MIFF | Festival com competição de filmes em chinês

A terceira edição do Festival Internacional de Cinema de Macau, que decorre entre os dias 8 e 14 de Dezembro, vai ter uma competição dedicada apenas a filmes em língua chinesa. São seis as películas seleccionados num idioma que representa uma “cultura vibrante”, de acordo com o director artístico do evento, Mike Goodridge

 

[dropcap]”N[/dropcap]ovo Cinema Chinês” é o nome da competição que se estreia na 3ª edição do Festival Internacional de Cinema de Macau. A rúbrica vai ser inteiramente dedicada a filmes em língua chinesa que, para o director artístico do festival Mike Goodridge, representa uma “cultura vibrante”.

O foco na língua chinesa é uma estreia que Goodridge espera ver tornar-se numa tendência do evento, referiu o responsável ontem à margem da conferência de imprensa de apresentação do certame. A razão, apontou, tem que ver com a qualidade dos filmes que actualmente existem e que utilizam a língua ou dialectos chineses.

“Gostaria que continuasse. Não só tivemos filmes em chinês em número suficiente, como tivemos de tomar decisões difíceis para escolher apenas seis. O mundo da língua chinesa é realmente uma cultura vibrante”, disse.
Para estrear a primeira edição da competição dedicada aos filmes em língua chinesa foram seleccionadas películas vindas do continente, de Taiwan e da Malásia.

Os escolhidos

Em competição vai estar “Baby”, do realizador de Tianjin, Liu Jie. O filme conta a história de uma empregada de limpeza de um hospital, Jiang Meng, que encontra uma recém-nascida com problemas congénitos iguais aos seus. Mas ao contrário de Jiang, esta menina é levada do hospital pela família sendo impedida de se submeter aos tratamentos necessários para sobreviver. Jiang entra numa cruzada para resgatar a menina com que se identifica.

Também da China continental vai ser exibido “Up The Mountain” de Zhang Yang. O argumento traz a história do artista Shen Jianhua, que vive em Xanga, uma vila pequena e remota na província de Yunnan. Shen tem como objectivo ensinar arte aos residentes daquele lugar e com isso fazer a diferença na vida daquelas pessoas. As suas últimas alunas são um grupo de mulheres idosas que acabam por formar uma sociedade à volta da pintura.

Liu Sanlian é a protagonista do filme que vem de Taiwan, “ Dear Ex”, realizado por Chih-Yen Hsu. Agonizada por sentir que a vida é um drama, a situação piora quando descobre que o marido, falecido há três meses, tinha mudado o beneficiário do seguro de vida do seu filho para um outro homem, um amante, de nome Jay.
Também de Taiwan vai ser exibido “Xiao Mei” de Maremn Hwang. Xiao Mei é a protagonista desaparecida. Entretanto, os amigos juntam-se para reconstruir as recordações que têm dela na procura de pistas do seu paradeiro. É com essas recordações que percebem que a amiga afinal tinha uma vida difícil e poderia estar viver de fantasmas criados por situações complicadas no passado.

Zahir Omar é o realizador malaio à frente do filme “Fly by Night”. O drama passa-se dentro do mundo criminoso de Kuala Lumpur em que um gangue de quatro taxistas se dedica a extorquir os passageiros que apanha no aeroporto. Foi ainda seleccionado o filme chinês “The Pluto Moment”.

O júri para esta competição é composto pela produtora australiana Stephanie Bunburry, o produtor britânico Nick James e pelo também produtor, mas de Hong Kong, Shu Kei.

9 Nov 2018

Open House | Celebração de “arquitectura híbrida” começa este fim-de-semana

Cinquenta espaços públicos e privados vão estar abertos ao público em Macau este fim-de-semana “para celebrar e democratizar” a arquitectura híbrida da cidade, disse à Lusa o curador do festival Open House Macau, Nuno Soares

 

[dropcap]É[/dropcap]a primeira vez que o festival, fundado em 1992 na capital britânica, chega à Ásia, “onde a academia e a atenção no campo da arquitectura chegou um pouco mais tarde do que à Europa”, explicou o arquitecto. “Macau tem uma história urbana muito longa, de 450 anos. Faz sentido ser o primeiro local a ter um evento deste género na Ásia porque tem uma história de arquitectura híbrida e de celebração arquitectónica já bastante antiga”, disse.

Para o curador, é especialmente relevante trazer este evento a Macau numa altura em que a “Ásia está mais preocupada em produzir arquitectura do que em olhar para a arquitectura que já foi produzida pelo passado”. “Fomos já reconhecidos como património da humanidade. Há efectivamente uma base solidificada, por isso é oportuno falarmos do nosso património arquitectónico”, defendeu.

Ao todo, 50 edifícios – desde exemplos de arquitectura vernacular [tradicional chinesa], a propostas de estilo neoclássico, ‘art déco’, modernista e contemporâneo – vão estar abertos ao público para ajudar a compreender a cultura e o tecido urbano de Macau. “Criámos as [cinco] chaves que vão organizar um pouco o património todo que existe em Macau, em vez de estarmos a falar de edifícios singulares, falamos destes cinco momentos que têm alguma coerência”, explicou o arquitecto.

Entre casas, pátios, templos, infantários, pontes pedonais ou até estações eléctricas, muitos espaços vão estar abertos ao grande público pela primeira vez. “Vários destes espaços não são acessíveis a todos, à excepção de quem lá mora, se não olharmos com muita atenção não os vamos descobrir, porque não são edifícios óbvios”, sublinhou.

O objectivo do festival, defende, não se esgota este fim-de-semana: a ideia é chamar a atenção e democratizar a arquitectura para o público não especializado. “Não podemos falar de arquitectura só entre arquitectos, ela é feita para toda a gente”, realçou. “Não vamos apenas ver edifícios e paredes vazias, mas sim edifícios que contam histórias através das pessoas que lá vivem e que os conhecem ao pormenor. As visitas guiadas servem para serem reveladas algumas dessas memórias escondidas”, comentou.

Quanto ao número de visitantes, as expectativas “são grandes”, disse. Na terça-feira, já contavam com mais de 500 registos para as visitas guiadas, um número que “tem vindo a aumentar”.
Por último, Nuno Soares adiantou que o festival vai ter carácter anual. Para o ano, vão estender o festival à ilha da Taipa e, no ano seguinte, à ilha de Coloane.

“As ideias já existem e têm pernas para andar. Temos capital arquitectónico suficiente para termos edições diferentes e continuar no futuro”, concluiu. Nas palavras da fundadora, Victoria Thornton, que vai estar em Macau no fim-de-semana, o Open House “estrutura-se a partir de um conceito simples, mas poderoso: convidar todos a explorar e a debater sobre a importância da boa concepção arquitectónica nas cidades, de forma inteiramente gratuita”.

A ‘Open House Worldwide’ – da qual o Open House Macau é agora membro -, apresenta-se como uma das mais relevantes instituições internacionais para a promoção da arquitectura, incluindo 40 iniciativas em quatro continentes, que congregam a participação anual de mais de um milhão de visitantes.

9 Nov 2018

Surf Hong | Ella Lei recusa envolver-se em caso de nadadores-salvadores

A deputada dos Operários defende que compete à DSAL verificar se houve alguma infracção no despedimento de 20 nadadores-salvadores que fizeram greve, mas admite que a legislação permite perseguir os trabalhadores que reivindicam direitos protegidos pela lei laboral

 

[dropcap]A[/dropcap]deputada da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), Ella Lei, acredita que a legislação laboral permite perseguir os trabalhadores que se atrevem a defender os seus direitos, mas recusa envolver-se no caso dos 20 salvadores-nadadores não-residentes despedidos pela Surf Hong. Para a deputada, mesmo que os nadadores-salvadores tenham sido despedidos por defenderem os seus interesses legítimos, terá de ser a Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) a apurar o que aconteceu.
“É à DSAL que compete investigar este caso. Apesar dos trabalhadores poderem dizer que foram despedidos por protegerem os seus interesses, será a investigação da DSAL que vai apurar os factos e explicar o que realmente se passou”, disse Ella Lei, ontem, ao HM.

Cerca de 20 nadadores-salvadores foram despedidos pela Surf Hong, após terem feito greve, o que forçou a empresa a não conseguir assegurar o serviço de salvamento nas piscinas do território. Em causa estavam queixas como a ausência da entrega de cópias do contrato de trabalho assinado, recusa do acesso ao certificado de nadador-salvador ou ausência de tempo de descanso adequado entre turnos. O caso ainda está a ser investigado, mas a DSAL já concluiu que não houve tempo de descanso suficiente e, por isso, multou a empresa em 230 mil patacas a empresa.

Princípios básicos

De acordo com o artigo 27.º da Lei Básica, as pessoas de Macau têm “o direito e liberdade de organizar e participar em associações sindicais e em greves”. No entanto, o artigo não está legislado e o trabalhadores, que tiveram razão numa parte das queixas, foram despedidos por “faltas injustificadas”.

À base deste caso, Ella Lei reconhece que os trabalhadores não têm meio, à excepção das queixas apresentadas junto da DSAL, para defenderem os interesses consagrados na Lei Básica. “Os trabalhadores foram despedidos devido ao seu comportamento e por não haver uma de lei sindical. Também não temos direito à negociação colectiva, o que pode fazer com que quem apresente queixas possa ser perseguido pela entidade patronal”, justificou.

Actualmente, além de Ella Lei, o campo dos Operários está representado na Assembleia Legislativa com mais três deputados, Leong Sun Iok, eleito pela via directa, Lei Chan U e Lam Lon Wai, eleitos pela via indirecta. Porém, a legisladora não quis tomar uma posição sobre se há planos para apresentar uma nova Lei Sindical. No passado, houve várias propostas no hemiciclo, na maior parte das vezes com origem no deputado José Pereira Coutinho, mas os documentos nunca foram aprovados.

“Na legislação actual não há protecção para as pessoas que defendem os direitos laborais nem que apresentam reivindicações. Já propus que fossem feitas alterações, mesmo com a lei sindical. Mas há sempre uma forte oposição porque há pessoas que acham que os operários já têm muito poder”, realçou.

9 Nov 2018

Organização do Festival Internacional de Cinema discrimina imprensa de Macau

O actor e cantor Aaron Kwok esteve em Macau para dar uma entrevista antes de participar na conferência de imprensa de apresentação do programa da terceira edição do Festival Internacional de Cinema. A organização separou a imprensa de Hong Kong e do continente da local, e deixou os jornalistas de Macau para segundo plano. Mais grave para os de língua inglesa e portuguesa que não tiveram acesso a tradução

[dropcap]A[/dropcap]imprensa de Macau foi deixada para segundo plano na entrevista à estrela de cinema e Cantopop de Hong Kong Aaron Kwok, que antecedeu a conferência de imprensa de apresentação da 3º edição do Festival Internacional de Cinema.

O encontro com o artista estava marcado para as 13h30 mas Aaron Kwok atrasou-se. À espera da estrela de Hong Kong estavam dezenas de jornalistas da região vizinha, do continente e, claro, de Macau. Como acontece em circunstâncias idênticas, este tipo de entrevistas são conjuntas e acompanhadas de tradução para que o seu conteúdo esteja acessível a todos os interessados, nomeadamente em eventos cunhados de “internacional”. Não foi o caso.

Para a sala onde ia decorrer a conversa, e já por volta das 13h50, foram admitidos em primeiro lugar os jornalistas de Hong Kong e do continente. Cerca de 15 minutos depois, foi a vez de dar lugar à imprensa local.

Depressa que se faz tarde

Com tempo contado dado ao adiantado da hora, a entrevista foi conduzida em cantonês. A organização foi questionada sobre a possibilidade de existir um tradutor, mas a pessoa responsável pela gestão da comunicação limitou-se a referir que não iria existir tradução alguma. Foi ainda sublinhado à mesma responsável que a separação dos jornalistas e a falta de tradução limitavam o acesso aos conteúdos.

Numa primeira reacção não foi dada qualquer justificação para a situação, tendo sido apenas referido que os órgãos de comunicação social em línguas estrangeiras estariam à vontade para fazer perguntas em inglês.

No final do encontro com a imprensa local, houve realmente uma questão em inglês e que teve que ser única. A resposta veio da boa vontade do próprio artista na medida em que o assistente que o acompanhava, quando percebeu que o conteúdo seria noutra língua, tentou finalizar a entrevista de imediato argumentando o atraso da conferência de imprensa. Mas Kwok adiantou-se e respondeu à jornalista.

A organização voltou a ser alertada para este incidente, que mais uma vez punha em causa a consideração pela imprensa local, desta feita em língua estrangeira, sendo que, numa segunda justificação a mesma responsável referiu que não tinha pensado que os jornalistas estrangeiros pudessem estar interessados em falar com o artista de Hong Kong. Foi ainda adiantado que, em eventos futuros, estaria garantida a tradução.

9 Nov 2018

Zheng Anting pede prevenção de bullying nas escolas

[dropcap]O[/dropcap] deputado Zheng Anting interpelou o Executivo sobre os trabalhos para fomentar a cooperação entre professores, assistentes sociais e pais de estudantes em prol da prevenção do bullying nas escolas. Além disso, o deputado quer saber se os serviços de aconselhamento psicológico prestados pelos assistentes sociais nas escolas e pelos serviços sociais são suficientes.

Zheng Anting lembrou que, em meados do mês passado, foi divulgado um vídeo nas redes sociais onde uma aluna do ensino secundário aparece a ser agredida por uma outra estudante da mesma turma. Para o deputado, o caso chocou a sociedade, tendo este salientado que os casos de bullying podem ter impactos negativos em termos físicos e mentais nas vítimas e agressores.

8 Nov 2018

Escritora Agustina Bessa-Luís recebe título ‘Honoris Causa’

[dropcap]A[/dropcap] Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) atribui no dia 23, em Vila Real, Portugal, o doutoramento ‘Honoris Causa’ a Agustina Bessa-Luís como reconhecimento pela obra da escritora.

“A atribuição de um doutoramento ‘Honoris Causa’ a Agustina Bessa-Luís sublinha o reconhecimento, por parte da UTAD, do interesse da obra da autora e da sua ligação ao Douro” afirmou à agência Lusa o reitor da academia transmontana, António Fontainhas Fernandes.

A UTAD está a dedicar o ano de 2018 à escritora, com a realização de vários eventos, como colóquios, exposições e um ciclo de cinema. Este ano assinalam-se também os 70 anos da publicação de “Mundo fechado”, uma das primeiras obras de Agustina Bessa-Luís.

“Agustina é uma das vozes mais importantes da literatura portuguesa, mas alguém com uma vida fértil em diversos domínios da cultura”, salientou Fontainhas Fernandes.

O reitor citou Eduardo Lourenço para lembrar que “Agustina é incomparável”, o que “sublinha o lugar de relevo que a sua obra ocupa no panorama das letras nacionais”. A escritora nasceu em Vila Meã, Amarante, em 1922, e possui mais de 50 títulos publicados, entre romances, contos, peças de teatro, biografias romanceadas, crónicas de viagem, ensaios e livros infantis.

Muitas das suas obras estão traduzidas em diferentes idiomas e algumas adaptadas ao cinema, nomeadamente por Manoel de Oliveira. Foi agraciada com inúmeros prémios, como o Prémio Eça de Queirós (1954), Prémio Nacional de Novelística (1967), Prémio D. Diniz (1981) Grande Prémio Romance e Novela (1983 e 2001), Prémio Camões (2004).

Foi igualmente distinguida com a Ordem de Santiago da Espada (1980) e Officier de l’Ordre des Arts e des Lettres, atribuído pelo governo francês (1989). Até à data recebeu três doutoramentos ‘Honoris Causa’, pela Universidade Lusíada, Universidade do Porto (ex aequo com Eugénio de Andrade) e Tor Vergata, de Roma.

A homenagem pela academia transmontana a Agustina Bessa-Luís partiu de um desafio lançado pelo presidente do Conselho Geral da universidade, Silva Peneda.

8 Nov 2018

IPOR e IPM querem projectos de investigação científicos conjuntos

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Português do Oriente (IPOR) e o Instituto Politécnico de Macau (IPM) querem desenvolver uma parceria conjunta em projectos de investigação científicos e criar um programa de estágios, disse à Lusa o director do IPOR.

Joaquim Coelho Ramos, que iniciou o mandato como director do IPOR no dia 1 de Setembro, falava à Lusa a propósito do encontro que manteve com o presidente do IPM, Im Sio Kei.

Num comunicado sobre o encontro, o IPM referiu que está ainda em estudo a possibilidade da “criação de um programa de intercâmbio entre professores”. Em relação ao programa de estágios, o IPM sublinhou a importância da “participação de alunos e graduados do IPM em eventos culturais realizados pelo IPOR e outras experiências envolvendo as diferentes culturas dos países de língua portuguesa”.

8 Nov 2018

Motoristas de táxi querem prémios para quando não violam a lei

Um fundo criado com dinheiros públicos e privados para ajudar na resolução de conflitos que envolvem taxistas, formação para os agentes da autoridade e prémios para os condutores que cumprem a lei. Estas foram algumas das sugestões deixadas ontem pelas associações de motoristas de táxis aos deputados da 3ª Comissão Permanente

[dropcap]O[/dropcap]s taxistas querem a criação de um fundo com a participação de entidades públicas e privadas destinado à resolução de conflitos que venham a surgir com a entrada em vigor do novo regime legal. A ideia foi deixada ontem pelo presidente da 3ª Comissão Permanente, Vong Hin Fai, depois da reunião entre os deputados que analisam na especialidade a proposta de lei que vai regular o sector e nove associações de taxistas.

Outra sugestão deixada pelos representantes do sector foi a criação de uma comissão de arbitragem com a finalidade de resolver “conflitos entre taxistas e passageiros”, um organismo que seria “constituído por membros experientes do sector”, referiu Vong. A arbitragem serviria de recurso nas situações em que um taxista não concorda com um passageiro quando este último se queixa às autoridades.
No entanto, o Governo já adiantou que “no caso dos infractores não estarem de acordo com as sanções podem sempre recorrer aos tribunais”, disse Vong Hin Fai.

Formar a autoridade

Para os taxistas seria ainda importante fomentar acções de formação para “os aplicadores da lei”, ou seja para as equipas de fiscalização da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) e para os agentes policiais. Apesar das centenas de infracções registadas todos os meses pelas forças policiais, os motoristas acham que nem sempre as autoridades procedem à investigação com diligência, deixando-os desprotegidos, sem forma de recorrerem à lei.

Por outro lado, os representantes do sector acham que deveria existir um mecanismo de recompensa para os condutores que cumprem a lei. “Só há sanções para quem não cumpre a lei e não há mecanismos que premeiem quem a cumpre”, queixaram-se, de acordo com Vong Hin Fai.

A nova proposta prevê ainda que o modelo de exploração de táxis passe a ser exclusivamente empresarial. Para os condutores, esta medida não é justa uma vez que existem muitos taxistas que trabalham por conta própria. Por outro lado, consideram que o modelo exclusivamente empresarial vai contribui para a criação de monopólios, que em nada irá beneficiar o bom funcionamento do sector.

Para evitar esta situação, os representantes associativos apelaram para que a exploração de táxis seja dividida em partes iguais, ou seja, 50 por cento explorada por empresas, 50 por cento por particulares.


Agente secreto

Os motoristas de táxi querem que seja retirada da proposta de lei que irá regular o sector a possibilidade de serem usados agentes à paisana que, para a detecção de infracções, sugeriam actos ilegais aos taxistas. “Não queremos que a proposta considere a existência de agentes provocadores” afirmou um dos representantes das associações de motoristas. Para substituir esta medida os motoristas sugerem que seja instalada a gravação de som, tal como a proposta prevê, e também de imagem.

8 Nov 2018

Arbitragem | Cidadãos confiam mais no Conselho de Consumidores

Em 20 anos de existência o centro de arbitragem do Conselho de Consumidores resolveu mais de metade dos 610 casos de conflitos, o que faz dele um exemplo de sucesso. Deputados exigem alterações à proposta de lei da arbitragem

[dropcap]N[/dropcap]um território onde os tribunais são quase sempre a primeira opção para a resolução de casos o centro de arbitragem do Conselho de Consumidores (CC) pode ser considerado um caso de sucesso. Além do encontro que os deputados da 1ª comissão permanente da Assembleia Legislativa (AL) tiveram com os responsáveis deste centro, houve também uma reunião com o centro de arbitragem do World Trade Center (WTC), com o intuito de recolher dados sobre a arbitragem em Macau, que está legislada desde 1996.

“O centro de arbitragem do CC começou em 1998 e, até este ano, resolveram-se litígios ligados a 610 casos, sendo que 66 por cento ficaram resolvidos. Os restantes foram decididos por decisão arbitral de um juiz”, explicou o deputado e presidente desta comissão, Ho Ion Sang.

Os representantes do CC explicaram aos deputados da 1ª comissão permanente que este sucesso se explica pelo facto de muitas decisões contarem com a presença de um juiz, além de não serem pagas taxas. “As pessoas confiam mais no conselho de consumidores porque há um juiz”, disse Ho Ion Sang.

No caso do centro de arbitragem do WTC, os números são bastante diferentes. Desde 2006 até este ano houve apenas quatro casos, tendo sido rejeitados dois. Apenas um caso está em “fase final de resolução”.

“Segundo o WTC, houve poucos casos porque o Governo e a sociedade não conhecem muito bem o regime de arbitragem e não foi feito muito trabalho de promoção. Além disso, o Governo não lhe deu muita importância”, disse Ho Ion Sang.

O deputado frisou que, dada a pequena dimensão do território, as pessoas temem que a escolha do árbitro que irá decidir sobre os seus casos seja próximo ou favorável a alguma das partes.

8 Nov 2018

Rússia afirma ter desviado ataques com ‘drones’ durante Mundial de Futebol 2018

[dropcap]O[/dropcap] Governo russo afirmou ontem que desviou tentativas de ataques feitos através de ‘drone’ durante o Campeonato Mundial de Futebol deste ano.

Alexander Bortnikov, chefe do serviço de segurança federal da Rússia, afirmou que estes serviços “tomaram medidas para detectar e desviar tentativas de terroristas que usam ‘drones’ durante eventos políticos ou desportivos, inclusive durante o Campeonato Mundial”.

A Rússia usou milhares de agentes da polícia e tecnologias de vigilância de última geração para protecção durante os eventos do Campeonato Mundial de Futebol, de 14 de Junho a 15 de Julho deste ano.

No entanto, quatro membros do grupo contestatário Pussy Riot conseguiram invadir o campo durante a final do Mundial de Futebol, vestindo uniformes de polícia.

Em Abril, o Governo russo já tinha afirmado que adeptos ‘extremistas’ e nacionalistas planearam ataques durante os eventos do Mundial na cidade de Samara, e que foram impedidos pelos serviços de segurança locais.

8 Nov 2018

Distúrbios provocam um ferido e danos em hotel após jogo entre Benfica e Ajax

[dropcap]U[/dropcap]m grupo de adeptos do Benfica causou na noite de quarta-feira distúrbios num hotel em Lisboa, onde estavam adeptos holandeses do Ajax, após o jogo da Liga dos Campeões em futebol, que terminou 1-1, disse à Lusa fonte policial.

“Temos a indicação de que um grupo de adeptos do Benfica viu adeptos holandeses num hotel, nas imediações do estádio da Luz, e causou distúrbios, obrigando o grupo alegadamente afecto ao Ajax a refugiar-se no interior”, afirmou fonte da PSP, frisando que “não se pode falar em confrontos directos entre adeptos de ambos os clubes”.

Segundo a mesma fonte, os adeptos causaram danos na zona do restaurante e esplanada da unidade hoteleira, com um adepto holandês a ser transportado ao hospital de Santa Maria com ferimentos na cabeça.

“Um cidadão holandês sofreu ferimentos na cabeça, mas tudo indica que se trata de ferimentos ligeiros. Foi transportado ao hospital mais por precaução”, explicou.

A PSP conseguiu interceptar sete pessoas que foram identificadas, mas nenhuma ficou detida, uma vez que não houve flagrante delito. “Foram identificadas sete pessoas, mas temos a indicação que o grupo seria mais numeroso. Vamos analisar as imagens do sistema de vigilância do hotel e o processo vai seguir os trâmites normais”, concluiu.

Clube da Luz empatou

O Benfica comprometeu ontem o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões em futebol, ao empatar 1-1 na recepção aos holandeses do Ajax, em encontro da quarta jornada do Grupo E. O brasileiro Jonas, que não marcava para a ‘Champions’ desde 16 de Fevereiro de 2016, deu vantagem aos ‘encarnados’, aos 29 minutos, mas, na segunda parte, aos 61, o sérvio Dusan Tadic restabeleceu a igualdade.

Na classificação, e com duas rondas por disputar, os alemães do Bayern Munique, que venceram em casa o AEK Atenas por 2-0, isolaram-se na frente, com 10 pontos, contra oito do Ajax e quatro do Benfica. Os gregos continuam a zero.

8 Nov 2018

China gasta quase 32 mil milhões de dólares para segurar valor do yuan

[dropcap]A[/dropcap] China gastou quase 32 mil milhões de dólares das suas reservas cambiais para evitar a queda da moeda chinesa, em Outubro, a maior intervenção em quase dois anos, após o yuan recuar quase 10% desde Abril.

Dados oficiais hoje revelados pela Administração Estatal de Divisas revelam que as reservas cambiais da China, as maiores do mundo, caíram em Outubro, de 3,087 biliões de dólares para 3,053 biliões. Excluindo efeitos de valorização, os dados indicam um intervenção das autoridades de 32 mil milhões de dólares, para segurar o valor do yuan, a maior desde Janeiro de 2017.

Os números atenuam preocupações de que Pequim poderia recorrer a uma desvalorização cambial deliberada, visando estimular as exportações, numa altura de tensões comerciais com Washington. O presidente norte-americano, Donald Trump, impôs já taxas alfandegárias de até 25% sobre 250 mil milhões de dólares de importações oriundas da China.

A queda do yuan apoia os exportadores chineses face à subida das taxas alfandegárias nos EUA, ao reduzir o preço dos seus bens na moeda norte-americana, mas encoraja os investidores a tirar dinheiro da China, levando a um aumento nos custos de financiamento de outras indústrias domésticas.

Analistas consideram que as autoridades querem evitar que a cotação baixe para um dólar/sete yuan, considerada uma linha perigosa para a moeda chinesa. Na quarta-feira, 6,93 yuans valiam um dólar norte-americano, depois de, no final de Outubro, a cotação se ter fixado nos 6,9644, a mais baixa desde Maio de 2008.

Iris Pang, economista para a China no banco de investimento ING, em Singapura, considerou a queda das reservas cambais, em outubro, pequena, comparativamente à registada em 2015, quando caiu 70 mil milhões, por mês, em média, durante meio ano. “Não existe pânico de fuga de capital na China, apesar da cotação dólar/yuan estar perto de sete para um”, comentou, num relatório.

Contudo, a fuga de capital tem vindo a acelerar: dados da balança de pagamentos publicados na segunda-feira fixam a saída financeira líquida em 19 mil milhões de dólares, no terceiro trimestre do ano, o maior valor trimestral, desde o final de 2016.

As reservas cambiais da China atingiram o pico de 3,99 biliões de dólares, em Junho de 2014, mas nos dois anos e meio seguintes o banco central gastou quase um bilião de dólares para travar a queda da moeda chinesa, face a uma fuga de capitais privados recorde.

Desde o início de 2017 até meados deste ano, o banco central reduziu a sua intervenção, à medida que o aumento do controlo sobre o fluxo de capitais e indicadores económicos robustos reduziram a pressão sobre a moeda.

No entanto, nos últimos meses, a pressão voltou a aumentar devido a indicadores económicos menos fortes e um aumento das taxas de juro pela Reserva Federal norte-americana. No terceiro trimestre do ano, o crescimento da economia chinesa abrandou para 6,5%, em termos homólogos, o ritmo mais lento desde o primeiro trimestre de 2009.

O investimento em activos fixos, motor fundamental do crescimento, abrandou para 5,4%, nos primeiros nove meses do ano, face ao mesmo período do ano passado.

8 Nov 2018

Fu Yu junta-se a Freitas no quadro principal do Open da Áustria de ténis de mesa

[dropcap]A[/dropcap] portuguesa Fu Yu qualificou-se ontem para o quadro principal do Open da Áustria de ténis de mesa, juntando-se a Marcos Freitas, que teve entrada directa.

Nas duas últimas rondas da fase de qualificação, Fu Yu venceu Wing Nam Ng, de Hong Kong, por 4-1 (11-3, 12-10, 11-8, 9-11 e 15-13), e a japonesa Maki Shiomi, por 4-3 (14-16, 13-11, 11-7, 5-11, 11-8, 8-11 e 11-9).

Na primeira eliminatória do quadro principal, Fu Yu, 36.ª do ‘ranking’ mundial, vai encontrar a chinesa Liu Shiwen, sexta, enquanto Marcos Freitas, 16.º da hierarquia, encontra o indiano Sathiyan Gnanasekaran, 35.º.

Na derradeira ronda de qualificação, Diogo Carvalho perdeu com o alemão Ruwen Filus, por 4-0 (11-6, 11-8, 11-9 e 11-9), depois de Jieni Shao, João Geraldo e Tiago Apolónia terem sido eliminados na terça-feira.

8 Nov 2018

Bill Gates apresenta na China sanita inovadora que não precisa de água ou saneamento

[dropcap]O[/dropcap] filantropo norte-americano Bill Gates apresentou ontem uma sanita que não necessita de água ou ligação a sistemas de saneamento, transformando os dejectos em fertilizante, o que poderá reduzir a mortalidade infantil nos países mais pobres.

O fundador da Microsoft mostrou o novo modelo ao público em Pequim, numa exposição dedicada a novas soluções sanitárias, visando “reinventar as sanitas” e acelerar a adopção e comercialização de sistemas inovadores.

“Esta exposição apresenta, pela primeira vez, tecnologia e produtos de saneamento descentralizados e totalmente novos, e prontos a serem comercializados”, afirmou Bill Gates, em comunicado. Este novo modelo, que não precisa de estar ligado a um sistema de saneamento ou de água e transforma os dejectos humanos em fertilizante, está a ser testado na cidade sul-africana de Durban, onde também estão a ser testados outros modelos, que se alimentam de energia solar, explicou Gates.

O multibilionário explicou que a rápida expansão destes novos produtos e sistemas de saneamento que não necessitam de estar conectados a nenhuma rede poderá reduzir drasticamente o número de mortos e o impacto da falta de higiene na saúde da população nos países mais pobres.

A fundação de Bill Gates e da sua mulher, Melinda Gates, gastou 200 milhões de dólares desde 2011 para promover a investigação e o desenvolvimento de tecnologia sanitária segura.
Segundo a Unicef, quase 900 milhões de pessoas não têm escolha senão fazer as suas necessidades ao ar livre. Só na Índia, estima-se que sejam 150 milhões.

O Presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, destacou que o saneamento é uma das prioridades para a sua organização, que se vai aliar com a Fundação Bill e Melinda Gates para levar instalações sanitárias seguras a todas as partes do mundo.

8 Nov 2018

Vítor Pereira conquista campeonato de futebol chinês

[dropcap]O[/dropcap] treinador português Vítor Pereira levou ontem o Shanghai SIPG à conquista do primeiro título de campeão chinês de futebol, ao impor-se por 2-1 na recepção ao Beijing Renhe, em jogo da 29.ª e penúltima jornada do campeonato.

O Shanghai SIPG, que na ronda anterior tinha vencido por 5-4 no estádio do perseguidor Guangzhou Evergrande e ficado a apenas um ponto de vencer pela primeira vez a prova, resolveu o jogo a seu favor com golos do uzbeque Odil Akhmedov, aos 20 minutos, e do goleador Wu Lei, aos 47, antes de o senegalês Makhete Diop reduzir, aos 65.

Vítor Pereira disse ontem que os nomes dos novos campeões ficarão “gravados na história do clube e do futebol chinês”. “Esta conquista deixará os nossos nomes gravados na história do clube e do futebol chinês. Devo lembrar que para a maioria destes jogadores este é o primeiro título das carreiras”, afirmou o treinador português, em declarações aos órgãos de comunicação social chineses.

A equipa de Xangai conquistou o título a uma jornada do fim do campeonato, ao impor-se por 2-1 na receção ao Beijing Renhe, com golos do uzbeque Odil Akhmedov, aos 20 minutos, e do goleador Wu Lei, aos 47, tendo o senegalês Makhete Diop reduzido, aos 65.

“Conquistámos este campeonato com muito trabalho. Liderámos o campeonato durante a maioria das jornadas, o que demonstra a nossa regularidade e maturidade. Merecemos este título” observou Vítor Pereira, prometendo “continuar a trabalhar no próximo ano para revalidar o título”.

Vítor Pereira, de 50 anos, sagrou-se campeão no terceiro país, depois dos títulos conquistados em Portugal, no FC Porto (2012 e 2013), e na Grécia, no Olympiacos (2015), quebrando o hegemonia do Guangzhou Evergrande, campeão chinês nas sete épocas anteriores, as últimas três sob o comando do brasileiro Luiz Felipe Scolari, antigo selecionador português.

O Shanghai SIPG, que se tornou o oitavo clube a conquistar o título na China, teria assegurado o troféu mesmo que perdesse, uma vez que o heptacampeão foi derrotado por 2-0 no estádio do Chongqing Lifan, antiga equipa de Paulo Bento, com golos dos brasileiros Sebá, ex-jogador do FC Porto e Estoril Praia, e Fernandinho.

“Acabámos com o monopólio do Guangzhou Evergrande, que dominou o futebol chinês nos últimos sete anos. Foi um desafio incrível e nós conseguimos superá-lo. Este é o meu primeiro ano na China, onde me sinto muito feliz”, afirmou.

O técnico português, que em Dezembro de 2017 sucedeu a André Villas-Boas no comando do Shanghai SIPG, sagrou-se campeão logo na época de estreia na equipa de Xangai, tal como tinha acontecido em 2011, no FC Porto, depois de também ter substituído o compatriota.

Vítor Pereira tornou-se o terceiro treinador luso a conquistar o título em três países, juntando-se a Artur Jorge, campeão em Portugal (FC Porto), França (Paris Saint-Germain) e Arábia Saudita (Al-Hilal), e José Mourinho, que foi em quatro países: Portugal (FC Porto), Espanha (Real Madrid), Inglaterra (Chelsea) e Itália (Inter Milão).

O técnico natural de Espinho foi o único dos três treinadores portugueses que iniciou e terminou a temporada na China – e logo como campeão -, uma vez que Paulo Bento e Paulo Sousa rescindiram os contratos com Chongqing Lifan e o Tianjin Quanjian, respetivamente.

Treinadores portugueses celebram

A conquista do campeonato chinês de futebol por Vítor Pereira é “muito boa para a imagem” dos cerca de 100 treinadores portugueses radicados na China, afirmaram ontem alguns técnicos à agência Lusa, reclamando um maior apoio institucional.

“Estou aqui num grupo de treinadores portugueses no Wechat [o Whatsapp chinês] e está toda a gente a comentar que é muito bom para a nossa imagem”, diz Francisco Duarte, 29 anos, e treinador de futebol numa escola pública no norte de Pequim. “Por ter sido campeão com o Xangai, e não com o Guangzhou, no qual seria mais um, torna a vitória mais especial”, observa Francisco Duarte.

Gonçalo Figueira, que dá formação a treinadores chineses numa academia de futebol no sul do país, enaltece a “capacidade de adaptação” de Vítor Pereira.

“O Shanghai [SIPG] é muito organizado, acho que estrategicamente ele montou boas equipas e conseguiu adaptar-se ao futebol chinês, o que não é fácil”, disse à Lusa.

O técnico português, que em Dezembro de 2017 sucedeu a André Villas-Boas no comando do Shanghai SIPG, sagrou-se campeão logo na época de estreia na equipa de Xangai, tal como tinha acontecido em 2011, no FC Porto, depois de também ter substituído o compatriota.

O técnico natural de Espinho foi o único dos três treinadores portugueses que iniciou e terminou a temporada na China – e logo como campeão -, uma vez que Paulo Bento e Paulo Sousa rescindiram os contratos com Chongqing Lifan e o Tianjin Quanjian, respectivamente.

De acordo com a contagem da agência Lusa, quase 100 treinadores portugueses de futebol vivem hoje no país asiático, desde a província de Jilin, na fronteira com a Coreia do Norte, à ilha tropical de Hainan, no extremo sul do país.

Alguns são contratados por clubes profissionais e outros estão integrados no sistema de ensino público, que incluiu em 2015 a modalidade no desporto escolar, parte de um “plano de reforma do futebol” decretado pelo governo, visando elevar a seleção chinesa ao estatuto de grande potência.

Francisco Duarte lamenta, no entanto, que a “federação [portuguesa], liga ou a Associação Nacional dos Treinadores de Futebol em nada” apoiem os técnicos radicados na China, ao “contrário de outros países, nomeadamente Espanha”, onde há uma “divulgação e programas estruturados para os treinadores na China”.

“Devia haver algo mais estruturado para nos promover e trazer mais treinadores. Estamos sozinhos, é cada um por si”, descreve.

8 Nov 2018

Zhuhai | Ex-presidente da Câmara expulso do partido

[dropcap]O[/dropcap] Governo Central aprovou a decisão de expulsar do partido Li Zezhong, que foi presidente da câmara de Zhuhai, de forma interina, até Setembro de 2017, altura em que começou a ser investigado.

De acordo com um comunicado do órgão máximo contra a corrupção da China, Li Zezhong, de 48 anos, violou a disciplina do partido, cobrou despesas públicas indevidas, recebeu presentes de empresários e abusou do poder.

Além de ser expulso do Governo e do partido, Li tem de devolver os dinheiros recebidos de forma ilegal.

8 Nov 2018

Haitong | Investimento chinês será debatido mas mantém-se com Bolsonaro

[dropcap]O[/dropcap] administrador-executivo do Haitong Banco de Investimento do Brasil, Alan Fernandes, considerou ontem que a relação comercial entre Pequim e Brasília se vai manter, mas admitiu que o Presidente eleito brasileiro, Jair Bolsonaro, vai discutir o tipo de investimento.

“Sem dúvida que vão acontecer discussões sobre a característica do investimento, nomeadamente na propriedade de terras”, afirmou, em Pequim, Alan Fernandes, que é também administrador executivo do Haitong Portugal, o antigo Banco Espírito Santo Investimento (BESI).

Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro classificou o investimento chinês no Brasil de predatório, face à aquisição de empresas e activos estratégicos por firmas do país asiático.
“A China não está comprando no Brasil, ela está comprando o Brasil. Você vai deixar o Brasil na mão do chinês”, disse.

Em declarações à agência Lusa, Fernandes admitiu que, pela “característica nacionalista” de Bolsonaro, existe uma “preocupação” com o investimento chinês, mas ressalvou que há “muita coisa que é parte da campanha” e que “não dá para ignorar” os dados da relação comercial.

“A China é o maior parceiro comercial do Brasil: 25% de todo o comércio exterior brasileiro está ligado à China. Você não pode simplesmente maltratar quem compra ou vende um quarto de tudo o que você consome ou produz”, observou.

Em 2017, o comércio entre o Brasil e a China atingiu 87,53 mil milhões de dólares, uma subida homóloga de 29,55%. A China vendeu bens no valor de 29,23 mil milhões de dólares e importou mercadorias no montante de 58,30 mil milhões de dólares, segundo dados das alfândegas chinesas.

No terreno

Alan Fernandes lembrou ainda que um potencial proteccionismo de Bolsonaro face ao investimento chinês é apenas viável numa empresa estatal, já que as privadas podem fazer uma negociação bilateral.
“Não existe nenhum instrumento que permita ao Governo travar a aquisição por uma empresa estrangeira, de qualquer origem, de um activo [privado] no Brasil”, afirmou.

O administrador considerou que o “tempo vai trazer a manutenção do relacionamento comercial” com a China, mas previu uma mudança nos laços de Brasília com o mundo emergente.

“A política do antigo Presidente Lula [da Silva], de ligação com países em desenvolvimento, principalmente em África e na América Latina, como Venezuela ou Cuba, deve mudar, mas em relação à China não”, disse.
Alan Fernandes desloca-se à China “quatro ou cinco vezes por ano” para acompanhar o trabalho de uma equipa de chineses, montada em 2017, dentro do Haitong Securities, que se dedica às operações do Haitong Bank.

8 Nov 2018

Fórmula 1 | Grande Prémio do Vietname, em Hanói, em 2020

[dropcap]O[/dropcap] Vietname vai acolher uma prova do campeonato do mundo de Fórmula 1 a partir de 2020, confirmaram ontem os responsáveis da competição, à margem do Grande Prémio do Brasil, em São Paulo. O circuito será citadino, com 5,565 quilómetros de extensão, na capital daquele país asiático, em Hanói.

Trata-se do primeiro anúncio de um novo Grande Prémio feito pelos novos donos da competição, a Liberty Media. “Desde que nos envolvemos neste desporto em 2017 que temos vindo a falar em desenvolver novos destinos e o Grande Prémio do Vietname é a concretização dessa ambição”, sublinhou o norte-americano Chase Carey, presidente executivo da Fórmula 1.

O director-executivo do Vingroup, Nguyen Viet Quang, explicou que o objectivo desta parceria é “melhorar a vida da população do Vietname”, através da criação de “mais postos de trabalho” e da “melhoria das infraestruturas da cidade”.

Nguyen Viet Quang prometeu ainda apresentar durante o evento, dentro de dois anos, “o primeiro construtor automóvel vietnamita, o VinFast”. O responsável autárquico de Hanói, Nguyen Duc Chung, disse acreditar que esta prova vai ser “uma demonstração das capacidades do país”, com “uma das economias que mais crescem em todo o mundo”, além de permitir “atrair mais turismo”.

O circuito será montado num subúrbio de Hanói e congrega o que de melhor têm alguns dos circuitos tradicionais do campeonato. As curvas 1 e 2, um pouco mais apertadas, fazem lembrar Nurburgring, na Alemanha, enquanto a zona da curva 17 é semelhante à subida de Sainte Devote, no Mónaco.
A secção entre as curvas 16 a 19 será similar à dos ‘esses’ de Suzuka, no Japão.

De acordo com o director de corridas da Fórmula 1, o britânico Charlie Whiting, que já visitou o local, “a maior parte do traçado será em ruas já existentes, mas há uma secção que ainda não está construída”.
“Será num espaço aberto, onde as boxes serão instaladas”, explicou.

8 Nov 2018

Grande Prémio | Presidente da FIA enviou mensagem a elogiar evento

Jean Todt agradeceu a Alexis Tam a contribuição do Grande Prémio de Macau para o automobilismo, assim como o esforço da organização. O secretário voltou a apelar à compreensão da população e fala numa fase sem precedentes na história da prova, que comemora 65 anos

 

[dropcap]O[/dropcap] presidente da Federação Internacional Automóvel (FIA), Jean Todt, enviou uma mensagem ao secretário para os Assuntos Sociais e Cultural a elogiar o trabalho da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau, que este ano celebra 65 anos. A revelação foi feita pelo secretário, ontem, após a cerimónia tradicional do Pai San, para abençoar a prova.

“Esta é a 65.ª edição do Grande Prémio de Macau e acreditamos que vai ser um sucesso. Toda a equipa envolvida neste projecto acredita nisso e queremos que seja uma edição em grande”, começou por dizer Alexis Tam. “Também recebi uma mensagem de Jean Todt, presidente da FIA, que reconheceu o nosso trabalho em prol do automobilismo”, revelou.

A prova vai para a estrada na próxima quinta-feira e prolonga-se durante o fim-de-semana. As principais provas voltam a ser a corrida de Fórmula 3, Taça Mundial GT e Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCR). O secretário sublinhou, por isso, a qualidade do programa e apontou que a prova há muito que deixou de ter importância apenas no panorama desportivo, com uma influência que abrange toda as áreas.

“Este evento promove muito a imagem de Macau, além de contribuir para a difusão da nossa Gastronomia, enquanto Cidade Criativa da UNESCO na área da Gastronomia, e de promover o desenvolvimento de Macau como Centro Mundial de Turismo e Lazer”, frisou. “O Grande Prémio está numa fase sem precedentes a nível internacional e integra três provas de cariz mundial numa só edição”, apontou.

Horários flexíveis

Nos últimos anos, o Governo tem autorizado que os funcionários públicos entrem uma hora mais cedo ou mais tarde no serviços durante a realização do Grande Prémio. Após quatro anos, o balanço da medida é positivo e vai continuar a ser uma aposta também neste edição.

“A partir da próxima quinta-feira voltamos a ter um regime de flexibilidade no horário de trabalho dos funcionários públicos, tal como nos anos anteriores. O objectivo passa novamente por fazer com que o trânsito não se concentre todo nas horas de ponta, para que também haja um maior alívio nessas alturas mais críticas”, justificou o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.

“Esperamos que a população perceba a situação [da organização do Grande Prémio] e vamos continuar a fornecer-lhe a informação necessária para saber as alterações ao trânsito”, realçou.
Por último, Alexis Tam apelou ainda às pessoas que se desloquem ao Circuito da Guia durante os quatro dias do evento. “Agradecemos à população e voltamos a pedir o seu apoio. Esta é também uma grande oportunidade para a população, que pode assistir a três provas de cariz internacional”, considerou.

8 Nov 2018

Ordenhar com amor uma vaca da Frísia

[dropcap]E[/dropcap]xistem coisas terríveis no planeta azul, é verdade. A amostra e o armazém confundem-se: jaíres que amam a estabilidade das ditaduras, sanguinários sauditas à solta e, virando a página, milhões e milhões de refugiados a errarem na parte sul do Sudão, nas Américas ou no Mediterrâneo. E dias há em que a televisão nos dá a ver inundações e tsunamis, mas há sempre vozes ventríloquas a papagaiar que tudo se passa lá muito ao longe.

As coisas terríveis têm a mania de acontecer na outra margem. Como se existisse um rio entre nós e a realidade, interrompido apenas quando sobre a nossa cabeça se abate uma gigantesca bigorna de aço. Se acordássemos do choque, essas vozes persistiriam. Cair uma bigorna na cabeça de alguém é sempre um pára-arranca a deambular lá muito ao longe. Nem seria preciso citar Napoleão a acossar pirâmides do Egipto, para concluir que os humanos gostam de imaginar os longes (‘longes bem longínquos’ onde tudo arde), adoram lucubrar sobre episódios terríveis e até se deram ao trabalho de inventar o teatro e a própria palavra “catarse”.

Colocando de lado por instantes o ‘coiso’ do Brasil, os tsunamis e os ventríloquos, é coisa corrente no dia-a-dia que as grandes e pequenas monstruosidades andam geralmente camufladas. Atravessamos a rua no fim da tarde de uma sexta-feira amena e temos aquela sensação na boca de estar a solfejar “Amor, I love you” de Marisa Monte, ou então vemo-nos a apanhar da calçada uma folha de plátano com toda a ternura, antes de teclar um coração no iphone. Depois, encaramos as nuvens paradas e concluímos que a vida é bela, cheia daquela harmonia dos verões da infância, lânguida de ardores (dos que antecedem os arsénicos de Emma Bovary). Poderemos até abraçar um peru ainda vivo ou ordenhar com amor uma vaca da Frísia e dizer que o natal é quando a alma de Mahatma Gandhi quiser.

Então porquê as monstruosidades camufladas? Não, não é por paixão carnavalesca. Talvez seja, na mesma ordem de ideias que levou Polonius a questionar Hamlet – “Will you walk out of the air, my lord?”, por causa daquele grau de suspeita que permite deduzir que ‘eles andam aí’. Por vezes nem precisam do ar que respiram. Sobrevivem ao jeito da melanina que protege do sol os mais apetecidos recessos cutâneos. ‘Eles andam aí’, pequenos e grandes, e comportam-se com tique de máscara mal colocada, fazendo lembrar osgas, louva-a-deus, cavalos-marinhos, sapos, lagartas, girafas, aranhas e corujas que sabem confundir-se com o pano de fundo da natureza onde se acoitam, sejam florestas, desertos ou corais. Só que, de um momento para o outro, aparece quase sempre quem os detecte. Coisa de sortudo e não de pobre diabo.

Pobre diabo é uma designação feliz, sim. Dizem que os pobres diabos são tão leves que sobem ao reino dos céus como sumaúma. E podem inesperadamente ser muitos, muitos milhões. Por exemplo: já experimentou, caro leitor, telefonar para Meo a perguntar por que razão a factura mensal aumentou de repente (e sem qualquer razão)? A voz gravada há-de desafiar a sua paciência celestial durante 40 minutos e depois você desiste por ter compromissos marcados. Já experimentou, caro leitor, ir às finanças anular um pagamento que teve como base o lapso de um funcionário? Há-de conseguir a validação dos dados, sim, mas, logo a seguir, terá que subir à secção das dívidas e vão dizer-lhe, a esfregar as mãos feitas de sumaúma: “a intervenção humana está feita, mas o sistema tem os seus timings próprios e, por isso, vai ter que pagar (e com juros), caso contrário haverá penhora das contas bancárias”. De um momento para o outro, os predadores confundem-se com as osgas, as louva-a-deus, os cavalos-marinhos, as aranhas, etc, etc, e não com o pobre diabo que se lembrou de ir resolver umas coisinhas correntes, no fim de uma amena tarde de sexta-feira, quando na esplanada do bairro toda a gente cantava em uníssono “Amor, I love you”. Há alegorias que valem mais pela amostra do que pelo armazém.

Seja qual for a escala do desvelo, caro leitor, confesso que não há gramática que resista a uma bela bigorna a perfurar o tálamo ou às pirâmides de gizé a mangarem com a estatura de Napoleão, pois tudo se passará inevitavelmente do outro lado, na outra margem, no silêncio de Polonius. O pessoal vê sites e notícias sobre os jaíres pistoleiros e as novas “invasões bárbaras”, o pessoal vê crianças mortas nas praias e ouve a nova geração de políticos da Hungria, da Polónia ou de Itália e, a caminho do ginásio ou de regresso das finanças, vai pondo uns likes na atmosfera. E com os phones cada vez mais enterrados nos ouvidos, a maior parte do pessoal continuará a ouvir sem parar os anjinhos ventríloquos e natalícios a fazerem de coro grego: ‘Let it be’, ‘No pasa nada’, ‘Baby It’ll be alright’ e outros hits tipo rap evangélico. Tal como Camus escreveu no romance A Peste: “…o flagelo reunia todas as suas forças para as lançar sobre a cidade e se apoderar dela definitivamente” (1). Já faltou mais.


(1) Camus, A. A Peste, Livros do Brasil, Lisboa, s/d, p.156.

8 Nov 2018

Dos jornais

[dropcap]T[/dropcap]omé não planeou enfiar-se no chapa e raspar-se com a viatura quando a viu estacionar à frente da barraca Trinitá e topou o motorista a esgueirar-se – torcido pelo gotejar de uma mija – para as traseiras. O apagão que logo a seguir, com artes de cleptómano, fez desaparecer a cidade é que lhe ondulou na cabeça e aí limitou-se a obedecer ao impulso.

Entrou na cabina, rodou a chave na ignição. A carrinha deslizou suavemente por entre os volumes enegrecidos (experimentou os óculos Ray-Ban que se encontravam no tablier), e só no fim da rua acelerou. Estava no papo.

Não havia mais que quatro ou cinco passageiros mergulhados no breu, mansas criaturas amodorradas, e ninguém dera pela troca do motorista. Deixou-se seguir sem acender as luzes interiores, sem o tinir duma sílaba – gado bom de ordenhar.

Era estranha a música que o leitor de dvds emitia, uma toada electrónica que parecia velha como o mundo. Ouvia-a e vinha-lhe à cabeça um refrão: há quantos anos deixei de usar ganga? Vacilava, se achava mais bizarro o gosto musical daquele motorista se o modo como as frases lhe despontavam na mente, cometas chegados de nenhures para um destino inadivinhável. Há quantos anos deixara de usar ganga? Deixou a música fluir, a ver onde aquilo ia.

Conhecia a rota como a palma da mão e levou a viatura sem custo até ao seu término. Aí encheu o carro de people, botões que se acotovelavam na gana de aninharem em casa. Aproveitou para descobrir que música era aquela. Neu! Hallogallo. Quase gala-gala, mas não conhecia. Voltou a pisar o play. Algas com ferrugem num mar electrónico – como vira uma vez na Costa do Sol. Já apinhado o carro, deu conta que aquele chapa andava sem cobrador – melhor, cobrou ele logo à cabeça.

Era vinte e duas horas em ponto e o apagão alastrara a sua tinta de polvo por toda a cidade.

Ladeava o muro da lixeira do Zimpeto quando sacou da pistola com silenciador que havia comprado ao china e, sem se virar, atirou ao acaso por detrás do pescoço, visando duas vezes à esquerda e três à direita. O silenciador funcionava, não fazia mais ruído que um peido de formiga. O escuro, a surpresa, a sua rapidez – ajudaram.

O alarido só rebentou quando numa guinada parou o chapa à beira do muro e, gozando o prato, acendeu as luzes virando-se para trás, de pistola em riste. Os passageiros, no calado de um navio de muitos quilates, miravam as vítimas de cabeça pendida. Atingira um olho, um coração, uma testa, um cotovelo que guinchava e um pescoço gorgolejante. Uma mulher gritou, pela última vez na sua vida. Remédio santo para os demais.

Disse-lhes:
– Bradas, passem tudo o que têm nos bolsos.

Depositaram tudo no lugar do morto. Moedas, notas, telemóveis, porta-chaves. Até camisinhas. Encheu os bolsos. Depois fechou as luzes do chapa e articulou, pausadamente:
– Zuca lá para fora mas easy, relax, vamos pôr os mortos onde devem estar…

Aos ouvidos dos seus acagaçados passageiros a sua voz soava metálica, não se apercebia. Desceram do chapa retardando o passo, mais enfiados que o esterco no rabo do cabrito.

Veio-lhe ao nariz a certeza de que um gordo se borrara. Depois do gordo desceu um madala com umas calças de ganga. Há quantos anos deixara de usar ganga? Desligou a música. Alinhou-os contra o muro. Aproveitando-lhes o estupor, na rapidez que lhe dera o treino de comandos, mudou o carregador da arma. Contou-os, eram treze. Abateu o gordo:
– Crazy, não gosto do treze e o camone fedia…

Uma mulher soluçou. Baixinho. Grossas bátegas de calafrio entrechocavam-se como seixos na testa dos homens. Ao redor, os grilos faziam de segundos violinos. Vivalma. Noite de trevas, muito ao longe acenava o farol dum carro, mais solitário que o lenço de mulher esquecido. O gordo gemia. Um balázio na cabeça serenou-o. Tomé suspirou, entediado e observou:

– Black é assim mesmo, vive da bacela do medo. Vamos ao que interessa. Quatro a quatro, peguem nos corpos e atirem-nos por cima do muro. Sempre que falharem abato um dos quatro…

Os homens superam-se. Os cadáveres rebolavam sobre si mesmo, impulsionados à justa. O quarto corpo elevou-se um pouco mais, somou uma reviravolta ao trajecto e pairou no ar antes do ombro esquerdo ir embater no topo do muro fazendo-o girar para o outro lado. Suspiros. Não ficaria mal aqui a ratonice dum corvo, se um corvo fosse capaz de se interrogar, Há quantos anos deixei eu de usar ganga. Porém, Tomé congelara a música dos alemães Neu!

Ao baque do último corpo no outro lado do muro, Tomé gabou:
– Somos melhores que os mambas… os moçambicanos só precisam de uma motivação… – e atirou para o ar – Alguém guia?

Um rapaz novo, receoso, levantou a mão. Tomé – deu-lhe um súbito cansaço – deixou cair a arma, olhou para ele e sugeriu, atencioso:
– Leva-os daqui… – após o que sorriu, antegozando a ideia – Para os jornais digam que foi um comando da Renamo, e largou uma gargalhada.

Num ápice, desapareceram. Foram no encalço de um velho Mercedes que passou, tossicando.

Tudo correra pelo melhor. O apagão, a hora, a pouca afluência de carros, não ter havido um passageiro que se julgasse com estofo de herói… até a piada final lhe saíra a primor. Além disso, Tomé que, como o seu xará bíblico, gostava de ver para crer, era obrigado a reconhecer que os chineses, afinal, não têm à venda só a fancaria das lojas de trezentos, tinham do bom.

Encaminhou-se para casa, ali perto. A mulher esperava-o. No dia seguinte podia comprar-lhe um micro-ondas, tão prático para durante a noite se aquecer o biberão do bebé. Os óculos Ray-Ban ficavam-lhe a matar.

Glossário: madala, cinquentão; bacela, brinde; mambas, equipa moçambicana de futebol

8 Nov 2018

Presidente do Banco Central chinês promete maior apoio ao sector privado

[dropcap]Y[/dropcap]i Gang, presidente do Banco Popular da China (BPC), prometeu na terça-feira uma série de políticas para ampliar os canais de financiamento para o sector privado. “Há muita água na ‘piscina monetária’, mas precisamos de injectar fundos para as empresas privadas com falta de dinheiro”, disse ele à Xinhua em uma entrevista, citando as políticas na emissão de títulos, empréstimos bancários e financiamento de capital.

O BPC acrescentou um novo índice na avaliação macroprudencial para os bancos comerciais e forneceu-lhes fundos de créditos baratos de longo prazo, a fim de incentivar mais empréstimos para as empresas privadas, disse Yi.

Este ano, o banco central aumentou as cotas de refinanciamento num recorde de 300 mil milhões de yuans, e diminuiu as taxas de juros de refinanciamento em 0,5 ponto percentual para os pequenos credores.
Além disso, a China decidiu apoiar a emissão de bónus pelas empresas privadas, com apoio de liquidez do banco central.

Yi disse que está a iniciar um plano piloto, sob o qual o primeiro lote de três empresas arrecadaram um total de 1,9 mil milhões de yuans com o seu bónus subscritos em grande excesso. “Outras 30 empresas privadas estão a preparar-se para a emissão de bónus.”

O BPC apoia também o financiamento de capitais pelas empresas privadas, disse o presidente do banco.
“O banco central fornece fundos iniciais e incentiva a participação das instituições financeiras e outros investidores,” apontou ele.

Yi enfatizou que, as dificuldades de financiamento para as empresas privadas, especialmente as pequenas e médias entidades, se tornaram um problema fortificado no mundo, e que a China desenvolverá mais esforços para resolver o “fracasso de mercado.”

Contas caseiras

A China manteve um ambiente de política monetária prudente e neutra e garantiu liquidez razoável e suficiente. A medida do BPC para rebaixar os depósitos compulsórios dos bancos libertou um valor líquido de 2,3 biliões de yuans para o mercado monetário este ano.

Até ao final de Setembro, os micro-empréstimos não liquidados fixaram-se em 7,73 biliões de yuans, um aumento de 18,1por cento em termos anuais. Os novos micro-empréstimos chegaram às 959,5 mil milhões de yuans nos primeiros três trimestres.

8 Nov 2018

China | Preço das casas pode cair até 5 por cento em 2019

[dropcap]O[/dropcap] preço do imobiliário na China atingiu o seu valor máximo e pode cair até cinco por cento, em 2019, segundo um relatório publicado ontem pela agência de avaliação de risco Standard & Poor’s (S&P).

As políticas adoptadas pelo Governo chinês para travar o aumento do preço das casas, que incluem tornar o crédito mais difícil ou aumentar o valor mínimo de entrada, estão a fazer efeito, apontou o analista da S&P Christopher Yip, em comunicado.

Estas medidas estão a “reverter gradualmente o aumento dos preços”, sublinhou. “Após uma actividade robusta, durante mais de dois anos, os meses de Setembro e Outubro, tradicionalmente fortes para o imobiliário chinês, foram de inércia”, considerou o analista.

Em Setembro, as vendas registaram uma queda homóloga de 0,8 por cento, enquanto outros indicadores, como a compra de terrenos e investimentos imobiliários também entraram em terreno negativo, pela primeira vez em dois anos.

A S&P prevê ainda que o volume de transacções de casas cairá entre 3 por cento e 7 por cento, levando a uma contracção de 8 por cento a 12 por cento no sector.

A agência advertiu que as cidades pequenas são “muito mais vulneráveis” a uma possível desaceleração, que poderá fazer com que passem “rapidamente” de “motores de crescimento” a “travões ao crescimento”.
Para os promotores imobiliários chineses, os grandes riscos são a “liquidez e refinanciamento”, recordou Yip, sublinhando o “panorama de financiamento mais desfavorável em anos”.

As empresas, que precisam de refinanciar dívidas próximas de vencer, procurarão vender o produto o mais rápido possível, reduzindo os preços se necessário, visando obter liquidez.

8 Nov 2018

This is My City | Festival traz a Macau Re-TROS, Celeste Mariposa e DJ Kitten

Quatro cidades, mais de 30 convidados e 10 dias de duração são os dados recorde da edição, deste ano, do festival This is My City que vai acontecer a partir de 22 de Novembro. O evento alarga a sua abrangência geográfica a Zhuhai e vai também estar representado em São Paulo, no Brasil. Os destaques vão para os chineses Re-TROS e para os projectos portugueses Celeste Mariposa e DJ Kitten

 

[dropcap]O[/dropcap] festival This Is My City (TIMC) vai, este ano, dividir-se em dois momentos. Um primeiro que inclui Macau, Zhuhai e Shenzhen entre os dias 22 e 25 de Novembro, e um segundo, entre 5 e 9 de Dezembro quando o festival arranca para São Paulo onde vai integrar a Semana Internacional da Música. Este alargamento geográfico faz com que a edição de 2018 seja a maior de sempre, referiu ontem o co-organizador Manuel Correia da Silva, na conferência de imprensa de apresentação do evento.

A música vai continuar a ser o núcleo do certame e a organização destaca a vinda, pela primeira vez, dos Re-TROS a Macau. A banda de Pequim é considerada uma das grandes representações do pós punk chinês. O grupo já actuou em festivais na Europa, nos Estados Unidos e fez as primeiras partes de bandas com os Depeche Mode e o The XX, bem como dos Gang of Our e dos PiL, projecto de Jonh Lydon dos Sex Pistols.

Os Re-TROS são influenciados pelo “som underground de bandas como Joy Division e Bahaus”, revelou a organização, e transformou-se num dos grupos mais significativos no panorama da música independente chinesa logo desde o lançamento, em 2005, do primeiro EP “Cut off” que contou com a colaboração de Brian Eno nas teclas.

O último álbum, “Before the Applause” foi produzido por Hector Castillo que também já colaborou com artistas como David Bowie, Lou Reed e Bjork. Em Macau, têm presença marcada no dia 25 de Novembro, nas Oficinas Navais 2.

Expressão lusa

Outro dos pontos altos desta edição vai para a apresentação do projecto de Lisboa Celeste Mariposa de Francisco Sousa e Wilson Vilares. Criado em 2008, Celeste Mariposa dedica-se a “espalhar a palavra e a promover a música dos países africanos de expressão portuguesa”, apontou a organização.

Para o efeito, e tal como tem vindo a fazer em Portugal, os espectáculos em Macau vão ser em formato Afro Baile e têm lugar no dia 23 de Novembro no D2, e no dia seguinte no LMA. De acordo com Manuel Correia da Silva, estes concertos vão dar a conhecer “uma colecção completa de música dos países africanos de língua portuguesa, incluindo álbuns históricos e muitas edições de autor raras”.

A 25 de Novembro, Celeste Mariposa segue para Shenzhen, onde actua no The Oil Bar. Também de Lisboa vem João Vieira para um DJ set enquanto DJ Kitten. A apresentação em Macau tem lugar nos dias 24, no D2, e 25 no LMA. Recorde-se que João Vieira é ainda o mentor de projectos como os Xwife e White Haus

O TIMC não esqueceu os artistas locais e no dia 24 de Novembro é o momento para ver e ouvir a banda indie local “Forget the G” nas Oficinas Navais 2. Segundo a organização trata-se de uma banda que combina música experimental com pós rock, adicionando elementos multimédia nos espectáculos ao vivo.

Ponto de encontro

A edição deste ano vai ter ainda espaço para uma série de conferências todas elas essencialmente debruçadas sobre o papel dos festivais na dinâmica das cidades, afirmou Manuel Correia de Oliveira.
Neste sentido, o TIMC vai abrir com a conferência “Global Creative Network”, no dia 22 pelas 18h, nas Oficinas Navais 2.

O festival segue com as palestras abertas ao público “Live Houses and the City” e “Festivals and the City”.
Entre os oradores vão estar presentes João Vaz da produtora portuguesa Pataca Discos, Márcio Laranjeira da promotora Lovers and Lollypops e Luís Viegas da agência musical Até ao Fim do Mundo.
O objectivo destes momentos é ainda “procurar por em contacto artistas e projectos chineses e lusófonos (…) e ligar os mercados asiáticos, europeus, africanos e sul americanos”, afirmou o organizador.

Surpresas na manga

Além do cartaz já divulgado ainda vai haver surpresas, afirmou Manuel Correia da Silva. “Vamos oferecer mais concertos, certamente, e vamos também abordar uma outra área das industrias criativas, neste caso a fotografia”, disse. De acordo com o responsável, “isto é importante porque acreditamos que este não é só um festival de música e queremos cada vez mais mostrarmo-nos como um festival multidisciplinar”.

Para o ano, os esforços vão ser dedicados em conseguir um alargamento do evento a Portugal até porque “há datas a celebrar relativamente às relações entre a China e Portugal”. A entrada é livre para todos os eventos neste festival que conta com um orçamento de cerca de meio milhão de patacas.

8 Nov 2018