Hoje Macau China / ÁsiaPequim e Lisboa assinam acordo sobre economia do mar [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]ortugal e China vão assinar esta semana um plano de acção, visando a colaboração na investigação e em projectos comerciais, no âmbito da economia do mar, avançou ontem à agência Lusa a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino. “Este plano de acção prevê projectos de investigação concretos e o alargamento do entendimento e da parceria para uma verdadeira parceria azul”, disse a governante, à margem de uma missão empresarial à China. O acordo surge na sequência de um memorando de entendimento assinado em Portugal, em Junho passado, entre Ana Paula Vitorino e o seu homólogo chinês, Wang Hong. “Queremos alargar a nossa cooperação na área da investigação, ciência e inovação, mas também para parcerias empresarias”, afirmou a ministra portuguesa. Pequim e Lisboa trabalharão em conjunto “numa reflexão mais aprofundada na área da governação dos oceanos a nível global”, disse. A China investiu, nos últimos anos, em dezenas de portos de todo o mundo, desde a Austrália à Europa, convertendo os operadores portuários chineses em líderes mundiais. Os investimentos fazem parte da nova dinâmica da diplomacia de Pequim, que desde a ascensão ao poder do Presidente Xi Jinping quebrou com a presença discreta na cena internacional, para se assumir como uma potência voltada para o exterior. Na segunda-feira, 39 empresas portuguesas e 86 chinesas reuniram-se, na capital chinesa, à margem de um seminário dedicado à cooperação marítima entre Portugal e a China, no âmbito do projecto de infra-estruturas, ‘Uma Faixa, Uma Rota’, lançado por Xi Jinping. O plano visa reactivar a antiga via comercial entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático, e inclui uma malha ferroviária de alta velocidade, portos e auto-estradas, abrangendo 65 países e cerca de 60% da população mundial. Portos de abrigo Ana Paula Vitorino revelou que foram feitos acordos entre empresas portuguesas e chinesas para a “formação de consórcios, para concorrerem a vários projectos de investimento que vão existir em Portugal na área portuária”. A ministra portuguesa apontou a possibilidade de investimentos nos portos de Sines, Leixões e Lisboa e “parcerias nas áreas da biotecnologia azul, aquacultura e indústria naval”, referindo-se à “construção de plataformas para energias renováveis oceânicas ou aquacultura ‘offshore'”. “Criaram-se ali embriões de iniciativas, que poderão dar origem a consórcios formados para este tipo de actividade”, detalhou. Ontem, Ana Paula Vitorino reuniu-se em Pequim com o presidente do China Development Bank, a entidade bancária do Estado chinês encarregue de financiar projectos do país além-fronteiras. A ministra portuguesa garantiu a “disponibilização” e “manifestação de interesse” do banco para financiar projectos em Portugal, no âmbito da economia do mar. “Portugal é um ponto fundamental nas rotas norte sul do Atlântico, mas também um ponto de passagem obrigatório nas rotas este oeste”, disse sobre as mais-valias portuguesas na economia do mar. “Estamos a falar de um país que tem tudo para ser um parceiro atractivo em matéria marítimo-portuária”, concluiu.
Hoje Macau China / ÁsiaCancelados passaportes de ex-primeira-ministra tailandesa [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Ministério dos Negócios Estrangeiros da Tailândia cancelou os passaportes da ex-primeira-ministra Yingluck Shinawatra que fugiu do país no mês passado para escapar à pena de prisão que disse ter motivações políticas. As embaixadas da Tailândia vão informar os governos estrangeiros que Yingluck Shinawatra já não é portadora de um passaporte tailandês, afirmou, na segunda-feira à noite, Busadee Santipitaks, porta-voz da diplomacia tailandesa. Yingluck Shinawatra tem quatro passaportes, incluindo dois diplomáticos. Yingluck Shinawatra, cujo governo foi deposto na sequência do golpe militar de 2014, foi condenada à revelia a cinco anos de prisão em Setembro por negligência num programa de subvenções que consistia na compra de arroz aos agricultores a preços acima dos praticados no mercado, que causou perdas milionárias durante o seu mandato (2011-2014). A antiga chefe de Governo fugiu do país antes de conhecer o veredicto. Dias depois da leitura da sentença, o primeiro-ministro da Tailândia, o general Prayut Chan-ocha, afirmou que tinha fugido para o Dubai e que um novo mandado de captura havia sido emitido. “Não sabemos onde ela se encontra. Algumas informações referem que está no Reino Unido”, afirmou à imprensa o ministro dos Negócios Estrangeiros, Don Pramudwinai. Teias da lei A diplomacia tailandesa afirmou não ser raro um tailandês que tem de viajar frequentemente ser portador de múltiplos passaportes porque os pedidos de visto pode demorar semanas. Yingluck venceu as eleições gerais de 2011, como líder de um dos partidos políticos fundados pelo irmão, Thaksin, tendo sido deposta poucos dias antes do golpe de Estado militar de Maio de 2014, na sequência de uma polémica decisão do Tribunal Constitucional. As plataformas políticas ligadas a Thaksin, deposto em 2006, tinham vencido todas as eleições desde 2001 graças ao apoio do eleitorado rural do nordeste, apesar da oposição ligadas aos sectores monárquicos e militares do país. Este mês foram convocadas eleições gerais para Novembro de 2018 com vista ao restabelecimento da democracia interrompida pelo golpe militar de 2014. Tóquio | Encontrados nove corpos desmembrados num apartamento [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] polícia japonesa encontrou nove corpos desmembrados e escondidos em congeladores num apartamento no sudoeste de Tóquio, num provável caso de assassínio em série que está a horrorizar o Japão. As autoridades policiais estão a trabalhar para identificar os cadáveres, depois de o homem que mora no apartamento, Takahiro Shiraishi, de 27 anos, ter confessado que cortou e escondeu os corpos nos congeladores, de acordo com as informações fornecidas por um porta-voz da polícia. Os corpos, em diferentes estágios de decomposição, foram encontrados na segunda-feira, no âmbito da investigação da polícia sobre o desaparecimento de uma mulher de 23 anos, referiu a mesma fonte. Uma caixa de ferramentas e uma serra encontradas no apartamento de Shiraishi podem ter sido usadas para desmembrar os corpos, declarou o porta-voz da polícia. Takahiro Shiraishi disse à polícia que desmembrou os corpos na sua casa de banho e, segundo a agência de notícias Kyodo, o homem deixou partes dos corpos em contentores do lixo. Relatos avançados pela imprensa dizem que a mulher de 23 anos entrou em contacto com Shiraishi através do Twitter, à procura de um parceiro para cometer suicídio, já que tinha medo de morrer sozinha. Os dois foram filmados por câmaras de segurança na estação de comboios próxima do apartamento do suspeito.
João Paulo Cotrim PolíticaCorpos celestes Horta Seca, Lisboa, 20 Outubro [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hega no último minuto, enfunado de mares e acordes, de ventos e carnes e bravezas e terra, este «Rua Antes do Céu», do José Luiz [Tavares]. Por continuar celebrando os cinquenta, desdobra-os para regalo de quem se dê ao esforço de andar descalço nas pedras de quase tantos poemas quantos anos de (muita) vida: «entre as sombras do recreio/ és tu que desces pelo meio/ de um mês de sol cheio// e como tudo o que nomeio/ vens de noites caladas/ duma solidão/ inda mais entranhada/ que ensina/ ao seco som da pancada// que morres porque vivo/ somes porque verme/ no meio das pedras/ que te sabem indemne// desamigado dos pasmos/ que sempre foram/ uma comprida conta/ no rosário da infância». Embrenhamo-nos no território do imponderável, guiados pelo metálico da voz que esculpe, como nenhuma outra, a golpes de navalha na carne da nossa língua materna. Sabendo da relação do autor com a fotografia, chamámos à capa uma chapa do Flávio Andrade (que ilustra esta crónica), e que sinaliza bem as múltiplas sombras e direcções deste andamento. A estrada feita lugar-comum, mas ninguém por ela passa da mesma maneira. Toca-me mais fundo por ser esta a nossa primeira co-edição, disparada, com a Rosa de Porcelana, na direcção de Cabo Verde celeste. «Boa viáji!» Escola de Mulheres, Clube Estefânia, Lisboa, 20 Outubro Dia gordo, este, que acaba sob o signo da perturbação. Em vale desaguando no escuro, as cadeiras desenhavam as colinas que predispunham os corpos para experimentar o rio que aconteceu ali em baixo, mesmo à frente dos nossos olhos. O Nuno Moura respigou restos de vida a dois, amorosa, afectiva, conjugal, matrimonial. A Marta [Lapa] não procurou narrativa, antes deslaçou ainda mais as palavras, deu ao texto tratos de laboratório e dele extraiu, com a participação dos actores Margarida Cardeal e Vitor Alves da Silva, uma segunda voz para o fio musical do Pedro [Moura]. O combate virou dança. Ou terá sido o inverso. Passei dias mergulhado em pintura, talvez abstracta, homem e mulher a desdobrarem-se em músculo e suor, carne e espírito, consentimento e aversão, entrega e desapego, fuga e comunhão, relâmpago e monotonia. Leves e soltos, por instantes, para logo se fazerem de chumbo. Líquido, por força da temperatura, regressando à forma dos corpos, por via da palavra. Uma intensidade minimal de grande risco, onde cada peça de marcenaria encaixou, da luz ao trabalho dos actores, da orquestração das figuras à melodia. Há muito que não saía de um espectáculo* assim, desorientado, sem saber bem o que pensar. (*Escreveria experiência, se a palavra não tivesse sido roubada pelo marquetingue). Ainda não sei bem se gostei, mas isso interessa? Ah, tinha por título, de que desgostei, «AAC – Associação Amizade no Casamento». Sou homem casado, sei da amizade no casamento. Aprecio bastante o risco, como à mesa com ele. Praça da Criatividade, Óbidos, 22 Outubro No meio do desarranjo destes meses, contribuímos para a baderna do Folio com umas «rapidinhas», que as circunstâncias foram reduzindo a mínimos, mas cujo modelo gostaria de aprofundar: intervenções de 15 minutos, nas quais os autores, ou alguém por eles, se atrevem a extrair tema de um livro. E metidas a martelo na programação. Foi um ensaio, mas há que insistir em desenrascar outras formas de festivalar. Folia, mas melancólica, aconteceu na subida ao palco dos «Tomara Tu Ter uma Tia Assim (TTTTa)» para cantarmos loas ao desvario dos corpos. Sem copos, por razões que se não explicam. Horta Seca, Lisboa, 23 Outubro Desde sexta que, a cada pausa arrancada a ferros, me atiro a «Cento e Onze Discos Portugueses – A Música na Rádio Pública Portuguesa» (ed. Afrontamento/RTP/Antena 3/Cultura FNAC). Com coordenação do Henrique Amaro e do Jorge Guerra e Paz, a lista começa em 1936, com duas marchas de Beatriz Costa, para marcar o início da Rádio Pública, e segue até Capitão Fausto Tem Os Dias Contados, do ano passado. Estrutura e desenho simples, mas apetecível: capa do disco, comentário ao lado, ficha técnica, conjunto devidamente acompanhado por cronologia, pequenos textos de enquadramento e índices. Que mais precisamos para o deleite? Da rede, além da rádio. As listas possuem uma dinâmica curiosa: exigem logo opinião, artistas que faltam, trabalhos que podiam ser outros, discussão de critérios, etecetera. Nenhuma será perfeita, mas esta apresenta-se de talhe bem equilibrado, nos gostos, estilos, épocas e formatos. Oferece matéria para desilusões, que o afecto adolescente não é dos melhores críticos. Há rugas, claro, mas serão de expressão. Podemos ler as capas só por si, a ver se o que sobrou ainda diz bem ontem ou se desfez em nada. Mas serve sobretudo para revisitações e até descobertas. Diz-me ao ouvido que ter a minha idade pode ser consolo. Quando não estava distraído, assisti a uma série de pequenas e médias revoluções. A de Zeca e Sérgio e Zé Mário e Paredes e Fausto, a dos Telectu, Mler If Dada, Variações, Pop Del Arte, a dos Mão Morta ou Palma, a de Camané e dos Ornato Violeta. E por aí fora, em altas rotações, até à enorme riqueza deste presente pobre. Horta Seca, Lisboa, 24 Outubro «Contemplação Particular». Depois das desafiantes pinturas, que transcendiam o corpo, que o elevavam na sua mais pura materialidade, em abstracta dança de formas carnais, expostas depois em «Delubro», espaço do sagrado que parava o tempo ali para os lados do Centro Cultural de Belém, eis o livro, a tornar portátil o experimento. O António [Gonçalves] fecha com a inteireza da madeira (carvalho?) este seu deslumbrante e desafiante projecto, ignorado pela crítica. Aliás, que bem se cruzaria a peça da Marta com as telas do António! São da mesma massa, do mesmo risco: traço e navalhada. Por isso me irrita sobremaneira esta indigente falta de curiosidade. Serão cometas, mas podemos dar-nos ao luxo de ignorarmos a sua passagem por nós? Fecho parêntesis. Este objecto, ao menos, continuará a dizer do erotismo muito para além da inevitável morte, essa irmã chegada. Não será de igual modo, apesar de se estender a álbum, que a pintura se vê com o corpo todo, mas permite aproximações. E atira muita lenha para o desejo, com dvd e tudo. Tudo, que nasceu da leitura corpo-a-corpo de Flaubert e Bataille.
Julie Oyang PolíticaCom pezinhos de lã, a China tornou-se um universo paralelo Porque é que estas marcas estrangeiras foram “contaminadas pela cor local”? [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] semana passada a Internet chinesa viu-se inundada de discussões sobre a mudança na China do “inocente” nome da McDonald’s para 金拱门, que é como quem diz, Arcos Dourados. Aparentemente isto mexeu com os nervos dos jovens chineses fãs da cadeia americana de “fast-food”, pela dificuldade que têm em aceitar que uma “experiência exótica” tenha de ser submetida ao gosto e à estética locais, o que para eles não tem encanto nenhum. A McDonald’s tem sido vista como símbolo do estilo de vida ocidental, que encerra em si o conceito da sociedade de consumo, mas também de uma sociedade urbana com valores modernos e liberais. Para além disso, para eles, a McDonald’s representa o movimento das marcas estrangeiras que defendeu a abertura e as reformas na China – e estes jovens testemunharam todo o processo de adesão de um país socialista ao mundo capitalista. Quem diria que esta cadeia de “junk food” tinha tanto significado histórico e tanta conotação emocional? Em 1987, quando a primeira loja da KFC (Kentucky Fried Chicken) inaugurou em Pequim, a invasão de clientes foi tão grande que a gerência teve de pedir a ajuda da polícia para manter a ordem. As pessoas chegaram mesmo a realizar copos-de-água na KFC. Em 1990, quando abriu o primeiro McDonald’s na China, em Shenzhen, o entusiasmo ultrapassou os limites do imaginável. No dia da abertura, as receitas bateram o recorde mundial e o número de visitantes representou um marco histórico. Actualmente a McDonald’s chinesa serve pratos inspirados na gastronomia local. A cadeia de “fast food” já não realiza copos-de-água. Levou algum tempo, mas hoje em dia os chineses já perceberam que “junk food” é efectivamente o que o seu nome indica, uma comida que não presta. Aos poucos, estas marcas estrangeiras concluíram o processo de adaptação local e criaram o seu próprio universo paralelo, neste imenso mercado chamado China. Enquanto romancista e autora, tenho tendência para gostar de universos paralelos e da ideia romântica que lhes está associada. Mas será que a realidade se irá parecer cada vez mais com eles?
Tânia dos Santos SexanáliseToque [dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]ual é o maior órgão do corpo responsável pelo prazer? A pele. Acho que esta pergunta já foi usada em tom de anedota – não tenho muito jeito para anedotas – mas as palavras ‘prazer’ e ‘grande’ leva a pensarmos em formas fálicas, muito naturalmente. Temos a pele como a estrutura que nos protege do mundo exterior e a que conduz as mais variadas sensações, sejam elas de dor ou de prazer. No sexo, este prazer do toque é central para uma união sexual mais inteira, mas todos estão convidados a discordar. Desde cedo que aprendemos que os órgãos genitais estão no centro do prazer sexual sem reflectir acerca das periferias do corpo e o seu contributo. Quem tem fetiches particulares provavelmente terá uma noção mais alargada do sexo – para além dos seus genitais. A pele tem um papel importante nisto, ou por outra, o toque subtil ou violento estimula os nossos centros de prazer de forma mais integrada para quiçá, um bom preliminar ou um bom orgasmo. Temos o toque tão garantidamente presente. Quando nos privamos do toque enlouquecemos. Não me refiro somente ao contexto sexual, mas em tudo das nossas vidas. Quando é que sentiram que um abraço com o toque de um corpo com o outro poderia fortalecer o sentido de ser, um sentido de ligação quando estamos particularmente sozinhos na nossa experiência. Seres intelectuais que somos vivemos preocupados com a nossa mente, preocupamo-nos em viver com a ‘cabeça’, com racionalidade. Esquecemo-nos das sensações do corpo e da pele que a acompanha em formatos mais ou menos do nosso agrado – quem é que se sente totalmente confortável na sua pele? Vão-se perdendo sentidos porque vivemos demasiado agarrados ao passado ou no futuro, nunca no presente. O sexo vive disso também, de uma sensação de presença temporal que deveria ser obrigatória, e facilitadora pela pele. Prendemo-nos no(s) outro(s) à espera de percebermos mais sobre nós próprios, sobre o nosso corpo e a nossa sensação. Nada de pensar na lista de compras, nas tarefas ainda por fazer, nos problemas familiares ou num outro qualquer macaquinho na cabeça. Não – deixem-se ir. Se esta fosse a normal perspectiva do sexo, teríamos pessoas mais felizes? É provável que sim. Não que seja a solução perfeita para a doença mental, mas ajuda – nascemos sensíveis em todas as pontas do corpo para nos protegermos do perigo, para nos mantermos vivos, para nos sentirmos. Quantas vezes já se queimaram com água a ferver e tiveram a perfeita sensação de alívio por só ser uma pequena área do dedo? O contrário do prazer é a dor, e por mais que nos confundamos com a linha ténue de diferença, o prazer – mais ou menos intenso – ensinou-nos como é que nos tratamos bem. Mas é isso, somos tanto pelo hedonismo simplificado – da mesma forma que se criam robôs hedonistas sensíveis à aprendizagem pelo prazer – que bem podíamos dar complexidade ao prazer e à sensação, para nos deixarmos de prazer básico, e de consumo rápido. Queremos o prazer certeiro de roçar de genitais, ou será que queremos perder mais tempo (eu sei, ninguém tem tempo estes dias) a procurar formas de prazer mais sofisticadas, pele com pele, corpo com corpo e mente? Não quero complicar a vida de ninguém, mas se somos seres conscientes com potencial de prazer imenso, porque é que nos acomodamos? Procurem o prazer, conscientemente, lentamente. Compliquem o prazer para descomplicar tudo outra vez.
João Luz Ócios & NegóciosTokyo Horror Experience | Arlindo Neves, promotor [dropcap]B[/drocpap]em no espírito da época, o Tokyo Horror Experience transporta os visitantes para um dia numa casa assombrada. Uma experiência só para aqueles com estômago forte e que aguentem emoções extremas. Quem não criticou mil vezes a forma como os personagens dos filmes de terror andam às arrecuas, aumentando as possibilidades de tropeçar e ficar vulnerável ao ataque que vem do escuro? Ou a histeria que apaga qualquer rasto de racionalidade essencial à sobrevivência numa cenário aterrador? Até dia 12 de Novembro, no Galaxy Broadway (2/F), pode testar as formas de sobrevivência num contexto que só conhecemos, felizmente, da ficção. A possibilidade é proporcionada pela Tokyo Horror Experience, uma companhia de eventos que tem um largo conhecimento de mais de uma década no que toca a meter os cabelos de pé. No Japão o número de visitantes aproxima-se da barreira de um milhão de visitantes. A visita divide-se em duas partes, a “Japanese Ruin” e “Kominka”, que se estendem por uma área de cerca de um quilómetro quadrado. Arlindo Neves é um dos promotores do evento e faz parte de um grupo de jovens que comprou a licença à empresa japonesa para poder proporcionar às gentes de Macau momentos que ficam na memória. Isto apesar de já haver uma pequena casa dos horrores no Fishermans Wharf há alguns anos. “É a primeira vez que se traz uma casa de horrores desde género do estrangeiro para Macau, além disso existe uma falta experiências interactivas por cá”, conta. O promotor acrescenta ainda que o objectivo é “proporcionar aos visitantes momentos diferentes, num sítio interessante, para que possam desanuviar depois do trabalho ou no fim-de-semana”. Ai, que susto Quem embarcar nesta aventura terá um verdadeiro desafio para os sentidos num cenário escuro e assustador. O teste sensorial dá-se ao nível do olfacto, visão e tacto ao ponto de fazer os mais destemidos tremer da cabeça aos pés. A narrativa decorre num cenário que tem como pano de fundo as ruínas de um sanatório japonês que, sem surpresas, está assombrado. A ideia é escapar com vida e desvendar as pistas sempre sugestivas de forma a encontrar respostas para o bizarro caso de Sakura, uma menina desaparecida em circunstâncias misteriosas deixando para trás apenas um enorme mistério por deslindar. A resolução destes mistérios cabe, claro está, aos visitantes. Quanto às expectativas, Arlindo Neves conta que tem “como público alvo jovens adultos e adolescentes, estudantes do secundário e universitários”. O Tokyo Horror Experience espera atrair muitos turistas oriundos de Hong Kong e do Interior da China para bons momentos de terror. O promotor adiantou ainda que “o objectivo é trazer mais eventos internacionais para Macau, de forma a atrair visitantes de fora”. Não é a primeira vez que Arlindo Neves traz para a RAEM uma experiência deste género, ainda este ano promoveu o evento Rilakkuma, baseado num cartoon japonês, realizado no Fisherman’s Wharf durante o Verão. No futuro prepara-se para trazer uma exposição intitulada “Crayon Shin Chan”, igualmente originária do Japão. A segunda experiência, “Kominka” leva o visitante numa viagem no tempo regredindo um século até à Era Taisho, onde o visitante pode apreciar a arquitectura ancestral do Japão. Este tipo de acontecimentos requer uma preparação meticulosa não apenas ao nível dos cenários, mas também no que toca aos actores. Nesse sentido, a própria Tokyo Horror Experience empenha-se no recrutamento de pessoas para as experiências em Macau. Além disso, veio um maquilhador japonês emprestar o seu know-how à equipa. As visitas decorrem com grupos de quatro a seis pessoas que mergulham no ambiente escuro e repleto de mistérios por resolver. Uma experiência única e perfeita para celebrar o Halloween e para quem tiver estômago e nervos de aço.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping reúne com homólogo sul-coreano na próxima semana [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Presidentes da Coreia do Sul e da China vão reunir-se na próxima semana para tentar melhorar as relações bilaterais beliscadas pela instalação de um sistema de defesa antimíssil norte-americano, foi ontem anunciado. Moon Jae-in e Xi Jinping vão manter conversações à margem de um fórum regional anual que vai decorrer no Vietname, na próxima semana, afirmou Nam Gwan-pyo, responsável da presidência sul-coreana. O encontro tem lugar no quadro dos esforços por parte de Seul e Pequim para melhorar as relações bilaterais, indicou o mesmo responsável, em declarações transmitidas pela televisão e citadas pela agência de notícias norte-americana Associated Press (AP). Em resposta à controversa instalação de um sistema de defesa antimíssil norte-americano (THAAD), Pequim lançou uma retórica agressiva, argumentando que o THAAD representa uma ameaça à segurança nacional chinesa. Os negócios sul-coreanos presentes na China foram alvo de retaliações económicas. Isto apesar de Seul e o seu principal aliado, Washington, garantirem que o sistema tem objectivos meramente defensivos e visa responder a ameaças por parte da Coreia do Norte. O encontro com Xi Jinping vai ser o segundo desde que Moon assumiu a presidência da Coreia do Sul em Maio, depois do que teve lugar na Alemanha à margem da cimeira do G20.
Andreia Sofia Silva SociedadeSJM | Orçamento do Lisboa Palace mantém-se nos 36 mil milhões [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Sociedade de Jogos de Macau (SJM) prevê que o empreendimento Lisboa Palace, actualmente em construção no Cotai, deverá manter o orçamento inicial, apesar dos estragos causados pelo tufão Hato e pela ocorrência de dois incêndios. A informação consta no comunicado enviado à bolsa de valores de Hong Kong com os resultados financeiros do terceiro trimestre. “O grupo acredita que o orçamento total do projecto vai manter-se, aproximadamente, nos 36 mil milhões de dólares de Hong Kong”, pode ler-se. Ambrose So, administrador da SJM, adiantou que a concessionária “está actualmente a trabalhar com os construtores para restaurar as áreas afectadas o mais depressa possível, para que o projecto fique concluído no final de 2018”. Em relação aos resultados financeiros do terceiro trimestre, a SJM obteve um aumento de 0,6 por cento em termos de receitas de jogo, que se fixaram nos 10,015 mil milhões de dólares de Hong Kong. Contudo, nos primeiros nove meses do ano, as receitas fixaram-se nos 30,390 mil milhões de dólares de Hong Kong, uma queda de 1,2 por cento face a igual período de 2016. Em relação às receitas do sector VIP, foram de 4,728 mil milhões de dólares de Hong Kong no ultimo trimestre, um aumento de 7,4 por cento face a igual período de 2016. “O grupo manteve uma forte posição financeira liquida, com 13,456 mil milhões de dólares de Hong Kong em dinheiro, saldos bancários e promessa de depósitos bancários, e ainda 4,435 mil milhões de dívida a 30 de Setembro de 2017”, aponta o comunicado.
Hoje Macau InternacionalBES | Salgado recusa gestão danosa e culpas na situação dos lesados [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] fundador do BES, Ricardo Salgado, recusou ontem, em Santarém, ter feito uma gestão danosa do banco e declarou não se sentir culpado pela situação dos lesados, deixando para o Tribunal o apuramento da sua responsabilidade no processo. “Isso vai ter que ser apurado aqui, mas posso dizer que efectivamente o que aconteceu depois da minha saída foi o colapso provocado pelas provisões que foram mandadas constituir pelo Banco de Portugal e os auditores e que levaram o banco para um nível de rácio de solvência que não era possível, de acordo com as regras internacionais, manter a sua relação com o Banco Central Europeu”, declarou. “Foi isso que criou a queda do Banco Espírito Santo [BES]”, acrescentou. Ricardo Salgado falava à saída de uma audiência do julgamento do pedido de impugnação da contra-ordenação de 4,0 milhões de euros aplicada pelo Banco de Portugal (BdP) por comercialização de título de dívida da Espírito Santo Internacional (ESI) junto de clientes do banco, que decorre no Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão (TCRS), em Santarém. Os mandatários de Ricardo Salgado juntaram ao processo um parecer que, afirmou, “mostra, claramente, que as provisões que foram constituídas e que contribuem, claramente, para a destruição dos rácios de solvência do BES não eram de acordo com as regras do International Accounting Standards”. Emoções e convicções Recusando ter tido uma gestão ruinosa do banco, Salgado declarou ter a “convicção profunda de que vai provar isso”, acrescentando lamentar o que aconteceu aos lesados com a comercialização da dívida da ESI. “Dói-me profundamente a situação”, afirmou, sublinhando que até sair do banco, a 13 de Julho de 2014, “os lesados que tinham papel comercial e investimentos no grupo foram integralmente pagos”. Ricardo Salgado reafirmou que a resolução do BES “foi um desastre”, opinião que julga ser hoje compartilhada por “muitas pessoas”, já que “houve provisões que foram transferidas para o Novo Banco e que depois não foram utilizadas para solver os compromissos com os lesados”. “Quando deixei o banco, o banco tinha recursos mais do que suficientes para reembolsar todos os lesados e era isso que estava previsto”, frisou. Sobre o processo em julgamento no TCRS, Ricardo Salgado lamenta que o relatório da Boston Consulting, que “custou 910 mil euros aos portugueses, nunca mais saia cá para fora”, pois é “essencial para se conseguir apurar a verdade do que aconteceu”. O ex-banqueiro referiu ainda “condicionamentos na inquirição” por parte do BdP “em relação a duas testemunhas”, uma das quais terá sido “descoberto” durante as audições que terá “uma relação de familiaridade ou de amizade com outra testemunha muito significativa”, mas recusou avançar qualquer nome. Na audição do passado dia 7 de Setembro, o Ministério Público pediu a extracção de declarações do antigo responsável financeiro do Grupo Espírito Santo José Castella, para que seja averiguado se foi alvo de coacção durante a inquirição pelo Banco de Portugal, em Setembro de 2014, como afirmou na audição desse dia.
João Luz Internacional MancheteCatalunha | Divisão prossegue enquanto se aguarda pelas eleições regionais [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pós a destituição do Presidente catalão, Carles Puigdemont, a população que está contra a independência saiu à rua em números consideráveis, para gáudio das autoridades de Madrid. Entretanto, as primeiras sondagens referentes às eleições regionais não dão maioria às forças politicas separatistas que suportavam o anterior Governo exonerado por Mariano Rajoy. Por vezes a realidade parece imitar a ficção. Com as devidas diferenças de intensidade dramática e, felizmente, muito menos sangue derramado, a situação política na Catalunha parece imitar a série “Game of Thrones”. Antes da entrada para o fim-de-semana, o Executivo liderado por Mariano Rajoy destituiu o presidente do governo catalão, Carles Puidgemont e anunciou eleições regionais para o dia 21 de Dezembro. O homem que tem encabeçado o movimento independentista não aceitou o afastamento e pediu aos catalães uma “oposição democrática”. “Numa sociedade democrática são os parlamentos que escolhem os seus presidentes”, disse Carles Puigdemont numa declaração oficial gravada previamente e transmitida pelas televisões espanholas. Entretanto, a discussão política subiu de tom com o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, Alfonso Dastis, admitindo que o líder catalão demitido por Madrid pode mesmo ser preso por participar no movimento independentista. A cereja em cima do bolo político foi a declaração unilateral de independência feita pelo parlamento da Catalunha, posição na qual Puidgemont terá tido papel preponderante e que pode resultar em acusações criminais. Se for acusado de rebelião, o ex-presidente Puigdemont pode ser condenado a uma pena que vai até 30 anos de prisão. Mantendo o forte simbolismo que tem atravessado todo o processo, a votação parlamentar fez-se sem a presença dos deputados da oposição que abandonaram o hemiciclo deixando bandeiras espanholas nos lugares vazios. Rei Rajoy Após a destituição de Carles Puigdemont, e até serem apurados os resultados das eleições regionais, Madrid teve luz verde do Senado espanhol que autorizou o Governo a aplicar o artigo 155º da Constituição de forma a restituir a legalidade na região autónoma. Até haver Governo catalão, a autonomia da região fica suspensa. Rajoy concluiu a sua intervenção no plenário do Senado sublinhando que, perante o desafio independentista, “não é a Catalunha”, mas sim a “Espanha inteira que está em cima da mesa”, pedindo solidariedade e responsabilidade a todas as forças políticas para lidar com a situação catalã. A completar esta esgrima entre Madrid e Barcelona, que torna minúscula a rivalidade futebolística, no domingo as ruas da capital catalã encheram-se de apoiantes da unidade espanhola. A polícia municipal de Barcelona estimou que os manifestantes contra a independência tenham chegado aos 300.000, um número que em muito se distancia dos indicados pela Sociedade Civil Catalã que apontaram para cerca de 1,3 milhões. Entre cânticos do conhecido “Y Viva España”, os manifestantes pediram a prisão dos dirigentes separatistas chefiados pelo presidente do Governo regional, Carles Puigdemont, nas ruas de Barcelona. Na cabeça da manifestação estiveram a ministra da Saúde espanhola, a catalã Dolors Montserrat, em representação do Governo de Madrid, e os líderes regionais dos principais partidos que lutam contra a divisão de Espanha. Nos cartazes empunhados pela multidão liam-se slogans como “Espanha unida”, “despertar de um povo silenciado”, “pela reconciliação entre os catalães divididos”, e “todos somos catalães”. Além disso, os organizadores da manifestação demonstraram o desejo de que as próximas eleições regionais decorram num espírito de convivência e diálogo, dentro da lei, e que o sufrágio conduza a uma “Catalunha unida”. Primeiras sondagens Os partidos independentistas actuais não vão conseguir ter a maioria necessária para formar Governo na Catalunha nas próximas eleições regionais, em 21 de Dezembro próximo, segundo a primeira sondagem publicada no diário El Mundo. De acordo com o estudo de opinião, os partidos separatistas que suportavam o executivo regional exonerado teriam 65 deputados (42,5 por cento) num total de 135 deputados, três menos do que os necessários para governar. A Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) seria o mais votado, com 26,4 pontos percentuais das intenções de voto, o Partido Democrático Europeu Catalão (PDeCAT, direita) de Carles Puigdemont teria 9,8 por cento e a Candidatura de Unidade Popular (CUP, extrema-esquerda) 6,3 por cento. Os partidos constitucionalistas (não independentistas) somariam 43,4 pontos, sendo o mais votado o Cidadãos (centro) com 19,6 por cento, seguido pelo Partido dos Socialistas da Catalunha (PSC, socialistas agregados ao PSOE) com 15,1 e o Partido Popular (PP, direita) com 8,7 por cento. O Catalunha Sim Se Pode (CSQP, extrema-esquerda, próxima do Podemos) obteria 11 por cento dos votos. É de salientar que actualmente, o partido de Carles Puidgemont é o que mais deputados tem no parlamento catalão. Contexto europeu O terramoto catalão poderá ter réplicas na geologia política do País Basco, mas o movimento pode servir de inspiração para outras regiões europeias que também anseiam independência. Depois do Kosovo ter declarado a independência unilateralmente em 2008, os independentistas da Flandres, a região holandesa da Bélgica, merecem toda a atenção das autoridades europeias. A região tem já alguma autonomia, tendo um parlamento próprio onde a representação do movimento nacionalista conta com 50 assentos num total de 124. Depois de uma crise política que assolou a Bélgica entre 2010 e 2011, a Aliança Nova Flandres entrou para o Governo federal belga, ficando com a possibilidade de influenciar por dentro os destinos do país e da região. Em Itália, nas regiões nortenhas de Veneto e Lombardia, onde grande parte da riqueza do país se concentra, pede-se maior autonomia em relação a Roma, em especial em termos financeiros. No entanto, não se discute ainda a questão da independência. Num referendo realizado no passado dia 22 de Outubro, mais de 40 por cento dos eleitores manifestaram vontade de maior autonomia. Neste caso, os partidos que apoiam um maior poder regional, em particular em termos de receitas com impostos, são do espectro político da direita. Aliás, na Lombardia é quase tradicional a distância cultural e social com o sul do país. Em França os sentimentos separatistas são insulares, para ser mais específico centram-se na Córsega. Nas últimas eleições legislativas francesas os eleitores da ilha elegeram três candidatos abertamente pró-independência para a Assembleia Nacional, os primeiros do movimento com assento parlamentar. É de salientar que a Córsega já goza de uma relativa autonomia e de um estatuto especial na sua relação com Paris. Já na assembleia regional os nacionalistas são a maioria e aprovaram uma moção a 22 de Setembro a destacar a “inegável legitimidade do governo da Catalunha”. O presidente do órgão colegial da Córsega, Jean-Guy Talamoni, chegou mesmo a expressar no Twitter o apoio “aos amigos da Catalunha” e condenou “a agressão espanhola contra a democracia”. Para já, a situação na ilha mantem-se calma, sem haver menção a uma palavra que anda a espalhar o terror entre os governos centrais: referendo. Eduardo Lourenço comentou que os catalães “têm que pensar duas vezes se querem ser uma ilha ou se querem pertencer realmente a um espaço maior que é um espaço histórico universal”. O ensaísta considera que a luta pela independência da Catalunha pode representar “o princípio de uma fragmentação virtual” da União Europeia. O próprio presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker alertou que a União Europeia não precisa de “mais fissuras”, enquanto que Donald Tusk reiterou que a Espanha continua a ser o único interlocutor com Bruxelas. O presidente do Conselho Europeu acrescentou ainda que espera que a força dos argumentos se sobreponha aos argumentos da força. Visão catalã A viver em Lisboa, Natália Tost, catalã e independentista acompanhou de longe os acontecimentos do fim-de-semana, no entanto, emocionalmente a distância não existiu. “O voto para mim foi algo muito emocionante, vi na televisão e chorei o tempo todo”, conta. Apesar de ser favorável à independência, Natália reconhece o perigo e “as consequências que pode ter para o país”. Casada com um português, Natália Tost identifica-se como uma “mulher republicana, catalã e nascida numa casa humilde, por isso três vezes rebelde”. A questão não se lhe afigura como uma dicotomia entre independência ou integração, destacando que há uma imensa pluralidade entre os que querem mais soberania para a Catalunha. Nesse aspecto, apesar da emoção com que viu o voto do parlamento regional, entende que o processo seguiu moldes fracos. “Acho que as minhas filhas vão ver dentro de uns anos uma Catalunha mais soberana, mas agora vamos entrar num período complicado, acho que vamos andar para trás”. A catalã acrescenta ainda que “a manifestação pró-integração demonstra que há gente chateada e com vontade de sangue”.
Hoje Macau Manchete PolíticaÓrgão municipal | Deputados contra a nomeação de membros [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s deputados conhecidos pela sua acção pró democrata manifestaram-se todos contra a recente decisão do Governo em nomear a totalidade dos membros do novo órgão municipal sem poder político. Para os deputados trata-se de mais uma medida em que a democracia regride no território. Quatro deputados da ala pró-democracia de Macau insurgiram-se, esta sexta-feira, na Assembleia Legislativa (AL), contra o recente anúncio do Governo de que o futuro órgão municipal sem poder político não terá qualquer membro eleito. No período de intervenções antes da ordem do dia, Ng Kuok Cheong, Au Kam San, Sulu Sou e José Pereira Coutinho criticaram o anúncio do Executivo, na terça-feira, de que os membros do prometido órgão municipal serão todos nomeados pelo líder do Governo, apesar de órgãos semelhantes no tempo da administração portuguesa contarem com eleições. “Recordo que antes do retorno de Macau à pátria, havia assembleias municipais, com membros eleitos pela população. Também na Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK) existem órgãos semelhantes, conselhos distritais”, apontou Pereira Coutinho. O único deputado luso-descendente da AL de Macau criticou o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) – que veio substituir as câmaras do tempo da administração portuguesa e que vai ser extinto para dar lugar a este novo órgão -, dizendo que “padece do problema de tráfico de influências e baixa eficiência”. “Por isso, os novos órgãos municipais devem pautar-se por servir o povo e ter a participação da população na sua constituição”, afirmou. O democrata Ng Kuok Cheong, que há muito pedia que o Governo avançasse com a criação deste órgão, considerou a decisão de “incompreensível”. “A RAEHK é uma região onde também se aplica o princípio ‘um país, dois sistemas’, e foram criados, nos termos da Lei Básica, órgãos por zona sem poder político, e recorreu-se ao sufrágio direto para a eleição dos membros dos conselhos distritais (…) o não admitir eleições por se tratar de órgãos sem poder político é um juízo extremamente errado”, criticou. Ng Kuok Cheong instou o executivo a explicar se houve, da parte do Governo Central da China, alguma oposição à implementação de eleições para estes cargos, e caso isso não tenha acontecido, que apresente então os seus motivos. Aristocracia activa “Tenho de apelar aqui publicamente aos poderosos e aos aristocratas que governam a RAEM [Região Administrativa Especial de Macau] para que parem de agir em sentido contrário, impedindo o ritmo do desenvolvimento democrático das zonas comunitárias e que parem de prejudicar Macau”, afirmou. O colega de bancada Au Kam San, que antes da transferência de Macau para a China foi eleito para dois mandatos de assembleias municipais, também sublinhou a importância de estes lugares serem sujeitos a sufrágio, e lembrou que vão fazer parte da comissão de 400 membros que elege o líder do Governo. “Os órgãos municipais têm de contar com elementos eleitos pela população, pois só assim é que será possível uma representação política”, salientou. “Pode dizer-se que esta operação para recriação de órgãos municipais demonstra plenamente o estado podre e decadente do Governo, que prefere prejudicar o interesse geral de Macau (…) para assegurar os interesses instalados e os almoços políticos gratuitos de certos grupos com direitos especiais”, acusou. Retrocesso democrático Na mesma linha manifestou-se o novo membro da ala pró-democracia, eleito em Setembro. Para Sulu Sou, as características deste novo órgão revelam “o retrocesso da democracia de Macau”, já que o Governo “fechou a porta à democracia municipal”. Segundo Sulu Sou, a não eleição dos membros fará com que este órgão continue a não trabalhar convenientemente, não precisando de “responder às solicitações [da população] nem de tratar das suas queixas”. O futuro órgão municipal sem poder político será em tudo, menos no nome, igual ao IACM, sublinhou. “Macau precisa de um mecanismo representativo do povo, de baixo para cima”, defendeu. Apesar de a Lei Básica de Macau afirmar que os residentes têm o direito de eleger e ser eleitos, apenas 14 dos 33 deputados podem ser escolhidos directamente pela população e o líder do Governo é eleito por um colégio de 400 membros. O novo órgão municipal sem poder político encontra-se agora em consulta pública e espera-se que seja constituído em 2019. Será composto por dois conselhos, nomeados pelo Chefe do Executivo, um de administração municipal, com não mais de oito membros, e um consultivo municipal, com não mais de 25. Os membros destes dois conselhos vão escolher, entre si, dois representantes para integrar a comissão eleitoral do chefe do Governo.
Hoje Macau PolíticaSónia Chan | Governo vai manter conselhos consultivos [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, disse aos jornalistas que a criação do novo órgão municipal sem poder político não invalida a continuação dos conselhos consultivos que já existem para dar pareceres na mesma área. Citada por um comunicado oficial, Sónia Chan garantiu que “o Governo irá manter [os conselhos consultivos dos serviços comunitários] tendo em conta que podem dar opiniões sobre a acção governativa, servindo de plataforma de consulta mais vasta”. Quanto ao futuro “Instituto Municipal”, que irá substituir o actual Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), “terá funções consultivas e de gestão, o que permite realizar pareceres de carácter consultivo sobre matérias ligadas à cultura, recreio e salubridade pública”. SMG | Agnes Lam pede responsabilizações além de Fung Soi Kun [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] deputada Agnes Lam interpelou o Governo sobre a possibilidade de aplicação de sanções disciplinares a outros governantes que não apenas Fung Soi Kun, em relação aos estragos e às mortes provocadas pela passagem do tufão Hato. Segundo o Jornal do Cidadão, a deputada considera que Fung Soi Kun não deve ser alvo de qualquer condenação, numa altura em que o antigo director dos Serviços Metereológicos e Geofísicos enfrenta um processo disciplinar, ainda sem conclusões. AL | Corte no orçamento do próximo ano [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Orçamento da Assembleia Legislativa para o ano económico de 2018, que vai ser discutido dia 6 de Novembro, sofre um corte de cerca de um milhão de patacas face a 2017. De acordo com o canal de rádio da TDM, a proposta, já admitida na Assembleia Legislativa, prevê um valor de 184 milhões 630 mil patacas. Trata-se de um corte de 0,71 por cento, quando comparado com o orçamento inicial da Assembleia Legislativa para 2017. No entanto, se a comparação for feita com o orçamento revisto em alta em Abril, o corte é de 0,84 por cento. Em 2018, a Assembleia Legislativa conta gastar menos com o pessoal – são cerca de 139 milhões – uma redução anual de 0,69 por cento. Para o próximo ano, destaca-se o aumento das despesas de capital. O valor duplica face a 2017 para cinco milhões 980 mil patacas.
Hoje Macau PolíticaAL | Exigida importação de motoristas [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]rês deputados de Macau pediram ao Governo que autorize a contratação de motoristas ao exterior, uma profissão que, a par da de ‘croupier’ de casino, é reservada aos trabalhadores locais. “Solicitamos ao Governo, novamente, para estudar e considerar, a fim de deixar de indeferir, uniformemente, os pedidos de importação de motoristas”, afirmaram Kou Hoi In, Chui Sai Peng e Ip Sio Kai em reunião plenária da Assembleia Legislativa. Os deputados indicaram que apenas pretendem que seja autorizada a importação de motoristas para entrega de mercadorias, distinguindo-os dos “motoristas profissionais”. Numa intervenção conjunta na Assembleia Legislativa, os deputados lembraram que há “insuficiência de recursos humanos nas pequenas e médias empresas”, com a dificuldade em encontrar motoristas entre os “problemas mais graves”. A título de exemplo, os três deputados apontaram para a entrega de gás, ramo em que há “veículos que ninguém conduz”, sendo os trabalhadores “obrigados a usar bicicletas para o transporte”, o que depois se traduz em multas da polícia. “A média etária dos motoristas efectivos está a aumentar cada vez mais e a falta de sucessores resulta em vagas. A insistência do Governo em limitar as funções de motorista aos trabalhadores locais contribuiu, originalmente, para garantir o seu acesso ao emprego, mas o desenvolvimento de muitas PME foi posto em causa (…) e os trabalhadores locais estão sobrecarregados de trabalho”, afirmaram. Assim, os três deputados lançaram um repto: “Desejamos que os serviços competentes sejam práticos e realistas (…) adoptando assim uma política que permita a condução de veículos por entregadores de mercadorias não residentes”.
Hoje Macau Manchete PolíticaLei Sindical | Projecto de lei é chumbado pela nona vez [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] projecto de lei apresentado pelo deputado Pereira Coutinho voltou a ser chumbado, na sexta-feira, pela maioria dos deputados à Assembleia Legislativa. O Regime Jurídico de Garantias dos Direitos e Interesses dos Idosos passou, mas não sem críticas. A Assembleia Legislativa (AL) de Macau voltou a chumbar, pela nona vez, um projecto de lei sindical, apesar de críticas de vários deputados à demora do Governo em regulamentar um direito previsto na lei fundamental de Macau. A Lei Básica de Macau consagra, no artigo 27.º, que os residentes do território gozam da “liberdade de organizar e participar em associações sindicais e em greves”, no entanto tal nunca foi regulamentado. Desde a transferência de Macau para a China, em 1999, o deputado luso-descendente José Pereira Coutinho apresentou vários diplomas sobre a matéria, bem como alguns colegas da ala dos operários. Tal como nas ocasiões anteriores, o hemiciclo não aprovou o projecto, exactamente com a mesma votação dos últimos dois diplomas sobre a matéria: dos 33 deputados que compõem a AL, 12 votaram a favor, 15 contra. Apesar de a maioria votar contra, foram os deputados que apoiavam a ideia que mais pediram para falar. “Na Lei Básica isto está consagrado, porque não encaramos com seriedade? Se não conseguimos produzir uma Lei Sindical, quais são as consequências? (…) Devido à falta de uma Lei Sindical estamos a fugir a determinadas matérias nomeadamente à negociação colectiva”, lamentou Ella Lei, com ligações aos operários. Sulu Sou, do campo pró-democracia, lembrou que esta é uma matéria sobre a qual as organizações internacionais têm vindo a pressionar Macau, com o Governo a “empurrar responsabilidades” dizendo que “não há consenso na sociedade” sobre o assunto. “Porque é que o sector empresarial tem tanto medo? A Lei Sindical não é um instrumento para ser usado pela parte laboral para gerar conflitos, para ameaçar o patrão, é para promover uma oportunidade de conversa entre ambas as partes”, sublinhou. No final do ano passado, o Governo anunciou o lançamento de um concurso público para adjudicar um estudo sobre as condições para a regulamentação de uma Lei Sindical. Este estudo só deve estar concluído em meados de 2018. Idosos por um triz Na sessão de sexta-feira foi aprovado na generalidade o Regime Jurídico de Garantias dos Direitos e Interesses dos Idosos, um diploma que alguns deputados consideraram pouco concreto. A lei enumera os compromissos do Governo com esta faixa da população, garantindo prestação de cuidados de saúde gratuitos, alimentação e habitação para os mais carenciados, condições de acessibilidade em transportes e serviços públicos, isenção de tarifas na utilização de equipamentos culturais e desportivos, entre outros. O diploma compromete também o apoio do Executivo aos prestadores de cuidados aos idosos, ainda que não seja especificado de que modo. No que toca aos litígios civis entre os idosos e a família em matéria de prestação de alimentos, habitação ou património, é previsto que o Instituto de Acção Social medeie uma conciliação, antes de avançar para fase judicial. É prevista ainda a criação de “um mecanismo de avaliação unificada, de encaminhamento e de espera relativo aos candidatos que requerem o serviço de internamento nos lares e outros serviços de cuidados permanentes”. Vários deputados sublinharam a dificuldade de muitas famílias em tomar conta dos idosos, visto muitos terem problemas de saúde e os filhos a trabalhar, acabando por optar pelos lares, onde as vagas escasseiam. Ainda assim, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, frisou que “o Governo tem uma política muito clara de incentivo às pessoas para cuidarem dos seus idosos em casa”. “Se colocarmos os nossos idosos em asilos ou lares podemos imaginar qual vai ser o número, todas as despesas que isso implica (…) temos essa responsabilidade de cuidar dos nossos pais”, afirmou. Pereira Coutinho foi um dos que apontou o dedo à falta de concretização do regime: “Com base neste diploma não vou conseguir extrair alguma coisa que me proteja, vou ter de ler leis avulsas. Não me dá estrutura para dizer a esta ou aquela entidade que têm de respeitar esta lei (…) É como uma laranja, ao espremer não sai muito sumo que o idoso possa beber deste diploma. Isto francamente não chega”. Em 2016, Macau contava com 9,8 por cento de população idosa, com as previsões a apontarem para um aumento até 20,7 por cento até 2036.
Hoje Macau PolíticaLeong Sun Iok pede mais inspecções nos casinos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] recém-eleito deputado de Macau Leong Sun Iok, da Federação das Associações de Operários, pediu ao Governo que mobilize inspectores em permanência para os casinos, para garantir que a lei antitabaco não é violada. No período de intervenções antes da ordem o dia na Assembleia Legislativa (AL), Leong criticou os casinos de Macau, dizendo que tudo fazem para contornar a Lei da Prevenção e Controlo do Tabagismo, adoptada em 2012 e que tem gradualmente vindo a alargar o seu âmbito, abrangendo também os casinos. O antigo ‘croupier’ afirmou que os casinos encontraram, desde 2014, quando foram criadas salas de fumo, “vários métodos para contornar a lei (…) deixando os clientes fumar”. O novo deputado dá como exemplo de má conduta casos em que não são afixados os dísticos necessários nas zonas onde não se pode fumar, áreas de fumadores que têm o seu âmbito alterado, bem como casos em que “enganam os clientes, afirmando que era permitido fumar nas áreas para não fumadores, e até impediram os seus trabalhadores de dizer aos clientes que era proibido fumar naquelas áreas”. “Os casinos violam a lei a seu bel-prazer e os trabalhadores já não conseguem tolerar isso”, criticou. Leong disse que “o controlo do tabaco nos casinos não obteve resultados satisfatórios” e lamentou que as salas de fumo continuem a ser permitidas, ao contrário do que tinha sido anteriormente anunciado pelo Governo, que pretendia proibir totalmente o tabaco nestes espaços. Dia e noite Para combater “os riscos do tabagismo” para os trabalhadores dos casinos, o deputado sugeriu que o Governo “simplifique os procedimentos relacionados com a aplicação da lei por parte dos inspectores” e “mobilize esse pessoal para ficar nos casinos 24 horas por dia”. A Lei da Prevenção e Controlo do Tabagismo entrou em vigor em 2012. Em 2015 passou a aplicar-se a bares, salas de dança, estabelecimentos de saunas e de massagens. Os casinos foram abrangidos dois anos antes, a 1 de Janeiro de 2013, mas apenas parcialmente, dado que as seis operadoras de jogo foram autorizadas a criar zonas específicas para fumadores, que não podiam ser superiores a 50% do total da área destinada ao público. Em Outubro de 2014, “as zonas para fumadores” foram substituídas por salas de fumo fechadas, passando a ser proibido fumar nas zonas de jogo de massas dos casinos e permitido apenas em algumas áreas das zonas de jogo VIP. No Verão do ano seguinte foi aprovada, na generalidade, uma proposta de lei que proibia totalmente o fumo nos casinos, mas o Governo viria a recuar na promessa inicial de ‘tolerância zero’.
Hoje Macau PolíticaBancos | Aprovado reforço de garantias a depositantes [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Conselho Executivo aprovou a proposta de lei que prevê mais garantias aos depositantes em caso de falência bancária. Foi também aprovado pelo mesmo organismo o regulamento administrativo que visa a reformulação da Direcção dos Serviços de Economia. O Governo de Macau elaborou uma proposta de lei de alteração ao Regime de Garantia de Depósitos que prevê mexidas nos critérios a observar no valor da compensação a pagar pelos bancos, excluindo a dedução de dívidas. Esta proposta de lei tem como finalidade “a simplificação do cálculo de compensação a pagar aos depositantes”, traduzindo-se nomeadamente “no reforço da garantia a conceder aos direitos e interesses razoáveis dos depositantes”, “contribuindo, assim, para a promoção da política de estabilidade financeira de Macau”, afirmou o porta-voz do Conselho Executivo, Leong Heng Teng. Em concreto, o Governo propõe mexidas nos critérios a observar na determinação do valor da compensação, deixando cair a dedução das eventuais dívidas do depositante à respectiva instituição quando é accionada a garantia pelo Fundo de Garantia de Depósitos (FGD). À luz da proposta de lei – que carece de ser aprovada pela Assembleia Legislativa – continuam a ser levados em conta os saldos dos depósitos garantidos do depositante na entidade participante em causa, acrescidos dos respectivos juros contados até àquela data, explicou Leong Heng Teng. O actual regime prevê um limite máximo de reembolso de 500 mil patacas a cada depositante e por banco. Todos os bancos autorizados a exercer actividade em Macau (com a excepção dos ‘offshore’) e a Caixa Económica Postal são obrigados a participar no Regime de Garantia de Depósitos, cuja gestão e financiamento é da competência do FGD, apoiado técnica e administrativamente pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM). Reestruturação declarada O Conselho Executivo anunciou que deu ‘luz verde’ a duas propostas de regulamento administrativo, com a primeira a dizer respeito à organização e funcionamento da Direcção dos Serviços de Economia (DSE). “Devido à mudança rápida da conjuntura económica mundial verificada nos anos recentes e à realidade do desenvolvimento económico de Macau”, propõe-se uma “reconfiguração da estrutura orgânica” da DSE que “permita impulsionar o desenvolvimento industrial e comercial de Macau, promovendo a diversificação adequada da economia e satisfazendo as necessidades da sociedade”. Não obstante as mudanças, incluindo fusões, a estrutura da DSE manter-se-á com cinco departamentos e nove divisões. No entanto, vão ser retiradas ao Departamento de Desenvolvimento de Convenções e Exposições e das Actividades Económicas (DDCEAE) as competências relativas à promoção do desenvolvimento de convenções e exposições. Essas competências vão passar para o Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM) que, por via dessa mudança, vai ver o regime orgânico alterado. Segundo Leong Heng Teng, sugere-se “alargar o âmbito das responsabilidades do IPIM, adicionando nomeadamente o impulso ao desenvolvimento da indústria de convenções e exposições e promoção das funções de Macau como plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa”. Neste âmbito, vai ser criado o departamento de promoção comercial e económica dos países de língua portuguesa, complementou o presidente do IPIM, Jackson Chang.
Hoje Macau Manchete SociedadeCartas de condução | Deputados temem agravamento do trânsito Vários deputados debateram a questão do reconhecimento mútuo das cartas de condução de Macau e do interior da China, temendo um agravamento das condições do tráfego no território. Lam Hin San, director da DSAT, afasta essa possibilidade [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]ste domingo a TDM promoveu um debate com cinco deputados da Assembleia Legislativa sobre a proposta de reconhecimento mútuo das cartas de condução de Macau e do interior da China, uma medida anunciada a semana passada pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). Segundo a imprensa chinesa, o deputado Si Ka Lon crê que a medida proposta pelo Governo segue uma tendência já verificada, uma vez que Hong Kong e o interior da China já colocam em prática esse reconhecimento dos documentos de condução há mais de dez anos. Uma vez que a cooperação com a província de Guangdong está mais estreita, e também devido ao facto de vários residentes realizarem os exames de condução no continente, Si Ka Lon considera que a medida pode ser benéfica. Leong Sun Iok, deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), disse estar preocupado com a possibilidade do aumento do número de veículos em circulação, o que pode trazer um grande impacto à vida da população local. O número dois de Ella Lei na AL lembrou a existência de excesso de motoristas ilegais em Macau, sendo que, quando a proposta for implementada, haverá o risco da vinda de mais motoristas não residentes, o que pode piorar a situação de ilegalidade. Ng Kuok Cheong considerou “óbvia” a possibilidade de piorar não só a situação dos motoristas ilegais como o panorama do tráfego em Macau. A proposta anunciada pela DSAT já tinha sido abordada em 2013, mas não avançou por falta de viabilidade. O deputado pró-democrata frisou que as autoridades decidiram implementar a proposta dado o futuro planeamento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Para Ng Kuok Cheong, este projecto de integração regional “visa melhorar as cidades e não torná-las iguais”. Tendo em conta as condições de Macau, Ng Kuok Cheong acha que “são sempre bem-vindos os visitantes, mas convém usarem transportes públicos”. O deputado defendeu ainda que as autoridades comuniquem com a China, para que os futuros novos condutores tenham a percepção das características locais. Na visão de Ho Ion Sang, deputado ligado à União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong), esta não é a altura ideal para se avançar com a proposta de mútuo reconhecimento das cartas de condução, pelo facto do trânsito em Macau enfrentar problemas de planeamento. Ho Ion Sang lembrou ainda o mau funcionamento dos autocarros públicos, as ilegalidades cometidas pelos taxistas e a entrada em funcionamento do metro ligeiro só em 2019, [e apenas no segmento da Taipa]. O deputado considera, portanto, que o Governo só deve implementar esta medida quando forem criadas melhores condições para o trânsito e transportes públicos. Ainda assim, defende que o reconhecimento mútuo das cartas de condução será uma tendência a seguir nos próximos tempos. Mak Soi Kun defendeu, por sua vez, que o Governo de Macau deve comunicar de forma estreita com as autoridades da China, ao mesmo tempo que se devem melhorar os serviços de autocarros e garantir a execução das leis. Sem pressão Citado pelo Jornal do Cidadão, o director da DSAT, Lam Hin San, lembrou que a cada ano que passa há mais turistas a necessitar de conduzir em Macau, além de que o número de acidentes de viação tem diminuído nos últimos dois anos. Tendo em conta o exemplo de Hong Kong, Lam Hin San frisou que o número de visitantes em Macau não será excessivo. Com as medidas de controlo da circulação de veículos e as opções de deslocação existentes, o responsável defende que, numa fase inicial, a nova medida não vai trazer um impacto significativo ao trânsito. O chefe do departamento de trânsito do Corpo de Polícia de Segurança Pública, Vong Vai Hong, acredita que a proposta não vai aumentar as dificuldades de combate aos motoristas ilegais. Caso seja necessário, haverá um aumento da fiscalização, alertou. Também Vong Vai Hong não acredita num aumento exponencial do número de acidentes de viação.
Hoje Macau SociedadeComércio | Exportações sobem de Janeiro a Setembro [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] comércio externo de Macau subiu 6 por cento nos primeiros nove meses do ano, em termos anuais homólogos, atingindo 63,03 mil milhões de patacas, indicam dados oficiais divulgados. De acordo com a Direção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), entre Janeiro e Setembro, Macau exportou bens avaliados em 8,56 mil milhões de patacas – mais 10,7 por cento – e importou produtos avaliados em 54,47 mil milhões de patacas, ou seja, mais 5,3 por cento, em termos anuais homólogos. Por conseguinte, o défice da balança comercial nos nove primeiros meses do ano atingiu 45,91 mil milhões de patacas, traduzindo um agravamento de 4,3 por cento em termos anuais homólogos. Em termos de mercados, as exportações para a China totalizaram 1,63 mil milhões de patacas, reflectindo uma subida de 21,4 por cento relativamente a igual período do ano transato. As vendas para Hong Kong, para a União Europeia e para os Estados Unidos subiram 16,8 por cento, 2,6 por cento e 22,2 por cento, respectivamente, em termos anuais homólogos, segundo a DSEC. As exportações para os países de língua portuguesa cifraram-se em 700 mil patacas, traduzindo um ‘tombo’ de 88 por cento face ao período homólogo de 2016. Já do lado das importações, Macau comprou à China produtos no valor de 17,85 mil milhões de patacas nos primeiros nove meses do ano, ou seja, menos 5,4 por cento em termos anuais homólogos. A mesma tendência foi verificada nas importações de mercadorias dos países de língua portuguesa que diminuíram 3,3 por cento. Em sentido inverso, as compras à UE aumentaram 12,3 por cento.
Hoje Macau SociedadeCEPA | Assinado acordo entre Hong Kong e Macau Já foi assinado o acordo bilateral de comércio livre entre Macau e Hong Kong. No entanto, a sua operacionalidade vai no ínicio abranger apenas os serviços. Fica em falta o sector do comércio de mercadorias [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Governos de Macau e de Hong Kong, as duas Regiões Administrativas Especiais da China, assinaram sexta-feira um acordo bilateral de comércio livre que no arranque prevê apenas a liberalização de serviços. O Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre Hong Kong e Macau (CEPA HK-Macau), indicou o Gabinete de Comunicação Social em comunicado, prevê a livre circulação de mercadorias, a facilitação dos procedimentos aduaneiros e de comércio e a abertura do comércio de serviços ou cooperação no domínio da propriedade intelectual. No âmbito do Acordo CEPA HK-Macau, a região vizinha compromete-se a liberalizar 105 serviços a Macau que, em contrapartida, vai abrir 72 serviços a Hong Kong, diz a mesma nota, sem qualquer referência, porém, ao comércio de mercadorias. O acordo foi firmado pelos titulares das pastas de Economia e Finanças de Macau e de Hong Kong, respectivamente, Lionel Leong e Paul Chan Mo-po, após a 10.ª reunião de alto nível de cooperação entre as duas Regiões Administrativas Especiais realizada na sexta-feira em Hong Kong. Antes tarde que nunca No encontro anterior, em Julho de 2016, em que os dirigentes rubricaram o “documento principal” do Acordo CEPA HK-Macau, que definiu as regras a serem aplicadas às áreas do comércio de mercadorias e serviços, do investimento ou propriedade intelectual, ficou a promessa de que o acordo seria celebrado até ao final desse ano. Os três acordos CEPA – entre Hong Kong e Macau, entre a China e Hong Kong e entre a China e Macau – “vão contribuir para um melhor ambiente de comércio livre e um efeito activo de sinergias”, sublinha o mesmo comunicado oficial. Desde a entrada em vigor do Acordo CEPA – entre Macau e a China –, em Janeiro de 2004, têm vindo a ser assinados vários suplementos, com vista ao alargamento das áreas, produtos e serviços. De Janeiro de 2004 até Dezembro de 2016, o valor acumulado das exportações de mercadorias com isenção de direitos aduaneiros atingiu 764,44 milhões de patacas. No plano do comércio de serviços, no mesmo período, foram emitidos 612 certificados de prestador de serviços de Macau, quase metade dos quais relativos a serviços de transporte. O CEPA foi criado com o objectivo “promover a prosperidade e o desenvolvimento comum do Interior da China e da Região Administrativa Especial e reforçar a cooperação mútua económica e comercial”, estabelecendo “um relacionamento semelhante a parceiros de comércio livre, num país com duas regiões aduaneiras autónomas”.
Hoje Macau EventosFestival Literário de Cabo-Verde com representação de Macau [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau está representado com o escritor Carlos Morais José na Festa do Livro, na Cidade da Praia. O evento começou ontem e reúne 40 autores, numa programação que se estende às escolas, com espetáculos musicais e debates. A organização, a cargo do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas e da Biblioteca Nacional de Cabo Verde com produção executiva da Booktailors, aponta o evento, que vai decorrer em vários espaços da capital cabo-verdiana, como “o maior evento literário dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP)”. O Morabeza “pretende assumir-se como um ponto de ligação entre os vários continentes onde a expressão portuguesa está presente e viva”, afirma a organização, referindo parcerias firmadas com o Festival Rota das Letras, de Macau, o Festival da Palavra, de Porto Rico e Nova Iorque, e o Literatura em Viagem, de Matosinhos. A programação da festa tem prevista uma feira do livro, mesas de debate, concertos, sessões de poesia, acções de formação, visitas a escolas e universidades, um colóquio dedicado ao poeta Eugénio Tavares (1867-1930), um seminário internacional sobre o escritor cabo-verdiano Luís Romano, que se radicou no Brasil na década de 1960, e ainda a pintura de um mural pelo duo Acidum. De acordo com o programa, o Morabeza abriu ontem com uma sessão especial por Olinda Beja, na livraria da Biblioteca Nacional de Cabo Verde, intitulada “Escrever como quem planta ocás” e dedicada ao público infantil e juvenil. Também ontem foi apresentada a reedição da “Obra de Eugénio Tavares”, na Biblioteca Nacional de Cabo Verde. Um pouco de tudo Até domingo, quando encerra o evento, está prevista a realização de dez mesas-redondas sob diferentes motes como “É doce morrer no mar”, uma canção dos brasileiros Jorge Amado e Dorival Caymmi, ou “Tantu stória pa-m Kontâ-bu”, que aborda a tradição oral, um ciclo de conversas com os escritores “em diversas universidades das ilhas” cabo-verdianas, e a apresentação do livro “Debaixo da nossa Pele – Uma Viagem”, de Joaquim Arena. Entre os cerca de 40 autores que vão participar neste evento, foram já anunciados os nomes de Germano Almeida, autor de “O Testamento do Senhor Napumoceno”, José Eduardo Agualusa, que recentemente publicou “A Sociedade dos Sonhadores Involuntários” e recebeu este ano o Prémio IMPAC de Dublin pelo romance “Teoria Geral do Esquecimento”, e ainda Afonso Cruz, Alexandra Lucas Coelho, José Rodrigues dos Santos, Valter Hugo Mãe, Vera Duarte e Álvaro Laborinho Lúcio. Na área dos espectáculos, um trio composto pelos músicos Isabella Bretz, Matheus Félix e Rodrigo Lara apresentará “Canções para abreviar distâncias”, que inclui poemas de José Luís Peixoto (Portugal), Adélia Prado (Brasil), Mia Couto (Moçambique), Vera Duarte (Cabo Verde), Conceição Lima (São Tomé), Odete Semedo (Guiné-Bissau), Ana Paula Tavares (Angola) e Crisódio Araújo (Timor-Leste). “Mais do que um encontro de escritores, esta festa literária procura ser um palco internacional para a produção literária cabo-verdiana e para o desenvolvimento do meio editorial local”, afirma a organização da Morabeza – Festa do Livro.
João Luz EventosMúsica | Kaiser Chiefs no último lote de bandas a entrar no cartaz do Clockenflap O maior festival de música da região está à porta, a menos de um mês de distância. Entre o último grupo de bandas anunciadas estão os britânicos Kaiser Chiefs, os rappers Stormzy e Kid Ink. O Clockenflap 2017 arranca a 17 de Novembro, em Hong Kong, no Central Harbourfront e termina a 19 [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]artaz fechado, agora venha a música. Os melómanos de Hong Kong, Macau e arredores têm o dia 17 de Novembro, de certeza, reservado. O Clockenflap 2017 está cada vez mais próximo e já tem as últimas bandas confirmadas. Entre as derradeiras participações contam-se Kaiser Chiefs, Stormzy, Kid Ink, Onra, Tokimonsta, os Cosmospeople e os locais Chochukmo. Do lote final de bandas reveladas, destaque para os britânicos Kaiser Chiefs, o grupo que quase motivou um seguimento de culto em Portugal em parte motivado pelos concertos memoráveis que proporcionam. A banda de Leeds, liderada pelo carismático Ricky Wilson, teve um começo de carreira fulgurante com o lançamento de “Employment”, o disco que marcou a ascensão meteórica dos Kaiser Chiefs com clássicos como “Everyday I Love You Less and Less”, “Oh My God” ou “I Predict a Riot”. O álbum de estreia, de 2005, valeu-lhe aclamação crítica, sucesso comercial e a acumulação de prémios e distinções, onde se contam três Brit Awards, o prémio de melhor álbum da NME e a entrada na lista do Mercury Prize. Apesar de não terem conseguido repetir o sucesso e popularidade de “Employment”, a banda de Ricky Wilson foi sempre garante de concertos divertidos e de total entrega. Chegam a Hong Kong como cabeças de cartaz de sexta-feira, dia 17, e trazem na bagagem o mais recente disco, “Stay Together”, um registo ritmado e propício a um pé de dança. Depois de meia dúzia de álbuns lançados, uma coisa é certa: os Kaiser Chiefs continuam em grande forma ao vivo. No mesmo dia sobe ao palco do Clockenflap a Dj e produtora TOKIMONSTA, uma artista californiana de origem coreana. Locais e estrangeiros De Londres chega-nos um dos nomes mais badalados da nova onda de hip-hop londrina, Stormzy, que mistura os sons do jungle, breakbeat e ragga num cozinhado sonoro moderno. O rapper britânico estreou-se este ano em álbum com o lançamento de “Gang Signs & Prayer”, que chegou ao número um das vendas de discos no Reino Unido. Com uma forte mensagem política, Stormzy promete fazer tremer as colunas do sistema do palco principal do Clockenflap no sábado, dia 18 de Novembro. Ainda nas sonoridades mais urbanas, destaque para Onra, o rapper de Paris, que actua no Central Harbourfront também no sábado, dia que tem os The Prodigy como cabeças de cartaz. O francês é conhecido pela entrega que imprime nas suas actuações, pleno de “soul” e “groove”, a piscar o olho ao funk e ao RnB. A caminho de se tornar uma lenda do hip hop que extravasa as fronteiras da França, Onra sobe ao palco do Clockenflap no sábado, no dia 18. Também no sábado actuam os locais de Hong Kong Chochukmo, a banda de rock experimental que mistura sem receios sonoridades tão dispares como punk, música de dança, jazz e bossanova. De Taiwan chegam os COSMOS PEOPLE, uma banda de funk-pop. Feitas as contas, a edição deste ano do Clockenflap promete pela diversidade e qualidade do cartaz mas, também, pela extrema fome de música ao vivo da região. Nunca mais chega 17 de Novembro.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Nova comissão anti-corrupção criada em 2018 [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]equim vai activar, em 2018, uma comissão anti-corrupção, paralela à do Partido Comunista da China (PCC) que puniu um milhão e meio de altos funcionários por más práticas nos últimos cinco anos, informou ontem o jornal Global Times. A comissão nacional, que vai depender do governo em vez de estar adstrita ao PCC, vai alargar a todo o território chinês sistemas já aplicados de forma experimental em Pequim e nas províncias de Shanxi (norte) e Zhejiang (leste), de acordo com o jornal em inglês do grupo Diário do Povo, órgão central do PCC. O anúncio da nova ferramenta anti-fraude foi feito depois da primeira reunião, no domingo, da comissão de inspecção e disciplina do PCC sob a nova liderança de Zhao Leji, em substituição de Wang Qishan que, nos últimos cinco anos, foi um dos líderes mais influentes do regime. Zhao Leji afirmou no primeiro acto público como chefe do órgão máximo anti-corrupção do partido que a campanha vai continuar durante o seu mandato, com vista à conquista de uma “vitória total” contra a fraude no seio da formação. Zhao, de 60 anos, também se converteu na semana passada num dos sete membros do Comité Permanente do Politburo, a cúpula do poder na China, encabeçada pelo Presidente do país e secretário-geral do PCC, Xi Jinping.
Hoje Macau China / ÁsiaAmbiente | Poluição aumenta em Pequim [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] qualidade do ar na zona de Pequim-Tianji-Hebei piorou consideravelmente durante os primeiros nove meses do ano devido ao aumento dos poluentes, segundo dados do governo chinês divulgados pela agência Xinhua. O chefe da monitorização ambiental, Liu Zhiquan, disse que as 13 cidades examinadas naquela área do norte da China registaram uma “boa” qualidade do ar em apenas 52,6% dos dias durante o período de Janeiro a Setembro, 8,7 pontos percentuais abaixo do mesmo período do ano anterior. Assim, a densidade das partículas PM2,5 nessas áreas urbanas aumentou 10,3% em relação ao ano anterior e a densidade das PM10 sofreu um aumento de 10,7%. Em Setembro, Pequim teve uma “boa” qualidade do ar em 53,3% dos dias, 13,4 pontos percentuais menos do que no mesmo mês de 2016, segundo o Ministério da Protecção Ambiental, que sublinhou que a densidade de PM10 aumentou nesse mês em 53,8%. A nível nacional, nas 388 cidades monitorizadas houve uma “boa” ou “excelente” qualidade do ar em 19,4% dos dias correspondentes aos primeiros nove meses deste ano, um valor ligeiramente inferior ao do mesmo período de 2016. A qualidade do ar geralmente piora no Inverno no norte da China, onde a queima de carvão usada no aquecimento agrava a situação.
Hoje Macau China / ÁsiaChina vai construir túnel mais longo do mundo [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai construir o túnel mais longo do mundo, com um total de mil quilómetros, para levar água desde o Tibete para o deserto de Taklimakan, na região do Xinjiang, extremo noroeste do país. De acordo com a edição de ontem do jornal de Hong Kong South China Morning Post, a obra vai transportar água a partir do rio Brahmaputra até Taklimakan, deserto com 270.000 quilómetros quadrados, equivalente a três vezes o território português. A proposta foi apresentada em Março ao Governo chinês e as equipas de investigação sobre o projecto integraram mais de 100 cientistas chineses, indicou o jornal. De acordo com Zhang Chaunqing, investigador da Academia de Ciências chinesa, citado pelo diário, Pequim vai adoptar o projecto de forma faseada. Obras em curso Em Agosto passado, a China começou a construir um outro túnel, que terá 600 quilómetros, e vai demorar oito anos a concluir, em Yunnan, província no extremo sudoeste do país, que faz fronteira com Laos, Birmânia e Vietname. A construção desta infra-estrutura, para circulação de comboios de alta velocidade, vai servir de ensaio aos métodos de engenharia que serão utilizados no futuro túnel entre as regiões do Tibete e Xinjiang. O planalto do Tibete impede que a chuva trazida pela monção desde o oceano Índico alcance Xinjiang, região rodeada a norte pelo deserto de Gobi e a sul pelo Taklimakan, inviabilizando assim a actividade humana em 90% do território. A primeira vez que se estudou a possibilidade de transportar água desde o Tibete para Xinjiang foi durante a dinastia Qing, no século XIX, mas o projecto nunca avançou, devido aos custos elevados, impactos ambientais e potenciais protestos dos países vizinhos. O planalto do Tibete é uma das regiões do mundo com mais actividade sísmica.