Hong Kong | Líderes do Occupy autorizados a recorrer de penas de prisão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] mais alto tribunal de Hong Kong deu ontem luz verde aos líderes estudantis pró-democracia Joshua Wong, Nathan Law e Alex Chow para recorrerem das sentenças de prisão pelo protesto que desencadeou a ocupação das ruas em 2014.

O Tribunal de Última Instância (TUI) aprovou ontem os pedidos de recurso numa sessão que demorou cerca de meia hora. A audiência do recurso foi ontem agendada para 16 de Janeiro de 2018, segundo os media de Hong Kong.

Em Agosto, Joshua Wong (21 anos) foi condenado a seis meses de prisão, Nathan Law (24 anos) a oito meses de prisão, e Alex Chow (27 anos) a sete meses, na sequência de um recurso do secretário para a Justiça.

Wong e Law foram libertados sob fiança no mês passado, depois de terem cumprido dois meses de prisão.

Na sessão de ontem, o tribunal estendeu a liberdade sob fiança Wong e Law e concedeu fiança a Chow, que não tinha ainda feito o pedido.

Esta é a última oportunidade dos três jovens activistas de recorrerem das penas de prisão a que foram condenados em Agosto, na sequência do pedido pelo governo da revisão das sentenças concedidas em 2015, que não incluíam então termos de prisão efectiva.

Para a História

O caso dos três activistas remonta a uma assembleia considerada ilegal em 26 de Setembro de 2014, quando os manifestantes escalaram barreiras metálicas e entraram na Praça Cívica, nas imediações da sede do Governo e Conselho Legislativo.

Esse protesto em prol da democracia e do sufrágio universal esteve na origem da ocupação de várias zonas de Hong Hong durante 79 dias até meados de Dezembro de 2014.

Os advogados dos três líderes estudantis vão apresentar os argumentos pelos quais consideram que as sentenças de prisão são inapropriadas.

Caso percam os recursos, os jovens activistas terão de cumprir o restante tempo das penas de prisão a que foram condenados em Agosto.

Rosto da fé

Joshua Wong disse numa entrevista na semana passada à Associated Press que havia boas hipóteses de voltar para a prisão, fosse pelo caso do protesto na Praça Cívica ou pelo julgamento de outro caso em que também está envolvido.

“Haverá mais ocasiões no futuro em que grupos de jovens vão para a prisão, mas vamos continuar a manter a fé e trabalhar em conjunto para lutar pela democracia”, disse Wong nessa entrevista.

Joshua Wong ficou conhecido como o rosto dos protestos pró-democracia há três anos contra a decisão de Pequim para restringir as eleições para o líder do governo de Hong Kong.

Então ainda adolescente, Joshua Wong é a personagem principal de um documentário da Netflix que pode entrar na corrida aos Óscares.

As prisões efectivas dos jovens activistas fizeram disparar as preocupações sobre a independência do sistema judiciário da cidade.

Ao abrigo do princípio “Um país, dois sistemas”, Pequim prometeu deixar Hong Kong manter o elevado grau de autonomia e liberdades após a transição da soberania britânica para a chinesa em 1997.

Parte da população que está descontente com a alegada interferência de Pequim nos assuntos da cidade acusa os líderes chineses de violarem a sua promessa.

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