Jogo | Receitas da Macau Legend subiram 19,7 por cento

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s receitas de jogo da Macau Legend aumentaram 19,7 por cento no primeiro semestre para 674,2 milhões de dólares de Hong Kong, anunciou ontem a empresa que opera casinos em Macau sob a bandeira da SJM.

Já as receitas o segmento extra-jogo diminuíram 5,2 por cento, atingindo 277,4 milhões de dólares de Hong Kong. As receitas totais do grupo liderado por David Chow ascenderam assim 951,2 milhões de dólares de Hong Kong, traduzindo uma subida 11,2 por cento face a igual período do ano passado.

Em comunicado, a Macau Legend revela ainda ter registado lucros de 2,8 mil milhões, atribuídos sobretudo à alienação do Landmark em Abril. O sentimento relativamente ao desempenho do grupo na segunda metade do ano é, no entanto, misto.

“A abertura da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau deve ser um factor positivo para o turismo de Macau e ajudar a melhor ligar a cidade ao aeroporto em Hong Kong”, mas “há incertezas em torno da situação geral da economia regional, algo que não está a ser ajudado pelas actuais disputas comerciais”, afirmou o CEO do grupo.

29 Ago 2018

GP de Macau quer atrair turistas e fidelizar comunidade nos 65 anos da prova

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]organização do Grande Prémio de Macau anunciou ontem que pretende atrair turistas e fidelizar a comunidade do território através de um conjunto de actividades no âmbito dos 65 anos da prova.

Para além da “Corrida Fun Run do Circuito da Guia” haverá ainda uma actividade para recolha de fotografias e vídeos sobre o Grande Prémio de Macau, com o objectivo de promover “a participação de residentes e turistas com diferentes faixas etárias”, disse a vice-presidente presidente do Instituto do Desporto do Governo de Macau, Lam Lin Kio, durante uma conferência de imprensa sobre a próxima edição do evento de desporto motorizado, a disputar em Novembro.

A decisão explica-se pelo facto de o evento se ter tornado, segundo a organização, “numa corrida urbana de prestígio no automobilismo internacional e mundial, bem como numa importante marca desportiva e turística do território”.

A corrida de atletismo, no dia 11 de Novembro, terá a extensão de 6,2 quilómetros e os participantes têm até um hora e quinze minutos para terminar o emblemático circuito de rua com 19 curvas, criado em 1954, onde “os participantes podem sentir a velocidade e competição pelos seus pés”, acrescentou Lam Lin Kio.

Quanto aos nomes dos competidores e questões de segurança relativas ao 65.º Grande Prémio de Macau, a secretária-geral da Comissão Organizadora do Grande Prémio, Lei Si Leng, explicou, na mesma ocasião, que só em Outubro é que se ficará a saber mais pormenores. “Vamos fazer os possíveis para introduzir elementos de segurança que tornem o circuito o mais seguro possível durante as provas”, declarou o presidente daquela entidade, Pun Weng Kun, à margem de uma conferência de imprensa, em Julho.

A morte do piloto britânico Daniel Hegarty, de 31 anos, na sequência de um acidente durante a prova de motos, marcou a edição do ano passado do Grande Prémio, que não registava fatalidades desde 2012.

29 Ago 2018

A voz do vidro

Público, 14 Agosto

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omo resistir ao estilhaçar de ironias causado pela notícia da queda de um visitante na escultura de Anish Kapoor, Descida para o Limbo (foto na página de Filipe Braga)? «Serralves está a acompanhar a situação clínica do visitante italiano, com cerca de 60 anos, que sofreu ferimentos quando caiu naquela escultura.» Podia a frase pertencer a conto do (tão meu) Mário-Henrique Leiria. O círculo negro no chão cumpre a sua função de perturbar com enganadora maneira o chão que pisamos. O escultor explora o vazio e procura pelos meios ao seu alcance mexer com a nossa percepção, em busca de outros lados, espaços negativos, chama-lhes. Não têm que ser físicas as armadilhas da arte, mas em servindo para alguma coisa, além da salvação do artista, há-de ser esta de se meter nos interstícios das coisas, ampliando-as. Ou encolhendo-as ao mínimo de uma noção. Limbo é um subúrbio do céu, construído para abrigar aqueles, justos e crianças, que não foram baptizados. Na teologia católica, segundo Borges, ramo da literatura fantástica.

Facebook, nenhures, 16 Agosto

Voz assim não se calará nunca. Por efeito de contiguidade, dei por mim a pensar que escultura poderia Kapoor imaginar a partir de Aretha Franklin (1942-2018). Orgânicos corredores vermelhos facilitando à superfície deambulações pelas vísceras? A sua voz explorou os côncavos do amor e do sofrimento, o sagrado e o profano, de modos, a um tempo, dilacerantes e prazerosos. Por inteiro, testemunhou um tempo, ou melhor: tempos, que foi capaz de eternizar fundindo-os em áspero diamante. Cai-lhe como vestido brilhante o nome de Lady Soul, ainda por cima baptismo de momentos iniciais. A máquina de produzir simbólico que são os Estados Unidos da América tocou o meu céptico coração com a sua participação vibrante na tomada de posse do presidente Obama. Por causa das coisas, as minhas horas procurarão um qualquer Spirit in the Dark. Aprenderei a dançar com as sombras? «Sure I know I can, I can borrow a smoke/ Why I can sit here all night and tell jokers some jokes/ But who’s gonna to laugh, / Who’s gonna laugh at my broken heart, heart.» Lá estou eu, Drinking Again.

Horta Seca, Lisboa, 17 Agosto

Esqueçamos por ora o momento primordial da escolha. Um editor realiza-se na preparação da obra, retirando do processo grande gozo e não menor ensinamento. Andamos a desenhar uma colecção para acolher os clássicos em duas vertentes, uma de traduções e outra de ensaios. A abordagem gráfica do Miguel [Macedo] pareceu-nos a melhor, para acrescentar um grão de sal ao conservadorismo que se pede. Quisemos descomplicar ao máximo a vida ao leitor, colocando cada expediente ao serviço do texto, que só por si será rico em excepções e notas. Cada detalhe da construção do livro suscita riquíssimo debate.

Não por acaso, e depois de tanto tardar, começamos com As Constituições Perdidas de Aristóteles, na tradução do mano António [de Castro Caeiro]. Uma micro enciclopédia sobre o mundo antigo, que se desdobra também em livro de viagens, carregado de momentos entre a luz e as trevas. «Aos Beócios, a divindade deu a seguinte resposta oracular: “domiciliem-se onde corvos brancos forem avistados”. Logo que viram as aves de Apolo, corvos brancos, pintados com giz por crianças inocentes, a voar em torno da baía de Págasa, ocuparam o local. Mais tarde, os Eólios expulsaram-nos dali e enviaram exilados para o mesmo local. Outros [interpretavam assim o oráculo, dizendo que era] porque o corvo é um animal sem vergonha e indica a proximidade do ocaso ao género humano. Aristóteles, por outro lado, diz que quando uma praga atacou, havendo muitos corvos, os homens capturavam-nos e depois de os terem purificado, punham-nos vivos em liberdade. E ordenavam à praga: “refugia-te nos corvos”». Assim nos fazemos crianças inocentes pintando de branco animais sem vergonha, dos que indicam ao humano a proximidade do ocaso.

Trindade, Lisboa, 20 Agosto

Casos há em que a preparação começa antes. Tive hoje primeiro mergulho em apneia no acervo de Tóssan, esse cometa das artes gráficas, além da escrita humorística e, afinal, um pouco mais, sobretudo contos e alguns poemas. São centenas de páginas, manuscritas na sua maior parte, generosamente disponibilizadas por amigos dilectos. Lição de humildade, este perceber que podemos ser reduzidos a meia dúzia de folhas conservadas pela amizade. O autor tinha planos para a papelada, tropeça-se em tentativas de arrumação, depuradas até ao singelo alinhamento que será a base das fases seguintes. Por ocasião de tais leituras, como que titubeantes, encontramos invariavelmente motivos de espanto. Veja-se este pequeno conto, que ilustra à transparência dias de tactear no nada.

«É preciso ter coragem para partir um vidro.
Nunca parti um vidro, mas sinto que é uma cobardia.
Tive sempre respeito pela limpidez de um vidro.
Tenho a impressão que os estilhaços se insinuariam na minha mágoa.
E depois o vidro tem voz. A voz do vidro é duma musicalidade fria, cortante. Não é só o grito emancipado, mas a multiplicação de gritos ao cair no chão, como se o primeiro protesto não fosse o suficiente.
E quando se pisam os estilhaços – é um longo lamento de rãs sem disciplina.
E depois o vidro quando quebra deixa uma cicatriz fosca cúbica que risca a noite ou o silêncio do dia.
Se o vidro não protestasse com violência, talvez as montras não fossem de vidro. A voz do vidro deve ser o guarda do próprio vidro. E quando tornasse a passar pelo lugar onde esteve o vidro, ainda por substituir, sentiria, quem sabe, os olhos doerem por não ver e a certificação do tacto gasta de tactear no nada.

Os estilhaços são o testemunho da agressão.»

Horta Seca, Lisboa, 15 Agosto

Pouco importa que seja este mês pulverizado, cheio de ausências brancas e brandas vontades. Tumultuosa ou plácida, a gestão corrente obriga-nos a trocar o essencial por um esmagador acessório. Há cobranças por fazer, pagamentos atrasados, gritos presos na garganta, impostos ameaçadores, formalidades por cumprir, direitos a pedir e outros a ceder, projectos a definir em papel, avaliações a ponderar, arrependimentos avulso, decisões tomadas e outras adiadas, impaciências por tolher, explicações que tardam, impressos a preencher, regras e mais regras de um negócio que me cheira ser dos mais estúpidos. O telefone, de súbito, cresce feito instrumento de tortura. Um único email estraga o dia por completo. Uma reunião que dura há semanas. E agora mesmo a suposta ajuda revelou-se obstáculo. Dia que se preze tem, pelo menos, uma crise, um buraco, quando não inferno, limbo.

29 Ago 2018

FAO | Surto de peste suína pode propagar-se para o resto da Ásia

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m surto de peste suína africana, detectado em várias zonas da China, ameaça propagar-se para fora das fronteiras do país, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A agência lançou ontem um alerta para a possível propagação do vírus a outros países asiáticos “a qualquer momento”, a partir da China, onde surgiu este mês e se tem expandido rapidamente.

Mais de 24.000 porcos foram abatidos, em quatro províncias do país, num esforço para travar a doença, que é altamente contagiosa, mas só afecta porcos e javalis.
A China produz anualmente 600 milhões de porcos e a carne de porco é parte essencial da cozinha chinesa, compondo 60 por cento do total do consumo de proteína animal no país.

A flutuação do preço daquela carne é sensível e o Governo guarda uma grande quantidade congelada, para pôr no mercado quando os preços sobem.

Em comunicado, a FAO explicou que a doença poderá ultrapassar as fronteiras do país para o sudeste asiático ou a península coreana. “O transporte de produtos à base de carne de porco pode propagar a doença rapidamente”, aponta o chefe de Serviço Veterinário da FAO, Juan Lubroth.

O vírus pode sobreviver por muito tempo em climas muito frios ou quentes e estar presente em produtos de carne secos ou curados. No início deste mês, em Shenyang, no nordeste do país, foi reportado o primeiro surto da doença, com 47 porcos infectados, e que acabaram por morrer.

29 Ago 2018

Filipinas | Senadores no Supremo Tribunal tentam travar saída do TPI

O Supremo Tribunal filipino iniciou ontem a audiência sobre o recurso interposto por um grupo de senadores contra a decisão do país se retirar do Tribunal Penal Internacional (TPI), anunciada pelo Presidente, Rodrigo Duterte, em Março

 

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e acordo com a agência de notícias Efe, os senadores da oposição Leila de Lima, Kiko Pangilinan, Franklin Drilon, Bam Aquino, Risa Hontiveros e Antonio Trillanes apresentaram, a 16 de Maio, uma petição ao Supremo Tribunal para impedir que as Filipinas se retirassem do Estatuto de Roma, o tratado que criou o TPI, sem a aprovação do Senado.

O Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, anunciou a 14 de Março a saída do país desse tratado “com efeito imediato” depois de o TPI comunicar a sua decisão de abrir uma investigação preliminar sobre as mortes provocadas pela “guerra contra as drogas” empreendida pelo Presidente filipino. Segundo dados oficiais, a “guerra contra as drogas” provocou mais de 4000 mortos durante operações policiais, embora organizações de direitos humanos apontem para 15000 a 20000 vítimas mortais ao abrigo do clima de impunidade da campanha antidroga.

O Supremo Tribunal rejeitou no início do mês o pedido dos senadores, tendo na altura Leila de Lima – que está presa sem julgamento desde Fevereiro de 2017 por alegadamente receber subornos de narcotraficantes – comparecido no tribunal para apresentar os seus argumentos. O Tribunal considerou que, uma vez que seis senadores apresentaram o recurso, não é essencial que seja Leila de Lima a apresentar a argumentação.

Leila de Lima nega a acusação, que considera fabricada pelo ambiente de Duterte contra a senadora, considerada uma das principais vozes críticas da guerra contra as drogas e que presidiu a uma comissão de inquérito no Senado.

 

Mudanças na justiça

A audiência no Supremo Tribunal será presidida pela juíza Teresita de Castro, nomeada por Duterte como presidente do Supremo Tribunal na semana passada, para substituir María Lourdes Sereno, que foi destituída do cargo em Maio, um mês após o Presidente a declarar publicamente como sua “inimiga”, por denunciar os seus abusos.

Países como os Estados Unidos, República Popular da China e Rússia não integram o TPI, com sede em Haia, e que conta com 123 membros.

O TPI recebeu em Abril de 2017 uma denúncia de um cidadão filipino que pediu o julgamento de Duterte por “assassinatos” alegadamente cometidos durante 22 anos – entre os períodos compreendidos entre 1988 e 1998 e também entre 2001 e 2010 – quando foi autarca de Davao, uma ilha a sul de Mindanao. A acusação compreende também um período que começou em Junho de 2016, em que Duterte, como chefe de Estado, deu início à campanha antidroga.

 

29 Ago 2018

Ambiente | Verão de 2018 é o mais quente desde 1961

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China registou este ano o Verão mais quente desde 1961, com a temperatura média em todo o país a fixar-se em 22 graus, segundo dados da Administração Meteorológica do país, citados pela agência noticiosa Xinhua. Entre Junho e 26 de Agosto, a temperatura média foi um grau acima do registado em anos anteriores, enquanto as temperaturas extremas se prolongaram por mais tempo e afectaram mais áreas. Em Agosto, a temperatura na China alcançou os 22,2°C, mais 1,2°C do que nos anos anteriores. Cerca de 55 estações meteorológicas do país registaram este Verão as mais altas temperaturas diárias, desde que há registos.

29 Ago 2018

Hong Kong | Fraude leva mulher a casar com desconhecido

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma mulher de Hong Kong, de 21 anos, que procurava o seu primeiro emprego na indústria da beleza, acabou casada com um desconhecido, cidadão chinês, vítima de fraude. O caso, revelado pelo jornal South China Morning Post, ilustra aparentemente como cidadãos do continente chinês procuram casar com pessoas de Kong Kong, visando assegurar a autorização de residência na cidade.

Citada pelo jornal, a mulher explicou que começou por se candidatar a um emprego como maquilhadora, anunciado no Facebook.

Após o contacto inicial, os recrutadores propuseram, no entanto, que trabalhasse no planeamento de festas de casamento, que incluía um curso de formação gratuito, em Hong Kong, e um teste final, na província chinesa de Fujian. O teste incluiu a simulação de um matrimónio com um homem da mesma faixa etária, em que ela figurou como esposa e assinou um documento do Governo local, selando oficialmente o matrimónio.
Os recrutadores garantiram-lhe que não havia problema, porque conheciam o presidente da câmara daquela cidade e “anulariam o [registo de matrimónio] depois”, conta a vítima.

Quando a jovem regressou a Hong Kong, uma amiga convenceu-a de que se tratava de uma fraude, incitando-a a denunciar às autoridades, que confirmaram que o casamento não tinha sido anulado.

Desconhece-se os motivos do esquema, mas os residentes da parte continental da China com um cônjuge de Hong Kong podem solicitar autorização de residência na cidade, o que resulta em vários casos de casamentos fraudulentos.

29 Ago 2018

Turismo | Chineses contribuem para um quinto das receitas globais

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s turistas chineses gastaram 221 mil milhões de euros no exterior, em 2017, o equivalente a um quinto dos gastos mundiais em serviços de turismo, segundo um relatório da Organização Mundial do Turismo divulgado ontem. Os chineses gastaram mais em sectores de nicho, incluindo degustação de whisky, actividades ao ar livre ou a ver a Aurora Boreal, destaca o documento. O mesmo relatório revela que o total mundial facturado pela indústria do turismo ascendeu a cerca de 1,1 biliões de euros, no ano passado. No total, 129 milhões de chineses viajaram para o estrangeiro em 2017, mais 5,7 por cento do que no ano anterior. A China é o país mais populoso do mundo, com cerca de 1.400 milhões de habitantes. A maioria dos turistas chineses fica por Hong Kong e Macau, mas o Sudeste Asiático, Estados Unidos, Europa e Austrália atraem cada vez mais a nova classe média chinesa, numa vaga que beneficia também Portugal. No ano passado, o número de chineses que visitaram Portugal cresceu 40,7 por cento, para 256.735, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas português.

29 Ago 2018

PCC | Pequim anuncia medidas para castigar quem propaga “rumores políticos”

O Partido Comunista da China vai castigar a propagação de “rumores políticos” e punir de forma “mais dura” os funcionários negligentes nas suas funções, segundo um conjunto novo de normas

 

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]egundo a agência, que cita um comunicado do comité central do PCC, o partido está determinado a autogovernar-se com “disciplina de ferro”, pelo que as novas regulações são necessárias para contrariar “novas formas de violar a disciplina”. O comunicado assinala que continuará a perseguir quem propague “rumores políticos” que ponham em perigo a “unidade e solidariedade do partido”, e também castigará funcionários que não consigam implementar um “desenvolvimento inovador, coordenado, verde, aberto e inclusivo, causando perdas significativas, devido à sua negligência”.

Outra das cláusulas dirige-se aos membros do partido que sejam religiosos, e que passam a estar proibidos de participar em actividades que utilizam a religião como “provocação”. Quem “distorcer” a história do país também está sujeito a castigo.

Nos casos mais graves, os membros do partido podem ser processados judicialmente, mas na maior parte dos casos de infração da disciplina interna o castigo maior é a expulsão do partido.

Moscas e tigres

Após ascender ao poder, Xi Jinping lançou uma campanha anticorrupção, hoje considerada a mais persistente e ampla na história da China comunista, e que resultou já na punição de um milhão de membros do partido. Os alvos incluíram oficiais menores, a que Xi se refere como “moscas”, mas também mais de uma centena de “tigres” – altos quadros do partido, com a categoria de vice-ministro ou superior. Os dois casos mais mediáticos envolveram a prisão do antigo chefe da Segurança Zhou Yongkang e do ex-director do Comité Central do PCC e adjunto do antigo presidente Hu Jintao, Ling Jihua.
As regulações foram objecto de revisão, nos últimos três anos, “o que manifesta a determinação do PCC em impor uma forte disciplina”, assinala o comunicado, citado pela Xinhua.

A edição anterior, publicada em 2015, estabeleceu um guia de conduta para membros do Partido, com uma lista de acções disciplinares em caso de infração.

29 Ago 2018

MGM Cotai | Sam Smith ao vivo em Macau nos dias 19 e 20 de Outubro

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]músico britânico Sam Smith, vencedor de prémios Grammy, vai estar em Macau nos dias 19 e 20 de Outubro para dois concertos inseridos na tour mundial “The Thrill of it All”. O concerto vai decorrer no teatro do MGM Cotai e os bilhetes estão à venda a partir de amanhã com o preço base de 688 patacas. A tour do músico inclui destinos como Singapura, Manila, Seul, Tóquio, Osaka, Xangai, Pequim e Banguecoque.

Sam Smith começou a carreira em 2012, com um enorme sucesso do single “Latch”. Dois anos depois lançou o primeiro álbum de estúdio, intitulado “In the Lonely Hour”, cuja música “Stay with me” se tornou num sucesso mundial e vendeu cerca de 14 milhões de cópias em todo o mundo.

Em 2015 Sam Smith ganhou quatro prémios Grammy e um Golden Globe e foi também distinguido em Hollywood com a música “Writing’s on the Wall”, que fez parte da banda sonora do filme 007 “Spectre”, protagonizado por Daniel Craig. Além disso, ganhou dois prémios nos Brit Awards e mais três distinções nos prémios Billboard.

Grant Bowie, CEO da MGM China, disse que a concessionária de jogo “está honrada por receber o concerto de Sam Smith pela primeira vez em Macau no novo teatro do MGM”. “Esperamos que esta seja uma nova experiência para os nossos convidados”, rematou.

29 Ago 2018

OCM | Liu Sha assume direcção artística e promete mudanças

 

Liu Sha vai assumir a direcção artística da Orquestra Chinesa de Macau. O maestro entende que é necessário os músicos mostrarem mais do que virtuosismo. É essencial que façam com que o público se sinta mais envolvido, de forma a conquistar audiências

 

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Orquestra Chinesa de Macau (OCM) precisa desenvolver a forma como está em palco. Esta é a proposta de Liu Sha, o novo maestro e director artístico da OCM, que defende uma mudança da atitude dos músicos durante os espectáculos. “É preciso desenvolver formas de expressão, é necessário que os músicos saibam como se expressar, mover, enquanto tocam”, disse o responsável ontem à margem da conferência de imprensa dedicada à sua apresentação.

Não está em causa a qualidade dos músicos que formam a OCM, que considerou, “são todos muito bons”. No entanto, “às vezes, ao vê-los em palco não fico satisfeito porque ‘a personagem’ está muito fechada e não se abre ao que está a tocar”, explicou o maestro, que confessou que esse é um aspecto que quer mudar.

Mas, os desafios no novo cargo em Macau são maiores e passam também pela necessidade de conquistar audiências para os concertos da OCM. “Parece que aqui o público, na sua maioria, aprecia música clássica”, algo que não acontece, de acordo com o maestro, com a música chinesa. Este é também o maior desafio do seu trabalho à frente da OCM.

Também aqui, e para fomentar a adesão do público, entra a nova postura que pretende que os músicos adoptem. “Penso que quanto mais os músicos expressarem a sua interpretação, mais conseguem transmitir ao público que os vê”, apontou.
Por outro lado, é necessário levar o trabalho da orquestra à comunidade e “criar mais proximidades”. Para isso, o novo director artístico sublinha a importância de ter em conta os mais novos, um aspecto que será tido em conta esta temporada. “Temos muitos concertos programados para crianças em que usamos música popular e em que os maestros falam para os mais novos para explicar o que se vai tocando”, exemplificou.

Novos repertórios

Para chegar a mais pessoas, os repertórios também vão sofrer alterações. “A escolha de temas não vai ser fácil, até porque a música chinesa é muito rica”, afirma. “Com músicos mais activos em palco e a suavidade dos sons acredito que os espectáculos se tornem lendários”, afirmou.

Para já, é necessário “perceber o que é que chega ao público, do que é que se gosta aqui e o que querem”. Este é o ponto de partida do trabalho que o maestro tem pela frente. “Já tenho uma série de peças seleccionadas que penso interessarem às pessoas de Macau e que as vão motivar a irem a mais concertos”, comentou.
Além do reportório de música chinesa, o maestro promete manter a “tradição” e continuar a integrar peças que juntem temas ocidentais com orientais, uma componente que faz da OCM “muito especial”, afirmou.

Aliás, é com esta mistura que a temporada 2018/2019 vai abrir. O concerto é já no próximo domingo às 20h no grande auditório do Centro Cultural de Macau, e tem como título “Vislumbres do Vento Nacional”. O espectáculo vai contar com a presença de convidados, como é o caso dos intérpretes de erhu, Yu Hongmei, vice-directora do Conservatório Central de Música, e Zhai Qinxi, professora assistente de guqin na mesma instituição.

A colaboração com músicos estrangeiros também vai continuar. Para Liu Sha esta é uma grande mais-valia, recordando, por exemplo, os concertos com intérpretes de fado. “Claro que quero continuar a fazer este tipo de espectáculo até porque estamos me Macau”, rematou.

Também programados para esta temporada estão seis ciclos de concertos: o “Ciclo Clássicos”, “Produções Especiais”, “Passeando no Jardim, Ouvindo Música”, “Museus Musicais”, “Herança Musical” e “Envolvimento da Comunidade com a Música”. Os bilhetes já estão à venda.

29 Ago 2018

Ambiente | Petição que exige redução do uso do plástico entregue amanhã

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]residente Annie Lao entrega amanhã a “Petição sobre o Desperdício de Plástico e Poluição em Macau”, que chegou às cinco mil assinaturas nos últimos dias. O documento, que exige medidas para reduzir o uso de sacos de plásticos, é endereçada a Raymond Tam, director dos Serviços de Protecção Ambiental, e a Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas.

Na petição, Annie Lao defende a acção “imediata” do Executivo. Uma das propostas é a proibição “dos sacos de plástico, do plástico descartável e das embalagens desnecessárias de produtos nos supermercados, incluindo frutos e legumes”. Tudo para que “seja implementada uma taxa ou que esse tipo de plásticos passe a ser cobrado, como forma de dissuadir as pessoas do seu uso, levando-as a procurar alternativas mais amigas do ambiente”.

A petição pede também “regras rigorosas e multas para o uso do plástico descartável”. “É importante que as empresas, os restaurantes, os cafés, as lojas e os supermercados assumam a responsabilidade social que têm. Reciclagem e incineração não são a solução. O caminho tem de ser feito no sentido da redução do desperdício”, reforçou.
Ao invés do recurso aos plásticos, Annie Lao considera que a DSPA deve “encontrar melhores alternativas, como o papel ou outros materiais biodegradáveis, assim como sensibilizar o público para o não-desperdício”.

29 Ago 2018

Protesto | Condutores de riquexós querem saber destino dos apoios dados pelo Turismo

Um grupo de condutores de riquexós quer saber onde pára o apoio entregue pelos Serviços de Turismo à associação do sector

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]erca de dez condutores de riquexó queixaram-se ontem da falta de transparência nos apoios concedidos pelos Serviços de Turismo para promover a actividade. Verbas que, segundo os queixosos, foram entregues à associação do sector. Num encontro com os jornalistas, que teve lugar junto ao Hotel Lisboa, o grupo acusou a Associação de Condutores de Triciclos de Macau de estar a esconder há meses o destino das verbas atribuídas pelo Governo.

Segundo Chang Chong Tou, que conduz um riquexó desde a década de 1980, foram pedidas explicações à associação que os representa, mas em vão. Um dos projectos que desconheciam está relacionado com a renovação e reparação de um total de cinco riquexós que entraram em funcionamento a 1 de Janeiro. “Cerca de 95 por cento dos membros da associação não sabia”, garantiu.

Aliás, segundo o mesmo responsável, viriam a descobrir mais tarde que entre os condutores escolhidos estava o presidente da associação. “Ho Wa Fok utilizou o nome da associação. A associação deve ser para todos em vez de para ele próprio”, enfatizou. Os condutores de riquexó apontam ainda que querem que seja explicada por que razão foram escondidas informações.

“Ele depois de receber os projectos deveria conversar com os condutores da associação”, sustentou Chang Chong Tou, alegando que, apesar da insistência, o presidente da associação ainda não foi capaz de revelar o montante que a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) deu à entidade.

Segundo o porta-voz dos queixosos, entre 2011 e 2017, os condutores de riquexó receberam da DST apoios que oscilavam entre 60 a 80 mil patacas por mês. Assim, cada um auferia mensalmente entre duas e três mil patacas por quatro ou seis dias de trabalho, explicou. Contudo, relativamente a 2018, a Associação de Condutores de Triciclos de Macau terá dito aos seus membros para esperarem por mais informações, uma vez que estava ainda a comunicar com a DST. Segundo Chang Chong Tou, após protelar as respostas, a associação viria a divulgar informações sobre os apoios da DST, mas apenas parcialmente. “Pedimos para divulgar quanto dinheiro a DST nos deu, mas não revelou”, lamentou ainda o porta-voz dos condutores de riquexó.

29 Ago 2018

Sem novidades no Japão, Lawrence Ho concretiza no Chipre

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]concessionária de jogo Melco Crown divulgou ontem os resultados financeiros relativos aos primeiros seis meses deste ano. De acordo com um comunicado, a Melco Crown “teve resultados financeiros e operativos na primeira metade do ano, apesar dos desafios do mercado de jogo de Macau”. Na prática, os lucros triplicaram em relação ao igual período de 2017. Se nos primeiros seis meses do ano passado os lucros foram de 355,4 milhões de dólares de Hong Kong, esse valor cifrou-se nos 1,1 mil milhões de dólares de Hong Kong, ou seja, um aumento de 200 por cento. As receitas liquidas da operadora foram 19,8 mil milhões de dólares de Hong Kong.

Apesar do Japão se manter “o foco principal do grupo a longo prazo”, e da abertura de um escritório em Osaka no primeiro semestre deste ano, a verdade é que a Melco Crown tem vindo a concretizar mais projectos na Europa, nomeadamente no Chipre.

“No Chipre, enquanto o City of Dreams Mediterranean está em desenvolvimento, todas as atenções estão voltadas para outro projecto de grande escala que é a pré-abertura dos casinos Cyprus, em Junho. No horizonte estão também três casinos satélite que deverão arrancar as suas operações em Nicósia, Larnaca e Paphos este ano, enquanto que o casino satélite em Famagousta deverá arrancar as operações na primavera de 2019”, aponta o comunicado ontem divulgado.

Lawrence Ho, CEO da Melco Crown, prevê a conclusão do primeiro resort integrado do Chipre, o City of Dreams Mediterranean, em 2021.

Em relação ao Japão, é, para já, “um mercado com um enorme potencial dentro dos grandes destinos de jogo da Ásia, ficando em segundo lugar apenas em relação a Macau”.
No que diz respeito ao sector do jogo, Lawrence Ho revela-se optimista. “A nossa estratégia de crescimento de longo prazo passa pelo mercado de massas, o qual acreditamos que nos irá levar a um crescimento sustentável e a mais lucros para a nossa indústria. Vamos continuar a investir tanto no segmento VIP como no mercado de massas e a diversificar o nosso portfólio para atrair mais turistas para a nossa área de entretenimento e lazer.”

29 Ago 2018

Renovação urbana | Associações pedem edifícios reconstruídos com mais altura

Os edifícios que possam ser reconstruídos no âmbito do projecto de renovação urbana devem ter mais altura de modo a albergarem mais fracções. A sugestão foi feita por várias associações numa sessão de consulta pública sobre o regime jurídico de habitação para alojamento temporário e de habitação para troca

 

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ssociações locais sugerem que o projecto de reconstrução urbana considere a construção de prédios mais altos. A ideia foi deixada na passada segunda-feira na sessão de consulta pública destinadas às associações sobre o regime jurídico de habitação para alojamento temporário e de habitação para troca no âmbito da renovação urbana. “Na construção e planeamento das habitações para alojamento temporário e para troca, algumas opiniões apontam no sentido da demolição dos edifícios antigos e da reconstrução dos mesmos para edifícios mais altos”, lê-se no comunicado emitido pelo Gabinete de Estudo das Políticas do Governo. De acordo com as sugestões dos dirigentes associativos, o objectivo é “alargar o leque de oferta de habitações”.

Por outro lado, os trabalhos de renovação urbana devem ter em conta as negociações com os implicados em vez de serem “desenvolvidos mediante demolição à força nem pelo despejo obrigatório”.

No que respeita às rendas das habitações temporárias, as associações querem que os habitantes dos bairros antigos admitidos para realojamento temporário, durante o período em que decorem as respectivas obras de renovação, não paguem de qualquer renda.

No que respeita ao processo de troca e compra de habitação, as associações consideram que o Governo deve esclarecer a se existe a possibilidade futura de aquisição de casas de alojamento temporário.

Promover para implicar

As associações mostraram-se ainda a favor de uma melhor promoção do projecto de renovação urbana “com objectivos bem definidos e lançamento de medidas de incentivo e com divulgação dos dados sobre os diversos bairros antigos”, bem como o papel da própria sociedade no projecto.

A proposta de lei em consulta pública inclui disposições especiais referentes aos lesados que adquiriram fracções do “Pearl Horizon” e que preveem a possibilidade de compra de casa nas instalações do empreendimento que pertencem agora ao Governo. Neste sentido, as associações estão preocupadas com os compradores não residentes e querem saber claramente se estas pessoas vão ou não estar qualificadas no processo de aquisição de habitação para troca, sendo que ressalvam que esta situação deve “ser encarada com uma extraordinária excepção”.

Esclarecimentos vagos

O Governo apenas esclareceu que os terrenos destinados a habitação pública não serão considerados no âmbito do planeamento e construção de habitações para alojamento temporário e para troca, mantendo-se “para todos os efeitos, inalterado o plano original e andamento dos projectos para habitação pública”, lê-se no comunicado oficial.

No âmbito da habitação temporária, o Executivo reiterou que o terreno do projecto “Pearl Horizon” poderá reunir condições para construir as habitações necessárias ao realojamento e troca previsto no âmbito da renovação urbana. A definição deste tipo de habitações será feita depois de aprovada a proposta de lei.

A consulta pública termina a 20 de Setembro.

 

29 Ago 2018

Criminalidade violenta caiu na primeira metade do ano

 

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau continua com um “ambiente estável” no que toca à segurança. Quem o diz é o secretário da tutela, Wong Sio Chak, apoiando-se nos números relativos ao primeiro semestre do ano, apresentados ontem em conferência de imprensa. Entre os principais indicadores surge a criminalidade violenta, que diminuiu sensivelmente um quarto.

A impulsionar o registo esteve a queda significativa dos casos de sequestro que caíram 37,7 por cento comparativamente à primeira metade do ano passado, tendo a esmagadora maioria – 135 em 144 – tido origem na prática do crime de usura (vulgarmente conhecida como agiotagem). A diminuição dos casos de roubo (34 contra 43), de tráfico de droga (62 contra 72) e de fogo posto (25 contra 27) também ajudou ao recuo da criminalidade violenta. Desta rúbrica destaca-se, porém, em sentido inverso, o registo de 13 violações e 11 de abusos sexuais de criança, ou seja, mais dois relativamente a ambos.

Em termos gerais, a criminalidade subiu ligeiramente (2,8 por cento), o que resultou em 7.116 inquéritos criminais. Seis em cada dez relativos a crimes contra o património (4.372), como burla ou furto. Neste âmbito, a usura foi o crime com o aumento mais significativo: 41,1 por cento. Do total de 261 casos, 254 estavam relacionados com o jogo, ou seja, mais 38 por cento em termos anuais homólogos.

Em contrapartida, os crimes contra a pessoa (1.333), contra a vida em sociedade (494) e contra o território (442) diminuíram em comparação com os primeiros seis meses de 2017.

Já a delinquência juvenil subiu de 21 para 28 casos no primeiro semestre do ano, envolvendo 50 jovens (mais 28). Do total dos casos, 10 foram remetidos para o Ministério Público (MP), contra três em igual período do ano passado.
Em termos globais, entre Janeiro e Junho, 3.112 indivíduos (ou menos 477 em termos anuais homólogos) foram detidos e presentes ao MP.
Do balanço da criminalidade destaca-se ainda a descida de quase 30 por cento do número de imigrantes ilegais para 429, com Wong Sio Chak a colocar ênfase no “eficaz” combate por parte das autoridades. A seu ver, tal reflecte-se no aumento dos valores cobrados a quem pretende entrar clandestinamente, que estima terem subido de 2.000/3.000 para 15.000/20.000 patacas. “É mais difícil emigrar para Macau de forma clandestina”, comentou. Já os casos de excesso de permanência aumentaram ligeiramente (6,6 por cento) nos primeiros seis meses do ano para 13.788, sendo a maioria igualmente procedente da China.

Mais de 3300 taxistas multados até Junho

Entre Janeiro e Junho, a Polícia de Segurança Pública (PSP) autuou 3309 taxistas, o que perfaz uma média de 551 por mês. O valor traduz um aumento de 42,2 por cento em termos anuais homólogos. Quase dois terços (ou 2058 infracções) diziam respeito a cobrança excessiva. O secretário para a Segurança reconheceu que o cenário é “intolerável” e “está a prejudicar muito a imagem de Macau”, considerando que as actuais sanções não são elevadas e o processo até à punição é longo. Neste sentido, Wong Sio Chak manifestou confiança de que a revisão legal venha permitir “elevar a eficácia do combate”, diminuindo o número de infracções praticadas pelos taxistas.

29 Ago 2018

Segurança do Estado | Autoridades têm em mãos pelo menos uma investigação

Está em curso uma investigação relacionada com crimes contra a segurança do Estado. Desconhece-se, contudo, quando foi iniciada, que tipo de acto envolve ou até se é a primeira do género

 

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s autoridades de Macau estão a investigar pelo menos um caso relacionado com crimes contra a segurança do Estado. A revelação foi feita ontem por Wong Sio Chak que escusou, no entanto, facultar mais pormenores, garantindo apenas que existem indícios que a sustentam.

Não sabe quando a investigação foi iniciada, em que fase está, se abarca mais do que um caso nem tão pouco a que crime diz respeito. Apesar da insistência durante a conferência de imprensa dedicada ao balanço da criminalidade do primeiro semestre, o secretário para a Segurança remeteu pormenores para mais tarde: “Não posso revelar [detalhes], peço desculpa. De acordo com o Código de Processo Penal (CPP), só podemos revelar no momento oportuno”.

A Lei Relativa à Segurança do Estado, em vigor desde 2009, tipifica sete crimes contra a segurança do Estado elencados no artigo 23.º da Lei Básica, tais como traição à pátria, secessão, sedição ou subversão contra o Governo Popular Central e subtracção de segredos do Estado, cuja pena máxima chega aos 25 anos de prisão. Actualmente, estão a ser elaborados diplomas complementares à lei, que o Governo espera concluir até ao início do próximo ano. “Essa lei existiu sempre como quadro legal sem regulamentação de procedimentos, nem determinação da entidade executora, o que tem resultado, justamente, na ausência da aplicação das suas disposições”, afirmou, em meados de Abril, Wong Sio Chak, ao justificar a necessidade de mexidas.

Questionado ontem sobre a existência de ameaças à segurança do Estado em Macau, Wong Sio Chak respondeu: “Quando falamos de segurança do Estado falamos da China e acho que são óbvias as ameaças sentidas pela China ao longo dos anos”. “Vamos continuar a reforçar o combate – é uma das responsabilidades das autoridades da RAEM. (…) Não podemos restringir só a Macau. Precisamos de fazer o combate contra esses crimes de uma forma global”, insistiu.

As forças hostis

Quanto às “forças hostis” que andam “a aproveitar Macau como trampolim para conduzir actividades de infiltração e intervenção” contra a China – sinalizadas num artigo dedicado à segurança do Estado recentemente publicado no ‘site’ do seu gabinete – estão relacionadas com a criminalidade transfronteiriça, afirmou o secretário para a Segurança. “Com o avanço da tecnologia e a facilidade de mobilidade temos mais casos de crimes que vão de Macau para a China ou da China para Macau”, referiu, destacando a cooperação entre os dois lados da fronteira no âmbito do combate aos crimes transfronteiriços, em cuja esfera colocou tanto a usura como práticas que atentam contra a segurança do Estado.

Sobre o departamento que vai ser criado no seio da Polícia Judiciária (PJ) para executar a lei relativa à defesa da segurança do Estado, Wong Sio Chak indicou apenas que o processo está em andamento, sem concretizar quando poderá iniciar em funções.
Este departamento juntar-se-á a pelo menos outros dois novos (um dedicado à cibersegurança e outro ao terrorismo) também em preparação, os quais vão levar à reestruturação da PJ que Wong Sio Chak espera efectivada “o mais breve possível”.

29 Ago 2018

MNE | Shen Beili nomeada Comissária

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo Central escolheu Shen Beili para Comissária do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Macau, de acordo com a agência Xinhua, que dá ainda conta da exoneração de Ye Dabo, que desempenhou o cargo desde 2015. Shen Beili, de 55 anos, foi Ministra na Embaixada da China em Inglaterra entre 2014 e 2016 e, mais recentemente, foi directora do Departamento Internacional do Comité Central do Partido Comunista Chinês.

29 Ago 2018

Pensões | Ng Kuok Cheong pede aumentos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado pró-democrata Ng Kuok Cheong pede ao Executivo que aumente a pensão para idosos. Em interpelação escrita, o tribuno defende que o valor da pensão deve corresponder ao índice mínimo de subsistência, estimado em 4050 patacas, mais 500 que o valor actual. De acordo com Ng, não se justifica que as pensões não sejam aumentadas no contexto da situação económica do território.

29 Ago 2018

Segurança do Estado | Nova comissão questionada por juristas

A nova Comissão de Defesa de Segurança do Estado poderá ser uma “polícia política facilmente manobrável” por Wong Sio Chak. António Marques da Silva e António Katchi temem ainda que o Código do Processo Penal seja alterado e que se criem tribunais especiais para julgar processos

 

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo vai criar a Comissão de Defesa de Segurança do Estado, que tem como objectivo apoiar o Chefe do Executivo na tomada de decisões. Apesar de se tratar de matéria ligada à segurança do Estado chinês, Macau tem poderes, ao abrigo do artigo 23 da Lei Básica, para criar esta comissão, apontaram dois juristas ao HM. Contudo, os problemas práticos poderão ser outros, defendem.

Na visão de António Katchi, o Governo, ao criar esta nova comissão, tem como objectivo “claro” a instituição de uma “polícia política facilmente manobrável pelo secretário para a Segurança, em estreita articulação com o Governo Central, para perseguir indivíduos ou organizações considerados politicamente incómodos para a oligarquia local ou para a casta dirigente do Partido Comunista Chinês”.

Na prática, tal pode acontecer invocando “disposições penais contidas na Lei de Defesa da Segurança do Estado, mas efectuando, para tal, as manipulações e distorções que se revelem necessárias, quer em matéria de Direito, quer em matéria de facto”. Katchi, que é também professor universitário, estabelece mesmo um paralelismo com o período do Estado Novo, em Portugal.

“O secretário para a Segurança não deve ignorar, por exemplo, que em Portugal, durante a longa noite fascista, o principal instrumento orgânico-administrativo utilizado pelo Governo para perseguir, intimidar, prender e mesmo matar opositores políticos não foi a PSP, mas a PIDE.”

António Marques da Silva, também jurista, diz temer futuras mudanças ao abrigo desta nova comissão. “Estas comissões, em todo o mundo, são, normalmente, de má memória”, começou por defender.

“Não me preocupa que sejam criados serviços de inteligência para prevenir atentados contra a segurança do Estado. O que me preocupa é que atrás disto se altere a lei de Defesa da Segurança do Estado, o Código do Processo Penal (CPP) e se criem juízes e tribunais especiais para julgar este tipo de casos”, acrescentou. O jurista recorda ainda que “todos os países têm serviços de inteligência para prevenir crimes contra a segurança do Estado ou questões ligadas ao terrorismo”. António Marques da Silva destaca ainda o tom “intimidatório” que a criação desta nova comissão acarreta.

“O intuito desta comissão será mais do que consultivo, será preventivo, e de execução. Veja-se a composição desta comissão: é o Chefe do Executivo, o secretário para a Segurança, o director da Polícia Judiciária. Tudo indicia que tem um carácter operacional, preventivo mas também com um lado intimidatório, no meu entender.”

Para quê?

António Marques da Silva acompanhou o processo de implementação da lei de Defesa da Segurança do Estado e recorda que, em 2009, “entendeu-se que não era necessário criar nenhum órgão de investigação especial nem nenhuma norma processual especial”. “Decidiu-se que tudo seria tratado como qualquer outro tipo de crime e sujeito às regras do CPP e ao julgamento dos tribunais normais. Há agora uma nova realidade que, pessoalmente, não sei onde querem chegar”, frisou, questionando se há necessidade de criar esta comissão.

Nunca foi registado qualquer caso de atentado à segurança do Estado desde 1999, apesar de estar actualmente em curso apenas uma investigação (ver texto principal da página 5).

António Katchi teoriza quais as verdadeiras razões para a criação da comissão quando nunca houve crimes deste tipo. “Uma vez que os organismos públicos têm de mostrar serviço para justificarem a sua existência, é evidente que um organismo única ou principalmente destinado a detectar eventuais crimes contra a segurança do Estado estaria constantemente sob pressão para descobrir e para publicitar a descoberta de tais crimes – se não os houvesse, teriam de ser inventados, mas teriam de ser ‘descobertos’.”

Além disso, o académico destaca a necessária “cumplicidade do aparelho judicial”. “O Governo também já cuidou disso, com a sua proposta de revisão da Lei de Bases da Organização Judiciária, que vem baralhar as regras de competência para julgamento de processos relacionados com crimes ‘contra a segurança do Estado’, aumentando o risco de interferência do Governo, favorecendo a classificação dos juízes segundo a sua orientação política e tornando-os mais vulneráveis a pressões políticas”, rematou.

Ontem o jornal Ou Mun publicou um artigo de uma página com depoimentos dos deputados Vong Hin Fai e Hon Ion Sang, entre outras vozes de associações tradicionais da matriz chinesa, que concordam com a criação desta comissão. Também a deputada Song Pek Kei emitiu um comunicado a defender esta medida, afirmando que a nova comissão “mostra que o Governo da RAEM cumpre a responsabilidade de defesa da segurança nacional prevista na Constituição chinesa”.

 

 

29 Ago 2018

Patrícia Mouzinho, jornalista e pintora: “O meu coração macaense está nestes quadros”

Jornalista há mais de 20 anos no canal de televisão SIC, Patrícia Mouzinho sempre se dedicou à pintura, mas só em 2015 teve coragem para mostrar o seu trabalho aos outros. O sucesso de vendas numa galeria online proporcionou-lhe uma entrada bem sucedida no mundo da arte. Hoje inaugura na Fundação Rui Cunha a exposição “Meu Macau e o poder dos números”, onde Patrícia Mouzinho mostra a sua relação com o território

[dropcap]E[/dropcap]sta exposição mostra a sua relação com Macau e com números. Porque é que o 8 e o 9 se tornaram nos seus números da sorte?
Tornaram-se por força das circunstâncias, isto é, o facto de eu ter vivido aqui tantos anos seguidos, foram oito anos seguidos, e os meus pais ficaram mais 15 anos. Confesso que nunca liguei muito à numerologia e ao poder dos números, mas aqui em Macau é uma coisa inevitável, está em todo o lado. A partir de uma certa altura passaram a ser também os meus números da sorte e hoje evito ao máximo o 14 e o 4. Tornei-me um bocadinho supersticiosa. Escolho sempre tudo o que tenha um 8 ou 9. Ficou-me no sangue.

E tem funcionado, tem tido sorte?
Tenho tido sorte. Tenho visitado Macau com regularidade, esta é a minha segunda terra, para não dizer quase a primeira.

Passou cá a adolescência?
Sim. Estudei no colégio D. Bosco, o que na altura não era comum, e isso fez com que me integrasse facilmente na comunidade macaense. O que me traz hoje a Macau, é uma imensa alegria e chega a ser emocionante. É o voltar à minha terra para expor uma coisa que sempre foi muito minha e muito íntima. Pinto há mais de 25 anos, a pintura faz parte da minha vida, mas nunca tive coragem para abrir essa gaveta. Era uma coisa minha, que ficava na esfera dos meus amigos e família.

FOTO: Sofia Mota

Mas depois começou a vender trabalhos numa galeria online.
Sim, mas é uma coisa muito recente. Em termos familiares há uma ligação à pintura e ao desenho, porque a minha avó era professora de desenho e o meu avô pintava. Há um relacionamento muito forte com as artes plásticas. Há dois anos fui bastante incentivada por dois amigos e resolvi colocar o meu trabalho na Saatcha online, uma galeria de arte norte-americana. Comecei a vender bastante, e a curadora principal da galeria mandou-me um email a dizer que não era muito comum as pessoas venderem tanto e sugeriu que eu aumentasse os preços das obras. E continuei a vender. A partir daí comecei a divulgar o trabalho nas redes sociais e o feedback das pessoas era extraordinário. Sou auto-didacta e só recentemente fiz cursos. É gratificante que os quadros digam alguma coisa às pessoas. Começaram a surgir convites para exposições. Às tantas, dou por mim a dizer que não tenho tempo, porque sou jornalista e não consigo dar resposta a todas as solicitações. Tive um convite para fazer uma exposição no Líbano, por exemplo, e tive de adiar. O que posso dizer é que faço tudo com o coração e enquanto me der prazer, porque, como abri a gaveta, também a posso fechar.

Que lugar tem agora o jornalismo na sua vida?
O jornalismo continua a ter um lugar de extrema importância, porque eu faço-o com paixão. São 23 anos na SIC, é a minha casa, onde me sinto bem, e temos um grupo de trabalho fantástico. Hoje em dia faço mais trabalho não diário, reportagens especiais, coisas que implicam outro tipo de horário, os deadlines são geridos por mim e pelo meu coordenador. O jornalismo de há 23 anos não é o de hoje.

O que mudou?
Mudou muita coisa. Hoje em dia temos o digital e ainda não sabemos muito bem o que vai acontecer à televisão, tal como foi concebida. Não acredito que vá acabar, porque estas coisas reciclam-se e são dinâmicas. As redes sociais, o online, a rapidez com que se devora notícias, a possibilidade de entrar na internet e procurar o que queremos já não é o jornalismo como aquele que eu comecei a fazer. Isso não quer dizer que haja um profundo desencantamento com o jornalismo, mas é óbvio que, ainda que sendo a profissão que me dá o meu ganha pão, o jornalismo está taco a taco com a pintura. O futuro, não sei.

Esteve em Macau há algum tempo em reportagem especial. Pode falar um pouco sobre esse trabalho que foi transmitido na SIC?
Foi transmitido há três anos. Fiz um trabalho sobre o que mudou em Macau depois da transição. Já tinham sido feitas muitas reportagens e o meu objectivo era pegar no facto de ter vivido cá, e ter uma experiência diferente, e ir à procura de coisas diferentes. Aqui fiz um trabalho de juntar a minha experiência pessoal, e o que mudou para mim, e transmiti-lo de forma a que as pessoas em Portugal pudessem sentir o que é a Macau do antes e do depois. Macau mudou muito, obviamente, mas acho que isso é inevitável. Sempre foi um território assim.

Em constante mudança.
Penso que sim. Muitos de nós queríamos talvez agarrar num momento e cristalizá-lo naquela altura. Macau é, sem dúvida, muito especial, mas vai continuar a ser sempre. E eu volto a Macau, passados estes anos todos (vim para cá em 1984) e continuo a sentir que a minha Macau está cá. Quando chego aqui é quase um mergulhar na minha terra, mais do que em Portugal. E isto é muito estranho. Sou de Lisboa mas tenho raízes multiculturais. Quando fui para Portugal estudar senti que aquele país não era o meu. Sentia-me bem com estrangeiros. Macau continua a ser um sítio especial, apesar das pessoas me dizerem que está horrível, que não se consegue andar na rua. Eu acho que faz parte da mudança, foi assim, é assim. Daqui a dez ou vinte anos não se sabe o que será. Temos de aprender é a arranjar alternativas e não remar contra a maré. Portugal, Londres, Nova Iorque também têm as suas coisas péssimas.

Tudo isso vai estar presente nas obras que vai expor na Fundação Rui Cunha. Foram feitas de propósito para esta exposição?
Sim. São obras ligadas aos momentos e à vida que eu tive em Macau, aos locais que fazem parte de Macau, uns que já desapareceram outros que permanecem, pessoas que me marcaram e momentos que tive cá. Há pormenores que têm só a ver comigo. Há um quadro que mostra uma zona de Macau e depois tem uma mesa, pequena, com três meninos, que sou eu e os meus irmãos, quando um deles partiu a cabeça. E isso está ali no quadro só para mim. O que eu quero transmitir é mesmo isso: o meu coração macaense está nestes quadros, é isso que elas podem ver e sentir. Os quadros têm acrílico sobre madeira e nos desenhos usei técnica mista. São vários trabalhos feitos de propósito para aqui.

Há, portanto, coisas pessoais e outras com as quais o público se vai identificar.
Exactamente. Se tiverem curiosidade eu posso explicar algumas coisas. Mas há momentos que são só meus.

Voltando à reportagem que realizou. Macau ainda é um território desconhecido dos portugueses, que fica perdido no Oriente?
Sim. Mas isso acontece também em relação a Goa, Malaca, por exemplo. Também nos esquecemos de Timor-Leste, por exemplo. Em algumas coisas somos demasiado concentrados em Portugal e, muitas vezes, apenas em Lisboa. Isso tem muito a ver com a maneira como o jornalismo e as pessoas divulgam o que é e o que foi Macau, Goa, e como era viver nesses sítios. Macau continua a estar no imaginário e as pessoas também têm conceitos errados. Pensa-se que é a árvore das patacas, que se fala mandarim, que é só jogo. Só quem esteve cá e viu com olhos de ver, e sentiu, é que sabe e compreende. Em relação a Portugal, e aos sítios onde nós estivemos, e estivemos aqui em Macau muitos anos, acho péssimo. Se me pergunta se a ‘culpa’ é de Macau, que não se quer divulgar e mostrar? Acho que não. Portugal é que não está receptivo. Estamos fechado no nosso mundinho, importa falar do Benfica e do Sporting, e o resto é paisagem. Mas isso também acontece em Lisboa em relação ao resto do país.

Que olhar os seus editores na SIC têm em relação ao papel de Macau e China no contexto actual das relações diplomáticas com Portugal? É o olhar certo, comparando com outros meios de comunicação social portugueses?
Felizmente, acho que há muita noção em termos económicos da parte do meu editor e dos meus directores. Estão muito atentos ao que se passa e sabem. Quando têm alguma dúvida pesquisam e querem saber mais. Percebem o poder e o impacto das relações diplomáticas e económicas e do facto de termos, cada vez mais, de estabelecer pontes e relações, não só com Macau, porque foi português e estivemos cá, mas também com a China. Temos um fenómeno muito giro: em Arroios, um bairro lisboeta, vivem pessoas de várias nacionalidades e a comunidade chinesa é a quarta com mais poder. As pessoas começam a querer saber mais e a perceber que é diferente um chinês de Sichuan do macaense.

29 Ago 2018

Juiz norte-americano arquiva processo de Steve Wynn contra agência noticiosa

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m juiz do estado do Nevada arquivou o processo de difamação do magnata do jogo Steve Wynn contra a agência noticiosa Associated Press, que divulgou relatórios policiais que denunciavam assédio sexual contra duas mulheres.

O juiz do Tribunal Distrital do Condado de Clark emitiu um comunicado na quinta-feira argumentando que a divulgação dos relatórios foi uma decisão correta por parte da Associated Press (AP).

O advogado de Wynn, Lin Wood, disse na sexta-feira que vai apelar para a Suprema Corte do Nevada.

Wood argumentou que informações adicionais deveriam ter sido incluídas na reportagem da AP para permitir que os leitores chegassem às suas próprias conclusões sobre a verdade.

Contudo, o juiz do Tribunal Distrital do Condado de Clark afirmou que na altura em que os relatórios foram divulgados, fevereiro, era impossível saber a identidade das mulheres porque essa informação tinha sido ocultada pela polícia de Las Vegas que se recusou a fornecer mais detalhes.

As acusações de assédio sexual por parte de Steve Wynn começaram após uma investigação do jornal norte-americano Wall Street Journal, que denunciou casos de assédio sexual a muitas mulheres.

Desde então, grupos de acionistas, bem como funcionários atuais e antigos da empresa, apresentaram ações judiciais contra o bilionário e contra o conselho de administração.

Steve Wynn negou veementemente as acusações que o jornal relatou, tendo renunciado ao cargo de presidente da empresa a 06 de fevereiro.

O multimilionário que começou como proprietário de um pequeno grupo de salas de bingo no nordeste dos Estados Unidos e construiu um império do jogo com o seu nome, em que se incluem os casinos Mirage e Bellágio, em Las Vegas, e dois casinos Wynn, em Macau.

O conselho de administração da Wynn Resorts nomeou Matt Maddox como novo presidente.

28 Ago 2018

Portugal | João Louro e Tadashi Kawamata nas exposições para a ‘rentrée’ no MAAT

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m novo projecto de João Louro e outro de Tadashi Kawamata realizado em Portugal vão marcar a ‘rentrée’ de exposições no Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa, indicou à Lusa fonte da entidade.

Até 17 de setembro, segundo a mesma fonte, vão continuar patentes no museu “Gary Hill – Linguistic Spill”, “Vida e trabalho: não como antes mas de novo”, de Susana Mendes Silva, e até 08 de outubro, de Ângela Ferreira, “Pan African Unity Mural”, e “Eco-Visionários: Arte, Arquitetura após o Antropoceno”.

Relativamente às novas exposições, João Louro irá apresentar, em novembro, “Linguistic Ground Zero”, no Project Room MAAT, com curadoria de David G. Torres.

O novo projeto do artista português reflete sobre um “momento histórico de inflexão, em que a arte e a sociedade parecem coincidir em relação à necessidade de acabar com tudo”, segundo um texto da programação.

A proposta, uma reprodução de “Little Boy” – a primeira bomba atómica da história – com mensagens gravadas, reúne destruição, ‘graffiti’, referências poéticas e escritos.

A mostra remete para o século XX, período que ficou partido em duas partes pelas guerras mundiais, desde a batalha de Verdun, em 1916, a maior e mais sangrenta da Grande Guerra, ao lançamento da bomba atómica sobre a cidade de Hiroshima em agosto de 1945.

Em outubro, o artista japonês Tadashi Kawamata irá apresentar “Inundação”, na Galeria Oval, com curadoria de Pedro Gadanho e Marta Jecu, que foca questões em torno do turismo e da ecologia globais, e é o resultado de um projeto realizado em Portugal.

Uma instalação imersiva convida o visitante a observar uma paisagem marítima na sequência de uma catástrofe ecológica imaginária, em que os detritos transportados pelos oceanos engoliram a civilização.

Este artista japonês, conhecido pelos seus ambientes arquitetónicos sustentáveis de grande escala, desenvolveu este projeto ao longo de um ano de pesquisa e trabalho de campo em Portugal, que culminou numa oficina com artistas e arquitetos orientado pelo coletivo arquitetónico Os Espacialistas.

Esta peça de grande escala, encomendada pelo MAAT, integra resíduos de plástico e barcos abandonados recolhidos na costa portuguesa durante as campanhas de limpeza de praias, organizadas pela organização de voluntários Brigada do Mar.

Estes elementos “compõem uma forma escultórica que sugere os aglomerados de elementos poluentes agregados pelos movimentos perpétuos dos oceanos, bem como pelo turismo global e o extremo consumo dos recursos naturais”.

Ainda para outubro está prevista a exposição de André Príncipe, “Elephant”, na sala do Cinzeiro 8, com curadoria de João Pinharanda e Ana Anacleto.

Na sua primeira exposição individual em contexto institucional, em Lisboa, André Príncipe continua a sua exploração do meio fotográfico como mecanismo de perceção, captura e construção do real, reunindo um conjunto de obras fotográficas inéditas, e uma vídeo-instalação especificamente concebida para esta exposição.

“Trabalhando a partir de seu arquivo fotográfico, o artista seleciona e edita as imagens para criar conexões dialéticas e relações de harmonia variada em busca de um significado raramente narrativo”, indica a programação.

O Artists’ Film International regressa, a partir de outubro, na Sala das Caldeiras, com curadoria de Maria do Mar Fazenda.

Iniciado pela Whitechapel Gallery em Londres, este evento resulta de uma parceria entre várias instituições internacionais que reúnem um conjunto de filmes de artistas em torno de um tema compartilhado, este ano, a verdade.

Em novembro está prevista a apresentação da exposição “Haus Wittgenstein”, na Galeria Principal do MAAT, com curadoria de Nuno Crespo.

O foco desta exposição é a história de 90 anos da casa de Wittgenstein em Viena, um projeto iniciado em 1926 e concluído em 1928, que envolve arte, arquitetura e filosofia.

“Essa confluência ocorre não apenas porque o filósofo Wittgenstein foi seu arquiteto, mas também porque a história do projeto – de sua construção e habitação – reflete uma série de conflitos que constituem um exemplo abrangente de um processo criativo que é ao mesmo tempo artístico e arquitetónico”, descreve a programação.

28 Ago 2018

Benfica vai impugnar constituição da SAD como arguida no processo “e-toupeira”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] SAD do Benfica anunciou ontem que vai impugnar a decisão do Ministério Público (MP) de a constituir como arguida no processo “e-toupeira” e solicitar o afastamento do magistrado titular do inquérito.

Em comunicado, a SAD do Benfica considera que o processo “afronta a Constituição, a Lei e os deveres funcionais do Procurador”.

Na sequência da decisão ontem conhecida, e após consulta dos autos de inquérito, a SAD ‘encarnada’ decidiu avançar “com a imediata impugnação da constituição como arguida e o competente pedido de incidente de suspeição sobre o magistrado titular do inquérito, com base em diversa matéria de facto e de direito”.

O processo “e-toupeira” investiga a utilização abusiva de credenciais informáticas na plataforma Citius de uma magistrada do MP, que se encontra colocada na coadjuvação da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL), para recolher informação relacionada com processos, designadamente envolvendo o Benfica.

A SAD ‘encarnada’ considera que a sua constituição como arguida padece de duas “gravíssimas ilegalidades”, por não haver “quaisquer factos, circunstâncias e provas que fixem qualquer conexão entre os factos imputados aos funcionários judiciais e o Conselho de Administração (CA) da Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD”.

O segundo argumento usado é a “inexistência de qualquer facto que demonstre que o Dr. Paulo Gonçalves [assessor jurídico do clube], a saber de qualquer facto, o tenha transmitido ao CA da SAD”.

Para a SAD do Benfica, o magistrado “usou o poder discricionário de constituir uma pessoa singular ou coletiva como arguida em processo de inquérito sem atender à necessária demonstração de prova de qualquer prática de crime ou de fundada suspeita, e por não observar os deveres funcionais a que se acha legal e estatutariamente adstrito, adotando uma conduta estranha e colidente com o texto da lei processual e, mais grave, com a própria Constituição da República”.

O Benfica refere ainda que o magistrado titular do inquérito, “para poder alcançar a imputação dolosa de um qualquer benefício”, teria de obter e carrear provas em diversos sentidos, incluindo “identificar o benefício obtido, identificar quem recebeu e quem transmitiu as informações em segredo de justiça, identificar, pelo menos, um membro do CA da SAD que tenha recebido essas informações”.

O Benfica alega que esta constituição da SAD como arguida “consiste em mais um passo na senda persecutória movida contra o Benfica por parte de alguns responsáveis pelas investigações” e que as suas participações criminais se encontram “paralisadas e silenciadas”.

A SAD benfiquista reafirma a “total convicção de que no fim a Lei prevalecerá e será provado que nenhum elemento da Administração da SAD teve qualquer contacto ou conhecimento sobre os factos imputados neste processo”.

O inquérito, dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, tem por objeto factos suscetíveis de integrarem crimes de corrupção, peculato, violação do segredo de justiça, favorecimento pessoal, falsidade informática, acesso ilegítimo e burla informática.

Entre os arguidos cuja identidade é conhecida constam o assessor jurídico do Benfica, Paulo Gonçalves, três funcionários judiciais e o agente de futebolistas Óscar Cruz, juntando-se hoje a SAD do Benfica.

Após um primeiro interrogatório judicial, a juíza de Instrução Criminal decidiu aplicar a medida de coação de prisão preventiva ao técnico de informática do Instituto de Gestão Financeira e Equipamento da Justiça (IGFEJ) e a proibição de contacto com os restantes arguidos a Paulo Gonçalves.

28 Ago 2018