Segurança nacional | Escoteiros com educação cívica reforçada

A Associação dos Escoteiros de Macau celebra este ano 40 anos de existência. Os planos de futuro passam pelo reforço da educação cívica dos jovens, nomeadamente no que diz respeito à defesa dos valores patrióticos e da segurança nacional

 

A Associação dos Escoteiros de Macau tem o caminho traçado para reforçar a educação dos jovens em prol dos valores do patriotismo e de defesa do país. No jantar de primavera da entidade, organizado no último sábado, os dirigentes associativos falaram da importância de ter a segurança nacional como base de formação, escreve o Jornal do Cidadão, sobretudo numa altura em que a associação se prepara este ano para celebrar 40 anos de existência.

Lawrence Chau Seng Chon, vice-presidente da associação, disse que o plano de formação dos escoteiros inclui elementos como o respeito pela bandeira nacional, o emblema, o hino e a lei de segurança nacional. Desta forma, o responsável espera que todos os escoteiros possam ter mais conhecimentos sobre a identidade chinesa, o respeito pela bandeira e hino do país. Lawrence Chau Seng Chon disse esperar que os membros da associação possam continuar a promover as ideias de amor à pátria e a Macau, a fim de construírem, em conjunto, uma sociedade mais harmoniosa.

Para celebrar o aniversário serão realizadas actividades como sessões de doação de sangue, além de se realizar, em Maio, o festival dos escoteiros. Por altura das férias do Verão, em Agosto, deverá realizar-se um acampamento e uma festa.

Em jeito de balanço das actividades realizadas até então, Lawrence Chau Chon apontou que, mesmo com a pandemia, a associação conseguiu terminar todos os trabalhos previstos.

Defesa de valores

Leong Sio Pui, presidente da direcção, apontou que a associação tem dado resposta às políticas definidas pelo Governo, disponibilizando aos jovens treinos e actividades com maior qualidade e diversidade e que possam contribuir para a paz duradora na China e para a manutenção do princípio “Um País, Dois Sistemas”.

A Associação dos Escoteiros de Macau é também presidida por Ma Iao Hang, filho do histórico líder da comunidade chinesa Ma Man Kei. Numa reunião com o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, ocorrida no ano passado, Ma Iao Hang disse que a associação iria “continuar, como sempre, a apoiar o Executivo na execução da acção governativa conforme a lei”, bem como a “orientar os jovens para que estes possam estabelecer um forte sentimento de amor à pátria e a Macau, elevando, assim, o sentido de responsabilidade e de contributo para a sociedade da parte destes”.

Ho Iat Seng, por sua vez, disse desejar que a associação possa reforçar a comunicação e o intercâmbio com regiões do Interior da China, orientando os jovens em prol dos valores nacionais e para que possam ser difundidas as ideias que valorizem o crescimento saudável da juventude de Macau.

14 Fev 2023

Saúde | Pereira Coutinho pergunta por protocolo com Portugal

José Pereira Coutinho quer saber se há progressos no desenvolvimento do protocolo assinado na área da saúde entre Portugal e Macau. A questão faz parte de uma interpelação escrita, divulgada ontem pelo Gabinete do deputado ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM).

O protocolo foi assinado em 2021 pelas duas partes e visava a cooperação na área na saúde, através da realização de acções de formação, gestão de clínicas comunitárias ou administração hospitalar.

Após três anos em que Macau se isolou do mundo, José Pereira Coutinho pretende saber que trabalhos vão ser realizados para implementar o protocolo de saúde. “Que medidas concretas estão programadas, para o corrente ano, no âmbito da implementação do protocolo, nomeadamente na formação profissional […] dos médicos de clínica geral, médicos especialistas, enfermeiros, e todos os outros agentes de saúde?”, pergunta.

No mesmo sentido, o deputado quer saber quantas formações foram realizadas no passado. “Desde a entrada em vigor do referido protocolo, até à data, que cursos, seminários, visitas de estudo, jornadas e conferências foram efectuados, e que modalidades de cooperação e intercâmbio estão programadas para o corrente ano por ambas as partes contratantes?”, insistiu.

José Pereira Coutinho termina a interpelação a questionar ainda que acções foram tomadas durante a crise pandémica, para manter a cooperação activa entre as duas partes.

14 Fev 2023

Apoios | Che Sai Wang pergunta pelos 4 mil milhões por gastar

Cerca de 4 mil milhões de patacas do total de 10 mil milhões de patacas do plano de apoio de assistência financeira não foram gastos. O deputado Che Sai Wang quer saber se esta verba será atribuída a grupos desfavorecidos e se existe a hipótese de lançar mais uma ronda de cartões de consumo

 

Da segunda ronda de plano apoio de assistência financeira anti-epidémica, com um valor total orçamentado de 10 mil milhões de patacas, 4 mil milhões não chegaram a ser gastos. Entre surtos de covid-19, o Chefe do Executivo acabou por adiar o lançamento de medidas de apoio adicionais para Novembro ou Dezembro do ano passado. O deputado Che Sai Wang, eleito pela lista apoiada pela Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), acredita que a verba remanescente seria bem empregue em apoios às classes desfavorecidas.

Che Sai Wang especifica que os 4 mil milhões de patacas deveriam servir para assistir aqueles “que não foram abrangidos pela primeira ronda de medidas de apoio ao combate à epidemia, tais como cuidadores, pessoas com deficiência, pessoas obrigatoriamente suspensas do trabalho, desempregados, donas de casa e outras pessoas sem rendimentos, de modo a aliviar a sua pressão de vida”.

Numa interpelação escrita divulgada ontem, o deputado pergunta ao Governo “quando irá anunciar oficialmente a atribuição dos restantes 4 mil milhões de patacas da segunda medida de assistência financeira anti-epidémica e se irá considerar a possibilidade de atribuir a próxima ronda de cartões de consumo por meio electrónico”.

O deputado argumenta que nos últimos três anos, a taxa de desemprego e os suicídios aumentaram consideravelmente, atingindo “níveis recordes”, e que apesar de o número de visitantes durante o Ano Novo Chinês ter subido bastante, “a situação socioeconómica ainda não recuperou para o estado pré-epidémico”. Como tal, o Governo deveria apoiar quem mais precisa.

Ases pelos ares

Che Sai Wang perguntou também ao Governo sobre a aplicação de medidas para impulsionar a economia do turismo, nomeadamente os 120 mil bilhetes de avião que seriam dados aos visitantes do Interior da China, de Taiwan e de países estrangeiros.

Tendo em conta os objectivos assumidos pelo Governo durante as negociações das novas concessões de jogo, a atracção de jogadores e turistas estrangeiros foi definida como prioritária. Assim sendo, Che Sai Wang pergunta “que percentagem dos 120 mil bilhetes será emitida para os visitantes estrangeiros e de que forma serão emitidos”.

O deputado da ATFPM pediu também ao Executivo de Ho Iat Seng que pondere aumentar o subsídio de desemprego de 150 patacas por dia para 200 patacas.

14 Fev 2023

China lança visto para quadros qualificados viajarem para Macau e Hong Kong

As autoridades de imigração da China anunciaram ontem a criação de um visto de até cinco anos para facilitar a circulação de talentos na região da Grande Baía, que inclui Macau, Hong Kong e a província de Guangdong.

O programa piloto, que arranca no dia 20 de Fevereiro, é destinado a seis tipos de “quadros qualificados” do continente chinês que trabalham na Área da Grande Baía, lê-se no comunicado, emitido pela Divisão de Administração de Saídas e Entradas do Departamento de Segurança Pública da República Popular da China, a agência encarregue de emitir passaportes para cidadãos chineses e autorizações de residência para estrangeiros.

Isto inclui profissionais que “contribuíram significativamente” ou são “urgentemente necessários” para o desenvolvimento da região; pessoal com doutoramento ou associado a instituições de investigação científica na Área da Grande Baía; talentos nos sectores da cultura e educação; profissionais do continente envolvidos em processos de arbitragem legal em Macau e Hong Kong; e pessoal com capacidades técnicas.

A Área da Grande Baía visa construir uma metrópole mundial no Delta do Rio das Pérolas, a partir das regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong, e nove cidades de Guangdong, através da criação de um mercado único e da crescente conectividade entre as vias rodoviárias, ferroviárias e marítimas.

Província pioneira

Guangdong é a província mais rica da China e a primeira a beneficiar da política de Reforma e Abertura adoptada pelo país asiático no final dos anos 1970, contando com três das seis Zonas Económicas Especiais da China – Shenzhen, Shantou e Zhuhai. Macau e Hong Kong, outrora sob administração de Portugal e do Reino Unido, respectivamente, têm as suas respectivas leis básicas e gozam de um alto grau de autonomia, incluindo ao nível dos poderes executivo, legislativo e judicial, ao abrigo da política ‘um país, dois sistemas’, que perdura até meados deste século.

Este visto especial vai ser válido até cinco anos, para “talentos excepcionais”, e até três anos, para talentos nas áreas da investigação científica, cultura, educação e saúde. Profissionais da área jurídica podem obter vistos com duração máxima de até um ano, detalharam as autoridades de imigração do continente chinês.

O detentor deste visto pode viajar para Macau e Hong Kong “múltiplas vezes” e permanecer nas regiões semiautónomas por um período máximo de 30 dias, lê-se na mesma nota.

14 Fev 2023

Hengqin | Novo enquadramento legal deixa de fora residentes estrangeiros

No dia 1 de Março entra em vigor o regime legal de desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin, com o objectivo de atrair residentes da RAEM. Porém, apesar das promessas de que Hengqin será uma plataforma de interacção com o mundo lusófono, residentes portugueses da RAEM vão continuar a precisar de visto

 

Os residentes da RAEM de nacionalidade estrangeira, incluindo portugueses, vão continuar a precisar de visto para entrar na Ilha da Montanha, apesar das múltiplas elaborações políticas de cooperação com países lusófonos em Hengqin, como a implementação da Plataforma de Serviços Financeiros para os Países de Língua Portuguesa (Zona Especial de Mediação) e a Solução de Serviços Financeiros CLAP-U para o Mundo Lusófono, entre outras iniciativas. Porém, irá continuar a ser mais fácil para um português residente da RAEM viajar, por exemplo, para a Tailândia do que para Hengqin.

Após a divulgação das “Normas para a promoção do desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”, o HM procurou saber se o enquadramento legal aprovado com o intuito de atrair residentes da RAEM para a Ilha da Montanha abrangia residentes estrangeiros, incluindo nacionais de países de língua portuguesa.

“De acordo com as autoridades relevantes do Interior da China, fomos notificados de que as actuais medidas de requerimento de visto para entrar em território chinês (incluindo na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin) se mantém em vigor para residentes de Macau de nacionalidade estrangeira (incluindo de nacionalidade portuguesa), esclareceu ao HM o Gabinete de Comunicação Social.

O HM também pediu esclarecimentos ao Secretariado de Macau para a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, que respondeu com o website de perguntas frequentes na secção de pedidos de vistos para Hengqin.

Muro invisível

Recorde-se que as normas que compõem o enquadramento legal da Ilha da Montanha, aprovadas pelo Comité Permanente da 13.ª Assembleia Popular Provincial de Guangdong, estabelecem que deve ser dado apoio à criação de uma “Base de Inovação e Empreendedorismo Juvenil Sino-Portuguesa”, uma das múltiplas entidades com características internacionais. O Centro de Cooperação Internacional de Investimento e Comércio Sino-Português é outro exemplo de entidades de cooperação com Portugal estabelecido em Hengqin.

Ainda assim, estrangeiros que sejam residentes permanentes da RAEM podem requerer vistos com múltiplas entradas com duração de cinco anos, enquanto residentes não-permanentes podem requerer visto com múltiplas entradas com a duração do BIR.

Portadores de blue card podem requerer um visto para entrar em Hengqin, com múltiplas entradas, com duração de um ano. De acordo com os últimos dados demográficos apurados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, no final de 2021 viviam em Macau cerca de 64.700 estrangeiros, totalizando quase 10 por cento da população total.

14 Fev 2023

Óbito | Julieta Nobre de Carvalho, a esposa do Governador que viveu numa Macau em tumulto

Falecida no passado dia 1 de Fevereiro, em Lisboa, aos 103 anos de idade, Julieta Nobre de Carvalho esteve em Macau ao lado do marido, o Governador Nobre de Carvalho, numa altura de grande tensão, em virtude do movimento “1,2,3”, ocorrido em Dezembro de 1966. Tendo presidido à Obra das Mães, Julieta Nobre de Carvalho é o exemplo da grande presença pública assumida pelas mulheres dos Governadores portugueses na altura

 

Julieta Nobre de Carvalho, esposa do antigo Governador Nobre de Carvalho, viveu em Macau entre 1966 e 1974, vivenciando de perto um dos períodos mais conturbados da sua história. Falecida no passado dia 1 de Fevereiro, aos 103 anos, Julieta, mais do que ser uma simples esposa do Governador, marcando presença em eventos sociais, teve de lidar de perto com os acontecimentos do “1,2,3”, a expressão da Revolução Cultural no território, que já se fazia notar quando o casal Nobre de Carvalho chegou a Hong Kong sem quaisquer directrizes de Lisboa sobre como lidar com o caso.

Julieta Nobre de Carvalho deixou vários testemunhos sobre estes meses de tensão que quase deitaram a perder a Administração portuguesa de Macau. Em 1996 falou com o jornalista José Pedro Castanheira sobre o “1,2,3” para o livro “Os 58 dias que abalaram Macau”.

Nele se lê que o casal Nobre de Carvalho chegou a Hong Kong às 11h30 do dia 25 de Novembro de 1966, “vindo de Manila, num avião da Philippines Airlines”, tendo sido recebidos no aeroporto de Kai Tak pelo então cônsul de Portugal em Hong Kong, António Rodrigues Nunes, e pelo então Governador de Hong Kong, David Trench.

Num almoço de boas-vindas oferecido por David Trench, o casal Nobre de Carvalho depressa percebe que tem em mãos um caso bicudo, de ordem diplomática e política, para resolver, sem que dele tivesse prévio conhecimento. David Trench, escreve Castanheira, “procura saber do colega português quais as instruções que traz de Lisboa para resolver o problema criado na ilha da Taipa”.

Nobre de Carvalho de nada sabia. “Até então ninguém nos tinha falado nada da trapalhada. Só no hydrofoil é que soubemos verdadeiramente que o caldo estava entornado. Fomos apanhados completamente de surpresa”, contou Julieta Nobre de Carvalho ao jornalista.

O seu marido tomou posse como Governador de Macau a 11 de Outubro de 1966, sendo obrigado a lidar com o caso “1,2,3” logo no início de Dezembro. Os tempos foram de grande tensão, com Nobre de Carvalho a ser obrigado a gerir os tumultos nas ruas, a dialogar com os líderes da comunidade chinesa, nomeadamente Ma Man Kei e Ho Yin, e a responder às reivindicações de parte da comunidade chinesa que levou para as ruas de Macau, e para os jornais, a ideologia de Mao Tse-tung.

No final, numa decisão quase solitária, Nobre de Carvalho cedeu nas exigências e soube manter a presença portuguesa no pequeno território. De frisar que, à época, Portugal, governado pelo regime do Estado Novo, não tinha relações diplomáticas com a República Popular da China, comunista.

Fernando Lima, ex-jornalista e assessor, foi director do antigo Centro de Informação e Turismo entre 1974 e 1976, mas quando chegou a Macau para ocupar o cargo já o casal Nobre de Carvalho tinha deixado o território, no rescaldo do 25 de Abril de 1974 que atribui o cargo de Governador ao General Garcia Leandro.

Fernando Lima considera que Julieta Nobre de Carvalho foi “a confidente do marido” num momento tão difícil da sua carreira, tendo estado “sempre presente nos principais acontecimentos”. “É um nome de referência em relação a um certo período de Macau, tendo vivido toda a angústia e ansiedade do marido, que se viu obrigado a resolver aquele assunto depois de ter ido para Macau sem instruções”, acrescentou.

Nobre de Carvalho soube resolver “uma situação que parecia de ruptura” e, “para muita gente, foi o homem que salvou Macau”, recorda Fernando Lima, que entende que o Governador “foi sempre respeitado pelos chineses” devido a esse facto.

Fernando Lima só conheceu, de forma breve, Julieta Nobre de Carvalho aquando da realização da série televisiva “Macau entre dois mundos”, transmitida em 1999 pela RTP e que deu, mais tarde, origem a um livro. Num dos episódios, “Anos de Agitação – Parte II”, Julieta Nobre de Carvalho confessa que, na viagem de Hong Kong para Macau, à chegada, o marido lhe confidenciou que “ia ter problemas em Macau”. Sobre o “1,2,3”, disse ainda: “No período em que houve o recolher obrigatório, estivemos no edifício militar, mas foi uma questão de três dias.”

Papel social

Na Macau de hoje são poucos os sinais que restam da passagem de Julieta Nobre de Carvalho pelo território. O mais visível será o edifício de habitação pública que ganhou o seu nome, tendo sido inaugurado em meados da década de 70 na avenida Artur Tamagnini Barbosa, na zona norte da península.

Rita Santos, conselheira do Conselho das Comunidades Portuguesas, morava numa casa social do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), situada perto do novo complexo de habitação pública. Ao HM, diz recordar-se “muito bem” da inauguração do edifício e de Julieta Nobre de Carvalho, “uma senhora muito simpática, que andava sempre bem vestida, com o cabelo bem arranjado e que conversava muito comigo nas actividades sociais”.
“Eu e as minhas irmãs, bem como os vizinhos, fomos ver a inauguração do edifício onde alguns colegas meus do liceu chegaram a viver. A dona Julieta saiu de um carro grande de cor preta, do Governo, com um sorriso bonito, acenando para o público. Como eu estava perto da porta principal, ela aproximou-se de mim e perguntou-me como eu estava. Eu só lhe disse que ela estava muito bonita”, recordou.

Julieta Nobre de Carvalho marcava, assim, presença em diversos eventos sociais, com e sem o marido. Exemplo disso foi a recepção oferecida pelo Consulado do Japão às autoridades portuguesas no restaurante “Portas do Sol”, no Hotel Lisboa, a 5 de Julho de 1973. As imagens a preto e branco, sem som, hoje disponíveis online na plataforma RTP Arquivos, mostram a presença simpática e formal do casal Nobre de Carvalho.

Outro exemplo da actividade social de Julieta Nobre de Carvalho, faz-se com a sua presença, a 14 de Março de 1973, na inauguração da loja de antiguidades “Armazém Velho”, que à data funcionava nas arcadas do edifício do Hotel Lisboa. A esposa do Governador esteve também, sozinha, na festa do Centro de Reabilitação de Cegos da Santa Casa da Misericórdia, a 21 de Janeiro de 1973, um evento dedicado aos utentes da instituição.

No blogue “Nenotavaiconta”, onde são partilhados diversos episódios da história de Macau, recorda-se o momento em que, a 9 de Dezembro de 1970, Julieta Nobre de Carvalho inaugurou uma exposição de trabalhos de ergoterapia feitos pelos pacientes do Centro Hospitalar Conde de São Januário.

Julieta Nobre de Carvalho esteve ainda presente na inauguração de “Uma Exposição de Pintura, Arte e Beneficência”, a 30 de Março de 1974, patente no átrio da então Escola Comercial, hoje Escola Portuguesa de Macau. Julieta Nobre de Carvalho esteve presente “dados os fins assistenciais a que se destinava o produto da venda dos quadros que se viesse a realizar”, lê-se no blogue.

Mas a esposa do antigo Governador foi mais do que uma mera “corta-fitas”, tendo presidido à direcção da Obra das Mães. Foi com esse trabalho que tentou “congregar as ‘senhoras’ da sociedade macaense para que pudessem contribuir mais para essa organização, de ajuda aos mais necessitados”, aponta Fernando Lima.

João Guedes, jornalista e autor de diversas publicações sobre a história de Macau, destaca o facto de a presidência da “Obra das Mães”, entidade fundada em 1959, estar, habitualmente, destinada às mulheres dos Governadores.

Era uma associação que “tinha como missão a promoção de actividades relacionadas com a educação familiar, a qualidade de vida, o apoio às mães e acções de caridade”, congregando “as elites femininas de Macau e assumindo, por vezes, a dinamização de alguns projectos do Governo, sempre que, para a sua realização, se mostrava necessário envolver a sociedade civil no seu pendor feminino.”

Rita Santos ia, no dia oito de cada mês, à Obra das Mães buscar bens essenciais com as irmãs mais velhas. “Em alturas de celebração das quadras festivas, ela estava presente na Obra das Mães e entregava os bens a todas as famílias. Quando chegava a minha vez ela dizia ‘Menina Rita, espero que os bens possam ajudar a sua família’. Isto porque, na altura, éramos 12 pessoas”.

João Guedes fala ainda de outras actividades ligadas à Igreja católica desenvolvidas por Julieta Nobre de Carvalho, numa altura em que “a comunidade chinesa vivia, em grande medida, apartada da portuguesa”. A esposa do Governador apresentava “uma imagem de simpatia”, mas que se “confinava praticamente à população lusófona”.

Questão de imagem

Acima de tudo, Julieta Nobre de Carvalho foi o exemplo de presença pública que as mulheres dos Governadores portugueses assumiam, não se limitando a ficar na sombra. Postura bem diferente face às esposas dos Chefes do Executivo da era RAEM.

“Essa é uma característica da cultura chinesa. As mulheres dos Governadores tiveram sempre um papel de apoio à acção social, com a preocupação de dar força às organizações locais viradas para esse apoio social e para o bem-estar da população. Hoje mal conhecemos as mulheres dos Chefes do Executivo, que têm uma presença muito discreta. Entende-se que a política é para ser feita pela pessoa que tem a autoridade. Só aparece a mulher do Presidente Xi Jinping [Peng Liyuan] porque este tem uma presença internacional e ela própria é uma figura conhecida na China”, destacou Fernando Lima.

14 Fev 2023

Quem trabalha?

Portugal está a viver um dos momentos sociais mais conturbados dos últimos anos. As paralisações profissionais prosseguem de uma forma contínua, diversificada e, em alguns casos, absurda. Os professores não dão aulas há semanas e mais de 100 mil manifestaram-se em Lisboa, no sábado, os agricultores pegaram em trezentos tractores e foram em marcha lenta pela estrada fora protestando que a ministra da Agricultura é uma incompetente e que desejam a sua demissão, os oficiais de justiça vieram para a rua protestar contra a falta de meios para trabalhar e os tribunais estão cada vez mais inoperacionais, os comboios resolveram parar e os restantes trabalhadores pobres que se lixem e que faltem ao trabalho.

Um caso chocante passou-se num Centro de Saúde de Lisboa. Uma senhora acabada de ter alta hospitalar após uma cirurgia a um pulmão, passados dois dias teria obrigatoriamente de mudar o penso. Ao chegar ao Centro de Saúde, uma funcionária rude e malcriada da recepção disse-lhe que podia ir-se embora que os enfermeiros estavam em greve.

A funcionária nem se dignou em perguntar a um enfermeiro se poderia abrir uma excepção para um caso urgente. A senhora que foi operada, é pobre, que fez o sacrifício de pagar um táxi e deslocar-se com a ajuda de uma amiga para ser tratada teve de voltar para casa e com indicações de ir ao Centro de Saúde no dia seguinte. Estamos autenticamente num mundo cão.

As greves sucedem-se, ora, nos transportes marítimos Lisboa/Barreiro, ora, no Metropolitano de Lisboa, sem que os sindicatos se convençam que os seus direitos terminam quando começam os direitos do povinho. Milhares de trabalhadores têm ficado sem possibilidade de ir trabalhar devido à onda constante de greves nas mais diversas profissões.

Numa estação ferroviária da linha de Lisboa-Sintra ouvimos um cidadão a perguntar: “Mas quem é que trabalha neste país?”, referindo-se ao número exagerado de greves e manifestações que têm decorrido em Portugal.

Não está em causa o direito à greve, mas sim o bom senso de quem dirige o sindicalismo. Há casos em que alguns sindicatos não estão preocupados em negociações. O que lhes interessa é “mostrar serviço”… Portugal não pode continuar com o descontentamento do povo cada vez maior. Pelas ruas apenas ouvimos insultos aos políticos dos mais diversos partidos, aos membros do Governo, aos deputados. Isto, é perigoso porque as instituições populistas cativam cada vez mais os descontentes e, um dia, não se admirem de a dita democracia – que segundo o The Economist está na cauda da Europa – ficar em perigo e o país ser governado por um grupo organizado neo-fascista.

O Governo tem uma maioria absoluta e em vez de construir obra que se veja com os milhões de euros vindos da Europa, tem-se perdido em questiúnculas internas, demissões de ministros e secretários de Estado, directoras disto e daquilo que rescindem da função. Não pode ser. António Costa tem de colocar um travão no obsceno e entrar na realidade da situação social que está a ficar cada vez mais degradada. Os pobres já optam entre o medicamento ou a comida. É chocante ver cada vez mais sem-abrigo a dormir na rua.

E ainda por cima as autoridades brincam com o fogo. Assistimos na semana passada à tragédia do terramoto no sul da Turquia e no norte da Síria. Milhares de mortos e outros tantos desaparecidos. Pois, toda a gente sabe que Lisboa é uma das zonas mais inconstantes no aspecto sísmico e os especialistas já afirmaram na televisão que podemos ter algo de semelhante ao que aconteceu na Turquia e Síria.

Pois, ainda não houve um governante sequer que se lembrasse de mandar efectuar um levantamento de quantos pavilhões desportivos temos em Portugal e nesse sentido mandar comprar nas diversas fábricas de colchões alguns milhares que ficassem guardados para o caso de nos acontecer uma tragédia. No mínimo, já teríamos colchões preparados para que os desalojados dos prédios que ruíssem pudessem dormir com algum aconchego. Nem isto passa pela cabeça de quem diz que trabalha para bem do povo. Afinal, neste país, quem é que trabalha?

13 Fev 2023

Clockenflap | The Cardigans e Wu-Tang Clan fecham o cartaz

Após três anos de silêncio, o maior festival de música de Hong Kong está de volta ao Central Harbourfront de 3 e 5 de Março. A organização do Clockenflap anunciou este fim-de-semana nomes de peso que encerram o cartaz, com The Cardigans e Wu-Tang Clan a juntarem-se a Arctic Monkeys, Kings of Convenience, Mono, Moderat e Black Country New Road

 

Marque na agenda o fim-de-semana entre 3 e 5 de Março porque o festival Clockenflap está de volta ao Central Harbourfront em Hong Kong, depois de três anos em que a música foi silenciada pelo covid-19.

No sábado, a organização do festival anunciou as bandas que faltavam para fechar o cartaz com dois nomes de peso em destaque: Wu-Tang Clan e The Cardigans, que encerram as noites de domingo e de sábado, respectivamente, depois do primeiro dia do festival que conta com os Artic Monkeys como cabeça de cartaz.

Com trinta anos de carreira, sete discos de estúdio e dezenas de outros tantos de projectos paralelos, os lendários Wu-Tang Clan apresentam-se ao público de Hong Kong pela primeira vez e logo para fechar o festival, no domingo, 5 de Maio. GZA, RZA, Method Man, Inspectah Deck, e companhia, formam um dos mais importantes colectivos de hip hop da costa leste dos Estados Unidos.

Quando a banda lançou o primeiro disco em 1993, “Enter the Wu-Tang (36 Chambers)”, o mundo do hip hop norte-americano estava dividido numa guerra, que passou das palavras para violência, com sonoridades e temas bem distintos. Na Califórnia, o gangsta rap rebentava nos charts, com vendas astronómicas de discos como “The Chronic” de Dr. Dre e “Doggystyle” do à altura estreante Snoop Dogg. Se na costa oeste as produções de Dre emprestavam funk e soul às batidas, na costa leste o género musical era representado por bandas como A Tribe Called Quest, Beastie Boys, Public Enemy e rappers como Nas e The Notorious B.I.G..

Trinta anos depois, “Enter the Wu-Tang (36 Chambers)” continua a ser citado como um dos mais influentes discos dos anos 1990.

Apaga e rebobina

No polo oposto da crueza das batidas de Wu-Tang, está outra das bandas mais conhecidas do cartaz do Clockenflap: The Cardigans, que actuam no sábado à noite. À semelhança dos Wu-Tang, os The Cardigans também se formaram no início dos anos 1990. A banda sueca de pop-rock foi ganhando notoriedade de disco em disco, culminando com a aclamação mundial ao quarto registo, “Gran Turismo”, que inclui uma das mais conhecidas músicas da banda “Erase/Rewind”.

Com seis discos na bagagem, os The Cardigans trazem a Hong Kong, pela primeira vez, o seu pop rock tranquilo e melódico.

Para todos os gostos

O restante menu musical que será servido ao longo dos três dias de festival é bastante variado, com bandas regionais, projectos novos e originais e bandas consagradas. Um dos principais destaques fora do grupo de cabeças de cartaz são os noruegueses Kings of Convenience, que treze anos depois regressam a Hong Kong para apresentar no sábado a sua irresistível mistura de folk-pop, com indie e bossa nova à mistura.

Com mais de 20 anos de carreira, a dupla formada por Erlend Øye e Eirik Glambek Bøe lançou em 2021 “Peace or Love”, registo que terminou um hiato de mais de 12 anos sem discos.

No domingo, o cartaz do Clockenflap apresenta um trio de bandas alternativas a não perder. Os japoneses MONO, o supergrupo alemão de música electrónica Moderat e os britânicos Black Country, New Road com o seu rock experimental que desafia categorizações.

Também no último dia do festival, destaque para o inovador quinteto de jazz britânico Ezra Collective, o colectivo sul-coreano de hip-hop Balming Tiger e a banda sul-coreana alt-pop Leenalchi.

A música local também ocupa uma parte considerável do cartaz do regressado festival de Hong Kong, entre sonoridades alternativas e a música mais comercial, em especial no segundo dia de festival. Nesse campo, é impossível não mencionar os gigantes do canto-rock KOLOR, o duo de pop Per Se, o pioneiro do rap local Tyson Yoshi e COLLAR x RubberBand, que actuarão em conjunto numa colaboração única.

No domingo, é a vez do quinteto local de rock The Hertz tomarem conta do palco, assim como os veteranos The Lovesong, os Charming Way e Arches.

A organização do festival anunciou ontem, através de uma publicação no Facebook que os bilhetes para sexta-feira e para os três dias já esgotaram. Entretanto, os ingressos para sábado também já desapareceram, restando apenas bilhetes para domingo. O bilhete para um dia custa 1.080 dólares de Hong Kong.

13 Fev 2023

Defesa | Pequim recusou telefonema dos EUA porque “atmosfera não era adequada”

O ministério da Defesa chinês disse na sexta-feira que recusou um telefonema do secretário da Defesa norte-americano, após os Estados Unidos terem abatido um balão chinês alegadamente usado para espionagem, porque Washington “não criou a atmosfera adequada” para o diálogo.

A acção dos EUA “violou gravemente as normas internacionais e estabeleceu um mau precedente”, disse o porta-voz do ministério, Tan Kefei, em comunicado.

“Visto que esta abordagem irresponsável e gravemente errada dos EUA não criou a atmosfera adequada para o diálogo e para as trocas entre os dois exércitos, a China não aceitou a proposta dos EUA de realizar um telefonema entre os dois ministros da Defesa”, frisou Tan.

A China “reserva-se ao direito de usar os meios necessários para lidar com situações semelhantes”, acrescentou.
O secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, tentou, no sábado, discutir a questão do balão com o seu homólogo chinês, Wei Fenghe, mas foi recusado, disse o Pentágono.

Os EUA dizem que o balão faz parte de um enorme programa de vigilância aérea militar que visa mais de 40 países, sob a direcção do Exército de Libertação Popular, as Forças Armadas da China.

13 Fev 2023

Xi Jinping elogia laços com Camboja e pede que não se interfira nos assuntos do país

O Presidente chinês, Xi Jinping, elogiou na sexta-feira os laços da China com o Camboja e pediu que não se interfira nos assuntos internos daquele país, durante um encontro em Pequim com o primeiro-ministro cambojano, Hun Sen.

“A China considerou sempre o Camboja como um exemplo importante da diplomacia chinesa com os países vizinhos”, afirmou o líder chinês. “Estamos dispostos a continuar a cooperar estrategicamente, opondo-nos firmemente às forças estrangeiras que interferem nos assuntos internos” de Phnom Penh, acrescentou. Xi Jinping frisou que o “desenvolvimento não é um privilégio de apenas alguns países”.

“O confronto ideológico, ou a politização e uso da economia, do comércio ou dos intercâmbios no sector tecnológico, como arma para suprimir o desenvolvimento de outros países é um acto de hegemonia”, afirmou Xi Jinping, citado pela imprensa local, numa critica implícita aos Estados Unidos, quando Pequim e Washington travam uma prolongada guerra comercial e tecnológica. “Este tipo de comportamento não conquista o coração das pessoas”, acrescentou o líder chinês.

De acordo com a imprensa oficial chinesa, Hun Sen garantiu que o Camboja apoia o princípio de “Uma só China”, na questão de Taiwan, e os esforços da China para “salvaguardar a sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento”.

“Opomo-nos a qualquer interferência estrangeira nos assuntos de Hong Kong, Xinjiang ou Tibete”, afirmou o líder cambojano, citado pelo Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês.

Potencial marítimo

O Camboja planeia realizar eleições gerais no dia 23 de Julho de 2023. Hun Sen, que está no poder desde 1985, pretende renovar o mandato, em eleições marcadas pela ausência de um forte partido da oposição.

A China negou, no ano passado, que esteja a construir uma instalação naval para uso exclusivo da sua marinha na cidade cambojana de Ream.

A possibilidade de a China ter uma base no Camboja reforçaria as suas reivindicações territoriais no Mar do Sul da China, por onde circula 30 por cento do comércio global, além de abrigar importantes reservas de petróleo e gás.

13 Fev 2023

Ascensão da China exige abordagem “pragmática” e “diálogo”, diz novo embaixador em Pequim

Face à nova ordem mundial, que se desenha a cada dia que passa, Paulo Nascimento, embaixador português em Pequim desde Novembro do ano passado, destaca o valor do diálogo no relacionamento entre as duas nações

 

O novo embaixador português em Pequim, Paulo Nascimento, reconhece que a ascensão da China tem um efeito “disruptivo” no cenário internacional, que obriga a uma abordagem “pragmática”, e frisou a importância de manter o diálogo.

“O mundo mudou, os países mudaram e as circunstâncias políticas actualmente são diferentes, não só na China, mas em outros países também”, observou o diplomata, que iniciou, em Novembro passado, a segunda estadia em Pequim, depois de ter servido na embaixada portuguesa como chefe de missão adjunto, entre 2009 e 2012.

Em entrevista à agência Lusa, Paulo Nascimento reconheceu que a China “posiciona-se hoje de forma diferente daquela que se posicionava há 10 ou 20 anos”. “Há toda uma evolução no posicionamento da China que está associada também ao próprio desenvolvimento [do país] e à sua afirmação no plano internacional”, apontou.

Sob a liderança do Presidente chinês, Xi Jinping, a China adoptou uma política externa mais assertiva, que inclui a reivindicação de quase todo o mar do Sul da China ou a tentativa de exercer maior influência nas questões internacionais. Nos últimos anos, Pequim avançou também com fóruns e organizações multilaterais próprias, no âmbito do comércio, investimento ou segurança.

“É evidente que isto causa, ou pode causar, quando se fala de um país com a dimensão da China, um efeito disruptivo em determinadas áreas de discussão internacional”, notou Paulo Nascimento. “O que não significa que isso deva impedir o diálogo”, apontou.

“Eu acho que hoje em dia o mundo olha para a China e a China olha para o mundo de uma forma que nem é optimista nem pessimista”, explicou. “É talvez mais desapaixonada e realista”.

A nível interno, desde a crise financeira global de 2008, enquanto as economias desenvolvidas estagnaram, a China construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, mais de oitenta aeroportos ou dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média chinesa em centenas de milhões de pessoas. O país encetou também um programa industrial, designado “Made in China 2025”, visando assumir a dianteira nos sectores do futuro, incluindo inteligência artificial, energia renovável, robótica ou veículos eléctricos.

Os resultados dessa modernização, observou Paulo Nascimento, “são visíveis em vários aspectos: desde o resultado da produção industrial e tecnológica ao capítulo ambiental”. “Eu não posso deixar de confessar que quase me surpreendeu conviver nos últimos dois meses com um céu azul na maior parte dos dias”, disse. “Era algo impensável há onze anos”.

Em Pequim, o diplomata destacou também uma evolução a “todos os níveis impressionante” na rede viária e na ordenação da cidade. O metro da capital chinesa, por exemplo, soma hoje 22 linhas, com uma extensão total de 807 quilómetros, onde viajam, em média, quase 14 milhões de pessoas diariamente.

“No essencial, porém, a China é uma cultura milenar”, acrescentou. “Os traços que moldam a mentalidade do seu povo estão cá na mesma, continuam permanentes”.

Novo paradigma

Paulo Nascimento lembrou que existe, no entanto, uma “alteração profunda” nos parâmetros mundiais de produção e de consumo, impulsionada pela pandemia da covid-19 e por questões ambientais, que podem alterar o paradigma do desenvolvimento da China, apontada frequentemente como “campeã da globalização”, à medida que concentrou, nas últimas décadas, grande parte da produção mundial, beneficiando de crescentes excedentes nas trocas comerciais com o resto do mundo e de transferência de tecnologia.

“Nós percebemos que se calhar temos que alterar os padrões de produção que estavam definidos há muitos anos com base numa lógica económica”, disse o embaixador, apontando a tendência actual para deslocar os meios de produção para países próximos ou fabricantes domésticos. O diplomata previu assim que o país asiático “passe a estar muito mais apoiado no consumo interno”.

Paulo Nascimento frisou também a importância de equilibrar o “fosso” que existe nas trocas comerciais entre Portugal e a China, apontando os sectores agroalimentar, máquinas e aparelhos de precisão ou das pedras ornamentais como áreas que as empresas portuguesas podem explorar no mercado chinês.

13 Fev 2023

Feng Yuan, o urso preto e a cor vermelha

Gu Kaizhi (c.345-c.405) será o autor de uma memorável pintura narrativa que hoje se pode observar através de uma cópia feita a tinta e cor sobre seda, que se encontra no Museu Britânico. No extenso rolo horizontal Advertências para as senhoras da corte (Nushi Zhentu, 329 x 25 cm) estão representadas situações que ilustram um texto do funcionário e poeta Zhang Hua (232-300).

A que seria a quarta cena mas que no rolo preservado é a primeira por dela faltarem as três primeiras, também consta do Livro de história dos antigos Han (Qian Hanshu, do ano 111 A.D., vol. 9) e relata um facto ocorrido no reinado do imperador Han Yuan (75-33 a.C.), que na altura tentava impor no Império a doutrina de Confúcio, mas era visto como indeciso e incapaz de pôr termo aos conflitos internos que minavam a sua administração.

Essa parábola ilustrada no rolo de Gu Kaizhi envolve a Senhora Feng Yuan (?-6 a.C.) e é descrita em quatro linhas de quatro caracteres que podem ser traduzidos:

«Quando um urso preto saltou da jaula,
Feng Yuan correu para a sua frente.
Como é que ela não teve medo?
Sabia que poderia morrer mas não se importou.»

E o que se vê figurado é só o essencial: o urso preto que se aproxima perigosamente da impassível Feng Yuan de saia rosada e de mãos postas que se interpõe entre a fera e o imperador sentado num estrado, acompanhado de outras senhoras da corte. Junto dela, dois guardas, um dos quais de traje vermelho forte, acorrem de lanças em riste e afastando-se vai a Senhora Fu, rival de Feng Yuan.

Da situação se poderia extrair uma plêiade de sentidos, como o simbolismo do urso, percebido como exemplo da audácia masculina ou mais imediatamente a coragem de Feng Yuan, consciente do seu lugar e papel na ordem social, disposta a dar a vida pelo imperador, assegurando a continuidade da harmonia sob o Céu.

Qianlong, o imperador que reconhecia o fascínio da pintura, guardaria cuidadosamente o rolo atribuído ao pintor da dinastia Jin Oriental, dentro de um estojo de brocado com uma tira beje para o título onde escreveu: «Pintura de Gu Kaizhi das Advertências às Senhoras com texto, uma verdadeira relíquia. Preciosa obra de arte do Palácio interior, classe divina.»

Mas a sua admiração ver-se-ia também no modo como, durante o seu reinado (1735-96), pintores ligados à corte recriaram a história de Feng Yuan. Numa dessas pinturas, a de Jin Tingbiao (?-1767) nota-se outra concepção do espaço; num rolo vertical a acção decorre numa linha oblíqua subindo da direita e vê-se a Senhora Feng com uma fita vermelha no cimo de escadas, único indício do palácio. Na versão de Cheng Zhidao (rolo vertical,tinta e cor sobre papel,193 x 130,8 cm, Museu de Arte de Seattle) activo entre 1726- c.1772, o palácio é figurado em pormenor, ela tem os braços bem abertos evidenciando a parte superior do vestido, toda vermelha.

13 Fev 2023

O papel da analogia no desenvolvimento da filosofia na China

A analogia é um tipo de raciocínio que estabelece uma comparação entre dois objetos, conceitos ou eventos que de outra forma são independentes (Barlow, 2016). Exemplos de analogia incluem metáforas, similitudes e alegorias. De acordo com Rosker (2014), na China, este modo de raciocínio foi moldado pelas condições sociais únicas predominantes durante a era pré-Qin (776-221 a.C.).

No seu artigo intitulado “Características específicas da lógica chinesa”, Rosker discute a estrutura das inferências analógicas na tradição sínica. A autora afirma que as analogias no pensamento chinês seguem uma organização que reúne todos os elementos dentro de um determinado tipo. Um exemplo de analogia na tradição chinesa é a comparação entre a relação entre um governante e seus súbditos com a de um pai e seus filhos. Nesta analogia, o governante é visto como o pai, e seus súbditos são vistos como seus filhos. Ambas as relações envolvem um nível de cuidado, proteção e orientação, e tanto o pai quanto o governante são responsáveis pelo bem-estar de seus respectivos dependentes.

Outro exemplo é a comparação entre o relacionamento entre o sol e a lua com o relacionamento entre dois irmãos, onde o sol é visto como o irmão mais velho e a lua como o irmão mais novo. Esta analogia é usada para explicar o facto de que o sol ilumina o céu durante o dia e a lua durante a noite, assim como cada irmão cumpre um específico papel dentro do clã familiar.

O trabalho de Mozi (墨子 , c. 470 a.C. – c. 391 a.C.) foi fundamental para o avanço da lógica chinesa. Ele foi o primeiro pensador a sistematizar os conceitos de lógica e argumentação, criando uma estrutura de raciocínio baseada em analogias. Seu legado deu início ao que viria a ser conhecido como “Três Modos e Três Estágios”. Esse sistema, como o nome indica, é baseado em três métodos: o método da analogia, o método da média ponderada, e o método da mais forte inferência. Estes três métodos formam as três etapas: a análise de dados, a inferência, e a avaliação da inferência.

A Análise de Dados é a primeira etapa da abordagem lógica dos Três Modos e Três Estágios (Wang, 2011, p. 172.). Nesta etapa, os dados são coletados e organizados de maneira a facilitar a inferência. A Inferência vem a seguir, na qual os dados são usados para formar uma conclusão lógica. Por último, há a Avaliação da Inferência, onde a conclusão lógica é avaliada usando outros fatos e argumentos para verificar sua validade (Wong, 2011, p. 144.). Esta abordagem lógica foi amplamente usada na China e está relacionada à matemática, à lógica moderna, e à lógica da ciência.

Em suma, o analogismo desempenhou um papel significativo no desenvolvimento da filosofia chinesa e moldou a forma como os filósofos chineses abordaram diversas questões filosóficas. Esse modo de raciocinar permitiu que os filósofos chineses explorassem conceitos e relações complexos, estabelecendo conexões entre elementos aparentemente não relacionados, fornecendo uma lógica distinta da ocidental.

Referências:

1 – Barlow, M. (2016). A Arte da Razão Analógica: Um Estudo em Definição e Método. Oxford University Press.
2 – Em termos econômicos, o crescimento das atividades comerciais e a disseminação da moeda levaram a novas formas de pensamento econômico. Em termos culturais, a tradição religiosa taoísta e o confucionismo serviram como base para o desenvolvimento de novas ideias. Esses fatores econômicos e culturais contribuíram significativamente para o desenvolvimento da filosofia chinesa durante a era pré-Qin.
3 – Rošker, Jana. (2014). Specific features of Chinese logic: Analogies and the problem of structural relations in confucian and mohist discourses. Synthesis Philosophica. 29. 23-40.
4 – Para conhecer mais sobre o pensamento de Mozi, convidamos à leitura do artigo publicado: https://hojemacau.com.mo/2022/10/24/amor-universal.
5 – Wang, Li-sheng. The Development of Logic in China: The Three Modes and Three Stages. Brill, 2011, p. 172.
6 – Wong, Kim-chong. A Companion to Chinese Philosophy. Wiley-Blackwell, 2011, p. 144.

Profª Drª Caroline Pires Ting 丁小雨
Pesquisadora de Pós-Doutorado (UFRJ – Faperj Nota 10)
www.carolting.art
contact@carolting.art
CV: lattes.cnpq.br/8196832659963144

 

13 Fev 2023

Obras Públicas | João Miguel Barros impedido de fazer perguntas e ameaçado

A juíza Lou Ieng Ha considerou que o advogado desrespeitou o Tribunal e o Ministério Público quando tentou provar através dos investigadores do CCAC que Jaime Carion não praticou o crime de associação criminosa

 

A juíza Lou Ieng Ha ameaçou João Miguel Barros com proibição de fazer mais perguntas a testemunhas até ao fim do julgamento, depois de o advogado tentar provar que o seu cliente não tinha cometido o crime de associação criminosa. Segundo a TDM-Canal Macau, a magistrada considerou que ao questionar os investigadores do Comissariado Contra a Corrupção, o advogado desrespeitou o tribunal e a acusação do Ministério Público (MP).

O mais recente episódio em julgamentos com a participação de Lou Ieng Ha aconteceu na quinta-feira, quando João Miguel Barros tentou questionar uma investigadora do CCAC sobre a acusação de associação criminosa.

A pergunta coloca em causa a acusação do MP. Durante as investigações aos ex-directores das Obras Públicas, o CCAC considerou não existirem provas para fundamentar uma acusação pelo crime de associação criminosa. Apesar das conclusões, o MP decidiu avançar com a acusação contra 18 dos 21 arguidos pelo crime de sociedade secreta em concurso com associação criminosa.

Nas sessões anteriores o assunto tinha causado polémica, porque a presidente do colectivo de juízes não quer que os investigadores do CCAC respondam a perguntas sobre o crime da associação criminosa. Lou Ieng Ha está ao lado do MP, no entendimento que os investigadores não têm de se pronunciar sobre a acusação do MP, principalmente no que diz respeito ao crime de associação criminosa.

Contra a inocência

Na quinta-feira, João Miguel Barros insistiu com a pergunta junto de uma das investigadoras do CCAC e foi ameaçado que seria proibido de fazer mais perguntas até ao final do julgamento.

Segundo a TDM-Canal Macau, Lou Ieng Ha avisou o defensor de Jaime Carion contra a tentativa de “passar a imagem de que não existe o crime de associação criminosa” e acusou-o de “desrespeitar o tribunal e o Ministério Público.”

A magistrada ameaçou ainda o advogado de ser proibido de fazer mais perguntas sobre o crime de associação criminosa. Na prática, esta ameaça significa que o causídico está impedido de defender o seu cliente junto das testemunhas que também foram arroladas pela defesa.

A acusação do crime de associação criminosa é uma das mais relevantes para o Ministério Público, uma vez que acarreta penas de prisão que podem ultrapassar os 10 anos.

Prática pouco habitual

Não é a primeira vez que Lou Ieng Ha ameaça advogados em tribunal, por não pretender que se pronunciem ou indiquem aspectos com os quais não concorda. Situação semelhante aconteceu em Setembro do ano passado, durante o julgamento do caso Suncity, que terminou com a condenação de Alvin Chau a 18 anos de prisão.

Na altura, o advogado Pedro Leal tentava argumentar contra a admissão como prova de depoimentos de arguidos recolhidos pela polícia na fase de investigação. Lou Ieng Ha não gostou e disparou: “O tribunal já tomou uma decisão. Estou a avisá-lo pela última vez, se voltar a mostrar oposição outra vez [como hoje] vou bani-lo de falar neste julgamento a partir de agora”, ameaçou.

Motivo para queixa

O HM ouviu um jurista sobre a situação decorrida em pleno julgamento, para tentar perceber se há enquadramento legal que permita ameaçar os advogados com a proibição de inquirir testemunhas até ao final de um julgamento.

O jurista, que pediu para permanecer anónimo, considerou que a situação é “um abuso de poder”. “Claro que não é normal e é um abuso de poder. Se tais declarações ficaram gravadas podem ser alvo de procedimento disciplinar se for extraída certidão das mesmas a requerimento dos interessados”, foi explicado, ao HM. “Ou então no requerimento formulado mencionar tais factos para solicitar a extracção de certidão. Se houve recusa, há sempre a possibilidade de participação directa ao conselho [dos Magistrados Judiciais]”, foi acrescentado.

Em Setembro do ano passado, o HM contactou o Conselho dos Magistrados Judiciais para perceber quantas queixas tinham sido apresentadas contra a juíza Lou Ieng Ha. Contudo, o conselho presidido por Sam Hou Fai recusou responder, por considerar que a informação é confidencial.

13 Fev 2023

Ensino | Governo avisa para desemprego devido a baixa natalidade

Com Macau a perder cerca de 9 mil alunos até 2032, o Governo acredita que alguns professores vão ficar desempregados. Contudo, foi prometida, ao mesmo tempo, a abertura de mais escolas internacionais em Macau

 

O Governo estima que o desemprego entre os professores aumente até 2032, devido à redução da taxa de natalidade. O cenário foi traçado por Elsie Ao Iong U, secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, na sexta-feira, numa sessão de respostas a interpelações orais dos deputados, na Assembleia Legislativa.

De acordo com a secretária, o pico do número de estudantes vai ser atingido no acto lectivo de 2025/2026, mas a partir daí a redução vai ser acentuada, com as salas de aulas a perderem mais de 9 mil alunos.

“Nos últimos anos, o número total de alunos está a aumentar. Mas em 2025/2026 vai atingir o pico, que será de 89 mil alunos”, afirmou a secretária. “A partir de 2027 vamos ter uma descida do número de alunos e em 2032 vamos ter apenas 80 mil alunos”, acrescentou.

Como os planos são para manter uma média de 25 alunos por turma, a redução demográfica levará à dispensa de docentes. “Em 2032, vamos ter uma média de 25 alunos por turma. E nessa situação pode haver lugar ao desemprego de alguns docentes”, anteviu.

Mais escolas

Se, por um lado, o Governo prevê a redução do número de alunos na RAEM, por outro, afirmou que o território vai ter mais escolas internacionais. Estas instituições vão ser criadas para formar os filhos de “quadros qualificados” contratados no estrangeiro.

A necessidade de criar mais instituições internacionais foi indicada pelo director dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), Kong Chi Meng, também na sessão de respostas a interpelações orais dos deputados.

Por sua vez, a secretária garantiu que as escolas “não vão fazer concorrência” com as existentes, e que esta é uma exigência para diversificar a economia. “No futuro serão criadas mais escolas com elementos curriculares que utilizam o inglês como língua principal, com a finalidade de contribuir para o desenvolvimento das principais indústrias e diversificação adequada da economia”, justificou.

Elsie Ao Ieong U destacou ainda, como exemplo, que a Associação do Colégio Sino-Luso Internacional de Macau irá criar um desses estabelecimentos de ensino. “As escolas passam a poder ministrar cursos com elementos curricular internacionais e cursos leccionados em várias línguas”, apontou. “No ano lectivo de 2023/2024, Macau vai receber uma escola internacional que utiliza chinês, português e inglês, como meio de ensino”, indicou.

13 Fev 2023

Salas VIP | Wong Kit Cheng exige defesa dos direitos dos antigos funcionários

A deputada Wong Kit Cheng pede que o Governo assegure a defesa dos direitos dos ex-funcionários das salas VIP dos casinos que foram despedidos em 2021, para que estes possam receber as indemnizações a que têm direito.

A deputada, dirigente da Associação Geral das Mulheres de Macau, diz ter recebido muitas queixas destes trabalhadores que terão assinado um acordo para o fim da ligação contratual com as operadoras sem terem a noção exacta do que tinham direito por lei, pelo que acabaram por receber uma indemnização por despedimento, cujo valor é inferior à compensação do despedimento sem justa causa a que teriam direito.

Outro exemplo apontado por Wong Kit Cheng, é o das funcionárias que não receberam a compensação por despedimento por estarem grávidas. A deputada pede que o Governo reforce a divulgação da legislação laboral para que haja uma maior consciência dos direitos e deveres por parte dos trabalhadores.

Wong Kit Cheng quer também o aperfeiçoamento do mecanismo de indemnizações por despedimento caso as empresas despeçam trabalhadores em massa, situação que traz grande impacto ao mercado laboral e que afecta a harmonia social.

13 Fev 2023

Natalidade | Leong Hong Sai pede mais dados sobre medidas de incentivo

O deputado Leong Hong Sai interpelou o Governo sobre a necessidade de divulgação de mais dados sobre as políticas de incentivo à natalidade. O deputado, ligado à União Geral das Associações de Moradores de Macau, recorda que, aquando da apresentação do relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para este ano, o Governo prometeu apoiar, de forma activa, as políticas relacionadas com as mulheres e as crianças, nomeadamente ao “promover a implementação das políticas de apoio à família”, “apoiar o desenvolvimento de acções de educação da vida familiar” ou “promover o desenvolvimento dos serviços de creches”.

Leong Hong Sai refere, na interpelação escrita, que as políticas adoptadas pelas autoridades de Guangdong, lançadas no passado dia 17 de Janeiro, levaram ao aumento dos dias da licença de paternidade e melhoraram a licença dos cuidadores. Para o deputado, as concessionárias de jogo e as empresas públicas deveriam adoptar medidas de apoio à natalidade em prol dos trabalhadores, exigindo que sejam as autoridades a fazer esse encorajamento, nomeadamente quanto ao aumento dos dias de licença de maternidade.

Referindo-se à licença de paternidade, que em Macau é de apenas cinco dias, o deputado entende que deveria ser alargada, pois no Interior da China ou em países vizinhos como o Japão, foram adoptadas licenças de paternidade até quatro semanas.

13 Fev 2023

Hospital da Ilhas | Assinado acordo com o Peking Union Medical College

O Governo da RAEM e o Peking Union Medical College Hospital assinaram o acordo de cooperação e gestão do futuro Hospital das Ilhas. O presidente da entidade de saúde de Pequim garantiu que o complexo será um centro de saúde de nível nacional, enquanto Ho Iat Seng pediu a abertura faseada da unidade hospitalar

 

Na sexta-feira, o Governo da RAEM, representado pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, assinou o acordo de cooperação com o Peking Union Medical College Hospital para a gestão do futuro Hospital das Ilhas.

O momento solene, que marca o início de uma ligação entre o Governo local e a entidade nacional, foi o passo seguinte à aprovação na generalidade da lei de gestão do complexo hospitalar.

O acordo foi também assinado pelo presidente honorário do Peking Union Medical College Hospital e membro da Academia Chinesa de Ciências, Zhao Yupei, pela subdirectora do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong, Macau e Taiwan da Comissão Nacional de Saúde, Li Wei, e pela presidente do Peking Union Medical College Hospital, Zhang Shuyang.

Fica assim oficializada a “cooperação de longo prazo” com o intuito da “prestação de serviços de cuidados de saúde, educação médica, estudos científicos e transformação dos respectivos resultados e indústria da saúde (big-health industry)”.

Além disso, a parceria tem também em vista que o Hospital das Ilhas se torne num “centro médico regional a nível nacional”.

À procura de pessoal

Antes da cerimónia de assinatura, os representantes nacionais reuniram-se com Ho Iat Seng e participaram na primeira reunião plenária desde ano da Comissão para o Desenvolvimento Estratégico do Centro Médico de Macau do Peking Union Medical College Hospital/Hospital de Macau, presidida pelo académico Zhao Yupei.

Segundo o Gabinete de Comunicação Social, “sob recomendação da Comissão Nacional de Saúde, o Governo da RAEM incumbiu ao Peking Union Medical College Hospital a operação, a gestão e a prestação de serviços no Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas”, que será classificado como um hospital público.

O Chefe do Executivo garantiu estar “muito atento ao andamento da construção e outros detalhes do complexo” e terá exigido à empresa responsável pela construção que aperte o controlo de qualidade, “a fim de preparar tudo para uma entrada faseada em funcionamento, a partir de finais do corrente ano”.

Ho Iat Seng acrescentou que, actualmente, “a equipa de trabalho está a acelerar a organização dos recursos humanos necessários, nomeadamente médicos, enfermeiros e pessoal da área de saúde”, “a instalação de equipamentos de grande dimensão e a criação de um sistema informático”.

Por sua vez, o presidente honorário do Peking Union Medical College Hospital afirmou que graças ao trabalho em conjunto com o Governo da RAEM nasceu, “nos últimos anos, uma amizade profunda com Macau”.

13 Fev 2023

Juventude | Lei Chan U pede revisão do plano de formação

O deputado entende que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) deve rever o plano de formação inicial destinado a jovens com idade igual ou inferior a 24 anos e que disponibiliza formação técnica nas áreas dos equipamentos eléctricos, bem como restauração chinesa e ocidental.

Lei Chan U questiona, numa interpelação escrita, qual é a verdadeira eficácia destas acções de formação, chamando a atenção para o facto de ser difícil atrair jovens para os cursos de cozinha. O deputado, ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau, questionou quais serão as áreas laborais prioritárias deste plano formativo tendo em conta a política governamental de diversificação económica “1+4”, lançada pelo Governo nas últimas Linhas de Acção Governativa.

Sobre a Comissão de Desenvolvimento de Talentos, o deputado questiona as previsões feitas por esta equipa de técnicos na procura de quadros qualificados, para que os jovens tenham uma referência das necessidades do mercado quando escolherem um curso universitário.

13 Fev 2023

Visita | Ho Iat Seng prepara viagem oficial a Portugal

Na sua primeira viagem oficial ao Ocidente, o Chefe do Executivo vai a Portugal transmitir a mensagem de que a língua e a cultura portuguesa continuam a ser vistas como factores diferenciadores

Ho Iat Seng vai deslocar-se Portugal, numa visita que deverá decorrer por volta do mês de Abril. A notícia foi avançada na sexta-feira pelo jornal Plataforma, que cita fontes anónimas. Segundo a publicação, esta vai ser a primeira viagem oficial do Chefe do Executivo ao Ocidente e os preparativos estão a avançar “de forma intensa pelos canais diplomáticos de ambos os lados”.

A visita conta ainda com “o envolvimento directo da Presidência da República”, uma consequência de o facto da política externa em Portugal ter uma dupla competência. Estes preparativos significam também que Ho Iat Seng deverá ser recebido pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa.

Apesar das fontes oficiais terem recusado comentar a deslocação ao jornal Plataforma, este aponta que Ho Iat Seng vai a Portugal tentar transmitir a imagem de que em Macau “a importância da língua e da cultura portuguesas” continuam a ser vistas como um factor “diferenciador e uma vantagem competitiva” em relação “a outras regiões da China”.

Tempos de êxodo

A deslocação de Ho Iat Seng surge após três anos de restrições à circulação que isolaram o território do resto do mundo. Em consequência, as pessoas com familiares em Portugal depararam-se com inúmeros obstáculos burocráticos, que na prática impediram as deslocações.

As medidas fizeram com que vários residentes portugueses perdessem momentos importantes para cada família, como nascimentos, casamentos ou funerais.

O número de imigrantes vindos de Portugal caiu para níveis históricos que só encontram paralelo em 2000, o primeiro ano após a transição. Segundo a informação do Observatório da Emigração, órgão ligado ao Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, apenas 18 portugueses vieram viver para Macau em 2021. Por contraste, em 2020 o número de portugueses a chegar à RAEM tinha sido de 67.

A escolha de Portugal como primeiro destino de Ho no Ocidente pode ser assim vista como um sinal político relevante numa altura em que as circunstâncias da crise pandémica paralisaram os contactos políticos no exterior, mas também alguma desconfiança por parte da comunidade portuguesa residente em Macau sobre o seu futuro.

13 Fev 2023

Taipa | Novo espaço cultural mostra antiga fábrica e raro património industrial

Com a abertura recente ao público do passadiço da antiga Fábrica de Panchões Iec Long, no coração da Taipa velha, Macau passou a contar com mais um trunfo turístico. A LUSA, com a ajuda de uma arquitecta do Instituto Cultural, leva-nos numa visita guiada à emblemática estrutura que materializa uma indústria desaparecida

 

O polo cultural que está a ser desenvolvido nas antigas ruínas da Fábrica de Panchões Iec Long, na Taipa, resgata um “vestígio muito completo” da história da produção de panchões em Macau e um raro exemplar do património industrial local.

Os portões trancados da antiga fábrica de panchões Iec Long são há muito imagem presente para quem percorre a rua Fernão Mendes Pinto, na vila da Taipa, e sinalizam um episódio da história de Macau muitas vezes esquecido.
Elemento típico da cultura chinesa, o panchão, cartucho de pólvora revestido a papel vermelho e queimado em ocasiões festivas, como no ano novo lunar, alimentou, entre os séculos XIX e XX, uma das indústrias mais robustas de Macau. E a Iec Long, desactivada em 1984 e tomada pelo tempo e pelo arvoredo, conserva até hoje a memória mais completa da produção de panchões no território, além de ser um dos escassos exemplares do património industrial local.

“É um vestígio muito completo, uma janela para o passado de uma fase muito importante para a subsistência da população e o desenvolvimento económico da cidade”, nota Carla Figueiredo, do departamento do património do Instituto Cultural (IC), que acompanha a Lusa numa visita ao espaço, aberto ao público em finais de Dezembro após a conclusão da primeira fase de reabilitação (ver texto secundário).

Às dez de manhã de quinta-feira, o novo passadiço de teca, que percorre as antigas unidades de produção, como a câmara de fabrico de pavios ou a sala de entalhe de panchões, ao longo de um percurso de mais de 400 metros, está praticamente desocupado. Raízes aéreas de uma figueira-de-bengala avançam sobre velhas estruturas. Uma árvore de cânfora, com mais de 260 anos, é a espécie mais antiga do recinto de 25 mil metros quadrados.

“Algumas das unidades de produção estão rodeadas de paredes francamente espessas, para proteger das antigas funções. São indicativos das unidades mais perigosas”, aponta a arquitecta.

Ritos e magias

O manuseamento de produtos químicos para a preparação dos panchões representava uma ameaça à segurança de quem trabalhava na manufactura e ditou, no início do século XX, a transferência de fábricas da península de Macau para a Taipa, área menos povoada, e, a partir dos anos 1970, o declínio da actividade, com a generalização das restrições ao uso destes foguetes chineses.

Com isso, o papel social do panchão e “a ligação afectiva às próprias cerimónias” também mudou, lembra Carla Figueiredo. “Fazia parte das próprias festividades para afastar maus espíritos, portanto está muito integrado na filosofia de geomancia e de energias – afastar as más energias com os sons, com os ‘flashes’ dos panchões a rebentar e a poeira que ficava. Tudo isto são rituais simbólicos. Eram talvez mais mitológicos no início e hoje em dia são talvez mais celebratórios”, reforça.

Também o ‘feng shui’, prática que procura o equilíbrio entre o indivíduo e o espaço, “muito importante para qualquer planeamento urbano ou arquitectónico de edifícios chineses”, determinou a localização da unidade fabril, com a colina na parte traseira e o rio “que simboliza dinheiro e prosperidade” a correr pela frente.

Pólvora e gado

A Iec Long, estabelecida em 1925 por Tang Bick Tong, empresário de Nanhai, cidade da província chinesa de Guangdong, foi a fábrica de panchões que mais tempo esteve em funcionamento no território, chegando a empregar entre 400 a 500 funcionários, incluindo crianças, que montavam diariamente dois mil discos de panchões.

Porém, este ramo de actividade, exclusivo da comunidade chinesa, estreou-se em Macau quase 60 anos antes, chegando a ser um dos principais empregadores do território. O produto, exportado para as várias comunidades chinesas além-fronteiras, projectou a “imagem de Macau e da China para o mundo”.

“Haver uma linha de montagem para produzir algo que era tão crucial para a exportação local é de facto pioneiro em Macau e esta linha de montagem está perfeitamente reflectida nas estruturas que ainda existem”, diz a arquitecta. E lembra ainda outra função: “A própria fábrica de panchões tinha uma pequena quinta, com gado, com ovelhas, com galinhas e era quase auto-suficiente. Na altura da guerra de resistência contra os japoneses [1937-1945], a quinta da Iec Long foi importante para dar alimentos aos trabalhadores e até para venda nos mercados”.

Espírito do passado

Esse ambiente bucólico, que a intervenção do IC optou por preservar, é um “apelo à calma” e uma oportunidade para “fugir ao ritmo acelerado da vida”, num projecto que tem como propósito “diversificar o turismo cultural e descongestionar o centro histórico de Macau, com espaços alternativos de interesse cultural”.

Para já, além do passadiço e do mobiliário urbano, o novo espaço integra ainda uma loja de lembranças e a exposição interactiva ‘Eco de panchões’, que evoca a história na génese desta estrutura quase centenária, estando já prevista a organização de programas culturais, como oficinas sobre chá ou pintura ou a actuação de músicos no local. Entre os planos para uma próxima fase, projectam-se intervenções nas antigas unidades de produção, mantendo sempre “a memória da função do espaço”.

“Não está com aqueles cuidados clínicos, que seria tudo demasiado limpo e que tiraria a característica do sítio”, refere Carla Figueiredo, que realça a opção da equipa de arquitectos em “mostrar a verdade dos materiais”. “Não estamos a fazer nada que não seja irreversível, portanto há aqui um princípio básico no nosso restauro que é o princípio de reversibilidade: é sempre possível tirar o passadiço e podermos pensar noutros usos”.

Passadiço da antiga Fábrica de Panchões Iec Long inaugurado durante surto

O Passadiço da Antiga Fábrica de Panchões Iec Long foi inaugurado discretamente dois dias antes do Natal, numa altura em que o território era assolado por uma vaga pandémica que infectou quase por completo a população de Macau. A abertura do espaço veio elevar o leque de oferta de espaços culturais relaxantes na Taipa velha. Na altura, o Instituto Cultural (IC) descreveu o local como “um dos projectos importantes do programa de Inverno ‘Uma Base Cultural’”.

O passadiço é constituído por um percurso turístico com cerca de 400 metros, “concebido para dar continuidade às memórias históricas e incluir os elementos do ambiente original da fábrica”. Ao longo do passeio, é servida aos visitantes informação que permite ficar a conhecer a sala de fabrico de pavios, os canais de água, os tanques, a sala de entalhe de panchões e o armazém de materiais.

O IC disponibiliza também um sistema de visitas guiadas para dar a conhecer com maior profundidade todos os detalhes sobre a arte de produzir panchões e os processos de fabrico usados na época, aliando em harmonia o património cultural do parque e dos edifícios históricos com as frondosas árvores que dominam o local. O passadiço está aberto todos os dias entre 06h e as 19h.

Negócio de estrondo

A indústria de panchões de Macau começou a desenvolver-se a ritmo acelerado a partir da década de 1920, com várias fábricas de panchões estabelecidas na Taipa, tornando-se uma indústria líder e com posição relevante no desenvolvimento industrial de Macau na altura.

Tendo em conta que os panchões se tornaram um importante produto com peso na economia local e expressão nas exportações da região, um número considerável de residentes da Taipa envolveu-se na produção de panchões durante o seu apogeu, dos anos 50 até 70. A referida indústria esteve estreitamente relacionada com a vida da população e as comunidades da Taipa, desempenhando um papel essencial na história do desenvolvimento económico de Macau.

A antiga Fábrica de Panchões Iec Long, com uma história de quase 100 anos, é a única ruína que se conservou até ao presente da indústria de panchões em Macau, encontrando-se num bom estado de preservação, e reflecte a prosperidade dessa indústria tradicional de Macau do século XX, sendo um testemunho do desenvolvimento da indústria moderna de Macau.

13 Fev 2023

Revista de Cultura | 200 anos do jornal “A Abelha da China” é destaque

O mais recente número da Revista de Cultura, publicação editada pelo Instituto Cultural (IC), é dedicado aos 200 anos do primeiro jornal de língua portuguesa editado em Macau, “A Abelha da China”. No nº 70 da revista podem ler-se vários artigos reunidos pelo académico Duarte Drumond Braga, que foi editor convidado da publicação. O leitor poderá, assim, fazer uma viagem pelos antecedentes, formação, contributo e extinção do jornal entre as datas de 12 de Setembro de 1822 e 27 de Dezembro de 1823.

Este número da Revista de Cultura inclui ainda uma crítica ao livro “A Abelha da China nos Seus 200 Anos: Casos, Personagens e Confrontos na Experiência Liberal de Macau”, lançado no ano passado e coordenado por Duarte Drumond Braga e o jornalista Hugo Pinto, e que conta com contributos de autores como Tereza Sena, Cátia Miriam Costa, Jin Guoping, Jorge Arrimar e Pablo Magalhães. A obra conta com a chancela do Centro Científico e Cultural de Macau em parceria com a Universidade de Macau.

Esta edição da Revista de Cultura aborda ainda a imprensa estrangeira na China ao incluir um artigo sobre o primeiro jornal em língua inglesa na costa da China, “The Canton Register”.

Para assinalar os 400 anos sobre a invasão holandesa a Macau, pode também ler-se um artigo que fornece novas percepções sobre o fracasso da investida em 24 de Junho de 1622. Incluem-se ainda dois trabalhos de pesquisa também no campo historiográfico, nomeadamente o primeiro que examina referências toponímicas e posições geográficas de um pequeno arquipélago a leste de Zhuhai e, o segundo, que estuda as redes de comércio em Malaca na primeira metade do século XVI.

Este ano a Revista de Cultura vai adoptar o processo de revisão por pares, usado no meio académico pelas principais revistas científicas, aceitando ainda a submissão de textos em português, chinês e inglês.

12 Fev 2023

Covid-19 | China indica queda de 97,6% no número de mortes

O Centro de Controlo de Doenças da China assegurou que o número de mortes por covid-19 nos hospitais do país diminuiu 97,6 por cento face ao pico registado a 4 de Janeiro.
O número de mortes em hospitais devido à doença caiu do máximo diário de 4.273 para 102 registadas na segunda-feira, avançou o centro, em um relatório divulgado na quarta-feira à noite.
Já o número de internamentos por covid-19, atingiu o valor máximo de 1,6 milhões a 5 de Janeiro, começando depois a cair até aos 60 mil internamentos registados na segunda-feira, o que representa uma quebra de 96,3 por cento, apontou.
Especialistas chineses e internacionais alertaram que o período de férias de Ano Novo Lunar, entre os dias 21 e 27 de Janeiro, podia resultar numa nova onda de infecções e pressão hospitalar nas zonas rurais, com recursos de saúde escassos, devido ao elevado número de deslocamentos.
A empresa britânica de análise de dados na área da saúde Airfinity previu que o país podia registar cerca de 36 mil mortes por dia, naquela semana de férias.
O Centro de Controlo de Doenças chinês indicou recentemente ter registado 3.278 mortes por covid-19 em hospitais entre 27 de Janeiro e 2 de Fevereiro.
Desde 11 de Março de 2020 que a covid-19 é uma pandemia e desde 30 de Janeiro de 2020 uma emergência de saúde pública internacional.

10 Fev 2023

Governo diz que vai estudar nova dose da vacina contra a covid-19

O director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo, referiu ontem na Assembleia Legislativa que o Executivo irá observar as experiências do exterior antes de avançar para a disponibilidade da quinta dose da vacina contra a covid-19.
O comentário de Alvis Lo surgiu na sequência do debate gerado por interpelação oral de Lam Lon Wai, nomeadamente a intervenção do deputado e médico Chan Iek Lap que referiu ter sido inoculado com quatro doses da vacina, mas que acabou por não ter recebido a vacina bivalente contra a variante ómicron por esta não estar disponível na altura da última dose administrada.
A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, começou por argumentar que relativamente ao grupo de pessoas com mais de 60 anos, o risco de morte para quem não tenha sido vacinado é superior ao de quem tenha recebido uma dose de reforço, “sendo que o efeito de protecção é mais notório no caso de ter sido vacinado com quatro doses”.
Voltando a apelar à vacinação, a secretária afirmou que o Governo passa a “permitir que os indivíduos com idade igual ou superior a cinco anos possam efectuar a marcação para receber a terceira dose, e os indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos possam efectuar a marcação para receber a quarta dose”.

Medicina familiar
A sessão de respostas a interpelações de ontem, fortemente marcada por temas ligados à saúde, teve ainda como tema de debate a política de médicos de família. Ron Lam vincou a promessa política de disponibilizar um médico de família a cada residente, de forma a facilitar o acompanhamento contínuo.
A secretária Elsie Ao Ieong U defendeu a aposta no modelo de gestão de saúde comunitária, através da rede de centros de saúde. “A concepção da localização dos centros de saúde baseia-se nos princípios de prestar serviços a uma cobertura de 50 a 70 mil habitantes e de deslocação de 15 a 20 minutos a pé pelos residentes”, indicou.
No seguimento desta discussão, a governante indicou que o número de médicos de medicina ocidental “aumentou de 619 em 2009 para 879 em 2022 para prestar serviços de medicina geral, um aumento de mais de 40 por cento, que contribuiu para o desenvolvimento da medicina familiar”.

10 Fev 2023