Andreia Sofia Silva EventosCreative Macau | Joan Lam apresenta amanhã a sua pintura “A Drop in the Ocean” [Uma Gota no Oceano] é o nome da exposição que amanhã abre portas na Creative Macau e que é, ao mesmo tempo, a estreia de Joan Lam no mundo das exposições. Nesta mostra, observam-se obras de arte que nascem das observações pessoais da artista sobre o mundo que a rodeia Num mundo marcado pelo universo do digital, até que ponto conseguimos desligar e observar a natureza e as pequenas vivências à nossa volta? Esta pergunta serve de ponto de partida para a nova exposição que, a partir de amanhã, estará patente na Creative Macau. Da autoria de Joan Lam, esta é a primeira oportunidade de a artista local mostrar o seu trabalho a título individual. A exposição está patente até ao dia 10 de Junho. Descrevendo-se como comunicativa, activa e uma pessoa com a mente aberta, Joan Lam confessa gostar de conhecer outras culturas e pessoas de todo o mundo, embora nunca tenha pegado num pincel antes de viajar até Espanha para estudar. Aí, tudo mudou. “Conheci um professor que me encorajou muito a fazê-lo. A partir desse momento comecei a pintar e agora é algo que faço bastantes vezes. Depois de voltar a Macau comecei a desenvolver a minha arte com diferentes meios. Nesta exposição apresento trabalhos em aguarela, acrílico, guache e caneta branca.” A importância de “desligar” de computadores, telemóveis e afins é a grande mensagem por detrás desta mostra. “Hoje em dia a maioria das pessoas está muito presa aos aparelhos electrónicos e deixou de explorar o mundo que as rodeia com os seus próprios sentidos, a natureza com o seu próprio coração. A maior parte dos trabalhos apresentados nesta mostra foram criados a partir das minhas observações pessoais e emoções. Adoro a natureza. No período que passei na Costa Rica visitei muitos parques nacionais e pude observar pequenos animais e tudo o que a natureza tinha para me oferecer.” Segunda parte “A Drop in the Ocean” é composta por uma segunda parte, marcada pela ideia de “sentimento”. “Depois de estar em Espanha e na Costa Rica, comecei a pensar nas diferenças entre o amor da família, da amizade e outro tipo de amor. Por isso criei quatro obras sobre ‘palavras'”, frisou. Joan Lam resolveu ir buscar também influências da cultura árabe, usando o símbolo da ave para explorar a temática do sentimento e do amor nas suas mais variadas formas. A exposição contém ainda uma obra sobre a ideia do sonho, porque a artista quer “encorajar as pessoas a realizarem o seu”. Um dos seus primeiros sonhos foi, aliás, o de aprender a língua espanhola, tendo não só atingido esse objectivo como foi voluntária da UNESCO na Costa Rica. “Penso que se não tivesse dado o primeiro passo e ido para Espanha, esta exposição nunca teria existido. Por isso é que criei esta última obra”, em torno da ideia de sonho, afirmou. Joan Lam mostra também os animais que descobriu durante a sua estadia na Costa Rica, e diz querer “encorajar as pessoas a observar o que está à sua volta com os seus sentidos”. “Mesmo que não seja uma artista famosa, quero dizer às pessoas que se tiverem um sonho, nunca deixem de acreditar que o podem concretizar. Pelo menos eu comecei algo novo com o primeiro passo que dei em ir para Espanha. Tudo acontece por uma razão, mesmo uma gota no oceano. Nunca olhem de baixo para vocês mesmos”, concluiu.
Andreia Sofia Silva PolíticaHengqin | Novo Bairro de Macau com 60 espaços para lojas A Macau Renovação Urbana SA divulgou ontem serão disponibilizados 60 espaços comerciais para arrendamento no Novo Bairro de Macau na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, que deverá estar concluído no segundo semestre. As lojas estarão situadas numa zona comercial com cinco mil metros quadrados, numa localização central da Zona entre as ruas Tianyu Road e Xiangshun Road. Os espaços são destinados à abertura de mercearias, lojas de retalho e espaços de venda de comida, bebidas, artigos diversos para o lar e serviços. A Macau Renovação Urbana aponta que o arrendamento é sobretudo destinado a pequenas e médias empresas de Macau para fomentar a presença de empresas locais na Zona de Cooperação e “promover o desenvolvimento de negócios entre Hengqin e Macau”. Os empresários e comerciantes interessados em estabelecer-se em Hengqin devem contactar o departamento de imobiliário da Macau Renovação Urbana através dos contactos telefónicos (853) 8290 0288 ou (853) 6321 8238 via WhatsApp ou WeChat ou ainda através do email mnnshop@mur.com.mo. O Novo Bairro de Macau em Hengqin terá, no total, uma área de 190 mil metros quadrados, estando a seis minutos de distância de carro do posto fronteiriço de Hengqin. Haverá quatro mil unidades residenciais para venda bem como escolas, um posto médico, um centro para idosos e famílias e um parque de estacionamento com quatro mil lugares, incluindo outras infra-estruturas de entretenimento destinadas às famílias que ali se estabelecerem.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteFarol da Guia | Estudo de impacto patrimonial peca por tardio, dizem arquitectos Maria José de Freitas e Francisco Vizeu Pinheiro defendem que o estudo de “Avaliação do impacto patrimonial e concepção urbana da zona ao redor da Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues” deveria ter sido feito há mais tempo, destacando, no entanto, o lado positivo de serem propostos sete corredores visuais relativos ao Farol da Guia, ao invés dos três apresentados pelo Instituto Cultural em 2018. Mário Duque entende que o estudo nada traz de novo face ao que o Governo poderia fazer O passar dos anos foi fazendo de Macau cada vez mais uma cidade mais moderna, de edifícios altos, em detrimento de uma cidade de comércio com embarcações estacionadas no Delta do Rio das Pérolas. Mas o património desses tempos mantém-se e tenta sobreviver no meio da construção, sendo o caso do Farol da Guia o mais paradigmático. Tendo em conta a divulgação, na última sexta-feira, de algumas conclusões do estudo de “Avaliação do impacto patrimonial e concepção urbana da zona ao redor da Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues”, o HM questionou três arquitectos sobre a sua importância e carácter inovador. Na visão de Maria José de Freitas, arquitecta e vogal do Conselho do Património Cultural, este trabalho deveria ter sido feito logo em 2008, quando a publicação de um despacho pelo então Chefe do Executivo, Edmund Ho, interrompeu a construção em altura de um edifício habitacional na Calçada do Gaio, que tapou a vista do Farol da Guia, pois já tinha 81,32 metros de altura. O despacho determinou um limite máximo de construção em altura para o local de 52,5 metros. “Se calhar este estudo já deveria ter sido feito em 2008 quando foi publicado o despacho”, apontou. “Foi importante encomendá-lo e estou muito satisfeita com o teor do documento, pois era mesmo isto que era necessário ser focado quando se fala da protecção do património, sobretudo no caso de bens incluídos na lista classificada da UNESCO.” A responsável lamenta que o estudo não seja mais incisivo relativamente à questão do prédio na Calçada do Gaio, cuja construção prossegue com a altura existente. “Parece-me importante a questão da Calçada do Gaio neste enquadramento e deveria ser revista. Espero que essa situação [da altura] venha a ser negociada tendo como base os pressupostos deste estudo. Estas situações têm de ser vistas caso a caso. São muito corajosos os passos dados, que vão no sentido de proteger o património”, frisou Maria José de Freitas. Sem regra Também Francisco Vizeu Pinheiro entende que este estudo “deveria ter sido feito há muito tempo”. “Em muitas cidades existe o chamado ‘Heritage Impact Assessment’, um parecer sobre o impacto do património e ambiente. Essa legislação determina as condições urbanísticas e isso é importante se quisermos ter uma cidade sustentável e manter o património. Em Macau, infelizmente, não é obrigatória essa análise, só em algumas situações, quando se faz uma intervenção numa zona ou edifício classificados”, disse. Cabe agora remediar e preservar o que é possível, tendo em conta que, “durante muito tempo, não houve definição clara para estas zonas históricas”. “Tínhamos o antigo plano do ZAPE quando a classificação da UNESCO não existia e, portanto, não havia problemas de altura. Agora existe. A cidade é um organismo vivo e a legislação tem de se adaptar”, frisou. Francisco Vizeu Pinheiro espera que teor deste estudo “venha a ser aberto ao público para poder haver comentários”. “Normalmente a UNESCO pede transparência e uma decisão de baixo para cima. O estudo está bem feito, foi desenvolvido por uma empresa de Pequim que já fez mais de mil estudos, e como académico e cidadão estou interessado em vê-lo.” O arquitecto Mário Duque, por sua vez, entende que este trabalho poderia ter sido feito há muitos anos pelas Obras Públicas. “Do que foi explicado serem as recomendações, não me ocorre nada de urbanisticamente extraordinário que o Departamento de Planeamento Urbanístico da Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana não pudesse lá ter chegado sozinho, há mais tempo.” Exemplo disso é a sugestão de “escalonar” os andares para aliviar um “constrangimento” ou “recuar” os pavimentos em altura, quando “surgiu o alerta de que a cidade se estava a tornar numa tremenda escadaria para o céu”, algo que “já se fazia em consequência da lei das sombras, entretanto revogada”. Mário Duque aponta que “das situações que requerem maior escrutínio, a melhor salvaguarda que se obtém é por planos de pormenor com condições descritivas, em vez de prescritivas. Ou seja, definições volumétricas que já são geométricas, em vez de meramente algébricas”. Além disso, “os residentes já estavam seguros de que ‘os edifícios existentes não serão afectados’ pelo ordenamento jurídico da RAEM, na medida em que as autorizações já proferidas não são livremente revogáveis, e que as novas leis só dispõem para o futuro. Por isso, é melhor que se apressem”, declarou. Mais corredores Francisco Vizeu Pinheiro destaca ainda o facto de o estudo realizado pela consultora Conservision propôr sete corredores visuais em redor do Farol da Guia. “Na consulta pública que foi feita pelo Instituto Cultural em 2018 eram previstos três corredores visuais [do Farol da Guia para a Fortaleza do Monte, praça do Tap Seac e Porto Exterior] e agora vemos sete corredores, o que prova que há mais zonas em que se prevê uma protecção da visualização da colina da Guia e do farol. Estes corredores visuais vão limitar as alturas dos edifícios, mas deveriam ser definidas separações entre os edifícios. Para mim, o grande problema não é a altura, mas o espaço entre os edifícios, sendo de evitar o surgimento de uma espécie de ‘muralha’ entre edifícios que estejam muito colados uns aos outros.” Também Maria José de Freitas se mostra surpreendida “de forma positiva” pela definição de mais corredores visuais, o que “denota uma abertura e preocupação de que este estudo tenha sido feito com bases muito objectivas”. “O farol, que existe praticamente a uma cota 100 metros acima do nível do mar, que permite visualizar a envolvente de Macau e marítima, a 360º, ficou praticamente inviabilizado com os edifícios que já estão construídos na avenida dr. Rodrigo Rodrigues e ficaria ainda mais ameaçado se fossem construídos mais lotes na continuidade dos que já estão edificados. Na zona virada para o Porto Interior [a vista do farol] também já está praticamente inviabilizada.” Negociar é preciso Recorde-se que o estudo propõe a redução do limite máximo de construção dos edifícios em torno do Farol da Guia, com diferentes valores. Um dos projectos de construção situa-se no lote de terreno número 134, junto ao Arco do Oriente, alvo de críticas por prever uma altura máxima de 90 metros. Este estudo vem sugerir uma redução para 60 metros, sugerindo ainda, para o terreno ao lado do edifício do Ministério Público, prédios com uma altura que não vá além dos 15, 22 e 28 metros acima do nível da água do mar, de sul a norte. São, no total, 21 as zonas consideradas problemáticas e visadas por este estudo, tendo Lai Weng Leong, director da DSSCU, confirmado que serão suspensas as plantas de condições urbanísticas já emitidas. Chan Tak Seng, responsável pelo Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia, queixou-se esta segunda-feira ao HM de que a sugestão de diferentes alturas máximas podem gerar desigualdade entre promotores dos projectos de construção. Se Maria José de Freitas defende uma revisão do projecto da Calçada do Gaio, Francisco Vizeu Pinheiro também acredita que um diálogo com os promotores será sempre possível e necessário. “Parece-me bem que se crie o chamado ‘zoneamento’ no planeamento e que haja maior definição do que se pode ou não construir. Claro que isso irá afectar o valor da propriedade e comercial [da construção], mas isso também existe noutras cidades. Por exemplo, em Lisboa, em zonas como a Mouraria e Bairro Alto, não se podem construir arranha-céus, havendo uma altura máxima estabelecida. É algo normal em cidades históricas e não me parece que seja uma injustiça”, disse Vizeu Pinheiro. Cinco dias depois da divulgação do estudo em chinês, não está ainda disponível uma versão do mesmo em português. Segundo uma nota da DSSCU, o estudo foi encomendado no contexto da aprovação, em 2021, na 44.ª sessão do Comité do Património Mundial da UNESCO, de uma resolução relativa ao Centro Histórico de Macau. A área de estudo abrange ambos os lados da Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues e estende-se à Zona de Aterros do Porto Exterior (ZAPE) e aos Novos Aterros do Porto Exterior (NAPE), localizados nas zonas de controlo de 2 a 5 delimitadas pelo despacho do Chefe do Executivo n.º 83/2008. São, assim, sugeridos, “sete corredores visuais e vistas” classificadas em dois níveis, além da já referida proposta de redução do limite máximo de construção nas zonas limítrofes do farol. O estudo conclui que as “vistas a partir da Fortaleza de N.ª Sr.ª da Guia e do Farol para o mar estão bem preservadas”, apresentando-se medidas de controlo para as restantes zonas.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeFarol da Guia | Grupo queixa-se de falta de comunicação do Governo Chan Tak Seng, representante do Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia, defendeu ao HM que houve falta de comunicação da parte do Executivo para a elaboração do estudo de impacto patrimonial relativo à urbanização da avenida dr. Rodrigo Rodrigues. O responsável teme maior desigualdade pelo facto de serem definidos diferentes limites máximos de construção nas áreas em torno do farol O Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia aponta o dedo ao Governo relativamente à alegada falta de comunicação com a sociedade civil para a elaboração do estudo de impacto patrimonial à concepção urbana na avenida dr. Rodrigo Rodrigues, cuja paisagem é marcada pelo Farol da Guia. Em declarações ao HM, Chan Tak Seng, responsável do grupo e antigo vogal do Conselho do Património Urbanístico (CPU), entende que o Governo deveria ter comunicado mais com esta entidade e com a sociedade civil durante o período de elaboração do estudo. “Quanto à gestão do centro histórico de Macau deveria haver uma consulta pública em vez de serem consultadas apenas certas associações ou individualidades. Pedimos a atenção do comité do património mundial da UNESCO e queixamo-nos de que o Governo não comunicou connosco, mesmo depois de eu ter apresentado imensas sugestões para o território [na qualidade de vogal do CPU]”, defendeu. O responsável lembrou que, quando estava no CPU, pediu várias vezes a divulgação do plano urbanístico para a zona da colina da Guia, mas o CPU não só não respondeu como apenas tornou públicas algumas partes do plano. “Sempre apresentei várias opiniões sobre a prática do Governo em relação ao planeamento urbanístico e preservação do património, pois não consegue atingir um nível internacional e não tem uma perspectiva [global]. O actual Governo faz os trabalhos do dia a dia e não tem em conta os projectos a desenvolver pelos futuros Executivos. Realizar um planeamento urbanístico exige perspectiva e inovação.” Desigualdades? Outro ponto destacado por Chan Tak Seng, prende-se com o caso da construção do prédio na Calçada do Gaio que esteve embargada desde 2008 devido ao facto de a altura máxima, de 81,32 metros, ultrapassar os 52,5 metros definidos pelo despacho de 2008 assinado pelo então Chefe do Executivo, Edmund Ho. Contudo, o promotor já tem uma nova licença para construir, com validade até Janeiro de 2026. O Instituto Cultural explicou, em 2019, em resposta ao então deputado Sulu Sou, que a UNESCO não se opôs à manutenção da actual altura do prédio, mesmo que tape a vista do farol. “Porque é que o Governo entregou um estudo à UNESCO e, ao mesmo tempo, permitiu a execução da obra de um edifício que já tinha ultrapassado o limite máximo de altura? Se não houve consenso, tal também nos deveria ter sido indicado.” O estudo, apresentado na sexta-feira, propõe uma redução da altura dos edifícios a construir à volta do farol, nomeadamente o limite máximo de 28 metros de altura para o lote do edifício do Ministério Público, entre 60 e 90 metros para o lote 133 e 70 metros para o lote 134, ambos próximos do Arco do Oriente. Chan Tak Seng entende que a definição de diferentes alturas de construção pode originar uma situação de desigualdade entre promotores de obras. “Porque é que se define uma altura máxima de construção inferior [à do prédio da Calçada do Gaio], permitindo-se que um edifício não inaugurado continue a ser construído? A lei deve ser igual para todos. Os lotes de terreno têm diferentes limites máximos de construção em altura, porque é que se regula desta forma? Não é justo para os restantes promotores de empreendimentos”, acusou.
Andreia Sofia Silva SociedadeGripe | Novas ocorrências em escolas na sexta-feira Os Serviços de Saúde de Macau (SSM) registaram mais casos de gripe nas escolas do território na passada sexta-feira. Um deles diz respeito a uma turma da Escola Secundária Choi Kou (Sheng Kung Hui), com cinco alunos dos seis aos sete anos a serem afectados. Por sua vez, o segundo caso registou-se na Escola Secundária Luso-Chinesa de Luís Gonzaga Gomes, tendo sido infectados mais cinco alunos, com idades compreendidas entre os oito e os nove anos. Os sintomas, como febre ou tosse, entre outros, começaram a manifestar-se dois dias antes. Apesar de algumas crianças terem sido submetidas a tratamento médico, não se registaram casos graves. Também na sexta-feira, foi detectado um caso de infecção colectiva por enterovírus numa turma da Escola das Nações. Cinco alunos entre os três e quatro anos começaram, no dia 1, a ter sintomas da doença, sendo o seu estado de saúde ligeiro, sem se registarem casos de internamento, sintomas anormais do sistema nervoso ou outras complicações graves. Os SSM apontam ainda que a criança de oito anos diagnosticada no dia 17 de Abril com gripe A, e que acabou por ter complicações por infecção pulmonar, encefalopatia necrosante aguda e hemorragia cerebral, permanece ainda em estado crítico na unidade de cuidados intensivos do serviço de pediatria do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ). Uma outra doente de 64 anos, diagnosticada a 28 de Abril com gripe A, e que teve complicações por infecção pulmonar e insuficiência respiratória, teve o ventilador desligado na última quinta-feira por ter registado algumas melhorias, mas continua internada na unidade de cuidados intensivos do CHCSJ. É também considerado crítico o estado de saúde do homem de 41 anos internado nos cuidados intensivos do hospital público com uma infecção pulmonar, com origem num caso de covid-19, detectado no dia 28 de Abril.
Andreia Sofia Silva SociedadeAMCM | Primeiro trimestre com mais cartões de crédito e débito Estatísticas divulgadas ontem pela Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) dão conta de um aumento do número de cartões de crédito e débito emitidos no primeiro trimestre deste ano. No final de Março, tinham sido atribuídos 1.724.841 cartões de crédito pessoais, um aumento de 1,3 por cento face ao último trimestre de 2022. Em relação aos cartões de débito, o aumento foi de 2,2 por cento, com um total de 2.156.407 cartões emitidos pelos bancos. Mais cartões significou um aumento do montante de crédito utilizado, bem como do valor gasto em pagamentos com cartões de débito. Até ao final de Março, o limite de crédito relativo aos cartões emitidos pelos bancos atingiu 49,5 mil milhões de patacas, um aumento de 1,7 por cento relativamente ao final de 2022, com o saldo das dívidas cifrado em 2,5 mil milhões de patacas. Por outro lado, o rácio de débito não pago, medido com base no rácio de valores em mora por mais de três meses contra o saldo das dívidas cifrou-se em três por cento, diminuindo um ponto percentual em relação ao final de 2022. Quanto ao crédito utilizado nos primeiros três meses do ano foi de 5,5 mil milhões de patacas, um aumento de 10,9 por cento. Já o número de transacções realizadas com cartões de débito, não incluindo o levantamento de numerário, totalizou 330 mil patacas, o que representou um acréscimo de 1,1 por cento. O valor total de compras efectuadas com cartões de débito atingiu 675,9 milhões de patacas, correspondendo a um crescimento de 5,4 por cento relativamente ao trimestre anterior.
Andreia Sofia Silva SociedadeAPOMAC | Alerta para casos de Alzheimer em dia de aniversário Após um interregno de quatro anos, devido à pandemia, a Associação de Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), voltou no sábado, a celebrar o seu aniversário. Francisco Manhão, presidente da entidade, além de elogiar o trabalho desenvolvido pelo Governo durante o período pandémico e de agradecer o apoio da Fundação Macau, defendeu que deveriam ser criados condomínios fechados para doentes com Alzheimer. “Propomos ao Governo que preste a devida atenção a esta situação que nos aflige a todos, podendo para tanto ser incluída nas Linhas de Acção Governativa a construção de condomínios fechados, como sucede na Europa, para alojar as pessoas que sofrem daquela doença, sendo ali tratadas longe dos centros urbanos.” O responsável adiantou, no seu discurso, que os dados estatísticos mostram que os residentes com mais de 65 anos “duplicaram na última década, representando hoje mais de 12 por cento da população de Macau”, pelo que casos de demência e Alzheimer serão mais frequentes. “Perante esta situação, cremos que o Governo deve e pode delinear uma política para enfrentar esta anunciada previsão, proporcionando-nos, com a maior brevidade possível, lares especiais e pessoal técnico especializado para apoiar os enfermos”, apontou. Francisco Manhão destacou também a importância da concretização da “política de educação patriótica, que passa também pelo conhecimento no terreno, visitando a República Popular da China, sempre que possível”. Foi deixada uma mensagem de louvor “ao trabalho do Gabinete de Ligação da República Popular da China em Macau e apoio logístico sempre manifestado aquando das visitas efectuadas pela APOMAC ao continente chinês”. Francisco Manhão não deixou ainda de destacar o apoio financeiro concedido nos últimos anos pela Fundação Macau e de lamentar a morte de muitos idosos durante a pandemia.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteCooperação | Vice-Presidente chinês em Portugal até quarta-feira Han Zheng, vice-Presidente chinês, chegou este domingo a Portugal após assistir à coroação do rei Carlos III. Da agenda da visita, que termina esta quarta-feira, só se conhece, para já, a realização, hoje, de um almoço com Marcelo Rebelo de Sousa. Jorge Tavares da Silva, académico, entende que este acto diplomático tem “uma importância relativa”, mas não deixa de ser sinal de reforço da cooperação bilateral O mundo assistiu, no sábado, a um acto monárquico já raro nos dias de correm. Na cerimónia de coroação do rei Carlos III de Inglaterra, que sucedeu à sua mãe, a já falecida rainha Isabel II, esteve presente Han Zheng, vice-Presidente da China. O braço direito de Xi Jinping na governação do país aproveitou a proximidade entre o Reino Unido e Portugal, e a presença na Europa, e iniciou ontem uma visita a Portugal que termina esta quarta-feira. Da agenda oficial pouco ou nada se sabe, conhecendo-se apenas a realização, hoje, de um almoço com o Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, em Belém. Segundo uma nota divulgada pela Presidência da República, citada pela Lusa, “o almoço de trabalho visará prosseguir o aprofundamento das excelentes relações entre os dois países, momento onde, em conjunto, serão analisados e desenvolvidos assuntos da agenda bilateral entre a República Popular da China e Portugal, bem como matérias referentes à actualidade internacional”. No sábado à noite, depois de ter estado no Banco Alimentar Contra a Fome (BA), em Lisboa, o Presidente da República referiu-se às relações diplomáticas com a China na actual conjuntura mundial. Depois de salientar o alinhamento de Portugal com as posições da NATO e da União Europeia em matéria de segurança, Marcelo Rebelo de Sousa falou de “países que têm posições mais distanciadas, mas que não são menos preocupadas com a situação na Ucrânia, caso do Brasil e da China”. “Vem a Portugal o vice-presidente chinês. A China tem assumido agora um papel mais intenso em relação a este problema, e Portugal é uma plataforma importante de diálogo. Naturalmente, estamos onde estamos, somos aliados da Ucrânia, somos aliados da NATO e da União Europeia, mas mantemos diálogo com tudo aquilo que possa no momento seguinte, a prazo, ajudar a construir a paz”, frisou. Ao HM, o académico Jorge Tavares da Silva, professor auxiliar na Universidade da Beira Interior e investigador associado da Universidade de Aveiro, diz que esta visita tem “uma importância relativa, tendo em conta que a vice-presidência da China representa essencialmente uma função de cortesia, um cargo nominal para representações no estrangeiro. Han Zheng tem como funções oficiais “auxiliar o Presidente no seu trabalho” e “quando lhe for incumbido pelo Presidente, exercer parte das funções e poderes do presidente em seu nome”, escreveu o semanário Expresso. Jorge Tavares da Silva explica que esta é, acima de tudo, uma “visita de oportunidade, mas um nível mais modesto que os contactos efectuados por outros parceiros europeus”. “Lembro as ambiciosas visitas do presidente Emmanuel Macron e do primeiro-ministro Pedro Sánchez. Portugal procura também intensificar os contactos com a China por uma via mais modesta, mas que pode abrir portas para novas visitas oficiais do primeiro-ministro português à China ou do Presidente da República, reavivando dossiers que estão adormecidos desde 2018, quando o Presidente chinês Xi Jinping visitou Portugal”. Tavares da Silva entende que a agenda da visita misteriosa pode passar “pela actualidade internacional” marcada “inevitavelmente pelo conflito na Ucrânia”, sendo que as “relações bilaterais serão centrais, com uma especial atenção para o domínio económico, financeiro, tecnológico, educativo e cultural”. “Tal como outros parceiros europeus, a atracção de investimento chinês é um ponto fundamental numa altura que o Governo português procura contrariar os indicadores económicos mais negativos. Procura-se que a China invista de forma directa em unidades industriais e infraestruturas, não tanto na aquisição de capital de empresas, de forma a ajudar a economia portuguesa após o período de confinamento e no quadro do conflito da Ucrânia”, adiantou. Tavares da Silva destaca também “a possibilidade de alargamento da Nova Rota da Seda a Portugal, lembrando que esta foi a vontade dos dois países expressa no memorando de entendimento de 2018”. “O investimento chinês no Porto de Sines acabou por não se concretizar, mas poderá ser também um tema de conversa”, frisou. De frisar que esta visita acontece dias depois do fim da visita a Portugal do Chefe do Executivo da RAEM, Ho Iat Seng, que “também se enquadra na tentativa de reforçar a cooperação de Portugal e a China, reatando pontes de diálogo e negócios”. Recorde-se que Ho Iat Seng foi recebido pelo Presidente da República portuguesa dia 19 de Abril. Assim, a “visita de Han Zheng é de oportunidade, mas Portugal não deixa de aproveitar a presença do vice-presidente na Europa para o receber”. Falamos ainda de uma personalidade política do país que está especialmente ligado às regiões administrativas especiais, por ter sido responsável pelo Grupo de Liderança para os assuntos de Hong Kong e Macau. Por isso, Han Zheng é alguém “conhecedor das preocupações e oportunidades” dos dois territórios. Trata-se de “um claro sinal diplomático de que Portugal quer reavivar as áreas de cooperação bilateral desenhadas no memorando de entendimento, procurando abrir o país a novos negócios”. Pela estabilidade No território britânico o vice-presidente chinês, Han Zheng, pediu, na sexta-feira, esforços conjuntos para construir uma relação estável entre a China e o Reino Unido. De acordo com a agência noticiosa oficial Xinhua, Han Zheng fez o apelo durante um jantar, na quinta-feira à noite, oferecido por membros das comunidades empresariais chinesa e britânica. Como representante especial do Presidente chinês, Xi Jinping, o vice-presidente chegou a Londres na quinta-feira para assistir à coroação do Rei Carlos III, na Abadia de Westminster, no sábado. Sobre as relações entre os dois países, o alto representante chinês enfatizou que, à medida que a modernização da China avança, a cooperação bilateral tem um “bom futuro”. “A China vê o papel internacional e a influência do Reino Unido de forma positiva e sempre trata o país como um parceiro estratégico”, disse o político, segundo a Xinhua. O governante garantiu também que Pequim está disposto a conceder às empresas britânicas que investirem na China um “tratamento igual ao dado às empresas domésticas” e a ampliar a abertura dos mercados de capitais entre os dois países. Han Zheng expressou ainda a sua esperança de que o Reino Unido crie um ambiente de negócios aberto, justo e não discriminatório para as empresas chinesas, relatou ainda a agência Xinhua. Além das passagens por Portugal e pelo Reino Unido, Han Zheng desloca-se ainda aos Países Baixos, num périplo que termina sexta-feira, descreveu a porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, na última quinta-feira. Numa nota também difundida pela Xinhua, tanto Xi Jinping como a primeira-dama Peng Liyuan enviaram uma mensagem de felicitações a Carlos III e à rainha consorte Camilla pela coroação. A mensagem destaca que o mundo “tem vindo a enfrentar profundas e complexas transformações”, com a comunidade internacional “a enfrentar desafios sem precedentes”. “A China e o Reino Unido, sendo ambos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, deveriam adoptar uma estratégia conjunta de longo prazo para promover a tendência histórica da paz, desenvolvimento e cooperação com ganhos mútuos”, descreve a nota. Além disso, Xi Jinping e Peng Liyuan destacam que a China pretende “trabalhar conjuntamente com o Reino Unido para reforçar a amizade entre as populações dos dois países, expandir a cooperação com benefícios mútuos e aprofundar o intercâmbio cultural, a fim de trazer mais benefícios aos dois países”. Com Lusa
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteVasco Wellenkamp, director da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo: “Sinto-me completamente realizado” Sobe hoje ao palco do Centro Cultural de Macau o espectáculo “Na Substância do Tempo”, da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo. Eis o mote para uma conversa com o seu director e fundador, Vasco Wellenkamp, um dos mais importantes coreógrafos portugueses da actualidade, que fala sobre a sua carreira e o lugar que a coreografia tem hoje na sua vida, mais ligada ao experimentalismo Foto: D.R. Que expectativas tem quanto à apresentação deste espectáculo em Macau? Há uns anos apresentámos o espectáculo “Amaramália” que teve muito sucesso em Macau e daí resultou o convite mais tarde, quando começou a pandemia. Por questões profissionais e devido a alguns problemas complicados que tivemos na companhia vamos fazer este ano uma outra apresentação com uma boa coreógrafa, Margarida Belo Costa [e não com o projecto feito em parceria com Miguel Ramalho]. Abrimos com um programa dela [Em Redor da Suspensão], seguindo-se um dueto meu [Outono para Graça] e “Requiem”, a peça fulcral da obra, por ser uma homenagem à Sophia. Esta é, aliás, uma versão de uma obra que fiz há uns anos e que percorreu a Europa, com muito sucesso. Ficámos todos muito orgulhosos. Devo dizer que fomos muito bem recebidos, da primeira vez, em Macau. Os chineses estão muito habituados à estética europeia [da dança]. Têm visto muita dança europeia e não tenho nenhuma dúvida de que estamos completamente enquadrados. Essa é a impressão que eu tenho do público, mas o público é sempre uma incógnita, porque é sempre muito vago, não sabemos muito bem que público vamos ter. Mas estou convencido de que vai ser um espectáculo bem recebido. Qual a ideia por detrás de “Na Substância do Tempo”? Esta é uma expressão de um poema de Sophia de Mello Breyner. Mantivemos esse título em homenagem a uma das maiores poetisas portuguesas de todos os tempos. Direi que o “Requiem” foi uma obra muito dançada na Europa, uma primeira versão, e foi feita há muito tempo, nos anos 90. Mas tem sofrido muitas alterações devido a várias questões. E eu sou um coreógrafo que não me importo nada de fazer novas versões, porque tudo depende dos bailarinos que temos. As características dos bailarinos contam muito. Esta obra já foi feita muitas vezes, mas, na verdade, é uma obra nova que teve um sucesso enorme. Estamos numa fase em que trabalhamos com um grupo de bailarinos absolutamente maravilhosos e acho que uma das coisas belas na Companhia é termos gente muito jovem e bonita. São bailarinos formados em escolas portuguesas e esse é outro orgulho que temos de ter. A Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo surgiu em 1997. Que balanço faz do trabalho desenvolvido até aqui? A Companhia fez um percurso absolutamente excepcional e isso deve-se ao seu profissionalismo e à exigência dos bailarinos, que estão ali a dançar cada vez melhor e sempre à procura de melhorar as suas condições estéticas, físicas, de linguagem. Introduzimos, nesta Companhia, a técnica de Martha Graham [com quem Vasco estudou em Nova Iorque], que é muito particular, com os seus códigos, e não era isso que queria fazer na minha carreira, nunca o fiz. Procurei sempre fazer a minha própria linguagem, descobri-la. E descobri. Mas a técnica que usamos na Companhia tem evoluído consoante a evolução da dança no mundo, nem fazia sentido ser de outra maneira. Trabalhamos sempre de forma evolutiva. O que é realmente importante é saber tirar partido dos meus bailarinos e fazer com que eles fiquem bem, apareçam bem em público e estejam no máximo das suas competências. Quando temos uma Companhia clássica ou neoclássica, os bailarinos são escolhidos a dedo para serem todos iguais, onde o sentido colectivo é muito importante. A dança contemporânea é feita por individualidades. Cada bailarino que chega tem de se habituar a trabalhar com o conjunto, pois usamos o mesmo estilo e técnica, mas não posso pedir aos bailarinos que sintam as coisas de maneira igual. Eles sentem à sua maneira, cada um é diferente. Isso é uma riqueza enorme. Além disso, numa obra, a música e a dança têm uma grande irmandade. A música não tem um sentido, um significado. Mas tem um propósito. Claro. É o de tocar as pessoas. Mas a música, ainda assim, diz-nos a todos qualquer coisa que não se pode pôr em palavras. A história da música é muito mais longa do que a história da dança, que tem cerca de 200 anos. A história da música é milenar. Dançamos no silêncio e há coreógrafos que já o fizeram. É interessante, mas não é a minha onda. Já teve obras que correram menos bem? Tenho muito pudor em falar do meu trabalho. Mas nunca fiz uma obra que tenha sido um desastre. Sempre tive o cuidado de apresentar bons bailarinos, para que não se ponham em causa as suas interpretações. Isso permite-me logo uma obra com um grande grau estético e de profissionalismo. Sou muito exigente com os meus bailarinos, mas mais comigo próprio. Mas tive obras de que não gostei, que não estavam no plano que eu queria, que não estavam ao nível deste programa [Na Substância do Tempo] ou do “Amaramália”. Cada vez que surge uma oportunidade de mudar um trabalho do qual não gosto tanto, vingo-me e mudo, seja à primeira, segunda ou terceira vez. Um dos projectos que não precisava de mudar era o “Amaramália”, e mudei-o muitas vezes. Mas deixe-me dizer-lhe que o trabalho que temos feito não é só meu, diz respeito a todos os bailarinos que dançaram comigo. Assim tem sido a nossa vida. Fala sempre dos bailarinos com quem trabalha e do seu trabalho com uma perspectiva colectiva. Grande parte do seu sucesso nasce desta ligação. Pode ter a certeza disso. Dá-me uma alegria enorme. Passo a vida no estúdio a discursar sobre aquilo que eu quero que eles sintam, que pratiquem do ponto de vista de uma relação entre eles. Quando estão em cena são uma unidade, influenciam-se entre si, têm de ter um espírito colectivo no sentido espiritual. Há qualquer coisa de importante na forma como eles se manifestam nos seus trabalhos e é isso que mais me apaixona. Quando vejo os bailarinos que tenho fico apaixonado. Começou a estudar bailado no período do Estado Novo, nos anos 60. Sendo homem, como foi escolher a dança, vista à época como uma coisa de mulheres? Foi uma grande aventura. Fui para a dança porque namorava uma jovem, aos 18 anos, que fazia ballet. Ia ver as aulas dela e a professora convidou-me a dançar com eles. Primeiro disse que não, mas quando via aquelas coisas ficava… nunca tinha visto nada daquilo. Ela viu que eu tinha todas as condições para dizer que sim. Mas eu tinha um dilema: “Gosto, mas será que gosto mesmo?”. Naquela altura já trabalhava, comecei muito cedo, aos 13 anos, tive de ajudar os meus pais que não tinham meios para sustentar três filhos. Nunca tinha visto dança, mas já tinha uma relação com as artes. Fui sempre bom aluno nas disciplinas ligadas à criatividade. Sempre quis ser artista de cinema e de teatro, mas isto [a dança] surgiu na minha vida como um sonho, que realizei por uma circunstância única da vida, e com esse convite que foi a coisa mais importante que tive. Primeiro fiz uns trabalhos, para aprender, e depois comecei a experimentar. A professora foi para uma Companhia, os Bailados Verde Gaio, havia falta de rapazes e chamou-me. Mas depois pensei: “E agora, como é que eu conto aos meus pais? O que é que o meu pai vai pensar de mim?”. Sobre os homens bailarinos havia uma espécie de espada em cima da cabeça, essa atitude. Disse primeiro à minha mãe, que reagiu pessimamente. Pior do que o seu pai? Muito pior. Disse-me: “Vai falar com o teu pai, que não quero ouvir mais falar sobre isso”. Ela queria que eu fosse bancário, mas era a última coisa que eu queria. O meu pai perguntou-me se era isso que eu queria fazer, e para ser o melhor de todos. Foi francamente maravilhoso. Depois fui à tropa, fui para Angola e quando voltei para Portugal regressei aos Verde Gaio, onde trabalhei loucamente para recuperar tudo o que eu tinha perdido. Na tropa não parei, fui fazendo uns exercícios de dança. Consegui manter-me em forma em termos de flexibilidade. Depois fui para o Ballet Gulbenkian, a origem daquilo que foi importante na dança em Portugal. Os Bailados Verde Gaio era algo muito amador. Depois ganhei uma bolsa e fui para a América [Nova Iorque] estudar dança contemporânea, onde estive três anos. Vim para o Conservatório [em Portugal] dar essa disciplina. Depois, em 1997, criei a Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo [com a bailarina Graça Barroso]. Mas devo dizer-lhe que não somos apoiados pela DGArtes [plataforma pública de concessão de subsídios às artes em Portugal]. Isso é algo inexplicável. Fazemos serviço público puro. Que papel tem hoje a coreografia na sua vida? Ainda é o mesmo que era no início da carreira? Não é o mesmo. Sinto que consegui construir [coisas] por mim próprio e manter a mesma linguagem. Posso fazer coisas novas, mas não deixo de ser eu. É sempre algo que tem a ver com aquilo que eu sou. Ninguém consegue fugir aquilo que é, se não é forçado. Não há que forçar nada. Quando vou para o estúdio deixo que as coisas aconteçam por si. Antes ia com toda a matéria na cabeça, mas agora já não consigo fazer isso. Vou para o estúdio, fico em frente dos bailarinos e começo a fazer material, a experimentar coisas que estejam de acordo com o espírito que quero para aquela obra. Sinto-me infeliz, nem é por mim, pois já não há nada que me toque. Estou-me nas tintas para a crítica, para o que dizem ou não. A minha Companhia é invejada e todos acham que somos um pouco antigos. E eu pergunto-me: “Se assim fosse, tínhamos o sucesso que temos?”. Mas fico infeliz porque depois vejo os meus bailarinos a ganhar 400 euros, que só estão comigo porque querem muito e gostam muito de dançar. Ainda pretende desenvolver novos projectos? Neste momento estou numa fase em que não me sinto ainda acabado. Mas já me sinto completamente realizado na vida. A minha carreira foi tão longa que não me deixava mágoa parar nesta altura. Parar é sempre uma coisa difícil nas profissões, mas não me importava de parar. Mas ainda penso nos meus bailarinos. A Companhia está bem dirigida pela Cláudia Sampaio, mas o que conta é continuar a trabalhar com eles. É alimentar artisticamente os bailarinos, que gostam e precisam disso.
Andreia Sofia Silva Grande Plano Manchete1.º de Maio | Feriados trazem novo estímulo ao sector da restauração Foram cinco dias de feriados para celebrar o Dia Internacional do Trabalhador com bons resultados para o sector da restauração. Falámos com três proprietários ou chefes de restaurantes portugueses no território que garantem estar a voltar aos valores de negócio do período pré-pandemia. Associação de Hotéis de Macau diz que todos, no sector, estão satisfeitos Eliminadas as restrições pandémicas no início do ano, desde então que todos os períodos de feriados trazem expectativas de recuperação de negócio para o sector do turismo e da restauração locais. Os feriados do 1.º de Maio, que decorreram entre quinta-feira, 27 de Abril, e esta terça-feira, não foram excepção, com os restaurantes a registarem uma grande recuperação para níveis pré-pandemia. É o caso do restaurante português “O Santos”, na muito turística Rua do Cunha, na Taipa, que voltou ao ritmo habitual com turistas estrangeiros e uma “selfie” tirada entre a degustação dos pratos mais típicos da comida portuguesa. “Notei um grande aumento de clientes”, contou Santos Pinto ao HM. “A minha tasquinha voltou ao que era antes da pandemia, com pessoas que me conhecem e que me dizem, quando entram: ‘I Missed You Santos’ [Tive saudades suas, Santos]”, adiantou. O proprietário de um dos espaços de restauração mais conhecidos do território diz que desde o Ano Novo Chinês que tem tido sempre casa cheia. “Não notei um maior aumento em Maio [em relação aos meses anteriores]. Continuo com a casa cheia desde o Ano Novo Chinês.” Também Nelson Rocha, proprietário do restaurante “Mariazinha”, diz que “foi um fim-de-semana muito bom”. “Estivemos a trabalhar como habitual. Os feriados de início de Abril foram, para nós, melhores, mas, ainda assim, o 1º de Maio foi bastante satisfatório. Desde o ‘fim’ da covid e consequente abertura de Macau que temos trabalhado muito melhor, esperamos que [a situação] esteja para durar”, frisou. Herlander Fernandes, chefe de cozinha executivo no D’OURO Roosevelt, referiu que os feriados “sempre foram alturas de maior afluência de clientela”. “Com a queda das medidas antiepidémicas sentimos um aumento significativo no volume de turistas, o que se acentua nos feriados e dias inerentes. Comparando com o Ano Novo Chinês penso que o aumento não chega aos 50 por cento, mas tem sido progressivo”. Para o responsável, pode-se falar de uma recuperação, mas não de um regresso total à normalidade do mercado turístico. “Macau está a atrair outro tipo de turistas, com uma dinâmica diferente. Existe um grande número de pessoas a visitar Macau, o que é animador e dinamiza o mercado, mas não é o mesmo turista que Macau recebia antes da covid. Há muita margem para expansão e diversificação.” Lei não ajuda Uma das problemáticas do sector, que tem travado uma recuperação mais imediata, é a falta de recursos humanos. Santos Pinto diz que já tem funcionários suficientes para manter a casa a funcionar, mas a máquina ainda não está oleada como antes. “No início tinha falta de pessoal, mas agora já tenho a equipa com pessoas em número suficiente. O pior é que os novos funcionários não conhecem o trabalho e estão ainda em período de adaptação.” Herlander Fernandes denota que “existe muita carência de profissionais na hotelaria”. “Houve despedimentos em massa e medidas muito rigorosas que afastaram bons trabalhadores e possíveis candidatos. As leis laborais são muito pobres compradas com o resto do mundo, e as ‘portas fechadas abriram horizontes’ a muitos profissionais da área”, adiantou o chefe de cozinha, que considera que a legislação laboral em vigor não ajuda. “Vai ser difícil cativar profissionais com qualidade enquanto a lei laboral continuar a permitir uma folga por semana e seis dias de férias por ano. Numa região que vive do turismo devia haver mais consideração pela indústria hotelaria e repensar as leis laborais que tanto afectam a nossa indústria.” “Estamos bem” Luís Herédia, presidente da Associação de Hotéis de Macau, concorda com a posição de Herlander Fernandes. “Há uma prática e uma legislação em vigor e vamos conseguindo trabalhar com essa prática dos seis dias. Mas isso não quer dizer que cada empresa não possa oferecer melhores condições. Há, de facto, necessidade de rever alguns termos da lei laboral e de contratação de trabalhadores não residentes e perceber, por exemplo, se estudantes universitários podem ter uma extensão do prazo de permanência [para fins de trabalho] e terem a residência. Há muita coisa que devemos reflectir e estudar em Macau e ver qual a melhor forma para sermos atractivos nesta área.” Luís Herédia assegura, olhando para os dados dos últimos dias, que “estamos bem, mas podemos ficar melhor”. “Em termos de ocupação hoteleira podemos não estar a cem por cento em todos os hotéis, mas há empreendimentos que estão a 95 por cento, outros menos, conforme a capacidade. O Sheraton é um caso paradigmático que representa cerca de dez por cento do inventário [em número de quartos de hotel no território] e que já abriu uma torre e meia, antes tinha só uma torre [com quartos a funcionar].” “Não há hoteleiro com quem fale que não esteja satisfeito neste momento. As coisas vão melhorando e todos estão felizes. Os números estão a melhorar bastante. O importante é conseguirmos servir com qualidade e temos de estar cientes de que queremos o retorno, mas não a qualquer custo. Vamos servir conforme as nossas capacidades”, rematou Luís Herédia. O território recebeu, no domingo, um pico de visitantes com quase 134 mil entradas, sendo que esta terça-feira chegaram 84.740 turistas. Na segunda-feira o território recebeu 110.823 turistas. Em quatro dias, a média de visitantes foi de 110 mil. Turismo doméstico e internacional na China sofre “boom” Não foi apenas em Macau que o turismo teve dias felizes. Também no país, os números foram bastante positivos, com a Xinhua a apontar para cerca de 200 milhões de viagens domésticas que geraram receitas na ordem dos 100 mil milhões de yuan. Estes números comprovam “um ponto de viragem no sector do turismo”, com um regresso do mercado aos níveis pré-pandemia de 2019, disse Dai Bin, presidente da Academia de Turismo da China. Desde o dia 27 de Abril e até hoje são esperadas 120 milhões de viagens de comboio, mais 20 por cento em relação a 2019. “Esta é a primeira vez, em três anos, que fazemos uma viagem grande”, disse, citado pela Xinhua, Zhang Zhenyue, turista, que viajou com a família para um resort na região de Hainão. Dados do Ministério da Cultura e Turismo da China mostram que se realizaram mais de 1,2 mil milhões de viagens por cidadãos chineses no país no primeiro trimestre, que geraram receitas na ordem das 1,3 triliões de yuan. Ambos os valores representam aumentos, em termos anuais, de 46.5 por cento e 69.5 por cento, respectivamente. Em termos de voos internacionais houve também uma grande recuperação nestes feriados. Guo Lechun, vice-presidente de um instituto de pesquisa na área de big data ligado à Qunar, plataforma online de viagens, disse que “sobretudo desde o Festival da Primavera que cada vez mais idosos e crianças começaram a viajar, indicando que o mercado turístico está a recuperar”. O “boom” é tão notório que até cidades chinesas que outrora estavam de fora dos guias turísticos começaram este ano a receber mais visitantes, como é o caso da cidade de Zibo, na província de Shandong, para onde milhares de pessoas viajaram para provar o tradicional barbecue. “Sabe maravilhosamente e vale a pena a viagem de mais de três horas. O que nos atrai mais é a atmosfera relaxante e harmoniosa que temos aqui”, disse Liu, uma turista. Zibo, que tem 4.7 milhões de habitantes, recebeu quase 120 mil visitantes nos feriados do 1º de Maio, um grande aumento de dois mil por cento em termos anuais. Mais estrangeiro Dados da Fliggy, plataforma online de marcação de viagens e alojamento do grupo Alibaba, revelam que as viagens para o estrangeiro aumentaram cerca de 200 por cento em comparação com os dias do Festival da Primavera. Dai Bin acrescentou que “o turismo desempenha um importante papel no fomento de sectores como a restauração, alojamento e retalho, e a sua recuperação pode ajudar a ‘conduzir’ o consumo de toda a sociedade”. Dados recentemente divulgados pela Academia de Turismo da China estimam que este ano deverão ser realizadas no país 4.55 mil milhões de viagens domésticas, mais 73 por cento em relação ao ano passado.
Andreia Sofia Silva EventosFAM | Bailado português e teatro para ver esta semana O cartaz desta semana do Festival de Artes de Macau apresenta um espectáculo da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporânea. Esta sexta-feira é apresentado, no Sands Theatre, “Na Substância do Tempo”, em homenagem à poetisa Sophia de Mello Breyner. O cartaz compõe-se ainda com a peça de teatro “Eu sou uma lua”, da companhia Teatro da Torre do Tambor do Oeste Os amantes de bailado ou simplesmente apaixonados pelos poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen podem, esta semana, assistir ao espectáculo da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo que integra o cartaz do Festival de Artes de Macau (FAM). “Na Substância do Tempo” sobe ao palco do Sands Theatre esta sexta-feira, às 20h, apresentando-se um “programa triplo que entrelaça as imagens em movimento” saídas dos poemas de Sophia que faz uma ligação com “as leis da gravitação interna dos passos de dança”. Intituladas “Em redor da suspensão”, “Outono para Graça” e “Requiem”, as três peças “criam o momento em que o discurso coreográfico se assume como uma metáfora”. Assim, os bailarinos e coreógrafos “ecoam a poesia de Sophia e mergulham no mundo visível da dança”. Este espectáculo tem como coreógrafos Vasco Wellenkamp e Miguel Ramalho, contando com um total de 11 bailarinos. A Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo foi fundada por Vasco Wellenkamp, coreógrafo que já conta com diversos prémios no currículo, em 1997, tendo conquistado ao longo dos anos uma reputação internacional. Teatro lunar O cartaz do FAM traz ainda, esta sexta-feira e sábado, a peça de teatro “Eu sou uma lua”, do Teatro da Torre do Tambor do Oeste. O espectáculo acontece no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) às 19h45. Conforme escreveu o Diário da Juventude de Pequim, esta é uma “história sobre a lua e a dor, cruel, mas terna”. Revelam-se histórias de seis pessoas, que têm uma ligação entre si, contadas em forma de prosa e poesia, nomeadamente a do astronauta que está numa missão à lua ou um assalariado que perdeu a actriz que admirava, ou ainda o caso de uma estudante de matemática que engorda quando chega à puberdade, ou uma estrela de rock que não tem sorte no amor. Cada vez que uma destas personagens olha para a lua, pensa nas suas preocupações e angústias. A lua funciona, aqui, como um mecanismo para a auto-reflexão e conhecimento. Trata-se de uma “peça que combina o sentimento solitário e poético, exclusivo da literatura chinesa, e ainda o humor negro auto-depreciativo americano”. O espectáculo divide-se em duas partes: a viagem à lua de um astronauta isolado e as histórias das restantes cinco pessoas que buscam respostas ao olhar para a lua. O texto desta peça foi escrito pela dramaturga Zhu Yi, tendo o espectáculo estreado em Nova Iorque em 2011. A encenação ficou a cargo de Ding Yiteng, tido como um dos grandes encenadores chineses da sua geração. O espectáculo tem uma hora e cinquenta minutos e é interpretado em mandarim, com tradução para inglês. Destaque ainda para os restantes espectáculos que decorrem este fim-de-semana integrantes do FAM, nomeadamente “Os milagres dos armazéns Namiya”, do grupo “Cultura Supersky”, apresentado no grande auditório do CCM este sábado e domingo às 20h. Trata-se de uma adaptação do romance, com o mesmo nome, do japonês Keigo Higashino, sobre a história de três ladrões que se escondem numa loja deserta, numa cidade remota, perdida no meio do nada. O Teatro Caixa Preta, no edifício do antigo tribunal, recebe o espectáculo “m@rc0 p0!0 endg@me 2.0”, dos grupos locais Associação de Arte Teatral Dirks x Estúdio Paprika. O evento é apresentado de sexta-feira a domingo às 20h e no sábado e domingo às 15h. O cartaz do FAM apresenta ainda um espectáculo de teatro com marionetas “Neste Lado de Macau – Em Busca da Verónica” com o artista Bernardo Amorim e a colaboração de Elisa Vilaça, artista residente da Casa de Portugal em Macau, José Nyogeri e Nelma Silvestre. A iniciativa acontece no sábado, em versão cantonense, às 15h e 20h, e domingo, em português, no mesmo horário, no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais N.º 2. Esta é uma nova versão do espectáculo “No Outro Lado de Macau – Uma Aventura Mágica” apresentado na 31ª edição do festival. Bernardo Amorim promete “levar crianças e adultos numa fantástica jornada” pela descoberta das aventuras de Verónica.
Andreia Sofia Silva Grande Plano Manchete1º de Maio | Destacado papel da FAOM. Xi envia mensagem aos trabalhadores No Dia Internacional do Trabalhador, o secretário para a Economia e Finanças destacou o trabalho desempenhado pela Federação das Associações dos Operários de Macau, e destacou o regresso gradual à normalidade do funcionamento da economia. O Presidente chinês, Xi Jinping, enviou uma mensagem aos trabalhadores de todo o país, apelando ao caminho da modernização O 1º de Maio foi ontem lembrado em Macau sem manifestações nas ruas e apenas com uma breve mensagem do secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, a destacar o papel que a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) tem tido nos últimos anos na defesa dos direitos dos trabalhadores. As palavras foram proferidas num evento decorrido no restaurante The Plaza e que contou não apenas com dirigentes da FAOM, mas também com diversas personalidades políticas, nomeadamente Edmund Ho, vice-presidente do comité nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e o comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Macau, Liu Xianfa, entre outros. Lei Wai Nong declarou que a FAOM é “uma força de maior importância na esfera do patriotismo e do amor a Macau”, tendo vindo a desempenhar “um papel muito significativo no que diz respeito à defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores, à prestação de serviços aos trabalhadores e ao público, bem como à participação nos trabalhos de assuntos sociais”. O Governo espera, assim, que a histórica associação “continue a potencializar os seus valores tradicionais de amor à Pátria e a Macau”, além de, “atendendo à evolução do tempo e com espíritos empreendedor e inovador, continue a providenciar esforços conjuntos em prol de criação de uma vida mais promissora, prestando maiores contributos na promoção da prosperidade e estabilidade de Macau”. Relativamente às medidas na área do trabalho, o secretário destacou que o Governo “tem estado muito atento à defesa dos direitos e interesses fundamentais dos trabalhadores, com vista à promoção de uma relação laboral harmoniosa”, tendo sido destacadas políticas adoptadas nos últimos anos, tais como a lei do salário mínimo ou as alterações às leis de relações de trabalho ou lei de contratação de trabalhadores não residentes, entre outras medidas. Foi ainda destacado o processo legislativo relativo à lei sindical, actualmente a ser analisada na especialidade pela Assembleia Legislativa. Bom regresso O secretário lembrou também que a economia local está a “retomar, de forma gradual, o seu ânimo”, embora existam ainda “alguns problemas alusivos ao desemprego estrutural, aos rendimentos dos trabalhadores e ao reforço da garantia no âmbito do trabalho”. Ficou a promessa de o Executivo “continuar a empenhar-se na criação e estabilização de emprego, no aperfeiçoamento das regalias dos trabalhadores, bem como no alargamento da protecção dos direitos e interesses laborais”. O governante garante também que será “intensificada a cooperação com as instituições associativas e as empresas, no sentido de se proporcionar serviços de apoio ao emprego mais adequados, assegurando o acesso prioritário dos residentes ao emprego”. Depois da pandemia, “a situação socioeconómica está a regressar gradualmente à sua trajectória normal, com uma tendência positiva de desenvolvimento”, destacou. Palavra de Xi Numa mensagem divulgada ontem pela Xinhua, o Presidente chinês Xi Jinping desejou votos de felicidade a todos os trabalhadores do país, pedindo que estes “sigam o caminho do trabalho e respeito mútuo pelo modelo de trabalho” actual, “trabalhando de forma diligente em prol da inovação, a fim de construir um sólido progresso no avanço da modernização chinesa”. O governante encorajou ainda os trabalhadores a “desempenharem um papel de liderança na nova jornada da construção da China num país mais forte e na realização do rejuvenescimento nacional”. Xi Jinping apelou ao compromisso do Partido Comunista Chinês para “proteger os direitos e interesses legítimos dos trabalhadores”, ajudando-os “a resolver os problemas e dificuldades e a promover uma atmosfera social onde o trabalho e os trabalhadores são tratados com reverência e grande respeito”. Boas viagens Naquele que é o primeiro Dia do Trabalhador sem pandemia, registou-se na China um grande recorde de viagens. A Xinhua aponta que no sábado, primeiro dos cinco dias de férias do 1º de Maio, registaram-se mais de 12 mil comboios em funcionamento no país, com 19.66 milhões de viagens, segundo dados da empresa China State Railway Group Co., Ltd. (China Railway). Este domingo registaram-se cerca de 18 milhões de viagens e 11,217 comboios em circulação. Os feriados do 1º de Maio terminam amanhã. Um dia histórico celebrado em todo o mundo Reconhecido hoje em dia por dezenas de países, o Dia Internacional do Trabalhador tem origem histórica num protesto ocorrido a 1 de Maio de 1886 em Chicago, EUA, quando os trabalhadores iniciaram uma greve histórica em prol de melhores condições de trabalho e salariais. No entanto, o primeiro sinal do género de mobilização de trabalhadores registou-se em Melbourne, Austrália, a 21 de Abril de 1856, quando os pedreiros da cidade protestaram contra as más condições de trabalho, com impacto no movimento laboral dos EUA. Só em 1989, aquando da realização do Congresso Operário Internacional é que o Dia Internacional do Trabalhador foi oficializado, em Paris, apesar dos movimentos de trabalhadores começarem a ser mais notórios em vários países a partir de finais do século XIX, potenciados pela Revolução Industrial na Europa. Em França, o dia 1 de Maio passou a ser feriado em 1919, com o estabelecimento da carga horária diária de trabalho para as oito horas. Já no caso de Portugal, o feriado começou a ser assinalado em 1890, tendo cessado as comemorações devido à instauração de um regime ditatorial com o Estado Novo, em 1933. Só em 1974, pós a revolução do 25 de Abril, voltou a ser celebrado o 1º de Maio.
Andreia Sofia Silva SociedadeJogo | Macau central na recuperação nos mercados da Ásia-Pacífico A agência de rating Moody’s prevê que o sector do jogo na região da Ásia-Pacífico, onde Macau se inclui, irá beneficiar do facto de os consumidores destes países e territórios “continuarem, selectivamente, a gastar dinheiro no entretenimento” depois de um longo período de restrições no contexto da pandemia. Segundo o portal GGRAsia, os analistas apontam que o jogo “vai ser impulsionado pela recuperação de Macau”, enquanto a expansão do mercado dos casinos nos EUA será “moderada, tendo em conta os recordes de receitas obtidas em 2021 e 2022”. “A China tem registado impedimentos na recuperação do jogo, mas vai agora ajudar à recuperação do sector hoteleiro no estrangeiro, que tem sido demorada”, aponta a Moody’s, que fala ainda do caso de Macau e dos crescimentos previstos ao nível dos ganhos EBITDA [ganhos antes do pagamento de impostos, juros ou amortizações]. “O EBITDA do sector do jogo vai crescer de 20 para 25 por cento nos próximos 12 ou 18 meses, comparando com os 17 por cento de 2022. Estima-se que a esperada recuperação de Macau e a continuidade da recuperação de Singapura, e outras localizações na região do sudeste asiático, poderão levar a uma expansão do crescimento, tendo em conta os níveis depressivos registados desde 2020.” Pelo contrário, o sector do jogo norte-americano deverá “crescer num ritmo mais moderado nos próximos meses”.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteDiogo Cardoso, autor de “Os efeitos da covid-19 na transformação da Health Silk Road”: “Covid zero teve custos muitos elevados” Acaba de ser lançado, com a chancela da editora brasileira “Novas Edições Académicas”, o livro “Os efeitos da covid-19 na transformação da Health Silk Road”, resultado da tese de mestrado do doutorando Diogo Cardoso, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. O trabalho conclui que a China teve melhores resultados na chamada diplomacia da máscara do que na da vacina, além de que o país é ainda “incipiente” na liderança mundial na área da saúde Uma das conclusões do seu estudo é que a chamada “diplomacia da máscara” teve bons resultados no país, mas a “diplomacia da vacina” não tanto. Em que sentido? Dividi a pandemia em quatro fases. Numa primeira fase, no início da pandemia, alguns países mobilizaram ajuda, com o envio de máscaras e materiais médicos para ajudar a China quando ainda se pensava que a covid seria um problema interno do país. A segunda fase foi marcada pela diplomacia da máscara e, depois, a terceira fase com a diplomacia da vacina. A quarta fase, que desenvolvo menos no livro, é a do pós-covid, com a política de covid zero e a guerra na Ucrânia. A diplomacia da máscara foi um conceito para descrever a ajuda que a China prestou a todo o mundo, e surge pela escassez que existia de materiais médicos e ventiladores, que, em grande parte, eram produzidos no país. Esta diplomacia da máscara acabou por ser mais desenvolvida do ponto de vista bilateral com os países. Ao invés de multilateral. Para compreendermos a questão da diplomacia da máscara é necessário ir além das duas posições antagónicas em que, por um lado, temos algumas pessoas que falaram em propaganda da parte da China e, por outro, pessoas mais cépticas que falavam em oportunismo por parte do país. A diplomacia da máscara deve ser vista, a meu ver, como uma adaptação das práticas diplomáticas contemporâneas que, em conjunto com a pandemia, deram à China uma oportunidade para o país provar as suas capacidades de mobilização e cooperação internacional. Permitiu também provar a flexibilidade da Rota da Seda da Saúde. Deve-se reconhecer, neste período, todas as conquistas conseguidas pela China no que diz respeito à rápida activação de todos os actores envolvidos [no processo de ajuda durante a pandemia]. Como é que se passou depois para a diplomacia da vacina? Posteriormente, quando já não havia escassez de materiais, dá-se a transição de necessidades para a tal diplomacia da vacina, com a produção e entrega de vacinas como um bem de saúde pública. Este é um campo onde a China tem vindo a dar cartas de forma positiva, com apoios e desenvolvimento de campanhas internacionais em vários países. Segundo alguns dados públicos, até Março de 2021 a China produziu 170 milhões de doses e em Junho desse ano havia fornecido mais de 350 milhões de doses a mais de 80 nações e exportando para 40 países. Apesar da falta de alguns dados públicos, as vacinas chinesas ofereciam diversas vantagens para os países em desenvolvimento, com fornecimentos da Sinovac e Sinopharm prontamente disponíveis, numa altura em que as alternativas ocidentais eram escassas. Falamos de uma altura em que os EUA saem temporariamente da Organização Mundial de Saúde (OMS), em que os líderes pedem vacinas como bens públicos globais, mas, de forma egoísta, compraram mais vacinas do que necessitavam, dando origem a um vazio que a China consegue preencher. Nesta fase, houve uma grande fragmentação nas respostas na diplomacia global da saúde, como, por exemplo, os mecanismos de saúde da União Europeia (UE) ou a venda prioritária da venda de doses da Pfizer e Moderna. Com a chegada da variante Ómicron percebe-se que, no caso das vacinas chinesas, a imunidade passa para valores demasiado baixos, o que faz com que alguns países que tinham adquirido vacinas chinesas passem a fazer o reforço com uma vacina ocidental. Na diplomacia da vacina questionou-se, da parte de alguns países ocidentais, a eficácia das vacinas chinesas, mas a UE acabou por aprovar o licenciamento da Sinovac. Os laboratórios chineses vão, um dia, liderar mais neste campo? Vale a pena realçar que a diplomacia da vacina diz mais respeito à ajuda humanitária, em que a vacina é vista como um bem de saúde pública global. Além disso, a China já está envolvida nas questões da saúde global desde os anos 60 quando o país começou a enviar equipas médicas para África, o que, na altura, foi uma prática inovadora para fomentar a cooperação Sul-Sul, e em 1963 foi enviada a primeira equipa para a Argélia. A abordagem chinesa à cooperação mundial na área da saúde tem vindo a evoluir no sentido positivo. O envolvimento da China na diplomacia da vacina não é algo novo, mas com a pandemia foi reavivado. A menor eficácia das vacinas chinesas em relação às novas variantes da covid foi o factor que desencadeou estes desenvolvimentos na diplomacia da vacina chinesa, que surgem no período covid, e que fizeram com que a China, em parte, tenha perdido algum do espaço ganho neste período. O país tem uma grande parte dos ingredientes químicos e naturais necessários para as vacinas e cada vez mais investe em investigação. Não será de todo impossível que, com o passar dos anos, e com a China a demonstrar maior credibilidade neste campo, com mais tecnologias e equipamentos, que a UE não aprove novos medicamentos ou vacinas chinesas. As questões de saúde devem ser concertadas a nível mundial. Os resultados serão melhores se partilhados. O caminho, nas questões de saúde, é mesmo a globalização. O livro aponta que o papel da China na chamada “governança global da saúde” é ainda “incipiente”. O que pode ser feito para o país reforçar a sua influência nesta área? A retirada dos EUA da OMS e o facto de se ter isolado, em parte, para tratar internamente da pandemia, sem concertar uma resposta global, deu à China espaço para mostrar as suas capacidades e liderar, em parte, a luta contra a pandemia. O programa “Healthy China 2030” é muito abrangente, define metas de desenvolvimento para o sistema de saúde interno do país e é aqui que está a grande chave. Há notícias que referem o facto de o país já investir mais em investigação do que os EUA, e é aqui que percebemos que a China está a investir fortemente nas questões da saúde e na construção de um “agenda-setting” da saúde internacional. O país investe na ideia de que não basta apenas aplicar as melhores práticas, mas é necessário também ter um papel activo na definição dos padrões internacionais. O investimento na investigação e capacitação do sistema de saúde interno, bem como o papel que tem tido na definição dos padrões globais de saúde, podem preparar melhor a China para adquirir uma posição mais activa nesta área. Por outro lado, está a investir na dinamização da medicina tradicional chinesa que, em parte, pode alavancar uma diferenciação em algumas práticas médicas que outros países não têm. Outra das conclusões é que a pandemia permitiu à China mostrar uma posição de liderança numa primeira fase, mas depois revelou algumas fragilidades internas do país. Olhamos para a China e temos de perceber que em Portugal somos dez milhões, mas na China são 1.4 biliões de pessoas. Há uma escala populacional completamente diferente. Existiu, de facto, uma posição inicial de liderança, porque a maior parte dos materiais médicos era produzida no país. Muito rapidamente a China desenvolveu os trâmites de ajuda e os mecanismos de logística. Com os confinamentos, a covid estava controlada e a China mostrou ao mundo que era capaz de construir grandes hospitais em tempo recorde. Com a covid zero, [a situação] foi certamente muito complicada para a população chinesa, inclusivamente a de Macau. Teve custos económicos, políticos e sociais muito elevados. A economia chinesa pagou fortemente por isso. Fazendo uma ligação com as vacinas, falamos de uma enorme produção de doses tendo em conta a população chinesa. A capacidade de produção é grande, mas não infinita, e houve escolhas que tiveram de ser feitas. Diz que a Rota da Seda da saúde ganhou uma maior institucionalização nos últimos anos, com a criação de fóruns com diversos países, e estando mais global, com presença em novos mercados. É uma política que vai ter maior desenvolvimento? A iniciativa “uma faixa, uma rota” foi apresentada em 2013, e a Rota da Seda da Saúde foi-o em 2016 no Uzbequistão. Esta, antes da pandemia, já apresentava um bom nível de desenvolvimento, em grande parte devido às décadas de experiência da China no combate às doenças infecciosas e na posição que tinha no fornecimento de ajuda a países em desenvolvimento. A Rota da Seda pretende institucionalizar estes mecanismos não como uma alternativa à OMS, mas sim como um complemento. Com a pandemia, este mecanismo acaba por ganhar um novo ímpeto, e com a criação de alguns fóruns multilaterais com outros países a China pôde desenvolver ainda mais esta iniciativa diplomática. Acredito que, no futuro, estas bases lançadas desde 2016 possam alavancar ainda mais a Rota da Seda da Saúde com mais participantes, iniciativas e desenvolvimentos favoráveis a todo o mundo. Defende que deve ser dada maior importância à governança global da saúde com uma maior cooperação com a OMS e ONU, mas, ao mesmo tempo, a China deve desenvolver o seu sistema de saúde interno. A OMS e ONU estão dispostas a esta colaboração? Deve haver, de facto, uma maior concertação entre os actores envolvidos para eventuais respostas a emergências globais. Neste campo a China fez um óptimo trabalho e demonstrou, à partida, que queria que a Rota da Seda da Saúde estivesse ligada a todos os outros mecanismos existentes, como a OMS e a Agenda de Desenvolvimento Sustentável da ONU de 2030. Isso mostra que a China pretende continuar a integrar a ordem internacional liberal, onde participa activamente, e a Rota da Seda da Saúde começa a afirmar-se como uma iniciativa “win-win” [ganhos para as duas partes] que permite à China alcançar um lugar mais preponderante a nível mundial na área da saúde e a todos os outros Estados o desenvolvimento dos sistemas de saúde e práticas médicas. Parece-me que há vontade das instituições internacionais em cooperar com a China.
Andreia Sofia Silva EventosGuia Michelin | Restaurantes locais mantêm classificações e há mais dois distinguidos Restaurantes de renome no território como o “Zi Yat Heen”, no Four Seasons, o “Robuchon au Dôme”, “The 8” e “The Kitchen”, no Grand Lisboa, bem como o “Lai Heen”, no “Ritz-Carlton”, entre outros, mantiveram, na edição deste ano do Guia Michelin para Macau e Hong Kong, as estrelas atribuídas há vários anos. Restaurante no MGM Cotai obtém primeira estrela, bem como o “The Huaiyang Garden”, no ‘resort’ The Londoner A edição deste ano do “Guia Michelin para Hong Kong e Macau 2023” manteve as estrelas atribuídas há vários anos aos restaurantes “Zi Yat Heen”, do Four Seasons, “Robuchon au Dôme”, “The 8” e “The Kitchen”, três espaços situados no hotel Grand Lisboa. Inclui-se ainda a distinção ao “Lai Heen”, no “Ritz-Carlton”. A cerimónia de atribuição das distinções decorreu ontem. Destaque para a distinção atribuída ao “Five Foot Road”, de comida de Sichuan, no MGM Cotai, que ganhou, pela primeira vez, uma estrela Michelin. Hubert Wang, presidente da MGM China, disse que esta distinção demonstra a “ambição” da concessionária em “promover grandes histórias da cultura chinesa e dos seus tesouros gastronómicos”. O espaço que também se estreou no Guia Michelin para Hong Kong e Macau foi o “The Huaiyang Garden”, no ‘resort’ The Londoner. A estrela Michelin atribuída ao “Zi Yat Heen”, mantida há 14 anos, foi recebida pelo chefe executivo do hotel Four Seasons, Charles Leung, que disse estar “orgulhoso de trabalhar com uma equipa talentosa e apaixonada que partilha comigo os mesmos valores e aspirações em criar uma cozinha e serviços de nível mundial”. Chique francês Nesta edição do Guia Michelin foram ainda distinguidos três espaços de restauração do universo da Sociedade de Jogos de Macau (SJM). O “Robuchon au Dôme” manteve as três estrelas, bem como o “The 8”, enquanto o “The Kitchen” manteve uma estrela, distinções mantidas há dez anos. Em Hong Kong o restaurante “L’Atelier de Joel Robuchon”, gerido pela Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, manteve as três estrelas obtidas pela primeira vez há 12 anos. Foi em 2001 que a empresa convidou o reputado chefe francês para trazer para os dois territórios pratos de assinatura da alta cozinha francesa, tendo os dois restaurantes obtido três estrelas logo na primeira edição do Guia Michelin para Macau e Hong Kong, em 2009. O “The 8” obteve uma estrela dois anos após o início das operações, tendo passado para a lista de três estrelas a partir de 2014. Daisy Ho, directora-executiva da SJM, disse ontem estar “muito agradecida pelos esforços diligentes das nossas equipas de restauração que construíram uma tradição de excelência na SJM, que permitiu à indústria obter distinções à escala global”. Por sua vez, o “Lai Heen”, restaurante de comida cantonense, manteve a estrela Michelin ganha pela primeira vez há sete anos, juntamente com outros espaços de restauração localizados nos empreendimentos da Galaxy, como o “Feng Wei Ju”, “8 1/2 Otto” e “Mezzo Bombana”. Já o “Ritz-Carlton Café”, que serve pastelaria francesa, foi nomeado como “Michelin Selected Restaurant” [Restaurante Seleccionado Michelin] pelo sexto ano consecutivo. Do lado da Melco Crown quatro restaurantes situados no City of Dreams, Studio City e Altira Macau mantiveram as suas estrelas. O “Jade Dragon” mantém, há cinco anos consecutivos, três estrelas, enquanto “Alain Ducasse” manteve as duas estrelas. O “Pearl Dragon” e “Ying” mantém ambos uma única estrela. No caso da Wynn, o guia manteve as estrelas do “Wing Lei”, o japonês “Mizumi”, o “Sichuan Moon”, com duas estrelas, e o “Wing Lei Palace”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaDSEDJ | Assegurado equilíbrio de alunos por turma Apesar da baixa taxa de natalidade registada no território, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude garante que é assegurado o equilíbrio no número de alunos por turma, para que cada uma tenha entre 25 a 35 estudantes O Governo assegura que, mesmo com menos crianças a nascerem todos os anos, se mantém o equilíbrio em relação ao número de estudantes nas turmas de todas as escolas do ensino não superior, a fim de garantir um rácio mais equilibrado entre professor e aluno. A garantia foi deixada ontem por Luís Gomes, chefe do departamento do ensino não superior da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), no programa matinal “Fórum Macau” do canal chinês da Rádio Macau. O responsável assegurou o cumprimento do mecanismo já existente que garante que cada turma não terá menos de 25 nem mais de 35 alunos, para que não haja casos de turmas com alunos a mais ou a menos, garantindo-se um equilíbrio no volume de trabalho dos professores. Esta necessidade de ajustamento impõe-se, tendo em conta que a taxa de natalidade em Macau atingiu os valores mais baixos desde 1985. “Quando introduzimos a escolaridade gratuita no ano lectivo de 2007/2008, havia cerca de três mil alunos a ingressar no primeiro ano do ensino primário. No ano lectivo de 2016/2017 esse número chegou aos sete mil. Neste ano lectivo tivemos cerca de cinco mil alunos no primeiro ano do ensino primário.” Vozes de preocupação Um ouvinte, de apelido Chau, disse estar preocupado que possa existir menos vagas para docentes dada a quebra gradual no número de alunos. No entanto, Luís Gomes respondeu que o número de professores tem aumentado nos últimos anos. “O número total de alunos no ensino não superior mantém-se quase igual, tendo registado uma ligeira subida, sendo actualmente de mais de 86 mil. No ano passado surgiram 300 novos professores.” Chan, outro ouvinte, defendeu a realização de sorteios para a admissão de alunos no ensino primário ao invés de entrevistas, a fim de garantir um processo imparcial na selecção dos estudantes. Luís Gomes disse que este método pode fazer com que os pais não consigam escolher as escolas que consideram ser as ideais para os filhos. Vong Kuok Ieng, vice-presidente da Associação de Educação de Macau, telefonou para o programa e defendeu que a DSEDJ deveria aproveitar a existência de uma baixa taxa de natalidade para melhorar o funcionamento das escolas e do ensino em geral. O responsável, que é também director da escola Choi Nong Chi Tai, afirmou que a maioria das escolas são gratuitas, funcionando com recursos e subsídios do Governo, pelo que deveriam ser promovidas medidas para reduzir as disparidades existentes entre as escolas em matéria de infra-estruturas.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteChina | Novo livro apresenta visões de autores ibéricos sobre o país Em “Chibérica – Visões Ibéricas da China Contemporânea”, novo livro coordenado pelos académicos Jorge Tavares da Silva e Xúlio Rios, pretende-se dar a conhecer ao leitor diferentes visões sobre a China de autores de Portugal e Espanha. A ideia é “desmistificar” conceitos e noções sobre o país e retratar o desenvolvimento chinês das últimas décadas Num país com uma dimensão gigantesca, torna-se difícil definir o que é a China. No entanto, os académicos Jorge Tavares da Silva, professor auxiliar na Universidade da Beira Interior e investigador associado da Universidade de Aveiro, e Xulio Rios, especialista em assuntos da China e assessor emérito do Observatório da Política Chinesa em Espanha, propõem-se apresentar várias visões do país por quem o estuda e conhece de perto. “Chibérica – Visões Ibéricas da China Contemporânea”, editado em Madrid pela Editorial Popular, apresenta textos de vários autores, portugueses e espanhóis, nas duas línguas, nomeadamente Carmen Amado Mendes, presidente do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), que escreve sobre os “70 anos da política externa chinesa na perspectiva portuguesa” ou Luís Tomé, autor do capítulo “As diferentes formas de construir ‘o socialismo com características chinesas’, de Deng a Xi”. Destaque ainda para as contribuições de Inés Arco Escriche, professora associada na Universidade Oberta de Catalunya, com o capítulo “O partido dirige tudo: transformação política, ideológica e a participação social na China pós-Mao” ou a economista Maria Fernanda Ilhéu que escreve sobre o enorme desenvolvimento económico que a China viveu nos últimos anos em “Da pobreza extrema a segunda economia do mundo”. Ao HM, Jorge Tavares da Silva disse que a ideia para publicar esta obra nasceu de uma conversa com Xulio Ríos, aproveitando-se a celebração dos 50 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre Espanha e China (1973-2023) e o quadro de diálogos informais e formais luso-chineses (1974-2023). Pretendia-se “publicar um livro que contemplasse a visão de analistas de Portugal e Espanha sobre os últimos 50 anos de desenvolvimento da China”. “O resultado é excelente, para além de ser profundamente original. Os autores, de forma equilibrada, analisaram a política, a economia, a sociedade, a cultura, a política externa e as relações bilaterais”, frisou o co-coordenador. Questionado sobre eventuais diferenças de perspectiva entre os autores portugueses e espanhóis, Jorge Tavares da Silva aponta que “o que se diferencia é a relevância que cada um dá a determinados momentos da história recente da China”. “Por exemplo, no capítulo referente à cultura, no caso português, num texto elaborado pelo [antigo] embaixador José Duarte de Jesus, foi salientado o justificar o elemento ‘cultura’ na formação e identidade chinesa, incluindo algumas das raízes que explicam a sua relevância nos caminhos políticos da China contemporânea, ao passo que o professor espanhol Manel Ollé oferece-nos uma visão sobre a transformação cultural da China, explorando o conflito entre as grandes tradições culturais no país.” Xulio Ríos entende que esta obra é, acima de tudo, um exemplo da “idoneidade de pensarmos por nós próprios a propósito da China, sobre as suas mudanças e expectativas, a partir da nossa experiência e imaginário, o que sugere uma certa originalidade”. Pretende-se ainda, com “Chibérica”, “explorar as intersecções para procurar um foco comum na relação com a China” e a Europa. O livro “aspira a converter-se num [elemento] dinamizador que permita uma certa continuidade neste processo”, disse. Xulio Ríos considera que, apesar das décadas de relações diplomáticas, existe ainda um enorme desconhecimento sobre a China. “Pese embora o muito que se avançou, há muito desconhecimento da história e da cultura e [essas duas áreas] são imprescindíveis para entender a China de hoje, que não se pode abordar exclusivamente do ponto de vista da ideologia ou da economia.” “Função pedagógica” “Chibérica – Visões Ibéricas da China Contemporânea” tem também uma “função pedagógica”, frisou Jorge Tavares da Silva. “O livro faz o diagnóstico aos últimos 50 anos de transformação do país. O leitor ficará enquadrado com as grandes transformações estruturais, mas a obra tem também essa função de ajudar a ‘desmitificar’ algumas construções de senso comum sobre a China, sobretudo na vontade clara de Pequim em manter relações de amizade com ambos os países ibéricos, evitando tensões que conduzam a conflitos.” O académico português explicou que procurou, juntamente com Xulio Ríos, “avaliar áreas que consideramos relevantes no caminho que a China empreendeu nos últimos cinquenta anos, a política, a economia, a sociedade, a cultura a política externa, as relações bilaterais e o panorama dos estudos chineses em Portugal e Espanha”. Trata-se de “anos de transformação e crescimento exponencial que atiraram a China para o primeiro plano da arena internacional”. Que diplomacias? Portugal é tido como o parceiro privilegiado da China na Europa, mas com Espanha a China pode conseguir estabelecer laços mais próximos com a América Latina. Xulio Ríos fala em “níveis diferenciados” nas relações do gigante chinês no contexto da Península Ibérica. “Com Portugal as relações bilaterais foram muito enriquecidas. Espanha sempre teve, com a China, uma boa sintonia política. Há uma triangulação interessante a propósito das transições políticas (em Portugal, a Revolução dos Cravos; em Espanha, a porta aberta à democracia com a morte do ditador Franco; na China, a reforma e a abertura depois da morte de Mao). Mas este seria um tema para outro livro. O que falta em Espanha é um maior interesse em potenciar a relação com Macau para um maior acesso à China”, lamenta o autor espanhol. Isto porque Espanha “é um país plurilíngue e o idioma galego oferece a possibilidade de desenvolver uma aproximação específica, algo que vale igualmente para todas as comunidades de expressão portuguesa no mundo”. Apesar de Espanha e Portugal serem países periféricos na Europa, as relações dos dois países com a China são boas. No entanto, a China “não tem uma visão aglutinadora e partilhada dos dois países”, pelo que este livro “pode ajudar a uma reflexão sobre essa visão que vai além da relação bilateral, com um terceiro espaço no marco europeu”. Potencial espanhol Jorge Tavares da Silva entende que “ainda que Portugal tenha uma relação histórica marcante com a China, que se destaca na presença em Macau, no quadro político e económico contemporâneo o potencial de relações entre a Espanha e a China é superior ao potencial português”. Tal deve-se aos factores económico e comercial, que são “o principal motor para as relações bilaterais”. “Portugal e a Espanha foram muito relevantes para a China no contexto de crise após 2008, que levou a uma entrada em grande escala de investimento português. O caso mais flagrante foi a entrada de capital da China Three Gorges na EDP, que motivou apreensões numa Espanha mais reservada em ceder sectores estratégicos ao gigante asiático. Com a economia portuguesa em recuperação e os novos desafios que a China tem enfrentado, particularmente as tensões com os Estados Unidos, têm arrefecido as relações sino-portuguesas”, disse. Exemplo disso é o facto de projectos como “uma faixa, uma rota”, bem como “o interesse chinês no Porto de Sines terem saído da discussão pública”. “Há um certo arrefecimento nas dinâmicas de cooperação. Vamos ver quando recuperam o dinamismo bilateral. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, fez uma visita à China no final de Março, procurando revitalizar as relações bilaterais com Pequim, numa altura que a Espanha assume a presidência da União Europeia (UE). Talvez seja uma boa altura de o governo português reavivar o quadro de cooperação bilateral”, rematou Jorge Tavares da Silva.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeComércio | Ginja do Senado abre portas na Travessa de São Domingos A Ginja do Senado abriu ontem na Travessa de São Domingos, culminando um sonho construído ao longo dos últimos sete anos. Um balcão, ginjinha fresca, com ou sem elas, e um convite a parar e saborear um licor pensado especialmente para Macau É com um sorriso de satisfação que Henrique Silva serve uma ginjinha ao balcão da nova Ginja do Senado, o negócio acabado de abrir na Travessa de São Domingos, na porta abaixo do Restaurante Portucau, a cerca de 50 metros do Largo do Senado. O designer e empresário, também conhecido como Bibito, concretiza o sonho que demorou sete anos a construir e que oferece ao centro da cidade um espaço castiço, que convida a uma paragem. “Há sete anos que andava com esta ideia e sentia que Macau, apesar do imenso potencial turístico, ainda não tinha uma souvenir que representasse realmente a cidade e que os turistas pudessem levar para casa”, conta. Além dos pastéis de nata, biscoitos e algumas lembranças que evocam o galo de Barcelos ou as Ruínas de São Paulo, Henrique Silva considera que Macau podia oferecer mais aos muitos turistas que por cá passam. “A ginjinha em Portugal estava a crescer muito em popularidade. Vi as filas de turistas à espera de serem servidos e pensei que isso faria sentido em Macau, não através de uma marca portuguesa, mas com uma marca que representasse a mistura das duas culturas”. A busca da perfeição Da ideia original à criação de um plano de negócios, duas necessidades tornaram-se evidentes a Henrique Silva. A primeira seria encontrar a ginjinha perfeita para os paladares locais e a segunda achar o sócio ideal que lhe permitisse abrir a loja numa zona central e turística. “Para construir o negócio em que estava a pensar, precisava de um sócio que entrasse nesta aventura comigo, porque me faltava uma coisa importantíssima, a localização. Este negócio não se faz no Fai Chi Kei, teria de ser aqui ou na Rua do Cunha.” É aqui que entra o sócio, personificado no empresário Cheung Asai, dono de vários restaurantes em Macau, como o Albergue 1601, 3 Sardine, Portucau, e que recentemente ganhou o concurso para explorar um restaurante na actual Casa das Recepções das Casas-Museu da Taipa. Antes de selar a parceria com o empresário Cheung Asai, Henrique Silva lançou-se em busca da ginjinha perfeita para Macau e organizou algumas sessões de prova, com as “cobaias” a serem na sua maioria chineses. “Percebi que a ideia de que os chineses não gostam de doces é um mito. Eles gostam de Häagen-Dazs, de chocolate e gostaram também da ginjinha”, explica ao HM. A pureza líquida Das ginjas que trouxe para Macau, proveniente de Lisboa, Óbidos e Alcobaça, a escolha acabou por cair no licor de Óbidos, ligeiramente menos doce do que o habitual e com um travo subtil. O HM falou com a gerente da Ginja de Óbidos Oppidum, Marta Pimpão, que fornece a Ginja do Senado e que revelou que a receita do licor para Macau ainda não está fechada. “Vamos tentar adaptar a ginja, sem lhes tirar as particularidades que a distingue, ao gosto do público de Macau. De momento, a ginja que está em Macau é a consumida aqui em Óbidos”, conta. O néctar à venda no balção da Ginja do Senado é a soma de quatro ingredientes: a fruta (ginja), açúcar, álcool e água, sem essências ou corantes adicionados. Uma conta cujo resultado só pode ser a satisfação.
Andreia Sofia Silva EventosIIM | Lançado livro sobre comendador Arnaldo de Oliveira Sales Foi lançado, esta segunda-feira, o livro “Comendador Arnaldo de Oliveira Sales (1920-2020)” sobre esta importante figura da diáspora macaense, e que conta com contributos de Pedro Catarino, José Eduardo Garcia Leandro, José Luís de Sales Marques, Clube Lusitano de Hong Kong e prefácio de Jorge Rangel Falecido em Março de 2020 com 100 anos de idade, o comendador Arnaldo de Oliveira Sales, conhecida figura da diáspora macaense e da comunidade portuguesa de Hong Kong tem agora um livro que recorda o seu percurso. Lançado pelo Instituto Internacional de Macau (IIM) esta segunda-feira, “Comendador Arnaldo de Oliveira Sales (1920-2020)”, conta com testemunhos de pessoas que com ele conviveram de forma próxima, nomeadamente José Sales Marques, seu familiar, ou o antigo governador de Macau Garcia Leandro. A obra conta ainda com contributos de Pedro Catarino, diplomata português, e do Clube Lusitano de Hong Kong, tendo ainda prefácio do próprio presidente do IIM, Jorge Rangel. Nascido em 1920 em Cantão, Oliveira Sales foi o primeiro presidente do Conselho Urbano de Hong Kong (um conselho municipal responsável pelos serviços municipais na ilha de Hong Kong e em Kowloon), em 1973, tendo sido ainda um dos fundadores da Federação Desportiva e do Comité Olímpico de Hong Kong, e presidente desta instituição em 1972, durante os Jogos Olímpicos de Munique. Ao HM, José Sales Marques destaca o papel que Oliveira Sales teve quando presidiu à Câmara Municipal do Leal Senado. “Posso dizer que ele me inspirou em muitos aspectos no trabalho que desenvolvi no Leal Senado, particularmente em relação às questões da cultura. Fez-me sentir a importância de tratar e acompanhar a questão da cultura. Por isso é que nos meus tempos no Leal Senado nunca deixei de ter esta área sob minha directa responsabilidade.” Arnaldo Sales era primo direito da mãe de Sales Marques. “Conheci-o já numa fase diferente. Ele era um homem muito ocupado e muitas vezes ouvíamos dizer que ele vinha a Macau falar com os governadores. Comecei a ter uma relação mais próxima com ele a partir do momento em que fui para o Leal Senado.” O economista macaense recorda que, em 1993, quando passou a assumir as funções de presidente da câmara, o território tinha um problema com a gestão do lixo, tendo Oliveira Sales dando algumas sugestões a Sales Marques para o solucionar. “Ele foi presidente do Conselho das Comunidades Macaenses e teve também um papel importantíssimo no lançamento dos encontros dos macaenses, incluindo na questão de procurar obter a maior unidade possível entre as diversas Casas de Macau. Punha a sua autoridade para de facto fazer sentir às pessoas a importância da nossa comunidade como um todo”, lembrou. Relações próximas com Macau O HM contactou Garcia Leandro para perceber que contributo deu para este livro, mas até ao fecho desta edição não foi obtida uma resposta. No entanto, no livro “Macau nos anos da Revolução portuguesa: 1974-1979”, o antigo governador português do território dedica um capítulo a Oliveira Sales, que aponta como sendo uma “figura notável” e uma “personagem carismática e fascinante”, que permitiu “um excelente elo de ligação a Hong Kong”. “Foi das pessoas que mais me impressionaram em toda a vida”, escreveu Garcia Leandro, que o descreveu também com sendo um “homem complexo, orgulhoso, hábil e eficiente, um excelente gestor que muito honrou Portugal, tendo recusado todos os convites para aceitar a cidadania britânica”. Uma vez que Oliveira Sales foi presidente, durante três mandatos, do Urban Council de Hong Kong, nesse período “as relações de Hong Kong com Macau foram muito reforçadas”, recordou Garcia Leandro. Aquando da sua morte, a Federação Desportiva e Comité Olímpico de Hong Kong recordou que “sob a sua presidência de 1967 a 1998, os atletas de Hong Kong foram ganhando reconhecimento gradualmente em muitas competições multidesportivas internacionais, como os Jogos da Commonwealth, os Jogos Olímpicos e os Jogos Asiáticos”. “Com a sua visão e o máximo esforço, Hong Kong permaneceu como uma entidade desportiva separada após a passagem da soberania”, do território do Reino Unido para a China, enfatizou a organização. “O seu trabalho como presidente do Conselho Urbano, Membro da Autoridade de Habitação, Comité Consultivo de Direito Básico de Hong Kong e outros serviços públicos foi amplamente reconhecido pelos governos de Hong Kong e por várias organizações. A sua morte é uma grande perda para o desporto e para a comunidade local”, acrescentou aquela organização. O Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou também a morte do comendador e recordou “uma das figuras mais relevantes da comunidade macaense e portuguesa” em Hong Kong.
Andreia Sofia Silva Grande Plano Manchete25 de Abril | A ida de Nobre de Carvalho à AL e as palavras de apoio Foi há 49 anos, a 25 de Abril de 1974, que, em Portugal caiu o Estado Novo às mãos da chamada Revolução dos Cravos. Em Macau, o governador Nobre de Carvalho foi à Assembleia Legislativa, dia 29, dar conta da nova ordem política na metrópole, tendo recebido mensagens de apoio dos vogais e das câmaras municipais do Leal Senado e das Ilhas. A censura foi abolida no dia 6 de Maio. Recordamos os discursos e artigos de opinião publicados nos jornais desses dias Numa época em que telefonar para Lisboa constituía uma missão olímpica e em que as notícias chegavam por telegrama, o impacto do 25 de Abril de 1974 em Macau sentiu-se tardiamente. O fim do Estado Novo e do regime ditatorial comandado por Marcello Caetano, como herança do já falecido António de Oliveira Salazar, só foi oficialmente anunciado na Assembleia Legislativa (AL) no dia 29 de Abril pelo então governador Nobre de Carvalho. Aos deputados, este disse existir, por vezes, a necessidade, “na vida dos povos, de decisões drásticas e audaciosas que sacudam uma Nação”, noticiou o diário “Notícias de Macau” a 1 de Maio de 1974. No período antes da ordem do dia da mesma sessão plenária, José Maneiras, arquitecto, levou para o seu discurso o poema de Manuel Alegre, histórico do Partido Socialista (PS) e um dos que resistiram à ditadura: “No meu país há uma palavra proibida”. A edição do “Notícias de Macau” de 3 de Maio de 1974 reproduziu, na íntegra, o discurso de Maneiras, que prestou uma “calorosa homenagem” ao Movimento das Forças Armadas (MFA) “pela sua preponderante acção desenvolvida com verticalidade, elevado espírito de missão e de profunda consciencialização dos anseios genuinamente nacionais”. “Não importa fazer aqui a autópsia do antigo regime. De tal missão se encarregará a história. Importa, pois, que todos nós, imbuídos do espírito democrático, saibamos voltar as costas a um passado e, em comunhão dos ideais mais elevados, esquecendo dissecções antigas ou divisões facciosas, encarar com confiança o futuro que se nos depara, com plena consciência dos direitos e deveres que, sobre nós, recaem na construção do bem comum que estruturará um Portugal renovado, pleno de vitalidade (…)”, disse então. Outro membro do hemiciclo que usou da palavra foi o engenheiro Humberto Rodrigues. “Desejo apoiar com modéstia e sinceridade as considerações que V. Exª acaba de aduzir a propósito da instalação pelo MFA do novo regime no nosso país. Neste singelo apoio, certamente retratando o sentido de todos os portugueses, votos faço para que, desta nova situação, Portugal se encaminhe para um futuro melhor, para seu maior prestígio e dignificação e para bem de quantos se orgulham da nacionalidade portuguesa, bem como daqueles que, confiadamente, se abrigam à sombra da bandeira verde-rubra”, noticiou então o “Notícias de Macau” na sua edição de 1 de Maio de 1974. Também Ho Yin, histórico líder da comunidade chinesa, interveio na sessão de 29 de Abril. Segundo o “Notícias de Macau” do dia 6 de Maio de 1974, este exaltou o facto de Nobre de Carvalho permanecer como governador, por decisão da Junta de Salvação Nacional. “Julgo interpretar o sentir de todos os senhores vogais desta Assembleia, afirmando que o facto constitui, sem dúvida, motivo de jubilo para esta província”, disse. Ho Yin lembrava “os esforços despendidos por V. Exa. para o desenvolvimento desta terra mereceram a melhor apreciação do povo português”, pelo que a continuação de Nobre de Carvalho “nas rédeas do governo de Macau deverá contribuir, indubitavelmente, para o maior progresso desta terra”. “Os trabalhos desta Assembleia, sob a sábia orientação de V. Exa., irão prosseguir da melhor forma, a bem do futuro de Macau e do bem-estar da sua população portuguesa e chinesa”, salientou o pai do futuro primeiro Chefe do Executivo da RAEM, Edmund Ho. Outro importante interveniente na sessão plenária foi o advogado macaense Carlos D’Assumpção. “As notícias divulgadas pelos órgãos de informação e a palavra autorizada de V. Exa. senhor governador vêm pôr termo à expectativa, ansiedade e natural apreensão que acompanhou o desenrolar dos recentes acontecimentos no recanto europeu de Portugal”, começava por dizer. Carlos D’Assumpção apontava que “não há instituições que dispensem adaptação, revigoramento ou até transformação, mas há-as mais ou menos aptas à realização dos fins que se propõem, como as há que, em si mesmas, encerram o germe da sua inoperância ou destruição”. Além disso, dizia, “não há sistemas políticas eternos ou perfeitos, mas há-os de maior ou menor estabilidade, como os há que, por se adequarem às qualidades e defeitos dos homens e das comunidades a que se destinam, criam e mantém as condições indispensáveis à melhoria e elevação da vida colectiva”. Moções de apoio Macau tinha, à época, o poder municipal institucionalizado com as Câmaras Municipais do Leal Senado e das Ilhas. Ambas aprovaram moções de apoio à continuidade de Nobre de Carvalho à frente do Governo e ao novo regime político saído da revolução. Essas moções só foram discutidas e aprovadas no início do mês de Maio. Segundo o “Notícias de Macau” de 3 de Maio de 1974, a Câmara Municipal das Ilhas aderiu “aos princípios e objectivos da Junta de Salvação Nacional”, governo provisório criado após a queda do regime e comandado pelo general António de Spínola. “Importa-se, sim, que esta Câmara Municipal das Ilhas, lídimo representante das populações deste concelho, em seu nome no dos habitantes que aqui vivem e labutam, levante também a sua voz e se faça sentir igualmente que todos estão ao lado daqueles ilustres portugueses que fazem parte da Junta de Salvação Nacional, bem como do seu Governador General José Manuel Nobre de Carvalho”, disse o então presidente da câmara aos vereadores na sessão do dia 2. Já o “Gazeta Macaense”, na sua edição de 1 de Maio de 1974, deu conta da sessão da moção da Câmara Municipal do Leal Senado aprovada e discutida a 29 de Abril. “O Leal Senado, como lídimo representante da população da cidade de Macau e atentas as suas honrosas e gloriosas tradições de lealdade à Pátria, não pode ficar alheio a tão histórico acontecimento que assinala o dealbar para a nação portuguesa da era da reconciliação nacional e da nova ordem política, significativa e expressivamente enunciados no programa da Junta de Salvação Nacional.” Acrescentava-se ainda que a Câmara não podia “ficar indiferente perante a decisão da Junta de Salvação Nacional em manter o senhor general José Manuel Nobre de Carvalho no cargo de Governador desta província, facto que será segura garantia da continuação da sua esclarecida e meritória acção governativa, sempre inspirada por elevados sentimentos de humanidade e generosidade que, além do mais, tanto têm contribuído para a pacífica e harmoniosa convivência das comunidades portuguesa e chinesa”. De frisar que da Junta de Salvação Nacional faziam parte Jaime Silvério Marques, que foi governador de Macau entre 1959 e 1962, bem como o general Francisco da Costa Gomes, antigo Chefe do Estado Maior do Comando Territorial Independente de Macau. O fim da censura Nos primeiros dias de Maio foram vários os artigos de opinião publicados nos jornais locais sobre a nova ordem política vigente em Portugal. Destacamos o texto de “R. Ferreira”, intitulado “25 de Abril de 1974: Uma nova era para Portugal” e publicado no “Notícias de Macau” a 7 de Maio. “Às primeiras horas da madrugada do dia 25 de Abril passado nasceu uma nova era para Portugal. 25 de Abril de 1974 – data que marca um acontecimento importante para o futuro de Portugal. Uma data que encerra, em si, um significado profundo e rico, que transcende uma dimensão autêntica e genuinamente nacional. O significado desta data representa uma vitória do MFA, mostrando-nos, mais uma vez, a sua lealdade à Pátria e ao seu Povo.” Escrevia “R. Ferreira” que era importante o povo “compreender a causa desta vitória, olhando o exemplo heróico daqueles que souberam lutar com honra e, sobretudo, com muita dignidade, esquecendo tudo e todos”. “É motivo para reflexão que certamente ajudará a encontrar novas forças para o futuro de Portugal que temos ânsia de encontrar e construir”, frisou. Uma das primeiras medidas adoptadas em Macau com o fim do Estado Novo em Portugal foi a abolição da censura à imprensa, livros e cinema. O Major Henrique Lages Ribeiro, último presidente da Comissão de Censura à Imprensa, reuniu dia 3 de Maio com os directores de todos os jornais portugueses, tendo divulgado então o fim da entidade, expresso num comunicado oficial emitido três dias depois. Assim, a 6 de Maio de 1974 era oficialmente abolida a comissão e criada uma Comissão Ad-Hoc, composta pelo capitão-tenente Augusto António Catarino Salgado e capitão Estrela Soares, que vigorou até serem implementadas novas leis de imprensa. Na sua edição de 4 de Maio, o “Notícias de Macau” dava conta do sucedido, com a notícia titulada “Foi abolida nesta província a censura à imprensa”. Lê-se, no artigo, que Lages Ribeiro citou algumas passagens referidas por Spínola aos órgãos de informação de Portugal no dia 28 de Abril, em Lisboa, nomeadamente a seguinte: “Com a restituição da liberdade à imprensa, esta pode definir individualmente a sua tendência política, mas será desejável que os órgãos de informação não se tornem extremistas nem da esquerda nem da direita e que evitem atitudes demagógicas que confundam e exaltem as populações.” Em Junho de 1974, o MFA, representado pelo general Garcia Leandro e major Rebelo Gonçalves, organizou uma sessão de esclarecimento em Macau, no colégio de Santa Rosa de Lima, onde foi explicado o que tinha sido a revolução e o impacto desta em Portugal e Macau. De frisar que Garcia Leandro acabaria por ser nomeado governador do território em Novembro de 1974. Com o raiar da Democracia, formam-se em Macau duas associações de cariz político – o Centro Democrático de Macau, ligado ao Partido Socialista e fundado por diversas personalidades locais como Jorge Neto Valente e José Maneiras, e a Associação de Defesa da Instrução dos Macaenses, afecta ao CDS-PP e ligado a Carlos D’Assumpção. Em 1976, seria implementado o Estatuto Orgânico de Macau que daria origem a um novo enquadramento jurídico, e que poria definitivamente um fim ao anterior regime do Estado Novo. No livro “Macau nos anos da revolução portuguesa 1974-1979” Garcia Leandro descreve que esta nova jurisdição “deu aos órgãos do Governo próprio do território verdadeira autonomia legislativa, administrativa, económica e financeira”. Abriu-se, assim, um novo caminho até à assinatura da Declaração Conjunta entre Portugal e a China, a 13 de Abril de 1987. Descreve Garcia Leandro que, à época, “a soberania [portuguesa] em Macau nunca foi muito efectiva”. “Éramos poucos – entre missionários, comerciantes e militares – perante uma população maioritariamente chinesa. Estando os interesses de Portugal já voltados para África, Macau foi perdendo importância num século XX muito instável”, apontou.
Andreia Sofia Silva EventosCCCM | UM patrocina base de dados de documentos históricos O Centro Científico e Cultural de Macau assinou, na quinta-feira, um acordo com a Universidade de Macau para o patrocínio de uma base de dados digital com documentação histórica digitalizada, existente em todo o mundo, sobre as relações entre portugueses e asiáticos, permitindo um acesso mais fácil a investigadores Fazer investigação histórica implica trabalhar com documentos raros, facilmente danificáveis e, muitas vezes, de difícil acesso, espalhados em vários locais. A fim de reunir toda esta documentação online, o Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) tem vindo a expandir a base de dados intitulada “Portuguese Asian Digital Archives Network” (PADAN) [Rede Portuguesa de Arquivos Digitais Asiáticos] que, na quinta-feira, passou a contar com um novo patrocinador, a Universidade de Macau (UM). A PADAN é, assim, uma plataforma digital para a agregação do material de investigação sobre a Ásia existente nas bibliotecas, arquivos e centros de documentação de Portugal e outros países. Com esta iniciativa, pretende-se que alguma da documentação à guarda da UM passe a pertencer a esta rede, conforme disse ao HM Rui Martins, vice-reitor da instituição. “A UM tem muita informação e muitos documentos históricos adquiridos recentemente, nomeadamente o manuscrito, adquirido a privados, sobre a instalação da primeira embaixada portuguesa na China, e que data do reinado de D. João V. Só existem dois exemplares em todo o mundo e um deles está no Palácio Nacional de Queluz.” Carmen Amado Mendes, presidente do CCCM, destacou no seu discurso que a PADAN irá “promover a investigação internacional sobre a história das relações entre portugueses e asiáticos e uma maior cooperação ao nível dos arquivos internacionais”. “Os arquivos históricos e documentos escritos à mãos são algumas das mais preciosas e importantes fontes para a investigação histórica, mas o facto é que são materiais frágeis e únicos, o que significa que o acesso é difícil e restrito. Recentes desenvolvimentos ao nível da tecnologia digital resultaram na possibilidade de haver um maior acesso a imagens e documentos históricos digitalizados, e este desenvolvimento traz um enorme potencial para fomentar e melhorar o estudo em torno de documentos raros sem risco de os danificar”, acrescentou. Livros e mais livros O acordo assinado na quinta-feira visa ainda a publicação de mais obras entre o CCCM e a UM, com o apoio financeiro desta universidade. “Temos uma colecção de oito livros publicados e há mais projectos a caminho”, contou Rui Martins. Uma das últimas edições foi sobre os 200 anos do jornal “Abelha da China”, sendo que a primeira edição aconteceu há dez anos com a publicação, na versão portuguesa, da tese de doutoramento de Carmen Amado Mendes, intitulada “Portugal e o estabelecimento da Questão de Macau, 1984-1999: Pragmatismo nas Negociações Internacionais”. Espera-se, assim, um aumento do número de livros editados neste contexto, em diversas áreas académicas.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaAcordo | Pansy Ho quer que Macau seja o “Davos do Turismo” Foi assinado, na sexta-feira, um acordo entre o Fórum de Economia do Turismo Global e a Organização Mundial do Turismo que estipula que o fórum seja organizado em Macau de dois em dois anos. Pansy Ho, secretária-geral do Fórum, defende que Macau deveria ser visto como o “Davos do Turismo” A vice-presidente e secretária-geral do Fórum de Economia do Turismo Global (GTEF, na sigla inglesa) afirmou na sexta-feira que Macau deveria ser encarado como ‘o Davos do Turismo’, ao assinar um acordo com a Organização Mundial de Turismo (OMT). “Queremos fazer do GTEF um Davos do Turismo”, disse Pansy Ho depois de assinar com a OMT, em Lisboa, um acordo para uma parceria ampliada entre estas duas organizações que deverá fazer com que o fórum passe a ser realizado um ano em Macau e no ano seguinte noutra região. “Estamos a abrir um novo capítulo, com o mundo a recuperar da pandemia e o turismo a ganhar fôlego, é um momento crítico para o sector e para a economia mundial”, disse a responsável que é também directora executiva da MGM China, anunciando que “em 2024 o GTEF vai ser realizado noutra região para encorajar um diálogo maior sobre como o sector do turismo pode contribuir para resolver as necessidades das pessoas e fomentar o desenvolvimento económico e social”. Este ano, acrescentou, “é o primeiro ano completamente pós-pandémico, e o regresso dos turistas chineses representa uma esperança para o turismo mundial, e o próximo GTEF [agendado para finais de Setembro, em Macau], vai ser uma grande oportunidade para reflectirmos sobre a última década e sobre como nós, enquanto sector, podemos encarar o futuro”. No encontro em Lisboa, Pansy Ho destacou ainda as “relações muito próximas” com a capital portuguesa, lembrando que o país “foi dos primeiros a apoiar o GTEF, logo no lançamento”, e mostrou-se convicta de que a relação entre Macau e Portugal “vai continuar a florescer”. Empresas e companhia O acordo-quadro assinado na sexta-feira vai permitir que o Fórum e a OMT explorem “uma cooperação global mais abrangente em áreas diversificadas como o turismo, economia e cultura no período pós-pandémico”. No seu discurso, Lei Wai Nong, secretário para a Economia e Finanças, esclareceu que esta nova parceria “representa mais oportunidades de desenvolvimento ‘importadas’ para Macau e parceiros”, bem como um novo “marco na estratégia de ‘exportação’ além-fronteiras” do Fórum. “Acreditamos que, com esta colaboração elevada, iremos contribuir ainda mais para o desenvolvimento sustentável e a longo prazo do turismo global e das indústrias relacionadas, bem como promover o desenvolvimento diversificado de Macau”, rematou. Zurab Pololikashvili, da OMT, afirmou ser necessária “uma plataforma que reúna governos, líderes de negócios, organizações internacionais e empreendedores”, pelo que o Fórum será isso mesmo, desempenhando “um papel insubstituível como local de encontro por excelência de líderes do turismo global”. A próxima edição do Fórum pretende discutir, com as várias entidades e personalidades participantes, “como melhor abordar a nova normalidade no período pós-pandémico e como, através de cooperação internacional inovadora e sustentável, formar um ecossistema da indústria turística dotado de elevada resiliência, qualidade e personalização”. Xangai será a cidade convidada principal, enquanto Itália será o país parceiro do evento. Com Lusa
Andreia Sofia Silva SociedadeCooperação | Associações de turismo assinam acordo A Associação do Turismo Chinês em Portugal, a Associação Portuguesa das Agências de Viagens e a Associação das Agências de Viagens de Macau assinaram na quinta-feira um protocolo que estabelece o compromisso de partilha de “informações e recursos turísticos” e de exploração de “novos projectos e produtos turísticos”. As entidades acordam também em “realizar visitas entre os participantes do sector de turismo das três partes, assim como conferências, seminários e outras acções, nomeadamente de promoção”, apontou em comunicado a Associação do Turismo Chinês em Portugal.
Andreia Sofia Silva SociedadeInvestigação | UM assina acordo com Universidade de Lisboa A tarde de sexta-feira ficou reservada para a assinatura de um novo acordo quadro de cooperação entre a Universidade de Macau (UM) e a Universidade de Lisboa (UL), onde esteve presente o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, e restantes membros do Governo. Aos jornalistas, Rui Martins, vice-reitor da UM, adiantou que o novo acordo permite “uma colaboração mais aprofundada em áreas importantes como oceanografia, microelectrónica e robótica”. Ao abrigo do compromisso, a “UM oferece 20 bolsas de doutoramento e pós-doutoramento, bem como para ‘visiting scholars’ [académicos visitantes], que são atribuídas durante três anos, de uma forma competitiva, e que permite que alunos ou doutorados da UL dessas áreas possam trabalhar em Macau com condições muito favoráveis”. O evento ficou ainda marcado pela apresentação do resultado de uma colaboração entre a UM e a TechnoPhage SA, uma spin-off ligada à UL, que levou ao licenciamento de uma patente na área da medicina tradicional chinesa para a doença de Parkinson, que culminará com a chegada ao mercado da União Europeia de um novo produto que funciona como suplemento alimentar preventivo da doença. “Esta colaboração existe há cerca de uma década e iniciou-se com a última visita do ex-Presidente da República Cavaco Silva a Macau, quando visitou o nosso campus em 2014”, adiantou Rui Martins.