Open House | Celebração de “arquitectura híbrida” começa este fim-de-semana

Cinquenta espaços públicos e privados vão estar abertos ao público em Macau este fim-de-semana “para celebrar e democratizar” a arquitectura híbrida da cidade, disse à Lusa o curador do festival Open House Macau, Nuno Soares

 

[dropcap]É[/dropcap]a primeira vez que o festival, fundado em 1992 na capital britânica, chega à Ásia, “onde a academia e a atenção no campo da arquitectura chegou um pouco mais tarde do que à Europa”, explicou o arquitecto. “Macau tem uma história urbana muito longa, de 450 anos. Faz sentido ser o primeiro local a ter um evento deste género na Ásia porque tem uma história de arquitectura híbrida e de celebração arquitectónica já bastante antiga”, disse.

Para o curador, é especialmente relevante trazer este evento a Macau numa altura em que a “Ásia está mais preocupada em produzir arquitectura do que em olhar para a arquitectura que já foi produzida pelo passado”. “Fomos já reconhecidos como património da humanidade. Há efectivamente uma base solidificada, por isso é oportuno falarmos do nosso património arquitectónico”, defendeu.

Ao todo, 50 edifícios – desde exemplos de arquitectura vernacular [tradicional chinesa], a propostas de estilo neoclássico, ‘art déco’, modernista e contemporâneo – vão estar abertos ao público para ajudar a compreender a cultura e o tecido urbano de Macau. “Criámos as [cinco] chaves que vão organizar um pouco o património todo que existe em Macau, em vez de estarmos a falar de edifícios singulares, falamos destes cinco momentos que têm alguma coerência”, explicou o arquitecto.

Entre casas, pátios, templos, infantários, pontes pedonais ou até estações eléctricas, muitos espaços vão estar abertos ao grande público pela primeira vez. “Vários destes espaços não são acessíveis a todos, à excepção de quem lá mora, se não olharmos com muita atenção não os vamos descobrir, porque não são edifícios óbvios”, sublinhou.

O objectivo do festival, defende, não se esgota este fim-de-semana: a ideia é chamar a atenção e democratizar a arquitectura para o público não especializado. “Não podemos falar de arquitectura só entre arquitectos, ela é feita para toda a gente”, realçou. “Não vamos apenas ver edifícios e paredes vazias, mas sim edifícios que contam histórias através das pessoas que lá vivem e que os conhecem ao pormenor. As visitas guiadas servem para serem reveladas algumas dessas memórias escondidas”, comentou.

Quanto ao número de visitantes, as expectativas “são grandes”, disse. Na terça-feira, já contavam com mais de 500 registos para as visitas guiadas, um número que “tem vindo a aumentar”.
Por último, Nuno Soares adiantou que o festival vai ter carácter anual. Para o ano, vão estender o festival à ilha da Taipa e, no ano seguinte, à ilha de Coloane.

“As ideias já existem e têm pernas para andar. Temos capital arquitectónico suficiente para termos edições diferentes e continuar no futuro”, concluiu. Nas palavras da fundadora, Victoria Thornton, que vai estar em Macau no fim-de-semana, o Open House “estrutura-se a partir de um conceito simples, mas poderoso: convidar todos a explorar e a debater sobre a importância da boa concepção arquitectónica nas cidades, de forma inteiramente gratuita”.

A ‘Open House Worldwide’ – da qual o Open House Macau é agora membro -, apresenta-se como uma das mais relevantes instituições internacionais para a promoção da arquitectura, incluindo 40 iniciativas em quatro continentes, que congregam a participação anual de mais de um milhão de visitantes.

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