Bombeiros | Mais saídas de ambulâncias no início do ano

O Corpo de Bombeiros (CB) registou, no primeiro trimestre deste ano, uma subida no número de ocorrências que levaram à saída de ambulâncias.

Entre Janeiro e Março registaram-se 11.774 casos, mais 1.358 face ao primeiro trimestre do ano passado, o que representa uma subida de 13,04 por cento.

Segundo uma nota de imprensa do CB, as principais razões para a saída de ambulâncias prendem-se com casos de febre, tonturas, dores de cabeça, dores abdominais ou palpitações, representando 6.505 casos, 55,25 por cento do número total de saídas de ambulância.

11 Abr 2024

RAEM, 25 anos | Académicos debatem passado e presente de Macau

Decorre hoje na Universidade de Lisboa uma conferência que recorda os 25 anos da transição da administração portuguesa de Macau para a China. Três académicos analisam o legado deixado pelos portugueses, o rumo da língua portuguesa no território e o futuro da comunidade macaense

 

O Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa (UL) acolhe hoje uma conferência que celebra os 25 anos da transferência de administração portuguesa de Macau para a China e também os 45 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e a China.

Francisco José Leandro, académico da Universidade de Macau (UM), que será um dos oradores, defendeu ao HM que “o legado mais importante deixado por Portugal foi o facto de ter negociado uma solução diplomática aceitável, progressiva e capaz de se adaptar à evolução dos tempos”.

Esse legado teve a capacidade de “aproximar Portugal e a China num processo de cooperação continuada e profícua para ambos os estados soberanos”. Para o académico, o processo de transição constituiu “um verdadeiro exemplo de diplomacia reconstrutiva de um legado histórico complexo, transformado num símbolo de futuro”.

Cátia Miriam Costa será outra das oradoras convidadas e, desafiada a fazer um balanço da implementação da Lei Básica da RAEM, apontou que “deve existir um acompanhamento de eventuais novas interpretações dos direitos civis assegurados” no período da transição, à luz da Declaração Conjunta assinada em 1987.

Sobre o que de mais importante os portugueses deixaram na RAEM de hoje, a académica, ligada ao ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, declarou que, do ponto de vista do território, o maior legado foi “encontro pacífico e prolongado de culturas que gerou um território atípico em qualquer parte do mundo”. Contudo, do lado da China, o mais importante é mesmo “a conexão de Macau às culturas lusófonas e a uma maior facilidade de conexão com os países de língua portuguesa, além da existência de um território chinês com características próprias que o diferencia de todos os outros e potencia o desenvolvimento de actividades diversas das existentes noutras partes do território chinês”.

Finalmente, a académica entende que, para Portugal ficou o impacto positivo da “conexão permanente com a China que Macau providenciou”. Trata-se de um legado “com uma função mais dinâmica, se pensarmos no que foi a presença portuguesa no mundo”.

Uma reflexão

Carlos Piteira, presidente da Casa de Macau em Portugal e antropólogo, também será orador na conferência do ISCSP. O responsável pensa que a interpretação do panorama de interpretação da Lei Básica “assume diferentes perspectivas”, pois “à luz da integração de Macau na China continua a haver uma realidade local que mantém o princípio de ‘um país, dois sistemas’, ou, no mínimo, um espaço social e político diferenciado”. O macaense entende ainda que o legado que os portugueses deixaram no território depois de 1999 assenta “na dimensão patrimonial e nas potencialidades de elevar Macau como espaço singular da lusofonia”.

Estudioso das questões da identidade macaense, Carlos Piteira está a desenvolver um estudo sobre esta matéria à luz dos novos tempos e tendo em conta o “conflito dos paradigmas identitários”, pois o mais provável é que haja, na comunidade macaense, “uma ramificação entre o passado e o futuro”, sendo este o “desafio colocado na [necessidade] de reinvenção do futuro”.

E o português?

Após 1999 continuou a ensinar-se a língua portuguesa em Macau, embora seja pouco falada no dia-a-dia. Nesse sentido, Carlos Piteira considera que o futuro do idioma depende da sua “componente económica”, sendo esta “reforçada pelos chineses que a queiram utilizar”.
Cátia Miriam Costa destaca o trabalho feito por muitas entidades privadas, como o Instituto Português do Oriente ou a Fundação Rui Cunha, para que se fale mais a língua de Camões no território. “A língua portuguesa aumentou o seu número de falantes na RAEM, se bem que como língua estrangeira. A sua preservação e manutenção está de boa saúde, o que é tributário de iniciativas públicas e privadas com origem em Portugal, China e Macau”.

Além dos oradores mencionados, a palestra de hoje inclui ainda a participação de Carmen Amado Mendes, presidente do Centro Científico e Cultural de Macau, e Heitor Romana, assessor do ex-Governador Rocha Vieira em Macau e actualmente professor catedrático no ISCSP. A moderação está a cargo do académico Nuno Canas Mendes, também ligado ao ISCSP. Incluem-se ainda na palestra os painéis “45 anos de Relações Diplomáticas Portugal-China” e “Futuro da Cooperação Portugal-China”.

11 Abr 2024

Saúde | Primeiro trimestre sem infracções à lei do álcool

No primeiro trimestre do ano não houve infracções à lei do álcool, que entrou em vigor na segunda metade do ano passado. O dado foi revelado ontem pelos Serviços de Saúde, entidade responsável pela fiscalização.

“No que diz respeito ao controlo do consumo do álcool, não se registou nenhum caso no primeiro trimestre do corrente ano, mas foram emitidas 2.830 indicações de melhoria a 2.108 estabelecimentos”, foi revelado. Entre as indicações de melhoria 1.070 incidiram sobre a afixação de publicidade a bebidas alcoólicas com advertências, 431 sobre a delimitação de bebidas alcoólicas por zonas, 1.116 sobre os dísticos da proibição de venda ou de disponibilização de bebidas alcoólicas a menores e 213 sobre a apresentação de título alcoométrico.

A situação foi diferente no que diz respeito ao tabaco. De acordo com os dados revelados ontem, foram registadas 1.115 infracções. Estas incluíram 1.066 casos de pessoas a fumar em locais proibidos, 37 de transporte de cigarros electrónicos na entrada ou saída da RAEM, oito casos de venda de produtos com os rótulos que não cumpriam as exigências legais, três casos de tabaco por meios acessíveis a menores, e um caso em que a embalagem tinha menos de 20 unidades.

Os estabelecimentos com maior número de casos de infracção incluem a restauração com um total de 148 casos, o aeroporto com 128 casos e os casinos com 125 casos.

11 Abr 2024

Aterro-lixeira | Joe Chan desapontado com o Governo de Ho Iat Seng

O activista ambiental Joe Chan entregou em Fevereiro uma petição ao Governo contra a construção do aterro-lixeira ao largo das praias de Coloane, mas até à data não recebeu resposta. O presidente da Macau Green Students Union está “desapontado” com o rumo da governação de Ho Iat Seng e a sua posição inflexível face a críticas

 

Joe Chan, activista ambiental e presidente da Macau Green Students Union, disse ao jornal online All About Macau estar “desapontado” com a forma como o Executivo de Ho Iat Seng está a gerir determinados dossiers e a governar. Em causa está o projecto de construção de um aterro a sul de Coloane destinado a resíduos de construção urbana, a que o Governo chama “ilha ecológica”, que levou a associação a apresentar uma petição contestatária. Até à data, o Governo ainda não deu uma resposta.

“Quando entregávamos petições aos anteriores Governos éramos contactados pelos serviços públicos, mas o actual Chefe do Executivo tem uma atitude firme e ignora as nossas opiniões. É algo que nos surpreende. A sua atitude também demonstra que não dá atenção às nossas posições, nem disponibiliza informações [sobre os projectos], o que nos assusta”, frisou.

Joe Chan teme que a postura assumida quanto à “ilha ecológica”, que na sua visão pode danificar o meio ambiente da zona, se possa verificar em políticas futuras do Executivo. “Esta forma de governar é horrível e estou muito desapontado”, disse.

Muitas dúvidas

A petição de Joe Chan foi entregue em Fevereiro e tinha 1600 assinaturas contra a construção do aterro-lixeira junto às praias em Coloane.
O activista destacou ainda a posição de Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, que explicou que o projecto do aterro foi desenvolvido por especialistas. Neste contexto, Joe Chan recordou ainda que Mak Hei Man, vice-presidente da Sociedade de Conservação dos Golfinhos de Hong Kong, defendeu que a posição assumida pelo secretário não significa a suspensão ou cancelamento do projecto do aterro-lixeira.

Joe Chan concorda com Mak Hei Man quanto à postura inflexível demonstrada pelo actual Executivo, apesar do descontentamento social face ao projecto. “Tínhamos [na petição] cerca de 2000 assinaturas da população e, no nosso website, também registámos mais de 2000 assinaturas.”

O activista entende que há ainda muitas dúvidas em torno do projecto e que merecem ser esclarecidas publicamente, além de defender que todo o processo tem falta de transparência. Para Joe Chan, o Governo desenvolveu o projecto de forma selectiva, com uma consulta direccionada só para alguns especialistas, a fim de colher apoios ao invés de contestação.

A apresentação da “ilha ecológica” pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) também não convenceu Joe Chan. “A apresentação de muitos dados não explica o contexto. Por exemplo, porque é que a ilha ecológica terá aquela forma e tamanho? Isso não é devidamente explicado.”

Ho Iat Seng referiu que foi o Governo Central a decidir a localização do aterro, mas Joe Chan entende que é necessário que Pequim considere primeiro a avaliação do impacto ambiental elaborada por Macau antes de implementar o projecto.

Neste sentido, Mak Hei Man disse que a ordem vinda de Pequim já constitui um problema, pois o projecto da ilha ecológica foi anunciado e só depois é que foi desenvolvido um relatório de impacto ambiental para aquela localização específica.

Joe Chan queixou-se ainda do facto de o Executivo ter contratado a Universidade Sun Yat-sen para analisar a situação dos golfinhos brancos chineses nas águas de Macau, questionando por que não terá requisitado à mesma instituição um estudo sobre o aterro-lixeira nas águas ao largo de Coloane.

11 Abr 2024

Ngan Iek Hang quer tornar Macau num centro industrial para idosos

O deputado Ngan Iek Hang quer saber como o Governo vai aproveitar a Grande Baía e transformar Macau num centro industrial e de investigação focado em produtos para a terceira idade. A ideia faz parte de uma interpelação escrita do legislador ligado à Associação de Moradores.

Ngan Iek Hang considera que os esforços do Governo a pensar nos produtos do dia-a-dia destinados à terceira idade têm sido principalmente desenvolvidos nas áreas da medicina tradicional e nos cuidados de saúde, além dos apoios sociais.

No entanto, esta aposta não chega para colmatar as falhas verificadas, aponta o deputado. “Os produtos para idosos existentes no mercado são escassos, com funções incompletas e de qualidade variável, não satisfazendo as necessidades individuais e diversificadas dos idosos de diferentes idades, níveis de educação, saúde física e condições financeiras”, justifica.

Ngan Iek Hang quer que Macau siga as políticas do Interior e reforce “a investigação e o desenvolvimento da geriatria” e “desenvolva produtos que satisfaçam as necessidades dos idosos em termos de vestuário, alimentação ou alojamento”.

Cooperação alargada

Face ao cenário traçado, Ngan pergunta ao Executivo como vai “colaborar com universidades, organizações sociais e empresas para preparar o caminho para o desenvolvimento da indústria de produtos para idosos”. Neste aspecto, aponta que são necessário mais “produtos ricos e diversificados” a pensar na terceira idade.

Por outro lado, o deputado sugere que os apartamentos para idosos, um tipo de habitação social que concentra várias pessoas de terceira idade no mesmo prédio, sejam utilizados para testar e desenvolver os produtos que mais tarde podem ser lançados no mercado.

Ngan Iek Hang pergunta ainda ao Governo como vai aproveitar o futuro parque industrial para a terceira idade na Grande Baía, a ser desenvolvido pelas autoridades do Interior. Segundo o legislador, este parque pode permitir a Macau aumentar a capacidade produtiva, criar empregos e ajudar a exportar os produtos locais para o Interior e para o estrangeiro.

11 Abr 2024

ADN | Deputado quer base de dados de residentes e turistas

Lam Lon Wai considera que os crimes no território apresentam uma natureza cada vez mais “complexa”, criam vários desafios para a segurança local e justifica a ideia com as dificuldades de investigar turistas

 

O deputado Lam Lon Wai defende que o Governo deve criar tão depressa quanto possível uma base de dados e recolher o ADN de residentes e turistas para combater a criminalidade em Macau. A posição foi tomada através de uma interpelação escrita.

Segundo o deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), os crimes no território apresentam uma natureza cada vez mais “complexa” e criam vários desafios para a segurança local. O legislador aponta como uma das dificuldades de investigação o facto de não haver uma base de dados com o ADN de turistas, dada a grande dependência do sector e o enorme movimento destes no território.

Lam Lon Wai refere que o ADN é um “símbolo de identificação única” e pode ser um meio de prova insubstituível, pelo que considera que a base de dados é fundamental para Macau. “Vai contribuir para aumentar a eficiência da investigação criminal, reduzir os tempos de investigação, aumentar as taxas de detenção, e ajudar a confirmar a identidade das pessoas desaparecidas, ao mesmo tempo que serve como meio para dissuadir os criminosos”, argumenta.

Projectos congelados

Por outro lado, Lam Lon Wai afirma que “há muitos anos que as autoridades de segurança planeiam legislar sobre a criação de uma base de dados de ADN”, mas nunca o fizeram. “O secretário para a Segurança mencionou repetidamente nos debates políticos dos últimos anos que a criação de uma base de dados de ADN é muito importante para combater e prevenir a criminalidade”, recorda. “No entanto, Macau ainda não conseguiu adoptar legislação e, na prática, é necessário recolher dados, reservá-los e utilizá-los em conformidade com a lei”, lamenta.

O deputado da FAOM escreve que um pouco por todo o mundo, os vários ordenamentos jurídicos têm desenvolvido este tipo de bases de dados.

Neste sentido, quer saber se o Executivo tem a intenção de avançar: “A fim de continuar a prevenir novos crimes e garantir a estabilidade da sociedade, tencionam as autoridades promover, o mais rapidamente possível, alterações legislativas relacionadas com as bases de dados de ADN, a fim de atingir o objectivo de melhor combater e prevenir os crimes?”, questiona.

“A criação de uma base de dados de ADN tem um significado e um valor a longo prazo. Ao criar uma base de dados no futuro, como irão as autoridades considerar o equilíbrio entre a protecção de dados pessoais e a recolha de provas para investigação?”, pergunta.

Em relação à protecção dos dados pessoais, Lam Lon Wai defende que é necessário definir bem o período de armazenamento dos dados recolhidos, assim como as condições em que a base de dados pode ser acedida.

11 Abr 2024

CCM | Directora do Centro Cultural com confiança reforçada

A partir de segunda-feira, Lei Lo Heng inicia uma nova comissão de serviço como directora do Centro Cultural de Macau (CCM). A informação foi divulgada ontem, através de um despacho publicado no Boletim Oficial, assinado pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U.

Actualmente, Lei já desempenha o cargo de directora do CCM, mas na condição de directora substituta, mas com a nova nomeação passa a ter um estatuto reforçado. A comissão de serviço tem um prazo previsto de um ano.

De acordo com o currículo apresentado, a directora do Centro Cultural de Macau é licenciada em Direito pela Universidade da Ciência Política e Direito da China, e também em Gestão de Empresas Turísticas pelo Instituto de Formação Turística/Instituto Politécnico de Macau.

Lei Lo Heng ingressou em 2005 na Função Pública, através do actual Instituto para os Assuntos Municipais, onde desempenhou as funções de técnica e técnica superior, até 2015. Desde 2011 que também desempenhava o cargo chefia funcional do Centro Cultural de Macau, então integrado no IAM.

A partir de 2016 passa a integrar o Instituto Cultural, embora mantivesse a ligação ao Centro Cultural de Macau, para desempenhar as funções de chefe da Divisão de Actividades das Artes do Espectáculo. Desde Junho do ano passado que está na posição directora do Centro Cultural de Macau.

11 Abr 2024

Ensino | Ho Ion Sang quer mais arte nos currículos

O deputado Ho Ion Sang defende que o Governo deve alterar os currículos escolares para acrescentar elementos ligados às artes e promover a construção de Macau como uma cidade de espectáculos. A ideia é proposta numa interpelação escrita revelada ontem pelo gabinete do deputado.

O legislador mostra o seu apoio à política do Governo e considera que vai criar mais “oportunidades de emprego” e “locais de espectáculos”, assim como aumentar o número de “actividades e exposições artísticas”.

No entanto, antecipa que esta nova orientação vai levar a que sejam necessários mais recursos humanos do que os existentes, pelo que considera necessário alterar parte do ensino local, de forma a preparar a nova realidade.

“As autoridades competentes têm a intenção de reforçar o investimento em recursos para a educação artística nas escolas e melhorar a formação relevante dos professores de artes, de modo a melhorar a qualidade global da formação de quadros qualificados nas artes?”, pergunta Ho.

No mesmo sentido, o deputado quer saber se há planos para que a educação artística comece mais cedo nas escolas, para criar “uma base sólida para o desenvolvimento diversificado da economia”. Além disso, Ho Ion Sang reconhece que é necessário voltar a atrair artistas que terão deixado o território nos últimos anos.

“No âmbito da criação de uma ‘cidade do espectáculo’, tencionam as autoridades criar um mercado relevante e introduzir políticas e medidas para atrair o regresso dos profissionais locais das artes do espectáculo que deixaram o território?”, questiona.

11 Abr 2024

Cooperação | Zhejiang pediu apoio para reforçar ligação a Macau

O secretário do Comité Provincial de Zhejiang do PCC quer maior cooperação com Macau a nível económico e comercial. Lian Yimin ligou ainda o desenvolvimento de Zhejiang à “atenção e apoio de Macau”

 

O secretário do Comité Provincial de Zhejiang do Partido Comunista da China, Lian Yimin, pediu a Ho Iat Seng um reforço de cooperação económica entre as duas regiões. O pedido foi revelado através de uma nota de imprensa divulgada pelo Gabinete de Comunicação Social, sobre o encontro ocorrido na terça-feira.

Diante de Ho Iat Seng, Lian Yimin sublinhou que “o desenvolvimento de Zhejiang é inseparável da atenção e apoio de Macau e da cooperação conjunta” e afirmou “esperar que ambas as partes continuem a reforçar a cooperação pragmática na educação, intercâmbio cultural, inovação tecnológica, nas áreas da economia, comércio e negócios”.

De acordo com o também presidente do Comité Provincial de Zhejiang da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, o reforço da cooperação com Macau, permite tirar “proveito dos interesses mútuos para alcançar o sucesso conjunto” e criar “um maior contributo para o desenvolvimento geral do país”.

Um mundo maravilhoso

Por sua vez, Ho Iat Seng afirmou que “Macau está a aproveitar ao máximo as oportunidades surgidas no âmbito da Grande Baía e da Zona de Cooperação Aprofundada” e a promover a “diversificação adequada da economia”.

O Chefe do Executivo também considerou que a integração de Macau e Hengqin acelerou no início deste mês devido à entrada em funcionamento da Zona de Cooperação Aprofundada como “zona aduaneira autónoma em modelo de gestão separada”. Ho tentou ainda explicar que a nova iniciativa “facilita mais a circulação transfronteiriça, injectando novas dinâmicas para a economia geral do território, facto que permite Macau integrar-se melhor na conjuntura do desenvolvimento nacional e servir o país”.

Ao mesmo tempo, o líder do Governo da RAEM prometeu aumentar a cooperação entre as duas regiões. “Ambas as partes irão, sob a boa base existente, aprofundar e alargar ainda mais o intercâmbio e a cooperação em várias vertentes, no sentido de concretizar a complementaridade das vantagens mútuas e progredir em conjunto”, realçou.

11 Abr 2024

25 Abril de 1974: Descolonização, um “dossier” complicado e traumático

A descolonização portuguesa proposta pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) foi um dos principais pontos de divergência política no próprio dia do golpe militar de 25 de abril de 1974, provocando rupturas que ainda hoje se mantêm.

“A nossa intenção era boa, mas a alteração do Programa, no próprio dia 25 (de abril de 1974) na Pontinha (Posto de Comando do MFA), donde se retirou a referência ao direito dos povos à autodeterminação e independência, por ação do Spínola, complicou tudo”, explica o coronel Vasco Lourenço numa longa entrevista à historiadora Maria Manuela Cruzeiro, do Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, e publicada em livro em 2009, “Vasco Lourenço – do interior da Revolução”.

Em plena Guerra Fria, as declarações de independência dos antigos territórios coloniais portugueses em África, enquadradas no processo de descolonização, provocam o “retorno” de mais de meio milhão de pessoas a Portugal e a eclosão de violentas e prolongadas guerras civis em Angola e Moçambique entre os vários partidos armados – com a morte de milhares de civis.

Numa primeira fase, verificou-se a supremacia da influência do bloco soviético e a imediata reação armada por parte do regime do ‘apartheid’ sul-africano e da Rodésia.

Em Timor-Leste, a FRETILIN declarou a independência unilateral em novembro de 1975, durante a guerra civil, tendo as forças militares portuguesas retirado do território.

O complexo caso timorense fica marcado pela invasão da ex-colónia por parte da Indonésia. A ocupação prolongou-se de 1975 até 1999, tendo a independência sido oficialmente “restaurada” em 2002 – ao som do hino anticolonial e na presença de um presidente português, Jorge Sampaio. Mas isso só aconteceu após uma consulta popular que deu a vitória à independência em 1999 e a um período de administração liderado pelas Nações Unidas.

O caso particular de Macau, território chinês sob administração portuguesa até ao dia 20 de dezembro de 1999, conheceu um longo processo de transição, que decorreu quase em paralelo com o processo de transição da ex-colónia britânica de Hong Kong que terminou em 1997.

Resta resolver a esquecida questão de Cabinda que, do ponto de vista dos independentistas do enclave, está longe de estar solucionado e que acusam Angola de invasão e anexação em 1975 com apoio de forças cubanas e Portugal pelo alheamento em relação aos tratados firmados no século XIX no sentido da autodeterminação e independência.

Em Portugal, do ponto de vista social, em virtude do processo de descolonização, o regresso de milhares de portugueses apontados como “retornados” – em plena crise económica mundial – é ainda hoje motivo de divisões políticas e debates ideológicos.

E perduram no tempo os grupos de portugueses “espoliados” que reclamam direitos perdidos em 1975, mas cujo regresso de forma abrupta acabou por marcar a sociedade.

De acordo com a investigadora Maria Inácia Rezola, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, a questão colonial foi desde o início um motivo de fricção entre os militares do MFA e o general António de Spínola, que se opunha “frontalmente” à proposta de “imediata” concessão da independência às colónias.

“Há muito que Spínola manifestara ser o portador de um projeto – assente nas teses que defendera em “Portugal e o Futuro” – que contrariava os desígnios do MFA nesta matéria. Na proclamação que, como presidente da Junta de Salvação Nacional, dirigira ao país, na madrugada de 26 de Abril (1974), afirmara a sua vontade de garantir a ‘sobrevivência da Nação soberana no seu todo pluricontinental’”, escreve Maria Inácia Rezola, no livro “25 de Abril – Mitos de uma Revolução” publicado em 2007.

Spínola, antigo governador da Guiné e primeiro Presidente da República, não eleito, após o golpe militar do 25 de Abril, faz mais tarde várias menções à possibilidade de realização de consultas populares nas colónias. Foi o que fez no encontro que manteve com o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, no dia 19 de junho de 1974, nos Açores.

Apesar das divergências, em julho, o novo primeiro-ministro, Vasco Gonçalves, revela, na tomada de posse, que o Conselho de Estado tinha aprovado uma lei constitucional que reconhecia o direito dos povos à autodeterminação “com todas as consequências, incluindo o direito à independência”.

A lei, publicada no Diário do Governo do dia 19 de julho de 1974 como Lei 6/74, refere a aceitação “da independência dos territórios ultramarinos”.

A pressão internacional é constante, as negociações com a FRELIMO sobre Moçambique já estão em curso e os próprios militares portugueses no terreno exigem o cessar-fogo.

Spínola, a 27 de julho, num discurso transmitido pela televisão dirigido ao povo português de “aquém e além-mar”, refere-se pela primeira vez à descolonização como um processo que conduz à independência dos povos.

Vasco Lourenço que o “problema” da descolonização foi “ultra complicado” porque os militares do MFA (Movimento das Forças Armadas) tinham boas intenções em termos de princípios, mas que acabaram por ser ultrapassados pelos acontecimentos e pelos protagonistas político-militares.

“Estávamos convencidos de que seria viável fazer as coisas com calma, mas o que é facto é que havia o outro lado. A guerra tem dois lados. E se do lado do colonizador se fala em descolonização, do lado do descolonizado fala-se em independência. O facto é que nenhum colonizador deu independência ao colonizado, sem ter havido, da parte deste, luta pela mesma. Isto é, a independência não se dá nem se recebe. Conquista-se! Na maior parte das vezes através da luta armada, como era o nosso caso em Angola, Guiné e Moçambique”, disse.

Vasco Lourenço sublinha também que foi o tempo da palavra de ordem “nem mais um soldado para as colónias” e que já “ninguém queria dar tiros” numa guerra já reconhecida como “ilegitima”, apesar de se verificarem situações de extrema tensão no terreno.

“Havia que tentar manter a força, para melhor negociar. É sempre assim, e os Movimentos de Libertação também o sabiam. Por isso, a sua intensificação no esforço da guerra, E posso garantir: se houve alguém que se esforçou para manter as nossas forças organizadas e operacionais foi precisamente o MFA. Agora, mais uma vez afirmo, só estando lá, só vivendo as situações se pode falar, quem nunca pecou que atire a primeira pedra!”, concluiu Vasco Lourenço.

10 Abr 2024

A dança do leão (舞獅 wǔ shī )

A dança do leão (舞獅 wǔ shī ) diz-se em patuá antigo “brinco do leão” pode ser realizada por um ou dois acrobatas, acompanhados por gongos, címbalos, bátegas e tambores do leão ou tímbalos, ao som de panchões, bombas e fogo- -de-artifício, representando este último uma chuva de boa sorte. O leão é um guardião, variando a simbologia da sua máscara, conforme a cor. A máscara vermelha representa a coragem, a dourada, o vigor e a verde a amizade ou benevolência. A dança do leão é comum a muitas culturas asiáticas, incluindo a japonesa, a vietnamita e a tailandesa.

Segundo a Baidu Baike, podemos dividir os leões em dois grandes tipos, à maneira dos mandarins: leões letrados ou culturais (文獅 Wén shī) e leões marciais (武獅Wǔ shī), correspondendo às escolas budistas do Norte e do Sul, as principais danças deste felino. Recorde- -se que na Escola do Norte, a iluminação é gradual, implica estudo e dedicação ao saber, à maneira de uma escola tomista ocidental; já no Sul, como se de seguidores agostinhos se tratasse, a iluminação é súbita, e muito mais emotiva, implicando, por vezes, gestos repentinos e choques como gritos, palmadas, etc. Mais do que no saber discursivo, concentra-se na apreensão intuitiva da realidade.

Siga-se este diálogo ocorrido entre o monge Chan, Hongbian (弘辯) , retirado do quarto tomo de Junção das Fontes das Cinco Lâmpadas 《五燈會元》, mais concretamente dos Diálogos de Hongbian, neste caso com o imperador Xuan da Dinastia Tang (唐宣), intitulado “Não há divisão entre o Norte e o Sul na escola Chan/禪門本無南北” , que será apresentado na versão original, seguindo-se a respetiva tradução explicativa do surgimento destas duas escolas: 唐宣宗問:「襌宗何有南北之名?」對 曰:「襌門本無南北。昔如來以正法眼 付大迦摩葉”,展轉相傳,至二十八祖 菩提達摩,來遊此方為初祖。 暨第五 祖弘忍大師在蘄州東山開法,時有二 弟子,一名慧能,受衣法,居嶺南為六 祖;一名神秀,在北揚化。其後神秀門 人普寂者,立秀為六祖,而自稱七祖。 其所得法雖一,而開導發悟有頓漸之 異,故曰南頓北漸,非禪宗本有南北之 號也。 「 (弘辯語錄,引自《五燈會 元》卷四 Apud Jiang, 1997: 192)

O imperador Xuanzong da dinastia Tang perguntou o seguinte ao Mestre Chan Hongbian: “Por que razão se dividem o Budismo Chan nas escolas em Dança do Leão do Norte e do Sul?” Ao que o Mestre retorquiu, “Não há qualquer divisão originária entre Norte e Sul. No início Buda transmitiu os seus ensinamentos ao discípulo Mahakashyapa, que foram passando de geração em geração até ao 28º patriarca Bodhidharma, o qual viajou até aqui para se transformar no Primeiro Patriarca Chinês.

À época em que o Quinto Patriarca Hongren ensinava em Qizhou, na região de Dongshan, tinha dois discípulos, um chamado Huineng, que herdou o manto de mestre. Este viveu no Sul da China em Lingnan, vindo a ser o Sexto Patriarca; o outro, chamado Shenxiu pregou no Norte da China, tendo sido estabelecido como o Sexto Patriarca por um dos seus discípulos, Puji, que a si mesmo se intitulou o Sétimo Patriarca. Ambas as escolas seguem a mesma doutrina, advogando métodos diferentes para se alcançar a iluminação, que na Escola do Norte é progressiva, enquanto na do Sul é repentina. Porém, quanto ao Budismo Chan não há divisão de raiz entre o Norte e o Sul.”

Este enquadramento é necessário para se compreender as Danças do Leão do Norte e do Sul. No Norte, os leões parecem cães pequineses ou de Fu (cão de Buda, 佛狗 Fó gǒu), surgem aos pares com máscaras de tons laranja e amarelo, os machos, com arco verde na cabeça, as fêmeas com um vermelho: vão realizando acrobacias para diversão e entretenimento, de arte pela arte, como fazer cócegas, lamber pêlos, coçar orelhas e bochechas, rolar e brincar com a bola, que é a pérola mágica, figurando, desde tempos imemoriais, tanto o disco solar, como o lunar. Por vezes, surgem em família, 2 adultos, 2 crias, em “Lar da Dança do Leão” (獅子之鄉 Shīzǐ zhī xiāng). Já na Dança do Sul são introduzidos movimentos de grande perícia acrobática, implicando as artes marciais e, estas, relações ao mundo da religião budista Chan.

É bom não esquecer que mais do que divisões geográficas estão aqui em causa enquadramentos religiosos, não obstante se acreditar que há uma íntima relação entre a Dança do Sul, bem mais simbólica, e a província de Guangdong, onde terá surgido, tal como o sexto Patriarca Huineng, ligado ao Sul. Esta dança subdivide-se em dois grandes tipos: fut San/fó shān (佛 山Montanha do Buda), onde predomina a cor negra, e Hok San/hè shān (鹤 山Montanha do Grou), de cor amarela, entre outros subgéneros como Fut- -Hok/fó hè (佛鹤). Os leões das duas principais escolas, explica o antropólogo António Pedro Pires, “são ambos de modelo tigre, com grande policromia” (2018: 237).

O leão chinês terá de despertar (醒狮 xǐng shī), sendo convidada uma individualidade local para acordar o leão, como esclarece a professora Ana Maria Amaro na obra Brinco do Leão (1984), quando os olhos e a língua são pincelados com cinábrio, de seguida ele lança-se à caça do tesouro, a fim de atacar e conquistar a presa e o envelope vermelho, o laisi (利是), ao obtê-lo bate cabeça em sinal de agradecimento e retira-se vitorioso.

O Leão, quando entra numa vila ou domínio, presta primeiro homenagem ao templo budista local, aos ancestrais e depois anda pelas ruas para espalhar a boa sorte e a felicidade por entre a população e os negociantes, como no Ano Novo chinês quando “colhe verduras” choi chang (採青), ou seja, envelopes vermelhos pendurados em alfaces. A dança do leão não pode faltar por ocasião de todas as grandes celebrações, a começar, como já se referiu, pela Festa 獅子舞 (shī zi wǔ) da Primavera, mas também ao longo do ano em inaugurações de hotéis e outros estabelecimentos comerciais; encontramo-lo, ainda, presente em congressos e exposições, bem como em receções oficiais e para homenagear gente ilustre.

Com a divulgação do Budismo na China, foi introduzida na Festa da Primavera, a Dança do Leão (“舞狮”), com o objetivo de afastar maus espíritos e calamidades e de trazer boa sorte e fortuna às populações locais. A entrada desta dança na vida palaciana remonta à dinastia Tang (618-907), tornando-se componente importante das celebrações na corte.

Recorda António Pedro Pires, em Festividade do Ano Novo Lunar em Macau, que o felino seria “transformado em símbolo de realeza, força e poder e assumido pelo Budismo como seu totem protetor, o leão rapidamente se transformou num poderoso afugentador de demónios” (…) possui portanto uma função de divertimento e outra mágico-religiosa, como libertador dos espíritos maléficos causadores de doenças, tempestades e inundações. (Pires, 2018: 243). Da realeza, força e poder do leão fala a sua etimologia, já que o sinograma escolhido para o representar, 獅 (shī), possui junto ao radical de animal 犭(quǎn), o de mestre (師shī ), preceptor ou chefe.

Segundo Ana Maria Amaro, há ainda uma outra leitura etimológica possível, a de “que a palavra leão se relacione com a figura do seu domador, mestre em artes” (1984: 17), sendo possível, segundo a autora, defender até com base nestas duas leituras, que as danças do Norte e do Sul são diferentes na sua origem, a do Sul posterior à do Norte.

Esta última remontará talvez à dinastia Han (séc. III a.C e séc. II. d.C), inspirada em domadores estrangeiros das estepes ocidentais, que levariam os seus espetáculos à corte chinesa, ao passo que a do Sul estaria diretamente conectada ao Budismo Chan e aos monges de Shaolin (少林) , portanto às artes marciais e à iluminação repentina, sem necessidade de outra ascese que não as práticas corporais apropriadas, concentradas no exercício físico, na respiração e na meditação silenciosa. (Amaro, 1984: 177)

Na minha opinião, a Dança do Leão deve ser perspetivada na ótica do Budismo Chinês, tanto nas danças do Norte como nas do Sul, já que é relativamente fácil encontrar semelhanças de postura entre os exercícios acrobáticos do Norte, que implicam muitas piruetas e brincadeiras em mesas empilhadas e pódios em que o animal se movimenta, ora subindo, descendo ou saltando, como se fossem exercícios graduais e académicos da inteligência discursiva, própria da Escola do Norte; aproximando-se a dança do Sul de carácter religioso, desprendido e marcial à congénere budista do Sul.

Em Macau, esta dança é, ainda realizada no âmbito da religião popular, em comemoração de certas divindades muito veneradas, como o Deus da Literatura e da Guerra, (關帝Kuan Tai/ Guāndì), o Deus da Terra, (土地公Tou Tei /Tǔdìgōng) e a Padroeira dos Mareantes (娘媽Néong-Má/ Niáng Mā).

O certo é que os leões, bem como as suas danças, ficarão para sempre associados à figura do Buda Histórico, Shakyamuni, que tal como o epíteto indica é “O Sábio do Clã dos Shakyas”, este teria tido como figura totémica um leão, tendo o Buda Histórico emitido um rugido aquando do seu nascimento, de acordo com os sutras budistas.

Seguiram-se depois os shīzi (獅子), talvez, os filhos de mestres superiores ou budistas (Amaro, 1984:17), que quando dançam devem, de acordo com os registos do Budismo Chan, sacudir pulgas, de modo a não serem contaminados por estas e outras poeiras do mundo, afastam assim o negativo, atraindo o positivo e a boa sorte para todos, de acordo com um dos Diálogos de Zhicang (智藏), retirado do terceiro tomo de Junção das Fontes das Cinco Lâmpadas 《五燈會元》”As pulgas do Leão comem a sua carne/狮子身中蟲,自食狮 子肉” (Jiang, 1997:134) 師普請次,曰:「因果歷然,爭奈何! 爭奈何!」時有僧出,以手托地。 師 曰:「作什麼?」 曰:「相救!相救! 」師曰:「大眾,這個師僧猶較些子。 」僧佛袖便走。 師曰:「獅子身中蟲, 自食獅子肉。」(智藏襌師語錄, 引自 《五燈會元》卷三)

Enquanto o bonzo Chan Zhicang trabalhava com os restantes confrades, disse: “É claro que temos que pagar pelas nossas faltas, mas como o faremos? Mas como o faremos?” Foi então que um monge se adiantou, sacudindo as mãos para o chão. O Mestre inquiriu: “O que estás a fazer?” Ao que ele gritou: “Socorro! Socorro!” O Mestre disse: “bonzos, é correto o que ele está a fazer.” O monge endireitou as mangas e partiu. Ao que o mestre Chan acrescentou: “As pulgas do leão, comem a sua carne.” Pode-se então encarar as várias danças do leão na China à maneira budista como uma forma de libertação das múltiplas pulgas que afligem o corpo do animal, que ao brincar, pular e guerrear, corre em busca de um tesouro que implica sorte e prosperidade para toda a comunidade.

Referências bibliográficas

• Amaro, Ana Maria. 1984. O Brinco do leão. Macau: Direcção dos Serviços de Turismo.

• 百度百科2020狮子舞[shī zi wǔ] https:// baike.baidu.com/item/%E7%8B%AE%E 5%AD%90%E8%88%9E/891685

• Jiang, Lansheng (江蓝生). 1997. 《 禪宗語錄一百則》100 Excerpts from Zen Buddhist Texts. 香港:商務印書館.

• Pires, António Pedro. 2018. Festividade do Ano Novo Lunar em Macau. Macau: Instituto Cultural do Governo da R.A.E. de Macau.

• Wikipédia. 2024. “Dança do Leão” https://pt.wikipedia.org/wiki/ Dan%C3%A7a_do_le%C3%A3o

10 Abr 2024

Mahjong | Deputado diz que jogo é legal, mas sem apostas

Chan Chak Mo, presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, garantiu ontem que os residentes podem jogar Mahjong sem medo de cometerem qualquer ilegalidade, desde que não joguem a dinheiro.

A afirmação foi prestada ontem, no final do encontro da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, que está a analisar a lei de combate aos crimes de jogo ilegal.

De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, Chan exemplificou que se as pessoas jogarem Mahjong em casa, ou até num restaurante, que o podem fazer desde que não seja cobrada uma comissão para realizar o jogo, nem haja distribuição de ganhos ao vencedor. O deputado apontou também que a proposta sugere a aplicação de uma pena de prisão entre dois anos e oito anos para quem obriga outra pessoa a jogar.

10 Abr 2024

Turismo | Lei das agências de viagem votada amanhã no hemiciclo

A nova lei das agências de viagem e da profissão de guia turístico foi admitida para votação e análise no hemiciclo e traz a possibilidade de não-residentes serem guias, além de simplificar o processo de licenciamento de agências. A proposta de lei é votada amanhã na generalidade

 

Os trabalhadores não-residentes (TNR) poderão exercer a profissão de guia turístico no território. É esta a vontade do Governo expressa na proposta de lei relativa ao regime jurídico das agências de viagem e da profissão de guia turístico que, após duas revisões, em 2004 e 2016, vai agora ser novamente revista. O diploma foi admitido na Assembleia Legislativa (AL) e será votado amanhã na generalidade.

Na nota justificativa da proposta, o Executivo expressa que, “em resposta às necessidades de mercado, a proposta de lei prevê que possa ser requerida a contratação de TNR que possuam qualificações adequadas para o exercício da profissão de guia turístico, ao abrigo da legislação da contratação de TNR”.

Tal deve acontecer “em situações de inexistência ou insuficiência de guias locais fluentes numa determinada língua estrangeira”.
Ainda no que diz respeito aos guias turísticos, o Governo decidiu ajustar “as disposições relativas à sua deontologia profissional, a fim de garantir uma melhor prestação de serviços”. Além disso, a proposta de lei fala na “obrigatoriedade de os serviços serem prestados pelas agências receptoras em todas as viagens por adesão realizadas na RAEM, sempre que estas sejam organizadas por outra agência ou por outra agência de viagens de fora da RAEM”. Esta medida surge para combater “os casos de grupos turísticos vindos do exterior sem o acompanhamento de um guia turístico local”.

O Governo decidiu também, devido “à pouca procura”, deixar de emitir ou renovar os cartões de transferista, ou seja, os profissionais que acompanham turistas entre transportes e alojamento. Assim, será criada uma disposição transitória para quem ainda tem o cartão válido, sendo que estes titulares terão de fazer o pedido à Direcção dos Serviços de Turismo (DST) um ano depois da lei entrar em vigor e mediante a frequência de um curso de guia ministrado pela Universidade de Turismo de Macau.

Licenças mais rápidas

Na área do licenciamento das agências de viagens, passa a caber ao director da DST essa tarefa, sendo que se simplifica todo o processo, ao eliminar a vistoria ao espaço onde vai funcionar a agência antes da emissão da licença.

A proposta de lei faz ainda uma separação clara entre a regulação das excursões ou a prestação de serviços de recepção por parte das agências de viagens, “ficando detalhadas as disposições respeitantes às responsabilidades” de ambas. Destaca-se também a proibição de as agências receptoras “cobrarem preços inferiores ao custo dos serviços prestados”, ficando mais bem regulada “a promoção e fornecimento de actividades opcionais” a turistas, a fim de “melhor proteger os direitos e interesses dos clientes e participantes”.

10 Abr 2024

Consulado | Vagas para renovar documentos vão aumentar

Alexandre Leitão reconhece que a partir de Maio mais pessoas procuram renovar documentos de identidade e viagem, devido às férias do Verão, mas indica que o consulado de Portugal se preparou com a contratação temporária de dois trabalhadores

 

Entre Maio e Julho, o Consulado de Portugal em Macau e Hong Kong vai dispor de mais dois trabalhadores para responder à tradicional procura da renovação de cartões de cidadão ou passaportes. A informação foi avançada pelo cônsul Alexandre Leitão, em declarações ao Canal Macau da TDM.

Segundo as explicações do diplomata, como Maio, Junho e Julho são “meses tradicionalmente de grande procura, porque antecedem as férias grandes”, o pessoal do consulado vai ser reforçado para fazer face à vaga acrescida de renovações de cartões de cidadão e passaportes.

“Em Janeiro tivemos autorização para a contratação, por três meses, de dois elementos adicionais, que vamos empregar para tentar garantir que o volume [de renovações de documentos], que estava em lista de espera, por tratar, fica resolvido”, afirmou Alexandre Leitão, ao Canal Macau. “Este é o momento final de um processo que foi tratado como a prioridade desde a minha chegada, há um ano e dois meses, quando constatámos que tínhamos herdado da pandemia uma enorme procura de passaportes e cartões de cidadão, resultado de uma situação em que as pessoas não puderam renovar”, foi acrescentado.

O cônsul mostrou-se ainda confiante em fazer um corte com o passado e acredita que a partir de 31 de Julho “já não haja ninguém que ainda pense que é difícil renovar o cartão de cidadão ou passaporte e que precisa de esperar meses”.

Espera inferior a um mês

Sobre o período de espera pelo agendamento para realizar a renovação dos documentos, Alexandre Leitão indicou que actualmente é “inferior a um mês”, quando no passado era de “cinco meses”. “Neste momento, há cerca de 1.000 vagas disponíveis até 11 de Maio. Foi a primeira prioridade, conscientes que isto era um problema para muita gente”, vincou.

O cônsul comentou igualmente a nova medida experimental, dado que a partir da próxima segunda-feira o Consulado passa a estar aberto à hora de almoço, apenas para levantamento de documentos. “Vamos agora experimentar a abertura à hora de almoço, apenas para a entrega dos cartões de cidadão e passaportes. A partir do momento em que vamos aceitar mais de 200 pedidos por dia, 1.100 pedidos por semana, também temos de ter a capacidade de entregar esses documentos”, informou.

Por fim, Alexandre Leitão anunciou a criação de um canal para advogado, que poderão esclarecer as dúvidas, em relação a assuntos relacionados com o registo civil, através de um endereço de correio electrónico especial. “Criámos um canal especial para advogados, um endereço de correio electrónico que lhes vamos comunicar. A partir da próxima semana poderão formular directamente as suas questões ou dúvidas, em matéria de registo civil”, anunciou. “Os advogados têm previstas prerrogativas especiais na lei, que não estávamos a conseguir cumprir pelas contingências de recursos humanos. Este é o princípio da inversão deste processo e aos poucos tentamos ir ao encontro das necessidades das pessoas”, finalizou.

10 Abr 2024

Turismo | Mais de um milhão de visitantes nos feriados

Mais de um milhão de visitantes entraram em Macau durante os feriados da Páscoa e do Ching Ming, entre 29 de Março e ontem, informaram as autoridades. Com 1.051.826 de visitantes no total, Macau registou uma média diária de mais de 95.600 entradas em 11 dias.

O número total de entradas e saídas de visitantes nos postos fronteiriços foi de 2.125.514, tendo o posto fronteiriço das Portas do Cerco, no norte do território, registado o maior número: 788.724, de acordo com um comunicado do Corpo de Polícia de Segurança Pública. No Interior, as viagens e os gastos durante o feriado do Ching Ming aumentaram mais de 10 por cento em relação aos níveis anteriores à pandemia da covid-19, disseram as autoridades chinesas.

Mais de 119 milhões de viagens domésticas foram registadas durante o feriado de três dias, terminado no sábado, marcando um aumento de 11,5 por cento em comparação com o período homólogo de 2019, de acordo com o Ministério da Cultura e Turismo da China. A receita das viagens domésticas totalizou 53,95 mil milhões de yuan, um aumento de 12,7 por cento, em relação a 2019, o último ano antes da pandemia, disse o Ministério.

10 Abr 2024

Suicídio | SS não revelam se vão abrir inquérito a morte no Kiang Wu

Uma mulher cometeu suicídio quando estava internada no Hospital Kiang Wu. Porém, os serviços liderados por Alvis Lo recusam anunciar se o caso vai ser alvo de um inquérito no âmbito dos poderes de fiscalização do organismo

 

Apesar de uma mulher se ter suicidado quando estava internada no Hospital Kiang Wu, os Serviços de Saúde (SS) recusam revelar se o caso vai ser alvo de um inquérito. A posição dos serviços liderados por Alvis Lo foi tomada ontem, depois do HM ter inquirido os SS sobre a possibilidade.

Segundo os estatutos do SS, o órgão tem competências para “proceder à supervisão e apoiar as entidades que exercem actividades na área da saúde”. No âmbito destes poderes, o SS têm a obrigação de fiscalizar o que acontece no Hospital Kiang Wu, e actuar, caso se considere que o suicídio de segunda-feira resultou de negligência na forma como são os tratados os pacientes.

No entanto, na resposta enviado ao HM, os SS não dizem se haverá um inquérito interno. Limitaram-se a desejar publicamente as condolências aos familiares da mulher de “meia idade”. “De acordo com a informação divulgada pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública, o caso de suicídio ocorreu no Hospital Kiang Wu. Os Serviços de Saúde não têm nada a acrescentar à informação divulgada e, manifestam profundo pesar pelo falecido e expressando profundas condolências à sua família”, foi respondido.

Sobre os casos de suicídio no território, que têm vindo a aumentar nos últimos anos, os SS apontam atribuir muita importância ao fenómeno. “O Governo da RAEM tem dado grande importância à saúde mental dos residentes, e não só aumenta, de forma contínua, a acessibilidade dos serviços, e alarga a rede de apoio social […], mas também mobiliza toda a sociedade, através das famílias, escolas e da comunidade, para prestar atenção conjunta e encaminhar, por iniciativa própria, as informações, de modo a que os serviços competentes possam intervir rapidamente e eliminar os riscos potenciais”, foi vincado.

Na resposta os SS deixaram ainda um apelo às pessoas que em caso de angústia devem ligar para a linha da Cáritas para pedir ajuda. “Os Serviços de Saúde apelam a todos aqueles que estejam emocionalmente angustiados e desesperados para ligar para a Linha Aberta “Esperança de vida da Caritas” através do n.º 28525222 de forma a obter serviços de aconselhamento emocional”, foi acrescentado.

Contornos por apurar

Segundo a informação do Corpo de Polícia de Segurança Pública e da Polícia Judiciária, o corpo da mulher de “meia idade” foi encontrado na madrugada de segunda-feira, na casa-de-banho de um quarto do Hospital Kiang Wu, quando o pessoal enfermeiro fazia a ronda matinal pelas instalações. As autoridades policiais foram alertadas para a situação por volta das 04h39, e na segunda-feira as causas da morte ainda eram desconhecidas.

O Hospital Kiang Wu é uma instituição histórica de Macau e tem um passado e presente ligados à elite local, principalmente à família Chui, do anterior Chefe do Executivo.

Controlado pela Associação de Beneficência dos Hospital Kiang Wu, a instituição tem como actual presidente o empresário Liu Chak Wan, que tomou posse em 2023. Na cerimónia de tomada de posse estiveram presentes membros do Governo Central, de Macau e até o presidente da Assembleia Legislativa.

10 Abr 2024

Criado programa de empreendedores para a Rua das Estalagens

Foi anunciado na segunda-feira um programa de captação de empreendedores no âmbito do projecto de revitalização da Rua das Estalagens, desenvolvido pelo Instituto Cultural (IC) em parceria com a Sands China e a Associação Comercial de Macau.

Os empresários candidatos devem submeter um plano de negócio com um capital social não inferior a 300 mil patacas, sendo que as melhores ideias serão depois escolhidas por um júri. A Sands China dará um apoio de 50 por cento, até um máximo de um milhão de patacas, aos projectos vencedores.

A ideia do programa é, segundo um comunicado da operadora de jogo, “incentivar os empresários a criar empresas que revitalizem a economia de bairro”, bem como “melhorar a oferta em termos de turismo cultural na cidade e trazer vitalidade aos bairros antigos”.

A iniciativa nasce de um programa criado pela Sands China em 2017 destinado ao apoio e formação às pequenas e médias empresas, o “F.I.T.”, tendo sido criado posteriormente o Centro de Incubação da Sands Resorts que dá apoio a “empresas locais inovadoras com potencial de desenvolvimento”. A presidente do IC, Deland Leong Wai Man, referiu na segunda-feira que o programa “incentiva as empresas locais a darem largas à sua criatividade e a criarem projectos culturais e turísticos inovadores, estimulando assim a economia local”.

Sessões de apoio

As candidaturas de empreendedores devem ser feitas até ao dia 31 de Maio, sendo que será organizada uma sessão de informação sobre empreendedorismo e negócios no dia 17 de Abril, onde o programa para a Rua das Estalagens será apresentado detalhadamente aos potenciais interessados.

Será organizado também o “Dia Aberto na Rua das Estalagens” nos dias 20 e 21 deste mês para que os interessados possam conhecer a rua e as lojas disponíveis para arrendar. No dia 6 de Maio a Sands China promove ainda dois cursos gratuitos sobre “A Composição de um Plano de Negócios” e “Ferramentas de Apresentação [de um plano de negócios]”.

10 Abr 2024

Jogo | Banco de investimento revê em alta estimativa de receitas

Segundo o banco de investimento CLSA, até ao final do ano as receitas dos casinos devem atingir perto de 243,8 mil milhões de patacas, o que representa um aumento de 3,5 por cento em relação às estimativas anteriores

 

O banco de investimento CLSA fez uma revisão em alta do valor das receitas de jogo esperadas para este ano. A informação consta do mais recente relatório do banco de investimento sobre Macau, que é citado pelo portal Inside Asian Gaming.

A CLSA espera agora que até ao final do ano as receitas do jogo atinjam o valor de 30,3 mil milhões de dólares americanos, o que se aproxima de 243,8 mil milhões de patacas. A revisão em alta foi justificada pela “tendência de aumento do número de visitantes” nos meses considerados como parte da época baixa.

A nova estimativa significa um aumento de 3,5 por cento face às previsões anteriores, que apontavam para um crescimento de cerca de 29,2 mil milhões de dólares americanos (234,9 mil milhões patacas) para este ano. O valor revisto em alta indica que a principal indústria do território vai ter um crescimento de 34 por cento em comparação com as receitas do ano passado, que chegaram às 183,1 mil milhões patacas.

Além disso, a CLSA acredita que em 2025 as receitas da indústria do jogo continuem a subir, neste caso mais 5 por cento, chegando aos 31,9 mil milhões de dólares norte americanos (256,7 mil milhões de patacas). O recorde anual de receitas anuais foi estabelecido em 2013, numa altura em que a indústria do jogo VIP prosperava devido ao sector dos promotores de jogo, ao atingir-se o valor de 360,8 mil milhões de patacas.

Menores ganhos

Apesar de se esperarem ganhos maiores, o relatório indica que os resultados do sector, medidos pelos lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, na sigla em inglês), devem cair entre um e três por cento. Segundo a CLSA, a redução deve-se ao ambiente “cada vez mais competitivo do mercado” do jogo, que leva as concessionárias a reduzirem as margens de lucro, mas também devido à realização da segunda fase da renovação do casino Londoner Macau.

No relatório, assinado pelos analistas Jeffrey Kiang e Leo Pan, é ainda indicado que a “normalização do turismo” em Macau está em curso, com a procura pelo segmento de jogo de massas a crescer, apesar de um ambiente adverso a este tipo de entretenimento. “Continuamos a atribuir esta resiliência do mercado ao posicionamento de Macau, como um mercado de nicho, que visa menos de dois por cento da população da China”, escreveram os analistas.

No que diz respeito à análise das concessionárias, a CLSA prevê que a Venetian Macau, responsável pelos casinos Sands China, The Venetian, The Londoner ou The Parisian, perca quota do mercado ao longo do ano, devido às obras de renovação do Londoner. Contudo, a CLSA também indica que em 2025 a concessionária vai colher os frutos do investimento que está actualmente a ser feito.

10 Abr 2024

FRC | Palestra sobre os desafios do bilinguismo na próxima terça-feira

A Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe na próxima terça-feira, 16, a partir das 18h30, uma conferência sobre o bilinguismo, intitulada “Atraso Linguístico em Macau: Criar uma criança bilingue: Mitos e Desafios”. Trata-se de uma iniciativa da Associação dos Jovens Macaenses (AJM) em colaboração com a Associação dos Médicos de Língua Portuguesa de Macau (AMLPM). O evento terá como oradoras a pediatra Joana Morgado Bento e a terapeuta da fala Zélia Almeida.

O objectivo desta conferência é discutir com eventuais atrasos no desenvolvimento da linguagem das crianças, dado Macau ser um local onde as línguas oficiais são o português e o chinês, mas onde o inglês “desempenha um papel não oficial, mas altamente proeminente”, descrevem os organizadores do evento, em comunicado.

A língua inglesa acaba, assim, por ser “o meio de instrução em algumas escolas e muitas crianças em Macau são bilingues ou trilingues”. No entanto, “os encarregados de educação ficam muitas vezes preocupados com o desenvolvimento da fala dos seus filhos”, sendo que Joana Morgado Bento e Zélia Almeida dizem existir um “factor de risco para o diagnóstico de atraso na linguagem” no caso das crianças em que os dois pais, ou apenas um, são ocidentais. Desta forma, esta palestra servirá para discutir casos clínicos, bem como o panorama de avaliação, tratamento, prognóstico e prevenção do atraso da linguagem em crianças.

10 Abr 2024

Exposição | “Que mar se vê afinal da minha língua?” na Casa Garden

Depois da primeira edição em Alcobaça, a exposição “Que mar se vê afinal da minha língua” chega a Macau, inaugurando as celebrações dos 50 anos do 25 de Abril. A mostra será inaugurada na sexta-feira, às 18h30, na Casa Garden, apresentando trabalhos de diversos artistas de língua portuguesa, incluindo alguns ligados a Macau

 

“Que mar se vê afinal da minha língua?” é a pergunta a que a BABEL, co-fundada por Margarida Saraiva, pretende responder através da arte de diversos artistas de língua portuguesa, numa imensa expressão da lusofonia. Esta mostra, que já se estreou em Alcobaça, entre Dezembro do ano passado e Março deste ano, apresenta-se agora em Macau, a partir das 18h30 desta sexta-feira, na Casa Garden. Ao mesmo, o projecto inaugura as comemorações do 25 de Abril de 1974, data em que o regime ditatorial do Estado Novo caiu em Portugal.

Segundo um comunicado da BABEL, a mostra, com curadoria de Margarida Saraiva, “propõe uma reflexão sobre questões essenciais como memória, história, identidade e liberdade, num contexto pós-colonial e globalizado”. “O objectivo não é apenas olhar para o passado, mas também para o futuro: o que será do espaço de expressão portuguesa daqui a dois ou três séculos? Como será a liberdade num mundo controlado por algoritmos e obcecado com a vigilância no espaço privado, público e digital?”, interroga a organização, em comunicado.

Apresentam-se, assim, trabalhos de Aline Motta, Ana Battaglia Abreu, Ana Jacinto Nunes e Carlos Morais José, Bianca Lei, Catarina Simão, Cecília Jorge, Eliana N’Zualo, Eric Fok, Filipa César e Sónia Vaz Borges, José Aurélio, José Drummond, José Maçãs de Carvalho, Konstantin Bessmertny, Luigi Acquisto e Bety Reis, Mónica de Miranda, Nuno Cera, Peng Yun, Rui Rasquinho, Sofia Yala, Subodh Kerkar, Thierry Ferreira, Tiago Sant’Ana ou Wong Weng Io.

Há ainda outros artistas que se juntam ao painel “sempre que a exposição transpõe fronteiras”, uma vez que a ideia é que a exposição possa percorrer outros territórios de língua portuguesa, nomeadamente Fortaleza, Mindelo, Luanda e Maputo. “Que mar se vê afinal da minha língua?” fica patente em Macau até ao dia 12 de Maio.

Uma nova curta

No caso de Cheong Kin Man, natural de Macau e radicado na Alemanha, volta a apresentar em Macau a curta-metragem “uma ficção inútil”, datada de 2015, mas desta vez com uma nova roupagem num trabalho de parceria com a artista polaca Marta Stanisława Sala. A obra será exibida na Casa Garden na sexta-feira às 18h30.

O projecto intitula-se “uma ficção inútil – a resposta”. A curta-metragem, segundo uma nota divulgada pelos autores, é “mais de uma adaptação anotada com uma autocrítica do que uma verdadeira nova versão original” do trabalho de 2015.

A nova curta-metragem inclui uma parte com imagens em vídeo feitas pelo fotógrafo amador, e ex-residente de Macau, Jorge Veiga Alves durante a fase da transferência de administração portuguesa de Macau para a China.

“À medida que se vão mostrando 16 cenas repetidas e justapostas de uma dança do dragão, surgem palavras em português ‘impotência do multilinguismo’, numa referência ao livro ‘O Poder do Multilinguismo’, da escritora alemã de origem russa, Olga Grjasnowa”, apontam Cheong Kin Man e Marta Sala.

Um longo percurso

A exposição foi exibida em Alcobaça pela primeira vez graças a uma colaboração entre o Armazém das Artes e a central-periférica, tendo resultado de uma investigação, ainda em curso, de Margarida Saraiva sobre práticas artísticas contemporâneas dos mundos de expressão portuguesa.

Desta forma, o público poderá apreciar, na Casa Garden, cerca de 50 trabalhos de diversas áreas artísticas, como fotografia, vídeo, cinema, poesia, pintura, escultura e novos media, de artistas de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Macau, Timor-Leste e Goa.

Além da organização da BABEL, o evento é co-organizado pela REDE- Residências dos Mundos de Expressão Portuguesa, a central-periférica e delegação de Macau da Fundação Oriente. No que diz respeito à própria BABEL, a sua missão é “gerar oportunidades de investigação e aprendizagem nos domínios da arte contemporânea, da arquitectura e do ambiente”, sendo pensada como “um museu sem paredes” que pretende “trabalhar entre culturas e disciplinas”.

Fundada em Macau em 2013, e com presença em Alcobaça desde 2022, a BABEL procura criar novas colaborações e sinergias, tendo ainda apoiado, em Portugal, artistas em situação de risco, nomeadamente aqueles que fogem de cenários de guerra ou opressão.

10 Abr 2024

Gaza | Rússia e China acusam EUA de dar “carta branca” a “matança”

A Rússia e a China argumentaram ontem que tentaram travar a “matança” em Gaza vetando uma resolução proposta por Washington no Conselho de Segurança da ONU que dava “carta-branca a Israel para continuar a acção desumana” no enclave.

Numa sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) em que tiveram de justificar o veto que aplicaram em 22 de Março a uma resolução norte-americana que “determinava” o “imperativo de um cessar-fogo imediato e sustentado” em Gaza, a Rússia e China, ambos membros permanentes do órgão, acusaram Washington de tentar “chantagear” o Conselho de Segurança.

“O documento que os nossos colegas americanos tentaram forçar o Conselho de Segurança da ONU a adoptar em 22 de Março através de intriga e chantagem não só não continha uma exigência directa a um cessar-fogo, mas na verdade emitia uma espécie de licença para matar ainda mais palestinianos”, advogou o vice-representante permanente da Rússia na ONU, Dmitriy Polyansky. “É significativo que o documento americano também tenha explicitado a possibilidade de Israel realizar operações futuras em Gaza, desde que minimize os danos aos civis. No contexto dos planos abertos de Israel para atacar Rafah e do terrível número de vítimas civis desde o início do conflito, incluindo mulheres e crianças, a proposta americana foi chocante no seu cinismo”, acrescentou.

Também o embaixador chinês Dai Bing declarou que, caso fosse aprovada, a resolução norte-americana significaria a continuação da “matança em Gaza” e das “violações do direito internacional e do direito humanitário internacional”.

10 Abr 2024

Diplomacia | Xi Jinping recebe Sergei Lavrov em Pequim

O Presidente chinês, Xi Jinping, recebeu ontem em Pequim o Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, no final de uma visita de dois dias ao país asiático

 

O encontro entre Xi e Lavrov teve lugar após uma conferência de imprensa em que o chefe da diplomacia russa e o seu homólogo chinês, Wang Yi, deram conta das conversações oficiais, que incluíram questões como os conflitos na Ucrânia e em Gaza.

Os dois ministros concordaram que as relações entre Pequim e Moscovo estão mais fortes, concordaram com um alinhamento de posições sobre os principais desafios geopolíticos mundiais e sublinharam que ambos os países vão combater “comportamentos hegemónicos e intimidatórios”, em referência aos Estados Unidos.

“Haverá mais intercâmbios e trabalharemos em conjunto para combater o hegemonismo. Somos contra sanções que têm como alvo países como a Rússia, mas estamos a ver que esta política está a começar a ser utilizada contra a China para limitar as suas oportunidades de desenvolvimento. Estão a fazê-lo apenas para eliminar a concorrência”, afirmou Lavrov.

Wang sublinhou o “elevado” nível dos laços bilaterais: “Somos parceiros prioritários, defendemos um espírito de boa vizinhança e mantemos uma cooperação estratégica abrangente”, resumiu. O conteúdo da conversa entre Xi e o ministro russo, que já tinha discutido com o seu homólogo os dois grandes conflitos armados actuais e a estabilidade na região da Ásia -Pacífico, entre outros assuntos, não foi divulgado até ao momento.

Relativamente à Ucrânia, Lavrov saudou a “posição imparcial” da China sobre a guerra, bem como “a sua vontade de desempenhar um papel construtivo” na “resolução da crise de uma forma política”. Também concordou com Wang que é “importante ter em conta as posições de todas as partes envolvidas” e sublinhou que o seu país não participará em nenhum evento internacional em que a posição da Rússia sobre a guerra não seja tida em conta.

Boa vizinhança

Em Fevereiro de 2022, pouco antes do início da invasão russa na Ucrânia, os presidentes da China e da Rússia, Xi Jinping e Vladimir Putin, respectivamente, proclamaram em Pequim a “amizade sem limites” entre as suas nações. As duas potências têm afirmado que os seus laços “não ameaçam nenhum país” e que “promovem o multilateralismo nas relações internacionais”.

Desde a eclosão do conflito na Ucrânia, a China apelou ao respeito pela “integridade territorial de todos os países”, incluindo a Ucrânia, e à atenção às “preocupações legítimas de todos os países”, referindo-se à Rússia. Manter boas relações com Moscovo é vista por Pequim como crucial para contrariar a ordem democrática liberal dominada pelos Estados Unidos e países aliados. É também uma forma de assegurar estabilidade na fronteira terrestre com a Rússia, que tem mais de 4.300 quilómetros de extensão, e fornecimento estável de energia. Esta condição permite a Pequim concentrar recursos nas áreas costeiras e mares circundantes, onde os Estados Unidos mantêm várias bases militares em países aliados, segundo analistas de política externa chineses.

A China quer afirmar-se como a principal potência no leste da Ásia e diluir o domínio geoestratégico norte-americano na região. A reunificação de Taiwan, localizado entre o Mar do Sul da China e o Mar do Leste da China, no centro da chamada “primeira cadeia de ilhas”, é um objectivo primordial no projecto de “rejuvenescimento da nação chinesa”, lançado pelo Presidente chinês, Xi Jinping.

As reivindicações territoriais sobre Taiwan e o Mar do Sul da China suscitaram tensões entre Pequim e quase todos os países vizinhos, desde o Japão às Filipinas. A crescente assertividade da China no Indo-Pacífico levou já à formação de parcerias regionais lideradas pelos Estados Unidos, incluindo o grupo Quad ou o pacto de segurança AUKUS, que propôs esta semana a inclusão do Japão.

10 Abr 2024

Presidente da Assembleia Popular Nacional visita Coreia do Norte esta semana

Um alto dirigente chinês vai chefiar uma delegação numa visita à Coreia do Norte esta semana, anunciaram ontem os dois países.
Zhao Leji, presidente da Assembleia Popular Nacional (órgão máximo legislativo da China) e considerado o número três do Partido Comunista Chinês, vai visitar a Coreia do Norte entre amanhã e sábado, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O enviado de Pequim representa a mais significativa visita, em termos do peso político de Zhai Leji, à Coreia do Norte dos últimos cinco anos, desde a visita do Presidente Xi Jinping em 2019 e a primeira de um membro do Comité Permanente do Politburo desde a pandemia.

Recorde-se que Zhao é um dos sete membros do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista, a cúpula do poder na China, chefiado pelo líder chinês, Xi Jinping. Não foram divulgados pormenores sobre o que foi descrito como uma visita de “boa vontade”, excepto que a delegação vai participar na cerimónia de abertura do “Ano da Amizade China – Coreia do Norte” e que a visita acontece no ano em que se celebram 75 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, ou seja, desde a fundação da República Popular da China.

“Os preparativos específicos para a visita ainda estão a ser negociados”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning. Um despacho da agência noticiosa oficial da Coreia do Norte, KCNA, anunciou igualmente a viagem.

Estreitar relações

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, tem vindo a insistir no reforço das parcerias com a China e a Rússia, numa tentativa de fortalecer a sua posição regional e de se juntar numa frente unida contra os Estados Unidos.

Kim viajou para a Rússia em Setembro para uma cimeira com o Presidente russo, Vladimir Putin. Os Estados Unidos, a Coreia do Sul e outros países acusam a Coreia do Norte de fornecer armas convencionais para a guerra da Rússia na Ucrânia, em troca de tecnologias avançadas de armamento e de outros apoios.

“A China e a Coreia do Norte são bons vizinhos ligados por montanhas e rios, e os nossos dois partidos e países sempre mantiveram uma tradição de comunicação amigável”, afirmo a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros. “Com os esforços conjuntos de ambas as partes, esta visita será um sucesso total e promoverá o aprofundamento e o desenvolvimento das relações entre a China e a Coreia do Norte”, acrescentou Mao Ning.

10 Abr 2024

As Nações Unidas, a Meteorologia, o Esperanto e a Língua Portuguesa

Muito se tem comentado sobre a ineficácia da Organização das Nações Unidas na resolução de conflitos internacionais. Na realidade, há fortes razões para tal, e um exemplo flagrante consiste no contexto internacional atual, em que, mercê do uso indiscriminado do direito de veto por parte de alguns membros do Conselho de Segurança, se impede a resolução de conflitos em curso.

A ONU é a organização internacional mais abrangente à escala global. Não atua apenas no campo político, desenvolvendo também forte atividade em várias áreas, através de agências especializadas, nomeadamente nos campos da meteorologia, clima e hidrologia (Organização Mundial de Meteorologia – OMM); alimentação e agricultura (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – FAO); aviação (Organização Internacional da Aviação Civil – OACI); trabalho (Organização Internacional do Trabalho – OIT), telecomunicações (União Internacional de Telecomunicações – UIT), educação, ciência e cultura (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – UNESCO), etc.

Além das agências especializadas estão também associadas à ONU diversos fundos e programas, entre os quais sobressaem o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (United Nations Environment Programme – UNEP). Sob os auspícios da OMM e do UNEP foi criado o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), órgão que trata da monitorização das alterações climáticas.

Tal como sucede todos os anos, em 23 de março foi comemorado o Dia Meteorológico Mundial pelos estados e territórios-membros de uma destas agências, a Organização Meteorológica Mundial, cuja convenção entrou em vigor nesta data, em 1950.

O Dia Meteorológico Mundial é celebrado em 23 de março

Macau é território membro da OMM desde 1996, mercê de diligências conjuntas da China e de Portugal. Algo de semelhante havia ocorrido com Hong Kong, que aderiu à OMM desde a sua criação. Após a passagem das administrações portuguesa e britânica para a China, ambas as regiões mantiveram o estatuto de território-membro, o que faz com que a China, em situações importantes da vida da OMM, como na eleição do Secretário-Geral, tenha direito a três votos, na medida em que a Região Administrativa Especial de Macau e a Região Administrativa Especial de Hong Kong dificilmente votariam de forma divergente da mãe-pátria.

A atividade da ONU através dos vários programas e agências é altamente meritória, mas, o facto de falhar estrondosamente na resolução de conflitos, tem feito com que se tenha gerado um certo consenso de que esta organização necessita de reestruturação. O próprio Secretário-Geral, António Guterres, tem insistido neste aspeto. Se tal pretensão se vier a concretizar, seria de toda a conveniência que os países de língua oficial portuguesa insistissem na necessidade de o português vir a ser uma das línguas oficiais da ONU, as quais são atualmente: árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo.

No entanto, nem sempre foi assim. Quando a ONU foi criada, em 1945, o árabe não fazia parte deste grupo de línguas. Apenas foi aceite em 1973, devido à pressão exercida pelos países árabes. Os países de língua portuguesa poderiam ter diligenciado nessa altura no sentido de o português ser também admitido. Antes de 1974, Portugal não gozava de grande prestígio internacional e era alvo de ostracismo por grande parte dos países membros da ONU. A vigência de uma ditadura e as políticas colonial e do “orgulhosamente sós” impediam o nosso país de ter voz ativa no que se refere à possibilidade de a língua portuguesa também vir a ser adotada. Nessa altura também o Brasil era governado por uma ditadura, que perdurou de 1964 a 1985.

Entretanto, com o advento da democracia, foram efetuadas algumas tentativas nesse sentido, mas esbarraram sempre com a falta de consenso por parte dos membros da ONU. Curiosamente, em alguns congressos da OMM, Portugal foi parcialmente bem-sucedido, tendo sido criado um fundo para que a língua portuguesa alcançasse o estatuto de língua de trabalho, para o qual houve contribuição financeira de alguns estados-membros além do nosso país, nomeadamente Angola, Brasil e a Região Administrativa Especial de Macau.

Quaisquer que tenham sido os critérios de seleção das línguas oficiais, a realidade é que estão desatualizados, na medida em que, em termos de comunicação internacional e número de falantes, o português é muito mais difundido do que uma das atuais línguas oficiais da ONU. Enquanto o russo é língua oficial em apenas cinco países (Bielorrússia, Cazaquistão, Federação Russa, Quirguistão e Tajiquistão), cujo número de habitantes perfaz, no total, cerca de 190,5 milhões, o português é língua oficial de nove países (Angola, Cabo Verde, Brasil, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste) num total de, aproximadamente, 285,6 milhões. É também língua oficial de uma região da China, a RAEM.
Houve alguns esforços diplomáticos por parte dos governos dos países de língua portuguesa, mas não tiveram sucesso. Seria necessário continuar a insistir, dado que já foram dados alguns passos. Assim, por exemplo, foi decidido pela 40ª sessão da Conferência Geral da UNESCO, em 2019, proclamar o dia 5 de maio como Dia Mundial da Língua Portuguesa (World Portuguese Language Day).

Como organização abrangente à escala mundial, seria racional que a ONU tivesse adotado uma língua oficial neutra de fácil aprendizagem, o que asseguraria uma maior participação de todos os estados-membros, bem como uma maior eficácia nas discussões. O esperanto (que nesta língua significa “aquele que tem esperança”) poderia ter desempenhado esse papel.

Ainda houve tentativas nesse sentido, nomeadamente por meio de uma resolução da Conferência Geral da UNESCO de 1954 (Resolução IV.4.422-4224), conhecida como Resolução de Montevideu, em que se preconizava a adoção do esperanto como língua internacional auxiliar. Em 1985, esta agência especializada da ONU aprovou outra resolução, recomendando que os seus estados-membros estimulassem o ensino dessa língua internacional.

O esperanto foi criado pelo judeu polaco Ludwik Lejer Zamenhof (1859-1917), com base em várias línguas, nomeadamente alemão, inglês, italiano, latim, polaco e russo. O objetivo de Zamenhof era que o esperanto se tornasse uma língua que transcendesse nacionalidades e contribuísse para a paz mundial.

Ludwik Lejzer Zamenhof

Apesar de o esperanto não ter vingado como língua auxiliar da ONU, é reconhecida como ferramenta de grande utilidade para a tradução automática, e faz parte das 64 línguas utilizadas pelo “Google Translate”. Graças à sua simplicidade, o conjunto de dados para a tradução de um texto para esperanto é cerca de cem vezes menor do que para o espanhol ou o alemão.

Atendendo a que é largamente admitido que a ONU deva sofrer uma profunda reestruturação, é altura de os meios diplomáticos dos países lusófonos intensificarem esforços no sentido de o português vir a ser admitido como língua oficial das Nações Unidas.

10 Abr 2024