Turismo | Associação diz serem necessárias mais agências chinesas em Portugal

Yong Liang, presidente da Associação de Turismo Chinês em Portugal, acredita que a tendência é para que haja cada vez mais turistas chineses no país, sendo, por isso, necessárias mais agências estabelecidas em Portugal. Numa altura em que a China e Macau eliminam progressivamente as restrições contra a covid-19, a palavra de ordem da associação é reforçar a cooperação e os contactos, aproveitando também o potencial estratégico da RAEM

 

Países com históricas ligações, Portugal e China têm estado a navegar em diferentes mares em matéria de turismo, no contexto da pandemia. Se, por um lado, Portugal recuperou há vários meses o sector do turismo, a China só agora começa a abrir as fronteiras e a eliminar as restrições contra a pandemia. Será, talvez, a fase ideal para uma maior recuperação económica e do próprio sector turístico, um mercado em que a China se assume cada vez mais como líder.

Em entrevista ao HM, Yong Liang, presidente da Associação de Turismo Chinês em Portugal, fala dos planos para a cooperação com Macau e China para que cada vez mais visitantes se desloquem a Portugal. Nesse sentido, o responsável acredita que Portugal necessita de ter mais agências de viagens chinesas para dar resposta a esta tendência.

“Sem dúvida que as agências de viagens poderiam olhar mais para Portugal. Já existem algumas agências chinesas a trabalhar em Portugal e motivamos outras para que se estabeleçam por cá”, disse Yong Liang.

No que diz respeito à ACTEP, há disponibilidade “para ajudá-las nesse processo”. “No futuro, haverá mais turistas a chegar a Portugal e haverá necessidade de mais agências de turismo chinesas para os ajudar nas boas-vindas. Ao mesmo tempo, o número de turistas de Portugal para a China vai aumentar, por isso há muitas oportunidades em ambos os sentidos”, acrescentou o dirigente.

Yong Liang explica porque é que os seus conterrâneos gostam tanto de Portugal, que já se transformou “num grande destino”. “Tem cultura, uma grande combinação entre o clássico e o moderno, pessoas simpáticas, uma boa gastronomia, é um bom local para fazer compras, cenários naturais muito bonitos e é um destino barato. Acredito que as motivações [para viajar, da parte dos turistas chineses] não mudaram muito [com a pandemia]. Talvez o que tenha mudado é o facto de ser um destino cada vez mais popular e não apenas para grupos de turistas. Portugal é, cada vez mais, um destino para viajantes independentes e famílias”, frisou.

Desde a sua criação que a ACTEP pretende “desenvolver as relações de turismo entre Portugal e a China, em ambas as direcções”. “Queremos ver mais turistas chineses em Portugal e, claro, mais turistas portugueses na China. Acreditamos que o mútuo conhecimento dos povos é essencial para reforçar a amizade entre os dois países. Como sabemos, a pandemia trouxe algumas limitações, mas não deixámos de trabalhar em prol desses objectivos.”

Exemplo disso, é o projecto do pavilhão de Portugal na Expo de Yangzhou, no ano passado, que “atraiu dezenas de milhares de visitantes e vários prémios”, nomeadamente o de pavilhão com mais baixas emissões de carbono e o “Prémio Internacional de Intercâmbio Cultural”.

Este ano, Yong Liang foi também responsável pela organização e gestão do pavilhão de Portugal em Pequim no certame mais importante do país, a Feira Internacional de Comércio e Serviços da China. O dirigente associativo só tem perspectivas positivas face ao futuro do sector. “A China era, antes da pandemia, o segundo maior mercado de turismo do mundo e será o primeiro mercado turístico a nível mundial em menos de dez anos.”

Papel de Macau

Estando às portas da China, Macau não deixa de ser estratégico para a ACTEP, tendo em conta “o seu sucesso como destino turístico e o posicionamento no Delta do Rio das Pérolas, bem como as históricas relações que possui com Portugal e o facto de ser uma porta de entrada para a China, como destino e mercado”.

Os contactos com entidades do território têm sido desenvolvidos. “Já estabelecemos contactos com a AAVM – Associação das Agências de Viagens de Macau, uma organização com quem estamos dispostos a trabalhar, e com a Direcção dos Serviços de Turismo. Estamos particularmente numa boa posição para ajudar a promover Macau em Portugal, bem como promover Portugal em Macau. Esperamos que no próximo ano possamos promover várias acções neste sentido.”

Tendo em conta “a boa relação da ACTEP com o Turismo de Portugal, há condições para garantir uma boa promoção [de Macau como destino] em Portugal”. No contexto da pandemia, “todo o esforço promocional que a ACTEP tem feito será positivo para fazer com que Portugal fique bem posicionado para esta recuperação, e por essa razão queremos envolver as autoridades portuguesas nacionais e regionais e as agências de viagens portuguesas neste esforço.”

Yong Liang diz ainda que tem vindo a ser desenvolvida “uma boa relação com agências chinesas de turismo”. “A China é um importante mercado para Portugal e é nisso que estamos a trabalhar. Macau tem também um grande potencial”, rematou.

Desde o abandono gradual da política de casos zero de covid que a China tem permitido que cada vez mais os turistas estrangeiros comecem a considerar a possibilidade de viajar para o país. A partir do dia 8 de Janeiro, deixa de ser obrigatória a quarentena para quem chega de fora. No entanto, esta quarta-feira, o Ministério dos Transportes da China fez um apelo para que as viagens no mercado interno, no período do Ano Novo Chinês, ou seja, entre os dias 21 e 27 de Janeiro, sejam feitas “de forma escalonada” a fim de evitar infecções massivas.

De acordo com um guia do Ministério chinês, os testes de PCR e passaportes covid-19 não serão exigidos para viajar e as autoridades competentes vão desmantelar quaisquer postos de controlo anteriormente instalados para restringir a passagem de veículos nas estradas.

Esta terça-feira a China anunciou a retoma da emissão de passaportes para o turismo, medida suspensa desde o início de 2020. Os pedidos para os vistos podem ser apresentados a partir do dia 8 de Janeiro.

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