Hoje Macau PolíticaLegislativas | Atenção à mudança de endereço [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) apela aos eleitores que mudaram de casa desde as últimas eleições que actualizem o novo endereço, caso ainda não o tenham feito, para garantirem que a assembleia onde podem votar é atribuída de forma correcta. A CAEAL pretende assim evitar que se repita o que aconteceu nas eleições de 2013: muitos avisos de votação foram devolvidos. Foram vários os casos de eleitores que mudaram de residência mas não notificaram os Serviços de Administração e Função Pública. A CAEAL explica que, por causa da confidencialidade dos dados pessoais, mesmo que os eleitores tenham dado a conhecer o novo endereço a outro serviço público, não existe este tipo de troca de informações dentro da Administração. Quem mudou de casa tem até ao próximo dia 31 para notificar a CAEAL. Existem vários meios para fazer esta actualização, a começar pelos 40 quiosques de serviço automático distribuídos pela cidade. Nestes equipamentos, é possível consultar a morada de eleitor inscrito. Aqueles que preferirem tratar do assunto presencialmente podem dirigir-se ao Centro de Informações sobre Assuntos Eleitorais, ao Centro de Serviços da RAEM, ao Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Central ou à estrutura semelhante que funciona na Taipa.
João Luz Manchete PolíticaHabitação | Governo reduz rácios para combater especulação imobiliária Entram hoje em vigor novas medidas no que diz respeito aos empréstimos para aquisição de habitação. O Executivo anunciou a queda dos rácios dos créditos pedidos à banca a partir das segundas casas, de forma a controlar um mercado que está com perspectivas de crescimento [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]omprar casa em Macau é algo que é completamente proibitivo para a grande maioria da população. Nesse sentido, o Governo anunciou a redução dos rácios de empréstimos para combater o grande cancro que assola o mercado: a especulação imobiliária. “O que fizeram tem lógica, mas podiam ter ido mais longe e baixado mais esses rácios”, comenta o economista Albano Martins. Os limites do rácio dos empréstimos a residentes, à excepção dos relativos à primeira aquisição, e a não residentes vão sofrer um corte de dez a 20 por cento. Caso um residente de Macau adquira uma habitação, que não a primeira, avaliada em até 3,3 milhões de patacas, o limite máximo do rácio do empréstimo vai ser reduzido de 90 para 70 por cento. Imóveis com valores entre 3,3 milhões e seis milhões de patacas vão ter o limite do rácio do empréstimo ajustado de 70 para 60 por cento, enquanto os montantes entre seis milhões e oito milhões de patacas passam de 60 para 50 por cento. O limite máximo do rácio do empréstimo a residentes para imóveis de valor superior a oito milhões de patacas diminui de 50 para 40 por cento. É de realçar que as novidades não afectam os residentes de Macau na aquisição do primeiro imóvel. Apesar de serem medidas que apontam num bom caminho, Albano Martins considera que pecam pela falta de ousadia. “Se o propósito é de facto controlar a especulação, deviam ser um bocadinho mais audaciosos, porque as pessoas com dinheiro continuam a comprar sem precisarem de recorrer à banca”, explica. O economista vai mais longe, numa análise mais alargada do mercado da habitação em Macau. “Não é aceitável que, numa terra em que a maioria não tem casa própria, o Governo continue a aceitar que se possa adquirir segunda, terceira e quarta casa apenas com o prurido de o banco emprestar menos do que aquilo que dava para a primeira casa”. Não residências A mesma filosofia de redução mantém-se para quem não é detentor de BIR. No caso dos não-residentes, o tecto máximo do rácio do empréstimo vai ser reduzido de 70 para 60 por cento, havendo um ajustamento de dez por cento idêntico ao dos residentes em cada um dos quatro ‘escalões’ de preço. Os não-residentes não vão beneficiar de um regime de excepção na compra do primeiro imóvel. No que toca à aquisição de imóveis em construção, os limites máximos do rácio do empréstimo vão ser ajustados de 70 para 60 por cento no caso dos residentes, e de 50 para 40 por cento no dos não-residentes, acrescentou Lau Hang Kun, directora-adjunta do Departamento de Supervisão Bancária da Autoridade Monetária de Macau (AMCM). Neste aspecto, Albano Martins é da opinião de que “aos não residentes nem deviam, tampouco, permitir a aquisição da segunda habitação, porque esse é um mundo descontrolado”. Estas medidas visam “reprimir a especulação imobiliária”, afirmou Lau Hang Kun, recuperando as estatísticas oficiais relativamente ao mercado imobiliário de Macau que “iniciou ajustamentos no quarto trimestre de 2014 e começou a subir no segundo trimestre de 2016”. Nos primeiros três meses do ano, o valor dos imóveis para habitação cresceu (20 por cento em termos anuais e 4,7 em termos trimestrais), tal como sucedeu com o número de transacções, que “também aumentou significativamente”, lembrou a responsável da AMCM. Lau Hang Kun sublinhou que 98,9 por cento dos compradores são residentes de Macau e que apenas 1,1 por cento são pessoas colectivas ou não-residentes. De acordo com os dados dos Serviços de Finanças de Macau, citados pela responsável, os compradores detentores de uma ou mais fracções representam mais de metade do total. Estas medidas surgem no âmbito do “excesso das actividades de investimentos” e “elevação dos preços e volume das transacções”, mas também de uma “subida gradual das taxas de juro no futuro”, além de se alinharem com políticas de controlo sobre a procura lançadas recentemente em várias cidades da China e em Hong Kong, disse.
Hoje Macau SociedadeFundação MUST no topo dos apoios da Fundação Macau [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Fundação Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau recebeu quase 40 por cento do financiamento prestado pela Fundação Macau, no primeiro trimestre do ano, de uma soma total de quase 275 mil milhões de patacas. Os dados publicados em Boletim Oficial revelam que a Fundação da MUST recebeu quase 57 milhões de patacas para pagar a segunda fase da construção da Escola Internacional da Macau. A este valor acrescem mais 50 milhões de patacas para apoiar o plano anual da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, o Hospital Universitário e a Escola Internacional de Macau. Ainda no sector do ensino, à Fundação Católica de Ensino Superior Universitário, que gere a Universidade de São José, foram atribuídos 15,2 milhões de patacas. A Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau recebeu 5,250 milhões de patacas, enquanto a Federação das Associações dos Operários de Macau recebeu cinco milhões. A Anima – Sociedade Protectora dos Animais de Macau obteve financiamento no valor de 1,750 milhões de patacas. Outra das entidades em destaque contempladas pelo financiamento da Fundação Macau foi a Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), que recebeu 1,150 milhões de patacas. A Federação das Associações dos Operários de Macau recebeu 20 milhões. Num patamar cultural, a empresa Praia Grande Edições foi financiada em 500 mil patacas para despesas relacionadas com a sexta edição do Festival Literário, curiosamente o mesmo valor que a Associação de Conterrâneos de Chong San de Macau recebeu para pagar a primeira prestação da organização do 150.º aniversário de Sun Iat-sen.
Hoje Macau SociedadeCélulas estaminais | UM desenvolve novo método de conservação É uma tecnologia inovadora que poderá ter impacto, no futuro, numa área importante da medicina. Uma equipa de investigadores da Universidade de Macau desenvolveu um método de armazenamento de células estaminais que permite a conservação à temperatura ambiente [dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]em demonstrar que existem alternativas aos métodos tradicionais de criopreservação, que exigem equipamentos e técnicas de transporte complexas, com elevados custos. Investigadores da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Macau (UM) desenvolveram uma tecnologia que permite a conservação de células estaminais à temperatura ambiente durante sete dias, sem prejuízo das suas características e actividade biológica. Em comunicado, a UM explica que esta “tecnologia inovadora” foi descoberta sobre a orientação de Ren-He Xu, professor da instituição de ensino superior, que há quase duas décadas se dedica à investigação de células estaminais e da sua aplicação na medicina. A equipa era constituída por uma aluna de doutoramento, Jiang Bin, e por uma investigadora a fazer um pós-doutoramento, Yan Li, sendo que contou ainda com a participação de Chris Wong Koon Ho, professor assistente da UM. A descoberta desta técnica deu já origem a um artigo científico na Biomaterials, uma publicação de renome internacional neste domínio da ciência. As células estaminais podem ser encontradas em várias partes do corpo: medula óssea, sangue, cérebro e cordão umbilical, entre outros. São responsáveis pela regeneração de tecidos e órgãos danificados. O transplante de células estaminais permite, em muitas situações, salvar vidas, o que faz com que tenham um elevado valor clínico. No entanto, requerem complexos métodos de recolha e de armazenamento. A exposição deste tipo de células a temperatura desfavoráveis e à humidade, bem como a níveis desaconselhados de oxigénio e de dióxido de carbono causam a deterioração do material biológico. Neste momento, o transporte de longa distância baseia-se sobretudo na criopreservação, com custos muito elevados. Quando as células estaminais são levadas para locais mais próximos, existem outras formas de conservação, mas com limites, explica a UM, pelo que não é possível garantir a qualidade durante mais de 48 horas. “A nova tecnologia desenvolvida pela UM vem ultrapassar estas limitações”, a um preço muito acessível.
Hoje Macau SociedadeContas públicas | Receitas subiram 9,4 por cento no primeiro trimestre As receitas da Administração de Macau aumentaram 9,4 por cento até Março. Estão em linha com o aumento da verba arrecadada com os impostos directos cobrados sobre a indústria do jogo [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]e acordo com dados provisórios publicados no portal da Direcção dos Serviços de Finanças, a Administração fechou os primeiros três meses do ano com receitas totais de 26,424 mil milhões de patacas, estando cumpridas em 29,1 por cento. Os impostos directos sobre o jogo – 35 por cento sobre as receitas brutas dos casinos – foram de 22,342 mil milhões de patacas, reflectindo um aumento de 9,6 por cento face ao mesmo período do ano passado e uma execução de 31,1 por cento em relação ao Orçamento autorizado para 2017. A importância do jogo reflecte-se no peso que detém no orçamento: 84,5 por cento nas receitas totais, 84,6 por cento nas correntes e 95,9 por cento nas derivadas dos impostos directos. A rubrica da despesa cresceu 9,8 por cento comparativamente aos primeiros três meses de 2016, para 13,601 mil milhões de patacas, com a execução a corresponder a 15,9 por cento. Para este aumento terá pesado designadamente a subida de 200,8 por cento dos gastos ao abrigo do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) que atingiram 1,120 mil milhões de patacas, estando executados em 7,3 por cento. Confortável almofada Entre receitas e despesas, a Administração de Macau acumulou um saldo positivo de 12,823 mil milhões de patacas. A “almofada” financeira aumentou nove por cento, em termos anuais homólogos, para um valor que excede, até ao terceiro mês, o previsto para todo o ano, dado que a taxa de execução corresponde a 230,3 por cento do orçamentado. A receita pública, que voltou a crescer em Janeiro após meses de quedas homólogas, encontra-se em linha com o desempenho da indústria de jogo, o principal motor da economia local, que tem vindo a mostrar sinais de recuperação desde a segunda metade do ano passado. Abril marcou o nono mês consecutivo de subida das receitas dos casinos, após 26 meses de quedas anuais homólogas. A Administração encerrou 2016 com receitas de 102,412 mil milhões de patacas, uma diminuição de 6,7 por cento, naquele que foi o segundo ano consecutivo de queda em pelo menos cinco anos, depois do “tombo” de 29,7 por cento em 2015.
Andreia Sofia Silva EventosFAM | Hu(r)mano acontece hoje e amanhã no Teatro D. Pedro V Estreia hoje em Macau o espectáculo português Hu(r)mano, coreografado por Marco da Silva Ferreira. No Teatro D. Pedro V, o público poderá assistir a diversas expressões da dança urbana de uma forma teatral, onde as ferramentas de cada bailarino foram usadas como complemento de um todo [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o tecido urbano somos um todo e temos a nossa individualidade, com as nossas expressões, os nossos ritmos. Em Hu(r)mano, a peça que estreia hoje no Teatro D. Pedro V, no âmbito do Festival de Artes de Macau (FAM), Marco da Silva Ferreira quis fazer a sua própria interpretação da dança urbana, pegando nas capacidades e potencialidades de cada um dos bailarinos com quem trabalhou. Há o real e o imaginário, que parte do todo e que se cria a partir de cada um dos bailarinos que pisam o palco. “É uma peça de dança a partir de um universo urbano, ao nível do corpo, do ritmo ou da energia, e também da sonoridade”, disse ontem o coreógrafo, em conferência de imprensa. Marco da Silva Ferreira quis ir além do óbvio, trabalhando ritmos e linguagens já conhecidos. “Existe um novo trabalho sobre as linguagens urbanas do ponto de vista coreográfico, sobre o seu ritmo, o seu tempo, o seu desenvolvimento. Em vez de me concentrar tanto na mensagem ou nos símbolos que as danças urbanas tinham em si, peguei nelas e trabalhei-as num contexto teatral. A peça é tão simples quanto isso. É o corpo no espaço e no tempo, com estas premissas”, explicou. Novas roupagens Hu(r)mano chega pela primeira vez a Macau, depois de passagens por salas de espectáculo icónicas em Portugal, como é o caso do Teatro Municipal do Porto ou o Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa. O coreógrafo assume ter ido buscar inspiração aos movimentos de dança urbana tanto de Portugal, como de outros países, mas não esqueceu as outras formações dos seus bailarinos (Anaísa Lopes, Duarte Valadares e Vítor Fontes). Jogou com elas e com as diversas ferramentas de que dispunha para fazer este projecto. “Pegamos em coisas que aconteciam em Portugal, os bailarinos são portugueses nesta cultura de que estou a falar. São bailarinos que têm um cruzamento com danças contemporâneas, através da improvisação, da dança clássica ou de outras técnicas que se constroem em contexto académico. Estes bailarinos são particulares por isto: não são apenas bailarinos de dança urbana.” Esta junção aconteceu porque Marco da Silva Ferreira não quis fazer do Hu(r)mano uma espécie de documentário em palco. “Não me interessava fazer uma peça documental, sobre o que está a acontecer no contexto urbano. Foi a construção de uma ficção minha, existe um filme do Marco nisto.” “Peguei em coisas que eles [bailarinos] já têm no corpo e que não consigo tirar. Eles não vão responder com o corpo às propostas que eu lhes dou. Essa reacção do corpo intuitiva era boa para mim”, acrescentou o coreógrafo, referindo-se aos três bailarinos que se encontram em palco. Vítor Fontes falou da sua experiência de trabalhar com o mentor de Hu(r)mano. “Tem sido um processo gratificante, o de acompanhar todo o processo de crescimento da peça e estar envolvido nesta nova criação. [Tem sido importante] perceber os pontos de ligação, contribuir também para o desenvolvimento da Insucesso. Tem sido uma montanha russa de emoções”, apontou. A importância das parcerias Em Portugal, Marco da Silva Ferreira trabalhou com várias entidades durante o processo de criação do Hu(r)mano. Uma delas foi o Espaço do Tempo, entidade dirigida pelo coreógrafo português Rui Horta, em Montemor-o-Novo, e que promove residências artísticas. Marco da Silva Ferreira recorda que o Espaço do Tempo “foi a casa” que os acolheu já na fase final de concepção e produção, incluindo uma antestreia do espectáculo. “A partir daí conseguimos entrar numa plataforma internacional e isso fez com que a peça se disseminasse um pouco. O Espaço do Tempo foi um espaço de concretização do trabalho e de pontos de fuga para a Europa. Existiam parceiros do Espaço do Tempo que passaram a conhecer-nos”, disse o coreógrafo. Esta residência artística “fez um trabalho de comunicar o que estava a acontecer de Portugal para fora”. “Se calhar a peça não tinha tido o 2014 que teve, só teria o 2015, com o trabalho no Teatro Municipal do Porto. Foi importante porque nos permitiu fechar o trabalho, filmá-lo e enviá-lo para determinados sítios”, concluiu Marco da Silva Ferreira. Hu(r)mano acontece hoje e amanhã no Teatro D. Pedro V às 20h, tendo a duração de 50 minutos.
Hoje Macau EventosFelipe Fontenelle apresenta novo álbum em Portugal [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] músico brasileiro Felipe Fontenelle, radicado em Macau, acaba de lançar um novo trabalho discográfico. Intitulado “M de Memória”, o disco tem como single de lançamento “Deus Também Sorri”, sendo, no seu todo, “um trabalho recheado de surpresas [onde] não faltam detalhes com ecos do seu percurso de vida entre o Brasil, Portugal e Macau”. A música “Deus Também Sorri” será apresentada na próxima quarta-feira em Lisboa, estando já agendados espectáculos noutras cidades do país. O single de estreia do novo trabalho conta com letra de António Ladeira, tendo sido produzido no Rio de Janeiro, Brasil. “Gravado com a velha guarda do Samba e da Bossa Nova, traz-nos um ‘cheiro’ moderno de outros tempos. Essa foi também a inspiração para o videoclip de apresentação de ‘Deus Também Sorri’, realizado por Pedro Varela (Os Filhos do Rock e A Canção de Lisboa)”, aponta um comunicado enviado pelo músico e compositor. O novo trabalho de Felipe Fontenelle, que em Macau tem estado ligado a projectos da Casa de Portugal em Macau, constitui “uma viagem ao passado entre memórias de infância”, onde existem “os vinis dos seus pais no apartamento da Paulista, em São Paulo, e os textos de autores que marcam a literatura portuguesa”. “M de Memória” tem o poeta Fernando Pessoa, “que dá corpo a cinco músicas originais”, tendo ainda participações de nomes como Cristina Branco, Joana Espadinha e António Ladeira (letrista de Stacey Kent). O disco conta com a colaboração de diversos músicos que já tocaram com Chico Buarque ou Cesária Évora. É, portanto, “um disco melodioso e cheio de emoções que nos surpreende com conversas de família e, até, algum dialecto macaense”. Após um percurso musical em Portugal e no Brasil, Felipe Fontenelle gravou, em Macau, em 2015 e 2016, os discos “Tributo a Macau”, “Pessoa” e “Rua 25 de Abril”, este último com a banda Sunny Side Up.
Hoje Macau China / ÁsiaTerrorismo | Hong Kong em alerta devido a potencial ameaça de ‘lobos solitários’ [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] polícia anti-terrorismo de Hong Kong afirmou que extremistas inspirados pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) podem estar infiltrados na cidade, estando sob alerta para evitar a ocorrência de ataques de ‘lobos solitários’. Apesar de manter em moderado o nível de alerta terrorista, por não haver informações específicas sobre uma ameaça concreta ou relativamente à iminência de um ataque, a polícia da antiga colónia britânica advertiu na quarta-feira que o perigo é real, de acordo com o jornal South China Morning Post. O alerta surgiu depois de especialistas em segurança terem instado as autoridades de Hong Kong a elevar a consciencialização pública relativamente à ameaça de terrorismo global e a recrutar mais “olhos e ouvidos”. A ameaça na Ásia tem estado patente nos últimos meses com ataques no Bangladesh, Indonésia, Malásia ou Paquistão. Vantagens tecnológicas A superintendente Leung Wing-sheung afirmou que grupos extremistas, como o EI, têm tirado plena vantagem da Internet e das redes sociais para disseminar uma ideologia radical, colocando a Região Administrativa Especial chinesa numa posição vulnerável. “Hong Kong é uma cidade de informação avançada, onde as pessoas podem aceder facilmente na Internet a materiais promocionais relacionados com terrorismo”, disse Leung Wing-sheung, citada pelo mesmo jornal, indicando que qualquer pessoa pode ser um potencial extremista independentemente da nacionalidade. “A cidade tem tido um enorme fluxo de passageiros internacionais, o que oferece vantagens aos combatentes estrangeiros para entrarem e se infiltrarem aqui”, advertiu, apontando que Hong Kong pode ser um alvo potencial, na medida em que acolhe muitas instituições e representantes globais. No ano passado, as Nações Unidas estimaram em cerca de 30 mil o número de combatentes terroristas estrangeiros, de mais de uma centena de países, activamente envolvidos em acções do EI, da Al-Qaida e grupos associados.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim diz que quer manter laços de amizade com Pyongyang [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China diz que continua comprometida em manter laços de amizade com a Coreia do Norte, face aos sinais de deterioramento nas relações entre os dois aliados devido à insistência de Pyongyang no seu programa nuclear. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Geng Shuang afirmou ontem que a posição de Pequim “em desenvolver uma boa vizinhança e cooperação amigável com a Coreia do Norte é consistente e clara”. Geng reagia a um comentário difundido pela agência noticiosa oficial norte-coreana contendo uma rara crítica directa de Pyongyang a Pequim. A Korean Central News Agency aponta que os “comentários irresponsáveis” da China sobre o programa nuclear do país estão a testar a paciência de Pyongyang e podem ter “consequências sérias”. O artigo cita comentários difundidos pela imprensa estatal chinesa, acusando esta de inventar “desculpas esfarrapadas para dançar ao ritmo dos Estados Unidos” e culpar Pyongyang pelo deterioramento das relações bilaterais. “A China não deve mais testar os limites da paciência da RPDC”, lê-se no comentário, que usa a sigla para o nome oficial do país, República Popular Democrática da Coreia. Pequim “deve antes pensar bem nas graves consequências de derrubar o pilar das relações” entre os dois países, acrescenta. O artigo não é atribuído a nenhuma agência ou funcionário do Governo e o escritor é apenas identificado como Kim Chol. Ainda assim, é raro ler uma crítica directa da Coreia do Norte dirigida à China. Anteriormente, a agência norte-coreana optou por fazer uma crítica velada, optando por se referir à China apenas como um “certo país vizinho”. Má imprensa Entretanto, a imprensa estatal chinesa tem feito críticas frequentes a Pyongyang. Em editorial, o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista Chinês, avisa ontem que as acções da Coreia do Norte ameaçam o tratado de não-agressão assinado entre os dois países em 1961. A publicação apela ao regime para pôr fim aos seus testes nucleares. “A China não vai permitir que a sua região nordeste seja contaminada por actividades nucleares da Coreia do Norte”, afirma. O jornal avisou já em edições anteriores que a China poderia cortar o fornecimento de petróleo ao país vizinho, caso este persista com os testes atómicos. Esta semana, o Diário do Povo afirmou também que as ambições nucleares da Coreia do Norte “colocam o próprio país e toda a região em grande perigo”. Apelos presidenciais O Presidente chinês, Xi Jinping, abordou ontem a situação da Coreia do Norte numa conversa por telefone com o seu homólogo filipino, Rodrigo Duterte, que destacou o papel de Pequim em assegurar a paz na península coreana. Xi apelou a todas as partes envolvidas para que exerçam contenção e regressem ao diálogo e negociações, visando a desnuclearização da península coreana, segundo a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. O porta-voz de Duterte, Ernesto Abella, afirmou que os dois líderes trocaram pontos de vista sobre questões regionais e o líder filipino apelou à paz e estabilidade. Abella disse que Duterte “referiu o importante papel desempenhado pela China na promoção da paz na península coreana”. A conversa por telefone entre Xi e Duterte surge depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter também falado com o líder filipino, no sábado, expressando o compromisso de Washington para com a aliança entre os dois países.
Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo | Theodore Racing mantém parceria com a Prema [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Theodore Racing, a equipa criada pelo empresário de Macau Teddy Yip nos anos de 1970 e que chegou mesmo a chegar à Fórmula 1, voltará este ano a estar representada nos principais circuitos mundiais. Sem ambições de chegar à Fórmula 1, por agora, Teddy Yip Jr, que em 2013 ressuscitou a nome da equipa fundada pelo seu pai, manterá este ano a parceria que tem com a equipa italiana e ex-vencedora do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3, a Prema PowerTeam. “Desde que começamos no 60º Grande Prémio de Macau com a parceria entre a Theodore e a Prema, esta continuou de força em força”, explicou Yip JR ao HM. “O ano passado a parceria cresceu de forma a incluir a temporada do Campeonato da Europa FIA de Fórmula 3, assim como a GP2 (agora chamada Fórmula 2) e os campeonatos ADAC (Alemanha) e italianos de Fórmula 4”. Este ano o programa da equipa italiana concentra-se nos mesmos campeonatos e o nome da Theodore Racing aparecerá associado a pilotos tão conhecidos como Mick Schumacher, filho de Michael Schumacher, ou Guanyu Zhou, o piloto chinês protegido da Scuderia Ferrari, na Fórmula 3, ou então o brasileiro Enzo Fittipaldi, neto de Emerson Fittipaldi, na Fórmula 4. “Foi na base do projecto do ano passado que construímos o projecto deste ano. Esperamos continuar o nosso sucesso em conjunto por muito tempo no futuro”, elucida o empresário do território que persuadiu a BBIN, um fornecedor de software para iGaming, a apostar neste projecto, após um primeiro investimento no Grande Prémio de Macau de 2016. Expansão asiática Por agora o sobrinho de Stanley Ho não tem um plano definido para uma presença mais forte na Ásia, com a excepção da participação habitual no Grande Prémio de Macau. Contudo, Yip Jr tem seguido de perto a evolução do desporto no continente e não fecha as portas a uma possível presença a curto ou médio prazo. “A expansão à Ásia é certamente um objectivo para a Theodore. Com as suas raízes firmemente plantadas em Macau, apenas faz sentido para a Theodore um regresso à Ásia com um programa a tempo-inteiro”, diz, sem no entanto esclarecer que a grande dúvida “é saber em que campeonato e quando”. As competições mais profissionalizadas do Japão são obviamente uma atracção, mas Yip Jr está atento a todas as oportunidades: “Eu disse anteriormente quanto gostaria de participar no campeonato japonês Super Fórmula, mas não é só isso. Vejo boas oportunidades nas corridas de GT, assim como nas categorias de monolugares na Ásia, como por exemplo a Fórmula 4”. Em Macau é para vencer Apesar da Prema PowerTeam não ter ainda definido em que moldes irá participar em Novembro no Grande Prémio de Macau, é certo e seguro que a formação transalpina se irá deslocar à RAEM com os seus Dallara-Mercedes, pintados com as cores da Theodore Racing e os melhores pilotos disponíveis. E o objectivo será novamente vencer, um prazer que o português António Félix da Costa roubou à equipa favorita o ano passado. “Como sempre, nós esperamos atingir o primeiro lugar do pódio”, afirma sem receio Yip Jr. “Trabalhamos para sermos a equipa melhor preparada no terreno, o que com um pouco de sorte irá trazer-nos resultados. Porém, como sabem, nas corridas não há garantias. Sendo o Circuito da Guia o que é, o que eu posso garantir é que os fãs terão um fim-de-semana de corridas excitante…”
José Simões Morais h | Artes, Letras e IdeiasPedro Alexandrino da Cunha na Ilha Terceira [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Junta Provisória do Porto, que tinha criado um governo revolucionário contra o regresso à monarquia absolutista instaurada em Março por D. Miguel, declarara em 18 de Maio de 1828 lealdade a D. Pedro, à sua filha D. Maria II e à Carta Constitucional, outorgada a 29 de Abril de 1826. O autoproclamado Rei D. Miguel conseguiu o desmancho da Junta e reprimir essas rebeliões liberais, que se tinham estendido a outras cidades e alastravam pelo país numa guerra civil, levando à prisão milhares de liberais, muitos condenados à morte, tendo outros escapado para Espanha e Inglaterra. “A instauração miguelista não ocorre sem reacções de vulto ao nível de personalidades e de dados estratos sociais urbanos (Belfastada, 1828), que se traduziu pela primeira grande vaga de expatriamento político”, segundo Joel Serrão. O decidido partidário das doutrinas liberais Pedro Alexandrino da Cunha foi para Inglaterra a bordo do Paquete. No Boletim do Governo da Província de Macao, Timor, e Solor de 1851 lê-se, “A emigração apresentava-se com o sombrio carácter de larga duração era portanto necessário manter a Ilha Terceira para que seguros pudessem os emigrados nela recolher-se, e com estas vistas saiu de Inglaterra a Fragata brasileira Isabel, que em fins de Setembro de 1828 deitou na referida Ilha a primeira porção de Oficiais, entre os quais se contava o Sr. Pedro Alexandrino. Apenas desembarcado passou a ser incumbido da reparação das baterias e fortificações do Castelo de S. João Baptista do Monte Brasil, emprego a que a respectiva Junta Provisória juntou depois as funções de Director de uma Imprensa, que ele próprio montou, e pôs em acção; Imprensa que o Marquês de Palmela para ali mandara para as Publicações Oficiais do Governo”. A 29 de Março de 1829, os exilados liberais desembarcaram na Ilha Terceira e venceram os miguelistas na Batalha da Praia, sendo no ano seguinte aí constituído o Conselho da Regência Liberal, presidido pelo marquês de Palmela. “A Regência da Terceira abalançara-se à temerária empresa da expedição às Ilhas de Oeste, muito dificultada pela extrema necessidade que havia de Oficiais de Marinha. Foi então que a aptidão, que para tudo se tinha sempre encontrado no Sr. Pedro Alexandrino, e a regularidade dos seus estudos, o fizeram lembrado a um seu íntimo e particular amigo, que junto da Regência servia na qualidade de seu Secretário. As repetidas instâncias que este alto Empregado em nome do Governo lhe fez, reunidas aos rogos e empenhos de amizade, que também lhe apresentara e sobre tudo a sua natural dedicação ao serviço do país, puderam finalmente vencer a repugnância que mostrara em passar do exército de terra para a força do mar, passagem que desinteressadamente aceitou no Posto de Segundo Tenente que se lhe conferiu por Decreto de 25 de Fevereiro de 1831, mais pela ideia de servir a causa constitucional, que abraçara, e de ser útil à pátria, cujo amor ninguém nutria com intenções mais puras, nem no mais alto grau possuía, do que por motivo de engrandecimento próprio, ou de preterir qualquer dos Oficiais da Armada, como tão injustamente alguém tem pensado, e bem claramente se mostra ainda hoje pelo pequeno Posto que se lhe concedera”, segundo o Boletim do Governo de 1851. Rápida promoção na carreira Em 7 de Abril de 1831, o Imperador D. Pedro I abdicou da coroa do Brasil em favor do seu filho D. Pedro II, na altura com cinco anos e veio para a Europa, a fim de assumir a regência de Portugal em nome de sua filha D. Maria II, então com treze anos. Aportando em Inglaterra, apesar de não ser muito bem recebido pelos liberais mais radicais, organizou uma expedição militar destinada a desembarcar em Portugal e dirigiu-se para os Açores, onde no exílio se encontrava o governo liberal. A esquadra liberal com cinquenta navios e oito mil homens partia da Ilha Terceira a 27 Junho de 1832 e para apanhar desprevenidas as forças miguelistas desembarcou um pouco a Norte do Porto, na Praia do Mindelo a 8 de Julho. Quinze dias depois, a 23, os miguelistas cercaram o Porto. Em Julho de 1832 foi Pedro Alexandrino da Cunha “mandado servir a bordo do Brigue Conde de Vila Flor, donde em 4 de Setembro desembarcou para tomar o comando interino da Corveta Vila da Praia, fundeada no Rio Douro, achando-se já neste tempo na patente de Primeiro-Tenente, a que fora promovido por Decreto de 28 de Agosto do mesmo ano 1832. Em 25 de Outubro seguinte foi no Porto mandado servir às ordens do Ministro da Marinha, donde passou a Comandante Geral das praças de marinhagem, destacadas nas diversas baterias daquela Cidade, tornando a ser depois nomeado para servir às ordens do Ministro da Marinha, em 28 de Fevereiro de 1833. Em 18 de Julho deste mesmo ano passou a comandar a Charrua Maia Cardoso, que D. Miguel armara em Fragata, e que por essa causa foi apresada pela Esquadra Libertadora na famosa acção naval de 5 de Julho, tendo cruzado com ela na costa do Algarve, veio a entrar em Lisboa três dias depois da morte de sua mãe, que falecera de um fulminante ataque de cólera-morbus. Em Outubro de 1833 foi de guarnição para a Fragata D. Pedro, que de Lisboa saiu para Inglaterra”, levando “informações ao Capitão Elliot sobre os sucessos do movimento liberal em Portugal. De regresso ao reino participou na tomada de algumas cidades”, segundo o referido no livro Os Governadores de Macau, da Editora Livros do Oriente. E voltando ao Boletim do Governo de 1851, “Na sua volta se conservou sobre a Costa de Portugal para cooperar na tomada de Caminha, Viana, Praça de Valença e Figueira. A bordo desta Fragata tornou a sair para o bloqueio da Madeira, onde fora encarregado do governo da Fortaleza do Pico, e regressando a Lisboa em Agosto de 1834, foi por Decreto de 22 de Outubro deste mesmo ano promovido a Capitão Tenente com a antiguidade de 5 de Julho do ano anterior”. [De salientar que D. Miguel fora derrotado no regresso a Lisboa, após perder a esperança de conquistar o Porto e a paz foi declarada em Maio de 1834, sendo D. Miguel expulso de Portugal, restaurando D. Pedro a Carta Constitucional.] Pedro Alexandrino tornou a Inglaterra “em Janeiro de 1835 para se unir às forças que se mandaram pôr às ordens do Príncipe D. Augusto, primeiro Esposo de Sua Majestade, e de lá voltou acompanhando o Vapor Monarch, que para este Reino transportou o referido Príncipe [D. Fernando de Saxe-Coburgo Gotha, que em 1835 casou com a Rainha D. Maria II]. Como imediato ao Comandante da Fragata Duquesa de Bragança seguiu nela viagem para o Mediterrâneo, tocando nos diversos portos da Espanha até à Costa da Itália onde cruzou por algum tempo com o fim especial de vigiar e prevenir quaisquer intentos hostis, que contra Portugal houvesse por parte de D. Miguel, e tendo estado em Spezia e Liorne, novamente regressou ao Reino. Por este tempo o Governo o encarregou de várias comissões, sendo uma delas a de visitar e examinar os diferentes Arsenais de Inglaterra. Comandando a Corveta D. Isabel Maria, de Lisboa saiu a 9 de Dezembro de 1836, dirigindo-se às Ilhas de Cabo Verde”, segundo o que refere sobre a vida de Pedro Alexandrino da Cunha o Boletim do Governo da Província de Macao, Timor, e Solor de 1851.
Paulo José Miranda Em modo de perguntar h | Artes, Letras e IdeiasKaradeniz (continuação): “Cheguei a ter de matar para não morrer” 2. O terraço [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] luz ao fim da tarde. O palácio Topkapi, a mesquita Suleyman e Hagia Sofia do outro lado do Corno de Ouro e, muito mais perto de nós, a torre de Gálata: tudo isto se avistava do enorme terraço da casa de Karadeniz. Podia-se ainda ver os inícios do mar de Mármara e do Bósforo. Mais do que uma paisagem esmagadora, era um lugar estratégico por excelência. Estratégico desde os remotos tempos do início desta cidade, então Bizantina. O som que se podia ouvir em todo o terraço era o de John Coltrane e a cor do líquido no copo que trazia na mão denunciava o seu whisky preferido: Lagavulin 21 anos; uma cor e um sabor tão raros, somente igualados pela raridade com que se encontra esse precioso líquido. Isto não é uma casa, K., é o ponto da cidade mais estratégico a seguir à torre de Gálata! Este observatório teve a ver com a sua antiga profissão? De facto, já tenho esta casa desde os tempos em que trabalhava! Comprei-a em 1964… Mas comprei-a realmente pela vista fantástica e não pela localização estratégica. Aliás, a estratégia foi tê-la comprado (risos). Alguma vez o tentaram matar? Várias vezes! Não matei só em trabalho, cheguei a ter de matar para não morrer. Embora as tentativas que fizeram para me matar tivessem que ver com a minha profissão. Tentaram matá-lo como e onde? Sempre no estrangeiro! Nunca se aventuravam a entrar na Turquia, nesses tempos. O país era muito militarizado e controlava muitíssimo bem as suas fronteiras. E também não havia necessidade de vir aqui, porque quando me tentavam matar sabiam qual o trabalho e onde o ia executar. Por isso, era mais fácil fazê-lo aí. Tentaram umas duas ou três vezes nos hotéis onde estava, a tiro, e uma vez com uma bomba no local onde previamente seria suposto eu estar para atirar no alvo a eliminar. A da bomba, só não me matou, porque alguém da KGB me informou a tempo. Um amigo de profissão? Antes de mais, Paulo, nesta profissão não se faz amigos, só inimigos. No fundo, não é muito diferente do que é na vida em geral, quando se é bom no que se faz. Não se faz amigos, mas ganha-se respeito. E isso sim, o Boris Solomatin já tinha por mim muito respeito quando interferiu para sempre na minha vida. Estamos a falar de quem? Tu não sabes mesmo nada, pois não? (risos) Estamos a falar do extraordinário Boris Solomatin. Um senhor da minha idade e que se reformou em 1991. Foi chefe da KGB até 1988. Foi militar na Segunda Guerra Mundial, voluntário e muito jovem, ainda não tinha 18 anos, segundo consta, mas depois nos Serviços de Inteligência nunca chegou a executar trabalhos de eliminação. Nunca foi um operacional. Ainda no meu tempo, chegou a chefe da KGB, com quarenta e poucos anos, um feito inigualável. Impressionante, não é? Sem dúvida! Como é que se conheceram e porque é que ele lhe salvou a vida? Em finais de 50, houve um espião cujo nome não me lembro que tentou escapar para o ocidente com valiosíssimas informações dos sistemas de segurança militar soviético. O objectivo dele era chegar a contactar com as forças da NATO, estacionárias no Mar Negro, nas águas territoriais turcas, de modo a receber uma grande soma de dinheiro e uma identidade nova. Em suma, mudar de vida, privilegiadamente, à custa do que conseguira saber na KGB. Esse senhor dissidente encontrava-se numa casa perto da cidade de Burgas, na Bulgária. Uma cidade do Mar Negro, muito perto da fronteira turca. Nesse tempo, ficava a uma hora e meia de carro da fronteira, hoje não deve ser mais de meia-hora. Quando Boris Solomatin soube da traição, já não havia tempo de lá chegar, senão pela Turquia. Não podia arriscar nos Serviços de Inteligência da Bulgária, pois não sabia até que ponto eles podiam ou não estar envolvidos ou quem é que estava envolvido. Havia apenas uma hipótese de destruição das informações e de eliminação do dissidente: alguém que viesse directamente da Turquia, sem levantar suspeita, isto é, um turco; simultaneamente, um profissional, que estivesse interessado no dinheiro e em mais nada. Como acabei por executar o trabalho na perfeição, não deixando sequer rastos de ter sido a KGB e destruindo tudo, pegando fogo à casa onde o homem se encontrava, ficou até a pensar-se que poderia ter sido a CIA, Solomatin ficou-me bastante grato. Em 1964, quando tudo isto se passou, ele já era chefe da KGB. Ele admirava dois tipos de pessoas: as que morriam pelo seu país e as que morriam por dinheiro; no fundo, ele admirava quem dizia a verdade e morria pelo que acreditava. Chegou a fazer mais algum trabalho para ele? Vamos a ver uma coisa: este trabalho que fiz foi um trabalho pessoal, embora tenha tido reflexos em toda a defesa soviética, foi um trabalho para o Solomatin; um trabalho para ele. Mas antes já havia feito um trabalho para a KGB. Depois, acabou! Como já te disse, eles não repetem os free lancers, pelo menos nesse tempo da guerra-fria não repetiam. O Solomatin acabou por me contactar porque não tinha outra saída, não havia tempo para mais nada. (continua)
Fa Seong A Canhota VozesUma lista negra cada vez mais exagerada [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão acontece apenas no Dia Nacional da China, nem apenas no dia em que se celebra a transferência de soberania de Macau. Acontece também na altura em que se celebra o Dia do Trabalhador. Falo do facto de cada vez mais pessoas de Hong Kong serem barradas à entrada de Macau pelas autoridades. São, na sua maioria, políticos na região vizinha, membros do Conselho Legislativo (LegCo) e ligados à ala pró-democrática do território. É cada vez mais ridícula e absurda a atitude das autoridades de Macau, que rejeitam a entrada dessas pessoas pela mesma razão. Estas “constituem uma ameaça à segurança interna de Macau”, e parece-me que não há uma examinação profunda sobre a possibilidade destas pessoas poderem, de facto, constituir uma ameaça a este pequeno território. Nos casos mais recentes, a maioria dos visados vinham a Macau com a família, apenas para relaxar e passar uns dias de férias. No entanto, ficaram detidos durante horas na fronteira, acabando por afectar a viagem já marcada dos seus familiares. Não entendo como é que Macau continua a ser chamado de “Centro Mundial de Turismo e Lazer” quando as autoridades nem sequer permitem a entrada de visitantes da região vizinha, mesmo com viagem e percursos marcados? A situação piorou em relação aos anos anteriores. Em 2009, houve uma grande polémica quando vários deputados de Hong Kong quiseram vir a Macau para participar numa manifestação sobre a lei relativa à defesa da segurança do Estado. Outros quiseram vir a Macau manifestar-se junto dos dirigentes do Governo Central, e também acabaram por ser barrados na fronteira. O assunto chegou mesmo à Assembleia Legislativa e ao LegCo, tendo sido exigidas soluções sobre o assunto. Depois destes episódios, começou a acontecer o mesmo problema em pessoas que são jornalistas, académicos ou artistas. Este tema tornou-se sensível e tornou-se regular ao longo dos anos, e é visível o aumento desta tendência. Mesmo que as autoridades se refiram à lei de bases de segurança interna para justificarem as proibições de entrada, ninguém considera esta situação racional. Não há razões ou explicações, e as autoridades continuam a afirmar que se tratam de informações confidenciais, recusando também fornecer o número de pessoas que já foram proibidas de entrar em Macau. Os factos mostram que o Governo de Macau agem de acordo com uma expressão conhecida em chinês, que, traduzindo para português, será qualquer coisa como: “quer esteja correcto ou errado, em vez de ter um omitido, prefere matar mil” (寧可錯殺一千,不可放過一人). Ou seja, as autoridades nunca admitem a existência de uma lista negra, mas esta parece estar cada vez maior. Macau quer consolidar a sua imagem de um “bom neto” do Governo Central. Comparando com os últimos acontecimentos políticos de Hong Kong, Macau quer que o “avô” continue a cuidar bem dele e a dar-lhe mais apoio. Existem opiniões sobre a necessidade de uma mudança das condições de entrada nos territórios por parte do Governo de Macau, e essas opiniões existem não só aqui como em Hong Kong. Caso continuemos nesta direcção, vamos repetir a piada de ver um bebé de Hong Kong a ser barrado na fronteira por causa do seu nome. Se não mudamos este sistema, a imagem de Macau vai continuar a ser criticada e ridicularizada pelo mundo.
Isabel Castro VozesPapel de embrulho [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ntes de haver a licenciatura em Engenharia do Papel era tudo mais simples, mas também mais difícil. Um paradoxo para uma minoria pensante, uma inevitabilidade para uma maioria que, ver-se-ia mais tarde, afinal não se conformava, feliz e de papo vazio, com o que tinha. Era tudo mais simples para quem podia escolher, portanto. A engenharia era só engenharia e ainda não tinham inventado um número de opções que, ver-se-ia mais tarde também, tinham pouco ou nada de livre, apesar de se trasvestirem de democracia. Eram mentiras disfarçadas com papel de embrulho, laço de seda incluído. Ainda assim, melhor do que antes. Haver caminhos para mais gente é sempre melhor do que vias exclusivas para meninos da mamã e meninos do papá, com as devidas excepções dos que lá chegavam por mérito, suor e talvez algum sangue. Sempre melhor do que antes, ninguém tem saudades do passado, o passado deve servir só para pensarmos, com cuidado, no que aí vem. Na política, também houve um antes da licenciatura em Engenharia do Papel. Era um tempo em que tudo era mais simples e, mais uma vez, mais difícil. Não há simplicidade simples no mundo, ainda não se inventaram cursos para tirar as complicações do que os homens andaram por aí a complicar. Ainda assim, era tudo mais simples – não necessariamente melhor, mas ainda é cedo para certas avaliações históricas. No tempo em que era tudo mais simples na política, havia a direita, a esquerda e o centro e as pessoas encaixavam num destes conceitos, mesmo que a maioria não soubesse exactamente o que era a direita, a esquerda e o centro. A verdade é que a política – a política de massas – tem tudo que ver com a personificação. E com as promessas que se fazem. Este era o tempo em que se distribuíam aventais e esferográficas e canecas e os eleitores faziam a festa, iam aos comícios, eram muitos os que saíam de casa porque aquilo era para ser vivido assim. A política não chegava aos calcanhares da bola mas não andava longe, gostava-se deste, não se gostava daquele, já havia empresários e gente com dinheiro à frente da política e na rectaguarda também, mas o grau de crença era diferente. Votava-se ao domingo, a seguir à missa. Era tudo mais simples, apesar de, depois, ser tudo mais difícil. Hoje é tudo mais fácil, dizem-nos, e a gente acredita, porque só tem memórias das carrinhas de caixa aberta e os altifalantes, dos aventais e das bandeiras, mas não se lembra exactamente nem do que se gritava pela rua, nem do que escrevia no material de propaganda política. Mas hoje é tudo mais complicado também. As licenciaturas em Engenharia do Papel puseram-nos a pensar. Não sei se pensamos bem, provavelmente não, que andámos a queimar pestanas na faculdade para nada, mas disseram-nos para irmos para lá e nós fomos. Ainda assim, pensa-se muito hoje em dia. Pensa-se muito e muito depressa, quase sempre de forma resumida, que as twitadas não permitem alongamentos no pensamento. Mas hoje sabemos todos quem manda em nós. E não gostamos de ninguém. Vai daí, porque a esquerda e a direita e o centro continuam à esquerda, à direita e ao centro mas sem saberem exactamente o que é isto dos pontos politicamente cardeais, viramo-nos para as pontas porque elas é que são diferentes. Prometem um mundo novo, apesar de não distribuírem aventais de cozinha em carrinhas de caixa aberta. Garantem-nos que vão acabar com os banqueiros, com a finança e com a corrupção, e nós gostamos disso, porque até já nem sabemos em que conta depositar o salário. Excitamo-nos ligeiramente com esta ideia de que podemos ser anti-sistema, escrevemos duas linhas e temos duas discussões virtuais antes de irmos para a cama, no domingo não há missa mas é dia de eleições, votar no sistema nem pensar, mais do mesmo nem pensar, queremos é promessas novas, coisas novas, mesmo que tudo isso já exista desde que foi inventada a licenciatura em Engenharia do Papel e não nos tenhamos apercebido de quão amarelos são estes compromissos para uma nova era, mais à nossa medida. Isto é assustador. O mundo quer-se novo e equilibrado, dentro e fora do sistema, e não é isso que está a acontecer. É o aqui e o agora, o vizinho não interessa, nós queremos os nossos problemas resolvidos e amanhã logo se vê. Amanhã já se viu que isto não pode ser bom, cabeças quentes não fazem a cruz no quadrado certo, a cruz de uns não é a cruz de outros, das cruzes que carregamos só sabemos nós. Ninguém quer saber, todos já sabem, todos já sabiam há muito tempo, eles é que estavam certos. Assustador mundo novo em que andamos, quase sempre, a fazer de papel de embrulho.
Andreia Sofia Silva Perfil PessoasMatilde Bernardo, estudante de mandarim: “Macau deu-me luta” [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]studar mandarim surgiu-lhe no horizonte quase por acaso, de pesquisa em pesquisa, pela diferença e pela possibilidade de aventura. “Nem pensei duas vezes”, conta Matilde Bernardo, estudante do terceiro ano da licenciatura de Tradução e Interpretação de Português-Chinês. Actualmente em Macau a fazer parte do curso, ao abrigo de um protocolo entre o Instituto Politécnico de Leiria e o Instituto Politécnico de Macau, Matilde Bernardo recorda os primeiros tempos de estudo de um idioma completamente diferente. “O choque foi interessante, porque não sabia o que era um caractere. Senti-me ridícula nas primeiras aulas e não tinha feito qualquer tipo de preparação. O primeiro ano foi trabalhoso, com a habituação à escrita e à forma de falar, com os tons.” Três anos depois, as dificuldades persistem, mas já são menores. “O curso continua a ser trabalhoso, mas agora é mais gratificante, porque já consigo falar um pouco de mandarim. Contudo, ainda há um longo caminho a percorrer”, assume. Antes de viajar para Pequim, onde esteve dois anos, Matilde Bernardo pesquisou muito sobre o país que a ia acolher. Além de tentar compreender a cultura chinesa, a estudante portuguesa não ignorou o sistema político. “Sabia da existência da cultura chinesa e dos elementos básicos que a compõem, mas não tinha tido qualquer tipo de contacto. Comecei por ouvir música, ver filmes e pesquisar sobre a China, a sua história, o regime político, para ter uma ideia antes de ir para Pequim.” “Quando vamos para um país comunista ficamos com uma imagem vermelha”, diz Matilde, de forma irónica. A estudante começou desde cedo a compreender as diferenças de viver num país onde não há acesso ao Facebook e onde muitos websites estão bloqueados. “Em relação à censura, achei um bocado estranho, porque vemos filmes com partes cortadas, não é fácil. Mesmo quando vemos notícias não nos sentimos seguros, não sabemos se aquilo que estamos a ver é verdade ou se estamos a ver aquilo que eles querem que nós vejamos. É complicado e isso aplica-se também no contacto com a sociedade.” Matilde Bernardo recorda conversas sobre temas considerados sensíveis e demasiado distantes da realidade política e social de Portugal. “Sobre a situação de Taiwan, por exemplo, encontramos todo o tipo de opiniões e argumentos. Uma pessoa não quer contradizer. Ouvimos, porque é interessante, mas não é fácil metermo-nos nessa discussão, porque a história não é nossa, e eles falam conforme o passado e a situação familiar. São sempre esses pontos que vão buscar. Ficamos um pouco de fora, não podemos ter uma grande interacção”, aponta. A estudante afirma que sempre fez o que quis na China, sem qualquer tipo de restrição, mas que, ainda assim, sempre se questionou sobre a realidade que a rodeava. “Falamos de vários temas e questionamos constantemente aquilo que ouvimos. Uma pessoa ouve e aprende, mas é muito estranho. Mesmo quando falamos, é como se tivéssemos um filtro constante. Essa parte ainda me faz um bocado de confusão.” Macau, essa surpresa Se para Matilde a ida para Pequim se fez sem dificuldades de adaptação, a mudança para Macau foi um pouco diferente. “Foi como se tivesse começado tudo de novo. Foi um sítio que me deu luta nos primeiros meses”, recorda. “Tinha a mente aberta, estava preparada, mas não foi uma adaptação tão simples como foi em Pequim, mas isso foi ultrapassado.” Tanto que Matilde tem planos para ficar quando acabar a licenciatura. “Queria vir estagiar para cá, era o que eu gostava mais de fazer, e quem sabe um dia vir cá fazer um mestrado e começar a trabalhar. Está mesmo no topo da lista dos meus objectivos”, afirma. Portugal já é para a estudante um destino longínquo, que não está, contudo, posto de parte. “Nunca tive ideias de ficar em Portugal. Sempre quis sair e ver um pouco do mundo. No início, se puder, não está nos meus planos ficar lá a longo prazo.” Daqui para a frente, Matilde Bernardo quer apostar na tradução, área onde se sente mais à vontade e que lhe dá mais prazer. A especialização num mestrado, a frequentar deste lado do mundo, é uma possibilidade a curto prazo. A interpretação, essa, fica em segundo lugar.
Hoje Macau China / ÁsiaChina cria o seu próprio Wikipedia, mas cibernautas não podem escrever ou editar [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China está a compilar a sua própria enciclopédia ‘online’, que rivalizará com o Wikipedia, mas deverá apresentar a versão oficial dos acontecimentos históricos sensíveis, não permitindo aos cibernautas escrever ou editar as páginas. No “Wikipedia chinês”, apenas académicos e especialistas seleccionados pelas autoridades poderão adicionar ou alterar informação, em mais um esforço do regime chinês para controlar o conteúdo disponível na Internet. Os académicos afirmam, no entanto, que são guiados apenas pela verdade e rigor e que, em caso de haver diferença de opinião, esta deve ser resolvida por um comité, segundo Zhang Baichun, editor chefe da secção de história da ciência e tecnologia. “Claro, a ciência não provém de uma votação democrática. Para convencer os outros, terás que apresentar provas incontestáveis”, disse à agência Associated Press. Manual de instruções A elaboração de 300.000 páginas nas áreas da ciência, literatura, política e história é directamente gerida pelo departamento central de propaganda do Partido Comunista Chinês (PCC), que guia a opinião pública do país através de instruções dadas à imprensa, firmas da Internet e ao sector editorial, para além de supervisionar a educação. Pequim tem-se esforçado por controlar a opinião pública perante o ‘boom’ do número de cibernautas do país – são já mais de 700 milhões -, que podem comentar notícias e informação sensível ou difundir fotografias de protestos nas redes sociais. Ferramentas como o Google, Dropbox e Youtube, ou as redes sociais Facebook e Twitter estão bloqueadas no país. A versão em chinês do Wikipedia está também censurada no país. Jiang Lijun, editor-chefe da Encyclopedia of China Publishing House, empresa contratada pelo Governo para fazer a enciclopédia ‘online’, revelou que haverá páginas sobre líderes políticos e sobre a história do PCC. Jiang recusou, porém, comentar como são retratados eventos como a Revolução Cultural, ou a sangrenta repressão dos protestos pró-democracia em Tiananmen. Qiao Mu, um analista independente sediado em Pequim, afirmou que a enciclopédia chinesa será “muito diferente” do Wikipedia, devido à necessidade de estar em concordância com a versão oficial do Governo. “Se não quiser ser bloqueado na China, o editor terá que aceitar a censura, seja através de autocensura ou censura pelas autoridades”, afirmou.
João Luz China / Ásia MancheteAnálise | Tensão entre Washington e Pyongyang em crescendo À medida que a Península da Coreia é palco de uma autêntica parada militar, o regime de Kim Jong-un recusa inverter o caminho de aumento da capacidade nuclear e ameaça partir para a guerra. Do outro lado, Donald Trump prevê que possa estar no horizonte um grande conflito na região, enquanto Pequim procura pôr água na fervura [dropcap style≠’circle’]“A[/dropcap] descuidada provocação militar norte-americana está a empurrar a Península Coreana para uma situação de guerra nuclear”. As palavras são da KCNA, a agência noticiosa oficial da Coreia do Norte e representam mais um passo na escalada da retórica agressiva entre Pyongyang e Washington. Apesar do isolado regime ser pródigo em ameaças, desta feita enfrenta um panorama geopolítico diferente, com um presidente na Casa Branca que quer projectar força no xadrez internacional. A situação tem vindo continuamente a aquecer, em particular depois de dois bombardeiros B-1B Lancer norte-americanos terem sobrevoado a Península da Coreia num exercício militar com forças da Coreia do Sul e do Japão na passada segunda-feira. Apesar disso, a Coreia do Norte manteve a firme resolução de continuar com os testes nucleares, contrariando as exigências das Nações Unidas e ignorando o belicismo inerente à nova Administração norte-americana. Além disso, Pyongyang reagiu à presença na região do submarino com capacidade nuclear, USS Michigan, em tom intimidatório. “No momento em que o USS Michigan tentar algo estará votado a um destino miserável e tornar-se-á num fantasma subaquático que nunca voltará à superfície”, foi a mensagem veiculada pelo site de propaganda norte coreano Urminzokkiri. Esta escalada de tom aconteceu apesar de Trump, em entrevista à agência Bloomberg, ter dito que seria uma “honra encontrar-se com Kim Jong-un”, caso estivessem reunidas condições para tal. Estas declarações foram contextualizadas pelo porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, que esclareceu que para tal encontro se realizar será preciso ver-se uma mudança de posição de Pyongyang mas, para já, “não estão reunidas as condições necessárias”. Entretanto, o porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Geng Shuang, reiterou que a única forma de travar a proliferação nuclear na Península da Coreia, e de manter a paz e a estabilidade, é através de diálogo. Pequim insiste na via diplomática como a única solução viável e insta ambas as partes a encetar negociações de paz com a maior brevidade possível. Independentemente das recomendações de Pequim, Kim Jong-un parece preparar-se para mais um teste nuclear na base de Punggye-ri. Resposta chinesa Depois de Xi Jinping ter testemunhado a prontidão com que Donald Trump deu luz verde para o lançamento de mísseis contra uma base militar síria durante o encontro entre ambos, a dúvida é o que pode fazer Pequim para prevenir um confronto que parece inevitável. Neste domínio, é de realçar que não interessa à China que os Estados Unidos reforcem a presença militar às suas portas. Uma das espinhas encravadas na garganta de Xi Jinping é a instalação de um sistema antimísseis norte-americana na Coreia do Sul. Como tal, Geng Shuang, do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês exigiu a retirada imediata do sistema antimísseis que Washington anunciou estar pronto a funcionar para proteger o solo sul coreano de uma possível agressão do norte. Porém, de acordo com um oficial de defesa ouvido pela agência France-Presse, o sistema antimísseis ainda está numa fase inicial da capacidade de intercepção de projécteis. O mesmo oficial indicou que será necessário ainda adicionar hardware para que esteja completamente funcional. Tal incremento deverá ser implementado no final deste ano, apesar da discordância chinesa. Durante uma conferência de imprensa o representante chinês referiu que serão tomadas medidas para defender os interesses de Pequim, não especificando qual a resposta chinesa. Não é segredo que a China considera a crescente presença americana na região como uma ameaça ao seu território, apesar de tanto Washington, como Seul, reiterarem que a instalação o sistema antimísseis é uma resposta preventiva face aos testes nucleares norte-coreanos. Neste capítulo importa salientar que esta instalação foi decidida ainda durante a Administração Obama. Num artigo publicado por um think tank americano a presidente do comité de assuntos internacionais do Congresso Nacional do Povo, Fu Ying, achou “irrealista a possibilidade do líder norte-coreano sucumbir perante a pressão de sanções internacionais”. Fu Ying também considera pouco plausível a esperança norte-americana e sul coreana de que o regime de Kim Jong-un colapse com o estrangulamento das vias que financiam o país. Estas declarações vão ao encontro da posição oficial de Pequim, que apontam o regresso à mesa das negociações como a única solução para o diferendo. A representante chinesa redobrou os pedidos da administração de Xi Jinping para uma “dupla suspensão”, o que parece o melhor de dois mundos. Por um lado, Fu Ying apela à suspensão dos testes nucleares e de mísseis por parte de Pyongyang, assim como ao cancelamento dos exercícios militares norte-americanos em parceria com a Coreia do Sul. Lu Chao, da Academia Liaoning de Ciências Sociais, disse ao South China Morning Post que a possibilidade aberta por Trump para se encontrar com Kim Jong-un representa uma saída positiva para a crise coreana. Lu reiterou que este é um problema que só poderá ser resolvido por ambas as partes, acrescentando ainda que não considera plausível que o líder norte coreano queira mesmo começar uma guerra com os Estados Unidos. Réplica Internacional Entretanto, Washington encontra-se em negociações com Pequim para uma resposta forte do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Normalmente, a organização tem condenado os testes nucleares de Pyongyang e imposto sanções mais pesadas a cada teste realizado. Porém, a posição da Casa Branca parece apontar numa direcção diferente da tradicional. De acordo com um porta-voz da delegação americana citado pelo South China Morning Post, “estão a ser equacionadas opções de resposta às provocações” do regime de Kim Jong-un. Nesse aspecto, o Secretário de Estado, Rex Tillerson, disse na reunião das Nações Unidas que “as resoluções habituais não são uma opção”, compelindo o Conselho de Segurança a actuar antes que Pyongyang o faça. Importa salientar que a Primavera é uma altura de recorrente escalada de tensão na região, uma vez que coincide com uma série de aniversários patrióticos que Pyongyang costuma celebrar com demonstrações de poderio bélico. Em contrapartida, também os Estados Unidos costumam realizar exercícios na zona em parceria com as autoridades de Seul. Porém, este ano, a nova Casa Branca aumentou os meios com o destacamento de um submarino equipado com um sistema de mísseis guiados e uma frota com porta-aviões. Além disso, a retórica de Washington parece apontar para uma mudança de posição para uma resposta mais musculada, à medida que crescem os receios de que a força militar norte coreana tenha capacidade para atingir território americano. Estes receios foram ventilados por algumas vozes do Partido Republicano, relembrando os discursos que anteciparam outras guerras, noutros quadrantes. Também Kim Jong-un parece mais indiferente do que o seu pai, e avô, em relação à posição de Pequim, o seu maior aliado no plano internacional. Noutro quadrante, Vladimir Putin apelou à contenção de forma a reduzir os níveis de tensão. Os próximos tempos poderão ser determinantes quanto ao futuro da Ásia. Apesar da região ser palco tradicional de tensões bélicas com foco na Coreia do Norte, os líderes que comandam actualmente Washington e Pyongyang têm-se mostrado actores algo imprevisíveis no contexto geoestratégico. Outro factor de risco parece ser a relativa perda de influência de Pequim, que tem agido como fiel de uma balança que ameaça partir-se.
Andreia Sofia Silva PolíticaHabitação social | Ella Lei pede debate sobre abertura de concursos A deputada Ella Lei entregou um pedido de debate na Assembleia Legislativa sobre a necessidade de abertura de um novo concurso de atribuição de casas sociais. Para Ella Lei, o Governo deve implementar “um mecanismo permanente de candidatura” a este tipo de habitação pública [dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á quatro anos que o Governo não abre um novo concurso para a atribuição de habitação social. A deputada Ella Lei considera, por isso, que é necessário criar um novo concurso para quem precisa de casa, tendo apresentado na Assembleia Legislativa (AL) um pedido de debate sobre o assunto. “O Governo deve iniciar imediatamente os concursos para as habitações sociais, bem como implementar um mecanismo permanente de candidatura para esse tipo de habitação”, escreve a deputada eleita pela via indirecta e com ligações à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). “O Governo tem de abrir, a breve trecho, um concurso para a apresentação das candidaturas à atribuição de habitação social, para que, em primeiro lugar, haja uma articulação com o mecanismo permanente para as candidaturas”, escreveu. Ella Lei acredita também que a abertura de novos concursos “vai permitir ao Governo obter dados sobre as necessidades da sociedade relativamente ao número e à tipologia de habitação pública e, por fim, dar apoio atempado às famílias com baixos rendimentos”. A deputada lembrou ainda o longo período de espera a que os requerentes estão sujeitos. “Há dias o Chefe do Executivo afirmou que vai abrir concursos para estas habitações ainda durante o seu mandato. Contudo, isto representa um período muito longo para os agregados familiares que têm de enfrentar problemas relacionados com a habitação”, defendeu. Ella Lei crê que a abertura permanente de concursos para a atribuição de casas sociais, sujeitas ao pagamento de uma renda, poderia ajudar as famílias com baixos rendimentos. “As pessoas com baixos rendimentos têm tido a necessidade de utilizar grande parte dos seus rendimentos para pagar o elevado valor das rendas. Se estas pessoas puderem candidatar-se a uma habitação social para, posteriormente, nela habitarem, isso poderá diminuir a sua pressão em relação aos problemas da habitação”, apontou. Ai o subsídio A deputada ligada à FAOM lembra a criação, por parte do Executivo, do plano provisório de atribuição do abono de residência aos agregados familiares da lista de candidatos à habitação social e alerta para a possibilidade destas famílias poderem perder o direito ao subsídio e ficar sem uma casa social. “Se o Governo continuar a não abrir concursos para os residentes se candidatarem a habitações sociais, as famílias com dificuldades económicas não só não podem candidatar-se e viver numa dessas habitações, como também vão ficar sem o referido abono.” Ella Lei fala ainda da falta de capacidade do Instituto da Habitação (IH) para lidar com o grande volume de candidaturas. “O Governo só lança concursos depois de as casas estarem concluídas. Devido ao longo intervalo de tempo entre os concursos, quando estes são abertos, um grande volume de residentes é atraído e as candidaturas são sempre numerosas.” Segundo a deputada, “como o IH não consegue processar rapidamente esse volume de candidaturas tão grande, mesmo que as habitações sociais estejam prontas, ainda é necessário esperar pela abertura do concurso para a apresentação das candidaturas ou pelos procedimentos de apreciação, o que leva muito tempo, cerca de dois ou três anos.” A deputada recorda que o Executivo já tinha falado da possibilidade de abrir mais concursos. Até à data não houve, contudo, novidades. “Segundo o Governo, ia ser estudada a criação de um mecanismo permanente para as candidaturas à habitação social. No entanto, até à conclusão da alteração da respectiva lei, esse mecanismo ainda não foi concretizado, nem se consegue prever quanto tempo de espera é que ainda será necessário”, concluiu.
Hoje Macau Manchete PolíticaUng Vai Meng espera investigação com resultado justo [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m declarações o canal chinês da Rádio Macau, Ung Vai Meng, ex-presidente do Instituto Cultural (IC), afirmou que a investigação sobre o processo disciplinar de que é alvo irá revelar a verdade por detrás do recrutamento de pessoas sem concurso público. Ung Vai Meng disse ainda que está disposto a participar no processo de investigação e que vai ter um resultado justo, no sentido de mostrar o esforço feito por si e pelos colegas que fizeram parte da direcção do IC. O ex-presidente do IC, que saiu recentemente do cargo devido a aposentação, disse não ser conveniente comentar a instauração do processo disciplinar, por ter deixado o cargo que ocupava. Ung Vai Meng disse, contudo, que, no passado, o objectivo da direcção do IC era conseguir alcançar mais objectivos de maneira legal. O responsável deu o exemplo dos trabalhos que começaram a ser desenvolvidos em 2010, no âmbito das indústrias culturais e criativas. Fazendo referência ao excesso de trabalho que existia na altura, Ung Vai Meng disse que tudo o que foi feito teve como objectivo desenvolver mais o sector das indústrias culturais e criativas. Em andamento Citado por um comunicado oficial, Alexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, referiu que “o respectivo relatório de investigação já foi entregue ao Chefe do Executivo e ao Comissariado contra a Corrupção, tendo sido proposto ao Gabinete do Chefe do Executivo para proceder à respectiva investigação”. O secretário adiantou ainda que o Executivo “rege-se pelo Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau e outra legislação”, sendo que “todos os procedimentos administrativos têm de cumprir a lei, e todas as pessoas tem de observar as referidas regulamentações”. Após a instauração de um processo disciplinar à anterior direcção do IC, encabeçada por Ung Vai Meng e pelo actual presidente, Leung Hio Ming, por parte do secretário da tutela, o Chefe do Executivo decidiu nomear um instrutor para levar a cabo a investigação. Numa conferência de imprensa recente, Leung Hio Ming afastou a possibilidade de ter responsabilidades sobre o caso, tendo explicado que, à época, estava mais ligado à área artística, não possuindo ligações directas ao recrutamento de trabalhadores para o IC.
Isabel Castro Manchete PolíticaIC | Museu de Arte de Macau muda de director. Já há um novo responsável O Museu de Arte de Macau tem um novo director. Chan Hou Seng, que ocupava o cargo há quase nove anos, deixou de liderar a instituição sob a alçada do Instituto Cultural. A mudança acontece numa altura sensível para a entidade presidida por Leung Hio Meng [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]han Hou Seng vai deixar a liderança do Museu de Arte de Macau (MAM), soube o HM junto de fonte conhecedora do processo. O Instituto Cultural (IC), entidade que tutela a unidade museológica, encontrou um substituto: chama-se Chan Kai Chon e trabalhava já na casa, nos serviços de educação. O sucessor de Guilherme Ung Vai Meng na direcção do MAM ocupava o cargo desde Junho de 2008. Na altura, o museu estava sob a alçada do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). Chan Hou Seng foi promovido quando Ung Vai Meng subiu na carreira dentro do IACM, tendo passado a ser chefe dos Serviços Culturais e Recreativos, cargo que ocupou antes de passar para a presidência do IC. Mal tomou posse, Chan Hou Seng deixou a ideia de que iria apostar num trabalho de continuidade, com a manutenção das actividades programadas, uma vez que já pertencia à equipa do museu. Especialista em pintura chinesa e caligrafia, mostrou ao longo destes anos ter um perfil bastante mais discreto do que Guilherme Ung Vai Meng. Ao longo destes quase nove anos, foram poucas as entrevistas que deu a órgãos de comunicação social em língua portuguesa – ao contrário do seu antecessor, mostrava alguma resistência em tecer comentários fora do âmbito do seu trabalho no MAM, sendo que também sobre o próprio museu não foram muitas as ideias que partilhou publicamente. Sabe-se que gostaria de ver em Macau uma Bienal de Arte, algo que ainda não existe; é também do conhecimento público que detectava um problema ao nível dos recursos humanos no sector. A saída de Chan Hou Seng – por motivos que não foi possível apurar em tempo útil – acontece numa altura de alguma reviravolta no Instituto Cultural. O organismo presidido por Leung Hio Meng prepara-se para, até ao final do ano, dispensar 94 funcionários que foram contratados de forma irregular. No final da semana passada, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura anunciou a abertura de um procedimento disciplinar ao actual presidente do IC, bem como ao seu antecessor, Guilherme Ung Vai Meng, e ainda a Chan Peng Fai. Eram os três principais responsáveis pelo instituto entre 2010 e 2015, período em que foram cometidas várias irregularidades na contratação de pessoal, de acordo com um relatório do Comissariado contra a Corrupção.
Isabel Castro SociedadeViolência doméstica | Lei só será revista depois de 2019 A ser alterada, só depois de três anos em vigor. O Instituto de Acção Social quer avaliar primeiro a eficácia da lei de combate à violência doméstica. Por enquanto, a legislação vai de encontro às expectativas do Governo. O número de casos denunciados tem vindo a aumentar [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]esde que a lei de combate à violência doméstica entrou em vigor, em Outubro do ano passado, o Instituto de Acção Social (IAS) recebeu 675 pedidos de ajuda. Nem todos os casos tinham características previstas pela legislação e algumas das queixas diziam respeito à mesma situação familiar, sendo que, do total, apenas 31 foram considerados pelos técnicos do IAS como sendo situações que se enquadram no diploma. Os números foram avançados no final da primeira sessão plenária deste ano do Conselho para os Assuntos das Mulheres e Crianças. Durante o encontro, Tang Yuk Wa, chefe do Departamento de Serviços Familiares e Comunitários do IAS, apresentou o primeiro relatório de avaliação sobre a lei de prevenção e combate à violência doméstica. De Outubro para cá, “uma dezena de casos entrou já em processo judicial”. De acordo com o responsável, o número de denúncias tem vindo a aumentar, sinal de que “os cidadãos têm mais consciência e conhecimento sobre o que é a violência doméstica, sabem que a lei entrou em vigor”. Do total de casos recebidos, 22 por cento foram dados a conhecer através da linha telefónica para o efeito. O IAS tinha avançado a hipótese de, a breve prazo, ser feita uma revisão à legislação, para colmatar lacunas que entretanto teriam sido detectadas. Tang Yuk Wa afasta essa possibilidade, dando a entender que, antes de mais, é preciso dar tempo à lei. “Temos um plano para, depois de três anos em vigor, fazermos um relatório de avaliação, para ver se é necessária a revisão desta lei”, explicou o responsável. “Até lá, estamos a fazer todos os esforços para executar bem o nosso trabalho. Não há qualquer problema na execução”, garantiu. Tang Yuk Wa salientou o facto de haver uma boa colaboração com as outras entidades envolvidas na matéria, como as polícias e os Serviços de Saúde. O representante do IAS no conselho admitiu que “há dificuldades” mas, por ora, têm sido ultrapassadas. “Dentro dos serviços temos diferentes pontos de vista, mas o mesmo objectivo”, vincou. Base de dados a caminho Tang Yuk Wa garantiu que, até à data, não tem faltado qualquer tipo de apoio às vítimas de violência doméstica. “Parte do agregado familiar pode precisar de ajuda no alojamento. Actualmente, conseguimos satisfazer essas necessidades”, afiançou. “Há uma tendência de aumento dessa necessidade, pelo que aumentámos este ano o número de vagas de apoio no alojamento.” Neste momento, há 17 pessoas alojadas temporariamente. Quanto às instalações destinadas ao sexo masculino, existem 11 vagas disponíveis. As vítimas de violência doméstica podem ainda receber do IAS “apoio psicológico, consultadoria jurídica e até apoio financeiro”. O Instituto de Acção Social está a preparar estatísticas sobre os casos recebidos e identificados como cabendo no âmbito da nova legislação. “Vamos divulgar informações periodicamente, de seis em seis meses, no website do IAS”, prometeu Tan Yuk Wa. “Vamos divulgar, de forma anónima, quais as características dos agressores, das famílias envolvidas e das vítimas, os rendimentos dos agressores, a zona de residência e que tipo de violência está em causa”, especificou. Relatório sobre mulheres está pronto Até ao final de Junho ou, o mais tardar, no terceiro trimestre deste ano, o Conselho para os Assuntos das Mulheres e Crianças deverá submeter oficialmente ao Governo o resultado de um estudo sobre o desenvolvimento das mulheres do território. O trabalho tem estado a ser feito pela Universidade de Macau, que apresentou ao conselho as principais conclusões. Vão agora ser estudadas pela comissão que, dentro do conselho, se debruça sobre este tipo de questões. O relatório em causa inclui mais de uma centena de medidas a adoptar a curto, médio e longo prazos em várias áreas, da formação das mulheres à saúde, passando pela segurança, a protecção social, a economia, os direitos de participação, a comunicação social e a cultura. Com base neste documento, pretende-se criar medidas para promover a igualdade de géneros em Macau.
Hoje Macau SociedadeLançado site sobre Biblioteca Central de Macau [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]ntrou em funcionamento esta semana uma página electrónica sobre a futura Biblioteca Central de Macau. De acordo com o Instituto Cultural (IC), a ideia é permitir aos residentes ficarem a conhecer melhor o projecto pensado para o edifício do antigo tribunal. Uma visita ao site permite perceber quais são os planos do Governo para o local, e que tipo de estruturas e serviços terá. Incluem-se ainda informações sobre a revitalização de edifícios antigos, actividades promocionais e a publicação de notícias. O IC promete ir actualizando os conteúdos de acordo com o ponto da situação do projecto, de modo a facilitar aos residentes a obtenção das informações mais recentes sobre a futura biblioteca. O edifício do antigo tribunal, na Avenida da Praia Grande, foi construído em 1951. Começou por albergar as Repartições do Governo de Macau, tendo sido depois utilizado por vários serviços públicos e, mais tarde, como tribunal judicial de base. Ao abrigo da Lei de Salvaguarda do Património Cultural, o imóvel está classificado como edifício de interesse arquitectónico. O projecto da construção da Biblioteca Central de Macau no edifício do antigo tribunal foi retomado depois de Alexis Tam ter passado a ser secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. A ideia foi recebida por certos sectores com algum cepticismo, com vários deputados a criticarem a localização e a oportunidade do investimento no imóvel.
Hoje Macau SociedadeSegurança alimentar | Primeira acção de formação com técnicos de Portugal O acordo foi assinado no ano passado e, agora, chegou a altura de começar a aplicá-lo. Há técnicos da ASAE em Macau para partilharem a experiência portuguesa na matéria [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] primeira acção de formação em segurança alimentar com técnicos portugueses começou esta semana em Macau e vai prolongar-se por três semanas, disse o inspector-geral da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) de Portugal. Pedro Portugal Gaspar falava no final da primeira reunião de trabalho entre a ASAE e o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), durante a qual foram debatidos a comunicação de informações ao nível da segurança alimentar, técnicas de análise de produtos alimentares e formação. “Esta é a primeira operacionalização de formação em segurança alimentar” do protocolo, assinado em Outubro passado, entre a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, e o Ministério da Economia português. Esta primeira acção de formação aborda “matérias semelhantes para garantir a segurança alimentar”, ao nível de mercados e restaurantes, disse. Estas acções de formação – que, nesta primeira edição, abrangem cerca de 20 pessoas –, deverão realizar-se todos os anos. Pedro Portugal Gaspar acrescentou que o objectivo da reunião foi também perspectivar “o desenvolvimento de acções futuras” e de intercâmbio bilateral entre o IACM e a ASAE, em Portugal ou em Macau, mas sobretudo na área virtual em plataformas de comércio electrónico. “Há um desafio grande, desde o estabelecimento de regras para a colocação de produtos em determinadas plataformas, e depois a monitorização”, disse o responsável português, sublinhando a importância, em termos de segurança alimentar, de “alargar para a quantidade, sem nunca deixar de garantir a qualidade”. A vertente do comércio digital vai exigir o estabelecimento de estratégias e mecanismo a aprofundar depois de um estudo, acrescentou. A importância destas plataformas electrónicas vai implicar estudos para estabelecer estratégias e mecanismos de comunicação de informações e técnicas de análise de produtos alimentares, colocando o foco “na autenticidade alimentar como um dos grandes desafios num espaço global”, disse. A ASAE assume, neste momento, a presidência das inspecções económicas e alimentares no quadro da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), “que pode ter algum intercâmbio com o Fórum Macau”, sendo a RAEM “plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa”, afirmou. O inspector-geral da ASAE destacou a posição da agência portuguesa, enquanto membro da EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar), para veicular boas práticas e canais de informações em situações que possam pôr em causa a segurança alimentar. Boas, mas para melhorar Pedro Portugal Gaspar considerou “muito positivas” as práticas de segurança e higiene alimentar em Macau. Por seu turno, José Tavares, presidente do Conselho de Administração do IACM, considerou que os problemas registados na área da segurança alimentar em Macau “são esporádicos”. O responsável de Macau destacou que, no primeiro encontro com a ASAE, tentou identificar-se quais as principais áreas de intervenção – técnicas laboratoriais, amostras, formação e troca de informações – a desenvolver primeiro. “De 2015 até agora, fizemos um curso de formação para cerca de 400 pessoas na área de restauração para a aquisição de novos conhecimentos sobre tratamento alimentar, desde a aquisição, ao armazenamento e confecção. Os problemas que têm aparecido são esporádicos”, sublinhou. “Temos duas inspecções por ano, por restaurante. E os restaurantes que não satisfazerem as nossas exigências terão mais inspecções por ano”, garantiu, mas “mais de 99 por cento dos casos satisfazem” as exigências. O responsável do IACM salientou ainda a necessidade de regulamentar a aquisição de alimentos online para garantir a segurança alimentar em Macau.
Andreia Sofia Silva EventosCafé na Taipa acolhe “Zoom Pop Up Bazar” esta sexta-feira É já esta sexta-feira que o Lax Café, na Taipa, acolhe um bazar com fotografia, comida e produtos artesanais. Andreea Apostol fala de um projecto que está a começar do zero e que pretende mostrar o que existe de diferente no território [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]ugir do habitual e do previsível e fazer diferente. Foi com esta ideia em mente que Andreea Apostol decidiu organizar o Zoom Pop-Up Bazar, que decorre esta sexta-feira no Lax Café, na Taipa. Com entrada gratuita, o público poderá ter acesso a produtos diferentes, que passam pela fotografia, artesanato ou mesmo pelas sobremesas que não vão ao forno ou ao fogão, segundo o movimento gastronómico Raw. “O Zoom Bazaar foi uma ideia que eu e a minha amiga Roxana tivemos a partir do projecto intitulado “Script of Memories” [serviço de fotografias]. Decidimos fazer um bazar porque achamos que Macau precisa deste tipo de eventos, algo diferente daquilo que habitualmente encontramos”, contou Andreea Apostol ao HM. Andreea Apostol sempre trabalhou na área da culinária, mas desta vez quis ir um pouco mais além. “Será um pequeno bazar onde as pessoas poderão desfrutar de um bom momento com comida e bebida, experimentar sobremesas especiais (raw e vegan) e olhar para a exposição do projecto Script of Memories. Há ainda a possibilidade de comprar alguns produtos artesanais, bem como lindas jóias.” A mentora da iniciativa garante que sempre quis garantir a originalidade por detrás de cada projecto. “Queremos promover os pequenos negócios. Todos os participantes foram cuidadosamente escolhidos tendo em conta o conceito do bazar. A ideia era que trouxessem produtos criativos e inovadores”, explicou. Doce sem pecado “Rawlicious” é um dos projectos participantes no Zoom Pop-Up Bazaar e surgiu recentemente na vida de Andreea Apostol. “As sobremesas sempre fizeram parte da minha vida, pois sou pasteleira desde 2013. Sempre comi bolos, mas nos últimos meses tenho estado mais atenta ao que como e à forma como alimento o meu corpo.” Foi então que Andreea Apostol descobriu o lado de bom de poder fazer tartes e bolos sem recorrer ao forno e a ingredientes como farinhas ou açucares. “Fazer sobremesas cruas deu-me a possibilidade de desfrutar das sobremesas sem comprometer a minha saúde. Comecei a criar cada vez mais receitas e descobri que criar sobremesas cruas é fácil e decidi concentrar-me neste projecto.” Vão também estar presentes negócios como o Yayo Craft Collection, com produtos feitos à mão, ou ainda a Luv & Bart jewelries, que se dedica a fazer jóias “de boa qualidade” a preços mais baixos. O público poderá ainda ver os produtos vintage da Mementos of Macau. “Com este evento queremos promover a criatividade, a iniciativa e coisas genuínas. Os participantes do bazar são verdadeiramente criativos e têm algo de novo, que não encontramos em Macau”, concluiu Andreea Apostol.