“Colour / Shape / Love” | Exposição de Joaquim Franco inaugurada esta sexta-feira

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hama-se “Colour / Shape / Love” e é a nova exposição de Joaquim Franco com apoio da AFA – Art for All Society. A mostra de trabalhos do pintor português radicado em Macau é inaugurada esta sexta-feira no edifício Macau Art Garden.

“As pessoas podem esperar uma série de novos trabalhos que tenho vindo a desenvolver de há uns anos para cá. Na realidade, estes trabalhos são todos do final do ano passado e princípios deste ano. São coisas novas, que ainda não foram vistas cá em Macau. Acho que o público pode esperar coisas interessantes”, disse Joaquim Franco ao HM.

A escolha do nome da exposição acabou por partir de James Chu, presidente da AFA e curador da mostra. “Ele escolheu este nome porque, na realidade, o meu trabalho está muito ligado com a cor. Falo muito do amor e da paz, e é essa a primeira leitura dos meus trabalhos.”

Encuentros – Pintura de Joaquim Franco

Joaquim Franco assume não querer transmitir uma mensagem específica com os seus quadros, pois prefere que as pessoas “façam a sua viagem”. Contudo, se há uma mensagem a passar aos outros, é a de necessidade de maior compreensão.

“Cada pessoa deve ter a sua liberdade. Mas, no catálogo da exposição coloquei uma frase de um antigo professor meu, o Rui Mário Gonçalves, em que ele dizia ‘ver é compreender. Compreender é ver. Dar a ver é instaurar a compreensão entre os homens’. Se tenho alguma veleidade em passar alguma mensagem é esta: instaurar a compreensão entre os homens.”

Há, inclusivamente, um quadro intitulado “Who you think you are”, que transmite esta ideia. “Nos tempos que correm assistimos todos os dias a atentados e a violência, penso que a sociedade tem uma crise humana muito grande. Se tivesse uma mensagem a passar, seria de paz e amor”, apontou o artista.

O apoio AFA

Joaquim Franco já expôs os seus trabalhos em parceria com a AFA em diversas exposições colectivas, mas esta é a primeira vez que expõe a título individual. “Colour / Shape / Love” é, de certa forma, o resultado de um apoio que o artista obteve da AFA, que lhe cedeu um novo estúdio para trabalhar.

“Há dois ou três anos, tive de fechar o meu atelier porque a renda era impossível de manter. Não vendemos quadros todos os dias, não temos trabalho, porque na realidade não nos dão trabalho, e o Governo não dá trabalho aos artistas. James Chu soube que não tinha estúdio e ligou-me a perguntar se não queria ficar com este estúdio aqui no Art Garden”, contou o artista.

Apesar de ter uma exposição individual no horizonte, depois de ter exposto recentemente em Idanha-a-Nova, Portugal, Joaquim Franco não se mostra optimista em relação ao panorama artístico local.

“Em Macau não se vende, pura e simplesmente. Simplesmente vêm quatro ou cinco pessoas à inauguração e depois não aparecem pessoas. Não vêm para ver, quanto mais para comprar. A questão económica pesa”, concluiu.

13 Jun 2017

BRICS | Futuro e cooperação discutem-se em Fujian

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]uzhou, a capital da província de Fujian, no sudeste da China, recebeu mais de 400 participantes do bloco dos BRICS, (acrónimo que designa as economias emergentes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e de outros países em desenvolvimento.

Estas nações reuniram-se para participar num fórum de três dias para cimentar a cooperação entre elas.

Representantes de partidos políticos, think tanks e organizações da sociedade civil, procuram neste fórum construir consensos e solidificar a cooperação no âmbito do BRICS, informa o Diário do Povo.

Durante a cerimónia de abertura, Liu Yunshan, oficial sénior do Partido Comunista Chinês, elogiou o papel desempenhado pelo grupo.

Liu disse que os países do BRICS tornaram-se numa importante plataforma para a cooperação entre economias emergentes e países em desenvolvimento, bem como uma força responsável pelo ímpeto de crescimento económico global – maximizando as estruturas de governação, e promovendo a democratização das relações internacionais.

Os países do BRICS testemunharam uma grande mudança ao longo da última década, e estão agora prontos para ainda mais, disse.

Wu Xiaoqiu, vice-presidente da Universidade Renmin da China, disse que o objectivo dos BRICS agora é o de procurar novos trilhos de desenvolvimento, permitindo às economias emergentes terem uma palavra mais forte na evolução da economia.

Mudanças à vista

Os representantes das nações do bloco acreditam que o cenário irá mudar em breve.

Renata Boulos, directora do Instituto de Cooperação Internacional e Desenvolvimento, disse acreditar que o BRICS pode demonstrar um tipo diferente de diplomacia e de cooperação, em comparação com o passado.

O bloco do BRICS contribui actualmente em mais de 50% para o crescimento do PIB mundial.

O ex-primeiro-ministro do Egipto, Essam Sharaf, enfatizou numa entrevista que a razão pela qual tantos outros países estão interessados em se juntar aos BRICS é o objectivo do grupo de consumar o desenvolvimento comum do ser humano, a diversificação da cultura mundial e um humanitarismo unificado, uma visão ecoada por outros participantes.

Wu Xiaoqiu disse que, independentemente daquilo que seja o BRICS — uma plataforma ou um arquétipo — a abertura é uma garantia importante para a sua vitalidade. Apenas estas características o farão perdurar na comunidade internacional.

Os especialistas defendem que o BRICS deve expandir-se e considerar novos canais de diálogo, passando a incluir mais vozes exteriores.

13 Jun 2017

China | Campanha de uma semana para promover conservação de energia

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China lançou no domingo uma campanha de uma semana para elevar a consciência sobre a eficiência de energia e promover o estilo de vida sustentável.

A campanha, conhecida como Semana Nacional de Promoção da Eficiência Energética, tem como objectivo impulsionar a civilização ecológica, a conservação e a reciclagem de recursos e o desenvolvimento ecológico e de baixa emissão de carbono, de acordo com um comunicado do governo.

O Dia Nacional de Baixa Emissão de Carbono será comemorado hoje com o tema “Desenvolvimento Industrial com Baixa Emissão de Carbono”, segundo o comunicado emitido por 14 departamentos governamentais, citado pelo Diário do Povo.

A campanha consistirá em eventos por todo o país para promover tecnologias e produtos para poupar energia, transporte ecológico e desenvolvimento industrial com baixa emissão de carbono.

Em acção

O país introduziu o Dia Nacional de Baixa Emissão de Carbono em 2013 para impulsionar a consciência sobre a mudança climática e as políticas de desenvolvimento com baixa emissão de carbono, encorajar a participação do público e facilitar o compromisso do país para reduzir as emissões de gases produtores do efeito estufa.

O Dia Nacional de Baixa Emissão de Carbono comemora-se no terceiro dia da Semana Nacional de Promoção da Eficiência Energética, em Junho de cada ano.

O governo chinês considera o desenvolvimento ecológico como uma de suas principais prioridades políticas, pode ler-se.

O país procura limitar o consumo total de energia em 5 mil milhões de toneladas de carvão equivalente até o ano de 2020, de acordo com um plano do governo para executar entre 2016 e 2020, o que representará uma redução de 15% no uso de energia por unidade do Produto Interno Bruto para o ano de 2020.

13 Jun 2017

Notas acerca do livro A Urna, de David Oscar Vaz

Para Valério Romão

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]avid Oscar Vaz é um escritor brasileiro, de São Paulo, que recebeu em 1997 o prestigiado prémio de revelação da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), um dos mais importantes prémios brasileiros, com o seu livro de contos Resíduos (Ateliê Editorial). Em 2000, e também pela Ateliê, edita o seu segundo livro, também de contos, A Urna. Livro que iremos ler aqui através de alguns dos contos que o compõe.

“A CASA”

“A Casa” acaba connosco. Acaba connosco a recolhermo-nos ao cérebro e a perguntar: é verdade ou não? E, com esta pergunta, voltamos atrás no canto, atrás no texto. Talvez seja esta a mestria dos grandes contistas: a capacidade de nos fazer voltar atrás, sempre para trás. Voltar atrás, perguntar se é verdade ou não, aqui, não é do foro dos factos, nem tão pouco ontológico. Voltamos atrás e perguntamos pela veracidade estética do conto. Independentemente da sua veracidade ontológica. A factual é que não é sequer p’r’aqui chamada. Verdade factual interessa tanto ao conto como a água interessa ao vinho. Conto bom, dá à ré! Tão contrário ao romance, com a sua seta afiada em direcção ao futuro do tempo! Ainda que continuemos o romance, depois dele acabar, não voltamos atrás, pelo contrário, vamos para a frente. No fim de um romance, o que ficou para trás não causa perplexidade. No fim do conto, é o que já lemos que causa perplexidade, isto é, o que lemos e que agora se nos é revelado como “se calhar não lemos”. Este conto, de David Oscar Vaz, de apenas meia dúzia de páginas, mostra de um modo extraordinário a peculiar arte do conto. Independentemente do seu conteúdo, excelente, de resto, é na sua formalidade que encontro a razão que me faz começar por ele, na curta leitura deste livro.

“A URNA”

Conto que dá título ao livro e com o qual se começa. Tem a particularidade de se centrar num tempo muito anterior ao nosso: há um século atrás. E, talvez por essa mesma razão, a comparação com a tradição machadiana torna-se inevitável. Sem dúvida, lembra Machado no seu melhor. Lembra Machado, no seu melhor, no uso preciso da linguagem; preciso das metáforas, preciso como um relógio, e é tão difícil acertar uma metáfora; no uso preciso do ritmo; no uso preciso dos desequilíbrios narrativos, no uso preciso da lei universal do conto: o que é dado por certo ao leitor, no início, é directa e proporcionalmente retirado no fim. Por conseguinte, uma vez mais, ao terminarmos a leitura do texto, todo o conto é posto em causa. Lá vamos nós outra vez para trás à procura de onde nos enganámos, de onde nos deixámos enganar.

“TALAGARÇA”

Este é um conto dentro de um conto. Sem dúvida, uma técnica clássica de narrativa. Mas difícil é sustentar o clássico na contemporaneidade, como uma mulher que entra hoje num clube nocturno vestida como nos idos anos vinte do século passado e, ainda assim, ninguém consegue tirar os olhos dela; não por excentricidade, mas precisamente porque ela e o vestido fazem todo o sentido. Quem ainda não viu uma mulher assim, nunca viu uma mulher. Pois estou convicto de que somente nas revelações em contra-posição se chega realmente a ver alguma coisa. Depois, o conto, antes mesmo da sua formalidade clássica, começa com uma frase pré-clássica, isto é, uma frase antes do conto, antes do clássico, antes dos espartilhos de género literário. O conto começa assim: “Você pergunta se eu acredito em fantasma! Mas, se veio me procurar é porque já sabe a resposta.” Para as senhoras e os senhoras mais familiarizados com a obra de Platão, torna-se claro o ponto de vista da reminiscência. Reminiscência, porque já trazemos em nós uma resposta daquilo que perguntamos, isto é, já trazemos em nós um conhecimento prévio daquilo que desconhecemos. Imagine-se um homem que chega de Portugal a São Paulo e pergunta onde fica a Avenida Paulista. Ele pergunta por algo que não desconhece de todo, embora não saiba disso, claro. Ele não sabe onde fica, mas sabe que fica em São Paulo e que se trata de uma avenida, e que fica “não sei onde”. Ele pergunta, não por aquilo que desconhece de todo, mas por aquilo que vislumbra. Ora, e o que é um vislumbre senão um fantasma. É o próprio Platão que diz que há fantasmas, ao afirmar que se sabem coisas em forma de simulacro. Simulacro em Grego Antigo é precisamente phantom (fantasma). Assim, todo aquele que pergunta, pergunta por um fantasma, pergunta por aquilo que o assombra, isto é, pergunta pelo conhecimento que deseja. E só se deseja o que não se tem, mas que, de algum modo, lhe acedemos, que vemos, nem que em sonhos. Por conseguinte, DOV (David Oscar Vaz) começa o seu conto com um projecto iminentemente platónico. Correcto será dizer: com um projecto de filiação a Platão. De qualquer modo, e a apesar da profundidade do seu início, trata-se de um conto e não de um texto filosófico. Por isso mesmo, a terceira frase é: “O que você quer saber é da minha estória, não é?” DOV não pretende enganar o leitor, vendendo gato por lebre, dando conto por filosofia. O autor engana-nos apenas na justa medida do que nós merecemos; na justa medida de cada um como leitor. E quanto mais treinado, mais enganado. Todo o texto que vale a pena ser lido trai o seu autor, põe-lhe os cornos, é sabido, mas neste caso particular o texto também põe os cornos ao leitor. Pois durante toda a narrativa do conto o leitor fica preso aos acontecimentos relatados, à relação entre aquele que relata e a sua falecida mulher, embora na verdade, no final, leve com um grande par de cornos, isto é, no final explode todo o sentido formal deste conto: “Às vezes penso que o fantasma seja eu, preso a minha casa e ao labirinto das minhas lembranças. Já tem minha estória, moço. Agora, aperte minha mão.” Terá sido coincidência o autor terminar o livro precisamente com essas duas frases, não apenas o conto, mas o livro? Parece-me pouco provável. Em relação ao conto, a transladação do fantasma para o próprio, recupera o sentido original de Platão e das primeiras duas frases do conto, à revelia de toda a narrativa. O fantasma não é ninguém senão o próprio. O fantasma não é ninguém senão a reminiscência que nos habita, que nos enforma. Mais: é o fantasma que escreve contos. É o fantasma que escreve poemas. O filosofo é precisamente o caça-fantasmas, aquele que ambiciona e esforça-se por estar acima do seu próprio fantasma; ele luta contra o fantasma que é. O escritor, não. O escritor assume a sua condição de fantasma. O escritor diz: Platão você tem toda a razão, mas eu não consigo ser de outro modo, não consigo ir para além do meu fantasma. Mas, e isto parece-me evidente, quem escreve as frases que escreveu neste conto, tem consciência clara e aguda disto mesmo. Entre a verdade e a verdade há uma estória. A estória que é narrada no conto intromete-se entre a verdade das primeiras frases e a verdade das últimas. De qualquer modo, e isto parece exemplar neste conto, a estória é sempre uma reminiscência, uma imagem da verdade, um simulacro, embora não seja mentira, não seja um embuste. Assim, parece-me claro que fazer “Talagarça” ser o conto final deste livro não é por acaso. Pois que melhor conto nos faria andar para trás no livro todo, na reflexão acerca do livro e da própria escrita?

“O OUTRO”

Talvez este não seja o conto que eu prefiro, mas é seguramente o mais perfeito. A técnica narrativa, a beleza de expressão e a filiação a Platão atingem aqui o seu ponto máximo. O que importa, ou o que parece ser recorrente (obsessivo?) em DVO é precisamente o lugar da reminiscência: o lugar do que está em nós, não estando; do que se faz sentir, sem conhecer; do que nos aparece, sem aparecer. A reminiscência, em Platão, é precisamente esse lugar intermediário entre o que há e o que não há, entre o que se tem e o que não se tem, entre nós e nós mesmos. Usando as palavras de DOV “quando o outro é você mesmo.” O outro nós-mesmo é esse lugar intermédio, esse lugar a meio caminho entre saber e não saber, isto é, o lugar humano. O lugar que poderia ser descrito hoje como que o lugar da revelação fotográfica, como aparece escrito no conto: “qual solução de nitrato de prata a fazer surgir em papel lavado de branco a imagem que não havia, mas que ele, o papel possui sem saber”. E se essa imagem é escrita para mostrar o amor pelo outro a aparecer na poeira do dia, também podemos usá-la para mostrar tudo o que aparece em nós. Nós somos o que não sabemos que somos. E esta é a grande obsessão destes contos. Mas, se para Platão, há uma saída, não para a condição humana, mas para uma melhoria da sua condição, através do conhecimento, para DOV isso nem sequer é secretamente pensado. Viver não tem saída, isto é, não tem uma seta na direcção do melhor, pois nunca se sai da reminiscência. A reminiscência não é um modus operandi que através de uma tenaz perseguição do conhecimento nos põe num estádio diferente de consciência. Não. Reminiscência é o que somos sempre, o que não podemos deixar de ser. Viemos ao ser como reminiscência e vamo-nos de igual modo. Como se lê no conto: “Renato tentou se ver vendo, saber o que sentia ao vê-lo.” Tentar pode-se, mas não leva a lugar nenhum diferente daquele em que se está. Adiante, escreve: “Quando deu por si, se é que de fato deu por si”. Diria que toda a escrita de DOV é este movimento de nos fazer dar por nós, mas sem que de facto isso altere o nosso estádio de reminiscência. Dar por nós é compreender a prisão reminiscente em que nos encontramos. Por isso, o conto assume a certa medida desta verdade. O conto é, em si mesmo, uma contínua e perpétua reminiscência, pelo menos neste autor. O ser humano está claramente, nesta escrita, entre sucinto e explicativo, entre o poema e o romance, entre o fragmento e o ensaio. Concordemos ou não, o humano tem na escrita de Vaz a dimensão do conto. Humano e conto são uma e a mesma coisa. Não há uma seta na direcção do melhor; há uma recorrência do que há. E nesta recorrência se faz a vida e a pomos a pensar e a escrever, que é pensar pra fora.

13 Jun 2017

Reforma Imperial

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] notícia da abdicação do Imperador japonês Akihito fez sensação esta semana.

A 19 de Maio o Governo preparou um decreto lei excepcional, aprovado pelo congresso no dia 8 deste mês, que permite que o Imperador Akihito abdique. O Governo tem agora em mãos os preparativos para a sucessão do Príncipe Naruhito. A resignação do Imperador ocorrerá oficialmente entre 31 de Dezembro de 2018 e 1 de Janeiro de 2019.

Actualmente, a monarquia japonesa é a única a deter o título Imperial. A Casa Imperial do Japão é a mais longa monarquia em funções no mundo.

No Japão, o nome de baptismo do Imperador nunca pode ser mencionado, podendo apenas ser representado como “Sua Majestade o Imperador”, ou apenas por “Sua Majestade”. Nos textos escritos o Imperador é por vezes designado por “Imperador Reinante”. O reinado de Akihito foi apelidado de “Heisei” e, em conformidade com a tradição, depois da sua morte receberá o nome de “Imperador Heisei”. Nessa altura será decidido o nome do próximo reinado.

O Imperador Akihito nasceu a 23 de Dezembro de 1933 e foi o 125º Imperador da sua Dinastia. Akihito sucedeu ao seu pai, o Imperador Hirohito, e ascendeu ao Trono do Crisântemo a 7 de Janeiro de 1989. Depois de resignar, Akihito receberá o título de Imperador Retirado.

O Imperador Akihito abdicou por razões de saúde. O monarca já foi submetido a uma cirurgia ao coração e, em 2003, recebeu tratamento a um cancro na próstata.

O anúncio da intenção de resignar e de entregar o trono ao filho, o Príncipe Naruhito, foi feito a 13 de Julho do ano passado, pelo canal de televisão nacional NHK. O último monarca japonês a abdicar tinha sido o Imperador Kōkaku, em 1817.

Os porta-vozes da Casa Imperial negaram que tenha havido qualquer plano que levasse a esta decisão do Imperador. A abdicação do Imperador não está prevista no corpo legislativo que regula a Casa Imperial e, como tal, requer a criação especial uma emenda à lei. A 8 de Agosto de 2016 o Imperador fez uma das suas raras aparições na televisão, para comunicar a debilidade do seu estado de saúde; este comunicado foi interpretado como uma forma de dar a entender a sua intenção de vir a abdicar em breve. Segundo fontes governamentais, para evitar modificar a lei que regula a Casa Imperial, foi criada uma lei de excepção para permitir a resignação.

O Imperador do Japão não é responsável pela governação do país. O artigo 65 da Constituição atribui explicitamente o poder ao Executivo governamental, liderado pelo primeiro-ministro. O Imperador também não é o Comandante Supremo das Forças Armadas, esse papel está atribuído ao primeiro-ministro, através do Acto 1954.

Os poderes imperiais são limitados pela Constituição japonesa. O artigo 4 estipula que o Imperador só desempenhará funções dentro do quadro da Constituição e que não terá poderes de governação. No entanto, o artigo 3 prevê que as decisões do Governo terão de ser aprovadas pelo Imperador.

Os outros deveres do Imperador estão descritos no artigo 7 da Constituição. Mediante conselho e aprovação do Governo, o Imperador desempenhará funções de Estado a bem do povo, particularmente no que respeita a, promulgações, emendas à Constituição, leis, decisões do Governo e Tratados.

É possivelmente por causa dos poderes de promulgar leis e emendas à lei, que teve de ser criada uma regulamentação excepcional para sancionar a abdicação. É sabido que no passado o Imperador detinha um enorme poder. A palavra do Imperador ditava a lei. Não se admitia qualquer tipo de contestação. Tinha o poder de declarar guerra sempre que quisesse. Com o avançar dos tempos estas prerrogativas foram sendo alteradas e hoje em dia o Imperador desfruta de funções e de poderes muito mais limitados.

O Imperador abdicou legalmente por via da lei excepcional. Podemos considerar fenomenal o momento em que as acções de um Imperador necessitam da caução da lei. Os princípios do Estado de Direito são, não só, aplicados ao cidadão comum, mas também ao Imperador. A lei é aplicada a todos sem excepção. A lei dá-nos as balizas dos nossos comportamentos. Se o Imperador é o primeiro a obedecer à lei, não existem motivos para que o cidadão comum não lhe siga o exemplo. Daqui decorre que todos passam a respeitar a lei. Quando este caso se verifica, o Estado de Direito está definitivamente implantado. Os privilégios perante a lei deixam de existir. O Direito aplica-se a todos por igual.

Professor Associado do IPM

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau

13 Jun 2017

Aves | Sector tem até ao dia 30 para aceitar apoio do Governo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais de Macau anunciou ontem que o sector de venda de aves tem até ao fim do mês para aceitar o apoio do Governo, contestado pelos patrões, que pedem até cinco vezes mais.

O alvoroço criado no átrio do edifício do IACM anunciava o fim da reunião de ontem – a quarta e última – entre Governo e os empresários do sector de venda de aves de capoeira vivas, após ter sido decretado, no início de Maio, o fim definitivo da actividade, depois de uma suspensão inicial aplicada desde Fevereiro, na sequência de um surto de gripe aviária em Macau.

Mas mais do que anunciar o fim do encontro sinalizava o descontentamento por parte de dezenas de donos de bancas de aves vivas que contestam a oferta de apoio apresentada pelo Governo que ontem deu ao sector até ao próximo dia 30 para tomar uma decisão.

O IACM mantém-se irredutível, oferecendo uma verba total na ordem dos 41 milhões de patacas  para ajudar o sector a ultrapassar a crise decorrente do fim da actividade, mas os empresários não aceitam, considerando ser pouco.

Segundo o presidente do IACM, José Tavares, no conjunto, os empresários do setor reclamam “mais ou menos 200 milhões” de patacas (22,1 milhões euros) – ou seja, cinco vezes mais do que a oferta global de apoio do Governo –, sendo que só um, do comércio a retalho e por grosso, pediu 40 milhões.

Contudo, insistiu José Tavares, o Governo não tem qualquer tipo de obrigação para com o sector. “Eles querem que o Estado os indemnize” pelo fim da actividade de venda de aves vivas, mas o Executivo “não tem esse dever”, frisou.

Por partes

Esse apoio divide-se em três vertentes, incluindo duas de cariz pecuniário.

Em primeiro lugar, prevê a atribuição de cerca de 14 milhões de patacas para a indemnização pelo despedimento de 165 trabalhadores e de aproximadamente quatro milhões para o pagamento de dois meses de vencimento extra que o Governo decidiu oferecer aos empregados.

Em paralelo, contempla a atribuição de 240 a 480 mil patacas para os proprietários de cerca de seis dezenas de bancas, o que representa uma despesa de sensivelmente 22 milhões de patacas, num apoio idêntico ao calculado para os trabalhadores e também, por isso, contestado pelos ‘patrões’.

A base de 240 mil patacas  “todos têm”, com o valor a depender de factores como a dimensão do negócio, a antiguidade ou os salários, explicou José Tavares.

A terceira vertente tem que ver com a reconversão da actividade. “Recebemos na semana passada, 45 pedidos das bancas ou tendas do mercado” para manterem o lugar dedicado a outro ofício, pelo que a maioria aceitou a proposta do IACM, realçou José Tavares.

O sector de venda de aves vivas tem então agora até ao próximo dia 30 para se pronunciar – tanto para submeter o pedido para o apoio oferecido pelo Governo como o referente à intenção de continuar com a banca ou tenda dedicada a outro ramo de negócio.

“Não podemos alongar este processo”, afirmou José Tavares.

13 Jun 2017

10 de Junho | Discursos marcados pelo projecto “Uma Faixa, uma Rota”

É a ideia política do momento e até o 10 de Junho serve para falar dela. Chui Sai On recordou o papel histórico de Macau, fez os habituais elogios aos portugueses e salientou a atenção que Portugal tem dado ao grande projecto de Xi Jinping

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hui Sai On destacou as relações estreitas entre a região e Portugal, e referiu-se aos portugueses como “parte integrante e fundamental” da sociedade, num discurso marcado por referências ao projecto “Uma Faixa, uma Rota”.

“Sendo parte integrante e fundamental da configuração social multicultural de Macau, os portugueses aqui residentes e os macaenses têm demonstrado o seu esforço e contribuído largamente para o desenvolvimento socioeconómico de Macau”, disse Chui Sai On, na recepção anual que acontece na residência consular a propósito do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

O Chefe do Executivo afirmou que “Macau e Portugal têm vindo a manter estreitas e pragmáticas relações de amizade e de cooperação, tendo-se verificado um desenvolvimento contínuo e frutífero nas várias áreas de cooperação do comércio, da justiça, da educação, da saúde, da segurança e do turismo”.

Grande parte do discurso foi dedicado ao projecto “Uma Faixa, uma Rota”, o plano internacional de infra-estruturas lançado pela China que pretende simbolicamente reavivar a antiga Rota da Seda, o corredor económico que uniu o Oriente e o Ocidente e “que tem merecido uma grande atenção da comunidade internacional, incluindo de Portugal”.

“Macau teve o estatuto de centro de comércio internacional na antiga Rota da Seda Marítima e, a partir de Macau, vários produtos chineses, tais como a seda, a porcelana e o chá, foram exportados para todo o mundo. Macau está historicamente ligado à Rota da Seda Marítima”, afirmou.

Honra e dignidade

Na mesma ocasião, o cônsul-geral Vítor Sereno, deixou uma “saudação especial” à comunidade portuguesa a residir em Macau, que “tanto honra e dignifica” o país e é “exemplo de integração de sucesso na sociedade, de entusiasmo, de empreendedorismo e de solidariedade”.

No seu quinto discurso no 10 de Junho em Macau, o cônsul português salientou ainda a “amizade entre o povo português e chinês” que disse ser “vista como um exemplo à escala mundial de como criar consensos e pontes”.

“Para Portugal, a relação com a República Popular da China é uma prioridade estratégica mais importante que nunca. É, sem dúvida, uma amizade para a vida”, disse.

Também Vítor Sereno falou igualmente do projecto “Uma Faixa, uma Rota”, sublinhando “o enorme potencial de Sines” e da “criação de um novo eixo ferroviário entre Madrid e Sines” que permitirá unir a “Rota Marítima Atlântica à Rota da Seda Terrestre Ferroviária Euro-Asiática”.

“Portugal quer dar um contributo significativo para que a Região Administrativa Especial de Macau possa desempenhar um papel de relevo no desenvolvimento da estratégia visionária ‘Uma Faixa, uma Rota’, e como ponte efectiva na cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa”, afirmou.

A manhã de sábado começou com o içar da bandeira no consulado-geral de Portugal em Macau, tendo o hino português sido tocado pela banda da Polícia de Segurança Pública. Seguiu-se depois a habitual caminhada à gruta do poeta Luís de Camões, no jardim com o mesmo nome.


Marcelo Rebelo de Sousa salientou importância da promulgação da Lei da Nacionalidade

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assinalou no sábado que a promulgação, no Dia de Portugal, da regulamentação da Lei da Nacionalidade foi “um sinal” de que as comunidades portuguesas não são esquecidas.

“Não posso deixar passar despercebido o facto de, neste Dia de Portugal, ter promulgado e o senhor primeiro-ministro ter referendado, no Porto, um decreto-lei que veio regulamentar a lei da nacionalidade”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, a bordo do voo entre o Porto e São Paulo, pouco antes de chegar ao Brasil.

“Foi simbólico que o Presidente da República e o primeiro-ministro tivessem, o que não é habitual, promulgado e referendado no Porto – normalmente isso acontece em Lisboa -, no Dia de Portugal, esse regulamento”, disse o chefe de Estado, acrescentando: “É um sinal, para as comunidades, de que nós não as esquecemos”.

O Presidente da República promulgou simbolicamente sábado, Dia de Portugal, o diploma do Governo que regula o acesso à nacionalidade portuguesa por parte de netos de portugueses nascidos no estrangeiro.

Numa nota enviada pela Presidência da República à agência Lusa, lê-se que, “por ocasião do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”, o chefe de Estado, promulgou, no Porto, este diploma do Governo que “vem clarificar e facilitar o acesso à nacionalidade de descendentes de portugueses”.

Esta promulgação aconteceu antes de o Presidente da República viajar para o Brasil, onde prosseguiu, com o primeiro-ministro, António Costa, as celebrações do 10 de Junho iniciadas no Porto, junto da comunidade emigrante e luso-descendente residente em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A nota enviada à agência Lusa refere que “o diploma foi igualmente referendado no Porto pelo primeiro-ministro e segue para publicação no Diário da República”.

O Presidente da República explicou que a Lei da Nacionalidade “já tinha sido aprovada há mais ou menos dois anos e estava por regulamentar”.

“Havia pontos essenciais que constituíam uma queixa das comunidades de portugueses, de luso-descendentes por todo o mundo, porque havia burocracia e pontos por regulamentar que dificultavam, de facto, o reconhecimento da nacionalidade. Muitos que, há bastante tempo, se queixavam de que estavam à espera deste regulamento para poderem ver reconhecido o seu direito a serem portugueses, têm finalmente o diploma que permite isso”, considerou.

Lutar pelos emigrantes

Questionado pelos jornalistas sobre a sua ligação às comunidades portuguesas no estrangeiro, Marcelo Rebelo de Sousa comentou que “desde sempre” foi “um lutador” pelos emigrantes, e “a razão é uma razão nacional”.

Portugal tem “à volta de 10 milhões de portugueses nas fronteiras físicas” e “contando com os descendentes, mais de 10 milhões fora das fronteiras físicas”, assinalou.

“São uma realidade que pertence à nossa pátria. Isso é tão rico do ponto de vista histórico, estratégico, político, económico e social, que não pode ser deitado fora”, destacou o chefe de Estado.

“Mas, se me perguntar se conheço o que é a vida das comunidades portuguesas, eu juntarei que sim senhor, conheço, pessoalmente, familiarmente, isso”, disse o Presidente, cujo filho vive em São Paulo, Brasil.

Marcelo Rebelo de Sousa referiu ainda: “Mas eu acho que todas as famílias portuguesas têm ou tiveram um emigrante em qualquer parte do mundo. O difícil é haver uma família portuguesa que não tenha nenhuma ligação ou a emigrantes ou a imigrantes”.


António Costa quer reforçar direitos dos portugueses no estrangeiro

O primeiro-ministro salientou sábado, em São Paulo, que o seu Governo pretende reforçar os direitos de participação política dos portugueses no estrangeiro com o recenseamento automático e permitir o acesso à nacionalidade de netos de portugueses.

A proposta de lei que o Governo apresentou ao parlamento sobre o recenseamento automático e a lei da nacionalidade – esta agora promulgada pelo Presidente da República – foram referidas por António Costa na parte institucional da sessão das comemorações do Dia de Portugal num Teatro Municipal completamente cheio.

De acordo com o primeiro-ministro, com a decisão do Governo de se avançar para o recenseamento automático “está a facilitar-se e a reforçar-se a participação dos portugueses residentes no estrangeiro”.

Depois, Costa referiu-se a “sete momentos” que marcam a celebração do 10 de Junho em São Paulo e no Rio de Janeiro, este ano, sendo o primeiro deles o facto de o Presidente da República ter promulgado a lei da nacionalidade.

“A lei da nacionalidade vai facilitar a todos os luso-descendentes o acesso à nacionalidade portuguesa e corresponde à velha ambição de que os netos dos portugueses no Brasil possam manter a nacionalidade portuguesa”, disse, recebendo uma prolongada salva de palmas.

Na parte mais política, o primeiro-ministro destacou também o avanço da Escola Portuguesa de São Paulo, a colaboração do Instituto Camões para a reconstrução do Museu da Língua Portuguesa e, no caso do Rio de Janeiro, os acordos para garantir a preservação do património do Real Gabinete de Leitura de Português.

Do coração

Mas a intervenção do primeiro-ministro teve também uma dimensão de ordem sentimental, quando se referiu às relações luso-brasileiras.

“Foi para mim uma profunda emoção ter iniciado esta manhã o Dia de Portugal no Porto e continuar aqui, em São Paulo, a oito mil quilómetros de distância essa celebração. Continuo a sentir-me como se não tivesse saído de casa”, declarou o primeiro-ministro.

Já na parte final da sua intervenção, o primeiro-ministro defendeu que a “universalidade faz parte da identidade de Portugal”.

“Por isso, em Janeiro, quando realizei uma visita de Estado á Índia, estive na terra do meu pai. Hoje, aqui, no Brasil, estamos na terra onde o Presidente da República tem o seu filho e os seus queridos netos. É isto que é Portugal”, acrescentou o líder do executivo.

12 Jun 2017

Novos aterros | Pedido limite à compra de casas

Já deu entrada na Assembleia Legislativa o pedido de debate de Ng Kuok Cheong sobre a gestão de terrenos nos novos aterros. O deputado propõe o estabelecimento de limites para a aquisição de casas privadas, para combater a especulação

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]omprar sim, mas com limites. É esta a proposta do deputado do campo pró-democrata para a utilização dos terrenos nos novos aterros. Ng Kuok Cheong entregou um pedido de debate na Assembleia Legislativa (AL) que visa criar limitações à compra de fracções privadas nesta zona. Na visão do deputado, nem as habitações económicas devem escapar a esta regra.

“Os restantes terrenos a conceder a particulares para a construção de habitação privada, e as habitações públicas a serem vendidas futuramente no mercado privado, nos termos da lei, deverão estar sujeitas ao regime de restrições de compra e venda”, escreveu Ng Kuok Cheong.

O objectivo desta proposta visa “distinguir a finalidade de habitação da finalidade de especulação e garantir que os recursos habitacionais dos novos aterros possam vir a ser um mecanismo eficiente de longo prazo para apoiar as gentes de Macau na compra de habitação”.

No que toca às restrições de compra a revenda “o Governo da RAEM deve definir requisitos mais rigorosos”, frisou o deputado, exigindo que, na zona dos novos aterros, “só os residentes permanentes que não possuam nenhuma casa nos novos aterros, nem tenham, na RAEM, mais do que uma casa é que devem poder adquirir apenas uma outra [fracção]”.

Pedindo que o Governo “seja resoluto”, Ng Kuok Cheong acredita ser necessário avançar já com mecanismos de regulação, para que se evite mais um foco de especulação imobiliária.

“Os novos aterros, que estão com vários anos de atraso, estão a ser construídos de forma acelerada e o seu planeamento urbanístico também se encontra em fase de estudo e elaboração. Portanto, é premente avançar com a política um mecanismo eficiente de longo prazo para o desenvolvimento da política de habitação.”

O deputado à AL acredita ainda ser “necessário que o Governo da RAEM tome uma decisão quanto à definição do conceito da referida política, à oferta de terrenos, às restrições de compra e venda, e aos diplomas legais complementares, entre outras matérias”.

Mecanismo jurídico

No seu pedido entregue à AL, o deputado lembrou também os diversos estudos que já foram realizados visando o planeamento dos novos aterros. Contudo, Ng Kuok Cheong considera que as conclusões são demasiado generalizadas.

“As entidades responsáveis pelos estudos só conseguiram analisar, de forma genérica, os prós e os contras da política ‘Terras de Macau para Gentes de Macau’ e apresentar alguns planos para a mesma (incluindo um modelo actualizado de habitação económica, um de apoio aos residentes permanentes de Macau na aquisição da sua própria casa e um de ‘Terrenos de Hong Kong para residentes de Hong Kong’.”

Ng Kuok Cheong acredita ser necessário estabelecer um “mecanismo jurídico que seja compatível com os direitos de propriedade já constituídos”, para garantir “um mecanismo eficiente de longo prazo para melhorar a qualidade habitacional dos cidadãos, através da afectação dos 730 hectares para a construção de 54 mil fracções”.

Ng Kuok Cheong referiu ainda que “muitos cidadãos receiam que o Governo venha a conceder subitamente os terrenos nos novos aterros ou os utilize para restituir terrenos em dívida. Isto pode permitir aos ricos e poderosos a construção de habitações de luxo destinadas a fins especulativos”.

Contudo, “o Chefe do Executivo afirmou várias vezes nesta Assembleia que não foi concedido nenhum terreno nas novas zonas de aterro”, concluiu.

12 Jun 2017

Saúde | Pereira Coutinho pede melhorias nos serviços de enfermagem

Pereira Coutinho interpelou o Executivo a rever o regime de carreiras dos enfermeiros do território e pediu medidas que libertem os profissionais de trabalhos de secretaria. O deputado solicitou ainda um reforço na formação do pessoal de enfermagem

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 12 de Maio celebrou-se o Dia Internacional do Enfermeiro, data simbólica que marca o aniversário do nascimento de Florence Nightingale. Efeméride que, de acordo com o deputado Pereira Coutinho, foi ignorada pelas autoridades competentes.

Além disso, o tribuno critica a inacção do Governo que nada faz para combater a situação de sobrecarga de trabalho dos enfermeiros do Centro Hospitalar Conde de São Januário.

Pereira Coutinho considera que os profissionais da enfermagem enfrentam um contexto laboral que os submetem a um excesso de burocracia, que os obriga a preencher demasiada papelada. O deputado entende que estas funções deveriam ser da responsabilidade de outro departamento e que a modernização electrónica dos serviços deveria aliviar as actividades mais burocráticas que acabam sobre o pessoal de enfermagem. Esta atenuação de trabalhos administrativos teria como resultado mais tempo para os enfermeiros se focarem no tratamento dos doentes, no entender de Pereira Coutinho. Como tal, o deputado interpela o Governo a tomar medidas para reduzir estas funções administrativas.

Outra das preocupações do também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) prende-se com a falta de tempo dos profissionais para a formação especializada, com impacto directo na qualidade dos serviços prestados aos pacientes. Nesse sentido, o deputado interpela o Governo para que o actual regime de carreiras dos enfermeiros seja revisto, de forma a tornar a profissão mais atractiva e com melhores quadros.

Novo hospital

Ainda no capítulo da formação, Pereira Coutinho considera que urge preparar com antecedência os profissionais em enfermagem de cuidados intensivos, oncologia, reabilitação física, estomaterapia, nefrologia. Quadros, que segundo o deputado, “não se formam de um dia para o outro”, e que representam lacunas no actual serviço de saúde prestado em Macau.

Portanto, o tribuno interpela o Executivo no sentido de saber que medidas vão ser adoptadas para suprir as saídas de pessoal qualificado das várias áreas de especialidade de enfermagem.

Na lista de preocupações de Pereira Coutinho está também a falta de esclarecimentos sobre os atrasos da entrada em funcionamento do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas. O deputado deixa o alerta para o facto de que o São Januário enfrenta graves problemas estruturais devido à falta de espaço e à deterioração das instalações. Acrescente-se que o hospital público tem de dar resposta ao aumento populacional e ao crescente número de turistas que visitam Macau.

12 Jun 2017

Eleições | Lista de Mak Soi Kun entrega pedido de candidatura

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi entregue mais um pedido de reconhecimento de constituição de comissão de candidatura junto da Comissão dos Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL). Trata-se da comissão de candidatura União de Macau-Guangdong, dos actuais deputados Mak Soi Kun e do seu número dois, Zheng Anting.

O pedido foi entregue na sexta-feira com um total de 490 assinaturas, tendo o apoio da Associação dos Conterrâneos de Kong Mun de Macau. De acordo com o Jornal do Cidadão, o mandatário da candidatura, Ian Soi Kun, referiu que a equipa será constituída por jovens de sectores diferentes.

Para Ian Soi Kun, esta é uma forma de melhor servir os cidadãos do território. Apesar do pedido de reconhecimento de candidatura não conter ainda todos os elementos que concorrem às eleições de Setembro, Ian Soi Kun garantiu que o objectivo da União de Macau-Guangdong é “unir poderes diferentes, servir as várias classes sociais de Macau e fiscalizar as acções do Governo”.

A equipa que entregou o pedido de constituição de candidatura deu ainda a conhecer que tenciona avançar com a realização de actividades para a recolha de informações acerca das necessidades dos cidadãos. Ian Soi Kun explicou que vão ser realizadas visitas a residentes e promovidos colóquios e seminários. A União de Macau-Guangdong vai ainda disponibilizar uma linha de atendimento e um endereço de correio electrónico para recolher opiniões dos residentes. O objectivo, diz o mandatário, é a integração destas opiniões no programa político.

A União de Macau-Guangdong elegeu dois deputados nas eleições de 2013, com um total de 16.248 votos. O cabeça de lista, Mak Soi Kun foi reeleito, enquanto o empresário Zheng Anting estreou-se no hemiciclo.

12 Jun 2017

Imobiliário | Empréstimos subiram 77 por cento em Abril

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s novos empréstimos hipotecários para actividades imobiliárias aprovados pela banca de Macau subiram 76,7 por cento em Abril, em comparação com o mesmo mês de 2016, indicam dados oficiais.

De acordo com as estatísticas da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), os novos empréstimos hipotecários para actividades imobiliárias foram de 3,96 mil milhões de patacas, mais 76,7 por cento em termos anuais homólogos, mas menos 26,6 por cento relativamente ao mês de Março.

Destes empréstimos, 3,91 mil milhões de patacas foram atribuídos a residentes, e apenas 49 milhões de patacas a não residentes.

Os novos empréstimos hipotecários para a habitação também subiram, totalizando em Março 3,4 mil milhões de patacas, o que representa um aumento de 19 por cento em termos anuais homólogos e uma descida de 18,8 por cento em termos mensais, indica a AMCM.

No final de Abril, o saldo bruto dos novos empréstimos para actividades imobiliárias correspondeu a 169,5 mil milhões de patacas, traduzindo um aumento anual de 1,7 por cento.

O saldo bruto dos empréstimos para habitação, no valor de 183,3 mil milhões de patacas, cresceu 4,8 por cento em termos anuais homólogos.

12 Jun 2017

“Merbok” | Tufão pode estar a caminho

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] tempestade tropical “Merbok” pode fazer-se sentir no território. De acordo com os Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau (SMGM), na tarde de ontem “a tempestade estava a movimentar-se de uma forma consistente na parte central do mar do Sul da China, perto das Filipinas. O sistema estava localizado numa área a 610 km a Su-sudeste de Macau, havendo sinais de que poderá afectar directamente o clima da região”. O “Merbok”  pode vir a aproximar-se da zona Sul da China, sendo provável que atinja a costa Leste de Guangdong hoje ou amanhã, pelo que o sinal 1 de Alerta de Tempestade Tropical poderá ser içado. Os SMGM referem, no entanto, que o “Merbok” ainda se encontra distante de Macau, sendo que desconhecem ainda os impactos que poderá ter no tempo de hoje. A previsão de temperaturas para hoje é de continuação de calor durante o dia, mas, afirmam os SMGM, “com a aproximação do “Merbok”, é provável que ao início da noite os ventos possam intensificar-se e que possa haver ocorrência de aguaceiros”.

12 Jun 2017

FAOM | Seminário com habitação pública em foco

Mais habitação pública foi o mote do seminário realizado ontem, numa iniciativa da Federação das Associações dos Operários de Macau. O encontro foi um alerta para a necessidade de mais fracções no território e uma chamada de atenção para o exemplo das regiões vizinhas

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau continua afastado dos seus objectivos quando se fala de habitação pública. A ideia foi defendida ontem pelo subdirector da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), Kong Ioi Fai. Num seminário promovido pela federação, o responsável lamenta as pequenas metas conseguidas pelo território nesta matéria.

Kong Ioi Fai fez um paralelismo com a situação de regiões vizinhas: “80,1 por cento das casas de Singapura, em 2015, eram de habitação pública e em Hong Kong, no ano seguinte, a percentagem era de 45,7 por cento”, disse. Já Macau fica muito aquém destes valores.  De acordo com o subdirector da FAOM, as fracções de habitação pública do território representavam  18,3 por cento das casas de Macau, “sendo um número relativamente baixo”, referiu.

Com esta realidade, considerou, os residentes não podem ter esperança em ter uma casa.

No seminário realizado ontem pela FAOM, Ella Lei não deixou de se pronunciar. Para a deputada, “dado o aumento exagerado dos preços das casas, nem as famílias de classe média têm capacidade para manter as prestações”, sendo que é urgente uma política de planeamento para o sector. O objectivo, disse Ella Lei, é o de aumentar o número de fracções disponíveis.

A deputada lamenta que o Executivo rejeite a abertura de concursos para habitação pública com o argumento da falta de terrenos, sendo que, espera que o Governo aproveite os terrenos recuperados e os que vão surgir com os novos aterros para a construção efectiva de casas dentro do sector da habitação pública.

Viver ao lado

Já o subdirector da Associação Choi In Tong Sam, Leong Sun Iok alertou para trabalhadores locais que escolhem viver fora de Macau. “De acordo com as estatísticas oficiais do quarto trimestre de 2016, 8900 residentes que trabalhavam no território, viviam nas regiões vizinhas, uma vez não têm capacidade financeira para viver em Macau”, sublinhou.

Por outro lado, Leong Sun Iok apontou ainda a necessidade de controlar a especulação imobiliária. Para o efeito, o responsável sugere que seja aumentado o imposto de selo e a construção de um mecanismo de ajustamento das rendas.

12 Jun 2017

Costa Nunes | Centro da cultura macaense é projecto adiado

O projecto de erguer um centro da cultura macaense num edifício junto ao jardim de infância D. José da Costa Nunes terá que ser adiado, garante Miguel de Senna Fernandes. A APIM está a pensar na remodelação e criação de uma sala multiusos no último piso do edifício

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]oucos se recordam de um projecto que a anterior direcção da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) queria erguer num edifício atrás das instalações do jardim de infância D. José da Costa Nunes.

Miguel de Senna Fernandes, actual presidente da APIM, disse ao HM que a criação de um centro da cultura macaense vai ter mesmo de ficar adiada, sem que haja qualquer data prevista no horizonte para que seja uma realidade. As razões prendem-se com o protocolo instituído com a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), que determina que o espaço apenas pode ser utilizado para fins educativos.

“Tudo depende do protocolo, e tudo teria de ser feito consoante os parâmetros desse protocolo”, disse o presidente. “Até agora a DSEJ não quis largar mão disso e permitir que isto acontecesse, porque implicava ir além dos limites do próprio protocolo. Ainda não nos debruçamos sobre a possibilidade de reanimar este projecto, com o tempo iremos ver”, acrescentou.

Com o projecto de obra do novo complexo suspenso, Miguel de Senna Fernandes garante, contudo, que a ideia não está posta de parte.

“Se a APIM tivesse condições, não tenho dúvidas de que agarraríamos o projecto com toda a garra”, frisou. “Teremos de adiar e repensar o projecto”, apontou.

Em 2012 a DSEJ negou dar luz verde ao projecto pelo facto do protocolo em vigor determinar apenas a realização de um projecto educativo como é o jardim de infância, e não cultural. Na altura, a direcção da associação de pais do Costa Nunes chegou a defender que, a acontecer, o centro da cultura macaense só deveria funcionar a partir das 18h00, dado o pouco espaço para as actividades diárias da instituição de ensino. Fátima Oliveira, actual presidente da direcção da associação de pais, afirmou desconhecer o projecto.

Obras precisam-se

Com o adiamento deste projecto, a APIM vai dedicar-se a renovar o último andar do jardim de infância, que será destinado a uma sala multiusos e à construção de um anfiteatro.

“Vamos estudar como podemos reaproveitar o último piso do edifício, para fazer um espaço multi-funcional, ligado à educação. Já que temos de nos cingir aos parâmetros do protocolo, vamos agora avaliar os custos das obras de apetrechamento de materiais e renovação, para ver se podemos dar uma função como deve ser ao último piso, que está absolutamente desaproveitado”, explicou Miguel de Senna Fernandes.

O presidente da APIM garante que vai demorar algum tempo até que estas obras tenham uma data de conclusão. O edifício, disse ainda, data dos anos 90 e desde então que não foi alvo de obras de reparação. “Há áreas de degradação visível, com ferrugem”, concluiu.

12 Jun 2017

Iraniano vence World Press Cartoon

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]lireza Pakdel, do Irão, venceu o Grande Prémio do World Press Cartoon 2017, com uma imagem sobre o drama dos refugiados, anunciou a organização na cerimónia de entrega dos prémios nas Caldas da Rainha.

O desenho do cartoonista foi publicado num jornal iraniano em Agosto de 2016, ano em que venceu o Grande Prémio Troféu Zélio de Ouro do 43º Salão Internacional de Humor de Piracicaba, no Brasil.

O “equilíbrio entre a qualidade do desenho, a pertinência do tema e a forma como foi abordado” no cartoon, que retrata o afogamento de refugiados, valeu, segundo o director do salão, António Antunes, “o consenso do júri” na atribuição do prémio entregue, no sábado, no Centro Cultural e de Congressos (CCC) das Caldas da Rainha.

Além do 1.º lugar atribuído a Alireza Pakdel, na categoria de Cartoon Editorial, o 2.º lugar foi atribuído a Kountouris (da Grécia) e o 3.º ao francês Cost.

Na categoria de Desenho de Humor, o vendedor foi Toshow, da Sérvia, tendo os segundo e terceiro prémios sido atribuídos a Swen, da Suíça, e a Bonil, do Equador, respectivamente.

Dois brasileiros, Fernandes e Baptistão, conquistaram, respectivamente, o 1.º e 2.º prémios na categoria de Caricatura, que atribuiu o 3.º lugar a Gio, da Itália.

Os trabalhos vencedores foram seleccionados por um júri internacional de cartoonistas, que reuniu nas Caldas da Rainha em Abril, e que integrou, além do director do salão, o português António Antunes, Ross Thomson, da Grã-Bretanha, Hermenegildo Sábat, do Uruguai, Angel Boligán, do México, e Zoran Petrovic, da Alemanha.

Os cartoons premiados integram uma exposição de 267 caricaturas, cartoons editoriais e desenhos de humor que retratam, através do olhar dos cartoonistas, os mais emblemáticos momentos do último ano.

Representação de peso

A mostra, inaugurada, no sábado, também no CCC, tem representados 168 jornais e revistas de 51 países, cujos cartoons podem ser apreciados entre domingo e o dia 10 de Agosto, com entradas livres.

A entrega dos prémios foi antecedida pelo lançamento de três novos “figurões”, uma colecção de figuras de Bordalo, desenhadas pelo cartoonista António e produzidas e pintadas à mão na Fábrica Bordalo Pinheiro.

Amália, Mick Jagger e Fernando Pessoa foram as figuras lançadas, aumentado para oito as peças idealizadas por António que havia já desenhado as figuras de Eusébio, Papa Francisco, Angela Merkel, Barack Obama e Mário Soares.

12 Jun 2017

Música | Concerto “à capela” abrilhanta cartaz do Le French May em Hong Kong

“The Gradual of Eleanor of Brittany & Philippe Hersant: La Chanson de Guillaume” é um concerto que traz um coro de vozes angelicais ao território vizinho. O espectáculo estará a cargo do grupo Ensemble De Caelis que interpreta música do compositor Phileppe Hersant

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o próximo dia 22 de Junho, pelas 20h, as cinco vozes que compõem a Ensemble De Caleis vão encher a Igreja de Saint Andrew, em Hong Kong, num concerto integrante do cartaz do festival Le French May.

O espectáculo é um tributo a duas grandes figuras históricas do cristianismo do período medieval: Eleanor de Aquitânia e Eleanor de Britânia.

O repertório começa com o coro da missa pela vigília da assunção, seguida pela “Chanson de Guillaume d’Aquitaine”, da autoria do compositor Philippe Hersant. A seguir, a performance da Ensemble De Caelis segue para peças originalmente cantadas nas abadias da Ordem de Fontevrault, em Inglaterra, com o conjunto de vozes a dar uma roupagem contemporânea às composições medievais.

A Ensemble De Caelis nasceu da paixão pelo canto “à capela” da directora artística, e mezzo-soprano, Laurence Brisset, que busca através da música a união entre a actualidade e a Idade Média. O grupo tenta capturar a beleza das sonoridades sacras com um repertório de onde emerge o espírito e a originalidade musical do século XI, assim como do princípio do Renascimento.

O De Caelis Assemble conta ainda com as vozes das sopranos Estelle Nadau e Eugénie de Mey, com a mezzo-soprano Caroline Tarrit e a contralto Marie-George Monet.

Aula com a mestre

O grupo de canto à capela interpreta obras do francês, nascido em Roma, Philippe Hersant. O compositor estudou com André Jolivet no Conservatório de Paris, onde ganhou um prémio de composição musical, que seria o primeiro de muitos.

Além do concerto na Igreja de Saint Andrew, a directora artística do Ensemble De Caelis irá conduzir uma masterclass onde irá partilhar a sua experiência musical e técnicas de canto. Laurence Brisset começou por estudar cravo no Conservatório de Lille antes de dedicar a sua vida ao canto.

A masterclass terá lugar na Universidade Baptista de Hong Kong, no próximo dia 23 de Junho, às 15h, com entrada gratuita.

12 Jun 2017

Pequim reduz exportações de carvão de Pyongyang a zero

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s exportações de carvão da Coreia do Norte ficaram reduzidas a zero em Abril, depois de a China ter suspendido as suas importações para aumentar a pressão sobre o país vizinho, segundo revelam dados das Nações Unidas.

A China, principal aliado diplomático e parceiro comercial de Pyongyang, anunciou, em Fevereiro, que ia deixar de importar carvão da Coreia do Norte, dias depois de um teste de um míssil balístico levado a cabo pelo regime liderado por Kim Jong-un.

Pequim privou assim o hermético vizinho de uma fonte crucial de divisas estrangeiras, numa altura em que Pyongyang acelera os seus controversos programas nucleares e de mísseis.

Segundo dados publicados no ‘site’ do Conselho de Segurança da ONU, as exportações de carvão da Coreia do Norte caíram para zero em Abril, depois de vendas de 1,4 milhões de toneladas de carvão, avaliadas em 126 milhões de dólares, para um país não identificado, em Janeiro.

Estes dados, com base em relatórios fornecidos voluntariamente pelos Estados-membros, não refere explicitamente a China, país que surge, no entanto, como praticamente o único interessado no carvão procedente da Coreia do Norte.

Todos juntos

A decisão de Pequim de suspender as importações de carvão proveniente da Coreia do Norte até ao final do ano surgiu depois de a administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, ter apelado à China para aproveitar a vantagem da sua influência junto de Pyongyang para refrear as ambições militares.

A China hesitou durante muito tempo em fazer pressão sobre Pyongyang, não pretendendo assistir ao colapso do regime ou ao caos que adviria na fronteira.

Contudo, os mais recentes textos da ONU condenando Pyongyang receberam o apoio por parte de Pequim.

Em paralelo, Pequim tem vindo a renovar o seu apelo para o diálogo de modo a apaziguar as tensões.

12 Jun 2017

Japão aprova lei que abre caminho à abdicação do imperador 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Parlamento japonês aprovou sexta-feira a proposta de lei que permite ao imperador Akihito ceder o trono ao filho mais velho, abrindo caminho para a primeira abdicação no Japão em mais de 200 anos.

Tal sucede dez meses depois de Akihito, de 83 anos, ter manifestado o seu desejo de abdicar, devido à idade avançada e a um estado de saúde enfraquecido, numa mensagem ao país transmitida pela televisão.

Este diploma aplica-se exclusivamente ao actual imperador que deve ceder o trono ao filho mais velho, o príncipe Naruhito, dentro de três anos após a sua entrada em vigor, em data a fixar por decreto.

Se tudo correr como previsto, Akihito poderá renunciar às funções até ao final do próximo ano, deixando o príncipe herdeiro aceder ao trono no início de 2019, segundo a imprensa nipónica.

Akihito chegou ao trono aos 55 anos, a 7 de Janeiro de 1989, após a morte do pai, o imperador Hirohito, tendo sido o primeiro imperador desde a entrada em vigor da nova Constituição japonesa, aprovada em 1947, após o fim da ocupação norte-americana na sequência do final da II Guerra Mundial.

A abdicação de Akihito será a primeira a ter lugar na linha de sucessão imperial nipónica desde a renúncia do imperador Kokaku, em 1817, ou seja em mais de 200 anos.

De acordo com a Constituição pacifista japonesa, o imperador desempenha “funções de representação do Estado” e é “o símbolo da nação e da unidade do povo”.

A lei que rege a Casa Imperial japonesa desde 1947 não contempla a sucessão em vida, contudo, na história imperial japonesa chegou a ser um fenómeno relativamente comum, dado que cerca de metade dos 125 imperadores que ocuparam o Trono do Crisântemo abandonaram-no antes da sua morte.

Poucas opções

Além de não permitir a abdicação, esta lei de 1947 eliminou as chamadas ramificações colaterais, pelo que todas as mulheres que nascem no seio da família imperial perdem o estatuto de realeza ao contrair matrimónio com um plebeu, algo que desde então tem vindo a reduzir substancialmente o número de membros do Trono do Crisântemo que, no passado, também chegou a ser ocupado por mulheres (a última no século XVIII).

Neste sentido, o parlamento japonês também aprovou sexta-feira uma resolução não vinculativa que insta o Governo a abrir o debate sobre este assunto que se reveste de particular importância atendendo aos problemas com que a família imperial se tem vindo a deparar no plano das sucessões.

Estes problemas voltaram a ser colocados em relevo recentemente depois de, em Maio, a princesa Mako, de 25 anos e neta de Akihito, ter anunciado que pretende casar-se com um colega de universidade, o que vai fazer então com que perca a sua condição de membro da realeza.

O casamento de Mako irá deixar em 18 o número de membros da dinastia hereditária reinante mais antiga do mundo.

Dos 18, apenas três, excluindo Akihito, são homens com acesso ao trono: o príncipe herdeiro Naruhito (57 anos), o seu irmão Akishino (51 anos) e o filho deste, Hisahito, de 10 anos e irmão mais novo da princesa Mako.

12 Jun 2017

Lições de uma eleição

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão há volta a dar. Nestes tempos da informação instantânea, político que é político deve evitar eleições. (As derivas autoritárias aliás vão nesse caminho). A imprevisibilidade dos resultados é cada vez maior, como os institutos de sondagens sentem cada vez mais a cada eleição que passa. No caso britânico, no entanto, as sondagens, apesar de tudo, foram dando conta, nas duas últimas semanas, de que a vantagem do Partido Conservador estava a ficar curta. E diminuiu ao ponto de os Tories terem perdido a maioria no Parlamento. A “vitória” de Theresa May (assim, com aspas, porque os conservadores queriam ver o povo legitimar a sua estratégia de saída da União Europeia e acabaram a noite eleitoral a contar os círculos eleitorais que se aguentaram e à procura de quem lhes pudesse dar uma maioria estável no Parlamento) acabou por não surpreender. Mas os números alcançados pelos conservadores deixam-na de mãos atadas. De facto, o que este resultado determina é a incapacidade de o Reino Unido negociar com Bruxelas um entendimento que não preveja as quatro liberdades de movimento.

Depois de David Cameron ter alcançado o seu lugar na história como o político que levou o Reino Unido para a porta de saída da União Europeia, agora, um outro líder conservador, leva o partido para uma “derrota” (assim, com aspas, porque, de facto, os conservadores continuam a ter mais deputados no Parlamento do que qualquer outra formação política). É a segunda derrota nas urnas para os conservadores em 12 meses (no referendo que determinou a saída do Reino Unido, no ano passado, e agora nestas legislativas antecipadas). Isto depois de terem obtido uma maioria absoluta extraordinária há apenas… dois anos. Todo esse capital foi deitado por terra assim, como quem queima um fósforo.

Na sequência do resultado, Theresa May demitiu os seus dois chefes de gabinete, acusados, pelos que contestam May nos Tories, de serem os principais responsáveis pela definição da estratégia perdedora da líder conservadora. A contestação não fica, no entanto, por aqui e os pedidos para a sua demissão vão continuar a ouvir-se. O fim da maioria dos conservadores levou, uma vez mais, à queda da libra e à incerteza dos mercados, coisas que a City não gosta… Se May queria com estas eleições obter uma posição de força para as negociações com Bruxelas e reforçar a maioria no Parlamento, tudo lhe saiu ao contrário.

E, agora, ainda vai ter de negociar um governo com os unionistas da Irlanda do Norte, que têm como cartão-de-visita uma visão do aquecimento global parecida com Donald Trump e opõem-se ao casamento homossexual. Mas, ao mesmo tempo, os conservadores da mesma Irlanda do Norte dizem-lhe que o “hard Brexit” não é o caminho.

A imprevisibilidade é a norma agora na política internacional. Os tempos são de incerteza, como sublinhava Paulo Portas na semana passada em Macau, no âmbito da conferência internacional sobre a iniciativa chinesa da “Uma faixa, uma rota”. Uma imprevisibilidade e incerteza que, devido à voragem da informação, têm premissas novas a cada dia que passa. Nos tempos de hoje, ontem é uma eternidade. Amanhã, um futuro muito distante. É neste tempo de excesso de informação, de notícias falsas, de comunicação não mediada entre líderes, instituições e público, que torna a vida dos políticos ainda mais difícil. Prever a reacção do público a novas iniciativas, antecipar o que os eleitores vão querer e em que candidatos vão votar, está a tornar-se num exercício muito difícil. Para quem acredita, a bola de cristal pode ser um bom investimento.

12 Jun 2017

Donald Trump suspende visita ao Reino Unido

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]egundo o The Guardian, Donald Trump terá dito a Theresa May num telefonema que não queria avançar com a visita de estado por receio de manifestações de larga escala. O gabinete da primeira-ministra britânica veio entretanto desmentir a informação, dizendo que nada foi alterado.

Adianta o jornal britânico que o telefonema teve lugar há algumas semanas, de acordo com uma fonte do n.º10 de Downing Street, a residência oficial da primeira-ministra. Trump terá dito a May que queria suspender a visita por receio de protestos, decisão que apanhou May de surpresa.

Agora, um porta-voz do gabinete de May veio desmentir essa informação: “Não vamos comentar sobre a especulação em torno de conversas telefónicas privadas. A rainha [Isabel II] estendeu um convite ao Presidente Trump para visitar o Reino Unido e não há alterações a esses planos”, disse uma porta-voz de Theresa May, citada pela Reuters.

Pouco pacífico

A visita do Presidente norte-americano ao Reino Unido tem a gerado muita polémica.

A primeira-ministra britânica, a conservadora Theresa May, convidou Trump a realizar uma visita de Estado ao Reino Unido, com a rainha Isabel II como anfitriã, no seu encontro com o Presidente dos EUA, na Casa Branca, em Janeiro deste ano.

Na sequência do convite, alguns deputados avançaram com uma moção para impedir Trump de discursar no parlamento britânico. A moção pedia aos líderes da Câmara dos Comuns e da Câmara dos Lordes que não dessem “autorização ao Governo de sua Majestade para que o Presidente Trump pronuncie um discurso em Westminster Hall ou em qualquer outro lugar do Palácio de Westminster”.

Ainda no sentido de travar a visita, avançou-se com uma petição que já tinha mais de um milhão de assinaturas quando Londres assumiu que não iria recuar e retirar o convite.

Recentemente, o mayor de Londres, Sadiq Khan, disse estar contra a visita.

“Há muito tempo que digo que o convite da primeira-ministra Theresa May a Donald Trump para fazer uma visita de Estado foi prematuro”, declarou à AFP-TV Sadiq Khan, a 6 de Junho. “As visitas de Estado são dirigidas a líderes internacionais que se distinguiram”, sublinhou.

“Dado que muitos britânicos não concordam com muitas das políticas de Donald Trump, não deveríamos ter uma visita de Estado”, acrescentou o presidente de câmara da capital do Reino Unido, que explicou que, naturalmente, apoiava o diálogo com o Presidente dos Estados Unidos.

Sadiq Khan foi recentemente criticado por Donad Trump, que acusou o mayor de Londres de não levar o terrorismo a sério ao pedir aos britânicos que não se “alarmassem” com uma “maior presença da polícia” depois do ataque de sábado, 3 de Junho, que custou a vida a oito pessoas e feriu mais de 40.

12 Jun 2017

Análise | China acelera o passo rumo à liderança na corrida ao espaço

Com metas ambiciosas, o Governo chinês perfila-se como um candidato a líder da pesquisa espacial em termos globais. A curto prazo tenciona aterrar na face oculta da Lua e enviar sondas a Marte e Júpiter. Enquanto a NASA sofre cortes orçamentais, a agência espacial chinesa tem tido um forte investimento de Pequim

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] crescimento económico chinês catapultou o país de volta à ribalta internacional e está a levar a tecnologia chinesa para além dos limites terrestres. Pequim tem investido fortemente na corrida espacial, quase triplicando os 4,7 mil milhões de yuan do período 2011-2015, para 15,6 mil milhões projectados para 2026-2030.

Os rios de dinheiro foram acompanhados por uma retórica forte que demonstra, claramente, a intenção de domínio da área que leva o ser humano a ultrapassar-se na busca de conhecimento. Até ao final do próximo ano, a China ambiciona aterrar na face oculta da Lua e até ao final de 2020 chegar com uma sonda a Marte, numa missão semelhante ao projecto Mars Rover da NASA. Júpiter e as suas luas também são um destino a alcançar a curto prazo, de acordo com o programa espacial chinês.

No final do ano passado, Wu Yanhua, o director da Administração Nacional Espacial, foi bem claro quanto às intenções chinesas: “O nosso objectivo é, por volta do ano 2030, estarmos entre as grandes potências mundiais em exploração espacial”. O que é notável, tendo em conta que a China entrou muito tarde na corrida espacial, com os Estados Unidos, a Rússia e a Europa levando consideráveis avanços.

Os investimentos chineses de décadas culminaram, em 2003, com a aterragem de uma sonda na Lua e no lançamento de um laboratório que servirá de génese para uma estação espacial com 20 toneladas.

Ian Hou, professor na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Macau, tem uma abordagem científica que relega para segundo plano a visão política de liderança neste capítulo. “Não faço ideia se o programa chinês vai ultrapassar um dia o americano, o essencial é explorar o desconhecido”, comenta o académico. Ian Hou acrescenta que “as implicações políticas não são a prioridade dos programas de pesquisa espacial, o trabalho que os cientistas fazem tem como objectivo a melhor compreensão do universo”.

Novos mundos

A descoberta espacial não se esgota na imagem de um astronauta a pisar solos extraterrestres. Hoje em dia, a tecnologia espacial faz parte do quotidiano, principalmente em termos de comunicações, no campo da robótica e nas ferramentas de navegação como o GPS e o Google Earth.

Além do aprofundamento do conhecimento científico, os programas espaciais têm oferecido ao mundo novas ferramentas que melhoraram, em muito, a vida na Terra.

Ian Hou recorda que os programas espaciais norte-americano e soviético originaram novos produtos usados no dia-a-dia, por exemplo “a computação avançou imenso”, trazendo uma nova revolução tecnológica. O académico prevê que o investimento chinês traga novas tecnologias, efeito secundário nascido do engenho científico requerido para uma missão espacial.

Por exemplo, o combustível usado para propalar os foguetões pode originar novidades em termos de eficiência energética. Na nova geração de aeronaves espaciais “é usada uma mistura de hidrogénio e oxigénio líquido, que procura ser mais eficiente”, explica Ian Hou. O académico prevê que, um dia, este tipo de combustível, mais limpo que os fósseis, chegue à sociedade e substitua a gasolina usada pelos automóveis.

Pequim investiu também no ramo da climatologia. Com o objectivo de estudar os fenómenos de aquecimento global, a China lançou o satélite TanSat em Dezembro, para monitorizar o dióxido de carbono atmosférico a partir do espaço.

No plano das aeronaves a China surge como competidora directa da norte-americana SpaceX, de Elon Musk. Neste momento, a China Aerospace Science and Industry Corporation (Casic) está a desenvolver uma nave para missões espaciais que descola horizontalmente, ao contrário das tradicionais descolagens verticais. O foguetão, que para transportará equipas de astronautas e carga, terá uma operacionalidade semelhante a um avião comercial. Mas, obviamente, muito mais potente e rápida, com capacidade para acoplar com outra nave, ou estação espacial. A aeronave desenvolvida pela Casic, uma indústria do ramo da defesa, terá a capacidade para aterrar em aeroportos convencionais.

O vice-presidente da empresa, Liu Shiquan, revelou esta semana na Global Space Exploration Conference em Pequim que o projecto está quase finalizado e prestes a avançar para a fase de testes. Liu explicou que os seus engenheiros tiveram de contornar alguns aspectos técnicos relativos ao design do motor. Apesar disso, ainda não há uma data para o primeiro voo de teste. Este projecto promete ser um dos aspectos chaves do sucesso da corrida espacial chinesa, permitindo viagens mais baratas e amigas do ambiente.

Inspiração especial

Os lançamentos de foguetões e os históricos primeiros passos na Lua de Neil Armstrong são duas das imagens de marca do século XX, momentos que inspiraram gerações de novos cientistas e que empurraram para a frente o progresso humano. Ian Hou acha que o programa espacial chinês terá capacidade para “inspirar as novas gerações a terem sonhos mais audazes e a alargarem os horizontes do conhecimento”.

Nesse sentido, os jovens chineses podem ter novos heróis num futuro próximo. Em declarações à agência estatal Xinhua na passada terça-feira, Yang Liwei, director da China Manned Space Agency, revelou que “a missão tripulada à Lua terá, brevemente, aprovação e financiamento”.

Ian Hou sente que se vivem tempos excitantes na ciência chinesa. “Apesar de não trabalhar no ramo aeroespacial, mas na área da física aplicada, saliento o investimento do Governo chinês, e também de Macau, na investigação científica”, comenta. O académico acrescenta que “os líderes chineses de hoje viram o grande potencial de retorno do investimento nas ciências”.

A corrida espacial também se faz no chão e a grande velocidade. No ano passado, a China completou a construção de um telescópio com 500 metros de diâmetro para detecção de sinais de rádio. Está em perspectiva a construção de outro telescópio no Tibete, mas o esforço astronómico de Pequim não se fica por aqui. A China faz parte de uma colaboração internacional que está a construir uma rede de telescópios na Austrália e na África do Sul.

Outro dos projectos que procura respostas no espaço é o Dark Matter Particle Explorer, lançado há ano e meio com o intuito de estudar a origem de raios cósmicos através da observação de electrões de alta energia, um dos ramos da ciência mais recentes e aliciantes em termos de astrofísica.

O forte investimento chinês tem atraído a atenção das tradicionais potências espaciais, até pelas implicações militares que a inovação científica pode trazer. Em Washington, a interpretação da corrida espacial chinesa ganha outros contornos. Em entrevista à agência Bloomberg, James Lewis, vice-presidente do think-tank Centro de Estratégia e Estudos Internacionais, considera que “a China usa a corrida ao espaço para ganhar vantagem política”. O norte-americano acha que, “apesar de haver óbvias actividades relacionadas com pesquisa científica, o primeiro objectivo de Pequim é demonstrar poder no plano internacional”.

A inovação tem alastrado na China, assim como o crescimento económico. O investimento de três biliões de yuan que Pequim fez em biotecnologia, Internet e indústria tecnológica tem dado claros frutos. Neste momento, a China tem 38 startups que valem, pelo menos, mil milhões de dólares na Unicorn List, uma escala que mede o valor de empresas. Entre estas companhias contam-se a UBTECH Robotics Corp., a empresa de pesquisa genética iCarbonX, a gigante das aplicações para telemóveis Apus Group, entre outras. Pequim está, claramente, a apostar no futuro, afastando-se da industrialização pesada do passado. Esta é uma vontade assumida várias vezes por Xi Jinping, que quer fomentar o crescimento económico, assente em tecnologia de ponta, e trazer a velha China para o futuro.

9 Jun 2017

Paulo Portas | Os elogios à China e os recados a Donald Trump

O ex-vice-primeiro-ministro de Portugal regressou a Macau para participar numa conferência sobre a política “Uma Faixa, Uma Rota”. Elogiou a China e Macau e falou da necessidade de combater o proteccionismo económico

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]espiu a pele de político e vestiu a de consultor da empresa de construção civil Mota-Engil. Foi na qualidade de presidente do conselho estratégico internacional da Mota-Engil para a América Latina e África que Paulo Portas regressou a Macau, onde discursou na abertura da Conferência Internacional Uma Faixa, Uma Rota e o Desenvolvimento de Macau.

Portas não quis falar aos jornalistas depois de uma apresentação que durou cerca de dez minutos e que foi proferida em português e em inglês. Nela ouviram-se elogios à China e a Macau no período pós-transição, mas também recados directos à liderança de Donald Trump, Presidente norte-americano.

“Nos últimos 30 ou 40 anos, o mundo mudou radicalmente. A queda do Muro de Berlim marcou o fim de um período dominado por dois blocos. Por isso é que o Presidente chinês se bate pelo mercado livre, e, ao mesmo tempo, a nova bandeira americana parece ser proteccionista”, referiu.

Paulo Portas deixou o alerta sobre a necessidade de pensar de forma global sobre problemas que atingem todos os países. “Temos de compreender que as questões globais não se podem resolver dentro das fronteiras tradicionais ou de forma unilateral. Questões como as alterações climáticas ou os recursos necessários para uma economia mais verde, a pressão demográfica ou a segurança alimentar são questões globais e desafios globais. Precisam de uma governança global.”

Sobre a China, Paulo Portas não esqueceu Deng Xiaoping, tendo-se referido a ele como um dos maiores estadistas de sempre, protagonista de uma profunda reforma económica.

“Nos últimos 30 ou 40 anos, o que é impressionante não é a mudança da China, mas a dimensão dessa mudança. A China lidera os sectores do comércio electrónico, telecomunicações e alta tecnologia.”

Ainda assim, “há problemas que se mantêm”. “Há desafios demográficos e sociais, e riscos ambientais. A capitalização precisa de um sector financeiro robusto. Diversidade, migração. São estes os problemas que a China tem vindo a ter e a resolver”, observou o ex-político.

Macau, esse sucesso

Os elogios de Paulo Portas não foram apenas direccionados para a China e o seu posicionamento no mundo, mas também para Macau e para o papel que pode ter no contexto da política “Uma Faixa, Uma Rota”.

“Como um dia referiu um dirigente chinês, Macau é fruto de um acordo e não o resultado de um conflito. Essa diferença nota-se aqui”, frisou.

“Num mundo cheio de perigos e confrontos, Macau é o bom exemplo de uma transição bem-sucedida. A potente expressão que Macau tem hoje é também o resultado de uma negociação cuidada e mutuamente bem gerida, que permitiu uma passagem pacífica, suave e respeitadora da soberania portuguesa para a soberania chinesa”, acrescentou Paulo Portas.

O ex-vice-primeiro-ministro lembrou que “na transição de Macau foi precisamente o factor de confiança para que a República Popular da China escolhesse Portugal como uma das suas primeiras e mais estáveis ‘parcerias estratégicas’ na Europa”.

“Posso afirmar que essa parceria avançou significativamente; e posso dizê-lo com o valor acrescentado de a ter testemunhado e estimulado enquanto governante”, apontou ainda.

Paulo Portas disse também que grande parte dessas ligações comerciais estabeleceu-se graças ao apoio de Macau. “Em poucos anos o mercado chinês passou a estar no top 10 das nossas exportações. Frutíferas parcerias luso-chinesas estabeleceram-se para conquistar mercados noutros continentes, como em África ou na América Latina. Várias dessas parcerias nasceram ou desenvolveram-se em Macau”, rematou.

A conferência sobre a política “Uma Faixa, Uma Rota” termina hoje e é organizada pelo Grand Thought Think Tank, uma associação virada para esta temática, que tem o deputado nomeado Ma Chi Seng como um dos membros.

 

Chui Sai On | Macau tem “vantagens singulares”

Coube ao Chefe do Executivo, Chui Sai On, dar o pontapé de saída da Conferência Internacional sobre a política “Uma Faixa, Uma Rota” e o Desenvolvimento de Macau. No seu discurso, o líder do Governo defendeu que a política implementada por Pequim “causou, nos últimos quatro anos, um grande impacto a nível mundial”, tendo alcançado “resultados assinaláveis”. Quanto ao papel de Macau nesta política, Chui Sai On lembrou que o território tem “vantagens singulares” por ter sido, em tempos, “um importante entreposto na rota marítima da seda”, com “ligações históricas duradouras com os países situados ao longo da rota”. A cidade encontra-se “numa nova fase de desenvolvimento”, uma vez que a economia se mantém, aos olhos do Chefe do Executivo, “estável”, “com uma notável tendência de melhoria”. Ontem discursaram ainda nomes como Bingnan Wang, ministro assistente do Comércio da China, e Li Zhaoxing, ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros do país.

9 Jun 2017

Eleições | Au Kam San e Ng Kuok Cheong em listas diferentes

Os dois deputados pró-democratas repetem a fórmula do passado, na esperança de garantirem a eleição de ambos. Duas listas diferentes para uma só bancada, desta vez sem o selo da Associação Novo Macau

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]uito aconteceu desde as eleições de 2013. Au Kam San rompeu formalmente com a Associação Novo Macau (ANM), por não concordar com o rumo do movimento a que sempre pertenceu. Ng Kuok Cheong não bateu com a porta, mas quase. Os dois deputados à Assembleia Legislativa deixaram claro, há já algum tempo, que iriam continuar na vida política, com ou sem ANM.

Ontem, juntaram-se para entregarem em conjunto os pedidos de reconhecimento de constituição de comissão das candidaturas. Os pró-democratas continuam a candidatar-se em listas separadas.

Ng Kuok Cheong, da Associação de Próspero Macau Democrático, recolheu 500 assinaturas. Vincou que não recebeu qualquer apoio da Novo Macau, desdramatizando o facto de já não contar com a associação que um dia foi sua. Em vários sítios do mundo – e em Macau, Hong Kong e Taiwan também –, “entrámos numa era de vontade geral fragmentada” e chegou ao fim “o tempo da solidariedade”. O deputado diz que tem “vontade de ser um fragmento pequeno”, mas espera que “os fragmentos não se ataquem uns aos outros” e que haja uma “competição saudável”.

Au Kam San volta a candidatar-se pela Associação de Novo Movimento Democrático. O deputado diz que terá recolhido mais de 700 assinaturas – 500 é o número máximo que pode ser submetido.

Outros jovens

Quanto à sua candidatura, Au Kam San adiantou que vai “liderar jovens” nas eleições. “Se não fosse a esperança de formar mais jovens, não precisávamos de apresentar candidaturas em listas separadas”, justifica.

O deputado admite que não é fácil garantir que os eleitores simpatizantes do movimento pró-democracia se dividam de forma acertada no momento de votar, de modo a que ambos os cabeças-de-lista sejam reeleitos, mas acredita que não haverá dificuldades em assegurar a continuidade da bancada.

Au Kam San também faz referência à “era da vontade geral fragmentada”, para antecipar uma “forte concorrência” e explicar que pode não ser uma grande vantagem o facto de, neste momento, ser deputado à AL. Mas a batalha, se for reeleito, não será diferente daquela que tem levado a cabo na sua vida política: lutar por mais assentos para os deputados eleitos pela via directa e impulsionar a democracia no território.

Ainda em relação ao processo de recolha de assinaturas, e em comparação com o que aconteceu no passado, Au Kam San e Ng Kuok Cheong dizem não ter sentido uma grande diferença. Até acham que houve mais gente a abordá-los, quer aqueles que os criticam, quer os que concordam com eles.

Quanto aos restantes candidatos, ambos vão ter listas constituídas por, pelo menos, seis pessoas. Os nomes ainda não foram tornados públicos, mas Ng Kuok Cheong avança, desde já, que terá ao seu lado pessoas de diferentes grupos etários, bem como mulheres.

9 Jun 2017

Grupos ligados a Chan Meng Kam apresentam candidaturas

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á menos de um ano, juraram a pés juntos que a ideia não estava em cima da mesa. Agora, chegado o momento de tratar das primeiras formalidades para as eleições de 17 de Setembro, a realidade é outra. Dois grupos ligados a Chan Meng Kam entregaram ontem os formulários de constituição de candidatura.

O objectivo, explica o mandatário Chan Chon Pat, é garantir que esta força política com fortes ligações à comunidade de Fujian garante três assentos na Assembleia Legislativa (AL), à semelhança do acontece na actual legislatura. “A decisão foi tomada depois de uma rigorosa ponderação e deve-se à concorrência enorme que vai haver nestas eleições”, justifica.

Desconhecem-se, para já, quem serão os cabeças-de-lista destas duas candidaturas, apresentadas pela Associação dos Cidadãos Unidos de Macau e pela Associação dos Cidadãos para o Desenvolvimento de Macau. Chan Chon Pat limita-se a dizer que os grupos “ainda estão a pensar nos candidatos adequados”. No entanto, serão divulgadas em breve mais informações, assim como o programa político.

O mandatário, que é também o presidente da Associação Aliança de Povo de Instituição de Macau, explicou que cada grupo conseguiu recolher 500 assinaturas.

Nas legislativas de 2013, Chan Meng Kam foi o grande vencedor do sufrágio directo, tendo obtido um resultado histórico. A lista da Associação dos Cidadãos Unidos de Macau conseguiu 26.385 votos, o que garantiu a eleição de três deputados: Chan Meng Kam, Si Ka Lon e Song Pek Kei. Foi o resultado mais expressivo de sempre na história das eleições do território.

Em Julho do ano passado, o semanário O Clarim avançava a hipótese de a família política de Chan Meng Kam se dividir, atendendo ao método de contagem de votos de Macau, que dificulta a eleição de um terceiro deputado. Ao HM, o deputado reagiu dizendo que a notícia era falsa.

Ainda segundo o jornal, uma das listas de 2017 seria encabeçada por Si Ka Lon, actual número dois de Chan Meng Kam. Admitia-se também o regresso político de Ung Choi Kun, que foi deputado até 2013. Ao HM, os dois negaram a notícia, tendo Si Ka Lon dito que a notícia o deixou “chocado”. Já Ung Choi Kun jurou que não tem vontade de voltar a ser membro da AL.

9 Jun 2017