Hoje Macau China / ÁsiaMédio Oriente | Xi pede conferência de paz “credível e eficaz” O Presidente chinês discursou no Fórum de Cooperação China-Estados Árabes, que juntou em Pequim líderes do Egipto, dos EAU, do Bahrein, e da Tunísia O Presidente chinês, Xi Jinping, pediu ontem uma conferência internacional de paz “credível e eficaz” para resolver o conflito israelo-palestiniano e reiterou o apoio à criação do Estado da Palestina. “A justiça não pode estar sempre ausente e a solução de dois Estados não pode ser arbitrariamente contornada”, disse Xi, que defende a coexistência pacífica de Israel e da Palestina. Num discurso no Fórum de Cooperação China-Estados Árabes, em Pequim, citado pela agência espanhola Europa Press, Xi prometeu 500 milhões de yuan de ajuda humanitária a Gaza. Prometeu também doar três milhões de dólares à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA). A agência, criticada pelas autoridades israelitas, presta assistência e socorro aos refugiados da guerra entre Israel e o Hamas. A China há muito que apoia os palestinianos e denuncia Israel pelos colonatos nos territórios ocupados, embora mantenha laços económicos crescentes com o Estado israelita. Xi defendeu o reforço das relações bilaterais com os países árabes, porque a guerra “não pode durar indefinidamente”. “O Médio Oriente tem grandes perspectivas de desenvolvimento”, afirmou o Presidente da República Popular China aos líderes da Tunísia, Egipto, Bahrein e Emirados Árabes Unidos (EAU) presentes no fórum. Xi disse também que a China vai impulsionar a cooperação estratégica com os países árabes em domínios como o da energia e apelou para a celebração de acordos regionais de comércio livre. “Estamos dispostos a construir estas relações de forma a manter a paz e a estabilidade a nível global”, afirmou, segundo a agência noticiosa chinesa Xinhua. Xi anunciou ainda que a China vai acolher a segunda cimeira China-Árabe, que descreveu como uma “pedra angular” das relações bilaterais, em 2026. Participam no fórum os líderes do Egipto, Abdel Fattah al-Sisi, dos EAU, Mohamed bin Zayed al Nahyan, do Bahrein, Hamad bin Salman Al Khalifa, e da Tunísia, Kais Saied. Posição elogiada O Presidente egípcio, que discursou na cerimónia de abertura, elogiou a China por apoiar um cessar-fogo imediato em Gaza e a criação de um Estado palestiniano independente. “Apelo a todos os actores activos da comunidade internacional para que assumam as suas responsabilidades morais e legais para pôr termo à ultrajante guerra israelita”, afirmou al-Sissi, citado pela agência norte-americana AP. Pediu também “medidas imediatas e decisivas” para a entrega de ajuda humanitária em Gaza, “a fim de romper o cerco israelita e contrariar quaisquer tentativas de deslocar à força os palestinianos das suas terras”. A ofensiva israelita em curso na Faixa de Gaza já causou mais de 36.000 mortos, segundo o governo do Hamas, que controla o enclave palestiniano desde 2007.
Ana Cristina Alves Via do MeioO Vazio Amoroso em François Cheng Ana Cristina Alves, Coordenadora do Serviço Educativo do CCCM 29 de maio de 2024 I O vazio amoroso François Cheng (1929 – ) é um grande escritor, filósofo, calígrafo, enfim sinólogo, descendente de chineses nascido e radicado em França. Tem alguns estudos profundos dedicados à pintura chinesa, nos quais se destaca o seu pensamento filosófico, como em: L’ Espace du Rêve: mille ans de Peinture Chinoise (1980); L´Écriture Poétique Chinoise: Suivi d’ une Antologie des Poèmes des Tang (1982) e, sobretudo, Vide et Plein: Le Langage Pictoral Chinois (1991), com reflexões muito interessantes sobre o vazio do ponto de vista filosófico. Possui ainda uma obra literária da qual se destacam dois romances premiados, ambos traduzidos para português pela editora Bizâncio, o primeiro Le Dit de Tianyi (1998), que lhe valeu o prémio Femina; o segundo, que aqui se analisará L’ Éternité n’ est pas de Trop (2002) , a propósito do vazio amoroso pelo qual se conduzirá o leitor até ao vazio filosófico. A obra, traduzida para português por Francisco Agarez, sob o título de A Eternidade não é de mais, valeu-lhe o Grande Prémio da Francofonia da Academia Francesa. Através dela somos conduzidos a finais da dinastia Ming, tal como sucedeu a François Cheng quando convidado para um colóquio em Royaumont numa antiga abadia restaurada, deu com um legado de um erudito chinês à biblioteca conventual, no qual descobriu uma novela notável intitulada História do Homem da Montanha. Perdeu-se na narrativa, que relatava a paixão amorosa persistente para além do tempo, sendo recompensada trinta anos mais tarde, pela persistência do par amoroso. Mas o mais extraordinário está para vir. Cheng, embora muito tocado pelo livro, seria atraído pelo mundo dos afazeres profissionais, até que volvidos vinte anos foi de novo convidado a participar num encontro intelectual em Royaumont. Saltou-lhe à memória com acutilância a história que não tinha sido capaz de esquecer. Porém, quando chegou à biblioteca a obra havia desaparecido. Logo se comprometeu a refazer a narrativa que tanto o impressionara. Chegaria, por fim, a coincidência mais admirável de todas, outra vez distraído por razões mundanas, só conseguiria realizar o seu intento, dez anos depois, ou seja, somando aos vinte que tinham passado, trinta anos corridos. Tudo indicava que a realização do feito seria tão fora de série como a coincidência a que o autor chamou “milagrosa” (Cheng, 2002, 8). Aquela grande paixão regressa à vida agora pela mão do escritor, que a consagrará em França e no mundo através do mais importante galardão literário francês. Garantida fica a imortalidade do par amoroso chinês, Dao-Sheng, “o Santo do Dao” o médico adivinho, e Lan-Ying, a “Fina Orquídea”, que atados pelo fio vermelho invisível do destino com que o Velhinho da Lua (月老) põe e dispõe casamentos e relações, voltam a encontrar-se contra todas as expetativas. 1 Tal é possível, como nos explica o escritor, porque “a verdadeira paixão amorosa não tem apenas a ver com o coração e os sentidos. Revela eminentemente do espírito” (Cheng, 2002, 12). Ora o espírito (神shén) ultrapassa e supera as vicissitudes humanas, que haviam afastado o inicialmente violinista, Dao Sheng, da filha da família Lu, a Menina Lan-Ying, por intervenção do Segundo Senhor Zhao, o marido da futura Senhora Ying, um homem devasso, brutal, incompetente, descrito como “um perfeito inútil, tirano a passar das marcas” (Cheng, 2002, 32). Tudo se complica e parece afastar o par predestinado. Dao Sheng faz frente ao futuro marido de Lan-Ying, sendo degredado e sujeito a trabalhos forçados, que lhe danificam o pulso e o perdem para o violino. Mas como homem de recursos que era, foge do cativeiro, sendo recolhido num mosteiro taoista, onde revela pouco vocação monástica, contudo grande apetência para o estudo da medicina, pelo que, depois de mais de uma dezena de anos de estudo de plantas medicinais e receitas, se transforma num habilidoso curandeiro e adivinho. Já a senhora Ying, depois de casada, é, para sua sorte, “completamente abandonada; por isso leva uma vida muito mais tranquila” (Cheng, 2002, 33), dedicando-se a causas humanitárias budistas, o que lhe valeu a amizade e o respeito do bonzo local, o Grande Monge, que a salvaria quando esta foi raptada por bandidos. Ora eles viriam a pedir um resgate avultado ao Segundo Senhor Zhao, que hesitou em pagar a soma solicitada por uma mulher que deixara de o atrair, por estar sempre triste e melancólica. O Grande Monge budista terá um papel fulcral na intriga, já que não só salvou a Senhora Ying do cativeiro armado pelos ladrões, como recolheu o monge taoista, curandeiro e adivinho, quando percebeu a sua grande competência médica. Será também por intermédio do Grande Monge que se intui estar a aguardar a Senhora Ying algo de muito bom, porque, segundo nos diz,“quem sobrevive a uma calamidade irá conhecer a felicidade mais tarde” (Cheng, 35). Quanto a Dao Sheng, “por mais meditações e exercícios de vacuidade que se impusesse, não conseguia livrar-se da ideia fixa que trazia consigo”. (Cheng, 2002, 26) – Lan-Ying, sobretudo aquele sorriso dela que tanto o cativara e o acompanhara ao longo dos anos mais penosos de degredo. Ele era um homem especial, um santo conhecedor da via do Dao (道), apesar de não ter atingido o desprendimento ou iluminação total (Cheng, 2002, 20): Além de tratar dos doentes, a sua profissão principal ainda é a adivinhação. E não é esta que propõe o preceito: «fazer o que o homem puder, deixar que o Céu faça o resto?» Com efeito, uma vez que estejam reunidas as condições e as oportunidades, e que o homem tenha feito aquilo que está ao seu alcance, o que não deve acontecer, não acontece, e o que deve acontecer, acontecerá. Dao Sheng, que nunca tinha perdido Lan-Ying da ideia, vai à procura da amada, encontra-a, já ela está muito doente, ainda assim consegue salvá-la. Afinal, era um excelente médico, apesar de não ter os pergaminhos necessários, por isso a si mesmo se apelida de curandeiro. É simples, bom, honesto e trabalhador e está convencido de que a sua arte e ciência ficam a dever o melhor de si mesmas ao pensamento (Cheng, 2002, 52): A adivinhação e a medicina não se fazem só com receitas, que elas nada são sem o pensamento que lhes serve de fundamento (…) Diz-se que está tudo ligado, que não se podem separar os sinais humanos dos que vêm da Terra e do Céu. Dentro deste todo orgânico, o traço de união não é nenhuma corrente, nem nenhuma corda, mas sim o sopro que é ao mesmo tempo unidade e garante da transformação. A história avança e ele consegue salvar a amada do estado doentio em que se encontra. No entanto, as convenções da época mantêm o par à distância, apenas lhes permitindo depois da cura da Senhora Ying, trocas de olhares, sorrisos furtuitos e silêncios pejados de sentido. Entretanto, aproxima-se a morte do Segundo Senhor Zhao, que tinha ficado paralítico, na sequência de múltiplas cacetadas nas costas, aquando do assalto dos bandidos, que pululavam nos tempos tumultuosos dos finais da dinastia Ming, nos quais grassava a pobreza e as casas senhoriais se tornavam muito apetitosas. A inação e o ópio conduzem o Segundo Senhor à tuberculose, ditando-lhe um final de vida mal vivida e esquecida entre os fumos. É chamado Dao Sheng, de reconhecido mérito, para que o tente salvar in extremis. Só que, por um lado, ele já está às portas da morte, por outro, Dao Sheng acaba por se revelar, atraindo novamente a desgraça sobre a Senhora Ying e ele próprio. O marido, cuja paralisia e a beleza rejuvenescida da mulher, lhe voltam a despertar um estranho desejo, descobre finalmente a razão de ser da graciosidade recuperada da Senhora Ying e nos momentos finais de vida chama-a para a enforcar com o cinto do roupão. Aparentemente bem-sucedido, todos dão a Senhora Ying como morta, quando a sua fiel empregada, Xiao Fang, manda chamar o médico, que literalmente a ressuscita num ato conjugado de ciência e fé. Ele que tinha escutado a um dos padres jesuítas, vindo do “Oceano do Oeste”, ao qual salvara do paludismo, uma citação de Santo Agostinho, “ama e faz o que quiseres” (Cheng, 2002, 195), lança-se rumo à segunda salvação de Lan-Ying, num cruzamento da inspiração cristã com as excelentes técnicas medicinais taoistas, que implicam, quer a massagem baseada no magnetismo da mão, quer o recurso ao sopro vital, numa eficaz respiração boca a boca. Estas crenças e técnicas conjugadas com uma postura ética irrepreensível, levam-no a questionar-se e a prosseguir exausto com a tarefa de salvamento “Com essa humildade, essa sinceridade conseguirá alcançar o shen? Lançar um fio ténue no espaço imenso para apanhar um ganso selvagem perdido?” (Cheng, 2002, 184). Salva a mulher e daí para a frente ficarão fisicamente separados, mas espiritualmente mais unidos do que nunca, ele no mosteiro da montanha, ela, depois da morte do marido, liberta-se da família Zhao e vai para o convento das freiras do Vale de Guan-yin (观音Guānyīn). Ambos com a plena consciência de que a separação era momentânea, mas a jura, eterna “mais perene do que o Céu e a Terra” (天长地久Tiāncháng-dìjiǔ) ou “para além dos rochedos apodrecidos e oceanos ressequidos” (大海干涸、岩石腐烂Dàhǎi gānhé, yánshí fǔlàn) (Cheng, 2002, 122), mesmo que não seja já nesta vida, porque Dao Sheng dá sinais de velhice, o seu sopro vital está fraco, respira com dificuldade e “sente-se ferido de vazio” (Cheng, 2002, 214). O final fica em aberto. Será que voltam a reencontrar-se? Senão nesta existência por certo para a próxima, porque se o vazio aproxima, também fere e mata, o sopro vital é limitado e para se eternizar terá de regressar à origem, ao sopro primordial, a esse que tudo pode, por entre os temas essenciais da vida humana, o nascimento, a velhice, a doença e a morte, faz acontecer o melhor “uma pitada de aspiração aqui, uma onça de amor acolá” (Cheng, 2002, 52). II O Vazio Filosófico O sopro vital concede-nos o melhor a que podemos aspirar, a inspiração e o amor, pelo modo como se relaciona com o vazio, mas atenção porque existem sopros deficientes, perniciosos e malignos (Cheng, 2002, 52), uns e outros podem favorecer a união ou a separação, a cura ou a doença, a vida ou a morte, tudo e nada, na medida em que são constituídos pelo vazio, a potência que se pode atualizar no que o espírito ou a pessoa desejar. Em Vide et Plein (1991), François Cheng alerta para o facto de o Vazio ser essencial no pensamento chinês, ao mesmo nível dos princípios Yin e Yang, que são perspetivados como sopros vitais, sendo o próprio vazio não o nada que se opõe ao tudo, mas “um elemento eminentemente dinâmico e operante” ( Cheng, 1991, 45). Ou seja, em termos práticos, é ele quem vai permitir a conjugação e a harmonização de dois elementos tão distintos como o Yin e o Yang. O vazio é então definido como um “princípio base” no pensamento chinês (Cheng, 1991, 46) essencial na filosofia, expressando-se através do silêncio, mas também na própria noção de vazio enquanto complementar do cheio, potência de infinitas possibilidades, que ainda não podem ser ditas, por exemplo no taoismo ou no budismo; filosofias extremamente sensíveis e dependentes do vazio. Na pintura, este expressa-se pelo espaço não pintado, na poesia pela supressão de certos vocábulos, na vida pela conjugação de elementos viabilizada por ele, um mediador que harmoniza a rígida oposição, como a montanha e a água (Cheng, 1991, 47) numa paisagem. O vazio, enquanto potência, permite toda e qualquer transformação, sendo esta noção o pilar da filosofia chinesa. A transformação proporciona, indica e favorece a vida, a ausência da mesma manifesta a morte. De acordo com a perspectiva de François Cheng sobre a ontologia taoista, que me parece legítima, esta apresenta-nos uma versão cosmogónica em que o Dao (道) é primeiro, mas surge em estreita conexão com o Nada, este será o vazio essencial a nível numenal, o sopro primordial, enquanto Wú (无), ou não-ter ou não haver, vai proporcionar o ter/haver Yǒu (有), entrando a partir daqui um terceiro termo mediador, o vazio fenomenal, o Xū (虚), o sopro existencial, elemento de união entre todos os seres, que corresponderá nos budistas ao Kōng (空). É do mesmo vazio que se trata, que tem como par complementar o pleno/cheio e atua a nível fenomenal, quer dizer da realidade material que nos rodeia Shì(事). Toda a nossa existência se desenrola entre o vazio e o cheio, quanto mais vazios formos, mais plenos de possibilidades nos tornamos. Quanto mais cheios, tanto menos dinâmicos e mais coisificados. Cabe-nos decidir se queremos ser (ativos e dinâmicos) ou ter (coisas, ocupar espaços). As filosofias taoista e budista privilegiam o vazio, o silêncio, o recolhimento, a humildade e o apagamento. Já a filosofia confucionista poderá privilegiar a construção de obras, livros, bibliotecas, escolas, etc. O caminho certo, está como de costume, no meio termo, na via do meio, nem pessoas muitas cheias, nem muito vazias, nem países muito cheios, nem muitos vazios, de modo a favorecer a harmonia que permita viver bem. Sem espaço corpóreo não há possibilidade de ligação, nem amor, nem beleza, onde o sopro amoroso possa desenvolver-se a atuar, sem estruturas materiais não há obras de arte: livros, pinturas, rolos caligráficos, estátuas, museus, palácios, templos, belas paisagens em que se possa contemplar o sol e a lua, repletas de possibilidades ou de vazio. A representação do vazio, na filosofia daoista, é o vale, a nível fenomenal; porém, a nível numenal é o espírito do vale, daí a importância do espírito (神shén), que nos religa à esfera sagrada, à zona do mistério como indica o capítulo VI do Daodejing (《道德经》)no qual o Dao (道) é descrito como “o Espírito do Vale” (谷神Gǔ shén) e a “Fêmea Misteriosa” (玄牝Xuán pìn): 谷神不死 是谓玄牝 玄牝之门 是谓天地根 绵绵若存 用之不勤 (Graça de Abreu, 2013,38) (O Espírito do Vale não morre/diz-se a Fêmea Misteriosa/As portas da Fêmea Misteriosa dizem-se a raiz do Céu e da Terra/Continuamente existente/ Usa-se mas não se esgota2.) Por último, e para melhor entendermos o sopro amoroso que uniu Dao Sheng e Lan-Ying, aqui fica a primeira parte do capítulo 42 do Livro da Via e da Virtude, que nos revela a cosmogonia daoista e, ao mesmo tempo, a possibilidade de ligações amorosas: 道生一 一生二 二生三 三生万物 万物负阴而抱阳 冲气以为和 (Graça de Abreu, 2013, 110) (O Dao gerou o um/ O Um gerou o Dois, o Dois gerou o Três/ o Três gerou os Dez Mil Seres/ Os Dez Mil Seres carregam o Yin e abraçam o Yang/ a harmonia nasce do vigoroso sopro mediador) Voltando ao início, quando o casal amoroso se encontrou, o que os uniu foi sopro vazio mediador. Como descreveria o narrador naquela noite do 15ºdia do 8º mês em que a lua brilhava em todo o esplendor nos céus, e o par, com o apoio da fiel empregada, consegue iludir a apertada vigilância da família Zhao, sentando-se os dois lado a lado, de mãos unidas a contemplar a lua: “E ficam as quatro mãos sobrepostas, por elas passando a respiração harmoniosa dos dois” (Cheng, 2002, 132). Referências Bibliográficas Cheng, François. (1980). L´Espace du Rêve: mille ans de Peinture Chinoise. Paris: Phébus. _____________. (1982) ); L´Écriture Poétique Chinoise: Suivi d’ une Antologie des Poèmes des Tang. Paris: Éditions du Seuil. _____________. 1991). Vide et Plein: Le Langage Pictoral Chinois. Paris: Éditions du Seuil. ______________. (1998). Le Dit de Tianyi. Paris: Albin Michel. _____________. (2002). L’ Éternité n’ est pas de Trop. Paris: Albin Michel. Graça de Abreu, António. (Org. e Trad.) (2013). 《道德经》Tao Te Ching. Livro da Via e da Virtude. Ed. Bilingue. Lisboa: Vega. Wang Suoying, Ana Cristina Alves. 2009. Mitos e Lendas da Terra do Dragão. Lisboa: Caminho. Wang Suoying, Ana Cristina Alves (2009) Ver Mitos e Lendas da Terra do Dragão. Lisboa; Caminho. Traduções da autora do artigo.
Hoje Macau SociedadeSinal n.º 1 emitido com tempestade a caminho de Macau O primeiro sinal de tempestade tropical do ano foi emitido ontem, às 17h30, pelos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), que prevêem que o tempo em Macau, entre hoje e amanhã, seja instável, com aguaceiros, trovoadas e vento muito forte. “As nuvens associadas a um vasto vale depressionário na parte central do Mar do Sul da China desenvolveram uma área de baixa pressão, prevendo-se que nos próximos dias se aproxime da costa meridional da China. Não se exclui a possibilidade de se intensificar ainda mais para uma tempestade tropical num curto período de tempo”, alertou o organismo de manhã, antes de emitir o sinal de tempestade tropical n.º1. No início do dia, as autoridades sublinhavam a existência de divergências entre os diferentes modelos de previsão sobre o desenvolvimento da intensidade da área de baixa pressão, em relação à “possibilidade de emitir o sinal de tempestade tropical”. Essas divergências foram colocadas de lado com a emissão do sinal. Os SMG declararam que de acordo com as previsões numéricas, “prevê-se que a área de baixa pressão se aproxime da costa meridional chinesa e até da foz do Rio das Pérolas”, entre hoje e amanhã. Hong Kong em sintonia Face ao exposto, os SMG apelam à população que preste atenção às informações meteorológicas actualizadas e tome medidas de prevenção em tempo oportuno. No entanto, prevê-se que na próxima semana, sob a influência gradual de uma corrente de ar de leste, os aguaceiros e as trovoadas enfraqueçam. Na região vizinha, o Observatório de Hong Kong emitiu também o sinal n.º1 de tempestade tropical 10 minutos após Macau o ter feito. Recorde-se que os SMG estimaram que este ano passem por Macau entre quatro a sete tufões. No início de Abril, as autoridades previam que a época de tufões pudesse começar na segunda quinzena de Junho.
Hoje Macau Manchete SociedadeMercado Vermelho | Portas abertas após dois anos de obras Com cada vez menos clientes portugueses e com maiores dificuldades no comércio local, os vendedores regressaram ontem às bancas do mercado mais icónico do território No Mercado Vermelho, o mais icónico de Macau, que reabriu ontem ao público depois de dois anos encerrado para obras de remodelação, ainda há quem recorra ao português para atrair clientes. Duas horas depois da cerimónia de inauguração das novas instalações, centenas de pessoas já percorriam os corredores do mercado, um dos mais antigos de Macau e o único classificado como património cultural. Para muitos clientes regulares o dia foi de reencontro com os vendedores que regressaram às 118 bancas já hoje em funcionamento. Mas o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) admitiu que 31 bancas continuam vazias. Alguns dos vendedores não resistiram à quebra no volume de negócios, devido à mudança para instalações temporárias na zona de Lam Mau e outras bancas mudaram de mãos. No caso de Leong Yau Chan, a banca de peixe que estreou ontem era do pai, Leong Chi Pong, que chegou há mais de quatro décadas, com apenas 26 anos, de Zhongshan, uma cidade a 40 quilómetros de Macau. “Há muito tempo que estávamos a tentar convencê-lo a reformar-se, porque já tinha quase 70 anos”, disse à Lusa. Leong Yau Chan recorda-se bem do pai a tentar falar “um pouquinho de português” com qualquer rosto ocidental que subia ao andar de cima do Mercado Vermelho: “Amigo, quer salmão?” arrisca agora o filho. Menos portugueses Mas nos últimos anos, antes do encerramento, os clientes portugueses habituais da banca já não eram tantos como antes. “Muitos foram embora durante a pandemia, enquanto estivemos para aqui fechados”, lamentou Leong Yau Chan, de 38 anos. Durante quase três anos, Macau proibiu a entrada de pessoas sem estatuto de residente e impôs quarentenas, que chegaram a ser de 28 dias, à chegada à região semiautónoma, no âmbito da política ‘zero covid’, que também vigorou na China continental. No andar de baixo, Ana Wong também lamenta que houvesse menos portugueses a visitar o Mercado Vermelho do que quando começou o negócio, há mais de 40 anos. “Batata, tomate, cebola, alface, agrião, brócolos, couve-flor”, enumera a vendedora de 66 anos, enquanto aponta, um a um, os legumes na banca. O português de Ana Wong, que não vai muito além dos nomes dos legumes e dos preços, aprendeu em aulas nocturnas, que frequentou antes da transferência da administração de Macau para a China. “Sabe porque é que até prefiro os clientes portugueses?” questionou a vendedora. “Porque não conseguem regatear”, acrescentou com uma risada, referindo-se ao facto da maioria dos portugueses radicados em Macau não falar cantonês, a língua dominante na cidade. Mas Ana Wong ainda acrescentou que, ao contrário do que acontecia no passado, já começam a surgir “alguns portugueses que pedem os legumes em chinês”. “Aqueles casados com macaenses”, explicou, utilizando a expressão em cantonês ‘tou san’ (filhos da terra), que se refere à comunidade euro-asiática, composta sobretudo por luso-descendentes, com raízes no território. Construído em 1936, o Mercado Vermelho é um edifício de influência arquitectónica portuguesa e foi projectado pelo macaense Júlio Alberto Basto.
Hoje Macau SociedadeComércio | Exportações lusófonas para Macau caem em Abril As exportações de mercadorias dos países de língua portuguesa para Macau caíram 25,7 por cento em Abril, em comparação com o mesmo mês de 2023, para 102 milhões de patacas, foi ontem anunciado. Segundo a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) de Macau, a maioria do comércio com os mercados lusófonos veio do Brasil, no valor de 73,7 milhões de patacas, menos 35,6 por cento em termos anuais, sendo composta sobretudo por carne, peixe e marisco. Pelo contrário, o valor da mercadoria comprada por Macau a Portugal subiu 21 por cento para 27,1 milhões de patacas, sendo composta sobretudo por vestuário e acessórios, bebidas alcoólicas e produtos farmacêuticos. O bloco de países de língua portuguesa comprou a Macau mercadorias no valor de 258 mil patacas em Abril. No mesmo período de 2023, as importações dos mercados lusófonos não passaram de 40 mil patacas. No total dos quatro primeiros meses do ano, as exportações de mercadorias dos países de língua portuguesa para Macau caíram 17 por cento para 422,7 mil milhões de patacas. As exportações de mercadorias por Macau foram de 1,22 milhões de patacas em Abril, uma subida de 42 por cento, enquanto o valor importado de mercadorias foi de 11,1 mil milhões de patacas, ou seja, menos 4,3 por cento, em termos anuais, indicou a DSEC. O défice da balança comercial de Macau fixou-se em 9,9 mil milhões de patacas, menos 8,4 por cento relativamente ao mesmo mês de 2023.
Hoje Macau SociedadeFronteiras | Circulação automóvel aumenta quase 35% A circulação nos postos fronteiriços de Macau foi, nos primeiros quatro meses deste ano, de 2.792.162 viaturas, o que constitui um aumento de 34,7 por cento face ao mesmo período do ano passado. Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) mostram ainda que, só no mês de Abril, circularam nas diversas fronteiras 712.421 veículos, mais 23,6 por cento em termos anuais. Deste grupo, 662.523 eram viaturas de passageiros, o que constitui um aumento de 23 por cento em termos anuais. Um total de 119 milhares de entradas e saídas, em Abril, foram de carros que circularam ao abrigo da política “Circulação de veículos de Macau na província de Guangdong” com matrícula única de Macau em destino a Hengqin. Além disso, 20 milhares de entradas e saídas eram de automóveis de Macau que circularam entre Macau e Hong Kong. Destaque para o aumento de 2,4 por cento, em termos anuais, de novos carros em Macau nos primeiros quatro meses deste ano, que atingiram a fasquia dos 4.022. Só no mês de Abril havia, no território, 250.167 veículos, mais 0,4 por cento face a Abril de 2023. Em relação a acidentes de viação, as estatísticas apontam para 5.005 ocorrências nos primeiros quatro meses do ano, tendo causado duas vítimas mortais e 1.817 feridos.
João Santos Filipe Manchete SociedadePonte Macau | Trabalhador perde a vida nas obras A queda em altura terá sido fatal para o trabalhador, que foi declarado morto logo no local. Também outras duas pessoas ficaram presas numa estrutura colocada debaixo do tabuleiro, mas foram resgatadas sem ferimentos Um trabalhador morreu ontem na Ponte Macau, depois de ter caído da infra-estrutura, de acordo com a informação oficial. A comunicação da morte foi feita por volta da 13h de ontem pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), de acordo com o jornal Ou Mun. A queda terá ocorrido pouco antes das 11h53, altura em que o CPSP e o Corpo de Bombeiros foram chamados ao local, para as operações de salvamento. No local, o homem foi declarado morto praticamente de imediato, dado que as lesões sofridas na cabeça, devido à queda, eram demasiado severas e não permitiram assumir que haveria qualquer hipótese do acidentado sobreviver. A vítima tinha 55 anos e era um trabalhador não-residente. O motivo que terá originado este acidente de trabalho ainda está por apurar, mas além da polícia e dos bombeiros, também os Serviços de Alfândega, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais e as Obras Públicas foram chamadas ao local para acompanharem o sucedido. Além da queda, também ontem foi registado um outro acidente na ponte em que dois trabalhadores ficaram presos na infra-estrutura que se encontrada montada debaixo do tabuleiro. No entanto, ao contrário do trabalhador morto, estes dois foram resgatados sem que tivessem sofrido qualquer ferimento. De acordo com os números da DSAL, nos primeiros três meses do ano foram registadas três vítimas mortais em acidentes de trabalho, mais uma vítima em comparação com o ano passado. Abertura até fim do ano A Ponte Macau vai ter 3,085 quilómetros de comprimento, dos quais 2,9 quilómetros ficam acima do nível do mar. A estrutura é composta por dois vãos de navegação marítima com 280 metros de extensão. A obra foi projectada para ter oito faixas de rodagem nos dois sentidos, com duas das faixas a servirem exclusivamente motociclos. O tabuleiro da ponte será igualmente dotado de espaços para a instalação das canalizações, como cabos eléctricos de alta tensão, condutas de gás combustível, tubagens de água da torneira, de água reciclada e de água para uso de bombeiros, entre outros. As obras de ligação da estrutura principal foram concluídas a 13 de Março deste ano, depois de terem começado a 26 de Março de 2020, e prevê-se que toda a obra esteja finalizada até ao final de Julho. Com a nova infra-estrutura, o Executivo acredita que conseguirá “atenuar eficazmente a pressão de trânsito nas actuais três pontes”, podendo ainda “aumentar a capacidade de circulação rodoviária entre Macau, a Taipa e Coloane”. O projecto é ainda encarada como uma forma de responder às “necessidades de trânsito devido ao desenvolvimento da Zona A dos Novos Aterros Urbanos”.
Hoje Macau SociedadeCrime | Suspeito de lavar dinheiro de burla em prisão preventiva Um residente de Hong Kong suspeito de estar envolvido num caso de branqueamento de capitais relacionado com burlas no valor de 2,16 milhões de patacas vai aguardar julgamento em prisão preventiva. A medida de coacção foi anunciada ontem pelo Ministério Público (MP), através de um comunicado. De acordo com o MP, o homem “terá colaborado com outros indivíduos e utilizado repetidamente, em meados de Maio deste ano, cartões bancários e documentos de identificação dos diferentes indivíduos para comprar, com dinheiro obtido por burla no Interior da China, uma grande quantidade de jóias de ouro em duas ourivesarias de Macau no sentido de ‘lavar’ o produto de crime”. Este crime envolve mais suspeitos, que as autoridades policiais ainda estão a tentar encontrar. O detido arrisca uma pena de prisão que pode chegar a 12 anos, uma vez que está indiciado pelo crime de branqueamento de capitais. Além disso, foi indiciado ainda pela prática do crime de uso de documento de identificação alheio, que pode ser punida com pena de prisão até três anos. Num outro caso que também envolve branqueamento de capitais relacionado com burlas, no valor 9,6 milhões de dólares de Hong Kong, os dois detidos ficam proibidos de se ausentarem de Macau e sujeito a apresentações periódicas às autoridades. Os suspeitos são acusados de utilizarem empresas em Macau para movimentar o dinheiro das burlas e estão indiciados pelo crime de crime de branqueamento de capitais.
João Santos Filipe Manchete SociedadeObras Públicas | Tribunal recusa nulidade de sentença pedida pelo MP O Ministério Público teve mais uma derrota no caso das Obras Públicas, depois de o Tribunal de Última Instância lhe ter recusado mais um recurso. É a segunda recusa em menos de dois meses O Tribunal de Última Instância (TUI) recusou um pedido do Ministério Público (MP) para declarar nulo um acórdão sobre o caso das Obras Públicas. Na última decisão conhecida, o TUI havia recusado a condenação dos arguidos por associação criminosa ou por sociedade secreta, confirmando uma decisão anterior do Tribunal de Segunda Instância (TSI). A informação sobre a recusa foi divulgada através dos portais da RAEM, sem que os fundamentos tenham sido divulgados, o que só deverá acontecer nos próximos dias. É a segunda vez, em menos de dois meses, que o TUI decide contra o MP neste caso mediático. No final de Abril, o TUI havia decidido contra o MP num recurso que pretendia agravar as penas de prisão dos ex-directores das Obras Públicas, Li Canfeng e Jaime Carion. Nessa primeira recusa, o MP pretendia que os ex-directores fossem condenados por associação criminosa. No entanto, o TUI considerou que houve “exageros na forma como os procuradores apresentaram o caso” e tentaram obter a condenação por associação criminosa. O TUI também entendeu que “não parece adequado” falar da criação de uma associação criminosa porque “não há nada que prove de forma minimamente segura que existia um grupo em que todos eram beneficiados”. Num caso que teve também como arguidos os empresários Sio Tak Hong, Ng Lap Seng, Si Tit Sang e William Kuan Vai Lam, o TUI criticou a acusação do MP por indicar que apresentou a condenação “com várias opiniões, em vez de factos”. Lista de condenações Num caso marcado pelos vários recursos, Li Canfeng foi condenado pela Segunda Instância ao cumprimento de 17 anos de prisão, pela prática de cinco crimes de corrupção passiva para acto ilícito, quatro crimes de branqueamento de capitais, um crime de falsificação de documentos e um crime de abuso de poder. O empresário Sio Tak Hong foi condenado com uma pena única de 12 anos de prisão, devido a um crime de corrupção activa, cinco crimes de branqueamento de capitais e quatro crimes de falsificação de documentos. William Kuan Vai Lam foi condenado a cinco anos e meio de prisão por três crimes de corrupção activa e dois crimes de branqueamento de capitais. Por sua vez, Ng Lap Seng foi condenado quatro anos e meio de prisão efectiva devido a três crimes de branqueamento de capitais. A pena final de Jaime Carion ainda não foi tornada pública. Na primeira instância o ex-director das Obras Públicas tinha sido condenado a 20 anos de prisão pela prática de um crime de associação secreta, cinco crimes de corrupção passiva para acto ilícito e seis crimes de branqueamento de capitais. Esta pena tem de ser revista, dada que foi considerado pelo TSI e o TUI que o crime de associação secreta não foi cometido.
Hoje Macau PolíticaTrabalho | Associação pede salário mínimo mais próximo de Hong Kong A Associação Poder do Povo entregou uma carta a Ho Iat Seng a defender um mecanismo de revisão anual do salário mínimo. A associação liderada por Lam Weng Ioi considera que Macau deve seguir o exemplo de Hong Kong e estabelecer um mecanismo automático de revisão anual do salário, ao mesmo tempo que garante que o salário mínimo só poderá ser aumentado e nunca reduzido. “O mecanismo de aumento deve estar ligado ao crescimento do Produto Interno Bruto e ser avaliado em conjunto com o aumento do índice de preços, para garantir que a população pode ter acesso aos frutos do desenvolvimento social”, é argumentado. No início do ano registou-se um aumento do salário mínimo para 34 patacas por hora. Porém, Lam Weng Ioi argumenta que o valor está longe de ser suficiente “para cobrir as despesas gerais das famílias” e que ainda está muito longe dos que se pratica em Hong Kong. Entre as pretensões da associação presidida por Lam Weng Ioi consta igualmente a criação de um mecanismo para controlar o preço dos apelidados serviços públicos, como a distribuição de água, electricidade e combustíveis. Além disso, a associação espera que sejam tomadas medidas para controlar o número de trabalhadores-não residentes, por considerar que há demasiada lojas sem qualquer trabalhador local. Apesar desta medida, a associação recusa que a medida tenha natureza discriminatória, argumentado que se deve antes ao facto de ser necessário assegurar o acesso dos residentes ao emprego.
João Luz Manchete PolíticaSuicídio | Pedido reforço de serviços de psiquiatria Ho Ion Sang pediu o alargamento do horário e frequência das consultas de psiquiatria no Hospital São Januário. Esta é uma das sugestões para atenuar o número de suicídios, um fenómeno que, segundo o deputado, carece de estudo, em particular por não ter diminuído no período pós-pandemia. O Governo foi convocado para explicar mecanismos de resposta aos deputados Ho Ion Sang pediu ao Governo um plano de acção para responder ao fenómeno do suicídio, que tem aumentado nos últimos anos. Além de citar os dados estatísticos dos últimos dois anos, o deputado salientou também o crescimento das tentativas de suicídio focando incidir numa “população esmagadoramente mais jovem”. No ano passado, “a maioria das tentativas de suicídio foram cometidas por pessoas com menos de 34 anos, e 77 das 257 tentativas diziam respeito a pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos. O deputado, que também é dirigente da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, defende que é preciso estudar o fenómeno para encontrar soluções, em particular a evolução dos números dos suicídios depois do fim da pandemia. “No passado, esta situação podia ser atribuída aos efeitos da pandemia e às medidas de prevenção, como o isolamento, que prejudicaram a saúde mental das pessoas e agravaram o risco de suicídio, mas o número de tentativas de suicídio de jovens tem vindo a aumentar apesar da abertura total da nossa sociedade, o que merece ser analisado pelo Governo”, afirma o deputado. Uma das respostas que gostaria de ver é o reforço do horário e frequências dos serviços de psiquiatria do Hospital São Januário, para permitir que os médicos compreendam melhor a situação dos doentes e estabeleçam uma relação próximo que melhores os cuidados prestados. Cuidar dos mais novos Apesar de elencar entre os factores que contribuem para o aumento de suicídios causas económicas e familiares, Ho Ion Sang sublinha a necessidade de tratamento médico e sinalização de casos o mais cedo possível. “Dado que metade das doenças psiquiátricas dos adultos começam antes dos 14 anos, é muito importante prevenir activamente as doenças psiquiátricas e prestar apoio e tratamento antes de estas se desenvolverem”, recomenda. O deputado dos Moradores indica também que a escola deve ser envolvida nos esforços de prevenção, com a introdução de matérias sobre saúde mental e emocional nos currículos, para que as crianças e jovens em idade escolar tomem conhecimento, desde cedo, das suas próprias condições emocionais e mentais, e para alertar os pais para possíveis problemas. No final da reunião de ontem da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública, o deputado que preside à comissão, Zheng Anting, referiu que o tema do suicídio foi mencionado por vários legisladores, na sequência da divulgação dos dados estatísticos referentes ao primeiro trimestre deste ano. Como tal, foi acordada a convocação de representantes do Executivo para explicar à comissão da Assembleia Legislativa os mecanismos que serão introduzidos para prevenir o suicídio e se terá em conta as políticas seguidas a nível regional. Todos aqueles que estejam emocionalmente angustiados ou considerem que se encontram numa situação de desespero devem ligar para a Linha Aberta “Esperança de vida da Caritas” através do telefone n.º 28525222 de forma a obter serviços de aconselhamento emocional.
Andreia Sofia Silva EntrevistaPedro Costa Ferreira, Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo | No Oriente, o céu é o limite O presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) fala da relação de enorme proximidade com as autoridades de Macau em promoção turística. Em entrevista ao HM, Pedro Costa Ferreira defende que Macau, como destino turístico para a Europa, tem mais a ganhar se for associado a regiões do sudeste asiático Foi anunciada a realização do congresso da APAVT em Macau no próximo ano. O que poderemos esperar deste encontro? Não lhe vou adiantar grandes detalhes porque ainda vamos ter o congresso deste ano em Huelva, Espanha. Mas posso dizer que escolhemos Macau para um congresso muito especial, sobretudo porque vai fazer de Macau o território que mais vezes acolheu o congresso da APAVT, em 1982, 1990, 1996, 2008 e 2017. Dá a ideia da solidez da nossa relação com o território ao longo deste tempo. Além disso, será no ano em que fazemos 75 anos de existência, além de ser o nosso 50º congresso. Queremos, assim, que este congresso seja especial a nível de conteúdos, figuras presentes, que costuma ser o sector do turismo português todo, e talvez europeu e espanhol. Algumas linhas de cooperação especiais com Macau que serão lançadas no evento? Mais do que termos algo específico a desenvolver, o congresso é o final de uma etapa importante no nosso relacionamento, tendo em conta que vamos desenvolver também outras etapas. Temos feito um trabalho metódico e plurianual com Macau. Julgo que Macau pode ser considerado, juntamente com a Madeira, o local que tem o melhor relacionamento e trabalho feito com as agências de viagens em Portugal. 2025 será certamente o ano de ouro para Macau no seio da APAVT. Vamos ter a presença de Macau na FITUR [Feira Internacional de Turismo], onde iremos aprofundar o nosso relacionamento com o mercado espanhol, depois teremos a presença da APAVT muito significativa na BTL [Feira de Turismo de Lisboa]. Teremos certamente uma presença multifacetada e dinâmica no MIT [Macau International Travel (Industry) Expo, ou Exposição Internacional de Viagens (Indústria) de Macau]. Tudo o que é liderança turística europeia vamos levar a Macau em 2025. Depois tudo culminará com o congresso, onde passaremos a uma nova agenda e acções. Como explica essa ligação de Macau com as agências de viagens em Portugal? As agendas que são formadas, e que definem o relacionamento entre a APAVT e os diversos destinos turísticos, dependem da atenção que é dada por esses destinos às dinâmicas de relacionamento. O que tem acontecido com Macau, antes e depois da pandemia, é a existência de um historial importante e um relacionamento que se foi intensificando. No pós-pandemia tivemos uma etapa nova e muito produtiva. Julgo que há uma vontade muito grande de Macau de voltar à procura europeia e a internacionalização da procura turística pela região. Da nossa parte estamos sempre disponíveis e recebemos de braços abertos todos os destinos turísticos que queiram trabalhar connosco. Depende da iniciativa dos destinos. Madeira tem tido um trabalho de proximidade que só é, de facto, comparável, a Macau. Considera que será desafiante a tentativa de internacionalização de Macau como destino turístico, uma vontade do Governo que persiste há muitos anos? Não quero responder como algo que será difícil ou fácil. Há determinadas características no relacionamento das agências de viagens com o destino. Temos uma primeira dificuldade a recuperar, que é o facto de termos dado um grande passo atrás na pandemia e todo o Oriente foi a região que mais tarde abriu. Portanto, há um maior atraso, dos mercados emissores, em relação à recuperação de valores de antes de 2019 no Oriente do que no Ocidente. Há essa primeira dificuldade. Recuperámos mais cedo os fluxos turísticos no Ocidente. Depois, do ponto de vista do mercado português, temos de pensar que Macau nunca vai ser ‘mass market’ [mercado de massas]. Temos de olhar para o destino de acordo com as suas valências e capacidade de procura. Em relação a Portugal temos uma dificuldade acrescida, que é a inexistência de voo directo. Isso tem sido falado e parece-me importante. Vejo com bons olhos as notícias de uma eventual ligação da Air Macau a Istambul, uma excelente ‘gateway’ para o Oriente, e isso pode facilitar as viagens. Devemos perceber quais as valências de Macau e como as podemos desenvolver. E quais são elas? Existem valências específicas em Macau, que é um excelente momento de encontro de culturas, com uma oferta turística muito moderna. Macau tem excelentes condições de acolhimento, uma gastronomia que pode ser considerada das melhores do mundo, tem é de ser descoberta. É diversa e de grande qualidade. Tem ainda uma indústria de entretenimento que, não sendo a sua principal característica, não deixa de se desenvolver. Temos de acrescentar a capacidade de gerar produto mais global, que podem ser oportunidades para Macau. Para o mercado emissor ocidental, Macau tem de estar estruturado com mais alguma coisa. O mais óbvio é a China, mas também se pode juntar o território à Tailândia, Filipinas, Camboja mais o Vietname. Há muitas possibilidades. Os turistas quando fazem estas viagens de longa distância têm a apetência para ficar mais tempo e juntar as valências de Macau a mais destinos a Oriente pode levar a uma recuperação e desenvolvimento dos fluxos turísticos. O turismo de Macau está gradualmente a transformar-se desde as novas licenças de jogo, que trouxeram novas exigências às operadoras. Julgo que se está a diversificar e muitas das transformações recentes podem, eventualmente, ser associadas às novas concessões. Sentimos que há uma necessidade, vontade e óbvia estratégia de diversificação da oferta, e do ponto de vista dos mercados emissores ocidentais, é o que faz sentido. Portanto, a abordagem de Macau aos principais factores de desenvolvimento [do sector] é muito correcta e perceptível. Isso é bom para quem trabalha com destinos turísticos, porque dá confiança ao relacionamento. Que análise faz à evolução do turismo do território desde o período da Administração portuguesa, quando a APAVT começou a fazer as primeiras acções em Macau? Parece-me óbvio que os últimos anos foram de explosão em termos de desenvolvimento económico e de capacidades de acolhimento de turistas, disso não tenho dúvidas. É uma oferta mais complexa e diversificada, acompanhando também o desenvolvimento de várias ofertas e destinos. Talvez Macau estivesse mais centrada na história portuguesa, e agora parece-me mais evidente e importante para mercados emissores europeus, não portugueses, é que seja vendido como um local de encontro entre culturas, história, modos de vida ocidental e oriental. O Chefe do Executivo esteve em Portugal em 2023. Como tem sido a comunicação com as autoridades de Macau desde a visita? Essa visita foi, para nós, simbólica e muito motivadora. Expressou uma aposta do destino que sentimos no nosso trabalho diário e que acabou por nos ser transmitido a um nível superior. De resto, a relação com a Direcção dos Serviços de Turismo é quase perfeita. Temos uma comunicação próxima porque a agenda é complexa e dinâmica, além de contínua. Os nossos agentes de viagens sentem-se muito apoiados. Macau está progressivamente a integrar-se na Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e Hengqin. Como pode o mercado turístico português tirar partido disso? Não se trata de um botão em que se carrega e começa a funcionar. É mais um processo e uma estratégia. Ganhamos todos com a clarividência e transparência da comunicação que é feita pela região. Fomos a Hengqin e observámos as novas oportunidades e interesse que Macau tem em criar novas capacidades de estruturação do produto [turístico] além do território. É alargar a região em termos de destino turístico. É preciso criar condições de acolhimento. Tem gerado debate público o facto de a China ainda não ter incluído Portugal na lista de países isentos de visto. É um entrave ao turismo? A abolição de vistos é sempre bem-vinda para quem trabalha em turismo. Aqui não é excepção. Há afirmações de responsáveis políticos que abrem a porta à nossa inclusão. Temos de nos concentrar na tentativa de sermos incluídos o mais cedo possível, e as vantagens são óbvias. Quando falamos em estruturação de produto, juntamente com outros territórios a Oriente, o mais natural é com a China. Necessitar de visto quando se vai de Macau para a China perturba a construção da oferta [turística]. Esperamos com optimismo. Como é hoje o perfil do turista chinês que visita Portugal? Neste momento, o mercado emissor chinês não é de elevada importância para Portugal, nem tem números que mostrem que seja um dos primeiros, ou mais importantes. O mercado chinês tem características que podem ser relevantes no futuro, por ser um mercado que não visita as regiões turísticas mais sazonais em Portugal, por não ser virado para a praia, por exemplo. Assim, é um mercado que nos pode ajudar a diminuir a nossa sazonalidade e a ter mais território turístico. É um mercado que trabalha bem com o Alentejo, centro do país, o Porto. O melhor estará para vir. Do que aprendi na relação com o Oriente é que o início é mais demorado, é preciso formar confiança, mas depois é um mercado em que o céu é o limite. Ainda estamos na fase de obtenção de confiança.
Hoje Macau EntrevistaJ. Rentes de Carvalho gosta de cinema, mas livros permitiram-no sobreviver O cinema era a ambição do escritor J. Rentes de Carvalho, mas o dinheiro não chegava para pagar as aulas que frequentou em França, então teve de “seguir a literatura”, como confessou em entrevista à agência Lusa Perdeu-se um cineasta, ganhou-se um escritor. José Rentes de Carvalho, 94 anos, de ascendência transmontana, com raízes na aldeia de Estevais, concelho de Mogadouro, distrito de Bragança, vai ser alvo de um conjunto de homenagens em Portugal, com início na sexta-feira, promovidas pelo município de origem de seus pais, e que irão culminar em Julho durante a realização do Festival Terra Transmontana. “Tudo isto é muito simpático”, confessou o escritor à Lusa, que diz ter sempre presente nos seus livros “um pensamento triste de quem gostaria de ter um país melhor e vai morrer sem o ver”. No seu percurso, porém, factor determinante é o cinema. “O cinema foi durante muitos anos da minha vida tão importante ou mais que a literatura. Aprendi muito a escrever com os filmes que vi, durante os anos 40, 50 e 60 [do século passado]”, recordou o autor português, que assegurou ter transposto para sua obra literária muita da técnica apreendida com a sétima arte. Em França, para frequentar as aulas, “tinha de pagar [a frequência de] um instituto de cinema e fotografia, mas o dinheiro não chegava e tinha de ganhar o pão nosso de cada dia”, o que obrigou “a dedicar-se à escrita”. A entrevista de J. Rentes de Carvalho à Lusa realizou-se na aldeia dos Estevais, localidade onde o escritor passa metade do ano, alternado com Amesterdão, nos Países Baixos. É aqui, no concelho do Mogadouro, que as homenagens a Rentes de Carvalho vão ter início, promovidas pelo município. Das iniciativas fazem parte a colocação de um conjunto escultórico dedicado ao escritor, na sede do concelho, a realização de palestras, a atribuição do seu nome à Casa da Cultura. Em Julho, o Festival Terra Transmontana, agendado para os dias 27 a 28, terá como tema “J. Rentes de Carvalho – Retratos da Nossa Gente”. Questionado sobre esta homenagem, Rentes de Carvalho disse que “há sentimentos que não são fáceis de exprimir”. “Trata de uma homenagem agradável. Tudo isto é muito simpático “, vincou. O início na Holanda No decurso da entrevista, o escritor falou sobre o seu percurso académico nos Países Baixos, onde durante quase de 30 anos, a partir de 1964, foi professor de Literatura Portuguesa e Brasileira, na Universidade de Amesterdão. Enquanto professor universitário, percebeu que o interesse por parte dos estudantes neerlandeses e belgas em relação à literatura portuguesa se prendia em particular com a ditadura portuguesa, sobretudo durante a Guerra Colonial (1961-1974). “Os alunos tinham interesse em aprender a língua e a leitura portuguesa, especialmente neste período da História de Portugal. Tratava-se de jovens ávidos de conhecimento, principalmente sobre a guerra colonial”. Contudo, Rentes de Carvalho sublinha que além do interesse sobre o país da ditadura, a evolução da economia brasileira era à data o assunto chave, até porque sempre interessou aos neerlandeses. O antigo professor universitário disse ainda que Fernando Pessoa (1888-1935) é uma referência para a poesia flamenga, a par do romancista Eça de Queirós (1845-1900), a par de vários autores brasileiros. Raízes do norte Filho de pais transmontanos da aldeia de Estevais, e neto de um avô sapateiro e de um avô guarda-fiscal, José Rentes de Carvalho nasceu em 15 de maio de 1930 em Vila Nova de Gaia. Frequentou o Liceu Alexandre Herculano, no Porto, e prosseguiu os estudos em Viana do Castelo e Vila Real. Foi na Faculdade de Letras e na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa que traçou o seu percurso académico, estudando Línguas Românicas e Direito. Obrigado a abandonar o país por motivos políticos durante a ditadura do Estado Novo, viveu primeiro no Brasil, onde trabalhou como jornalista nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo e posteriormente em Nova Iorque e Paris. Escreveu para títulos como O Estado de São Paulo, Globo, Expresso, entre muitos outros. O escritor acabou por se radicar nos Países Baixos em 1956, concretamente em Amesterdão, trabalhando na embaixada brasileira e licenciando-se na Universidade de Amesterdão, com uma tese dedicada a Raul Brandão. A ascendência transmontana nunca foi negada pelo escritor, que passa largos períodos de tempo em Estevais, uma provação encaixada entre a serra do Reboredo e os rios Sabor e Douro. A escrita depois do ensino Depois do ensino, Rentes de Carvalho passou a dedicar-se exclusivamente à escrita para jornais e revistas literárias portugueses, brasileiros, belgas e neerlandeses. A sua bibliografia soma livros como “Cravos e Ferraduras”, “Ernestina”, “A Amante Holandesa”, “Meças”, “Pó e Cinza e Recordações”, “Portugal à Flor da Foice”, “Mentiras e Diamantes”, “Os Lindos Braços da Júlia da Farmácia”, “Com os Holandeses”, “La Coca” entre outros, atravessando géneros que vão da crónica ao diário, da opinião à pura ficção. Estreou-se no romance em 1968 com “Montedor”, a história de um rapaz sem futuro, “com um passado apenas de sonhos, arrastando-se num presente que é uma verdadeira morte lenta”, num lugar perdido do Portugal da ditadura. Sobre o livro, José Saramago garantiu que o autor oferece “o quase esquecido prazer de uma linguagem em que a simplicidade vai de par com a riqueza (…), uma linguagem que decide sugerir e propor, em vez de explicar e impor.” Em 2011, Rentes de Carvalho recebeu o Grande Prémio de Literatura Biográfica da Associação Portuguesa de Escritores (APE), pelo livro “Tempo Contado” e, em 2013, o Grande Prémio de Crónica APE, por “Mazagran”. No ano passado, foi distinguido com o Prémio Personalidade do Norte, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR-N). O novo livro “Cravos e Ferraduras”, o seu mais recente livro, lançado há cerca de um mês, reúne um conjunto de crónicas publicadas em vários jornais portugueses e neerlandeses, num retrato dos últimos anos da vida nacional, através de personagens “escolhidas a dedo”. “Este livro é o resultado de uma compilação de textos escritos desde há quatro anos para cá”, concretizou. Questionado pela Lusa de que forma as vendas estavam a correr, o autor disse que “não fazia a mínima ideia”. “Os meus livros falam um pouco dos mesmos problemas de sempre e das mesmas situações, não havendo um específico que trate de Portugal. Há um pensamento triste de quem gostaria de ter um país melhor e vai morrer sem o ver”, afirmou. Rentes de Carvalho disse que não era homem de escrever depressa, que o livro mais rápido levou sete a oito anos a ganhar forma. E dá o exemplo de “Ernestina”, romance que levou mais de uma dezena de anos a ser concluído, tendo sido publicado pela primeira vez nos Países Baixos, em 1985. Segundo o autor, o livro que mais vendeu foi um “Guia de Portugal”, apenas publicado no país que o acolheu e que vendeu mais de 300 mil exemplares, com mais de 300 páginas, somando algumas dezenas de edições. Na sequência deste trabalho, Rentes de Carvalho foi agraciado pelo Presidente da República Mário Soares com a Comenda do Infante D. Henrique. “Devido a este livro, centenas de milhares de holandeses visitaram Portugal”, concluiu com orgulho, Rentes de Carvalho.
Hoje Macau China / ÁsiaNova Deli | Registada temperatura recorde de 49,9°C A capital da Índia registou uma temperatura recorde de 49,9 graus Celsius na terça-feira, anunciaram ontem os serviços meteorológicas do país. Ao assinalar “fortes ondas de calor”, as autoridades registaram o recorde em duas estações, Narela e Mungeshpur, nos arredores de Nova Deli. Em Maio de 2022, os termómetros tinham marcado 49,2°C em certos bairros da capital, noticiaram ‘media’ indianos na altura. As temperaturas muito altas são comuns na Índia durante o Verão, mas, de acordo com especialistas, as alterações climáticas estão a provocar ondas de calor ainda mais longas, mais frequentes e mais intensas. As autoridades de Nova Deli também alertaram para o risco de escassez de água, tendo sido registados cortes no abastecimento em algumas zonas. O ministro da Água, Atishi Marlena, apelou para a “responsabilidade colectiva” dos habitantes para pôr termo ao desperdício, noticiou ontem o jornal Times of India. “Para resolver o problema da escassez de água, tomámos uma série de medidas como a redução do abastecimento de água de duas vezes por dia para uma vez por dia em muitas áreas”, notou Atishi, segundo o Indian Express. Os serviços meteorológicos indianos alertaram para as consequências do calor para a saúde, nomeadamente para crianças, idosos e doentes crónicos. Entretanto, os estados de Bengala Ocidental e Mizoram, no nordeste do país, foram atingidos por violentos ventos e chuvas torrenciais com a passagem do ciclone Remal, que devastou a Índia e o Bangladesh no domingo, matando mais de 38 pessoas. O departamento meteorológico do Bangladesh declarou que o ciclone foi um dos mais longos que o país já viu e culpou as alterações climáticas pela duração excepcional.
Hoje Macau China / ÁsiaTailândia | Antigo PM Shinawatra acusado de difamar monarquia O antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra da Tailândia vai ser acusado de difamação da monarquia, avançou o Ministério Público (MP), três meses depois de o ex-dirigente ter saído em liberdade condicional por outras acusações. Shinawatra pediu, no entanto, um adiamento da audiência de acusação, apresentando provas de que tem covid-19, disse em conferência de imprensa o porta-voz do gabinete do Procurador-Geral Prayuth Bejraguna. A nova audiência ficou marcada para 18 de Junho, acrescentou Prayuth, notando que Shinawatra será também acusado de violar a lei da criminalidade informática. Shinawatra esteve em exílio autoimposto desde 2008, mas regressou à Tailândia em Agosto para cumprir uma pena de oito anos. Em Fevereiro, saiu em liberdade condicional do hospital, em Banguecoque, onde passou seis meses a cumprir pena por crimes relacionados com corrupção. Ao regressar ao país, o antigo líder foi transferido quase de imediato da prisão para o hospital por motivos de saúde e, cerca de uma semana depois, o rei Maha Vajiralongkorn reduziu a pena para um ano. No início do mês, Shinawatra obteve liberdade condicional devido à idade, 74 anos, e ao estado de saúde. Após o regresso à Taiândia, o gabinete do procurador-geral indicou ter recuperado uma investigação sobre a alegada violação, há quase nove anos, da lei lesa-majestade, um crime punível com até 15 anos de prisão. Shinawatra foi acusado em 2016 de violar a lei por comentários que fez a jornalistas quando estava em Seul, na Coreia do Sul, um ano antes.
Hoje Macau China / ÁsiaCorrupção | Antigo director de grupo Huarong condenado à morte O antigo director executivo do conglomerado financeiro China Huarong, um dos grupos mais endividados da China, foi condenado à morte por corrupção, informou ontem a imprensa local. A China Huarong Asset Management é um dos maiores gestores de dívida malparada da China, ou seja, dívidas com elevada probabilidade de não serem pagas. Foi uma das quatro empresas criadas em 1999 pelo Governo chinês para sanear o sector bancário. Desde então, o grupo diversificou as suas actividades, nomeadamente para a área do investimento e crédito e sector imobiliário. O principal accionista da China Huarong é o Ministério das Finanças chinês. Os tribunais consideraram o antigo director executivo do grupo Bai Tianhui culpado de ter recebido cerca de 1,1 mil milhões de yuan em subornos, informou a televisão estatal CCTV. Bai Tianhui foi condenado à pena de morte, avançou o canal estatal, citando a decisão de um tribunal de Tianjin, uma importante cidade portuária perto de Pequim. A condenação à morte é pouco habitual na China para um alto dirigente empresarial. No entanto, frequentemente estes veredictos são convertidos em pena de morte suspensa, o que corresponde à prisão perpétua. A sentença de Bai Tianhui é idêntica à do antigo director do fundo de investimento Lai Xiaomin, executado em 2021. Lai foi acusado pelos tribunais de ter obtido 215 milhões de euros em subornos. Foi também considerado culpado de “poligamia”. As imagens de um apartamento em Pequim, supostamente pertencente a Lai Xiaomin, com cofres e armários cheios de maços de dinheiro, foram exibidas pela televisão estatal. A China Huarong tem feito manchetes nos últimos anos devido à sua dívida, equivalente a 214 mil milhões de euros, e à sua gestão irregular. Em 2021, a negociação das acções da empresa foi suspensa por nove meses na Bolsa de Valores de Hong Kong. O preço a pagar Nos últimos meses, várias figuras importantes do sector bancário e financeiro foram denunciadas por corrupção na China. Numa altura em que a economia chinesa está a abrandar, as más práticas no sector financeiro estão no centro da campanha anticorrupção do Presidente chinês, Xi Jinping. A cúpula do Partido Comunista Chinês (PCC) disse ontem que os “riscos financeiros” são “uma questão de segurança nacional” e avisou os seus funcionários que “serão responsabilizados” se não “assumirem a responsabilidade” de “assegurar a saúde financeira do país”. Funcionários “a todos os níveis” vão ser instados a “assegurar que as várias tarefas destinadas a reforçar a regulação financeira em todos os domínios são correctamente executadas”, prosseguiu a liderança do partido único na China. “Os regulamentos devem ser aplicados à letra e os infractores devem ser responsabilizados. Aqueles que não cumprirem os seus deveres devem ser responsabilizados e serão punidos”, advertiu ainda o PCC, numa altura em que algumas agências de notação da dívida baixaram para “negativa” a perspectiva do ‘rating’ do país, face aos “riscos crescentes” para as finanças públicas.
Jorge Rodrigues Simão Perspectivas VozesO terrorismo Huti (continuação) “We have repeatedly stated without hesitation that supporting Palestine and resistance groups is on the agenda of the Islamic Republic’s policies” Iranian President Ebrahim Raisi, in 14.01.2024 A ligação Irão-Arábia Saudita passa pelo Iémen e a imprevisibilidade das opções estratégico-militares dos Hutis e o perigo latente de uma escalada desencadear consequências indesejáveis, incluindo confrontos directos entre o Irão e os Estados Unidos levantam duas questões importantes. A primeira, poderá o processo de aproximação entre Teerão e Riade sofrer um revés? A segunda, as conversações de paz em curso entre a Casa Saud e os Hutis para a saída dos sauditas do Iémen e, espera-se, o início de um processo de paz sob os auspícios da ONU, correm o risco de descarrilar? O dossier iemenita representa o primeiro teste do processo de normalização irano-saudita iniciado com o acordo de 10 de Março de 2023, patrocinado pela China. Apesar dos rumores persistentes de desacordo sobre as suas abordagens à guerra de Gaza, os dois actores parecem decididos a prosseguir na via da diplomacia. Uma proposta que o conflito na Faixa de Gaza teria efectivamente contribuído para reforçar. Desde o início da guerra entre Hamas e Israel, a Arábia Saudita e o Irão têm estado em contacto regular para evitar que o conflito assuma uma dimensão regional. Não é por acaso que, antes do ataque americano e britânico aos Hutis, em 12 de Janeiro, o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Amir-Abdollahian, e o ministro saudita dos Negócios Estrangeiros, Príncipe Faizal bin Farhan bin Abdullah Al-Saud, tiveram uma conversa telefónica sobre a evolução da situação em Gaza e na região. Em Novembro de 2023, o primeiro encontro bilateral entre o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman Al Saud e o presidente iraniano Ebrahim Raisi teve lugar na cimeira islâmica-árabe em Riade. Cerca de um mês mais tarde, realizou-se em Pequim a primeira sessão da comissão conjunta China-Arábia Saudita-Irão para acompanhar os progressos do desanuviamento diplomátic. É pouco provável que a República Islâmica decida, por conseguinte, prestar apoio adicional aos Hutis, a menos que os ataques liderados pelos Estados Unidos ponham em risco as capacidades militares do movimento. Do mesmo modo, a interferência iraniana nas decisões de Ansar Allah só ocorreria se a aproximação de Teerão à Arábia Saudita fosse posta em causa. O risco de uma militarização crescente do Mar Vermelho é uma fonte de grande apreensão para Riade. Poucas horas depois da segunda vaga de ataques dos Estados Unidos, os Hutis efectuaram uma manobra militar ao longo da fronteira com o reino, na província de Sadá com um aviso aos sauditas sobre as potenciais consequências de se aliarem aos Americanos. Tal como as outras monarquias do Golfo (com a única exceção do Bahrein), a Arábia Saudita aderiu formalmente à recém-criada (Dezembro de 2023) missão naval “Prosperity Guardian”, liderada pelos Estados Unidos. Isto reflecte a política externa pragmática do reino, que visa a prossecução de objectivos nacionais e a salvaguarda de interesses estratégicos específicos. A Arábia Saudita está a atravessar uma crise de “confiança” com o seu tradicional aliado americano e não quer correr o risco de comprometer a sua segurança interna. A sua prioridade é prosseguir a normalização com o Iémen e impedir o recomeço dos ataques transfronteiriços. A estabilização da fronteira saudita e das regiões meridionais do país (Jazan, Asir e Najran), a obtenção de um cessar-fogo permanente e o relançamento de um processo de paz conduzido pela ONU estão no centro das negociações em curso entre a Arábia Saudita e os Hutis. Embora o cessar-fogo mediado pela ONU em Abril de 2022 tenha terminado formalmente seis meses depois devido a desacordos entre Ansar Allah e o governo oficial iemenita apoiado por Riade, as conversações prosseguiram informalmente. Em Abril de 2023, o embaixador saudita no Iémen, Mohammed bin Saeed-Al-Jaber, deslocou-se a Saná com uma delegação de Omã para se encontrar com Mahdi al-Mashart, presidente do Conselho Político Supremo de Ansar Allah (o mais alto órgão dirigente dos Hutis), enquanto em meados de Setembro de 2023 teve lugar na capital saudita uma nova ronda de negociações para elaborar um roteiro para o processo de paz no Iémen. A última ronda de conversações, organizada na Arábia Saudita e em Omã, teve lugar em Dezembro último, quando o Primeiro-Ministro iemenita Maeen Abdulmalik Saeed e o negociador-chefe dos Hutis Muhammad Abd al-Salam concordaram “em iniciar um processo de paz sob os auspícios das Nações Unidas”. Apesar da fragilidade das tréguas informais entre os Hutis e os sauditas, é pouco provável que as negociações descarrilem, a não ser que Riade queira ou precise de dar um apoio suplementar aos Estados Unidos, o que não parece provável até agora. A Arábia Saudita pretende ser o coração económico e financeiro do Golfo, aumentando a sua influência internacional. A concretização dos ambiciosos objectivos da “Visão 2030” (a rápida diversificação e modernização da economia e da sociedade) confirma-se como o principal motor da política externa da Casa Saud. Olhando para a geografia dos planos de desenvolvimento do país, como a cidade futurista de Neom, na costa do Mar Vermelho, ou o projecto de desenvolvimento turístico do Mar Vermelho, é fácil perceber que evitar potenciais represálias por parte dos Hustis e resolver o conflito do Mar Vermelho estão entre as prioridades do Reino. A paz em Gaza não garante a segurança da região Cerca de 40 por cento do comércio marítimo mundial transita pelo Mar Vermelho. Todos os dias, mais de 6,2 milhões de barris de petróleo bruto e de barcos petrolíferos atravessam o estreito de Bab-el-Mandeb, dos quais 3,9 milhões têm como destino a Europa. Cerca de 10-14 por cento do comércio mundial (incluindo o petróleo) e 30 por cento do volume global de contentores passam pelo Canal do Suez. Embora o impacto dos ataques ao abastecimento de petróleo e gás, com repercussões na economia mundial, pareça ainda limitado nada é comparado com os custos incorridos pelos mercados mundiais após o encalhe do porta-contentores “Ever Given” no Canal do Suez em 2021 e um longo conflito nessas águas teria um impacto significativo. Num relatório datado de 9 de Janeiro de 2024, o Banco Mundial alertou para o facto de os recentes ataques e o consequente abrandamento das redes de abastecimento “aumentarem a probabilidade de estrangulamentos na inflação. O fornecimento de energia também pode ser afectado, levando a aumentos de preços” As principais companhias de navegação como a Maersk, Hapag-Lloyd, Msc, Cma Cgm e Yang Ming, bem como a British Petroleum suspenderam as operações no Mar Vermelho, optando pela rota do Cabo da Boa Esperança. Os ataques conjuntos de Washington e Londres, concebidos como uma reacção simbólica e, portanto, limitada, não tiveram qualquer efeito dissuasor para o Ansar Allah. Pelo contrário, parece ter contribuído para o agravamento do conflito. Nas palavras de Yahya Saree, o porta-voz militar dos Hutis, “nenhum novo ataque ficará sem resposta”. Em 15 de Janeiro, o Comando Central dos Estados Unidos comunicou o lançamento de um míssil balístico anti-navio no Golfo de Aden contra um navio porta-contentores de propriedade americana. As acções militares dos Hutis no Mar Vermelho foram condenadas pelas várias personalidades do Conselho Presidencial do Iémen. Desde Dezembro último, a Guarda Costeira foi colocada em alerta no Mar Vermelho. O Conselho de Resistência Sul secessionista de Aidarus al-Zoubaidi (influente na zona de Aden) e as forças de resistência de Tariq Saleh (baseadas em al-Mokha), ambos apoiados pelos Emirados Árabes Unidos, declararam querer contribuir para a segurança e a liberdade de navegação no Mar Vermelho. No entanto, as tensões entre os oito membros do governo iemenita (reflectidas nos objectivos estratégicos divergentes das facções que compõem a frente anti-Huti e na rivalidade entre Riade e Abu Dhabi) dificultam o desenvolvimento de uma estratégia comum e de uma visão partilhada do futuro do Iémen. A profundidade estratégica do sul do Mar Vermelho e a segurança das suas rotas energéticas e do comércio mundial estão duplamente ligadas à guerra civil no Iémen. O Mar Vermelho não voltará, portanto, à tranquilidade com o fim da guerra em Gaza. Nem o “Prosperity Guardian”, nem a decisão europeia de criar a sua própria missão marítima, nem a escolha de Washington de voltar a incluir os Hutis na lista dos movimentos terroristas (se os ataques não cessarem) ajudarão a resolver o problema. Os Acordos de Estocolmo de 2018, mediados pela ONU entre os Hutis e o governo oficial iemenita para um cessar-fogo imediato na província de Al Hudaydah e na cidade costeira com o mesmo nome, permitiram aos Hutis consolidar a sua autoridade no porto estratégico e entrincheirar-se ao longo da costa ocidental. O controlo das ilhas estratégicas de Kamaran, Ras Douglas e Taqfash, ao largo da costa de Al Hudaydah, proporciona aos rebeldes uma importante plataforma de projeção marítima. Garantir a segurança do Mar Vermelho exige, portanto, que se enfrentem de frente as dinâmicas que têm minado a sua estabilidade, os desequilíbrios de poder no Iémen e a incapacidade internacional de resolver o capítulo ainda em aberto da guerra civil do Iémen.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Seis detidos por violarem nova lei de segurança nacional A polícia de Hong Kong deteve ontem seis pessoas por alegada publicação de mensagens sediciosas nas redes sociais – as primeiras detenções conhecidas ao abrigo da nova lei de segurança nacional da cidade. Um dos detidos é o antigo organizador da vigília anual durante décadas convocada para assinalar os acontecimentos da Praça de Tiananmen, em Pequim, a 04 de Junho de 1989. O secretário para a Segurança, Chris Tang, disse que o antigo organizador dessa vigília, Chow Hang-tung, juntamente com cinco outros, utilizou uma página da rede social Facebook para publicar anonimamente as mensagens de convocatória da concentração. Segundo a polícia, os actos contrários à nova lei de segurança nacional começaram em Abril e os suspeitos tinham como alvo uma “data sensível”. As autoridades não revelaram o conteúdo das mensagens divulgadas no Facebook, mas a página começou a 30 de Abril a publicar uma série de ‘posts’ para assinalar o 35.º aniversário, que em breve se completa, de Tiananmen. Tang alegou que o grupo divulgou tais mensagens com a intenção de incitar ao inconformismo ou mesmo ao ódio contra o Governo central chinês, o Governo de Hong Kong e o poder judicial. As mensagens pretendiam também encorajar os internautas a organizar actividades “que poriam em perigo a segurança nacional”, sustentou. “Embora Hong Kong tenha agora iniciado a viagem da estabilidade para a prosperidade, não podemos baixar a guarda. Continuamos a enfrentar riscos para a segurança nacional”, declarou Tang numa conferência de imprensa. Além de não especificarem o conteúdo das mensagens, as autoridades também não identificaram os outros cinco suspeitos detidos.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Pequim e Guiné Equatorial reforçam relações O Presidente chinês reuniu-se quarta-feira com o homólogo da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, com quem quer elevar o nível das relações entre os dois países para uma “parceria estratégica de cooperação”. Durante o encontro com Obiang, que já visitou a China dez vezes, Xi Jinping disse que o “apoio mútuo” entre as duas nações ilustra a amizade entre a China e os países africanos, de acordo com a imprensa local, citada pela agência de notícias espanhola EFE. Desde 1970, ano em que foram estabelecidas relações diplomáticas entre os dois países, a China tem mantido acordos de cooperação com a Guiné Equatorial em sectores como a saúde, a educação, a energia, a construção, as telecomunicações e a navegação. O interesse da China na Guiné Equatorial progrediu paralelamente à descoberta de importantes depósitos de hidrocarbonetos (petróleo e gás natural) no país, no final da década de 1990. A imprensa estatal chinesa sublinhou esta semana que a visita de Obiang, no poder desde 1979, tem como objectivo “expandir a colaboração bilateral” para “diversificar a economia do país africano e melhorar a sua capacidade industrial”. De acordo com o jornal Global Times, os laços bilaterais são “um modelo de cooperação sul-sul” de dois países que se “tratam como iguais”. “A China tem apoiado a Guiné Equatorial em muitos domínios, tanto económicos como técnicos. Pode dizer-se que parte da transformação da Guiné Equatorial se deve precisamente ao apoio económico do Governo chinês”, afirmou Obiang numa entrevista recente à agência noticiosa estatal Xinhua. Obiang disse que a Guiné Equatorial espera que a China “aumente o apoio à formação de talentos para ajudar o país a estabelecer uma base sólida para o desenvolvimento independente”. A China tem demonstrado um interesse crescente em África, tornando-se o maior parceiro comercial do continente.
Hoje Macau China / ÁsiaFMI | Elevada previsão de crescimento em 2024 para 5% O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou ontem a previsão para o crescimento da economia da China em 2024 de 4,6 por cento para 5 por cento, a meta fixada pelo Governo chinês em Março. “O crescimento económico da China deverá permanecer sólido em 5 por cento em 2024 e abrandar para 4,5 por cento em 2025”, afirmou o FMI num comunicado, divulgado após o final de uma visita de 12 dias à China de uma equipa da instituição multilateral. O FMI previa anteriormente um crescimento de 4,6 por cento este ano. A revisão em alta da previsão é “impulsionada por fortes dados do PIB [produto interno bruto] do primeiro trimestre e por medidas políticas recentes”, acrescentou o fundo. A economia da China cresceu 5,3 por cento, no primeiro trimestre de 2024, após ter sido impulsionada pelas políticas de estímulo do Governo e o aumento da procura. A China anunciou em 17 de Maio, um dia após o início da visita da equipa do FMI, novas medidas para revigorar o sector imobiliário, depois de os últimos dados terem revelado que os preços da habitação caíram quase 10 por cento desde o início do ano. As autoridades reduziram a entrada para hipotecas e o limite mínimo das taxas de juro para a primeira e segunda habitações e instaram as administrações locais a comprar aos promotores imobiliários terrenos não urbanizados ou imóveis não vendidos. Várias cidades, incluindo a capital financeira do país, Xangai, também suspenderam as restrições às transações de imóveis, que caíram 24,3 por cento em 2022 e mais 8,5 por cento em 2023, medidas por área útil. Abrandamento previsto O FMI saudou ontem as medidas tomadas pela China e defendeu que “a correcção em curso no mercado imobiliário, necessária para orientar o sector para uma trajectória mais sustentável, deverá continuar”. No entanto, “um conjunto mais abrangente de medidas facilitaria uma transição eficiente e menos onerosa, ao mesmo tempo que protegeria contra os riscos de deterioração” do mercado, observou a instituição. No médio prazo, “o crescimento deverá abrandar para 3,3 por cento devido ao envelhecimento da população e ao abrandamento dos ganhos de produtividade”, detalhou a vice-directora-geral do FMI, Gita Gopinath, citada no comunicado. Segundo dados oficiais, existem na China cerca de 280 milhões de pessoas com mais de 60 anos, ou seja, 19,8 por cento da população total. Em 2035, estima-se que haverá mais de 400 milhões de idosos, mais de 30 por cento da população. A número dois do FMI também destacou “os desafios orçamentais significativos, especialmente para os governos locais” que o país enfrenta, acrescentando “que é necessária uma consolidação fiscal sustentada a médio prazo”. A agência de notação financeira Moody’s baixou em Dezembro a perspectiva da dívida da China de “estável” para “negativo”, devido aos “indícios crescentes de que o governo e o sector público vão prestar apoio financeiro aos governos regionais e às empresas públicas em dificuldades”.
Andreia Sofia Silva Eventos10 de Junho | Nova exposição de Francisco Ricarte inaugurada sábado Francisco Ricarte, arquitecto e fotógrafo, está envolvido num novo projecto. Trata-se da exposição “Para os olhos dos jovens (de espírito)”, inaugurada este sábado na Casa Garden, a partir das 17h, numa iniciativa organizada pela CPM – Casa de Portugal em Macau e que se integra no programa de comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e Comunidades Portuguesas. Segundo um comunicado da organização, a mostra “é dedicada a um público mais jovem, em termos de idade, mas também ‘jovens de espírito'”, sendo ainda complementada por dois workshops, a decorrer na CPM, onde será explorada “a prática da observação e registo visual” a partir das imagens expostas. Segundo Ricarte, a fotografia possui “uma imensa abrangência e possibilidades criativas”, sendo “um instrumento fundamental no desenvolvimento das artes visuais”. “Sob variadas abordagens estéticas e tecnológicas, esta forma de expressão artística tem-nos dado a conhecer facetas tão fascinantes e diversificadas, como o meio natural e construído que nos rodeiam, bem como das nossas aspirações e manifestações culturais, entre muitas outras facetas da condição humana”, refere ainda o mesmo comunicado. Imagens com humor A exposição inclui 22 imagens captadas em Macau “em situações inesperadas ou insólitas com uma certa ironia ou humor, e em performances de grande intensidade coreográfica e visual”. Estas imagens pretendem, assim, “cativar diversos níveis de público mais jovem (bem como os ‘jovens de espírito’) para apreciar imagens expressivas de mensagem inesperada e intensidade visual, que possam apelar à ‘frescura no olhar’ e cativar a sua observação e compreensão”. Procura-se ainda “sensibilizar para a importância e valor da fotografia como meio de expressão e criação visual, procurando-se realçar a sua importância no registo e observação do quotidiano que nos rodeia”. É esse quotidiano que está cheio de “situações inesperadas e acontecimentos singulares” como os registados na exposição, e que “também pode ser visto de uma forma incomum e plena de ironia”. Os workshops decorrem este domingo, com duas turmas. A primeira turma terá o workshop entre as 10h30 e as 12h30, com jovens dos 8 aos 11 anos, enquanto a segunda turma irá trabalhar das 15h às 17h, destinando-se a jovens com mais de 12 anos. As máquinas fotográficas disponibilizadas pela organização. A CPM destaca que Francisco Ricarte “é arquitecto e fotógrafo residente em Macau, destacando-se por uma presença muito activa no cenário cultural e artístico do território e participando com regularidade em exposições de fotografia, quer num registo a solo, quer num formato colectivo”.
Andreia Sofia Silva EventosIPOR | Ciclo de cinema sobre o 25 de Abril até Julho No ano em que se celebram os 50 anos da chamada “Revolução dos Cravos”, o 25 de Abril de 1974, o Instituto Português do Oriente (IPOR) exibe até ao dia 2 de Julho vários filmes sobre o golpe que derrubou a ditadura, os seus protagonistas e resistentes, onde se incluem nomes como Salgueiro Maia ou Álvaro Cunhal Um momento tão marcante para a história de Portugal como o 25 de Abril de 1974, que acabou com a ditadura do Estado Novo, de Salazar e Marcelo Caetano, já marcou presença em muitas narrativas cinematográficas ao longo dos últimos anos. Tendo em conta que este ano se celebra meio século da revolução, o Instituto Português do Oriente (IPOR) exibe, até 2 de Julho, vários filmes, muitos do género documentário, no auditório do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. O ciclo de cinema “50 anos – 25 de Abril” arrancou no dia 21 com o filme “As Mãos Invisíveis”, de Hugo dos Santos, um documentário sobre as vivências numa casa em Paris que, nos anos 70, acolhia diversos portugueses que fugiram do regime fascista que então se vivia em Portugal. Foi também exibido esta terça-feira o filme “Cartas a uma Ditadura”, de Inês de Medeiros. Na próxima terça-feira, será exibido o filme “O Jovem Cunhal”, do realizador João Botelho, datado de 2022. Trata-se de um retrato do mais carismático líder do Partido Comunista Português (PCP), Álvaro Cunhal, e da resistência ao fascismo que marcou toda a sua vida. Cunhal esteve preso várias vezes, estava sempre na mira da PIDE, a polícia política do Estado Novo, e foi central para definir a oposição política ao fascismo na clandestinidade. Na sinopse da película pode ler-se que João Botelho conseguiu criar “um filme detectivesco, em que se exploram os primeiros anos da vida do histórico dirigente do PCP”, sendo que, pelo meio, são “encenados excertos dos seus próprios livros”. Imagens e memórias No dia 11 de Junho, é altura de exibir “Outro País”, de Sérgio Tréfaut, documentário de 1999 que relata a revolução, no período mais conturbado que se seguiu ao 25 de Abril, nos anos de 1974 e 1975. A sinopse revela que se trata de um filme baseado em muita documentação histórica guardada em arquivos, além de revelar os olhos e sonhos de fotógrafos e cineastas que, na época, testemunharam o evento. “Salgueiro Maia, O Implicado”, da autoria de Sérgio Graciano, exibe-se no dia 18, mostrando a intervenção de um dos homens que ficou para a história como um dos “Capitães de Abril”, por ter ajudado, com outros militares, a planear e a fazer o golpe nas ruas de Lisboa. Segundo a síntese do filme, trata-se do “primeiro retrato” do militar feito para cinema. “Fernando Salgueiro Maia, o anti-herói não ocasional, produto de uma formação académica e militar, foi um homem que soube pensar o futuro, seguir as ideias, contestando-as, vivendo uma vida cheia, alegre e fértil, solidária e sofrida – se não tem morrido prematuramente aos 47 anos, teria agora 75”. O realizador fez, assim, “uma abordagem moderna, intimista e emocional” da vida deste militar, já falecido, sendo esta “uma história de ficção baseada em factos históricos, relatos pessoais, revelações íntimas, emoções reais de quem acompanhou o capitão ao longo de toda a vida”. A 25 de Junho são apresentadas várias curtas-metragens na sessão “50 anos do 25 de Abril”, nomeadamente “Antes de Amanhã”, de Gonçalo Galvão Teles; “O Casaco Rosa”, de Mónica Santos; “Lugar em Parte Nenhuma”, de Bárbara Oliveira e João Rodrigues; “Estilhaços”, de José Miguel Ribeiro, e ainda “Menina”, de Simão Cayatte”. O ciclo de cinema encerra-se a 2 de Julho com “48”, documentário de Susana de Sousa Dias. Este filme fala das histórias dos presos políticos do Estado Novo e de como sofreram as torturas às mãos da PIDE. O filme, de 2010, vai revelando algumas das fotografias que a PIDE tirava a todos os presos, a preto e branco, de perfil ou com o rosto apontado para a câmara. Estão lá as imagens de Conceição Matos, antiga funcionária do PCP presa duas vezes e torturada, e de tantos outros homens e mulheres. “São 16 imagens para contar 48 anos de fascismo – tudo fala da sociedade, os rostos, as roupas, a forma de estar. Não estão identificados por nomes nem idades porque valem por todos os presos políticos da ditadura”, refere a sinopse. As expressões eram de medo, as vozes que se ouvem em off traçam memórias negras de sofrimento e resistência na dor.
José Simões Morais Via do MeioEstratégias e tácticas de Zhuge Liang Nascido em 181 em Yangdu de Langya, hoje vila de Yinan, prefeitura de Linyi no Sul da província de Shandong, Zhuge Liang (181-234, 诸葛亮) tinha o nome literário Kongming e era conhecido por a alcunha do Dragão Adormecido, potência à espera de ser acordada, pois pouco tempo antes da sua existência fora criado da Filosofia do Dao o Daoísmo religioso. Órfão desde os oito anos, de mãe em 184 e do pai, Zhuge Gui, magistrado no distrito de Taishan, a 189, ficou então à guarda do tio Zhuge Xuan. Viveu em Xiangyang até à morte deste em 197 e com dezassete anos Zhuge Liang mudou-se para a aldeia Longzhong, próximo de Xiangyang, província de Hubei. Aí se dedicou à agricultura, nos tempos livres a ler e tocar guqin, convivendo com a população local e sobretudo a conversar com o seu mestre Pang Degong e Xü Shu, seu genro, apreendendo coisas da vida e trocando ideias sobre as convulsões e acontecimentos do país. Em 207 tornou-se conselheiro militar de Liu Bei (161-223), que se apresentava como representante da casa real Han, e organizou-lhe o pequeno exército após a derrota sofrida nesse ano em Wunhuan contra as forças do general Cao Cao (155-220), poeta e grande estratega, a governar o país desde 196 em nome do Imperador Xian Di (189-200) da dinastia Han do Leste. Em finais do primeiro século, Liu Bei como voluntário e o general Zhang Fei combatiam a Revolta dos Turbantes Amarelos quando se encontraram com o fugitivo à lei Guan Yu, homem robusto a vaguear como vendedor ambulante por Zhuoxian (a 70 km de Beijing) na província de Hebei. No Jardim dos Pessegueiros fizeram os três um juramento, tornando-se irmãos de armas com votos de ajudarem Liu Bei a se tornar chefe e por sublevação armada estabelecer o reino Shu-Han. Em 207, Liu Bei foi à aldeia Longzhong acompanhado por os dois irmãos de armas, a convidar por a terceira vez Zhuge Liang a se juntar às suas forças de Shu-Han e servi-lo como conselheiro militar. Só então Zhuge Liang aceitou o comando do exército Han-Shu e logo deu o conselho a Liu Bei de juntar o seu pequeno exército ao de Wu de Sun Quan para combater os Wei de Cao Cao, que governando o Norte do país pretendia avançar para Sul e conquistar a área do rio Yangtzé para de novo unificar toda a China. “Desde a época das insurreições dos Turbantes Amarelos que estas ricas famílias coloniais haviam sacudido a tutela do poder central. Tinham-se organizado com vista à sua própria defesa.” (…) “Para que aparecesse um Estado independente no vale do Yangzi, bastaria que se agravassem os conflitos na China do Norte e que militares e colonos fizessem causa comum. Um fenómeno análogo iria produzir-se no Sichuan, região rica e relativamente isolada onde eram igualmente numerosas as populações indígenas. O facto foi favorecido pelo prestígio de Li Bei, descendente da família imperial dos Han, e pelo génio político e militar do seu conselheiro Zhuge Liang (181-234). Mas, enquanto o reino de Wu é regido por uma espécie de confederação das famílias mais poderosas do vale do Yangzi, no Sichuan denotam-se tendências para a centralização. Tal como Wei [no Norte], Shu-Han é um Estado militar dirigido pelos conselheiros legistas”, segundo Jacques Gernet e continuando no seu Mundo Chinês, “O nascimento dos dois efémeros impérios do Sichuan e do vale do Yangzi explica-se, não só pelas perturbações e pela recessão económica do fim da época dos Han, mas também pelas suas particularidades geográficas e sociais. É a secessão da China colonial da bacia inferior do Yangzi que vai dar à luta dos Sun [Sun Quan criou o reino Wu (222-280), fazendo a capital em Jianye (hoje Nanjing) depois de se coroar imperador Da Di (229-252)], simples comandantes de exércitos rivais de Cao Cao, o sentido de uma guerra de independência. A influência, no reino de Wu, das grandes famílias do Jiangnan (regiões situadas a sul do curso inferior do Yangzi) explica a transferência em 231, da capital, estabelecida primeiramente em Wuchang (hoje Ezhou, Hubei) na confluência do Yangzi e do Han, para Nanquim.” PEDIR EMPRESTADO No Romance dos Três Reinos (San Guo Zhi, 三国志) encontra-se muito do que hoje se sabe sobre a vida de Zhuge Liang (诸葛亮) e por isso a sua história tem mais de lendária que de real. Aí se faz referência a Zhuge Liang ter pedido emprestado três coisas: Flechas, o Vento Leste e Jingzhou. Se as duas primeiras, usar barcos com cobertura de colmo para pedir emprestado flechas (cao chuan jie jian, 草船借箭) e pedir emprestado o Vento Leste (JieDongFeng, 借东风) apenas se encontram registadas neste livro, já Zhuge Liang ter pedido emprestado Jingzhou (Jie Jingzhou, 借荆州) é realmente um facto histórico e apareceu em outros relatos da História. Os dois primeiros episódios ocorreram em 208 entre os meses de Julho a Novembro durante a grande batalha em Chibi (hoje Puqi, Hubei) cujos exércitos conjuntos de Liu Bei e Sun Quan tinham apenas cinquenta mil homens enquanto no campo contrário, Cao Cao contava com 230 mil soldados. Essa batalha (de Chibi) realizada após Cao Cao ter conquistado o poder no Norte da China e com o seu exército seguir para Sul a tentar controlar o resto do o país. As tropas de Liu Bei estavam estacionadas em Jingzhou (Hubei) e as forças de Sun Quan junto à foz do rio Yangtzé. Zhuge Liang, sozinho foi ao reino Wu para persuadir o chefe Sun Quan a aliar-se com Liu Bei e combaterem Cao Cao. Cao Cao, com o seu exército, partiu do seu reino no Norte da China, para conquistar Jingzhou e enxotar Liu Bei das redondezas. Sun Quan sentindo-se ameaçado resolveu juntar-se a Liu Bei, mas o exército de ambos não chegava a metade do de Cao Cao. Este, numa grande armada subiu por o rio Yangtzé e estacionou a sua frota em frente aos Penhascos Vermelhos (a Oeste do lugar onde hoje se situa Wuchang, província de Hubei). Aí se realiza a demonstração da qualidade de estratega de Zhuge Liang, quando usa barcos com cobertura de colmo para pedir emprestado flechas – cao chuan jie jian. A história refere-se à necessidade de rapidamente se conseguir flechas durante a batalha em Chibi por parte de Sun Quan. Zhou Yu era capitão do exército Wu e conselheiro político de Sun Quan e apesar de conhecer bem as ideias de Zhuge Liang, tinha grande inveja dele. A Sun Quan, que não tinha um numeroso exército, não lhe agradava nada Liu Bei ter Zhuge Liang como estratega e apesar de estarem aliados, não via a hora de conseguir matar Zhuge Liang. Antes de começar a batalha de Chibi, Zhou Yu convidou Zhuge Liang para conferenciar sobre a maneira como iriam combater Cao Cao. Zhou Yu para saber quais as armas a usar durante o combate nas águas do rio Yangtzé questionou Zhuge Liang, que respondeu serem flechas. Zhou Yu concordou também serem essas as melhores armas, mas não as tinham suficientes para combater o enorme exército de Cao Cao. Virando-se para Zhuge Liang pediu para lhe fazer cem mil flechas, a fim de poderem ganhar a batalha. Zhuge Liang concordou e perguntou para quando eram necessárias. Para lhe criar problemas, Zhou Yu disse dez dias. Pensando um pouco, Zhuge Liang replicou serem dez dias muito, pois não se devia aguardar tanto tempo e contrapôs precisar apenas de três dias. Incrédulo, Zhou Yu obrigou Zhuge a assinar um contrato como conseguiria tal e se não cumprisse no prazo de três dias podê-lo-ia condenar à morte. Zhuge tinha como amigo o conselheiro Lu Xu do exército de Sun Quan e a ele recorreu para o ajudar, pedindo-lhe vinte barcos, cada um com vinte soldados e todos serem cobertos com molhos de colmo em forma de figuras humanas. Assim fez Lu Xu, apesar de saber estar já o estratega condenado pois em três dias arranjar cem mil flechas era algo impossível. O primeiro dia passou e nada aconteceu, tal como no segundo dia e no terceiro, Zhuge Liang foi ter com Lu Xu e convidou-o para beber, pedindo-lhe o favor de informar Zhou Yu para o esperar no dia seguinte de manhã no porto para lhe entregar as flechas. Durante a noite, às três da manhã, Zhuge e Lu Xu enquanto bebiam no barco ancorado na margem oposta onde se encontravam as embarcações de Cao Cao, viram aparecer um grande nevoeiro e Zhuge ordenou aos vinte barcos partirem ao encontro dos do inimigo e quando chegassem próximo começassem a tocar bombo e a gritar. Lu Xu virou-se para Zhuge replicando, caso Cao Cao fosse ao encontro dos barcos iria ser um grande problema. Zhuge respondeu que tal não iria ocorrer pois o nevoeiro ajudaria e quando como planeado os barcos se aproximaram, Cao Cao sem poder ter uma noção exacta do que tinha próximo decidiu usar os arcos e flechas para combater. Lu Xu e Zhuge, sem nada poder ver o que ocorria, apenas ouviam os assobios das inúmeras flechas a voar. Zhuge avisara os seus soldados para após meia hora de serem flechados, virarem os barcos e após outra meia hora assim, regressarem. Quando os barcos voltaram estava Zhou Yu no porto, crendo ter nas mãos a vida de Zhuge, mas ao olhar para como os barcos vinham rendeu-se à qualidade e sabedoria de Zhuge Liang.
Hoje Macau SociedadeMercado Vermelho | Reabertura hoje com 118 bancas Dois anos depois, chegou finalmente o dia da reabertura oficial do renovado Mercado Vermelho. A partir das 07h de hoje, vão estar disponíveis ao público os produtos de 118 bancas, depois de uma cerimónia oficial de abertura. Para já, vão permanecer desocupadas 31 bancas que serão alvo de sorteio de distribuição para exploração, de acordo com a evolução dos negócios no mítico mercado, indicou ontem Leong Cheok Man, chefe de departamento de inspecção e sanidade do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM). Citado pelo canal chinês da TDM, o responsável realçou os trabalhos de substituição dos azulejos nas paredes e pavimentos, renovação dos tectos, rede de drenagem. Foram também adicionados aparelhos de ar condicionado, elevadores sem barreiras, plataformas de descarga, optimizado o sistema de iluminação, aumentado o espaço dos sanitários públicos e a proporção dos compartimentos para homens e mulheres. Para já, o responsável do IAM garantiu que as instalações foram escrupulosamente limpas, com pestes e roedores erradicados. Em relação às bancas vazias, o presidente da Associação de Auxílio Mútuo de Vendilhões de Macau que explicou que durante os dois anos de obras, alguns vendedores decidiram não voltar às bancas por motivos de idade avançada ou por alteração dos planos de vida.