualizar os salários de directores e subdirectores das escolas oficiais do ensino superior, bem como dos directores de serviços educativos. Na nota justificativa da proposta, lê-se que muitos dos diplomas legais que regulam estas entidades estão em vigor há 30 anos, sendo necessário “rever as remunerações do pessoal e assegurar, de forma eficaz, o normal funcionamento das escolas oficiais ou centros”, bem como “a resolução dos assuntos emergentes em termos públicos”. A título de exemplo, no ensino secundário, propõe-se que os salários dos directores e subdirectores sejam equiparados às categorias de chefe de divisão e chefe de sector na Função Pública, passando estas profissões a estar associadas aos índices 770 e 735. No caso do ensino primário com jardim de infância integrado, faz-se a correspondência aos índices 740 e 715 da Administração. Nos centros educativos, é proposta a manutenção da remuneração acessória, com os directores a ganharem o equivalente ao índice 100 da tabela indiciária e os directores dos centros de actividades juvenis a ganharem o correspondente a 80 por cento do índice 100 da mesma tabela.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaDados pessoais | Pedida maior protecção por ligação a Hengqin A deputada Ella Lei pede uma revisão à lei da protecção de dados pessoais, em vigor desde 2005, tendo em conta a maior troca de informações e de negócios que ocorrem com Hengqin e Zhuhai, a fim de garantir maior segurança e evitar burlas Desde 2005 que a lei de protecção dos dados pessoais está em vigor sem que tenha sido feita uma revisão. Assim, e tendo em conta o aumento do comércio transfronteiriço e um maior fluxo de informação e projectos com o outro lado da fronteira, nomeadamente com a Zona de Cooperação Aprofundada de Hengqin, a deputada Ella Lei pede, numa interpelação escrita, uma modernização da legislação. A deputada, ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), defende um equilíbrio entre a necessidade de proteger os dados pessoais e o fluxo habitual de informações e negócios, para que a legislação em vigor possa dar resposta aos desenvolvimentos de ordem tecnológica e social que têm ocorrido na cooperação transfronteiriça. Ella Lei lembrou que há cada vez mais residentes de Macau que vivem e trabalham no interior da China, tendo em conta não apenas o projecto da Zona de Cooperação como também da Grande Baía. Além disso, têm sido lançadas várias políticas de incentivo à fixação de pessoas para uma maior integração regional, disse. “A sociedade presta atenção à forma como o desenvolvimento do ordenamento jurídico de Macau e da Zona de Cooperação Aprofundada pode dar resposta aos objectivos traçados, assegurando a protecção dos direitos e a segurança no que aos dados pessoais diz respeito, mas garantindo também uma maior conveniência com uma troca legal e segura dos dados”, lê-se. Atenção às burlas Um dos pontos referidos por Ella Lei na interpelação, diz respeito às queixas por excesso de chamadas de telemarketing do lado de lá da fronteira para residentes de Macau, sem esquecer os muitos casos de burla informática e telefónica que têm ocorrido nos últimos anos. Neste sentido, a deputada pede mais medidas para aumentar o conhecimento sobre a partilha de dados pessoais e questiona como pode a lei ser reforçada para evitar mais abusos no uso das informações privadas. Ella Lei pergunta também como é que o Governo tem vindo a concretizar as políticas lançadas pelas autoridades chinesas para que os residentes de Macau fixem morada do lado de lá da fronteira, garantindo uma interconexão segura de informações e pagamentos online.
Andreia Sofia Silva EventosGrande Prémio | Museu de Macau recebe oito estátuas do Madame Tussaud de Hong Kong John Macdonald, Ron Haslam, Ayrton Senna da Silva e Sebastian Vettel serão quatro das oito grandes figuras do desporto automóvel representadas em estátuas de cera e que poderão ser vistas no final deste mês no Museu do Grande Prémio. Esta iniciativa nasce de uma parceria com o museu Madame Tussaud de Hong Kong A fim de celebrar os 70 anos da organização do Grande Prémio de Macau (GPM), o museu do GPM recebe, no final deste mês, oito estátuas de cera de pilotos famosos, oriundas do conhecido museu Madame Tussaud de Hong Kong. A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) não revela para já, no comunicado já divulgado sobre a iniciativa, os nomes de todos os pilotos, mas já são conhecidos quatro: John Macdonald, Ron Haslam, Ayrton de Senna e Sebastian Vettel. Os nomes são divulgados no contexto do concurso “Estátuas de Cera dos Pilotos: Adivinha Quem?” que a DST organizou e que terminou no passado dia 28 de Fevereiro. As identidades dos restantes quatro pilotos retratados em figuras de cera, bem como as datas de inauguração da exposição, serão tornados públicos brevemente. Esta será a oportunidade para o público apreciar “oito estátuas de cera tão verosímeis que parecem verdadeiras, bem como ter a oportunidade de ver outros objectos expostos e experienciar as diversões interactivas multimédia”. Ayrton Senna da Silva foi um piloto brasileiro nascido na cidade de São Paulo a 21 de Março de 1960. Começou a sua carreira no automobilismo em 1973, em corridas de karts, passando, em 1981, para os carros. Em 1983 foi campeão do Campeonato Britânico de Fórmula 3, tendo-se estreado na Fórmula 1 no Grande Prémio do Brasil de 1984. A sua morte, com apenas 34 anos, em plena competição no Grande Prémio de San Marino, deixou o mundo consternado e fez dele uma lenda mundial do desporto automóvel. Outra das figuras retratadas no museu é Ron Haslam, britânico que foi, durante mais de 30 anos, piloto de motos, tendo ganho dois títulos mundiais, quatro campeonatos britânicos e competido em quase 110 competições de Grande Prémio em todo o mundo. De uma geração mais recente de pilotos surge Sebastian Vettel, alemão nascido em 1987 que já foi campeão do mundo de Fórmula 1 quatro vezes consecutivas, além de ter sido vice-campeão por três vezes. Em 2010, tornou-se o mais jovem campeão da história da Fórmula 1. Primeiro passo Esta mostra de estátuas de cera de pilotos constitui a primeira cooperação entre a DST e o Madame Tussauds de Hong Kong. A DST sempre procurou “inovar e enriquecer o acervo do Museu do GPM”, além de “realizar projectos e actividades multimédia, promovendo a divulgação e a transmissão da cultura do GPM”. Em 2021 o museu foi alvo de obras de ampliação, tendo reaberto com uma nova estrutura que disponibiliza mais itens de exposições interactivas multimédia, equipamentos de exposição de cenários, corridas e peças relacionadas com o Grande Prémio, instalações sem barreiras, entre outros. A ideia é proporcionar aos residentes e turistas uma experiência de “educação e diversão”, mostrando a diversidade por detrás do conceito de “turismo +”, a fim de aumentar o número de atracções turísticas existentes no território.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEscola Internacional | Rosa Bizarro deixa cargo de directora académica A Gerações – Escola Internacional já está a aceitar matrículas para o próximo ano lectivo mas acaba de perder a sua directora académica. Rosa Bizarro confirma a saída, oficializada a 27 de Fevereiro, mas não quer fazer mais comentários sobre o assunto Anunciada em Janeiro como o novo projecto educativo trilingue em Macau, a Gerações – Escola Internacional acaba de perder a sua directora académica. Rosa Bizarro deixou oficialmente o cargo que detinha na Associação do Colégio Sino-Luso Internacional de Macau (ACSLIM), entidade gestora da escola, a 27 de Fevereiro, mas, contactada pelo HM, preferiu não prestar declarações sobre as razões para a sua saída repentina de uma escola que visa disponibilizar um ensino inclusivo e diferente. De frisar que a ACSLIM é uma associação de matriz macaense que conta com nomes como o advogado e ex-deputado Leonel Alves e o arquitecto Nuno Jorge, sem esquecer Edith Jorge, presidente do conselho de administração da ACSLIM. Numa entrevista concedida ao HM a 17 de Janeiro, Rosa Bizarro dava conta de que o convite para estar na Gerações lhe permitia “implementar um projecto ambicioso, mas de grande qualidade”. A ex-professora da Universidade Politécnica de Macau entre 2014 e 2021, à época Instituto Politécnico de Macau, referiu ainda que a Gerações “tem muito de inovador e pretende-se que tenha frutos no presente imediato e no futuro”. “Estou muito ligada ao ensino das línguas e questões interculturais e achei que seria, de facto, uma oportunidade para pôr em prática aquilo que ao longo dos anos tenho defendido”, acrescentou. Espaço de todos Foi em Dezembro que a Gerações – Escola Internacional ganhou o aval da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ). Com abertura prevista já para Setembro, no ano lectivo de 2023-2024, a Gerações pretende ser “diferente porque assume as três línguas como a base de todo o trabalho desenvolvido”. A ideia é que a escola possa servir de espaço de inclusão de alunos de diversas culturas, com a criação de currículos “que procuram dar respostas locais e universais”, adiantou, na mesma entrevista, Rosa Bizarro. Contas feitas pelo jornal Ponto Final, mostram que a Gerações, situada no Aterro da Concórdia, em Coloane, será a instituição de ensino não superior mais cara de Macau, com uma propina anual a rondar as 126 mil patacas.
Andreia Sofia Silva EntrevistaPaul French, escritor: “Macau era uma ‘Casablanca da Ásia'” Assume-se como “um escritor diferente da China”. O fascínio pelo Oriente nasceu da aprendizagem do mandarim. Autor de obras como “Midnight in Peking” ou “City of Devils: The Two Men Ruled the Underworld of Old Shanghai”, bestsellers do New York Times, Paul French estará hoje na Livraria Portuguesa, a partir das 18h30, para falar da sua obra e das “estranhas histórias da velha Macau” que contribuem para que o território mantenha ainda uma aura de mistério Há muito que escreve sobre a China e vai hoje à Livraria Portuguesa falar do seu trabalho. O que podemos esperar desta conversa? Vou contar algumas histórias sobre Macau e os portugueses em Macau. Quando escrevi o livro sobre os gangsters estrangeiros em Xangai nos anos 30 [City of Devils: The Two Men Ruled the Underworld of Old Shanghai], com histórias reais, eu próprio, mesmo conhecendo muito sobre a história de Xangai, fiquei surpreendido com o facto de haver tantos portugueses envolvidos no mundo do crime da cidade. Geriam clubes nocturnos, investiam dinheiro no jogo. Outra coisa curiosa, é que eles aprenderam técnicas de jogo em Macau, levaram slot-machines para Xangai a partir de Macau. Essa é uma ligação interessante que existe entre Macau e Xangai que não é conhecida. Sempre que falamos de Macau falamos de missionários, diplomatas, mas houve muitas outras pessoas que viajaram para Macau. Era como um lugar de escape para quem tivesse problemas em Portugal, era um sítio onde se falava a mesma língua [português] e em que se podia escapar à polícia. Como teve o primeiro contacto com estas histórias? Lendo jornais antigos. Claro que a maior parte destas histórias foram publicadas pelos jornais de Hong Kong ou de Xangai nas edições internacionais. Muitas destas histórias simplesmente caíram no esquecimento. Encontrei uma delas numa edição do South China Morning Post de 1936, que dizia que o Japão ofereceu dinheiro a Lisboa para comprar Macau. Não é uma história muito conhecida, mas é um pouco estranha. O Japão pensou que Lisboa poderia dizer sim [à venda do território]. Nos anos 30 Macau rendia muito dinheiro a Lisboa e Portugal não estava ao mesmo nível do Reino Unido. O Reino Unido jamais venderia Hong Kong. Para o Japão seria uma forma mais fácil de conquistar território na Ásia [caso comprasse Macau]. Há ainda muito a descobrir sobre a história e as pessoas de Macau? Persiste um certo mistério? Há muitas coisas por descobrir em Macau, é um território com essa reputação. Se olharmos para o caos da China nos anos 20 e 30, e para Hong Kong, pouco policiado pelos britânicos na qualidade de colónia, Macau era um sítio muito fácil nesse sentido, era permitido fazerem-se muitas coisas. Muitos ficavam satisfeitos com isso, os chineses e as pessoas de Hong Kong, por causa dos negócios. Na II Guerra Mundial Macau passa a ser importante por causa da sua neutralidade e torna-se numa espécie de “Casablanca da Ásia” em termos da presença de espiões, por exemplo. Macau era o lugar onde os nazis, os japoneses e os chineses se misturaram durante o conflito. Fiz também muito trabalho sobre os judeus refugiados em Macau. Durante a II Guerra Mundial, Macau era um lugar fascinante e teve um papel muito importante. Porque ficou tão fascinado por este mundo? Penso que é fascinante para muitas pessoas, mas no meu caso foi devido à língua chinesa. Estudei chinês no Reino Unido e em Xangai. Comecei a investigar mais sobre a história dos estrangeiros em Xangai, mas também em Macau e Pequim, e claro Hong Kong despertou sempre um interesse em mim por ser uma colónia britânica na Ásia, e também pela transição. Mas as histórias de Macau sempre me apareceram sem eu estar à procura delas. Sempre procurei mais por registos de Hong Kong, e de repente deparei-me com a história de um grupo de portugueses que viveu em Macau nos anos 20 e que tentou começar uma revolução em prol da independência, para criar uma espécie de “República de Macau”, separada de Lisboa. Era uma operação relacionada com acções de chantagem. Chegaram ao Governo e disseram: “Vamos começar uma revolução. Dêem-nos dinheiro”. E até foram bem-sucedidos, puseram notícias nos jornais e tiveram apoio de algumas pessoas. Havia um sentimento de rebelião no ar, sobretudo no seio dos militares e da marinha devido às condições de trabalho e de estadia, por isso surgiu a ideia de independência, mas toda a operação não passou de uma acção de chantagem. Esta história apareceu-me assim, do nada…. Há também a história de um refugiado polaco que tentou nadar até Macau e as autoridades portuguesas tentaram empurrá-lo para o lado da China, enquanto ele lutava por chegar ao território português. Acabou depois por ser enviado para o Brasil. A história de Macau está cheia destes episódios. É um território que terá sempre esta ideia de ser “fora da lei”? Está certa. Sempre houve um certo mistério e exotismo. Macau não é como as outras antigas colónias, nomeadamente as britânicas, como Hong Kong ou Singapura, por exemplo. Lisboa não tinha muito interesse em Macau, tal como não tinha com Goa ou Timor. Não fazia uma série de coisas, não enviava muitos soldados. Deixava o território andar ao seu ritmo. Acabei de reeditar o livro sobre os escritos de Harry Harvey [Where Strange Gods Calls, editado nos anos 20], e o estilo com que descreve a Macau da altura é sempre com ligação aos casinos, diferente de tudo o resto, com a presença do catolicismo. Isso aparece também em muitos outros escritores, como Ian Fleming nos livros de James Bond, nos anos 60. Ele descreve Macau quase no mesmo estilo. O que podemos retirar daqui é que Macau era, de facto, um lugar onde podíamos, de certa forma, escapar às autoridades. Havia jogo, prostituição, e Lisboa não estava, de facto, a prestar muita atenção. Mas a China esteve sempre a prestar atenção e por vezes tirava vantagens disso. Houve sempre boas relações e Macau manteve-se com administração portuguesa porque havia o interesse no comércio da parte da China. Temos o exemplo do comércio do ópio, no qual Portugal não estava envolvido. Era um negócio essencialmente americano. Todos comercializavam matérias-primas como prata e ouro. Macau era, para muitos, uma base para entrar em Guangdong. Acaba de lançar três novos livros incluídos na colecção “China Revisited”, que contêm histórias de viajantes comuns que vieram para Macau, Hong Kong e sul da China entre os séculos XIX e XX. Com a pandemia, e sem poder viajar, passei muito tempo na biblioteca de Londres que tem uma boa colecção dos escritos de antigos viajantes em todo o mundo, incluindo a China, na época vitoriana. Decidi prestar mais atenção a esses escritos, e cerca de 90 por cento são de viagens entre Xangai e Pequim e para a zona mais ocidental da China. Pensei que seria bom fazer algo com isto, sobretudo relacionado com Macau e a zona de Guangdong. Os relatos de missionários são, muitas vezes, aborrecidos, então o meu foco era ir além disso. Tenho o exemplo de Benjamim Harry, um missionário americano que viaja para Hong Kong e que é muito interessante, porque vai a Guangzhou e dá-nos grandes descrições da cidade, que claro que mudou muito, sobretudo nos anos 30. Foi também o primeiro ocidental a visitar e a escrever sobre a ilha de Hainão, que nessa altura era uma zona ligada à agricultura com plantações de cocos. Estava muito longe de ser o “Hawai da China” como hoje é conhecida a região. O seu trabalho já foi reconhecido pelo jornal New York Times. Alguma vez pensou ter uma carreira internacional? Penso que sou um escritor da China diferente. A maior parte das pessoas que escrevem sobre a China são académicos ou jornalistas que vivem algum tempo no país e querem contar o que viram com mais detalhe do que aquilo que publicam nos jornais. Eu tento fazer algo diferente. Quero escrever livros que muitas pessoas possam comprar no aeroporto para ler no avião ou na praia quando vão de férias, por exemplo. Têm acesso à história da China, mas também a boas histórias. Está também a trabalhar num livro sobre Wallis Simpson, a mulher divorciada por quem Eduardo VIII abdicou do trono britânico, nomeadamente sobre o período em que viveu na China, de 1924 a 1925. Fale-nos mais deste projecto. Claro que não é possível crescer no Reino Unido sem conhecer a história de Wallis Simpson. É uma boa história para mim porque me dá a oportunidade de escrever mais sobre os anos 20 na China e claro que será uma história interessante para as pessoas. Todos conhecem a história da abdicação do trono, ela sempre foi considerada a mulher mais detestada de sempre, dependendo da perspectiva. Mas ela é interessante porque há uma série de rumores e notícias falsas sobre o que lhe aconteceu na China. Wallis foi para lá com o marido da altura, um oficial da marinha americana, e passaram por Hong Kong e Xangai. Ele era uma pessoa horrível e batia-lhe. De Xangai ela vai para Pequim onde passa cerca de sete a oito meses num alojamento muito agradável. Depois Wallis Simpson regressa aos EUA, mas nesse ano em que esteve na China aprendeu muito sobre ela própria, percebendo que não tinha de estar casada com aquele homem, a ser agredida, e que podia ser independente e misturar-se com uma certa elite internacional e cosmopolita. Tornou-se então naquela mulher para a qual todos olham quando entram na sala, que se move nos círculos da realeza, e foi aí que Eduardo VIII olhou para ela. Mas o livro vai também contar um pouco sobre a história da China.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEPM | Lisboa acusada de atrasar ampliação da escola O Ministério da Educação de Portugal será um dos grandes responsáveis pelo atraso das obras de expansão da Escola Portuguesa de Macau (EPM). A notícia foi avançada ontem pela TDM Rádio Macau, que acrescenta que a EPM não tem condições para abrir mais três turmas, vendo-se obrigada a recusar novas matrículas. A TDM Rádio Macau baseia-se em fontes próximas do processo para noticiar que há vários anos que o Ministério não dá uma resposta sobre as obras o que estará a “provocar mal-estar em Macau”. A EPM conta actualmente com 705 alunos e pretendia abrir, em Setembro, mais três turmas, cada uma delas com cerca de 60 a 70 alunos. Uma fonte disse mesmo que o Ministério “não tem respondido aos pedidos enviados de Macau”, sendo que Lisboa tem de garantir apoio financeiro para as obras. Outra fonte disse ainda: “Os Serviços de Educação e o Chefe do Executivo têm manifestado sempre apoio ao eventual desenvolvimento da Escola Portuguesa, mas sem o sim de Lisboa não se pode avançar. As autoridades locais não percebem tanta indefinição e quando perguntam já não sabemos o que dizer”. De frisar que a EPM conta com o Ministério da Educação como sócio maioritário de um projecto educativo que tem recebido apoio da Fundação Macau desde a saída da Fundação Oriente, bem como financiamento regular da parte da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude. “Macau não vai pagar tudo e Lisboa tem de assumir o que lhe compete”, referiu ainda outra fonte ouvida pela TDM Rádio Macau. Outra questão relacionada com a EPM, que permanece sem avanços, é a duração dos mandatos do Conselho de Administração da Fundação Escola Portuguesa e do Conselho de Curadores. Os membros têm visto os seus mandatos serem renovados automaticamente, mas há muito que não há rostos novos ou mudanças de fundo nestas duas estruturas. Na última reunião, online, Roberto Carneiro, presidente do conselho de administração da Fundação da EPM, não compareceu.
Andreia Sofia Silva PolíticaPlano Director | Zona Este, Porto Exterior e Zona Norte são prioritárias Lai Weng Leong, director da Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSCC) disse, em resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei, que a prioridade na área do urbanismo, quanto ao desenvolvimento dos planos de pormenor, passa pela Zona Este, Porto Exterior e Zona Norte, tendo já sido iniciada a sua elaboração. Quanto às restantes zonas do território definidas no Plano Director “o Governo irá, com a maior brevidade possível, iniciar os trabalhos de elaboração dos planos de pormenor”. A DSSC pretende “aperfeiçoar a distribuição do espaço em geral, optimizar as instalações colectivas e aumentar a área dos espaços verdes e de lazer, a fim de criar um ambiente comunitário com boas condições de habitabilidade”. Quanto à melhoria das infra-estruturas urbanísticas no Porto Interior, incluindo ao nível das inundações que ocorrem com frequência, o Governo diz que “é uma meta de longo prazo” que depende de “uma ponderação geral de factores relacionados com o trânsito, prevenção de desastres, protecção ambiental e espaços públicos, entre outros”. Ella Lei colocou ainda questões sobre o desenvolvimento da zona da Praia do Manduco, mas estes planos “devem ser estudados e implementados tendo em conta a elaboração dos planos de pormenor e pareceres dos serviços competentes e diversos sectores da sociedade”, apontou a DSCC. Sobre a higienização urbana entre o Porto Interior e a Praia do Manduco, Lai Weng Leong adiantou que o Instituto para os Assuntos Municipais já instalou 14 novos contentores de compressão do lixo, prometendo melhorar gradualmente, com a empresa concessionária, a gestão dos resíduos na zona.
Andreia Sofia Silva PolíticaVisita | John Lee elogia infra-estruturas MICE de Macau A delegação de Hong Kong que passou ontem por Macau, chefiada pelo Chefe do Executivo da região vizinha, John Lee, deixou elogios às infra-estruturas da área de convenções e exposições. Segundo uma nota oficial, foi referido que Macau tem hoje “mais infra-estruturas MICE e locais para espectáculos, o que personifica o compromisso de Macau em desenvolver os elementos não jogo” na indústria dos casinos. Além disso, a existência de infra-estruturas MICE de alta qualidade vai “promover melhores condições para a cooperação com cidades vizinhas como Hong Kong”, acrescenta o mesmo comunicado. O Chefe do Executivo da antiga colónia britânica, lembrou ainda que deve ser aproveitada a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau para reforçar a actividade logística entre as duas regiões. John Lee falou também da construção de habitações públicas na zona A dos novos aterros e manifestou a vontade de saber mais sobre as políticas locais de habitação. Ho Iat Seng terá feito um balanço das medidas que têm sido implementadas nesta área, bem como ao nível da renovação urbana. O Chefe do Executivo da RAEM referiu também a estratégia “1+4” para a diversificação da economia local, esperando que Hong Kong possa ser parte activa no desenvolvimento de indústrias emergentes, como é o caso da saúde, convenções e exposições, alta tecnologia e sector financeiro. O progresso registado na Zona de Cooperação Aprofundada entre Macau e Hengqin foi ainda discutido neste encontro.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaCCPPC | Leonel Alves defende aposta no Direito e língua portuguesa Leonel Alves, membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, diz que Macau deve apostar em duas áreas que lhe são características para vingar na Grande Baía, nomeadamente o Direito de matriz portuguesa e a língua de Camões. Empregadas domésticas e impostos serão outros temas abordados nas duas sessões Advogado e ex-deputado, Leonel Alves mantém a actividade política como membro de Macau na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), cuja sessão anual decorre entre hoje e amanhã, bem como a da Assembleia Popular Nacional (APN). Em declarações à TDM Rádio Macau, Leonel Alves disse, antes de partir para Pequim, que Macau deve apostar nas áreas do Direito local e língua portuguesa para participar activamente na Grande Baía e cooperar com as nove cidades que fazem parte deste projecto político. “Macau faz parte da Grande Baía e tem o seu papel próprio e insubstituível, quer pela sua história, quer pelas suas características e quer pelas suas próprias potencialidades. Uma delas é, sem dúvida, o Direito, que é diferente do resto. Outra característica fundamental é a língua portuguesa, que pode ser mais difundida na Grande Baía”, defendeu. Leonel Alves disse mesmo, “pela sua experiência pessoal”, que já contactou “várias entidades, inclusivamente universitárias” onde foi discutida a importância do “aprofundamento do conhecimento da cultura dos países lusófonos para o desenvolvimento económico da Grande Baía”. Apostar nestas áreas pode levar, assim, a um “incremento qualitativo muito importante do papel de Macau como plataforma, para um maior intercâmbio entre os talentos da Grande Baía e de Macau”. Macau, território de pequena dimensão, o que acarreta dificuldades de expansão de negócios e que sofre com falta de mão-de-obra, pode beneficiar com a Grande Baía e com a cooperação nestas áreas, adiantou Leonel Alves. “Isso pode ser muito benéfico pois Macau é uma cidade pequena, os números são sempre muito limitados, a Grande Baía é a grande projecção da China para as próximas décadas e as necessidades que temos, os profissionais que trabalham na Grande Baía creio que muitos deles têm interesse em desenvolver as suas actividades em Macau. Macau está a atravessar este momento histórico e tem de aproveitar este corredor de conhecimentos e de pessoas que têm interesses mútuos”, rematou. Empregadas na Zona Leonel Alves confirmou ainda à TDM Rádio Macau que vai subscrever um projecto, em co-autoria com os restantes membros de Macau à CCPPC, destinado a promover uma maior cooperação ao nível dos recursos humanos entre o território e as cidades da Grande Baía. Uma das propostas apresentadas pelos delegados de Macau é a facilitação das condições burocráticas para que empregadas domésticas estrangeiras possam trabalhar na Zona de Cooperação Aprofundada. “É preciso regular as condições em que as trabalhadoras domésticas podem trabalhar na Zona de Cooperação”, disse Ho Ion Sang, um dos membros de Macau à CCPPC, à TDM Rádio Macau. Além disso, o deputado indirecto diz que “há muitos residentes com vontade de viver em Hengqin, mas desejam serviços médicos de maior qualidade na Zona de Cooperação”, pelo que “é necessário optimizar os serviços médicos nos dois lados”. Por sua vez, Frederico Ma, outro membro da CCPPC, disse que vai fazer uma proposta para uma maior articulação dos sistemas tributários entre Macau, o Interior da China e a Zona de Cooperação.
Andreia Sofia Silva EventosARTM | Exposição de fotografia de Lúcia Lemos inaugurada este domingo A galeria Hold On To Hope, da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM), inaugura, este domingo, a exposição de fotografia “20 Artistas de Macau”, da autoria de Lúcia Lemos, directora da Creative Macau. Mais do que recordar um projecto exposto em 2001, este é também um exercício expositivo que celebra o Dia Internacional da Mulher Em 2001, tinha a RAEM pouco tempo de vida, Lúcia Lemos expôs 20 retratos de mulheres artistas de e a viver em Macau, como é o caso de Anabela Gralhados, Elisa Vilaça, Fernanda Dias, Margarida Cheung Vieira e Wong Lai Chi, entre outras. Entre a pintura, a performance ou as palavras, são várias as artes que dominam as mulheres destes retratos. Agora, 22 anos depois, é altura de estas imagens saíram da gaveta para onde voltaram e serem de novo expostas na galeria Hold On To Hope, em Ka-Hó, Coloane, espaço sócio-cultural gerido pela Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM). A inauguração acontece no domingo às 16h. Além de recordar um projecto antigo, esta mostra visa também celebrar o Dia Internacional da Mulher que se comemora na próxima quarta-feira. Lúcia Lemos mostrou o material à ARTM que prontamente disponibilizou o espaço para a exposição. No entanto, as fotografias não estarão à venda, por se tratar de “retratos pessoais”, contou Lúcia Lemos ao HM. “Na altura convidei várias mulheres, mas muitas não se quiseram expor porque é uma coisa muito pessoal. Uma das condições é que elas só veriam o seu retrato no dia da exposição, porque não queria nenhuma influência. Tive inteira liberdade e fiz por isso. Quis contribuir para a divulgação de muitas artistas que as pessoas, por vezes, não conhecem”, disse. Alguns nomes já deixaram Macau, outros permanecem, como é o caso de Elisa Vilaça, que continua a desenvolver um trabalho ligado ao teatro de marionetas com a Casa de Portugal em Macau. Neste projecto, Lúcia Lemos fotografou sempre com recurso ao analógico e usando diversas máquinas fotográficas, nomeadamente a Rolleiflex, Canon, Nikon, Pentax. O trabalho de edição das imagens foi feito no laboratório do artista Wong Ho Sang. Captar emoções Lúcia Lemos não sabe precisar porque decidiu fotografar apenas mulheres artistas. “Já fiz trabalhos com homens também, e com várias pessoas, e talvez um dia os exponha. Simplesmente interessou-me fazer um trabalho sobre mulheres, talvez por eu ser mulher e ter contacto com esse meio artístico. Não tem nada de particular. Algumas artistas foram fotografadas no local onde fazem a sua arte, como o estúdio, enquanto outras foram fotografadas em minha casa. É um trabalho de filme, analógico.” Na hora de fotografar foi dada total liberdade à pessoa fotografada para ser ela própria ou, por exemplo, criar um personagem para a câmara. “Elas sentavam-se, faziam o que lhes apetecia enquanto conversavam comigo, mas sempre quis captar um olhar que transmitisse o seu interior. Sempre quis captar as emoções”, rematou Lúcia Lemos. Estas imagens mostram ainda mulheres para quem a arte “tem uma importância maior para a sua vida”. “Algumas delas faziam parte da arte e do ensino da arte a sua profissão. Todas elas se libertaram na criação artística”, acrescenta-se numa nota, que diz que Lúcia Lemos ainda hoje “se revê nessas fotografias pela intuição estética e espontaneidade que apresentam”, por “gostar de ler nos olhos e gestos das pessoas e adivinhar o que lhes vai lá dentro”. Neste tipo de fotografia há sempre “uma tensão que define a obra e a torna especial”, pelo que Lúcia Lemos considera “o seu trabalho não convencional”. No final da mostra as fotografias poderão voltar ao seu lugar de origem ou ficar nas mãos da pessoa fotografada.
Andreia Sofia Silva SociedadeCPCP | Rita Santos reage a críticas da Secção do PS em Macau Rita Santos, presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceânia do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas (CPCP), reagiu às críticas feitas pelo secretário da Secção do Partido Socialista (PS) em Macau, Vítor Moutinho, quanto à actuação do organismo. Rita Santos esclarece que “nenhum dos membros do Conselho é funcionário do Governo de Macau”, sendo que pertencem “a diferentes associações públicas privadas que têm por objectivo servir os residentes e que, de acordo com a lei, podem receber mais ou menos subsídios do Governo de Macau”. Além disso, salientou que “os conselheiros das comunidades portuguesas não são remunerados e trabalham voluntariamente para a resolução dos problemas dos portugueses residentes em Macau”. Em declarações ao HM, publicadas esta quarta-feira, Vítor Moutinho disse que o CPCP “não serve para fazer negócios, desbloquear situações mais ou menos dúbias, promover egos ou acções que permitam reeleições. Isso não tem nada a ver com o estatuto dos representantes ou conselheiros das comunidades”. Moutinho lamentou também que continuem a ser feitas acções do Conselho “através de uma associação [Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau] financiada pelo Governo de Macau e que se confunde com o que é o CPCP. Se isso continua a acontecer reiteramos que se acabe com o CPCP da forma como está.”
Andreia Sofia Silva SociedadeBurla telefónica | Residente suspeito de apoiar grupo criminoso Um residente de 39 anos é suspeito de apoiar um grupo criminoso, alegadamente autor de várias burlas telefónicas. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o homem recebia o dinheiro obtido com as burlas e investia-o em moeda virtual, sendo feita depois uma nova transferência para o grupo. Assim, o residente é suspeito dos crimes de burla qualificada e branqueamento de capitais. O caso foi descoberto quando uma das vítimas, de 80 anos, disse à Polícia Judiciária (PJ) ter sido vítima de burla via telefone depois de transferir 35 mil patacas para uma mulher com base nas indicações que recebeu. A PJ percebeu que esse dinheiro foi passado ao suspeito por uma mulher, tendo este entrado numa joalharia, situada no NAPE, para adquirir moeda virtual com esse montante. Interceptado pelas autoridades, o homem alegou que estava a fazer a transacção a pedido de uma pessoa que tinha conhecido online e que, com essa operação, poderia receber 400 patacas, caso a fizesse numa joalharia ou loja de penhores. Segundo a PJ, a joalharia em questão pode incorrer numa infracção administrativa pois necessita de ter licença para levar a cabo transacções financeiras, uma vez que em Macau não há leis que regulem o investimento em criptomoedas.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeQuarentenas | Recebidos 49 pedidos de devolução de dinheiro Com o fim das quarentenas obrigatórias nos hotéis, o Governo já recebeu 49 pedidos de apoio para a devolução do montante pago por residentes. Nas redes sociais há relatos de alguns atrasos nos pagamentos, mas a Direcção dos Serviços de Turismo diz que tem vindo a comunicar com as unidades hoteleiras Desde que foi decretado o fim das quarentenas obrigatórias em hotéis, a 17 de Dezembro do ano passado, que a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) recebeu um total de 49 pedidos de ajuda ou questões da parte dos residentes que já tinham feito a respectiva marcação de quarto de hotel e o seu pagamento. Os dados foram enviados ao HM após ter sido verificado, nas redes sociais, que havia atrasos e problemas de comunicação entre as unidades hoteleiras anteriormente designadas para a quarentena e os residentes. A DST afirma que “tem mantido a comunicação com os hotéis envolvidos, pedindo que seja acelerado o processo de devolução do dinheiro”. “Compreendemos que os hotéis têm vindo a processar os procedimentos relacionados com a devolução dos montantes pagos e que envolvem não só os hotéis como os bancos e sistemas de cartões de crédito, o que pode fazer com que leve algum tempo até que os pagamentos sejam feitos”, lê-se ainda na resposta. Publicações apagadas Foi no grupo “Macau Quarantine” que o HM viu algumas publicações a darem conta do atraso na devolução do dinheiro pago pelas quarentenas. Uma das internautas confirmou depois que, o seu caso, relacionado com a quarentena marcada no Hotel Lisboeta, já tinha sido resolvido aquando das questões colocadas pelo nosso jornal. De frisar que as publicações foram apagadas do grupo depois de o HM ter contactado as duas residentes que fizeram as publicações. Recorde-se que o território manteve durante bastante tempo em vigor a medida de quarentena obrigatória de 21 dias nos hotéis para quem viajasse do exterior. Após vários apelos feitos por deputados e pela opinião pública, e tendo em conta as medidas adoptadas no país, as autoridades locais foram reduzindo o período de quarentena para 14, sete dias e depois, em Novembro do ano passado, de cinco dias mais três em regime de auto-gestão de saúde.
Andreia Sofia Silva EventosMAM | Mostra de Fang Lijun, nome de vulto da arte contemporânea chinesa Um dos grandes nomes da arte contemporânea chinesa expõe em Macau a partir de sexta-feira. “Fang Lijun: A Luz Poeirenta” é o título da mostra que estará patente no Museu de Arte de Macau e que revela o trabalho de um dos pioneiros do movimento artístico “Realismo Cínico” O Museu de Arte de Macau (MAM) acolhe, a partir desta sexta-feira, a mostra “Fang Lijun: A Luz Poeirenta” que revela um total de 190 trabalhos do reconhecido artista chinês Fang Lijun, um dos maiores nomes da arte contemporânea chinesa que começou a ganhar um grande desenvolvimento a partir da década de 90. Esta exposição conta com o apoio da Universidade de Cerâmica de Jingdezhen, do Museu de Arte de Guangdong e de Luzhou Laojiao – National Cellar 1573, tendo ainda o apoio, na vertente académica e de pesquisa, do Arquivo de Arte Contemporânea. Poderão, assim, ser vistos quadros com as conhecidas “figuras carecas” de Fang Lijun, que foi um dos pioneiros do “Realismo Cínico”, um movimento artístico surgido na China nos anos 90, bem como dos movimentos “Cultura Malandra” e “Nova Arte da China pós-1989”. Segundo uma nota do MAM, o fio narrativo desta mostra baseia-se no conceito “Humanos e Figuras”, apresentando “uma perspectiva clássica e, ao mesmo tempo, nova e refrescante sobre Fang”. Nesta exposição, “o artista faz interagir e fundir, de modo desconstrutivo, os retratos típicos e os rostos estereotipados de uma época, a fim de capturar as dores e os sentimentos universais do tempo presente e da vida de modo transcendental”. O público poderá ver os trabalhos repartidos em quatro secções principais, intituladas “Passagem: O Processo de Crescimento”, “Introspecção: Auto-retratos”, “Reflexões Mútuas: Amigos”, e “A Luz Poeirenta: Humano”. Pretende-se, assim, “dar a conhecer o percurso criativo do artista ao longo de mais 40 anos, especialmente a última década, com particular destaque para as suas novas experiências com uma variedade de técnicas”. Reflexo social Com a abertura do país ao mundo, a partir da década de 80, graças às reformas económicas, a própria arte chinesa começou a ganhar grande desenvolvimento e notoriedade internacional, levando para a tela temas diferentes do que eram até então revelados pelos artistas. O trabalho de Fang Lijun é também um reflexo das mudanças sociais e económicas que ocorrem no país, retratando a desilusão da juventude e os sentimentos de rebeldia ou de não pertença em relação a uma série de bruscas alterações ocorridas no país na altura. Os quadros contêm ficções que sugerem cenários sócio-económicos reais, protagonizados por personagens carecas. Ao mesmo tempo, Fang Lijun é um artista capaz de recorrer a técnicas mais tradicionais no seu trabalho. Nascido Handan, província de Hebei, o artista chinês já realizou 52 exposições individuais em diversos museus e galerias de arte no país e no exterior, tendo também participado em muitas exposições colectivas, como a Bienal de Veneza, a Bienal Internacional de Arte de São Paulo, a Bienal de Arte de Gwangju e a Bienal de Xangai. As suas obras integram colecções de muitos museus de arte famosos do mundo. A exposição “Fang Lijun: A Luz Poeirenta” estará patente até ao dia 11 de Junho. Serão ainda organizadas visitas guiadas, em cantonense, todos os sábados, domingos e feriados, às 15h, a partir do dia 11 deste mês.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaPS Macau | Proposto novo estatuto para Clube Militar, APOMAC e CPM A secção do Partido Socialista em Macau propôs ao presidente da Assembleia da República portuguesa que seja concedido o estatuto de utilidade pública ao Clube Militar, Casa de Portugal em Macau e Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau pelo trabalho que desenvolvem em prol da comunidade Está a ser analisado pelas autoridades portuguesas o pedido apresentado pela secção do Partido Socialista (PS) em Macau para que o Clube Militar, a Casa de Portugal em Macau (CPM) e Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) possam receber a Ordem de Camões, atribuída pelo Presidente da República portuguesa e, com isso, sejam reconhecidas como entidades com estatuto de utilidade pública. A informação foi confirmada ao HM por Vítor Moutinho, actual secretário da secção, e o desejo é que estas associações sejam reconhecidas “pelo trabalho que têm feito em prol dos portugueses e da comunidade que vive em Macau”. Na carta enviada a Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República (AR), lê-se que o trabalho destas entidades “é único e tem em muito beneficiado a manutenção da cultura e da língua portuguesa em Macau”, além de contribuir “para a conservação dos laços das comunidades portuguesas com Portugal”. Outro ponto na extensa agenda da secção, é o pedido do aumento do prazo de validade do passaporte português pois, em alguns países e regiões, não se pode viajar quando o documento expira dentro de seis meses, o que, na prática, reduz o período de validade para cerca de quatro anos, em vez de cinco. Além disso, a secção “está a fazer pressão para que os cidadãos portugueses não residentes tenham a possibilidade, quando regressam a Portugal, de ter acesso mais rápido a médico de família”. Apesar de estar temporariamente em Portugal, Vítor Moutinho pretende regressar a Macau e mantém o trabalho activo na secção. Confessa “não ser difícil” manter a entidade a funcionar normalmente no território, que faz sobretudo um trabalho cívico em prol da comunidade e não político. O secretário da secção revelou também que “há um conjunto permanente de decisões que estão a ser trabalhadas” com as autoridades portuguesas, sendo que uma delas é a necessidade de “rápida valorização dos funcionários consulares na categoria profissional e remuneratória”. “É altura de dizer basta e começar a tratar dos funcionários consulares de forma digna, equiparando o salário deles à região onde estão afectos. No caso de Macau a situação é escandalosa. A secção tem feito um trabalho de bastidores para que, urgentemente, exista uma fórmula de cálculo que permita equilibrar os salários. Há neste momento conversações ao mais alto nível [para resolver a situação].” Críticas renovadas Outro ponto que se mantém, diz respeito às críticas sobre o trabalho dos conselheiros das comunidades portuguesas no terreno. “Há que redefinir funções e atribuições do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas (CPCP). Tivemos vários encontros com a conselheira, Rita Santos, e continuamos a dizer que o CPCP não serve para fazer negócios, desbloquear situações mais ou menos dúbias, promover egos ou acções que permitam reeleições. Isso não tem nada a ver com o estatuto dos representantes ou conselheiros das comunidades”, acusou Moutinho. Com os alertas da secção, Rita Santos passou a divulgar mais as acções que desenvolve como conselheira através de comunicados de imprensa. Mas Vítor Moutinho dá o exemplo recente de cartazes sobre actividades do CPCP no Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong que tinha emails da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). “São acções feitas através de uma associação financiada pelo Governo de Macau e que se confunde com o que é o CPCP. Se isso continua a acontecer reiteramos que se acabe com o CPCP da forma como está.” Vítor Moutinho assegura que as autoridades portuguesas já prometeram rever a situação, uma vez que o trabalho dos conselheiros locais continua a ser feito como antes. “Sempre manifestámos uma posição extremamente crítica e nada mudou nestes anos. Pontualmente dizem-nos que irá haver mudanças, mas não sabemos quando vai acontecer”, adiantou. O secretário da secção do PS em Macau acredita que a comunidade portuguesa no território poderá renovar-se depois da saída de muitas pessoas nos últimos três anos. “Há uma tentativa da parte das autoridades de saúde de renovarem alguns profissionais de saúde que saíram do território nos últimos dois ou três anos. Tem havido uma renovação do quadro de juristas e juízes que integram o Governo. Há, na área do ensino, o recrutamento via Escola Portuguesa de Macau, com intervenção do Instituto Português do Oriente, para a renovação do quadro de professores. Tenho conhecimento de professores que saíram e já manifestaram interesse em regressar. Estes movimentos migratórios em Macau são cíclicos”, concluiu.
Andreia Sofia Silva PolíticaChatGP | Leong Sun Iok exige orientações para as escolas O deputado Leong Sun Iok interpelou o Governo sobre a necessidade de criar orientações para as escolas relativamente ao programa de inteligência artificial ChatGPT [Generative Pre-trained Transformer, ou Grande Modelo da Linguagem em português]. Isto, porque o deputado entende que os alunos devem ser devidamente orientados para o uso correcto deste software, temendo casos de plágio, falta de pensamento crítico e autonomia escolar ou problemas de aprendizagem, entre outros. “Devido às preocupações quanto ao impacto na educação e aprendizagem dos alunos, foram impostas, em alguns países e regiões, restrições ao uso do programa ChatGPT. Em Macau tem sido dada atenção ao âmbito e formas de utilização. Espera-se que as autoridades sejam capazes de avaliar a situação e o impacto desta tecnologia nos residentes e no desenvolvimento da sociedade”, defendeu Leong Sun Iok. O ChatGPT é um programa de bots, agentes de inteligência artificial, capaz de gerar conteúdos como diálogos, textos, cálculos, imagens ou programas de software, bem como fazer previsões. A informação é reunida e organizada pelo programa, sendo processada em alguns segundos. Leong Sun Iok lembrou que, em Hong Kong, várias instituições de ensino superior já criaram orientações para o uso deste programa para professores e alunos. “Vai a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude emitir orientações às escolas sobre este tema? Como podemos fazer com que os alunos usem de forma correcta a inteligência artificial como auxílio de aprendizagem? Como podem ser formuladas orientações para que os residentes lidem com o impacto gerado pelas novas tecnologias?”, questionou ainda.
Andreia Sofia Silva EventosCCCM | Ciclo de conferências sobre Macau arranca sexta-feira Começa esta sexta-feira mais um ciclo “Conferências da Primavera” promovido pelo Centro Científico e Cultural de Macau, com um primeiro programa inteiramente dedicado aos estudos sobre Macau, havendo lugar a palestras sobre a China e a Ásia. A sessão de abertura conta com a presença da Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, entre outras personalidades A segunda edição do ciclo “Conferências da Primavera” começa esta sexta-feira em Lisboa, no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), e apresenta, até sábado, uma série de palestras sobre o território. Seguem-se depois apresentações de estudos sobre a China, entre os dias 6 e 11 de Março, e Ásia, de 20 a 25 de Março. A sessão inaugural desta iniciativa contará com a presença da ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal, Elvira Fortunato, o embaixador da China em Portugal, Zhao Bentang, bem como a chefe da Delegação Económica e Comercial de Macau, Lúcia Abrantes dos Santos, entre outras personalidades. O primeiro painel, dedicado ao tema “História”, será moderado pela investigadora Isabel Murta Pina e conta com a apresentação “Relações Transculturais Portugal-Ásia nos séculos XVI e XVIII”, de Luís Filipe Barreto, académico ligado à Universidade de Lisboa que foi anteriormente presidente do CCCM. Actualmente, é Carmen Amado Mendes que está à frente desta entidade. Roderich Ptak, académico da Universidade de Munique e colaborador do HM na secção “Via do Meio” irá falar das “Questões relacionadas ao mundo insular de Guangdong Central e do Lingdingyan no período Ming”. O painel conta ainda com apresentações de Célia Reis, académica da Universidade Nova de Lisboa que se dedica habitualmente ao estudo da história de Macau e do Oriente. Desta vez, irá apresentar um estudo sobre a política religiosa entre lisboa e Macau, nomeadamente “a presença de jesuítas e irmãs da caridade nas décadas de 1860-70”. Noel Golvers, da Universidade de Leuven, integra também o painel, que se encerra com a apresentação “Originalidades do poder municipal a Oriente: os casos das Câmaras Municipais de Bardez e Salsete (Goa) e do Senado de Macau”, da autoria de Luís Cabral de Oliveira e João Carlos Faria, académicos da Universidade Nova de Lisboa e Instituto Politécnico de Leiria. Lembrar Senna Fernandes A partir das 17h10, hora de Lisboa, será possível assistir ao painel temático “Literatura e Identidade”, moderado por Ana Cristina Alves, coordenadora do departamento educativo do CCCM. Regina Campinho, da Universidade de Coimbra (UC), inaugura a palestra com a apresentação “Identidades patrimoniais de uma paisagem urbana em mutação: Macau do século XIX ao século XXI”. Segue-se uma recordação dos escritos daquele que é considerado um dos grandes escritores de Macau, Henrique de Senna Fernandes, por Cristina Zhou, académica também ligada à UC. João Ferreira Oliveira, da Universidade Católica Portuguesa, irá falar das “atitudes linguísticas na literatura cómica em crioulo de Macau”, nomeadamente o patuá. Felipe de Saavedra, da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, falará da ligação do poeta português Luís de Camões e Macau. O mesmo tema será abordado por Eduardo Ribeiro, antigo funcionário do Governo de Macau, com a palestra “Camões em Macau”. No sábado é dia de abordar outras vertentes da cultura e história de Macau. Vera Borges, da Universidade Cidade de Macau, irá apresentar “O drama da crioulidade: a ressurgência da figura do Vate em ‘Poemas para Macau’, de Cecília Jorge”. Aida Zhong Caiyan, da Universidade de Lisboa, irá falar da “identidade macaense sob a hibridez cultural”. Ondina e propaganda Fernanda Gil Costa, ex-directora do departamento de português da Universidade de Macau, vai apresentar a palestra “Entre a periferia e Literatura-Mundo: Dois romances de Macau depois da transição política”, enquanto Dora Nunes Gago, que também dirigiu o mesmo departamento, falará da poesia de Maria Ondina Braga. O trabalho da mesma poetisa vai também ser abordado pelo académico Duarte Drumond Braga em “Angola, Goa e Macau: as errâncias e as memórias coloniais de Maria Ondina Braga”. No painel “Sociedade” destaque para a apresentação de um estudo desenvolvido por José Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau, Catherine Chan, da Universidade Lingnan, de Hong Kong, e Elisabela Larrea, doutorada pela Universidade de Macau. Este trabalho versa sobre a propaganda política do regime de Salazar em Macau no período do Estado Novo. Segue-se a apresentação da antropóloga Sheyla Zandonai, que vai falar das ligações do território ao urbanismo focado no jogo e no turismo. Isabel Morais, da Universidade de São José, apresenta um trabalho sobre o historiador macaense Augusto Montalto de Jesus, autor da conhecida obra “Macau Histórico”, que teve a primeira edição lançada em 1906. A académica irá abordar a relação entre o trabalho deste historiador e a informação política da I Guerra Mundial em língua portuguesa. Cátia Miriam Costa vai falar do antigo jornal “Echo Macaense” como exemplo do papel político da imprensa em Macau, seguindo-se Hélder Beja, jornalista e ex-residente, que falará de “Macau, Cidade Imaginada: Representações de Macau no cinema português”. Segue-se um momento musical com a banda composta por Carlos Piteira e Jaime Mota que se dedica a mostrar mais sobre o território através da música. Destaque ainda para o facto de esta quarta e quinta-feira decorrer, também no CCCM e inserido neste ciclo de conferências, uma série de apresentações destinadas a mostrar as investigações de jovens académicos. Os programas dedicados a estudos sobre a China e Ásia não foram ainda divulgados pelo CCCM.
Andreia Sofia Silva SociedadeDSEDJ | Candidaturas para apoios a partir de 24 de Abril Foram ontem publicados em Boletim Oficial (BO) dois despachos que dão conta dos valores e regras de atribuição dos subsídios para os estudantes do ensino não superior que frequentam escolas na província de Guangdong e para os alunos residentes, a estudar em Macau, adquirirem material escolar. O subsídio para a compra de material escolar tem o valor de 3.300 patacas e é acumulável com outros apoios concedidos pelo Governo, sendo que, para receber este apoio, os alunos têm de se registar no website da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) entre os dias 24 de Abril e 9 de Junho, apresentando documentos comprovativos da frequência da escola no ano lectivo de 2022/2023. No caso do apoio para os alunos residentes que estudam em escolas da província de Guangdong, as inscrições devem ser feitas, também no portal da DSEDJ, entre os dias 24 de Abril e 5 de Maio. Os valores deste subsídio variam entre seis e oito mil patacas para todos os níveis de ensino. Quanto aos apoios para estes estudantes poderem comprar material escolar, variam entre 1150 patacas, para os alunos do ensino pré-escolar, e 1700 patacas para os estudantes do ensino secundário complementar regular e ensino secundário complementar da escola secundária profissional, ambos em regime diurno.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaAPN | Grande Baía será tema central nos trabalhos dos delegados de Macau Decorrem, entre sexta-feira e sábado, as sessões anuais da Assembleia Popular Nacional e Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Os delegados e membros de Macau levam na bagagem, para Pequim questões viradas para a Grande Baía e a integração regional de Macau, bem como a juventude e educação patriótica Começa, na sexta-feira, a habitual reunião anual da Assembleia Popular Nacional (APN), órgão legislativo do país, e que conta com delegados de todas as províncias e regiões administrativas especiais. Os trabalhos continuam no sábado, sendo que, ao mesmo tempo, acontece o encontro, também anual, do comité nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), órgão de cariz consultivo. Segundo o jornal Ou Mun, os delegados e membros de Macau levam para Pequim temas relacionados com a integração do território na Grande Baía e em Hengqin, as oportunidades de trabalho para os jovens e a área da educação. Chan Hong, ex-deputada e delegada de Macau à APN, promete falar do sistema educativo entre Macau e Hengqin, tendo em conta a integração da RAEM na Zona de Cooperação Aprofundada. Chan Hong disse que as duas regiões têm características e vantagens próprias que podem ajudar a ultrapassar as diferenças entre os dois sistemas de ensino, sendo necessário mais medidas que promovam o reconhecimento mútuo da carreira docente, cursos e critérios de admissão de alunos. Chan Hong pede também que seja criado um sistema que integre as normas do sistema de ensino de Macau na Zona de Cooperação Aprofundada. Ho Ka Lon, também membro de Macau à APN, defende que os jovens locais devem aproveitar cada vez mais as oportunidades disponíveis na Grande Baía e Zona de Cooperação, a fim de se promover a diversificação da economia. Ho Ka Lon, que é dirigente da Associação dos Jovens Empresários de Macau, espera mais participantes activos na política e maior atenção no desenvolvimento social de Macau e do próprio país. Ideias na CCPPC No caso dos membros da CCPPC, as ideias discutidas em Pequim irão também focar-se nos jovens e nas oportunidades que podem encontrar nas cidades chinesas da Grande Baía. Lam Lon Wai, membro e deputado à Assembleia Legislativa, disse que a educação patriótica deve concretizar-se no território sob várias perspectivas, recorrendo a várias plataformas, para que os jovens de Macau tenham uma visão mais ampla sobre o país e um maior sentido de pertença. Já Kou Kam Fai, também deputado à AL, vai defender uma maior conexão entre as políticas locais de quadros qualificados e os planos do país, para que Macau possa ter um maior contributo nesta área. O Lam, vice-presidente do conselho de administração do Instituto para os Assuntos Municipais e membro da CCPPC, deseja que mais jovens de Macau possam integrar-se, em termos de residência, trabalho ou estudo, na zona da Grande Baía, a fim de conectar-se mais com o desenvolvimento do país. O Lam disse notar que há cada vez mais jovens atentos a este projecto político de Pequim, bem como com a Zona de Cooperação Aprofundada e o desenvolvimento da China. Para O Lam, a Grande Baía oferece maiores oportunidades de trabalho e de negócios para os jovens face a Macau.
Andreia Sofia Silva SociedadeAlfândega | Funcionário suspenso por suspeita de crime Os Serviços de Alfândega (SA) suspenderam um funcionário suspeito da prática do crime de “peculato de uso”, tendo já sido instaurado um processo disciplinar para a investigação interna da ocorrência. O caso teve lugar no passado dia 16, quando um funcionário dos SA recebeu uma mala de um cidadão que foi encontrada durante o seu período de serviço no posto fronteiriço de policiamento, não tendo notificado de imediato o seu superior hierárquico para que fosse dado o tratamento à mala encontrada segundo os procedimentos. Ao invés, o funcionário retirou-a do posto fronteiriço de policiamento após o trabalho, sendo suspeito da prática de crime. O caso já foi transferido para o Ministério Público. Os SA lamentam “que um elemento do seu pessoal seja suspeito de estar envolvido num acto ilícito”, salientando prestarem atenção “à ética e comportamento do seu pessoal, exigindo-lhes o estrito cumprimento da lei em qualquer situação”.
Andreia Sofia Silva EventosCinemateca Paixão | Estreia hoje “Império de Luz”, de Sam Mendes A Cinemateca Paixão exibe hoje o filme “Império de Luz”, realizado por Sam Mendes e tido como um dos favoritos aos Óscares. A película conta com a actriz inglesa Olivia Colman como protagonista. O cartaz dos filmes de Março inclui ainda duas produções asiáticas Olivia Colman tem vindo a tornar-se numa actriz cada vez mais conhecida do grande público sobretudo desde que interpretou o papel da rainha Isabel II na série “The Crown”. Mas a actriz inglesa tem vindo a dar cartas no cinema. O seu mais recente papel, como protagonista de “Império de Luz”, do realizador Sam Mendes, pode muito bem dar-lhe um novo Óscar. Para já, a actriz foi nomeada para a edição deste ano dos Globos de Ouro, cujos prémios foram entregues em Janeiro, mas não ganhou. “Império de Luz” estreia hoje na Cinemateca Paixão e terá uma segunda exibição no dia 1 de Março. O papel de Hilary, uma gerente de um cinema situado no litoral de Inglaterra, terá sido escrito especialmente para Olivia Colman, que se entregou totalmente à personagem. Hilary é uma mulher deprimida que inicia uma amizade especial com Stephen, funcionário do cinema, interpretado por Michael Ward, que sonha sair da pequena cidade onde se sente preso. “Império de Luz” promete, assim, ser um filme sobre diferentes estados emocionais e a complexidade e o poder das relações humanas. Ecrã asiático Com o mês de Fevereiro a terminar, a Cinemateca Paixão já tem também no cartaz de Março duas produções asiáticas. “GAGA”, produção taiwanesa de Laha Mebow, será exibido nos dias 5 e 23 de Março. O público poderá assistir a uma comédia dramática centrada em torno do regresso de uma mulher do estrangeiro e da forma como o retorno desta figura traz consigo uma série de eventos que mudará para sempre a história da sua família. Laha Mebow, conhecida por explorar no grande ecrã histórias contemporâneas e, sobretudo, as que contam a génese do povo indígena Atayal, de Taiwan, em “GAGA” aborda todos estes elementos num argumento com uma forte carga realista. A Cinemateca apresenta também, nos dias 4 e 13 de Março, o filme “A Man” [Um Homem], do realizador japonês Kei Ishikawa. Girando em torno das temáticas do drama e mistério, “A Man” conta a história do advogado Kido que se depara com um estranho pedido de Rie, uma antiga cliente, que pede que Kido averigue o misterioso caso da morte do seu ex-marido, Daisuke, uma vez que, no dia do seu funeral, o seu próprio irmão não o reconhece numa fotografia. É então que Rie percebe que esteve casada com uma outra pessoa, e se dedica a tentar desvendar o seu passado misterioso.