Hoje Macau China / ÁsiaTailândia | Eleições marcadas para 24 de Março [dropcap]A[/dropcap] Tailândia vai realizar eleições gerais em 24 de Março, as primeiras desde que os militares tomaram o poder num golpe de Estado em Maio de 2014, anunciou ontem a Comissão Eleitoral. “Um acordo foi alcançado para definir a data das eleições para o dia 24 de Março”, indicou a Comissão Eleitoral numa conferência de imprensa. O director do órgão eleitoral, Ittiporn Boonpracong, referiu que os partidos têm entre 4 e 8 de Fevereiro para registar os seus candidatos às eleições. Na votação, serão eleitos 500 membros do futuro parlamento da Tailândia, que por sua vez vão eleger o próximo primeiro-ministro. O Governo militar sugeriu ontem à Comissão Eleitoral para não escolher uma data próxima da coroação do rei, marcada de 4 a 6 de Maio, “um evento histórico extraordinário”. O anúncio das eleições acontece após a publicação do decreto, assinado pelo rei Vajiralongkorn e recolhido pelo Royal Gazette – o jornal oficial da Tailândia – que instou o órgão eleitoral a marcar uma data. O exército tailandês, liderado por Prayut Chan-ocha, actual primeiro-ministro, assumiu o poder em 22 de Maio de 2014 com a promessa de acabar com a corrupção, com a crise política no país e realizar eleições o mais rápido possível, uma promessa que foi adiada várias vezes.
Hoje Macau EventosVitrocerâmica | FRC inaugura hoje “Scenes of Macau” [dropcap]É[/dropcap] hoje inaugurada na Fundação Rui Cunha (FRC), às 17h30 a exposição de vitrocerâmica “Scenes of Macau”, que nasce de uma parceria com a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau. “Após o sucesso da primeira edição da exposição, em 2016, e no ano em que se comemora o vigésimo aniversário do estabelecimento da RAEM, a FRC decidiu realizar a segunda edição desta exposição”, explica a Fundação, em comunicado. Nesta mostra, “as obras resultam de uma união de técnicas”, uma vez que “as cores da porcelana tradicional chinesa, aqui utilizadas em superfícies planas, após a aplicação do esmalte em distintas camadas e a sua exposição a diferentes temperaturas pela técnica da vitrocerâmica, ganham uma nova vida”. Da junção de técnicas ocidentais e orientais “resultam as obras de cariz contemporâneo”. “Embora usem a mesma técnica para criar as suas obras, a inspiração dos dois artistas difere. Enquanto para Liu Shengli, a sua inspiração vem do cruzamento entre as duas culturas, Ocidental e Oriental, Gu Yue, por seu lado, tem por base na criação das suas obras, a história de Macau”, explica o mesmo comunicado. A exposição estará patente na galeria da FRC até ao dia 21 de Fevereiro.
João Luz EventosCinemateca Paixão | Primeiro filme de Ivo Ferreira exibido este fim-de-semana No próximo sábado e domingo, “O Homem da Bicicleta, Diário de Macau”, o primeiro filme de Ivo Ferreira, volta ao ecrã da Cinemateca Paixão, 22 anos depois da estreia [dropcap]M[/dropcap]acau foi a primeira musa e o cenário que marcou o início da carreira de Ivo Ferreira. Em 1997, o realizador estreava o filme que lançaria a sua carreira, “O Homem da Bicicleta, Diário de Macau”, que viria a vencer o Prémio do Público do VII Encontros Internacionais de Cinema Documental da Malaposta e o Prémio de Documentário Caminhos do Cinema Português. A obra cinematográfica será exibida na Cinemateca Paixão no sábado e domingo, depois de ter sido exibida também no fim-de-semana passado. As sessões estão marcadas para as 13h. O filme inaugural do realizador português é um ensaio sobre diversas formas de viver em Macau, formando um mosaico de diversas cenas e pequenas histórias que se interligam entre si de forma harmoniosa. A lente de Ivo Ferreira segue um idoso que para vender jornais tem de percorrer a cidade de bicicleta. Seguindo o quotidiano do protagonista, ao longo de 24 horas, a narrativa fica algures no limbo entre a ficção e o documentário, perfumada pelo exotismo oriental. O protagonista do filme é um vendedor de jornais e a sua vida mistura-se com a vida de Macau. Ao longo do dia, o quotidiano real do velhote cruza-se com cinco pequenas cenas ficcionadas, com que se depara por acaso. Gente comum Em comunicado que apresenta o filme de Ivo Ferreira, a Cinemateca Paixão refere que “O Homem da Bicicleta, Diário de Macau” parte de uma “perspectiva e sensibilidade únicas de um estrangeiro” e da vida de “um homem de idade avançada percorrendo as ruas e ruelas de Macau” onde se cruza com gente comum como “vendedores de rua, vendedores de peixe nos mercados e prostitutas nas discotecas”. Além da possibilidade de assistir ao filme de estreia de Ivo Ferreira, “O Homem da Bicicleta, Diário de Macau” é uma forma de revisitação da paisagem urbana da Macau de há 20 anos, algo que constitui uma extraordinária experiência visual.
Hoje Macau SociedadeAutocarros | Actualizada aplicação móvel que permite localização em tempo real [dropcap]A[/dropcap] partir de amanhã, sexta-feira, a aplicação móvel que permite a consulta da localização dos autocarros vai disponibilizar funções adicionais de visualização em tempo real e previsão do tráfego rodoviário, assim como um inquérito ao grau de satisfação dos passageiros. Em comunicado, divulgado ontem, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) indica ainda que vão ser optimizadas duas funções: a pesquisa de carreiras de autocarros ponto a ponto e a de estimativa do tempo de viagem.
Hoje Macau SociedadeAeroporto | Esperados 8,7 milhões de passageiros este ano [dropcap]A[/dropcap] Companhia do Aeroporto de Macau (CAM) espera alcançar a meta de 8,7 milhões de passageiros em 2019, após ter atingido a marca recorde de 8,26 milhões no ano passado. Em comunicado, divulgado na terça-feira, a CAM traça objectivos em diferentes frentes, como ao nível do movimento de aeronaves (de mais de 65 mil para 69 mil em 2019) ou do transporte de carga (de 41.500 para 42.750 toneladas). O Aeroporto Internacional de Macau (AIM) fechou 2018 com receitas de 5,49 milhões de patacas – mais 11 por cento do que em 2017. Ao longo do ano passado, seis companhias aéreas passaram a operar no AIM e dez novas rotas foram adicionadas, elevando para 27 o número de transportadoras aéreas e para 51 o total de ligações de e para Macau, indicou a CAM na mesma nota.
João Santos Filipe SociedadeDST vai organizar evento de grande escala em Lisboa e Porto O Governo antecipa que quase 40 milhões de turistas vão visitar o território este ano e revela que os residentes mostram abertura para alojamento em residências particulares… desde que não seja na sua rua [dropcap]O[/dropcap] Executivo está a preparar um evento de grande dimensão em Lisboa e no Porto com o objectivo de promover o turismo da RAEM. A iniciativa foi abordada ontem pela directora da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), Maria Helena de Senna Fernandes, a apresentada no quadro da celebração do 40.º aniversário do restabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e a China. “Vamos ter uma acção de grande escala em Lisboa e no Porto, durante o mês de Março. Ainda estamos a decidir os elementos que vão estar presentes, mas alguns já estão identificados”, disse Maria Helena de Senna Fernandes. “Vai ser uma semana intensa para promover Macau em Portugal. O Instituto Cultural também vai estar presente e vai ser uma grande mostra de Macau num espaço público”, acrescentou. A responsável não quis avançar mais pormenores sobre o evento que vai decorrer na semana de 12 de Março, uma vez que ainda não estão ultimados todos os detalhes. No que diz respeito ao IC, vão igualmente haver actuações de artistas. Dado que na apresentação de ontem sobre o calendário dos eventos organizados pela DST para este ano foi referida a vontade de juntar a todos elementos gastronómicos, não é de excluir que haja neste evento a oportunidade de experimentar a gastronomia macaense. À beira dos 40 milhões A DST explicou ontem que para este ano vai ter um orçamento de cerca de 2,04 mil milhões de patacas para eventos e elementos de turismo local. Para este valor contam os fundos do orçamento do Governo, do programa PIDDA e do Fundo do Turismo. Entre o destino dos fundos, que Maria Helena de Senna Fernandes anteviu que não vão ser gastos na totalidade, encontra-se o Museu do Grande Prémio. O Governo quer reabrir o espaço a tempo da celebração do Grande Prémio de Macau, que se realiza entre 14 e 19 de Novembro, e a tempo do 20.º Aniversário da RAEM. No evento organizado ontem na Torre de Macau ficou-se ainda a saber o número de turistas que visitaram o território ao longo do ano passado. No total foram 35,8 milhões os visitantes que vieram a Macau. Segundo a DST, só a abertura da nova ponte entre Hong Kong-Zhuhai-Macau foi responsável por um acréscimo de um milhão. Em relação a este ano, a DST está a apontar para um crescimento do número de turistas entre os cinco e os seis por cento, ou seja, por volta dos 37,6 milhões e 37,9 milhões. Alojamento privado Outro dos assuntos abordados foi as pensões ilegais e o conceito BNB, sigla que em inglês significa cama e pequeno-almoço em casas particulares. Neste aspecto, a directora da DST referiu que foi feito um estudo que revela a abertura dos residentes para esta opção. Porém, as pessoas que aceitam o fenómeno, não querem que este aconteça junto às suas casas, querem que sejam em outras partes da cidade. A directora falou também dos guias ilegais, um fenómeno que as associações do sector local dizem ter disparado com a abertura da nova ponte. Sobre este aspecto, Maria Helena de Senna Fernandes disse não ter havido qualquer multa aplicada e explicou que é muito difícil fazer prova deste tipo de infracções administrativas. Autocarros directos A DST quer a implementação de um transporte directo entre o aeroporto de Hong Kong e Macau, de forma a evitar que as pessoas precisem de entrar na RAEHK e de tratar dos procedimentos fronteiriços. A sugestão já foi enviada aos Serviços para os Assuntos Tráfego (DSAT). Ontem, a directora da DST admitiu que um sistema semelhante ao ferry, em que as pessoas conseguem fazer check-in das malas em Macau, ainda depende de infra-estruturas em Hong Kong, algo que ainda não é possível.
Diana do Mar Manchete SociedadeNúmero de portugueses titulares de BIR em abrandamento Desde a transferência do exercício de soberania, tem crescido o universo de portugueses titulares de BIR, alcançando em 2018 quase 7.000. No entanto, de ano para ano, o ritmo de aumento tem abrandado [dropcap]M[/dropcap]acau contava, no final do ano passado, com 6.892 titulares de Bilhete de Identidade de Residente (BIR) de nacionalidade portuguesa, ou seja, apenas mais 98 do que os 6.794 contabilizados em 2017. Dados facultados ao HM indicam tratar-se do menor aumento anual desde 2002, ano em que a Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) iniciou a emissão de BIR. Do total, 5.730 (ou 83,1 por cento) eram titulares de BIR permanente, atribuído aos naturais de Macau ou a residir no território há pelo menos sete anos, enquanto os restantes 1.162 eram detentores do BIR não permanente. A maior subida anual deu-se na viragem de 2003 para 2004, com o número de portugueses a quem foi emitido BIR a crescer de 788 para 1.904, traduzindo uma subida de 1.116. Atingido o ‘pico’ o aumento foi-se mantendo superior a 200 por ano (chegou a atingir 800) até 2016, ano a partir do qual o crescimento começou a ser inferior a essa fasquia. Agora, em 2018, pela primeira vez, o ritmo de aumento ficou abaixo de 100. Excluindo os cidadãos chineses, os portugueses lideram entre as nacionalidades portadoras de BIR, seguindo-se no ‘ranking’ a comunidade filipina, indicou a DSI. Até 31 de Dezembro, existiam 3.212 titulares de BIR da RAEM de nacionalidade filipina, dos quais 2.643 eram permanentes e 569 não permanentes, segundo os mesmos dados fornecidos ao HM. Já portugueses titulares de ‘blue card’ eram 96 no ano passado, ou seja, menos um do que em 2017, de acordo com dados facultados pela Polícia de Segurança Pública ao HM. Como trabalhadores não residentes têm apenas uma autorização de permanência (e não de residência), cuja validade está ligada ao contrato de trabalho. Pedidos em quebra Segundo os mesmos dados disponibilizados pela PSP, o número de pedidos de autorização de residência efectuados por portugueses recuou de 126 em 2017 para 115 no ano passado. Em contrapartida, houve mais pedidos aprovados (111 contra 93 em 2017) e menos rejeitados (cinco contra seis em 2017). Actualmente, encontram-se sob análise 64 pedidos. O mais recente relatório do Observatório das Migrações referente a 2017 dava conta de uma redução progressiva do número de portugueses que emigraram directamente de Portugal para Macau, no período compreendido entre 2013 e 2016. Emigrantes e analistas contactados então pelo HM apontaram como razões a melhoria da situação económica no país, mas também a dificuldade de acesso ao bilhete de residente e ao visto de trabalho.
Hoje Macau Manchete SociedadeFrancisco Manhão condenado a pena suspensa por burla em caso ligado a subsídios [dropcap]O[/dropcap] presidente da Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados de Macau (APOMAC), Francisco Manhão, foi condenado a um ano e três meses de prisão, com pena suspensa, por um crime de burla, noticiou ontem a Rádio Macau. O caso, que remonta a 2011, está relacionado com o uso indevido de subsídios pedidos ao Governo para financiar actividades da APOMAC. Segundo a emissora pública, foi o que concluiu o Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) na sequência da investigação que deu origem ao processo. O CCAC considerou que os apoios foram obtidos de forma fraudulenta por terem sido pedidos a três entidades para o mesmo fim, isto sem que a APOMAC tenha reportado ao Governo mais do que um pedido de apoio. Em jogo estaria um subsídio de aproximadamente 300 mil patacas, atribuído pela Fundação Macau, de acordo com a Rádio Macau que deu conta de que a sentença do caso foi lida a 1 de Novembro. Em declarações à emissora pública, Francisco Manhão revelou que decidiu não recorrer da decisão do Tribunal Judicial de Base, garantiu estar de “consciência tranquila” e assegurou que não houve desvio de dinheiro. “Houve um desentendimento em termos contabilísticos. Mas, depois de esclarecido, ficou sanado e a APOMAC continua a receber os subsídios até hoje. O tribunal entendeu de forma diferente (…) mas ficou demonstrado – e isso é que é importante para mim – que não me apropriei de nada e que não houve desfalque em proveito próprio, quer para mim, quer para outros”, afirmou o mesmo responsável.
Hoje Macau SociedadeLECM | Arquitecto José Maneiras nos órgãos estatutários [dropcap]O[/dropcap] arquitecto José Maneiras foi nomeado, em representação da RAEM, para os órgãos estatutários do Laboratório de Engenharia Civil de Macau (LECM) para o triénio 2019-2021, onde exerce actualmente o cargo de presidente da Mesa da Assembleia-Geral. Igualmente nomeado foi o presidente da direcção, Ao Peng Kong, indica o mesmo despacho do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, publicado ontem em Boletim Oficial. Os efeitos do despacho retroagem a 1 de Janeiro. Já Tam Lap Mou foi nomeado vogal da direcção do LECM, em representação da RAEM, de acordo com outro despacho.
Diana do Mar PolíticaServiços Públicos | Conselhos simplificados em nome da eficiência [dropcap]O[/dropcap] Conselho Executivo deu luz verde a alterações ao funcionamento do Conselho para o Desenvolvimento Turístico e do Conselho para as Indústrias Culturais. As mexidas visam “elevar a qualidade e eficiência dos serviços públicos, cumprindo o objectivo principal da reforma da administração pública que consiste na racionalização de quadros e simplificação administrativa”, explicou Leong Heng Teng. Em síntese, em ambos os casos, é revogado o secretariado, cujo pessoal transita para a dependência sob a qual funcionam os conselhos. Assim, os quatro trabalhadores do secretariado do Conselho para o Desenvolvimento Turístico transitam para a Direcção dos Serviços de Turismo, enquanto os oito do Conselho para as Indústrias Culturais mudar-se-ão para o Fundo das Indústrias Culturais. O apoio técnico-administrativo e logístico passa a ser prestado também pela Direcção dos Serviços de Turismo e Fundo de Indústrias Culturais, respectivamente, para os quais vão ser transferidos igualmente o património, instalações e equipamentos, do Conselho para o Desenvolvimento Turístico e do Conselho para as Indústrias Culturais. Os dois projectos de regulamento administrativo não prevêem mexidas nas atribuições ou competências, indicou o porta-voz do Conselho Executivo.
Diana do Mar PolíticaGrande Baía | Nomeados membros da recém-criada comissão de trabalho [dropcap]E[/dropcap]stão nomeados os membros da Comissão de Trabalho para a Construção da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. São eles Lai U Meng (em representação do Gabinete do Chefe do Executivo), Cheong Sio Hong (em representação do Gabinete da secretária para a Administração e Justiça), Cheong Chok Man (em representação do Gabinete do secretário para a Economia e Finanças), Ku I Kan (em representação do Gabinete do secretário para a Segurança), Leong Veng Hang (em representação do Gabinete do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura), Vong Man Kit (em representação do Gabinete do secretário para os Transportes e Obras Públicas) e Lin Yuan (em representação da Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional). O mandato dos membros tem a duração de um ano, de acordo com um despacho do Chefe do Executivo, publicado ontem em Boletim Oficial, que produz efeitos a partir de hoje. Criada em Novembro, a Comissão de Trabalho para a Construção da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, tal como o nome indica, tem como competência elaborar estratégias sobre o papel da RAEM no projecto que aspira tornar Macau, Hong Kong e nove cidades da província de Guangdong numa área metropolitana mundial. A comissão – que funciona na dependência do Chefe do Executivo, que a preside – é composta por 16 membros. Além dos sete agora nomeados conta com todos os cinco secretários, com o director-geral dos Serviços de Alfândega, a chefe do gabinete do Chefe do Executivo, o porta-voz do Governo e o director dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional.
Diana do Mar PolíticaEnsino Superior | GAES transformado em direcção de serviços a partir do próximo mês O Gabinete de Apoio ao Ensino Superior vai dar lugar à Direcção dos Serviços de Ensino Superior. A alteração surge devido ao aumento de competências e atribuições, e deve ser concretizada no próximo mês [dropcap]O[/dropcap] aumento de competências e atribuições do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) na sequência da entrada em vigor do novo Regime do Ensino Superior, em Julho do ano passado, esteve na base da decisão do Governo de transformar o GAES numa direcção de serviços. A denominada de Direcção dos Serviços do Ensino Superior (DSES) deve substituir o GAES no próximo mês. “Para implementar eficazmente as disposições do novo Regime do Ensino Superior e realizar os trabalhos relacionados, em articulação com a modernização, a internacionalização e a garantia da qualidade das instituições e cursos do ensino superior, bem como o apoio aos estudantes, é necessário fazer ajustamentos às atribuições, estrutura e quadro de pessoal”, justificou o porta-voz do Conselho Executivo, Leong Heng Teng, que deu ontem a conhecer os principais contornos do projecto de regulamento administrativo que fixa a organização e funcionamento da nova DSES. A DSES vai manter uma estrutura equivalente ao GAES, com o coordenador e os dois coordenadores-adjuntos, a transitarem para os cargos de director e subdirectores, mantendo as comissões de serviço até ao respectivo termo. O GAES tem desde 2011 Sou Chio Fai como coordenador. Sílvia Ho e Chang Kun Hong desempenham funções de coordenadores-adjuntos. O universo de pessoal manter-se-á também inalterado, em 65, assim como a carreira, categoria e escalão que os trabalhadores detêm, de acordo com o porta-voz do Conselho Executivo, mas o orçamento vai sofrer um aumento na ordem dos quatro milhões por ano devido ao aumento de cargos de chefia. Quatro departamentos A nova direcção vai dividir-se em quatro departamentos: o de Coordenação das Instituições de Ensino Superior, o de Estudantes, o de Cooperação, Ciências e Tecnologia e, por fim, o de Assuntos Genéricos. Segundo Leong Heng Teng, tem entrada em funcionamento prevista para o próximo mês, após a publicação do regulamento administrativo em Boletim Oficial. Em conferência de imprensa, foi ainda divulgada a extensa lista de 24 atribuições da nova direcção, com o actual coordenador do GAES e futuro director da DSES a destacar a “garantia da qualidade dos cursos”, que “segue a tendência mundial” com a tónica da apreciação a ser colocada na autoridade académica em detrimento da autoridade administrativa, bem como a “cooperação com o exterior”, outro aspecto “muito importante”. Criado no final da década de 1990, como equipa de projecto, o GAES passou depois a gabinete técnico.
Hoje Macau PolíticaCFJJ | Manuel Trigo mantém-se como director por mais dois anos Manuel Trigo vai manter-se como director do Centro de Formação Jurídica e Judiciária (CFJJ). Segundo um despacho do Chefe do Executivo, publicado ontem em Boletim Oficial, a nomeação para o exercício do cargo, em regime de acumulação, é renovada pelo período de dois anos. O despacho produz efeitos a 3 de Abril. Manuel Trigo exerce funções como director do CFJJ desde Abril de 2002, altura em que desempenhava também o cargo de director da Faculdade de Direito da Universidade de Macau. O CFJJ, criado em 2001, teve como primeiro director o então juiz do Tribunal de Segunda Instância Sebastião Póvoas.
Sofia Margarida Mota PolíticaRenovação urbana | Deputados questionam participação do CCAC na produção da proposta de lei Três deputados da 3ª Comissão Permanente onde está a ser discutida na especialidade a proposta de lei sobre a habitação para alojamento temporário e de habitação para troca no âmbito da renovação urbana, questionaram a presença do adjunto do comissário do CCAC, Lam Chi Long, na reunião de ontem. Para Pereira Coutinho, o CCAC, enquanto órgão independente, não deveria participar nos processos legislativos em curso [dropcap]O[/dropcap]s deputados Sulu Sou, Zheng Anting e José Pereira Coutinho manifestaram-se ontem preocupados com a presença do adjunto do comissário do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), Lam Chi Long, na reunião de discussão na especialidade da proposta de lei sobre a habitação para alojamento temporário e de habitação para troca no âmbito da renovação urbana a cargo da 3ª Comissão Permanente. De acordo com Pereira Coutinho, trata-se de uma situação incomum. “É muito estranho que estando presente a secretária para Administração e Justiça e o responsável pela Direcção dos Serviços de Justiça, tenha sido um adjunto do comissário do CCAC a fazer a apresentação do projecto em nome do Governo” referiu ao HM. Em causa está o facto do CCAC ser um órgão independente, acrescentou, explicando que a presença do comissário na reunião de ontem é mesmo incompatível com as suas funções. Para Pereira Coutinho, o facto da proposta em análise ser complexa e “mexer com muitos interesses dos construtores civis”, pode ser a razão para a presença do organismo de combate à corrupção. Por outro lado, a intervenção do CCAC nesta matéria pode ainda provocar a “desconfiança da população” se alguma coisa no futuro correr mal com a aplicação da lei que está agora em processo legislativo. “O CCAC devia alhear-se nesta matéria e manter-se independente para poder intervir quer na provedoria de justiça quer no combate à corrupção”, apontou. Trabalho de equipa A preocupação de “alguns deputados” foi também referida pelo presidente da 3ª Comissão Permanente, Vong Hin Fai depois da reunião de ontem. “Trata-se de uma equipa de trabalho de leis do governo e [estes deputados] acham que o CCAC não pode ter competência para isso”, referiu Vong. Em resposta, o Governo esclareceu que se trata de “um trabalho de equipa que conta com a ajuda de um adjunto do comissário”, apontou o presidente da comissão. “O Governo disse ainda que já em outras reuniões, como no caso da análise da proposta da lei eleitoral, também se contou com representantes do CCAC porque esta entidade também compunha a equipa de trabalho nesse processo legislativo”, acrescentou Vong Hin Fai. Questionado acerca da frequência deste cenário em sede de comissão, Vong Hin Fai recordou que, além da presença de representantes do CCAC no processo legislativo sobre a lei eleitoral, já teve lugar uma situação “em 2005 na lei sobre a privacidade dos dados pessoais em que o CCAC participou e apresentou pareceres”. O presidente da 3ª comissão não afasta a participação futura do CCAC nos trabalhos legislativos de outras leis.
Sofia Margarida Mota PolíticaAssistentes sociais | Tribunos e Governo querem criação de carreira especial [dropcap]O[/dropcap]s deputados da 2ª Comissão Permanente e o Instituto de Acção Social (IAS) querem que a proposta de lei sobre a acreditação profissional e inscrição para assistente social contemple a criação de uma carreira especial na função pública. A informação foi revelada ontem pelo presidente da comissão, Chan Chak Mo, após mais uma reunião de discussão na especialidade do diploma. “Esperamos que seja uma profissão com apenas um regime, e que a situação de uma profissão com dois regimes dure apenas num período transitório”, apontou. Em causa está o facto do diploma prever que a proposta em análise seja apenas aplicada ao sector privado enquanto os assistentes sociais que trabalham para a função pública continuam a ser regidos pelo regime da função pública. O mesmo se aplica ao código ético a definir pelo futuro Conselho Profissional dos Assistentes Sociais (CPAS) que, não existindo carreira especial, será apenas para ser cumprido pelos profissionais do sector privado. “Esperamos que a criação de uma carreira especial esteja definida na proposta de lei. Agora é uma profissão, dois regimes e o código de ética para as entidades privadas”, acrescentou Chan. A presidente do IAS, Celeste Vong, presente na reunião de ontem, considera também que a criação de uma carreira especial para os assistentes sociais deve constar do regime que vai regular o sector, apontou o presidente da comissão. De acordo com Chan Chak Mo, Celeste Vong vai agora entrar em contacto com a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública para perceber o que pode ser feito neste sentido. Caso a iniciativa avance, o diploma vai ainda definir um período de transição de modo a uniformizar as carreiras dos assistentes sociais.
Andreia Sofia Silva EntrevistaRogério Miguel Puga estudou as referências culturais nos livros de Deolinda da Conceição e Henrique de Senna Fernandes Na colectânea de contos “A Cabaia”, de Deolinda da Conceição, Rogério Miguel Puga encontrou a descrição da condição feminina da mulher chinesa. No romance “Amor e Dedinhos de Pé”, de Henrique de Senna Fernandes, descobriu uma caricatura da comunidade macaense. O académico da Universidade Nova de Lisboa apresentou ontem um estudo na Universidade de Macau sobre as referências culturais destas obras “intemporais” e defende que a literatura macaense deve ser mais estudada [dropcap]D[/dropcap]esenvolveu o estudo sobre a “Identidade, Género e Auto-estereótipos: Temas da Literatura Macaense na Obra de Deolinda da Conceição e Henrique de Senna Fernandes”. Porquê estes dois autores? A única razão de ter estudado estes e não outros autores é por considerar que a literatura macaense é produzida por autores macaenses. No caso da Deolinda, temos esta antologia de contos em que ela fala, sobretudo, sobre a mulher chinesa e a sua condição. “A Cabaia” é uma metáfora para a condição feminina chinesa. Henrique de Senna Fernandes fala sobretudo da comunidade macaense, das questões de identidade, de religião. São dois autores macaenses a escrever sobre Macau e a comunidade macaense. Não é um português que chega a Macau e escreve sobre o macaense, são dois macaenses a escreverem sobre si próprios. É curioso ver que estereótipos os próprios macaenses utilizam para se definir, como a Igreja Católica ou as afirmações que eles próprios fazem sobre os chineses, às vezes negativas. É, sobretudo, esse interesse: o de uma visão interna da comunidade macaense que se representa textualmente a si própria, de uma forma realista. O estudo que elaborou procurou detalhes culturais nas obras dos dois autores. Quais são as grandes referências culturais que pode apontar? Na obra de Deolinda da Conceição é sobretudo a condição feminina. Ela foi uma mulher macaense com uma biografia muito interessante, pois ousou viver numa comunidade muito tradicional. Os romances de Senna Fernandes representam-na assim, como sendo uma sociedade muito conservadora. A protagonista de “Amor e Dedinhos de Pé” sofre esse peso da sociedade conservadora e, ao mesmo tempo, o livro carnavaliza essa sociedade, critica, para que o “vira pau osso”, a personagem, possa vencer no final. Ela vai contra essa sociedade. Aos olhos da sociedade macaense, altamente conservadora e religiosa, onde as mulheres são muito frustradas e castradas, é ela que, no fundo, vai dar a mão ao estroina que cai em miséria e que é renegado para as sombras do bairro chinês. Tudo isso se passa numa sociedade de bons costumes, e é este desnudar de uma sociedade de fachada e hipocrisia que acho muito interessante, e é algo que o Henrique de Senna Fernandes faz com muita subtileza. Os romances e os contos são também interesses como memória. No caso da Deolinda da Conceição, são contos que falam da condição feminina e do seu fardo. FOTO: HM É um pouco a condição dela, foi uma mulher que ousou ser jornalista e ter uma vida pessoal. Ousou amar. Isso faz de Deolinda da Conceição uma figura ímpar na comunidade macaense e até no universo cultural macaense. Sobretudo numa altura em que era difícil fazê-lo, hoje é mais fácil. Só por isso é uma figura por quem eu tive sempre um grande carinho e que gosto sempre de reler, porque há uma enorme sensibilidade pela vida humana e, sobretudo, pela condição feminina da mulher chinesa, que sofria, trabalhava, cuidava dos filhos e muitas vezes era obrigada a isso. Isso torna os contos da Deolinda muito interessantes. Há também os contos e poemas do Adé, ou da Maria Pacheco Borges, que tem uma colectânea de contos. Mas optei por estes autores porque os acho mais representativos e porque a qualidade literária é maior. São contos e romances com um cunho regional, no sentido em que descrevem o quotidiano de Macau no início do século XX. São também documentários, apesar de ficcionais. São narrativas literárias realistas, mas nunca os poderemos tomar como fontes primárias históricas. São repositórios de vivências. Macau, na altura, era um espaço de tolerância, sobretudo porque os portugueses não falavam chinês e a maioria dos chineses não falava português, havia a religião, várias barreiras. Prefiro olhar para Macau como um espaço de tolerância social e cultural. O que o surpreendeu mais neste processo de estudar obras de macaenses que escrevem sobre si próprios? É a construção e a desconstrução. No caso do Henrique de Senna Fernandes é algo inconsciente, pois há a construção de uma identidade local e depois há a desconstrução dessa identidade na mesma obra. É possível, sobretudo com a imagem do carnaval e o comportamento do Francisco, o protagonista. O facto de ele maldizer toda a gente, subverter a norma, há um processo de desconstrução dessa ordem que ele transforma em caos, e depois no fim a ordem é restabelecida fora do tecido urbano de Macau. Não é por acaso que [a personagem] se regenera fora da sociedade macaense cruel. Ele é o rei do carnaval que maltrata toda a gente e depois chega a páscoa, o tempo da mortificação, em que ele é destronado, e depois bate no fundo e tem de se reerguer. É um romance de formação também, pois acompanhamos a formação da personalidade de ambos os personagens, masculina e feminina. Este estudo é o ponto de partida para um trabalho mais aprofundado sobre a literatura macaense? Sim. Gostava de vir a estudar o corpus da literatura macaense, a forma e o conteúdo. Sobretudo em termos de estudos culturais, o que é que há na literatura macaense, o que ela tem de específico. Basta irmos ao índice de “A Cabaia” para vemos palavras como “calvário de ling fong”, “esmola”, “arroz e lágrimas”. Quer os substantivos, quer os adjectivos, são representativos de uma imagem da condição feminina que a Deolinda da Conceição também achou que representava a tal cabaia. Há termos simbólicos muito pesados, os diminutivos. Apesar de serem obras escritas em português, não os podemos considerar literatura portuguesa? Também são. Podem enquadrar-se em algum movimento literário português? Designaria ambas como obras de cariz realista. São contos e romances realistas que representam muito próximo da realidade o que era a condição feminina e o quotidiano de Macau no início do século XX. No caso da Deolinda da Conceição, são usados termos muito específicos que revelam um jogo de espelhos, da mulher macaense que escreve sobre a mulher chinesa, algo que acho muito interessante. É um jogo de espelhos por considerar que a mulher macaense também tem um pouco de mulher chinesa? Sim. O narrador desta obra tem um ponto de vista muito ocidental. Este livro é escrito por uma mulher macaense para ser lido por portugueses. Há uma preocupação com o futuro leitor, que está implícito na obra. Estes autores acabam também por funcionar como tradutores culturais e linguísticos quando utilizam palavras específicas, por exemplo do patuá. Há um glossário. Outro estudo interessante são os elementos paratextuais, as capas, as várias edições, o que muda, as introduções que são ensinadas pelos editores. Há muitas obras dispersas que não estão contextualizadas em períodos históricos ou correntes literárias. Considera que faz falta um levantamento da literatura macaense? Penso que não, porque a literatura macaense surge, sobretudo, no século XX e tem poucos autores, a Deolinda, o Henrique, Adé, Maria Pacheco Borges, e pouco mais. O que há são autores portugueses, chineses e ingleses a escrever sobre Macau. Falta, sobretudo, divulgar a literatura produzida por macaenses, e estudá-la. Inseri-la na literatura mundo, dar-lhe alguma visibilidade. Poder-se-á publicar muita coisa que está perdida na imprensa do século XX de Macau, contos literários, crónicas. Seria interessante formar uma equipa multidisciplinar e publicar tudo de novo em formato de antologia. Isso foi feito com os textos de Luís Gonzaga Gomes, mas há outros autores. Nessas crónicas descreviam a realidade e depois ficcionavam-na nos seus romances, e o que me interessa muito é esta dimensão antropológica da literatura, porque [os livros] não são só figuras de estilo. É preciso estudar e questionar esta dimensão. Há várias leituras que se podem fazer do livro “Amor e Dedinhos de Pé”. Pode ser vista como uma obra realista da realidade macaense, mas também pode ser um artificio irónico de desconstrução da comunidade, de análise. O que é que este estudo e a leitura das obras lhe trouxe de novo? Sobretudo o conhecimento da comunidade chinesa e macaense, os hábitos e costumes. Tive de ir pesquisar sobre determinados rituais e costumes especificamente chineses. E foi esta sensibilização para a condição feminina intemporal e para a condição humana no fundo. A condição humana não muda, os nossos fantasmas não mudam. Continua a ser a cabaia. As mulheres já não vestem cabaias, mas elas constituem uma metáfora, continuam a existir. “A Cabaia” recorda-nos que o feminismo continua a ser muito necessário. Livros como “A Cabaia” recorda-nos isso e que a condição feminina não é assim tão livre quanto isso. As obras do Henrique de Senna Fernandes ensinam-nos muito sobre a tolerância a partir da intolerância, e a sua importância, pois perdemos cada vez mais a empatia social. São obras intemporais.
Hoje Macau EventosModelo chinesa pede desculpa por ter participado em campanha polémica da Dolce & Gabbana [dropcap]A[/dropcap] modelo chinesa que surge nos anúncios da Dolce & Gabbana a tentar comer pizza ou cannoli com pauzinhos, pediu ontem desculpa pela participação na campanha da marca italiana, que recebeu fortes críticas na China. Zuo Ye escreveu na conta oficial na rede social Weibo, o Twitter chinês, que, como recém-formada, não teve tempo de considerar a implicação dos anúncios. “Eu crescerei com esta experiência e mostrarei melhor o carácter de um cidadão chinês”, afirmou. A campanha motivou um boicote à Dolce & Gabbana na China e o cancelamento de um desfile da marca italiana em Xangai, em novembro passado. Internautas chineses e opiniões difundidas pela imprensa estatal classificaram os anúncios como racistas e baseados em estereótipos ultrapassados. À medida que vários retalhistas começaram a retirar os produtos das lojas, os co-fundadores da marca, Domenico Dolce e Stefano Gabbana, pediram publicamente desculpas ao povo chinês. O caso motivou ainda uma disputa com Stefano Gabbana. Imagens difundidas nas redes sociais chinesas mostraram Gabbana numa discussão ‘online’, na qual se referiu à China como um “país de porcaria”, “mafioso, sujo e ignorante”, e afirmou que os chineses comem cão. Entretanto, a marca emitiu um comunicado a pedir desculpa e afirmou que as suas contas na rede Instagram foram pirateadas. “Pedimos muita desculpa por qualquer ofensa devido a estas mensagens não autorizadas. Nós respeitamos a China e o povo chinês”, afirmou a Dolce & Gabbana. A Ásia e a China, em particular, são um mercado chave para as marcas de luxo europeias. Um estudo recente da consultora Bain mostrou que os chineses compõem um terço do consumo de gama alta no mundo, seja em compras no mercado doméstico ou em viagem. Este número deve subir para 46%, em 2025, impulsionado pelos ‘millennials’ e a geração nascida em meados dos anos 1990. A Dolce & Gabbana tem 44 lojas na China, incluindo quatro em Xangai. Entrou no mercado chinês em 2005, na cidade de Hangzhou, na costa leste do país.
Hoje Macau Manchete SociedadeAlexis Tam distinguido com doutoramento Honoris Causa [dropcap]A[/dropcap] Universidade de Lisboa (UL) vai atribuir o título de Doutor Honoris Causa ao Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura de Macau, Alexis Tam Chon Weng, pelo seu contributo para o desenvolvimento da Educação e ensino da língua e cultura portuguesas. Nascido em Julho de 1962, no Myanmar, estudou na China, em Portugal e na Escócia e “tem promovido políticas activas de incentivo ao ensino e aprendizagem da língua portuguesa em escolas públicas e privadas do ensino não superior onde o número de alunos e de professores de Português duplicou”, segundo um comunicado da UL. A mesma tendência tem sido seguida nos cursos superiores lecionados e ligados à língua portuguesa, em termos de alunos matriculados. Entre outras medidas, Alexis Tam Chon Weng criou em 2016 um programa de financiamento destinado à elaboração de materiais científicos e pedagógicos para apoio ao ensino da língua portuguesa. Ao abrigo deste programa foram publicadas mais de duas dezenas de obras e realizadas várias conferências internacionais. A sua acção no âmbito do ensino e aprendizagem da língua portuguesa ultrapassou o espaço de Macau, incrementando o apoio às instituições de ensino superior da China, Tailândia, Vietname, Coreia do Sul e Japão, nomeadamente através da formação de professores, da mobilidade de docentes de língua portuguesa e da difusão de materiais pedagógicos. Em 2014, por ocasião do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, foi condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique. A cerimónia de atribuição do título de Doutor Honoris Causa vai ter lugar no dia 11 de Março, no Salão Nobre da Reitoria da UL.
Hoje Macau China / ÁsiaMcDonald’s pede desculpa na China após identificar Taiwan como país em anúncio [dropcap]A[/dropcap] cadeia de hambúrgueres norte-americana McDonald’s pediu hoje desculpa pelo seu mais recente anúncio publicitário, criticado por internautas chineses por retratar Taiwan como um país, em mais uma disputa com uma multinacional devido ao estatuto da ilha. Num anúncio publicitário, exibido em Taiwan pela primeira vez em 6 de Janeiro, um clipe de dois segundos mostra um cartão de identificação de um estudante, no qual Taiwan é identificado como um país. A imagem foi prontamente denunciada nas redes sociais chinesas, suscitando críticas pelos internautas. “A nacionalidade deveria ser China! O que é Taiwan? Uma província. Por favor, ponham-se no vosso lugar”, lê-se num comentário no WeChat, o Whatsapp chinês. “O McDonald’s difundiu isto claramente para 1,3 mil milhões de chineses verem. Qual é o significado? Apoiar a independência de Taiwan?”, questionou outro internauta. Esta semana, a empresa divulgou um pedido de desculpas no Weibo, o Twitter chinês, afirmando que o anúncio foi feito por uma agência taiwanesa e que foi já retirado. “A agência de publicidade não fez verificações rigorosas sobre as cenas e isso causou um mal-entendido, que lamentamos profundamente”, lê-se. “Sempre apoiaremos a política de ‘Uma só China’, e continuaremos a defender a soberania territorial do país”, acrescentou a multinacional norte-americana. O princípio ‘Uma só China’ é visto por Pequim como garantia de que Taiwan é parte do seu território, apesar de cada lado fazer a sua própria interpretação desse princípio. Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a “reunificação pacífica”, mas ameaça “usar a força” caso a ilha declare independência. Já Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China. Pequim e Taipé concordam, no entanto, que existe uma só China. No ano passado, dezenas de companhias áreas passaram a referir-se a Taiwan como parte da República Popular da China, cumprindo com as exigências de Pequim. British Airways, Lufthansa e Air Canada foram algumas das companhias que passaram a referir-se a Taiwan como parte da China. A adopção de “Taiwan, China” ou “Taiwan, República Popular da China” nos portais electrónicos e mapas das companhias aéreas representa outra vitória nos esforços do PCC em forçar empresas estrangeiras a aderir à sua visão geopolítica, mesmo em operações fora do país. Também a japonesa Muji ou a espanhola Zara foram alvo de críticas de Pequim por identificaram Taiwan como país nas suas etiquetas ou portais electrónicos.
Diana do Mar China / ÁsiaComércio entre a China e os países de língua portuguesa subiu 25,27 por cento até Novembro [dropcap]A[/dropcap]s trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa atingiram 134,98 mil milhões de dólares nos primeiros 11 meses do ano passado, traduzindo um aumento de 25,27 por cento comparativamente ao período homólogo de 2017. Dados dos Serviços de Alfândega da China, publicados na segunda-feira no portal do Fórum Macau, indicam que a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 96,67 mil milhões de dólares – mais 29,31 por cento – e vendeu produtos no valor de 38,31 mil milhões de dólares – mais 16,10 por cento em termos anuais homólogos. O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 101,55 mil milhões de patacas, mais 26,89 por cento do que nos primeiros 11 meses de 2017. As exportações da China para o Brasil atingiram 30,88 mil milhões de dólares, reflectindo um aumento de 17,65 por cento; enquanto as importações totalizaram 70,66 mil milhões de dólares, mais 31,40 por cento em termos anuais homólogos. Com Angola, o segundo parceiro lusófono da China, as trocas comerciais cresceram 22,78 por cento, atingindo 25,36 mil milhões de dólares. Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 2,04 mil milhões de dólares – menos 2,36 por cento – e comprou mercadorias avaliadas em 23,31 mil milhões de dólares, reflectindo uma subida de 25,62 por cento. Com Portugal, terceiro parceiro da China no universo dos países de língua portuguesa, o comércio bilateral entre Janeiro e Novembro do ano passado cifrou-se em 5,53 mil milhões de dólares – mais 7,49 por cento – numa balança comercial favorável a Pequim. A China vendeu a Lisboa bens na ordem de 3,44 mil milhões de dólares – mais 7,05 por cento – e comprou produtos avaliados em 2,08 mil milhões de dólares, mais 8,23 por cento face aos primeiros 11 meses de 2017. Nos primeiros 11 meses do ano passado, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa ultrapassaram já o apurado no cômputo de 2017, ano em que o comércio sino-lusófono foi de 117,58 mil milhões de dólares.
Hoje Macau SociedadeCasinos | Desmantelada rede de transferência ilícita de dinheiro [dropcap]A[/dropcap] polícia da China desmantelou uma rede criminosa que usou os casinos de Macau para transferir ilicitamente 30 mil milhões de yuan, naquele que é um dos maiores casos de fuga de capitais da China. Segundo o jornal South China Morning Post, que cita a agência oficial chinesa Xinhua, os suspeitos introduziram as máquinas ‘point-of-sales’ (POS) em Macau, usando-as para disfarçar a localização dos levantamentos de dinheiro, ajudando à movimentação de 30 mil milhões de yuan da China para Macau. Segundo o jornal, foram levados a cabo raides em simultâneo em Pequim, Hebei, Hubei, Guangdong e Macau, antes de 39 suspeitos serem detidos, numa operação que remonta a 7 de Janeiro. O grupo, liderado por um suspeito de apelido Xu, traficou terminais portáteis registados na China para Macau, colocando-os ao dispor de jogadores para poderem levantar dólares de Hong Kong ou patacas, de acordo com a Xinhua. Mais de quatro milhões de dólares de Hong Kong em dinheiro vivo foram confiscados durante os raides, a par com quatro viaturas, 32 máquinas POS adulteradas, computadores e uma série de cartões bancários. A polícia congelou ainda 150 milhões de yuan e 24 milhões de dólares de Hong Kong de um número não especificado de contas bancárias. As investigações que levaram aos raides conjuntos tiveram início em Novembro, quando foi montado em Zhuhai um gabinete operacional para monitorizar os movimentos na fronteira dos membros da rede. A polícia de Macau colaborou na emboscada, recolhendo provas e identificando os locais do crime, indicou a Xinhua. As transacções permitem contornar os apertados controlos de fluxo de capitais da China.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesGillette [dropcap]O[/dropcap] objecto de uso comum virou polémica. Os agentes de marketing da grande marca multinacional – que em português nem é nome de marca, mas do objecto cortante em si, -resolveram dar que falar ao criar um anúncio que põe a masculinidade em causa. Não é a masculinidade de todos, mas a de um tipo em especial: a masculinidade tóxica. Mas a contestação da masculinidade tóxica já nos é bem conhecida. Por isso duvido que tenha sido com surpresa que a empresa tenha visto o anúncio – que só tenta mostrar a possibilidade de uma outra masculinidade – a agradar, mas também a consternar o público ao ponto dos fiéis clientes ameaçarem boicotar a marca. As pessoas ventilaram o seu desgosto nas redes sociais ao pegar nas suas amorosas histórias de como a gillette entrou nas suas vidas de puberdade, a quem crescem pêlos faciais para, com desgosto, excluir a gillette da masculinidade hegemónica e normativa. Eu percebo que a toxicidade de um conjunto de características que está ligada, muito na generalidade, à comunidade masculina seja vista como ofensiva. Mas melhor ou pior, eu até verti uma lágrima neste tão emocional anúncio que propõe que os homens podem chorar ou mostrar-se frágeis. E que acima de tudo podem estar à frente na mudança de perspectivas retrógradas do que o homem pode ser. Se já poucos concordam que o papel da mulher é na cozinha, também concordarão, certamente, que o homem não é sempre o bully, o forte e o responsável. A masculinidade não pressupõe que uma criança de 4 anos, ao ficar sem pai se julgue o ‘homem da família’ como já vi acontecer. De alguma forma, a discussão tem tomado formas bastante polarizadas, das quais já extensivamente reflecti neste espaço. Mas eu sou daquelas que não achou o anúncio da gillette particularmente ofensivo a quem quer que seja. Achei-o bonito e motivador e uma forma interessante de pôr na esfera pública os motivos e os desejos de mudança para uma masculinidade diferente. Mas nem tudo são rosas, senhores e senhoras. A gillette não deixa de ser uma marca a trabalhar em função de lucros e publicidade gratuita. Por isso, não querendo soar demasiado desconfiada acerca das boas intenções de uma campanha tão emocional e actual – para além da intenção de doar milhões para organizações para causas que desconstroem a masculinidade tóxica – má publicidade, é sempre publicidade. Porque é bem verdade, e não querendo soar ingrata, que a gillette ao longo dos anos contribuiu com a obsessão da (ausência de) pilosidade feminina também. Há quem tenha realçado o papel determinante da publicidade da gillette para que as mulheres sentissem os seus pêlos como pouco higiénicos e não estéticos. Para além de toda a polémica da ‘taxa rosa’ que faz com que as lâminas com uma capa rosa, i.e., para as mulheres, sejam mais caras do que a simples lâmina masculina. Moral da história: se a gillette quer mesmo puxar os limites do género teria que fazer alguma coisa para contrariar a tendência que é produzir lâminas (que têm exactamente o mesmo propósito!) de forma estereotipicamente distinta para o mercado feminino e masculino. Até pode começar com os seus anúncios, colocando mulheres com pêlos (de verdade) a serem rapadas – e não a patetice que é vermos mulheres de pele sedosa a passarem uma lâmina pelo desnecessário. Como vêem ainda há tanto que deve e pode ser feito, que nem um anúncio polémico vem resolver metade dos problemas que a gillette em si poderá produzir. Só que as empresas são espertas. Hoje em dia o consumo vem agora pautado de preocupações ambientais, conceptuais e éticas e com ele vem o desejo que se produza algum tipo de mudança. Mas, parece-me, que esta lógica não deixa de ser a da atracção para o consumo. Podia ser pior, sempre se provoca alguma discussão. Agora… se produz mudança social de facto – isso é que já é outra história.
João Santos Filipe DesportoFutebol | Liga de Elite arranca com Benfica e Chao Pak Kei como favoritos O principal campeonato arranca hoje, com o jogo entre Sporting e Hang Sai, às 19h00. Logo a seguir, o Benfica de Macau, com uma formação bastante diferente da época anterior, tem pela frente o Ka I [dropcap]A[/dropcap] Liga de Elite arranca esta tarde e Benfica de Macau e Chao Pak Kei são vistos como os principais candidatos. Enquanto as águias procuram a sexta vitória consecutiva, o C.P.K. espera traduzir o investimento com a contratação de alguns nomes sonantes em vitórias. Nesta luta não é ainda de excluir uma intromissão do Ching Fung, equipa que finalizou a Liga de Elite do ano passado no quarto lugar. “Apesar das alterações, o Benfica de Macau é o favorito e continuar a ser uma das equipas mais fortes. Está ao mesmo nível de um C.P.K., um clube que se reforçou bem e tem um bom equilíbrio ao nível de jogadores locais e estrangeiros”, disse, ao HM, Joseph Tam, treinador do Monte Carlo. “Estas duas equipas vão ser os favoritos, mas não podemos excluir o Ching Fung da luta, até porque se reforçou bem com o William Gomes. É um clube ambicioso. Uma potência emergente no futebol local”, acrescentou. Esta é uma leitura semelhante à do técnico do Sporting de Macau, Pedro Lopes, que espera um grande equilíbrio entre os três clubes. “Ninguém tem dúvidas que o Chao Pak Kei está muito forte. O Benfica de Macau, apesar da perda de alguns jogadores importantes em outras épocas, também vai continuar forte. E depois temos o Ching Fung que aposta forte, já o ano passado foi quarto, e que tem tudo para melhorar”, explico Pedro Lopes, ao HM. “São três equipas que vão estar taco-a-taco no topo da Liga”, frisou. No que diz respeito aos pentacampeões, os principais reforço são o atacante Danilo, ex-avançado do C.P.K., e o meio-campista Ortega, ex-Ching Fung. No sentido oposto registam-se as saídas de Tetteh, Okello, Hugo Silva, Gil, Edgar Texeira, Pang Chi Hang, Iuri Capelo e Tony Lopes. Já Alison e Leonel Fernandes estão inscritos, mas encontram-se a estudar em Pequim. Em relação ao Chao Pak Kei, a contratação de Pang Chi Hang ao Benfica de Macau foi a principal novidade do mercado, além do guarda-redes Juan Castro e do central Lei Ka Him. Já o Ching Fung manteve a estrutura da equipa do ano passado, numa clara aposta pela continuidade, e reforçou-se com o avançado William Gomes, uma garantia de golos para a formação. Segunda linha A seguir aos favoritos surge uma segunda linha da equipas que deverão animar a luta pelo quarto lugar. Neste grupo estão Monte Carlo, Sporting de Macau, Ka I e Hang Sai, que é uma das grandes incógnitas da época. “Não podemos excluir o Sporting de Macau, Ka I e Monte Carlo. São equipas que estão numa segunda linha mas que podem causar surpresas”, considera Joseph Tam. “Neste grupo poderá ainda ser incluído o Hang Sai. Reforçaram-se muito”, apontou. Também Pedro Lopes considera que Monte Carlo, Ka I e Sporting de Macau serão “outsiders”. Mas mesmo no cenário em que os desempenhos destas formações não correspondam a um nível tão elevado, o técnico avisa que poderão sempre influenciar a luta pelo título, ao “roubar” pontos aos candidatos. Apesar deste cenário, o treinador dos leões assume como meta para o Sporting de Macau a manutenção da Liga de Elite. Na luta pela permanência, antevê-se nesta fase que Polícia e os recém-promovidos Sub-23 e Tim Iec sejam os principais protagonistas. Sporting enfrenta “incógnita” “Uma incógnita”. Foi desta forma que o treinador Pedro Lopes definiu o encontro de hoje, às 19h00, diante do Hang Sai, no Canídromo. Na base desta dúvida está o facto do treinador não saber que jogadores vai ter disponíveis para o encontro e pelo adversário se ter reforçado bem. “O Hang Sai fez um investimento muito forte. Tinha um jogador estrangeiro e agora tem quatro ou cinco. Não sabemos o que temos pela frente”, reconheceu. O técnico criticou também o facto do encontro ocorrer demasiado perto da hora de trabalho. “Não sei que jogadores vou ter disponíveis”, admitiu. Jogos da 1.ª Jornada Hoje Sporting de Macau (19h00) Hang Sai Ka I (21h00) Benfica de Macau Amanhã Chao Pak Kei (19h00) Ching Fung Sub-23 (21h00) Tim Iec Sexta-feira Monte Carlo (19h00) Polícia Nota: Todos os jogos decorrem no Canídromo
Nuno Miguel Guedes Divina Comédia h | Artes, Letras e IdeiasO mito do primeiro amor [dropcap]H[/dropcap]á dias em que o mundo nos exige que paremos, que pousemos as armas e as angústias nem que seja por um instante. Contemplar apenas o que está próximo e, se for necessário, escrevê-lo sem ambições de falar de temas maiores. “Há um certo meio de começar uma crônica por uma trivialidade”, escreveu Machado de Assis aos 38 anos. E depois prosseguia, explicando que bastaria dizer, por exemplo, “Calor! Que desenfreado calor!”. O genial brasileiro escrevia em 1877 sob a canícula do Verão do Rio de Janeiro: percebe-se como a trivialidade se torna essencial naquele momento. Estando muitíssimo (e infelizmente…) longe dos escritos do autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas esta crónica tende a ser trivial. Fala de amor, do amor dito romântico; e o amor é trivial porque é comum e existe. Não porque não seja precioso mas porque não é raro. Pode é não nos acontecer – e isso sim, é tragédia maior. Mas de todas as matizes amorosas que experimentamos na vida – e agora sim, chegamos ao cerne da conversa – a mais sobrevalorizada é a força irrepetível do primeiro amor. A ideia de que não há amor como o primeiro é publicidade enganosa. O primeiro amor é um princípio normalmente titubeante que nos prepara para a montanha-russa das paixões – isto se tivermos sorte. George Bernard Shaw dizia que o primeiro amor é apenas um pouco de tolice e muita curiosidade e o aforismo parece-me que acerta na batata. É verdade que a arte e a literatura em particular ajudaram à difusão deste mito; mas pensem em Romeu e Julieta: será que o desfecho da história seria tão trágico se os amantes tivessem um pouco mais de bagagem amorosa de experiências prévias? E por outro lado: como poderia Camões ter escrito o magnífico soneto “Tanto do meu estado me acho incerto” se não soubesse bem do que falava? Como poderia Sinatra cantar com tanta verdade o que cantou se não tivesse atravessado por inúmeras vezes o coração negro das paixões verdadeiras? Admito que se trate de uma posição radical mas no primeiro amor não vejo inocência e candura – apenas medo do desconhecido e do terrível momento em que tudo se irá esboroar. A revisão nostálgica dessa época que parece perfeita a tanta gente está contaminada por uma idealização que pode aleijar. Num livro de que todos conhecem a magnífica frase inicial (“The past is a foreign country; they do things differently there”), o protagonista de sessenta anos relembra o seu primeiro amor e a consequente perda de inocência que o irá marcar para o resto da sua vida. Não é uma história optimista e romântica – antes pelo contrário. Pela minha parte lembro-me bem do meu primeiro amor correspondido (e generosamente deixo de fora as paixonetas que me consumiram em silêncio até lá chegar). Vejo um rapaz desengonçado e aterrorizado a tentar ganhar coragem no whisky-cola e a falar bastante depressa. Lembro um desespero optimista, um suspiro de alívio mesmo antes do apocalipse. Felizmente chegou o segundo amor e alguns outros depois desse. Foram necessárias várias provações para poder chegar à pequena sabedoria com que hoje vivo: a modesta ambição de quem ama outrem não é ser o primeiro mas o último. E é nisso em que todos os dias me empenho.