Consumo | Recuperada confiança no último trimestre

O mais recente Índice de Confiança dos Consumidores relativo ao último trimestre, divulgado pela Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, revela que os consumidores estão mais confiantes nas áreas do emprego, inflação ou imobiliário, entre outros, mas o aumento de visitantes e a política “1+4” pode contribuir para uma maior confiança no consumo

 

Os consumidores em Macau parecem estar mais confiantes. É o que mostra o mais recente Índice de Confiança dos Consumidores, divulgado pela Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa), relativo ao quarto trimestre de 2022. O Índice foi de 77,56 pontos, numa escala de 0 a 200, tendo sido registado um aumento de cerca de oito pontos face ao terceiro trimestre do ano passado, quando o Índice foi de 68,87 pontos.

Além disso, as seis categorias do Índice, relacionadas com o emprego, economia local, investimento em acções, inflação, qualidade de vida e imobiliário, registaram também subidas.

O maior crescimento registou-se na confiança quanto ao emprego, de 18,69 por cento, enquanto a confiança na economia local teve um aumento de 17,89 por cento. No que toca ao investimento em acções, houve uma subida de 12,97 por cento no Índice, enquanto em matéria de confiança na inflação e nível de preços o aumento foi de 9,68 por cento. Relativamente à qualidade de vida registou-se um aumento de 8,13 por cento, enquanto na área da confiança no sector do imobiliário o aumento foi de 9,4 por cento.

Mais melhoras

O estudo foi produzido pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável da MUST entre 2 e 13 de Dezembro último, tendo sido inquiridos 809 residentes. Uma vez que 0 pontos significam total ausência de confiança, 100 pontos significam uma confiança média e 200 uma confiança plena por parte dos consumidores, o facto de o Índice ter permanecido abaixo dos 100 pontos mostra que os residentes de Macau continuam sem confiança em várias áreas de consumo, ainda que tenha havido um aumento nos pontos do Índice.

Os autores do estudo defendem que, apesar desta falta de confiança, a economia de Macau já saiu do ponto mais baixo, tendo havido alguma recuperação da esperança dos consumidores.

Continua a existir uma menor procura tendo em conta o abrandamento da economia global, o aumento da taxa de inflação e a turbulência dos mercados externos, além de que a economia na China precisa ainda de recuperar mais. Os autores do estudo dizem que todos esses factores causam stress aos consumidores, com visíveis impactos no mercado.

É ainda concluído que a estratégia de “1+4” para a economia local, apresentada pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, nas últimas Linhas de Acção Governativa, poderá ajudar numa maior recuperação da confiança dos consumidores, uma vez que se propõe uma diversificação económica com recurso a novas indústrias. Além disso, o aumento gradual do número de visitantes também poderá ajudar no aumento da confiança, apontam os académicos.

9 Jan 2023

Jogo | Ella Lei quer 90% de contratação de residentes

A deputada Ella Lei interpelou o Governo sobre os novos contratos de concessão de jogo, pedindo que seja garantido o emprego de residentes. Na interpelação oral, a deputada defende o aumento da percentagem de contratação.

“Em comparação com o final de Janeiro de 2020, e até finais de Outubro do corrente ano, as seis concessionárias contrataram menos 16,774 trabalhadores não residentes (TNR). A percentagem de trabalhadores locais em cargos de nível médio e superior tem de atingir o limite mínimo de 85 por cento, mas o Governo deve aumentar esta percentagem para 90 por cento, no mínimo.”

Além disso, a deputada pede que sejam definidos “critérios para a contratação de mais trabalhadores locais para outros postos de trabalho”, além de se exigir às concessionárias “que se empenhem mais na formação, na contratação e na promoção dos trabalhadores locais”.

Ella Lei questiona ainda as autoridades sobre os planos governamentais para “aumentar os elementos não jogo e quais as ideias para o seu desenvolvimento a curto, médio e longo prazo”, além de requerer “indicadores para exigir às concessionárias a concretização das responsabilidades sociais”, a fim de avaliar o cumprimento dos contratos.
A todas estas questões o Governo terá de dar resposta na Assembleia Legislativa.

9 Jan 2023

Centro modal de transportes | Governo promete acompanhar estragos

O Governo diz estar a acompanhar os estragos no pavimento do Centro Modal de Transportes da Barra, aberto há apenas um mês. Entretanto, o deputado Leong Sun Iok exige que se sejam apuradas responsabilidades em matéria de fiscalização e qualidade das obras públicas

 

Foi inaugurado há cerca de um mês e custou aos cofres públicos mais de 1,4 milhões de patacas, mas o Centro Modal de Transportes da Barra já apresenta grandes estragos no pavimento. Na quinta-feira, o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, disse que o Governo está a acompanhar o caso e a contactar o empreiteiro da obra.

Citado pelo jornal Ou Mun, Raimundo do Rosário garantiu que não está em causa qualquer problema estrutural, tendo já sido limpo o local e contactado o fornecedor dos materiais de pavimento, que deverá chegar a Macau esta semana. O secretário adiantou ainda ser necessário, primeiro, ouvir todas as partes envolvidas na obra antes de tomar uma decisão sobre o problema.

Os jornalistas questionaram a ocorrência de estragos um mês após a inauguração, ao que Raimundo do Rosário respondeu não desejar que ocorram problemas, mas que é difícil a qualquer projecto público estar livre deles. O governante prometeu acompanhar o caso.

Exigidas respostas

Entretanto há mais um deputado a questionar estes estragos, após os deputados ligados à União Geral das Associações de Moradores de Macau terem exigido uma investigação. Leong Sun Iok, através de uma interpelação escrita, diz ter visitado o local para verificar os estragos de perto e falado com os motoristas dos autocarros, que lhe confirmaram que os danos surgiram pouco tempo depois da inauguração do Centro.

“Embora as autoridades tenham solicitado ao empreiteiro que faça os reparos no pavimento o mais rapidamente possível, persistem os problemas nas obras públicas e na supervisão insuficiente. As autoridades competentes devem melhorar a qualidade dos projectos desde a origem, reforçando a supervisão e pedindo, de forma rigorosa, responsabilidades aos empreiteiros”, defendeu.

Leong Sun Iok chamou a atenção para o facto de, no caso do pavimento do Centro Modal de Transportes da Barra, não estar em causa apenas o problema de materiais, a sua concepção e construção, mas também as falhas na supervisão da obra. Desta forma, o deputado pede uma revisão dos procedimentos para evitar que problemas semelhantes se repitam.

9 Jan 2023

ISCTE | Hoje Macau é objecto de estudo em tese de mestrado

O jornal Hoje Macau foi objecto de estudo numa tese de mestrado defendida no Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) por Madalena da Conceição Miranda Nunes da Silva. A tese tem como título “Região Administrativa Especial de Macau: O exemplo do Hoje Macau na atualidade do jornalismo lusófono regional”, foi produzida no âmbito do mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação e teve como orientador o professor catedrático do ISCTE Gustavo Cardoso, além da co-orientação de Jorge Vieira, professor auxiliar da mesma instituição.

Um total de 196 edições do HM foram analisadas para perceber até que ponto o caso da saída dos jornalistas da TDM “teve repercussões detetáveis relativas aos receios de que o jornalismo de língua portuguesa na região se torne numa via de propaganda política”. A autora da tese conclui que se “pôde observar um jornalismo tendencialmente crítico, afastado do propagandismo, contudo amigável com a terra-mãe”, a China.

8 Jan 2023

MGM | “Rei do Açúcar” expõe obras no Cotai

Zhou Yi, conhecido como o “Rei do Açúcar” na China, apresenta, pela primeira vez em Macau, uma exposição com esculturas feitas com fondant, uma massa de açúcar fundido. O público poderá ver esta mostra permanente de cinco esculturas no espaço “Infinite Harmony” no Spectacle, no MGM Cotai

 

É uma forma doce de começar um novo ano, aliando a doçaria à arte. O MGM Cotai apresenta, desde quarta-feira, a exposição do artista Zhou Yi, conhecido na China como o “Rei do Açúcar”, devido à sua capacidade de fazer grandes e belas esculturas com fondant, uma massa de açúcar fundido muito utilizada na doçaria.

As cinco obras podem ser vistas de forma permanente no espaço Infinite Harmony, no Spectacle, sendo esta a primeira vez que Zhou Yi expõe em Macau. Apresentam-se cinco grandes esculturas feitas com materiais habitualmente usados para fazer bolos trabalhados com mestria e talento, recorrendo a técnicas utilizadas na modelagem de alimentos como é o caso da pintura em spray ou esculturas feitas com massa de pasteleiro. Ao mesmo tempo, revelam-se traços da cultura chinesa.

Segundo um comunicado, estas esculturas foram criadas em exclusivo para a mostra do MGM Cotai, tendo temas relacionados com o lado clássico da cultura chinesa, como é o caso de “Três Livros e Seis Rituais”, a cultura folk da região de Lingnan, as danças do leão ou a tradição do Yum Cha, uma das refeições mais conhecidas da gastronomia chinesa.

Estes trabalhos “rejuvenescem verdadeiramente as vivências e a história [da China], levando a arte a um novo nível”. “A exposição leva o público a explorar o charme do património imaterial e cultural, bem como a cultura chinesa, ao mesmo tempo que conta as grandes histórias chinesas através de um artesanato incrível dos dias contemporâneos”, acrescenta-se ainda na mesma nota.

História e cultura

A exposição tem curadoria do MGM e da marca Sugar King e foi preparada durante um ano. O autor afirmou que “através dos temas artísticos, que vão desde as tradições folk chinesas aos mitos e figuras históricas, espero poder mostrar a cultura chinesa tradicional para um público mais alargado através do meio artístico bastante popular, a arte com fondant. Acredito que a cultura chinesa necessita de ser vista e reconhecida a fim de realizar o rejuvenescimento da nossa nação”, disse Zhou Yi.

A carreira deste artista do açúcar começou com a aprendizagem da escultura chinesa e o trabalho com massa de pasteleiro, tendo depois explorado sozinho a arte feita com fondant e outras técnicas de modelagem de alimentos, a fim de os transformar em obras de arte.

Hoje é um artista reconhecido internacionalmente nesta área, tendo já ganho muitos prémios e distinções, como é o caso do Best Award [Melhor Prémio] no evento “Cake International” [Bolo Internacional] em 2017. Zhou Yi ganhou também, no ano passado, o prémio National Culture Inheritance [Herança da Cultura Nacional].

5 Jan 2023

Covid-19 | Fim de restrições e testes para ir ao Interior da China

A partir da meia-noite de domingo deixa de ser obrigatório, para quem viaja de Macau, apresentar teste de ácido nucleico à entrada no Interior da China, desde que não tenha estado no estrangeiro nos últimos sete dias. Também quem vem do estrangeiro para Macau, passa a poder entrar no território sem limitações, tal como em 2019

 

O dia de ontem ficou marcado com o anúncio da eliminação de quase todas as medidas restritivas no âmbito da covid-19. Mediante decisão do Mecanismo Conjunto de Prevenção e Controlo do Conselho de Estado, foi decretado de que a partir de domingo vai deixar de ser obrigatório apresentar teste de ácido nucleico para quem viaja de Macau para o Interior da China, desde que não tenha viajado para o estrangeiro nos sete dias anteriores. Mas quem viaja de Hong Kong, Taiwan ou país estrangeiro, chegue a Macau e deseje ir, logo após a viagem, ao Interior da China, terá de apresentar teste negativo com validade de 48 horas.

Por sua vez, os viajantes de Hong Kong para o Interior da China também deixam de ter de fazer o teste à chegada, bastando apenas apresentar um teste negativo à covid-19 feito nas últimas 48 horas. Será medida a temperatura a estas pessoas e, caso apresentem resultados positivos e sintomas ligeiros, podem escolher o local de isolamento. Deixa de ser aceite também o resultado do teste rápido de 24 horas.

Destaque também para o facto de, a partir de domingo, quem entrar em Macau vindo do estrangeiro deixa de necessitar de autorização prévia dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), tal como no período pré-pandemia. São ainda eliminadas as medidas de controlo de gestão de saúde, como a declaração de febre ou outros sintomas. Quanto às viagens de autocarro dourado ou de ferry entre Macau e Hong Kong, as autoridades garantem estar “para breve” a sua total normalização. Na prática, todas as pessoas de todas as nacionalidades passam a poder entrar em Macau sem as restrições habituais relacionadas com a pandemia.

Na conferência de imprensa de ontem do centro de Coordenação e de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, adiantou que domingo, 8, marca o fim do chamado período de transição no que à pandemia diz respeito.

“Podemos considerar esta situação como uma epidemia local que existe no seio da comunidade. Poderá haver um novo surto, tal como acontece noutros locais, mas será em menor escala. Dentro de três a seis meses haverá uma elevada imunidade perante o mesmo vírus, e cerca de cinco por cento das pessoas poderão ficar novamente infectadas.”

Tendo sido atingido o pico de infecções no período do Natal, e numa altura em que 60 a 70 por cento da população já foi atingida pela covid-19, a secretária espera ainda uma maior recuperação aquando da chegada do Ano Novo Chinês. “Atingimos o pico, e a linha está a começar a descer. Dia 1 já notámos uma certa estabilidade nas infecções locais e no Interior da China. Esperamos que haja uma retoma da economia e da circulação de pessoas no período do Ano Novo Chinês”, adiantou.

Resposta suficiente

De entre a população, estiveram infectados cerca de 70 por cento dos professores, tendo sido registada uma percentagem semelhante junto dos profissionais de saúde. Ainda assim, Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), frisou que estes são “dados apurados segundo as estatísticas disponíveis, pelo que não podem ser considerados conclusivos nem mostram o número real de infectados”. Isto porque muitos infectados não terão feito o registo no código de saúde, admitiram as autoridades.

Alvis Lo adiantou ainda que foram aumentadas 700 camas em unidades de isolamento no Centro Hospitalar Conde de São Januário, Centro Clínico de Saúde Pública do Alto Coloane e no Dome, a fim de dar resposta ao elevado número de doentes covid-19. O responsável frisou que, neste momento, os SSM “têm capacidade suficiente de resposta” ao surto.

Nos últimos dias foram encaminhadas para consultas externas comunitárias duas mil pessoas, tendo sido atingido o número de 400 ambulâncias por dia nas urgências do hospital público, onde foram recebidas diariamente 1.400 doentes.

Relativamente à falta de medicamentos nas farmácias, foi referido que ainda estão a ser discutidas novas medidas de limitação da compra com entidades com o Instituto de Supervisão e Administração Farmacêutica.

Permanece o uso do código de saúde, que, num futuro próximo, “poderá ser levantado para a entrada em serviços públicos ou locais de trabalho”. “Entendemos que deixará de ser obrigatório, mas usado apenas em casos necessários”, disse Alvis Lo. Sobre o acesso aos casinos, as medidas serão anunciadas a título posterior.

Mortes recorde

A conferência de imprensa ficou marcada pela tentativa de definição do que é, afinal, uma morte por covid, sendo que, entre 13 de Dezembro e esta quarta-feira, as autoridades contabilizaram 57 mortes por esta causa, apesar de terem sido registados 600 óbitos em Dezembro, “um número elevado” tendo em conta que, em Dezembro de 2021, morreram apenas 230 pessoas.

“Cada país tem os seus critérios para definir mortes por covid mas nós conformamo-nos com a definição feita pelo nosso país: se uma pessoa com uma doença estiver infectada e houver uma disfunção pulmonar e respiratória, entendemos que é uma morte causada pela covid. Fazemos uma diferenciação nos casos dos portadores de doenças crónicas ou graves no final da vida, caso fiquem infectadas”, disse Alvis Lo.

O director dos SSM salientou que “temos muitas fontes de infecção, e há pessoas que faleceram por causa da covid ou outras doenças. De uma forma objectiva podemos dizer que houve muitas infecções, mas é complicado distinguir se a causa de morte se deveu à covid. Sabemos que muitos não declararam que estavam com covid”, adiantou o director dos SSM. Questionado sobre os casos de pessoas que foram encontradas mortas nas suas casas, Alvis Lo referiu que “podem ser muitas as causas”.

Relativamente aos serviços funerários, “pode haver uma saturação” dadas as “grandes dificuldades no transporte dos corpos para o Interior da China, que não era possível devido à infecção dos próprios trabalhadores”. “Sabemos que mais pessoas morreram, os familiares também estavam doentes e cerimónias foram adiadas, pelo que houve uma sobreposição nas marcações”, apontaram as autoridades, tendo sido feita a promessa de realização dos funerais pendentes até ao Ano Novo Chinês.

5 Jan 2023

Seac Pai Van | Confraria Macaense negoceia espaço para sede

Distinguida com uma medalha de mérito, a Confraria da Gastronomia Macaense permanece sem sede própria desde a sua criação, há 16 anos. Carlos Anok Cabral, presidente, diz que está a ser analisada a possibilidade de mudança de instalações para a Escola Oficial de Seac Pai Van

 

A Confraria da Gastronomia Macaense está a analisar com o Instituto de Formação Turística a possibilidade de poder ocupar um espaço próprio na Escola Oficial de Seac Pai Van, em Coloane, para ali poder ministrar cursos e workshops. A informação foi avançada ao HM pelo seu presidente, Carlos Anok Cabral, semanas após a atribuição de uma medalha de mérito cultural pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng.

“No final do ano passado apresentámos uma carta sobre a possibilidade de a gastronomia macaense estar presente nessa escola.” Este é, aliás, o grande desafio da medalhada Confraria, que há 16 anos ocupa um espaço provisório cedido pela Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), no mesmo edifício onde funciona o jardim de infância D. José da Costa Nunes.

“Temos de resolver o problema da falta de uma sede em primeiro lugar, pois sem esse local não podemos ter cursos de culinária e workshops”, frisou Carlos Anok Cabral, que diz estar dependente da colaboração com associações e entidades públicas e privadas para realizar actividades de promoção e divulgação deste tipo de culinária. Exemplo disso foi o workshop realizado em Novembro com os alunos da Escola Nossa Senhora de Fátima, em que foram utilizadas as instalações da Escola Oficial de Seac Pai Van.

“Queremos poder dar cursos para que, no futuro, mais pessoas compreendam as técnicas de uma gastronomia de fusão. As pessoas pensam que pode ser uma comida chinesa ou portuguesa, mas não é”, adiantou.

Mesmo com a distinção, a Confraria vê-se ainda a braços com dificuldades de ordem financeira. “Pedimos ajuda à Fundação Macau, mas há muitas regras e não conseguimos ter um subsídio”, lamentou, à excepção para a participação da Confraria nos congressos anuais do Conselho Europeu das Confrarias Enogastronómicas (CEUCO), que decorrem na Europa.

Carlos Anok Cabral diz que o trabalho de divulgação da comida macaense é feito há muitos anos, mas “não chega”. Na lista do que falta fazer persiste o eterno problema da definição do que é um autêntico prato macaense. “Os restaurantes de comida portuguesa misturam os pratos com a comida macaense. E uma das coisas que a Direcção dos Serviços de Turismo tem de fazer é ver os menus destes espaços, pois é preciso separar comida portuguesa da macaense, mas nunca vejo isto ser feito nos restaurantes. Penso que devem ser implementadas regras para as pessoas distinguirem os pratos. Vemos que muitos cozinheiros são chineses ou filipinos, mas quando confeccionam os pratos macaenses usam a forma chinesa. Então, sai um outro prato totalmente diferente.”

Nova candidatura

Carlos Anok Cabral diz-se surpreendido com a obtenção da medalha, que chegou semanas antes da morte de um dos grandes fundadores da Confraria, José Manuel Rodrigues. Ao advogado e ex-deputado falecido, o presidente diz-se eternamente grato. “Se não fosse ele não haveria Confraria da Gastronomia Macaense”, assume.

“Iremos trabalhar mais para manter a nossa cultura, porque a medalha é um reconhecimento não apenas da nossa Confraria, mas para toda a comunidade macaense”, referiu.

No cargo de presidente desde 2020, Carlos Anok Cabral diz-se disposto a recandidatar-se às eleições para os órgãos sociais deste ano. Os três anos da pandemia foram de estagnação, mas a Confraria tem mantido a parceria com associações e Governo, organizando palestras e cursos.

Falando com o HM, Carlos Anok Cabral não quis deixar de dar os parabéns à Associação dos Macaenses pela realização do Chá Gordo, mas deixa o alerta: “Dentro da comunidade macaense há classes sociais, e digo isto porque cada família tem o seu chá gordo. O chá gordo feito pela ADM não é seguido por todas as famílias, pois os pratos podem ser diferentes. Mas isso não significa que tenha sido um mau chá gordo”, concluiu.

5 Jan 2023

Lam Lon Wai pede maior generalização das vacinas contra a covid-19

A covid-19 já assolou todo o mundo e, mesmo após uma onda de infecções generalizadas em Macau, ainda persistem dúvidas relativamente à vacinação. A ideia é deixada pelo deputado Lam Lon Wai, que, numa interpelação oral submetida ao Governo, onde pede uma maior generalização das vacinas e mais explicações da parte das autoridades de saúde sobre este assunto. Lam Lon Wai defende que os residentes têm ainda muitas dúvidas sobre as vacinas, nomeadamente quanto aos seus efeitos e resposta face a sintomas graves de covid.

O deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) lembrou que a maioria dos residentes já esteve infectada, mas existe ainda um grande desconhecimento face aos efeitos das vacinas. Neste sentido, Lam Lon Wai exige que o Governo tenha uma política completa relativa à vacinação e que dê explicações claras à população.

Importar é preciso

Na mesma interpelação oral, Lam Lon Wai questiona se o Executivo vai ou não importar outros tipos de vacinas contra a covid-19 para que a população tenha mais opções de escolha. Isto porque, actualmente, existem apenas dois tipos de vacinas em Macau.

Ainda sobre esta matéria, Lam Lon Wai falou do caso específico dos idosos, cuja taxa de vacinação se mantém baixa, existindo uma grande maioria de pessoas com mais de 80 anos que nunca foi vacinada. Quanto aos menores de 18 anos, o deputado ligado à FAOM diz que há muitos pais com receio de vacinar os filhos por terem medo dos possíveis efeitos colaterais. Assim sendo, Lam Lon Wai entende que seria importante realizar um estudo em conjunto com instituições médicas para que se conheça a protecção que as diversas vacinas podem oferecer e apresente os dados à população.

O legislador questiona também se os residentes poderão tomar a dose de reforço ao final de seis meses após a última toma ou se será permitida a administração de vacinas mistas. Recordando que mais de 90 por cento dos residentes já foram vacinados com duas doses, sendo que já passou mais de meio ano, ou mesmo um ano, desde que tomaram a última dose da vacina. A todas estas perguntas o Governo terá de dar resposta no hemiciclo, numa sessão plenária que não tem ainda data marcada.

5 Jan 2023

CPU aprova plano de construção da nova Biblioteca Central

Foi ontem aprovado pelo Conselho do Planeamento Urbanístico o projecto de construção da nova Biblioteca Central no edifício do antigo Hotel Estoril, mas o mesmo só deverá estar concluído no final deste ano. Destaque para a aprovação do campus de escolas e parque desportivo num dos lotes da zona A dos Novos Aterros

 

Os membros do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) deram ontem luz verde ao projecto de construção da nova Biblioteca Central no edifício do antigo Hotel Estoril. Situado nas imediações da avenida de Sidónio Pais, Estrada da Vitória e Rua Filipe O’Costa, o projecto está a ser desenvolvido pelo atelier de arquitectura Mecanoo, sediado na Holanda, e que conta com o português Nuno Fontarra na equipa.

A aprovação foi feita por unanimidade e não mereceu comentários da parte dos membros do CPU. À margem da reunião, e segundo o canal chinês da Rádio Macau, um membro do Governo assegurou que o projecto da nova biblioteca estará completamente concluído até ao final deste ano, existindo um plano de preservação das árvores situadas no local.

Destaque ainda para a aprovação, na reunião de ontem, de uma zona com fins educativos e desportivos no lote B1 da zona A dos Novos Aterros, onde serão construídos uma escola, um complexo de serviços educativos e um centro de juventude. No total, o espaço terá uma área de 30 mil metros quadrados, com edifícios que não irão além dos 30 metros de altura.

Apesar da garantia de que será “proporcionado um espaço adequado para a espera dos veículos”, muitos membros do CPU mostraram reservas quanto ao planeamento do trânsito nesta zona.

“O conceito de uma vila educativa é novo e muitos alunos serão acompanhados pelos pais. Temo um grande engarrafamento de trânsito, e temos o exemplo da avenida Horta e Costa. No planeamento [da obra] teremos de considerar esta questão”, disse um dos membros.

O subdirector da Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU) adiantou que a prioridade será sempre o transporte público. “Teremos o metro ligeiro e os autocarros para resolver a questão do trânsito. Foi gasto muito dinheiro para construir uma rede de transportes e na zona A queremos usar as zonas subterrâneas, que são já uma tendência, pois há limitação de espaço. Haverá lugares de estacionamento junto ao metro ligeiro e vila educativa, que por ser uma zona especial estará sujeita a exigências próprias dos serviços de educação. Há mais espaço para viaturas, mas na zona subterrânea”, disse Mak Tat Io.

Este adiantou ainda que “as escolas vão ficar mais concentradas na zona nordeste, não muito afastadas da zona de peões”. Desta forma, haverá “um sistema pedonal lento, que vai permitir a circulação a pé, evitando-se o uso do carro pelos encarregados de educação, que também podem usar as zonas subterrâneas para ir buscar e largar os seus filhos”.

Tudo ligado

Outro membro do CPU deixou cinco recomendações em prol de uma maior conexão entre pessoas e transportes junto a esta zona educativa e desportiva, tendo sido feito o pedido para “uma ligação entre as zonas norte e sul” da zona A dos Novos Aterros, tendo em conta “o fluxo de pessoas” que se vai verificar. Este membro pediu ainda mais passagens superiores para peões, tendo em conta a segurança dos mesmos.

Mak Tat Io assegurou que todas as infra-estruturas serão construídas. “Poderá haver uma ligação entre a zona sul e norte para o fluxo de pessoas, pois a estrada é mais larga e teremos transportes. Haverá passagens superiores para peões e zonas subterrâneas. Não está no planeamento mais uma via para bicicletas, mas pensamos sempre que as pessoas podem andar e não será necessário andar de bicicleta. Haverá saídas suficientes no túnel que fazem a ligação com as zonas de transporte”, adiantou o subdirector da DSSCU.

Na reunião de ontem do CPU foram ainda aprovadas mais sete plantas de condições urbanísticas de projectos de terrenos que não mereceram mais comentários por parte dos membros.

5 Jan 2023

Música | Carlos Piteira e Jaime Mota reavivam “A Outra Banda”

Co-fundador e membro de “A Outra Banda”, projecto musical que existiu em Macau entre 1990 e 1998, o antropólogo Carlos Piteira resolveu recriar a banda em Portugal, dando novas roupagens às músicas e letras. Cantar Macau, bem como os seus poetas e escritores, é o principal lema de uma iniciativa que tem marcado presença em alguns eventos em Portugal ligados a Macau e à lusofonia

 

Entre 1990 e 1998, quando Macau se preparava para dizer adeus à Administração portuguesa, existiu no território um projecto musical único dedicado a cantar a sua cultura e literatura. “A Outra Banda”, co-fundada pelo antropólogo e investigador Carlos Piteira, foi um projecto musical composto por cinco músicos que terminou após a edição do primeiro um álbum. Anos depois, e já em Portugal, Carlos Piteira decidiu “renascer das cinzas” este projecto, desta vez apenas com o músico Jaime Mota.

“A Outra Banda” tem marcado presença em eventos ligados a Macau e à lusofonia, a convite de entidades como a Casa de Macau em Lisboa ou a UCCLA – União das Cidades Capitais da Língua Portuguesa, entre outras.

“Temos estado a navegar e prontos a dar voz se nos chamarem”, conta, entre risos, Carlos Piteira ao HM. “Queremos falar Macau na voz dos poetas e dar vida ou voz à poesia ou música que mantém viva a chama de Macau e dos macaenses. Trabalhamos temas do quotidiano de Macau e as festividades, como é o caso do Festival dos Barcos Dragão. Tentamos dar sempre algum enquadramento aos temas. Também retratamos algumas situações ligadas à história de Macau, como é o caso das casas de ópio”, adiantou.

Essencialmente, “A Outra Banda” trabalha os concertos e os temas em torno de quatro abordagens, sendo que o patuá, através da poesia de Adé dos Santos Ferreira, não é esquecido. Cantam também as palavras de Camilo Pessanha ou, de forma mais contemporânea, Jorge Arrimar, poeta e ex-residente de Macau. “A Outra Banda” dá voz , no total, a dez poetas de Macau.

“Este é um projecto pessoal que não conseguiria fazer sozinho”, disse Carlos Piteira, que descreve uma conjugação de gostos e interesses por Macau na ligação a Jaime Mota. “Conheci o Jaime ao longo dos tempos, das bandas dos anos 60 e 70. Ele tocava teclas e fazia algumas orquestrações. Tocámos juntos algumas vezes e penso que ele também se identificou muito com Macau, local com o qual criou uma ligação afectiva.”

Novo figurino

O projecto nascido há 30 anos tem hoje o mesmo nome, mas há diferenças na musicalidade e na apresentação dos temas. “Tentámos recuperar as melodias que já estavam construídas e esquecidas, que faziam parte da minha memória e da memória dos que estiveram em Macau nesse período, e reproduzi-las num contexto de divulgação dos poetas e do que foi um percurso feito em Macau”, adiantou Carlos Piteira.

“Decidi manter o nome do grupo porque é uma forma de tributo ao que fizemos em Macau naquela década, mas com uma roupagem diferente, não tão elaborada. Lá tínhamos outras condições, mais músicos, e a possibilidade de tocar com a orquestra chinesa. Aqui estamos reduzidos a um papel mais singular”, frisou Piteira.

Em Macau, nos anos 90, “A Outra Banda” chegou a integrar o cartaz do Festival Internacional das Artes de Macau, bem como a tocar com a orquestra chinesa.

Anos depois, Carlos Piteira e Jaime Mota decidiram “recuperar os arranjos, as sonoridades que passaram pelo grupo e as vocalizações”. “O projecto nasce por prazer lúdico que temos em fazer música e também pela necessidade de marcar a presença de Macau pela via da literatura e musicalidade. Sendo macaense e observador das questões de Macau achei que seria importante esta divulgação, ainda que de forma amadora. Não temos nenhuma pretensão de profissionalismo. Queremos conjugar a componente dos afectos.”

4 Jan 2023

Pandemia | Kiang Wu sem camas para doentes covid

As centenas de doentes covid-19 registados em Macau diariamente faz com que o hospital Kiang Wu já não tenha camas disponíveis. Por sua vez, o Centro Hospitalar Conde de São Januário está a receber cerca de 200 ambulâncias por dia no serviço de urgência, mais do dobro face ao número registado no ano passado

 

Os serviços médicos em Macau, tanto públicos como privados, começam a ter cada vez mais dificuldade em dar resposta ao crescente número de casos covid-19. Segundo a TDM, o hospital Kiang Wu já não tem camas para este tipo de doentes, tendo Li Peng Bin, médico e gestor do hospital privado, explicado que houve uma redução do número de doentes no serviço de urgência, mas há mais casos com sintomas graves, sobretudo junto dos mais idosos, que necessitam de internamento.

“O serviço de urgência no hospital está a tratar cerca de 600 pacientes por dia, o que é duas vezes mais face ao número de casos que tínhamos há umas semanas. No entanto, o serviço da linha de atendimento [para doentes covid-19] aliviou a pressão registada pelo pessoal médico do hospital e reduziu o número de pacientes nas urgências”, adiantou Ieng Kam Tou, também ouvido pela TDM, em declarações reproduzidas pelo portal Macau News.

Ao problema da falta de camas acresce-se o facto de muitos profissionais de saúde do Kiang Wu não terem ainda recuperado da doença, mas serem obrigados a prestar apoio no serviço, conforme explicou o médico Lei Man Chon. “Muitos estiveram doentes durante dois ou três dias, mas foram chamados ao serviço quando a febre baixou e quando começaram a sentir-se melhor.”

Relativamente à marcação de cirurgias, o serviço não tem sido afectado, adiantou o cirurgião Kam Kun Chong, uma vez que médicos, enfermeiros e auxiliares tomaram precauções em relação à covid-19, tomando medicamentos.

Tendo em conta que os idosos são, nesta fase, o maior grupo de risco, os dirigentes do hospital Kiang Wu prometem adoptar medidas especiais para travar o crescente número de casos e aliviar a pressão no serviço de urgência. Uma das medidas passa por recomendar que os doentes tomem os medicamentos fornecidos pelo Governo antes de se dirigirem de imediato às urgências.

São Januário lotado

A situação não é melhor no Centro Hospitalar Conde de São Januário. À imprensa chinesa, Chang Tam Fei, director substituto do serviço de urgência do hospital público, disse que houve um aumento, em termos anuais, de 200 a 300 doentes, pois cerca de 800 a 1000 doentes registaram-se nas urgências durante este surto.

As urgências do São Januário recebem, em média, 200 ambulâncias por dia com doentes covid, enquanto no mesmo período de 2021 o hospital recebia entre 70 a 80 ambulâncias diariamente, o que representa um crescimento de mais de 100 por cento.

“Os pacientes vão ao médico assim que se sentem doentes, e neste momento os doentes com sintomas ligeiros são imensos. Assim sendo, decidimos criar um posto de testes de ácido nucleico perto do serviço de urgência para podermos acolher estes doentes com sintomas leves. Desta forma podemos desviá-los do serviço de urgência, evitando a acumulação de pessoas”, adiantou Chang Tam Fei.

4 Jan 2023

Óbito | Morreu José Manuel Rodrigues, fundador da APIM e ex-deputado

José Manuel Rodrigues faleceu esta segunda-feira aos 70 anos vítima de doença prolongada. Advogado, ex-deputado e presidente do conselho de administração da TDM, o membro da comunidade macaense é recordado essencialmente pelo seu papel na criação da Confraria da Gastronomia Macaense e do Conselho das Comunidades Macaenses

 

Morreu esta segunda-feira, aos 70 anos de idade, José Manuel Rodrigues, que desempenhava o cargo de presidente do conselho de administração da TDM. No entanto, o advogado macaense foi activo em diversas áreas cívicas, destacando-se a posição de deputado nomeado à Assembleia Legislativa (AL) que deteve entre 1996 e 2005.

Como dirigente associativo José Manuel Rodrigues destaca-se por ter ajudado a criar entidades muito importantes para a afirmação das comunidades portuguesa e macaense, nomeadamente a Fundação para a Escola Portuguesa de Macau (FEPM), a Confraria da Gastronomia Macaense e o Conselho das Comunidades Macaenses (CCM). Estas duas últimas nasceram quando Rodrigues presidiu à Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), entre 1988 e 2016. José Manuel Rodrigues foi ainda membro da Associação Promotora da Lei Básica de Macau e membro do Conselho Consultivo da Lei Básica.

O papel desempenhado na APIM é destacado por Miguel de Senna Fernandes, actual dirigente desta entidade. “Esse período da APIM foi bastante importante. Foram os primeiros anos da RAEM e nessa altura a APIM era a associação macaense que mais se destacava, tinha uma pujança diferente. Pela mão de José Manuel Rodrigues aconteceram coisas fundamentais para a comunidade macaense. Ele era um acérrimo defensor da nossa cultura e uma das grandes preocupações que tinha era reflectir sobre a posição em que a comunidade poderia estar na RAEM. É uma das coisas de que me recordo das conversas que tive com ele”, contou ao HM.

Miguel de Senna Fernandes destaca ainda a sua qualidade como advogado e a proximidade ao poder. “Era alguém muito chegado aos dirigentes, como Edmund Ho e Chui Sai On. Isto era muito bom para a comunidade macaense. Ele esteve estes anos todos bastante enfermo, com problemas de saúde. Não deixa indiferente o desaparecimento desta figura pública, tão importante para a comunidade.”

“Espírito de iniciativa”

José Sales Marques, actual presidente do CCM, recorda “o espírito de iniciativa” de José Manuel Rodrigues e não esquece o seu trabalho em torno da Escola Portuguesa de Macau. ” Foi sempre um trabalho muito importante com um grande peso, sobretudo na fase de lançamento da fundação e da própria escola. Ele procurou sempre resolver diversas questões que, na altura, não eram nada fáceis. Era uma pessoa que se preocupava com as questões ligadas à comunidade”, afirmou Sales Marques.

Na área da advocacia, José Manuel Rodrigues chegou a fazer parte dos órgãos sociais da Associação dos Advogados de Macau, tendo sido também consultor jurídico. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, Rodrigues chegou também a ser juiz substituto do Tribunal de Instrução Criminal.

4 Jan 2023

Alexis Tam reforma-se e deixa delegação de Macau em Lisboa

Alexis Tam, antigo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, reformou-se e vai deixar o cargo de chefe da Delegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa que exercia na actualidade. A notícia foi avançada pela TDM Canal Macau, que dá conta do fim de um período de 33 anos que Alexis Tam dedicou ao funcionalismo público.

Para o seu lugar, vai agora Lúcia Abrantes dos Santos, que irá exercer o cargo em regime de substituição, uma vez que, desde Dezembro de 2019, desempenhava funções de adjunta de Alexis Tam.

Recorde-se que a nomeação do antigo secretário para representante das delegações de Macau em Lisboa e Bruxelas aconteceu em Dezembro de 2019, por um período de um ano, tendo-se prolongado por mais dois anos devido à pandemia. A ida de Alexis Tam para a Europa coincidiu com a tomada de posse de Ho Iat Seng como Chefe do Executivo que, na altura, traçou algumas críticas ao despesismo registado na tutela dos Assuntos Sociais e Cultura. Ho Iat Seng disse que a tutela absorveu 35 por cento do orçamento anual do Executivo, “pelo menos 30 mil milhões de patacas”, além de ter sido uma área alvo de “várias queixas do público”. Para o Chefe do Executivo, tal constituía “um problema”.

Silêncios e mudanças

Durante estes anos, o mandato de Alexis Tam à frente da Delegação tem sido marcado por pontuais aparições públicas e poucas palavras em público. Destaque para o encerramento da livraria da Delegação de Macau em Lisboa, em 2021, devido ao fim da representação da Direcção dos Serviços de Turismo na capital portuguesa. Essa decisão fez com que o território tenha perdido a representação anual na Feira do Livro de Lisboa.

Numa entrevista concedida ao Jornal Tribuna de Macau, Alexis Tam falou das dificuldades com que teve de lidar devido à pandemia e no apoio concedido aos estudantes da RAEM em Lisboa e residentes, uma das grandes funções da Delegação. “De certa forma, a Delegação funciona como uma embaixada em Portugal e por isso estou a exercer as funções de diplomata e participo em muitas acções de diplomacia”, explicou.

Neste período, Alexis Tam foi ainda distinguido com o doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Lisboa, pelo seu envolvimento e empenho no desenvolvimento do ensino e da língua portuguesa em Macau, além de ter recebido, em Julho do ano passado, a Medalha Municipal de Mérito (grau ouro) da Câmara Municipal do Porto.

Nascido em 1962 no Myanmar, Alexis Tam tem um doutoramento em Gestão de Empresas pela Universidade de Nankai e mestrado na mesma área na Universidade de Glasgow, no Reino Unido. Na Administração, e antes de ser secretário, Alexis Tam foi chefe de gabinete do Chefe do Executivo e porta-voz do Governo.

2 Jan 2023

Ano Novo celebrado com festas e concertos de rua

Apesar dos inúmeros casos de covid-19 que têm assolado Macau nos últimos tempos, mantêm-se as celebrações do Ano Novo para dar as boas-vindas a 2023. A festa começa já hoje com a “Bikini Party” [Festa do Bikini] na discoteca DD3, na Doca dos Pescadores. A partir das 22h será possível desfrutar de uma “nova experiência de entretenimento”, onde o bikini promete ser protagonista ao som da música House e Electrónica, entre outras batidas. Nesta festa, quem levar bikini ou calções de banho terá direito a uma bebida gratuita.

Por sua vez, amanhã a festa da passagem de ano acontece no DD3 Verandah, um evento organizado pela Associação de Música de Dança de Macau com várias parcerias. Ao som da música Techno, House e Electrónica será possível dizer adeus a 2022, “um ano estranho em Macau e para algumas partes do mundo, com muitas pessoas porreiras a deixar Macau e negócios a fechar, bem como com casinos encerrados e a questão política, incluindo a guerra entre a Ucrânia e Rússia e, três anos depois, com a pandemia a, finalmente, a nos atingir”, escreve a organização. A festa começa às 23h e tem um custo de 250 patacas, onde estão incluídas três bebidas.

Na rua

Com organização do Instituto Cultural (IC) decorrem os habituais concertos de Ano Novo para aqueles que desejam celebrar a chegada de um novo ano fora de portas.

O programa inclui, umas horas antes da passagem de ano, ou seja, entre as 18h e as 19h, o espectáculo “Melodias Inesquecíveis nas Ruínas de São Paulo”, com a Orquestra Chinesa de Macau. Neste evento serão apresentadas “várias peças clássicas numa combinação encantadora de música e da atmosfera do património mundial, que permite ao público uma experiência musical inesquecível”.

Os concertos que marcam a chegada de um novo ano decorrem na praça do Lago Sai Van, sendo organizados pelo IC e Direcção dos Serviços de Turismo em parceria com as operadoras de jogo Galaxy, Melco, MGM, SJM e Wynn. Como já é habitual, a transmissão é feita em directo pela TDM.

A última noite do ano encerra-se com o espectáculo de Alex To e bandas e músicos de Macau e Hong Kong, como Vivian Chan, Kane Ao Ieong, Germano Guilherme, #FFFF99, Ocean Walker, MSD Studio e Macau Baby, entre outros. No primeiro dia do ano de 2023 a Orquestra de Macau protagoniza um concerto com elementos de ópera.

30 Dez 2022

Cinemateca Paixão | Três filmes distintos para ver em Janeiro

“Tori e Lokita”, o filme de animação “Chun Tae-Il: A flame that lives on” e a nova versão de “Outsiders: The Complete Novel’s” são as apostas da Cinemateca Paixão para dar as boas-vindas ao ano de 2023. As exibições arrancam já este domingo

 

São três histórias muito diferentes, mas que prometem captar a atenção do cinéfilo mais apaixonado e atento. A Cinemateca Paixão apresenta três novos filmes já a partir de domingo para que o público possa dar as boas-vindas ao Ano Novo com cinema. Um dos filmes é “Tori e Lokita”, com exibições este domingo, quarta-feira e sexta-feira, um trabalho de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne.

“Tori e Lokita” conta a história de dois refugiados, o rapaz Tori e a adolescente Lokita, que fazem uma grande viagem, completamente sozinhos, de África até à Europa de todos os sonhos, nomeadamente para a Bélgica. Numa fase em que têm de lutar pela sobrevivência e combatendo todos os riscos que correm na viagem, começa a desenvolver-se entre os dois uma grande amizade que, na Bélgica, os vai ajudar a ultrapassar as dificuldades de quem é refugiado num novo país. Este filme foi premiado nos festivais San Sebastian e no 75.º Festival de Cannes, este ano.

A Cinemateca Paixão também aposta no cinema de animação com “Chun Tae-il: a Flame that Lives On”, uma película sul-coreana de Jun-Pyo Hong, de 2021. O filme recorre à animação para abordar uma questão complexa, os direitos laborais, e a história verídica de Chun Tae-il, um trabalhador têxtil que, nos anos 70, se tornou um activista e um símbolo da luta pelos direitos dos trabalhadores na Coreia do Sul. Esta é uma versão alternativa e diferente do filme realizado em 1995. Esta película pode ser visto na quinta-feira, sábado e na semana seguinte, no dia 12.

Recordações de Hollywood

Estávamos no ano de 1983 quando saiu o filme de Francis Ford Coppola que já trazia um muito jovem actor Tom Cruise e outros nomes hoje bem conhecidos do grande público, como Patrick Swayze, Rob Lowe ou Matt Dillon. Com o nome “Os Marginais” (The Outsider’s: The Complete Novel), o filme marcou os anos 80 e foi serviu de pontapé de saída para muitas carreiras no cinema.

Agora, o público da Cinemateca Paixão terá a oportunidade de ver uma cópia restaurada em 4K com muitas novidades. O argumento é uma adaptação da história de S. E. Hinton e conta a epopeia de três órfãos que tentam sobreviver num meio que lhes é alheio, rodeados de mexicanos uns com dinheiro, outros pobres.

Estes jovens vivem no meio rural de Oklahoma, Estados Unidos, vendo-se envolvidos numa série de peripécias e sempre com a polícia à perna. Em 2017, Francis Ford Coppola criou uma nova versão deste filme, com novas cenas, mas esta é uma oportunidade para rever uma grande história numa versão restaurada. As exibições na Cinemateca Paixão estão marcadas para as próximas terça e quinta-feira, incluindo uma sessão no sábado.

30 Dez 2022

Turismo | Associação diz serem necessárias mais agências chinesas em Portugal

Yong Liang, presidente da Associação de Turismo Chinês em Portugal, acredita que a tendência é para que haja cada vez mais turistas chineses no país, sendo, por isso, necessárias mais agências estabelecidas em Portugal. Numa altura em que a China e Macau eliminam progressivamente as restrições contra a covid-19, a palavra de ordem da associação é reforçar a cooperação e os contactos, aproveitando também o potencial estratégico da RAEM

 

Países com históricas ligações, Portugal e China têm estado a navegar em diferentes mares em matéria de turismo, no contexto da pandemia. Se, por um lado, Portugal recuperou há vários meses o sector do turismo, a China só agora começa a abrir as fronteiras e a eliminar as restrições contra a pandemia. Será, talvez, a fase ideal para uma maior recuperação económica e do próprio sector turístico, um mercado em que a China se assume cada vez mais como líder.

Em entrevista ao HM, Yong Liang, presidente da Associação de Turismo Chinês em Portugal, fala dos planos para a cooperação com Macau e China para que cada vez mais visitantes se desloquem a Portugal. Nesse sentido, o responsável acredita que Portugal necessita de ter mais agências de viagens chinesas para dar resposta a esta tendência.

“Sem dúvida que as agências de viagens poderiam olhar mais para Portugal. Já existem algumas agências chinesas a trabalhar em Portugal e motivamos outras para que se estabeleçam por cá”, disse Yong Liang.

No que diz respeito à ACTEP, há disponibilidade “para ajudá-las nesse processo”. “No futuro, haverá mais turistas a chegar a Portugal e haverá necessidade de mais agências de turismo chinesas para os ajudar nas boas-vindas. Ao mesmo tempo, o número de turistas de Portugal para a China vai aumentar, por isso há muitas oportunidades em ambos os sentidos”, acrescentou o dirigente.

Yong Liang explica porque é que os seus conterrâneos gostam tanto de Portugal, que já se transformou “num grande destino”. “Tem cultura, uma grande combinação entre o clássico e o moderno, pessoas simpáticas, uma boa gastronomia, é um bom local para fazer compras, cenários naturais muito bonitos e é um destino barato. Acredito que as motivações [para viajar, da parte dos turistas chineses] não mudaram muito [com a pandemia]. Talvez o que tenha mudado é o facto de ser um destino cada vez mais popular e não apenas para grupos de turistas. Portugal é, cada vez mais, um destino para viajantes independentes e famílias”, frisou.

Desde a sua criação que a ACTEP pretende “desenvolver as relações de turismo entre Portugal e a China, em ambas as direcções”. “Queremos ver mais turistas chineses em Portugal e, claro, mais turistas portugueses na China. Acreditamos que o mútuo conhecimento dos povos é essencial para reforçar a amizade entre os dois países. Como sabemos, a pandemia trouxe algumas limitações, mas não deixámos de trabalhar em prol desses objectivos.”

Exemplo disso, é o projecto do pavilhão de Portugal na Expo de Yangzhou, no ano passado, que “atraiu dezenas de milhares de visitantes e vários prémios”, nomeadamente o de pavilhão com mais baixas emissões de carbono e o “Prémio Internacional de Intercâmbio Cultural”.

Este ano, Yong Liang foi também responsável pela organização e gestão do pavilhão de Portugal em Pequim no certame mais importante do país, a Feira Internacional de Comércio e Serviços da China. O dirigente associativo só tem perspectivas positivas face ao futuro do sector. “A China era, antes da pandemia, o segundo maior mercado de turismo do mundo e será o primeiro mercado turístico a nível mundial em menos de dez anos.”

Papel de Macau

Estando às portas da China, Macau não deixa de ser estratégico para a ACTEP, tendo em conta “o seu sucesso como destino turístico e o posicionamento no Delta do Rio das Pérolas, bem como as históricas relações que possui com Portugal e o facto de ser uma porta de entrada para a China, como destino e mercado”.

Os contactos com entidades do território têm sido desenvolvidos. “Já estabelecemos contactos com a AAVM – Associação das Agências de Viagens de Macau, uma organização com quem estamos dispostos a trabalhar, e com a Direcção dos Serviços de Turismo. Estamos particularmente numa boa posição para ajudar a promover Macau em Portugal, bem como promover Portugal em Macau. Esperamos que no próximo ano possamos promover várias acções neste sentido.”

Tendo em conta “a boa relação da ACTEP com o Turismo de Portugal, há condições para garantir uma boa promoção [de Macau como destino] em Portugal”. No contexto da pandemia, “todo o esforço promocional que a ACTEP tem feito será positivo para fazer com que Portugal fique bem posicionado para esta recuperação, e por essa razão queremos envolver as autoridades portuguesas nacionais e regionais e as agências de viagens portuguesas neste esforço.”

Yong Liang diz ainda que tem vindo a ser desenvolvida “uma boa relação com agências chinesas de turismo”. “A China é um importante mercado para Portugal e é nisso que estamos a trabalhar. Macau tem também um grande potencial”, rematou.

Desde o abandono gradual da política de casos zero de covid que a China tem permitido que cada vez mais os turistas estrangeiros comecem a considerar a possibilidade de viajar para o país. A partir do dia 8 de Janeiro, deixa de ser obrigatória a quarentena para quem chega de fora. No entanto, esta quarta-feira, o Ministério dos Transportes da China fez um apelo para que as viagens no mercado interno, no período do Ano Novo Chinês, ou seja, entre os dias 21 e 27 de Janeiro, sejam feitas “de forma escalonada” a fim de evitar infecções massivas.

De acordo com um guia do Ministério chinês, os testes de PCR e passaportes covid-19 não serão exigidos para viajar e as autoridades competentes vão desmantelar quaisquer postos de controlo anteriormente instalados para restringir a passagem de veículos nas estradas.

Esta terça-feira a China anunciou a retoma da emissão de passaportes para o turismo, medida suspensa desde o início de 2020. Os pedidos para os vistos podem ser apresentados a partir do dia 8 de Janeiro.

30 Dez 2022

Portugal-China | Costa Silva quer reforçar cooperação no sector da energia

Economia do mar, energias renováveis e ciências da saúde são as três grandes áreas nas quais Portugal pretende cooperar mais com a China. A estratégia foi apontada por António Costa Silva, ministro português da Economia, no jantar de celebração do sexto aniversário da Associação dos Amigos da Nova Rota da Seda. O governante salientou também a importância do investimento chinês em Portugal

 

A relação entre Portugal e a China está de pedra e cal e prova disso é a vontade que o Ministério da Economia, liderado por António Costa Silva, tem em cooperar com a China em diversas áreas estratégicas e de futuro. No jantar de celebração do sexto aniversário da Associação Amigos da Nova Rota da Seda, que decorreu no passado dia 20, o ministro português mostrou vontade de cooperar com o país em três áreas concretas: economia do mar, energias renováveis e ciências da saúde, além do já tradicional comércio e investimento chinês no país.

Na área das energias renováveis, a aposta parece fazer-se na construção de baterias de lítio. “O Ministério da Economia tem falado com várias empresas chinesas e vamos tentar materializar um grande projecto na área das baterias, pois a China tem uma das melhores tecnologias do mundo nesta área”, começou por dizer António Costa Silva.

“Temos de apostar na mobilidade eléctrica e trabalhar com a China para a transformação deste sector. Queremos sediar em Portugal toda a cadeia de valor das baterias de lítio, desde a extracção à refinação, passando pela produção de materiais. É um objectivo que pretendemos atingir e sobre o qual pretendemos reforçar a nossa cooperação”, adiantou.

Outras das apostas estratégicas centra-se na energia eólica, matéria que já terá sido abordada com o próprio embaixador chinês em Lisboa, Zhao Bentang. “Hoje em dia, 60 por cento da electricidade que utilizamos no país provém de energias renováveis. Portugal é um dos grandes países europeus produtores e exportadores de energias renováveis e, para isso, precisamos de desenvolver todo o potencial da energia eólica offshore. Contamos com a ajuda dos nossos amigos chineses para atingir este objectivo”, disse o governante.

Ainda no fomento da energia eólica, António Costa Silva adiantou que o Governo português “tem recebido abordagens de muitas companhias internacionais e chinesas para desenvolver essa área”. “É um projecto muito interessante pois pode-se basear na construção de ilhas artificiais sustentáveis, com aquacultura na base e sistemas de protecção da erosão da costa”, frisou.

No que diz respeito às ciências da saúde, o ministro e também economista acredita que os países precisam preparar as respostas necessárias após a pandemia da covid-19.

“Também acreditamos que é possível incrementar a cooperação com a China na área das ciências da saúde. É preciso que os países se preparem para as próximas pandemias para preparar toda a actividade nesta área e mobilizar conhecimento e inovação, em prol de respostas. A nossa população acima dos 65 anos tem uma ou mais doenças”, explicou, reforçando a ideia de que o desenvolvimento tecnológico pode ser essencial na fase de diagnóstico e tratamento, para tornar mais fácil a prevenção de doenças.

António Costa Silva mencionou, por último, a economia do mar. “A China representa cerca de 25 por cento do investimento que existe no mundo em ciência e tecnologia, e queremos desenvolver um grande eixo de cooperação com a China para ligar o desenvolvimento da economia do mar à luta contra a ameaça climática. Os países partilham esta ideia forte e temos de tornar os nossos oceanos mais saudáveis, mas, ao mesmo tempo, usá-los para desenvolver e produzir riqueza.”

Uma “economia resiliente”

No evento onde estiveram presentes uma série de individualidades ligadas a Macau, nomeadamente Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau, e Vasco Rocha Vieira, último Governador português do território, entre outros, o ministro português não deixou de referir a importância da RAEM na cooperação entre Portugal e China.

“Em 2022, as trocas comerciais entre a China e Portugal continuaram a ser significativas. Em 2021, as trocas ascenderam a cerca de 4,6 mil milhões de euros, e desde Janeiro a Julho deste ano chegaram a 3,6 mil milhões de euros. É importante dinamizarmos ainda mais esta relação. É importante desenvolvermos ainda mais a cooperação, sobretudo através de Macau e do Fórum Macau e da integração que Macau tem hoje no projecto da Grande Baía.”

Estão em causa “duas nações históricas que partilham uma relação com mais de 560 anos”. “Esta relação sempre se baseou no respeito mútuo, na cortesia e na cooperação. Na situação internacional difícil em que vivemos, podemos mostrar o exemplo, reforçando a nossa cooperação económica e trocas comerciais e apostar decisivamente no desenvolvimento do comércio internacional”, adiantou António Costa Silva.

Dirigindo-se aos “amigos chineses”, o ministro deixou claro que “a economia portuguesa é muito resiliente”. “O ano de 2022 está a mostrar que resiste de uma forma que provavelmente muitos subestimaram no passado. Deveremos crescer cerca de 6,8 por cento este ano e vamos ter uma performance acima de todas as expectativas. Portugal é uma economia aberta, temos tido um crescimento muito significativo nas nossas exportações, que este ano vão representar cerca de 50 por cento do nosso PIB [Produto Interno Bruto]”, acrescentou.

Portugal tem também mantido, aos olhos do governante, “uma rota de atracção de investimento externo, o que é muito importante para o desenvolvimento do país”, sendo que “o investimento directo estrangeiro ultrapassou, no primeiro semestre de 2022, 2,4 mil milhões de euros”.

De frisar que, nesta equação, e segundo dados divulgados em Março, a China é o quinto maior investidor em Portugal, sendo que apenas 28 por cento do investimento é directo, enquanto 41 por cento é feito através do Luxemburgo.

A intervenção da representante da embaixada chinesa em Portugal, uma vez que Zhao Bentang não pôde estar presente, não deixou de apontar para a importância da crescente cooperação económica entre a China e Portugal. Foi ainda referida a realização do XX Congresso do Partido Comunista Chinês e das ideias que daí saíram. “A China realizou o XX Congresso com grande sucesso, e graças às múltiplas crises o relatório do congresso afirmou ao mundo que o país está comprometido em desenvolver a amizade e cooperação com outros países”, promovendo, entre outras questões, “um novo paradigma de relações internacionais”.

As crises de hoje

António Costa Silva deu a entender que o caminho da harmonia diplomática e equilíbrio de consensos que a China pretende é também partilhado com Portugal. Hoje existe “uma situação difícil no mundo em que vivemos, particularmente com uma guerra na Europa que está a criar fracturas geopolíticas e a ter repercussões muito graves nas cadeias de abastecimento mundiais e a mudar o funcionamento da economia”.

“É importante a globalização e integração crescente da economia mundial, assim como a cooperação entre todos os países do mundo e o desenvolvimento exponencial do comércio. Muitas pessoas saíram da linha de pobreza, e estamos a entrar num funcionamento diferente da economia do planeta”, frisou o ministro da Economia.

No cenário europeu, o governante alertou para a existência de crises “segurança, defesa e energética”, numa referência ao conflito na Ucrânia, mas também para a “crise climática e ambiental que não desapareceu”.

“A crise energética é profunda, e a Europa decidiu prescindir do abastecimento de gás que vinha da Rússia, que são 140 mil milhões de metros cúbicos, cerca de 27 por cento do mercado mundial de abastecimento de energia. É evidente que esta atitude provoca grandes convulsões no sistema energético internacional”, concluiu Costa Silva.

28 Dez 2022

Óbito | Morreu José Pedro Sacco, jornalista da TDM Rádio Macau

Morreu hoje, aos 62 anos de idade, o jornalista e editor da TDM Rádio Macau José Pedro Sacco. Este era um dos trabalhadores mais antigos da empresa, onde começou a trabalhar como repórter em 1984, ainda no período da Administração portuguesa.

José Pedro Sacco nasceu a 14 de Dezembro de 1960. Tanto a TDM como a direcção da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau já emitiram notas de pesar pelo falecimento do jornalista, tendo transmitido as “mais sentidas condolências” a familiares, amigos e camaradas de profissão.

28 Dez 2022

Covid-19 | Mais três mortes associadas à doença

O número de casos de covid-19 não pára de aumentar em Macau. Esta segunda-feira, foram detectadas mais 90 infecções e três novas mortes, número apenas ligeiramente abaixo das cinco mortes registadas em toda a China. Os óbitos em Macau dizem respeito a três idosos com um historial de doenças crónicas, um deles sem estar vacinado

 

Com o relaxamento das medidas de combate à covid-19, o número de casos tem aumentado nos últimos dias. Esta segunda-feira, o Centro de coordenação e de contingência do novo tipo de coronavírus deu conta de mais 90 casos, tendo os doentes sido encaminhados para isolamento e tratamento médico.

Destaque para o registo de três novas mortes de idosos associadas à covid-19, com as vitimas, um homem e duas mulheres, a registarem idades compreendidas entre os 60 e 94 anos. Este número é pouco inferior às cinco mortes já contabilizadas em toda a China. As primeiras duas mortes desde o começo da pandemia foram registadas na segunda-feira, enquanto ontem se somaram mais três óbitos, todos em Pequim.

No caso de Macau, os idosos tinham já um historial de doenças crónicas, sendo que dois deles estavam vacinados, com duas e três doses da vacina, enquanto um outro não possuía qualquer dose da vacina.

Entretanto, os Serviços de Saúde de Macau (SSM) decidiram suspender, a partir de hoje, todas as visitas aos doentes no serviço de urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário até uma nova notificação.

Segundo uma nota de imprensa, “qualquer caso especial será tratado de acordo com as necessidades reais”, sendo que as visitas só serão autorizadas mediante “nova notificação”.

Com marcação

Uma outra nota informativa do Centro dá conta da emissão de novas recomendações, da parte dos SSM, para as instituições médicas, as quais “devem prestar atendimento aos indivíduos infectados ou suspeitos de terem contraído covid-19 e que tenham necessidades médicas urgentes ou de assistência médica”.

Assim, “as instituições médicas devem tomar as providências para encurtar o tempo de permanência dos doentes nas instituições”, devendo os doentes fazerem uma marcação, o mais previamente possível, da consulta.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, as autoridades de saúde chinesas explicaram que há limitações na metodologia dos testes rápidos, o que faz com que apareçam, nos primeiros dias de infecção, resultados como “falso negativo” ou “falso positivo”, sem que haja sintomas. No entanto, uma vez que, nos primeiros dias, é difícil detectar a presença do vírus SARS-Cov-2, as autoridades apontam que os primeiros sintomas podem começar a aparecer cerca de cinco dias após a infecção, sendo recomendada a testagem com testes rápidos.

A Comissão Nacional de Saúde da China defende que a prioridade máxima, neste momento, é que cada pessoa tenha acesso a tratamento, sendo necessária a expansão de serviços médicos e equipamentos em diversas plataformas junto da comunidade.

21 Dez 2022

Maria Fernanda Ilhéu, economista: Uma Rota de “aprendizagem conjunta”

Conversámos com a presidente da Associação Amigos da Nova Rota da Seda (ANRS) por ocasião da celebração do sexto aniversário da instituição. A economista Maria Fernanda Ilhéu acredita que os casinos vão continuar a ser fundamentais, enquanto o país assim o entender, e que serão criadas alternativas em prol do “equilíbrio” económico

 

São seis anos de existência da ANRS. Que balanço faz?

Registámos a associação no dia 21 de Dezembro de 2016, e foram 21 os sócios fundadores. Começámos a trabalhar com o objectivo de dar a conhecer o projecto da nova rota da seda e tentar identificar áreas de cooperação entre Portugal e China no âmbito desta iniciativa. Logo em 2017 produzimos um documento de trabalho utilizando várias áreas de cooperação. Foi um pontapé de saída para a reflexão. Fizemos variadas conferências sobre esse tema. Queríamos que as pessoas entendessem o que estava patente nesta iniciativa, como efectivamente ela se financiava e quais as áreas de interesse. Todos os anos fazemos uma grande conferência que vai focando em várias áreas desta Iniciativa. Queremos que as pessoas e as empresas se consciencializem da importância do relacionamento com a China e da forma de trabalho conjunto com diversas entidades de Portugal, China e terceiros mercados, de forma a conseguirmos um desenvolvimento sustentável global.

Como encara a evolução da Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” ao longo dos últimos seis anos?

Evidentemente que com o contexto da pandemia e, mais recente, da desestabilização que a guerra na Ucrânia tem provocado, dificultou ou atrasou alguns projectos, mas a Iniciativa continua a funcionar do ponto de vista das entidades envolvidas. Há dias vi que a Argélia aderiu. Nos últimos anos, foi sempre agregando mais vontades no sentido de cooperação. Neste momento, 141 países e 32 organizações internacionais assinaram acordos de cooperação com a China no âmbito da Iniciativa, e foram assinados cerca de 207 projectos de grande envergadura. A nova rota da seda, além dos grandes projectos de cooperação, tem também uma posição de cooperação entre a China e os parceiros que engloba várias áreas. Em Portugal, verificamos o bom relacionamento que continua a existir com a China e que proporciona diálogo que continua a existir com essas parcerias.

No entanto, a Iniciativa tem sido criticada pela dependência financeira, em relação à China, da parte de alguns países.

Há aí uma série de pontos que são politizados de uma forma que não tem uma análise racional da situação. Temos de ver que esta Iniciativa e as políticas de financiamento ao longo do tempo. Quando surgiu a Iniciativa, constituíram-se, na China, fundos de investimento, nomeadamente o “Fundo Rota da Seda” e outro ligado ao Banco de Desenvolvimento chinês. Foi-se vendo, aos poucos, que esses projectos não podiam ser feitos sem uma análise financeira que permitisse concluir se o país que queria desenvolver determinado projecto tinha capacidade financeira para explorá-lo de forma sustentável. A primeira grande ideia, e que marcou, de certa forma, a ideia que as pessoas tinham dessa Iniciativa, é que eram, sobretudo, infra-estruturas de comunicação, nomeadamente comboios. Esses países tinham necessidade disso, na via-férrea, portos ou barragens. O que aconteceu é que não foi feita uma análise inicial séria desses países. A China não acautelou algumas situações, nomeadamente a construção de um porto no Sri Lanka, uma vez que o país não tinha capacidade nem de investimento nem de exploração do porto. Estes investimentos não são ofertas. No caso do Sri Lanka, a entidade financiadora teve de assumir a gestão do porto por cerca de 100 anos. Nesse consórcio estavam também entidades francesas, pelo que não foram apenas financiadores chineses. Ao longo do tempo algumas coisas se concluíram.

Tais como?

Em primeiro lugar são projectos que se pagam a longo termo e é necessário ter análises sérias financeiras e económicas para a sua sustentabilidade. Depois são investimentos muito grandes e a China não é o grande investidor. Há cada vez mais o recurso às multilaterais financeiras e já foi feito o apelo para a participação de entidades privadas. Há uma evolução, que é de análise racional e económica, com efeitos de progressão do relacionamento entre países. Há movimentação de pessoas, equipamentos e conhecimento, e há uma interligação entre entidades. O país que está à cabeça destes projectos tem sido a China, mas o país vê com muitos bons olhos parcerias trilaterais. A estrita politização da análise da Iniciativa pode ser, de certa forma, tendenciosa para servir determinados fins e objectivos políticos.

Portugal tem sabido tirar partido da nova rota da seda, ou há ainda um grande desconhecimento de empresas e outras entidades?

Esta é uma Iniciativa de longo prazo e de aprendizagem conjunta, e o pontapé de saída foi muito orientado para a construção de projectos de comunicação, como disse. Mas tem evoluído. Hoje em dia fala-se da Rota da Seda digital, por exemplo, da saúde e bem-estar, na Rota da Seda Cultural. Há várias áreas em que se pode cooperar e algumas nem exigem um investimento muito avultado. Em relação às parcerias com Portugal, elas têm existido em várias áreas, nomeadamente na área da saúde e bem-estar, bem notória quando começou a covid-19 na China. Várias entidades portuguesas disponibilizaram-se a apoiar a China e depois vimos o reverso. Não há um grande projecto de infra-estruturas a decorrer, mas há investimento chinês que tem sido bastante importante na sustentabilidade e desenvolvimento das empresas onde foi feito. Relativamente ao Porto de Sines, a forma como o concurso público [para a sua exploração] foi feito não atraiu nenhum investidor, e não apenas os chineses. É sempre num contexto de concurso público internacional que as infra-estruturas se desenvolvem. Não há uma situação em que o Governo chinês vem falar com o Governo português para desenvolver algo, nunca será por essa via.

A China está a relaxar gradualmente as restrições no âmbito da pandemia. Isso poderá criar uma nova fase para a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”?

Sem dúvida. Por muito que funcionem as relações online não há nada como o contacto e diálogo com diversos agentes económicos. Falamos de relações de cooperação que são muito dinâmicas e que estão em permanente alteração. O que era importante há três anos hoje terá outra perspectiva. Em 2019 essas relações estavam a sofrer um boom enorme, e vimos a quantidade enorme de entidades chinesas que vieram a Portugal em várias áreas. Esperemos que em 2023, com estes sinais de abertura, esses contactos possam recomeçar lá mais para meados do ano.

A Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” está muito presente no discurso político de Macau. O território está a aproveitar devidamente esta matéria ou poderia ser um actor mais activo?

Temos sempre dificuldade em fazer esse tipo de análise. É certo que em Macau existem as plataformas certas para desenvolver essa parceria, mas se podem ser melhoradas, podem. Porque é que a sua dinâmica, às vezes, não é tão profunda? Porque uma coisa são políticas, outra coisa são os tecidos empresariais. É necessário que os tecidos de Macau e de Portugal se acertem, e penso que isso ainda não aconteceu. As empresas podem não ter tido ainda os diálogos certos. Aí podemos tentar apostar em mais plataformas, e isso tem sido fomentado pelos Governos, mas talvez da parte das empresas não tenha ainda a dimensão necessária. A ANRS quer participar nisso.

Macau está numa fase de transição, com as novas licenças de jogo, enquanto o Governo mostra sinais de querer menos dependência dos casinos. É o desígnio certo para que o território possa corresponder à Iniciativa?

Sim. Esse é o grande desafio de Macau, mas não é de agora, é de há muitos, muitos anos. Quando fui para Macau, em 1979, fui precisamente para desenvolver o Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização, cujo objectivo era apoiar a economia para não depender do jogo. A minha função era apoiar a internacionalização das empresas de Macau e reforçar as suas vantagens competitivas. Mas encontrámos uma série de obstáculos.

Quais?

Muitos foram resolvidos enquanto esteve lá a Administração portuguesa. Até 1999 houve surtos de desenvolvimento, construção, formação de pessoas, criação de universidades… tudo se passou no caminho certo. Mas temos de perceber que o jogo é avassalador, traz rendimentos enormes. Quando temos uma actividade que, de repente, permite às pessoas viver bem economicamente, as pessoas perguntam porquê fazer outra coisa.

Isso aconteceu consigo?

Sim. Cheguei à Universidade de Macau e o meu papel era trazer jovens para estudarem no ISEG [Instituto Superior de Economia e Gestão], onde era professora. Os professores que falaram comigo disseram-me que os alunos não queriam vir para Portugal, queriam acabar os cursos e começar a trabalhar porque em Macau tinham muitas solicitações de emprego. Vamos ter sempre essa situação, o jogo vai ser sempre a grande centralização económica e as pessoas vão sempre ter uma grande dependência do jogo. Mas podem-se criar áreas alternativas, e penso que a Grande Baía e a expansão de Macau para Hengqin são grandes oportunidades, porque trazem dimensão, o que Macau já não tem, e outros activos humanos. Enquanto houver jogo em Macau essa área vai ser sempre importante, pode é ser equilibrada e não haver uma substituição. São precisos apoios e entidades empresariais nessas actividades.

O desemprego aumentou e têm-se verificado situações sociais graves devido à pandemia. Isso pode mudar o paradigma que falou?

Acredito que empresas e jovens vão começar a olhar mais para fora. Os jovens estavam muito acomodados e tranquilos com o seu futuro. Este foi um grande acordar para a realidade. Daqui para a frente vamos assistir uma grande evolução em Macau.

Ontem celebrou-se mais um aniversário da transição. Que olhar traça relativamente à Macau de hoje?

A economia sempre foi dominada pelo jogo, mas quando fui para lá havia um sector fabril muito interessante que se desenvolveu mais a partir de 1979 e meados dos anos 80. O sector de exportação foi importante e viveu de vantagens competitivas externas, da existência de quotas de exportação do sector têxtil. Os empresários de Macau aproveitaram essas oportunidades e isso deu azo a uma actividade industrial interessante que proporcionou também um grande desenvolvimento da área urbana. Em função das novas zonas industriais foram construídas mais infra-estruturas de saneamento básico e comunicações. Acredito que se podem criar dinâmicas que equilibrem o peso do jogo, mas não acredito no total desaparecimento dos casinos enquanto a China decidir que eles têm de estar ali. Enquanto existir aval político o jogo não vai desaparecer e até se pode reforçar. Penso que esta lição de crise foi também para o jogo e não apenas para os jovens. Os casinos perceberam que têm de criar novas formas de expansão. Mas com a integração de Macau na China vão-se potenciar oportunidades de investimento noutras actividades. Mas respondendo à sua pergunta, Macau vai ser sempre uma plataforma entre a China e os países de língua portuguesa e penso que isso poderá ser reforçado. O país tem feito bastante esforço para que isso continue. O jogo vai continuar, mas serão criadas outras actividades e outros modos de vida. Macau estava confinado à sua dimensão física e humana, e não podem ser feitas omeletes sem ovos.

21 Dez 2022

Cinemateca Paixão | “Triângulo da Tristeza” em exibição no fim-de-semana

Vencedor de uma Palma de Ouro no Festival de Cannes, a comédia “Triângulo da Tristeza” será exibida este fim-de-semana, entre sexta-feira e domingo, na Cinemateca Paixão. Destaque ainda para a exibição de BROS e a última oportunidade para ver o filme biográfico de Elvis Presley

 

O fim-de-semana do Natal celebra-se na Cinemateca Paixão com uma comédia premiada no festival de cinema de Cannes com uma Palma de Ouro. “Triângulo da Tristeza” é a novidade para sexta-feira, sábado e domingo, sendo esta uma sátira sobre as diferentes classes sociais e as questões da beleza e da ostentação.

O filme conta as histórias dos modelos Carl e Yaya, um casal que está habituado a movimentar-se nos meandros do mundo da moda. Quando este é convidado para fazer um cruzeiro de luxo, com passageiros milionários e um punhado de personagens excêntricos, como um oligarca russo, um traficante de armas inglês e um capitão com propensão para o álcool e amante dos escritos de Karl Marx, a trama adensa-se.

Quando, em pleno alto mar, se dá uma tempestade durante o Jantar do Comandante, os passageiros começam a ficar enjoados e é então que o cenário de luxo se altera um pouco, pois o cruzeiro encalha numa ilha deserta com alguns dos milionários e uma das empregadas de limpeza. É então que a hierarquia se altera, pois nenhum dos passageiros consegue sobreviver na ilha, uma vez que apenas a empregada sabe pescar.
Esta produção da Suécia, Dinamarca, França e Alemanha conta com realização e argumento de Ruben Östlund.

Outras músicas

Os fãs de Elvis Presley, ou apenas os curiosos da vida deste famoso músico norte-americano, terão oportunidade de aproveitar os últimos dias de exibição do filme biográfico “Elvis”, amanhã, na sexta-feira e no sábado. Nele se conta a sua imersão no mundo da música nos anos 60 bem como a sua complicada vida pessoal, onde se inclui o casamento com Priscilla Presley.

O cartaz da Cinemateca Paixão deste fim-de-semana inclui também a película “BROS – Uma História de Amor”, uma comédia para maiores de 16 anos do realizador Nicholas Stoller. Esta é uma comédia romântica de Hollywood sobre dois homossexuais em busca do amor verdadeiro.

Para quem quiser acabar o ano numa sala de cinema, a Cinemateca Paixão exibe, no dia 31, o filme japonês “A Hundred Flowers”, de Genki Kawamura, que conta a história de Yuriko Kasai, uma mãe solteira que cria o seu filho, Izumi Kasai, sem ajudas. Quando este se torna adulto vê-se obrigado a lidar com a doença da mãe, Alzheimer, o que faz com que esta comece a perder a memória e a capacidade de recordar as vivências com o seu próprio filho. Nesse processo doloroso, Izumi depara-se com um caso do passado que tem de enfrentar. Também no dia 31, será exibido outro filme japonês, “The Wandering Moon”.

Esta quinta-feira será ainda a última oportunidade para ver “The Passengers of the Night”, um filme que conta com a actriz Charlotte Gainsbourg no elenco.

20 Dez 2022

TSI | Médicos condenados por passarem falsos recibos

O Tribunal de Segunda Instância (TSI) manteve a sentença proferida pelo Tribunal Judicial de Base (TJB) que condenou quatro médicos de medicina tradicional chinesa (MTC) a penas de prisão e ao pagamento de coimas pelo crime de falsificação de documentos. Os médicos foram condenados a nove meses de prisão por cada crime, sendo que um deles foi condenado a três anos de prisão, enquanto um outro foi condenado a dois anos e três meses de prisão por cúmulo jurídico.

Todas as penas foram suspensas na sua execução por um período de dois anos na condição de cada um pagar um montante a favor da RAEM com valores que variam entre as 10 e 20 mil patacas no prazo de um mês a partir do momento em que a sentença transitar em julgado. O caso remonta a 2014 e 2015, quando os quatro médicos passaram recibos falsos nos quais “fizeram constar datas de consulta médica e honorários desconformes com a verdade, por conta de terceiros”.

Como consequência, “fizeram com que os terceiros usassem com sucesso os referidos recibos para pedir faltas por doença às companhias a que pertenciam, bem como para solicitar cobertura das despesas médicas às companhias de seguros”. Os profissionais de saúde recorreram da sentença junto do TSI, mas este manteve a decisão do TJB.

20 Dez 2022

Segurança | Nova lei cria crime de tráfico de armas e financiamento

Está na Assembleia Legislativa a nova lei do controlo de armas e coisas conexas que substitui a lei em vigor desde 1999. Uma das novidades prende-se com a criação do crime de tráfico de armas e do seu financiamento, com penas de prisão que vão dos dois aos dez anos de prisão

O regime jurídico do controlo de armas e coisas conexas foi admitido no hemiciclo e traz novas disposições para o uso de armas para variados fins, desde defesa pessoal, coleccionismo ou até para o negócio. O Governo decidiu, com a proposta de lei, criar o crime de tráfico de armas e financiamento desse tráfico, com penas de prisão que vão dos dois aos dez anos.

Como se explica na nota justificativa, o crime de tráfico de armas estava expresso na lei de bases de segurança interna, de 2002, mas “este tipo penal específico não está previsto nem nessa lei, nem no Código Penal, nem em lei criminal avulsa”. A proposta de lei “traz muitas inovações em matéria penal e processual penal”, adianta o Executivo, incluindo uma melhor definição de armas proibidas.

As sanções variam entre muito graves, graves e leves, sendo que as multas a aplicar variam entre 50 às 800 mil patacas. Além de ser exigido um livrete ao portador da arma, acrescenta-se a “obrigatoriedade de marcação de armas de fogo, a fim de aumentar a rastreabilidade de todas essas armas e das duas componentes essenciais”, além de ser criado um regime aplicável a armas de fogo achadas.
Podem pedir licença de porte de arma os maiores de idade e apenas os residentes permanentes de Macau.

Além disso, é necessário apresentar “um motivo válido para a categoria da arma em causa”, sendo ainda exigida à pessoa idoneidade e capacidade “de usar armas e coisas conexas sem constituir perigo para si próprio ou para terceiros, ou ainda para a segurança e ordem públicas”.

É permitido ter armas para defesa pessoal, actividades profissionais, competição desportiva, ornamentação e coleccionismo. A licença deve ser emitida no prazo máximo de 30 dias, com validade de um ano. Apenas as licenças de armas para fins de ornamentação e coleccionismo são válidas por cinco anos.

Competências e afins

Cabe ao Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) a concessão das licenças de uso e porte de arma a individuais e para actividades comerciais, mediante parecer vinculativo prévio da Polícia Judiciária em alguns casos.

O CPSP deve ainda “organizar e ministrar os cursos destinados a comprovar a capacidade de manejo de armas, munições e conhecimento dos procedimentos de segurança relacionados com as mesmas”, bem como “emitir normas técnicas e de funcionamento destinadas a assegurar adequadas condições de segurança e operacionalidade em todas as carreiras de tiro e depósito de armas”.

O Chefe do Executivo é “competente para conceder autorização prévia para o exercício da indústria de armas e coisas conexas”, além de decidir sobre as licenças de uso e porte de arma para pessoas ligadas à Administração, como é o caso do seu chefe de gabinete, chefes de gabinete dos titulares dos principais cargos [secretários], directores de serviços ou entidades equivalentes, funcionários de justiça, o director do Estabelecimento Prisional de Macau ou membros de representações diplomáticas, entre outros.

20 Dez 2022

CCCM inaugura hoje biblioteca e exposição de fotografia

É hoje inaugurada a nova biblioteca do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, depois de um longo período de obras e reestruturação dos serviços. O evento de abertura contará com a presença de Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, além de incluir a inauguração da exposição de fotografia “À Procura de Macau”, da autoria de Jorge Veiga Alves, às 18h (hora de Lisboa).

O projecto de uma nova biblioteca foi, desde o início do mandato, um projecto primordial de Carmen Amado Mendes à frente da presidência do CCCM. Até à data, a biblioteca localizava-se num edifício externo ao Centro, sujeito ao pagamento de renda.

Numa entrevista ao HM, concedida em Fevereiro, a académica dava conta da vontade de mudar esta situação e reduzir despesas. “Temos ainda a questão das instalações provisórias, pois durante todos estes anos de vida do CCCM temos pago renda pelo espaço onde tínhamos a biblioteca e o arquivo, e isso não fazia qualquer sentido. Finalmente conseguimos concluir as obras no nosso edifício onde fica o museu, o que nos permitiu mudar a biblioteca, e deixar de pagar renda. Com isso promovemos o uso de salas de aula para as formações que disponibilizamos e gabinetes para investigadores. Estou contente por estarmos já numa fase final.”

Recordar Macau

Quanto à exposição de fotografia, trata-se de mais uma oportunidade para ver o trabalho de Jorge Veiga Alves, ex-residente em Macau e que há muito se dedica à fotografia nos tempos livres, nomeadamente sobre a Macau antiga, as suas gentes e culturas locais do período anterior à transição.

Apresentam-se, assim, 30 fotografias tiradas entre os anos de 1986 e 1994, no formato analógico, e que foram digitalizadas e incluídas no projecto pessoal do fotógrafo também intitulado “À Procura de Macau”. Esta mostra pode ser vista até final de Janeiro.

De frisar que desde Janeiro que as imagens e vídeos do espólio pessoal de Jorge Veiga Alves estão à guarda do CCCM e disponíveis para consulta na biblioteca digital da entidade.

O fotógrafo confessou ao HM, em Janeiro, que grande parte do seu espólio serve de exercício de memória de uma Macau que já não existe. “Tenho fotografias do que todos os portugueses fotografavam, como as danças do leão e do dragão. Às vezes andava na rua com a minha máquina fotográfica, nas horas vagas, e também fotografei outros temas e situações da realidade de Macau. Comecei a perceber que, independentemente da qualidade fotográfica, algumas imagens remetem para locais que já não existem ou que mudaram muito.”

19 Dez 2022