Hoje Macau SociedadeIntoxicação | Vítimas internada em estado estável depois de inalar gás [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]correu esta terça-feira um caso de alegada intoxicação por gás sulfídrico dentro de um apartamento onde residem cinco pessoas da mesma família, com idades compreendidas entre os 34 e 54 anos. De acordo com um comunicado divulgado ontem à noite pelos Serviços de Saúde de Macau (SSM), duas mulheres foram enviadas para as urgências do hospital Kiang Wu, ao início da madruga de quarta-feira. “Durante esse período a filha retomou a consciência, sendo que os exames de sangue mostraram que a carbooxihemoglobina era negativa. A mãe teve vómitos no hospital. Após o tratamento, a situação melhorou, a mãe teve alta, enquanto a filha ainda está ainda internada para tratamento, mas em condição clínica considerada estável”, aponta um comunicado. O incidente, ocorrido no edifício Mei Lin, aconteceu perto das 00h50 do dia 17. Os SSM explicam que “uma mulher, após ter entrado na cozinha, apresentou sintomas como tonturas, suores e convulsões, entre outros, tendo desmaiado após sair daquele local. De imediato, a mãe prestou os primeiros socorros, abriu as janelas para ventilação e chamou a ambulância, e ao mesmo que sentiu odores fortes”. De acordo com uma das vítimas, foram realizados trabalhos de canalização na tarde de segunda-feira. “Após o incidente, os bombeiros mediram o gás sulfídrico no apartamento da vítima e procederam a tratamento de emergência no local”, referem os SSM.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCanídromo | Yat Yuen arrisca pagar entre 13 e 65 milhões de patacas em multas O Executivo está preparado para multar a empresa responsável pelo Canídromo por abandono de animais. A sanção vai de 20 mil a 100 mil patacas, por abandono, e poderá resultar num total entre 13 e 65 milhões de patacas, caso os cerca de 650 galgos ainda estejam no terreno no sábado [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo endureceu ontem o discurso contra a Companhia de Corridas de Galgos de Macau (Yat Yuen) e admite estar preparado para impor sanções à empresa, que tem como directora-executiva a deputada Angela Leong. O vice-presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), Lei Wai Nong, disse mesmo que o Governo está preparado para impor as sanções necessárias. “O IACM, como responsável pelo terreno depois de 20 Julho, vai interferir e proporcionar tempo necessário para que as pessoas adoptem os galgos. Se houver galgos no Canídromo, quando recuperarmos o terreno, vamos actuar de acordo com a lei e instaurar os processos necessários”, afirmou o responsável. “Primeiro quero dizer que não é uma coisa que gostasse de ver, temos de tomar conta dos animais. Se a companhia violar alguma lei tem de assumir as suas responsabilidades”, acrescentou. “Se na altura houver galgos abandonados, vamos tomar medidas e conta deles. Mas a companhia Yat Yuen não tem desculpa nenhuma para não assumir as suas responsabilidades”, frisou. Multas por abandono Segundo Lei Wai Nong, o facto da companhia deixar os cães no Canídromo após o dia de amanhã poderá ser considerado abandono. Nesse caso, segundo a lei de protecção dos animais, está definido como penalização uma multa que vai das 20 mil às 100 mil patacas. Se as autoridades considerarem que há um abandono por cada cão deixado para trás, e tendo em conta que estão no Canídromo cerca de 650 cães, então a companhia poderá ter de pagar entre 13 milhões e 65 milhões de patacas. Segundo a lei, no caso das infracções serem cometidas pela empresa, os administradores podem ser chamados a assumir parte do pagamento. Amanhã é o prazo limite para a empresa tirar os cães do Canídromo. No entanto, até o afinal de ontem ainda não era conhecido qualquer plano ou possível destino para os animais. Também o Governo revelou que não vai aceitar a possibilidade dos galgos serem levados para o Jóquei Clube de Macau. A explicação foi dado por Paulo Martins Chan, director da Direcção de Inspecções e Coordenação de Jogos. “O pedido para a realocação dos galgos devia ter sido feita pelo Jóquei Clube de Macau, mas até agora não há nenhum pedido. Também o contrato de concessão de corridas de cavalos só permite o uso do terreno para restaurantes, diversificação, divertimento e outros, não inclui este tratamento [guardar galgos]”, explicou o director da DICJ. Neste momento, as opções da Yat Yuen, que teve dois anos para trabalhar num plano para os galgos, começam a ficar limitadas. Até porque o destino dos animais terá de ter a aprovação do IACM. “O local para onde os cães forem levados tem de ter as condições necessárias”, avisou Lei Wai Nong. Canídromo em desespero Para Albano Martins, presidente da ANIMA, o Governo está a deixar a empresa sem opções, depois de dois anos à espera de um plano para o futuro dos galgos. O dirigente associativo considera que os galgos ficarem à responsabilidade do IACM é uma boa notícia. “O Governo tem falado de forma meio abstracta e não é fácil fazer uma leitura, mas parece-me que o Governo quer encurralar o Canídromo a ponto deles não poderem sair de lá com os cães”, afirmou Albano Martins, ao HM. “Se for o Governo a ficar com os cães não é uma má solução, acredito que eles fiquem em melhor situações. Talvez no início haja problemas porque não é fácil arranjar tanta gente para tratar de cerca de 650 animais, mas depois de um mês as coisas vão estar melhores”, defendeu. O presidente da ANIMA considerou também que a proprietária Angela Leong devia levar os gestores da empresa a tribunal, por gestão danosa: “O Canídromo está em desespero. Se eu fosse a Angela Leong, que não sabe nada do negócio e se limitou a confiar aquilo a um conjunto de indivíduos, processava toda essa gente por gestão danosa”, referiu. “Essas pessoas [gestores] estão a criar conflitos desnecessários com a sociedade, a criar custos desnecessários para a empresa, quando podia ter resolvido tudo de forma mais saudável em termos financeiros e da própria imagem junto da comunidade”, sublinhou. Associações pedem ao Governo para tomar conta dos galgos Nove associações da protecção dos animais entregaram ontem uma carta no Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais a exigir ao Governo que assuma o destino dos cerca 650 galgos que estão no Canídromo. Entre as associações presentes estiveram a Masdaw – Associação para os Cães de Rua e o Bem-Estar Animal em Macau, Associação Protectora para os Cães Vadios de Macau, Long Long Volunteers Group, Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau, Long Long Animals Asylum Home, entre outras. “O nosso objectivo é impedir a exportação destes cães para locais fora de Macau onde não se protegem os animais. O IACM e a Companhia de Corridas de Galgos de Macau estão a demorar muito a resolver a situação e já estamos a aproximar-nos do dia 21 [data em que o Governo recupera o terreno Canídromo]”, disse Fernando Carvalho, presidente substituto da Masdaw. “Para nós, a solução ideal era que os animais fosse todos adoptados, e que enquanto se aguarda por isso que o Governo tome conta dos animais”, acrescentou. Na carta entregue ontem foi sugerido que o Governo aproveitasse a plataforma da ANIMA, que tem uma lista com potenciais adoptantes. “A ANIMA apresentou uma solução viável que poderá ser utilizada, visto que conseguiram uma plataforma com 600 e tal adoptantes. As nove associações podem colaborar nesse processo, com o Governo e a ANIMA, e talvez essa fosse a melhor solução”, apontou Fernando Carvalho. Na entrega da petição esteve também o deputado da Associação Novo Macau, Sulu Sou: “A exigência das associações é a de que a empresa Yat Yuen tem grandes responsabilidades e deve assumi-las. Houve tempo para a empresa apresentar uma boa proposta, mas até agora não conseguiram apresentar uma proposta aceitável”, sublinhou o legislador. ANIMA de fora A carta entregue ontem não contou com a presença nem assinatura da ANIMA, apesar da sociedade protectora dos animais se identificar com o conteúdo. Em causa esteve o facto de Sulu Sou ter participado no evento. “A Anima foi convidada a assinar a petição, mas recusou. Não está em causa o conteúdo e vamos enviar uma carta ao IACM a dizer que concordamos com o conteúdo. Mas não assinamos porque está assinada por um político”, disse Albano Martins, presidente da ANIMA, ao HM. “Não está em causa o valor do político, mas nós não nos envolvemos em actividades que possam ser vistas como propaganda política. Isso viola o nosso código de ética”, explicou. “Mas a ANIMA vai cooperar com todas essas associações e com o Governo, no sentido de encontrar a melhor forma de saída para estes animais”, frisou.
Hoje Macau SociedadeIACM | Lotes de mel com substâncias cancerígenas não se vendem em Macau [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m artigo do jornal South China Morning Post noticiou a existência de algumas marcas de mel no mercado que continham antibióticos, substâncias cancerígenas e elevada presença de açúcar de cana. Contudo, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) emitiu um comunicado onde refere que as embalagens de mel dos dois lotes afectados e verificados pela autoridades de inspecção alimentar de Hong Kong não se encontram à venda em Macau. As marcas em questão são “Hero Natural Bee Honey” e “Ta Miaw Ko Natural Honey”. O IACM esclarece que para importar mel natural para o território é obrigatório passar por um processo de inspecção, além de que o organismo promete enviar pessoal para fiscalizar os supermercados. Para já, não foi detectada qualquer anormalidade. As embalagens de mel em causa tinham uma elevada concentração de antibióticos, um nível que já não é permitido na União Europeia e na China, por exemplo.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeCPU | Aprovado projecto para depósito provisório de substâncias perigosas na Taipa O Conselho de Planeamento Urbanístico aprovou a Planta de Condições Urbanísticas do depósito e armazém provisórios para substâncias perigosas. A estrutura reuniu o consenso dos membros do organismo em termos de segurança porque fica afastada de zonas residenciais [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU) aprovou ontem a Planta de Condições Urbanísticas (PCU) para depósito e armazém provisórios de substâncias perigosas em dois terrenos na zona de aterro entre a Taipa e Coloane, mais propriamente junto à Avenida Marginal Flor de Lótus e junto à Estrada do Dique. As estruturas visam colmatar a falta de espaço para o armazenamento deste tipo de materiais, enquanto não for encontrado um terreno com capacidade de acolher instalações definitivas, afirmou o comandante do Corpo de Bombeiros (CB), Leong Iok Sam. “Queríamos um lugar distante da zona residencial para ser armazém temporário, até encontrarmos um local seguro e definitivo para transferir a estrutura”, disse. Para o responsável, estas são as localizações ideais neste momento. “Temos dois terrenos, um junto à marginal e outro junto à Estrada do Dique que achamos que estão mais distantes da zona residencial. Iremos também assegurar a segurança sem comprometer as zonas circundantes”, sublinhou. Também para garantir a segurança, o projecto contemplar a instalação de vários dispositivos anti-incêndio. “Já visitámos a China continental e a região de Hong Kong para sabermos as necessidades de segurança e vamos ter dispositivos contra incêndio, um grupo profissional de gestão e planeamento logístico e de circulação dentro destas áreas”, referiu Leong. Além disso, existe ainda um plano de contingência em caso de acidente. “Temos uma equipa profissional para dirigir todas as operações e um plano de contingência. Ao lado dos edifícios queremos ter um espaço para estacionar os automóveis e outro para servir de escritório da nossa equipa de gestão”, afirmou. Aterros futuros Quanto a uma futura construção definitiva do depósito e armazém de substâncias perigosas, o comandante do CB mostrou-se favorável a que seja num aterro que ainda venha a ser construído. “Também há a hipótese de se vir a conquistar terra ao mar para ter esse terreno definitivo para estes depósitos de forma a não afectar a população.” Para já, de acordo com as autoridades, estas instalações provisórias vão dar conta das necessidades actuais e terão capacidade para armazenar cerca de 3000 botijas de substâncias perigosas. Para o comandante dos bombeiros, o ideal é que as estruturas possam ter um pouco mais de espaço caso seja necessário.
Andreia Sofia Silva SociedadeDiplomacia | Cimeira da CPLP terminou ontem sem abordar questão de Macau Chegou ontem ao fim a cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em Cabo Verde. Da agenda saiu a vontade de implementar a livre circulação de pessoas e bens dos Estados membros, mas a questão de Macau não foi discutida. Para Francisco José Leandro, docente da Universidade de São José, o assunto “não está em cima da mesa” [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau não é um Estado mas tem a língua portuguesa como idioma oficial, o que só por si seria argumento suficiente para se ponderar a sua adesão à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), ainda que a China tivesse de tomar essa decisão. Em 2016, a um ano de se realizar a cimeira em Brasília, Brasil, o secretário-executivo da CPLP, Murade Murargy, garantiu que a adesão de Macau seria sempre um ponto complicado. “Isso não, porque os territórios estão dentro de países”, afirmou, lembrando que a China já utiliza a RAEM como ponte de ligação com os países de língua portuguesa através do Fórum Macau. A cimeira deste ano, realizada em Cabo Verde, chegou ontem ao fim e o assunto parece continuar na gaveta. O HM não obteve resposta sobre a possibilidade de inclusão do assunto Macau na agenda, e Francisco José Leandro, docente da Universidade de São José (USJ), autor de vários artigos sobre a CPLP, deixou bem claro que “este assunto não está em cima da mesa”. “Há dificuldades do ponto de vista jurídico, porque não estão previstos membros que não sejam Estados. Mas acho que a questão essencial é o facto das relações que a China tem estabelecido com os países de língua portuguesa terem sido sempre feitas com uma base bilateral ou através do Fórum Macau”, adiantou ao HM. Apesar de não fazer parte da CPLP, ao lado de países como Portugal, Brasil, Cabo Verde ou São Tomé e Príncipe, entre outros, Macau participa através da presença de vários observadores consultivos, como é o caso da Fundação Oriente, Instituto Internacional de Macau ou a Associação de Universidades de Língua Portuguesa, da qual fazem parte Rui Martins, da Universidade de Macau, e Lei Heong Iok, presidente do Instituto Politécnico de Macau. A própria USJ é observador consultivo, mas o papel destas entidades é meramente auxiliar. “Esse estatuto [de observador consultivo da USJ] foi reconhecido o ano passado e acho que estão previstas para este ano um conjunto de iniciativas na área cultural. Mas estes parceiros consultivos não protagonizam as relações económicas e político-diplomáticas, e são essas que são determinantes”, alertou Francisco José Leandro. Só boas intenções Da cimeira dos últimos dois dias saiu a ideia de tornar a CPLP num espaço de livre circulação de bens, pessoas e serviços. Maria do Carmo Silveira, secretária-executiva da CPLP, referiu que a facilitação da mobilidade e a promoção do comércio como os principais desafios que a organização enfrenta. Contudo, Francisco José Leandro defende que houve poucas evoluções no seio da CPLP desde a sua fundação, em 1995. “A CPLP, apesar de haver boas intenções, na realidade não tem uma componente diplomática e de negócios que possa ajudar nesta relação entre a China e os países de língua portuguesa. Se olharmos para a génese da CPLP, e para aquilo que ela é hoje, algumas coisas foram ponderadas, como a dimensão da segurança.” Contudo, na visão do docente especialista em ciência política e relações internacionais, a CPLP “não tem ainda uma bagagem económica e diplomática que permita ser uma plataforma para esse aprofundamento de relações com a China”. Mesmo que a livre circulação de pessoas e bens aconteça no seio dos Estados-membros, tal não terá influência para Macau e China, apesar da existência do Fórum Macau e de projectos de integração e cooperação como é o caso da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. “A livre circulação levanta outras questões e não sei se a CPLP tem capacidade política para as ultrapassar. É mais uma das boas intenções mas vai ser difícil de implementar. Há Estados que pertencem ao MERCOSUL, à União Europeia (UE). Não é assim tão fácil. Os Estados que pertencem à CPLP não estão disponíveis para sacrificar nenhuma da sua soberania em favor da própria CPLP. Portugal fez isso em relação à UE, mas nenhum dos outros Estados o fez em relação a outras organizações internacionais e muito menos à CPLP”, rematou. Ontem decorreu ainda a eleição do português Francisco Ribeiro Telles para o cargo de secretário-executivo.
Hoje Macau PolíticaLocação Financeira | Comissão da AL pede tempo para analisar diploma [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 2.ª comissão permanente da Assembleia Legislativa, que está a analisar na especialidade a nova lei para as Sociedades de Locação Financeira, precisa de mais tempo para concluir a análise do diploma. Os trabalhos podem mesmo não ser concluídos a tempo das férias da AL, que começam a 15 de Agosto. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, Chan Chak Mo, presidente da comissão, admitiu que nesta altura só foram analisados seis artigos, dos 30 que fazem parte da proposta do Governo. “Acredito que vai levar vários encontros, antes de completarmos a análise do diploma”, apontou. O deputado deixou ainda o desejo que no diploma se defina claramente o estatuto que regula a actividade destas empresas.
João Santos Filipe Manchete PolíticaMetro Ligeiro | Agnes Lam questiona preço da obra e defende tecto orçamental O Governo apresentou uma nova forma de contabilidade para as obras do metro, que passaram a incluir mais rúbricas. Como tal, o orçamento actualmente é de 16,4 mil milhões, com tendência para subir. A deputada Agnes Lam quer saber quando é que o preço vai finalmente deixar de subir e define a obra como um “buraco negro” [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] deputada Agnes Lam escreveu um interpelação a questionar o Governo sobre o preço total do Metro Ligeiro, incluindo a Linha de Macau. A questão surge depois de na terça-feira o Executivo ter informado uma comissão da Assembleia Legislativa que o orçamento do Metro Ligeiro, excluindo as obras na Península, estava agora orçamentado em 16,4 mil milhões de patacas. Segundo os responsáveis do Governo, o aumento deve-se a uma nova forma de organizar a contabilidade, devido à entrada em vigor da lei de enquadramento orçamental. “Anos após ano, o orçamento para o Metro Ligeiro tem sofrido alterações. Só o montante para a Linha da Taipa ultrapassa as estimativas que havia para o ano. Agora, que o Governo já tem a experiência da construção da Linha da Taipa e também dos custos de outras partes da obra, deveria haver uma estimativa do preço final mais concreta”, começa por considerar Agnes Lam. “Assim, qual é o orçamento limite para todo o projecto do Metro Ligeiro”, questiona. Além da Linha da Taipa, as contas incluem outras fases do projecto como o custo da Estação Intermodal da Barra, Linha de Seac Pai Van, trabalhos de consultadoria, supervisão, exploração geológica para a Linha do Leste, que faz a ligação entre a Taipa e a Zona A, e o custo do Parque de Materiais e Oficina. Mesmo assim, a membro da AL mostra-se igualmente preocupada com os derrapes constantes e a subida do orçamento total: “O projecto do Metro Ligeiro é conhecido como um buraco negro em Macau. Do montante de 3 mil milhões de patacas, em 2003, subiu para 4,3 mil milhões de patacas, em 2007, depois para 7,5 mil milhões em 2009, de 11 mil milhões, em 2011, e para 14,237 mil milhões em 2012. Agora, foi aumentado para 16,4 mil milhões, que é quatro vezes o preço original”, sublinha. “E o orçamento conhecido não inclui a Linha da Taipa”, acrescenta. Tecto máximo Por outro lado, a deputada defende que é necessário definir um limite máximo para a obra, que não deverá ser ultrapassado. “O orçamento não pode continuar sem um limite, nem sofrer atrasos ou aumentos. Será que o Governo vai impor um tecto para o projecto, tendo em conta os encargos já assumidos e a capacidade financeira de Macau? E assim que esse limite for alcançado, o que vai ser feito para controlar o orçamento”, pergunta. Ainda em relação ao controlo do orçamento, Agnes Lam pergunta se o Executivo está preparado para abandonar partes dos traçados ou simplificar os procedimentos envolvidos. Por outro lado, a deputada pede ao Governo liderado por Chui Sai On que assente as ideias ao nível dos custos, em nome de uma maior eficácia neste projecto, que define como um “buraco negro”. “Está na altura das autoridades definirem claramente as ideias, de forma cuidadosa, e fazerem um cálculo entre os custos e benefícios do projecto”, aponta.
Hoje Macau PolíticaAlarme Social | PJ considera que a lei não afecta a liberdade de expressão [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] director da Polícia Judiciária (PJ), Sit Chong Meng, sublinhou que a proposta de lei que se encontra em consulta pública referente à criação do crime do rumor que cause alarme social é válida quando declarado o estado de emergência. De acordo com as declarações dadas pelo responsável ao Jornal do Cidadão, o estado de emergência é activado apenas em casos de catástrofe e é neste âmbito que vai vigorar a proposta que agora se encontra em consulta. Para Sit Chong Meng, esta premissa que pode vir a integrar a lei da proteção civil não vai afectar em nada a liberdade de expressão dos meios de comunicação social. Segundo a mesma fonte, o director da PJ acredita que os serviços de polícia unitários vão oferecer informação adequada, e apela aos meios de comunicação social para não estarem preocupados. “O crime visa apenas as pessoas que com intenção procuram causar confusão no seio da sociedade”, sublinha. Sit acrescentou ainda que o centro da protecção civil já estabeleceu um grupo constituído pelas forças da Polícia de Segurança Pública, da PJ, dos Serviços de Alfândega, e do Corpo de Bombeiros, sendo que em caso de acidentes e catástrofes cabe a este organismo prestar todas as informações de forma correcta à comunicação social.
Sofia Margarida Mota PolíticaFunção Pública | Leong Sun Iok quer triagem inicial nos processos de recrutamento O deputado Leong Sun Iok quer que a triagem de candidatos à função pública seja feita a partir do início do processo. O Governo deve separar as formas de recrutamento do pessoal especializado, do indiferenciado [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pesar das alterações nos sistema de recrutamento para a função pública, os processos continuam lentos, ineficazes e dispendiosos. A denuncia é feita em interpelação oral pelo deputado com ligações à FAOM, Leong Sun Iok. “O novo regime contribui para contratar pessoal com equidade, justiça e publicidade, mas a falta de uma ponderação científica no recrutamento e no regime de contratação originou algumas questões tais como morosidade, baixa eficácia, elevado custo, etc., e a falta de resposta atempada às necessidades ao nível de pessoal de alguns serviços públicos”, lê-se. O tribuno recorda que o sistema de recrutamento uniformizado, em vigor desde 2016, é aplicável a 14 carreiras do regime geral e 19 do regime especializado , no entanto a avaliação e competências é obrigatória para todos. Este procedimento em nada facilita os processos de recrutamento pelo que sugere um mecanismo de triagem de candidaturas que direcione os interessados para os exames mais apropriados. Para Leong Sun Iok, o Governo deve separar as formas de recrutamento e contratação do pessoal especializado, do indiferenciado sendo que para os últimos “em que a natureza do trabalho é igual, pode-se adoptar uma prova uniformizada “ para evitar a sobreposição de recursos. Dadas as condições apelativas dadas pelo Governo aos funcionários públicos, as candidaturas recebidas são aos milhares. “Ser trabalhador dos serviços públicos é um sonho de muitos residentes, (…) por exemplo, o primeiro concurso de gestão uniformizada para a carreira de técnico superior realizado após a revisão do regime atraiu 21 368 candidatos”, ilustra. Esta situação, que não distingue carreiras, representa “um gasto de materiais, de recursos humanos e de dinheiro” desnecessário”, sublinha. Por outro lado as pessoas candidatam-se para qualquer serviço só para integrar a função publica não tendo em conta se querem ou fazer as funções exigidas pelo emprego, lamenta. A solução, sugere, passará por uma distinção no processo de admissão, de modo a separar o recrutamento para ambas as carreiras na função pública. Na terça-feira, depois da reunião da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública, o presidente de comissão Si Ka Lon avançou que o Governo pondera a revisão do regime de recrutamento centralizado dos trabalhadores da Administração Pública de modo a diminuir o tempo dos processos. A revisão proposta vai, para já, limitar apenas o número de entrevistas realizadas após a prova de avaliação de competências profissionais, à proporção do número de vagas.
Hoje Macau SociedadeAeroporto | Esperados mais de oito milhões de passageiros este ano [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] aeroporto internacional de Macau (MIA) espera receber mais de oito milhões de passageiros este ano, mais de meio milhão do que o previsto no início de 2018, uma estimativa justificada pelo crescimento registado no primeiro semestre. Num comunicado divulgado na terça-feira, a Companhia do Aeroporto Internacional de Macau (CAM) revelou esperar, “depois de um primeiro semestre notável”, mais de oito milhões de passageiros, 60 mil movimentos aéreos e 39.000 toneladas de carga em 2018. No início do ano, eram esperados 7,38 milhões de passageiros em 2018, menos 620.000 do que a estimativa agora apresentada. As últimas previsões prendem-se, segundo a companhia, com os números registados nos primeiros seis meses do ano: quatro milhões de passageiros e 30.000 voos, um crescimento homólogo de 20 por cento e 12 por cento, respectivamente. A CAM atribuiu o aumento, no início de Julho, ao número crescente de visitantes do interior da China e Sudeste da Ásia, os dois ‘grandes mercados’, que subiram 41 por cento e 13 por cento, respectivamente. Para justificar as estimativas, a companhia destacou ainda as novas rotas – Moscovo (Rússia), Tuguegarao (Filipinas), Kota Kinabalu (Malásia) e Phuket (Tailândia) e as três novas companhias aéreas que voam para Macau – a Royal Air Charter Service (Filipinas), a Small Planet Airlines (Lituânia) e a Royal Flight Airlines (Rússia). Além disso, o aeroporto concluiu, em Fevereiro último, a expansão da parte norte do terminal, estando agora a expandir a parte sul. O projecto de expansão visa elevar a capacidade geral do aeroporto para 10 milhões de passageiros por ano.
Hoje Macau SociedadeViolência doméstica | Homem fica em prisão preventiva [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Ministério Público (MP) decidiu aplicar a medida de prisão preventiva ao suspeito do crime de violência doméstica contra a sua mulher. De acordo com um comunicado, o caso ocorreu no passado dia 12, quando o homem terá “despejado em cima da sua esposa óleo a ferver e desentupidor líquido por causa de problemas familiares, tendo-lhe causado queimaduras graves em várias partes do corpo”. O homem pode vir a ser acusado do crime de ofensa à integridade física qualificada, constante no Código Penal. Neste momento, o caso continua a ser investigado.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeCosta Nunes | DSEJ aplica multa a jardim de infância e exige plano de gestão Vai ser aplicada uma multa ao Jardim de Infância D. José da Costa Nunes na sequência dos casos de alegados abuso sexual. A escola fica ainda obrigada a apresentar um plano de gestão optimizado da sua estrutura orgânica. Miguel de Senna Fernandes não concorda com a aplicação da multa mas respeita a decisão [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) vai aplicar uma multa, de cerca de 12 mil patacas, à Associação Promotora de Instrução dos Macaenses (APIM) na sequência do inquérito de averiguação aos alegados casos de abuso sexual registados há cerca de dois meses no Jardim de Infância D. José da Costa Nunes. De acordo com comunicado divulgado ontem pela DSEJ, provou-se que a organização e funcionamento da escola, bem como o tratamento dos respectivos casos pela directora e pessoal docente violaram vários regimes normativos. De acordo com o comunicado oficial foram violadas normas do Estatuto das Instituições Educativas Especiais, a lei de bases do sistema educativo não superior, as normas profissionais do pessoal docente bem como o próprio regulamento interno do Costa Nunes. Além da multa, que ronda as 12 mil patacas, a DSEJ exige ainda a apresentação de um programa de execução de medidas de gestão administrativas optimizadas que deve ser dado a conhecer à entidade do Governo antes do início do próximo ano lectivo. O objectivo, refere o comunicado da DSEJ, é garantir que a escola tenha um funcionamento eficaz, capaz de proporcionar aos alunos “condições de segurança para a aprendizagem”. Contratações conscientes Foi ainda solicitada à entidade titular da escola melhorias na estrutura orgânica, especialmente do grupo de gestão de crises escolares, de modo a garantir a contratação de pessoal docente adequado. Uma das funções deste grupo de gestão de crises será a promoção de acções de formação destinadas a sensibilizar e dotar os funcionários das capacidades necessárias para lidar com situações de crise. De acordo com o comunicado da DSEJ, para esta investigação foram recolhidas 18 declarações prestadas pela entidade titular, pela directora da escola, pelo pessoal docente e pelos encarregados de educação. Pagamento contrariado Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação de Promoção da Instrução dos Macaenses (APIM), entidade que tutela o Costa Nunes, não concorda com a multa aplicada mas irá cumprir com o seu pagamento. “Claro que há certas coisas que não podemos concordar”, começa por dizer ao HM. A apresentação de recurso é uma hipótese mas, o mais importante é não demorar o processo que tem vindo a decorrer. “Ninguém gosta de ser multado mas também temos de ponderar se a reacção contra isto, com as suas delongas, vale ou não vale a pena”, aponta. Miguel de Senna Fernandes aponta ainda que a escola tem procedido a reorganização orgânica independentemente das exigências da DSEJ. “Isto está a ser feito agora, não por ser uma questão de determinação da DSEJ”, conta o presidente da APIM.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeProjecto aprovado para o Edifício Rainha D. Leonor não prevê demolição O arquitecto Rui Leão pediu o adiamento do projecto de alteração do edifício Rainha D. Leonor, mas o Conselho do Planeamento Urbanístico decidiu aprová-lo. O projecto tem a duração de dois anos e que não inclui, para já, a total demolição. Na avaliação preliminar, o Instituto Cultural defende que o edifício não tem valor suficiente para ser preservado [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] projecto de alteração do edifício Rainha D. Leonor, propriedade da Santa Casa da Misericórdia (SCM), foi ontem discutido no seio do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU). O provedor da SCM, António José de Freitas, já revelou a vontade de demolir o edifício que data da década de 60 e que é tido como um dos exemplos da arquitectura modernista em Macau. O projecto foi ontem aprovado no CPU e não contempla, para já, a demolição uma vez que, para que esta seja uma realidade, é preciso que a SCM tenha na sua posse uma planta de alinhamento oficial emitida pelas Obras Públicas. Algo que ainda não aconteceu. O que foi analisado ontem foi uma planta de condições urbanísticas, que refere que a alteração do prédio continua a manter a finalidade de habitação e comércio. Esta aprovação não agradou por completo ao arquitecto Rui Leão, que se tem batido publicamente pela preservação do Rainha D. Leonor e que pediu mesmo o adiamento da votação do projecto por parte do CPU. “Visto que o processo de demolição não existe, é possível dar tempo ao Instituto Cultural (IC) para avaliar o relatório que submetemos e adiar a análise desta planta para a próxima reunião? Acho que isso faria sentido, para que a classificação da arquitectura moderna comece por algum lado”, frisou. Contudo, Li Canfeng, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), alertou para a necessidade de se respeitar os procedimentos do CPU. “Não estou a ver que tenhamos necessidade e suspender ou adiar o processo. Vamos valorizar o seu estilo. Este projecto tem a validade de dois anos e sugiro que seja aprovado, porque dá tempo”, referiu. Esta semana o arquitecto Rui Leão organizou uma conferência onde revelou que a associação que lidera, a Docomomo, entregou junto do IC um pedido de preservação do edifício, uma posição que contou com o apoio da deputada Agnes Lam. Ontem, Rui Leão voltou a defender a sua causa. “É um edifício de grande valor patrimonial e tem bastantes condições para ser avaliado enquanto edifício de valor arquitectónico. Aliás, estranho que não tenha sido feito nenhum estudo nesse sentido junto a este processo. O valor patrimonial deste edifício e um relatório sobre isso seria de extrema importância para que este conselho se pronunciasse.” O representante do IC explicou que foi feito, de facto, um estudo preliminar sobre este prédio. “Quando apresentamos o nosso parecer fizemos um estudo sobre o valor arquitectónico. Fizemos uma comparação com alguns casos no estrangeiro para podermos tecer as nossas conclusões. Devo dizer que procuramos preservar os edifícios que têm um valor arquitectónico modernista, não os vamos demolir todos. Temos a escola luso-chinesa e o mercado vermelho, entre outros.” Contudo, “no nosso parecer preliminar este edifício não tem um valor assim tão relevante”, acrescentou o responsável do IC. Li Canfeng lembrou que existem “várias formas de preservar e manter” o prédio. “Como não está classificado como património acho que podemos, aqui no CPU, dar opiniões, mas ainda não recebemos nenhum pedido de demolição nem temos nenhuma planta. Não estamos a ver este edifício desaparecer num curso prazo.” Rui Leão quis deixar claro que foi a primeira vez que submeteu um relatório ao IC. “Trata-se de um edifício de José Lei que foi director das obras públicas em Hong Kong. Infelizmente, está em mau estado de manutenção mas, de acordo com a nossa argumentação, é um edifício que respeita os cinco pontos contidos na lei da salvaguarda do património e que justificam a avaliação do edifício como património. Nós arranjamos argumentos para os cinco pontos. De acordo com a lei basta um, mas neste edifício estão os cinco presentes”, acrescentou Rui Leão. Os que concordam Não foi apenas o presidente da Docomomo Macau, que já desenvolveu um estudo sobre os edifícios modernistas mais importantes que devem ser mantidos, que se bateu pela preservação. Outros vogais do CPU também o fizeram. “Este edifício é um exemplo de um edifício dos anos 50. Sendo uma cidade com muito património, temos edifícios do século XVI, XVII com o estilo barroco, neoclássico e não temos uma avaliação relativa ao período modernista. O mesmo se aplica ao caso do Hotel Estoril. Este é um edifício que deve ser equiparado ao Hotel Central e que devemos preservar”, referiu U Kin Chou, membro do CPU. Lam Iek Chit adiantou estar de acordo com Rui Leão. “Este edifício consegue revelar a arquitectura de Macau e também peço que este edifício possa ser reavaliado.” Chan Tak Seng, ligado à associação Aliança do Povo de Instituição de Macau, revelou ter uma postura neutra. “Não sei se nos cabe a nós decidir se o edifício deve ou não ser preservado. É preciso ouvir o IC. Tenho uma posição neutra, mas precisamos de avaliar se há risco.” Os que estão contra Paulo Tse, ligado ao sector do imobiliário, lembrou que “não se deve olhar apenas para o estilo arquitectónico”. “O edifício tem características específicas, mas o antigo edifício do Banco da China é da mesma época e há uma grande diferença entre os dois. O Rainha D. Leonor não está bem preservado.” O membro do CPU adiantou também que “há que ter em conta a segurança porque é um edifício em risco”. “Só depois de analisar tudo isto é que podemos ponderar ou não a sua preservação”, disse, defendendo a intervenção do Conselho do Património. “Quando falamos de preservação temos um custo. Temos a vontade mas não temos um mecanismo para fornecimento de capital e financiamento além da manutenção.” O deputado nomeado Wu Chou Kit, também engenheiro civil, defendeu apenas que “o património cultural dificilmente consegue ter um equilíbrio com o desenvolvimento social”. O HM tentou chegar à fala com Rui Leão e António José de Freitas, provedor da SCM, sobre os resultados deste encontro, mas até ao fecho desta edição não foi possível. Moradores não estão de acordo com a demolição Manuel de Senna Fernandes é morador no edifício Rainha D. Leonor há três décadas e confessa que grande parte das 24 famílias que residem no velho prédio não estão de acordo com a ideia de demolição, uma vez que ficariam desalojados. “Deveria ser feito um estudo às estruturas para descobrir se o edifício está ou não em mau estado. Se é para deitar abaixo porque não tem interesse, não faz sentido. Se o prédio for realmente perigoso claro que precisamos de nos mudar mas, por enquanto, é apenas uma intenção que ainda não foi confirmada. Daí ser importante o estudo que vai ajudar às três partes interessadas”, confessou o morador. HM Este garante que, apesar do mau estado de manutenção do prédio, nunca houve problemas de infiltrações ou outros relacionados com a estrutura. “Pelo menos na minha casa isso nunca aconteceu, e também nunca ouvi os meus vizinhos queixarem-se deste problema.” Manuel de Senna Fernandes frisou também que os moradores só ouviram falar da possibilidade de demolição esta semana, pois a Santa Casa da Misericórdia não terá dito nada de semelhante a quem mora no Rainha D. Leonor. “Não há como concordar com a demolição, onde vamos ficar alojados depois? Acho que ninguém há-de concordar com a demolição do prédio, ficaríamos sem casa. Onde iriamos viver, sendo tão difícil arranjar um apartamento? Não basta dar um montante de dinheiro, não podemos ficar contentes. Estamos num local bem situado”, rematou Manuel de Senna Fernandes. O HM tentou falar com outros moradores do edifício, sem sucesso.
Hoje Macau InternacionalTrump diz que reunião com Putin foi “ainda melhor” do que cimeira da NATO [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, disse ontem que a sua reunião com o homólogo russo foi “ainda melhor” do que a cimeira da NATO e culpou os ‘media’ por darem uma ideia errada da cimeira bilateral. “Apesar de ter tido uma excelente reunião com a NATO, captando vastas quantidades de dinheiro, tive uma conversa ainda melhor com Vladimir Putin, da Rússia. Infelizmente, os ‘media’ não estão a contar a história assim – os ‘media’ ‘Fake News’ estão a ficar loucos”, escreveu Trump numa mensagem hoje divulgada na rede social Twitter. Trump tem sido criticado nos Estados Unidos por não ter confrontado Putin com as interferências russas nas eleições norte-americanas e por ter questionado as conclusões das agências dos serviços secretos norte-americanos sobre essas interferências. Mesmo apoiantes de Trump, como o presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, ou o presidente da comissão dos Negócios Estrangeiros do Senado, Bob Corker, criticaram o seu desempenho na cimeira de Helsínquia. Donald Trump reafirmou na segunda-feira, numa conferência de imprensa conjunta com Putin após uma cimeira bilateral em Helsínquia, que não houve “conluio” entre a sua campanha e os russos. “Fizemos uma campanha brilhante, por isso é que eu sou o Presidente. As sondagens são um desastre no nosso país, não existiu nenhum conluio”, afirmou Trump. As principais agências dos serviços secretos norte-americanas, incluindo a CIA e o FBI, dizem há meses ter provas de que a Rússia interferiu nas eleições presidenciais norte-americanas, mas descartam que a sua interferência tenha influenciado o resultado final, que permitiu a Trump ganhar a Hillary Clinton.
Hoje Macau China / ÁsiaCimeira | China celebra melhoria das relações entre Rússia e EUA [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China celebrou ontem a melhoria das relações entre Estados Unidos e Rússia, afirmando que a cimeira entre os líderes dos dois países, em Helsínquia, ajudará a unir a comunidade internacional. Rússia e EUA “têm uma grande responsabilidade na cena internacional, e na paz e segurança mundiais”, disse a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying. Após uma cimeira de cerca de quatro horas, o Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que a relação do seu país com a Rússia “mudou” e que se deram os “primeiros passos” de um “largo processo”, que visa melhorar as relações bilaterais. “Esperamos que ajude ao diálogo e cooperação entre ambos os países” e à “união da comunidade internacional para enfrentar desafios comuns”, disse Hua, sobre a cimeira. A porta-voz negou que a aproximação entre Trump e Vladimir Putin afecte as relações entre Moscovo e Pequim, mostrando “plena confiança” nos laços bilaterais. O Presidente russo visitou em Junho a China, onde foi galardoado com a primeira medalha da amizade atribuída por Pequim, ilustrando a prestígio do chefe de Estado russo no país asiático. O próprio Presidente chinês, Xi Jinping admitiu já que ele e Putin têm “personalidades semelhantes”. Já o líder russo considerou Xi um “parceiro agradável” e “um amigo de confiança”. A Rússia e a China alinharam posições nas Nações Unidas, ao oporem-se a uma intervenção na Síria e anularem tentativas de criticar as violações dos direitos humanos pelos dois países. Moscovo apoia a oposição de Pequim à navegação da marinha norte-americana no Mar do Sul da China. Ambos os países, que são considerados por Washington as principais ameaças à segurança nacional dos EUA, realizaram já exercícios militares conjuntos, incluindo no Báltico. A Rússia partilhou também com a China alguma da sua tecnologia militar mais avançada.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Xi Jinping encontra-se com a directora-geral da UNESCO O presidente chinês e a dirigente da UNESCO, Andrey Azoulay, encontraram-se em Pequim na segunda-feira. Xi Jinping reforçou o compromisso de diálogo entre civilizações de forma a fomentar o progresso humano. O líder chinês reiterou que a via da cooperação internacional é o caminho para a paz e prosperidade [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a segunda-feira, o presidente chinês Xi Jinping reuniu-se com a directora-geral da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), Audrey Azoulay, em Pequim. Ao receber a directora-geral da UNESCO, Azoulay, na sua primeira visita à China, Xi disse que o futuro e o destino das pessoas em todo o mundo estão cada vez mais intimamente ligados. “Na nova era, a China adere à autoconfiança cultural, desenvolve vigorosamente empreendimentos educacionais, científicos, tecnológicos e culturais, e melhora a qualidade da civilidade”, disse Xi. “A China também defende o conceito de ‘um mundo de grande harmonia’ e coexistência harmoniosa, e defende o respeito mútuo, maior comunicação e maior compreensão mútua para diferentes culturas.” A China está disposta a dar maiores contribuições para o avanço do diálogo entre civilizações, desenvolvimento e progresso humanos, disse Xi. “Como a maior organização de cooperação intelectual do mundo, a UNESCO pode desempenhar um papel importante na construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade”, acrescentou. Uma faixa cultural Destacando que o desenvolvimento sustentado e estável das relações da China com a UNESCO foi favorável à paz e prosperidade globais, Xi afirmou que Pequim sempre atribuiu grande importância à UNESCO e apoiou firmemente o importante papel que a organização internacional desempenhou na promoção do desenvolvimento global. “A China está disposta a aprofundar a cooperação com a UNESCO, trabalhar em conjunto pelos benefícios dos povos de todos os países, especialmente para ajudar os países em desenvolvimento a avançar na educação, ciência e tecnologia e cultura”, disse. Azoulay agradeceu a China pelo seu firme apoio à UNESCO e elogiou a cooperação entre os dois lados, dizendo que aprecia o compromisso chinês com o multilateralismo. Há um ressurgimento do isolacionismo e unilateralismo no mundo de hoje, disse a líder da UNESCO, sugerindo que a comunidade internacional siga a abertura e a inclusão, apoie o multilateralismo e defenda o diálogo e a comunicação que fazem parte importante da governação global. Observando que a UNESCO é altamente compatível com os conceitos chineses, Azoulay disse que a organização concordou com a proposta de Xi de “construir uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade”. “A UNESCO está disposta a participar activamente da cooperação associada à iniciativa Uma Faixa, Uma Rota e a contribuir para a paz, segurança e cooperação internacional”, finalizou Azoulay.
Hoje Macau China / ÁsiaEconomia | UE e Japão assinam acordo de comércio livre contra proteccionismo [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] União Europeia (UE) e o Japão assinaram ontem, em Tóquio, um acordo de comércio livre que o presidente do Conselho Europeu considerou ser uma “mensagem clara” contra o proteccionismo. “Enviamos uma mensagem clara de que fazemos uma frente comum contra o proteccionismo”, disse Donald Tusk, em conferência de imprensa após a assinatura do acordo. A UE e o Japão assinaram ontem um Acordo de Associação Económica que, segundo uma declaração conjunta dos três líderes signatários, “envia uma mensagem poderosa de promoção do comércio livre, justo e regrado, e contra o proteccionismo”. Este é o maior acordo comercial negociado pela UE e que liberaliza a maior parte das trocas comerciais com o Japão. O documento foi assinado por Donald Tusk, pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, concluindo um processo negocial que se iniciou em 2013.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Renovado acordo que permite reciclar combustível nuclear O pacto entre o Japão e os Estados Unidos que permite àquele país asiático ser a única potência sem armas nucleares autorizada a reciclar combustível nuclear foi ontem automaticamente renovado [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] acordo entre os dois países entrou em vigor em Julho de 1988 e permitiu ao Japão, nas últimas três décadas, reciclar combustível nuclear, extrair plutónio e enriquecer urânio. A renovação ocorreu ontem, 30 anos depois. O futuro, contudo, permanece incerto, num momento em que Washington olha desconfiada para as reservas de plutónio de Tóquio. O acordo pode ser cancelado a qualquer momento, através de uma notificação de uma das partes com uma antecedência de seis meses. De acordo com o Governo nipónico, o Japão tem cerca de 47 toneladas de plutónio – 10 armazenadas no território, o restante no Reino Unido e em França. Apesar da quantidade ser suficiente para produzir cerca de 6.000 ogivas nucleares, o Japão alega que limitou a pesquisa, o desenvolvimento e o uso da energia nuclear para fins pacíficos. Não proliferar No seu mais recente plano energético, aprovado no início do mês, o executivo japonês prometeu tentar reduzir as reservas de plutónio. “O Japão fará o possível para manter o regime de não-proliferação, mantendo o pacto nuclear [com os EUA]”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Taro Kono, citado pela agência Kyodo. O Japão, país com uma dependência energética superior a 90 por cento, fez altos investimentos em energia nuclear, mas o desastre em Fukushima, em 2011, provocou um ‘apagão’ atómico de dois anos. Actualmente, apenas sete dos 42 reactores estão a funcionar. A administração do primeiro-ministro, Shinzo Abe, mantém uma política pró-nuclear e estima que a dependência energética do país não ultrapasse os 22 por cento já em 2030.
Hoje Macau China / ÁsiaCinema | Filme chinês mais caro de sempre sai dos cinemas após estreia [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] produção cinematográfica mais cara de sempre na China, intitulada “Asura”, com um custo de 750 milhões de yuan, foi retirada dos cinemas após uma decepcionante estreia comercial no fim de semana. O filme épico, baseado na mitologia budista, arrecadou 49 milhões de yuan no fim-de-semana de estreia, nos cinemas chineses, apesar de uma forte campanha publicitária. Os produtores anunciaram a retirada dos cinemas através das redes sociais, mas sem detalhar quais os motivos. Mais de 2500 pessoas trabalharam na produção de “Asura”, filme produzido na China e cuja pós-produção foi feita ao longo de mais de um ano nos Estados Unidos. Num artigo publicado antes da estreia, Yang Hongtao, presidente do grupo Ningxia Film Group, um dos produtores, considerou o filme “muito imaginativo”. “Queremos que o filme aumente a confiança na nossa própria cultura e capacite os nossos talentos domésticos”, afirmou.
Hoje Macau China / ÁsiaÍndia | Governo ordena inspecção a centros da congregação da Madre Teresa de Calcutá [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo da Índia ordenou uma inspecção a todos os centros para crianças geridos pela congregação católica da Madre Teresa no país, após a detenção de uma das suas freiras por alegadamente vender bebés. A ministra das Mulheres e do Desenvolvimento da Criança, Maneka Gandhi, instou as autoridades locais “a inspeccionarem imediatamente os centros para crianças geridos pelas Missionárias da Caridade”, a congregação fundada por Madre Teresa de Calcutá, indica um comunicado divulgado na segunda-feira à noite. No início do mês, a polícia indiana deteve uma freira e um empregado de um daqueles centros, que dava assistência a grávidas e mães solteiras em Ranchi, capital do estado de Jharkhand (leste), e que teriam vendido crianças. A adopção ilegal é um negócio importante na Índia, onde perto de 90.000 crianças desaparecem anualmente, segundo os dados oficiais. Algumas são dadas por pais pobres, outras são raptadas no hospital ou em estações de comboios. A superiora geral da ordem, irmã Mary Prema, lamentou o assunto e dissociou a congregação das acções de uma pessoa. “Cooperamos com as investigações e estamos abertos a qualquer inquérito livre e justo”, declarou num comunicado. As Missionárias da Caridade foram fundadas em Calcutá em 1950 pela Madre Teresa, uma religiosa albanesa que se tornou um ícone mundial da compaixão. Recebeu o prémio Nobel da Paz em 1979 e morreu em 1997, tendo sido declarada santa pela Igreja católica em 2016. A congregação conta com mais de 5.000 religiosas em 130 países.
Hoje Macau China / ÁsiaGoverno de Hong Kong inicia processo para proibir partido político [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo de Hong Kong iniciou ontem o processo para proibir um partido político pró-independência. O secretário de Segurança do Governo regional, John Lee, anunciou numa conferência de imprensa que o Partido Nacional de Hong Kong tem o prazo de 21 dias para apresentar “alegações escritas sobre porque acreditam que não se deva dar a ordem” de proibição. Lee reconheceu que em Hong Kong há liberdade de associação, mas argumentou que “esse direito não está isento de restrições”. O secretário de Segurança especificou que essas restrições referem-se à legislação regional, aos “interesses de segurança nacional, à segurança pública, à ordem pública, à protecção da saúde pública e à moral e protecção dos direitos e liberdades de outros”. No entanto, Lee não detalhou o que esse partido político fez para merecer a tentativa de proibição por parte das autoridades e limitou-se a dizer que todos devem agir “dentro dos limites da lei”. Por outro lado Um dos cofundadores do partido, Andy Chan, disse ao South China Morning Post que agentes entregaram-lhe ontem um documento oficial que referia que o funcionário responsável pela supervisão das associações havia recomendado a proibição do partido. O documento referiu o artigo 8º. da lei da associação, que inclui as alegações citadas por John Lee na sua conferência de imprensa, como base para a proibição de uma organização política. O anúncio “pode ter consequências a longo prazo”, disse Patrick Poon, um investigador da Amnistia Internacional, num comunicado. Para Poon, “usar referências muito amplas de ‘segurança nacional’ para silenciar as vozes dissidentes é uma táctica usada pelos governos repressivos”. A tentativa de banir esse partido político “soa o alarme sobre o que o Governo tentará restringir da próxima vez em nome da segurança nacional”, acrescentou Poon. O Partido Nacional de Hong Kong foi fundado em Março de 2016, no âmbito da efervescência política que gerou os protestos democráticos, em finais de 2014, contra o sistema eleitoral supervisionado que o Governo de Pequim tentou implementar na antiga colónia britânica. Outro partido pró-independência, criado após os protestos, é o Demosisto, fundado em Abril de 2016 por Nathan Law e Joshua Wong, dois dos jovens líderes dos protestos de 2014, que passaram um período na prisão devido ao seu papel nesse movimento.
João Santos Filipe DesportoBasquetebol | Torneio Summer Super 8 arrancou ontem na Nave Desportiva Macau será, até domingo, a capital regional do basquetebol de elite, com a participação de equipas do Interior da China, Filipinas, Taiwan, Japão e Coreia do Sul. O Torneio Summer Super 8 arrancou ontem com a primeira jornada [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] torneio asiático, com a chancela da Federação Internacional de Basquetebol (FIBA), Summer Super 8 arrancou, ontem, na Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental. Na conferência de imprensa que marcou o arranque da primeira edição da competição, Pun Weng Kun, presidente do Instituto do Desporto, comprometeu-se a apoiar o desenvolvimento do sector local, através da realização de eventos internacionais. “Valorizamos e apoiamos o desenvolvimento do desporto de Macau. Os torneios Summer Super 8 e The Terrific 12, em Setembro, vão trazer o basquetebol de alta competição a Macau assim como a paixão pelo desporto internacional aos cidadãos”, afirmou Pun Weng Kun, de acordo com o comunicado do ID. Por sua vez, Brian Warwick Goorjian, treinador dos Xinjiang Guanghui Flying Tigers, equipa do Interior da China, destacou o facto de haver uma competição internacional que permite às equipas asiáticas elevarem o nível da região. “Já trabalho nesta zona há mais de 10 anos. Durante este período sempre encontrei jogadores e treinadores muito empenhados em melhorarem o nível do basquetebol regional. Porém, sempre faltaram competições internacionais para desenvolver ainda mais o talento dos jogadores e para permitir comparações entre os diferentes países. Os torneios Super Summer 8 e The Terrific 12 criam essas oportunidades”, considerou. Sobre o facto do torneio ser em Macau, o técnico mostrou-se optimista em relação ao futuro do evento: “Acho que estamos no início de algo especial. O facto de ser em Macau aumenta as hipóteses da competição ser bem sucedida”, sublinhou. Road Warriors entram a ganhar Ontem foi disputada a primeira jornada na competição que é constituída por dois grupos. No A, a formação filipina NLEX Road Warriors bateu a equipa de Taiwan Formosa Dreamers por 94-68, enquanto os Etland Elephants, da Coreia do Sul, se impuseram aos Xinjiang Guanghui Flying Tigers, do Continente, por 81-67. No Grupo B, os filipinos Blackwater Elite bateram os Seoul Samsung Thunders, da Coreia do Sul, por 78-67. À hora de fecho do HM, os Guangzhou Long Lions estavam a ganhar diante do japoneses do Rizing Zephyr Fukuoka por 36-30, no final do segundo período. Hoje, os jogos começam às 15h, com os Etland Elephants a enfrentarem NLEX Road Warriors. Às 17h, Rizing Zephyr Fukuoka e Seoul Samsung Thunders tem encontro marcado e, às 19h, entram em acção Guangzhou Long Lions e Blackwater Elite. Os jogos terminam com a partida, às 21h, entre Xinjiang Guanghui Flying Tigers e Formosa Dreamers.
João Paulo Cotrim h | Artes, Letras e IdeiasUrgências Horta Seca, Lisboa, 6 Julho [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ejam minudências, mas com solidez de pedra no sapato. Por mais provas que se façam, nada evita o maravilhamento do livro acabado de imprimir. Só então se revela a sua aura, se acede ao seu espírito. Além do pasmo. Temos controlo total para diminui-lo, mas o imprevisto acontece, por mais testes que se cumpram. O nosso mais recente, «Uma Mancha Chamada Berlim», tem a capa ligeiramente descentrada. Mais, a escolha daquele amarelo para segunda cor provocou uma aflição no Ricardo [Ben-Oliel], pois só lemos as dedicatórias com esforço extremo. Na rede que tece entre as memórias e as palavras estas ligações a nomes são de extrema importância. Estamos fartos de saber que abrir branco sobre o amarelo não resulta. Experimentar sempre, mas já agora para errar diferente. No caso, aceito as imperfeições com bonomia. O descentramento do rosto parece resultar do movimento que a espiral suscita. E os destinatários quase apagados no amarelo ganham doravante a potência do enigma. Neste ofício, a perfeição resulta de estranhos equilíbrios. Mais uma colecção que não o queria ser, mas conta já com uns cinco volumes, foi iniciada precisamente com «Silêncio», do Ricardo, para contrariar ideias feitas em torno do parente pobre dos géneros literários, o conto. Com o Luís [Taklin], grande criador de infografias, desenvolvemos paginação desafogada, desperdiçando entradas generosas para cada conto, além de pictograma, essa máxima síntese de conceito numa figura, e duas cores no miolo, em papel de toque suave pouco transparente. Queríamos dar máximo conforto ao leitor, uma respiração mais pausada em objecto que revelasse pensamento e cuidado. Na capa, um desenho mais elaborado, com a espessura do baixo-relevo, capaz de sugerir tema ou de piscar o olho, como aconteceu com o espelho em «Da Família». E, desde o início, me agrada a sugestão de parede dada pelas texturas. Um conto pode ser fenda, tijolo, marca em grande muro. No caso de «Uma Mancha…» demorámos a encontrar o tom, mesmo depois de nos termos fixado no óbvio: o tempo. A espiral, onde podíamos colocar (breve) história do universo, chegou tarde, soavam de novo os alarmes das urgências. Este título estava previsto para o mês em que se confirmou a falência, tendo sido o primeiro a ser empurrado pela onda de choque. Não podia atrasar mais, de tão cheio de ícones de relógios e referências ao soberano que nos escraviza. Sem resultados palpáveis, pretendíamos com o expediente gráfico sugerir unidade, sem vender narrativa por lebre. Afirmar que, por exemplo, as deambulações das personagens do Ricardo eram fruto de uma mesma demanda de identidade, podiam ser lidas como faces, fragmentos de uma mesma viagem pelos lugares e na continuidade. Parte da popularidade do romance resulta da capacidade de nos transportar para algures e aí nos manter tempos infindos. Por ironia, o conto acontece ser demasiado curto para estes dias de não haver tempo para nada. Menos ainda para ler. S. Luiz, Lisboa, 7 Julho O Sérgio [Godinho] chamou fechar de círculo a este seu primeiro concerto com orquestra sinfónica. Orquestra Metropolitana de Lisboa e banda, os Assessores, dirigidos pelo Nuno Rafael. Orquestra, sob batuta de Cesário Costa, e piano. Orquestra e arranjos, também do Filipe [Raposo], aquele que desenha paisagens sentado ao piano. Orquestra e pulmão do SG. O palco estava, portanto, transbordante a ponto de nos encher de marés a nós, aos sentados sob o grande candelabro. Com sensível sabedoria, na escolha e alinhamento, nas oscilações entre o sussurrante e o extravagante, na carne acrescentada ao esqueleto das canções, o concerto insuflou. E voou. O gozo contagiante do bloco das cordas, que tantas vezes nos levou às cordas, cantando coros e gingando foi apenas sinal do que por ali se ergueu. Gastámos o resto da noite a discutir que outras canções mereciam ser aumentadas e de que modos e maneiras. Como pedras atiradas à água, as canções continuaram como continuam ondulando em círculos. Abertos, de tal modo que vou ao passado apanhar o que quero para matar esta sede de dizer agora. «”E coisa mais preciosa no mundo não há”. Falamos de canções, certo? Não vejo maneira de crescer sem elas, miopia minha, que não distingo o longe horizonte sem degrau mínimo, este íntimo à mão de semear. As paisagens que fomos construindo no último século, hesitando ou correndo, sentados no passeio ou comendo alcatrão, seriam impossíveis de percorrer sem estes seres particulares. Chamemos-lhe canções, para facilitar, embora sejam bastante mais do que isso, síntese letal de poder que invoca diamantes e granadas. Não conheço melhor maneira de cruzar ciência e poesia, pensamento e prazer, quotidiano e intemporalidade do que nestes nós que nos acompanham vida fora, por causa do verso estilhaço ou da melodia tatuagem. Os dias deixam-se oxidar, amarelando sensaborões até que a batida nos invade, aquela que sendo de todos parece apenas nossa. E logo Lisboa amanhece. Ou o Porto fica perto. Tão fácil falar de lugares comuns! Lá está, se se tornaram comuns devemo-lo a autores como Sérgio Godinho. Década após década, SG fez-se gigante construtor de canções que traçaram pontes, ruas e túneis, aliás, mapas entre gerações e géneros, temas e estilos, personagens e imagens. Foram relâmpagos que continuam acontecendo à medida que vivemos, para nos ajudar a perceber a dimensão exacta do que fomos mal o ouvimos, mal ouvimos as canções. Esta arte do Sérgio assenta na peculiar atenção ao que fica do que passa; na raiz mergulhada na experiência pessoal mas de um modo tal que rima com universal; nas coreografias com que a palavra arrasta os ritmos. Nisto e nos enigmas da curiosidade que recolhe, mistura, amadurece e atira. Para voar e nos levar também.» S. José, Lisboa, 9 Julho Quando em apuros, volto à música. O flamenco acompanha-me nas idas e vindas ao hospital tornando peregrinante o percurso banal. A imensa noite de S. João da Cruz dedilhada à velocidade da luz, as palavras jorrando de fonte fresca onde Lorca bebe enquanto faz tombar as estátuas. As vozes de Enrique Morente ou Rosalía são visitas das horas. Horta Seca, Lisboa, 12 Julho Recebo do José Carlos [Costa Marques] o seu «Uma Voz Entre Vozes», nas Edições Afrontamento, dedicado ao eterno adolescente Cristovam Pavia e tendo a morte por horizonte. São 35 poemas que ajuízam caminhos, causas, lutas, entre o solar tenebroso e o brilho iluminado da noite, que reflectem e celebram a natureza. Com candura. E alegria, mesmo tintada de amargura. «Alegria suprema é estarmos vivos na carne/ Como Larkin, estremecê-la e sentirmos assim// Sentirmos assim a carne habitada Vibrante/Ridente como o sol da manhã lá fora// Entre neblinas devassando o inverno/por entre a erva tépida// Sermos assim alegres na carne Que é onde a vida passa e trespassa/ E onde a somos E onde ela é pro dentro de nós// Vibra também a carne do crucificado A carne do torturado/O estremecer no fim da carne que a doença venceu// Vibra no terror No grito que não chega a gritar Vibra no pânico e exala// Quem nos levará da suprema alegria que vivemos na carne/ Àquela outra liberta da carne Liberta da tortura// Quando nada mais formos Nem carne nem espírito// Apenas Alegria» Gosto deste modo de, com maiúscula, abrir vale da quase pausa, afirmando assim que o verso pode esconder um outro. Assim descubramos o valor da letra.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesVolta ao Mundo à Saúde Reprodutiva [dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]á discuti extensivamente como a saúde feminina deve ser divulgada e discutida, e de como existem variações nacionais (às vezes até regionais!) na forma como as mulheres podem ter (ou não) acesso a certos produtos, medicamentos ou serviços. Parece-me que, se já no nosso local de residência habitual pode tornar-se um pesadelo encontrar certas atenções que a nossa vagina pode necessitar, imaginem no estrangeiro. Nós somos mulheres emancipadas, senhoras dos nossos narizes, e corremos mundo à procura de emprego, bem-estar, ou simplesmente divertimento. Mas num mundo de desigualdades de oportunidades e de direitos, a saúde reprodutiva feminina nem sempre é um direito ou não é de fácil acesso, na generalidade. Num mundo globalizado esta é informação útil às mulheres que precisam de ter acesso a pílulas contraceptivas, pílulas do dia seguinte, de um(a) ginecologista, de um antifúngico para aquela vaginite chata e persistente, em qualquer ponto do globo. Com isto em mente, nasceu o projecto ‘gynopedia’, uma wikipedia online da vagina e das questões femininas em geral, para quem corre mundo e precisa de arranjar soluções para certos desafios particulares. Assim saberás que na China pode ser difícil comprar um tampão, mas que uma pílula do dia seguinte não precisa de receita médica, e é facilmente adquirida em qualquer farmácia. Até oferecem uma tradução para mandarim de como fazer o pedido. E esta lógica aplica-se às outras páginas de outros países ou cidades, não de tantos quanto se gostaria, porque que ainda se esperam novas colaborações – de pessoas como tu! especialista na forma como se vive a saúde reprodutiva no teu local de residência – para completar a enciclopédia dos assuntos femininos globais. Este é um projecto/plataforma ainda em estado muitíssimo embrionário mas acho que merece toda e qualquer atenção – entendam-no como um guia turístico para os assuntos femininos e reprodutivos. No mundo ocidental, o tal que é supostamente democrático e desenvolvido, dissemina-se a representação de que é lá que se faz tudo e muito bem, porque de bem verdade que é lá que a tecnologia de ponta está à disposição. Mas existem sempre transformações e mutações inesperadas. O progresso nem sempre tem um caminho ascendente, às vezes tem uns percalços e cai a pique. A Polónia é um exemplo deste declínio porque, entre outras acções, inutilizaram a prática de educação sexual nas escolas e tornaram o aborto ilegal. Parece que os EUA estão a ir por um caminho tortuoso também, vendo recuar certas liberdades sexuais e de reprodução por outras mais arcaicas. O que este projecto colaborativo oferece é uma possibilidade de nos mantermos sempre informadas acerca de certos progressos, mas de forma mais preocupante, de certos retrocessos também. Acho que estou entusiasmada com a possibilidade saber onde procurar caso necessite de uma pílula do dia seguinte quando estiver de férias no Brasil, mas também porque facilita ter esta informação organizada e de fácil acesso, para uma perspectiva de como o mundo vai e como é que a saúde reprodutiva é tratada e regulamentada pelo globo. E porque é que esta consciencialização é importante? Porque é preciso um movimento de descoberta e de união, que não servirá para o perpetuar um movimento à la globalização neo-liberal, mas para possibilitar a compreensão que apesar de existirem vários feminismos e várias formas de vivermos a feminilidade, o direito a uma saúde reprodutiva plena deveria ser um direito universal. Infelizmente o direito à nossa intimidade e ao controlo do nosso corpo não é um dado adquirido, em nenhum dos hemisférios (perdoem-se o pessimismo ocidental) mas vale sempre a pena contribuir para a discussão e divulgação do que são corpos – e vaginas – felizes.