Futebol | Cristiano Ronaldo poderá jogar em Hong Kong em Janeiro

A Associação de Futebol de Hong Kong está a considerar convidar o Al Nassr, clube saudita onde joga Cristiano Ronaldo, para participar num torneio de quatro equipas no início de 2025. O organismo está também de olho em equipas do campeonato português. Apesar da iniciativa ainda estar numa fase inicial, uma coisa é certa: Lionel Messi não será convidado

 

Um plano para trazer Cristiano Ronaldo a Hong Kong para disputar um jogo no início de 2025 está a ser discutido pelos dirigentes do futebol da cidade.
A ideia, que está numa fase inicial, envolve a visita do Al Nassr, o clube saudita de Ronaldo, para disputar um torneio de quatro equipas, potencialmente em Janeiro. O presidente da associação local de futebol, Pui Kwan-kay, confirmou ao South China Morning Post que o organismo que dirige começou “discussões iniciais” a nível interno para concretizar aquele que é um dos desejos dos fãs de futebol de Hong Kong, Macau e da região.

Em Janeiro deste ano, Ronaldo e o Al Nassr tinham previsto na agenda dois jogos amigáveis em Shenzhen. Mas uma lesão do avançado português obrigou a que os jogos fossem cancelados na véspera da data marcada, tendo os portadores dos bilhetes sido reembolsados.

Pui Kwan-kay revelou que uma das ideias era acrescentar uma paragem em Hong Kong, caso o Al Nassr, como foi proposto, regressasse a Shenzhen para cumprir os jogos que cancelou. “Se o Al Nassr disputar jogos de exibição em algumas cidades, os custos elevados poderão ser divididos”, afirmou ao diário da região vizinha.

Caso clube saudita regresse a Shenzhen, as autoridades de Hong Kong têm em vista a marcação de jogos adicionais em Hong Kong no novo estádio da cidade, com 50 mil lugares, actualmente em construção no Kai Tak Sports Park.

“Não sei se o Al Nassr vai regressar à China, mas [trazer Ronaldo a Hong Kong] é uma boa ideia porque é um dos jogadores mais populares. O estádio Kai Tak está quase a abrir, por isso precisamos de alguns mega-eventos”, indicou o presidente da associação. O dirigente assumiu também que Hong Kong poderia “simplesmente assumir a liderança enquanto entidade organizadora, mas ainda é muito cedo para o dizer. Agora, estamos apenas na fase de consideração e discussão”.

Atenção a Portugal

Hong Kong tem tido dificuldades em atrair clubes estrangeiros de futebol desde a visita do Manchester City em Julho de 2019, com os responsáveis locais do futebol a recusarem as taxas cobradas pelos clubes da Premier League inglesa e outros destinos como Singapura e Tóquio a revelarem-se mais atractivos. Outra situação que acrescenta dificuldades à vinda de clubes ingleses é a altura apontada para estes jogos amigáveis se realizarem, nomeadamente tendo em conta a tradicional Taça do Ano Novo Lunar. Porém, Pui Kwan-kay levantou a possibilidade de convidar “equipas da Europa de Leste e da Primeira Liga Portuguesa”.

Uma equipa que “definitivamente” não está na lista de desejos de Pui é o Inter Miami, afastando a possibilidade de os dois “rivais”, Ronaldo e Messi, se encontrarem em Hong Kong. “Pessoalmente, acho que não é apropriado pedir Messi neste momento. Não será dada qualquer prioridade a Messi e à sua equipa”, acrescentou o dirigente ao South China Morning Post.

12 Abr 2024

Segredos da Seda (18) – Fábricas e depósito de casulos em Tongxiang

Continuamos por Tongxiang (桐乡), no distrito de Jiaxing (嘉兴) a Norte de Zhejiang, local onde se pratica a sericicultura e a produção de casulos é grande devido à existência de muitas fábricas de fiar e tecer a seda. De notar, sair desta província um terço da produção chinesa de fio, brocados e cetins.

Após a breve visita à Fábrica Tongxiang Wutong Silk Industry Co. Ltd. na rua Oeste n.º 2, cujas máquinas automáticas trabalham no tecer a gaze, o mais simples tecido de seda, o taxista, perante o nosso desconsolo, para nos animar lembra-se de um depósito onde os agricultores vão entregar os casulos. Assim chegamos ao entreposto de compra de casulos em Tongxiang, onde os sericicultores aguardam a vez para descarregar os enormes sacos condicionados nos atrelados dos tractores, que se estendem em fila ocupando toda a rua. O local da entrega é um enorme armazém, delimitado por grades na parte da frente, havendo apenas um espaço livre para os sacos cheios de casulos passarem e serem despejados.

Após a pesagem, um recibo é logo entregue por entre as grades, entrando então o sericicultor numa porta ao lado e quando sai, vem ainda a conferir o maço de notas. No seu tractor parte, desanuviando a longa fila de quem aguarda ansiosamente por entregar o trabalho de quase dois meses. Outros há terem recebido as lagartas da fábrica em cujas estufas foram criados os ovos e onde as larvas estiveram a primeira semana num ambiente completamente esterilizado. Só depois as lagartas são transferidas para junto dos vastos campos de amoreiras e após um mês de intenso labor, os sericicultores vão entregar os casulos.

Normalmente as estufas pertencem às fábricas que, no início do segundo período de crescimento das lagartas, após sete dias depois do nascimento, as levam aos sericicultores para estes as alimentarem e delas cuidar até ao final da produção dos casulos. Com vinte, a vinte e nove dias de árduo labor, os sericicultores entregam os casulos à fábrica, ou vendem-nos no posto colector de casulos.

No interior do entreposto, já dentro do armazém, os casulos são colocados em cestas de vime e escolhidos por mulheres para retirar os manchados, assim como os emaranhados e os separam segundo o maior ou menor tamanho. Daí são distribuídos para as fábricas.

FÁBRICA DE FIAÇÃO

Ainda na companhia do taxista tentamos ter mais sorte, mas sem uma morada procurar uma fábrica parece tarefa complicada. Após questionar muitos transeuntes, por fim explicam-nos o local e daí rapidamente nos encontramos no pátio com a anuência do porteiro. Estamos na Fábrica de fiação de seda Hua Lin (华灵丝绸有限责任公司) situada na rua Fengming Oeste e como encantados pelo canto da fénix, saímos do táxi. Sem saber por onde ir, com um gesto de ombros tentamos pôr o taxista a colocar-nos em contacto com alguém da fábrica, pois o pátio está vazio. Inquirido o porteiro, este indica um prédio cujas escadas nos leva à parte da Administração. Apresentando a demanda até agora feita, logo nos concedem uma visita à fábrica.

A sorte está do nosso lado, pois esta dedica-se a comprar os casulos e a partir deles desenovelar os filamentos criando um fio que bobinado é colocado em meadas. O trabalho é todo feito por máquinas manuseadas por experientes funcionários.

Logo à entrada do primeiro edifício sentimos um bafo de calor ao aproximar de uma máquina onde por cima dela, numa placa suspensa em varanda, imensos e enormes sacos com casulos esperam a vez para serem despejados por um funcionário num tapete rolante compartimentado. Num rápido olhar faz uma primeira triagem, retirando os sem condições. Daí caem para um recipiente com água quente e em banho são transportados para outra parte da máquina, onde se procede à secagem dos casulos com as crisálidas ainda dentro, mas mortas pelo calor. De novo se realiza uma ligeira selecção para retirar fios soltos, ou um ou outro casulo manchado e os impróprios.

Outro funcionário, a operar entre máquinas, recolhe-os e passam para baldes plásticos transportados em pequenos grupos para outra máquina. Os casulos já menos compactos e o filamento mais solto por a sericina se ter diluído, encontram-se de novo em água quando um disco passa sobre eles e com a ajuda de outro disco a girar com três pequenas vassouras lhes vai apanhando o início dos filamentos. Uma funcionária agarrando as pontas enfia-as por os vários orifícios de uma peça, e em grupos de sete são com uma pequena torção automaticamente enrolados nos carretéis num único fio de seda para o tornar resistente.

Enquanto estão a bobinar para os carretéis, a empregada vai controlando para substituir os filamentos partidos, ou quando estes acabam retirar a sobra dos desfiados casulos e colocar outros para manter o número de sete filamentos e assim criar um longo fio. O compartimento move-se lentamente para outra secção da máquina, deixando um novo espaço para os seguintes serem tratados por a funcionária, que repete a operação anterior.

Os carretéis são retirados ao atingir o tamanho desejado de fio e passam para outra máquina onde de novo o fio é rebobinado para lhe criar uma uniformidade. Esse processo de cruzamento e retorção, denominado torcedura, leva o fio a ser transferido de bobina para bobina, movendo-se com diferentes velocidades para retirar o excesso de humidade e ter o grau de torcedura pretendido para tecer diferentes tecidos.

Depois os carretéis são colocados noutra máquina que repassa o fio para tambores formando assim as meadas. Em cada hexagonal tambor, feito com seis varas de madeira, são dobadas cinco meadas e retiradas da máquina são levadas para a terceira secção da fábrica. Em grupos de cinco as meadas são atadas uma a uma antes de retiradas do tambor, que por um sistema de alavanca as liberta para por fim serem de novo torcidas, desta vez por uma funcionária. Por vezes aqui é usada uma escova especial para ajudar a desemaranhar os fios antes de empacotadas as meadas. Ficamos a saber esta fábrica produzir 150 toneladas de fio por ano, sendo um terço para exportação e dois terços vendidos às fábricas chinesas de tecelagem.

Saindo do edifício, no chão do pátio vemos bocados de seda oriundos dos restos de casulos e ao lado, cobertos por um enorme plástico, milhares de crisálidas mortas esperam ser recolhidas para serem transformadas em farinha pois rica em proteínas, servindo ainda como ração para os animais ou fertilizante para a terra.
Satisfeitos, pedimos ao taxista para nos deixar no centro de Tongxiang, pois queremos conhecer um pouco da cidade.

VISITA A UMA SIRGARIA

Passamos por um canal onde o tráfego de embarcações de carga nos faz lembrar os caminhos de água do Grande Canal e deambulando por o mercado encontramos algumas esplanadas como salas de chá de rua. No centro, novos bairros ocupam os lugares dos antigos quarteirões demolidos e baixos prédios ganham o espaço. Já o comércio de roupa de marca disputa as lojas, demonstrando uma vitalidade económica. Após uma hora a caminhar, resolvemos partir e por isso procuramos um táxi para de novo nos levar ao terminal de autocarros. Na postura damos com o nosso conhecido motorista. Tinha já feito algumas corridas e ali está agora para de novo nos transportar.

Tentamos explicar querer ir apanhar o autocarro para Hangzhou, no local de onde com ele partíramos oito horas atrás. O caminho é longo e com a prática no comunicar entre ambos, vamos subentendidamente falando, dizendo-lhe termos visto na parte final da viagem de autocarro, já próximo de Tongxiang, um quase certo lugar de produção de bichos-da-seda. O caminho já vai longo e resolve meter gasolina.

Estranhamos, mas nada dizemos, pensando se teria percebido querermos ir com ele até à capital da província. Pouco depois, avistamos a casa onde anteriormente passáramos na viagem de autocarro desde Hangzhou e reparado nos instrumentos ligados à sericicultura a secar ao Sol. Pedimos para meter o VW-Santana por uma picada e chegamos ao pátio da casa. A porta do que será a garagem está aberta e dentro esticado numa espreguiçadeira um homem dos seus cinquenta anos. O taxista de novo explica o nosso interesse e com agrado somos convidados a entrar.

Num canto da ampla e asseada divisão, despida de utensílios e mobiliário, apenas redes plásticas com espaços quadrados a servir de local para as muitas lagartas edificarem o casulo. Agora sim, o trabalho está feito e ainda nos são dados uns quantos casulos para levar.

12 Abr 2024

Concerto em Lisboa evoca o dia em que o 25 de Abril se soube em Macau

Decorre hoje, em Lisboa, na Fundação Oriente (FO), o espectáculo “Macau no dia 25 de Abril de 1974”, concebido pelo maestro Jorge Salgueiro e produzido pela Associação Setúbal Voz. O concerto mistura música com teatro e recorda o dia em que o cantor Rui Mascarenhas anunciou em Macau que a ditadura do Estado Novo tinha caído em Portugal.

À época, o território vivia sob censura e as notícias demoravam a chegar, pelo que só no final do dia 25 de Abril a rádio passou as declarações de Rui Mascarenhas sobre a revolução.

Ao HM, Jorge Salgueiro conta como foi elaborar este espectáculo. “Achei curioso o facto de ter sido um cantor a levar a notícia do 25 de Abril de 1974 a Macau. Certamente que as autoridades já conheciam os acontecimentos, mas estariam à espera de ter a certeza para falar com a população. Com base nesta recolha de informação a que tive acesso, achei interessante criar o espectáculo a partir deste episódio.”

À época, Rui Mascarenhas, nascido em Moçambique, era “um cantor de música popular portuguesa muito famoso” que levava a sua música não só à metrópole portuguesa, mas também às antigas colónias. Macau, território ultramarino administrado pelos portugueses, não era excepção.

Poesia e música chinesa

Jorge Salgueiro considera o espectáculo um “concerto encenado”, que inclui música chinesa, que funciona “como a paisagem sonora do território”. Há depois canções do próprio Rui Mascarenhas, outras ligadas ao 25 de Abril, o Oriente e ao facto de Mascarenhas ter sido também cantor de ópera.

“Este tipo de trabalho é muito comum na Associação Setúbal Voz, que produz este concerto. Damos sempre um cunho dramatúrgico aos concertos que fazemos, contam uma história e têm personagens, e é também o caso deste concerto”, destacou o maestro. O repertório de hoje será composto por termas como “Flor de Jasmim”, um clássico chinês, “Acordai”, poema de José Gomes Ferreira musicado por Fernando Lopes Graça, ou ainda “Encontro às Dez”, com letra de Jerónimo Bragança.

Não faltam também canções de intervenção portuguesas como “E Depois do Adeus” e “Traz Outro Amigo Também”. O espectáculo conta com a presença de Diogo Oliveira como barítono e Tiago Mileu ao piano.

12 Abr 2024

Macaenses | “Amochâi”, documentário de Albert Chu, exibido amanhã

É exibido amanhã na Associação dos Macaenses o documentário “Amochâi”, da autoria de Albert Chu. O filme tem como protagonista “Bela”, ou Elisabela Larrea, que se torna peça chave para revelar os elementos identitários da cultura macaense, incluindo o patuá e os Dóci Papiaçám di Macau

 

“Amochâi” é o nome do documentário da autoria de Albert Chu, ligado à Associação Audiovisual Cut, que revela as especificidades da comunidade macaense e que pode ser visto amanhã às 17h na sede da Associação dos Macaenses.

“Bela”, ou seja, Elisabela Larrea, macaense e estudiosa do teatro em patuá, é a protagonista deste documentário de 80 minutos. A partir da sua história revelam-se tantas outras de macaenses, os chamados “filhos da terra”, e das suas especificidades culturais.

Segundo a sinopse do documentário, “Bela” foi aluna de Albert Chu nos anos seguintes à transferência da administração portuguesa de Macau para a China. Mais tarde, o realizador do filme soube que ela tinha terminado um mestrado e doutoramento e sentiu uma “grande admiração por aquilo que conseguiu atingir, tendo-se tornado genuinamente interessado em conhecer a sua tese de doutoramento sobre o teatro em Patuá”.

Inicialmente, o realizador pensava que a peça de teatro em patuá não passava de uma actividade cultural que todos os anos se apresenta no Festival de Artes de Macau, mas depressa percebeu o contexto histórico que estava por detrás, “a relevância cultural e o impacto nas comunidades macaenses”.

“Juntamente com entrevistas com macaenses realizadas nas fases iniciais da transição de Macau, [Albert Chu] teve a oportunidade de revelar um conjunto de retratos dos aspectos únicos da existência macaense”, descreve-se na sinopse.

Contar a cidade

Ao HM, Albert Chu contou que o documentário está ligado a um projecto da Associação Audiovisual CUT intitulado “Tu Estás Aqui” [You Are Here], iniciado há cerca de dois anos. A ideia do projecto é “documentar um certo número de pessoas que consideramos dignas de serem recordadas a longo prazo, sobretudo pelo que fizeram à nossa cidade e pelo que insistem em fazer”. “Amochâi” é o primeiro filme dessa iniciativa.

“Bela”, antiga aluna universitária de Albert Chu e descrita por este como “entusiasta da promoção e da preservação da cultura macaense”, tornou-se protagonista, deixando de ser apenas “uma macaense bonita”, que não era “uma estudante trabalhadora”, para se tornar no elo central neste projecto fílmico. “Amochâi” conta ainda com contributos de Miguel de Senna Fernandes, presidente da ADM e autor das peças de teatro em patuá, e Sérgio Perez, realizador dos vídeos que habitualmente se apresentam nas peças.

“Todas as entrevistas de ‘Amochâi’ podem parecer desconexas, mas acabam por traçar um retrato da comunidade macaense. Sempre procurei perceber o sentimento de pertença que os residentes de Macau têm em relação à sua cidade”, aponta Albert Chu, que, como chinês de Macau, confessa ter tido sempre pouco contacto com macaenses.

“Quando era mais novo tive muito pouco contacto com macaenses, e os poucos contactos estiveram ligados a experiências desagradáveis na obtenção de documentos do Governo. Durante a administração portuguesa, como não entendíamos a língua, eram os macaenses que nos atendiam por serem bilingues, e na altura não me pareciam muito simpáticos. Mas, à medida que fui crescendo e comecei a fazer filmes independentes, compreendi que têm uma ligação emocional a Macau”, confessou.

Uma nova versão

Ao ver a comunidade macaense com outros olhos, Albert Chu acabou por percepcionar “o apego e sentimento de pertença” que os macaenses têm em relação a Macau e que se torna “num tesouro precioso para a cidade”. “Posso dizer que o sentimento de pertença é muito mais forte do que o nosso, dos residentes chineses de Macau. A sua existência transformou Macau em algo único na China e com significado histórico”, apontou.

Questionado sobre se haverá uma nova versão de “Amochâi”, Albert Chu diz precisar de mais tempo para observar. “Na verdade, estou interessado em documentar a tuna macaense e a banda, pois produzem boa música e as suas letras reflectem uma profunda ligação emocional a Macau, valendo a pena apresentar a um público mais vasto”, concluiu.

12 Abr 2024

Antigo Governador de Macau condecorado a título póstumo

Jaime Silvério Marques, antigo Governador de Macau entre os anos de 1959 e 1962, foi condecorado a título póstumo pelo Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, por ter feito parte da Junta de Salvação Nacional (JSN), entidade constituída no dia 25 de Abril de 1974 depois da queda do Estado Novo e do fim da ditadura.

A condecoração, de Grande Oficial da Ordem da Liberdade, foi também atribuída, a 5 de Julho de 2023, às restantes personalidades que fizeram parte da JSN: Carlos Galvão de Melo, Diogo Neto e almirante Rosa Coutinho. De frisar que António de Spínola e Francisco da Costa Gomes, nomes mais sonantes da JSN e que foram presidentes da República portuguesa, foram distinguidos com o Grande Colar da Ordem da Liberdade, considerada a mais alta insígnia da Liberdade.

Segundo o jornal Público de terça-feira, as condecorações não foram divulgadas, algo que gerou polémica. Recorde-se que em 2022, quando surgiu a notícia de que Marcelo Rebelo de Sousa pretendia condecorar todos os membros da JSN, várias personalidades portuguesas assinaram uma carta aberta a defender que a condecoração de Spínola com a Ordem da Liberdade representaria “uma afronta”.

Pelos pingos da chuva

O Público escreve ainda que a opção de condecorar Spínola ” para que fosse quase impossível alguém saber” – é preciso investigar na página das Ordens Honoríficas Portuguesas para obter a informação “pode ser interpretada como uma forma de o Presidente evitar uma polémica pública”. Fonte da Presidência não explicou por que razão fez nota pública de algumas condecorações, mas de outras não, como a de Spínola, tendo apenas referido que “todos os condecorados constam do ‘site’ das Ordens Honoríficas

As críticas à condecoração prendem-se com o facto de Spínola ter criado o movimento político Movimento Democrático pela Libertação de Portugal (MDLP), uma organização terrorista de extrema-direita.

12 Abr 2024

Lisboa | Casa de Macau em risco de falência técnica

A nova direcção da Casa de Macau em Lisboa tomou posse oficialmente no dia 1 de Abril. O presidente, Carlos Piteira, declara que a situação financeira da entidade está “debilitada” e que existe o risco de “falência técnica”. Entretanto, persiste a degradação do edifício na Avenida Almirante Gago Coutinho

 

Há cerca de dez anos que a Casa de Macau em Lisboa vive uma difícil situação financeira sem sinais de melhoria, ao ponto de estar em risco de falência. A informação consta numa carta aberta dirigida aos sócios e assinada pelo novo presidente, Carlos Piteira, que lidera a direcção que entrou em funções a 1 de Abril.

“O ponto de partida não é de facto muito promissor, pois herdamos uma situação financeira debilitada que se arrasta ao longo do último decénio”, lê-se ainda. Carlos Piteira considera “urgente reverter a situação”, devido ao “risco de uma eventual falência técnica”.

Nesse sentido, o novo presidente irá iniciar diálogos para pedir apoios. “Iremos iniciar um ciclo de contactos alargados em várias dimensões, que transcendem o núcleo restrito dos actuais sócios, procurando integrar estas valias como referencial de beneméritos na consolidação e reforço do papel social que a Casa de Macau vem desempenhando desde 1966.”

Tendo em conta que a direcção ficará em funções até 2026, Carlos Piteira defende que uma das possibilidades é adoptar uma “atitude mais arrojada para inverter esta dinâmica que perspectiva um fim fatídico num futuro breve”, com novas opções de obtenção de fundos.

Responsabilidades esquecidas

Na carta aberta, Carlos Piteira lança o repto para que “outras instituições que têm Macau como referência central da sua razão de ser adiram a esta convergência de reestruturação e reinvenção”. “Não queremos deixar de mencionar as entidades oficias que têm a tutela e a responsabilidade, muitas vezes esquecida, de manter a existência de uma Casa de Macau como elemento integrante da sua diplomacia, seja em Portugal, seja na RAEM”, frisou.

Uma das questões prementes da Casa de Macau é a renovação da vivenda que serve de sede, e que neste momento precisa de pinturas e algumas obras.

“Deixou-se degradar o edifício sem que tenha havido intervenções de manutenção. Hoje as instalações carecem urgentemente de obras de reparação, reconstrução e reconversão dos espaços, assim como da necessidade de substituir os bens e equipamentos que estão degradados e obsoletos, isto entre muitas outras disfuncionalidades”, declarou o presidente.

A direcção promete ainda implementar uma “gestão criteriosa e transparente na procura de soluções de rentabilidade e de mais-valias do potencial, incorporando novas actividades com retorno financeiro”. As sugestões passam pelo “aluguer do espaço, aumento do número de sócios, controlo das despesas e procura de novas formas de financiamento”. É ainda lançado “o repto à solidariedade individual, empresarial e institucional, de todos aqueles que se revêem na perpetuação dos desígnios e importância da Casa de Macau como seu elemento identitário”.

12 Abr 2024

Habitação | Empréstimos caíram 42,5% em Fevereiro

Os empréstimos hipotecários à habitação e para fins comerciais registaram uma quebra mensal em Fevereiro face ao mês anterior. Os dados ontem divulgados pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM) mostram que os empréstimos à habitação, aprovados pela banca em Fevereiro, registaram uma quebra de 42,5 por cento face a Janeiro, tendo sido de 686,29 milhões de patacas no total, enquanto os empréstimos para fins comerciais foram de 946,14 milhões, uma quebra mensal de 33,4 por cento.

Entre os meses de Dezembro de 2023 e Fevereiro deste ano, os empréstimos à habitação também baixaram, mas apenas 9,4 por cento, em relação ao período de Novembro de 2023 a Janeiro deste ano. Pelo contrário, entre Dezembro e Fevereiro, os empréstimos para fins comerciais registaram uma subida de 1,6 por cento, atingindo 1,08 mil milhões de patacas, em comparação com os meses de Novembro a Janeiro.

Relativamente aos empréstimos por pagar, no final de Fevereiro o rácio das dívidas não pagas nos empréstimos hipotecários à habitação manteve-se nos 1,1 por cento, igual percentagem registada em Janeiro, mas deu-se um ligeiro crescimento de 0,6 por cento em termos anuais. O rácio das dívidas não pagas nos empréstimos comerciais também se manteve inalterado nos 3,4 por cento em relação a Janeiro, mas aumentou 2,4 por cento em termos anuais face a Fevereiro de 2023.

12 Abr 2024

Habitação económica | Candidatos exigem investigação a preços

Um grupo de candidatos a casas económicas entregou ontem uma carta ao Comissariado contra a Corrupção a pedir uma investigação aos preços dos imóveis. Acompanhados pelo ex-deputado Au Kam San, os residentes alegam irregularidades na definição dos montantes

 

Foi ontem entregue no Comissariado contra a Corrupção (CCAC) uma carta de residentes candidatos a habitações económicas no concurso de 2019 por considerarem que houve irregularidades na definição dos preços das casas. A carta endereçada a Chan Tsz King, comissário do CCAC, pediu a abertura de uma investigação ao processo.

Os residentes descontentes foram acompanhados pelo ex-deputado Au Kam San, que afirmou no acto de entrega que as queixas se prendem com receios de ilegalidades ou irregularidades do ponto de vista administrativo. “Os candidatos querem que o CCAC investigue se o aumento dos preços das casas foi feito conforme a lei, porque têm dúvidas que tenham sido decididos tendo em conta a capacidade de compra dos potenciais beneficiários”, explicou.

Au Kam San disse que o aumento do preço das casas económicas, que ronda os 73,7 por centro face aos preços praticados em concursos anteriores, não é razoável e ultrapassa bastante o poder de compra dos candidatos. “É questionado um aumento dos valores superior a 70 por cento. A taxa de inflação acumulada registada entre os anos de 2013 e 2019 foi de cerca de 20 por cento, mas a subida do preço da habitação económica foi de 70 por cento”, exemplificou.

A carta endereçada ao CCAC descreve ainda que o preço médio da habitação económica, no concurso de 2013, foi de 1.900 patacas por pé quadrado, enquanto no concurso de 2019 passou para 3.300 patacas. “A mediana do rendimento mensal dos residentes com emprego manteve-se este ano nas 20 mil patacas, não houve aumento. No mesmo período, o índice de preços à habitação diminuiu, pelo que não entendemos a decisão da subida dos preços para as candidaturas à habitação económica de 2019”, pode ler-se.

Recorde-se que a 31 de Janeiro deste ano o Instituto da Habitação anunciou que o preço médio dos apartamentos de habitação económica do concurso de 2019 é de aproximadamente 35.600 patacas por metro quadrado, o que significa 3.300 patacas por pé quadrado.

Dilemas que se colocam

Um residente que participou na entrega da carta, de apelido Ho, confessou estar num dilema quanto à compra da casa. “Os novos preços são demasiado altos para mim. Preciso falar com a família para ver se compramos mesmo esta habitação ou não.”

Em Março deste ano um grupo de candidatos também se queixou do aumento dos preços, mas o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, respondeu que a fixação de preços foi feita segundo a lei.

Ontem, Raimundo do Rosário revelou que os projectos da habitação económica para a candidatura de 2019, que se situam na Zona A dos Novos Aterros, ficarão concluídos este ano. O Governo prevê que os moradores possam começar a viver nos novos apartamentos no próximo ano.

12 Abr 2024

Jogo | Coutinho associa crise da economia a junkets

O deputado Pereira Coutinho explicou parte da crise da economia local com a redução da indústria junket, alvo de uma campanha durante os casos SunCity e Tak Chun, que levou à redução do poder de consumo da população local.

“A economia de Macau vai de mal a pior com graves implicações sociais. As pequenas e médias empresas (PME) lutam com enormes dificuldades de sobrevivência devido à falta de clientela. São muitas as razões do rápido desaparecimento das PME das quais destacamos as recentes mudanças radicais ocorridas na indústria do Jogo”, afirmou.

“No futuro, muitas mais PME, principalmente na área da restauração, vão desaparecer devido “morte lenta” dos junkets e do resto que ainda sobra da indústria do sector VIP, aumentando ainda mais o número de desempregados”, acrescentou.

12 Abr 2024

Comércio | Deputado apela ao “bom coração” dos senhorios

Numa situação em que as empresas de Macau têm cada vez mais dificuldades em competir com as congéneres do Interior e aos negócios online, o deputado Leong Sun Iok apelou aos senhorios para baixarem as rendas.

O apelo foi feito durante uma intervenção antes da ordem dia na Assembleia Legislativa, em que o deputado também pediu ao Governo medidas de incentivo ao consumo local: “Apela-se aos proprietários para entenderem a pressão das micro e das pequenas e médias empresas e as aliviem no que respeita às rendas, para se ultrapassar em conjunto os tempos difíceis que as mesmas estão a viver”, afirmou.

O apelo foi estendido ao Governo, que é senhorio de várias lojas e restaurantes em edifícios de habitação pública em zonas residenciais. Sobre os motivos da crise actual, que tem afectado principalmente a zona norte, mais perto da fronteira, o legislador reconheceu que se deve à maior facilidade de alguns residentes irem ao Interior da China.

“Numa sessão de intercâmbio recentemente realizada por uma associação da restauração, operadores referiram […] que muitos residentes optam por fazer compras no Interior da China, que há uma generalização das compras online e que as rendas são altas, situação que dificulta a exploração de muitas PME e microempresas”, justificou.

12 Abr 2024

Casa Sun Yat Sen | Pequim considera classificação “legal” e “razoável”

Zhu Fenglian, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan, considera que falar de expropriação da Casa Comemorativa Sun Yat Sen é “manipulação política” e que os rumores sobre a possibilidade não têm fundamento

 

O Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Governo Central considera que a medida de classificação da Casa Comemorativa Sun Yat Sen como património protegido foi “legal”, “conforme os procedimentos” e “razoável”. As declarações foram prestadas por Zhu Fenglian, porta-voz do gabinete, durante a conferência de imprensa regular do organismo.

Zhu Fenglian foi questionada sobre os novos poderes do Governo de Macau, na sequência da classificação do imóvel, e sobre a possibilidade de as autoridades de Taiwan se desfazerem do edifício, e afirmou que a hipótese de “expropriação” não tem qualquer fundamento.

“Essa chamada ‘expropriação’ tem por base uma conjuntura sem qualquer tipo de fundamento e resulta de manipulação política”, atirou Zhu. “A decisão do Governo de Macau de incluir a casa comemorativa na lista do património protegido foi feita de acordo com a lei, por isso foi uma decisão legal, conforme os procedimentos legais, e razoável”, acrescentou.

As declarações foram prestadas, depois de ter sido tornado público pelo Conselho dos Assuntos do Interior de Taiwan, proprietário do imóvel através da empresa APHS Serviços de Viagem de Hong Kong, que tinha havido tentativas junto do Governo de Macau para impedir a classificação como património protegido.

Gestão menos flexível

Segundo as autoridades de Taiwan, a classificação do imóvel é tida como indesejada, pelo facto de tornar a gestão do espaço menos flexível. Também como parte da classificação, o Governo da RAEM fica com uma opção de preferência sobre o imóvel, caso as autoridades de Taiwan desejem vender, e pode igualmente expropriar o proprietário.

A expropriação está prevista na lei na Lei de Salvaguarda do Património Cultural e pode ser accionada se for considerado que “por responsabilidade do proprietário” o bem imóvel corre o “risco sério de deterioração ou destruição”. Outro motivo para recorrer à expropriação surge quando as autoridades “por razões jurídicas, técnicas ou científicas devidamente fundamentadas”, considerem que a expropriação é a “forma mais adequada de assegurar a tutela do bem imóvel”. Por sua vez, o proprietário do imóvel também pode pedir para ser expropriado.

A expropriação está prevista na lei como uma solução de último recurso, e só pode ser invocada pelo Governo, se conseguir provar que não conseguiu adquirir o imóvel.

IC defende-se

Horas depois do assunto ter sido abordado na conferência de imprensa do Gabinete para os Assuntos de Taiwan, também o Instituto Cultural emitiu um comunicado sobre a Casa Comemorativa Sun Yat Sen. O organismo liderado por Deland Leong Wai Man indicou na quarta-feira à noite que as leis de Macau seguem práticas “semelhantes” às adoptadas em Portugal, no Japão ou Taiwan.

“Actualmente, a maioria dos bens imóveis classificados de Macau são propriedade privada, e a lei não impõe restrições ao seu uso normal, podendo os respectivos proprietários, usufruir dos correspondentes benefícios fiscais e medidas de apoio”, foi defendido. “Por outro lado, a lei não estabelece restrições sobre a compra e venda de imóveis classificados, desde que seja cumprido o exercício do direito de preferência em nome da RAEM no acto de venda e compra desses imóveis classificados”, foi acrescentado.

12 Abr 2024

Ella Lei pede mais oferta de habitação para idosos

A deputada Ella Lei considera necessário aumentar o número de residências para idosos. Neste sentido, a legisladora ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) pediu ao Executivo para fazer um estudo, aumentar a oferta e ponderar condições mais acessíveis para todos.

“Como a procura é maior do que a oferta, as expectativas de uma parte dos idosos podem sair frustradas”, alertou. “No ano passado, foram recebidos mais de 1.500 pedidos para as primeiras 759 fracções de residência para idosos, envolvendo mais de 2.200 pessoas, o que significa que cerca de 700 idosos não vão conseguir uma fracção na primeira fase de candidatura”, acrescentou.

O preço foi um assunto igualmente abordado pela legisladora na Assembleia Legislativa, numa intervenção antes da ordem do dia. “As despesas mensais de utilização das fracções variam entre 5.400 e 6.300 patacas e, se não forem lançados benefícios, alguns idosos que pretendem candidatar-se ficam sob pressão e desistem de o fazer”, opinou.

A residência para idosos é um tipo especial de habitação pública, que concentra idosos independentes num prédio com acessos facilitados, a pensar nas questões da mobilidade e noutros desafios, e também com instalações especiais, como cuidados de saúde e espaços de convívio.

12 Abr 2024

Cultura chinesa | Chan Hou Seng quer que Macau ensine o Ocidente

O deputado Chan Hou Seng defende que Macau deve assumir o papel de educar o Ocidente sobre cultura chinesa, para que haja “mais compreensão, respeito e tolerância”, através dos museus locais.

Numa intervenção antes da ordem do dia, o legislador nomeado pelo chefe do Executivo considerou que a “diferença entre o Oriente e o Ocidente está na cultura” e que o “mundo precisa de mais compreensão, respeito e tolerância”. “Não há respeito sem compreensão, e não há tolerância sem respeito. Por isso, a raiz do problema está na cultura. Se não conhecem a cultura chinesa, não compreendem a visão histórica e mundial do povo chinês, nem a grande aspiração do povo chinês na construção de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade, e surgem dúvidas e até mal-entendidos sobre a relação entre o desenvolvimento da China e o futuro da humanidade”, defendeu Chan.

“Se a RAEM realizar mais trabalhos práticos no intercâmbio e aprendizagem mútua entre as civilizações, podem ser criadas mais oportunidades de compreensão, respeito e tolerância mútua na comunidade internacional”, vincou. “Os museus têm a responsabilidade de fazer bem este trabalho, para mostrar a abertura e a tolerância da cultura chinesa, a implementação bem-sucedida de Um País, Dois Sistemas e a afinidade internacional de Macau da China”, concluiu.

12 Abr 2024

Eleições | Aprovada lei que criminaliza incitação à abstenção

A aprovação do diploma levou quase todos os deputados a fazerem declarações de voto a referir que a lei é fundamental para a “segurança nacional”, “o princípio Macau governado por patriotas” e “eleições mais justas e imparciais”. Houve também quem anunciasse a entrada numa “nova fase” e “um momento histórico”

 

Os deputados aprovaram as alterações à Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa que criminaliza os apelos à abstenção, voto nulo ou em branco e que permite a uma comissão liderada pelo Chefe do Executivo vetar candidaturas por motivos políticos. O diploma foi aprovado por unanimidade, entre os votantes, dado que o presidente optou por não votar, como normalmente faz, e os deputados Ron Lam, Song Pek Kei e Zheng Anting estiveram ausentes.

No final da discussão que decorreu rapidamente, e praticamente sem intervenções, quase todos os deputados justificaram os votos com a “segurança nacional”, a “implementação do princípio Macau governado por patriotas” e a garantia de “eleições mais justas e imparciais”.

“É um momento histórico”, afirmou José Chui Sai Peng, numa declaração que também foi lida em nome de Ip Sio Kai e Wang Sai Man.
Iau Teng Pio, que interveio também em nome de Pang Chuan, declarou a entrada numa “nova fase do princípio Um País, Dois Sistemas”.

Quanto aos deputados da Federação das Associações dos Operários de Macau, Ella Lei, Lei Chan U, Leong Sun Iok e Lam Lon Wai, o destaque foi para o facto de o Governo passar a ter mecanismos para punir quem apelar à abstenção ou ao voto nulo. “A proposta concretiza o princípio de Macau governado por patriotas. Pode garantir a ordem prevista na lei constitucional e merece o apoio da sociedade. Também melhora a segurança nacional”, leu Lam Lon Wai. “É um avanço e permite punir explicitamente o acto de incitamento ao votar branco ou nulo”, acrescentou.

Regras apertadas

A lei entra em vigor no dia seguinte à publicação em Boletim Oficial, o que pode acontecer na segunda-feira, e vai introduzir alterações substanciais.

Uma das principais inovações passa pelo facto de todos os candidatos necessitarem de aprovação da Comissão de Defesa da Segurança de Estado (CDSE), sem hipótese de recurso para os tribunais. O diploma leva a que o chumbo de candidatos seja encarado como um acto político, sem admitir intervenção da justiça.

A CDSE é presidida pelo Chefe do Executivo, e integrada pelo secretário para a Administração e Justiça, secretário para a Segurança, comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários, chefe do gabinete do Chefe do Executivo e dos secretários que integram a comissão, assim como o director dos Serviços de Assuntos de Justiça e o director da Polícia Judiciária. A comissão também é integrada por um representante e três técnicos do Governo Central.

A partir do momento em que a lei entrar em vigor, uma pessoa que diga a alguém para votar em branco ou nulo, independentemente de estar no período de campanha eleitoral, pode ser condenada a pena até três anos de prisão. No mínimo, se for considerada culpada do crime, tem pela frente uma pena de um mês de prisão.

Na discussão na especialidade, o Governo garantiu que vai recorrer aos acordos de cooperação jurídica para apanhar os alegados criminosos, que pratiquem crimes, como o apelo ao voto nulo, em branco ou à abstenção no exterior, assim como para outros ilícitos criminais, como corrupção eleitoral.

12 Abr 2024

Governo avança com plano pormenor da Taipa Central

O Governo vai avançar com o plano pormenor para a urbanização da zona da Taipa Central, projecto relacionado com o Plano Director da RAEM. Segundo um despacho publicado ontem em Boletim Oficial (BO), determina-se a “elaboração do projecto” relativo ao “Plano de Pormenor da Unidade Operativa de Planeamento e Gestão Taipa Central – 2”, pretendendo-se “estabelecer regras para uma intervenção integrada de planeamento na área abrangida”.

O Executivo tem como objectivo melhorar “as condições de habitabilidade do bairro comunitário, bem como dos equipamentos e instalações complementares de utilização colectiva e de transportes”. Segundo o Plano Director da RAEM, pensado para os anos de 2020 até 2040, e que entrou em vigor em 2022, a zona da Taipa Central tem uma área de 0,9 quilómetros quadrados, onde residem cerca de 68 mil pessoas.

Mais e melhores acessos

A maior parte dos terrenos são destinados a habitação e a área, segundo as previsões do Executivo, deverá permanecer inalterada, estando previsto apenas um ligeiro aumento da população devido ao desenvolvimento da povoação de Cheok Ká.

O relatório técnico adjacente ao Plano Director determina o reforço dos acessos ao Parque Central graças à implementação de mais equipamentos e infra-estruturas de utilização colectiva, sem esquecer a construção de um novo sistema de mobilidade ligado aos transportes públicos existentes, nomeadamente o metro ligeiro, autocarros e zonas pedonais.

De frisar que na zona da Taipa Central encontram-se ainda alguns espaços culturais classificados, como o Templo de Kuan Tai e Tin Hau, pelo que os projectos de planeamento urbanístico para estes imóveis necessitam da análise do Instituto Cultural.

Depois de muitos anos de planeamento e discussão, o Plano Director foi implementado em 2022, com o objectivo de planar o “ordenamento do espaço físico de todo o território da RAEM”, bem como a definição das “condições de uso e aproveitamento dos solos” e a “organização racional das infra-estruturas públicas e dos equipamentos de utilização colectiva”. O Plano Director dividiu a península de Macau e ilhas em “Unidades Operativas de Planeamento e Gestão”, sendo que a cada uma irá corresponder um plano pormenor de urbanização.

11 Abr 2024

O Ocidente dividido

“Make no mistake, the normative authority of the United States of America lies in ruins. The decision to go to war in Iraq, without the explicit backing of a Security Council Resolution, opened up a deep fissure in the West which continues to divide erstwhile allies and to hinder the attempt to develop a coordinated response to the new threats posed by international terrorism”.
The Divided West
Jürgen Habermas

 

O ataque do Hamas a Israel a 7 de Outubro de 2024 não deriva da invasão da Rússia à Ucrânia a 24 de Fevereiro de 2022. Confirma que a introversão americana solicita as ameaças que o caos representa para o Ocidente dividido e as oportunidades de quem usa o caos para se expandir. É o caso do Irão. A dimensão estratégica do “pogrom” do Hamas no interior do Estado judaico desafia a disputa Irão-Estados Unidos-Israel. O jogo dá-se no “Grande Oriente Médio”. Este estende-se desde a intersecção do Mar Negro, do Mar Cáspio e do Cáucaso, da encruzilhada do império russo, turco e persa, para leste até ao Paquistão e ao Afeganistão, para oeste através dos estreitos do Suez, de Babelmândebe e de Ormuz.

O Sul da Europa, atento ao seu próprio destino, verá ameaçados os seus interesses (um Mar Mediterrâneo livre e aberto), (evitar uma colisão com o caos) e (estabilização dos vizinhos estrangeiros). Confirmando a urgência de estabilização dos vizinhos estrangeiros (Euroquad), o núcleo ocidental do Mar Mediterrâneo, o menor denominador comum para se afirmar na luta em expansão descontrolada. O futuro da zona, pois falar de região é não perceber o seu interior, depende do resultado do confronto entre o par Estados Unidos-Israel e o Irão, que se apoiam em clientes seleccionados. O objectivo americano e israelita é conter a expansão do império russo e proibir-lhe por todos os meios o acesso à “bomba atómica”.

O sonho iraniano é obrigar os Estados Unidos a recuar para a linha Egipto-Chipre e isolar Israel. Não destruí-lo, pois é o inimigo perfeito, útil para legitimar o “eixo de resistência”, o suporte da sua esfera de influência entre o Afeganistão Ocidental e o Oriente, com clientes árabes xiitas e sunitas. Entretanto, a Turquia afirma o seu peso decisivo, pronta a lançá-lo sobre este ou aquele prato da balança, enquanto os sauditas e os petromonarcas do Golfo se adaptam a qualquer acto de equilíbrio para não serem esmagados por concorrentes superiores. A Rússia aproveita a “distracção” americana, que deixa a Ucrânia numa situação desesperada.

A China, que, ao contrário da América, extrai da região recursos energéticos essenciais e aí desenvolve os portos de escala das “Rotas Marítimas da Seda”, ostenta uma ligeira honestidade, treinando os seus músculos diplomáticos com vista a um possível futuro hegemónico.

No Médio Oriente, Washington encontra-se, portanto, na encruzilhada clássica, a de encurtar as frentes, retirando-se entretanto do Iraque e da Síria, onde é um alvo fácil para as milícias pró-Irão, correndo o risco de agravar a crise em Israel, facilitar o castigo da Rússia e a influência da China. Ou reentrar nela em estilo feroz, admitindo o fracasso do desengajamento gradual disfarçado com o paradoxo de “liderar por trás”, postulado após os desastres da “guerra contra o terrorismo” no Afeganistão e no Iraque.

Nesse caso, a sobre extensão das estrelas e das riscas revelar-se-ia monstruosa, pois a guerra quente com a Rússia, morna a ferver contra o Irão, fria mas decisiva contra a China para não falar da Coreia do Norte. Compromissos de intensidade militar inversamente proporcionais às vagas prioridades estratégicas actuais de Washington. Enquanto a única fronteira que realmente interessa à opinião pública americana é a do “Vale do Rio Grande”, onde talvez se decida a corrida para a Casa Branca. Como se isso não bastasse, o eixo com Israel está rachado.

Em aparência, porque Biden considera Netanyahu um inimigo pessoal em casa como se fosse um dos líderes do Partido Republicano, bem como o primeiro-ministro mais desastroso da história do Estado judaico. No fundo, isso provoca uma clivagem entre as estratégias e as tácticas de um casal em crise de nervos. Washington tinha a ilusão de poder gerir o Médio Oriente à distância, contando com o entendimento entre Israel, parente e não aliado e o Golfo liderado pelos sauditas, serpentes e não parentes.

O ataque do Hamas a Israel e a reacção de Jerusalém, surda aos apelos da administração americana de “não repetir os nossos erros”, ou seja, nada de “guerra contra o terrorismo”, quebraram a confiança e como resultado, mais desordem na “Terra do Caos”. O único grande Estado da região que parece ter sido poupado à ofensiva da desintegração é a Turquia. Todos os outros, incluindo o Irão e Israel, lutam pela sobrevivência. Uma roleta russa mortal, com Ancara a ser a porta giratória entre as entropias ucranianas e do Médio Oriente que se alimentam mutuamente. O Sul da Europa conta muito pouco num espaço que já o viu importante no início do século XX, e depois também durante a Guerra Fria.

Será um caso de reaprender algumas lições esquecidas dos nossos antepassados levantinos, capazes de tecer relações oblíquas com potências locais, mais ou menos otomanas. Por exemplo, a economia e o comércio não valem por si, mas são meios necessários para ganhar peso geopolítico, que por sua vez abre novos mercados. O objectivo estratégico é contribuir para evitar o choque de civilizações entre o Ocidente e o Oriente, do qual nós europeus seríamos uma das primeiras vítimas. Neste caso, estamos ao lado dos Estados Unidos e de Israel, mas, juntamente com muitos outros, sabemos que uma guerra potencialmente atómica contra o Irão incendiaria o nosso quintal.

E tornaria intransitáveis as águas que nos abrem as rotas oceânicas. A crise do Mar Vermelho, com os Hutis a bloquearem selectivamente o tráfego ao longo do corredor Suez- Babelmândebe e vice-versa, é uma proclamação moderada do que aconteceria em caso de guerra total na região. Seria equivalente a um bloqueio naval. Um desastre a ser evitado com a ajuda de amigos e aliados clássicos. E menos clássicos, como os turcos. Nem que seja pelo facto de serem activos e ambiciosos em toda a nossa vizinhança externa, da Tripolitana aos Balcãs do Adriático, passando pelo Oriente e pelos centros do Mar Mediterrâneo. Que desce do Adriático e do Jónico em direcção ao sul, com a parte ocidental plantada na antiga Líbia e a oriental entre o Suez, Israel e o Oriente. Pontos fulcrais do sistema em que se situa o centro da Europa do Sul e que dão sentido e enfoque ao projeto euro-mediterrânico.

Em Israel, com outros europeus, para além do interesse geopolítico, existe uma responsabilidade histórica para com o Estado judaico que fala muito mal dos sul europeus. A esta realidade afastada ou, pior ainda, algebricamente ritualizada, junta-se a maldade oferecida aos palestinianos sob ocupação, que disputam com os israelitas um espaço que ambos sentem como seu. Até 7 de Outubro de 2023, havia um acordo não escrito entre os dirigentes israelitas e palestinianos segundo o qual ninguém tentaria solucionar um problema que só poderia ser resolvido através da aniquilação de um ou de outro povo. Ou de ambos. A simetria entre o poder de Israel e a fraqueza dos palestinianos divididos e sem Estado deixava a Jerusalém uma margem de manobra muito grande para interpretar esta limitação, expandindo entretanto as colónias na Judeia e na Samaria (Cisjordânia).

E a subcontratação de Gaza aos Hamas, regulando a entrada de dinheiro do Qatar para manter a sobrevivência precária da “Faixa”. No entanto, continua separada da Cisjordânia, aproximada ao fantasma da “Autoridade Nacional Palestiniana”, portanto controlada por Israel. Com o 7 de Outubro de 2023, este equilíbrio foi quebrado. E a ânsia de uma vitória decisiva, palavra de ordem dos estrategas israelitas, ressoa.

Não sabemos até que ponto o Hamas, ou melhor, a sua ala militar, tinha sofrido as consequências do ataque aos “kibutzim” e aos postos militares israelitas em torno da “Faixa”. Mas a ferocidade desse massacre totalmente falhado produziu um tal choque em Israel que este recaiu na armadilha de Gaza, da qual se tinha emancipado em 2005, pensando sufocar a questão palestiniana sob uma eterna borbulha. Irritado com os avisos dos americanos e de uma parte da cúpula militar, Netanyahu desencadeou o castigo colectivo dos habitantes de Gaza, comparados ao Hamas, apelidados de “animais humanos” pelo ministro da Defesa Yoav Gallant. (continua)

11 Abr 2024

Japão | Microsoft investe 2,9 mil milhões em Inteligência Artificial

A tecnológica norte-americana Microsoft vai investir 2,9 mil milhões de dólares para expandir as infra-estruturas de Inteligência Artificial (IA) no Japão, informou ontem a emissora nipónica NHK.

Revelado na terça-feira em Washington e planeado para os próximos dois anos, este investimento contempla ainda a expansão da armazenagem de dados em nuvem e o estabelecimento do primeiro centro de investigação da empresa no país asiático. A aposta da gigante tecnológica passa por expandir a crescente procura de serviços de IA generativa no Japão e vem ampliar um acordo existente entre a Microsoft e Tóquio.

Este será o investimento mais significativo da empresa norte-americana no Japão, expandindo as instalações da empresa na capital, Tóquio, (centro) e em Osaka (oeste), para aumentar a capacidade de processamento de informações dos centros de dados essenciais para a IA generativa e introduzir semicondutores de IA de próxima geração, informou a NHK.

O presidente da Microsoft, Brad Smith, fez o anúncio durante uma reunião com o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, na qual foi ainda abordada uma cooperação mais estreita em matéria de cibersegurança e partilha de informações em caso de ciberataques. “A colaboração com empresas globais com infra-estruturas digitais é importante para a indústria japonesa no seu conjunto. Aguardo com expectativa a continuação da cooperação”, afirmou Kishida, que se encontra em Washington em visita oficial.

Smith acrescentou que “o Japão tem uma enorme base tecnológica” e que a IA pode constituir uma oportunidade face ao envelhecimento da população, tornando este investimento “essencial para o seu desenvolvimento”.

11 Abr 2024

Migrações | Tailândia vai receber 100 mil refugiados de Myanmar

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Tailândia anunciou ontem que o país está prestes a receber 100 mil refugiados birmaneses na sequência da intensificação dos combates entre o exército e a oposição pelo controlo de uma cidade fronteiriça.

A Tailândia partilha uma fronteira de 2.400 quilómetros com Myanmar (antiga Birmânia), um país mergulhado no caos desde 2021, quando uma junta militar tomou o poder através de um golpe de Estado que derrubou o Governo democraticamente eleito. O clima de guerra civil intensificou-se nos últimos meses e as forças que se opõem aos militares avançaram para várias áreas anteriormente pacíficas deste país do Sudeste Asiático.

No fim-de-semana, a imprensa local noticiou intensos combates entre o exército birmanês e grupos contrários à junta militar perto da cidade birmanesa de Myawaddy, separada da cidade tailandesa de Mae Sot por um rio. Ao longo da fronteira entre a Tailândia e Myanmar são registados frequentemente combates e dezenas de birmaneses refugiam-se na Tailândia por tempo indeterminado.

“Estamos, há algum tempo, em preparação e podemos acomodar temporariamente cerca de 100 mil pessoas na zona de segurança tailandesa”, avançou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Tailândia, Parnpree Bahiddha-Nukara.
Embora não esteja em curso nenhuma “retirada de pessoas em massa”, há muitas já a atravessar a fronteira, referiu o ministro, acrescentando que a fronteira continua aberta e o comércio ainda se efectua entre Mae Sot e Myawaddy.

Na terça-feira, o primeiro-ministro da Tailândia, Srettha Thavisin, reuniu-se com vários responsáveis do Governo para discutirem a questão da fronteira. “O primeiro-ministro está preocupado com a possibilidade de a situação piorar”, admitiu Parnpree Bahiddha-Nukara.

11 Abr 2024

Coreia do Sul | Sondagens dão vitória expressiva da oposição nas eleições

O Partido Democrático, principal força da oposição, poderá aumentar a maioria no parlamento sul-coreano após as eleições legislativas de ontem, segundo sondagens à boca da urna divulgadas pelas televisões sul-coreanas

 

O maior partido da oposição da Coreia do Sul, o Partido Democrático (PD), deverá reforçar a sua presença no parlamento depois do que aparenta ter sido uma vitória expressiva nas eleições legislativas, segundo as sondagens à boca das urnas. Até ao fecho desta edição, as autoridades ainda estavam a contar os votos, sem terem sido anunciados os resultados finais.

De acordo com as previsões, o conjunto dos partidos da oposição poderá obter uma “super maioria” de pelo menos 200 lugares em 300 na Assembleia Nacional, noticiou a agência francesa AFP. A confirmar-se, será suficiente para contrariar o poder de veto do Presidente conservador, Yoon Suk-yeol, ou mesmo para o destituir.

As sondagens anteriores às eleições mostravam o partido de Yoon, o Partido do Poder Popular PPP), ligeiramente atrás do PD, que detém actualmente 142 dos 300 lugares na Assembleia Nacional.

O PD (centro-esquerda), de Lee Jae-myung, e os seus partidos aliados poderão conquistar até 197 lugares, contra 156 no parlamento cessante. O PPP deverá obter entre 85 e 99 lugares, contra os actuais 114.

Fim da linha

Um novo partido antissistema, o Rebuilding Korea, do antigo ministro da Justiça Cho Kuk, que está a cumprir uma pena de dois anos de prisão por corrupção, da qual recorreu, deverá obter entre 12 e 14 lugares. Os analistas esperam que Cho junte forças com os democratas para formar uma “super maioria” contra o PPP, segundo a AFP.

As sondagens foram realizadas pelos três principais canais de televisão da Coreia do Sul, junto de cerca de 360.000 eleitores em todo o país. A confirmarem-se, os resultados auguram um final de mandato complicado para Yoon, que foi eleito por pouco contra Lee, em 2022, e foi impedido de aplicar o seu programa de direita por falta de uma maioria parlamentar.

11 Abr 2024

Taiwan | Xi avisa que “interferência externa” não pode impedir reunificação

O Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou ontem, num encontro com o antigo líder taiwanês Ma Ying-jeou (2008-2016), que a “interferência externa” não pode impedir a reunificação de Taiwan com a China.

“As diferenças entre os nossos sistemas [políticos] não podem alterar o facto objectivo de pertencermos ao mesmo país e à mesma nação”, disse Xi Jinping, de acordo com um vídeo transmitido pelo canal taiwanês TVBS. “A interferência externa não será capaz de impedir a grande causa histórica do nosso encontro”, sublinhou.

Xi recebeu ontem Ma Ying-jeou, responsável pela maior aproximação entre China e Taiwan desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949. O encontro emula a cimeira histórica entre os dois em Singapura, em 2015, mas num contexto diferente, devido ao aumento das tensões entre Taipé e Pequim. Ma, antigo presidente do partido Kuomintang (KMT), actualmente na oposição, está na China para uma digressão que incluiu actividades em várias cidades, incluindo Pequim.

11 Abr 2024

Missão chinesa leva três cargas de projectos internacionais à Lua

A China anunciou ontem a inclusão de três cargas com componentes científicos com participação internacional na próxima missão lunar Chang’e 6, que será lançada a partir da província insular de Hainão, sul do país, nas próximas semanas.

A missão Chang’e 6, que segue os passos da sua antecessora Chang’e 5, é constituída por quatro componentes: um orbitador, um módulo de aterragem, um módulo de elevação e um módulo de reentrada. O seu objectivo é recolher amostras de poeira e rochas lunares para análise na Terra, algo que até agora só foi conseguido pelos Estados Unidos, pela antiga União Soviética e pela China, mas nunca do lado da Lua não visível a partir da Terra.

Entre as cargas seleccionadas está um instrumento de medição de radão da agência espacial francesa, que estudará o movimento da poeira lunar e certos compostos voláteis, informou a Administração Espacial da China. A segunda é um retro reflector laser passivo do Instituto Nacional de Física Nuclear de Itália, que servirá de telémetro laser para o módulo de aterragem Chang’e 6.

O terceiro instrumento, desenvolvido pelo Instituto Sueco de Física Espacial com o apoio da Agência Espacial Europeia, será o primeiro instrumento dedicado a iões negativos enviado da Terra, procurando detectar iões negativos emitidos da superfície lunar em resultado da interação com o vento solar.

Mais de 20 propostas de agências espaciais e organizações de investigação estrangeiras competiram pela oportunidade de se juntarem à missão Chang’e 6 e aterrarem no lado menos conhecido da Lua, que até agora tem sido objecto de muita especulação por parte dos cientistas.

Fronteira do conhecimento

Citado pelo jornal oficial China Daily Yang Yuguang, vice-presidente do Comité de Transporte Espacial da Federação Astronáutica Internacional, disse ontem que a abertura das naves espaciais de um país a cargas científicas de outras nações se tornou “prática comum” entre as potências espaciais, uma vez que a cooperação internacional pode “maximizar o valor científico” de uma missão.

Está previsto que a Chang’e 6 aterre este ano na Bacia do Polo Sul-Aitken, uma região lunar que há muito intriga os cientistas. Se a missão for bem-sucedida, será a primeira vez que se obtêm amostras da face oculta, o que poderá revelar informações valiosas sobre a história do satélite natural da Terra.

A mais recente sonda lunar chinesa, a Chang’e 5, viajou até à Lua em 2020, de onde recolheu 1731 gramas de amostras de solo.
O programa Chang’e (nome de uma deusa que, segundo a lenda chinesa, vive na Lua) começou com o lançamento da primeira sonda em 2007.

Nos últimos anos, Pequim investiu fortemente no seu programa espacial e alcançou marcos importantes, como a aterragem bem-sucedida das missões lunares referidas e a construção da sua própria estação espacial.

11 Abr 2024

Fitch | Pequim lamenta revisão em baixa da sua dívida soberana

A China considerou ontem “lamentável” a descida da perspectiva de crédito soberano da China para negativa, depois de a agência de ‘rating’ Fitch ter anunciado a alteração

 

“É lamentável ver a Fitch baixar a perspectiva da notação de crédito soberano da China”, afirmou o Ministério das Finanças chinês, em comunicado. O ministério justifica que “os resultados mostram que o sistema de indicadores da metodologia de notação de crédito soberano da Fitch não reflecte de forma eficaz e proactiva os esforços de Pequim para promover o crescimento económico”.

A Fitch baixou ontem a perspectiva para a economia chinesa para ‘negativa’, face aos “riscos crescentes” para as finanças públicas e às incertezas suscitadas pela transição para um modelo de crescimento menos dependente do imobiliário. Num comunicado publicado no seu portal, a agência referiu, porém, que mantém a notação da dívida chinesa em ‘A+’ (“alta qualidade de crédito”), atribuída quando a agência vê baixo risco de incumprimento e avalia a força das capacidades de pagamento.

“Os grandes défices orçamentais e o aumento da dívida pública nos últimos anos têm vindo a reduzir as reservas orçamentais”, lê-se na avaliação. “É cada vez mais provável que a política orçamental desempenhe um papel importante no apoio ao crescimento nos próximos anos, o que poderá manter a dívida numa tendência ascendente”, acrescentou.

Pequim comprometeu-se a fazer mais para impulsionar o emprego e estabilizar o mercado imobiliário, embora o Ministro da Habitação, Ni Hong, tenha admitido em Março que tal continuava a ser “muito difícil”. As empresas imobiliárias que “têm de falir têm de falir, e as que têm de ser reestruturadas têm de ser reestruturadas”, disse Hong, numa conferência de imprensa à margem da sessão anual da Assembleia Popular Nacional.

Processo de reanimação

A Fitch confirmou a notação de crédito da China em “A+”, uma decisão que, segundo a agência, reflecte “a economia grande e diversificada do país, as suas perspectivas de crescimento forte e contínuo do PIB em relação aos seus pares, o seu papel integral no comércio global de mercadorias, as suas finanças externas robustas e o estatuto de moeda de reserva do yuan”. No entanto, “estes pontos fortes são descompensados pela elevada alavancagem da economia, crescentes desafios orçamentais, rendimento per capita mais baixo e resultados de governação inferiores aos dos seus pares na categoria +A+”, acrescentou a agência.

As autoridades chinesas estão a tentar reanimar a segunda maior economia do mundo, lutando contra uma série de factores adversos, incluindo uma crise prolongada no sector imobiliário, o aumento do desemprego dos jovens e a fraca procura mundial de produtos chineses. Os responsáveis políticos anunciaram uma série de medidas específicas, bem como a emissão de milhares de milhões de dólares de obrigações soberanas, numa tentativa de impulsionar as despesas em infra-estruturas e o consumo, mas os analistas dizem que ainda há muito a fazer.

No mês passado, Pequim fixou um objectivo de crescimento económico de 5 por cento para 2024, uma meta ambiciosa que os dirigentes admitiram ser difícil de alcançar.

11 Abr 2024

FRC acolhe hoje palestra sobre empreendedorismo

Decorre hoje, a partir das 18h30, a palestra “Conhecimento Além do Capital”, co-organizada pela AEIMCP – Associação para o Empreendedorismo e Inovação Macau – China e Países de Língua Portuguesa. O evento, que acontece na Fundação Rui Cunha (FRC), tem como oradores Paulo Andrez, autor e ex-Presidente da EBAN (European Business Angel Networks) e Paulo José Esperança, reitor adjunto e professor na Universidade Cidade de Macau.

Segundo um comunicado da FRC, os palestrantes vão discutir novo conceito de “investidores-anjo” e o necessário apoio que estes trazem às novas startups e aos jovens empreendedores.

A organização do evento refere, na mesma nota, que os “investidores-anjo” desempenham “um papel fundamental na promoção de ecossistemas de inovação, fornecendo o crucial apoio financeiro e orientação a startups e empreendedores na sua fase inicial”.

“Ao contrário dos tradicionais capitalistas de risco ou investidores institucionais, os investidores anjos são tipicamente indivíduos que investem o seu próprio dinheiro em startups promissoras em troca de uma participação no capital”, lê-se ainda.

Estes investidores são “únicos” por contribuírem “mais do que apenas recursos financeiros para as startups”, fornecendo, muitas vezes, “conhecimentos valiosos, ligações à indústria e orientação para os empresários, algo que os Governos não conseguem garantir”.

“Na verdade, muitos destes investidores-anjos “são geralmente empresários experientes ou veteranos da indústria com vasta experiência e redes nas suas respectivas áreas. A sua orientação e mentoria podem ser fundamentais para ajudar as startups a enfrentar os desafios de lançamento e expansão dos seus negócios, incluindo desenvolvimento de produtos, estratégia de mercado e angariação de fundos”, aponta ainda a organização.

Quem é quem

Paulo Andrez é presidente emérito da EBAN e também um autor best-seller nos EUA, com o livro “Zero Risk Startup”, editado pela Forbes. Na palestra da FRC, Paulo Andrez irá falar das “motivações que impulsionam os investidores-anjos, ao mesmo tempo que compartilhará dicas sobre como mitigar riscos em investimentos-anjo”. O responsável vai também destacar “as vantagens de estabelecer redes de investidores-anjo em Macau”.

Por sua vez, Paulo José Esperança, ligado à UCM, foi reitor da Escola de Gestão do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE Business School), entre os anos de 2015 e 2019, tendo ainda presidido à Fundação para a Ciência e Tecnologia em Portugal entre 2019 e 2022. Cabe a Marco Duarte Rizzolio, presidente da AEIMCP e co-fundador do programa de empreendedorismo e startups 929 Challenge, a moderação da palestra.

11 Abr 2024

Vila da Taipa | Inaugurada hoje exposição “Show-Off 2.0”

“Show-Off 2.0” é a segunda versão de uma exposição promovida pela Associação Cultural Vila da Taipa, cujo conceito curatorial tem por base colecções privadas. Desta vez o curador e arquitecto João Ó reuniu peças de Margarida Saraiva, Ung Vai Meng e Irene Ó

 

É inaugurada hoje a mostra “Show-Off 2.0”, que junta diversas peças de arte, nomeadamente retratos antigos chineses, pinturas ou fotografia, coleccionados por Margarida Saraiva, curadora, Ung Vai Meng, artista, curador e ex-presidente do Instituto Cultural, e Irene Ó, fundadora e arquitecta principal do atelier local O.BS Arquitectos. A exposição pode ser visitada até ao dia 15 de Junho.

Esta é a segunda edição da exposição “Show-Off” apresentada na mesma galeria no ano passado, cujo o conceito é baseado em “colecções exclusivas acumuladas ao longo dos anos”, incluindo também “obras de arte que adornam espaços mais pessoas das casas” de Ung Vai Meng, Margarida Saraiva e Irene Ó.

Segundo um comunicado da associação, a mostra pretende explorar “as ideias relacionadas com o coleccionismo de arte”, pretendendo-se promover também a ideia de coleccionar como “um bem cultural que parte de uma iniciativa individual, mas que também pode alargar o sentido de comunidade” ou mesmo “fomentar a vitalidade de uma sociedade ou acrescentar diversidade às economias locais”.

Múltiplas personalidades

Destaque ainda para o facto de cada colecção apresentada “revelar aspectos da personalidade do coleccionador”. No caso de Ung Vai Meng, este decidiu apresentar “uma colecção de retratos ancestrais chineses” que tem vindo a ser analisada pelo artista há mais de 20 anos. Doutorado em História de Arte, em 2010, Ung Vai Meng escreveu um livro sobre esta colecção que será também apresentado na exposição.

Irene Ó é uma arquitecta local associada a grandes projectos como o Centro Cultural de Macau, a renovação da sede do Banco Nacional Ultramarino (BNU) ou do Hotel Bela Vista. No caso da arquitecta o coleccionismo começou aos 19 anos, altura em que era modelo em aulas de desenho. Foi aí que Irene Ó ficou com um desenho seu feito a lápis de carvão e que será apresentado nesta mostra. Segundo a organização, a colecção “tem um profundo valor sentimental e está ligada a familiares e amigos”.

No caso de Margarida Saraiva, curadora e co-fundadora da associação BABEL, serão exibidas obras coleccionadas em conjunto com o marido, o arquitecto Tiago Quadros, que têm origem na herança do pai de Tiago, o pintor António Quadros Ferreira.

Citado por um comunicado, João Ó, presidente do conselho executivo da Associação Cultural da Vila da Taipa, adiantou que a primeira edição de “Show-Off” foi “um sucesso”, e que “Show-Off 2.0” é “rara e especial”. Pretende-se que o público possa explorar “a natureza do coleccionismo” e que a exposição “suscite conversas estimulantes sobre os bens culturais e posses culturais de indivíduos com interesses muito específicos e altamente pessoais”.

11 Abr 2024