Sands | Receitas em Macau com quebra de 30 milhões de dólares

A contracção da indústria do jogo teve um impacto pouco significativo para a Las Vegas Sands. No entanto, a nível global a empresa de Sheldon Adelson viu os lucros caírem 6,7 por cento. Já o milionário regressou à “praça pública” pela primeira vez, após ter sido divulgado que estava a lutar contra um cancro

 
[dropcap]O[/dropcap]s lucros da Las Vegas Sands, empresa que detém a concessionária Sands China, registaram uma quebra de 6,7 por cento durante o terceiro trimestre, de 571 milhões de dólares americanos para 533 milhões. Os resultados foram revelados ontem, num dia que ficou marcado pelo regresso do presidente do grupo, Sheldon Adelson, que nos últimos meses esteve em tratamentos contra um cancro no sangue.
No que diz respeito às receitas em Macau, o grupo teve uma quebra de 30 milhões de dólares, de 2.152 milhões no terceiro trimestre do ano passado para 2.122 milhões no último trimestre. Esta é uma redução de 1,9 por cento em Macau, que envolve não só as receitas das mesas e nos quartos de hotel, mas também nas operações dos ferries.
Em termos da Cotai Waterjet, as receitas líquidas tiveram uma quebra de 38,1 por cento de 41 milhões para 26 milhões, o que também se explica pelo facto de os turistas preferirem viajar através da Ponte Hong Kong- Zhuhai-Macau.
No último trimestre as receitas brutas do jogo tiveram uma quebra de 4,1 por cento de 73 mil milhões de patacas, no terceiro trimestre de 2018, para 70 mil milhões.
Contudo, Sheldon Adelson não deixou de elogiar Macau, que apontou, com a construção da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, ter todas as condições para ser a capital de convenções e exposições da Ásia.
“Acredito que Macau é o melhor mercado do mundo e por isso continuamos a investir o nosso capital no território. Estamos ansiosos para continuar a investir e contribuir para a diversificação da economia e para a evolução e criação de um centro de turismo e lazer”, afirmou o milionário, de 86 anos. “Com a abertura da Ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai, e com o desenvolvimento das iniciativas à volta da Grande Baía, acreditamos que Macau tem o potencial para se tornar na capital de Exposições e Convenções da Ásia. E queremos contribuir totalmente para esse objectivo, através dos nosso investimentos existentes e futuros”, acrescentou.

De regresso

Contudo, a conferência de apresentação dos resultados da operadora que controla casinos como o Venetian, Parisian, ou Sands Macao, ficou marcada pelo regresso à actividade de Sheldon Adelson.
“Gostava de começar por dizer que me sinto bem e que estou muito feliz por estar aqui […] Também gostava de dizer que fiquei extremamente emocionado com todos os telefonemas e emails que recebi nos últimos meses. Estou muito agradecido por todos os desejos de melhoras que recebi e quero agradecer a todos. Significou muito para mim”, disse Adelson, que nos últimos meses esteve a lutar contra um cancro no sangue.
Ainda sobre o seu estado de saúde, o milionário recusou a ideia de estar já a 100 por cento, mas considerou que se encontra a 95 por cento.

Chan Chak Mo paga 394 mil por mês

A empresa Future Bright, detida pelo deputado Chan Chak Mo, revelou ontem em comunicado à bolsa que vai pagar 394.255 dólares de Hong Kong por mês à Sands China, pelo arrendamento de um restaurante no casino Venetian, no Cotai. De acordo com a informação revelada, o contrato tem a duração de três anos e o restaurante vai servir comida chinesa. Além da renda mensal, se as receitas geradas pelos negócios ultrapassarem o montante anual da renda, ou seja cerca de 4,7 milhões de dólares de Hong Kong, a empresa tem ainda de pagar 12 por cento desse excedente à operadora. A empresa do deputado teve ainda de pagar uma caução de 2,37 milhões de dólares de Hong Kong.

25 Out 2019

Conferência | Macau e China ineficazes na investigação de crimes económicos

Liu Jianhong, presidente da Sociedade Asiática de Criminologia, teceu críticas em relação à pouca eficácia no combate aos crimes de natureza económica. O vice-presidente da Associação Internacional de Criminologia de Língua Portuguesa defendeu que deve haver mais convergência entre os países lusófonos ao nível dos sistemas jurídicos

 

[dropcap]O[/dropcap] presidente da Sociedade Asiática de Criminologia disse ontem à Lusa que tanto em Macau como na China continental as investigações dos crimes de ‘colarinho branco’ e empresariais não estão a ser eficazes e resultam em poucas condenações.

“As consequências dos crimes empresariais são muito sérias e não estão a ser bem estudadas”, tanto em Macau como na China continental, afirmou Liu Jianhong à margem da 12.ª Conferência Internacional sobre Reformas Jurídicas de Macau no Contexto Global.

O também professor na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau defendeu que há “muito pouco estudo” e que a criminologia é fulcral para o Direito Criminal, que está a ser vista como um parente menor tanto em Macau como em Hong Kong. Entre 1987 e 2007 foram publicados apenas 147 estudo de criminologia empírica em toda a China, observou durante a sua apresentação na conferência.

A criminologia na China “precisa de mais reconhecimento e apoio por parte do Governo”, observou o presidente da Sociedade Asiática de Criminologia. O combate à corrupção tem sido uma das bandeiras desde que Xi Jinping subiu ao cargo de Presidente da China, em 2013. Lançada depois de ascender ao poder, o combate à corrupção já puniu mais de um milhão e meio de funcionários do Partido Comunista Chinês (PCC).

Em relação a este tópico, Liu Jianhong, afirmou que Xi Jinping conseguiu “resultados tremendos”. “Xi conseguiu punir muitos políticos corruptos e isso foi muito bom”, sublinhou, ressalvando, contudo, que os “investigadores de Direito Criminal devem alterar o seu processo de trabalho, para produzirem mais regulação”. “Penso que o Partido Comunista chinês está a fazer isso mesmo”, concluiu.

Maior convergência

No mesmo encontro, o vice-presidente da Associação Internacional de Criminologia de Língua Portuguesa defendeu que deve haver mais convergência entre os países lusófonos porque os seus sistemas jurídicos são semelhantes.

A semelhança dos sistemas jurídicos e a própria lógica do sistema penal, são “dados para que o saber criminológico seja partilhado nos países lusófonos”, afirmou à Lusa o especialista brasileiro Marcus Alan de Melo Gomes.

O investigador brasileiro e professor do Instituto de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Pará (UFPA) defendeu também, que por haver parecenças no funcionamento das polícias, que “devem ser analisados, estudados e avaliados por metodologias comuns”.

O investigador teceu elogios à qualidade da criminologia que é produzida nos países lusófonos isoladamente. “Mas não há intercâmbio, não há uma aproximação”, disse.

“Há muita coisa a ser feita, muito valiosa em Portugal, no Brasil, em África, como em Angola, Moçambique e até em Cabo Verde”, afirmou. “Mas não há um intercâmbio efectivo, não há diálogo, quer pelas universidades, quer pelos centros e núcleos de investigação”, concluiu.

25 Out 2019

Conferência | Macau e China ineficazes na investigação de crimes económicos

Liu Jianhong, presidente da Sociedade Asiática de Criminologia, teceu críticas em relação à pouca eficácia no combate aos crimes de natureza económica. O vice-presidente da Associação Internacional de Criminologia de Língua Portuguesa defendeu que deve haver mais convergência entre os países lusófonos ao nível dos sistemas jurídicos

 
[dropcap]O[/dropcap] presidente da Sociedade Asiática de Criminologia disse ontem à Lusa que tanto em Macau como na China continental as investigações dos crimes de ‘colarinho branco’ e empresariais não estão a ser eficazes e resultam em poucas condenações.
“As consequências dos crimes empresariais são muito sérias e não estão a ser bem estudadas”, tanto em Macau como na China continental, afirmou Liu Jianhong à margem da 12.ª Conferência Internacional sobre Reformas Jurídicas de Macau no Contexto Global.
O também professor na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau defendeu que há “muito pouco estudo” e que a criminologia é fulcral para o Direito Criminal, que está a ser vista como um parente menor tanto em Macau como em Hong Kong. Entre 1987 e 2007 foram publicados apenas 147 estudo de criminologia empírica em toda a China, observou durante a sua apresentação na conferência.
A criminologia na China “precisa de mais reconhecimento e apoio por parte do Governo”, observou o presidente da Sociedade Asiática de Criminologia. O combate à corrupção tem sido uma das bandeiras desde que Xi Jinping subiu ao cargo de Presidente da China, em 2013. Lançada depois de ascender ao poder, o combate à corrupção já puniu mais de um milhão e meio de funcionários do Partido Comunista Chinês (PCC).
Em relação a este tópico, Liu Jianhong, afirmou que Xi Jinping conseguiu “resultados tremendos”. “Xi conseguiu punir muitos políticos corruptos e isso foi muito bom”, sublinhou, ressalvando, contudo, que os “investigadores de Direito Criminal devem alterar o seu processo de trabalho, para produzirem mais regulação”. “Penso que o Partido Comunista chinês está a fazer isso mesmo”, concluiu.

Maior convergência

No mesmo encontro, o vice-presidente da Associação Internacional de Criminologia de Língua Portuguesa defendeu que deve haver mais convergência entre os países lusófonos porque os seus sistemas jurídicos são semelhantes.
A semelhança dos sistemas jurídicos e a própria lógica do sistema penal, são “dados para que o saber criminológico seja partilhado nos países lusófonos”, afirmou à Lusa o especialista brasileiro Marcus Alan de Melo Gomes.
O investigador brasileiro e professor do Instituto de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Pará (UFPA) defendeu também, que por haver parecenças no funcionamento das polícias, que “devem ser analisados, estudados e avaliados por metodologias comuns”.
O investigador teceu elogios à qualidade da criminologia que é produzida nos países lusófonos isoladamente. “Mas não há intercâmbio, não há uma aproximação”, disse.
“Há muita coisa a ser feita, muito valiosa em Portugal, no Brasil, em África, como em Angola, Moçambique e até em Cabo Verde”, afirmou. “Mas não há um intercâmbio efectivo, não há diálogo, quer pelas universidades, quer pelos centros e núcleos de investigação”, concluiu.

25 Out 2019

Representante dos Negócios Estrangeiros acha que Hong Kong contaminou o mundo com violência

[dropcap]U[/dropcap]m cancro terrorista, pior que o vírus da SARS. Foi assim que o comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China em Hong Kong, Xie Feng, descreveu os protestos que têm assolado a região vizinha nos últimos cinco meses.

As declarações foram proferidas no Fórum internacional da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, que se realizou ontem na RAEHK, e que contou com a participação do secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong.

Além de criticar a violência que ameaça a vida das pessoas, assim com a paz social, Xie Feng considera que a violência de Hong Kong está a ser copiada por outras cidades, além de entender que existe uma ligação íntima entre os manifestantes e Hong Kong e forças separatistas estrangeiras. Como tal, o representante do Governo Central na RAEHK acha que os protestos de Barcelona e Chile são inspirados em Hong Kong. Não houve qualquer referência a outros casos de protestos violentos ocorridos antes das manifestações na região vizinha, como os violentos protestos que ficaram conhecidos como coletes amarelos, em França.

A mão negra

Durante o discurso no evento sobre a Grande Baía, segundo a Ou Mun Tin Toi, Xie Feng referiu que a humanidade enfrenta um período catastrófico, depois da abertura “da caixa de pandora da violência de rua”, e da violação da lei como método para atingir um sentido de justiça. Nesse contexto, todos os países do mundo podem ser afectados.

O mesmo responsável apontou a cabecilhas locais que em conjunto com poderes estrangeiros estão a espalhar o caos em Hong Kong para derrubar o Governo e tomá-lo à força, destruir o princípio “Um País, Dois Sistemas”, e procurar a independência.

O representante de Pequim declarou também que os Estados Unidos estão do lado dos desordeiros e que a comunidade internacional não pode ficar calada e observar à distância passivamente, uma vez que é imperativo que o caos termine o mais rapidamente possível, e que se trave a “mão negra” que incita à violência nas ruas.

25 Out 2019

AL | Deputado quer Governo a injectar mais dinheiro nas clínicas privadas

Os desafios do sector privado da saúde foram ontem abordados na reunião da 2.ª Comissão Permanente, e Chan Iek Lap defendeu que as clínicas deviam poder guardar e administrar vacinas para “ganharem mais um bocado de dinheiro”

 

[dropcap]O[/dropcap] deputado Chan Iek Lap, representante do sector médico na Assembleia Legislativa (AL), defendeu ontem na 2.ª Comissão Permanente a necessidade do Governo atribuir mais subsídios e apoios às clínicas privadas. As declarações foram prestadas durante a reunião e reveladas pelo presidente da comissão, Chan Chak Mo.

“Na reunião de hoje [ontem], o deputado que representa o sector da saúde desabafou um bocado sobre a capacidade das clínicas privadas face às instituições públicas”, começou por contextualizar Chan. “Ele apontou as diferenças entre os sectores e quis saber se no futuro vai haver mais garantias e subsídios do Governo para as clínicas privadas”, acrescentou.

A comissão encontra-se a discutir o diploma com o nome de regime legal da qualificação e inscrição para o exercício de actividade dos profissionais de saúde. Ontem, o deputado que preside à comissão reconheceu que as questões de Chan Iek Lap estão pouco relacionadas com a nova lei, mas foram ouvidas pelos legisladores como uma forma de se familiarizarem melhor com o sector privado da saúde e perceberem os problemas que aí se enfrentam.

Neste sentido, o deputado e médico questionou igualmente o facto de as clínicas privadas não poderem guardar nem administrar vacinas, o que no seu entender seria uma medida positiva para os médicos do privado “ganharem mais um bocado de dinheiro”.

Contudo, este cenário tem sido recusado pelo Governo, que ainda recentemente penalizou uma clínica privada que guardava vacinas e administrava produtos desta natureza fora do prazo de validade.

Sanções pesadas

Já no que diz respeito à lei que vai regular o registo dos profissionais de saúde, os deputados falaram sobre o facto das sanções aplicáveis poderem ser demasiado pesadas. Por outro lado, os deputados consideram que nem sempre é claro as situações em que uma sanção é aplicável, pelo que pretendem que o documento seja mais específico.

“A multa a aplicar nos casos de negligência e má compreensão dos deveres pode chegar até às 100 mil patacas. Mas temos de perguntar o que se entende por estes conceitos, principalmente por negligência”, apontou Chan Chak Mo. “Será que há negligência quando um médico tem muitos pacientes à espera no consultório e não está a atendê-los, porque o seu telemóvel não pára de receber chamadas de familiares, que querem saber se vai jantar a casa? Os pacientes podem ouvir as chamadas e apresentar queixa”, exemplificou.

Esta é uma das questões que vai ser levantada junto do Governo, assim como os casos em que é aplicada a pena de “inactividade”, ou seja as situações em que os profissionais do sector ficam proibidos de exercer a profissão. A punição de inactividade é aplicada quando se suspeita de “encobrimento” e “participação em encobrimento” dos direitos de personalidade do doente. Os deputados não compreendem os conceitos. “Será que basta um médico responder a um paciente que está a fazer demasiadas perguntas para haver uma violação dos direitos de personalidade?”, questionou Chan Chak Mo. Os deputados devem voltar a reunir na próxima semana para continuarem a analisar a futura lei.

25 Out 2019

AL | Deputado quer Governo a injectar mais dinheiro nas clínicas privadas

Os desafios do sector privado da saúde foram ontem abordados na reunião da 2.ª Comissão Permanente, e Chan Iek Lap defendeu que as clínicas deviam poder guardar e administrar vacinas para “ganharem mais um bocado de dinheiro”

 
[dropcap]O[/dropcap] deputado Chan Iek Lap, representante do sector médico na Assembleia Legislativa (AL), defendeu ontem na 2.ª Comissão Permanente a necessidade do Governo atribuir mais subsídios e apoios às clínicas privadas. As declarações foram prestadas durante a reunião e reveladas pelo presidente da comissão, Chan Chak Mo.
“Na reunião de hoje [ontem], o deputado que representa o sector da saúde desabafou um bocado sobre a capacidade das clínicas privadas face às instituições públicas”, começou por contextualizar Chan. “Ele apontou as diferenças entre os sectores e quis saber se no futuro vai haver mais garantias e subsídios do Governo para as clínicas privadas”, acrescentou.
A comissão encontra-se a discutir o diploma com o nome de regime legal da qualificação e inscrição para o exercício de actividade dos profissionais de saúde. Ontem, o deputado que preside à comissão reconheceu que as questões de Chan Iek Lap estão pouco relacionadas com a nova lei, mas foram ouvidas pelos legisladores como uma forma de se familiarizarem melhor com o sector privado da saúde e perceberem os problemas que aí se enfrentam.
Neste sentido, o deputado e médico questionou igualmente o facto de as clínicas privadas não poderem guardar nem administrar vacinas, o que no seu entender seria uma medida positiva para os médicos do privado “ganharem mais um bocado de dinheiro”.
Contudo, este cenário tem sido recusado pelo Governo, que ainda recentemente penalizou uma clínica privada que guardava vacinas e administrava produtos desta natureza fora do prazo de validade.

Sanções pesadas

Já no que diz respeito à lei que vai regular o registo dos profissionais de saúde, os deputados falaram sobre o facto das sanções aplicáveis poderem ser demasiado pesadas. Por outro lado, os deputados consideram que nem sempre é claro as situações em que uma sanção é aplicável, pelo que pretendem que o documento seja mais específico.
“A multa a aplicar nos casos de negligência e má compreensão dos deveres pode chegar até às 100 mil patacas. Mas temos de perguntar o que se entende por estes conceitos, principalmente por negligência”, apontou Chan Chak Mo. “Será que há negligência quando um médico tem muitos pacientes à espera no consultório e não está a atendê-los, porque o seu telemóvel não pára de receber chamadas de familiares, que querem saber se vai jantar a casa? Os pacientes podem ouvir as chamadas e apresentar queixa”, exemplificou.
Esta é uma das questões que vai ser levantada junto do Governo, assim como os casos em que é aplicada a pena de “inactividade”, ou seja as situações em que os profissionais do sector ficam proibidos de exercer a profissão. A punição de inactividade é aplicada quando se suspeita de “encobrimento” e “participação em encobrimento” dos direitos de personalidade do doente. Os deputados não compreendem os conceitos. “Será que basta um médico responder a um paciente que está a fazer demasiadas perguntas para haver uma violação dos direitos de personalidade?”, questionou Chan Chak Mo. Os deputados devem voltar a reunir na próxima semana para continuarem a analisar a futura lei.

25 Out 2019

Reino Unido | 39 mortos encontrados em camião eram de nacionalidade chinesa

Depois da detenção do camionista que conduziu o veículo onde foram encontrados 39 corpos, as autoridades investigam uma possível ligação a redes de crime organizado. Os imigrantes, que teriam nacionalidade chinesa, foram vítimas de um horripilante episódio revelador dos riscos que os imigrantes estão dispostos a correr para procurar uma vida melhor

 

[dropcap]C[/dropcap]omeçam a surgir detalhes que traçam mais definidamente a história de horror iniciada com a descoberta de um camião que continha no interior 39 pessoas mortas, em Dover, na Inglaterra.

Ontem, a BBC noticiou que as vítimas são de nacionalidade chinesa. Informação que foi confirmada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, de acordo com o jornal oficial Global Times. O Diário do Povo referiu que não serão adiantadas mais informações, mas que a Embaixada da China no Reino Unido irá publicar um comunicado depois de investigar o caso.

Esta foi a mais mortífera ocorrência do género no Reino Unido desde a bizarra descoberta de 58 mortos, também chineses, encontrados num contentor no porto de Dover, no condado de Kent, em 2000.

Uma das pistas que a polícia britânica está a seguir é o caminho que o camião fez. A polícia britânica informou que o camião entrou no Reino Unido na noite de terça-feira para quarta-feira pelo porto de Purfleet, no rio Tamisa, procedente de Zeebruges, na Bélgica.

“Pensamos agora que o camião viajou de Zeebruges para Purfleet”, onde chegou por volta das 00h30 hora local (07h30 em Macau), indicou um comunicado da polícia de Essex, que anteriormente tinha avançado que o veículo teria entrado no país pelo porto de Holyhead (País de Gales), na costa oeste, que serve a cidade de Dublin (Irlanda).

O camião, que transportava um contentor onde estavam os 39 cadáveres, foi encontrado na madrugada de quarta-feira na zona do Parque Industrial de Waterglade em Grays (condado de Essex), a leste de Londres.

Depois de buscas na noite de quarta-feira, as autoridades detiveram o camionista, Mo Robinson, residente de Portadown, que é agora suspeito de homicídio. Ao mesmo tempo que o suspeito de 25 anos é interrogado, a polícia está a investigar a possível ligação do macabro achado a redes de crime organizado. Ontem, até ao fecho da edição, a polícia tinha investigado três propriedades privadas na busca de indícios de associação criminosa.

Importa realçar que se têm multiplicado os casos de pessoas que tentam trazer imigrantes ilegalmente para o Reino Unido.

Findas as análises iniciais, o camião foi conduzido do local onde foi encontrado, passando por um cordão de pessoal das forças de segurança e bombeiros, que tiraram o chapéu e fizeram uma vénia à passagem do veículo.

O camião tinha uma unidade de refrigeração Carrier. Segundo alguns órgãos de comunicação social locais, a refrigeração poderia estar ligada, atingindo temperaturas de -25 graus, apontando para a possibilidade de os imigrantes terem morrido de frio.

Porém, ainda não existem informações forenses precisas sobre a causa e hora da morte dos imigrantes. De acordo com o Ministério Público belga, na passada terça-feira, às 14h29 locais, chegou um contentor a Zeebrugee que saiu do porto na mesma tarde. Até ao momento, não é claro se as vítimas já vinham no contentor, ou se entraram posteriormente já em solo belga.
Lucy Moreton, da União de Serviços de Imigração, disse à BBC que face ao número de contentores que entra diariamente no Reino Unido é impossível verificar o interior de todos. “Não temos infra-estruturas para fiscalizar a vasta maioria dos contentores que entram no Reino Unido. Mas uma coisa é certa, os contentores de mercadorias móveis e cisternas, que podem ser transportados separadamente, têm menos probabilidades de ser vistos. A não ser que haja informação que levante suspeitas”, referiu a responsável britânica.

Ondas de choque

A Agência Nacional de Crime tem alertado para o aumento de sofisticação e da crueldade dos métodos das associações criminosas que se dedicam ao tráfico humano.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, juntou-se ao tributo às vítimas revelando-se “chocado com a tragédia”. Citado pelo The Guardian, o capitão Andrew Mariner, da polícia de Essex referiu que as investigações estão em curso para apurar o que aconteceu. “Estamos a proceder à identificação das vítimas, algo que prevejo ser um processo moroso”, projectou.

O antigo director das autoridades de imigração, David Wood, revelou à BBC que a rota que o camião fez é pouco usual. “Fez um trajecto estranho, porque Zeebrugee é um porto de carga e contentores, portanto, não é um porto onde se dê prioridade a fiscalização de imigração. À primeira vista, diria que é uma rota apetecível para este tipo de organizações criminosas”, aponta David Wood.

À medida que as formas de entrar no Reino Unido legalmente diminuem, os métodos de transporte que colocam em perigo a vida dos imigrantes aumentam. Tais métodos incluem “empilhar” pessoas em pequenos compartimentos na parte refrigerada no fundo do camião, ou fazer travessias arriscadas por mares revoltos em pequenas embarcações.

Cúmulo do desespero

De acordo com dados oficiais, este ano até Junho, o Reino Unido concedeu asilo, protecção humanitária e outras formas de autorização de permanência a 18.519 pessoas. Porém, de acordo com o The Guardian, é difícil conseguir asilo no Reino Unido, que acolhe apenas 1 por cento de todos os refugiados do mundo.

Além disso, as políticas de imigração estão a seguir caminhos cada vez mais hostis para os que chegam às fronteiras britânicas, como a detenção sem tempo máximo, algo que pode afastar quem procura asilo das autoridades, por receio de serem detidos.

Sem papas na língua, o Conselho para o Bem-estar dos Imigrantes emitiu um comunicado a criticar as políticas públicas, ligando-as ao episódio macabro do camião. “Que ninguém duvide que a derradeira responsabilidade por estas mortes é das políticas do Governo, que deliberadamente decidiu fechar as rotas para se entrar legalmente e em segurança no Reino Unido. Precisamos de muito mais que do que expressões vazias de choque e pesar de Priti Patel e Boris Johnson. Precisamos de um compromisso para a abertura de vias legais e seguras de acesso, assim como de decisões rápidas para quem procura uma vida melhor no Reino Unido. As pessoas movem-se, sempre o fizeram, sempre o vão fazer e ninguém deveria ter de arriscar a vida por isso”.

No ano passado, mais de 35 mil tentativas de atravessar o Canal da Mancha ilegalmente foram travadas pelas autoridades. Durante o mesmo período de tempo, mais de 8 mil pessoas foram detectadas, já em solo britânico em portos de entrada, por terem passado a fronteira de automóvel sem cumprirem os requisitos legais para o fazer.

Em 2018, as 10 nacionalidades que mais frequentemente foram apanhadas em postos de controlo eram nacionais da Eritreia, Iraque, Afeganistão, Irão, Albânia, Sudão, Vietname, Paquistão, Síria e Etiópia.

25 Out 2019

Reino Unido | 39 mortos encontrados em camião eram de nacionalidade chinesa

Depois da detenção do camionista que conduziu o veículo onde foram encontrados 39 corpos, as autoridades investigam uma possível ligação a redes de crime organizado. Os imigrantes, que teriam nacionalidade chinesa, foram vítimas de um horripilante episódio revelador dos riscos que os imigrantes estão dispostos a correr para procurar uma vida melhor

 
[dropcap]C[/dropcap]omeçam a surgir detalhes que traçam mais definidamente a história de horror iniciada com a descoberta de um camião que continha no interior 39 pessoas mortas, em Dover, na Inglaterra.
Ontem, a BBC noticiou que as vítimas são de nacionalidade chinesa. Informação que foi confirmada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, de acordo com o jornal oficial Global Times. O Diário do Povo referiu que não serão adiantadas mais informações, mas que a Embaixada da China no Reino Unido irá publicar um comunicado depois de investigar o caso.
Esta foi a mais mortífera ocorrência do género no Reino Unido desde a bizarra descoberta de 58 mortos, também chineses, encontrados num contentor no porto de Dover, no condado de Kent, em 2000.
Uma das pistas que a polícia britânica está a seguir é o caminho que o camião fez. A polícia britânica informou que o camião entrou no Reino Unido na noite de terça-feira para quarta-feira pelo porto de Purfleet, no rio Tamisa, procedente de Zeebruges, na Bélgica.
“Pensamos agora que o camião viajou de Zeebruges para Purfleet”, onde chegou por volta das 00h30 hora local (07h30 em Macau), indicou um comunicado da polícia de Essex, que anteriormente tinha avançado que o veículo teria entrado no país pelo porto de Holyhead (País de Gales), na costa oeste, que serve a cidade de Dublin (Irlanda).
O camião, que transportava um contentor onde estavam os 39 cadáveres, foi encontrado na madrugada de quarta-feira na zona do Parque Industrial de Waterglade em Grays (condado de Essex), a leste de Londres.
Depois de buscas na noite de quarta-feira, as autoridades detiveram o camionista, Mo Robinson, residente de Portadown, que é agora suspeito de homicídio. Ao mesmo tempo que o suspeito de 25 anos é interrogado, a polícia está a investigar a possível ligação do macabro achado a redes de crime organizado. Ontem, até ao fecho da edição, a polícia tinha investigado três propriedades privadas na busca de indícios de associação criminosa.
Importa realçar que se têm multiplicado os casos de pessoas que tentam trazer imigrantes ilegalmente para o Reino Unido.
Findas as análises iniciais, o camião foi conduzido do local onde foi encontrado, passando por um cordão de pessoal das forças de segurança e bombeiros, que tiraram o chapéu e fizeram uma vénia à passagem do veículo.
O camião tinha uma unidade de refrigeração Carrier. Segundo alguns órgãos de comunicação social locais, a refrigeração poderia estar ligada, atingindo temperaturas de -25 graus, apontando para a possibilidade de os imigrantes terem morrido de frio.
Porém, ainda não existem informações forenses precisas sobre a causa e hora da morte dos imigrantes. De acordo com o Ministério Público belga, na passada terça-feira, às 14h29 locais, chegou um contentor a Zeebrugee que saiu do porto na mesma tarde. Até ao momento, não é claro se as vítimas já vinham no contentor, ou se entraram posteriormente já em solo belga.
Lucy Moreton, da União de Serviços de Imigração, disse à BBC que face ao número de contentores que entra diariamente no Reino Unido é impossível verificar o interior de todos. “Não temos infra-estruturas para fiscalizar a vasta maioria dos contentores que entram no Reino Unido. Mas uma coisa é certa, os contentores de mercadorias móveis e cisternas, que podem ser transportados separadamente, têm menos probabilidades de ser vistos. A não ser que haja informação que levante suspeitas”, referiu a responsável britânica.

Ondas de choque

A Agência Nacional de Crime tem alertado para o aumento de sofisticação e da crueldade dos métodos das associações criminosas que se dedicam ao tráfico humano.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, juntou-se ao tributo às vítimas revelando-se “chocado com a tragédia”. Citado pelo The Guardian, o capitão Andrew Mariner, da polícia de Essex referiu que as investigações estão em curso para apurar o que aconteceu. “Estamos a proceder à identificação das vítimas, algo que prevejo ser um processo moroso”, projectou.
O antigo director das autoridades de imigração, David Wood, revelou à BBC que a rota que o camião fez é pouco usual. “Fez um trajecto estranho, porque Zeebrugee é um porto de carga e contentores, portanto, não é um porto onde se dê prioridade a fiscalização de imigração. À primeira vista, diria que é uma rota apetecível para este tipo de organizações criminosas”, aponta David Wood.
À medida que as formas de entrar no Reino Unido legalmente diminuem, os métodos de transporte que colocam em perigo a vida dos imigrantes aumentam. Tais métodos incluem “empilhar” pessoas em pequenos compartimentos na parte refrigerada no fundo do camião, ou fazer travessias arriscadas por mares revoltos em pequenas embarcações.

Cúmulo do desespero

De acordo com dados oficiais, este ano até Junho, o Reino Unido concedeu asilo, protecção humanitária e outras formas de autorização de permanência a 18.519 pessoas. Porém, de acordo com o The Guardian, é difícil conseguir asilo no Reino Unido, que acolhe apenas 1 por cento de todos os refugiados do mundo.
Além disso, as políticas de imigração estão a seguir caminhos cada vez mais hostis para os que chegam às fronteiras britânicas, como a detenção sem tempo máximo, algo que pode afastar quem procura asilo das autoridades, por receio de serem detidos.
Sem papas na língua, o Conselho para o Bem-estar dos Imigrantes emitiu um comunicado a criticar as políticas públicas, ligando-as ao episódio macabro do camião. “Que ninguém duvide que a derradeira responsabilidade por estas mortes é das políticas do Governo, que deliberadamente decidiu fechar as rotas para se entrar legalmente e em segurança no Reino Unido. Precisamos de muito mais que do que expressões vazias de choque e pesar de Priti Patel e Boris Johnson. Precisamos de um compromisso para a abertura de vias legais e seguras de acesso, assim como de decisões rápidas para quem procura uma vida melhor no Reino Unido. As pessoas movem-se, sempre o fizeram, sempre o vão fazer e ninguém deveria ter de arriscar a vida por isso”.
No ano passado, mais de 35 mil tentativas de atravessar o Canal da Mancha ilegalmente foram travadas pelas autoridades. Durante o mesmo período de tempo, mais de 8 mil pessoas foram detectadas, já em solo britânico em portos de entrada, por terem passado a fronteira de automóvel sem cumprirem os requisitos legais para o fazer.
Em 2018, as 10 nacionalidades que mais frequentemente foram apanhadas em postos de controlo eram nacionais da Eritreia, Iraque, Afeganistão, Irão, Albânia, Sudão, Vietname, Paquistão, Síria e Etiópia.

25 Out 2019

Delegação talibã em conferência patrocinada pela China para negociar a paz no Afeganistão

[dropcap]U[/dropcap]ma delegação do movimento talibã participa na China, nos próximos dias 28 e 29, numa nova ronda de diálogo inter-afegão para a paz, anunciou ontem fonte dos rebeldes.
Segundo o porta-voz dos rebeldes, Zabihullah Mujahid, a delegação, que integra 15 pessoas e será dirigida pelo mullah Baradar, chefe da representação do movimento no Qatar, foi convidada pelas autoridades chinesas na sequência do fracasso das negociações realizadas em setembro nos Estados Unidos.

“Todas as partes políticas foram convidadas para a conferência, mas a título pessoal”, onde “apresentarão as suas posições”, acrescentou o porta-voz.

A formação rebelde, que há um mês tinha já enviado uma delegação de nove membros à China, indicou que o diálogo será realizado no âmbito das negociações em Moscovo, capital da Rússia, e Doha, capital do Qatar, para encontrar um caminho para a paz após 18 anos de guerra no Afeganistão.

O porta-voz da representação dos talibãs em Doha, Suhail Shaheen, também confirmou a reunião na sua conta pessoal na rede social Twitter. O anúncio da conferência acontece após o encontro na terça-feira do mullah Baradar com o enviado especial chinês para o Afeganistão, Deng Xijun, segundo os rebeldes.

O Governo afegão celebrou o anúncio da reunião, “com a expectativa de que seja um passo em frente no processo de paz”, mas disse que ainda está em conversações com as autoridades chinesas para avaliar se participa ou não.

“Caso sejam cumpridos os padrões e condições apropriados, iremos tomar uma decisão em relação à nossa participação”, assegurou em comunicado o Departamento para a Paz, tutelado pelo gabinete do Presidente afegão, Ashraf Ghani.

Nos últimos meses, a violência contra a população civil tem aumentado, atingindo números recordes entre Julho e Setembro. De acordo com os dados mais recentes da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA), 1.174 civis foram mortos e 3.139 ficaram feridos nesse período de tempo, o maior número de vítimas civis registadas pela UNAMA num único trimestre desde que se começou a registar as vítimas do conflito, em 2009.

A Missão da ONU salientou que as numerosas vítimas civis ocorreram enquanto os EUA e a formação insurgente se reuniam no Qatar para tentar chegar a um acordo de paz, antes do Presidente norte-americano, Donald Trump, interromper as negociações em Setembro passado.

O diálogo foi suspenso abruptamente por Trump após um ataque dos talibãs em Cabul, que resultou na morte de um cidadão norte-americano.

24 Out 2019

Governo de Macau descarta para já acordo judiciário com Hong Kong e China

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau descartou a possibilidade, neste momento, de um acordo de cooperação judiciária entre Macau, Hong Kong e a China continental, alegando falta de consenso entre as três partes.

“Neste momento não existe nenhum plano” para a apresentação de um acordo de cooperação judiciária inter-regional, disse a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, segundo um comunicado, à margem da assinatura de um acordo de extradição relativo à entrega de infractores em fuga entre o território e a Coreia do Sul.

Um possível acordo “carece de consenso das três partes”, assumiu a responsável. Estas afirmações acontecem no mesmo dia em que o Governo de Hong Kong retirou formalmente a proposta de emendas à lei de extradição na origem dos protestos pró-democracia que provocaram a maior crise política desde a transferência de soberania do Reino Unido para China, em 1997.

As emendas à lei de extradição em Hong Kong teriam permitido a transferência de fugitivos para jurisdições com as quais Hong Kong não tem acordo prévio, incluindo Taiwan e a China continental.

O acordo ontem assinado entre Macau e a Coreia do Sul visa “reforçar a cooperação mútua no âmbito da entrega de infractores em fuga entre as duas jurisdições, com vista a apurar a responsabilidade penal do agente e o cumprimento da pena que lhe foi aplicada, assegurar e fazer a justiça, bem como salvaguardar a segurança e a estabilidade social”, segundo um comunicado do gabinete da secretária para a Administração e Justiça.

Na sequência de um acordo semelhante assinado, em maio, entre Macau e Portugal, a Ordem dos Advogados portuguesa manifestou, em finais de Julho, “preocupantes reservas” quanto à constitucionalidade do documento, preocupações que o Ministério da Justiça descartou, garantindo que o acordo está em “perfeita conformidade com a Constituição” portuguesa e demais “instrumentos internacionais aplicáveis”.

No mesmo comunicado, o Governo de Macau disse também que vai promover acordos de cooperação judiciária com os países ao longo da iniciativa chinesa “Uma Faixa, uma Rota”, incluindo os de língua portuguesa.

24 Out 2019

Segurança | Pedida revisão do regulamento contra incêndios 

[dropcap]L[/dropcap]eong Sun Iok, deputado à Assembleia Legislativa (AL) interpelou, por escrito, o Governo, a fim de saber se vai ser realizada uma revisão do Regulamento de Segurança contra Incêndios, em vigor desde 1995, a fim deste diploma obrigar a inspecções regulares nos edifícios comerciais e habitacionais, além de exigir a manutenção e reparação dos equipamentos ligados à segurança contra incêndios.

O deputado pretende também saber se o Governo irá introduzir novos equipamentos de combate aos fogos, tal como drones, a fim de melhorar as acções de resgate. Leong Sun Iok deseja ainda que as autoridades reforcem as disposições relativas à segurança pública no futuro planeamento urbanístico, para assegurar a acessibilidade por parte do Corpo de Bombeiros nas operações de emergência.

Por outro lado, pretende que se realizem acções de formação para os administradores de gestão dos edifícios, para reforçar a capacidade e sensibilização ao nível da prevenção de catástrofes.

24 Out 2019

Segurança | Pedida revisão do regulamento contra incêndios 

[dropcap]L[/dropcap]eong Sun Iok, deputado à Assembleia Legislativa (AL) interpelou, por escrito, o Governo, a fim de saber se vai ser realizada uma revisão do Regulamento de Segurança contra Incêndios, em vigor desde 1995, a fim deste diploma obrigar a inspecções regulares nos edifícios comerciais e habitacionais, além de exigir a manutenção e reparação dos equipamentos ligados à segurança contra incêndios.
O deputado pretende também saber se o Governo irá introduzir novos equipamentos de combate aos fogos, tal como drones, a fim de melhorar as acções de resgate. Leong Sun Iok deseja ainda que as autoridades reforcem as disposições relativas à segurança pública no futuro planeamento urbanístico, para assegurar a acessibilidade por parte do Corpo de Bombeiros nas operações de emergência.
Por outro lado, pretende que se realizem acções de formação para os administradores de gestão dos edifícios, para reforçar a capacidade e sensibilização ao nível da prevenção de catástrofes.

24 Out 2019

A Índia e o desempenho político

“Good governance with good intentions is the hallmark of our government. Implementation with integrity is our core passion”.
Narendra Mod

 

[dropcap]A[/dropcap] Índia nas eleições de 19 Maio de 2019 esteve no centro da atenção mundial.  O actual primeiro-ministro Narendra Modi lutava por um segundo mandato, em um país que tem uma população de mil milhões e trezentos e quarenta milhões de pessoas, mil oitocentos e quarenta e um partidos, mais de oitocentos candidatos, novecentos milhões de eleitores pelo que se torna potencialmente, o maior exercício de democracia do mundo. A votação decorreu em sete fases ao longo de trinta e nove dias para os setecentos e cinquenta assentos do Parlamento, constituído pela Câmara Baixa (Lok Sabha) com quinhentos e quarenta e cinco assentos e a Câmara Alta (Rajya Sabha) com duzentos e quarenta e cinco assentos.

A maioria seria conseguida com duzentos e setenta e dois assentos, tendo o Partido do Povo Indiano de Narendra Modi ganho com duzentos e oitenta e dois deputados. Tanto os eleitores quanto os formuladores de políticas na Índia, enfrentaram uma distorção de informações ao considerar as suas escolhas na eleição e as prioridades do programa governativo após as mesmas, pois existiam inúmeros impressos sobre o governo Modi que circularam nos meios de comunicação tradicionais e sociais, incluindo os preparados pelo próprio governo e que também infelizmente sofreram de desinformação e confusão nos meios de comunicação.

É de considerar que outro elemento crítico ausente, especialmente para um país como a Índia com grandes aspirações globais, é uma avaliação objectiva do desempenho do governo em áreas políticas, como bem-estar do cidadão, crescimento económico e funcionamento das instituições públicas. É necessário para resolver essa lacuna que seja desenvolvida uma estrutura de avaliação de desempenho com três atributos, como medidas de progresso orientadas por dados em um amplo espectro de objectivos em termos de políticas;  progresso em relação a um grupo comparável de mercados emergentes;  e, dada a ênfase do governo indiano na tecnologia como um direccionador de políticas, comparações com os padrões globais de tecnologia estabelecidos pelos governos digitalmente mais avançados do mundo.

A avaliação do desempenho político de qualquer país pode ser medida em três grandes áreas como o bem-estar dos seus cidadãos;  a robustez da economia;  e o funcionamento das suas instituições.  É de utilizar uma referência global para essa análise, com base no desempenho dos países “Digital 5 (D5)” como são a Estónia, Israel, Nova Zelândia, Coreia do Sul e Reino Unido, para capturar os padrões estabelecidos pelos governos digitalmente mais avançados do mundo. A adaptação da estrutura a essa análise do desempenho da política da Índia deve manter o D5 como um padrão global, e também criar uma nova referência usando um grupo de pares comparáveis, ​​que compreende cinco países de mercados emergentes como a Índia, Nigéria, Filipinas, México e Polónia.

O grupo geograficamente diverso oferece diferentes estágios de desenvolvimento económico, e representa democracias que estão no meio ou acabam de sair de um ciclo eleitoral.  Todos os cinco países também estão a emergir em termos das suas economias digitais sendo considerados países “emergentes”, pelo “Índice de Evolução Digital” que serve para rastrear o surgimento de um “planeta digital”, como física interacções em comunicação, intercâmbio social e político, comércio, media e entretenimento que estão a ser deslocadas por outros meios digitais, sendo identificados muitos pontos críticos em todo o mundo, e cujas mudanças estão a ocorrer rapidamente e outros em que o ritmo diminuiu. Independente de onde residimos, continuamos a avançar em diferentes velocidades em direcção ao planeta digital. Nesse grupo de pares, dois países, a Nigéria e as Filipinas, estão próximos da Índia em termos de PIB per capita, e dois outros estão mais avançados.

O México é um país mais rico, mas está próximo da Índia em termos de dinamismo da sua economia estando classificado perto da Índia no “Índice Global de Inovação (GII na sigla inglesa)” que é uma classificação anual dos países por capacidade e sucesso em inovação. É publicado pela Universidade de Cornell, Instituto Europeu de Administração de Empresas (INSEAD), e pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual, em parceria com outras organizações e instituições, e é baseado em dados subjectivos e objectivos derivados de várias fontes, incluindo a União Internacional de Telecomunicações, o Banco Mundial e o Fórum Económico Mundial. O índice iniciou-se em 2007 pelo INSEAD e pela revista britânica World Business.

O GII é comummente usado por funcionários de empresas e governos para comparar países pelo seu nível de inovação. O GII é calculado tomando uma média simples das pontuações em dois subíndices, o “Índice de Contribuição da Inovação” e o “Índice de Resultados da Inovação”, que são compostos por cinco e dois pilares, respectivamente, sendo que cada um desses pilares descreve um atributo de inovação e compreende até cinco indicadores, e a sua pontuação é calculada pelo método de média ponderada. A Polónia ajuda a estabelecer uma meta de longo prazo para o avanço económico; enquanto fizer parte do processo de procura das melhores práticas numa determinada indústria pelo Morgan Stanley Capital International and MSCI Barra, e conhecido por “MSCI Índice de Mercados Emergentes”, e que captura a representação de grandes e médias empresas em vinte e seis países de “Mercados Emergentes (EM na sigla inglesa)”.

Tendo mil e duzentos e dois constituintes, o índice cobre aproximadamente 85 por cento da capitalização de mercado ajustada à flutuação livre em cada país. A Polónia está próximo de se mover de emergente à situação económica de avançado, e foi promovido ao estatuto de avançado pelo FTSE International Limited que negoceia como FTSE Russell, que é uma fornecedora britânica de índices do mercado de acções e serviços de dados associados, integralmente detida pela “Bolsa de Valores de Londres (London Stock Exchange; LSE, em inglês)”.

Quanto às votações os mexicanos votaram no dia 30 de Junho de 2018, para escolher um novo presidente em uma campanha histórica.

Todas as pesquisas apontavam que Andrés Manuel López Obrador, o líder esquerdista do Partido Morena, seria o presidente da segunda maior economia latino-americana para um mandato de seis anos e que acabou por ser eleito presidente, com o maior respaldo popular da história, obtendo mais de 53 por cento dos votos. Tratou-se de uma viragem à esquerda, no momento em que parte da América Latina elege opções mais conservadoras e na disputa fronteiriça e comercial com a Administração Trump. As eleições contavam com oitenta e nove milhões e trezentos mil eleitores, que votaram em uma campanha marcada pela violência, incluindo o extermínio de dezenas de candidatos, e pelos escândalos do partido do governo, PRI.

Além do presidente, os mexicanos elegeram quinhentos deputados e cento e vinte e oito senadores. A Nigéria, o país mais populoso de África com cento e noventa milhões de habitantes e oitenta e quatro milhões de eleitores, teve eleições a 23 de Fevereiro de 2019, que reelegeu o presidente Muhammadu Buhari (entre dois mil e trezentos candidatos) e trezentos e sessenta deputados e cento e nove senadores. As eleições foram pautadas por extrema violência com cinquenta e três mortos. A eleição geral das Filipinas foi realizada a 13 de Maio de 2019. Tratou-se de uma eleição de meio de mandato em que os eleitos tomaram posse a 30 de Junho de 2019.

As eleições visavam doze assentos no Senado, todos os assentos na Câmara dos Deputados, as posições de nível provincial, os cargos a nível de cidade e os cargos a nível municipal. A Polónia que é o país mais populoso e a maior economia que aderiu à União Europeia (UE) no alargamento de 2004, realizou eleições a 13 de Outubro de 2019, tendo o partido da direita conservadora Lei e Justiça, que está no poder na Polónia desde 2015, vencido as eleições legislativas por 43,6 por cento, conquistando duzentos e trinta e nove assentos dos quatrocentos e sessenta do Parlamento, o que constitui uma margem ainda mais confortável do que na votação anterior. Este grupo de cinco países de mercados emergentes é designado por EM5.

A análise desses países é realizada pela reunião de dados de cento e setenta e oito indicadores diferentes de mais de quarenta fontes, incluindo os públicos e privados e usa-se a melhor pontuação para cada indicador criar o parâmetro de referência EM5. A metodologia para chegar a esse novo parâmetro de referência segue a utilizada para o parâmetro D5, criado como parte da iniciativa de pesquisa das sociedades inteligentes. Dado o grande número de indicadores analisados, é possível organizar para que cada indicador possa ser classificado em um dos doze componentes principais do parâmetro de referência que são “Cidadão/Pessoas” que consideram inclusividade, ambiente e qualidade de vida, talento e condição humana e desenvolvimento de talento; as “Componentes da Economia” que consideram a conexão global, robustez económica, ecossistema empreendedor e capacidade de inovação e as “Instituições Componentes” que consideram a liberdade de expressão, confiança, segurança e protecção e serviços públicos.

É escolhido o tempo de análise com o ponto médio do actual governo indiano e para permitir melhores comparações com o grupo de pares, sendo especificamente, de evitar actividades relacionadas à campanha e outros factores nos países de comparação que possam obscurecer o cenário, formulando perguntas de como os países das EM5 se comparam entre si e com o parâmetro de referência D5 global?  Como a Índia, em particular, actua em relação aos seus pares?

Para cada país, calcula-se a pontuação para o seu desempenho em cada uma das doze componentes.  As pontuações ajudam a facilitar várias comparações entre a Índia e outro país;  entre qualquer conjunto de países e o EM5;  e contra os parâmetros de referência EM5 e D5.  Essa estrutura também oferece uma perspectiva para cada país em áreas relativas de pontos fortes e fracos em áreas individuais.

É de considerar que para ter uma ideia de como as pontuações foram derivadas, pode-se escolher uma componente e inquirir quão bem um país está a caminhar em termos de facilitar uma sociedade inclusiva?  A componente de inclusão, como todos as outras, recebe uma pontuação, que é baseada nas pontuações obtidas ao longo de vários factores contribuintes.  A pontuação de inclusão é um agregado de pontuações obtidas por vários factores, incluindo inclusão no mercado de trabalho, mobilidade económica, diversidade e aceitação de políticas governamentais que promovem a inclusão.  Se observamos também como essas pontuações mudaram ao longo de um período de cinco anos, é possível entender como o desempenho melhorou ou declinou até ao ponto da avaliação, que está no meio de um mandato da administração.

A questão primordial para os eleitores indianos é os empregos.  Ainda que a Índia tenha um longo caminho a percorrer na construção dos níveis necessários de aptidões e educação preparadas para o trabalho no abundante conjunto de mão-de-obra do país, tem o desempenho mais forte entre os EM5 em “Desenvolvimento de Talentos”, bem como em outras questões importantes. Os empreendimentos são capazes de encontrar pessoas com as habilidades correctas, pois os trabalhadores indianos oferecem o maior contentamento entre as EM5 no Toptal que é uma plataforma que liga empresas com engenheiros de software, designers e consultores de negócios em todo o mundo.

A aptidão da Índia para atrair talentos do exterior deve-se à sua capacidade de possuir o maior número de confirmações de empreendedorismo e investimento de todos os países das EM5, tornando-a atraente para empresários e investidores. Além de uma maior disponibilidade de serviços de formação públicos e privados, geralmente há mais indianos registados em plataformas de educação on-line de várias fontes internacionais do que os outros quatro países. A Índia lidera as EM5 em inovação.  O Fórum Económico Mundial atribui à Índia uma classificação de 4,5 a 7 nos gastos de P&D de empresas que é o valor mais alto das EM5, com 73 por cento do D5. Os indivíduos, empresas e governos estão dispostos a inovar, pois entre os seus pares das EM5, a classificação da capacidade de inovação da Índia pelo Fórum Económico Mundial é a segunda depois das Filipinas. As “startups” indianas receberam o maior número de investimentos e em estágio inicial, em comparação com os outros países das EM5.

A Índia alcançou 44 por cento do D5 e lidera as EM5 em termos de condições favoráveis ​​para iniciar um negócio e representa 45 por cento do valor de referência D5.  Dito isto, leva tempo para iniciar um negócio na Índia, em média trinta dias, em comparação com a média D5 de cinco dias e a média EM5 de vinte e quatro dias. O forte desempenho da Índia em inovação em relação aos parâmetros de referência, é ajudado pela ênfase do governo na adopção dos serviços digitais e pela priorização de uma indústria robusta de NTIC. O estado da saúde pública, meio ambiente e o grau de inclusão são as principais áreas de fraqueza da Índia em relação às EM5 e em uma pesquisa da Gallup realizada em 2017, apenas 3 por cento dos entrevistados na Índia relataram sentir que estão a prosperar, em contraste com a média das EM5 que é de 24 por cento.

Ainda que os padrões de saúde na Índia estejam a melhorar, a sua expectativa de vida permanece baixa em sessenta e oito anos, em comparação com os quase setenta e oito anos da Polónia. As mulheres representam apenas 24,5 por cento da força de trabalho total da Índia, em comparação com 45 por cento da Polónia e 45,5 por cento da força de trabalho da Nigéria. O PIB por pessoa empregada na Índia tem aumentado 29 por cento desde 2012, o que fica abaixo da média das EM5 em produtividade. Comparando a Índia com os dois países mais próximos em termos socioeconómicos, a Nigéria e Filipinas, a Índia supera a Nigéria em todos as suas componentes, excepto nas “Liberdades e Inclusão”, e posiciona-se melhor do que as Filipinas em “Desenvolvimento de Talentos, Serviços Públicos e Inovação”. É particularmente notável o desempenho mais fraco da Índia em termos de inclusão em geral.  Entre as muitas lacunas, é de considerar a baixa participação das mulheres na força de trabalho.

Quando comparada com países mais ricos, como México e a Polónia, a Índia supera o México em várias componentes como confiança, desenvolvimento de talentos, segurança e protecção e serviços públicos.   A Índia supera a Polónia no desenvolvimento de confiança e talento.  A Índia tinha a maior confiança nas instituições governamentais entre as EM5.  No entanto, o México possui uma população mais satisfeita, com 41 a afirmarem que estavam a prosperar contra 30 por cento dos polacos e uns sombrios 3 por cento dos indianos como foi referido. A forma como os indianos votaram mostrou que o governo de Modi avançou em várias frentes, principalmente na educação, desenvolvimento de aptidões e apoio à inovação e melhorou a confiança nas instituições governamentais em relação às administrações anteriores e em relação ao grupo de pares.

A Índia tinha melhorado em sete das doze componentes durante um período de cinco anos que antecedeu 2016 e 2017.  Ainda existem áreas cruciais em que a Índia está atrasada em relação aos seus pares como menos liberdades, baixa produtividade e significativamente, progresso insuficiente para a construção de uma sociedade mais inclusiva. A robustez económica também sofreu, com uma combinação de medidas drásticas, como a desmonetização, má implementação da reforma tributária e políticas cada vez mais proteccionistas.  O novo governo em exercício deve reformular as más políticas anteriores para garantir um crescimento inclusivo e o papel da Índia como uma potência global emergente.  Afinal é de esperar que a grande economia que mais cresce no mundo nos próximos anos e o desempenho desigual em relação aos seus pares e processo de procura de melhores parâmetros referenciais a nível global não seja razão suficiente para minar o impacto do país no mundo.

24 Out 2019

Riqueza decrépita

[dropcap]J[/dropcap]á todos estamos fartos da conversa da terra dos contrastes, da polarização e extremos a cada esquina, mas a realidade está-se bem nas tintas para preferências pessoais. Macau tem um dos maiores PIB per capita do mundo, um dos sítios mais ricos do mundo ao mesmo tempo que não consegue arranjar dinheiro para ter uma rede de saneamento decente, ou, como foi noticiado esta semana, capaz de pagar extintores para combater incêndios. É notável.

Quem entra num prédio na Areia Preta, no Porto Interior, em qualquer lado excepto nas bolhas de extrema riqueza, diria estar numa cidade pobre. Equipamentos decrépitos, edifícios com a pintura em péssimo estado que mais parece sofrer de uma doença crónica, escoamento de esgotos directamente para o rio, tratamento de águas residuais uma miragem.

As questões levantadas pelo incêndio de domingo, que felizmente não causou nenhuma morte, revelam debilidades que não se coadunam com a situação financeira da cidade, nem com chavões como “cidade inteligente”. Como é possível que se descure a segurança por uns trocos? Não quero responsabilizar o Governo, que é chamado a resolver tudo quando ninguém quer mexer uma palha, o que acontece sempre, em todas as ocasiões. Existe uma relação doentia entre falta de civismo e uma espécie de infantilização da sociedade civil, acolhida paternalmente pelo Estado.

A 10 ou 15 minutos a pé do edifício que não compra extintores porque são muito caros encontramos o stand da Lamborghini Macau, o Showroom da Bentley e o Stand da Aston Martin. Vou deixar este facto entranhar bem fundo na psique do leitor.

24 Out 2019

Universos intransferíveis

[dropcap]C[/dropcap]ristiano Reinaldo, és o meu maior fã!”, lia-se num cartaz exibido na bancada do Portugal-Luxemburgo. Percebe-se nesta frase como nas experiências performáticas o activo e o observador fazem um, é uma mera questão de transferência, neste caso assumida. Não actua Ronaldo “para” a bancada?

De igual modo se explica o êxito da autoficção nos últimos anos. Segundo Régine Robin, vinga nela um desejo de Proteu, o desejo de “ocupar todos os lugares”, desempenhando todos os papéis: “Representar todos os outros que estão em mim, me transformar em outro, dar livre curso a todo processo de virar outro, virar seu próprio ser de ficção ou, mais exatamente, esforçar-se para experimentar no texto a ficção da identidade; tantas tentações fortes, quase a nosso alcance e que saem atualmente do domínio da ficção”. Precisamente, o sujeito narrado é um sujeito fictício na medida em que se transformou num ser de linguagem. Para nós, filhos de Pessoa, isto é uma banalidade de base. A diferença é que Pessoa foi pioneiro. Foi pioneiro da estética da banalidade que se projectou com tais premissas, sem culpa própria ou retroactiva.

Em 39 houve o caso extraordinário de Idade do Homem, de Michel Leiris, seguido de perto pelo furacão Henry Miller, e no declinar dos setenta há um caso muito interessante de autoficção, Le Roman Vécu, de Alain Jouffroy, um poeta francês que merecia ser mais lido. Em Espanha fez furor o Francisco Umbral, e em Portugal também deveria tê-lo feito o Ruben A., era o país demasiado triste. Todos os demais casos de autoficção que vingaram, Bukovski ou o cubano Gutierrez parecem-me francamente menores em relação aos primeiros exemplos, e só a vulgaridade que se emula pela identificação, no plinto para a transferência, explica o sucesso.

Hoje, a autoficção satura, porque, entretanto, se premiaram a trivialidade e a arte de não ter talento. Basta figurar que a todos nos parecemos, para isso ser sinónimo de êxito pois o mecanismo da transferência é também expediente da psicologia dos carneiros.

Também andei por essas águas, metade dos meus livros narrativos, nomeadamente As Cinzas de Maria Callas, Tormentas de Mandrake e Tintin no Congo, A Maldição de Ondina e Éter – sulcam esse território.

Com os dois últimos livros, A Paixão Segundo João de Deus, e agora, Fotografar Contra o Vento, estou nos antípodas. Construo um universo paralelo e avanço fantasia dentro. E há (desde as Tormentas…) um trabalho sobre a linguagem, só me apanharão em descrições do tipo “a marquesa saiu de casa às cinco da tarde” se o relógio da marquesa estiver menstruado. Aos lugares comuns, uso-os, aconselhava o Hitchcock, para os desconstruir.

Fotografar Contra o Vento é uma “valsa de inadaptados”. Um romance de personagens, não exactamente “ratés”, mas que simplesmente procedem segundo uma lógica muito diversa.

Hoje, ao calcorrear a caminho do pão, pensando na frase do cartaz, percebi porquê. Quando procedemos segundo o bom senso e temos um comportamento “normal” situamo-nos numa dimensão de permutabilidade. Temos um valor situacional mas somos substituíveis na dinâmica do grupo. Pertencemos a algo maior que nós, e neste sentido aquele fã de futebol é facilmente substituível por outro, é apenas uma parcela momentânea na equação. As personagens dos livros/filmes realistas são habitualmente criaturas que atravessam uma crise, após o que voltam a ser “normais”.

Os meus personagens são peões de universos intransferíveis. Com eles não há clonagem, só têm a diferença para oferecer, não são convertíveis à troca. Como Quixote, como Bartebly, como o Capitão MacWhirr, do Tufão, de Conrad, como João de Deus, perdoem-me a pretensão.

Eis a contracapa: «Madrid, 22 de Maio de 2004. Após o desfile dos noivos Felipe de Bourbon e Letícia Ortiz pela cidade, os madrilenos seguem fascinados a cerimónia do casamento pela televisão. A esplanada do bar Katmandu, em Lavapiés, está à pinha e quando à pergunta do arcebispo se seguiu o juramento de Letízia Ortiz, que não gaguejou, parecia ler um teleponto, o gáudio encheu a esplanada de saúdes.

De repente, um homem vestido de toureiro sai numa corrida de dentro de bar, aos gritos de “terrorista”, e, com o capote aberto, aplaca a jovem que atravessara a esplanada e se preparava para se fazer explodir.

Como chegou ali Tomás Pinto Lume – aquele português bizarramente em traje de luces e com um ar combalido, que, logo a seguir a ter abortado o atentado, se retirou discretamente, furtando-se aos louros para mergulhar no mais enigmático anonimato?

Fotografar Contra o Vento segue o rasto deste anti-herói, um homem com sonhos e, sobretudo, uma ideia de dignidade um pouco entorpecente para qualquer trajectória de sucesso.

E quem é aquela figura, Cosmo, o aragonês – ex-jornalista internacional no Afeganistão, de onde regressou a pé para expiar uma culpa e se tornar vagabundo -, que por toda a parte se move como a sombra daquele falho toureiro, como se fossem dois palhaços fugidos ao cirque du soleil?

É confiável quem assegura ter por ideia fixa a mania de que Cervantes terá inutilizado a mão direita (e não a esquerda) na batalha de Lepanto, ou é um lunático, um aproveitador inescrupuloso? Como se encontraram as duas criaturas, tão diferentes entre si?

Pode um mundo mergulhado no cinismo ser ainda resgatado por uma história de amor, no trânsito entre um decadente bar de alterne (que há vinte anos abre com Life on Mars, a canção de Bowie) e a pensão Assis, tendo aos pés da cama um galgo afegão que dá pelo estranho nome de Beverly Hills? E como raio se relacionam estes personagens com o rapto daquela criança numa quinta dos arredores de Madrid?»

Alguma vez Pinto Lume fará uma faena? Nunca se tratou da tauromaquia. É apenas um homem que persegue um sonho e que rapidamente se entediaria se este se realizasse. O direito ao sonho é que o move. E no encalce deste direito paga todos os preços.

24 Out 2019

Catalunya

[dropcap]T[/dropcap]odas as gramáticas resultam da pressão da realidade e são, por isso mesmo, efémeras. Não é a lei que dita a realidade, é esta que a vai moldando. Sejam dispositivos contingentes ou constituições pensadas para um arco temporal mais vasto, a lei é sempre matéria sujeita a erosão e não o contrário. É o mar que constrói as arribas e não as arribas que moldam as ondas. Como diria o poeta Jaime Rocha, ao relembrar a sua infância na Nazaré, “é o mar e só o mar que nunca pára”.

Eu tinha 13 anos na promissora primavera de 1968, quando Joan Manuel Serrat declarou que apenas iria ao festival da eurovisão se cantasse em Catalão. Para Franco e para a sua ditadura, foi um ultraje, uma verdadeira afronta, pois a língua catalã estava proibida. Repito: estava proibida. Massiel, um moçoila de bochechas largas e mini-saia rendada, substituiu Serrat e venceu o festival, com o seu “La, la, la” cantado em Castelhano (obteve mais um ponto do que ‘Congratulations’ de Cliff Richard).

Já se vê que proibir uma língua não é o mesmo que testemunhar a sua morte lenta. Uma lei que interdita e uma gramática que deixa de fazer sentido são coisas radicalmente diversas. Recuemos, pois, 12 séculos. No ano de 842, dois exércitos encontraram-se perto de Estrasburgo, no coração da Europa. Os contendores eram netos de Carlos Magno e filhos de Luís, o Piedoso. De um lado, os irmãos Carlos, o Calvo, e Luís, o Germânico; do outro lado, um terceiro irmão chamado Lotário.

O objectivo dos primeiros passava pela partilha do império carolíngeo, afastando da contenda as ervas daninhas.

Antes da batalha, Carlos e Luís leram em voz alta um juramento. Embora não fosse nada habitual na época, as palavras acabaram por ficar registadas por escrito. Pode assim hoje constatar-se que a língua a que ainda chamavam “Latim” estava já muito longe de o ser na prática. Não vou aqui transcrever o texto, mas, seguindo o raciocínio do linguista Tore Janson*, bastará referir que as flexões verbais e as terminações se encontravam muitíssimo simplificadas. Ainda que existissem vocábulos reconhecíveis em Latim, a língua já era claramente outra, razão por que, dois séculos e meio depois, viria a ser baptizada com o nome de Roman e, por vezes, de François.

O facto decisivo, segundo Janson, prende-se com a tomada de consciência. Ou seja (citando): “O Latim deixou de existir como língua falada, quando as pessoas deixaram de considerar o que falavam como Latim”. Em 1530, o “Lesclarcissement”, a primeira gramática francesa, pôde já respirar à vontade e vincar as suas regras sobre a língua que então se falava na região parisiense, embora só um século e meio depois o Francês se viesse a uniformizar na sua forma actual. O que parece estático, reergue-se sempre numa direcção por vezes inesperada.

No século XVI, Montaigne recorreu à língua de uso comum, mas não deixou de elogiar a pujança e o fulgor dos dialectos locais, recorrendo, de modo fortuito, ao latim apenas para citar os clássicos. Petrarca e Dante escreveram em Florentino, embora se reconheça ao segundo uma maior imersão no “prezioso volgare” que respirou e viveu por dentro. Camões saltitou entre o Português e o Castelhano e, tal como referiu Fernando Venâncio, nunca pareceu realmente “acreditar num Português castiço, autónomo e irredutível”; apesar de se comprometer com a “modernização do Português culto”, fê-lo “com recurso a criações castelhanas e ao Latim do castelhano”. O que parece estático, está, de facto, sempre a reerguer-se numa direcção inesperada.

É óbvio que a realidade é muito mais complexa do que mil ditames e versículos. Explode facilmente enquanto os deuses, as constituições e as gramáticas fazem as suas contas. Não é por acaso que Nietzsche deixou escrito no Crepúsculo dos deuses: “Receio que não nos livraremos de deus, pois ainda cremos na gramática…”.

Olhamos hoje para as ruas de Barcelona e percebemos que tudo pode ser uma ilusão. Uns dirão que é a parte mais rica de Espanha a querer ‘abandonar o barco’; outros dirão que se trata da sublimação do 1640 que foi de revés nas terras do levante. Outros ainda, nos resguardos de Madrid, gritarão que a constituição é o estado de direito e que o estado de direito é a constituição e que daqui não se sai, mesmo se o mar nos disser (em voz ainda mais alta) que nunca pára, que nunca parará. Mas a verdade é que tudo aquilo que parece estático, se reergue inevitavelmente noutras direcções. A uma tomada de consciência que já resistiu a tantos ditadores ‘generalíssimos’ ao longo de séculos, só se pode ser alheio por pura hipocrisia.


Janson, Tore. História das línguas. Através Editora, Lisboa (2012) 2018, pp. 151-153.
– Salema, Isabel. O português como língua de Camões é um mito [Em linha]. 20 Abr. 2016. Disponível aqui. [Consult. 18 Out. 2019].

24 Out 2019

Timor-Leste | Peste Suína pode custar mais de 160 milhões de dólares

[dropcap]A[/dropcap] peste suína africana (PSA), que terá causado já a morte de 10 mil porcos em Timor-Leste, pode representar perdas totais de 160 milhões de dólares (aos agricultores do país, segundo um estudo académico.

“A PSA foi detectada em Timor-Leste em Setembro de 2019 e pode devastar as varas existentes, avaliadas em 160 milhões de dólares”, considera o estudo a que a Lusa teve acesso e que nota que mais de 70 por cento das famílias timorenses têm porcos.

Os dados fazem parte de uma investigação produzida por dois académicos da Universidade de Queensland, na Austrália – Dominic Smith da Escola de Agricultura e Tarni Cooper da Escola de Ciências Veterinárias – e dois elementos do Ministério da Agricultura e Pescas timorense, Abrão Pereira e Joanita Bendita da Costa Jong.

“Contabilizar os custos: o potencial impacto da Febra Suína Africana em pequenos agricultores em Timor-Leste” surge numa altura em que o Governo tem no terreno uma ampla equipa que está a tentar minimizar o impacto da doença.

O estudo considera que a PSA pode levar a “impactos negativos significativos em termos de segurança alimentar e de nutrição para muitas famílias”, com o país a enfrentar grandes desafios na sua resposta à doença.

O impacto da doença continua a crescer e o Ministério de Agricultura e Pescas (MAP) estima que a PSA possa já ter causado a morte a mais de 10 mil porcos, segundo dados recolhidos em 32 sucos de sete municípios.

O município de Manufahi é o que regista maior número de casos, segundo o MAP que tem no terreno uma equipa especializada a tentar implementar medidas de contenção e prevenção da PSA.

O número de animais afectados é muito maior do que se pensava até aqui, devido em grande parte ao processo de verificação se ter alargado a vários pontos do país.

A página da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), registava na sua mais recente actualização – até 17 de Outubro, apenas 100 focos da doença no município de Díli, com um total de 405 animais mortos.

Por toda a Ásia

Segundo a OIE, a doença foi detectada pela primeira vez em 9 de Setembro, tendo sido confirmada em 26 de Setembro.

Só na região da Ásia e Pacífico a OIE tinha registado até 17 de Outubro um total de 6.588 focos da doença em 12 países, com quase 4,3 milhões de animais mortos.

O maior número de casos ocorre na China com 159 focos responsáveis pela morte de quase 379 mil animais, seguindo-se Laos com 141 focos e 38.700 animais mortos.

O estudo nota que substituir um porco representa “um grande custo para as famílias” com o preço por cabeça a variar entre 150 e 600 dólares.

O último censo referia que em Timor-Leste havia cerca de 420 mil animais, com cada família a ter em média quase três porcos, ou um valor médio de mil dólares, “valor importante tendo em conta que o PIB é de 1.200 dólares per capita”.

A PSA é uma doença viral severa, sem vacinas, que se espalha por porcos vivos e mortos e carne de porco crua ou cozinhada com os primeiros casos a serem detectados na China em Agosto de 2018 e estando já em 11 países da Ásia.

24 Out 2019

Timor-Leste | Peste Suína pode custar mais de 160 milhões de dólares

[dropcap]A[/dropcap] peste suína africana (PSA), que terá causado já a morte de 10 mil porcos em Timor-Leste, pode representar perdas totais de 160 milhões de dólares (aos agricultores do país, segundo um estudo académico.
“A PSA foi detectada em Timor-Leste em Setembro de 2019 e pode devastar as varas existentes, avaliadas em 160 milhões de dólares”, considera o estudo a que a Lusa teve acesso e que nota que mais de 70 por cento das famílias timorenses têm porcos.
Os dados fazem parte de uma investigação produzida por dois académicos da Universidade de Queensland, na Austrália – Dominic Smith da Escola de Agricultura e Tarni Cooper da Escola de Ciências Veterinárias – e dois elementos do Ministério da Agricultura e Pescas timorense, Abrão Pereira e Joanita Bendita da Costa Jong.
“Contabilizar os custos: o potencial impacto da Febra Suína Africana em pequenos agricultores em Timor-Leste” surge numa altura em que o Governo tem no terreno uma ampla equipa que está a tentar minimizar o impacto da doença.
O estudo considera que a PSA pode levar a “impactos negativos significativos em termos de segurança alimentar e de nutrição para muitas famílias”, com o país a enfrentar grandes desafios na sua resposta à doença.
O impacto da doença continua a crescer e o Ministério de Agricultura e Pescas (MAP) estima que a PSA possa já ter causado a morte a mais de 10 mil porcos, segundo dados recolhidos em 32 sucos de sete municípios.
O município de Manufahi é o que regista maior número de casos, segundo o MAP que tem no terreno uma equipa especializada a tentar implementar medidas de contenção e prevenção da PSA.
O número de animais afectados é muito maior do que se pensava até aqui, devido em grande parte ao processo de verificação se ter alargado a vários pontos do país.
A página da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), registava na sua mais recente actualização – até 17 de Outubro, apenas 100 focos da doença no município de Díli, com um total de 405 animais mortos.

Por toda a Ásia

Segundo a OIE, a doença foi detectada pela primeira vez em 9 de Setembro, tendo sido confirmada em 26 de Setembro.
Só na região da Ásia e Pacífico a OIE tinha registado até 17 de Outubro um total de 6.588 focos da doença em 12 países, com quase 4,3 milhões de animais mortos.
O maior número de casos ocorre na China com 159 focos responsáveis pela morte de quase 379 mil animais, seguindo-se Laos com 141 focos e 38.700 animais mortos.
O estudo nota que substituir um porco representa “um grande custo para as famílias” com o preço por cabeça a variar entre 150 e 600 dólares.
O último censo referia que em Timor-Leste havia cerca de 420 mil animais, com cada família a ter em média quase três porcos, ou um valor médio de mil dólares, “valor importante tendo em conta que o PIB é de 1.200 dólares per capita”.
A PSA é uma doença viral severa, sem vacinas, que se espalha por porcos vivos e mortos e carne de porco crua ou cozinhada com os primeiros casos a serem detectados na China em Agosto de 2018 e estando já em 11 países da Ásia.

24 Out 2019

Televisão estatal chinesa não difunde início da temporada da NBA

[dropcap]A[/dropcap] televisão estatal chinesa CCTV não difundiu os jogos inaugurais da 74ª temporada da NBA, após o atrito entre o Governo chinês e a liga norte-americana de basquetebol, suscitado por um comentário de apoio aos protestos em Hong Kong.

O grupo de tecnologia chinês Tencent, que faz transmissão ‘online’, reduziu a programação prevista e difundiu apenas a partida entre os Staples Center Los Angeles Lakers e os Clippers.

A decisão surge após a polémica iniciada por uma mensagem difundida na rede social Twitter, que está bloqueada na China, pelo director-geral dos Houston Rockets, Daryl Morey.

No início do mês, Morey escreveu “Luta pela liberdade. Força Hong Kong”, ecoando uma máxima das manifestações anti-governamentais que se prolongam há cinco meses na região semi-autónoma chinesa.

Inicialmente as medidas de retaliação atingiram apenas os Houston Rockets, com vários parceiros comerciais chineses a suspenderam os seus negócios com o clube e a venda de equipamento dos Rockets a ser retirada das lojas.

Mas o Governo chinês voltou-se para toda a liga após o comissário da NBA Adam Silver ter defendido a “liberdade de expressão política” de Daryl Morey. Silver apoiou também o direito à liberdade de expressão de Joe Tsai, proprietário do clube Nets e co-fundador do grupo de tecnologia chinês Alibaba, que afirmou que Morey apoiou um “movimento separatista”.

O comissário da NBA disse ainda que a decisão da liga de pedir desculpas aos adeptos na China “não é inconsistente em apoiar o direito de alguém a ter o seu ponto de vista”.

Lamentos e ameaças

A NBA tentou inicialmente distanciar-se do incidente através de uma declaração em inglês em que classificou como “lamentável” a mensagem difundida por Morey.

Num comentário difundido este fim de semana, a CCTV disse que Adam Silver “pagará mais cedo ou mais tarde”, após este ter revelado, na semana passada, que as autoridades chinesas deixaram claro que queriam que Morey fosse afastado do seu cargo. O Governo chinês negou a alegação de Silver.

24 Out 2019

HK | Retirada formalmente proposta de emendas à lei de extradição

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Hong Kong retirou ontem formalmente a proposta de emendas à lei de extradição na origem dos protestos que provocaram a maior crise política desde a transferência de soberania do Reino Unido para China, em 1997.

“Anuncio agora formalmente a retirada do projecto de lei”, disse o secretário para a Segurança de Hong Kong, John Lee, no Conselho Legislativo (LegCo), o parlamento de Hong Kong. O Governo já tinha anunciado, a 9 de Setembro, que iria tomar esta decisão.

Os deputados pró-democracia procuraram, de seguida, questionar o governante, que se recusou a responder. A tão esperada retirada formal foi ofuscada pela saída da prisão, ontem, do suspeito do homicídio que levou o Governo de Hong Kong a propor emendas à lei de extradição vigente, na base da contestação social desde Junho.

Chan Tong-kai saiu ontem em liberdade, após 18 meses atrás das grades sob acusações de lavagem de dinheiro. O residente de Hong Kong é procurado pelas autoridades de Taiwan pelo alegado envolvimento no assassínio da namorada grávida, Poon Hiu-wing, de 20 anos, em Fevereiro de 2018, quando ambos se encontravam de férias na ilha Formosa.

As emendas à lei de extradição teriam permitido a transferência de fugitivos para jurisdições com as quais Hong Kong não tem acordo prévio, incluindo Taiwan e a China continental.

As autoridades de Taiwan afirmaram terça-feira que estavam dispostas a enviar uma delegação para levar Chan de volta à ilha para julgamento, mas Hong Kong rejeitou a oferta, dizendo que o suspeito deveria ter permissão para voar sozinho para Taiwan para se entregar.

Guerra antiga

A controvérsia está enraizada na falta de vontade de Hong Kong de reconhecer a legitimidade dos órgãos legais de Taiwan, que Pequim considera ser uma província separatista.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.

No entanto, Pequim considera Taiwan parte do seu território, e não uma entidade política soberana, e ameaça usar a força caso a ilha declare independência. Pequim cortou os mecanismos de diálogo com Taipé desde a eleição de Tsai Ing-wen, do Partido Progressista Democrático (DPP, sigla em inglês), pró-independência, em 2016, e afirmou que só aceita voltar atrás se a líder taiwanesa declarar que a ilha é parte da China.

É este quadro político que terá levado Hong Kong a rejeitar a cooperação com Taiwan devido à insistência de Taipé sobre um acordo de “assistência jurídica mútua” com Hong Kong, que exigiria que as suas instituições negociassem entre si em bases iguais.

Taipé já se mostrou contra a ideia de Hong Kong de permitir que o suspeito voe sozinho para Taiwan para se entregar, já que tal medida ignoraria a segurança de outros passageiros.

Na rua

Quando saiu ontem da prisão, Chan Tong-kai afirmou estar disposto a render-se e a regressar a Taiwan para enfrentar a sentença e ser julgado.

A líder de Hong Kong, Carrie Lam, citou repetidamente o caso de Chan como justificação para as emendas à lei de extradição que queria fazer passar, apontando que o suspeito não poderia ser enviado para Taiwan porque não havia um acordo de extradição em vigor.

Contudo, a proposta desencadeou protestos maciços nas ruas contra a crescente interferência de Pequim nos assuntos de Hong Kong, desencadeando a pior crise política desde a transferência de soberania do Reino Unido para a China, em 1997.

Desde o início, a região administrativa especial chinesa é palco de protestos e acções violentas quase diárias contra o que os manifestantes definem como a erosão das liberdades no território.

24 Out 2019

HK | Retirada formalmente proposta de emendas à lei de extradição

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Hong Kong retirou ontem formalmente a proposta de emendas à lei de extradição na origem dos protestos que provocaram a maior crise política desde a transferência de soberania do Reino Unido para China, em 1997.
“Anuncio agora formalmente a retirada do projecto de lei”, disse o secretário para a Segurança de Hong Kong, John Lee, no Conselho Legislativo (LegCo), o parlamento de Hong Kong. O Governo já tinha anunciado, a 9 de Setembro, que iria tomar esta decisão.
Os deputados pró-democracia procuraram, de seguida, questionar o governante, que se recusou a responder. A tão esperada retirada formal foi ofuscada pela saída da prisão, ontem, do suspeito do homicídio que levou o Governo de Hong Kong a propor emendas à lei de extradição vigente, na base da contestação social desde Junho.
Chan Tong-kai saiu ontem em liberdade, após 18 meses atrás das grades sob acusações de lavagem de dinheiro. O residente de Hong Kong é procurado pelas autoridades de Taiwan pelo alegado envolvimento no assassínio da namorada grávida, Poon Hiu-wing, de 20 anos, em Fevereiro de 2018, quando ambos se encontravam de férias na ilha Formosa.
As emendas à lei de extradição teriam permitido a transferência de fugitivos para jurisdições com as quais Hong Kong não tem acordo prévio, incluindo Taiwan e a China continental.
As autoridades de Taiwan afirmaram terça-feira que estavam dispostas a enviar uma delegação para levar Chan de volta à ilha para julgamento, mas Hong Kong rejeitou a oferta, dizendo que o suspeito deveria ter permissão para voar sozinho para Taiwan para se entregar.

Guerra antiga

A controvérsia está enraizada na falta de vontade de Hong Kong de reconhecer a legitimidade dos órgãos legais de Taiwan, que Pequim considera ser uma província separatista.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.
No entanto, Pequim considera Taiwan parte do seu território, e não uma entidade política soberana, e ameaça usar a força caso a ilha declare independência. Pequim cortou os mecanismos de diálogo com Taipé desde a eleição de Tsai Ing-wen, do Partido Progressista Democrático (DPP, sigla em inglês), pró-independência, em 2016, e afirmou que só aceita voltar atrás se a líder taiwanesa declarar que a ilha é parte da China.
É este quadro político que terá levado Hong Kong a rejeitar a cooperação com Taiwan devido à insistência de Taipé sobre um acordo de “assistência jurídica mútua” com Hong Kong, que exigiria que as suas instituições negociassem entre si em bases iguais.
Taipé já se mostrou contra a ideia de Hong Kong de permitir que o suspeito voe sozinho para Taiwan para se entregar, já que tal medida ignoraria a segurança de outros passageiros.

Na rua

Quando saiu ontem da prisão, Chan Tong-kai afirmou estar disposto a render-se e a regressar a Taiwan para enfrentar a sentença e ser julgado.
A líder de Hong Kong, Carrie Lam, citou repetidamente o caso de Chan como justificação para as emendas à lei de extradição que queria fazer passar, apontando que o suspeito não poderia ser enviado para Taiwan porque não havia um acordo de extradição em vigor.
Contudo, a proposta desencadeou protestos maciços nas ruas contra a crescente interferência de Pequim nos assuntos de Hong Kong, desencadeando a pior crise política desde a transferência de soberania do Reino Unido para a China, em 1997.
Desde o início, a região administrativa especial chinesa é palco de protestos e acções violentas quase diárias contra o que os manifestantes definem como a erosão das liberdades no território.

24 Out 2019

Recital | Tenor José de Eça e pianista Luís Costa na China

[dropcap]O[/dropcap] tenor José de Eça e o pianista Luís Costa apresentaram ontem um recital em Cantão, no sul da China, antes de tocarem em Pequim, esta sexta-feira, parte do Festival de Cultura Portuguesa na China.

Na sexta-feira, José de Eça e Luís Costa tocam em Pequim, na sala de espetáculos da Qinghua, considerada a mais prestigiada universidade chinesa, localizada no norte de Pequim, e onde se formaram o actual Presidente chinês, Xi Jinping, e o seu antecessor, Hu Jintao.

Estabelecido em 1911, o campus da Qinghua foi construído a partir de um antigo jardim imperial do século XVIII, preservando os lagos, espaços verdes e edifícios centenários. A universidade tem mais de 25.000 estudantes, segundo o seu ‘site’ oficial.

Com apenas 24 anos, José de Eça começou a sua carreira ainda na adolescência. O artista iniciou os estudos musicais com a mãe, Maria de Almeida de Eça, e trabalhou aperfeiçoamento vocal com o pai, Oliveira Lopes, antes de ingressar no Conservatório Superior de Música de Gaia.

Luís Costa iniciou os estudos musicais aos 8 anos com Zhuang Xiao Hua, e prosseguiu-os com os professores Álvaro Teixeira Lopes e Friedemann Rieger, na HFM Stuttgart, onde terminou em 2012 com a classificação máxima. Atualmente, está a tirar doutoramento na Universidade de Aveiro.

Os espectáculos vão conciliar o reportório nacional com o internacional, incluindo uma peça do compositor chinês Wang Shiguang, e temas de Beethoven ou Franz Liszt, mas também dos portugueses Luís de Freitas Branco ou Vianna da Motta.

Os concertos integram o Festival de Cultura Portuguesa, que trouxe este ano à China dezenas de artistas portugueses, parte de uma agenda que inclui ainda festivais de cinema, literatura, teatro ou dança, em paralelo com o ano da China em Portugal, num programa pensado pelos dois governos.

Outros eventos culturais deverão realizar-se até ao final deste ano, quando se celebram 40 anos desde que Portugal e a República Popular da China estabeleceram relações diplomáticas.

24 Out 2019

Recital | Tenor José de Eça e pianista Luís Costa na China

[dropcap]O[/dropcap] tenor José de Eça e o pianista Luís Costa apresentaram ontem um recital em Cantão, no sul da China, antes de tocarem em Pequim, esta sexta-feira, parte do Festival de Cultura Portuguesa na China.
Na sexta-feira, José de Eça e Luís Costa tocam em Pequim, na sala de espetáculos da Qinghua, considerada a mais prestigiada universidade chinesa, localizada no norte de Pequim, e onde se formaram o actual Presidente chinês, Xi Jinping, e o seu antecessor, Hu Jintao.
Estabelecido em 1911, o campus da Qinghua foi construído a partir de um antigo jardim imperial do século XVIII, preservando os lagos, espaços verdes e edifícios centenários. A universidade tem mais de 25.000 estudantes, segundo o seu ‘site’ oficial.
Com apenas 24 anos, José de Eça começou a sua carreira ainda na adolescência. O artista iniciou os estudos musicais com a mãe, Maria de Almeida de Eça, e trabalhou aperfeiçoamento vocal com o pai, Oliveira Lopes, antes de ingressar no Conservatório Superior de Música de Gaia.
Luís Costa iniciou os estudos musicais aos 8 anos com Zhuang Xiao Hua, e prosseguiu-os com os professores Álvaro Teixeira Lopes e Friedemann Rieger, na HFM Stuttgart, onde terminou em 2012 com a classificação máxima. Atualmente, está a tirar doutoramento na Universidade de Aveiro.
Os espectáculos vão conciliar o reportório nacional com o internacional, incluindo uma peça do compositor chinês Wang Shiguang, e temas de Beethoven ou Franz Liszt, mas também dos portugueses Luís de Freitas Branco ou Vianna da Motta.
Os concertos integram o Festival de Cultura Portuguesa, que trouxe este ano à China dezenas de artistas portugueses, parte de uma agenda que inclui ainda festivais de cinema, literatura, teatro ou dança, em paralelo com o ano da China em Portugal, num programa pensado pelos dois governos.
Outros eventos culturais deverão realizar-se até ao final deste ano, quando se celebram 40 anos desde que Portugal e a República Popular da China estabeleceram relações diplomáticas.

24 Out 2019

FIMM | Concerto de música clássica hoje no Teatro D.Pedro V

[dropcap]D[/dropcap]ecorre hoje, inserido no cartaz do Festival Internacional de Música de Macau (FIMM), o concerto “Um Romance Musical”, protagonizado pelos músicos Svetlin Roussev e Yeol Eum Son, que apresentam várias obras-primas clássicas.

No sábado, estes dois músicos colaboram com os Solistas de Sejong para apresentar o Duplo Concerto em Ré Menor de Mendelssohn no concerto “Encontro Quatro Estações”, no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Macau. Os Solistas de Sejong voltam a actuar domingo em conjunto com Sophia Su, uma violinista de Macau, num concerto intitulado “Serenata de Cordas”. Também no sábado acontece o concerto do músico americano Peter Broderick no anfiteatro das Casas-Museu da Taipa.

Na quarta-feira, 30 de Outubro, acontece o espectáculo “A Cantata do Rio Amarelo”, apresentado como uma homenagem para comemorar o 70.º aniversário da fundação da República Popular da China e o 20.º aniversário da transferência da administração de Macau para a China. O concerto é apresentado pela Orquestra de Macau e pelo Coro do NCPA da China, e inclui um repertório composto por clássicos intemporais.

24 Out 2019