Obras | Comerciantes da Rua dos Mercadores queixam-se de impacto

Apesar do planeamento e avisos antecipados do Governo, os comerciantes da Rua dos Mercadores consideram que as novas obras estão a afastar os clientes, levantar poeiras e a causar muito ruído

 

Os comerciantes da Rua dos Mercadores queixam-se de estarem a ser afectados pelas obras para a futura instalação de tubagens. Os trabalhos iniciaram-se na semana passada, mas as lojas relatam que já estão a sentir que os clientes evitam aquela zona.

Ao jornal Ou Mun, um comerciante de apelido Chao afirmou que por causa dos incómodos causados pelas obras os clientes não têm vontade de ir às lojas nem sequer de frequentar a zona. Chao criticou as obras devido ao barulho elevado e frequente, assim como devido à poeira levantada pelas escavações.

O comerciante também criticou a sinalética no local, e afirmou que alguns clientes ao passarem no local ficaram com a ideia de que as ruas estavam fechadas à circulação de peões.

Além da redução do número de clientes, as queixas visam o facto de os veículos terem deixado de poder circular na estrada. Com os veículos a descarregarem longe das lojas, é necessário carregar os materiais. No entanto, o processo implica que as portas das lojas fiquem abertas, o que faz com que a poeira das obras penetre nos espaços e acabe por afectar todo o interior.

Apesar de o Governo ter alargado alguns passeios, Chao confessou que o alargamento tem efeitos limitados na atractividade daquela rua, porque os passeios continuam a ser estreitos.

As obras em curso visam instalar condutas para, no futuro, passarem tubos de outros edifícios, sem haver necessidade de voltar a escavar a estrada. No entanto, Chao considera que a obra não se justifica porque não tem benefícios para os comerciantes, apenas inconvenientes. Por isso, o empresário espera que o Governo apoie financeiramente os negócios afectados: “Em vez de estarem a pedir desculpas e compreensão, dado que não temos outra escolha, prefiro que apresentam medidas de apoio”, afirmou.

Males por bem

As obras foram igualmente criticadas por um trabalhador de uma loja de apelido Cheong. Este funcionário indicou que os trabalhos incomodam os transeuntes, fazendo com que a circulação nos passeios seja mais difícil, além de ser feita com um barulho incessante, que se prolonga todo o dia, e com nuvens de poeira.

No entanto, Cheong considera que a obra pode ser aceitável se servir, como prometido pelo Governo, para reduzir o número de intervenções rodoviárias no local. Segundo o Governo, a execução das obras visa abrir e instalar as condutas para que no futuro seja possível fazer as ligações de tubagens e drenagem a quatro novos edifícios naquela área, sem necessidade de voltar a escavar as ruas.

14 Out 2025

IAS | Famílias vulneráveis com segundo subsídio este mês

O Instituto de Acção Social (IAS) irá conceder, este mês, a segunda concessão de um subsídio de apoio às famílias vulneráveis, o “Programa de Inclusão e Harmonia na Comunidade”, a fim de “ajudar a aliviar a pressão de vida dos três tipos de famílias em situação vulnerável”, tal como famílias monoparentais, famílias com membros deficientes e famílias com doentes crónicos.

As famílias que sejam beneficiárias deste apoio do IAS podem receber este mês, em simultâneo, “o subsídio regular e o subsídio especial através de transferência bancária ou pela forma anteriormente fixada, sendo de 1.283 o número total de famílias beneficiárias” com os dois subsídios. No total, há 6.128 famílias que preenchem os requisitos do “Regulamento do Programa de Inclusão e Harmonia na Comunidade”, que implica uma despesa aproximada de 42,92 milhões de patacas.

Em relação às famílias beneficiárias que apresentaram o pedido ao IAS ou às associações ou instituições colaboradoras, e cujo pedido foi deferido, o subsídio especial ser-lhes-á atribuído a partir desta quarta-feira, 15, através de transferência bancária ou em dinheiro, sendo de 4.845 o número total de famílias beneficiárias neste contexto.

Numa família monoparental, o subsídio especial terá o montante de 2.650 patacas, enquanto que numa família de três pessoas o apoio é de 5.500. Numa família com oito ou mais pessoas, o valor sobe para 10.100 patacas.

14 Out 2025

Comércio China-PLP | Si Ka Lon pede melhoria de serviços

Recentemente reeleito deputado, Si Ka Lon interpelou o Governo sobre a plataforma de serviços “Conduta China-Países de Língua Portuguesa”, pedindo que o serviço melhore, nomeadamente com a criação de um sistema de certificação, a fim de levar mais marcas locais lá para fora

 

O deputado Si Ka Lon, recentemente eleito pela via indirecta pelos sectores industrial, comercial e financeiro, enviou nova interpelação ao Executivo onde defende uma melhoria de serviços prestados pela plataforma “Conduta de Comércio China-Países de Língua Portuguesa”, que visa “fornecer uma série de serviços de ligação e apoio às empresas, instituições e indivíduos com interesse em explorar e desenvolver os mercados da China e dos Países da Língua Portuguesa”, tal como “consultoria e encaminhamento de negócios”, entre outros serviços.

Na interpelação, Si Ka Lon questiona a eficácia dos serviços prestados até à data e pede que sejam criadas novas estruturas de apoio. “Actualmente os serviços da ‘Conduta do Comércio China-PLP’ focam-se nas questões administrativas e no fornecimento de informações, mas o Governo pode estudar o lançamento de medidas complementares mais avançadas e atractivas, como o estabelecimento de um regime oficial de certificação”, sugeriu.

Si Ka Lon acrescentou ainda a ideia de criação de um serviço de “incubação de marcas e apoios publicitários”, para que “os serviços sejam actualizados a fim de dar a esta plataforma um maior grau de capacitação, para elevar a atractividade e competitividade das marcas locais quando entrarem no mercado estrangeiro”.

O deputado ligado à comunidade de Fujian quer saber que estratégias dispõe o Governo para atrair marcas de elevado valor para o mercado de Macau e como se pode aproveitar o mercado local para explorar os mercados externos.

Incubadoras precisam-se

Si Ka Lon destacou que, tendo em conta a conjuntura de “dupla circulação” de bens e serviços com o país e a estratégia de abertura ao exterior da China pode levar ao desempenho eficiente das vantagens específicas de Macau no apoio a marcas de excelência no Interior da China, para que possam ter mais presença nos mercados internacionais. O deputado considera que este é um meio essencial para que Macau diversifique a sua economia e possa explorar novos pontos de crescimento.

Quanto à incubação de marcas locais, o deputado quer saber mais pormenores. Si Ka Lon recordou que o Governo terá dito que o Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa de Sociedade Limitada estaria a realizar um estudo e a visitar empresas locais com vista a explorar o grau de excelência destas, sobretudo as empresas que começam negócios com os países da língua portuguesa. “Quais são os planos e ideias? Como será estabelecido uma ligação mais estreita com associações e entidades industriais para que seja implementado um desenvolvimento coordenado entre as marcas de Macau e do interior da China para a entrada no mercado estrangeiro?”, interpelou.

14 Out 2025

Restauração | Novas classificações e multas maiores

A legislação sobre o licenciamento do sector da restauração vai ser reformulada, levando ao aumento de multas e à uniformização da classificação destes espaços, que passam a ter o único nome de “estabelecimentos de restauração e bebidas”. Destaque para o aumento de multas e maior flexibilização para a realização de obras

 

O Conselho Executivo terminou na sexta-feira a discussão de uma nova proposta de lei a dar entrada na Assembleia Legislativa (AL), intitulada “Lei da actividade de restauração e bebidas e estabelecimentos relacionados”, e que tem por objectivo principal a simplificação de serviços de licenciamento, bem como “a junção da descentralização de poderes com a gestão e optimização dos serviços”.

Esta proposta de lei vem reformular a legislação que existia desde 1996. Na prática, propõe-se a simplificação da classificação dos estabelecimentos de restauração, anteriormente classificados como “restaurantes”, “bares”, “estabelecimentos de bebidas” e “estabelecimentos de comidas”. Com a proposta de lei, usa-se apenas uma única classificação, “estabelecimentos de restauração e bebidas”, cabendo a supervisão ao Instituto para os Assuntos Municipais (IAM). As “salas de dança” continuam autonomizadas e a pertencer à tutela da Direcção dos Serviços de Turismo.

Além disso, propõe-se criar “o regime de registo para os estabelecimentos de restauração e bebidas” e a “reformulação de diplomas legais complementares”, nomeadamente ao nível dos licenciamentos. Pretende-se também “flexibilizar os requisitos técnicos que os estabelecimentos estão sujeitos a observar”.

Multas a doer

Outro destaque nas alterações, vai para o “aumento dos montantes das multas”. Neste ponto, o Governo diz atender “à evolução social e mudanças económicas”, sendo, assim, “actualizados os montantes das multas aplicáveis às infracções administrativas correspondentes, com vista ao reforço dos efeitos dissuasores”.

Além de novas disposições transitórias, faz-se ainda a “flexibilização das restrições impostas às obras que se realizem em zonas de protecção e em zonas de protecção provisória”. Na prática, as obras a realizar “nos edifícios fora das ruas pitorescas publicadas ou nos lotes não imediatamente adjacentes aos imóveis classificados ou em vias de classificação não carecem do parecer prévio do Instituto Cultural”, o que permite “flexibilizar as restrições impostas às obras” e acelerar as remodelações.

Na sexta-feira o Conselho Executivo concluiu também a análise da proposta de lei “Regime de comercialização do ouro e da platina”, tendo em conta que a última legislação datava de 2003 e já não conseguia “satisfazer as expectativas dos consumidores em relação aos tipos e à qualidade dos artigos de ourivesaria”. Uma das mudanças passa pelo aditamento de “novas definições de platina, ouro chapeado e artigos revestidos a ouro”.

13 Out 2025

“Hush!” | Quatro dezenas de bandas em dois dias de plena festa

Já é conhecido o cartaz da próxima edição do “Hush! Concertos na Praia x Festival do Bem-Estar Desportivo Urbano”, a acontecer entre os dias 18 e 19 deste mês na praia de Hac-Sá, Coloane. Este domingo, dia 12, terá lugar uma pré-apresentação nas Oficinas Navais nº 1, com Lobo e Shing02. Não faltam as habituais actividades culturais e de conexão ao bem-estar

Seis palcos, 40 bandas e cantores locais, dois dias. Estes são os números da próxima edição do “Hush! Concertos na Praia x Festival do Bem-Estar Desportivo Urbano”, agendada para os dias 18 e 19 de Outubro na praia de Hac-Sá. Porém, este fim-de-semana, nomeadamente domingo, o público em geral e os amantes de música em particular poderão desfrutar um pouco daquilo que virá depois, com a actuação de Lobo e o rapper Shing02 nas Oficinas Navais nº1.

Lobo vai apresentar um “dj set”, mostrando as sonoridades que tem misturado e criado nos últimos anos. Radialista nos anos 90, nomeadamente na TDM Rádio Macau e a antiga Rádio Vilaverde, Lobo fundou, em 2000, a editora independente “4daz-le”, “que continua a ser a única do género até à data”, descreve a organização do “Hush!”.

Também este fim-de-semana, mas sábado, decorre o chamado “Prelúdio Festivo” nos bairros comunitários, com diversos espectáculos nas comunidades, concertos e a realização de workshops musicais.

Naquela que promete ser uma “maratona” de concertos mostra-se “a singularidade cultural da Ásia Oriental” em seis palcos, nomeadamente “Hot Wave”, “Music Chill”, “Hush! Kids – Parque Desportivo Infantil”, “Palco Wellfest”, “Jardim Desportivo” e “Desafio Fitness”. Assim, além da música, haverá actividades paralelas como “SUP Yoga”, o “Music Glow Run”, descrito como um “desfile musical para pais e filhos”; tendas de gastronomia e diversos workshops.

Pretende-se, com esta diversidade de oferta, dar a “conhecer ao público a singularidade da fusão cultural entre Oriente e Ocidente em Macau e “construir o papel” do território “como uma importante janela para o intercâmbio e a aprendizagem mútua entre as civilizações chinesa e ocidental”.

Areal animado

O grande destaque do festival vai, porém, para o “Hush! Concertos na Praia”, com 40 bandas e músicos de Macau a subir ao palco, além de dez grupos internacionais, nomeadamente SUMMERWARZ, do interior da China; os Balming Tiger, da Coreia do Sul; o baixista H.J. Freaks e ainda os Muque, grupo rock oriundo do Japão. Inclui-se ainda a actuação da jovem ukulelista Feng E e a banda feminina de metal MakeMake, ambos de Taiwan.

Outros nomes que pisam os palcos de Hac-Sá são os Concrete/Lotus, Blademark, Roberto Madan, No Rison, WhyOceans, IRIS MONDO, Ying May Supermarket, Cancer Game e Chong River Fusion, entre outros.

Tendo em conta a celebração do 20.º aniversário do “Hush! Concertos na Praia”, a organização decidiu convidar os organizadores de outros festivais na Ásia, nomeadamente o conhecido Clockenflap Music & Arts Festival de Hong Kong, do Strawberry Music Festival e do Midi Festival do Interior da China, entre outros. A ideia é que se possa estabelecer “uma plataforma regional de intercâmbio e proporcionar contactos de apresentação para bandas locais”.

Na parte desportiva, o “Festival do Bem-Estar Desportivo Urbano” traz a Coloane mais de 30 instrutores profissionais de fitness e ioga da Ásia, tal como o artista e instrutor de dança de Hong Kong, Fatboy@ERROR, o campeão de “Physical: 100 2ª Temporada” e a “superestrela” de CrossFit da Coreia do Sul, Amotti, bem como o formador de dança tailandês, Gun Gun. No total, haverá mais de 40 aulas de ginástica e dança em dois dias, pensadas para principiantes ou praticantes.

A organização do festival, que conta com o apoio de entidades como o Instituto Cultural ou o Instituto para os Assuntos Municipais, preparou transporte de autocarro gratuito para Coloane, com circulação entre a Praia de Hac Sá e Iao Hon, Fai Chi Kei, Taipa. O público pode ainda apanhar o autocarro gratuito do MGM Cotai em qualquer porto de Macau, com a excepção do Porto Qingmao, até ao Terminal B1 de Autocarros do MGM Cotai, podendo depois usar o serviço de autocarro gratuito do evento para se deslocar à Praia de Hac Sá. Os concertos do “Hush!” têm entrada gratuita, devendo ser adquiridos bilhetes para o “Festival do Bem-Estar Desportivo Urbano”.

10 Out 2025

CURB | Bienal sobre uso de espaços públicos em Dezembro

O CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo prepara-se para realizar, em Dezembro, um evento diferente em torno do chamado “placemaking”, ou seja, o debate em torno das várias opções para planear e gerir espaços públicos. Para acontecer, o “IN SITU Placemaking Biennale” aceita propostas de arquitectos e designers até ao final do mês

É um “projecto pioneiro” que não é “apenas um festival”, mas sim “uma conversa que envolve toda a cidade”. Assim é descrito pela organização o “IN SITU Placemaking Biennale”, agendado para os dias 11 a 14 de Dezembro, em Macau, e que aborda o “placemaking”, uma teoria em torno das ideias de melhoria da gestão do espaço público com uma abordagem multifacetada, em que a ideia é que todos se sentam e discutem o que é melhor para determinado lugar ou o que poderia ser feito face a uma realidade menos boa.

Desta forma, pretende-se que durante quatro dias “as ruas e praças icónicas de Macau se transformem numa tela viva para o design, diálogo e imaginação colectiva”, através da criação de seis instalações espaciais “construídas ‘in situ’ por talentos internacionais e locais”, sendo que estas instalações “irão ligar e activar espaços públicos icónicos”, transformando-os em “espaços para reunir, reflectir e interagir”, descreve o CURB.

Os seis locais escolhidos para estas intervenções são a Praça Ponte e Horta, no Porto Interior; a Rua de São Lourenço, a intersecção entre a Travessa do Aterro Novo e a Rua dos Mercadores, o Largo de Aquino, o Pátio da Claridade e Largo do Lilau.

Dentro dos objectivos, pretende-se ainda levar o público a “experimentar”, construindo-se, nesse sentido, um “itinerário por toda a cidade com workshops, espetáculos, exposições e gastronomia, tudo com curadoria da comunidade”. Com o “IN SITU” pretende-se também “redescobrir a cidade”, com “visitas guiadas que irão ligar pontos entre a arte, o património e as histórias ocultas de Macau”.

Desta forma, decorre até ao final do mês o processo de recolha de propostas por parte de designers e arquitectos, procurando-se “equipas visionárias para projectar e construir instalações espaciais temporárias que estimulem o diálogo e transformem a forma como vivemos a nossa cidade”.

Itinerários com história

Com o “IN SITU”, o CURB quer que a “cidade se torne num palco, tela e laboratório”. As seis instalações espaciais temporárias, três delas concebidas por equipas internacionais e três por equipas locais, servirão para “activar espaços públicos como locais de encontro e reflexão”.

Além das seis instalações haverá “workshops, espectáculos, exposições, barracas de comida e iniciativas culturais co-criadas com associações locais, garantindo que o festival cresça a partir da comunidade e pertença à comunidade”. As seis instalações vão ainda formar “um itinerário urbano, guiando os visitantes pelos bairros de Macau, revelando tanto o design contemporâneo como as camadas ocultas do património”, com visitas em chinês e inglês.

Ainda segundo a organização, “mais do que uma exposição de arquitectura e design, a Bienal é uma experiência participativa de ‘placemaking'”.

“Com base na colaboração e na criatividade, a criação de espaços muda o foco da infraestrutura para as experiências vividas pelas pessoas, enfatizando como os espaços públicos podem fortalecer os laços sociais, a identidade cultural e a resiliência numa cidade em rápida mudança”, é explicado.

O CURB é uma instituição sem fins lucrativos criada em Macau para “promover a investigação, educação, produção e divulgação de conhecimento em arquitetura, urbanismo e cultura urbana”. O Centro diz funcionar como “uma plataforma de intercâmbio entre o meio académico, a sociedade civil, a prática profissional e as instituições governamentais, servindo os interesses da comunidade em geral através de estudos de investigação, workshops, conferências, exposições, concursos e outras iniciativas”.

Filme na Ponte 9

Outra actividade do CURB, acontece este fim-de-semana, integrado no evento de passeios de bicicleta “ON THE MOVE”. Assim, este sábado, às 18h30, decorre, na Ponte 9 – Creative Platform Rooftop, a sessão “Rooftop Parallel Screening”, onde “o público poderá percorrer as ruas de Macau através do ecrã, desta vez explorando a Ilha Verde e os bairros do norte de Toi San e Fai Chi Kei”. Este filme é o resultado do som e imagens capturados nos passeios criativos de bicicleta realizados a 27 de Setembro. Este material foi usado “por artistas audiovisuais para criar uma obra de vídeoarte e um documentário”, descreve o CURB numa nota.

9 Out 2025

AMCM | Queda mensal de depósitos e empréstimos

Dados da Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) relativamente aos depósitos, empréstimos e massa monetária revelam que, entre Julho e Agosto, houve uma quebra nos depósitos e empréstimos efectuados por residentes. Os empréstimos internos concedidos ao sector privado registaram uma quebra de 1,1 por cento face a Julho, tendo sido de 501,9 mil milhões de patacas.

Por sua vez, a queda de empréstimos concedidos ao exterior foi ainda maior, na ordem dos 9,1 por cento, no valor de 511,8 mil milhões de patacas. Desta forma, as estatísticas da AMCM mostram que o volume total de empréstimos na banca caiu 5,3 por cento entre Julho e Agosto, uma quebra de 1.013,7 mil milhões de patacas.

No tocante aos depósitos, a quebra mensal foi de 0,4 por cento, sendo de 813,8 mil milhões de patacas, enquanto que a quebra dos depósitos por não residentes foi bem maior, na ordem dos 7,1 por cento, no valor de 338,1 mil milhões de patacas.

Os dados da AMCM mostram ainda que “os depósitos do sector público na actividade bancária cresceram para 220,9 mil milhões de patacas, representando um crescimento de 5,2 por cento”. Assim, em termos gerais, “o total dos depósitos da actividade bancária registou um decréscimo de 1,3 por cento, atingido 1.372,8 mil milhões de patacas”. Em termos mensais, a circulação monetária cresceu 0,3 por cento, mas os depósitos à ordem baixaram seis por cento.

9 Out 2025

CCAC | Médico da DSC obteve falsos atestados para aumentar salário

O Comissariado contra a Corrupção (CCAC) descobriu um caso de burla e falsificação de documentos por parte de um médico ao serviço da Direcção dos Serviços Correccionais (DSC). Segundo um comunicado, este médico “terá obtido vários atestados médicos para si próprio ou os seus pais, em conluio com médicos que exerciam funções em instituições médicas públicas ou privadas de Macau”, entre os anos de 2014 e 2018, conseguindo auferir “durante vários anos, um vencimento de cerca de 150 mil patacas”.

O médico, com ligação laboral à DSC, os familiares e médicos da entidade privada envolvida “terão cometido os crimes de burla e falsificação de documento” previstos no Código Penal, tendo o CCAC descoberto também que o médico “exercia funções remuneradas a tempo parcial sem conhecimento e consentimento do serviço onde exercia funções”.

Da parte da DSC, foi iniciado um processo disciplinar contra este funcionário com a entidade a “colaborar activamente com a investigação do CCAC”, tendo o caso sido transferido para o Ministério Público para investigação.

A DSC diz ainda que “atribui elevada importância ao caso e desenvolveu “uma revisão abrangente do mecanismo de gestão de faltas ao trabalho por doenças, bem como ao reforço da fiscalização interna, incluindo visitas ao domicílio dos trabalhadores e a verificação do estado de doença juntamente com os profissionais dos Serviços de Saúde”. Pretende-se, assim, “prevenir o abuso de baixas médicas para obter fundos públicos”. Pediu-se também às chefias das subunidades da DSC para “reforçar a supervisão”, exigindo-se “que todos os trabalhadores cumpram as obrigações inerentes ao exercício de funções públicas, com dedicação e respeito pela lei”.

9 Out 2025

Cancro | Taxa de sobrevivência aumenta 3 por cento em dez anos

Os Serviços de Saúde apresentaram ontem os dados relativos aos casos de cancro registados na última década. A doença continua a ser muito comum, mas mata menos, com a taxa de sobrevivência a aumentar de 59 por cento, em 2013, para 62 por cento em 2023. O cancro do pulmão, com 15,9 por cento de casos, está no topo da lista

 

Foram ontem apresentados pelos Serviços de Saúde de Macau (SS) os dados estatísticos relativos à evolução dos casos de cancro em Macau em dez anos (2013-2023). Segundo noticiou a TDM Rádio Macau, Alvis Lo, director dos SS, explicou que o cancro é das doenças mais comuns em Macau, mas em dez anos houve uma evolução positiva no que diz respeito à taxa de sobrevivência, que passou de 59 por cento para 62 por cento.

Em 2023, registou-se um total de 2.445 casos de cancro em Macau, com 1.201 casos a afectarem homens e 1.244 mulheres. Em termos de incidência, falamos da ocorrência de 238 casos de doença por cada 100 mil habitantes. No relatório relativo aos dados estatísticos sobre o cancro em 2023, divulgado em Agosto deste ano pelos SS, lê-se que o número de mortes foi 874, uma quebra anual (face a 2022) de dez por cento.

O cancro do pulmão domina a lista, com 15,9 por cento de casos, segundo avançou a médica Leong Iek Hou, chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças. Segue-se o cancro da mama, o cancro colorectal, da próstata e tiroide. Leong Iek Hou adiantou também algumas das potenciais causas para a maior ocorrência de doenças do foro oncológico, nomeadamente o envelhecimento e hábitos de vida da população. A médica disse que, no tocante à taxa de mortalidade com origem no cancro, Macau tem tido uma evolução positiva na última década.

Olhando para o relatório anual relativo aos casos de cancro, dos SS, de 2013, nesse ano houve 713 mortes e 1600 novos casos da doença. Já então se verificava uma tendência de subida da doença, com 1093 casos registados em 2003 e a subida de quatro por cento face a 2013, quando se registaram 1600 novos casos oncológicos.

Rastreio essencial

Há casos de sucesso em alguns tipos de cancro, como é o caso do cancro do colo do útero, que em dez anos sofreu uma redução de 28 por cento na taxa de incidência, escreveu o jornal Ou Mun. Sobre esta doença falou Chou Mei Fang, directora do Centro de Saúde da Areia Preta, que descreveu também uma quebra na taxa de mortalidade em quatro por cento.

As taxas do rastreio a este tipo de cancro também parecem animadoras, uma vez que em 2023, entre 65 a 66 por cento das mulheres de Macau realizaram estes exames preventivos, disse Choi Mei Fang, embora persistam problemas como a idade tardia na realização do primeiro exame e o facto de mais de metade das mulheres não fazerem o rastreio de forma regular.

Num comunicado de 2024, os SS avançaram que, em cinco anos, a taxa média de incidência do cancro do colo do útero diminuiu quase 30 por cento em comparação com o período anterior a 2011, enquanto a taxa de mortalidade diminuiu oito por cento.

No caso do cancro colorrectal, foi dito na conferência de imprensa que a taxa de incidência deste tipo de cancro de forma invasiva, no caso dos homens, caiu seis por cento em dez anos, sendo que a taxa de mortalidade diminuiu cerca de 18 por cento. Leong Iek Hou referiu que desde que foi criado, em 2016, o programa de rastreio do cancro colorretal, que participaram mais de 35 mil pessoas até Agosto deste ano, registando-se mais participantes todos os anos.

Deste grupo de pessoas, 330 foram diagnosticadas com pólipos malignos e 175 com tumores malignos, sendo que a maioria se encontrava em fase inicial da doença, escreveu o jornal Ou Mun.

9 Out 2025

ARTM | Associação celebra 25 anos com iniciativa solidária

“Hike With a Purpose” é o nome dado à iniciativa da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau para celebrar 25 anos de existência. Há corridas e caminhadas, conforme a capacidade física de cada um, programados para este domingo, no Parque Natural da Barragem de Hac-Sá

A Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM) celebra 25 anos e para marcar o acontecimento promove, este domingo, das 06h30 às 12h, a iniciativa “Hike With a Purpose”, que decorre no Parque Natural da Barragem de Hac Sá, e que pretende levar residentes a caminhar ou correr em prol de uma causa.

“Esta iniciativa destina-se a promover uma comunidade livre de substâncias ilícitas, incentivar estilos de vida e hábitos saudáveis, e fomentar actividades ao ar livre e o envolvimento da comunidade entre participantes de todas as idades”, destaca a associação numa nota. A primeira edição do evento decorreu em 2022.

Esta é uma iniciativa que decorre em colaboração com o Trailman 100 com duas opções de participação, nomeadamente a “Corrida Desafio de 14Km” e a “Corrida Divertida de 8Km”, ambas “projectadas para fomentar o espírito comunitário e promover a aptidão física”.

No caso da “Corrida Desafio de 14Km”, no formato individual, é feita numa distância de 14 quilómetros como o nome indica e o registo deve ser feito das 06h15 às 07h, com início da corrida programado para as 07h. Os participantes terão um limite de tempo de 3 horas e 30 minutos e devem ter 16 anos ou mais para participar.

Já a “Corrida Divertida de 8Km”, com grupos de três pessoas, é realizada num percurso de oito quilómetros, com registo obrigatório entre as 08h e as 09h e início programado para as 09h. Os participantes terão um limite de tempo de 2 horas e 30 minutos e devem ter 8 anos ou mais. Aqui, os prémios serão atribuídos ao grupo vencedor, enquanto no caso da corrida individual os prémios serão atribuídos aos três melhores corredores masculinos e femininos.

Aquecer antes de correr

Este evento da ARTM conta ainda com o apoio do UFC Gym para “proporcionar uma sessão de aquecimento antes da corrida divertida em grupo”, além de que no evento vão existir duas bancas de venda de artigos, comida e bebida com fins solidários, em parceria com a “Friends U Can Keep Macau” e a “Go Tower”, com parte dos lucros a reverter para a ARTM.

Espera-se que o evento atraia cerca de 300 participantes, reunindo famílias, amigos e membros da comunidade na tentativa de envolvimento “em actividades saudáveis”, aumentando também “a consciência sobre a prevenção do abuso de substâncias”.

Em 1993, a ARTM nascia com o nome “Ser Oriente” e começou por disponibilizar sessões de conversa e apoio psicológico a dependentes de drogas, além de apostar na sua integração social. A associação passou a designar-se ARTM em 2000, possuindo hoje centros de acolhimento para dependentes de álcool, droga ou jogo, tendo criado uma comunidade terapêutica que visa a cura sem a prisão e o regresso à vida em sociedade. A ARTM desenvolve também um trabalho social em Ka-Hó, nas moradias da antiga leprosaria, com o projecto de cafetaria e galeria de arte “Hold On To Hope”.

7 Out 2025

Gastronomia | Estudo fala na “subvalorização” do restaurante Fernando

Em “Restaurante Fernando: Um Estudo de Caso sobre Autenticidade Culinária e Património Cultural”, José Ferreira Pinto, docente da Universidade Cidade de Macau, chama a atenção para uma “subvalorização”, por parte das autoridades, do valor cultural do restaurante, destacando a manutenção da identidade do espaço

 

José Ferreira Pinto, docente na área do turismo da Universidade Cidade de Macau (UCM), acaba de publicar um estudo de caso sobre o Restaurante Fernando na plataforma académica CABI Digital Library, intitulado “Restaurante Fernando: Um Estudo de Caso sobre Autenticidade Culinária e Património Cultural”, alertando para a falta de reconhecimento cultural deste espaço por parte das autoridades.

“Para os decisores políticos e programadores de destinos, o [restaurante] Fernando representa um activo subutilizado”, tendo em conta que é um “activo que contribui para a identidade global de Macau e proporciona um modelo de turismo sustentável”.

É ainda explicado que “apesar do estatuto icónico entre os habitantes locais e visitantes internacionais, o Restaurante Fernando não foi formalmente reconhecido pelas instituições oficiais de turismo ou cultura como um dos principais expoentes da marca de destino de Macau”, mas a verdade é que tem “uma influência inegável” nestes campos.

“Há casos documentados de viajantes que voam para Macau apenas para jantar no Fernando antes de regressarem aos seus países de origem, uma prova da sua atracção magnética e valor simbólico”, é acrescentado.

Desta forma, “reconhecer e apoiar estas instituições poderia melhorar as estratégias de ‘branding’ dos destinos e promover ligações mais profundas entre os visitantes e o local”, é referido.

No mesmo estudo de caso, destinado a estudantes universitários e operadores do sector, refere-se que “o Restaurante Fernando é um exemplo convincente de como a autenticidade, quando cultivada de forma cuidada e consistente, pode transcender tendências comerciais e tornar-se numa instituição cultural”.

O Fernando existe desde 1986 em Coloane, junto à Praia de Hac-Sá, sendo desde então um ponto de passagem quase obrigatório para muitos turistas e residentes. Este estudo foi realizado com base “numa combinação de observação etnográfica, conversas qualitativas e evidências documentais”, sendo que em 15 meses foram feitas mais de 20 visitas ao restaurante “para interagir com funcionários, clientes, o proprietário do restaurante e o gerente do restaurante”. Através de “conversas informais, mas sistemáticas”, abordaram-se temas como as “percepções sobre autenticidade, fidelidade do cliente e pressões comerciais”.

Resistir às crises

Outro ponto destacado neste estudo de caso é o facto de o restaurante ter resistido a várias crises ao longo da sua existência. “A perseverança do [restaurante] Fernando durante crises económicas, pandemias e mudanças na dinâmica do turismo oferece uma poderosa lição de resiliência. A sua recusa em comprometer a identidade do restaurante em favor da modernização preservou um espaço que parece intemporal e emocionalmente fundamentado.”

Assim, o autor considera que a manutenção do restaurante tradicional “desafia a lógica dominante da inovação constante na hotelaria e no turismo, sugerindo que a consistência e a fidelidade cultural podem ser igualmente, se não mais, valiosas”.

No tocante ao futuro deste espaço gastronómico bastante conhecido, são deixadas perguntas a que só o próprio Fernando poderá responder: “Deve continuar a resistir à modernização em favor da preservação do espírito original, ou adaptar-se às novas tendências da hotelaria e formalizar a sua marca para atrair públicos mais jovens e mercados internacionais?”

7 Out 2025

Cuca Roseta, fadista: “O Fado é um samba-poesia cantado vindo do coração”

Na pandemia cantou para o público de Macau através de um vídeoconcerto, mas, agora, a fadista entrega-se de alma e coração para um concerto com a Orquestra Chinesa de Macau, integrado no cartaz do Festival Internacional de Música de Macau, no próximo sábado, 11. Em entrevista ao HM, Cuca Roseta fala do alinhamento do espectáculo, dos 15 anos de carreira e da verdade encontrada nas composições da sua autoria

Actua em Macau no próximo dia 11 de Outubro com a Orquestra Chinesa de Macau (OCM). Fale-me um pouco sobre aquilo que poderemos esperar deste espectáculo.

Sim, finalmente vamos a Macau. Vai ser a primeira vez porque fizemos anteriormente um vídeoconcerto para Macau na pandemia, e não conseguimos estar aí fisicamente. Actuamos agora com a OCM, que é muito boa, e estou feliz com essa parceria, por poder unir, de alguma forma, duas culturas. Estamos um pouco ansiosos por esse facto.

O concerto vai ter canções como “Meu”, “Preto e Branco”, “Canção do Mar”, “Não Sei de Onde” e “Finalmente”. O que nos traz este alinhamento?

Já tínhamos arranjos feitos para orquestra pelo Marinho de Freitas, que são arranjos extraordinários, e que serão adaptados aos instrumentos tradicionais da OCM. Estas canções são praticamente todas da minha autoria, letra e música, e contam diferentes histórias, algumas que eu própria vivi ou então histórias que, de alguma forma, experienciei alguém viver, de muito perto. São fados originais. A “Canção do Mar” é muito antiga e ficou conhecida na voz de Dulce Pontes e Amália Rodrigues, e tem um arranjo novo. Achámos que ficaria lindíssimo com a OCM. Claro que há músicas que cantamos sempre e que não saem do repertório, ligadas a fases tradicionais da minha carreira. Há algumas músicas que as pessoas gostam e pedem, mas trazemos um repertório completamente diferente do que apresentamos na altura [em Macau, com o vídeoconcerto], que foi muito bem recebido. Foi um concerto que correu muito bem, embora tenha sido por vídeo, e recebemos mensagens maravilhosas.

Lançou este ano o álbum “Até a Fé Se Esqueceu”, que tem um repertório exclusivamente brasileiro, com vários nomes da música brasileira, como Seu Jorge ou Zeca Pagodinho. Porquê explorar este universo, misturando-o com a linguagem do Fado?

Sim, mas este ano vou lançar também um álbum francês com o agente de Amália Rodrigues, que me fez esse convite. Mas o “Até a Fé Se Esqueceu” partiu de um convite de um grande produtor brasileiro para gravar sambas antigos, e que têm muito a ver com o Fado. Embora seja um álbum brasileiro, todo com sambas, é o meu álbum mais triste de todos, mais melancólico. Daí que fomos procurar esta raiz do samba para encontrar grandes poetas e grandes compositores que o Brasil tem, e que têm este peso que o Fado também tem.

Como?

O Fado liga muito à palavra e à composição, aliás, o Fado é um samba-poesia cantado vindo do coração, porque tem de existir essa verdade na interpretação, a ideia da verdade oriunda das experiências da vida, no transformar a história que conta. Essa melancolia está nas veias do sangue português e é misturada com a arte e a música. Este convite quis colocar uma fadista a cantar com seriedade e com o peso que o Fado traz, e poder interpretar os grandes poetas e sambas. O álbum [Até a Fé Se Esqueceu] tem sambas muito antigos, um deles de 1937. É, portanto, um álbum muito forte e mesmo muito bonito, com grandes poemas e compositores, como Tom Jobim, Vinicius de Morais, e parcerias maravilhosas com Seu Jorge e Zeca Pagodinho, que vieram até ao Fado. É um álbum que me deixou mesmo muito orgulhosa.

Portanto é possível casar o Fado com a alegria do samba, que também tem um lado melancólico, não é? Como a melancolia do nosso Fado.

Na verdade, quando ouvimos a palavra samba pensamos em alegria, mas na verdade a base do samba não é a alegria. Existe aquela frase de Vinicius de Morais, “Para fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza, se não, não se faz um samba não”. Então é aí que recai a beleza deste trabalho, que vai à raiz do samba e mostra que não há assim tantas diferenças entre a melancolia da raiz do samba e a melancolia do Fado. É um álbum nostálgico e melancólico, não traz essa alegria. Pode trazer esperança, e podemos dizer que alguns temas trazem consigo essa esperança, que encontramos na cultura brasileira e nos tambores. Porque eles literalmente põem as tristezas na roda da saia e nos tambores, não é? Eles transformam as tristezas em dança e música, mas neste trabalho não vemos esse tipo de samba.

A Cuca também tem um álbum anterior, “Cabo Verde Nha Cretcheu”, pelo que se pode dizer que tem explorado, na sua carreira, as diversas sonoridades lusófonas, indo além do Fado, mesclando sons?

Esse álbum não partiu de uma vontade minha, e acho que [é sinal] que a vida me leva, no fundo. Este álbum nasce de uma digressão que fiz pelas nove ilhas de Cabo Verde com a gravação em directo das mornas que cantei em cada ilha, pois eu cantei as mornas tradicionais de cada ilha. Entre uma ilha e outra há mornas muito diferentes. O que eu fiz foi, depois dos meus concertos de Fado, cantava duas mornas e compilámos depois todos os temas em crioulo em celebração do facto de ter sido a primeira artista internacional a fazer as nove ilhas de seguida. Mas também estive em Goa e fiz o meu concerto em Concanim. Tenho facilidade e gosto de aprender as músicas tradicionais dos países onde vou cantar. Já cantei em Moscovo e aprendi uma canção russa; aprendi as músicas de Goa, e na Geórgia, em Tiblisi, também aprendi uma música. É um mimo que faço quando viajo pelo mundo a levar o Fado. Mas a morna é maravilhosa e realmente há parecenças entre este género musical, e quis levar aos cabo-verdianos este encontro entre o Fado e a morna, e surgiu este álbum, que é lindo.

Uma vez que vai a Macau, poderemos esperar uma canção em cantonense, ou mandarim?

Sim. Por acaso já tinha falado com o meu manager para contactar alguém nesse sentido, a fim de podermos descobrir uma canção tradicional que pudesse aprender.

Celebrou, no ano passado, 15 anos de carreira. Como revê a sua carreira, que começou com os álbuns “Cuca Roseta” e “Raiz”?

Na verdade, foi muito bom celebrar os 15 anos no MEO Arena [sala de espectáculos em Lisboa], e poder revisitar todos os álbuns desde o primeiro. O “Raiz” abriu algo que é mais raro, que é a fadista compor e escrever as suas letras. Esse foi um disco que correu maravilhosamente bem e, a partir daí, foi bom, porque nesta busca pela verdade que o Fado tem, poder compor e escrever as próprias letras é sempre dar um pouco mais de nós. Cada pessoa compõe e escreve à sua maneira, e quando o pode fazer, é sempre um pouco como as linhas da palma da mão, ou seja, é algo único. Nesta busca que as pessoas fazem por seguir padrões para alcançar o sucesso, acredito que este existe quando não temos medo de seguir a nossa voz e o nosso instinto, o que vem do nosso coração, contar as nossas histórias e cantar as nossas melodias sem medo. Dessa forma acabamos por nos tornar únicos. Apesar de não ser habitual no Fado uma fadista compor e escrever, foi bonito ver que as minhas canções se tornaram importantes para muitos fãs. Às vezes tenho grandes compositores e poetas [a colaborar comigo], mas acho que [escrever e compor] traz esse lado da pessoa ser mais verdadeira. Jamais os meus poemas podem ser comparados aos dos grandes poetas que já cantei, mas acho que as pessoas sentem que estou mais na minha pele. De certa forma, isso toca-as e emociona-as. O celebrar os 15 anos de carreira foi o fecho de um ciclo e o começar de outro, e foi muito bom voltar à “raiz”, e perceber que era nela que estava a “pólvora”, no sentido de não termos medo de nós mesmos.

6 Out 2025

Festival da Lusofonia | Calema e Marisa Liz actuam nas Casas Museu da Taipa

Já é conhecido o programa do Festival da Lusofonia deste ano, que se realiza entre 24 de Outubro e 2 de Novembro, integrado no 7º Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Na música, esperam-se nomes como Calema, Marisa Liz, Rui Orlando ou Josslyn

 

A música e o universo da cultura em língua portuguesa estão de regresso às Casas Museu da Taipa ao Festival da Lusofonia. O evento, que decorre entre os dias 24 de Outubro e 2 de Novembro, em dois fins-de-semana, está integrado na sétima edição do Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

O destaque este ano vai para a cultura angolana, segundo o programa apresentado na terça-feira. Porém, na música destaca-se dois nomes bem conhecidos do público: a cantora portuguesa Marisa Liz, que pertencia à banda Amor Electro, que actua no dia 1 de Novembro às 21h30, e os Calema, a representar São Tomé e Príncipe, que actuam logo no arranque do festival, a 25 de Outubro, às 21h30.

As restantes escolhas musicais recaem em Rui Orlando, de Angola, com o espectáculo agendado para o dia 26 de Outubro, às 20h40, ou os Memu Sunhu, da Guiné-Bissau, que actuam no primeiro dia do festival, também às 20h40. Segue-se Josslyn, de Cabo Verde, a 31 de Outubro; os Galaxy, de Timor-Leste, a 2 de Novembro; os Carimbó Paidégua, do Brasil, marcados para o dia 26 de Outubro, às 19h10; os Negros Unidos, a representar a Guiné Equatorial, no dia 25 de Outubro, às 19h55; os Tafika, de Moçambique, no dia 2 de Novembro, e, a fechar, os Sanskruti Sangam, de Goa, Damão e Diu, no dia 1 de Novembro, às 19h15.

Além destes espectáculos principais, a música acontece na zona das Casas Museu da Taipa a partir das 19h30, com espectáculos de músicos e bandas locais como os Concrete/Lotus, Elvis de Macau, Giuliana Fellini e banda, Fabrizio Croce, The Bridge, Rita Portela ou Banda 80&Tal. As actuações decorrem até às 22h.

Com organização do Instituto Cultural (IC), o evento promete trazer “ao público uma diversidade cultural e a oportunidade de vivenciar a dinâmica e a vitalidade do mundo lusófono, contando com uma programação de actividades que inclui espectáculos de música e dança, jogos e degustação gastronómica”, descreve a entidade numa nota.

A ideia é revelar os detalhes das culturas das comunidades lusófonas residentes em Macau, onde a comunidade macaense não fica esquecida. De resto, na banca de cada associação participante haverá artesanato, trajes tradicionais, gastronomia e informação turística de cada país ou região. Os visitantes podem ainda participar nos Jogos Tradicionais Portugueses, Torneios de Matraquilhos e Jogos Recreativos para Crianças.

Entre as letras e o cinema

O Festival da Lusofonia integra-se com mais eventos do 7º Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa, nomeadamente exposições e mostra de cinema.

Um dos eventos principais é a “Narrativa Espiritual 2025 – Exposição Anual de Artes entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, uma mostra que reúne artistas do Interior da China, de Macau e dos Países de Língua Portuguesa.

O público poderá ver “criações contemporâneas de estilos variados”, que exploram “as conexões profundas entre as culturas chinesa e lusófona, convidando o público a embarcar numa viagem artística poética”. Ainda sem data fixa, a exposição fica patente entre Novembro e Março do próximo ano na Galeria de Exposições e na Casa da Nostalgia das Casas da Taipa.

Outro dos eventos agendados é o “Concerto Sino-Lusófono”, que promete oferecer “uma selecção especial de músicas para destacar o diálogo harmonioso entre a música chinesa e a música lusófona, revelando-se a fusão harmoniosa das duas sonoridades”. A data deste espectáculo ainda está por anunciar.

Outro evento integrado no programa do “Encontro em Macau” é o Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, que este ano celebra também a sétima edição. O tema é “Transcendendo Fronteiras”, apresentando-se “uma selecção especial de obras da China, dos Países de Língua Portuguesa e da Ásia Oriental”. Os filmes “contam histórias humanas que transcendem fronteiras”, sendo o filme de abertura “Green Wave”, realizado por Xu Lei, exibido a 14 de Novembro nos Cinemas Galaxy.

Depois, os filmes exibem-se na Cinemateca Paixão entre os dias 15 de Novembro e 5 de Dezembro, com um total de 30 películas.

Outro dos eventos integrados nesta iniciativa do IC é a “Exposição de Livros Ilustrados em Chinês e Português”, de 24 de Outubro a 2 de Novembro no Auditório do Carmo, na Taipa. Sob o tema “Mundo de Contos de Fadas”, apresentam-se “mais de 800 livros ilustrados de literatura infantil, maioritariamente em chinês e português, com entrada gratuita”. Há ainda o “Workshop de Degustação Chinesa e Portuguesa”, com três sessões do “Workshop de Café Preparado à Mão. Aqui os participantes podem provar as diversas variedades de café dos países de língua portuguesa. Destaque também para o evento “Workshop para Pais e Filhos sobre Experiência de Escultura em Chocolate”.

3 Out 2025

Linguística | Publicado estudo baseado numa viagem a Macau no século XIX

A académica Anabela Leal de Barros acaba de publicar um estudo linguístico que incide sobre a viagem do padre Miranda e Oliveira, ligado à Congregação da Missão, a Macau em 1825. Com laivos de história, são revelados detalhes sobre o português da época e de Macau. O livro será apresentado no Centro Científico e Cultural de Macau na próxima quarta-feira

 

“Viagem de Lisboa para Macau – 1825” é o título da mais recente obra editada pela Grão-Falar, da autoria da académica da Universidade de Minho Anabela Leal de Barros.

O livro faz uma análise crítica e interpretativa ao português da época deixado no manuscrito do pároco José Joaquim de Miranda e Oliveira, sacerdote da Congregação da Missão. Esta documentação está à guarda do Arquivo Distrital de Braga. Porém, a obra não desbrava apenas o português da época, revelando outros detalhes históricos de Macau, da Ásia e de uma viagem marítima.

Segundo contou Anabela Leal de Barros ao HM, a obra é “o mais fiel possível à ortografia do manuscrito”, até à data praticamente desconhecido.

Neste diário de viagem, o padre Miranda e Oliveira “revela enorme curiosidade diante de todas as novidades e vai partilhando connosco os seus nomes nas línguas do mundo que as baptizaram, começando pela nossa”.

É dessa forma que explica situações como “o enjoo marítimo, realidade ainda relativamente desconhecida e fortemente invasiva nas embarcações”, naqueles tempos. O padre nomeou ou definiu “os mangalhões, as toninhas, as caravelas, os feijões-frades, os voadores, as albacoras — toda a sorte de aves e de peixes que ao longo da viagem se admirou, pescou ou provou”, ou ainda os “fenómenos meteorológicos com os nomes locais – cacimba, samatra, tufão”. Há também detalhes sobre os “hábitos culturais como a masca, buio em indonésio; às seges filipinas, os berloches, e à classe dominante dos camisolas, bem como às sômas, embarcações chinesas”.

A embarcação partiu de Lisboa em Abril de 1825 e demorou-se nas Filipinas, chegando a Macau a 23 de Outubro. Descreve-se a chegada “à ilha de Caó” e no dia seguinte “ao Colégio de S. José”, a “uma cidade com ‘um magnífico porto de comércio’, situada ‘em uma península assaz agradável’, com ‘boas águas’ e ‘famosos edifícios à europeia'”.

Variedades linguísticas

Na obra editada pela Grão-Falar há, por exemplo, “histórias ricas como a das Orvalhadas de S. João, do Caldeirão de Frei Junípero ou do hábito de os mareantes gritarem ‘Refresca S. Lourenço!’ para que o vento sopre, sendo esse o significado aqui de ‘refrescar'”.

Há também “alusões à própria variedade linguística”, pois “em vários momentos se refere a comunicação com estrangeiros feita em latim, em território indonésio-holandês e filipino-espanhol; o ensino particular do inglês nas Filipinas por membros da Congregação da Missão; o pouco conhecimento e uso do espanhol, mesmo em Manila, e a variação do próprio tagalo, língua em que o sacerdote se preocupa em deixar registada a Ave-Maria”.

Antes de chegar a este relato de viagem, Anabela Leal de Barros já andava nos meandros da investigação deste tipo de manuscritos, deparando-se com a história de outro sacerdote, “o maior sinólogo português, Joaquim Afonso Gonçalves, que viajara da mesma casa de Rilhafoles da Congregação da Missão para Macau em 1812”.

Segundo a autora, este pároco “dedicou os últimos vinte e nove anos da sua vida à missão de evangelização na China, e em particular à investigação e ensino do chinês no Colégio de S. José em Macau”. Em toda a sua vida, “este transmontano escreveu mais de cinco mil páginas de gramáticas e dicionários em português, latim e chinês, expressamente dedicados aos seus alunos do Colégio, sete impressos na sua tipografia e pelos menos dois manuscritos”.

Depois, em 2017, António Lázaro, do Departamento de História da Universidade do Minho, e director do Instituto Confúcio, disponibilizou a Anabela Leal de Barros “uma lista de referências a manuscritos do Arquivo Distrital de Braga sobre Macau e a China”. Iniciou-se, então, uma “viagem” que culminou na edição deste estudo.

“Este livro é o primeiro fruto de um projecto meu de edição e estudo de manuscritos inéditos de literatura de viagens cujo objectivo principal é exactamente esse: contribuir para a valorização e consolidação da micro-história dos Descobrimentos e da memória da história, entre os séculos XV-XIX”.

Acompanhado em viagem

José Joaquim de Miranda e Oliveira demorou cerca de sete meses a chegar a Macau, partindo de Lisboa a 1 de Abril de 1825, e chegando a Oriente a 24 de Outubro do mesmo ano. Partiu no navio Vasco da Gama com mais três padres da congregação: João da França de Castro e Moura, Jerónimo José da Mata e José́ Ferreira da Silva.

Segundo Anabela Leal de Barros, “o manuscrito não parece ter sido passado a limpo pelo próprio autor, atendendo ao tipo de variação ortográfica e de gralhas e emendas que apresenta”, tendo sido, provavelmente, “trasladado, para salvaguarda de cópias, por algum membro macaense do Colégio, já que o português de Macau, no século XIX, tinha características compatíveis com certos traços, estranhos num sacerdote chegado de Portugal, ainda que jovem”.

Este diário de viagem “termina no próprio dia da chegada a Macau, com a brevíssima apresentação da cidade e do colégio, ficando já clara a perspectiva católica da época diante do culto chinês dos antepassados e sem se deixar de chamar a atenção para os meros cinco mil cristãos no conjunto dos 40 a 50 mil habitantes da cidade”.

Hostilidades políticas

José Joaquim de Miranda e Oliveira descreve como o bispo de Macau não recebeu a comitiva, o que é “suficiente para nos conduzir ao contexto hostil em que se achavam os lazaristas, defensores do liberalismo, o que levara Joaquim Afonso Gonçalves, poucos anos antes, a refugiar-se nas Filipinas, tendo o colégio ficado desfalcado de dois dos seus mestres”.

Além disso, “ao longo da viagem o sacerdote não deixa de narrar todos os momentos em que vai realizando a sua missão diária, com a administração dos sacramentos, a reza de responsos e a celebração de missas, mas sobretudo regista a notável falta de sacerdotes que revelam os povos cristianizados, em particular em Batávia, actual Jacarta, onde a comunidade de origem portuguesa, de mais de um milhar de pessoas, contava apenas com um velho padre”.

Nestes relatos revela-se ainda a preocupação de “recordar os primeiros mártires franceses da Congregação na tentativa de evangelização de Madagáscar e de relatar a presença de frades e padres das diversas congregações, de Cabo-Verde às Filipinas, onde estes são reconhecidos como mais importantes para a solidez do domínio espanhol do que o seu exército”.

Segundo Anabela Leal de Barros, o relato aludiu também, em Java, “aos luteranos e maometanos, bem como às religiões da China e, em Manila, à perseguição dos cristãos (referindo o ‘jantar’, ou seja, almoço com um chinês cristão, ‘e como tal perseguido’)”.

Miranda e Oliveira terá tido “uma conduta muito diplomática e convivial, assegurando o estabelecimento e manutenção de relações cordiais entre as várias ordens e igualmente com os governadores e potências estrangeiras em presença, dos holandeses aos espanhóis, que visitam em todas as paragens”.

Um projecto em curso

Nestes anos, era uma aventura perigosa viajar de barco, enfrentando-se “os povos antropófagos, a pirataria, as doenças dos embarcadiços e as epidemias”, uma “visão perfeitamente cinematográfica” já descrita n’Os Lusíadas, de Luís de Camões. Quem embarcava nestas viagens também se via só, “individualmente e num pequeno navio pouco mais que uma casca de noz, diante de um mar infindo, durante meses, em tempos nos quais era comum vários passageiros não chegarem ao destino, ou não regressar sequer um navio de uma esquadra completa”.

No relato de Miranda e Oliveira “não há grandes novidades” face a relatos anteriores, mas “somos inteirados das principais dificuldades das viagem marítima para a Ásia no século XIX: as pedras existentes ainda antes da Torre de Belém, que causavam não poucos naufrágios; e o enjoo, que merece mesmo definição para os muitos leitores que nunca haviam posto os pés num barco, e a propósito do qual se refere a facécia do capitão aconselhando as senhoras enjoadas a subir à tolda e a trabalhar, por ser o melhor remédio”.

Há ainda “o episódio do homem caído ao mar da charrua que os acompanhou em parte da viagem, que não conseguiram salvar — uma morte a que todos estavam tão expostos, como refere o narrador”. Destaca-se também outra potencial peripécia em viagens deste tipo, “o encontro com navios que, não hasteando de imediato qualquer bandeira, ou hasteando-a sem dar confiança de verdadeira, conduziam imediatamente à decisão de acender os morrões e abrir fogo, o que bem traduz a dimensão da pirataria e os receios que impunha”.

Essencialmente, “a personagem principal das viagens marítimas era o vento”, o que levou o ainda “jovem sacerdote” a “evocar por duas vezes os versos camonianos da tempestade”.

Depois da chegada a Macau, Miranda e Oliveira partiu para o seu posto em Nanquim, “numa viagem comparativamente mais demorada que a primeira, recebido pelos cristãos a custo e secretamente”. “Diante de perseguições” acaba por sucumbir “aos perigos e enfermidades da terra firme, aos 31 anos, longe de todos os seus confrades, logo a 1 de Novembro de 1828, apenas dois anos depois de ter descrito a difícil despedida da sua família espiritual, em Lisboa”. “Tiveram mais longevidade os seus companheiros de viagem, um dos quais viria a ser Bispo de Macau e o outro, de Pequim e do Porto”, destaca Anabela Leal de Barros.

3 Out 2025

Zoo Festival | Concertos de bandas locais, de Hong Kong e Taiwan para ouvir na Taipa Velha

A Fábrica de Panchões Iec Long, na Taipa Velha, recebe, entre amanhã e domingo, 5 de Outubro, o Zoo Festival, que conta com bandas locais, de Hong Kong e de Taiwan. Os espectáculos, com entrada gratuita, decorrem entre as 17h e as 22h, contando com bandas como “WhyOceans”, “SCAMPER” ou “Whale Belly”, entre muitos outros.

Esta quarta-feira, no dia em que se celebra a implantação da República Popular da China (RPC), é dia das actuações dos “Whale Belly”, formação local que já teve o nome de “Joking Case”. Trata-se de um grupo com canções maioritariamente pop e que tem cinco membros, Coco, Dash, Pong2, Rill e Ronald, bastante ligados ao panorama “indie” da música local, fazendo músicas inspiradas nas suas próprias vidas.

O nome “Whale Belly” foi retirado de uma canção dos Radiohead, “Lift”, e remete para a intenção da banda: que o público possa ouvir as suas canções como se estivesse na barriga de uma baleia, imerso num mar profundo e afastado da vida real, quase como uma experiência espiritual.

Amanhã actuam também os “WhyOceans”, grupo formado em 2005 que sempre procurou criar um estilo musical próprio, a fim de proporcionar ao público experiências audiovisuais aprazíveis. A música desta banda varia entre o rock e estilos alternativos, tendo os “WhyOceans” actuado em diversos palcos em Macau, Hong Kong, Taiwan e China.

Sonoridades vizinhas

Na quinta-feira, é dia de ouvir “Herson Si”, “Jason”, “NO RISON” e “thetiredeyes”, um grupo com músicos de diversas origens e estilos musicais, que vai buscar influências ao jazz mais tradicional, mas que também busca sonoridades do R&B, Neo Soul, Pop ou Hip-Hop.

No dia 3 de Outubro, sexta-feira, é a vez do público ouvir os “TRICKIE BONIE”, de Hong Kong, os “ByeJack”, também oriundos da região vizinha, e ainda “TR33”. De Macau actuam os “I go to school, bye bus”. Sábado é a vez de a Fábrica de Panchões Iec Long receber, de Taiwan, os “Papun Band”, que vão dividir o palco com os locais “SCAMPER”, entre outras bandas.

Os “SCAMPER” são um grupo com sonoridades entre o pop-punk e o rock, trazendo ao palco energia e também um pouco de romance.
O Zoo Festival encerra-se no domingo, 5 de Outubro, com os “COPAK” e os “Room 307”, de Hong Kong; os “Daze in White”, de Macau, e ainda os “Wonder Water”, de Taiwan.

30 Set 2025

Hui So-ying, protagonista do filme “Ah Ying”: “Representar é ser-se humano”

Em 1983, o cinema de Hong Kong, pela lente de Allen Fong, revelou “Ah Ying”, um filme que retrata a vida dura de uma menina que vende peixe no mercado e sonha ser actriz. Essa menina era Hui So-ying e “Ah Ying” inspirou-se na sua vida. O HM conversou com a actriz à margem da “Making Waves – 2ª Mostra do Cinema de Hong Kong”, que decorreu este fim-de-semana em Lisboa

 

Como se envolveu no projecto deste filme?

A principal razão pela qual me envolvi neste filme foi porque o meu professor de teatro faleceu. Por isso, senti que precisava de fazer algo para o homenagear, porque foi ele que me ensinou a representar. Então tentei ser actriz. Posteriormente, quando [o realizador] Allen Fong me conheceu, achou a minha história de vida interessante, acabando também por conhecer alguns dos meus familiares. Aí perguntou se eles estavam também interessados em participar no filme, o que levou a que muitos deles acabassem por entrar também no projecto. O filme mostra também o ambiente em que o meu professor vivia, é um retrato de experiências e histórias vividas por mim e pelo meu professor.

O filme retrata a vida de Hong Kong naqueles tempos. Como se preparou para a personagem?

A beleza deste filme está muito relacionada com as colaborações que se fizeram, nomeadamente na fotografia e nos figurinos. Foram precisas muitas colaborações para criar a beleza que existe no filme. Foi um trabalho árduo assumir a personagem [de Ah Ying], porque a história foi concebida para descrever algumas das minhas experiências passadas, e foi isso que o realizador quis fazer. Mas isso foi difícil para mim, porque havia algumas coisas que não queria enfrentar, mas tive de o fazer. Claro que depois percebi que, no fundo, não era nada, e até me senti aliviada depois de terminar as filmagens. Pensando se a história era uma forma de arte ou a realidade, quando estava a representar, tive de entrar na situação do momento porque, de facto, o episódio [real] já tinha passado, mas tive de voltar a ter certos sentimentos durante a representação. Como actriz, foi um grande teste.

“Ah Ying” é considerado um dos grandes filmes da chamada “Nova Vaga” do cinema de Hong Kong. Durante a rondagem, esperava o sucesso do filme?

Não pensei nisso, mas em todo o projecto achei que Allen Fong era um realizador muito ousado, porque nunca tinha sido feito um filme deste género em toda a história do cinema de Hong Kong. É uma espécie de “docudrama”, e ele teve a força e coragem para inovar na forma de filmar, o que, para a época, era inédito.

Qual foi o grande desafio que enfrentou neste filme?

Foi ter de regressar ao meu antigo eu. Havia coisas que não queria enfrentar e tive de as enfrentar novamente, com o mesmo sentimento que tinha naquela altura.

Entre 1983 e a actualidade passaram muitos anos. Olhando para trás, qual o significado que este filme teve para si, como pessoa e actriz?

Na verdade, depois de ver o filme, vi-o apenas como uma história. Para mim representar é ser-se humano, todos os dias são uma actuação.

O filme retrata a vida de Hong Kong nos anos 80 e ganhou uma versão restaurada. O que pensa que este projecto pode trazer a um público mais jovem que veja o filme hoje?

Este ano o filme foi exibido várias vezes, e faço sempre a mesma questão, se as pessoas não compreendem o filme ou se acham que ele não consegue ser imersivo o suficiente. Na verdade, tendo em conta a minha experiência, a maioria dos espectadores mais jovens responderam que não é assim, que o filme é bastante real. Não me parece que este filme esteja ultrapassado ou fora de moda só porque os tempos progrediram ou a sociedade mudou. Não acho isso.

“Ah Ying” encerrou, em Lisboa, a segunda edição de “Making Waves – Mostra de Cinema de Hong Kong”. Como se sente por ver este filme exibido em Portugal?

Achei interessante. Nunca pensei que o filme pudesse ser exibido nesta mostra, não sei se foi pelo facto de haver uma cópia restaurada. Antes desta nova versão era mais difícil exibi-lo. O público pode ver um filme que mostra as relações familiares vividas nos anos 80, e penso que aí o filme pode ser imersivo [na temática], quando aborda conflitos familiares, porque todos têm uma família. Vendo o filme podem questionar-se como é a relação com os seus familiares. Claro que também espero que tenham aprendido mais coisas sobre Hong Kong. Mas, apesar de este filme se passar na década de 80, foca-se muito nas relações familiares e interpessoais.

Há algum episódio das filmagens que a tenha marcado?

Em todo o filme houve vários momentos, mas aquele que me deixou maiores impressões foi a última cena, da entrevista, em que estava a falar para uma cadeira, mas era como se estivesse a falar com o meu professor. Quando vejo esta cena novamente fico sempre comovida, porque o meu professor já faleceu, mas tudo isso ainda me impressiona bastante.

30 Set 2025

Casa do FC Porto | Sede com ordem de despejo e rendas em dívida

A Casa do Futebol Clube do Porto Macau-China está a ser alvo de uma acção de despejo por falta de pagamento de várias rendas. A informação consta num anúncio de despejo do Tribunal Judicial de Base. Recorde-se que, desde Fevereiro, a entidade vinha sofrendo dificuldades financeiras

 

São quase 79 mil patacas de dívidas, quer em rendas em atraso, quer em pedidos de indemnização. A Casa do Futebol Clube do Porto Macau-China está a ser alvo de uma acção de despejo pelo atraso no pagamento de rendas. A informação consta num anúncio do Tribunal Judicial de Base (TJB) publicado na imprensa, e que justifica esta acção de despejo “na falta de pagamento da renda por um período superior a três meses”.

Recorde-se que em Fevereiro deste ano a Casa do FC Porto de Macau pediu donativos nas redes sociais para lidar com as despesas associadas às cheias que ocorreram na sede e que levaram ao encerramento da cantina em Janeiro. Já nessa altura, a associação falava em “enormes prejuízos” que colocavam em causa a “capacidade de cumprir com os compromissos financeiros” da entidade.

O HM contactou Diana Massada, presidente da associação, que garantiu que irá contestar a acção. “O senhorio deve-nos dinheiro dos prejuízos causados por falhas estruturais da fracção”, adiantou ao HM. A responsável alega que tem sido arrendada “uma fracção sem condições para o fim a que se destinava”, que era a “sede da associação com serviço de cantina”.

Patacas e mais patacas

No anúncio publicado nos jornais, lê-se que a Casa do Futebol Clube do Porto de Macau-China, situada no número 16 na Travessa de São Domingos, tem agora os prazos legais para contestar a acção de despejo. É exigido o pagamento de 40.815 patacas das rendas não pagas de Fevereiro, Março, Abril e Maio deste ano, bem como o pagamento de indemnização “igual ao montante das rendas referentes aos meses de Fevereiro, Março e Abril de 2025, por o atraso ser superior a 30 dias”, isto num total de 32.508 patacas.

É também exigido à associação o pagamento de 5.418 patacas relativo “a metade do montante da renda referente ao mês de Maio de 2025, por o atraso ser, à data da propositura da presente acção, superior a 8, mas inferior a 30 dias”. A Casa do FC Porto deve ainda suportar os custos relativos “às rendas vincendas até ao despejo da ré [Casa do FC Porto] e efectiva restituição do locado aos autores [da acção, os proprietários] livre de pessoas e bens”, mais juros. A Casa do FC Porto deve ainda suportar as custas judiciais, tendo direito a apoio judiciário.

A primeira inundação a afectar a sede da associação aconteceu a 19 de Janeiro, mas voltou a ocorrer uma segunda vez. “Infelizmente, os responsáveis pelas obras não efectuaram correctamente as reparações necessárias e após já termos a sede quase pronta para a reabertura sofremos nova inundação”, foi relatado nas redes sociais.

O fecho da cantina, que originava algumas receitas para a entidade, levou a “enormes prejuízos, porque não só afectou as nossas receitas, como originou enormes perdas de comida, gastos extraordinários para tentar reabrir, e colocou em risco a nossa capacidade de cumprir com os compromissos financeiros, nomeadamente o pagamento de salários”, foi referido.

30 Set 2025

Concertos | Black Eyed Peas actuam em Macau em Novembro

Fizeram um sucesso estrondoso com músicas como “I Gotta Feeling”, “Let’s Get It Started” e “Where’s The Love?”, ainda com Fergie a acompanhar nas canções. Agora, com uma nova cantora, os Black Eyed Peas estreiam-se em Macau a 21 de Novembro, no Local de Espectáculos ao Ar Livre de Macau, no Cotai. Os bilhetes já estão à venda

 

A zona de concertos no Cotai, com o nome oficial Local de Espectáculos ao Ar Livre, vai receber em Novembro um concerto que promete encher as medidas do público: os norte-americanos Black Eyed Peas (BEP). Formados em 1992, a banda começou a ser conhecida com o terceiro disco de estúdio, “Elephunk”, lançado em 2003, de onde saiu o êxito que ainda hoje toca nas rádios: “Where Is The Love?”, em parceria com o cantor Justin Timberlake.

No dia 21 de Novembro os BEP actuam em Macau, mas já com algumas alterações na formação original do grupo, pois Fergie saiu em 2018, apostando numa carreira a solo. O seu lugar foi ocupado pela cantora J. Rey Soul. Os bilhetes para o espectáculo de Macau já estão à venda e variam entre 699 e 1,699 dólares de Hong Kong na plataforma uutix. Os BEP também actuam na vizinha Hong Kong no dia 19 de Novembro, no West Kowloon Cultural District.

Se no final dos anos 90 os BEP eram um trio apostado em fazer hip hop alternativo, quando assinaram com a Interscope Records começaram a apostar em batidas mais pop. Com essa editora lançaram os álbuns “Behind The Front”, em 1998, e depois “Bridging the Gap”, em 2000.

No terceiro disco tudo explodiu e os BEP conseguiram alcançar o verdadeiro sucesso comercial. “Where Is The Love?”, uma canção que questiona o rumo do mundo e os valores da humanidade, subindo no top de vendas em vários países, alcançando a posição 14 na Billboard 200 e vendido, só no Reino Unido, 1.6 milhões de cópias. Em todo o mundo vendeu 8.5 milhões.

Com “Elephunk” os BEP não saíam da grelha da MTV e Fergie foi conquistando notoriedade no meio do grupo. Saíram outros êxitos, como “Shut Up”, “Hey Mama” e “Let’s Get It Started”. Aproveitando a onda do sucesso, “Monkey Business”, saído em 2005, também gerou mais canções que os fãs dos BEP não esquecem, como “Pump It”, uma canção que é pop puro e que enche qualquer pista de discoteca, “Don’t Phunk With My Heart” ou “My Humps”.

Não se pode ignorar ainda o enorme sucesso do hit “I Gotta Feeling”, saído de um álbum posterior, o “The E.N.D.”, de 2009, que também teve o single bem-sucedido “Boom Boom Pow”. Com “I Gotta Feeling”, os BEP também deixaram a sua marca nas rádios e pistas de dança por esse mundo fora, até hoje.

Os trabalhos a solo

No meio do sucesso dos BEP, Fergie aproveitou para ir fazendo uns trabalhos a solo que também tiveram notoriedade. Em 2006 saiu “The Dutchess”, que vendeu 12 milhões de cópias em todo o mundo e trouxe cinco singles às tabelas musicais, nomeadamente “London Bridge”, “Glamorous”, “Big Girls Don’t Cry”, esta última mais a puxar para os tons de balada. Produzindo mais álbuns nos anos seguintes, e apostando na sua vida pessoal, ao casar e ter filhos, Fergie acabou por deixar os BEP em 2018.

Porém, também outros membros dos BEP foram fazendo as suas canções, como foi o caso de will.i.am, que fez “#willpower”. Há dez anos os BEP fizeram uma nova música com o dj David Guetta, e a preparar novo material discográfico.

O disco mais recente dos BEP é “Elevation”, foi lançado em 2022, e tem canções como “Simply The Best”, “Muevelo”, “Audios” e “Double D’z”, num total de 15 faixas mais marcadas pelas sonoridades latinas. Em 2020, em plena pandemia, saiu “Translation”.

29 Set 2025

Televisão | Documentários sobre pensamento de Xi exibidos em Macau

A partir de 13 de Outubro será transmitida a série documental “Paixão de Xi Jinping pela Cultura” na TDM e TV Cabo Macau, bem como nas plataformas digitais de vários jornais chineses. Será também exibida a série “Apresentação e Interpretação do Pensamento Económico de Xi Jinping”, ambas produzidas pelo China Media Group

 

O público de Macau vai poder ver, a partir do dia 13 de Outubro, dois documentários sobre o pensamento do Presidente Xi Jinping na TDM e demais meios de comunicação social chineses. Ad duas produções do China Media Group, intituladas “Paixão de Xi Jinping pela Cultura” e “Apresentação e Interpretação do Pensamento Económico de Xi Jinping”, foram ontem apresentadas em Macau, com a presença de diversos dirigentes políticos, incluindo Sam Hou Fai, Chefe do Executivo.

A série “Paixão de Xi Jinping pela Cultura”, com dez episódios, cada um com 28 minutos, será transmitida na TDM e TV Cabo Macau SA, com transmissões posteriores nas plataformas multimédia dos jornais chineses Ou Mun (Macau Daily), Tai Chung Pou, Jornal do Cidadão, Hou Kong Daily e no Lotus Times.

Por sua vez, a “Apresentação e Interpretação do Pensamento Económico de Xi Jinping”, com 14 episódios, já teve a sua primeira exibição ontem, podendo ser vista na TDM até ao dia 9 de Novembro, tanto na televisão como no website e app de telemóvel.

O evento de estreia destas produções aconteceu ontem no Complexo do Fórum Macau e contou com um discurso do Chefe do Executivo. Sam Hou Fai disse que estes documentários servem “para incentivar o envolvimento, compreensão e implementação do pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas para uma Nova Era entre os compatriotas em Macau e os povos de todo o mundo”.

Novo acordo assinado

Na mesma sessão, foram assinados “cinco acordos-quadro” entre o Governo e o China Media Group, nomeadamente o “Acordo-quadro para aprofundar a cooperação estratégica entre o China Media Group e o Governo da RAEM”, o “Acordo-quadro sobre a cooperação na indústria cinematográfica entre a Administração Estatal de Cinema da China e a Secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura”. Foram também firmados os acordos “Carta de intenções para a cooperação entre a Comissão Organizadora da Zona de Competição de Macau da 15ª edição dos Jogos Nacionais e da 12ª edição dos Jogos Nacionais para Pessoas Portadoras de Deficiência, e ainda a 9ª edição dos Jogos Olímpicos Especiais Nacionais e o China Media Group”.

Inclui-se ainda “o acordo sobre a transmissão integral do Canal de desporto CCTV-5 entre o China Media Group e a TDM e o acordo-quadro de parceria estratégica entre a estação Ásia-Pacífico do China Media Group e Universidade de Macau”.

Sam Hou Fai explicou que o documentário “Paixão de Xi Jinping pela Cultura” tem conteúdos sobre “a essência do Pensamento de Xi Jinping sobre a cultura”, relatando “histórias autênticas da valorização e do compromisso do Senhor presidente Xi para com a transmissão do património cultural e o seu desenvolvimento”.

Os dois documentários compilam, segundo o discurso de Sam Hou Fai, “o estudo teórico” em torno do pensamento do Presidente, “ajudando o público a compreender” os seus ensinamentos. Sam Hou Fai disse ainda que estes “são os primeiros documentários televisivos a expor o pensamento económico de Xi Jinping, nos quais se analisam meticulosamente os principais discursos do Senhor Presidente e as transformações e conquistas históricas alcançadas sob a sua orientação no desenvolvimento económico da China durante a nova era”.

29 Set 2025

Fotografia | “Outros Portos – Outros Olhares” para ver em Zhuhai

A mostra “Outros Portos – Outros Olhares” é inaugurada hoje em Zhuhai, no The Moment Art Space, depois de uma primeira passagem por Portugal. A exposição itinerante que reúne trabalhos de cinco fotógrafas chega a Macau em 2027, com curadoria conjunta entre Macau, com a designer Clara Brito, Portugal e Pequim

 

O The Moment Art Space, em Zhuhai, prepara-se para receber hoje, a partir das 18h30, a mostra de fotografia que vai passar por vários locais da Grande Baía, depois de uma primeira apresentação em Portugal. Trata-se de “Outros Portos – Outros Olhares”, patente na vizinha Zhuhai até 17 de Novembro, revelando ao público “um olhar feminista sobre identidade, resistência e transformação cultural”.

A exposição “reúne uma narrativa visual de obras fotográficas de cinco artistas mulheres oriundas de Macau, de Portugal e da China Continental”, nomeadamente Mina Ao, Margarida Gouveia, Ting Song, Xing Danwen e O Zhang. Segundo os organizadores da exposição, cada fotógrafa “traz uma abordagem visual própria para reflectir sobre o papel da mulher na sociedade e na cultura, explorando temas como identidade, resistência e transformação dentro do pensamento feminista contemporâneo”.

Propõe-se, assim, com “Outros Portos – Outros Olhares” uma “narrativa visual intensa e diversificada, construída através de registos documentais, reflexão pessoal e crítica cultural”. Nesta exposição, as “artistas envolvidas questionam ideias fixas sobre o que é ser mulher e desafiam os discursos predominantes nas suas sociedades”. No próximo mês a exposição estará patente em Shenzhen, encerrando-se depois em Macau em 2027.

Os talentos de cada uma

Na equipa de curadores está a designer Clara Brito, ligada a Macau e Portugal, e representante da Associação Cultural +853, sediada na RAEM. A designer está também ligada ao grupo “Tomorrow’s Heritage”. De Pequim, Gu Zhenqing colabora também na curadoria.
Olhando para o rol de artistas, Ting Song “destaca-se como pioneira na arte digital” e “a primeira criptoartista a integrar o acervo de um museu nacional na China, tendo criado as primeiras obras chinesas com inteligência artificial e NFT vendidas em leilão”.

A mostra da sua autoria “The Counter-Cyborg Cathedral and Bazaar” marcou “a primeira colaboração asiática entre humanos e inteligência artificial baseada em blockchain”. Ting Song já foi inclusivamente destacada nas listas “Forbes 30 Under 30” e “Gen.T Asia”, tendo participado na campanha “Dare”, da Chanel.

“A sua obra combina tecnologia de ponta com estética tradicional para explorar a feminilidade digital e a construção da identidade, trazendo à exposição uma voz ousada, inovadora e profundamente actual”, destaca a organização da mostra.

Quanto a Xing Danwen, Mina Ao e Margarida Gouveia, as suas imagens remetem para “formas de violência simbólica e material, oferecendo reflexões profundamente pessoais sobre autonomia e identidade”. Já O Zhang documenta “o legado das políticas de adopção na China, centrando-se na vida de mais de 55.000 meninas chinesas adoptadas por famílias americanas, levantando questões comoventes sobre pertença, troca cultural e identidade feminina”.

Hoje haverá ainda uma mesa-redonda, com sessão de perguntas e respostas, moderada por Clara Brito, e que conta com a participação de curadores convidados e artistas da exposição.

26 Set 2025

Ragasa | Maioria dos comerciantes diz que não sofreu grande impacto

No rescaldo do super tufão Ragasa, a Federação da Indústria e Comércio de Macau, Centro, Sul e Distritos diz que a maior parte dos comerciantes não sofreu grande impacto com a tempestade. Ainda assim, ontem foi dia de limpezas e balanço de prejuízos

 

As chuvas fortes e inundações provocadas pelo Ragasa, que obrigou ao içar do sinal 10 de tempestade tropical, não causaram, afinal, grandes estragos no pequeno comércio. Em declarações ao jornal Ou Mun, o presidente da Federação da Indústria e Comércio de Macau, Centro, Sul e Distritos, Lei Cheok Kuan, revelou que a maioria dos comerciantes nestas zonas não sofreram grandes perdas materiais durante a passagem do super tufão, uma vez que se prepararam com antecedência.

O presidente da associação revelou que antes da chegada do tufão, os comerciantes com lojas na Rua dos Ervanários, Rua das Estalagens ou Avenida de Almeida Ribeiro receberam apoio na prevenção por parte de associações locais, mudando muitas das estruturas de negócio para zonas mais altas, a fim de evitar os estragos causados por inundações. Houve ainda quem tenha emprestado espaços para os comerciantes guardarem frigoríficos de grande dimensão, por exemplo.

Lei Cheok Kuan explicou ainda que as instalações não ficaram danificadas, o que leva a que os comerciantes não tenham custos acrescidos com funcionários ou rendas causados pelo fecho temporário, que não chegou a acontecer.

Resposta aos apelos

Lei Cheok Kuan recordou que a maioria dos comerciantes nas zonas baixas do Porto Interior respondeu ao apelo do Governo para a evacuação antes da chegada da tempestade, e que apenas um número reduzido de lojistas insistiu em continuar de portas abertas durante a passagem do Ragasa.

O dirigente associativo destacou que a grande maioria das lojas estava preparada para o regresso à normalidade já na quarta-feira, devido ao facto de os estragos e perdas não terem sido elevados. Esta quarta-feira o sinal 10 só reduziu para 8 às 16h, sendo que o sinal 3 de tempestade só foi içado à noite.

Ouvido pelo jornal Ou Mun, um comerciante com lojas na Rua das Estalagens e Rua da Tercena, de apelido Kuok, disse esperar que o Governo continue a melhorar as infra-estruturas contra inundações nas zonas baixas do território, devendo fornecer resoluções concretas aos comerciantes para que possam lidar com a subida do nível das águas quando ocorrem tempestades.

O mesmo comerciante chegou a mudar as instalações e máquinas de valor elevado, a fim de reduzir potenciais perdas o mais possível, mas a água acabou mesmo por entrar nalgumas lojas, causando estragos em espaços mais pequenos que não conseguiram deslocar maquinaria e outros materiais para locais mais seguros. De frisar que, em alguns locais, a subida do nível das águas levou a inundações com um máximo de cinco metros de altura.

Entretanto, equipas do Instituto para os Assuntos Municipais continuaram ontem a limpeza de ruas, parques e trilhos, incluindo nas praias de Hac-Sá e Cheoc Van, em Coloane, “que sofreram danos”, pois “foi arrastada para as praias uma grande quantidade de lixo e galhos de árvores”. A bandeira vermelha esteve içada ontem, proibindo banhos em ambas as praias.

No total, participaram nas acções de limpeza, na manhã de ontem, 1.100 funcionários públicos distribuídos em 116 equipas de apoio, sendo que 40 departamentos públicos estiveram envolvidos.

DSEDJ | Escola de Ensino Especial adiou o regresso às aulas

Uma escola do ensino especial não conseguiu garantir ontem o regresso às aulas, após a passagem do super tufão Ragasa. A informação foi divulgada pela Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), que revelou que outras escolas só conseguiram organizar o regresso às aulas na parte da tarde de ontem. “Actualmente, com excepção de uma escola do ensino especial que necessita de adiamento na retomada de aulas e de algumas escolas que ajustaram as aulas para a tarde, os alunos de todas as outras escolas retomaram as aulas com normalidade”, foi comunicado. “A DSEDJ irá acompanhar estreitamente a situação e prestar diversos apoios e assistência na recuperação das escolas após o tufão”, foi prometido.

26 Set 2025

Hong Kong | Men I Trust ao vivo em Kowloon em Janeiro

Os canadianos Men I Trust vão tocar em Hong Kong na nova sala de espectáculos TIDES, em Kowloon, no dia 29 de Janeiro. Os bilhetes para o concerto foram postos à venda hoje. Os fãs do trio de electro-pop terão de desembolsar entre 670 e 890 dólares de Hong Kong por um bilhete

 

Hong Kong prepara-se para receber a banda canadiana Men I Trust, formada em 2014 por Jessy Caron, Dragos Chiriac e Emma Proulx, e que navega entre as sonoridades “indie” e “electro-pop”. O espectáculo, que acontece na região vizinha, a 29 de Janeiro do próximo ano, está marcado para a nova sala de espectáculos TIDES, que ocupa o primeiro andar de um peculiar edifício em Whampoa (Kowloon) em forma de navio.

Em jeito de antecipação da grande procura, os bilhetes começam a vender-se hoje em diversas plataformas online, a partir das 10h.
O espectáculo dos Men I Trust integra-se na tour que a banda irá fazer ao longo de 2026, a “Equus Tour 2026”. Segundo uma nota da organização do evento, o grupo “deixou a sua marca na cena musical de forma discreta, mas profunda”, mantendo até à actualidade Emma Proulx na voz e guitarra, Jessy Caron na guitarra e no baixo, e Dragos Chiriac nos teclados. O trio faz “um som encantador que mistura dream pop e elementos indie, ressoando para um público global”.

Os Men I Trust são reconhecidos pelas “suas melodias hipnóticas e vocais cativantes”, fazendo uma “abordagem distinta à música”. A banda produz as suas próprias músicas e tem demonstrado “uma maturidade que vai além dos anos que tem na indústria”.

“A influência dos Men I Trust estende-se pelas suas composições evocativas e apresentações discretas ao vivo, porém envolventes, oferecendo-se ao público uma experiência música genuína e íntima”, descreve a organização. “Numa era em que a música desafia as classificações fáceis, os Men I Trust destacam-se pela capacidade de criar sons que transcendem géneros musicais, tendo moldado o cenário da música indie com graça e autenticidade”, lê-se ainda.

Uma marca no Clockenflap

Esta é a terceira vez que os Men I Trust vão actuar em Hong Kong. Em 2019 aconteceu um “concerto intimista” de estreia, voltando depois o grupo à edição de 2023 do festival Clockenflap. O que é certo é que os Men I Trust ” conquistaram um lugar especial no coração do público de Hong Kong”, sendo que este concerto marca não apenas a chegada de uma nova tour, mas “o novo projecto” do grupo para este ano, nomeadamente a edição da “série de álbuns em duas partes, ‘Equus Asinus’ e ‘Equus Caballus'”, como “dois mundos sonoros distintos, porém conectados”.

“Enquanto Equus Asinus (O Burro) oferece uma atmosfera intimista com toques folk, Equus Caballus (O Cavalo) expande-se para territórios mais grandiosos e atmosféricos. Ver como essas energias contrastantes se entrelaçam no palco promete constituir uma experiência única e imperdível”, destaca a organização. Os bilhetes têm valores que variam entre os 670 e 890 dólares de Hong Kong.

25 Set 2025

“Ragasa” | Hotéis e casinos avisados das regras com sinal 8 de tempestade

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) vão içar hoje, terça-feira, entre as 16h e as 19h, o sinal 8 de tempestade tropical, sendo “relativamente alta” a possibilidade de vir a içar o sinal 9 de tempestade na madrugada desta quarta-feira, embora não se saiba ainda a previsão da hora concreta.

O que é certo é que os casinos vão hoje fechar portas. Segundo uma nota oficial, o Executivo reuniu esta segunda-feira com representantes das operadoras de jogo a fim de discutir os trabalhos de prevenção sobre aquele que já é considerado um “super tufão”.

A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), em conjunto com a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), discutiu, com as operadoras, “os planos de prevenção de desastres e resposta a emergências em condições meteorológicas adversas e extremas nos casinos”, tendo em conta que se prevê que o “Ragasa” terá “um grande impacto em Macau”.

” A DICJ exigiu às concessionárias que procedam à saída ordenada dos seus trabalhadores e visitantes dos casinos dentro de duas horas antes da emissão do sinal nº 8 de tempestade tropical, com vista a garantir a segurança dos mesmos”, é referido na nota.
A reunião serviu também para discutir “vários planos-chave de contingência, incluindo a protecção dos direitos laborais, o processo de disponibilização de espaço para os clientes, medidas para prevenir o tufão no que diz respeito às infra-estruturas dos casinos e organização quanto à reserva de suprimentos de emergência”, entre outros temas.

Sector hoteleiro reuniu

Entretanto, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) também convocou ontem duas reuniões com representantes de empresas de turismo e lazer integrado e associações relacionadas com o sector hoteleiro, bem como com guias turísticos e agências de viagem, também para discutir assuntos relacionados com a protecção civil no âmbito da passagem do “Ragasa” pelo território.

“Os operadores turísticos responderam que, tendo em conta a situação da passagem do tufão e das mudanças dos voos, vão envidar todos os esforços para ajustar ou cancelar as excursões com antecedência, a fim de garantir a segurança dos visitantes”, foi dito no encontro, segundo uma nota oficial.

Na mesma reunião os representantes da indústria “afirmaram que já foram elaborados planos de contingência e implementados, de forma ordenada, os trabalhos de prevenção para fazer face ao tufão, incluindo a remoção de dispositivos móveis no exterior dos edifícios ou o tratamento flexível dos pedidos de alteração ou cancelamento de reservas”, entre outras matérias.

Nem aulas, nem cultura

Além disso, não haverá aulas hoje nem amanhã, incluindo eventos desportivos. Houve também ajustamentos, por parte do Instituto Cultural, na programação de vários eventos, nomeadamente no Festival Fringe.

A mostra “Exposição de Arte para Todos”, do 23.º Festival Fringe da Cidade de Macau encerrou esta segunda-feira, antes da data prevista. A Exposição de Realidade Virtual nas Ruínas de S. Paulo e as instalações artísticas ao ar livre do 2º Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau também estarão temporariamente encerradas ao público a partir de hoje “até novo aviso”.

23 Set 2025

Cerimónia do chá | Exposição para ver este fim-de-semana

Decorre amanhã e domingo a exposição “O Encanto da Cultura Contemporânea do Chá Chinês”, organizada pela Chinese Teaism Association of Macau, entidade dedicada a divulgar a cultura do chá. A mostra, patente no Centro Cultural e de Artes Performativas Cardeal Newman, pretende dar a conhecer as diferentes cerimónias do chá nas quatro estações do ano

 

A Chinese Teaism Association of Macau é uma associação que divulga da arte e cerimónias associadas ao chá tradicional chinês. Desta vez, essa divulgação faz-se através da exposição intitulada “O Encanto da Cultura Contemporânea do Chá Chinês”, que decorre apenas dois dias, amanhã e domingo, a partir das 11h, no Centro Cultural e de Artes Performativas Cardeal Newman, na Calçada da Vitória.

A partir das 11h, será possível conhecer mais sobre “as disposições da cerimónia do chá durante as quatro estações do ano”. Nas palavras da presidente da associação, Lo Heng Kong, pretende-se “desfrutar da verdade do conhecimento, da bondade das relações humanas e da beleza da poesia ao nosso redor”, através das disposições do chá nas quatro estações.

A exposição marca também a celebração dos 25 anos da entidade organizadora, que se tem dedicado a divulgar as mudanças que ocorreram com o simples acto de beber chá, que na cultura chinesa é muito mais do que isso.

“O hábito de beber chá evoluiu ao longo de várias eras — desde ser consumido como sopa, fervido, batido e infusionado — até alcançar uma nova etapa no século XXI, marcada pela integração cultural e por uma individualidade distinta. Essa individualidade impulsiona a inovação que, por sua vez, realça a individualidade, desenvolvendo-se como uma questão de gosto e moda”, explica Lo Heng Kong.

Assim, no passado, “as pessoas interessavam-se sobretudo pela ideia de ‘como beber chá’, mas mais tarde passaram a preocupar-se com ‘o que beber chá proporciona’. Por fim, começaram a escolher ‘que tipo de chá beber'”.

A presidente da associação adianta, numa nota sobre a mostra, “que além da qualidade das folhas de chá, as exigências aumentaram também em relação aos utensílios de chá, à qualidade da água, ao ambiente elegante e até à forma e companhia com que se saboreia o chá”. Desta forma, o acto de beber chá transformou-se “numa arte de viver que satisfaz também o prazer espiritual, dando origem à arte da cerimónia do chá chinês”.

Uma cerimónia “abrangente”

Para Lo Heng Kong, “a cerimónia do chá é uma arte abrangente que incorpora artes visuais, artes performativas e até música”, o que resultou em “novos conceitos como ‘disposição da cerimónia do chá’, com o termo chinês chaxi, ‘arranjos florais para a cerimónia do chá’ e ‘apresentação da cerimónia do chá’, formando uma cultura contemporânea do chá que vai além do prazer material”.

A dirigente diz ter criado, em 1998, o modelo “Xiyuan”, que “significa valorizar um encontro”, no sentido de potenciar relações humanas em torno do acto de beber chá. Assim, a “Reunião de Chá Xiyuan” não tem propriamente “regras específicas”, exigindo-se apenas “que o anfitrião prepare com atenção um espaço funcional para preparar e servir o chá, prepare um bule de chá e, em conjunto com os amigos do chá, desfrute da verdade (a verdade do conhecimento), da bondade (a bondade das relações humanas) e da beleza (a beleza da poesia) do nosso meio, valorizando cada ligação significativa”.

Acredita-se que a “disposição da cerimónia do chá” dá acesso para a arte do próprio chá. “Quando se desenvolve uma paixão por esta arte, é natural coleccionar diversos utensílios e manter peças requintadas para criar uma experiência personalizada de degustação e convívio”, sendo esse “o impulso por detrás da ‘disposição da cerimónia do chá'”.

Eventos desde 1998

A entidade que antecedeu a Chinese Teaism Association of Macau foi o Centro de Estudos de Cultura do Chá Chun Yu Fang, que reuniu quase uma centena de participantes e 25 disposições de chá para a “Reunião do Chá do Século de Hong Kong”. Este foi o primeiro encontro internacional em que a original “disposição da cerimónia do chá” de Macau foi apresentada, originando a “Exposição de Arte da Combinação de Utensílios de Chá Zhejiang-Macau”, em 2002.

Anos mais tarde, em 2010, realizou-se também a “Exposição Internacional de Lugares de Chá de Hangzhou”.
Nos últimos 25 anos de vida, a associação tem colaborado com diversos grupos artísticos como a International Art Community, o Australian Will Art Group e a Orquestra Chinesa de Macau “para experimentar a integração e inovação entre a cerimónia do chá e diversas formas de arte, enriquecendo o conteúdo da cultura contemporânea do chá”.

19 Set 2025