Economia | AMCM alerta para incertezas dos mercados financeiros

Perante incertezas na economia global e nos mercados, a AMCM aponta no relatório anual de 2019 para uma política de prevenção. E diz que está a ponderar reforçar sanções penais contra actividades financeiras ilegais

 

[dropcap]O[/dropcap] aumento do proteccionismo do comércio internacional e das tensões geopolíticas em 2019 teve impacto na economia global, mas o sector financeiro de Macau desenvolveu-se “de forma estável”, com produtos mais diversificados, descreveu o relatório anual de 2019 da Autoridade Monetária de Macau (AMCM). No final do ano passado, os activos do sector financeiro de Macau excediam dois triliões de patacas, tornando-o o terceiro maior sector económico da RAEM. Ainda assim, o presidente do conselho de administração do organismo defendeu que “mais vale prevenir do que remediar”.

Chan Sau San deixou uma mensagem a dizer que “a AMCM continuará a elevar a sua capacidade de prevenção de risco financeiro e realizará testes de stresse para estar atenta às incertezas da economia global e dos mercados financeiros, reforçando a resiliência e a capacidade dos bancos de resistir a impactos”.

Para além dos riscos, o presidente do conselho de administração notou também uma oportunidade para o futuro: a crescente procura de actividades financeiras transfronteiriças. Sobre 2020, a AMCM comprometeu-se com o plano de desenvolvimento do Governo e frisou as oportunidades associadas à Grande Baía.

Durante o ano passado, a Reserva Financeira optou por uma “estratégia prudente” de investimento ajustando os activos em resposta à “fricção comercial” entre a China e os Estados Unidos da América, bem como às mudanças de políticas dos principais bancos centrais. Caminho que levou ao retorno anual recorde do investimento da reserva, com uma receita de 30,2 mil milhões de patacas.

Por outro lado, vale a pena notar que o comércio de mercadorias entre o Interior da China e os Países de Língua Portuguesa (PLP) cresceu 1,8 por cento face ao ano anterior para 150,7 mil milhões de dólares americanos. As exportações da China para os PLP aumentaram 5,7 por cento para 44,2 mil milhões. O Brasil continuou como maior parceiro comercial da China, entre os PLP, seguido de Angola e Portugal.

Revisão de normas

O contexto político de Hong Kong também motivou cuidados adicionais com a estratégia de investimento. “Dada a agitação social na jurisdição vizinha e sendo que a instabilidade do ambiente económico e financeiro externo podem afectar as operações e a liquidez dos bancos em Macau, a AMCM exigiu, em Agosto de 2019, que todos os bancos pusessem em prática medidas preventivas”, explica o relatório. Isto abrangeu avaliações de risco, testes de resistência e a criação de planos de contingência.

O relatório da AMCM descreve que está a ser acompanhada a revisão do Regime Jurídico do Sistema Financeiro, com base no desenvolvimento do sector bancário da RAEM e os requisitos de supervisão defendidos por organizações internacionais. “A AMCM irá, a curto prazo, consultar novamente o sector relativamente à versão final do regime jurídico em revisão”, pode ler-se. Sobre esta revisão, é ainda expresso que o organismo está a estudar o reforço das sanções penais contra actividades financeiras ilegais.

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