Andreia Sofia Silva EventosAMAGAO | “Meet You There” apresenta obras de Alexandre Marreiros e Nyoman Suarnata O arquitecto e artista Alexandre Marreiros está de volta às exposições, mas desta vez não vem sozinho. Em “Meet You There”, inaugurada hoje na galeria AMAGAO, Marreiros junta-se ao amigo Nyoman Suarnata para uma mostra que espelha “territórios de percepção ajustável”, com conceitos moldados pela “colaboração, diálogo e imaginação” A galeria AMAGAO, um projecto de Lina Ramadas e Vítor Hugo Marreiros, acolhe hoje uma nova exposição. “Meet You There” começa a receber os primeiros visitantes a partir das 18h30, contando com obras de dois artistas que resolveram juntar-se: Alexandre Marreiros, que habitualmente deambula entre as artes e a arquitectura, e Nyoman Suarnata. No texto curatorial sobre esta exposição, lê-se que “Meet You There” não é apenas “um ponto no mapa”, mas sim “um território conceptual moldado pela colaboração, diálogo e imaginação”, onde os dois artistas “transformam tela e papel num espaço partilhado onde a percepção é fluida e a narrativa pulsa como um organismo vivo”. Este “encontro criativo” traz um novo “lugar onde a linguagem visual se converte em instrumento de investigação”, existindo obras com “composições sobrepostas, símbolos fragmentados e perspectivas em constante deslocamento”, onde “os artistas constroem um território que resiste ao significado fixo”. E que elementos habitam neste novo território cheio de conceitos e concepções? “Inquietações sociais, pessoais e ambientais”, que depois “se metamorfoseiam em personagens, símbolos e até super-heróis”. “Não são figuras que salvam, mas que revelam. São encarnações de urgência, empatia e resistência, desafiando o espectador a refletir: o que significa cuidar? Imaginar? Agir?”, questiona-se no mesmo texto. Nesta exposição faz-se o convite “para participar num espaço onde a arte não é estática, mas geradora; onde o diálogo não é linear, mas estratificado; e onde a imaginação é forma de engajamento e participação”. Trabalho de atelier Em declarações ao HM sobre a mostra, Alexandre Marreiros fala de uma exposição criada por dois amigos, sendo que grande parte do trabalho foi realizado em Macau, a quatro mãos, numa colaboração permanente. Tal deveu-se às “várias viagens que Nyoman fez até Macau, nomeadamente ao meu atelier, onde ele estava livre de escolher qualquer obra minha”. “Houve sempre uma construção interessante, um processo longo, primeiro para o Nyoman se libertar e escolher uma obra minha sem limitações. Depois de um dia de trabalho respondia às intervenções dele. Ao princípio foi uma coisa curiosa, porque ele tinha um grande respeito e quase não tocava nas partes que já tinha pintado e eu também não tocava nas coisas dele, mas sentimos que estava a haver uma espécie de limite, coisa que não queríamos. Houve um exercício muito interessante de libertação, em que abri as portas do meu atelier, dei-lhe as obras que tinha para ele poder escolher e intervir nelas, e depois eu respondia.” Assim, surgiram 34 obras em cerca de dois anos de trabalho conjunto, em que as valências artísticas de ambos se tocaram. “Se olharmos para trás, vemos que tenho sempre um recurso gráfico e também da palavra nos meus trabalhos. O Nyoman também tem esse registo, algo se calhar mais manuscrito, e eu tinha com outras técnicas, fosse a serigrafia, a litografia ou o desenho, recorria muito a elas para transportar a palavra para os meus trabalhos.” Alexandre Marreiros assume que “de algum modo, existe sempre uma personagem” nas suas obras, nomeadamente “poetas e filósofos”, mais concretamente “há sempre uma personagem predominante no meu trabalho, que é Luís de Camões”; enquanto Nyoman “tem um universo de personagens que se podem assimilar, ou não, de maneira crítica, ou que se podem considerar super-heróis ou um ser humano com poderes sobrenaturais”. “Meet You There” é, assim, resultado de uma colaboração permanente, em que um artista trabalhava nas obras do outro na sua ausência, em que eram “poucas as oportunidades, talvez 10 ou 20 por cento, em que podíamos estar os dois a participar directamente no trabalho”. “É algo que se sente no trabalho, que é honesto, no sentido em que há um universo de comunhão, universalidade e confiança, de duas pessoas muito diferentes que se encontram, respeitam e admiram”, disse Marreiros. Temas contemporâneos Nestes trabalhos há sátira “do momento em que vivemos”, nomeadamente “numa série de trabalhos, os primeiros, e que são muito a representação daquilo que Nyoman vê em Macau”. Há depois outra série “com os super-heróis dele e os meus, que são sempre os escritores, filósofos e seres humanos que, de alguma maneira, deixaram a sua marca nesta passagem que é a vida”. Existem também outros trabalhos “um bocadinho mais ligados a Macau, nomeadamente ao universo dos casinos”. “Participo de forma activa e directamente nesta identidade e indústria de Macau e, portanto, é natural que esse universo surja nos meus trabalhos e haja intervenções e reinterpretações do Nyoman.” Macau foi sempre, para os dois artistas, “um ponto de encontro e de trabalho”, sendo este projecto “uma libertação” para Alexandre Marreiros, no sentido em que abriu a porta do seu atelier às intervenções de Nyoman. Trata-se “de uma exposição que fala da globalização, de relações de confiança, das diferenças culturais, artísticas e intelectuais que podem conviver no mesmo território”. Há mensagens de sátira “que revelam algumas preocupações dos dois artistas no contexto em que vivem e no contexto em que se inserem globalmente”. “Meet You There” é, para Alexandre Marreiros, “uma exposição do nosso tempo e contexto, e reveladora de que as diferenças podem coexistir e criar diálogos e narrativas bonitas, também elas diferentes”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeVIH | Associação alerta para tendências de aumento Kelvin Lei, supervisor de projectos da Associação de Cuidados da Sida em Macau [Macao AIDS Care Association], alerta para a complexidade do maior número de casos de VIH na população não residente e lamenta que o estigma sobre o vírus e a doença seja ainda uma realidade no território A Associação de Cuidados da Sida em Macau (Macao AIDS Care Association] fala num cenário de complexidade face ao crescente número de novos casos de VIH junto de não residentes. Em entrevista ao HM, Kelvin Lei, supervisor de projectos da associação, descreve que “a tendência observada entre não residentes é complexa e reflecte factores estruturais, e não apenas o comportamento individual”. Esses factores são “o estatuto de Macau como centro internacional, o que significa um fluxo constante de pessoas, incluindo visitantes, trabalhadores imigrantes e estudantes de todo o mundo”, que “podem ter atitudes diferentes em relação a comportamentos sexuais de alto risco devido à sua diversidade cultural e formação académica”. Para Kelvin Lei, “uma maior atenção a testes e detecção de casos entre os não residentes pode levar a mais diagnósticos”, sendo que persistem “barreiras [no acesso] a serviços”, nomeadamente devido a “diferenças linguísticas, conhecimento limitado dos direitos locais de saúde, preocupações com a confidencialidade ou horários de trabalho que entram em conflito com o horário de atendimento”. Permanece ainda “o medo do estigma ou da perda de emprego”, cenários que podem ser “um impedimento significativo para a procura de testes ou cuidados de saúde”. Há ainda “factores socioeconómicos” que explicam o crescimento de casos. Dados dos Serviços de Saúde de Novembro falam de uma tendência de crescimento dos casos: entre Janeiro e Setembro deste ano, registaram-se 28 novos casos infecção pelo VIH, 14 dos quais em residentes e 14 em não residentes. No ano passado, não havia referência a não residentes infectados. Em comparação, entre Janeiro e Setembro do ano passado, tinham sido confirmados nove casos entre residentes, o que significa que ao longo deste ano houve um aumento de 55,6 por cento em novos casos detectados. Papel importante A conversa com Kelvin Lei surgiu a propósito da realização, este fim-de-semana, do 8.º Fórum sobre a Sida de Pequim, Hong Kong, Macau e Taiwan, a decorrer no Lisboeta Macau, no Cotai. Já em 2016, Macau tinha organizado outra edição deste evento. Para Kelvin Lei, a repetição de Macau como local de acolhimento “tem um significado profundo” para a associação, pois “reafirma o papel activo e empenhado” do território “como ponte vital na parceria regional entre Pequim, Hong Kong e Taiwan na luta contra o VIH/SIDA”. “Embora a prevalência de Macau [de novos casos] continue relativamente baixa, enfrentamos desafios distintos, incluindo uma população móvel e a necessidade de uma prevenção sustentada e direccionada”, disse. Persiste ainda, no território, “o equívoco de que o VIH afecta apenas principalmente grupos específicos, como homens que fazem sexo com homens, tal como acontece a nível global”. Trata-se de uma ideia “prejudicial, porque cria uma falsa sensação de segurança noutras populações e agrava o estigma”. Foco no indivíduo A propósito do estigma, Kelvin Lei chama a atenção para o facto de, “em comunidades compactas como Macau e Hong Kong”, existir “o medo de divulgação social dentro de redes muito unidas”. Cabe ao Executivo incorporar outro tipo de discurso nas suas políticas, sugeriu. “Reconhecemos e apreciamos o compromisso e a alocação de recursos do Governo da RAEM para a prevenção e tratamento, com a infraestrutura clínica a fornecer terapia antirretroviral essencial. A proporção médico-paciente nesta área específica é gerida. O discurso tem mudado progressivamente para um quadro científico e de saúde pública. No entanto, a próxima fronteira é integrar verdadeiramente a luta contra o estigma no discurso oficial e na prática sistémica.” O supervisor fala na necessidade de defesa pública do conceito “U=U”, ou seja, “indetectável – intransmissível”, além de se dever “promover cuidados centrados na pessoa que vejam o indivíduo, e não apenas o vírus”. Kelvin Lei aconselha ainda “promover a normalização dos testes para todos e garantir políticas não discriminatórias em todos os contextos”. Desta forma, a realização do Fórum, este fim-de-semana, traz um diálogo “com representantes de todas as regiões, incluindo o Governo, que é um passo positivo para alinhar as nossas capacidades científicas, com o apoio social necessário, para acabar com a epidemia”. Pretende-se também analisar “estratégias inovadoras, como a prevenção de longa duração e aplicações de inteligência artificial que estamos a discutir, e um espírito de solidariedade”. A Associação de Cuidados da Sida em Macau assume-se como “uma das principais associações na prevenção do VIH em Macau”, atravessando “desafios não médicos”, como o “estigma internalizado e social”, que “pode levar a uma profunda solidão e a problemas de saúde mental”. Deve-se ainda “garantir a continuidade dos cuidados”, existindo “necessidades holísticas” por parte dos doentes, como medicamentos, “aconselhamento psicológico, apoio para revelar a condição à família ou empregadores e, por vezes, assistência nutricional ou financeira”. Esta associação disponibiliza, assim, uma série de apoios neste sentido.
Andreia Sofia Silva PolíticaAeroporto | Secretário fala em “activo estratégico” Raymond Tam, secretário para os Transportes e Obras Públicas, referiu ontem, a propósito do 30.º aniversário do Aeroporto Internacional de Macau (AIM), que esta infra-estrutura se tornou “num motor de desenvolvimento sócio-económico” do território, bem como “uma porta essencial para a integração de Macau no desenvolvimento regional e na cooperação internacional”. Inaugurado em 1995, o AIM “tem registado um desenvolvimento contínuo das suas operações”, e batido “sucessivos recordes na movimentação de passageiros e no volume de carga”, destacou o secretário, que não esqueceu “a melhoria constante na qualidade dos serviços e eficiência operacional”. Raymond Tam considerou o AIM “um activo estratégico fundamental para promover o desenvolvimento económico diversificado de Macau e apoiar a sua integração na conjuntura de desenvolvimento nacional”.
Andreia Sofia Silva EventosFestival de curtas e animações para ver no Capitólio Está a decorrer, desde terça-feira, mais uma edição do Festival Internacional de Curtas-metragens de Macau (Macau International Short Film Festival), promovido pela Creative Macau. As sessões decorrem diariamente no Teatro Capitólio, no centro de Macau, sendo que os prémios para os melhores filmes, em diversas categorias, serão entregues no dia 12 deste mês. A partir das 20h30, dessa quarta-feira, serão conhecidas películas vencedoras para “Melhor Filme do Festival”, “Melhor Ficção”, “Melhor Documentário” e “Melhor Animação”. As sessões de hoje começam às 17h e contam com filmes de animação, nomeadamente “Tape”, de Wing Ki Hui; “Fox Box”, de Ao Ka Meng e Wu Hua Lin, de Macau; e “GARU Y PONKI”, de Cristhian Jallier, da Colômbia. De Macau é exibido também o filme “Granny Pirate3: Typhoon Again”, de Vitty Ho. Neste filme, uma avó pirata luta contra um tufão para invadir o mercado, mas só regressa com ingredientes básicos. Enquanto desespera, o neto chega com a “Tentação Proibida”, uma chávena de noodles instantâneos, que leva a uma rendição calorosa e surpreendente numa noite selvagem, descreve a sinopse do filme. Vitty Ho é uma artista visual que se formou em Taiwan com uma bolsa do Instituto Cultural de Macau, tendo feito mestrado no Graduate Institute of Creative Video and Digital Media Industry. Trabalha como designer visual freelancer para produção de teatro e vídeo e anteriormente trabalhou como tutora em várias escolas secundárias de Macau. Nomes ficcionais A programação do festival para hoje, na categoria de ficção, conta ainda com mais títulos internacionais, nomeadamente “Prosto skaji privet / Just Say Hi”, de Olga Smelova, da Rússia; “Yo Yo”, de Mohamadreza Mayghani, uma produção conjunta entre o Irão e França; “GOTERAS / Frip”, de Vincente Gónzalez, da Colômbia; e ainda “Plac Wolnosci 4 / Story From Liberty Street”, de Kacper Wiacek, da Polónia. Esta primeira ronda de curtas começa a apresentar-se ao público a partir das 19h30, seguindo-se depois uma segunda ronda de filmes a partir das 20h45. Nesta segunda ronda, destacam-se os filmes em língua portuguesa, como “Ausente”, de Pedro Nogueira; ou “Coração de Mar”, de Neto Borges e Larissa Malty, do Brasil e Portugal. Pedro Hasrouny, também de Portugal, assina o projecto “Uma Mãe Vai à Praia”. Na sexta-feira, a programação começa às 17h com filmes de animação, também em português, nomeadamente com “Três Vírgula Catorze”, de Joana Nogueira e Patrícia Rodrigues.
Andreia Sofia Silva SociedadeHabitação social | Homem perde apartamento por ter imóvel na China Um candidato a habitação social, com duas filhas, perdeu o direito ao apartamento por ter um imóvel no interior da China não declarado, numa primeira fase, ao Instituto da Habitação (IH). Esta situação surge num acórdão do Tribunal de Segunda Instância (TSI), ontem divulgado, relativo a um recurso apresentado pelo homem, quando perdeu direito a esta habitação do Governo. O caso remonta a 2011, quando o contrato de arrendamento com o IH foi assinado, mas em 2022, aquando da sua revisão, o homem acrescentou à declaração, pela primeira vez, que possuía um imóvel no país avaliado em mais de 350 mil renminbis. O IH entendeu, assim, que o candidato já não reunia condições para viver numa casa social, tendo sido ainda exigida a restituição do abono de residência recebido entre Maio e Julho de 2011, no valor total de 4.800 patacas. O homem recorreu da decisão junto do Tribunal Administrativo e depois para o TSI, mas este tribunal entendeu que “não é manifestamente irrazoável a decisão de rescisão do contrato de forma a equilibrar a distribuição dos recursos e evitar o prejuízo dos interesses privados”.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteIncêndio em Hong Kong | Equacionado futuro dos andaimes de bambu O incêndio em Tai Po gerou um debate em torno dos andaimes em bambu, uma tradição que já corria riscos de extinção devido à falta de novos trabalhadores especializados. O arquitecto Nuno Soares acredita que, antes de se questionar a segurança do bambu, é preciso reforçar a fiscalização do uso ilegal de materiais inflamáveis Pode uma indústria já de si em risco de extinção desaparecer mais rapidamente do que se julgava, devido ao trágico incêndio de Hong Kong? A questão tem-se levantado desde que, na passada semana, um grande incêndio num complexo residencial em obras, na zona de Tai Po, resultou em, pelo menos, 159 mortos, segundo o balanço mais recente. Os arranha-céus tinham andaimes em bambu e outros materiais inflamáveis usados no processo de construção. Na sexta-feira, as autoridades de Hong Kong concluíram que o incêndio foi agravado devido aos andaimes de bambu e painéis de isolamento de espuma inflamáveis. Além disso, o chefe dos bombeiros de Hong Kong, Andy Yeung, corroborou o que muitos testemunhos entrevistados pela AFP afirmaram. “Constatámos que os sistemas de alarme nos oito edifícios não estavam a funcionar correctamente”, afirmou. Segundo noticiou a agência Lusa, o relatório, ainda de peritagem preliminar, concluiu que os materiais utilizados em obras contribuíram para que as temperaturas fossem mais elevadas. “Com base nas informações iniciais que temos, acreditamos que o fogo começou na tela de protecção (material de plástico para proteger contra propagação de pós e queda de objectos) localizada na parte externa dos andares inferiores (…), e subiu rapidamente devido aos painéis”, que protegiam as janelas, disse o chefe de segurança da região administrativa especial vizinha, Chris Tang. Ao HM, o arquitecto Nuno Soares, ligado ao estudo da construção em bambu, e que tem lutado pela sua preservação, considera que antes de se apontarem culpas ao material, é preciso reforçar a fiscalização dos estaleiros. “Sabemos que o bambu é de difícil ignição. Ou seja, o bambu arde, mas é difícil de arder e, quando o faz, a combustão é lenta, e é fácil combater [um eventual incêndio]. Agora quando existe uma rede à volta, que não é à prova de incêndios, tudo incendeia muito rapidamente, não é? Já há dados conhecidos [do incidente], e sabemos que os andaimes eram, efectivamente, de bambu, mas existia uma rede de plástico à volta que não era à prova de incêndios, além do uso de esferovite para tapar as janelas, que é um material altamente inflamável”, destacou. Nuno Soares referiu ainda a ocorrência, em Tai Po, “de problemas com o sistema de detecção e combate aos incêndios no próprio edifício, feito nos anos 80, e que já estava desactualizado”. “Também são conhecidos vários problemas na fiscalização, e com os dados que temos não conseguimos concluir, de forma sumária, que o bambu foi o fio condutor desta situação, e temos de ser rigorosos nesse tipo de análise”, acrescentou. Desta forma, Nuno Soares considera que é preciso cautela e não entrar em análises simplistas ou precipitados. “Não podemos, com os dados que temos neste momento, dizer que o bambu não tem responsabilidade nenhuma”. “Se existisse aquela rede de nylon em volta de andaimes de metal teria acontecido uma situação muito semelhante, porque a propagação do incêndio se faria por essa rede e depois através da esferovite das janelas. Os regulamentos de segurança contra incêndios já são bastante rigorosos em Macau e Hong Kong, mas onde acho que há campo para melhorar, é na fiscalização”, disse. Uma questão material O jornal Global Times escreveu na segunda-feira sobre as dificuldades que existem em acabar, em pouco tempo, com a construção de andaimes em bambu. Num artigo intitulado “Tradição sob fogo”, lê-se que “alguns defensores argumentam que os andaimes em bambu, como técnica tradicional de construção, são de baixo custo, flexíveis de montar e desmontar, e especialmente adequados aos espaços apertados dos bairros urbanos antigos”, existindo “vozes contrárias que se focam nos riscos de segurança”. Citado pelo mesmo jornal, Lee Kwong-sing, presidente do Instituto de Profissionais de Segurança de Hong Kong, referiu que, dado as informações disponíveis, “os materiais inflamáveis nas paredes externas incendiaram as redes de segurança, e não o bambu em si”. Demonstrando uma posição semelhante a Nuno Soares, o responsável adiantou que “mesmo que tivessem sido usados andaimes metálicos, as redes de segurança seriam necessárias, e se os materiais inflamáveis não fossem removidos, o risco de incêndio não mudaria muito”. Zhao Shixing, engenheiro-chefe do Instituto Provincial de Design e Pesquisa Arquitectónica de Sichuan, disse ao Global Times que as fraquezas do bambu residem na sua segurança e estabilidade, pois o bambu cru e não tratado tem classificação de combustibilidade B2 segundo os padrões da China, e pode incendiar facilmente quando exposto a outros materiais inflamáveis. Zhao disse, portanto, que “essa vulnerabilidade ficou totalmente exposta nesse incêndio”. Segundo o jornal estatal, já em 1994 as autoridades da vizinha cidade de Shenzhen tinham proibido o uso de bambu, sendo que em Janeiro de 2022 o Ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural do país proibiu o uso de “andaimes de bambu (ou madeira)” em obras de construção e engenharia municipal em todo o país. Difícil apagar a tradição Nas regiões administrativas especiais, a construção de andaimes em bambu continua a ser uma realidade, apesar da alegada falta de pessoal mais jovem interessado em aprender a técnica. Nuno Soares destaca que a técnica “está muito enraizada”, por “existir há décadas em Macau e Hong Kong”, sobrevivendo devido à versatilidade e por ser adaptável às condições climatéricas locais. O arquitecto realça também entre os factores decisivos para o uso do bambu a “mão-de-obra e tipo de construções em elevada altura que se fazem em Macau e Hong Kong”. Logo nas horas a seguir ao acidente, as autoridades de Macau realizaram uma série de inspecções a estaleiros de obras, além de terem organizado dezenas de palestras a alertar para os riscos de incêndios. Tal postura foi “sábia e preventiva”. “Não se retiraram os andaimes em bambu, mas sim as redes que são inflamáveis e que estavam em vários prédios em Macau. O que temos de fazer é mais testes, ou seja, não basta termos o certificado do fabricante a dizer que aquele material é à prova de incêndio. A fiscalização tem de ser mais rigorosa.” “Um dos motivos pelos quais acho que os andaimes de bambu tiveram tanto sucesso ao longo da história recente de Macau e Hong Kong é por serem seguros, no sentido de resistirem bem a ventos e tufões, e protegerem os trabalhadores que usam elementos de protecção”, frisou o arquitecto. De modo geral, Nuno Soares diz que “não faz sentido” uma proibição súbita, e total, do uso do bambu na construção de andaimes. “Tendo em conta os dados que temos, essa medida de impedir a construção em bambu não faz sentido.” Quando o fogo ainda estava longe de ser extinto, a polícia já tinha anunciado a detenção de três suspeitos de “negligência grosseira” após a descoberta de materiais inflamáveis abandonados durante os trabalhos, que permitiram ao fogo “propagar-se rapidamente” devido ao vento forte. As investigações prosseguem. Citado pela CNN, Xinyan Huang, professor associado da Universidade de Hong Kong, declarou que o bambu é “definitivamente um material inflamável”. “Esta época é muito seca em Hong Kong, então a possibilidade de combustão do bambu é muito elevada. Uma vez a combustão feita, o fogo propaga-se muito rapidamente”, rematou. Numa nota conjunta do Corpo de Bombeiros, Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana, Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais e Instituto para os Assuntos Municipais, de sexta-feira, o Executivo da RAEM disse estar “extremamente atento ao grave incêndio que ocorreu recentemente na região vizinha”, mas não revelou se vai ou não proibir o uso de bambu. “Após verificação dos equipamentos de combate a incêndios, gestão do armazenamento de substâncias perigosas e vias de evacuação de emergência, todos cumpram os requisitos de segurança aplicáveis.” Além disso, e mencionando dados estatísticos mais recentes, lê-se que “existem actualmente cerca de 566 estaleiros de obras em Macau, dos quais, mais de 60 envolvem obras com andaimes”, ficando a promessa de realização de “inspecções intensivas a todas as obras com andaimes, exigindo-se aos empreiteiros o cumprimento rigoroso das suas responsabilidades de prevenção de incêndios”. Porém, o Executivo admitiu ontem poder vir a substituir os andaimes em bambu pelos de metal, mas apenas se houver “consenso social” entre a população e as construtoras, disse Mak Tat Io, subdirector dos Serviços de Solos e Construção Urbana.
Andreia Sofia Silva EventosConsulado | “Camões Cinco Zero Zero”, de Vítor Marreiros, viaja de Lisboa para Macau Depois de um período em exposição na galeria Passevite, em Lisboa, a mostra “Camões Cinco Zero Zero” chega agora à RAEM. Trata-se de um conjunto de obras do designer e artista Vítor Marreiros, que apresenta visões e interpretações do grande poeta da língua portuguesa. Para ver até ao dia 27, no Consulado de Portugal Intitula-se “Camões Cinco Zero Zero” e esteve no Verão em Lisboa como a primeira exposição de Vítor Marreiros apresentada, de forma individual, em Portugal. Na galeria Passevite revelou-se ao público português o trabalho deste designer e artista macaense que faz regularmente os cartazes comemorativos do 10 de Junho da Casa de Portugal em Macau. Assim, pelas paredes desta galeria independente reuniram-se imagens de Luís de Camões, retiradas dos cartazes, e adornadas com novas roupagens e interpretações. A mostra viaja agora até Macau, quase num regresso às origens, exibindo-se graças à iniciativa do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong e do Instituto Português do Oriente, até ao dia 27 de Dezembro. A inauguração acontece amanhã, a partir das 18h30, sendo que a exposição pode ser visitada diariamente entre as 15h30 e 18h30, concretamente na Galeria da Residência Oficial do Cônsul-geral, na Rua do Comendador Kou Hó Neng. Segundo uma nota do Consulado, “a mostra assinala os 500 anos do nascimento de Luís de Camões, a partir de uma ideia original do designer Henrique Silva (Bibito), propondo uma leitura contemporânea e simbólica da figura do poeta através dos cartazes que Victor Marreiros tem criado ao longo de mais de três décadas para celebrar o 10 de Junho em Macau”. Camões surge aqui “retirado do seu contexto habitual” e “reinterpretado com liberdade gráfica, humor e espírito crítico, numa série que é, simultaneamente, memória e criação”. Fecha-se, assim, “simbolicamente o ciclo de um projecto que une as duas margens da herança portuguesa e celebra o diálogo entre arte, história e identidade”. Durante o período de exposição, estará disponível uma edição especial de serigrafia numerada e assinada pelo artista, bem como o catálogo oficial da mostra. Temas contemporâneos Em Lisboa, o HM conversou com Vítor Hugo Marreiros, que falou sobre a sua ligação longa com Camões, através do desenho e da imaginação, e do trabalho que há vários anos faz com os cartazes que celebram uma data tão importante para Portugal. “Tudo partiu do desafio proposto por um colega meu, Henrique Silva, mais conhecido por Bibito”, contou ao HM. “Os quadros que estão aqui não são apenas retirados dos cartazes do 10 de Junho, mas também de outros trabalhos, porque ao longo da minha vida profissional tive inúmeras oportunidades de retratar temas lusos e ícones como Fernando Pessoa, Amália, até a sardinha”, contou. São 34 anos de cartazes e de figuras que retratam a portugalidade e os temas desta comunidade. Em torno das imagens de Vítor Marreiros não há apenas literatura, mas também questões mais contemporâneas. “Nos últimos anos procurei retratar as preocupações da comunidade portuguesa [de Macau], bem como os acontecimentos em Portugal, a crise, a covid-19 ou a guerra na Ucrânia. O Camões fala por si, em anos diferentes e acompanhado sempre dos acontecimentos do ano. Às vezes ponho o Camões a falar por mim. A minha companheira diz-me sempre isso, que eu ponho o Camões a dizer aquilo que eu quero.”
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeHIV | Macau acolhe conferência conjunta sobre o vírus e doença Um antigo flagelo mundial é hoje uma mera doença crónica, tratável com medicação. Porém, o vírus do VIH continua presente e é a pensar nessa problemática que Macau acolhe este fim-de-semana, no Grand Lisboa Palace, o 8.º Fórum sobre Sida de Pequim, Hong Kong, Macau e Taiwan, organizado por uma associação local A Associação de Cuidados da Sida em Macau [Macao AIDS Care Association] promove, este sábado e domingo, o 8.º Fórum sobre a Sida de Pequim, Hong Kong, Macau e Taiwan, a decorrer no Lisboeta Macau, no Cotai. Trata-se de um evento que pretende chamar a atenção para uma patologia que evoluiu para a doença crónica face ao flagelo de mortes que causou na década de 80, mas que continua a estar presente e a alertar as autoridades de todo o mundo. Segundo um comunicado enviado pela associação, pretende-se “reunir especialistas de renome para discutir questões críticas de prevenção, tratamento e apoio social do VIH”. O evento pretende cobrir temáticas como “a estratégia de saúde pública”, nomeadamente “os últimos desenvolvimentos em políticas e tecnologias relacionadas com o VIH, incluindo a aplicação da inteligência artificial”, ou ainda “questões sociais”, como “discussões importantes sobre a eliminação do estigma e o apoio às populações idosas que vivem com VIH”. Outros temas na agenda, prendem-se com o “impacto local”, nomeadamente o “papel de Macau como anfitriã e colaboradora neste importante diálogo inter-regional”. Combater o estigma A conferência tem como tema “Together wih Love, Not Alone in the Fight” e conta com o apoio de entidades como a The Home of Red Ribbon, Hong Kong Aids Foundation e Macau Association for Gender Diverse Community, que, como o nome indica, chama a atenção para a igualdade de género. Na descrição do evento, lê-se que “os avanços médicos não foram acompanhados por um nível proporcional de compreensão e aceitação social”, permanecendo “o estigma, a discriminação e o isolamento social [que estão] profundamente enraizados” e que “continuam a causar um grande impacto psicológico e a levar à marginalização sistémica, impedindo muitas pessoas de ter acesso a cuidados equitativos e de viver com dignidade”. Há, portanto, uma “lacuna crítica entre o progresso médico e o atraso no apoio social”, a que este fórum visa dar respostas. “Concentramo-nos em dois objectivos, ‘Eliminar o Estigma’ e ‘Construir Sistemas de Apoio Robustos’, traduzindo o conhecimento científico em práticas sociais tangíveis e inclusivas”, é descrito. Um dos oradores vem de Itália, nomeadamente da Universidade de Modena e Reggio Emilia. Giovanni Guaraldi vai falar, logo no primeiro dia, da “Abordagem centrada na pessoa nos cuidados do VIH: Porque importa e como fazê-la acontecer?”. A crescer Os dados mais recentes do VIH em Macau, divulgados em Novembro pelos Serviços de Saúde, falam de uma tendência de crescimento: entre Janeiro e Setembro deste ano, registaram-se 28 novos casos infecção pelo VIH, 14 dos quais em residentes e 14 em não residentes. Em comparação, entre Janeiro e Setembro do ano passado, tinham sido confirmados nove casos entre residentes, o que significa que ao longo deste ano houve um aumento de 55,6 por cento a nível de novos casos. No comunicado do ano passado, não havia referência a não residentes infectados. “Entre os novos casos confirmados em residentes de Macau, todos são do sexo masculino, sendo que 50 por cento tinham idades compreendidas entre os 18 e os 39 anos e 50 por cento tinham 40 ou mais anos”, foi comunicado pelas autoridades. Destes casos, 13 das infecções foram contraídas em relações homossexuais ou bissexuais, enquanto um dos casos indicou ter resultado de relações sexuais heterossexuais. “Todos os novos casos foram encaminhados para o Centro Hospitalar Conde de São Januário para acompanhamento e, actualmente, a taxa de tratamento e controlo dos residentes de Macau ultrapassa os 90 por cento”, foi acrescentado.
Andreia Sofia Silva SociedadeAcidente | Homem alcoolizado conduziu em sentido contrário Na madrugada de sábado, dia 29 de Novembro, ocorreu um acidente com um residente alcoolizado que conduziu em sentido contrário. Segundo noticiou o jornal Ou Mun, o acidente, ocorrido perto das 1h55, culminou numa colisão com outro automóvel que estava estacionado num lugar com parquímetro. O homem alcoolizado acabou por admitir às autoridades o excessivo consumo de bebida, tendo registado 1,73 gramas por litro de sangue. O residente, com cerca de 30 anos, declarou ser empregado de um bar, tendo na noite de sábado jantado num restaurante por volta das 22h, na zona da Avenida Horta e Costa, onde depois de consumir álcool, conduziu o carro por volta das 1h45. No cruzamento entre a Avenida do Almirante Lacerda e a Avenida de Horta e Costa, o homem circulou em sentido contrário, e depois de se aperceber da infraccão fez marcha-atrás para regressar à via correcta. Perto da Estrada do Campo, colidiu com um carro que ali estava estacionado. A Polícia de Segurança Pública recorreu a imagens das câmaras de videovigilância para perceber o que se tinha passado, confirmando o depoimento. O proprietário do veículo atingido foi contactado e ainda estão a ser apurados os danos. O caso foi, entretanto, encaminhado para o Ministério Público para mais investigação, estando o condutor sujeito à acusação do crime de condução sob efeito do álcool, com agravamento pela condução em sentido contrário e por causar um acidente de viação.
Andreia Sofia Silva Grande Plano ManchetePlano Quinquenal | Economista destaca foco na resolução de problemas internos A economista Maria Fernanda Ilhéu entende que o 15º Plano Quinquenal do Governo Central visa consolidar aspectos económicos regionais e resolver “aspectos da economia chinesa que ainda são problemáticos”, como a “fraca procura interna”. A posição foi assumida num seminário promovido pela Embaixada da China em Lisboa Quais os objectivos propostos no 15º Plano Quinquenal da China, cuja consulta pública terminou no passado dia 14 de Novembro? Para a economista Maria Fernanda Ilhéu, ex-residente de Macau e presidente da Associação Amigos da Nova Rota da Seda (ANRS), o plano poderá dar resposta “a alguns aspectos da economia chinesa que ainda são problemáticos, como uma procura interna fraca”. A posição foi assumida num seminário, decorrido recentemente em Lisboa e promovido pela Embaixada da China em Portugal, intitulado “Interpretação do 15°Plano Quinquenal de Desenvolvimento Económico e Social Nacional da China. Perspectivas para a Futura Cooperação China-Portugal”. O discurso de Maria Fernanda Ilhéu, consultado pelo HM, foi divulgado pela própria nas redes sociais. Para Maria Fernanda Ilhéu, “apesar dos estímulos governamentais, o consumo interno continua baixo na sua contribuição para o PIB [Produto Interno Bruto]”, sendo que “alguns estrangulamentos e obstáculos estão a impedir os fluxos económicos, como o atraso na modernização agrícola e rural e a pressão sobre o emprego”. Neste ponto, a economista destacou os “licenciados que não encontram empregos à altura das qualificações”, além de que o país espera ainda concretizar “o crescimento do rendimento per capita, que se pretende mais acelerado e equilibrado em regiões ainda muito pobres”. Por sua vez, verificam-se ainda “algumas dificuldades nos serviços públicos e apoios sociais”, enquanto “o envelhecimento da população apresenta desafios ao desenvolvimento económico e à oferta de serviços próprios para o bem-estar da população com mais de 65 anos”. Maria Fernanda Ilhéu citou dados quanto a este aspecto, relativos a 2024, quando os idosos representavam 14,1 por cento da população, mais 4,7 por cento face a 2014. Com base no documento apresentado por Pequim, a economista referiu que o 15º Plano Quinquenal pretende também “projectar a economia chinesa para a autossustentabilidade e a competição global”, sendo que, na sua visão, o país enfrenta “três desafios”. São eles a “grande volubilidade” que é descrita pelas autoridades chinesas como “oportunidades estratégicas que existem ao lado de riscos e desafios, enquanto as incertezas e fatores imprevisíveis estão a crescer”. Um modelo em mudança Maria Fernanda Ilhéu destaca também que “o modelo de crescimento da China está a mudar, com mudanças populacionais, correções no sector imobiliário e a diminuição de retornos no investimento em infra-estruturas, sendo necessários novos factores para manter o ritmo de crescimento”. Além disso, “a tecnologia tornou-se fundamental no palco da competição global”, algo que “requer e pressiona a China para uma inovação autossuficiente e para a resiliência industrial”. A economista não esquece as questões regionais, onde Macau se integra, nomeadamente quanto ao “objectivo para algumas cidades e super regiões” e o “papel dinamizador do delta do rio Yangtze e a área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong – Macau”. Pretende-se, neste contexto, “conseguir progressos na industrialização, informatização, urbanização e modernização agrícola através de novas formas produtivas, e fomentando novos padrões de desenvolvimento”. A ideia é que haja uma “modernização da indústria”, em que os “sectores da linha da frente” serão a “inteligência artificial (IA), robótica avançada, computação quântica, semicondutores, biotecnologias e nova geração de tecnologia de informação e aeroespacial”. Para Maria Fernanda Ilhéu, estas áreas são “fundacionais numa estratégia de competitividade internacional, resiliência e efeitos multiplicadores de crescimento”. A importância da lusofonia A economista defendeu também que as linhas traçadas no 15º Plano Quinquenal aponta para o fomento do delta do rio Yangtze, incluindo-se a província de Zhejiang, “terra natal da maioria dos chineses ultramarinos que escolheram Portugal para viver e trabalhar”, ou ainda, na Grande Baía, que inclui Macau, “um dos vértices centrais, onde a presença centenária portuguesa é um activo estratégico na cooperação entre Portugal e China”. Para a responsável, as áreas “prioritárias de cooperação” devem centrar-se na energia verde, nomeadamente com a produção de baterias, hidrogénio verde e mobilidade, “sectores onde a China lidera”. A digitalização e IA, nomeadamente na construção de ferramentas de “saúde digital” e “cidades inteligentes”, ao nível da logística e portos. Outros pontos estratégicos são ainda infra-estruturas, saúde, biotecnologia e cooperação na investigação científica e produção industrial em IA, apontou. Aposta no consumo Segundo a análise do portal China Briefing, ligado à consultora Dezan Shira & Associates, a China está hoje em “condições muito diferentes” face ao último Plano Quinquenal. Hoje a pior fase e consequentes impactos da covid-19 parecem ter passado, existindo, porém, “pressão sobre indústrias domésticas” que vai continuar “a moldar a política económica nos próximos anos”. Além disso, é destacado o facto de Donald Trump estar novamente na Casa Branca, referindo-se os Estados Unidos como “o maior parceiro comercial individual e principal rival económico”. Desta forma, o Plano Quinquenal pensado para os anos de 2026 a 2030 “será elaborado com essas questões em mente”, sendo que “as prioridades provavelmente irão concentrar-se na melhoria da resiliência económica, incluindo a diversificação de parceiros comerciais e a redução da dependência das importações” de produtos e materiais considerados “críticos”. Pretende-se ainda “estimular o consumo doméstico e melhorar as capacidades internas em tecnologias-chave”. A mesma análise dá conta de um discurso proferido pelo Presidente Xi Jinping, em Abril deste ano, em que aponta que o 15º Plano Quinquenal deve “avaliar de forma practiva como as mudanças no cenário internacional afectam a China”, devendo ser feito um ajuste, “optimizando a estrutura económica do país”. A propósito do fomento do consumo interno, destaque para o anúncio, a 26 de Novembro, de um plano de acção apresentado pelo Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China, e que visa, segundo a agência estatal Xinhua, “a formação de sectores de consumo multimilionários nos próximos anos”. O recurso à inteligência artificial (IA) parece ser a norma, como frigoríficos inteligentes “que podem recomendar uma lista de compras e óculos que podem responder a vários comandos dos utilizadores”. Escreve a Xinhua sobre o referido plano que “a China pretende formar três sectores de consumo massivo, nomeadamente produtos para cuidados a idosos, veículos inteligentes conectados e electrónica de consumo, com uma escala de mercado que atingirá triliões de yuans até 2027”. Além disso, “serão promovidas dez categorias de bens de consumo de grande procura, no valor de 100 mil milhões de yuans (cerca de 14 mil milhões de dólares americanos), incluindo produtos para crianças e bebés, dispositivos vestíveis inteligentes, cosméticos, equipamentos de fitness e alimentos e produtos para animais de estimação”. Duplas novidades A quarta sessão plenária do 20º Comité Central do Partido Comunista Chinês, realizada em Outubro, adoptou recomendações para o Plano Quinquenal, que incidiram na manutenção da “estratégia de expansão da procura interna” com esforços “para garantir que a nova procura impulsione a nova oferta”, promovendo também “interacções positivas entre consumo e investimento e entre oferta e procura”. Nem de propósito, o portal China Briefing acrescenta que o 15º Plano Quinquenal “deverá dedicar um espaço significativo ao desenvolvimento da iniciativa ‘AI Plus’ e de sectores de suporte, com políticas voltadas para a promoção de investimentos, apoio fiscal, formação de talentos e colaborações público-privadas”. O 15º Plano Quinquenal deverá ainda “definir metas de emissão de carbono e realinhamento da estratégia de descarbonização”, sendo que o país “está a mudar a estratégia principal de descarbonização”, saindo “do foco na redução do consumo total de energia para concentrar-se na redução das emissões totais de carbono”. Destaque para o facto de a versão final do 15º Plano Quinquenal só ser apresentada durante as chamadas Duas Sessões de Março do próximo ano, da Assembleia Popular Nacional e Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, quando será adoptada e implementada pelas autoridades, em Pequim.
Andreia Sofia Silva EventosGoverno destaca calendário com actividades nocturnas este mês A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) destaca que este mês será marcado pela realização de diversos programas nocturnos, muitos deles já com espírito natalício, e integrados no programa de subsídios a associações com vista à diversificação da actividade turística. Um desses eventos arrancou ontem e decorre até este domingo, dia 7, intitulando-se “The Cities of Gastronomy (China) in Macao 2025”, contando “com a participação de chefs de renome e líderes do sector culinário de Chengdu, Shunde, Yangzhou, Huai’an, Chaozhou e Macau, para promover o intercâmbio cultural entre as seis Cidades Criativas de Gastronomia”. Trata-se de um evento que inclui a realização de mesas-redondas, sessões de degustação de especialidades, um fórum sobre o desenvolvimento da gastronomia chinesa, uma noite de culinária e intercâmbio de cozinheiros famosos da China, destaca uma nota da DST. Entre sábado e 5 de Março do próximo ano, acontece o evento “Luminescent Night at Travessa do Armazém Velho 2025”, com a “transformação de ruas e ruelas num teatro de luz imersiva”. Nesta actividade, recorre-se a “equipamentos interactivos, jogos online e workshops presenciais, entre outras experiências, para promover o fluxo de pessoas e estimular o consumo nocturno nesta zona”. Tudo para que a “área da Travessa do Armazém Velho mostre o seu encanto único à noite”. Outras culturas Destaque ainda para a realização, já habitual, do “Thailand Cultural Festival 2025”, este fim-de-semana, dias 6 e 7, na Rua de Abreu Nunes. No local, serão instalados 20 stands de comida tailandesa, ocorrendo também espectáculos como a entrega de arroz e actividades de bênção e boa fortuna, massagem tailandesa, dança tradicional étnica, canções e danças tailandesas, entre outros. Para os dias 20 a 28 de Dezembro está agendado o “Northern Winter Market”, na Praça Flor de Lótus do Bairro da Ilha Verdecontando este evento com tendinhas de feira e jogos temáticos, a fim de “aumentar a atractividade turística da zona norte. A DST diz ter aprovado 54 actividades no âmbito do plano de apoio para este ano, sendo que, de Janeiro a Outubro, foram concluídos 39 destes projectos que atraíram mais de 650 mil participantes. Estes contaram ainda com a participação directa de cerca de 1.500 estabelecimentos comerciais, “atraindo, de forma eficaz, residentes e visitantes para os bairros comunitários”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaTáxis | Governo promete mais licenças e não responde sobre TVDE Raymond Tam disse ontem que Macau vai ter mais táxis, passando dos actuais 1.400 para 2.000 graças a um novo concurso público. No debate sobre as Linhas de Acção Governativa para 2026, ficou ainda a garantia da reorganização gradual das carreiras de autocarros São mais 100 táxis a curto prazo e depois 700 com licença temporária. Foram estes os números apresentados pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raymond Tam, para o sector dos táxis, a propósito do debate sobre o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para a 2026. O secretário declarou que dos actuais 1.400 táxis, Macau vai passar a contar com 2.000, sendo que, no caso dos táxis para pessoas com mobilidade reduzida, Raymond Tam disse que vai passar dos actuais sete para 28, a entrar em serviço no próximo ano. O secretário garantiu também que o Governo vai lançar uma consulta pública sobre a revisão do regulamento dos táxis. “Quanto ao serviço de chamadas de táxis, estamos a fazer a revisão do regime jurídico, permitindo ao serviço de chamadas melhores condições para a actividade”, indicou. De lado ficou uma resposta concreta quanto ao serviço de táxis disponíveis plataformas móveis, conhecido em Portugal como TVDE. “Temos de ter uma atitude de cautela ao rever o regulamento dos táxis face à possibilidade de introduzir a TVDE”, disse. Coube à deputada Ella Lei colocar esta questão. “Esperamos que no próximo ano seja revisto o regime de TVDE, mas temos de saber como o regime de empresas de táxi consegue satisfazer em número de veículos e na qualidade dos serviços.” Já Leong Sun Iok pediu mais licenças de táxis transfronteiriços que consigam viajar até ao Aeroporto Internacional de Hong Kong, dizendo que “não há nada de científico no planeamento” do sector. “Ao longo dos anos verificamos que há falta de táxis. Quantas licenças vamos emitir?”, questionou. Raymond Tam prometeu falar com as autoridades vizinhas. Melhorar gradualmente Outro assunto debatido foi a necessidade de ajuste das carreiras de autocarros. O secretário disse que o Governo vai “assumir uma postura prudente”, sendo que as carreiras 21A e 26A são “as que merecem prioridade no ajustamento”. No passado percebeu-se que havia muitas carreiras sobrepostas e, agora, “o próximo passo será seleccionar as carreiras viáveis, para que o impacto do ajuste seja menor. Trata-se de um trabalho que não pode ser feito de forma apressada, pois afecta a deslocação das pessoas”, rematou.
Andreia Sofia Silva PolíticaPonte Nobre de Carvalho | Deputado sugere circulação a pé Leong Sun Iok sugeriu ontem que a ponte Nobre de Carvalho passe a ser pedonal, criando-se ao lado outra via para viaturas. “A ponte tem mais de 50 anos e, com o passar dos anos, não será que podemos construir mais uma ponte igual, para que a antiga seja apenas para peões e ciclovias? Podemos separar [a circulação] entre passagens para peões e viaturas, e melhorar a imagem de Macau como centro mundial de turismo e lazer. Não sei se o Governo vai pensar nisso.” Raymond Tam disse que é necessário fiscalizar e realizar obras de reparação na travessia, “sendo fácil fazer uma ponte paralela à antiga”. Porém, lembrou que é necessário “atender ao consenso da população, porque a construção [de mais uma ponte] vai afectar a paisagem”. “Deixo esta temática para a opinião pública, pois o Governo está aberto a fazer este trabalho com o consenso social”, disse.
Andreia Sofia Silva PolíticaGoverno quer proibir importação de mais produtos de plástico O secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raymond Tam, assegurou ontem, no debate sobre o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano, que a intenção do Executivo é proibir a importação de mais produtos de plástico nos próximos anos. “No próximo ano vamos continuar a promover medidas de redução do plástico, proibindo a importação de alguns produtos. Esse trabalho vai ser desenvolvido ao longo dos anos.” Já o director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), Ip Kuong Lam, falou em apenas 14 infracções no que diz respeito ao uso do plástico, destacando o sucesso das campanhas de sensibilização. “Em supermercados houve uma redução do uso de sacos de plástico em dez por cento”, disse. E os resíduos? Ho Ion Sang questionou o Executivo sobre a possibilidade de proibir mais artigos de plástico e quantas infracções foram detectadas desde que o Executivo proibiu a importação de alguns produtos. “Além dos utensílios de plástico em hotéis, como pentes ou embalagens, podemos definir prazos e um leque maior de proibições de produtos de plástico. Vai considerar a introdução de produtos substitutos do plástico, para conhecimento da população?”, questionou. Ho Ion Sang quis também saber quais as instruções e medidas para reduzir as emissões de carbono por parte dos serviços públicos ou em eventos de grande dimensão. O director da DSPA destacou que no próximo ano serão criadas instruções para escritórios e restauração, pois são “sectores que produzem muitas emissões de dióxido de carbono”. Estas instruções incluem-se “nas seis estratégias para a redução de carbono” adoptadas pela DSPA. Sobre reciclagem, Ho Ion Sang pediu informações sobre a criação de centros de construção e resíduos biodegradáveis, com capacidade para cerca de 150 toneladas. “Com os restaurantes e os resíduos alimentares e domésticos, como está o ponto de situação [do tratamento de resíduos] até à construção desses centros?”. Raymond Tam assegurou que “o plano quanto à reciclagem de materiais orgânicos está a funcionar bem”, e que, até à construção dos referidos centros, diversos resíduos são enviados “para a cidade de Taishan, no Interior da China, levados por embarcações”.
Andreia Sofia Silva PolíticaGoverno continua sem solução para aproveitar terreno do Jockey Club O tempo continua a passar desde que terminou a concessão, no ano passado, para explorar corridas de cavalos no Macau Jockey Club, sem que o Governo apresente uma decisão sobre o tipo de projecto que ali vai nascer. Uma das deputadas que fez questões sobre esta matéria foi Angela Leong, precisamente a presidente da Companhia de Corridas de Cavalos de Macau, entidade com que o Executivo rescindiu o contrato de concessão. “Disseram que vão definir planos para o desenvolvimento do terreno, mas foram concluídos o estudo e os respectivos trabalhos? Há alguma ideia, tendo em conta as necessidades dos cidadãos?”, questionou. Também Ella Lei levantou questões semelhantes. “Não há nenhum desenvolvimento no antigo Jockey Club. Faltam de lugares de estacionamento, sobretudo quando há eventos desportivos, e no Jockey Club há um terreno desaproveitado. Temos de ter um bom aproveitamento tendo em conta o nosso desenvolvimento”, alertou. Da parte de Raymond Tam as respostas foram vagas. “Quanto ao Jockey Club, tem de ser discutido [o seu aproveitamento] não apenas do ponto de vista do terreno, mas também económico, porque envolve vários edifícios”, começou por dizer. Mais tarde, em resposta a Angela Leong, o governante declarou que vai comunicar com a Direcção dos Serviços de Economia e Finanças “para os respectivos trabalhos de aproveitamento”. Junções e análises No debate de ontem foi também discutido o aproveitamento de um terreno vazio junto à Rua do Cunha, na Taipa, com Raymond Tam a explicar que há questões pendentes ligadas a esgotos e arruamentos. “O trabalho interserviços está a analisar a fusão de dois lotes, mas temos o factor dos arruamentos e esgotos, cujos trabalhos vão ser entregues à Direção dos Serviços de Solos e Construção Urbana. Teremos de alargar a capacidade de esgotos até à Rua Ponte Negra, e precisamos de algum tempo para o planeamento”, disse. Lam Lon Wai foi um dos deputados que colocou questões sobre esta matéria. “Na Rua do Cunha há um grande lote de terreno do Estado, vedado, e foi referido que vai servir de centro modal. Qual é a situação dos trabalhos? Pode-se usar este terreno como exemplo para quando, no futuro, houver aproveitamento de terrenos e definição da finalidade.”
Andreia Sofia Silva PolíticaTai Po | Angela Leong alerta para ruas estreitas de Macau Angela Leong questionou ontem o Executivo sobre o facto de Macau ter ruas estreitas, o que pode dificultar a passagem de veículos de emergência em caso de incêndio, situação que a deputada entende ter dificultado o trabalho dos bombeiros no trágico incêndio de Tai Po. “Espero que a sua tutela consiga que haja um bom ambiente de residência. Fizeram-se muitas inspecções tendo em conta a ocorrência de um grande incêndio num bairro de Hong Kong. Devido às vias estreitas houve o impedimento da circulação de veículos, e Macau também tem vias estreitas. Vai ser feita uma avaliação das vias, para se possa desentupir [acessos] e facilitar o combate a incêndios?”, questionou. O secretário Raymond Tam garantiu que quando é discutida uma planta de condições urbanísticas há “um estudo minucioso para a sua aprovação”, ficando a garantia de que o Governo vai fazer “uma boa separação de tarefas com as Obras Públicas para a fiscalização e inspecção contra incêndios”. O governante declarou que, quanto às construções ilegais, será reforçada a fiscalização, sendo também pedida à Companhia de Electricidade de Macau “o incentivo à modernização de instalações eléctricas em casas e edifícios antigos”.
Andreia Sofia Silva EventosVendilhões | Galeria do IAM acolhe mostra sobre espaços comerciais Chama-se “Nostalgia de Macau – Exposição sobre a História dos Vendilhões em Macau ‘Marcas nas Esquinas'” e é inaugurada na próxima semana, na Galeria do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. A ideia é desvendar pequenos segredos e detalhes de espaços comerciais com muita história, tratando-se da primeira mostra “de grande escala” sobre o tema A Galeria do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) prepara-se para acolher uma nova exposição dedicada à história do comércio de Macau. Trata-se de “Nostalgia de Macau – Exposição sobre a História dos Vendilhões em Macau ‘Marcas nas Esquinas'”, cuja inauguração acontece esta sexta-feira, dia 5, a partir das 18h. Trata-se de uma iniciativa realizada em parceria com a Associação de Auxílio Mútuo de Vendilhões de Macau. Trata-se, segundo um comunicado, da “primeira exposição de grande escala dedicada à história dos vendilhões de Macau”, recorrendo-se a um conteúdo pautado por “textos, fotografias antigas, objectos antigos, bem como licenças antigas de vendilhão e utensílios, em combinação com vídeos com entrevistas”. Apresenta-se, desta forma, “diferentes percursos de desenvolvimento da actividade”. A temática “Nostalgia de Macau” tem dado azo a diferentes projectos culturais e exposições promovidas pelo IAM em colaboração com as associações cívicas. Este ano, os vendilhões são tema central, sendo que esta mostra se foca em três partes temporais, “apresentando os anos 40 e 50 do século passado, em que as tendas dos vendilhões se encontravam em grande número”, indo até à actualidade, “em que a sua gestão tem vindo a ser regulamentado de forma ordenada, demonstrando gradualmente o ritmo de desenvolvimento da actividade”. Grande variedade Segundo uma nota do IAM, o “conteúdo da exposição é bem ilustrado e tridimensional”, tendo sido produzidos vídeos com entrevistas e instalados vários pontos que simulam as tendas dos vendilhões antigos, “de modo a aumentar a sensação de estar no local e permitir aos visitantes entrarem no túnel do tempo”. Para o IAM, “as mudanças na actividade de vendilhão assemelham-se a um espelho da ecologia social, reflectindo não só a cultura e vivência social, e o modelo de consumo, mas também as mudanças sociais, o desenvolvimento económico e a vida da população”. Desta forma, “através dos objectos antigos expostos, tanto residentes como turistas podem conhecer melhor a fisionomia da Macau antiga”. A mostra fica patente até ao dia 1 de Março do próximo ano. Durante o período da exposição, serão disponibilizadas várias visitas guiadas.
Andreia Sofia Silva PolíticaMuseu Nacional | Projecto de arquitectura no próximo ano No debate de sexta-feira sobre a área dos Assuntos Sociais e Cultura, O Lam assegurou estar “previsto iniciar em 2026 os trabalhos de concepção arquitectónica do Museu Nacional da Cultura de Macau”. O projecto está integrado no plano de edificar, no território, “três instalações culturais de grande dimensão”, incluindo o Centro Internacional de Artes Performativas de Macau e o Museu Internacional de Arte Contemporânea. No discurso inaugural do debate, O Lam destacou que o Executivo vai fazer o esforço de tornar estes futuros espaços em “instalações culturais com influência internacional, emblemáticas e de alto padrão”, além de criar um “novo motor para a diversificação adequada da economia, novas oportunidades de emprego para os residentes e um novo marco cultural para as actividades culturais”. Foi também criado, explicou a secretária, um grupo de trabalho interdepartamental para coordenar uma série de projectos culturais e do ensino superior, nomeadamente a “preparação e construção da Zona Internacional de Turismo e Cultura Integrados de Macau da Cidade (Universitária) de Educação Internacional de Macau e Hengqin” e também do Centro de Transferência e Transformação de Tecnologia das Instituições de Ensino Superior do Estado. O Executivo pretende ainda sediar, no terreno marginal a leste da Torre de Macau e na Zona C dos Novos Aterros, a Zona Internacional de Turismo e Cultura Integrados de Macau.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaTabaco | Prometidas mais proibições de consumo ao ar livre O director dos Serviços de Saúde (SS), Alvis Lo, assegurou no debate de sexta-feira, no hemiciclo, que vêm aí mais proibições para quem fuma ao ar livre, nomeadamente em zonas de grande circulação de pessoas. “Já temos o controlo do tabaco em áreas fechadas e proibimos [o consumo] junto a escolas e infantários. No que diz respeito às pessoas que fumam enquanto caminham, pensámos em zonas de proibição de fumo, mas nas zonas em que haja muitas pessoas a circular vamos proibir [o consumo de tabaco]”, disse, sem adiantar mais pormenores sobre uma eventual data de revisão da lei. O director dos SS falou também no controlo dos cigarros electrónicos. “Em princípio não há mais cigarros electrónicos em Macau” tendo em conta a proibição de importação já decretada. “Mas em colaboração com os Serviços de Alfândega e a Polícia Judiciária vamos melhorar o trabalho e proibir o tabaco ilegal, mesmo em zonas públicas”, disse. O tema do tabagismo surgiu logo nas primeiras intervenções dos deputados, nomeadamente por Leong Pou I. “Nos últimos anos o Governo reforçou o combate e controlo ao tabagismo e os trabalhos surtiram efeitos. Foi alargado o âmbito da proibição em redor de creches e escolas, e as autoridades disseram que iriam fazer a demarcação de uma zona para consumo de tabaco em postos fronteiriços e aduaneiros. Que tipo de zonas vão ser incluídas na proibição?”, questionou. Leong Pou I levantou também a questão dos cigarros electrónicos. “Não sei se os turistas conhecem a lei de controlo do tabagismo e verificamos que eles usam os cigarros electrónicos em espaços e recintos fechados.” Também Leong Hong Sai levantou questões semelhantes. “No futuro vamos proibir o uso de cigarros electrónicos? Como podemos fazer com que as pessoas não fumem nas ruas, sobretudo em zonas mais movimentadas?”.
Andreia Sofia Silva EventosPoesia | Escritor Jorge Arrimar conduz palestra no Albergue SCM “Fonte do Lilau: Um mergulho na poesia em português e em Dóci Papiaçam de Macau” é o nome da palestra que José Arrimar irá apresentar no Albergue SCM na próxima terça-feira. O autor desafia o público para uma conversa sobre a literatura de Macau Jorge Arrimar, ex-residente de Macau, poeta e autor premiado, estará no território na próxima semana para conversar sobre a literatura de Macau e o trabalho dos Dóci Papiaçam Di Macau, grupo de teatro e coro que dinamiza o patuá, o dialecto tipicamente macaense praticamente em vias de extinção. “Fonte do Lilau: Um mergulho na poesia em português e em Dóci Papiaçam Di Macau” é o nome da palestra marcada para o Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM) na terça-feira, das 19h às 21h. O evento desafia o público para uma discussão sobre a “complexa definição” do que é a literatura de Macau e a análise “das várias perspectivas académicas e culturais sobre o tema”. No seminário, apoiado pela Fundação Macau, será destacada “a dualidade entre a ‘literatura macaense’, escrita por autores locais em português ou na língua crioula local, e a ‘literatura de Macau’, produzida tanto por autores residentes, como por escritores transitórios”. Jorge Arrimar irá apresentar “a trajectória histórica” da literatura trilhada por figuras como Camões, Fernão Mendes Pinto e Bocage, e escritores mais contemporâneos e nascidos em Macau, como Deolinda da Conceição, Henrique de Senna Fernandes e o poeta José dos Santos Ferreira, mais conhecido como Adé. Promete enfatizar-se “a natureza híbrida e multicultural da produção literária, reflectindo o encontro entre o Oriente e o Ocidente”, assim como “o papel do patuá como um marcador de identidade”. A organização do evento, a cargo do Círculo dos Amigos da Cultura de Macau, aponta que o seminário irá incidir sobre a literatura de Macau “como expressão única de uma memória mista, e de uma identidade em contínua formação”. Uma carreira nas letras Jorge Manuel de Abreu Arrimar nasceu em Angola. Iniciou estudos superiores na Faculdade de Letras da Universidade de Luanda, concluindo o doutoramento em História Moderna em Portugal (2007) e o doutoramento em Ciências Documentais na Universidade de Alcalá (Madrid, 2013). A sua ligação a Macau vem dos anos 80 e 90, quando foi director da Biblioteca Central de Macau entre os anos de 1985 e 1998. É autor de vários livros de poesia inspirados em Macau, incluindo “Fonte do Lilau” (1990), “Secretos Sinais” (1992) e “Confluências”, escrito em co-autoria com Yao Jingming e editado em 1997. Foi membro da Comissão Organizadora do Primeiro Encontro de Poetas de Macau (1994) e vice-presidente da Comissão Organizadora do Primeiro Encontro Internacional de Bibliotecários em Macau (1995). Recebeu a Medalha de Mérito Cultural em 1997. Jorge Arrimar vive em Portugal, mas continua a publicar obras relacionadas com Macau, incluindo “Antologia de poetas de Macau”, editada também com Yao Jingming em 1999. Na área da história, Arrimar editou, em 2014, “Macau no Primeiro Quartel de Oitocentos”. Além de Macau, Jorge Arrimar tem escrito também sobre o universo africano, com ligação ao período da colonização, nomeadamente o romance “Cuéle – O Pássaro Troçador”, com que venceu, no ano passado, o VI Prémio de Literatura dstangola/Camões. O júri considerou que a obra é “um fresco grandioso e muito bem documentado sobre uma região de Angola raramente presente na literatura”.
Andreia Sofia Silva SociedadeTUI | Reduzida pena a homem que tentou matar ex-mulher O Tribunal de Última Instância (TUI) decidiu reduzir a pena de prisão de 11 anos e seis meses para oito anos a um homem condenado por tentativa de homicídio da ex-mulher, por não ter sido “provada circunstância agravante”. O homem passou, assim, a estar condenado pelo crime tentado de homicídio simples, na sua forma tentada, e decretado em primeira instância pelo Tribunal Judicial de Base (TJB), e não o crime de homicídio qualificado, também na forma tentada. O TUI entendeu que o homem “só resolveu atacar B [a ex-mulher] depois de a ter inquirido e percebido que não pagaria a indemnização” exigida por este. “Apesar de se verificar que lhe veio a ideia de matar B [a mulher] desde 2017, trata-se apenas de um pensamento que tinha mente, e no período de 2017 a Abril de 2023 não ocorreu, de facto algum, a tomada de acções para concretizar a ideia de matar”, lê-se ainda. Os juízes consideraram também, segundo o acórdão ontem divulgado, que “não se verifica que A [o homem acusado] agiu com frieza de ânimo ao agredir B [a mulher]”, pelo que se deu provimento ao recurso apresentado pelo homem, considerando-se a “severidade excessiva da pena determinada” na segunda instância. O caso remonta a 2017, sendo que a mulher já era vítima de violência doméstica durante a relação. O homem “guardava rancor” à mulher “por esta ter denunciado os actos de violência doméstica dele e outras disputas familiares, surgindo-lhe a ideia de a matar”. Após o divórcio, o homem entendeu que a ex-mulher só tinha obtido o Bilhete de Identidade de Residente (BIR) graças ao casamento, pelo que “deveria pagar-lhe uma quantia a título de indemnização”. A hora do crime O crime começava então a entrar nos planos deste homem, que desde Abril de 2023 “guardava um martelo metálico na caixa do seu motociclo”. A 26 de Junho desse ano, parou a mota perto da residência da ex-mulher e “vagueou à sua espera nas proximidades”, depois, aproximou-se dela e “exigiu o pagamento da referida indemnização”. A mulher ignorou o homem e afastou-se, e foi aí que o homem “retirou o martelo metálico da caixa do seu motociclo, correu atrás [dela] e desferiu-lhe um golpe com o martelo na cabeça”, tendo esta “consequentemente caído no chão”. Descreve o acórdão que, “apesar da queda dela, [o homem] continuou a golpear a vítima com o martelo na cabeça por cinco vezes no total, só parando quando notou que [a mulher] estava deitada no chão com diminuição de consciência”. Na primeira instância, a 31 de Julho de 2024, o TJB condenou o homem pela prática de um crime de homicídio na forma tentada e um crime de detenção e uso de arma proibida, o que, em cúmulo jurídico, deu a pena de oito anos. Tanto o homem como o Ministério Público recorreram para a segunda instância, que aumentou a pena para 11 anos e seis meses pela prática de um crime de homicídio qualificado tentado, crime de detenção e uso de arma proibida. A 14 de Fevereiro deste ano, o TUI aceitou o recurso do condenado e enviou de novo o processo para o Tribunal de Segunda Instância (TSI), que repetiu o julgamento e manteve a sentença dos 11 anos e seis meses de prisão, mas o homem não aceitou a decisão e pediu novo recurso, alegando que o TSI “não cumpriu a obrigação de realização de novo julgamento, incorrendo no erro de interpretação e aplicação da lei”, determinando-se “uma pena excessivamente severa”. O agressor conseguiu agora conseguiu ver a sua pena reduzida.
Andreia Sofia Silva EventosLiteratura | José Cordeiro, ex-docente em Macau, lança livro de crónicas É com a chancela da Oficina da Escrita que José Cordeiro, que foi professor de educação física em Macau durante vários anos, se estreia nas lides literárias. Depois de muitas crónicas escritas na rede social Facebook, o incentivo de amigos e leitores levaram-no a editar “Ao Invés, Pois Claro”, onde nem falta um texto sobre o que é ser macaense “Ao Invés, Pois Claro” é o título do primeiro livro de José Cordeiro, ex-residente de Macau e antigo professor de educação física no território. Com a chancela da Oficina da Escrita, o livro acaba de ser editado em Portugal e nasce de uma série de publicações, sobre diversos temas, publicados na rede social Facebook. Conforme a descrição da obra, trata-se não apenas de uma “colectânea de crónicas”, mas também “um convite à liberdade de pensamento, a exploração da dúvida e do conhecimento”, a “celebração de diversidade de opiniões” que é feita com uma “abordagem descontraída”. “Não tenho nenhuma orientação específica para fazer uma crónica, depende da disposição do momento. Não é algo doutrinário, não pretende influenciar nada. É um prazer pessoal que tenho, brincar com as palavras”, disse ao HM. Apesar de José Cordeiro sempre ter feito da actividade física a sua profissão, a verdade é que a ligação às letras sempre existiu. “Sempre gostei de brincar com as palavras. Só comecei a escrever de forma mais sistemática recentemente. Seleccionei algumas crónicas, como uma cozinha literária, em que se faz uma sopa e muita dela acaba por ir para o lixo”, exemplificou. Os temas são diversos e “batem em religião, política, amizade, em tudo e nada”. Uma das crónicas refere-se a Macau e ao ser macaense, uma questão da comunidade que José Cordeiro conhece bem. Em “Estado de sítio ou estado de espírito”, Cordeiro fala da existência da comunidade e diz que hoje, 25 anos depois, os macaenses vivem “as duas coisas”. “Pode ser um estado de sítio, por estarem circunscritos a uma comunidade, que é portuguesa em território chinês, e um estado de espírito, porque muita gente não vive em Macau, mas sente-se macaense vivendo fora”, frisou. “Ao Invés, Pois Claro” é um nome que nasce da vontade do autor ser “um pouco do contra”. “Dizem que sou teimoso, e, pois, parece-me [que sim]. Não comento os comentários que fazem às minhas crónicas, e quando lanço uma crónica ela deixou de ser minha naquele momento, passa a ser de quem a interpreta”, disse. O poder das redes sociais José Cordeiro acredita que “uma boa maneira de a pessoa disciplinar o raciocínio é escrever” e escrever “é uma maneira de disciplinar a minha intervenção nos contactos que faço com as pessoas”. É “ter uma ideia clara e, num primeiro princípio, expô-la. Foi numa onda de brincadeira que fui fazendo as coisas, escrevendo. Houve pessoas que gostaram dos textos e sugeriram que os publicasse”. “Digo que é um álbum porque, para mim, é outra coisa. É quando se toma um tema e ele é levado até ao fim”, frisou ainda José Cordeiro, que confessa que as redes sociais “vieram permitir tudo”, até dar a voz a novos autores. “Às vezes sinto-me incomodado com aquilo que se faz [nas redes sociais], mas eu sou responsável por mim e por aquilo que faço. Não tenho pretensões de doutrinar ou de querer levar alguém onde quer que seja. Sou um simples cidadão que gosta de brincar na minha cozinha literária, como costumo chamar”, disse. José Cordeiro está ainda a preparar uma sessão de lançamento da obra, mas a mesma já se encontra à venda em diversas plataformas online.
Andreia Sofia Silva PolíticaConsulta pública sobre nova lei de branqueamento de capitais em 2026 O secretário para a Segurança, Chan Tsz King, garantiu que será lançada, nos próximos meses, a consulta pública para a revisão da lei de combate ao terrorismo e branqueamento de capitais. “Vamos aperfeiçoar os diplomas relacionados com a lavagem de dinheiro, e no próximo ano lançar a respectiva legislação e fazer a consulta pública, para que a futura proposta de lei conte com o consentimento de todos”, frisou o secretário. De frisar que a medida consta no relatório das LAG, lançado na última semana. Lê-se no documento que as alterações à lei de 2006, relativa à prevenção e repressão do crime de branqueamento de capitais, e ao regulamento administrativo, também desse ano, que legisla as medidas de natureza preventiva dos crimes de branqueamento de capitais e de financiamento ao terrorismo, visam “responder às últimas alterações introduzidas aos padrões internacionais de combate ao branqueamento de capitais e às tendências desta criminalidade”. Facilitar as contas Um dos deputados que falou da necessidade de aperfeiçoar esta legislação foi Ip Sio Kai. “Muitas vezes os titulares de cargos nas empresas deparam-se com problemas na constituição de sociedades tendo em conta os diplomas em vigor, e isso tem sido um impedimento e factor dissuasor. Quando uma conta é aberta tem de ser verificada várias vezes. Singapura é um centro financeiro e também tem sector do jogo, porque é que lá é tão fácil abrir contas e constituir sociedades em relação a Macau? No que diz respeito à segurança financeira não há um limite claro sobre as exigências, não se pode exigir em excesso em termos de requisitos, e as pessoas não sabem como proceder”, defendeu. Ainda assim, o deputado, ligado à área financeira, deixou elogios à actividade do Gabinete de Informação Financeira. “Os resultados têm sido bons e até recebemos elogios. Mas será que as autoridades podem definir e apresentar diferentes exigências em relação a riscos de diferentes níveis? Concordo que se faça uma revisão legislativa para aumentar as exigências.”
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaOrçamento 2026 | Secretário não se compromete com previsão do PIB O deputado Lao Chi Ngai bem insistiu, mas o secretário Tai Kin Ip não quis avançar uma previsão do Produto Interno Bruto da região para o próximo ano. A proposta de lei do Orçamento para 2026 foi ontem aprovada na generalidade com pedidos de prudência e de aumentos para funcionários públicos Os deputados da Assembleia Legislativa (AL) aprovaram ontem, na generalidade, a proposta de lei do Orçamento para o próximo ano que apresenta receitas brutas do jogo na ordem das 236 mil milhões de patacas, um aumento de 3,5 por cento face a este ano. As palavras de ordem no debate foram de prudência face a um cenário económico ainda algo instável no que diz respeito ao consumo interno e à manutenção de negócios locais. Um dos pontos altos foi o pedido, algo insistente, de uma previsão do Produto Interno Bruto (PIB) para 2026 por parte do deputado Lao Chi Ngai. “Vemos que temos, para 2026, um orçamento que é muito prudente em termos de previsões. O Governo prevê um crescimento estável e antecipa uma trajectória de crescimento no sector do turismo e indústria de lazer. Como é que o Governo chegou ao valor de 236 mil milhões [de receitas brutas do jogo]? Se dividirmos pelos 12 meses, são 19,6 mil milhões por mês, e, portanto, qual será o valor do PIB? Se fixarmos as receitas brutas do jogo em 236 mil milhões de patacas, isso traduz-se num crescimento negativo do nosso PIB e não corresponde a uma tendência de crescimento estável referida pelo Governo.” O deputado disse ainda concordar com “a situação de incerteza”. “Quando vejo essa evolução estável, não é assim tão certa”, salientou. Da parte do secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, não houve um comprometimento com o valor. “No que diz respeito à estimativa para as receitas brutas feita no ano passado, vimos que nos primeiros cinco de dez meses não atingimos as nossas expectativas, e olhando para a incerteza inerente à economia, poderá haver impactos significativos. Honestamente, é difícil fazer uma previsão acertada e correcta [do PIB].” O secretário explicou ainda que “no ano anterior também não fizemos uma previsão tão optimista, e no fim viemos a saber que [os números] eram melhores do que prevíamos”. Na proposta de orçamento lê-se que “a indústria turística de Macau possa continuar a trajectória de crescimento, sustentada por diversos factores favoráveis”, esperando-se a subida de 3,5 por cento nas receitas dos casinos, muito inferior ao ritmo de crescimento (8 por cento) registado até agora este ano. O Governo justifica isso com um “princípio de gestão financeira prudente”. Aumento “proporcional” Ainda durante o debate, ficou a garantia de que o dinheiro retirado dos cheques pecuniários que deixaram de ser atribuídos a uma parcela de residentes anteriormente elegíveis irá para apoios sociais. “Aumentámos em 3,8 por cento as verbas para medidas destinadas ao bem-estar da população, e com alteração do programa de comparticipação pecuniária o montante será revertido para o bem-estar da população, sendo usado para diferentes prestações e assistência.” Segundo a proposta, as medidas relacionadas com o bem-estar da população acarretam uma despesa de 26 mil milhões de patacas, o tal aumento de 3,8 por cento face a 2025 que é considerado pelo secretário “adequado e proporcional”. Não faltaram pedidos para novos programas de incentivo ao consumo, nomeadamente da parte do deputado Chan Hao Weng. “O saldo orçamental terá resultados satisfatórios no próximo ano. O mercado de consumo é fraco e as pequenas e médias empresas, e a população, debatem-se com dificuldades. Será atribuído o cartão de consumo em épocas baixas?”, questionou. Também a ausência de aumentos salariais na Função Pública foi questionada. “É lamentável que não tenham sido aumentados os salários dos funcionários públicos. Depois da transição, e olhando a taxa de inflação, os salários teriam de ser aumentados várias vezes.” Já a deputada Song Pek Kei lembrou as “despesas enormes no próximo ano”, tendo em conta os 50 mil milhões destinados às despesas com 30 mil funcionários públicos, entre outros gastos. “Trata-se de um aumento significativo face ao período de retorno [da transição]. Temos de poupar dinheiro internamente, mas é com a melhoria da equipa dos funcionários públicos, a reforma administrativa? Temos de libertar mais recursos, investindo na sociedade e na sua revitalização”. Porém, o secretário garantiu que, no essencial, a estrutura de gastos se mantém em 2026. “Temos 30 por cento das nossas despesas que se destinam ao pessoal, e essa verba mantém-se. Quanto a despesas correntes operacionais, são taxativas e têm de ser feitas. Não há uma alteração significativa da estrutura de despesas”, rematou.