Cinema | Produção local na Mongólia Interior

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] produção local “Our Seventeen” foi exibida na 26.ª edição do Festival de Cinema Galo Dourado e Cem Flores. O evento que tem lugar anualmente em Hohhot, capital da Região Autónoma da Mongólia Interior, seleccionou a película de Emily Chan para integrar a secção dedicada às produções de Macau e Hong Kong.

“Our Seventeen”, é um filme sobre histórias de Macau que conta as lutas internas dos jovens entre o anseio pela idade adulta e o medo de lá chegar. O filme é também uma carta de amor dirigida à juventude. De acordo com o comunicado enviado à imprensa, a produção local “promoveu a cultura cinematográfica de Macau junto dos espectadores e do público mongol, sendo alvo de reacções encorajadoras”.

A exibição contou com a presença de vários convidados de relevo como Yin Xiao, Vice-Presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês de Hohhot da Região Autónoma da Mongólia Interior, Li Xuejian, Presidente da China Film Association e Crucindo Hung Cho Sing, Presidente da Federation of Motion Film Producers of Hong Kong.

Da delegação de Macau presente no Festival do Cinema fizeram parte Chong Siu Pang, representante do Instituto Cultural e os membros do elenco de “Our Seventeen”, Sean Pang e Kylamary.

O “Festival de Cinema Galo Dourado e Cem Flores” é um dos quatro principais festivais de cinema da China, constituindo o mais antigo evento de atribuição de prémios cinematográficos do país.

20 Set 2017

Jornalismo da Lusofonia | Trabalhos a concurso analisados

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] júri da primeira edição do prémio de jornalismo da Lusofonia, organizado pelo Clube Português de Imprensa (CPI) e Jornal Tribuna de Macau (JTM), já começou a analisar os trabalhos candidatos, subordinados ao tema Macau.

O vencedor vai receber o prémio anual, no valor de cem mil patacas, numa cerimónia marcada para 1 de Novembro, em Macau. Ainda de acordo com o regulamento, a entrega da distinção realiza-se alternadamente no território e em Lisboa.

Presidido por Dinis de Abreu, em representação do CPI, o júri integra ainda os jornalistas José Rocha Diniz, fundador e administrador do JTM, José Carlos de Vasconcelos, director do Jornal de Letras, Artes e Ideias, Carlos Magno, pela Fundação Jorge Álvares e por José António Silva Pires, também do CPI.

O prazo de candidatura ao prémio terminou na sexta-feira e registou-se “uma significativa afluência de trabalhos”, disse a organização, sem precisar um número.

O prémio de jornalismo da Lusofonia destina-se a jornalistas e à imprensa de língua portuguesa de todo o mundo, “em suporte papel ou digital”, de acordo com o regulamento.

Este prémio “surge no quadro do desejado aprofundamento de todos os aspectos ligados à Língua Portuguesa, com relevo para a singularidade do posicionamento de Macau no seu papel de Plataforma de ligação entre países de Língua Oficial Portuguesa”, referiu a organização.

O CPI e o JTM, que este ano assinala o 35.º aniversário, contam com o patrocínio da Fundação Jorge Álvares, que promove a continuidade do diálogo intercultural entre Portugal e Macau.

20 Set 2017

Fotografia | World Press Photo regressa à Casa Garden no final do mês

Chegam no final do mês à Casa Garden os trabalhos vencedores da 60.ª edição do mais prestigiado concurso de fotojornalismo do mundo. Este ano Hong Kong não aderiu à mostra pelo que se esperam mais visitantes no território. Entretanto, a parceria com a extensão local foi prolongada por mais três anos e vai contar com um orçamento maior

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]em início no próximo dia 20 mais uma mostra dos vencedores da edição deste ano do Word Press Photo (WPP). O local escolhido para a exposição continua a ser a Casa Garden por ser, “o mais adequado”, diz Diana Soeiro ao HM. A representante da Casa de Portugal espera ainda um aumento de visitantes. A razão, aponta, tem que ver com o facto de os trabalhos não passarem por Hong Kong. “Esperamos mais de 2000 visitantes, valor superior ao das edições anteriores”, conta.

A Casa de Portugal é ainda responsável pela renovação da extensão da exposição de fotojornalismo por mais três anos e vai ter também um aumento no orçamento que passará para as 18 000 patacas anuais.

Apesar de em Macau o trabalho fotojornalístico não ser considerado com rigor, não é motivo para que as melhores imagens internacionais na área não passem pelo território. O WPP acaba por ser, diz Diana Soeiro, “um bocadinho uma janela para o que se passa lá fora”, sem esquecer que, existem no território vários fotógrafos, “e muita gente com sensibilidade para a imagem”.

Por outro lado, a exposição quer ir mais além e está concebida para atingir um público cada vez mais alargado. “Como temos legendas em Português, Inglês e Chinês, conseguimos chegar a mais pessoas”, diz a responsável.

De qualquer forma, a representante da Casa de Portugal considera ainda que o próprio fotojornalismo poderá estar em crise. A culpa, afirma, é do mediatismo e da facilidade com que hoje em dia se conseguem capturar momentos. “Os telemóveis vieram facilitar essa parte, basta chegar a um evento, tirar umas fotos e o trabalho está feito. Não são precisos grandes equipamentos nem nenhum profissional”. É para contrariar esta tendência que o trabalho da WPP é cada vez mais pertinente: “Uma Fundação como a World Press Photo, com as respectivas exposições espalhadas pelo mundo inteiro, contrariam esta tendência lembrando-nos da importância do fotojornalismo”, remata Diana Soeiro.

Este ano participaram na disputa mais de cinco mil fotógrafos de 125 países, e foram submetidas a apreciação do júri mais de 80 mil imagens.

Homicídio por Alepo

Sem ornamentos, Mevlüt Mert Altintas está de arma em punho. Não se ouve a voz, mas gritava por Alepo. Ao seu lado um corpo. O embaixador russo na Turquia, Andrei Karlov, tinha acabado de ser assassinado enquanto fazia o discurso de abertura de uma exposição de fotógrafos do seu país, na Galeria de Arte Contemporânea de Ancara. “An Assassination in Turkey” é o nome da imagem vencedora, registada pela lente do fotojornalista da Associated Press, o turco Burhan Ozbilici. Antes de ser abatido, Altintas, que fazia parte do dispositivo de segurança do diplomata feriu mais três pessoas.

“A imagem choca, como chocam quase sempre as imagens vencedoras. É meio hollywoodesca”, diz Diana Soeiro. A força, principalmente na tragédia, é uma tónica em muitas das fotografias do WPP. Pode agradar ou desagradar, mas é impossível ficar indiferente. “Pessoalmente custa-me a exposição de um corpo ali e o gesto triunfante do assassino mas infelizmente foi o que aconteceu e é mais um confronto duro como a realidade a que a World Press Photo já nos habituou”, aponta a responsável pela organização.

A China volta a estar em destaque. Desta feita na categoria do quotidiano em que Tiejun Wang arrecada o segundo prémio. A fotografia Sweat Makes Champions mostra, a preto e branco, quatro meninas estáticas, de nódoas negras nas pernas. Treinam para ser as melhores.

20 Set 2017

União Europeia avisa Pequim que arrisca revolta senão abrir acesso ao mercado

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Câmara de Comércio da União Europeia na China apelou ontem a Pequim para que acelere o processo de abertura da sua economia, dominada pelo Estado, advertindo que a inércia pode incitar uma revolta contra o livre comércio.

A China é alvo de frequentes criticas de Bruxelas e Washington, devido às barreiras que impõe ao investimento estrangeiro em vários sectores, enquanto as empresas chinesas têm acesso sem restrições aos mercados externos.

Pequim tem dificultado ainda mais o acesso a algumas áreas, incluindo uma redução no acesso ao mercado de serviços jurídicos, segundo um relatório publicado pela Câmara do Comércio da UE.

“A actual falta de reciprocidade no acesso ao mercado não é politicamente sustentável”, disse, aos jornalistas em Pequim, o presidente da Câmara, Mats Harborn.

“Preocupamo-nos que, se a China não passar das palavras à acção, isto possa gerar uma revolta contra a desejada globalização económica”, acrescentou.

O relatório pediu uma maior abertura da China, desde o sector aeroespacial ao dos cosméticos e vários segmentos da indústria, através de uma diminuição dos limites na participação estrangeira em empresas e da simplificação dos regulamentos.

A Câmara de Comércio dos Estados Unidos e outros grupos empresariais divulgaram anteriormente pedidos semelhantes.

A China é o maior mercado do mundo para vários bens de consumo e serviços. No entanto, Pequim interdita o acesso de empresas estrangeiras a vários sectores, incluindo finanças e telecomunicações.

Por cumprir

O Governo chinês prometeu, nos últimos anos, fazer várias reformas, visando atribuir ao mercado maior protagonismo e reduzir o domínio exercido pelas empresas do Estado.

As empresas estrangeiras queixam-se, no entanto, que pouco foi feito na prática. O ‘boom’ de aquisições chinesas além-fronteiras suscitou queixas de falta de reciprocidade.

Na semana passada, o Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, anunciou planos para criar um mecanismo que avalia os investimentos estrangeiros, uma medida vista como sendo destinada à China.

O país asiático ocupa o 59.º lugar, entre 62 países, do ‘ranking’ da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que avalia a abertura ao investimento directo estrangeiro.

A China tornou-se, nos últimos anos, um dos principais investidores em Portugal, comprando participações importantes nas áreas da energia, dos seguros, da saúde e da banca.

20 Set 2017

Hong Kong | Carrie Lam critica comentários violentos sobre independentistas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] líder do Governo de Hong Kong classificou ontem como “inaceitáveis” os recentes “comentários cruéis, insultuosos e intimidatórios”, depois de um deputado pró-Pequim ter pedido a morte dos independentistas do território vizinho.

Segundo a emissora pública RTHK, Carrie Lam não nomeou diretamente Junius Ho, mas disse, antes de uma reunião do Conselho Executivo (LegCo, parlamento), que cabe ao secretário para a Justiça e às autoridades julgarem se os comentários são ilegais.

Apesar de criticar os comentários, classificando-os de “cruéis, insultuosos e intimidatórios”, Lam disse que foram fruto dos recentes debates sobre a independência de Hong Kong. Estes debates não devem continuar, reiterou.

A chefe do executivo apelou aos dois lados da discussão para que parem de empurrar Hong Kong para “a beira da desordem pública”, bem como ameaçar a soberania nacional chinesa e a segurança e autoridade da Lei Básica.

Lam disse que concordava com a posição de dez líderes de universidades que afirmaram não apoiar a independência de Hong Kong e condenaram “abusos” de liberdade de expressão.

A matar

Numa manifestação anti-independência no domingo, o conselheiro distrital Tsang Shu-wo disse que os activistas pela independência deviam ser “mortos”, com Ho a gritar “sem misericórdia” em resposta, descreveu o portal Hong Kong Free Press.

Mais tarde, Ho afirmou não ser “nada de especial matar porcos ou cães”.

Estes comentários foram proferidos depois de cartazes pró-independência terem surgido, nas últimas semanas, em universidades em Hong Kong.

Na segunda-feira, Ho voltou a abordar o assunto num programa de rádio: “Se aqueles que são a favor da independência levarem à subversão do destino do país, com Hong Kong e as 1,3 mil milhões de pessoas da mãe-pátria a terem de pagar um enorme preço, porque não deveriam estas pessoas ser mortas?”.

Ontem, o deputado veio defender-se, dizendo que foi mal interpretado.

“A palavra ‘matar’ era dirigida aos promotores do movimento de independência de Hong Kong e à necessidade de travar as suas expressões ilegais. Condenar-me por incitar um discurso de ódio e [ameaçar] denunciar-me à polícia é simplesmente absurdo”, escreveu na rede social Facebook, criticando o “nível de chinês e de compreensão” dos que o criticaram.

20 Set 2017

Feridas de combate

Santa Bárbara, Lisboa, 4 Setembro

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão queria acreditar, apesar de todos os sinais: a «nossa» distribuidora anunciou a insolvência, ao fim de meio ano com atrasos nos pagamentos, entre outros disfuncionamentos. Nada de novo, mas uma navalhada nas costas, embora pouco tendo de original na história universal da infâmia, mal a ponta e mola escreve ferida, dói como se fosse a primeira vez. O mundo volta a parar. Assim tem acontecido demasiadas vezes este ano, estes últimos meses. Talvez a vida se resuma a este pára-arranca. Quando putos, o tempo estende-se quando acontece a infância. Agora, explode com a desgraça.

Em minutos, experimentei o arco-íris das sensações básicas e também algumas combinações mais coloridas. Nem sei se comecei pelo desânimo, mas temo que esse ande sempre no bolso. O negócio da edição deixou-se ficar parvo, também no sentido latino. Como em tempos argumentava para me dissuadir esse grande editor e saudoso amigo, José Alexandre [Magro], o editor está entalado entre a ditadura do mercado e a ansiedade extrema do autor. Não dará nunca combate capaz a um nem resposta cabal ao outro.

Habitamos país onde o livro e a leitura valem pouco mais que beatas intenções, as boas livrarias não pagam e as grandes entendem que os livros devem todos ser best-sellers. Os editores, sentados no vetusto sofá do cada-um-por-si, foram entregando as armas cedendo à avassaladora lógica de um fazer negócio que esmaga quem produz para engordar margens insanas de lucro aos que vendem. E continuam tolhidos na forma de articular novas respostas e, sobretudo, maneiras de interrogar as necessidades, talvez mesmo de as criar.

O Estado, apesar de esforços e tentativas por avaliar devidamente, não foi capaz de estimular a leitura, de maneira a enterrar de vez a herança do outro dito Novo. Pior, não assegura a regulação de um mercado esquizofrénico. Depois, ao contrário de qualquer país que estime a sua cultura, deixou de alimentar as belas bibliotecas que semeou com os autores nacionais, de ontem ou de hoje. O governo liberal do Reino Unido compra milhares de exemplares de títulos de autores contemporâneos para os distribuir pelas bibliotecas públicas. França tem um completíssimo programa de apoio à edição. Até os Estados Unidos da América, ao contrário do que se apregoa, investe na sua memória futura. O livro, ainda que objecto de consumo, mantém uma aura que lhe elimina o valor pecuniário.

O livro não custa dinheiro e pode ser oferecido, reclamado mesmo, com inesgotável generosidade e sem ponta de vergonha. Em França, há uns anos, as pequenas editoras deixaram de oferecer os tradicionais exemplares para crítica e explicaram as razões: sobrevivência e pedagogia. Se nem os que precisam do livro como ferramenta os compram… O ofício dos jornais, sobretudo estes por causa dos seus pergaminhos, mas estendamos à galáxia mediática, relegou o debate e a crítica literária para um cantinho do lazer, cada vez mais ocupado com mega-festivais tornados lugares únicos para a experiência do ser e do pertencer. Acabei na raiva, que logo foi domada pelas necessidades práticas.

Nem desmarquei o encontro que tinha para preparar o lançamento de mais um livro de contos do Ricardo [Ben-Oliel]. Nisto me devia concentrar, na leitura do novo romance do Paulo [José Miranda]; em empurrar para a gráfica os três títulos três da nova colecção de poesia, Mão Dita; em finalizar a maqueta do inacreditável Arno Schmidt; em gritar com o Valério [Romão], por causa do atraso no fecho da trilogia; em acertar os detalhes do próximo José Luiz Tavares, a nossa primeira co-edição internacional; em afinar a nossa voz no Festival Silêncio, que animará o Cais Sodré, no final deste mês; em confirmar os momentos abysmo no Folio, de final de Outubro.

Não, vou ter que procurar nova distribuidora; garantir que os títulos, pelo menos os mais recentes, regressam rapidamente às livrarias; retirar o mais depressa possível a minha fortuna do armazém da distribuidora, por via das dúvidas e das manigâncias; ir em busca de apoios concretos; pedir paciência aos credores, começando pelas gráficas, das parceiras mais sacrificadas no estado das coisas; tranquilizar os autores e os colaboradores, explicando com aguda racionalidade que a fuga para a frente nos permitirá atravessar o mar revolto; aguentar as condescendentes pancadinhas nas costas, as piadas acre-doces, os bem-te-disse, as cruezas que desabrocham, perfumadas, como rosas pela manhã, os silêncios de chumbo.

Com a revolta tranquilidade do mar, vão chegar, bem sei, os gestos solidários. Neles assenta a convicção de que este abanão, coincidente com o sexto aniversário, pode bem marcar uma nova fase. As ideias fervilham, apesar do cansaço de bolso. Na minha adolescência militante, a chama nascia sempre da palavra e era comum mergulharmos na etimologia em busca dos sentidos que nos impeliam. O mano António [de Castro Caeiro] está onde eu queria estar pelo que não posso, por ora, provar dos sucos inesperados que sempre consegue retirar da tradição. Arriscarei pensar que a crise surge dos meandros da medicina para dizer dos momentos decisivos, o exacto instante que a vida vencia a morte ou, pelo contrário, a decisão tomada era definitiva. Antes da economia nos encher a vida com ela, derivaram outros caminhos, que chegaram, por exemplo, ao crisol: o cadinho que se leva ao lume para purificar o ouro. Talvez se aplique.

Falando de sinais. O logotipo da abysmo possui grande biodiversidade, mudando consoante a interpretação do ambiente por quem concebe ou ilustra a obra. Para melhor estabelecer relações entre o que se passa naquelas páginas e os olhares de quem lhes toca. E o espírito da editora. Procurei aquele que melhor reflecte o momento. O mano Luís [Afonso], há seis anos, desenhou um homem a atirar-se para o abysmo do ípsilon. O Luís Talklin, que desenhou a colecção de contos, põe uma figurinha a subir o braço do y, letra que, afinal, centro de todas as leituras. Podiam ambos ser, golpe e contragolpe. Só que o Sal Nunkachov levou o jogo mais longe e ilumina o caminho: uma bifurcação pode transfigurar-se em fisga e atirar-nos longe.

20 Set 2017

Libélulas Healthy Blend, óleos essenciais | Gotas de bem-estar

Instrutora de Pole Fitness, Sandi Manhão descobriu os benefícios dos óleos essenciais quando começou a ter tonturas. Daí à abertura de um negócio próprio, em parceria com uma amiga, foi um passo. Dois anos depois, o grupo Libélulas Healthy Blend, distribuidor dos óleos da Young Living Macau,  existe online e promete benefícios em casos de ansiedade ou alergias

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] uso de óleos essenciais para curar patologias tão diferentes como a ansiedade ou simples alergias tem vindo a ser cada vez mais frequente em Macau, mas não só. Há cerca de dois anos, Sandi Manhão decidiu ela própria apostar neste negócio online depois de ter descoberto os benefícios sozinha.

“Sou instrutora de Pole Fitness. Durante muito tempo, quando fazia pole, tinha tonturas bastante violentas e tinha de tomar comprimidos para as tonturas e náuseas. Até que um dia me falaram no óleo essencial Hortelã-Pimenta. Experimentei e fiquei maravilhada com os resultados. Resolveu-me o problema, nunca senti nenhum efeito secundário e consegui voltar à minha vida normal”, contou ao HM.

Daí até à criação do grupo “Libélulas Healthy Blends” na rede social Facebook foi um passo. No início o grupo tinha só dez participantes e visava apenas discutir os benefícios. Hoje tem 900 pessoas a discutir o assunto na rede social e tornou-se um dos representantes e distribuidores dos óleos essenciais Young Living Macau.

Sandi Manhão não consegue precisar um preço médio para a venda dos óleos essenciais, pois tudo depende das suas propriedades. “A venda dos óleos da Young Living é feita online e todos têm preços diferentes. Um óleo de Limão tem um preço muito abaixo do de um de Alfazema, por exemplo.”

“Para determinar a qualidade e o preço de um óleo essencial, temos de nos preocupar com três características cruciais: pureza, grau e integridade”, frisou ainda.

Com base nos pedidos dos clientes, a instrutora de Pole Fitness conta que são muito procurados óleos essenciais que possam curar casos de stress e insónias.

“Outras pessoas optam por fazer os seus próprios produtos, sem toxinas e mais naturais, principalmente quando têm filhos”, adiantou.

Diferentes e iguais

Por norma, um óleo essencial aplica-se na zona do pescoço ou do nariz, para dar uma sensação quase imediata de bem-estar. Contudo, também pode ser usado para trazer um melhor ambiente à casa.

“Cada óleo essencial possui propriedades químicas específicas. Uns ajudam a combater o stress e a ansiedade, outros são regeneradores ou protectores da pele, outros descongestionam as vias respiratórias. As possibilidades são infinitas”, explicou Sandi Manhão.

Ainda assim, “nem todos os óleos essenciais são iguais”. “Se quisermos ter o beneficio terapêutico teremos de seleccionar óleos de boa qualidade, não adulterados por substâncias químicas (o que é bastante comum nos óleos comercializados), devem ser de produção orgânica e 100 por cento puros, tendo passado por testes rigorosos e controlo de qualidade desde a produção ao engarrafamento”, acrescentou.

Sandi Manhão alerta para o facto da maior parte dos óleos que são vendidos em lojas terem apenas aromas sem que ofereçam “os mesmos benefícios terapêuticos e medicinais”.

A mentora também utiliza os óleos essenciais “como alternativa saudável aos produtos comuns de limpeza da casa e aos produtos de beleza e de higiene pessoal”. “Substituem a minha farmácia convencional e ainda posso utilizá-los de forma versátil na culinária.”

Muita procura

Além da rápida expansão da venda de óleos essenciais no território, sobretudo através de grupos online, estes também têm vindo a ser procurados um pouco por todo o mundo.

“Há uma procura generalizada, embora alguns países estejam mais avançados nesta área, como os Estados Unidos e Hong Kong. Na última década surgiu a tendência para uma aproximação mais holística e natural ao nosso dia-a-dia.”

O uso de óleos está, assim, associado à procura de estilos de vida mais saudáveis, algo que se tornou moda.

“Estamos mais conscientes da poluição do ambiente, da contaminação dos alimentos com pesticidas e da composição dos produtos de limpeza e higiene com ingredientes tóxicos e nocivos. Há uma maior procura de alimentos biológicos, produtos orgânicos e medicinas alternativas e na sequência disso, os óleos essenciais voltaram a ser procurados e como que redescobertos.”

Para Sandi Manhão, qualquer pessoa, independentemente do seu estilo de vida, pode usar óleos essenciais.

“Não temos de ser aromaterapeutas para usar óleos essenciais nas nossas casas, basta colocar umas gotinhas no difusor para podermos melhorar a qualidade do ar. A difusão de óleos essenciais, além de proporcionar um ambiente agradável, ainda nos pode ajudar a relaxar ou a ter um sono mais tranquilo”, concluiu.

20 Set 2017

Amnistia Internacional acusa Aung San Suu Kyi de praticar “política de avestruz”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Amnistia Internacional acusou ontem a líder birmanesa Aung San Suu Kyi de “praticar a política de avestruz” em relação “aos horrores” que se verificam na província de Rakhine, no oeste do Myanmar.

“Existem provas ‘esmagadoras’ de que as forças de segurança estão envolvidas numa campanha de limpeza étnica”, acrescenta a organização não governamental, reagindo às declarações de Aung San Suu Kyi numa conferência de imprensa realizada ontem, na capital da antiga Birmânia, e que considera insuficientes.

A Amnistia Internacional lamenta que a líder de facto do Myanmar e Prémio Nobel da Paz não tenha denunciado directamente o “envolvimento” dos militares que provocaram a fuga de 410 mil pessoas da minoria muçulmana rohingya para o Bangladesh, desde o final do mês de Agosto, preferindo fingir que não existe o problema.

A líder de facto do Myanmar prometeu ontem levar ajuda humanitária à região habitada pela minoria muçulmana no estado de Rakhine.

Aung San Suu Kyi também se comprometeu a resolver nos tribunais qualquer violação dos direitos humanos que possa ter ocorrido em Rakhine durante a ofensiva militar em resposta a um ataque de militantes rohingya no passado dia 25 de Agosto.

A líder da antiga Birmânia fez o anúncio numa conferência de imprensa realizada em Naipidaw na presença de diplomatas, autoridades e jornalistas.

20 Set 2017

Após ter estado deitado na mesma posição sete semanas, André Couto voltou a andar

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ndré Couto regressou a casa, na sexta-feira, depois de passar várias semanas em Hong Kong, onde esteve a recuperar de um acidente sofrido no início de Julho. Nesta fase o piloto já consegue andar sem qualquer auxílio, mas ainda tem pela frente uma longa recuperação, antes de poder voltar a sentar-se num carro de competição.

“Voltei a casa na sexta-feira, mas ainda estou limitado. Só que já me posso mexer e consigo deslocar-me sem qualquer ajuda ou apoio, o que faz com que me sinta muito melhor.”, disse André Couto, ontem, ao HM.

“Sinto sinais muito encorajadores na recuperação. Mas mesmo assim, vejo que estou muito longe de poder voltar a competir. Por exemplo, agora faço a maior parte das coisas do dia-a-dia, mas tenho de evitar encontrões na rua ou estar numa situação em que preciso de fazer movimentos mais brusco para me equilibrar, quando estou a andar”, explicou. “Também não me posso dobrar para a frente ou para trás, ou fazer movimentos laterais”, frisou.

Para durar

Ontem, quando falou com o HM, André Couto tinha acabado de realizar uma sessão de fisioterapia, ritual que se vai mandar durante mais alguns meses.

“Só estou a andar porque tive a treinar em sessões de fisioterapia. Depois de sete semanas deitado sempre na mesma posição, quando uma pessoa se volta a levantar, fica tonta e sente-se esquisita. Também os músculos ficam atrofiados”, recordou.

No próximo mês, André Couto vai regressar a Hong Kong para uma nova avaliação da fase da recuperação. Apesar disso, em Novembro, o piloto não vai perder a oportunidade de assistir ao Grande Prémio de Macau: “Claro que não vou faltar. Mesmo no hospital assistia a corridas de Fórmula 1, Moto GP, DTM. É sempre tempo bem passado”, apontou.

André Couto, de 40 anos, sofreu um acidente no Autódromo Internacional de Zhuhai, após ter uma forte saída de frente, durante uma corrida do Campeonato Chinês de GT. Na sequência do embate, fracturou a vértebra L1.

20 Set 2017

Novo instrumento para detectar planetas potencialmente habitáveis

[dropcap style≠’circle’]I[/dropcap]nvestigadores do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) participam num projecto internacional que visa criar um novo instrumento capaz de detectar planetas rochosos que orbitem estrelas próximas da Terra e que sejam potencialmente habitáveis.

Este novo “caçador de planetas”, designado NIPRS (“Near Infra Red Planet Searcher” ou pesquisador de planetas no infravermelho próximo), será instalado no telescópio de 3,6 metros do Observatório de La Silla (Chile), do Observatório Europeu do Sul (ESO), organização astronómica da qual Portugal faz parte, segundo um comunicado do IA divulgado ontem.

“O NIRPS vai ser o primeiro espectrógrafo do ESO dedicado a detectar planetas em torno das anãs M, o tipo de estrelas mais abundante na nossa galáxia”, indicou o investigador do IA e da Universidade do Porto (UP), Pedro Figueira.

Um espectrógrafo é um equipamento (instrumento) capaz de decompor a luz nas suas várias cores, ou comprimentos de onda (frequências), originando um espectro, considerado o “arco-íris da estrela”, indicou à Lusa o investigador do IA e da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), Nuno Cardoso Santos.

O NIRPS, que entrará em funcionamento no último trimestre de 2019, irá medir velocidades radiais de estrelas anãs vermelhas, para detectar planetas rochosos do tipo terrestre, que sejam potencialmente habitáveis.

O Método das Velocidades Radiais detecta exoplanetas (planetas fora do Sistema Solar) medindo pequenas variações na velocidade (radial) da estrela, originadas pelo movimento que a órbita desses planetas imprime na estrela.

“Se a estrela tiver um planeta à volta, o seu movimento é perturbado. Medindo a velocidade da estrela dia após dia, podemos ver se esta se move em torno do planeta”, explicou Nuno Cardoso Santos.

Outros domínios

O NIRPS irá juntar-se ao espectrógrafo de alta resolução HARPS, um “caçador de planetas” também instalado no telescópio ESO de 3,6 metros do Observatório de La Silla, estendendo as capacidades de observação deste para o infravermelho, lê-se na nota informativa.

Segundo Nuno Cardoso Santos, o NIRPS vai complementar dados do actual HARPS, tornando possível observar simultaneamente no infravermelho.

A observação no infravermelho possibilita o acesso a um outro domínio espectral, que permite “fazer ciência nova”, sublinhou o investigador.

Neste projecto, o IA participa na definição da parte científica e na construção e instalação do subsistema ADC (“Atmospheric Dispersion Corrector”), que tem como função “corrigir a dispersão causada pela atmosfera e, desse modo, permitir atingir os requisitos de precisão que estão definidos para o NIRPS”, disse por seu lado Alexandre Cabral, investigador do IA e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

O consórcio responsável pela criação do NIRPS é liderado pelas universidades de Montreal, no Canadá, e de Genebra, na Suíça.

20 Set 2017

Eleições, dia seguinte: A vitória do campo pró-democrata e a surpresa Agnes Lam

Os resultados das eleições deste domingo revelaram que vamos ter um hemiciclo ligeiramente diferente. As associações tradicionais ganharam em votos mas o campo pró-democrata reforçou-se com três nomes. Agnes Lam foi a surpresa e é tida como alguém que, politicamente, se posiciona ao centro. Lam U Tou e Cloee Chao estrearam-se e não venceram, mas o seu desempenho surpreendeu
O poder ainda é dos tradicionais, mas houve mudanças

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]e em 2013 Chan Meng Kam foi considerado o rei dos votos, por ter colocado na Assembleia Legislativa (AL) três deputados (além dele próprio, Si Ka Lon e Song Pek Kei), os resultados de domingo não foram assim tão satisfatórios para a ala que representa a comunidade de Fujian em Macau.

Si Ka Lon e Song Pek Kei arrecadaram muitos votos, mas não os suficientes para elegerem os respectivos número dois. E assumiram um lado de derrota que não esperavam. 

“Os grandes prognósticos falharam, e ainda bem”, apontou Miguel de Senna Fernandes, advogado e líder da comunidade macaense. “Toda a gente pensava que desta vez seria o grande reforço, por exemplo de Chan Meng Kam, o que não aconteceu. O que se passou foi uma grande regressão daquilo que conseguiu há quatro anos atrás em que elegeu três deputados. Isto representa a quebra das forças ditas regionais, o que era o motivo de algum incómodo das pessoas que gostam que a única região dominante seja Macau.”

Ella Lei, que substituiu Kwan Tsui Hang nas eleições directas com a União para o Desenvolvimento, ligada aos Operários, conseguiu eleger-se com quase 17 mil votos e o seu número dois, Leong Sun Iok, com 8347.

Mak Soi Kun, da União Macau-Guangdong, foi o candidato que obteve o maior número de votos (17.207) e elegeu ainda Zheng Anting. Mas para Miguel de Senna Fernandes, a eleição de três nomes do campo pró-democrata minimizaram o destaque que as eleições ditas tradicionais têm tido nos últimos anos.

Mak Soi Kun

“Não quero de maneira nenhuma tecer algum comentário que possa soar a discriminação, mas as forças regionais sofreram um golpe, muito embora Mak Soi Kun tivesse mantidos os dois lugares conquistados há quatro anos.”

A palavra dos jovens

Larry So prefere destacar, sobretudo, a participação dos jovens nestas eleições, que registaram uma presença do eleitorado acima dos 62 por cento.

“Estas eleições foram o reflexo de uma geração mais nova que emergiu com melhores resultados, o que pode significar que temos mais jovens a fazer parte da AL.”

A passagem do tufão Hato foi, para o politólogo, um factor de acção e de mudança.

“Este tufão veio fazer com que as pessoas, especialmente a geração mais nova, tenha estado mais activa politicamente, o que beneficiou a ala mais democrata que teve, sem dúvida, um melhor resultado do que os registados no passado.”

O regresso da trilogia pró-democrata

Au Kam San, Ng Kuok Cheong e Paul Chan Wai Chi sentaram-se, durante anos, lado a lado no hemiciclo, até que Chan Wai Chi perdeu o lugar nas eleições de 2013. Separações à parte, a ala pró-democrata revelou-se vencedora, graças à eleição do jovem Sulu Sou.

“A lista e o discurso de Sulu Sou não corresponde a nenhuma estratégia da ala democrata de Macau tradicional. Aqui houve uma lista nitidamente isolada ao lado das duas encabeçadas por Au Kam San e Ng Kuok Cheong. Sulu Sou contou com uma máquina que lhe era própria, e veio com um discurso próprio”, defendeu Miguel de Senna Fernandes.

Sulu Sou é líder da lista Associação do Novo Progresso de Macau

O jovem de 26 anos representa, assim, uma espécie de viragem. “Ele atreveu-se com as suas ideias, numa altura em que se previa uma maior contenção de discursos mais radicais. A AL estava a trabalhar em águas muito calmas e era preciso alguma agitação. Quem tem mexido as águas tem sido Pereira Coutinho, e agora teremos outras agitações.”

Camões Tam, analista político, opta por desvalorizar um pouco os resultados, pois a população só elege 14 dos 33 deputados da AL.

“A vitória pró-democrata representa apenas uma pequena mudança. O desenvolvimento político de Macau costuma ser muito lento. Por isso acho que não devemos dar demasiada importância a este resultado.”

Agnes Lam: a candidata do centro

Tanto tentou até que conseguiu. Agnes Lam, líder da lista Observatório Cívico, ganhou um assento na AL com 9590 votos e é considerada como os analistas como alguém capaz de trazer uma lufada de ar fresco no hemiciclo.

“É uma senhora que admiro, tem um discurso mais terra a terra, mais sensato”, defendeu Miguel de Senna Fernandes. “Somos profissionais e o discurso da Agnes Lam encaixa muito bem neste sector, por exemplo. Mas além de cativar este sector, Agnes chegou a outros apoios, que nada têm que ver com um maior radicalismo de Sulu Sou.”

FOTOS: Sofia Margarida Mota

O facto da candidata ter estado na sombra entre 2013 e as actuais eleições deu-lhe margem de manobra e um novo fôlego, considera Senna Fernandes.

“Houve muita promessa, muita gente a esgotar os pulmões e Agnes Lam resguardou-se. O trabalho dela centrou-se a um outro nível e ainda está para ser provado até que ponto a aposta online não foi significativa nestes resultados.”

Para Larry So, a líder do Observatório Cívico é “uma pessoa racional e pode ser, se a quisermos catalogar dentro da ala liberal, localizada ao centro”.

“Não é demasiado pró sistema e também não é totalmente virada para o lado democrata. Está no meio, e pode equilibrar as coisas com o seu pensamento mais racional. Devido ao seu background profissional, Agnes Lam pode ser mais ligadas às bases da sociedade”, frisou.

Larry So destaca ainda a importância que Agnes Lam pode ter em termos de igualdade de género. “Não há muitos membros da AL dedicados a este aspecto. Agnes Lam pode ser uma nova força nesta área. Espero que possa motivar mais reflexão acerca das questões de género no território.”

Cloee Chao e Lam U Tou: não ganharam, mas encantaram

No meio dos líderes em termos de número de votos e os novos rostos, houve dois candidatos que não ganharam mas marcaram uma posição. Cloee Chao, croupier, representava uma lista ligada aos trabalhadores dos casinos e teve mais de três mil votos, os mesmos que Angela Leong perdeu.

“No passado, os votos de Angela Leong vinham dos trabalhadores dos casinos, mas os casinos e os trabalhadores têm tido alguns conflitos, e surgiu esta nova lista. No ano passado houve uma espécie de acordo entre os quadros de gestão, que falou de despedimentos. Este tipo de coisas veio deitar abaixo as ideias garantidas do passado. Angela Leong não representa os trabalhadores de base dos casinos, mas antes os quadros de gestão, e por isso os trabalhadores não quiseram estar alinhados com os patrões”, defendeu Larry So.

Foto: Hoje Macau

Já Lam U Tou liderava a Poder da Sinergia. Meses antes saiu dos Operários e fundou a sua própria associação, com que realizou várias conferências. Estas terão ajudado a projectar a sua imagem política. Nestas eleições, teve mais de sete mil votos.

“Lam U Tou, apesar de não ter sido eleito, arrecadou votos que, para uma primeira tentativa, não foram realmente maus. Isto aconteceu também porque Lam U Tou também pertence a uma geração mais nova que fala pelo grosso da sociedade e tem o tipo de imagem que se identifica com a comunidade, especialmente com os jovens que passaram pelo tufão”, acrescentou o politólogo.

A surpresa chamada Melinda Chan

A líder da Aliança pr’a Mudança levou com um balde de água fria nestas eleições e não esperava uma derrota por 160 votos de diferença. Mudou a estratégia, afastou-se da área social para lutar mais pelas pequenas e médias empresas, chamou a si o macaense Jorge Valente, mas não bastou para a vitória.

Foto: HM

“Foi penalizada com a existência de uma lista que representava os trabalhadores dos casinos”, apontou Miguel de Senna Fernandes.

“Apesar da lista de Cloee Chao ter conquistado mais de três mil votos, os 160 votos que faltaram a Melinda Chan poderiam estar ali. A penalização também se deu na lista da Angela Leong. Esta esteve melhor porque a máquina também era melhor, tinha outros recursos e outra forma de trabalhar.”

Para Miguel de Senna Fernandes, sem William Kuan como número dois teria sido muito difícil a Angela Leong ser reeleita.

Esta “conseguiu a votação graças ao seu número dois, que é um homem muito discreto e modesto, mas influente”. “Sem ele, Angela Leong corria o mesmo risco de Melinda Chan”, defendeu Senna Fernandes.

 

Coutinho “jogou muito bem”

Do receio à vitória. José Pereira Coutinho teve mais de 14 mil votos e, para Senna Fernandes, “jogou muito bem”. “A ausência de um deputado da comunidade portuguesa mexeu com o eleitorado e fez com que pessoas que não se identificavam de modo algum com o Pereira Coutinho votassem nele. Apesar de ter perdido o seu parceiro, Pereira Coutinho ganhou e foi um grande vencedor. O ano não era bom para ele e mesmo assim consegue mais votos do que há quatro anos”, frisou. 

 

As indirectas que não surpreenderam

No sufrágio indirecto foram eleitos doze deputados e há também caras novas. Lam On Wai e Lei Chan U estão ligados aos Operários e conseguiram ser eleitos para representar o sector do trabalho, enquanto que Ip Sio Kai, ligado ao Banco da China, foi eleito pelo sector industrial, comercial e financeiro.

Para os analistas nada há de novo numa eleição cheia de secretismos. “Não há uma grande variação e não surpreende nada”, disse Miguel de Senna Fernandes.

“O sufrágio indirecto faz cada vez menos sentido. Ainda se poderia desenhar algum equilíbrio ou uma chamada de atenção por parte do movimento associativo. Não estou a ver grandes mudanças, não há sonhos novos. Isto sem retirar o valor que as pessoas têm. Claro que há determinados deputados cuja presença tem um certo efeito apaziguador na composição da AL. Não estou a ver o que mais podem trazer”, defendeu o advogado.

Larry So é ainda mais pessimista quanto a estes resultados. “As eleições indirectas são uma espécie de espectáculo. Todos os tipos de negociações foram feitas entes das eleições. São uma formalidade. Basicamente estas eleições indirectas, falando em termos democráticos, não existem. São arranjadas e decididas muito tempo antes das datas das eleições.”

Para Camões Tam, a eleição de novos rostos é sinónimo de “renovação geracional”. “É o que se pode ver com as saídas de Kwan Tsui Hang e Chan Meng Kam. Há uma entrega do poder a pessoas mais novas”, concluiu.

 

Sonny Lo | “Avanço democrático na história política”

O politólogo Sonny Lo afirmou que os resultados das eleições representam “um avanço democrático na história política” do território. Para Sonny Lo, autor do livro “Political Change in Macao”, a AL é agora, na verdade, composta por cinco membros do campo pró-democracia, algo “sem precedentes”.

Além de Sulu Sou, Ng Kuok Cheong e Au Kam San, que fazem da implementação do sufrágio universal para a eleição do chefe do Governo o seu ‘cavalo de batalha’ político, outros dois deputados apoiam a ideia, ainda que não se foquem particularmente nisso. São eles José Pereira Coutinho, reeleito, e a professora universitária Agnes Lam.

Ainda assim, Sonny Lo não hesitou em colocá-la no cesto dos ‘pan-democratas’: “Formou o Observatório Cívico, que promove a transparência, tenta melhorar as políticas do Governo. No geral ela pode ser categorizada como [fazendo parte] da frente democrática”.

O académico de Hong Kong disse esperar que estes deputados cooperem dentro da AL em assuntos “como reforma política ou questões laborais”. “Não ficaria surpreendido se estes cinco deputados se juntassem e tentassem chegar a um consenso para colocar mais pressão sobre o Governo”, considerou.

Diferença face a Hong Kong

Quanto ao jovem Sulu Sou, Sonny Lo não antevê uma repetição dos problemas de Hong Kong, onde seis eleitos, adeptos de uma maior autonomia de Hong Kong em relação à China, acabaram por ser desqualificados.

“Acho que Sulu Sou vai ser pragmático. Deve aprender com experiência amarga de alguns dos jovens deputados eleitos em Hong Kong. Não prevejo nenhuma acção radical da parte de Sulu Sou”, afirmou.

Sonny Lo destacou ainda o fortalecimento das forças tradicionais, como os grupos de apoio das chamadas de base – Operários, Kai Fong (Moradores), Associação das Mulheres – e dos clãs, que representam residentes oriundos de zonas específicas da China, como é o caso de Mak Soi Kun, Si Ka Lon e Song Pek Kei.

19 Set 2017

Eleições | Sulu Sou, o jovem rosto do campo pró-democrata

Foi candidato às eleições legislativas há quatro anos, estudou ciência política em Taiwan. Perdeu, mas desta vez ganhou. Sulu Sou foi um dos vencedores da noite eleitoral de domingo

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ulu Sou, rosto do maior protesto em Macau desde o massacre de Tiananmen em 1989, foi este domingo eleito para a Assembleia Legislativa (AL), tornando-se, aos 26 anos, o mais jovem deputado e uma das poucas vozes pró-democracia no hemiciclo.

Começou a interessar-se por política, com 17 anos, quando acompanhava atentamente as notícias da vizinha Hong Kong. Sulu Sou viu esse interesse crescer já em Taiwan, onde concluiu a licenciatura em Ciência Política e actualmente prossegue uma pós-gradução.

Inicialmente, o jovem abraçou causas relacionadas com as dificuldades das classes mais desfavorecidas, mas acabou a “virar a agulha” para o sistema político.

“Acho que a raiz de todos os problemas está na falta de um sistema democrático”, disse em Dezembro de 2014, numa entrevista à agência Lusa.

O jovem Sulu Sou chegou a presidente da Associação Novo Macau no mesmo ano e apenas alguns meses depois de liderar uma manifestação que juntou 15 mil pessoas.

O protesto contra uma proposta de lei que previa regalias para membros cessantes do governo elevou-o a estrela da nova geração de activistas e inspirou-o a escrever um livro sobre o processo que culminou na retirada da proposta pelo próprio chefe do Executivo. O livro chegou mesmo a ser confiscado antes de chegar às livrarias.

As eleições de 2013

Há quatro anos, Sulu Sou prometia que não iria abandonar a defesa dos mais vulneráveis: “Venho das classes baixas e nunca me vou desviar das questões que afectam os pobres”.

Candidatar-se a um lugar de deputado era uma hipótese que já então admitia para “mostrar aos jovens como se podem envolver na sociedade civil”.

Já nesta campanha, Sulu Sou foi às lágrimas num comício, quando falava das dificuldades dos jovens ao entrarem na política, segundo o canal em português da TDM.

Popular entre os mais jovens, disse, no entanto, na apresentação da campanha que o seu programa político era dirigido a “todas as faixas etárias”.

Não escapou, no entanto, a ataques pessoais, e segundo o jornal Tribuna de Macau, foi criticado por “ser um conquistador, um libertino, um sedutor”, por ter tido duas namoradas, em alturas diferentes, quando era estudante em Taiwan.

Já nas legislativas de 2013, quando ainda não era conhecido, concorreu como número dois do veterano Au Kam San.

Nas actuais eleições, apesar de já não presidir à Novo Macau, Sulu Sou candidatou-se como líder da lista afiliada da associação que actualmente reflecte as divergências entre a ala mais tradicional liderada pelos fundadores Ng Kuok Cheong e Au Kam San e a ala mais liberal conotada com Jason Chao e Scott Chiang.

Além de temas directamente relacionados com o bem-estar da população, Sulu Sou mantém como bandeiras a defesa do sufrágio universal e diz-se preocupado com a erosão dos direitos vigentes em Macau pelo período de 50 anos iniciado na transição para a China, em 1999.

Há dois meses, na vigília convocada pela Novo Macau para assinalar a morte do dissidente chinês Liu Xiaobo, Sulu Sou disse à Lusa não tomar a liberdade de Macau como garantida.

“Perdê-la é muito fácil, preocupo-me com isso. Lutamos por um bocadinho de democracia em Macau e é muito difícil. Perder a liberdade de expressão, de imprensa, a liberdade de não ter medo, é muito fácil”, afirmou.

19 Set 2017

Eleições | Scott Chiang espera ataques nunca antes vistos a Sulu Sou

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente cessante da Associação Novo Macau, Scott Chiang, acredita que vão surgir jogadas nos bastidores para impedir que o recém-eleito Sulu Sou seja impedido de se sentar na Assembleia Legislativa.

Ao HM, Chiang defendeu também que mesmo que o membro da associação consiga sentar-se na AL, que vai ser vítima de ataques nunca antes vistos.

“Não penso que estejamos imunes a esses tipos de problemas [acusações de apoio à causa pró-separatista], porque como vemos em Hong Kong, quando existe uma vontade, existe sempre uma forma de criar esses problemas. Tenho a certeza que há pessoas que vão fazer tudo para impedir que o Sulu Sou se sente na AL”, afirmou o presidente da Associação Novo Macau.

De acordo com a legislação em vigor, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) pode decidir que um deputado não cumpre os requisitos para assumir o cargo, caso se prove que não defende a Lei Básica da RAEM nem que é fiel à RAEM. “Apesar de em Macau não haver declarações pró-independentistas, já há pessoas a fazerem essas acusações. Não são os radicais que colocam este tópico na agenda, são os ditos patriotas que trazem essas questões para os jornais para poderem beneficiar com elas”, apontou.

Mas mesmo que o estudante de 26 anos seja aprovado pela CAEAL, o presidente da Associação Novo Macau prevê ataques muito agressivos dos campos tradicionais.

“Estou à espera que ele tenha desempenhos espectaculares e que se destaque ao mostrar o reduzido valor das prestações dos actuais deputados. Por isso, suspeito que vai sofrer ataques nunca antes vistos na Assembleia Legislativa”, disse. “Aqueles deputados nunca tiveram de lidar com uma pessoa como ele e não vão saber como reagir. Isso vai fazer com que acabem por atacá-lo fortemente”, acrescentou.

Sem arrependimentos

Scott Chiang comentou também o facto de ter anunciado a demissão do cargo de presidente da associação, numa altura em que se começavam a preparar as eleições. Ao HM, o activista afirmou que não tem arrependimentos e confessou acreditar que dificilmente conseguiria um resultado melhor do que o obtido por Sou.

“Não creio que conseguisse este resultado. Olho-me ao espelho todas as manhãs e sei que sou diferente do Sulu Sou, por isso também nunca pedi para ser cabeça-de-lista. Somos pessoas com talentos diferentes. Eu sou capaz de fazer coisas que ele não consegue e vice-versa. No jogo das eleições, ele é muito mais capaz do que eu”, reconheceu.

A pausa de Scott Chiang chega alguns meses depois do presidente demissionário da Novo Macau ter sido pai. Contudo, Chiang vai continuar a fazer parte da associação. “Estou a fazer uma pausa, que considero necessária. Porém se a associação considerar que posso ser útil, ficarei feliz por poder ajudar. Estou em Macau e eles sabem como me contactar”, explicou.

19 Set 2017

Habitação Social | Governo não mexe nos requisitos para idosos

O Instituto de Habitação garantiu, em resposta à deputada Kwan Tsui Hang, que os requisitos para o acesso a uma casa social, destinados aos idosos que pediram a reforma antecipada, não vão ser alterados

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s idosos com reformas antecipadas que pretendam ter acesso a uma casa social, através do pagamento de uma renda, vão continuar a estar sujeitos às mesmas regras definidas pelo Executivo em 2012.

A garantia foi dada pela presidente substituta do Instituto da Habitação (IH), Kuoc Vai Han, em resposta a uma interpelação escrita da deputada Kwan Tsui Hang.

“Os idosos referenciados pelo mecanismo de protecção dos idosos de Macau têm de ter uma idade mínima de 65 anos e ser residentes de Macau. Assim, não será tido em consideração o alargamento da redução dos requisitos de candidatura a habitação social aos cidadãos com 60 anos, que, antes dos 65 anos, passaram a receber antecipadamente a pensão de reforma”, lê-se na resposta.

O actual regime de candidatura a uma habitação social dá, segundo o IH, “prioridade às necessidades de habitação dos idosos”, pois atribui uma “pontuação adicional a quem tenha completado 65 anos”.

A responsável do IH lembrou que as mudanças implementadas há seis anos são para manter.

“A fim de melhorar a qualidade de vida dos idosos após a sua aposentação, por despacho do Chefe do Executivo, em 2012, os requisitos de candidatura a habitação social foram alargados, passando o valor das pensões atribuídas pelo Fundo de Segurança Social a beneficiários que tenham completado 65 anos de idade a não ser considerado para efeitos do cálculo do total rendimento mensal do agregado em situação económica desfavorecida. Passou a ser apenas considerado este rendimento para efeitos de cálculo da renda mensal de habitação social”, acrescenta a resposta dada à deputada Kwan Tsui Hang.

Bandeira antiga

Kwan Tsui Hang deixou a Assembleia Legislativa, onde foi deputada desde 1996 pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Apesar de ter sido substituída por Ella Lei e Leong Sun Iok no sufrágio directo nestas eleições, Kwan Tsui Hang continua a ter o estatuto de deputada até ao arranque da VI Legislatura, no próximo mês.

Durante todos estes anos, as necessidades de habitação sempre estiveram no topo da sua agenda, nomeadamente as dificuldades dos mais idosos nesta área.

19 Set 2017

Eleições | Ho Ion Sang e Song Pek Kei agradecem aos eleitores

Com mais ou menos votos que o esperado ontem foi dia de agradecer ao eleitorado. Ho Ion Sang e Song Pek Kei andaram na rua e, mais ou menos satisfeitos, garantem o cumprimento dos programas a que se propuseram

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]ntem foi dia de agradecimentos por parte de algumas das listas que elegeram deputados nas eleições de domingo. Ho Ion Sang e Song Pek Kei, mantêm os lugares na Assembleia Legislativa e dirigiram-se à população para garantir que a aposta não será esquecida.

Ho Ion Sang, eleito pela “União Promotora Para o Progresso” e ligado aos Kaifong está satisfeito com o apoio dos residentes. Ao HM, o candidato eleito, refere que vai manter o contacto próximo com os vários sectores sociais do território. “Vou deslocar-me e visitar as comunidades locais para melhor compreender as necessidades e solicitações dos residentes”, apontou. Esta é também a forma de retribuir o voto de confiança que lhe foi dado nas urnas e é uma responsabilidade à qual não pode nem quer fugir. O único candidato eleito da sua lista, Ho Ion Sang está ainda assim “satisfeito”.

A “União Promotora Para o Progresso” arrecadou cerca de 12 mil votos e a lista liderada por Wong Kit Cheng, a “Aliança do Bom Lar” também ligada aos moradores mas que se candidatou separadamente, obteve 9500 votos. “Com as duas listas conseguimos um total de mais de 21 mil votos, número que representa uma subida significativa em relação às eleições passadas”, disse. Para Ho Ion Sang não há nada para lamentar e a divisão dos candidatos ligados aos Kaifong em duas listas separadas foi uma aposta ganha com a eleição de dois deputados.

O trabalho que tem pela frente vai ter como prioridade os assuntos sociais, sendo que no topo da agenda de Ho Ion Sang está o pedido ao Governo de um calendário para 40 mil fracções de habitação pública, para a reconstrução dos bairros antigos do território e para as medidas contra inundações.

O objectivo, sublinhou, “é fazer com que os residentes consigam ter uma vida confortável no território”.

Relativamente aos comentários acerca de pessoas ligadas aos Kaifong que terão acompanhado eleitores às mesas de votos, Ho Ion Sang não adianta comentários e argumenta que não tem conhecimentos detalhados acerca da situação.

Vitória menor

Já Song Pek Kei passou o dia de ontem entre a Areia Preta, o Fai Chi Kei e a Rua da Praia do Manduco onde, entre agradecimentos aos residentes, foi apoiada pelos eleitores e recebeu mais um apelo para que lute pelas necessidades da população.

Em declarações ao HM, a número um da lista “Associação dos Cidadãos para o Desenvolvimento de Macau” refere que os “objectivos básicos” foram atingidos, embora os resultados estejam longe do satisfatório.

Com pouco mais de 10.000 votos, Song Pek Kei admite agora que as listas em separado e a ausência de Chan Meng Kam foram factores determinantes para a perda de um deputado no hemiciclo.

A deputada eleita não deixa de querer alcançar os objectivos do programa que propôs aos eleitores ao mesmo tempo que pretende lutar pelo aumento da qualidade de vida dos residentes.

Apesar da aparente derrota, Song Pek Kei considera que o processo eleitoral decorreu sem grandes incidentes, o que se deve à actual lei eleitoral. No entanto, aponta, “há ainda faltas a colmatar na legislação e nos trabalhos da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), nomeadamente medidas relativas aos actos de propaganda.

 

Eleições| Ruas do contentamento

Mak Soi Kun e Zheng Anting, candidatos eleitos da lista “União de Macau-Guangdong” foram ontem à Rua da Praia do Manduco para agradecer o apoio dos eleitores. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, os candidatos eleitos foram recebidos por comerciantes e prometeram ter em conta as necessidades deste sector. Em relação aos novos rostos no hemiciclo, Mak Soi Kun considera que “qualquer pessoa é bem-vinda” desde que consiga trazer benefícios à legislatura que vai começar e mais-valias à sociedade.

Também Wong Kit Cheng, candidata eleita pela lista “Aliança de Bom Lar”, foi agradecer aos eleitores pelos votos. A localização escolhida foi a zona da Rua do Campo onde vários residentes deram os parabéns à deputada “Associação Geral das Mulheres”.

Wong Kit Cheng mostrou ainda o seu contentamento por poder continuar no hemiciclo mas considera que há eleitores que têm de ser conquistados. A candidata eleita vai continuar a encaminhar as propostas ligadas aos assuntos sociais que não foram completadas na 5ª legislatura.

Wong Kit Cheng sublinhou ainda que respeita “os deputados eleitos pelos votos da população, e espera que todos os deputados no hemiciclo cooperem em conjunto, para uma melhor fiscalização do Governo a uma melhor vida dos residentes”.

19 Set 2017

Cultura | Residentes continuam a preferir ir ao cinema

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s residentes do território continuam a preferir, nos momentos de lazer, ir ao cinema. De acordo com os dados dos Serviços de Estatística e Censos, o segundo trimestre de 2017 revela uma subida, a nível anual, na ordem dos 2,1 por cento, representando uma taxa de 39,2 por cento.

No total, foram ao cinema entre Abril e Junho, 173.400 residentes dos quais 36.200 escolheram ver películas produzidas no território. O crescente interesse pelas produções locais, deve-se às acções do Governo que visam promover os filmes feitos em Macau e às sessões realizadas para que sejam exibidos, refere o comunicado enviado à comunicação social.

Também a frequência das bibliotecas locais aumentou no segundo trimestre de 2017. Foram às bibliotecas do território 129.500 residentes, mais 13,2 por cento do que no mesmo período do ano passado.

Os museus e o património continuam a ser também o alvo crescente de visitas. Com mais de 115 mil visitantes, a percentagem aumentou em 1,4, sendo que cada visitante terá ido, em média, a mais de três locais. De entre estes, 87.900 visitaram locais que integram o património mundial e 77.600 foram a museus.

Já os espectáculos tiveram uma adesão inversa. Entre Abril e Junho a afluência de público registou uma diminuição de 12,2 por cento em termos anuais. O mesmo aconteceu com os visitantes de exposições que diminuíram em 8,9 por cento.

No total, 295.800 indivíduos participaram em actividades culturais do território.

19 Set 2017

Jorge Álvares | Localização de réplica da biblioteca ainda por decidir

A Fundação Jorge Álvares quer edificar em Lisboa uma réplica da biblioteca de matriz chinesa que se encontra no jardim de São Francisco, junto ao Clube Militar, mas a localização ainda não é certa. Quatro anos depois, projecto ainda está a ser avaliado

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi há quatro anos que a Fundação Jorge Álvares decidiu erguer na capital portuguesa uma réplica da pequena biblioteca de matriz chinesa, da Associação Comercial de Macau, que está localizada junto ao Clube Militar.

Contudo, e após uma mudança de planos, o projecto ainda se encontra sob análise da Câmara Municipal de Lisboa, confirmou a própria fundação ao HM.

“O processo de execução da réplica [da biblioteca] encontra-se em desenvolvimento na Câmara Municipal de Lisboa. Entre outros aspectos administrativos, aguarda-se, após uma primeira definição, que consideramos inapropriada, de um local definitivo para a sua edificação e construção”, lê-se em resposta escrita.

Em 2014, Guilherme Valente, editor literário, era membro do conselho de administração da fundação e explicou ao HM que o projecto estaria a cargo do arquitecto Carlos Bonina Moreno.

“É um projecto muito edificante. Esta ideia foi acarinhada pela câmara municipal de Lisboa e já temos o projecto feito”, disse o responsável, garantindo que os custos deste projecto seriam totalmente suportados pela entidade.

“A fundação tem gerido com um rigor muito grande os seus fundos e tem recursos de rendimento que lhe permitem assumir a despesa toda”, acrescentou.

Nem data, nem local

Se em 2014 a fundação não tinha previsto um calendário para a sua inauguração, este continua a não existir, após a alteração dos planos iniciais.

“Desejamos [que seja inaugurada] o mais depressa possível, mas as coisas têm de ser bem feitas. Estamos a trabalhar para que o sítio indicado seja visitado, frequentado e animado”, frisou Guilherme Valente.

A ideia do editor literário era mostrar a união de duas culturas na capital portuguesa.

“Não há em Lisboa um monumento que seja bonito, significativo e que relacione e lembre a China e a nossa presença [em Macau]. Lembrámo-nos que um monumento bonito seria uma réplica da biblioteca chinesa do jardim de São Francisco”, apontou.

À data, a Fundação Jorge Álvares não tinha ainda feito contactos com o Governo de Macau para este projecto, mas mostrava-se aberta a eventuais parcerias.

19 Set 2017

Trânsito | Terminal das Portas do Cerco só em 2019

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] recuperação do Terminal das Portas do Cerco ainda está em fase de desenho de planta, prevendo-se que só deva retomar a operacionalidade total no quarto trimestre de 2019. Para já, ainda não há orçamento previsto para uma obra que se tornou essencial depois da devastação provocada pelo tufão Hato

As Portas do Cerco são uma das zonas de maior tráfego de Macau com intensa circulação rodoviária de transportes colectivos de passageiros. Nesse contexto, o Terminal das Portas do Cerco era um equipamento essencial que servia de ponto de paragem para 24 carreiras e um registo diário de três mil de autocarros.

Já estava previsto uma remodelação do terminal, mas a passagem do tufão Hato por Macau, refez os planos que já estavam na gaveta. O terminal inundou e ficou severamente destruído.

A Direcção dos Serviços para os Assuntos do Tráfego (DSAT) anuncia que os projectos de remodelação se encontram em fase de desenho de planta, mas que o terminal deve abrir ao público, embora parcialmente, no segundo trimestre de 2019. A previsão dos serviços presididos por Lam Hin San é que os trabalhos de remodelação estejam concluídos no quarto trimestre de 2019, daqui a mais de dois anos. Como o projecto ainda se encontra em fase de concepção ainda não há um orçamento estimado, mas Lam Hin San garante que este será divulgado assim que houver dados.

Para estes dois anos em que vão durar as obras, a DSAT espalhou as 24 paragens anteriores por dez pontos periféricos “com base nos fluxos de circulação rodoviária, as condições operacionais para os autocarros e a adaptabilidade para os passageiros”, até ao primeiro trimestre de 2019, altura em que parte do terminal será aberta ao público.

Por água abaixo

Segundo os serviços de tráfego, a planta original para a remodelação, feita em 2016, tinha previsto formas de mitigar inundações. Na altura o desenho havido sido concebido com um tufão como referência. Porém, o Hato inundou esses planos juntamente com o terminal. Os planos da DSAT tiveram de ser alterados.

Na nova planta os equipamentos de ar condicionado e ventilação foram deslocados para o rés-do-chão, além de terem sido feitos reparos na planta de forma a garantir melhor escoamento de águas. Ainda assim, Lam Hin San recorda que esta é uma obra de remodelação, não um terminal novo.

O espaço subterrâneo onde os passageiros aguardam por transporte terá o dobro da área. No centro estará uma sala coberta de vidros, equipada com ar condicionado com temperatura entre os 24 e os 25 graus. O projecto novo, apesar de ser ainda um trabalho em progresso, prevê mais entradas de luz natural, além de ser equipado com iluminação artificial com lâmpadas LED.

Além disso, a nova planta reordena as zona de casas de banho e as salas de descanso dos motoristas.

Entretanto, para colmatar as dificuldades de apanhar transportes nas Portas do Cerco, o director da DSAT anuncia que “caso seja necessário, serão adicionadas frequências de autocarros em hora de ponta”.

Para já, a reparação do Terminal das Portas do Cerco vai começar pelo abastecimento eléctrico, reparação de equipamentos de drenagem e instalações ao nível do pavimento.

19 Set 2017

Emmy’s | Distopias e actualidade lideram estatuetas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] histórico ‘talkshow’ Saturday Night Live, o drama familiar “Big Little Lies” e “The Handmaid’s Tale”, dominaram os prémios Emmy, que distinguem as produções televisivas norte-americanas.

A 69.º edição da entrega dos prémios decorreu numa cerimónia em Los Angeles em que a política e o Presidente Trump foram as “estrelas” convidadas.

“The Handmaid’s Tale”, baseada na adaptação de um romance homónimo de Margaret Atwood sobre uma América nas mãos de uma seita totalitária, venceu a melhor série dramática e dominou a noite dos prémios de televisão com um total de cinco Emmys.

A série que retrata a violência contra as mulheres ganhou também o prémio para melhor actriz de série dramática (Elisabeth Moss), melhor actriz secundária em série dramática (Ann Dowd), melhor realizador de série dramática (Reed Morano, segunda mulher na história que ganha nessa categoria) e melhor guião de série dramática (Bruce Miller).

A mini-série “Big Little Lies”, sobre as mães de família, os seus filhos e os seus dramas na Califórnia, venceu noutras cinco categorias, com os prémios de melhor mini-série, melhor realizador (Jean-Marc Vallée), melhor actriz de mini-série (Nicole Kidman), e melhores actores secundários em mini-série (Alexander Skarsgard e Laura Dern).

Comédia apreciada

O histórico ‘talkshow’ Saturday Night Live (SNL) foi outro dos vencedores da noite, com nove troféus, incluindo cinco de carácter técnico.

Saturday Night Live, que este ano se destacou pela crítica ao Presidente norte-americano e à sua administração, criado pelo produtor Lorne Michaels, em 1975, soma perto de 830 emissões e, até à data, tinha conquistado um total de 45 Emmys.

O programa de humor, que conta com 42 temporadas consecutivas, na cadeia NBC, estava nomeado em 22 categorias, a par da série “Westworld”, e a meio da cerimónia já tinha conquistado quatro estatuetas, incluindo uma para Alec Baldwin e outra para Kate McKinnon, pela sua imitação da ex-candidata presidencial, Hillary Clinton.

O sucesso de SNL na 69.ª edição dos Emmy foi além das estatuetas conquistadas.

“Sabíamos que a maior estrela de televisão do ano passado foi Donald Trump. E Alec Baldwin”, certamente, ironizou o apresentador da noite, Stephen Colbert, em referência ao actor que personifica Trump no Saturday Night Live (SNL).

“Finalmente, Sr. Presidente, aqui está o seu Emmy”, disse Alec Baldwin ao receber o galardão, numa referência ao show “The Apprentice”, um ‘reality show’ que foi apresentado por Donald Trump e em que executivos competem por um cargo em uma das empresas do multibilionário.

Baldwin acrescentou que depois de ter tido três filhos em três anos, a sua mulher não deu à luz no ano passado, um ano em que a sua interpretação do papel do Presidente dos Estados Unidos impulsionou as audiências do SNL para um nível recorde.

“Quando alguém usa uma peruca cor de laranja (como a cor do cabelo de Donald Trump), isso funciona como um contraceptivo”, afirmou.

O antigo porta-voz da Casa Branca Sean Spicer, que cessou funções em Julho, fez uma aparição surpresa nos prémios Emmy, sob o olhar divertido de Melissa McCarthy, que ‘veste a personagem’ no SNL.

Alec Baldwin já tinha, alás, na conferência de imprensa saudado Spicer pela arrojada entrada na cerimónia dos Emmy.

“Já fiz alguns trabalhos que vocês não devem respeitar ou admirar (…) Temos isso em comum”, disse.

19 Set 2017

Literatura | “Morri”, de Antønio Falcão, reapresentado na Livraria Portuguesa

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]orreu e ressuscitou. A mais recente obra de Antønio Falcão, MORRI, será reapresentada ao público de Macau na próxima quinta-feira, dia 21 de Setembro, pelas 18h30 na Livraria Portuguesa. O evento irá contar com a leitura das histórias que compõem o livro pelas vozes de alguns residentes de Macau. Entre o leque de leitores figuram Ana Dias, Carlos Morais José, Carlos Picassinos, Fülöp Oszkár, Miguel de Senna Fernandes, Selma Branco, Victoria Man, entre outros.

O livro de Antønio Falcão foi escrito entre 2004 e 2017 e reúne mais de 60 textos de material diverso, grande parte publicado no formato de crónica no jornal Hoje Macau durante esse período.

MORRI é uma colectânea de contos, ensaios, pequenas peças dramáticas e correspondências várias. O livro aborda também a história de Macau, antiga e contemporânea, tentando delinear novas perspectivas para a sua complexa compreensão, totalmente fora da habitual zona de conforto. Nele podem-se reconhecer factos do conhecimento público, personagens reais de outros regimes que se debatem com seres puramente ficcionados, como se tudo decorresse numa trama cinematográfica.

MORRI foi publicado pela editora COD de Macau, no âmbito das celebrações do 150.º aniversário de Camilo Pessanha. Nesta mesma ocasião o autor apresentou também a exposição de fotografia “Kleptokronos”.

19 Set 2017

Exposições | Pan Gongkai estreia-se numa mostra de pintura em Hong Kong

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] pintura chinesa tem vários nomes de peso que a transportam para a arte contemporânea de relevo mundial. Pan Gongkai é um deles. A primeira exposição do artista em Hong Kong abre no dia 25 de Novembro na Kwai Fung Hin Art Gallery. Um evento que merece destaque no calendário das artes dos próximos meses

Entre 25 de Novembro e 24 de Janeiro de 2018, Hong Kong recebe pela primeira vez uma exposição de Pan Gongkai, um artista de renome internacional que pegou na veia mais tradicional da pintura chinesa e a revestiu de contornos contemporâneos.

A mostra estará patente ao público na Kwai Fung Hin Art Gallery, que é composta por um total de 30 peças criadas ao longo de três anos. Um dos destaques da exposição é um quadro com seis metros de largura que pertence a uma série de trabalhos de tinta da China em papel em consonância com uma instalação de vídeo.

Pan Gongkai é um nome de vulto incontornável da pintura chinesa. Nascido em 1947, como David Bowie, o artista foi criado num ambiente intimamente artístico.

O seu pai, Pan Tianshou, foi um dos mais relevantes mestre da pintura a tinta da China do século XX. Depois de uma educação onde aprendeu a domar a técnica da tinta da China na Academia de Belas-Artes de Zhejiang, o pintor acabaria por chegar a presidente da Academia Central de Belas-Artes de Pequim entre 2001 e 2015. Já antes havia liderado a Academia de Belas-Artes de Hangzhou.

Um dos educadores de artes mais prestigiado na academia do Interior da China, Pan Gongkai é um nome que extravasa em muito as barreiras da cultura chinesa para patamares internacionais.

Mais além

Pan Gongkai, apesar de estar intimamente enraizado na expressão artística chinesa tradicional, em particular pelo uso da tinta da China, é um entusiasta dos estudos comparados entre a arte chinesa e ocidental. Esta confluência de referências díspares espelha-se na estética do pintor e académico, que rompe as barreiras conceptuais das belas-artes da China.

Nos início dos anos 1980, Pan Gongkai argumentou que as artes chinesas e ocidentais eram sistematicamente complementares e que poderiam coexistir e influenciar-se mutuamente. Segundo o pintor, ambas as expressões artísticas são compatíveis e representam duas formas diferentes de perseguir a derradeira visão estética. Esta perspectiva teórica tem atraído atenção de académicos tanto no Interior da China assim como pelo mundo fora. Dessa forma, não é de estranhar que Pan Gongkai tenha reunido o consenso de várias áreas artísticas, da pintura, teoria artística, arte contemporânea, arquitectura e design.

As obras de larga escala do pintor são, normalmente, intensas em termos de impacto visual, reveladoras da elegância e da subtileza típicas da tradicional expressão em tinta da China. Ao mesmo tempo, a mestria técnica que exibe nas pinceladas demonstram uma estética contemporânea única, bom gosto e tensão dramática.

A juntar à criatividade e mestria em termos de pintura, Pan Gongkai também se exprime através de instalações e novos media de forma a explorar as potencialidades de transformação que pretende que a tradicional tinta da China atinja no contexto da cultura contemporânea.

Os trabalhos do artista chinês têm sido exibidos com grande frequência, ultimamente, no Museu Suzhou, no Museu de Artes de São Diego, no Museu de Artes de Frye em Seattle e no Today Art Museum de Pequim.

Em 2011, Pan Gongkai participou na 54º Bienal de Veneza com uma instalação intitulada “Melting”, tendo chegado a um patamar de apreciação mundial.

Com a leveza de pincelada que caracteriza a pintura chinesa, Pan Gongkai transcende conceitos artísticos definidos chegando a um patamar global em termos de expressão estética. Profundamente conduzido por temáticas metafóricas e ideias simbólicas, as pinceladas do artistas chinês conseguem transmitir poder, emoções fortes e uma amplitude conceptual que extravasa fronteiras artísticas.

Definitivamente, uma exposição a não perder.

19 Set 2017

China | Detido homem por vender mecanismo de acesso a ‘sites’ censurados

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades chinesas detiveram um programador informático por vender um mecanismo que permite aceder à internet através de um servidor localizado fora da China, possibilitando aos internautas abrir milhares de ‘sites’ censurados pelo regime chinês.

O jornal oficial Global Times informou que o programador foi detido em finais de Agosto, durante três dias, por montar um pequeno negócio de venda de VPNs (Virtual Proxy Network).

Aquele mecanismo cria ligações criptografas entre computadores e permite aos internautas chineses aceder a ‘sites’ bloqueados pelo Governo.

Os assinantes do serviço pagavam 10 yuan por mês. As autoridades confiscaram os ganhos do programador – um total de 1.080 yuan.

Casos semelhantes noticiados pela imprensa resultaram em punições mais severas: no início do ano, um programador de 26 anos foi condenado a nove meses de prisão, também por vender VPN, na cidade de Dongguan, no sul da China.

Vias bloqueadas

Pequim lançou, no início do ano, uma campanha para erradicar o uso de VPN, parte de um reforço da censura, nas vésperas de se realizar o congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), o mais importante acontecimento da agenda política do país, que se realiza a cada cinco anos.

Segundo uma pesquisa da unidade de análise GlobalWebIndex, 14% dos internautas chineses usam VPN diariamente. Em 2016, o número de chineses ligados à Internet ultrapassou os 730 milhões.

O mesmo inquérito indica que 8,8% dos internautas usam as VPN para aceder a páginas bloqueadas.

As novas restrições no uso da Internet exigem que qualquer negócio com um ‘site’ obtenha uma licença de Fornecedor de Conteúdos para a Rede.

Citado pelo Global Times, o vice-director da faculdade de Literatura e Direito da Universidade de Comunicação da China, Wang Sixin, afirmou que as novas regulações visam criar um primado da lei no ciberespaço.

Os internautas “estarão expostos a informação nociva – inclusive sobre terrorismo – se a Internet não for apropriadamente regulada”, afirmou.

Sites como o Facebook, Youtube e Google ou ferramentas como o Dropbox e o WeTransfer estão bloqueados na China. As versões electrónicas de vários órgãos de comunicação estrangeiros também estão censuradas no país.

19 Set 2017

A China fica ao lado

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau é um esplendor. Um degredo longínquo em que suamos até aos ossos e nos banhamos da luz nocturna de todos os néones num vórtice de coisas tais que nenhum tufão por mais intenso esmorece a atracção da sua rota. Lembrei-me deste título retirado de um romance da querida e saudosa Ondina Braga que ali viveu alguns marcantes anos da sua vida e que tive o prazer imenso de conhecer e partilhar na sua tão bonita influência oriental. Era uma pessoa rigorosa, afável e leve. Hoje, como todos aqueles que as asas levaram para bem longe, parece quase esquecida. No seu tempo, ficava, sim, ao lado, hoje é de novo a China, não sendo porém um território a mais desse grande útero nacional. Quando a China ficava realmente ao lado, trazíamo-la para dentro do pequeno legado para que não sentisse a falta do corpo social a que pertencia e tudo o que lhe levámos foi uma transação de coisas felizes pois que nada se pode sobrepor à sua própria herança civilizadora.

Estar em Macau é como aterrar na Lua, ou algures na Galáxia, onde a grande mobilidade nos acelera de modo estranho, talvez metabolicamente. O tempo é tão quente e húmido que pensamos que as máscaras antipoluição são bombas de oxigénio: a cara tapada das islâmicas pode agora concorrer com os rostos escondidos das asiáticas, o que prova que andar de rosto descoberto, só mesmo nas regiões amenas. As mulheres asiáticas são lindas! Talvez todas estas mulheres nos venham agora dizer que são assim graças à velada camada de tecido que sempre as cobre não deixando os intrusos apoderam-se das suas sombras.

A Comunidade Portuguesa de Macau é activa, bem preparada, cosmopolita e muito integrada no conjunto dos factos culturais e sociais. Pessoas que se vão, fazem parte do melhor do país, pois que por aqui, no país real, ficaram vai para séculos os que não ofereciam capacidade de partida. É dessas gentes estranhamente impróprias que se compõe o país de hoje, pois o melhor da casta sempre se foi. Levamos sempre portugueses atrás, com as suas manias, pesporrências e enfatuamentos de género: no tempo das Naus deitá-lo-íamos ao mar, mas agora não os podemos deitar para lado nenhum, pois que o que sobrou, vai junto. A falta de graça é pior que a economia banditista de uma pequena nação cheia de dejectos. Pensamos que não aguentamos mais e, por milagre, conseguimos resistir.

Macau, com toda esta intrepidez de cidade cibernética, é no entanto um oásis de segurança: pode-se andar de noite palmilhando o chão sem nenhuma ameaça ou outras formas de comportamento assustadiço. A educação dada por um regime que todos acusam a Ocidente teve fortes vantagens no comportamento social. E os orientais têm sem dúvida outra forma de interpretar a violência que não passa pelos nossos desassossegos. Num vasto promontório, que diríamos sagrado, fica o Consulado Português, onde a seus pés corre sereno o rio das Pérolas e onde nos foi preparado um magnífico jantar com os mesmos pratos do tempo de Camilo Pessanha, generosamente confeccionados por uma neta do melhor amigo do poeta. Um recanto de arquitectura colonial do mais belo exemplar e um paladar do tempo transportável para as noites daquele Verão onde fácil foi entrever a longa e magra figura de Pessanha em sintonia. Ganhámos nesta ilustre convivência com povos tão requintados e eles ganharam connosco a riqueza que também transportámos. Se foi degredo, exílio ou diáspora o que se passara com Camilo Pessanha, não o sabemos ao certo, embora exista uma galvanização viajante na consciência nacional que a faz falar nos porquês ininterruptos da diáspora e aí se plasmarem como se esse fosse toda a causa por onde um homem nesta vida perde os dias:- ora, eu acho que não é! – Porquê estar ali e não em outro lado? De ter sido assim e não de outra maneira? Numa desenfreada dialéctica sem freio que nos deixa atónitos tanto quanto o próprio ficaria.

No fundo há sempre que contextualizar a circunstância e cada ser está onde pode; as causas só ele as deve entender, mas não me parece ser difícil de interpretar o que leva alguém para tão longe, podemos contornar toda a temática, mas há uma evidente: ele não desejou estar na sua terra com seus pares naquele tempo preciso o que é profundamente entendível, muito mais, tratando-se da sensibilidade genuína de um Pessanha. Conheci sobreviventes que apanharam barcos para um sítio e foram ter a outro e ali ficaram como se aquele ou outro fossem coisas irrelevantes, quando um homem precisa de sobreviver, foge à morte, ao mau estar, a essas coisas, põe de imediato fim ao delírio da expatriação. O que somos levamos connosco e todos os lugares são dignos de reinventarmos uma pátria. Mas Macau não era, não é, um local qualquer. Era o mais remoto de um território nacional oferecido e não conquistado, e tão longe que apelava ao mito: era como um limbo onde guardávamos a memória de uma outra vida.

Pessanha uniu-nos num longo trajecto onde a sua inigualável fímbria poética foi o centro: a deidade desta marcha é uma rota sagrada. Era por ele que ali estávamos e não o mote para aparecermos, essa singularidade pela consideração devida a tal pessoa que ele foi, é a mais bela homenagem que pode ser feita a todos e a cada um. Pessanha pouco ou nada se dedicou ao arranjo formal da sua obra, onde muitas vezes o ser se sente tolhido face ao conflito permanente entre os seus pares, o carreirismo subjacente ao triunfalismo não era para os seus frágeis ossos, mas nós devemos também corrigir esta noção agora, devemos saber como defender a nossa causa sem as orgulhosas manifestações isolacionistas que muito longe das prerrogativas de um Pessanha são feitas por um memorial de falsas noções dos egos.

Viver em Macau há cem anos devia contudo ter sido lindíssimo, uma outra organização social, menos gente, mais espaço portanto, concubinas belas, casas coloniais, amigos como um Wenceslau de Moraes, ópio em terrinas de porcelana em fogo brando e toda a saudade que hoje não há de uma coisa qualquer. Era o tempo dos Homens. O tempo dos lenços brancos que enxugavam lágrimas até ao dia de se deixar de chorar.

Obrigada Macau. Levei-te no coração.

19 Set 2017

Pyongyang | Pequim apela a Washington para que não adopte via militar

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China instou ontem os Estados Unidos a não recorrer à via militar na crise norte-coreana e exortou todas as partes a resolver o conflito pacificamente, conforme as resoluções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU.

“A tarefa actual de todas as partes é implementar a resolução [do Conselho de Segurança], em vez de levantar questões extra”, afirmou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lu Kang, em conferência de imprensa.

Lu reagia às recentes advertências da embaixadora norte-americana na ONU, Nikki Haley, que afirmou que o Pentágono encarregar-se-á da crise, caso a Coreia do Norte prossiga com o seu programa nuclear.

“De vez em quando, algumas partes fazem ameaças entre si, e creio que, na verdade, isto não promove a solução do problema. Só prejudica”, disse.

O porta-voz apelou a todas as partes para que mantenham a calma e recordou que é preciso respeitar as resoluções adoptadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, porque reflectem a posição da comunidade internacional.

Simulações de risco

Na segunda-feira, quatro caças F-35B e dois bombardeiros estratégicos B-1B norte-americanos realizaram um simulacro de bombardeamento sobre a península coreana.

Em entrevista à CNN, Nikki Haley reconheceu que, apesar de o Governo norte-americano estar a “tentar qualquer outra possibilidade”, há “muitas opções militares sobre a mesa”.

“Queremos ser responsáveis e passar por todos os meios diplomáticos (…) mas se não funcionar, o general [James] Mattis encarregar-se-á de resolver”, afirmou Nikki, aludindo que o assunto pode ser transferido para o secretário da Defesa norte-americano.

O Conselho de Segurança aprovou novas sanções contra Pyongyang em resposta ao último ensaio nuclear, realizado no passado dia 3 de Setembro.

No entanto, no sábado, os 15 membros do Conselho recusaram impor mais sanções, depois de o regime de Kim Jong-un ter lançado um novo míssil de alcance médio, que sobrevoou o norte do Japão.

China e a Rússia defendem que a Coreia do Norte interrompa as suas provas nucleares e com misseis balísticos, a troco de os Estados Unidos e a Coreia do Sul suspenderem os seus exercícios militares na península coreana.

Pequim mostrou ainda apoio à postura de Seul, de continuar a enviar ajuda humanitária para o país vizinho, face ao crescente isolamento económico que este enfrenta.

“Todas as resoluções adoptadas sobre a Coreia do Norte não têm como intenção afectar negativamente o trabalho e necessidades humanitárias do país”, disse o porta-voz.

Lu Kang insistiu que a China continuará a oferecer o seu apoio para melhorar as relações e promover a reconciliação entre as partes envolvidas na crise.

19 Set 2017