Sofia Margarida Mota SociedadeDeputado Lam Lon Wai quer interdição total de produtos de tabaco electrónicos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Lam Lon Wai pede a proibição da utilização de novos produtos de tabaco, nomeadamente cigarros electrónicos e dispositivos que funcionam por aquecimento. O tribuno considera que se tratam de produtos nocivos para a saúde, tal como o tabaco tradicional e que podem ser prejudiciais em particular para os mais jovens, aponta em interpelação escrita. Em causa está uma nova panóplia de substâncias que são adicionadas a estes cigarros e que lhes conferem características mais atractivas. “Cigarros electrónicos, cigarros aquecidos e outros produtos são produtos de tabaco que imitam o tabaco tradicional e que têm surgido em crescendo na última década, sendo que muitos destes cigarros são lindamente embalados e têm adiccionados sabores de frutas”, lê-se no documento. Por outro lado, o uso de cigarros electrónicos ou que funcionam através de dispositivos de aquecimento não contribuem para desmotivar os fumadores. Para Lam, muitos fumadores continuam, a par com o cigarro electrónico, a fumar o cigarro tradicional. Entretanto, “muitas pesquisas médicas apontam que os novos produtos de tabaco também contêm uma variedade de substâncias nocivas e a sua segurança não é conhecida, representando um risco para a saúde humana”, diz. Acresce ainda o facto de recentemente os Serviços de Alfândega do Porto de Jiuzhou de Zhuhai, terem detectado marijuana em óleo destinado a cigarros electrónicos, aponta. Lei contraditória Apesar da lei do tabaco restringir a venda e a propaganda a este tipo de cigarros em Macau, permite no entanto que possam entrar no território através dos seus consumidores. Para o deputado trata-se de uma posição contraditória. “Embora a nova lei de controle do tabaco tenha expressamente proibido o uso de cigarros electrónicos dentro da proibição legal, proibindo a venda de cigarros electrónicos e produtos de tabaco para absorção oral ou nasal, e proibindo a propaganda e promoção de qualquer forma de cigarros electrónicos, a lei actual permite que os indivíduos tragam os seus próprios cigarros electrónicos para Macau”, refere. Neste sentido, Lam considera que “existe uma certa contradição política na proibição de vendas no mercado, mas não na entrada de produtos, uma vez que os fumadores podem comprar estes produtos com facilidade em regiões vizinhas e existirem formas ocultas de os obter em Macau”. A solução considera Lam Lon Wai, passa pela proibição completa do uso e da entrada destes tipo de produtos de tabaco no território.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Pompeo diz que houve “progressos” com Pyongyang [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]O chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, disse ontem que houve “progressos” na reunião que teve com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, em Pyongyang, para acelerar a desnuclearização. Mike Pompeo falava já em Seul, no âmbito de uma visita que está a realizar à Ásia e que deverá, igualmente, levá-lo ao Japão e à China. “Fizemos uma boa viagem para Pyongyang para nos encontramos com o presidente Kim”, declarou Mike Pompeo na rede social Twitter, depois de se ter encontrado com o líder norte-coreano durante quase duas horas. “Continuamos a progredir em relação aos acordos obtidos na cimeira de Singapura, em Junho último, entre Kim Jong Un e o presidente norte-americano, Donald Trump”, acrescentou, agradecendo depois ao dirigente por o terem recebido, bem como à sua equipa. Esta é a quarta viagem do secretário de Estado norte-americano à Coreia do Norte enquanto parece tomar forma um acordo entre os dois países. Ao falar para o chefe da diplomacia norte-americana, através de um intérprete, Kim Jong Un disse ter-se tratado de “um bom encontro”, segundo escreve a agência de notícias AFP. “Tratou-se de um bom encontro que promete um bom futuro (…) para os dois países”, frisou. Pontos de vista Numa visita anterior, realizada em Julho, Mike Pompeo também considerara ter havido progressos nas negociações com a Coreia do Norte, em contraste com as declarações de Pyongyang, que denunciou os “métodos criminosos” dos norte-americanos, acusando-os de exigirem o desarmamento unilateral da Coreia do Norte sem qualquer concessão. Também um responsável norte-americano considerou a visita de ontem melhor do que a última, não deixando, porém, de referir que “o caminho ainda será longo”. Sem que se conhecesse o conteúdo das reuniões, Mike Pompeo referira, na sua conta no Twitter, que visava “honrar os compromissos” assumidos anteriormente pelos dirigentes dos dois países. No avião para Tóquio, Mike Pompeo explicara aos jornalistas que o objetivo do encontro era “construir confiança suficiente” para a Coreia do Norte avançar em direção à paz. “E também organizaremos a próxima reunião”, referiu, defendendo a necessidade de desenvolver esforços no sentido de fixarem data e local para o próximo encontro. Até ao momento, nenhum Presidente norte-americano visitou a Coreia do Norte, um país que, segundo os defensores dos Direitos Humanos, continua a ser um dos mais repressivos do mundo. Donald Trump cancelou uma visita do chefe da diplomacia dos EUA a Pyongyang por ter considerado os progressos nas negociações insuficientes, mas, em Setembro, afirmou ter-se “apaixonado” pelo dirigente norte-coreano. Washington e Pyongyang mantiveram a importância do acordo de Singapura, enquanto os Estados Unidos defendem a manutenção das sanções se a Coreia não proceder à “desnuclearização total e completamente verificada”. A visita do diplomata norte-americano a Tóquio no sábado visava tranquilizar o aliado japonês e incluí-lo no processo de negociações. O Japão defende que a Coreia do Norte seja tratada de forma dura e insiste na continuação da pressão sobre este país, embora, em Setembro, o primeiro-ministro japonês tenha mostrado abertura para se encontrar com Kim Jong-un.
João Santos Filipe SociedadeTáxis | Discussão sobre preço cobrado gerou discussão e agressão junto ao casino L’Arc Um taxista foi agredido por turista do Interior da China à frente do L’Arc após, uma disputa sobre o preço cobrado. O visitante acabou entregue ao MP, e enfrenta suspeitas da prática do crime de ofensa simples à integridade física, o taxista regressou para casa por não haver registo de cobrança excessiva [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m taxista de Macau foi agredido por um turista do Interior da China, depois de uma discussão que começou alegadamente devido ao preço a pagar pela viagem no táxi. Segundo a informação do Corpo da Polícia de Segurança Pública (PSP) não há indícios de que tenha havido tentativa do taxista de cobrar um preço acima do regulado, pelo que apenas o turista foi encaminhado para o Ministério Público (MP) e enfrenta uma acusação por ofensa à integridade física. A situação teve lugar por volta das 2h00 de sexta-feira, à frente do casino L’Arc, e atraiu um grande número de observadores, o que fez com que vários vídeos do momento fosse postos a circular nas redes sociais. Segundo as imagens, é também possível ver o momento em que um dos intervenientes é capturado pelas autoridades. “A PSP recebeu uma queixa por volta das 02h00, sobre a existência de uma discussão à frente de um casino. Foi uma discussão entre passageiros e um taxista. Os passageiros são do Interior da China e a discussão deveu-se ao preço de uma viagem de táxi”, disse, ao HM, uma porta-voz do CPSP. “Entretanto, no local, o taxista alegou que foi agredido por um dos passageiros, pelo que os dois foram encaminhados para a esquadra. Depois o passageiro foi indiciado por ofensa à integridade física e o caso foi entregue ao Ministério Público”, foi acrescentado. O crime de ofensa simples à integridade física é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa. Sem queixa Por outro lado, o taxista saiu da esquadra, sem qualquer queixa e não vai ser investigado. “A política inteirou-se do assunto e não há registo de que tenha havido cobrança abusiva”, explicou a mesma fonte, no que diz respeito à acção do taxista. Em relação ao amontado de pessoas que se concentrou na zona, a porta-voz diz que os indivíduos se limitaram a assistir e a registar o momentos nos telemóveis sem terem tido qualquer intervenção na luta. O HM foi igualmente informado que a disputa foi terminada tão depressa quanto possível, sem causar grandes embaraços para o trânsito local.
João Luz VozesMulher violada [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]orque não falei antes? Porque não me sacrifiquei na missão de contrariar a cultura que me tem mantida calada, amarrada ao papel de serva, presa como um pedaço de carne propriedade de um homem? Porque que raio não me sujeitei a reviver um dos maiores traumas da minha vida na praça pública, enquanto me chamam puta? Só posso mesmo ter motivos sinistros para iniciar uma cruzada contra a reputação de alguém no poder. Coitados dos machos que têm de papar com esta curva no caminho para a igualdade, ainda para mais oprimidos pelos sentidos face a alguém cuja mera existência é uma tentação irresistível. Sou tratada como instigadora de crimes contra a minha pessoa e tenho de aceitar isto com a graciosidade de uma mulher que se sabe comportar, uma lady, sem histeria. Homem e mulher, HOMO sapiens, existem há, pelo menos, 300 mil anos. A subjugação sexual e a violação é considerada crime há pouco mais de cem anos. Na segunda metade do século XIX, Portugal criminalizou a violação. Antes disso, violar uma mulher era tão natural como colher uma flor, beber água ou ter uma relação sexual consentida. Mas, mesmo com a novidade legal, o violador apenas seria punido criminalmente se a vítima fosse virgem, ou uma viúva honesta, e tivesse entre 12 e 25 anos. No início, o crime aparecia tipificado no código penal no livro das agressões à honestidade. Apenas passa a ser entendido como crime contra valores e interesses da vida em sociedade, e dos crimes contra os fundamentos ético-sociais da vida em sociedade), na Secção II (dos crimes sexuais), na versão de 1982 do código penal. Até aqui, violência sexual, principalmente no contexto familiar, era coisa da intimidade do casal, sob o abençoado domínio do soberano macho. Porque nunca combati este mundo fálico, que nunca me considerou verdadeiramente adulta, que me subjuga desde sempre, que entende a igualdade como opressão e encara o meu sexo como um produto? Porque fiquei calada? Devo querer muito dinheiro em troca e rentabilizar a minha intimidade. Porque não falei antes, neste mundo de surdos que nunca me quis ouvir, que continua a insistir “que me meti a jeito”, que fui cúmplice (na melhor das hipóteses) da minha própria agressão, ou que a inventei do nada. Porque persisto em vestir-me da forma que bem me apetece se não quero ser rasgada por estranhos, ou conhecidos? Anulada, revogada, suprimida, sem autorização para ser quem quero durante toda a minha vida. Aos poucos fui conquistando um lugar no mercado de trabalho, como mãe na família ao invés de ser apenas empregada doméstica e fábrica de varões que tomem conta da família após a morte do pai. Depois de dados passos heroicos, passei a poder votar, divorciar-me, ter algum controlo sobre o meu corpo. Percebam o meu contexto, vejam com clareza de onde venho. Toda a minha história foi de subjugação. Entendam isso! Respeitem a dor e o grito aprisionado na minha garganta e que se agiganta desde a raiva calada da primeira mulher. Portadores de pénis, percebam que apesar da Era da primazia da lei, do iluminismo, para mim, para nós, vigora ainda a lei do mais forte fisicamente e da posição de género dominante. É por isso que nos calamos e procuramos apaziguar a dor avolumada pela humilhação pública. É também por isso que sonho com sanguinária vingança, fantasio com castração ritualística de todos os falos como celebração da supremacia do útero canteiro da vida. Que os tomates sequem e mirrem perante a assertiva justiça da faca. Mas isto sou só eu, a semente da violência não germina em todos os canteiros femininos, só eu me arrogo da retaliação que quer retalhar. Isto sou eu, neste momento de reflexão, depois de me chamarem puta da Babilónia, oferecida, Maria Madalena, pedaço de carne sem personalidade, destruidora de lares, meretriz suprema. Mesmo que erga os meus braços aos céus, que peça salvação ao divino terei de o fazer junto do pai, do filho e do espírito santo.
Hoje Macau DesportoCTCC | Rodolfo Ávila leva pontos de Wuhan [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pesar dos precalços, o piloto português de Macau, Rodolfo Ávila, concluiu a corrida do circuito citadino de Wuhan em 6º lugar. Segue agora para o Circuito de Xangai Tianma no final do mês Depois de ter conquistado a pole-position nas duas provas anteriores, em Xangai Tianma e Ningbo, Ávila voltou a segurar, em Wuhan, um lugar na primeira linha da grelha de partida, tendo apenas sido superado na qualificação que determinou a ordem de partida para a corrida de sábado pelo tri-campeão do Campeonato Britânico de Carros de Turismo (BTCC), o inglês Colin Turkington. Contudo, na tarde de sábado, no momento do arranque, o trabalho do português na qualificação ficou comprometido ao perder posições nos primeiros metros da corrida. “Tanto eu, como o Colin, tivemos problemas no arranque e fomos ultrapassados pelos carros que partiram atrás de nós. Depois um KIA tocou-me logo na primeira volta. Como já não bastasse, na segunda volta, outro KIA acertou-me na traseira e ambos fomos obrigados a desistir. O piloto pediu-me desculpa, mas o mal já estava feito e fiquei desiludido por terminar assim uma corrida em que sabia que tinha andamento para terminar nos lugares do pódio”, explicou o piloto em comunicado. De trás para a frente Para a segunda corrida do fim-de-semana, Rodolfo Ávila largou da 15ª posição da grelha de partida e, a exemplo do que tem acontecido por diversas vezes esta temporada, fez uma corrida de trás para a frente. “Sobrevivendo às agressivas lutas do meio do pelotão, o piloto português de Macau aproveitou todas as oportunidades para subir lugares acabando por ver a bandeira de xadrez na sexta posição”, aponta a mesma fonte. “Consegui passar vários adversários logo na primeira volta, aproveitei alguns toques entre pilotos para ganhar posições. Podia ter arriscado mais no final da corrida e talvez acabar em quinto, mas não quis arriscar mais e não acabar a corrida. A prioridade da equipa não é a classificação de pilotos, mas sim a classificação de construtores, portanto, depois do que aconteceu no sábado, terminar esta corrida era o mais importante para mim”, concluiu Ávila que ocupa a quinta posição no Campeonato de Pilotos. Quando ainda faltam disputar dois eventos até ao final da temporada de 2018 do Campeonato da China de Carros de Turismo, as corridas regressam no fim-de-semana de 27 e 28 de Outubro, com uma jornada dupla no Circuito de Xangai Tianma.
Hoje Macau SociedadeHotel Estoril | Scott Chiang não vai recorrer da decisão do TJB [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] activista Scott Chiang não vai apresentar recurso da decisão do Tribunal Judicial de Base (TJB) que o condenou ao pagamento de uma multa no valor de três mil patacas pelo crime de introdução em lugar vedado ao público. O processo refere-se a uma manifestação em que Chiang e Alin Lam colocaram uma faixa no interior do Hotel Estoril. Scott Chiang adiantou à Rádio Macau que não irá contestar a decisão judicial, apesar de ter admitido que a acusação não tinha fundamento e que estaria a ser usada como retaliação política e para “reprimir vozes indesejadas”.
Valério Romão h | Artes, Letras e IdeiasProlegómenos para um manual de sobrevivência em cidades sobrepovoadas [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]nosso primeiro-ministro disse a um canal de televisão qualquer, há coisa de dias, que Portugal pode e deve receber mais turistas. Para quem esperava um módico de bom senso e de pudor por parte dos nossos governantes, estamos razoavelmente conversados. Para António Costa e Fernando Medina, as minudências de ter uma cidade selvaticamente ocupada por hordas de mochileiros expondo a periclitância das infraestruturas de Lisboa é largamente compensada pelos dividendos obtidos na forma de impostos e pela diminuição da percentagem de desemprego. É pensar em grande, dir-se-á. Não podemos deter-nos nas tragédias pessoais das rendas meteóricas, nos Robles da situação, nas lixeiras a céu aberto em que se tornaram a maior parte das ruas, no emprego precário e mal pago resultante do turismo com que se maquilham as estatísticas que se atiram para cima das mesas de reunião em Bruxelas com indisfarçável orgulho. Afinal, António Costa e Fernando Medina não vivem na cidade dos turistas, não frequentam os mesmos locais, nem sequer têm que conduzir nela; são as criaturas das garagens: saem da garagem de casa e entram na garagem dos locais para onde se deslocam. Da cidade conhecem o que se vê pelo vidro do carro e uma ou outra rua previamente higienizada para acolher uma arruada ou inauguração. “As pessoas não são números” é um belíssimo mantra pré-eleitoral. Depois da nalga bem assente na cadeira do poder, as pessoas são o que eu quiser. As coisas não vão mudar por decreto municipal ou governamental. Continuar-se-á a ordenhar a vaca até das tetas só lhe sair areia. E, ainda assim, haverá quem diga tratar-se de leite em pó. A ganância desgovernada só conhece saciedade de curto prazo. Felizmente, podemos fazer algo em relação a isto. Vivemos num tempo em que muitas das escolhas dos consumidores – e isso inclui o homo turisticus – são decididas por via de ratings e de comentários nas redes sociais e em plataformas disponíveis em qualquer smartphone. E parece ser mais fácil modificar as avaliações resultantes de uma visita a Lisboa ou ao Porto do que o comportamento de quem elegemos. Comecemos pelo básico. Graças a não sabemos que providência divina, Portugal não tem sido assolado por qualquer tipo de catástrofe. Não temos tido a atenção do Daesh, a violência urbana é residual, as doenças são as que se conhecem um pouco por todo o lado e que não demovem ninguém, o custo de vida é ainda bastante razoável e até o terremoto tem-nos feito a fineza de não despertar abruptamente. Mas, naquilo que nos compete, podemos fingir. Pode não ser o suficiente para impedir a nossa trasladação para os subúrbios dos subúrbios mas, pelo menos, não teremos saído sem dar alguma luta. Comecemos por ir para a rua de máscara, como em boa parte das cidades da ásia onde, graças à poluição, só se pode andar assim. Se nos perguntarem se é por causa da poluição, responderemos negativamente. Se insistirem em saber por que é, diremos apenas “que achamos que já não é transmissível e que já está tudo bem”. Deixemo-los laborar nos seus próprios receios. Como aprendemos com Hitchcock, uma porta fechada é mais assustadora do que o reflexo de um monstro. Abandonemos, pelo menos por algum tempo, a nossa cordialidade linguística. Nous sommes super sympa, as everybody knows, mas não carece ser sempre assim. Finjamo-nos iletrados, tontos, distraídos. Reduzamos a nossa competência nas línguas estrangeiras a uns míseros “hello” e “thank you”. Quando passarem os eléctricos sobrelotados e ávidos de captar para o Instagram os nativos na sua natividade, saquemos dos telefones e captemo-los com o mesmo embasbacamento com que eles nos fotografam. Invertendo a lógica do zoológico, pode ser que eles se manquem. Não lhes sirvamos os melhores pastéis de nata, as sardinhas mais frescas, a fatia maior do abade de priscos. Abracemos o lema “em cada ementa pelo menos três tipos de hambúrguer excessivamente passado”. As ameijoas da ria são nossas. NOSSAS. Aqueles que sobreviverem ao atrito civilizacional, adoptemo-los. Serão certamente os melhores. E, como em qualquer relação, temos de ser conquistados.
Diana do Mar Manchete SociedadeGalgos | IACM avança com multa contra Yat Yuen. Albano Martins coloca lugar à disposição É no Canídromo, à guarda do IACM, que vão permanecer os mais de 500 galgos. A Yat Yuen tinha até sábado para retirar os cães do Canídromo para o novo espaço, em Coloane, que chumbou na vistoria, pelo que o IACM vai avançar com multas contra a empresa. A ANIMA fica agora de fora do processo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s galgos vão ficar no Canídromo, ao cuidado do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) e a Yat Yuen vai ser multada entre 20 mil a 100 mil patacas por cada animal por abandono. A ANIMA fica, a partir de agora, afastada de todo o processo. “A Yat Yuen não tem condições para a reclamação de mais de 500 galgos”, pelo que “o IACM procederá à autuação nos termos da Lei de Protecção dos Animais”, anunciou o organismo liderado por José Tavares, após a derradeira vistoria às instalações temporárias na Cordoaria, em Coloane, realizada no sábado, último dia do prazo dado à Yat Yuen para a reclamação dos animais. Na sequência da vistoria, o IACM e a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) “verificaram que as medidas de prevenção e controlo do ruído no estabelecimento ainda não satisfazem as exigências dos pareceres técnicos”, concluindo assim que o local destinado a acolher os galgos “não satisfaz as condições”, indicou o IACM em comunicado. Dado que a Yat Yuen sabia, desde 2016, que tinha de deixar o Canídromo a 20 de Julho, teve “tempo suficiente para elaborar e concretizar o plano do realojamento dos galgos”, realça o IACM. O organismo vai ainda mais longe, acusando a Yat Yuen de ter mantido uma “atitude procrastinadora”, dado que não apresentou “uma proposta viável para tal até ao termo do prazo limite”, apesar ter entregado “vários planos de realojamento dos cães”. “Tendo em consideração a protecção dos animais e o interesse público, o IACM, de acordo com a situação real, prorrogou o prazo de reclamação dos galgos até ao dia 6 [de Outubro], advertindo e exigindo à Yat Yuen que assegurasse que a proposta apresentada cumpria as disposições de outras legislações”, como a da ruído, um problema levantado pelos moradores do Asilo Vila Madalena, que fica paredes meias. Todavia, tal não sucedeu, apontou o IACM para quem não se reuniram então as condições para a empresa reclamar os galgos. Assim, o IACM vai proceder à autuação da Yat Yuen por abandono de animais e à recuperação, nos termos legais, das despesas relativas aos cuidados dos galgos. ANIMA de fora “O IACM irá continuar a prestar os devidos cuidados aos galgos no Canídromo, com vista a garantir o seu bem-estar”, diz o mesmo comunicado, sem fazer qualquer referência ao papel da ANIMA que, com esta decisão, fica afastada de todo o processo. Não só os seus voluntários, que inclusive alimentavam e passeavam os cães, estão impedidos de entrar no Canídromo, como fica congelado o plano de adopção que a organização não-governamental tinha posto em marcha após uma intensa campanha internacional para o efeito. “O IACM vai começar do zero a fazer as adopções e provavelmente a esterilizar os animais todos e, ao mesmo tempo, terá que lhes tratar da saúde”, explicou o presidente da ANIMA, Albano Martins, ao HM, dando conta de que, no sábado, morreu mais um galgo. Uma informação que, contudo, o IACM não tornou pública até ao fecho desta edição. “Se o IACM diz que estamos fora, estamos fora. Eles devem ter outras fontes alternativas de adoptantes – acredito que sim. A ANIMA também não está a chorar por ter sido afastada. O mais importante é que os animais fiquem bem”, afirmou Albano Martins. “Para nós, é um alívio porque é um processo muito doloroso, muito trabalhoso e que nos tira muitas horas de sono e, portanto, se o IACM acha que tem uma equipa suficiente para fazer tudo sozinho então que faça – ficamos satisfeitos”, complementou. O presidente da associação diz, porém, ter dúvidas relativamente à capacidade do IACM. “Eu acho que não tem, por isso é que digo que, se calhar, estão a dar um tiro no pé, mas eles é que sabem. Não vou interferir no que fazem”, sustentou. “Agora vamos ver se levam um ano a tirar os animais de lá. Provavelmente, [os galgos] ficarão mais três ou quatro anos no Canídromo”, estimou o presidente da ANIMA. Para Albano Martins, o problema reside desde logo nos recursos humanos. “Eles não têm capacidade humana, porque primeiro têm que prestar serviço à comunidade nos canis e é verdade que têm muito trabalho”, além de que “é fora do comum ser o Governo a assumir uma responsabilidade destas”. Lugar à disposição “Eles acham que podem fazer se calhar porque não querem trabalhar comigo e, por essa razão, vou colocar [hoje] o meu lugar à disposição da ANIMA para a eventualidade de o IACM querer colaborar com outra pessoa, que não seja comigo, a ANIMA ter uma alternativa”, adiantou. Para Albano Martins, existem membros da direcção com capacidade para assumir as rédeas, embora admita que a disponibilidade pode ser um entrave. “Na direcção da ANIMA o problema é não haver pessoas com tempo. Esse é o grande drama, mas pode ser que a ANIMA encontre uma solução. Vamos ver”, sublinhou.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaInterpol | À procura de presidente na China [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Interpol endereçou um pedido formal às autoridades chinesas para obter informações sobre o desaparecimento de Hongwei Meng, presidente na China daquela organização policial internacional, que inclui 192 países membros. A organização policial, com base em Lyon (França), informou sábado ter solicitado, através de canais oficiais, informações às autoridades da China sobre a “situação do presidente da Interpol”. “A secretaria-geral aguarda com expectativa uma resposta oficial das autoridades da China sobre as preocupações com o bem-estar do presidente”, lê-se na nota divulgada no site da organização. A mulher de Meng referiu ter perdido o contacto com o marido, desde que este deixou a cidade francesa no final de Setembro rumo à China. Em França foi lançada também uma investigação, com as autoridades a indicarem que Meng, 64 anos, embarcou e chegou à China.
Hoje Macau China / ÁsiaImprensa | Hong Kong à defesa por recusar renovar visto a jornalista [dropcap style≠’circle’]V[/dropcap] ictor Mallet, de 58 anos, e vice-presidente do Clube de Correspondentes Estrangeiros em Hong Kong, que acolheu uma palestra de Andy Chan, activista pró-independência do território, viu negada a renovação do seu visto. Representantes americanos e britânicos criticam em uníssono a decisão. O Governo local defende-se alegando que ninguém pode interferir nas resoluções das autoridades da RAEHK O Governo de Hong Kong defendeu-se ontem das críticas recebidas por parte do Reino Unido e dos EUA depois das autoridades do território terem recusado renovar o visto de trabalho de um jornalista do Financial Times. “Nenhum país estrangeiro tem o direito de interferir nas decisões tomadas pelo Governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong sobre questões de vistos”, afirmaram as autoridades, citadas pela agência de notícias estatal Xinhua. Hong Kong respondeu assim às críticas dos Reino Unido e dos EUA, que exigiram “explicações urgentes” às autoridades daquele território. “Pedimos ao governo de Hong Kong que dê uma explicação urgente”, apontou o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, em comunicado, no sábado. “O alto grau de autonomia e liberdade de imprensa de Hong Kong está no centro do seu estilo de vida e deve ser plenamente respeitado”, acrescentaram as autoridades. O consulado dos Estados Unidos em Hong Kong descreveu a medida tomada contra o jornalista Victor Mallet como “particularmente preocupante”. O Financial Times revelou na sexta-feira que Hong Kong recusou renovar o visto de trabalho a Victor Mallet, que realizou, em Agosto, uma palestra de um activista pró-independência daquele território. Clube de combate Mallet, um experiente jornalista que assumiu a vice-presidência Clube de Correspondentes Estrangeiros em Hong Kong (FCC, sigla em inglês), desencadeou forte controvérsia com o antigo chefe do Executivo da região administrativa especial chinesa Leung Chun-ying depois de o clube ter decidido organizar uma palestra com Andy Chan, líder do Partido Nacional de Hong Kong, pró-independência. O FCC recusou ceder ao pedido do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês de cancelar a palestra, reiterando como prioridade a defesa da liberdade de expressão. Este pedido, o primeiro deste tipo desde 1997, data da transferência de soberania do Reino Unido para a China e surge numa altura em que Pequim continua a reforçar o domínio sobre Hong Kong que, ao abrigo da lei básica local, goza de liberdade de expressão e poder judicial independente. O partido foi ilegalizado a 24 de Setembro passado, numa decisão sem precedentes anunciada pelo secretário para a Segurança, John Lee Ka-chiu. Victor Mallet, de 58 anos, é jornalista há mais de três décadas na Ásia, Europa, Médio Oriente e África.
Hoje Macau China / ÁsiaAngola | PR na China a negociar empréstimos de 10 mil milhões de euros [dropcap style≠’circle’]J[/dropcap] oão Lourenço regressa a Pequim para negociar um pacote de novos empréstimos que visam financiar projectos que vão do novo Aeroporto, à marginal de Corimba, em Luanda, ou ainda a construção da base da Academia Naval, em Kalunga O Presidente angolano, João Lourenço, efectua esta terça e quarta-feira uma visita de Estado à China, onde esteve há cerca de mês e meio, enquanto tenta fechar empréstimos de Pequim avaliados em cerca de 10.000 milhões de euros. O montante em negociação junto de parceiros internacionais (China e Europa), segundo noticiou a Lusa em Maio último, citando fonte governamental, poderá ascender a de 16.500 milhões de euros em linhas de financiamento para projectos no país. Contudo, a maior parte será oriunda de instituições bancárias chinesas. Cerca de 40 dias depois de ter participado, em Pequim, na terceira cimeira do Fórum de Cooperação China-África, João Lourenço regressa assim ao país, enquanto tenta chegar a um acordo nas negociações que decorrem há vários meses. A 1 deste mês, fonte da Casa Civil do Presidente da República angolano adiantou que João Lourenço será acompanhado pelo ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, e pelo Governador do Banco Nacional de Angola, José de Lima Massano. Em Pequim, acrescentou a fonte, o Presidente angolano será recebido pelo homólogo da China, com quem esteve reunido a 4 de Setembro passado, à margem da cimeira, em que manifestou a Xi Jinping o desejo de ver aumentado o investimento direto de empresas chinesas na produção de bens de amplo consumo. Em Setembro, durante a estada em Pequim, o Presidente angolano adiantou que o investimento pode ser feito através do estabelecimento de parcerias “mutuamente vantajosas” com empresários angolanos, na partilha de tecnologia e de conhecimento científico e na formação de quadros angolanos. Para assegurar o êxito dos programas bilaterais de cooperação, o chefe de Estado angolano defendeu o estabelecimento de “mecanismos práticos que possibilitem o acesso aos recursos financeiros necessários para o sucesso das medidas de políticas estabelecidas pelas nações africanas”. João Lourenço considerou também “necessário” que as instituições bancárias africanas e da China desempenhem um papel importante, “com o objectivo de tornarem real a vontade política de ambos os lados” em proporcionar os recursos e desenvolver projetos que garantam um desenvolvimento que se revele “mutuamente vantajoso”. Durante a visita de João Lourenço, porém, não foi possível concluírem-se as negociações para a definição de um quadro geral de cooperação financeira bilateral, que ficaram então adiadas para fins de Setembro e, agora, para a visita do Presidente angolano. “É possível que este acordo (sobre a definição do quadro geral de cooperação financeira) seja assinado na China ainda este ano”, disse então Manuel Augusto, salientando que Pequim está disposta a financiar projectos em África, mas uma das contrapartidas é a transparência nos países que queiram concorrer a esse financiamento. Obras gerais A Lusa noticiou em Maio último que o Governo angolano está a negociar mais de 16.500 milhões de euros em linhas de financiamento internacionais para projectos no país, a maior parte junto de instituições da China. De acordo com informação do Governo angolano enviada na altura a investidores internacionais, Angola está actualmente a negociar “várias novas facilidades de crédito”, algumas das quais em fase avançada de negociação. É o caso de uma linha de financiamento em negociação com os chineses do ICBC (Banco Industrial e Comercial da China), para projetos de infraestrutura em Angola, avaliados em 11.700 milhões de dólares. Tendo ainda o ICBC como angariador, agente e credor original, o Governo angolano, lê-se no documento, está “em vias de celebrar um contrato de empréstimo” de 1.281,9 milhões de dólares, para financiar até 85% do preço do contrato para a concepção, construção e fornecimento de equipamentos do Novo Aeroporto Internacional de Luanda, em construção por empresas chinesas nos arredores da capital. Este empréstimo será por um período de 15 anos e inclui um período inicial de carência de 18 meses, durante o qual Angola não é obrigada a reembolsar o montante principal do empréstimo. Através do banco estatal chinês que apoia as importações e exportações do país (China EximBank), Angola está a negociar um financiamento para a construção da marginal de Corimba, em Luanda, de 690,2 milhões de dólares, para o sistema de transporte de eletricidade da barragem de Lauchimo, por 760,4 milhões de dólares, e para a construção da base da Academia Naval, em Kalunga, Porto Amboim, no valor de 1.100 milhões de dólares. Só entre 2013 e final de 2017, dados do Governo angolano indicam que a dívida total de Angola à China – bilateral e aos bancos comerciais chineses – passou de 4.700 milhões de dólares para 21.500 milhões de dólares, equivalente a mais de 60% de toda a dívida contraída externamente pelo país. Ainda sem estes acordos de financiamento fechados, o Governo angolano estima fechar 2018 com um endividamento público de 77.300 milhões de dólares, equivalente a 70,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país para este ano, excluindo a dívida da petrolífera estatal Sonangol.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaIntersecção de comunicações | Jason Chao alerta para riscos de hacking por parte do Governo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] activista político Jason Chao emitiu ontem um comunicado onde afirma ter receios de que as autoridades possam vir a hackear informações pessoais em prol de investigações criminais. Jason Chao falou no contexto da consulta pública relativa ao regime jurídico da intersecção e protecção de comunicações, da tutela do secretário para a Segurança Wong Sio Chak. “No documento de consulta as autoridades propõem não apenas uma multa para quem se recusar [a ceder dados] ou atrasar o cumprimento da ordem, mas também a legitimação do acesso às informações e aos dispositivos ‘através de todos os meios técnicos’, [algo que ] inevitavelmente invoca a noção de hacking, com o objectivo de realização de uma investigação criminal.” Para Jason Chao, “tal levanta preocupações sobre a legalidade da posse, por parte das autoridades policiais, do uso de ferramentas com capacidades intrusivas de hacking”. Referindo-se às últimas directivas aprovadas pela União Europeia relativamente à protecção de dados pessoais, Jason Chao afirmou que os conteúdos do novo regime jurídico “vão levar a um impedimento da adopção das recentes práticas em matéria de privacidade e segurança”. Direito ao silêncio Além disso, o activista teme que o direito do arguido, previsto na lei, de se “manter em silêncio” não seja cumprido aquando do pedido de cedência de dados. “Os que detém dispositivos encriptados ou bloqueados podem ser obrigados pelo tribunal a desbloquear ou a desencriptar as informações para as fornecer às autoridades. O facto dos proprietários desses dispositivos venham ou não a ser obrigados a fornecer esses dados como recolha de provas constitui uma questão controversa. Não há sinal de um consenso global na forma como essas ordens poderiam, ou não, violar o direito dos réus a ‘manterem-se em silêncio’ nos procedimentos criminais.” Jason Chao acusa ainda a tutela de Wong Sio Chak de não garantir a transparência em todo este processo. “Na ausência de vontade das autoridades de Macau de melhorarem a transparência, uma mera menção de respeito pelos direitos fundamentais é totalmente inadequada. Em linha com os meus comentários anteriores relativamente à proposta de lei da cibersegurança, sem um mecanismo que permita uma supervisão pública eficaz os representantes da sociedade civil não devem ceder ao nível da protecção das comunicações para as autoridades de Macau”, lê-se no comunicado.
Andreia Sofia Silva EventosExposição | Obras de Keith Haring no Venetian até ao fim do ano [dropcap style≠’circle’]K[/dropcap] eith Haring, um dos nomes cimeiros da pop-art, é o rei do Cotai até ao fim do ano. Mais de uma centena de obras do artista que integrou graffiti na arte contemporânea constituem a exposição que procura celebrar paz e amor e que se encontra patente ao público no Cotai Expo do Venetian “Se a comercialização é colocar a minha arte numa t-shirt para que um miúdo que não pode pagar 30 mil dólares possa ter a obra, então sou a favor dessa comercialização”. A citação é de Keith Haring e toca na mesma tecla que Andy Warhol tocou e que abalou para sempre o mundo das artes. Produção em massa e mercantilização artística tornaram acessível a qualquer pessoa algo que apenas estava ao alcance das elites. Estes são os ângulos da exposição “Keith Haring Labirinto Macau”, em tradução directa para português, a primeira no território a exibir obras do artista que saiu da cultura de rua nova-iorquina para as galerias de todo o mundo. As mensagens de paz e amor são os pilares da exposição que está patente, até 31 de Dezembro deste ano, no espaço Cotai Expo do Venetian. A exposição inclui jogos interactivos, esculturas baseadas na estética de Haring, lembranças e aquilo a que a organização chama de “uma experiência única de pop-art” que leva o visitante a perder-se num labirinto em forma coração constituído por obras do norte-americano. A ideia do labirinto foi concebida por um colectivos de artistas locais, em conjunto com a Artestar, a agência baseada em Nova Iorque que representa The Keith Haring Studio. De acordo com um comunicado da organização, esta é a primeira vez que se faz um labirinto com obras do artista, com o objectivo de “encorajar as pessoas a serem positivas e a viver no momento”. O próprio formato do labirinto pretende reforçar a mensagem de Keith Haring, ao longo de quase uma centena de trabalhos. Além disso, a estética do artista estará ainda representada numa parede fora do labirinto, em salas com expositores multimédia, em reproduções tridimensionais. Arte acessível DR, Keith Haring morreu em 1990, depois de perder a luta contra o HIV, com apenas 31 anos. A morte prematura, limitou-lhe a também curta carreira, apesar do seu traço lhe ter sobrevivido com um imaginário inconfundível. Durante a sua carreira, inúmeras vezes mencionou o carácter universal da arte, que “deve ser para todos”. Sem a bafienta visão elitista e clássica, Haring entendia que “a arte deve libertar a alma, provocar a imaginação e encorajar as pessoas a irem mais além”. A primeira vez que expôs foi em 1981 e, desde o início, fez a ponte entre a arte urbana e o graffiti e a art-pop. Haring cresceu a desenhar, aprendeu noções básicas de cartoon com o pai e ao longo da carreira é evidente a influência da cultura popular nas suas obras. A estética dos desenhos animados de Walt Disney é uma das influências óbvias do artistas. Por outro lado, o nova-iorquino marcou a sua geração também como activista contra a discriminação racial e a injustiça social, tanto na arte como fora dela. As suas obras expressam conceitos universais como o nascimento, morte, amor, sexo e guerra. Sempre de uma forma muito básica, quase infantil, e directa. Depois de dar cor ao metropolitano de Nova Iorque e de pintar a giz bebés, discos voadores e deuses caninos, Haring foi ganhando espaço na cena artística da “big appple” até conseguir maior visibilidade. No final da carreira, Keith Haring inspirou-se em assuntos sociais e políticos, especialmente no combate à discriminação contra homossexuais e na sensibilização para a epidemia do HIV. Quem quiser visitar a exposição do homem que dizia coisas sérias com meios quase infantis tem até ao fim do ano para visitar o Cotai Expo do Venetian. Os bilhetes custam 150 patacas, 130 para residentes.
Sofia Margarida Mota PolíticaSubsídios | Sulu Sou quer que associações apresentem contas detalhadas Sulu Sou quer mais transparência nos apoios da Fundação Macau e do Governo às associações. Para o efeito, o deputado apela ao cumprimento da lei por parte do Chefe do Executivo no sentido de definir um valor a atribuir às associações e caso estas recebam acima do estipulado ficam sujeitas à apresentação detalhada das suas contas [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] lei que regula o direito de associação prevê que o Chefe do Executivo defina anualmente um valor a atribuir às associações pela Fundação Macau e pelo Governo. Nos casos em que os subsídios atribuídos tenham um valor superior ao definido, as associações deveriam apresentar um plano de contas detalhado. No entanto, a definição deste valor nunca aconteceu desde a transferência de administração em 1999. A situação é denunciada pelo deputado Sulu Sou que apela à transparência do uso dos subsídios públicos. Em interpelação escrita, Sou pede que a lei seja respeitada e que seja divulgada a aplicação concreta dos apoios dados pela Fundação Macau e pelo próprio Governo. “Mesmo que os subsídios superem 100 milhões de patacas o que é divulgado pelas entidades envolvidas – Fundação Macau, Governo e Associações – é apenas o valor total dos projectos, mas as contas concretas não são conhecidas publicamente”, exemplifica. Lista de espera O deputado recorda ainda que em Setembro de 2012 a Associação Novo Macau denunciou esta situação ao Comissariado Contra a Corrupção (CCAC). Em Outubro do ano seguinte o CCAC avançou com um relatório de investigação em que verificou a necessidade de tomar medidas urgentes e avançar com uma revisão dos procedimentos de aprovação, fiscalização de apoios e das sanções a aplicar em caso de violação dos regulamentos, acrescenta o deputado. Para o efeito, o CCAC elaborou uma proposta em que exige a publicação dos conteúdos das contas das associações quando estas são beneficiárias de certos valores nos subsídios, refere Sulu Sou. A proposta foi dirigida ao Chefe do Executivo, no entanto, até agora, nem o Governo nem a Fundação Macau estão a seguir a sugestão do CCAC, aponta. Sulu Sou quer, assim, saber quando é que o Governo vai cumprir com a lei que regula o direito da associação e qual é o seguimento que a proposta elaborada pelo CCAC está a ter.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaEscutas | Au Kam San diz que Governo está menos tolerante desde 2014 e não pede desculpas à PJ O deputado Au Kam San considera que não acusou directamente o Executivo de realizar escutas ilegais e que a sua atitude não justifica uma acção judicial. Como tal, não vai pedir desculpas. O pró-democrata diz ainda que, desde 2014, o Governo passou a ter menos tolerância a opiniões diferentes [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]u Kam San, deputado à Assembleia Legislativa (AL), entende que não tem de pedir desculpas por ter referido que o Governo poderia ter feito escutas ilegais. O legislador defende que essa situação não merece a instauração de um processo judicial. Em declarações ao HM, Au Kam San revela estar à espera do desenrolar dos acontecimentos, depois de ter recebido uma carta da Polícia Judiciária (PJ) em que as autoridades exigem um pedido de desculpas. “Presumo que se inicie um processo caso eu não peça desculpa, mas o caso não arrancará de imediato. Isto apenas significa que a PJ vai começar uma investigação. Será que tal vai concluir que eu devo assumir responsabilidades penais, apenas porque levantei uma questão? Ainda é preciso que o Ministério Público (MP) tome uma decisão, e vou ver, por agora, como a PJ vai actuar. Depois analiso os próximos passos a dar”, apontou. Au Kam San defendeu também que o caso tem contornos políticos, apesar de afirmar não ter provas para tal. “Depois da publicação da notícia, o secretário Wong Sio Chak comentou o caso com os jornalistas e disse que não iria acusar-me. Mas depois foi-me enviada uma carta a exigir um pedido de desculpas. Será que o Chefe do Executivo teria outras ideias, será que o secretário pensou que este caso poderia prejudicar a imagem do Governo e que deveria ‘matar as galinhas para alertar os macacos’ [para dar o exemplo], acusando-me? Se isso for verdade, então é uma questão política.” De acordo com o jornal Ou Mun, Chan Wun Man, porta-voz da PJ, referiu que comentar a proposta de lei do regime jurídico da intercepção e protecção de comunicações e difamar a autoridade são actos diferentes. O representante da polícia disse que as autoridades vão actuar nos termos da lei tendo em conta que o deputado não pretende pedir desculpa. Questionado sobre os fundamentos jurídicos para a abertura de um processo, o porta-voz disse que a PJ vai agir de acordo com a situação. Em causa estão declarações de Au Kam San em que este insinuou que a PJ terá feito escutas ilegais num caso em que um residente se tentou imolar por fogo numa esquadra. A suspeita do deputado advém de, alegadamente, os polícias estarem preparados para apagar o fogo mesmo antes da chegada do homem. Contudo, a PJ explica na carta que o indivíduo terá informado os jornalistas e gritado as suas intenções enquanto se dirigia para a esquadra, o que ajudou à preparação dos agentes. Por isso, na versão da PJ, “é absolutamente impossível que tenham sido feitas escutas ilegais”. Tolerância zero Uma coisa é certa: o deputado do campo pró-democrata assegura que desde 2014 o Governo tem mostrado menos tolerância a pontos de vista divergentes. “O mais importante é que, desde 2014, o Governo tem tomado uma atitude mais forte e revelado menor tolerância face a diferentes opiniões.” E exemplificou. “Ao nível das reuniões e manifestações, antes de 2014 eram raras as acusações de desobediência qualificada, mas depois de 2014 [isso mudou]. No ano passado o secretário disse que 50 pessoas foram acusadas desse crime, e Sulu Sou foi apenas uma delas.” Para Au Kam San, “esta situação veio mostrar que, no actual mandato, o Governo reduziu o nível de tolerância face a diferentes opiniões”, e defende que “se isto acontecesse com outros deputados o resultado seria diferente, uma vez que há deputados ligados a um contexto diferente”. “Não posso dizer que o Governo fez escutas ilegais, apenas levantei uma dúvida. Não estou a dizer, com toda a certeza, que as autoridades fizeram uma escuta ilegal. Não falei disto com outros deputados, mas um ex-deputado disse-me que ‘tudo é ouvido, sabem o que faço em casa’. Por isso, acho que este problema existe, e esse deputado pertencia à ala pró-Pequim”, apontou. “Quando levantei esta dúvida, a polícia tinha a responsabilidade de fazer esclarecimentos e elaborar os devidos mecanismos preventivos”, adiantou, sem querer avançar o nome do antigo deputado.
João Santos Filipe Manchete SociedadePonte HMZ | Informações sobre projecto nacional escasseiam em Macau O Chefe do Governo é informado sobre o desenvolvimento da Ponte HMZ através dos órgãos de comunicação social. A confissão partiu do próprio Chui Sai On. Os sinais da escassez de informação sobre o projecto já se fazem sentir há algum tempo e levam a receios de que a iniciativa da Grande Baía afaste da RAEM o poder de decisão sobre os assuntos de Macau [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ituada na futura Grande Baía, a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau é encarada como um dos pilares do futuro desenvolvimento pensado para região pela Administração de Xi Jinping. A RAEM também faz parte do projecto, mesmo que numa escala menor, devido à ausência de grandes obras, e o erário público vai ser chamado para cobrir 12,59 por cento das despesas totais, um montante que corresponde a 2,6 mil milhões de yuan, ou seja cerca de 3,1 mil milhões de patacas. Ou seja, mesmo que Chui Sai On diga que não é informado sobre o que se passa, quando questionado sobre a abertura do projecto, no final vai ter de passar o cheque. Segundo as informações vinculadas na imprensa da região, a ponte poderá abrir à circulação até ao final do corrente mês. Existe também a expectativa de que o Presidente da China marque presença na inauguração daquela que será a maior ponte do mundo. Mas a verdade é que em Macau as informações são escassas, mesmo entre os empresários juntos do poder. Anteriormente, já tinham surgido queixas por parte de deputados e comerciantes face à falta de informação. Mas a questão ganhou uma nova dimensão com as declarações de Chui Sai On, que diz obter informações pelos média. Estas palavras causaram uma estranheza transversal entre deputados de quadrantes diferentes. Ao HM, Chan Chak Mo e Agnes Lam admitiram que toda a situação é estranha. “Admito que fiquei confusa com as declarações [do Chefe do Executivo]. Mas acho que se deve ao facto de ser um projecto colectivo. Até haver um consenso nas decisões entre as partes envolvidas não se diz nada. Talvez também falte um mecanismo de informação ou um porta-voz comum para estes assuntos”, disse Anges Lam, ao HM. “Não me perguntem por informações da ponte. As questões devem ser enviadas ao Governo, mas pelo que li nem o Chefe do Executivo sabe muito bem o que se está a passar”, explicou, por sua vez, Chan Chak Mo. “Se o Governo não nos fornece a informação, nós [deputados e empresários] também não sabemos o que se passa. Como é óbvio, todos queremos saber o que se está a passar e como vai ser a circulação na ponte. Mas, por agora, só podemos tentar adivinhar o que se vai passar”, indicou. O também deputado José Pereira Coutinho critica o facto de Macau ter de pagar parte da ponte, mas depois a população estar afastada do projecto devido à falta de informação e possibilidade de circular na estratégica infra-estrutura. “Acho muito anormal que ele não saiba. Macau entra com dinheiro do erário público e faz parte da ponte. Esperava-se uma melhor articulação entre as partes envolvidas para uma maior divulgação da informação sobre o que se está a passar, até porque era importante para as pessoas de Macau”, vincou José Pereira Coutinho, deputado. À nora Além do Chefe do Executivo e dos deputados, que visitaram as obras da ponte no segundo trimestre deste ano, também empresas do sector das transportadoras, a quem foram prometidas grandes oportunidades de crescimento, estão às escuras. O cenário foi traçado ao HM, pelo presidente da Victor Pacific Service, que é igualmente membro de associações como a Macau Sino-Macao Association of Logistics and Delivery, a Associação dos Profissionais de Macau no Transporte de Mercadorias em Camiões ou da Associação de Agências de Navegação e de Logística de Macau. “Até agora, não recebemos do Governo qualquer informação sobre a forma de operar ou sobre as regras de transporte na ponte. Nestas condições, como podemos tomar decisões e participar no desenvolvimento da Grande Baía e colaborar com as regiões vizinhas?”, pergunto Victor Lei, em declarações ao HM. O empresário defende ainda que a falta de informação coloca em risco a posição das empresas locais no projecto da Grande Baía: “As pessoas do sector querem participar, querem ajudar nos projectos existentes e aproveitar as oportunidades num espírito de cooperação regional. Mas, segundo sei, o número de empresas que concorreu às quotas para a ponte ficou abaixo do que seria esperado”, começou por apontar. “E qual foi a razão? É fácil, as pessoas estão interessadas, mas sem informações não conseguem definir um modelo de negócio e não se querem lançar no escuro”, explicou. “O Governo quer criar uma cidade inteligente, e nós apoiamos a política, mas é preciso capacidade para ser inteligente. Algo que não acontece como se pode constatar pela falta de informação”, acrescentou. Lei, que também já foi consultor do Governo para as questões de logística, sublinha também que o sector não vai desistir do projecto, apesar de já ter feito várias perguntas ao Governo sobre o assunto, sem nunca ter obtido qualquer resposta. Agnes Lam admite igualmente ter recebido queixas de transportadoras, mas confessa que não fez qualquer interpelação sobre o assunto porque está mais focada nos efeitos da ponte “para a vida das pessoas”, nomeadamente no “congestionamento do trânsito”. Receios na Grande Baía A escassez da informação fornecida pelos três Governos envolvidos faz com que as pessoas contactadas pelo HM sublinhem a necessidade de melhorar o aspecto da comunicação, principalmente no seio da Grande Baía, que além de Macau e Hong Kong envolve as cidades de Dongguan, Foshan, Guangzhou, Huizhou, Jiangmen, Shenzhen, Zhaoqing, Zhongshan e Zhuhai, todas em Cantão. “Esta é uma falha que sublinha a importância do Governo local perceber com quem deve comunicar junto do Governo Central para receber informações. Por outro lado, pode estar a dar-se o caso de não ser muito claro quem deve, neste momento, transmitir as informações, uma vez que são várias as partes envolvidas”, apontou Agnes Lam. “É um assunto que deve ser tomado como referência, para que no futuro, no âmbito da Grande Baía, se crie um organismo que possa difundir as informações a todas as zonas envolvidas. Espero que seja adoptada esta mudança para o bem da Grande Baía”, sugeriu. Sinais diferentes Se por um lado os deputados Chan Chak Mo e Agnes Lam fazem uma leitura limitada ao projecto, José Pereira Coutinho arrisca uma interpretação mais política do caso. O legislador pró-democrata diz mesmo que esta vai ser a bitola para a Grande Baía, em que o Governo local se vai afastar cada vez mais do centro das decisões sobre as medidas que tem de adoptar. “Grande parte da autonomia deste Executivo já foi cedida ao Governo Central e há muito tempo, como se vê bem na área do jogo ou na gestão da orla marítima. Cada vez mais, a autonomia está a ser perdida a favor do desenvolvimento regional”, afirmou Coutinho. “Aos poucos, Macau perde o poder decisão, um pouco à imagem do que aconteceu em Portugal, com o aumento de poderes da União Europeia. Em muitas matérias, Portugal pode dizer pouco, apenas tem de implementar as medidas. É isso que está a acontecer cada vez mais em Macau. Cada vez mais perdemos a capacidade de decidir aquilo que é do nosso interesse”, acrescentou. Mas será que esta é uma questão que preocupa os residentes? O deputado acredita que não: “A maioria da população desde que tenha pão, café, chá e três refeições por dia não liga muito ao que se está a passar em termos políticos ou económicos. Outra grande parte já nem se questiona, limita-se a aceitar o andamento dos acontecimentos”. Passagem de elite Apesar de ser um projecto nacional, a circulação na maior porte do mundo vai ser fechada ao público. Apenas as empresas e pessoas que obtiverem uma autorização especial podem fazer a travessia. No caso das quotas de Macau e Hong Kong nem sequer há autorização para entrarem no Interior da China. Por esta razão, José Pereira Coutinho considera que “é um projecto para uma elite”. “Os membros dos Conselhos Consultivos e da Assembleia Popular Nacional têm um passe especial para circular. Vão ser os primeiros a ter o privilégio, mas a maioria da população fica de fora”, apontou Coutinho. “Por isso, não há um grande interesse no projecto. Até existe uma desilusão com estes assuntos da integração, porque também na altura da autorização da circulação dos carros de Macau em Hengqin houve uma grande expectativa junto da população. As pessoas esperavam poder circular por lá. Mas como se só uma centena de empresas e indivíduos seleccionados a dedo podem entrar em Hengqin com a matrícula de Macau”, considerou. Ponte HMZ | 101 candidaturas a 40 quotas para rent-a-car e agências de viagens A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) anunciou, na sexta-feira, ter recebido 101 candidaturas de empresas exploradoras titulares de licença para transportes terrestres transfronteiriços de passageiros. Em causa estavam apenas 40 quotas divididas em três grupos: 12 destinam-se “a empresas de transportes terrestres fronteiriços de passageiros” e outras tantas “a empresas exploradoras da indústria de aluguer de veículos motorizados de passageiros sem condutor”. Ou seja, as companhias de “rent-a-car”, enquanto as restantes 16 quotas estão reservadas a empresas que detenham licença de agência de viagem. As 40 quotas visam permitir que as empresas forneçam “um serviço agendado de transportes de passageiros, de ponto a ponto, em viagens” entre Macau e Hong Kong, “não sendo permitida a tomada e largada de passageiros ao longo do percurso da viagem”. Cada quota corresponde a um automóvel ligeiro de passageiros que preencha os requisitos. Não foi definido um número limite de viagens por veículos, no entanto, não é permitida a entrada no interior da China.
Hoje Macau Internacional MancheteBrasil/Eleições: Resultado final dá 46% dos votos a Bolsonaro e 29% para Haddad [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) irão defrontar-se na segunda volta das eleições presidenciais brasileiras no dia 28 deste mês, tendo cada um obtido 46% e 29% dos votos, respectivamente. Com 99% das secções de voto apuradas, Jair Bolsonaro conquistou o voto de cerca de 49 milhões de brasileiros, seguido por Haddad que chegou perto dos 30 milhões, segundo os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que começaram a ser divulgados às 19h00. Ainda de acordo com os dados praticamente finais do TSE, em terceiro lugar ficou o candidato Ciro Gomes (PDT) com 12% dos votos válidos do eleitorado, o que correspondeu a cerca de 13 milhões de votos. Como nenhum candidato atingiu na votação deste domingo a marca de 50% dos votos válidos, o próximo Presidente da República do Brasil será eleito na segunda volta, a decorrer dentro de três semanas, a 28 de outubro. Os últimos números foram divulgados perto das 22:15 (02:15 em Lisboa) e confirmaram a disputa final entre Jair Bolsonaro, o candidato da extrema-direita brasileira, e Fernando Haddad, que substituiu Lula da Silva na liderança da candidatura do PT (esquerda). Neste domingo, 147 milhões de brasileiros foram às urnas para escolher um novo Presidente, membros do Parlamento (Câmara dos Deputados e Senado), além de governadores e legisladores regionais em todo o país. Bolsonaro apela aos eleitores para não darem um “passo à esquerda” perante o “caos” Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil está à beira do caos, apelando aos eleitores para não darem um “passo à esquerda”, numa referência a Fernando Haddad, seu opositor na segunda volta da corrida presidencial. “O nosso país está à beira do caos, não podemos dar mais um passo à esquerda, o nosso passo agora é de centro-direita”, afirmou Jair Bolsonaro, numa mensagem na rede social Facebook, discurso menos agressivo do que o habitual, com referências às minorias sexuais, mulheres e moradores do país que costumam votar PT, como é o caso do Nordeste do país. Agora, para a segunda volta, a 28 de outubro, “temos que unir os cacos que nos fez o governo da esquerda no passado, botando de um lado negros e brancos, jogando nordestinos contra sulistas, pais contra filhos, até mesmo quem tem opção sexual homo contra heteros”, acrescentou o candidato, que venceu a primeira volta da corrida eleitoral, disputada este domingo. “Vamos colocar um ponto final nos activismos” e “desregulamentar muita coisa, desonerar a folha de pagamento” dos salários, afirmou Bolsonaro, num discurso de 15 minutos, em que elencou o poder económico do PT, que diz ter “bilhões para gastar” e o “controlo social” dos ‘media’ brasileiros. “O que está em jogo é a nossa liberdade, é a manutenção da operação ‘Lava Jato’”, numa referência ao processo judicial que colocou na prisão Lula da Silva, antigo Presidente brasileiro, dirigente histórico do PT e primeira escolha do partido para estas eleições presidenciais. “O nosso juiz Sérgio Moro não vai ser jogado na lata do lixo”, afirmou, acrescentando, sobre a corrupção no Brasil: “Vamos reduzi-la o máximo possível”. Haddad diz que pacto constitucional está em causa na segunda volta O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), Fernando Haddad, afirmou que na segunda volta das presidenciais brasileiras está em causa o pacto constitucional de 1988, que assinalou a normalização democrática do país. Dentro de três semanas, na segunda volta, em que irá enfrentar o candidato populista de extrema-direita Jair Bolsonaro, Haddad considera que “há muita coisa em jogo, o próprio pacto da constituinte de 88 está hoje em jogo”. “Vamos ser vitoriosos no segundo turno”, afirmou Fernando Haddad, admitindo que esta é uma “eleição muito diferente de todas” as anteriores. Agora, “muito respeitosamente nós vamos para o campo democrático com uma única arma: o argumento”, disse Haddad, esperando que o seu opositor esteja disponível para debater, numa referência ao facto de Bolsonaro ter recusado participar no último debate televisivo. “Não vou abrir mão dos meus valores” e o “segundo turno é uma oportunidade de ouro para discutir frente a frente”, afirmou. Marina Silva e Geraldo Alckmin avaliam apoios para segunda volta Os candidatos da Rede, Marina Silva, e do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Geraldo Alckmin, à primeira volta das presidenciais brasileiras anunciam em breve as suas posições face à segunda volta, marcada para 28 de outubro. Marina Silva, que partiu como uma das principais candidatas e acabou em nono lugar na primeira volta das presidenciais, disse no seu discurso após a divulgação dos resultados que ainda irá conversar com membros da Rede sobre qual a posição a adotar na segunda volta. Já o candidato do PSDB (centro-direita) Geraldo Alckmin, que ficou em quarto lugar na primeira volta das presidenciais brasileiras, realizadas estes domingo, remeteu hoje para terça-feira uma decisão de apoio na segunda volta, que será disputada entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). “A executiva nacional em Brasília” do PSDB já foi agendada para terça-feira, onde será feita uma “avaliação do processo eleitoral e tomada uma posição quanto ao segundo turno”, afirmou. A nossa convicção na essência do regime democrática não tem poder que não seja legitimado pelo voto e pela expressão popular”, acrescentou, mostrando ter uma “fé inquebrantável no Braisl, esse país maravilhoso”. A candidata da Rede, Marina Silva (Rede) afirmou ainda que estará na oposição independentemente de quem seja o vencedor. “Independentemente de quem seja o vencedor, nós estaremos na oposição. O Brasil vai precisar de uma oposição democrática. Podemos assegurar: estaremos na oposição porque é a única forma de quebrar o ciclo vicioso”, declarou. Surpresas para governadores em São Paulo, Rio e Minas Gerais Mudanças de última hora marcaram as eleições para os governos dos estados mais populosos do Brasil – São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro – que terão na segunda volta candidatos que não eram considerados favoritos. Em São Paulo, a disputa será entre o candidato João Dória do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) que teve 31,7% dos votos válidos e o candidato Márcio França do Partido Socialista Brasileiro, que obteve 21,53%. França venceu uma das corridas mais apertadas destas eleições, superando o candidato Paulo Skaff do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), derrotado com 21,09% dos votos que apareceu em segundo lugar em todas as sondagens de intenção de voto antes das eleições. No Rio de Janeiro o juiz Wilson Witzel do Partido Social Cristão (PSC) foi a grande surpresa da eleição regional. Com uma campanha voltada para a crítica dos problemas de segurança pública do Rio de Janeiro e o apoio do presidenciável Jair Bolsonaro, Wilson Witzel chegou em primeiro lugar com 41,2% dos votos e superou o candidato que liderava as sondagens, o ex-prefeito da capital ‘carioca’ Eduardo Paes, do Democratas, que chegou à segunda volta com apenas 19,5% dos votos. Em Minas Gerais, o PT foi afastado da liderança do governo estadual. O empresário Romeu Zema, do Partido Novo, que se candidatou pela primeira vez, liderou a votação com 42% dos votos contra Antonio Anastasia do PSDB, que aparecia na dianteira de todas as sondagens, obtendo 29% dos votos. Também haverá uma segunda volta nos estados brasileiros do Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Sergipe, Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Sergipe. Nas eleições de domingo, treze governadores regionais dos 27 estados brasileiros foram eleitos na primeira volta. No estado do Acre foi eleito governador Gladson Cameli (Partido Progressista, PP), em Alagoas Renan Filho (MDB), no Paraná Ratinho Junior (Partido Social Democrático, PSD) e no Espírito Santo Renan Casagrande (PSB). O novo governador de Goiás será Ronaldo Caiado do Democratas, em Mato Grosso está eleito Mauro Mendes também do Democratas, na Paraíba João Azevedo do PSB e no Tocantins Mauro Carlesse do Partido Humanista da Solidariedade (PHS). Rui Costa do Partido dos Trabalhadores (PT) irá governar por mais quatro anos o estado da Bahia, Camilo Santana do PT foi reeleito no Ceará, Flavio Dino do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) foi reeleito no Maranhão, o governador do Piauí Wellington Dias (PT) acabou por ser reeleito, assim como o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB).
Hoje Macau China / ÁsiaChina é a melhor parceira que Angola pode ter nesta fase, diz economista [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] economista angolano Manuel Alves da Rocha defende que a China, na atual fase de crise económica em Angola, é o “melhor parceiro que o país pode ter”, por não seguir os condicionalismos económicos impostos, por exemplo, pela Europa. Numa entrevista à agência Lusa, em Luanda, o também investigador e professor da Universidade Católica de Angola, de 71 anos, salientou que a cooperação com o Ocidente, nomeadamente financeira, foi sempre toldada por condicionalismos do ponto de vista político, aspetos que, realçou, “a China não coloca”. “Tenho tido uma apreciação relativamente crítica sobre a ligação à China. Mas, nesta fase, não só para Angola, mas também para África – a China tem muito dinheiro, sobretudo nas linhas de crédito, nos financiamentos e, eventualmente, no investimento privado chinês em Angola – é a melhor parceira que Angola pode ter”, disse. “Há condicionalismos que muitos países europeus colocam nas linhas de crédito e nos financiamentos que concedem. São sempre com alguma condicionalidade política: Há uns resultados preliminares da estratégia de João Lourenço nos domínios da transparência e do combate à corrupção e isso pode ser bom”, acrescentou o também diretor do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica, orgão criado em 2002. Alves da Rocha lembrou que a China é o maior credor de Angola e que, atualmente, tem em cima da mesa a negociação de mais uma linha de crédito – que ronda os 10 mil milhões de euros -, razão que leva, de novo, o Presidente angolano, João Lourenço, a Pequim, depois da presença em setembro na terceira cimeira do Fórum de Cooperação China-África. O economista angolano, no entanto, não isenta de críticas a cooperação financeira chinesa e muito menos a definição, escolha e implementação de projetos financiados pela linha de crédito da China, “que não tem sido a melhor”. “Temos problemas em várias vias rodoviárias, construídas com base nos créditos da China, que já estão a ser reconstruídas seis, sete ou oito anos depois, quando estas infraestruturas têm uma vida económica média útil de 20, 25 ou 30 anos. Significa que estamos a duplicar investimentos públicos, estamos a diminuir a sua rendibilidade económica e social e a criar mais dívida, a aumentar a dívida externa do país”, criticou. Para Alves da Rocha, porém, a “culpa” é também de Angola, que não fez uma fiscalização correta, permitindo que a escolha das empresas que devem executar as obras seja feita pela China – “temos obras chinesas de fraca qualidade, mas temos obras chinesas de elevada qualidade”. “Tem de haver aqui um espaço de negociação para tornar os financiamentos chineses mais úteis e, do ponto de vista económico, mais rentáveis”, sugeriu, lembrando que o Governo do Presidente angolano tem, pelo meio, “muitos desafios” pela frente. Questionado pela Lusa sobre quais os principais desafios, Alves da Rocha salientou três, que passam por questões políticas, económicas e financeiras. “Tem, em primeiro lugar, uma questão política. Não sei se a sua eleição política, com a sua eleição para a liderança do MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, no Congresso Extraordinário, a 08 de setembro], acabará por organizar um partido mais unido e unificado, de modo a que tenha uma participação na condução dos destinos do país”, referiu. Como segundo desafio, acrescentou, João Lourenço tem um problema económico -“não vejo como vai ser ultrapassado” -, uma vez que Angola vive, desde 2009, problemas de consolidação do crescimento económico. “2009 foi o início de um período em que a dinâmica de crescimento de Angola diminuiu significativamente, comparado com o período que se costuma chamar a ‘mini idade de ouro do crescimento económico de Angola’ e, consultando o Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN – 2018/2022), tenho algumas reservas sobre se de facto se será o instrumento ou abordagem para se ultrapassar os problemas económicos”, questionou. “O PDN conta com nove eixos estratégicos de desenvolvimento, em que cada eixo tem uma série de políticas para serem executadas. Cada política tem uma série de objetivos e há um conjunto variado de ações, ou seja, trata-se de um PDN cujos resultados ficam quem das nossas expectativas. Tanta política, tantos eixos estratégicos para, no fim, para Angola rubricar uma taxa média anual do crescimento do PIB até 2022 de 3%”, criticou. Sublinhando desconhecer “quanto vai tudo custar”, Alves da Rocha lembrou que a implementação de um plano “tem custos diretos para o governo e custos de oportunidade para a economia”. Em terceiro lugar há o problema financeiro, pois Angola “está com dificuldades financeiras a vários níveis”. “O país, a própria economia, tem problemas de divisas, as finanças públicas têm problemas de receitas. Apesar do preço do petróleo estar a aumentar, há aqui um problema de ligação às quantidades produzidas. Pode ser que esta situação se venha a alterar a partir de 2020 ou 2021, quando os engulhos sobre a produção serão resolvidos. Mas, até lá, o problema permanece. Temos tentado resolver o problema financeiro, o problema dos défices, através de empréstimos, nomeadamente externos, desta maneira”, disse. “São muitos desafios, mas creio que João Lourenço contará, não sei se durante todo o tempo da sua legislatura, com o apoio do partido e o apoio das organizações da sociedade civil, que veem João Lourenço como uma esperança de mudança, de colocar o país nos trilhos corretos”, concluiu. Natural de Malanje, onde nasceu a 26 de agosto de 1957, Manuel José Alves da Rocha é professor Associado da Universidade Católica de Angola, onde leciona as cadeiras de Finanças Públicas e Integração Económica. Alves da Rocha é escritor assíduo de artigos de opinião em alguns órgãos de comunicação social angolanos e estrangeiros e autor de cerca de duas dezenas de livros sobre a temática direta ou indiretamente associada à vida económica em Angola. O economista é ainda membro da Academia de Ciências de Lisboa (Académico Correspondente), da Sociedade de Geografia de Lisboa, do Senado da Universidade Católica de Angola, da Ordem dos Economistas Portugueses, da Associação Angolana de Economistas, da Canadian Association of African Studies (desde 1998), entre outros.
Hoje Macau InternacionalEleições/Brasil: Total de 147 milhões de eleitores decidem hoje futuro do Brasil [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m total de 147,3 milhões de brasileiros são chamados este domingo a votar nas eleições em que estarão em disputa o cargo de Presidente mas também representantes no parlamento (Câmara dos Deputados e Senado) e nos governos regionais. As urnas serão abertas pelas 08h00 (12h00 em Lisboa) e têm o seu encerramento previsto para as 17h00 de cada fuso horário. As últimas urnas electrónicas a fechar serão no Estado do Acre, 21h00 em Lisboa. Se houver uma falha na urna eletrónica e na impossibilidade de substituição por outra do mesmo tipo, será utilizado o sistema tradicional de voto de boletim em urna. Jair Bolsonaro, candidato do Partido Social Liberal (PSL) é quem lidera, de acordo com as últimas sondagens, a corrida às presidenciais, com 35% das intenções de voto dos brasileiros, contra 22% do segundo colocado, Fernando Haddad, que encabeça o Partido dos Trabalhadores (PT). Esta é já considerada uma das eleições mais atípicas das últimas décadas, com uma forte polarização política entre a extrema-direita e a esquerda. Caso nenhum candidato atinja este domingo a marca de 50% dos votos válidos, haverá uma segunda volta com os dois primeiros colocados, que está marcada para o dia 28 deste mês. Centenas de manifestantes contra Bolsonaro em São Paulo No sábado centenas de pessoas manifestaram-se contra o candidato Jair Bolsonaro, na cidade de São Paulo. Organizado por grupos de mulheres nas redes sociais, este é o segundo protesto contra o candidato de extrema-direita, que lidera as sondagens para as presidenciais de domingo. Bolsonaro suscitou inúmeras polémicas por declarações machistas, racistas e homofóbicas e tem sido contestado por mulheres que lançaram em setembro a campanha “Ele não”. No protesto, os gritos de “Ele não” eram acompanhados por cantos de guerra como “fascistas, machistas não passarão” e “vem para rua, vem contra o fascista”. Vitória Tavares, de 18 anos, disse á Lusa que compareceu no protesto por discordar das ideias defendidas por Bolsonaro. “Não concordo com nada que o Bolsonaro diz ou prega. Ele é contra as mulheres e as minorias.”, declarou. A estudante disse acreditar que Bolsonaro não vencerá a eleição na primeira volta, mesmo reconhecendo que ele esta aumentando sua popularidades com os ataques que faz contra o Partido dos Trabalhadores (PT). “O voto contra o PT favorece o Bolsonaro, mas ele não tem capacidade de mudar o Brasil”, afirmou. Carolina Spinoza, 33 anos, também disse que aderiu ao protesto das mulheres porque não acredita nas promessas do candidato de extrema-direita. “Infelizmente tem muita gente votando em um candidato que é contra e tem muitos aliados que desejam tirar os direitos das minorias”, avaliou. “O sentimento de ‘antipetismo’ [como é chamado o movimento contra o PT] tem influenciado muito. Essas pessoas querem mudança e não estão pensando nas consequências que está mudança trará depois”, concluiu. Marcelo Rebelo de Sousa deixou apelo ao voto O Presidente da República apelou ao voto nas eleições presidenciais no Brasil, dirigindo-se aos portugueses com dupla nacionalidade e aos brasileiros que vivem em Portugal. “Espero que os portugueses, muitos, que vivem no Brasil e que têm a dupla nacionalidade não deixem de exercer o direito de voto, é o mesmo apelo que faço cá dentro ao voto e até já fiz ontem, à participação no voto no ano que vem”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, que falava, em Vila Real, à margem da cerimómia de entrega do Prémio D.Diniz ao escritor Helder Macedo. O Presidente disse ainda, por outro lado, que espera também que os “muitos brasileiros que vivem em Portugal participem no exercício do direito de voto”. “Porque isso é bom, nós formamos uma comunidade que é a comunidade de língua portuguesa, que é uma comunidade que não é só de cultura ou de economia ou de finanças, é uma comunidade de pessoas e será tanto mais forte quanto maior for a participação das pessoas, todas elas, em termos políticos, dentro da comunidade”, salientou.
Hoje Macau China / ÁsiaFamoso mercado de peixe de Tóquio muda de sítio ao fim de 80 anos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] famoso mercado de peixe de Tsukiji, a funcionar há 80 anos no centro da capital japonesa, fechou ontem as portas para se mudar para Toyosu, uma antiga fábrica de gás, na baía de Tóquio. Após anos de adiamentos, a mudança do mercado de Tsukiji, que recebia diariamente cerca de 40 mil visitantes, desencadeou grande descontentamento, na maioria dos casos devido ao encerramento de um espaço que é considerado um dos ícones da cidade. Situado em Toyosu, a 2,3 quilómetros de distância de Tsukiji, o novo mercado abastecedor, orçado em 4,3 mil milhões de euros, vai abrir na próxima quinta-feira, apesar das críticas de muitos trabalhadores sobre contaminação, inconveniência e falta de segurança daquele espaço. “Se o novo local fosse melhor, não teria qualquer problema em mudar”, disse Tai Yamaguchi, cuja família é proprietária da empresa Hitoku Shoten desde 1964. Líder de um grupo de 30 mulheres de famílias proprietárias de lojas em Tsukiji, Yamaguchi, de 75 anos, opõe-se à mudança, que afirmou ter sido mal gerida pelas autoridades por não terem sido devidamente ouvidas as pessoas diretamente afetadas. Tsukiji tinha mais de 500 grossistas com vários milhares de trabalhadores, num espaço labiríntico onde largas dezenas de triciclos elétricos circulavam incessantemente entre bancas de peixe e hortaliças, onde as vendas diárias atingiam uma média de 12 milhões de euros. Diariamente, às primeiras horas da madrugada, o mercado animava-se para os leilões de atuns e outros peixes, aos quais podiam assistir 120 espetadores, normalmente turistas. Tsukiji abastecia os restaurantes mais caros e os supermercados de Tóquio desde 1935, mas as origens do mercado remontam há quase um século. Os opositores da mudança receiam que os turistas não visitem Toyosu por ser menos central e se assemelhar a uma enorme fábrica moderna, sem as características emblemáticas de Tsukiji. Makoto Nakazawa, de 54 anos, trabalhador em Tsukiji há mais de 30 anos, afirmou não gostar do novo espaço onde vai passar a trabalhar e acrescentou estar zangado por as autoridades terem decidido fechar um mercado que “alimentou Tóquio durante décadas”. Para Nakazawa, Tsukiji “é especial e um lugar de diversidade, onde se podiam ver atores de teatro de vanguarda a cruzarem-se com antigos condenados”. Alguns dos pequenos restaurantes centenários, cafés, lojas de chá, gelados, omeletas, facas e loiças vão continuar no mesmo local. A mudança esteve prevista para novembro de 2016, mas foi adiada pela governadora de Tóquio, Yurilo Koike, na sequência de uma inspeção a Toyosu, onde foram encontrados vestígios de arsénico e outros contaminantes nas águas e solos. “A segurança está garantida”, declarou Koike, na recente cerimónia oficial de abertura do novo mercado abastecedor, referindo-se à aplicação de uma nova camada de cimento no pavimento e à instalação de bombas de água mais potentes. O futuro a longo prazo de Tsukiji está por decidir. Para já, os 230 mil metros quadrados de terreno vão ser transformados num gigantesco parque de estacionamento para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020. Parque de diversões, casino, centro comercial, entre outras, são algumas das ideias para o sítio, localizado na baixa de Tóquio, lado a lado com Ginza, uma das zonas mais exclusivas da cidade. Ao argumento da administração municipal de Tóquio sobre a necessidade de um espaço mais moderno e eficiente, os trabalhadores contrapõem que Tsukiji é uma obra de arte em constante transformação ao longo dos anos.
Hoje Macau DesportoJoão Sousa eliminado no ‘qualifying’ do Masters 1000 de Xangai [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] tenista português João Sousa ficou hoje fora do quadro principal do torneio Masters 1000 de Xangai, na China, ao perder na última ronda do ‘qualifying’ com o francês Benoit Paire, por 6-7 (4-7), 6-4 e 6-4. O número um português, que ocupa o 43.º posto no ‘ranking’ mundial, perdeu após uma hora de 58 minutos de encontro. O vimaranense, segundo cabeça de série da fase de qualificação, salvou o seu serviço várias vezes na primeira partida, evitando inclusivamente um ‘set-point’ quando Paire vencia por 6-5, e acabou por se superiorizar no jogo de desempate. Nos dois ‘sets’ seguintes, João Sousa nunca conseguiu ameaçar o serviço de Paire, enquanto o francês, antigo jogador do ‘top-15’ mundial e atual 63.º, conseguiu um ‘break’ em cada um deles, o suficiente para vencer o encontro e conseguir uma vaga quadro principal. João Sousa procurava a sua quinta participação no Masters 1000 de Xangai, onde nunca conseguiu ultrapassar a primeira eliminatória.
Hoje Macau EventosObra de Banksy auto-destrói-se após ser leiloada pela Sotheby’s [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma obra do artista Banksy, cuja verdadeira identidade se desconhece, destruiu-se depois de ser vendida por 1,04 milhões de libras na leiloeira londrina Sotheby’s. O próprio autor divulgou, na sexta-feira, uma fotografia na rede social Instagram no momento em que o quadro “Girl with balloon” (“Rapariga com balão”, na tradução livre) se desfaz em tiras ao passar por uma trituradora de papel instalada na parte inferior do quadro. “Vai, vai, foi-se”, escreve Banksy sobre a imagem, numa alusão às palavras pronunciadas pelos leiloeiros quando concluem a venda a um cliente. “Parece que acabámos de ser ´Banksy-tados”, admitiu o diretor de arte contemporânea da Sotheby´s, Alex Branczik, após a licitação da obra, de acordo com o que se ouve nos vídeos colocados nas redes sociais, nos quais é também visível a surpresa com que reagiu o público. Datada de 2006, a obra, leiloada na sexta-feira à noite, que mostra uma rapariga a tentar alcançar um balão em forma de coração, era uma versão em tela de um desenho que surgiu a primeira vez como grafite numa rua no leste de Londres e que, em 2017, foi eleita a obra favorita da nação. Originário da cidade de Bristol, Banksy ficou conhecido pelos seus grafitis subversivos que têm surgido um pouco por todo o mundo, de Londres à Palestina, o que fez dele um artista cotado.
Hoje Macau EventosEscritor Helder Macedo recebe Prémio D. Diniz por “Camões e outros contemporâneos” [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] escritor e catedrático de literatura Helder Macedo recebeu, na Casa de Mateus, em Vila Real, o Prémio D. Diniz/2018, pela sua obra “Camões e outros contemporâneos”. O galardão é atribuído desde 1980, pela Fundação da Casa de Mateus, e o júri da edição deste ano foi constituído pelos poetas Nuno Júdice, Fernando Pinto do Amaral e Pedro Mexia, que atribuiu, por unanimidade, o prémio a Helder Macedo. Segundo o júri, Helder Macedo, “poeta e romancista reconhecido”, oferece “neste livro da sua vertente ensaística, um percurso pela literatura portuguesa, da Idade Média à atualidade, em que a familiaridade com os grandes autores do passado e os do presente nos aproxima do seu universo, cruzando criação e vida”. “O Prémio D. Diniz, dado a uma obra que começa precisamente pela análise inovadora de uma cantiga de amigo do rei poeta, que o nome do prémio celebra, distingue uma obra que assume a ousadia das suas descobertas e o faz com uma erudição que, longe de afastar o leitor, o fascina pelos novos horizontes que vem abrir”, afirma o júri. A obra, publicada com a chancela da Editorial Presença, divide-se em quatro partes, sendo a primeira “Camões e a Modernidade da Tradição”, que inclui, entre outros, ensaios sobre o autor d’”Os Lusíadas”, sobre Sá de Miranda ou ainda um intitulado “Luso, filho de Baco”. A segunda, “História, Memória e Ficção”, inclui, entre outros, uma reflexão sobre história e profecia, em que aborda o cronista Fernão Lopes, o padre jesuíta António Vieira e o historiador e político Joaquim d’Oliveira Martins, além de textos sobre as personagens D. Quixote e Dulcineia, de Cervantes, sobre “ficções da identidade” em Fernando Pessoa e Cesário Verde, e um texto de 2012, sobre o romance “A Balada da Praia dos Cães”, de Cardoso Pires. Na terceira parte apresenta o que chama de “Testemunhos”, no qual reúne oito textos, nomeadamente sobre Sophia de Mello Breyner Andresen, Mário Cesariny e Herberto Helder, e ainda um que intitula “Pensamentos e escritos (pós) coloniais: Partes de África”, numa referência ao seu romance “Partes de África”, editado em 1991. A quarta parte é dedicada ao “enquadramento analítico dos oito séculos de literatura portuguesa”, um texto que, explica o autor, professor catedrático jubilado do King’s College, em Londres, foi uma encomenda dos seus colegas da Universidade de Oxford para um “Companion to Portuguese Literature”, “destinado primordialmente a um público universitário”, que leva Helder Macedo a acrescentar: “Creio que esta versão portuguesa poderá também ajudar a contextualizar os textos” que escolheu para fazerem parte desta coletânea. A cerimónia conta com a presença, entre outras personalidades, do Presidente da República e do ministro da Cultura. Helder Macedo, nascido há 82 anos na África do Sul, é autor de vários ensaios sobre literatura portuguesa e, paralelamente, assinou vários títulos de ficção e de poesia, como os romances “Pedro e Paula” (1998) e “Tão Longo Amor Tão Curta a Vida” (2013), a coletânea “Poemas Novos e Velhos” (2011) e “Romance” (2015). O Prémio D. Diniz distingue anualmente uma obra de autor português nas áreas da ficção, poesia ou ensaio. No ano passado, a obra vencedora foi o romance “Astronomia”, de Mário Cláudio.
Hoje Macau EventosMonserrat Caballé foi “um dos pináculos do canto lírico do século XX”, diz João Pereira Bastos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] antigo diretor do Teatro Nacional de S. Carlos João Pereira Bastos classificou Montserrat Caballé, que morreu este sábado aos 85 anos, como “um autêntico pináculo do canto lírico do século XX”. Para João Pereira Bastos, que também foi diretor da Antena 2, a soprano Montserrat Caballé está ao nível de outras “divas” do século XX como Gina Sinha, Zinca Milanov, Maria Callas, Giulietta Simionato, Fiorenza Cossoto, a Tebaldi, Mirella Freni e Joan Sutterland. É uma perda muito grande, sustentou o antigo diretor do Festival de Macau, considerando que atualmente há “canto a rodos” e “cantores do melhor que há” mas que “não têm a personalidade nem o recorte específico que estas grandes divas do século XX tinham”. Para João Pereira Bastos, Montserrat Caballé “era uma das maiores sopranos de sempre da história da música do século XX”. João Pereira Bastos, que também foi diretor de produção e diretor técnico do S. Carlos, sublinhou ainda o facto de Monserrat Caballé ter tido “bastantes pontos importantes para Portugal como para ela”, exemplificando com o facto de a soprano ter saído de Espanha para ir para uma companhia residente na Alemanha, tendo o S. Carlos sido “muito importante Para a soprano, porque foi o primeiro teatro internacional que visitou vindo dessa companhia”, onde cantou uma obra de Mozart e outra de Richard Strauss, disse. Na altura, a “soprano espanhola foi fazer a sua carreira internacional e estreou ´Norma`, que foi estreia absoluta no S. Carlos, que ela escolheu para estrear essa ópera”, frisou. João Pereira Bastos considerou Monserrat Caballé “uma voz de soprano lírico com algumas características invulgares, sobretudo ao nível do ‘apianar’ de notas agudas (…) muito vizinhas do dó de peito que um cantor daquelas características não produz”. E Monserrat Caballé “apianava ao nível de não se ouvir uma mosca na sala, como se diz, porque era de uma perfeição tal que era estranho uma voz tão forte ter esse tipo de características”, frisou. João Pereira Bastos referiu ainda outras prestações da cantora em Portugal como a que teve em 1993 no início do Centro Cultural de Belém (CCB), sublinhando, porém, que a sua interpretação de “Norma”, em 1972, no S. Carlos, foi uma prestação “famosa”. “Aquela ´Norma` ficou famosa e só a partir dela é que foi cantar pelo mundo fora, nomeadamente no Scala de Milão”, frisou. Relativamente a outras prestações que a soprano teve, nomeadamente no Algarve, em programas para turismo, João Pereira Bastos considerou que “isso não terá ofuscado a sua carreira”. “Porque Caballé pertence a uma época em que havia quatro, cinco, seis cantores fantásticos e depois havia uma plêiade de cantores bons mas já de uma segunda linha de luxo, mas era uma segunda linha”. Não há “dúvida nenhuma que ao mesmo tempo que a Callas e A Tebaldi eram pessoas que se opunham apenas e só nos palcos, como é lógico, também o caso da Caballé e da Joan Sutterland foi um caso idêntico na geração imediatamente a seguir”, referiu. Monserrat Caballé morreu este sábado de madrugada, aos 85 anos, no Hospital de Sant Pau, em Barcelona. O funeral realiza-se, na segunda-feira, às 12:00, para o cemitério de Barcelona. Plácido Domingo diz que foi “um privilégio” cantar com voz “incrível” de Caballé O tenor Plácido Domingo afirmou que partilhar os palcos com a soprano Montserrat Caballé, falecida em Barcelona aos 85 anos, foi “um privilégio” pela sua “incrível” voz e talento. “Minha querida Montserrat, que impressionante vida e carreira tiveste. Obrigada pela tua voz incrível, o teu talento. Descansa em paz. Deus chamou outro anjo para o seu reino”, escreveu o artista na sua conta pessoal da rede social Twitter. https://www.youtube.com/watch?v=Js3iM1FIPBc