Mais de 80 por cento quer ver fixado o preço de habitação privada nos novos aterros

[dropcap]M[/dropcap]i Jian, director dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional (DSEPDR), anunciou ontem na Assembleia Legislativa (AL) alguns resultados preliminares de um inquérito realizado a residentes sobre a política “Terras de Macau para Gentes de Macau”, tendo em conta o desenvolvimento dos novos aterros no que diz respeito à construção de habitação privada.

“Mais de 90 por cento dos inquiridos defende que os compradores devem ser residentes de Macau, enquanto que 88 por cento concorda que o preço deve ser fixado”, apontou o responsável. “Mais de 59 por cento dos inquiridos apoiam fortemente o lançamento de habitações privadas para os cidadãos, mas 70 por cento defende que essa medida não é suficiente.”

Para Mi Jian, não basta dispor desta política mas é fundamental ter medidas que garantam o acesso às fracções. “Esta política não é vista como uma solução definitiva pelas pessoas, pois o mais importante para os inquiridos é o aumento do número de habitações e da oferta de terrenos. Várias pessoas querem que esta política os ajude a comprar uma casa, mas pensam não ser suficiente.” Para o responsável, é necessário “aumentar a oferta de habitações”.

Dá-me espaço

O director da DSEPDR garantiu ao deputado Ng Kuok Cheong que actualmente o Governo dispõe de 270 mil metros quadrados de terrenos devolvidos à hasta pública, mas se recuperar todos os terrenos cuja concessão foi anulada, terá um milhão de metros quadrados disponíveis.

“O Governo já está preparado para o efeito, mas temos ainda divergências face a medidas concretas”, frisou.
Mi Jian disse ainda que “vários inquiridos entendem não ter uma necessidade premente de compra de casa nos próximos 12 meses”, sendo que a percentagem dos que têm uma necessidade mais urgente está apenas nos 11 por cento.

O relatório relativo ao inquérito, concluído em Outubro, deverá ser agora entregue ao Chefe do Executivo para análise. Mi Jian assegurou que ainda não existem conclusões finais. Ainda assim, “o Governo não avançou com qualquer projecto de construção privada” nos novos aterros, concluiu.

Na sua interpelação oral, o deputado Ng Kuok Cheong defendia a criação de um limite na compra de terrenos nos novos aterros pelos residentes, mas Mi Jian parece ter afastado, para já, essa hipótese. “Não pretendemos que todos os residentes venham a comprar uma fracção nos novos aterros urbanos, apenas queremos que uma parte seja destinada para essa política”, concluiu o deputado do campo pró-democracia.

28 Nov 2019

Função Pública | Governo quer evitar reformas em caso de processos disciplinares 

Kou Peng Kuan, director dos Serviços de Administração e Função Pública, disse ontem no hemiciclo que está a ser analisada a possibilidade de os funcionários públicos deixarem de poder pedir a reforma caso sejam alvo de um processo disciplinar. O regime de remunerações também está a ser revisto

 

[dropcap]O[/dropcap] Governo pretende alterar o regime de responsabilização dos funcionários públicos para que estes deixem de poder pedir a reforma enquanto estiverem a ser alvo de um processo disciplinar. A ideia foi avançada ontem na Assembleia Legislativa (AL) por Kou Peng Kuan, director dos Serviços para a Administração e Função Pública (SAFP), quando questionado sobre o assunto pelo deputado Si Ka Lon.

“De acordo com a lei actual a abertura de um processo disciplinar não afecta o pedido de aposentação. A orientação do Governo vai no sentido de propor uma relação entre o processo disciplinar e a aposentação do serviço, para que nenhum trabalhador possa activar esse mecanismo [enquanto é alvo de um processo disciplinar]”, disse o responsável, que frisou que a ideia é evitar a fuga de responsabilidades com a desvinculação da Função Pública.

O deputado Si Ka Lon reagiu, afirmando que a sociedade continua a não estar satisfeita com o panorama de responsabilização dos dirigentes. “No que diz respeito ao regime de responsabilização e desempenho a sociedade não está satisfeita. Para que o nosso Governo seja transparente há que sancionar as pessoas que não trabalham bem.” Em 2018 os SAFP criaram um grupo de trabalho para rever o regime de responsabilização.

Salários revistos para todos

No segundo dia de debate de resposta às interpelações orais dos deputados, foi também debatida a revisão dos salários pagos na Administração, uma questão colocada pelo deputado Mak Soi Kun.

“Um técnico superior pode chegar ao índice 735 e ainda pode receber horas extraordinárias, mas um chefe de divisão não. Antes da transferência de soberania era um orgulho ser chefe, mas agora não é bem assim, porque um chefe de divisão tem de se encontrar com jornalistas e fazer horas extra. Muitos dizem preferir ser técnicos superiores assessores do que serem chefes de divisão”, alertou o deputado.

Kou Peng Kuan adiantou que está a ser feito um estudo sobre a actual estrutura das remunerações pagas no seio da Administração. “Quando houver uma proposta será colocada a consulta pública”, frisou.

O director dos SAFP reconhece insuficiências e diz-se disposto a eliminar injustiças. “O Governo está atento aos problemas com a remuneração nesses cargos, daí estar a rever a estrutura salarial. Os funcionários gerais têm progressão na carreira e vêem o seu vencimento aumentado, enquanto que nos cargos de chefia não há essa possibilidade. O Governo vai estar atento.”

Kou Peng Kuan disse mesmo que a ideia é rever também os índices salariais de todos os funcionários públicos. “Vamos fazer uma revisão da estrutura dos salários dos funcionários em geral. A estrutura salarial depende das condições do mercado, temos de ver a razoabilidade das medidas e ainda estamos a recolher informações”, apontou Kou Peng Kuan, sem anunciar datas.

28 Nov 2019

FRC | Palestra revela profunda amizade de Jorge de Sena e Sophia de Mello Breyner 

No âmbito das comemorações do centenário do nascimento de uma das maiores poetisas portuguesas, recorda-se hoje, na Fundação Rui Cunha, a sua amizade com outro poeta português, Jorge de Sena. Liliana Pires e Pedro D’Alte vão ler a correspondência trocada pelos dois autores, já publicada em livro, enquanto que a académica Ana Paula Dias modera a apresentação

 

[dropcap]A[/dropcap]contece hoje ao final do dia, na Fundação Rui Cunha (FRC), uma sessão de leitura das cartas que comprovam a amizade entre dois dos mais importantes autores de língua portuguesa, Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena. O evento, moderado pela académica Ana Paula Dias, contará com a participação dos académicos Liliana Pires e Pedro D’Alte, que serão responsáveis pela leitura das cartas.

Nascidos ambos em 1919, com apenas quatro dias de diferença, Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena “partilharam vários traços identitários”, como denota Ana Paula Dias no seu texto introdutório, que será hoje lido na FRC. Os dois autores conheceram-se entre 1949 e 1951 quando colaboravam na revista Cadernos de Poesia, por intermédio de Mécia Lopes, irmã do crítico literário Óscar Lopes, que seria depois casada com Jorge de Sena.

Na sua apresentação, Ana Paula Dias faz referência a este encontro, citando a nota prévia de Mécia Lopes na obra “Correspondência 1959-1978”, livro editado em Portugal pela Guerra & Paz. “Eu conhecera a Sophia desde muito jovem, quando vivíamos na mesma área da Boavista e ela frequentava o Colégio de Nossa Senhora do Rosário (onde o professor de Canto Coral era meu pai) e que frequentei por algum tempo”, escreveu Mécia. Nesse mesmo livro, a filha de Sophia de Mello Breyner refere que Jorge de Sena era visita semanal da casa da autora e de Francisco Sousa Tavares, com quem foi casada durante vários anos.

O exílio

Jorge de Sena, essencialmente poeta e tradutor, mas também autor de um único romance, “Sinais de Fogo”, acabaria por exilar-se para o Brasil, onde viveu até ao fim da vida. A partida do casal Sena acontece em 1959, não sem antes o autor receber um convite do Governo brasileiro por recomendação de Eduardo Lourenço, grande ensaísta português, que então era professor na Universidade da Bahia, para participar no IV “Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros”.

Seria a entrada de um mundo novo para a família Sena, e a partir daí os dois autores começaram a trocar cartas. “A primeira troca de missivas entre os dois acontece em Janeiro de 1960, poucos meses depois de os Sena terem ido para o Brasil”, descreve Ana Paula Dias, que volta a citar a nota prévia de Mécia Lopes. “Os breves encontros que depois nos foram dados eram sempre um atropelo de conversa, com o tempo sempre insuficiente para o tanto que havia que dizer.”

Numa das cartas enviadas pelo casal Sena quando este ainda está no Brasil, Sophia de Mello Breyner confessaria a Jorge de Sena: “Que saudades tenho de o ver aparecer para almoçar naquelas suas visitas que eram para nós sempre uma festa”.

Sena faleceu em 1978, mas durante anos trocaram bastantes cartas onde se “elogiavam, discutiam a situação do país e criticavam (e muito) os restantes escritores portugueses”, escreve Ana Paula Dias. A académica, doutorada pela Universidade Aberta, afirma que “a publicação da correspondência entre Jorge de Sena e Sophia de Mello Breyner só foi possível graças à veia de ‘arquivista’ do autor (Jorge de Sena) e de Mécia”.

Maria Andresen Tavares, irmã do escritor e jornalista Miguel Sousa Tavares, recordou na mesma obra que a sua mãe “não arquivava as cartas recebidas, havendo poucos exemplares disponíveis. Se foi possível dar a conhecer esta troca epistolar foi por Jorge guardar todas as cartas recebidas, bem como o rascunho das enviadas”, descreve Ana Paula Dias no seu texto introdutório.

Os dois escritores também se envolveram no activista político dada a existência do Estado Novo em Portugal, regime ditatorial liderado por António de Oliveira Salazar, que só terminaria a 25 de Abril de 1974. “A pulsão para o activismo político, por imperativo ético, também uniu estes dois escritores que só aos 50 anos, na sequência de uma breve deslocação de Sena a Portugal (já Marcelo Caetano substituíra Salazar) começam a tratar-se por ‘tu’”, escreve Ana Paula Dias.

Para a académica, o activismo político de Sena e Sophia “é um dos aspectos documentalmente interessantes” do livro que reúne as cartas trocadas entre os dois. “De lamentar, além da perda de algumas cartas de Sena apreendidas pela PIDE (Polícia de Intervenção e Defesa do Estado, a polícia do Estado Novo) na casa de Sophia e jamais recuperadas, é a omissão total de correspondência no biénio 1974-75, tão decisivo para Portugal.”

A sessão de hoje na FRC contará ainda com a exibição de um excerto do documentário realizado por Rita Azevedo, feito a partir do livro “Correspondência – Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena”.

27 Nov 2019

Media | Relatório da FIJ fala de mais insegurança e impunidade no sudeste asiático 

É cada vez mais difícil fazer jornalismo em países como o Cambodja, Tailândia, Filipinas ou Myanmar, entre outros. O mais recente relatório da Federação Internacional de Jornalistas relata um aumento das ameaças sentidas pelos jornalistas e insegurança no trabalho. Os profissionais de media sentem uma enorme impunidade e a culpa é do Governo, das leis e do sistema judicial

 

[dropcap]M[/dropcap]anter vivo e de boa saúde o chamado quarto poder na zona do sudeste asiático parece uma tarefa cada vez mais difícil. O relatório da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), recentemente divulgado, dá conta de uma situação muito negativa em países como o Cambodja, Indonésia, Tailândia, Myanmar, Timor-Leste, Filipinas e Malásia no que diz respeito à segurança na profissão de jornalista e à sua protecção pela via das leis e das instituições.

“As maiores ameaças no sudeste asiático são a prisão ou detenção por parte das autoridades e, em segundo lugar, ataques tendo como alvo os jornalistas”, lê-se no relatório. De frisar que a maior parte dos inquiridos, 41 por cento, disse ter entre 26 e 35 anos, sendo que 57 por cento são jornalistas.

O relatório dá conta que, no Cambodja, as maiores ameaças são a prisão ou detenção por parte das autoridades, enquanto que na Indonésia e no Myanmar são os alvos ao trabalho jornalístico. Na Malásia o sector dos media sofre com baixos salários e más condições de trabalho, tal como em Timor-Leste, enquanto que nas Filipinas ocorrem casos de assédio online, ataques no local de trabalho, reprimendas ou despedimentos e alvos ao trabalho jornalístico. Na Tailândia são comuns os ataques cibernéticos através de plataformas móveis.

O inquérito realizado pela FIJ permitiu concluir que 61 por cento dos jornalistas disse que o seu trabalho lhes trouxe preocupações ao nível da segurança nos últimos 12 meses, enquanto que 25 por cento dos repórteres assumiu ter tido experiências negativas relacionadas com o seu trabalho. Por sua vez, 24 por cento dos jornalistas disse ter sido ameaçado pessoalmente.

Por entre factores económicos e políticos, as empresas e os seus profissionais sofrem por diversos motivos. De todos os entrevistados pela FIJ, 37 por cento afirmou que a situação dos media no seu país não melhorou ou manteve-se inalterada no último ano em termos de impunidade. As razões citadas pela falta de desenvolvimentos nesta área prendem-se com a propriedade dos media, as políticas governamentais e as leis. A título de exemplo, no Cambodja metade dos jornalistas disse que a situação dos profissionais está em franco declínio, com figuras políticas ou políticas governamentais a serem os principais responsáveis pela situação. No geral, mais de 30 por cento dos inquiridos afirmaram que, no sudeste asiático, a situação dos media não melhorou.

Contudo, nem todos os resultados são maus. No caso de Timor-Leste, 37 por cento dos jornalistas disse sentir que a situação dos media melhorou devido às políticas governamentais, à ética jornalística e ao profissionalismo.

A culpa é do Governo

A FIJ traça também o cenário do grau de impunidade que existe nestes países no que diz respeito a casos de ataques ou insegurança. Resultados mostram que nos países do sudeste asiático a impunidade está numa média de 7,2 pontos, de zero a dez, sendo que dez representa o nível extremamente mau. “Um terço dos inquiridos, 33 por cento, disse que os esforços do Governo para providenciar protecção suficiente para os seus jornalistas piorou”, lê-se no documento, enquanto que “os inquiridos no Myanmar e Timor-Leste afirmaram que os esforços feitos pelos seus Governos são aceitáveis”.

O relatório da FIJ dá também conta que “as quatro influências negativas mais predominantes para o clima de impunidade no sudeste asiático estão relacionadas com a liderança política, Governo, sistema judicial e ética jornalística”. Enquanto isso, “os jornalistas de países como o Cambodja, Indonésia, Malásia e Tailândia identificaram os seus Governos como os principais responsáveis pela impunidade”.

O caso do Myanmar

O Myanmar tem as suas especificidades no que à situação dos media diz respeito. Mais de 20 por cento dos jornalistas ouvidos pela FIJ dizem fazer a cobertura de assuntos relacionados com os direitos humanos. A Presidente do país, Aung San Suu Kyi, ganhou um Nobel da Paz, mas nem isso fez mudar o panorama de falta de liberdade em que vive o país.

“Com eleições marcadas para 2020, a líder Aung San Suu Kyi não mostrou que a política vai prestar atenção à difícil situação dos media no Myanmar. Apesar da libertação, em Maio, dos dois jornalistas da Reuters, Wa Lone e Kyaw Soe Oo, depois de uma intensa pressão internacional, os media apenas encontraram restrições e obstáculos no último ano”, refere o relatório.

A FIJ defende que o Myanmar, antiga Birmânia, “falhou na criação de um ambiente propício a que os media consigam prosperar, enquanto que o sistema judicial é usado de forma agressiva como arma para prevenir a fiscalização do Governo”.

“A confiança do público nos media está no nível mais baixo numa altura crítica em que as redes sociais estão a emergir na esfera pública, criando um ambiente de divisões e conflitos. Enquanto isso, os media locais enfrentam dificuldades para sobreviver devido à falta de modelos de negócio viáveis”, acrescenta o relatório.

Para a FIJ, a detenção dos dois repórteres da Reuters, que investigavam a situação da minoria rohingya, “representa o teste decisivo para a situação da liberdade de imprensa no Myanmar”. A sua prisão mostra que “o clima de medo e os sinais de alerta dos dois jornalistas da Reuters sem dúvida que contribuem para um ambiente de auto-censura”, acrescenta a FIJ.

“Inimigos de Estado”

No caso das Filipinas, país presidido por Rodrigo Duterte, a situação está longe de ser a ideal. “Não existem dúvidas de que as Filipinas continuam a ser um dos países mais perigosos do mundo para a prática da profissão de jornalista”, diz a FIJ.

A situação de extrema violência contra repórteres foi tema de uma reportagem do canal televisivo Al Jazeera, a 10 de Outubro deste ano, intitulada “A Nova Guerra de Duterte”, e que versava sobre mortes extra-judiciais na ilha de Negros, zona central do país, desde 2018. O relatório da FIJ dá conta que o Governo tem vindo a usar as suas forças de segurança para associar os jornalistas ao movimento comunista.

Exemplo disso foi o facto de, na reportagem da Al Jazeera, ter sido ouvido o Major General Antonio Parlade Jr., chefe das relações civis-militares, que negou envolvimentos com as mortes, apesar de “muitos familiares das vítimas suspeitarem de que as mortes foram levadas a cabo pelas forças de Estado”. Antonio Parlade Jr. afirmou que os relatórios referidos na reportagem não são credíveis porque “os media, especialmente os mais convencionais, estão dominados pelos quadros do Partido Comunista das Filipinas, na imprensa escrita e mesmo na televisão”.

A FIJ frisa que não foram apresentadas provas destas alegações, pelo que “foi feita uma acusação sem fundamento contra os jornalistas filipinos”. “Mas muito antes das declarações de Parlade, já existiam sinais de que as organizações de jornalistas ou repórteres mais críticas estavam na mira das forças de segurança estatais”, acrescenta o relatório.

Outro caso referido diz respeito à detenção da jornalista Maria Ressa, CEO do website informativo Rappler, devido à sua cobertura sobre a guerra travada por Duterte contra traficantes e consumidores de droga. A jornalista, que foi distinguida pela revista Time, foi libertada após pagar caução. O caso levou a uma reacção por parte dos EUA, que apelaram ao Governo filipino para que libertasse a jornalista, que também tem a nacionalidade norte-americana, e deixasse o seu sítio na internet “trabalhar livremente”.

Por fazer

Num capítulo com o título “Novo País, Velhos Desafios”, a FIJ retrata Timor-Leste como um país que está numa situação ligeiramente mais favorável face aos seus parceiros na zona do sudeste asiático mas que, ainda assim, há muito para fazer.

“Durante o bloqueio para a restauração da independência, a liderança de então comprometeu-se com a garantia de liberdade de expressão e media livres. Em 2019, o país marcou 20 anos desde que houve o referendo pela independência em relação à Indonésia, depois de 24 anos de ocupação, que traçou um novo caminho para a indústria dos media”, recorda o documento.

Actualmente existem, de acordo com dados de 2017, 50 organizações de media em Timor-Leste, incluindo cinco jornais diários. Apesar do dinamismo do sector, “muitos desafios necessitam de ser superados e muito mais precisa de ser feito para garantir uma genuína liberdade de imprensa em Timor-Leste”. Dois inquéritos realizados no país mostram que 63 por cento dos jornalistas disseram que a situação dos media “melhorou significativamente” nos últimos 12 meses, mas “os baixos salários e as más condições de trabalho são considerados como grandes ameaças à liberdade de imprensa”. Isto de acordo com 41 por cento dos inquiridos, sendo que 20 por cento disse que existem ataques ao jornalismo. Os esforços do Governo “são aceitáveis”, mas é “necessária uma melhoria”.

“Um dos principais problemas que os jornalistas de Timor-Leste continuam a enfrentar é a falta de acesso a informações cruciais ou documentos”, uma vez que o Governo “detém um monopólio de informação e regularmente recusa providenciar documentos aos media”. Grande parte dessa informação está relacionada com empresas que participaram em concursos públicos para projectos promovidos pelo Governo e que fogem ao escrutínio dos media.

27 Nov 2019

Media | Relatório da FIJ fala de mais insegurança e impunidade no sudeste asiático 

É cada vez mais difícil fazer jornalismo em países como o Cambodja, Tailândia, Filipinas ou Myanmar, entre outros. O mais recente relatório da Federação Internacional de Jornalistas relata um aumento das ameaças sentidas pelos jornalistas e insegurança no trabalho. Os profissionais de media sentem uma enorme impunidade e a culpa é do Governo, das leis e do sistema judicial

 
[dropcap]M[/dropcap]anter vivo e de boa saúde o chamado quarto poder na zona do sudeste asiático parece uma tarefa cada vez mais difícil. O relatório da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), recentemente divulgado, dá conta de uma situação muito negativa em países como o Cambodja, Indonésia, Tailândia, Myanmar, Timor-Leste, Filipinas e Malásia no que diz respeito à segurança na profissão de jornalista e à sua protecção pela via das leis e das instituições.
“As maiores ameaças no sudeste asiático são a prisão ou detenção por parte das autoridades e, em segundo lugar, ataques tendo como alvo os jornalistas”, lê-se no relatório. De frisar que a maior parte dos inquiridos, 41 por cento, disse ter entre 26 e 35 anos, sendo que 57 por cento são jornalistas.
O relatório dá conta que, no Cambodja, as maiores ameaças são a prisão ou detenção por parte das autoridades, enquanto que na Indonésia e no Myanmar são os alvos ao trabalho jornalístico. Na Malásia o sector dos media sofre com baixos salários e más condições de trabalho, tal como em Timor-Leste, enquanto que nas Filipinas ocorrem casos de assédio online, ataques no local de trabalho, reprimendas ou despedimentos e alvos ao trabalho jornalístico. Na Tailândia são comuns os ataques cibernéticos através de plataformas móveis.
O inquérito realizado pela FIJ permitiu concluir que 61 por cento dos jornalistas disse que o seu trabalho lhes trouxe preocupações ao nível da segurança nos últimos 12 meses, enquanto que 25 por cento dos repórteres assumiu ter tido experiências negativas relacionadas com o seu trabalho. Por sua vez, 24 por cento dos jornalistas disse ter sido ameaçado pessoalmente.
Por entre factores económicos e políticos, as empresas e os seus profissionais sofrem por diversos motivos. De todos os entrevistados pela FIJ, 37 por cento afirmou que a situação dos media no seu país não melhorou ou manteve-se inalterada no último ano em termos de impunidade. As razões citadas pela falta de desenvolvimentos nesta área prendem-se com a propriedade dos media, as políticas governamentais e as leis. A título de exemplo, no Cambodja metade dos jornalistas disse que a situação dos profissionais está em franco declínio, com figuras políticas ou políticas governamentais a serem os principais responsáveis pela situação. No geral, mais de 30 por cento dos inquiridos afirmaram que, no sudeste asiático, a situação dos media não melhorou.
Contudo, nem todos os resultados são maus. No caso de Timor-Leste, 37 por cento dos jornalistas disse sentir que a situação dos media melhorou devido às políticas governamentais, à ética jornalística e ao profissionalismo.

A culpa é do Governo

A FIJ traça também o cenário do grau de impunidade que existe nestes países no que diz respeito a casos de ataques ou insegurança. Resultados mostram que nos países do sudeste asiático a impunidade está numa média de 7,2 pontos, de zero a dez, sendo que dez representa o nível extremamente mau. “Um terço dos inquiridos, 33 por cento, disse que os esforços do Governo para providenciar protecção suficiente para os seus jornalistas piorou”, lê-se no documento, enquanto que “os inquiridos no Myanmar e Timor-Leste afirmaram que os esforços feitos pelos seus Governos são aceitáveis”.
O relatório da FIJ dá também conta que “as quatro influências negativas mais predominantes para o clima de impunidade no sudeste asiático estão relacionadas com a liderança política, Governo, sistema judicial e ética jornalística”. Enquanto isso, “os jornalistas de países como o Cambodja, Indonésia, Malásia e Tailândia identificaram os seus Governos como os principais responsáveis pela impunidade”.

O caso do Myanmar

O Myanmar tem as suas especificidades no que à situação dos media diz respeito. Mais de 20 por cento dos jornalistas ouvidos pela FIJ dizem fazer a cobertura de assuntos relacionados com os direitos humanos. A Presidente do país, Aung San Suu Kyi, ganhou um Nobel da Paz, mas nem isso fez mudar o panorama de falta de liberdade em que vive o país.
“Com eleições marcadas para 2020, a líder Aung San Suu Kyi não mostrou que a política vai prestar atenção à difícil situação dos media no Myanmar. Apesar da libertação, em Maio, dos dois jornalistas da Reuters, Wa Lone e Kyaw Soe Oo, depois de uma intensa pressão internacional, os media apenas encontraram restrições e obstáculos no último ano”, refere o relatório.
A FIJ defende que o Myanmar, antiga Birmânia, “falhou na criação de um ambiente propício a que os media consigam prosperar, enquanto que o sistema judicial é usado de forma agressiva como arma para prevenir a fiscalização do Governo”.
“A confiança do público nos media está no nível mais baixo numa altura crítica em que as redes sociais estão a emergir na esfera pública, criando um ambiente de divisões e conflitos. Enquanto isso, os media locais enfrentam dificuldades para sobreviver devido à falta de modelos de negócio viáveis”, acrescenta o relatório.
Para a FIJ, a detenção dos dois repórteres da Reuters, que investigavam a situação da minoria rohingya, “representa o teste decisivo para a situação da liberdade de imprensa no Myanmar”. A sua prisão mostra que “o clima de medo e os sinais de alerta dos dois jornalistas da Reuters sem dúvida que contribuem para um ambiente de auto-censura”, acrescenta a FIJ.

“Inimigos de Estado”

No caso das Filipinas, país presidido por Rodrigo Duterte, a situação está longe de ser a ideal. “Não existem dúvidas de que as Filipinas continuam a ser um dos países mais perigosos do mundo para a prática da profissão de jornalista”, diz a FIJ.
A situação de extrema violência contra repórteres foi tema de uma reportagem do canal televisivo Al Jazeera, a 10 de Outubro deste ano, intitulada “A Nova Guerra de Duterte”, e que versava sobre mortes extra-judiciais na ilha de Negros, zona central do país, desde 2018. O relatório da FIJ dá conta que o Governo tem vindo a usar as suas forças de segurança para associar os jornalistas ao movimento comunista.
Exemplo disso foi o facto de, na reportagem da Al Jazeera, ter sido ouvido o Major General Antonio Parlade Jr., chefe das relações civis-militares, que negou envolvimentos com as mortes, apesar de “muitos familiares das vítimas suspeitarem de que as mortes foram levadas a cabo pelas forças de Estado”. Antonio Parlade Jr. afirmou que os relatórios referidos na reportagem não são credíveis porque “os media, especialmente os mais convencionais, estão dominados pelos quadros do Partido Comunista das Filipinas, na imprensa escrita e mesmo na televisão”.
A FIJ frisa que não foram apresentadas provas destas alegações, pelo que “foi feita uma acusação sem fundamento contra os jornalistas filipinos”. “Mas muito antes das declarações de Parlade, já existiam sinais de que as organizações de jornalistas ou repórteres mais críticas estavam na mira das forças de segurança estatais”, acrescenta o relatório.
Outro caso referido diz respeito à detenção da jornalista Maria Ressa, CEO do website informativo Rappler, devido à sua cobertura sobre a guerra travada por Duterte contra traficantes e consumidores de droga. A jornalista, que foi distinguida pela revista Time, foi libertada após pagar caução. O caso levou a uma reacção por parte dos EUA, que apelaram ao Governo filipino para que libertasse a jornalista, que também tem a nacionalidade norte-americana, e deixasse o seu sítio na internet “trabalhar livremente”.

Por fazer

Num capítulo com o título “Novo País, Velhos Desafios”, a FIJ retrata Timor-Leste como um país que está numa situação ligeiramente mais favorável face aos seus parceiros na zona do sudeste asiático mas que, ainda assim, há muito para fazer.
“Durante o bloqueio para a restauração da independência, a liderança de então comprometeu-se com a garantia de liberdade de expressão e media livres. Em 2019, o país marcou 20 anos desde que houve o referendo pela independência em relação à Indonésia, depois de 24 anos de ocupação, que traçou um novo caminho para a indústria dos media”, recorda o documento.
Actualmente existem, de acordo com dados de 2017, 50 organizações de media em Timor-Leste, incluindo cinco jornais diários. Apesar do dinamismo do sector, “muitos desafios necessitam de ser superados e muito mais precisa de ser feito para garantir uma genuína liberdade de imprensa em Timor-Leste”. Dois inquéritos realizados no país mostram que 63 por cento dos jornalistas disseram que a situação dos media “melhorou significativamente” nos últimos 12 meses, mas “os baixos salários e as más condições de trabalho são considerados como grandes ameaças à liberdade de imprensa”. Isto de acordo com 41 por cento dos inquiridos, sendo que 20 por cento disse que existem ataques ao jornalismo. Os esforços do Governo “são aceitáveis”, mas é “necessária uma melhoria”.
“Um dos principais problemas que os jornalistas de Timor-Leste continuam a enfrentar é a falta de acesso a informações cruciais ou documentos”, uma vez que o Governo “detém um monopólio de informação e regularmente recusa providenciar documentos aos media”. Grande parte dessa informação está relacionada com empresas que participaram em concursos públicos para projectos promovidos pelo Governo e que fogem ao escrutínio dos media.

27 Nov 2019

(Des) Conexões | A nova liberdade de Guilherme Ung Vai Meng

Mais de uma dezena de pessoas quiseram ouvir Guilherme Ung Vai Meng no Museu Berardo a explicar uma exposição fora do comum, feita a quatro mãos com o artista Chan Hin Io. Com (Des) Construção, o ex-presidente do Instituto Cultural assume ter feito coisas que nunca imaginou fazer. Agora resta continuar a pensar e a descobrir em novas formas de contar Macau

 

[dropcap]S[/dropcap]ábado à tarde, Museu Berardo, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Mais de uma dezena de pessoas reúnem-se para acompanhar a visita guiada à exposição (Des) Construção, com dezenas de peças onde se inclui a fotografia, a instalação e vídeo, da autoria de Guilherme Ung Vai Meng e Chan Hin Io, que formam o colectivo YiiMa.

Mas antes de explicar uma exposição que revela o que Macau foi e que está, aos poucos, a deixar de ser, Ung Vai Meng, antigo presidente do Instituto Cultural (IC), começa com uma maneira de original de explicar aos interessados parte do que vão ver, ao ensinar os visitantes a trabalhar pedaços de bambu como tradicionalmente se faz no sector da construção civil em Macau.

Os dedos enrolam a ráfia à volta de pedaços de bambu que é oriundo do Alentejo, e não da China. Ung Vai Meng vai explicando uma prática muito comum em Macau, mas que poucos das gerações mais novas querem aprender. A arte de trabalhar o bambu é retratada em duas imagens da exposição, bem como numa grande instalação presente numa das salas.

“Há dois anos, quando visitei o Mosteiro da Batalha, que é lindíssimo, vi que ao lado havia um túmulo, e pensei em usar algo oriental e construir um pórtico”, contou aos visitantes.

Pelo meio, há um ou outro comentário que escapa sobre as decisões do Governo, nomeadamente no que diz respeito à imagem dentro da antiga Central Termoeléctrica da Areia Preta, destruída para dar lugar a habitação pública. “É pena”, disse.

(Des) Construção quase que pode ser chamado de símbolo da liberdade criativa que Guilherme Ung Vai Meng conseguiu desde que deixou a presidência do IC, num processo envolto em polémica, sobre o qual não quer falar. Reformado e a dar aulas de arte na Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, Ung Vai Meng assume que a política nunca foi algo de que gostasse muito.

“Penso que a vida artística não tem fim, sempre quero aprender e ver coisas novas. Antes da minha reforma nem pensava nisso. Desde que me reformei sou muito mais livre, também posso pensar em muitas coisas, ao nível da instalação, escultura, antes nunca tinha feito”, contou ao HM depois da visita guiada.

Apesar de ter estado 34 anos no IC, Ung Vai Meng conta que nunca ambicionou cargos de topo como aquele que desempenhou. “Sou uma pessoa natural, não sou ambicioso. Se aparecer, tudo bem, se não aparecer, tudo bem na mesma. Quando me reformei nunca pensei que fosse fazer algo no Museu Berardo. Se nada aparecesse iria continuar a desenhar ou a pintar.”

Imagens que ficam

Visitar (Des) Construção é depararmo-nos com algo nunca antes feito. Em templos budistas com estruturas de bambu, em antigas casas chinesas com cartazes na parede, nas Ruínas de São Paulo, repousam fotografias com detalhes em que ninguém repara. Há depois o olhar dos próprios artistas cujos corpos se transformam em anjos.

Ung Vai Meng explica ao HM que é como se fossem omnipresentes num território em constante mutação. “Sou pintor e registo paisagens, incluindo as de Macau. Também escrevi um livro sobre a Macau passada. Mas vivemos no século XXI e temos de procurar maneiras novas, ao invés de pintar ou escrever, para contar como era Macau. Por isso utilizámos os nossos corpos como testemunha para olhar o nosso mundo.”

“Sabemos que o anjo tem características muito especiais, consegue aparecer em qualquer sítio, entrar, seja no século XIX, XVI, dentro de casa ou ao ar livre. Somos testemunhas que olhamos, pois os anjos são neutros, nem são maus, nem bons”, relatou.

Esta descoberta constante faz parte da nova vida de Ung Vai Meng. “Trabalhei 34 anos como funcionário do IC e fiquei um bocado cansado. Quis procurar novamente a minha vida de artista. Continuei a pintar e a desenhar, mas em vez de só pintar tenho procurado maneiras de mostrar Macau.”

O facto de a Macau mais tradicional estar a desaparecer não assusta ou afecta Ung Vai Meng, que considera esta mudança natural em muitas cidades, quer sejam asiáticas ou europeias.

“Foi ideia do nosso curador, João Miguel Barros, de olhar para os espaços antigos de Macau. Tínhamos de encontrar uma lógica para organizar esta exposição e penso que isso não acontece só em Macau, mas também na Europa, em Portugal. Por isso em vez de escrever um livro para contar como era Macau, penso que a imagem visual tem mais poder. Por isso fiz este projecto.”

Para o ex-dirigente político, “é normal que sítios ou coisas desapareçam”. “Ontem visitei amigos cá em Portugal e cada pessoa, ou família, em cada sociedade, as coisas estão a desaparecer. É normal, sou testemunha, não tenho respostas. Se algo desaparecer, vão aparecer coisas novas. Sempre olhei para a frente e muitas vezes o passado é um background para conhecer melhor o futuro”, frisou.
Ung Vai Meng prefere não comentar as actuais políticas na área da cultura, numa altura em que o IC é liderado por Mok Ian Ian, depois de várias mudanças na liderança. Mas o artista assume que as especificidades culturais fazem de Macau um território especial.

“Macau é um sítio onde a cultura é algo muito importante e não é fácil, pois nem todas as cidades lidam com esta profundidade cultural, incluindo o património. Para mim a cultura é um recurso que precisa de ser desenvolvido.”

Questionado sobre o que poderia ter feito melhor enquanto esteve à frente do IC, Ung Vai Meng prefere nada apontar. “Fiz aquilo que tinha de fazer. Cabe ao público avaliar se o meu trabalho foi bom ou mau. Penso que tentei o meu melhor, não sei se é bom ou mau, cabe aos cidadãos avaliar. Mas em qualquer área, para um funcionário público, deve ser assim, não apenas na área da cultura.”

26 Nov 2019

Registo criminal | DSAL diz que pedido a TNR’s depende de análise


[dropcap]C[/dropcap]han U Tong, director substituto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), respondeu ao deputado Lei Chan U que a possibilidade de vir a pedir registos criminais a todos os trabalhadores não residentes (TNR) dependerá de análises futuras.

“Relativamente à necessidade de estender a obrigação acima referida a todos os TNR domésticos, o Corpo da Polícia de Segurança Pública (CPSP) manterá uma estreita ligação com associações, órgãos e outros serviços relevantes, levando em conta vários factores e opiniões da sociedade e avaliando a eficácia das actuais medidas e a situação do mercado de trabalho. Isto a fim de rever e aperfeiçoar continuamente as disposições sobre o pedido de permanência de TNR”, lê-se na resposta ao deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Actualmente cabe ao CPSP fazer o pedido dessa documentação em casos pontuais, como é o caso dos TNR que pretendam trabalhar na área da segurança privada.

No que diz respeito à possível obrigatoriedade dos TNR domésticos entregarem relatórios com exames médicos, a DSAL relembra a existência da lei da protecção de dados pessoais e promete “continuar com uma mente aberta para ouvir as opiniões de todos os sectores sociais e fazer uma análise cuidadosa em articulação com a situação real da sociedade”.

26 Nov 2019

Registo criminal | DSAL diz que pedido a TNR’s depende de análise


[dropcap]C[/dropcap]han U Tong, director substituto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), respondeu ao deputado Lei Chan U que a possibilidade de vir a pedir registos criminais a todos os trabalhadores não residentes (TNR) dependerá de análises futuras.
“Relativamente à necessidade de estender a obrigação acima referida a todos os TNR domésticos, o Corpo da Polícia de Segurança Pública (CPSP) manterá uma estreita ligação com associações, órgãos e outros serviços relevantes, levando em conta vários factores e opiniões da sociedade e avaliando a eficácia das actuais medidas e a situação do mercado de trabalho. Isto a fim de rever e aperfeiçoar continuamente as disposições sobre o pedido de permanência de TNR”, lê-se na resposta ao deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Actualmente cabe ao CPSP fazer o pedido dessa documentação em casos pontuais, como é o caso dos TNR que pretendam trabalhar na área da segurança privada.
No que diz respeito à possível obrigatoriedade dos TNR domésticos entregarem relatórios com exames médicos, a DSAL relembra a existência da lei da protecção de dados pessoais e promete “continuar com uma mente aberta para ouvir as opiniões de todos os sectores sociais e fazer uma análise cuidadosa em articulação com a situação real da sociedade”.

26 Nov 2019

Conselho das Comunidades | Dirigentes reeleitos por mais três anos 

José Sales Marques foi reeleito por mais três anos presidente do conselho permanente do Conselho das Comunidades Macaenses. Leonel Alves permanece como presidente do conselho geral. Ambos esperam estreitar mais laços com o Governo para que as casas de Macau espalhadas pelo mundo possam ter mais apoios para divulgar o que o território tem

 

[dropcap]O[/dropcap]s corpos dirigentes do Conselho das Comunidades Macaenses (CCM) foram reeleitos por mais três anos e os planos são de uma maior aproximação entre as diversas Casas de Macau espalhadas pelo mundo. Leonel Alves, advogado, continua a ser o presidente do conselho geral do CCM no próximo triénio e contou ao HM que os planos passam pela criação de uma rede de contacto entre Governo e associações.

“Deve haver um melhor enquadramento com as autoridades locais, proporcionando um maior conhecimento das actividades das Casas e do próprio conselho em Macau e em última instância desenvolver uma acção conjunta com o Governo para a prorrogação das tradições e dos costumes macaenses.”

Para Leonel Alves, deve ser mantido “um contacto mais estreito com as diversas casas de Macau, auscultar os problemas que têm e procurarmos em conjunto soluções para que possam implementar as acções que pretendem desenvolver no sentido de divulgar o nome de Macau no exterior nos países onde vivem”.

Ideia semelhante tem José Sales Marques, reeleito presidente do conselho permanente do CCM. “Os apoios têm-se mantido mais ou menos regulares. Mas no futuro deveríamos ter acesso a outros meios financeiros, mas isso não deve ser feito de uma perspectiva utilitarista, apenas para aumentar os subsídios que só servem a uma pequena comunidade. Queremos ser úteis a Macau.” Para Sales Marques, esse apoio deve ser direccionado para que as Casas de Macau possam colaborar na divulgação do território.

Olhar a Grande Baía

Os corpos dirigentes do CCM vão também procurar aproveitar mais as potencialidades do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau para atrair os jovens da diáspora. Deve haver “uma interacção maior com as potencialidades de Macau a nível do turismo e a nível cível, de uma ligação profissional. Há muitos membros no activo, deveria haver uma rede de contactos”, defendeu Leonel Alves.

Sales Marques denota “um interesse maior” por parte dos jovens macaenses no projecto em causa. “Esse interesse também tem de ser alimentado com uma maior informação, e é algo que queremos fazer agora. A maior parte dos jovens já tem muita experiência e vontade de conhecer novos mundos, e penso que essas características poderão ser úteis e abrir caminhos para que se possam fazer coisas a nível profissional ou de negócios.”

O economista fala do exemplo do Brasil, “um mercado importante para a China”. “O potencial ainda está muito longe de esgotar acho que há aqui muitas oportunidades”, acrescentou.

Na agenda fica ainda o diálogo contínuo com as autoridades locais, o “aumento do nível de coesão” entre a comunidade macaense que está no território e a diáspora e ainda a revisão dos estatutos, para que seja mais fácil dialogar e reunir mais do que uma vez a cada três anos.

26 Nov 2019

Conselho das Comunidades | Dirigentes reeleitos por mais três anos 

José Sales Marques foi reeleito por mais três anos presidente do conselho permanente do Conselho das Comunidades Macaenses. Leonel Alves permanece como presidente do conselho geral. Ambos esperam estreitar mais laços com o Governo para que as casas de Macau espalhadas pelo mundo possam ter mais apoios para divulgar o que o território tem

 
[dropcap]O[/dropcap]s corpos dirigentes do Conselho das Comunidades Macaenses (CCM) foram reeleitos por mais três anos e os planos são de uma maior aproximação entre as diversas Casas de Macau espalhadas pelo mundo. Leonel Alves, advogado, continua a ser o presidente do conselho geral do CCM no próximo triénio e contou ao HM que os planos passam pela criação de uma rede de contacto entre Governo e associações.
“Deve haver um melhor enquadramento com as autoridades locais, proporcionando um maior conhecimento das actividades das Casas e do próprio conselho em Macau e em última instância desenvolver uma acção conjunta com o Governo para a prorrogação das tradições e dos costumes macaenses.”
Para Leonel Alves, deve ser mantido “um contacto mais estreito com as diversas casas de Macau, auscultar os problemas que têm e procurarmos em conjunto soluções para que possam implementar as acções que pretendem desenvolver no sentido de divulgar o nome de Macau no exterior nos países onde vivem”.
Ideia semelhante tem José Sales Marques, reeleito presidente do conselho permanente do CCM. “Os apoios têm-se mantido mais ou menos regulares. Mas no futuro deveríamos ter acesso a outros meios financeiros, mas isso não deve ser feito de uma perspectiva utilitarista, apenas para aumentar os subsídios que só servem a uma pequena comunidade. Queremos ser úteis a Macau.” Para Sales Marques, esse apoio deve ser direccionado para que as Casas de Macau possam colaborar na divulgação do território.

Olhar a Grande Baía

Os corpos dirigentes do CCM vão também procurar aproveitar mais as potencialidades do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau para atrair os jovens da diáspora. Deve haver “uma interacção maior com as potencialidades de Macau a nível do turismo e a nível cível, de uma ligação profissional. Há muitos membros no activo, deveria haver uma rede de contactos”, defendeu Leonel Alves.
Sales Marques denota “um interesse maior” por parte dos jovens macaenses no projecto em causa. “Esse interesse também tem de ser alimentado com uma maior informação, e é algo que queremos fazer agora. A maior parte dos jovens já tem muita experiência e vontade de conhecer novos mundos, e penso que essas características poderão ser úteis e abrir caminhos para que se possam fazer coisas a nível profissional ou de negócios.”
O economista fala do exemplo do Brasil, “um mercado importante para a China”. “O potencial ainda está muito longe de esgotar acho que há aqui muitas oportunidades”, acrescentou.
Na agenda fica ainda o diálogo contínuo com as autoridades locais, o “aumento do nível de coesão” entre a comunidade macaense que está no território e a diáspora e ainda a revisão dos estatutos, para que seja mais fácil dialogar e reunir mais do que uma vez a cada três anos.

26 Nov 2019

IC quer responsabilidade penal para roubo ou dano de arquivos

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) propõe o estabelecimento de molduras penais em casos de mau tratamento de arquivos históricos, algo que não está estabelecido na actual lei em vigor. De acordo com o documento de consulta pública, é proposta a “consagração de responsabilidade penal por actos praticados contra os bens arquivísticos”, nomeadamente a “aplicação aos crimes praticados contra estes bens, dos crimes contra o património previstos no Código Penal, nomeadamente furto, roubo e dano”.

Além disso, o IC pretende que “os arquivos públicos e os arquivos privados classificados ou em vias de classificação não possam, como regra, ser exportados, criminalizando-se a sua exportação sem autorização”.

A exportação desses mesmos documentos apenas pode ser feita tendo em conta as “finalidades educativas, culturais ou científicas”.

Neste âmbito de penalização, enquadram-se os “proprietários que não utilizem adequadamente os arquivos classificados e que causem danos aos mesmos, as pessoas colectivas de utilidade pública administrativa e as instituições de interesse público que eliminem arquivos sem notificarem previamente o Arquivo de Macau, para efectuar a sua avaliação”.

No que diz respeito à lei em vigor, o IC pretende manter as sanções administrativas sempre que “o proprietário não notifique o Arquivo Histórico sobre a intenção de alienar um arquivo classificado, para efeitos de exercício do direito de preferência e no caso de destruição de arquivos privados classificados”.

Os funcionários públicos ficam de fora da aplicação de responsabilidade penal ou de sanções administrativas, uma vez que continuam sujeitos ao regime disciplinar do Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau.

Poder ao Arquivo

Na proposta de revisão, que sexta-feira será discutida na primeira sessão de consulta pública, o IC propõe também que “se atribuam aos proprietários de arquivos privados classificados um conjunto de direitos e obrigações”, a fim de estes terem essa documentação guardada no Arquivo de Macau. Nesse sentido, o Governo deseja que os proprietários “permitam que o Arquivo de Macau reproduza arquivos privados classificados e que os mesmos sejam disponibilizados ao público”. Além disso, “de forma a evitar a destruição de arquivos privados classificados, propõe-se que os proprietários estejam impedidos de os eliminar e que tenham que informar o Arquivo de Macau caso pretendam aliená-los, para que a RAEM possa exercer o direito de preferência”.

26 Nov 2019

Bienal de Shenzhen |Projecto da equipa de Maria José de Freitas obtém segundo lugar 

Estão escolhidos os nomes que vão representar Macau na 8.ª Bienal Bi-Citadina de Urbanismo/Arquitectura de Shenzhen e Hong Kong. O “Escritório de Arquitectos Planwish Lda” obteve o Prémio de Ouro e irá projectar o pavilhão de Macau nesta bienal, que abre ao público dia 21 de Dezembro. Em segundo lugar ficou o atelier da arquitecta Maria José de Freitas, com o tema “Macau Links Through the Future”

 

[dropcap]N[/dropcap]uma altura em que o Delta do Rio das Pérolas é sinónimo de interconexão permanente, está prestes a chegar a oitava edição da Bienal Bi-Citadina de Urbanismo / Arquitectura de Shenzhen e Hong Kong, onde Macau estará representada e que acontece a 21 de Dezembro. A fim de escolher os autores do pavilhão de Macau, o Instituto Cultural (IC), em parceria com a Associação dos Arquitectos de Macau (AAM) e o Instituto de Planeamento Urbano de Macau, abriram concurso para a recepção de várias propostas.

O Prémio de Ouro foi atribuído ao “Escritório dos Arquitectos Planwish Lda.”, que apresentou a proposta “Gates of the City”. Em segundo lugar ficou o projecto da equipa da arquitecta portuguesa Maria José de Freitas, com o nome “Macau Links Through the Future”, enquanto “ligações que vêm do passado e que vão para o futuro”, disse ao HM a arquitecta Maria José de Freitas. A ser erguido, este pavilhão iria não só mostrar a ligação de Macau com o exterior como ia também mostrar pedaços da cultura e do património particular do território. Além de Maria José de Freitas, participaram na equipa concorrente Ana Carina Costa, também na parte de arquitectura, Takon Chiu e Chin chio Wu, ao nível do design de interiores, Henrique Silva na parte multimédia e Chan Hin Io na fotografia.

“Pegámos nessa temática e, de alguma forma, fizemos a inter-relação porque Macau é uma cidade que, desde a sua formação e reconhecimento, tem tido essa característica de ser um território ligado a civilizações orientais e ocidentais, que tem estado muito na linha dessa interconectividade e relação. Pensamos que seria fácil transportar esse passado para o futuro.”

Dessa forma, o pavilhão, que não teria mais de 32 metros quadrados, teria “superfícies semi-transparentes, também elas em malha de alumínio, com uma estrutura mental de suporte”. Essa malha “simboliza e tem a ver com essa rede de intercomunicações”, sendo que iria permitir a existência de um pavilhão “semi-transparente, onde fosse possível ver de dentro para fora e de fora para dentro, permitindo uma leitura e interacção permanente e constante”.

O pavilhão projectado pela equipa de Maria José de Freitas iria também abordar a relação de Macau não apenas com o Delta do Rio das Pérolas, mas também com os países de língua portuguesa, tendo sido desenhado um mapa da península de Macau onde foram ligadas as várias pontes de forma interactiva.

No interior desse pavilhão, “iriam existir quatro áreas ao longo de um corredor, onde iríamos recorrer a ecrãs suspensos em tela a fim de projectar imagens de Macau”. “Haveria quatro situações temáticas no interior. Uma relacionada com o património tangível e intangível, outra com o urbanismo e arquitectura, outra com Macau e a Grande Baía, e outra com Macau e os países de língua portuguesa”. Dessa forma, seria dado destaque “à relação de Macau com esta região e com o mundo”, frisou Maria José de Freitas.

O Prémio de Bronze foi atribuído à empresa “Urban Practice – Architecture, Urban Planning and Design Ltd.”, com o nome “Macau Catalyst – Towards a Synergetic Greater Bay”. O IC aponta, em comunicado, que “as propostas recebidas foram todas de grande qualidade, originais, informativas e criativas”. O júri de selecção das propostas foi composto por cinco especialistas de Shenzen e Macau.

Na estação

Este ano esta bienal de arquitectura e urbanismo tem como tema “Interacções Urbanas” e terá lugar na Estação Ferroviária de Futian e várias áreas circundantes de Shenzhen. De acordo com um comunicado do IC, o evento inspira-se “na crescente interconexão global e integração regional, tendo como pano de fundo a análise sobre o fenómeno de interacção e aproximação de laços comuns entre as cidades, entre as cidades e as pessoas, bem como entre as pessoas entre si, nomeadamente no contexto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”.

Desta forma, procura-se “também aprofundar as novas relações culturais que poderão eventualmente surgir entre o significado patrimonial do ‘Centro Histórico de Macau’, classificado como património mundial, e outras cidades da Região da Grande Baía”.

A primeira edição da Bienal de Urbanismo e Arquitectura aconteceu em Shenzhen em 2005. Hong Kong, território vizinho desta cidade chinesa, participa desde 2007, tendo-se tornado depois uma Bienal Bi-Citadina, cuja realização se alterna entre estas duas cidades.

Até à data foram realizadas sete edições da “Bienal Bi-citadina”, alternando-se a sua realização entre Shenzhen e Hong Kong. Macau foi convidada para participar em quatro edições consecutivas, nomeadamente 2013, 2015, 2017 e 2019, “obtendo resultados muito positivos e uma experiência significativa”, aponta o mesmo comunicado.

25 Nov 2019

A verdadeira indignação

[dropcap]D[/dropcap]isse o deputado Si Ka Lon esta semana na Assembleia Legislativa que os protestos em Hong Kong “indignam muita gente em Macau” e que devem ser reforçadas matérias e mecanismos ao nível da segurança do Estado. Si Ka Lon até pode ter razão, sobretudo se falarmos de gerações mais velhas que não conhecem outras realidades ou que estão habituadas a certos status quo.

Mas duvido que os jovens pensem assim. Aliás, diria mesmo que muitos jovens de Macau querem expressar o seu apoio ao que está a acontecer em Hong Kong, mas não podem. O que verdadeiramente indigna as pessoas, ou pelo menos deveria, é a forma como as autoridades lidam com este assunto. A deter pessoas no Leal Senado sem motivo aparente, só porque vestem umas roupas pretas. A proibir a entrada de jornalistas que, por acaso, viram a sua creditação aceite para o Grande Prémio de Macau. A negar a entrada a pessoas no território, incluindo residentes da RAEM, com base em pressupostos que podem não ser verdadeiros.

Esta deveria ser a indignação, mas num parlamento amorfo como é o de Macau, pouco se fala disto. Hong Kong é o elefante no meio da sala.

22 Nov 2019

This is My City | Surma, a miúda de Leiria, vem à China 

Surma, nome artístico de Débora Umbelino, é o nome integrante do cartaz do novo evento promovido pelo Festival This is My City. Depois de uma residência artística da banda chinesa Wu Tiao Ren em Leiria, cidade natal de Surma, é a vez da cantora multi-instrumentista pisar a China. Ao HM, Débora Umbelino fala do seu novo disco, que sai para o ano e que é uma homenagem a Daniel Johnston

 

[dropcap]N[/dropcap]a carreira de Surma aconteceu tudo muito rápido. Tão rápido que a própria ainda acha que é um sonho. Natural de Leiria, cidade do centro de Portugal que tem lançado novos artistas para o panorama musical português, Débora Umbelino, nome verdadeiro de Surma, tem vindo a criar uma carreira consistente com sucesso dentro e fora do país. As suas sonoridades electrónicas têm conquistado o público, tendo-a levado ao concurso Festival Eurovisão da Canção, que não venceu, mas cujo palco partilhou com Conan Osíris.

Desta vez os dois artistas voltam a partilhar um palco, mas na China, mais concretamente na cidade de Zhuhai e em Macau, no âmbito do festival This is My City. Débora Umbelino revela ao HM estar muito empolgada não só com esta viagem, mas também com este reencontro.

“Nenhum de nós estava a ver aquilo (Festival Eurovisão da Canção) como uma competição. Já nos conhecíamos há alguns anos, desde o tempo em que o fui ver actuar nas Caldas da Rainha, em 2012 ou 2013. Partilhar o palco com ele é sempre uma alegria e uma festa. Estou ansiosa por voltar a ver o Conan, já não o vejo há algum tempo.”

A vinda à China é uma consequência natural da residência artística da banda chinesa Wu Tiao Ren, que estiveram neste Verão em Portugal com concertos no Porto, Coimbra, Lisboa, Leiria e Montemor-o-Novo. Em Leiria, foi a vez da banda chinesa cruzar sonoridades com Surma.

“Ao fim de duas semanas de os Wu Tiao Ren terem regressado à China apareceu a aprovação da minha ida e fiquei eufórica, pois a China sempre foi um dos objectivos maiores para ir enquanto Surma, em trabalho. Vai ser genial, estou felicíssima e espero que a China goste”, aponta.

Surma irá tocar essencialmente as músicas do seu primeiro álbum, “Antwerpen”, lançado em 2017 pela Omichord Records, editora de Leiria. “Queria ver se tinha algum tempo para tocar uma ou duas músicas novas que já estão quase acabadas, para dar um miminho à China. Vou fazer também uma colaboração com os Wu Tiao Ren ao vivo, o que vai ser muito giro, vamos ter apenas meia hora. Vai ser importante mostrar o que fazemos em Portugal no país deles e mostrar o que fizemos cá, vai ser giro ver ao vivo”, contou.

Apesar da batida electrónica, Surma é conhecida por ser uma artista multi-instrumentista, pelo que a viagem à China também lhe poderá abrir portas ao nível de novas sonoridades. “Sempre que toco fora de Portugal fico com a cabeça de uma maneira, nem sei explicar. Sinto muitas as influências quando vou lá fora, e ir à China, que é um país que me diz imenso desde pequena, vai dar-me umas influências do outro mundo e estou muito curiosa para ver o que vou achar disso tudo.”

Surma está tão aberta a novas experiências musicais que pondera até assistir a alguns concertos. “Queria ouvir as músicas tradicionais de lá, assistir a uns concertos ao vivo. Sem dúvida alguma que me vai fazer abrir os horizontes para fazer coisas diferentes, fora da caixa.”

Novo álbum a caminho

Depois do bem sucedido “Antwerpen”, Surma encontra-se a trabalhar num segundo álbum, cujo nome ainda não pode revelar, muito menos o nome dos restantes músicos com quem está a trabalhar. Este será, portanto, o seu primeiro álbum colaborativo, e que será também uma homenagem ao músico norte-americano Daniel Johnston, falecido em Setembro deste ano.

“A morte de Daniel Johnston foi um choque grande para mim, acho que tive uma epifania quando soube da sua morte. Queria fazer um álbum em sua homenagem e acho que vai ser com a colaboração de vários músicos e géneros, pois o Daniel também tinha essa imagética, a de colaborar com músicos de vários géneros musicais, e este álbum vai ser um bocado isso.”

O novo trabalho discográfico de Surma deverá misturar sonoridades que vão desde o jazz, noise, electrónica ao rock. “Estou muito curiosa para ver como vai ser o resultado final, tenho estado a trabalhar nas músicas e depois passo-as para os produtores. Acho que vai ser muito fixe, porque não vai ser um álbum só meu, vai ser colaborativo. Um desafio muito novo para mim.”

Antes do novo disco, Surma vai mostrar as primeiras canções que gravou, ainda em 2015 e que ninguém ouviu. “Vai sair um vinil de sete polegadas com músicas do início da Surma, as minhas primeiras músicas que nunca viram a luz do dia. As pessoas que me conhecem agora nunca ouviram essas músicas. Vou lançar isto como uma prenda de natal para elas.”

O segundo álbum de originais deverá sair em Setembro de 2020 mas, até lá, Surma quer tocar muito por todo o lado, algo que sempre tem feito desde o início.

Caminho atribulado

Antes de ser Surma, Débora Umbelino quis experimentar uma panóplia de instrumentos e experiências musicais. “O meu caminho na música sempre foi um bocadinho atribulado, com cinco anos disse à minha mãe que queria aprender bateria, mas ela não me deixou. Depois passei para a flauta, depois saí porque não gostava. Entre os dez e os 13 anos andei em guitarra e piano clássico, mas desisti. Com 15 anos recebi um convite de um colega meu para começar uma banda de covers. Até aos 18 anos tivemos a banda, enveredámos pelos originais. Depois fui para Lisboa e saí da banda, e foi aí que a Surma apareceu, com 19 anos.”

Desde então que não tem parado, com concertos em Portugal e também na Europa. “Tenho tido muita sorte como Surma, tenho uma equipa muito boa ao meu lado. Tenho tido uma adesão muito positiva por parte de Portugal e depois o álbum foi lançado para a Europa e fiquei com uma reacção muito boa também. Acho que ainda está tudo a ser um sonho constante para mim desde 2017. Não sei muito bem a que se deve este crescimento, tenho tido muito trabalho.”

Surma assume que, quando sobe ao palco, já reconhece muitos rostos que a seguem para a ver e ouvir. “Criou-se um misto de amizade muito grande entre mim e as pessoas que vão aos concertos, já se conhecem as caras. Os concertos são familiares.” Na China, Surma poderá criar, assim, uma nova família.

22 Nov 2019

This is My City | Surma, a miúda de Leiria, vem à China 

Surma, nome artístico de Débora Umbelino, é o nome integrante do cartaz do novo evento promovido pelo Festival This is My City. Depois de uma residência artística da banda chinesa Wu Tiao Ren em Leiria, cidade natal de Surma, é a vez da cantora multi-instrumentista pisar a China. Ao HM, Débora Umbelino fala do seu novo disco, que sai para o ano e que é uma homenagem a Daniel Johnston

 
[dropcap]N[/dropcap]a carreira de Surma aconteceu tudo muito rápido. Tão rápido que a própria ainda acha que é um sonho. Natural de Leiria, cidade do centro de Portugal que tem lançado novos artistas para o panorama musical português, Débora Umbelino, nome verdadeiro de Surma, tem vindo a criar uma carreira consistente com sucesso dentro e fora do país. As suas sonoridades electrónicas têm conquistado o público, tendo-a levado ao concurso Festival Eurovisão da Canção, que não venceu, mas cujo palco partilhou com Conan Osíris.
Desta vez os dois artistas voltam a partilhar um palco, mas na China, mais concretamente na cidade de Zhuhai e em Macau, no âmbito do festival This is My City. Débora Umbelino revela ao HM estar muito empolgada não só com esta viagem, mas também com este reencontro.
“Nenhum de nós estava a ver aquilo (Festival Eurovisão da Canção) como uma competição. Já nos conhecíamos há alguns anos, desde o tempo em que o fui ver actuar nas Caldas da Rainha, em 2012 ou 2013. Partilhar o palco com ele é sempre uma alegria e uma festa. Estou ansiosa por voltar a ver o Conan, já não o vejo há algum tempo.”
A vinda à China é uma consequência natural da residência artística da banda chinesa Wu Tiao Ren, que estiveram neste Verão em Portugal com concertos no Porto, Coimbra, Lisboa, Leiria e Montemor-o-Novo. Em Leiria, foi a vez da banda chinesa cruzar sonoridades com Surma.
“Ao fim de duas semanas de os Wu Tiao Ren terem regressado à China apareceu a aprovação da minha ida e fiquei eufórica, pois a China sempre foi um dos objectivos maiores para ir enquanto Surma, em trabalho. Vai ser genial, estou felicíssima e espero que a China goste”, aponta.
Surma irá tocar essencialmente as músicas do seu primeiro álbum, “Antwerpen”, lançado em 2017 pela Omichord Records, editora de Leiria. “Queria ver se tinha algum tempo para tocar uma ou duas músicas novas que já estão quase acabadas, para dar um miminho à China. Vou fazer também uma colaboração com os Wu Tiao Ren ao vivo, o que vai ser muito giro, vamos ter apenas meia hora. Vai ser importante mostrar o que fazemos em Portugal no país deles e mostrar o que fizemos cá, vai ser giro ver ao vivo”, contou.
Apesar da batida electrónica, Surma é conhecida por ser uma artista multi-instrumentista, pelo que a viagem à China também lhe poderá abrir portas ao nível de novas sonoridades. “Sempre que toco fora de Portugal fico com a cabeça de uma maneira, nem sei explicar. Sinto muitas as influências quando vou lá fora, e ir à China, que é um país que me diz imenso desde pequena, vai dar-me umas influências do outro mundo e estou muito curiosa para ver o que vou achar disso tudo.”
Surma está tão aberta a novas experiências musicais que pondera até assistir a alguns concertos. “Queria ouvir as músicas tradicionais de lá, assistir a uns concertos ao vivo. Sem dúvida alguma que me vai fazer abrir os horizontes para fazer coisas diferentes, fora da caixa.”

Novo álbum a caminho

Depois do bem sucedido “Antwerpen”, Surma encontra-se a trabalhar num segundo álbum, cujo nome ainda não pode revelar, muito menos o nome dos restantes músicos com quem está a trabalhar. Este será, portanto, o seu primeiro álbum colaborativo, e que será também uma homenagem ao músico norte-americano Daniel Johnston, falecido em Setembro deste ano.
“A morte de Daniel Johnston foi um choque grande para mim, acho que tive uma epifania quando soube da sua morte. Queria fazer um álbum em sua homenagem e acho que vai ser com a colaboração de vários músicos e géneros, pois o Daniel também tinha essa imagética, a de colaborar com músicos de vários géneros musicais, e este álbum vai ser um bocado isso.”
O novo trabalho discográfico de Surma deverá misturar sonoridades que vão desde o jazz, noise, electrónica ao rock. “Estou muito curiosa para ver como vai ser o resultado final, tenho estado a trabalhar nas músicas e depois passo-as para os produtores. Acho que vai ser muito fixe, porque não vai ser um álbum só meu, vai ser colaborativo. Um desafio muito novo para mim.”
Antes do novo disco, Surma vai mostrar as primeiras canções que gravou, ainda em 2015 e que ninguém ouviu. “Vai sair um vinil de sete polegadas com músicas do início da Surma, as minhas primeiras músicas que nunca viram a luz do dia. As pessoas que me conhecem agora nunca ouviram essas músicas. Vou lançar isto como uma prenda de natal para elas.”
O segundo álbum de originais deverá sair em Setembro de 2020 mas, até lá, Surma quer tocar muito por todo o lado, algo que sempre tem feito desde o início.

Caminho atribulado

Antes de ser Surma, Débora Umbelino quis experimentar uma panóplia de instrumentos e experiências musicais. “O meu caminho na música sempre foi um bocadinho atribulado, com cinco anos disse à minha mãe que queria aprender bateria, mas ela não me deixou. Depois passei para a flauta, depois saí porque não gostava. Entre os dez e os 13 anos andei em guitarra e piano clássico, mas desisti. Com 15 anos recebi um convite de um colega meu para começar uma banda de covers. Até aos 18 anos tivemos a banda, enveredámos pelos originais. Depois fui para Lisboa e saí da banda, e foi aí que a Surma apareceu, com 19 anos.”
Desde então que não tem parado, com concertos em Portugal e também na Europa. “Tenho tido muita sorte como Surma, tenho uma equipa muito boa ao meu lado. Tenho tido uma adesão muito positiva por parte de Portugal e depois o álbum foi lançado para a Europa e fiquei com uma reacção muito boa também. Acho que ainda está tudo a ser um sonho constante para mim desde 2017. Não sei muito bem a que se deve este crescimento, tenho tido muito trabalho.”
Surma assume que, quando sobe ao palco, já reconhece muitos rostos que a seguem para a ver e ouvir. “Criou-se um misto de amizade muito grande entre mim e as pessoas que vão aos concertos, já se conhecem as caras. Os concertos são familiares.” Na China, Surma poderá criar, assim, uma nova família.

22 Nov 2019

Ponte HKZM | DSAT quer autocarro directo para o Aeroporto de Hong Kong 


Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, disse ontem que as autoridades desejam um autocarro directo de Macau para o Aeroporto Internacional de Hong Kong a circular na ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Quanto ao número de passageiros nos autocarros do território, registaram-se números recordes este ano

 

[dropcap]O[/dropcap] Governo está a discutir com a Autoridade de Aviação Civil de Hong Kong a possibilidade de vir a ser criado uma carreira directa para o Aeroporto Internacional de Hong Kong. A ideia foi avançada ontem por Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), à margem de uma reunião do Conselho para os Assuntos de trânsito.

“No futuro vamos fomentar vários trabalhos para melhorar o funcionamento da ponte. Vamos coordenar e comunicar com a Autoridade de Aviação Civil de Hong Kong para que haja autocarros de ligação ao aeroporto o mais cedo possível. Actualmente os autocarros param na saída, já na zona de Hong Kong, e os passageiros precisam de apanhar outro autocarro para chegar ao aeroporto. Queremos ter uma carreira directa de Macau para o aeroporto.”

Além disso, Lam Hin San frisou que, no âmbito da ponte HKZM, as autoridades desejam “aumentar a taxa de utilização do auto-silo leste em Macau” reduzindo, para isso, o prazo de reserva de um lugar de estacionamento. “A taxa de utilização está cada vez mais alta. Para reservar um lugar neste auto-silo é necessário fazer a reserva seis horas antes, mas queremos reduzir esse prazo até uma hora”, adiantou o director da DSAT. 
Lam Hin San adiantou que este serviço poderá ser providenciado a partir de meados de Dezembro, e que apenas uma empresa venceu o concurso para a operacionalização desta rota.

“A empresa vai ter de disponibilizar o serviço de bagagem e vamos ver que tipo de serviço irão providenciar, pois inclui a passagem nos Serviços de Alfândega e de Emigração.”

Números inéditos

Lam Hin San falou também de números recorde no que diz respeito à taxa de utilização de autocarros no território no ano que está prestes a terminar. “Actualmente, por dia, transportamos 220 mil pessoas, o que é um recorde histórico.”

O director da DSAT aprontou ainda a redução do número de acidentes nas estradas, bem como o aumento de velocidade de circulação em zonas críticas para o trânsito, tal como na Areia Preta. “Temos uma média de 1,5 acidentes por cada 100 mil quilómetros, numa redução de quatro para três acidentes mensais. Conseguimos evitar muitos erros que tínhamos no passado, vamos introduzir mais mecanismos electrónicos para melhorar o serviço de autocarros públicos.”

“Neste ano, na zona da Bacia do Norte do Patane, houve um aumento da velocidade em 40 por cento. Na avenida Venceslau de Morais a velocidade aumentou 60 por cento. Na última semana, como se realizou o Grande Prémio de Macau, a situação não era a ideal, mas aumentou bastante a velocidade se compararmos com a mesma época do último ano”, adiantou Lam Hin San.

O director da DSAT fala também de uma boa taxa de utilização dos transportes públicos. “34 a 40 por cento das pessoas usam os autocarros para a sua deslocação, mas no futuro gostaríamos de aumentar essa taxa de utilização.”

No que diz respeito à circulação, Lam Hin San denota que hoje, em média, um veículo particular demora 27 minutos a chegar ao seu destino, motociclos demoram 23 minutos e autocarros 38 minutos.

22 Nov 2019

Ponte HKZM | DSAT quer autocarro directo para o Aeroporto de Hong Kong 


Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, disse ontem que as autoridades desejam um autocarro directo de Macau para o Aeroporto Internacional de Hong Kong a circular na ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Quanto ao número de passageiros nos autocarros do território, registaram-se números recordes este ano

 
[dropcap]O[/dropcap] Governo está a discutir com a Autoridade de Aviação Civil de Hong Kong a possibilidade de vir a ser criado uma carreira directa para o Aeroporto Internacional de Hong Kong. A ideia foi avançada ontem por Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), à margem de uma reunião do Conselho para os Assuntos de trânsito.
“No futuro vamos fomentar vários trabalhos para melhorar o funcionamento da ponte. Vamos coordenar e comunicar com a Autoridade de Aviação Civil de Hong Kong para que haja autocarros de ligação ao aeroporto o mais cedo possível. Actualmente os autocarros param na saída, já na zona de Hong Kong, e os passageiros precisam de apanhar outro autocarro para chegar ao aeroporto. Queremos ter uma carreira directa de Macau para o aeroporto.”
Além disso, Lam Hin San frisou que, no âmbito da ponte HKZM, as autoridades desejam “aumentar a taxa de utilização do auto-silo leste em Macau” reduzindo, para isso, o prazo de reserva de um lugar de estacionamento. “A taxa de utilização está cada vez mais alta. Para reservar um lugar neste auto-silo é necessário fazer a reserva seis horas antes, mas queremos reduzir esse prazo até uma hora”, adiantou o director da DSAT. 
Lam Hin San adiantou que este serviço poderá ser providenciado a partir de meados de Dezembro, e que apenas uma empresa venceu o concurso para a operacionalização desta rota.
“A empresa vai ter de disponibilizar o serviço de bagagem e vamos ver que tipo de serviço irão providenciar, pois inclui a passagem nos Serviços de Alfândega e de Emigração.”

Números inéditos

Lam Hin San falou também de números recorde no que diz respeito à taxa de utilização de autocarros no território no ano que está prestes a terminar. “Actualmente, por dia, transportamos 220 mil pessoas, o que é um recorde histórico.”
O director da DSAT aprontou ainda a redução do número de acidentes nas estradas, bem como o aumento de velocidade de circulação em zonas críticas para o trânsito, tal como na Areia Preta. “Temos uma média de 1,5 acidentes por cada 100 mil quilómetros, numa redução de quatro para três acidentes mensais. Conseguimos evitar muitos erros que tínhamos no passado, vamos introduzir mais mecanismos electrónicos para melhorar o serviço de autocarros públicos.”
“Neste ano, na zona da Bacia do Norte do Patane, houve um aumento da velocidade em 40 por cento. Na avenida Venceslau de Morais a velocidade aumentou 60 por cento. Na última semana, como se realizou o Grande Prémio de Macau, a situação não era a ideal, mas aumentou bastante a velocidade se compararmos com a mesma época do último ano”, adiantou Lam Hin San.
O director da DSAT fala também de uma boa taxa de utilização dos transportes públicos. “34 a 40 por cento das pessoas usam os autocarros para a sua deslocação, mas no futuro gostaríamos de aumentar essa taxa de utilização.”
No que diz respeito à circulação, Lam Hin San denota que hoje, em média, um veículo particular demora 27 minutos a chegar ao seu destino, motociclos demoram 23 minutos e autocarros 38 minutos.

22 Nov 2019

Fronteiras | Posto de Qingmao com canal exclusivo para visitantes

[dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) garantiu à deputada Song Pek Kei que o novo posto fronteiriço de Qingmao, ainda em construção, vai ter um canal de passagem apenas para residentes.

“A Polícia de Segurança Pública (PSP) frisa que, com a construção em curso do Posto de Migração do Novo Acesso Fronteiriço Guangdong-Macau (Posto Fronteiriço Qingmao) será adoptada uma passagem fechada e exclusiva a visitantes, sendo que as instalações do referido novo acesso se destinam a visitantes e a residentes de Macau nas suas deslocações entre Macau e o Interior da China através do sistema ferroviário urbano Cantão-Zhuhai.”

Desta forma, “pretende-se disponibilizar uma nova instalação que visa aliviar a pressão do fluxo de pessoas do posto fronteiriço das Portas do Cerco”, acrescenta Lam Hin San, director da DSAT.

No que diz respeito à fronteira das Portas do Cerco, é proibido diariamente “o transporte de passageiros pelos autocarros de turismo entre as 14h00 e as 20h00 nesta fronteira, permitindo apenas durante esse período a utilização do posto fronteiriço da Ponte HKZM ou outros postos fronteiriços de Macau para o efeito”.

22 Nov 2019

Fronteiras | Posto de Qingmao com canal exclusivo para visitantes

[dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) garantiu à deputada Song Pek Kei que o novo posto fronteiriço de Qingmao, ainda em construção, vai ter um canal de passagem apenas para residentes.
“A Polícia de Segurança Pública (PSP) frisa que, com a construção em curso do Posto de Migração do Novo Acesso Fronteiriço Guangdong-Macau (Posto Fronteiriço Qingmao) será adoptada uma passagem fechada e exclusiva a visitantes, sendo que as instalações do referido novo acesso se destinam a visitantes e a residentes de Macau nas suas deslocações entre Macau e o Interior da China através do sistema ferroviário urbano Cantão-Zhuhai.”
Desta forma, “pretende-se disponibilizar uma nova instalação que visa aliviar a pressão do fluxo de pessoas do posto fronteiriço das Portas do Cerco”, acrescenta Lam Hin San, director da DSAT.
No que diz respeito à fronteira das Portas do Cerco, é proibido diariamente “o transporte de passageiros pelos autocarros de turismo entre as 14h00 e as 20h00 nesta fronteira, permitindo apenas durante esse período a utilização do posto fronteiriço da Ponte HKZM ou outros postos fronteiriços de Macau para o efeito”.

22 Nov 2019

Comunidades macaenses | Encontro é o maior de sempre e olha para a Grande Baía 

A celebração dos 20 anos do estabelecimento da RAEM pode ter feito da edição deste ano do Encontro das Comunidades Macaenses o maior de sempre, uma vez que são esperadas cerca de mil pessoas oriundas de Macau e da diáspora macaense. A agenda inclui conversas sobre cultura e gastronomia, sem esquecer a reunião do Conselho Geral do Conselho das Comunidades Macaenses. A ideia é ir além do saudosismo e olhar para o futuro, que passa pelo projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau

 

[dropcap]A[/dropcap] cada três anos o mês de Novembro transforma-se no mais importante para a comunidade macaense a viver dentro e fora de Macau. Este sábado arranca mais uma edição do Encontro das Comunidades Macaenses, organizado pelo Conselho das Comunidades Macaenses (CCM).

Esperam-se cerca de mil pessoas distribuídas pela diáspora macaense, pelas várias casas de Macau, e também aqueles que residem em Macau. O cartaz é composto por eventos de ordem cultural, incluindo a apresentação de estudos e debates em torno da gastronomia macaense. Está também prevista uma viagem a Foshan, na China, no âmbito do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.

“Temos uma sessão cultural no Centro de Ciência de Macau, em que a parte da manhã é da responsabilidade do Instituto Internacional de Macau (IIM) e a parte da tarde é da nossa responsabilidade, do CCM. Essa parte é dedicada à gastronomia macaense, pelo valor intrínseco que tem, com características muito especiais, e que é reconhecido em Macau como património imaterial, mas também outros aspectos ligados ao substracto cultural da gastronomia macaense, as influências que teve ou deixou de ter”, contou José Sales Marques, presidente da Comissão Organizadora, ao HM.

Nesse debate haverá três intervenções. Uma delas de Anabela Jackson, jornalista e investigadora, que apresenta um projecto financiado pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM) que se traduz num livro onde são abordadas “as mais profundas das influências culturais da gastronomia macaense”.

Rodrigues Simões irá apresentar “uma visão muito interessante da história da gastronomia macaense, e que vai trazer ao debate uma visão muito própria da origem do minchi”. Maria João Ferreira, doutorada em Turismo, irá apresentar o seu livro “Turismo Cultural e Gastronomia Macaense”. A autora vai também falar sobre as origens do peixe salgado. “Trata-se de uma questão interessante e que está ligada às suas investigações”, acrescentou Sales Marques.

Nos dias 27 e 28 acontece uma visita a Foshan, uma espécie de “visita de estudo sobre a área da Grande Baía”.

Foshan é, de acordo com Sales Marques, “considerada quase como um pólo da cultura desta área, com uma grande influência sobre aquela parte cultural de origem cantonense que todo o macaense tem”. “Vai ser uma descoberta importante do ponto de vista cultural e também do ponto de vista de que essa cidade constitui um eixo de grande relevância com a cidade de Cantão. É um dos pólos importantes da Grande Baía”, acrescentou.

A edição deste ano custa entre cinco a seis milhões de patacas, dinheiro obtido graças a apoios públicos e privados, da parte da Fundação Macau, Sociedade de Jogos de Macau ou do próprio Banco Nacional Ultramarino.

Sales Marques assegura que a verdadeira importância destes encontros é a parte efectiva com uma terra de muitos e “a oportunidade que se cria de juntar em Macau pessoas de várias gerações”.

Olhar os jovens

O Encontro das Comunidades Macaenses fica também marcado pela realização da reunião do Conselho-geral do CCM, que acontece a cada três anos. Fátima dos Santos Ferreira é vice-presidente e diz esperar que se olhe cada vez mais para os jovens.

“Deve haver mais hipóteses para os jovens participarem porque temos de começar a preparar os jovens para passar o testemunho. Acho que é importante haver jovens intervenientes neste processo senão a comunidade desaparece.”

Sobre o Encontro, Fátima dos Santos Ferreira assume que tem “a maior participação de sempre”. “As expectativas são sempre grandes, porque há mais pessoas a participar. Este ano registou-se o maior número de inscrições. Não sei se é por causa dos 20 anos de transferência de soberania, pode haver pessoas que há muito tempo não vêm a Macau. Mas não tenho dados”, frisou.

Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), assegura que “as expectativas são sempre boas”. “Estamos em plena RAEM, que faz 20 anos, e a RAEM continua a apoiar este Encontro, que é muito importante para a afirmação da comunidade local e da diáspora.

Julgo que o Encontro deste ano tem muito significado, pois é importante que os macaenses que estão na diáspora saibam que em Macau a comunidade continua viva e a ser uma referência”.

Problemas do costume

Sobre a reunião do Conselho-geral do CCM, Miguel de Senna Fernandes falou das necessidades das casas de Macau receberem mais apoios da RAEM. “Sabemos das limitações existentes, e é importante reconhecê-las, mas há uma vontade de que as coisas funcionem. As casas de Macau têm perfeita noção das dificuldades existentes.”

“Em Macau as associações de matriz portuguesa têm acesso a um ou outro subsídio, mas noutras casas as condições são completamente diferentes. Há boa vontade, mas falta a parte financeira e isso dificulta muito a realização dos seus fins. Nem todas as casas de Macau têm a mesma flexibilidade”, acrescentou Miguel de Senna Fernandes.

A título de exemplo, o advogado destaca o Clube Lusitano da Califórnia como um dos mais activos. “Era bom que a RAEM pudesse dar uma mão para que estas casas pudessem no mínimo ter acesso a algum apoio financeiro para a realização dos seus fins. Compreendo as suas dificuldades.”

O responsável pede também uma flexibilização dos estatutos do CCM. “Devemos flexibilizar a maneira como vamos reunir, ainda mais por causa do número de participantes. Talvez isto pudesse ser discutido. Devemos tornar as reuniões o mais flexíveis possível no aspecto decisório, que é fundamental. Precisamos reunir o consenso de todos, se não fosse por causa do encontro, alguma questão que se coloque antes ou depois do encontro, como vai ser? Como se processa a deliberação?”, questionou Miguel de Senna Fernandes.

Contra o saudosismo

Muitos participam em todos os Encontros das Comunidades Macaenses com uma perspectiva saudosista, em busca de conhecer melhor a terra dos seus pais ou dos seus avós, ou para recordar tempos que não voltam. Mas Miguel de Senna Fernandes pede que se olhe para o futuro.

“Devemos aproveitar esta ocasião para apresentar Macau numa perspectiva mais global, para que os encontros deixem de ser meramente saudosistas. Há outras coisas que têm de ser abordadas, a nova Macau. Muitos têm saudades de uma Macau que infelizmente já não existe. As novas gerações que não têm nada a ver com a Macau do passado podem ver as oportunidades que esta nova Macau pode trazer.”

A visita a Foshan é, na visão do presidente da APIM, um exemplo disso. “As autoridades chinesas sabem da existência do Encontro e dão-lhe importância. O Encontro é uma oportunidade para mostrar as grandes potencialidades que a China pode oferecer”, concluiu.

Programa provisório 

23/11/2019 (Sábado) 

Boas Vindas aos participantes no Jardim de Infância D. José da Costa Nunes     

10h00  –  Secção  Cultural  promovida  pelo  Instituto  Internacional  de  Macau  (IIM),  no  Centro  de  Ciência de Macau    

14h30  –  Conferência sobre gastronomia no Centro de Ciência de Macau      

16h00 – Lançamento do Livro “Macau: Cultural Tourism and Macanese Gastronomy” de Maria João  Salvador dos Santos Ferreira no Centro de Ciência de Macau      

19h00  –  Sessão  Solene  de  Abertura  no    Kashgar  Ballroom,  Hotel  Sheraton  Grand  Macao  ‐Cotai  Central      

25/11/2019 (2ª Feira) 

09h00  –  Concurso de Cozinha Macaense no Centro de Actividades Educativas da Taipa sita na Rua  de Bragança, Nova Taipa Garden, Lotes 24‐26, Taipa      

09h30  –  Reunião do Conselho Geral na sede do CCM      

18h00  –  Recepção na residência do Cônsul Geral de Portugal na RAEM para as delegações das Casas  de Macau e da Comissão Organizadora      

26/11/2019 (3ª Feira) 

10h00  –  Cerimónia  junto  ao  Monumento  de  Homenagem  à  Diáspora  Macaense:  (Apenas  para  dirigentes das Casas. Para  os  restantes  participantes:  Visita  guiada  por  especialistas  do  Instituto  Cultural  de  Macau a locais de interesse histórico) 

11h30  –  Visita  ao  Gabinete  de  Ligação  do  Governo  Central  da  China  em  Macau:  (Somente  para  dirigentes das Casas) (a confirmar)      

15h00  –  Secção fotográfica junto às Ruinas de São Paulo      

18h00  –  Missa e Te‐Deum na Sé Catedral      

27 e 28/ 11 (Quarta e Quinta-feira)

08h00  –  

Passeio Turística à Grande Baía (Fat San) com o apoio do Gabinete de Ligação do Governo  Central da China em Macau      

29/11/2019 (6ª Feira) 

19h30  –  Festa  de  encerramento  no  Grand  Hall,  4º.  Andar  da  Torre  de  Macau,  em  moldes  que  permitam o convívio dos participantes ao Encontro com familiares e amigos

22 Nov 2019

Comunidades macaenses | Encontro é o maior de sempre e olha para a Grande Baía 

A celebração dos 20 anos do estabelecimento da RAEM pode ter feito da edição deste ano do Encontro das Comunidades Macaenses o maior de sempre, uma vez que são esperadas cerca de mil pessoas oriundas de Macau e da diáspora macaense. A agenda inclui conversas sobre cultura e gastronomia, sem esquecer a reunião do Conselho Geral do Conselho das Comunidades Macaenses. A ideia é ir além do saudosismo e olhar para o futuro, que passa pelo projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau

 
[dropcap]A[/dropcap] cada três anos o mês de Novembro transforma-se no mais importante para a comunidade macaense a viver dentro e fora de Macau. Este sábado arranca mais uma edição do Encontro das Comunidades Macaenses, organizado pelo Conselho das Comunidades Macaenses (CCM).
Esperam-se cerca de mil pessoas distribuídas pela diáspora macaense, pelas várias casas de Macau, e também aqueles que residem em Macau. O cartaz é composto por eventos de ordem cultural, incluindo a apresentação de estudos e debates em torno da gastronomia macaense. Está também prevista uma viagem a Foshan, na China, no âmbito do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.
“Temos uma sessão cultural no Centro de Ciência de Macau, em que a parte da manhã é da responsabilidade do Instituto Internacional de Macau (IIM) e a parte da tarde é da nossa responsabilidade, do CCM. Essa parte é dedicada à gastronomia macaense, pelo valor intrínseco que tem, com características muito especiais, e que é reconhecido em Macau como património imaterial, mas também outros aspectos ligados ao substracto cultural da gastronomia macaense, as influências que teve ou deixou de ter”, contou José Sales Marques, presidente da Comissão Organizadora, ao HM.
Nesse debate haverá três intervenções. Uma delas de Anabela Jackson, jornalista e investigadora, que apresenta um projecto financiado pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM) que se traduz num livro onde são abordadas “as mais profundas das influências culturais da gastronomia macaense”.
Rodrigues Simões irá apresentar “uma visão muito interessante da história da gastronomia macaense, e que vai trazer ao debate uma visão muito própria da origem do minchi”. Maria João Ferreira, doutorada em Turismo, irá apresentar o seu livro “Turismo Cultural e Gastronomia Macaense”. A autora vai também falar sobre as origens do peixe salgado. “Trata-se de uma questão interessante e que está ligada às suas investigações”, acrescentou Sales Marques.
Nos dias 27 e 28 acontece uma visita a Foshan, uma espécie de “visita de estudo sobre a área da Grande Baía”.
Foshan é, de acordo com Sales Marques, “considerada quase como um pólo da cultura desta área, com uma grande influência sobre aquela parte cultural de origem cantonense que todo o macaense tem”. “Vai ser uma descoberta importante do ponto de vista cultural e também do ponto de vista de que essa cidade constitui um eixo de grande relevância com a cidade de Cantão. É um dos pólos importantes da Grande Baía”, acrescentou.
A edição deste ano custa entre cinco a seis milhões de patacas, dinheiro obtido graças a apoios públicos e privados, da parte da Fundação Macau, Sociedade de Jogos de Macau ou do próprio Banco Nacional Ultramarino.
Sales Marques assegura que a verdadeira importância destes encontros é a parte efectiva com uma terra de muitos e “a oportunidade que se cria de juntar em Macau pessoas de várias gerações”.

Olhar os jovens

O Encontro das Comunidades Macaenses fica também marcado pela realização da reunião do Conselho-geral do CCM, que acontece a cada três anos. Fátima dos Santos Ferreira é vice-presidente e diz esperar que se olhe cada vez mais para os jovens.
“Deve haver mais hipóteses para os jovens participarem porque temos de começar a preparar os jovens para passar o testemunho. Acho que é importante haver jovens intervenientes neste processo senão a comunidade desaparece.”
Sobre o Encontro, Fátima dos Santos Ferreira assume que tem “a maior participação de sempre”. “As expectativas são sempre grandes, porque há mais pessoas a participar. Este ano registou-se o maior número de inscrições. Não sei se é por causa dos 20 anos de transferência de soberania, pode haver pessoas que há muito tempo não vêm a Macau. Mas não tenho dados”, frisou.
Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), assegura que “as expectativas são sempre boas”. “Estamos em plena RAEM, que faz 20 anos, e a RAEM continua a apoiar este Encontro, que é muito importante para a afirmação da comunidade local e da diáspora.

Julgo que o Encontro deste ano tem muito significado, pois é importante que os macaenses que estão na diáspora saibam que em Macau a comunidade continua viva e a ser uma referência”.

Problemas do costume

Sobre a reunião do Conselho-geral do CCM, Miguel de Senna Fernandes falou das necessidades das casas de Macau receberem mais apoios da RAEM. “Sabemos das limitações existentes, e é importante reconhecê-las, mas há uma vontade de que as coisas funcionem. As casas de Macau têm perfeita noção das dificuldades existentes.”
“Em Macau as associações de matriz portuguesa têm acesso a um ou outro subsídio, mas noutras casas as condições são completamente diferentes. Há boa vontade, mas falta a parte financeira e isso dificulta muito a realização dos seus fins. Nem todas as casas de Macau têm a mesma flexibilidade”, acrescentou Miguel de Senna Fernandes.
A título de exemplo, o advogado destaca o Clube Lusitano da Califórnia como um dos mais activos. “Era bom que a RAEM pudesse dar uma mão para que estas casas pudessem no mínimo ter acesso a algum apoio financeiro para a realização dos seus fins. Compreendo as suas dificuldades.”
O responsável pede também uma flexibilização dos estatutos do CCM. “Devemos flexibilizar a maneira como vamos reunir, ainda mais por causa do número de participantes. Talvez isto pudesse ser discutido. Devemos tornar as reuniões o mais flexíveis possível no aspecto decisório, que é fundamental. Precisamos reunir o consenso de todos, se não fosse por causa do encontro, alguma questão que se coloque antes ou depois do encontro, como vai ser? Como se processa a deliberação?”, questionou Miguel de Senna Fernandes.

Contra o saudosismo

Muitos participam em todos os Encontros das Comunidades Macaenses com uma perspectiva saudosista, em busca de conhecer melhor a terra dos seus pais ou dos seus avós, ou para recordar tempos que não voltam. Mas Miguel de Senna Fernandes pede que se olhe para o futuro.
“Devemos aproveitar esta ocasião para apresentar Macau numa perspectiva mais global, para que os encontros deixem de ser meramente saudosistas. Há outras coisas que têm de ser abordadas, a nova Macau. Muitos têm saudades de uma Macau que infelizmente já não existe. As novas gerações que não têm nada a ver com a Macau do passado podem ver as oportunidades que esta nova Macau pode trazer.”
A visita a Foshan é, na visão do presidente da APIM, um exemplo disso. “As autoridades chinesas sabem da existência do Encontro e dão-lhe importância. O Encontro é uma oportunidade para mostrar as grandes potencialidades que a China pode oferecer”, concluiu.

Programa provisório 

23/11/2019 (Sábado) 

Boas Vindas aos participantes no Jardim de Infância D. José da Costa Nunes     

10h00  –  Secção  Cultural  promovida  pelo  Instituto  Internacional  de  Macau  (IIM),  no  Centro  de  Ciência de Macau    

14h30  –  Conferência sobre gastronomia no Centro de Ciência de Macau      

16h00 – Lançamento do Livro “Macau: Cultural Tourism and Macanese Gastronomy” de Maria João  Salvador dos Santos Ferreira no Centro de Ciência de Macau      

19h00  –  Sessão  Solene  de  Abertura  no    Kashgar  Ballroom,  Hotel  Sheraton  Grand  Macao  ‐Cotai  Central      

25/11/2019 (2ª Feira) 

09h00  –  Concurso de Cozinha Macaense no Centro de Actividades Educativas da Taipa sita na Rua  de Bragança, Nova Taipa Garden, Lotes 24‐26, Taipa      

09h30  –  Reunião do Conselho Geral na sede do CCM      

18h00  –  Recepção na residência do Cônsul Geral de Portugal na RAEM para as delegações das Casas  de Macau e da Comissão Organizadora      

26/11/2019 (3ª Feira) 

10h00  –  Cerimónia  junto  ao  Monumento  de  Homenagem  à  Diáspora  Macaense:  (Apenas  para  dirigentes das Casas. Para  os  restantes  participantes:  Visita  guiada  por  especialistas  do  Instituto  Cultural  de  Macau a locais de interesse histórico) 

11h30  –  Visita  ao  Gabinete  de  Ligação  do  Governo  Central  da  China  em  Macau:  (Somente  para  dirigentes das Casas) (a confirmar)      

15h00  –  Secção fotográfica junto às Ruinas de São Paulo      

18h00  –  Missa e Te‐Deum na Sé Catedral      

27 e 28/ 11 (Quarta e Quinta-feira)

08h00  –  

Passeio Turística à Grande Baía (Fat San) com o apoio do Gabinete de Ligação do Governo  Central da China em Macau      

29/11/2019 (6ª Feira) 

19h30  –  Festa  de  encerramento  no  Grand  Hall,  4º.  Andar  da  Torre  de  Macau,  em  moldes  que  permitam o convívio dos participantes ao Encontro com familiares e amigos

22 Nov 2019

TSI | Governo com razão em quatro casos de despejo 

[dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) deu razão ao Governo em quatro casos de despejo de terrenos concessionados, decisões essas proferidas pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. O TSI considerou improcedentes todos os recursos apresentados pelas concessionárias que viram as concessões anuladas pelo Governo.

Um dos terrenos está localizado em Coloane, na zona industrial de Seac Pai Van, tendo sido concessionado à Empresa de Construção e Obras de Engenharia San Tak Fat, Limitada por um período de 25 anos. O prazo terminou a 8 de Novembro de 2015 sem que o terreno tivesse sido desenvolvido. Só a 28 de Setembro é que Raimundo do Rosário ordenou a desocupação do terreno. Também na zona industrial de Seac Pai Van está outro terreno na mesma situação, desta feita concessionado à Companhia de Desenvolvimento Imobiliário Hou Lei, Limitada.

O segundo caso diz respeito a um terreno situado na península de Macau, na Estrada Marginal da Ilha Verde, concessionado a Lo Lai Meng e Kuan Vai Lam. O arrendamento do terreno era válido pelo prazo de 25 anos, ou seja, até 7 de Maio de 2016. Em 27 de Março de 2017, o Chefe do Executivo proferiu despacho no sentido de declarar a caducidade da concessão do terreno por seu não aproveitamento até ao termo do prazo de arrendamento. O despejo foi decretado a 28 de Julho de 2017.

Na ilha da Taipa, na avenida Kong Tung, encontra-se outro terreno que também terá de ser despejado, cuja concessão por arrendamento foi atribuída à Companhia de Investimento Predial Pak Lok Mun, Limitada por um período de 50 anos, sendo que o prazo de aproveitamento fixado no contrato era de 42 meses. A caducidade da concessão foi declarada em 2015.

21 Nov 2019

TSI | Governo com razão em quatro casos de despejo 

[dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) deu razão ao Governo em quatro casos de despejo de terrenos concessionados, decisões essas proferidas pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. O TSI considerou improcedentes todos os recursos apresentados pelas concessionárias que viram as concessões anuladas pelo Governo.
Um dos terrenos está localizado em Coloane, na zona industrial de Seac Pai Van, tendo sido concessionado à Empresa de Construção e Obras de Engenharia San Tak Fat, Limitada por um período de 25 anos. O prazo terminou a 8 de Novembro de 2015 sem que o terreno tivesse sido desenvolvido. Só a 28 de Setembro é que Raimundo do Rosário ordenou a desocupação do terreno. Também na zona industrial de Seac Pai Van está outro terreno na mesma situação, desta feita concessionado à Companhia de Desenvolvimento Imobiliário Hou Lei, Limitada.
O segundo caso diz respeito a um terreno situado na península de Macau, na Estrada Marginal da Ilha Verde, concessionado a Lo Lai Meng e Kuan Vai Lam. O arrendamento do terreno era válido pelo prazo de 25 anos, ou seja, até 7 de Maio de 2016. Em 27 de Março de 2017, o Chefe do Executivo proferiu despacho no sentido de declarar a caducidade da concessão do terreno por seu não aproveitamento até ao termo do prazo de arrendamento. O despejo foi decretado a 28 de Julho de 2017.
Na ilha da Taipa, na avenida Kong Tung, encontra-se outro terreno que também terá de ser despejado, cuja concessão por arrendamento foi atribuída à Companhia de Investimento Predial Pak Lok Mun, Limitada por um período de 50 anos, sendo que o prazo de aproveitamento fixado no contrato era de 42 meses. A caducidade da concessão foi declarada em 2015.

21 Nov 2019

Restaurante O Santos celebra 30 anos de existência 

Espaço icónico de comida portuguesa em Macau, o restaurante O Santos celebra hoje 30 anos de existência sempre com Santos Pinto a comandar as operações na cozinha e fora dela. Nestas três décadas O Santos já recebeu os Rolling Stones, a selecção portuguesa de futebol e o Benfica. No entanto, a parte mais especial é sempre quando um amigo entra porta adentro

 

[dropcap]N[/dropcap]ão se assume como chefe de cozinha mas como cozinheiro. As definições pouco importam, pois a verdade é que Santos Pinto mantém há 30 anos o seu restaurante O Santos na Rua do Cunha sempre com muitos clientes que adoram a sua comida tipicamente portuguesa. Os tempos, hoje, são outros, diz. No restaurante, Santos Pinto, alentejano da cidade de Montemor-o-Novo, diz ter passado os melhores e os piores momentos da sua vida.

“Abri a tasca no dia 20 de Novembro de 1989. Não tem sido fácil. Graças a Deus estou feliz porque o meu objectivo era ficar aqui até poder e sinto-me bem. Espero fazer a grande festa dos 30 anos, mas assustei-me quando vi as fotos da festa dos 20 anos, porque vi muitos amigos que já não estão cá, mas a vida é mesmo assim”, confessou ao HM.

Ao longo dos anos, o seu restaurante foi-se tornando uma espécie de santuário dos adeptos do Sport Lisboa e Benfica. Há cachecóis do clube por toda a parte (e de outros clubes também) e é ali que se celebram as vitórias. Já recebeu jogadores e dirigentes, e assume-se como benfiquista fervoroso.

“Todos me dizem que tenho a sorte de estar na Rua do Cunha, mas eu é que digo que a Rua do Cunha é que tem a sorte de ter o Santos, mas é a brincar. São 30 anos dedicados só a esta casa, são muitas horas de trabalho, a minha vida mudou de rumo uma série de vezes, mas consegui levar sempre esta casa para a frente. Fiz muitos amigos que estão espalhados pelo mundo, além dos famosos, mas esses são amigos do povo.”

A história do restaurante começou com Santos Pinto a querer alistar-se na Marinha Portuguesa, nos idos anos 70. “Queria ser fuzileiro e disseram-me para escolher a profissão de cozinheiro, que ninguém queria. E concorri, fiz o curso de cozinheiro. Andei 20 anos na marinha a cozinhar, daí a experiência que tenho.”

Quando chegou a hora da filha mais velha seguir os estudos superiores, Santos Pinto decidiu manter-se em Macau, pois ela teria mais facilidades de acesso à universidade em Portugal. Foi aí que abriu o restaurante.
“Consegui o trespasse desta casa. Não foi difícil para mim também porque durante seis anos na messe da marinha servíamos refeições para os funcionários públicos, as marmitas. Teve aqui uma rapariga há pouco tempo que se lembrava disso.”

Depois de tantos anos na cozinha, Santos Pinto já não faz tudo sozinho, mas ainda vigia os tachos. “Agora faço algumas coisas, gosto sempre de passar e cheirar. Noto se a sopa está salgada ou não, são muitos anos e sabemos. Há dias o arroz de pato começou a voltar para trás, porque a qualidade do pato agora é diferente e as pessoas estavam habituadas ao outro pato. Tive que explicar ao rapaz como fazer. Temos de ver porque é que os pratos chegam para trás, se o cliente rapou o tacho ou não…”

Os Rolling Stones

Santos Pinto recebe toda a gente no seu restaurante com um sorriso no rosto. É comum sentar-se à mesa para um ou dois dedos de conversa. Se no início o espaço era maioritariamente frequentado por portugueses, o boom do turismo alterou a clientela.

“Os clientes agora são coreanos, japoneses. Quando abri a tasca, 90 por cento da malta que vinha aqui eram portugueses, trabalhavam nas empresas de construção e tinha também juízes, advogados e funcionários públicos. Agora é o contrário, 90 por cento de chineses e dez por cento de portugueses.”

Em 2014, O Santos recebeu o mais improvável dos clientes: a banda Rolling Stones. Tudo aconteceu com uma mera marcação e só quando Mick Jagger e os seus companheiros entraram no restaurante é que Santos Pinto percebeu para quem era a mesa reservada.

“Para mim foi um momento especial, não foi o mais importante, porque para mim mais importante é quando vem um amigo aqui ao restaurante. Só que foi muito falado em toda a parte. Não paravam de me ligar da minha terra quando se soube”, contou.

Sejam ou não famosos, Santos Pinto recebe sempre bem todos os clientes. “É sempre uma surpresa quando entra alguém. Nunca sabemos quem é e temos de ter cuidado na forma como abordamos as pessoas. A comida é importante, mas ser atencioso com as pessoas não custa nada e as pessoas vão felizes.”

Depois de 50 anos de volta dos tachos e das panelas, Santos Pinto assume não ter segredos a cozinhar, reproduzindo boas velhas fórmulas. “Não tenho segredos. Tenho a minha forma de cozinhar e de temperar, o segredo está no tempero e na qualidade dos produtos. Não invento, a gastronomia não tem segredos, é a boa qualidade dos produtos, o paladar e a experiência de muitos anos.”

20 Nov 2019