Hoje Macau BrevesUM | Estacionamento passa a ser pago A partir do dia 17 deste mês passam a ser cobradas taxas pelo estacionamento nos Auto-Silos da Universidade de Macau (UM), pelo que os motociclos e veículos dos visitantes actualmente aí estacionados deverão ser retirados antes da medida entrar em vigor “sob pena de serem sujeitos ao tratamento legal devido”, segundo informa a nota à imprensa distribuída pela Secção de Assuntos de Segurança e de Tráfego da UM. A medida, que entrou em vigor segundo um despacho publicado em Boletim Oficial, tem como objectivo melhorar a gestão dos parques, assegurar a segurança dos utilizadores e proporcionar estacionamento aos docentes, estudantes e visitantes. As tarifas de estacionamento, calculadas à hora, são basicamente as mesmas que as praticadas nos demais auto-silos públicos de Macau. O período máximo de estacionamento permitido será de oito dias consecutivos. Contudo, aos docentes, estudantes e funcionários da UM é aplicado um período transitório em que estão isentos do pagamento das taxas devidas pelo estacionamento. O período transitório pode prolongar-se, no máximo, até ao dia 31 de Dezembro de 2016. “O mais tardar a partir do dia 1 de Janeiro de 2017, estes utilizadores passam a pagar as devidas tarifas. Para esse efeito, os estudantes, docentes, funcionários da UM e os titulares do cartão do campus podem comprar o passe mensal e gozam de um desconto de 50% no bilhete simples”, indica a UM.
Hoje Macau BrevesAeroporto de Macau com recordes e novos voos O Aeroporto de Macau registou um aumento de 16% no número de passageiros na primeira metade de 2016, por comparação com o mesmo período em 2015, lidando com cerca de 3,25 milhões. No que diz respeito a tráfico de aeronaves foram anotadas mais de 28 mil aterragens e partidas, ou seja, mais 6% do que no ano anterior. As principais rotas que utilizaram as instalações são da China continental, Taiwan e Sudoeste Asiático com crescimentos percentuais respectivos de três, 25 e 22. A média diária de passageiros situa-se agora nos 18 mil. Segundo informa a Companhia de Aeroporto (CAM), apesar da suspensão dos voos já anunciados da TransAsia Airways e da Thai Smile Airways desde o dia 30 de Outubro passado e a partir do final de Agosto, respectivamente, não se esperam flutuações no numero de passageiros. Este facto fica a dever-se a terem surgido quatro novas transportadoras a utilizarem o aeroporto da cidade como são os casos da Vietjet, Lion Air, JSC Royal Flight Airlines e Nok Airlines. A JSC Royal Flight planeia mesmo aumentar o número de voos entre Macau e Moscovo para três por semana, já a partir de meados deste mês. Para a segunda metade do ano a Lion Air abriu uma linha charter entre Macau e Manado (Indonésia) no passado dia 4, com um total de três voos a cada duas semanas.
Joana Freitas BrevesTrabalhador das Oficinas Navais comete suicídio Um trabalhador das Oficinas Navais cometeu suicídio por enforcamento, confirmou ontem ao HM a Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA). De acordo com o organismo, o “homem foi encontrado morto no local de trabalho, pelas 17h15”. Não se sabem ainda as causas da morte, mas José Pereira Coutinho, presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, diz “não ter dúvidas” que o caso está relacionado com o trabalho. “Tem havido muitas pressões na Função Pública e é por isso que temos vindo a pedir ao Governo que permita a aposentação ao fim de 20 de trabalho”, referiu.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeDSEJ | Governo quer melhorar ensino técnico-profissional Melhores professores, novos cursos, mais oportunidades de estágio, um novo centro e revisão da lei. Eis as mudanças que a DSEJ quer implementar no ensino técnico-profissional, com base num relatório feito por um instituto de Xangai [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ensino técnico-profissional será alvo de uma reestruturação nos próximos tempos em várias vertentes. A garantia foi dada ontem pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), que pretende rever o decreto-lei de 1984 e inaugurar, daqui a dois anos, o centro de educação técnico-profissional. As mudanças na lei serão alvo de uma consulta pública, a qual deverá arrancar ainda este ano ou no início de 2017. “Estamos já na fase de criação do novo regime, para o qual já estamos a fazer os trabalhos preparatórios e a colaborar com o sector. Queremos melhorar a qualidade dos cursos e reforçar a cooperação entre escolas e empresas do sector privado”, disse Ng Vai Hong, chefe da Divisão do Ensino Secundário e Técnico-profissional da DSEJ. Actualmente com 1360 alunos, menos 40 do que o ano passado, o ensino técnico-profissional continua a ser mal visto por parte da comunidade chinesa. Segundo a DSEJ, os pais consideram que frequentar um curso técnico não vai trazer estatuto e prestígio aos filhos na hora de ingressar numa carreira. Cerca de dez escolas secundárias possuem cursos de ensino técnico-profissional, sem esquecer a Escola Luso-Chinesa Técnico Profissional, a única instituição de ensino pública vocacionada para este tipo de cursos. Ng Vai Hong garantiu ainda que a revisão da lei vai passar por uma melhoria dos programas de estágios entre escolas e empresas. “Esperamos que dentro de dois anos o centro de educação técnico-profissional fique concluído e isso poderá fornecer mais espaços para este tipo de educação e os estágios.” Dois anos de relatório As mudanças que a DSEJ pretende implementar surgem após a conclusão de um estudo efectuado pelo Instituto do Ensino Técnico-profissional da Academia de Ciências de Educação de Xangai, o qual começou a ser feito em 2014 e só agora ficou concluído. O trabalho intitula-se “Estudo sobre o Método de Desenvolvimento do Ensino Técnico-profissional de Macau”. Chen Song, vice-presidente do Instituto, apontou alguns pontos que precisam de ser melhorados. “Podemos verificar que é preciso elevar a qualidade dos cursos para atrair mais estudantes, além de que os cursos devem ser integrados com o desenvolvimento económico local. Temos de aperfeiçoar o sistema e as legislações e temos de reforçar a qualidade da equipa docente. Temos de tentar controlar a introdução dos trabalhadores não residentes, para garantir que quando são formados os locais têm emprego. Temos de ter a colaboração com sectores privados e incentivos de colaboração”, apontou. Ng Vai Hong falou ainda da criação de novos cursos nas áreas da tradução do Português e Chinês, desporto, design de moda e assistência médica, como forma de corresponderem ao desenvolvimento económico de Macau. As informações foram avançadas à margem da terceira reunião do ano do Conselho para o Ensino Não Superior. Na mesma reunião foi analisado o processo de consulta pública sobre a elaboração do Regime Educativo Especial, o que gerou cerca de 1500 opiniões. O Governo pretende reforçar currículos e clarificar conceitos na nova lei no que diz respeito às diversas necessidades educativas especiais existentes. A DSEJ quer avançar com a reforma desse diploma já este ano, para que as novas regras possam ser implementadas no ano lectivo de 2017/2018.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTurismo Cultural | Agnes Lam pede aposta na História de Macau Agnes Lam, membro do Conselho para as Indústrias Culturais, defende uma aposta no ensino da História local para que se possa promover o turismo cultural. Tereza Sena, historiadora, diz que sem História “não se pode oferecer turismo cultural de qualidade” [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]História de Macau continua afastada dos currículos das escolas e esse facto levou Agnes Lam a defender uma aposta no seu ensino para que o turismo cultural se possa desenvolver em Macau. Falando na qualidade de membro do Conselho para as Indústrias Culturais no programa Macau Talk, da Rádio Macau, Agnes Lam disse que sem essa aposta será difícil atrair os turistas que estão interessados no lado histórico do território. A também docente da Universidade de Macau (UM) referiu que os anteriores governos não se preocuparam com os arquivos históricos e que as indústrias culturais estão ainda numa fase inicial. “Se o Governo não se preocupar com o estudo da História do território teremos apenas uma acumulação de memórias colectivas sem uma História completa. Quando viajamos na Europa podemos visitar castelos e ter um tipo de turismo cultural, mas aqui é difícil que isso exista.” Si Wun Cheng, coordenador de projectos do Armazém do Boi, acrescentou que tem aumentado o número de pessoas que se dedicam a estas áreas, mas que ainda não é suficiente. Si Wun Cheng disse ainda que as escolas locais promovem a área da cultura de forma superficial. Mais qualidade Ao HM, a historiadora Tereza Sena disse concordar com a ideia de Agnes Lam, garantindo que a aposta na História vai levar a um melhor turismo. “Obviamente que os guias turísticos têm de ter conhecimento da História de Macau para poderem levar os turistas aos locais e promoverem essa vertente cultural do turismo. Mas não são apenas os guias, temos de começar pelo ensino da História de Macau junto das escolas e da sociedade, com uma aposta na vertente patrimonial para as pessoas perceberem onde é que estão inseridas. Claro que sem isso não se pode estar a oferecer um turismo cultural ou a promover indústrias culturais de qualidade.” Tereza Sena adiantou que não há necessidade de manter antigos “bloqueios” que levaram a que o ensino da História de Macau quase não exista nas escolas. “Pensa-se no assunto, fazem-se reuniões, mas isso tem a ver com os currículos das escolas , com quem as dirige e a capacidade do Governo de impor determinado tipo de programas. Entre os historiadores também não há uma vertente consensual sobre a História local. Penso que hoje haverá mais, mas ainda somos herdeiros de uma História muito tradicional, do lado português, e depois do lado chinês de uma História muito centrada e nacionalista e isso deixou marcas nos manuais escolares e na forma como os dirigentes das escolas olham para esse assunto, talvez com um pouco de receio. Houve sempre bloqueios.” “Macau é um caso muito especial em termos históricos. Tudo isso gera visões diferentes, mas já foi sanado com a Lei Básica. Hoje em dia nos meios académicos não faz sentido continuarem a existir esse tipo de bloqueios”, rematou a historiadora.
Tomás Chio Manchete PolíticaPortas do Cerco recebem protesto de associações O monopólio que encarece os alimentos e o Governo que “nada faz” foram alvo de um protesto da Aliança da Juventude, ontem, nas Portas do Cerco. No mesmo dia e lugar, a Poder do Povo lançou um inquérito para perceber como é que a população avalia o Executivo [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]grupo Aliança da Juventude fez ontem um protesto nas Portas do Cerco, manifestando-se contra os preços dos alimentos em Macau, que diz serem muito mais altos do que os praticados na vizinha Zhuhai e até em Hong Kong. No mesmo dia, e no mesmo local, a Poder do Povo apresentou o início de um inquérito de avaliação ao Chefe do Executivo e outros altos cargos. Num comunicado, a Aliança da Juventude queixa-se que os residentes estão a sofrer com a inflação de que tem vindo a ser alvo o território nos últimos anos e diz que, embora a economia esteja em queda, a inflação continua sem baixar. O grupo diz que o Governo tem uma responsabilidade de controlar a inflação, algo que tem vindo a ser pedido por deputados como Ho Ion Sang, que levam o assunto dos preços das carnes e vegetais à Assembleia Legislativa. A Aliança da Juventude também dá exemplos que mostram que quem mora em Macau paga mais. “Veja-se preço da carne porco: o preço por atacado é de 27 patacas por cada quilograma, mas o preço a retalho é de 70 patacas pela mesma quantidade. Isto é uma acção que demonstra um roubo às carteiras do público”, lamenta o grupo, que diz que gostaria de saber porque é que, se o preço para os alimentos que chegam a Macau é mais barato do que Zhuhai e Hong Kong, o de retalho é mais caro do que as duas regiões vizinhas. O grupo queixa-se ainda do facto dos vendedores dos mercados estarem isentos de renda, mas continuarem a vender os produtos mais caros do que nos supermercados ou lojas de venda ao público, pelo que apela ao Governo para tratar deste assunto, sugerindo que sejam abertas mais fontes de alimentos para o território, que actualmente continua em monopólio, e que seja fixado um preço igual para todos os vendedores do mercado. Avaliação na mira Também ontem, nas Portas do Cerco, a Associação Poder de Povo começou a fazer um inquérito de avaliação do público sobre o desempenho do Chefe do Executivo e dos cincos secretário. Cheong Weng Fat, vice-presidente da Associação, afirmou ao HM que este inquérito vai realizar-se até Dezembro. “Os nossos funcionários vão fazer uma entrevista com residentes na rua e prevemos que o número de entrevistados seja de cinco a dez mil. O resultado vai ser publicado antes do dia da transferência de soberania”, disse o vice-presidente.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong sem acordo para transferência de fugitivos [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s autoridades de Hong Kong frisaram ontem não haver qualquer acordo com as entidades congéneres da China para a transferência de fugitivos à justiça, noticia o jornal South China Morning Post. A garantia surge na sequência do pedido das autoridades da China para que o livreiro Lam Wing-kee, que esteve desaparecido durante meses, deixasse a Região Administrativa Especial chinesa e regressasse ao interior da China, onde está a ser investigado por alegada venda de livros proibidos no país “Como toda a gente certamente sabe, Hong Kong e o interior da China não têm acordos de transferência de fugitivos”, afirmou o secretário para a Segurança da antiga colónia britânica, Lai Tung-kwok, um dia depois de regressar de Pequim, onde se encontrou com o ministro da Segurança Pública. “No decorrer das nossas conversações, a outra parte não fez qualquer tipo de sugestão relativamente a este pedido. De todo”, disse Lai Tung-kwok, quando questionado sobre o retorno do livreiro ao interior da China. As autoridades de segurança da China alegam que o livreiro violou as condições de fiança que lhe foram impostas ao decidir permanecer em Hong Kong e não regressar à China. Um vídeo mostrando confissões e a vida de Lam sob detenção foi exibido na presença dos ‘media’ de Hong Kong. O secretário para a Justiça, Rimsky Yuen Kwok-keung, afirmou, após a visualização das imagens, que a polícia de Hong Kong deveria continuar a investigar. “Achamos que há áreas que a polícia precisa de acompanhar como a discrepância entre o que é dito no vídeo e a versão pública do senhor Lam Wing-kee, feita publicamente ou de outro modo em Hong Kong”, disse. “Nós ainda esperamos continuar a tentar descobrir a verdade”, afirmou, acrescentando que as autoridades de Hong Kong não tinham conhecimento prévio do vídeo divulgado na terça-feira. Pacto para notificações As autoridades de Hong Kong e da China acordaram informar-se mutuamente, num período de 14 dias, quando detiverem residentes da outra jurisdição para investigações criminais, anunciou ontem o líder do Governo de Hong Kong. Leung Chun-ying, citado pelo South China Morning Post, afirmou que a decisão foi tomada após uma revisão conjunta do sistema de notificação recíproco transfronteiriço, que se considera ter falhado após o caso dos cinco livreiros de Hong Kong que desapareceram no ano passado e reapareceram meses depois sob custódia das autoridades da China. Em declarações à imprensa ontem, o chefe do Executivo disse que foi acordado que o sistema “deve ser melhorado, à luz da mudança de circunstâncias e das expectativas das pessoas”. As autoridades dos dois lados acordaram ainda passar a disponibilizar mais informação sobre as investigações e comunicar “por canais adicionais”. O sistema vai abranger todas as agências de segurança na China.
Hoje Macau BrevesLei dos Animais | Pedida mais formação para donos Lao Pui Cheng, vice-presidente da Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau (APAAM), disse ao Jornal de Cidadão que se deve apostar numa maior formação dos donos de animais de estimação, numa altura em que a nova Lei de Protecção dos Animais acaba de ser aprovada na Assembleia Legislativa. O responsável referiu que em muitos países estrangeiros só é permitida a posse de um animal doméstico depois de frequência de um exame. “Para se ser um dono responsável também é necessário ter aulas”, adiantou. Sobre a preocupação demonstrada por alguns deputados quanto a possíveis ataques de animais em elevadores, Lao Pui Cheng disse que não se recorda de casos graves em dez anos de trabalho com animais, falando de situações raras. Quanto à possibilidade de entrega de um animal no Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) se o dono não mais o quiser, Lao Pui Cheng pediu a criação de uma lista negra para os donos que o façam com frequência. Quanto à Associação, esta depara-se com dificuldades de funcionamento devido à renda elevada. Já foram enviadas várias cartas ao Executivo a pedir um novo local, mas ainda não foi obtida uma resposta. “Espero que no próximo ano tudo corra bem se não vai ser muito difícil para nós manter os cerca de 500 animais que agora estão connosco”, concluiu Lao Pui Cheng.
Joana Freitas BrevesQuase 3500 multados por proibição de fumar Quase 3500 pessoas foram multados por fumar em locais proibidos no primeiro semestre deste ano. Ao longo dos primeiros seis meses de 2016, foram feitas 161.880 inspecções a diversos estabelecimentos, numa média de 889 por dia, tendo sido detectados 3418 “casos de fumadores ilegais”, segundo um comunicado oficial. “Desde o início do ano de 2016 que 2783 pessoas (81,3%) pagaram a multa”, lê-se no mesmo texto. Foi nos cibercafés que foram detectadas mais infracções (611 casos). Quanto aos casinos, as autoridades fizeram 240 inspecções nestes espaços no primeiro semestre e detectaram 277 infracções. Recorde-se que a Lei da Prevenção e Controlo do Tabagismo entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2012 e tem vindo a ser aplicada de forma gradual, começando por visar a generalidade dos espaços públicos e prevendo disposições diferentes ou períodos transitórios para outros casos. A 1 de Janeiro de 2015 entrou em vigor a proibição total de fumar em bares, salas de dança, estabelecimentos de saunas e de massagens e os casinos passaram a ser abrangidos dois anos antes, a 1 de Janeiro de 2013, mas apenas parcialmente, já que as seis operadoras de jogo foram autorizadas a criar zonas específicas para fumadores, que não podiam ser superiores a 50% do total da área destinada ao público. Actualmente, encontra-se em análise na Assembleia Legislativa, na especialidade, a alteração à lei no sentido de proibir totalmente o fumo nos casinos. LUSA/HM
Hoje Macau SociedadeCasinos | Galaxy aposta em extra-jogo. Melco no VIP O vice-presidente do grupo Galaxy assegura que as actividades extra- jogo estão a ganhar terreno, sendo que está previsto que ocupem 97% no novo projecto da operadora no Cotai [dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ui Francis Iu Tung, vice-presidente do grupo Galaxy, afirmou ao Jornal Ou Mun que a desanimadora queda das receitas de Junho foi provocada principalmente por factores recentes, como a inauguração do parque Disneyland de Xangai, ou o Brexit que terá contribuído para a desvalorização do RMB. As quedas que atingiram o valor mais baixo desde Setembro de 2010 são tidas como improváveis no futuro, sendo que a recuperação das receitas depende de mudanças periféricas e a aposta é agora nas actividades extra-jogo. Embora no primeiro semestre as receitas brutas do sector ainda estivessem em queda, as receitas do mercado de massas aumentaram enquanto que o mercado VIP diminuiu, revelou. Quanto às actividades extra-jogo, o vice-presidente referiu que a receita bruta do Galaxy aumentou em 60% comparativamente ao período homólogo do ano passado. Salientou ainda que, segundo os dados do último relatório de revisão intercalar do Jogo, as receitas não-jogo já são equivalentes a 75% das de Las Vegas. O empreendimento da terceira fase do Galaxy vai ser lançado no final deste ano, e a quarta em 2017, sendo que 97% da sua composição é por elementos exteriores ao jogo e destinados a exposições e turismo familiar. “O mercado futuro já não é determinado pelo número de mesas do jogo”, frisou. Ares da Montanha Lui Francis Iu Tung falou também do novo projecto da Ilha da Montanha cujos detalhes ainda estão a ser discutidos. O projecto que terá características diferentes dos de Macau visa essencialmente actividades de desporto de lazer para uma menor densidade populacional. A sociedade e o Governo esperam ainda que as companhias de Jogo assumam mais responsabilidade social. Francis Lui afirma que 90% das compras da operadora são fornecidas pelas companhias locais sendo que se encontra em promoção das marcas tradicionais. Melco muda estratégia Já a Melco Crown está prestes a mudar de estratégia e abrir salas VIP no Studio City. A notícia é avançada pela agência Bloomberg, que cita, sem identificar, fontes próximas do processo. A operadora espera reverter dois anos de quedas de lucros e, para isso, conta abrir, ainda neste trimestre, três espaços exclusivos para grandes apostadores. Segundo a Bloomberg, entre as empresas promotoras de jogo envolvidas estão o Suncity Group e o Tak Chun Group. Sands China investe em produtos locais O jornal Ou Mun noticiou na sua edição de ontem que a operadora Sands China comprou produtos feitos em Macau no valor de 14 mil milhões de patacas, o que representa 80% das aquisições feitas durante todo o ano. Cerca de 1,8 milhão de patacas, ou seja, 12%, equivale a compras de produtos feitas directamente às Pequenas e Médias Empresas (PME). Wong Ying Wai, presidente-executivo da Sands China, garantiu que está a ser reforçada a parceria firmada com a Associação Comercial de Macau. Só no ano passado a concessionária terá aumentado as compras locais em 36%.
Joana Freitas BrevesNam Van | Governo não vai reaver um terreno da zona C O canal chinês da Rádio Macau noticiou ontem que o Governo não vai, afinal, reaver um dos 14 lotes localizados na zona C do lago Nam Van. Trata-se de um terreno com uma área de quase cinco mil metros quadrados cuja concessão termina a 21 de Agosto de 2026. Este terreno foi concedido à entidade Casa de Cheang por esta ter cedido a Casa do Mandarim ao Executivo, acordo que ficou selado com um despacho assinado em 2001 pelo ex-Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Ao Man Long. O mesmo Secretário acabaria depois por transferir a propriedade deste terreno para a Sociedade de Empreendimento Nam Van, o qual tinha desde o início as finalidades de habitação, comércio e parques de estacionamento. Segundo as informações dadas pelos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) ao canal chinês da Rádio Macau, o planeamento das zonas C e D do lago Nam Van será feito de acordo com a Lei do Planeamento Urbanístico. A DSSOPT confirmou ainda que o Governo tem neste momento cinco terrenos nesta zona em sua posse, sendo que um deles está a ser utilizado para a construção do Tribunal Judicial de Base, estando ainda a estudar o aproveitamento dos restantes quatro terrenos. O HM ainda não obteve quaisquer esclarecimentos sobre os terrenos de Nam Van por parte do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário.
Joana Freitas BrevesMonopólio da SLOT por mais cinco anos Está oficialmente prorrogado o contrato com a SLOT – Sociedade de Lotarias e Apostas Mútuas de Macau. Depois de Lionel Leong ter sido encarregue de assinar o acordo entre a RAEM e a empresa, a prorrogação do prazo de concessão da exploração de lotarias instantâneas por mais cinco anos foi agora publicada oficialmente no Boletim Oficial. O contrato, que se iniciou nos anos 90, continua agora até 5 de Junho de 2021, mantendo o monopólio da empresa por mais algum tempo, depois de no ano passado esta ter visto o contrato renovado apenas por um ano. A Macau Slot, ligada a Stanley Ho, explora as apostas desportivas, como de futebol e basquetebol, desde 1998. Há alguns anos que se tem vindo a especular a possibilidade dos casinos poderem operar este tipo de lotarias, sendo que recentemente Jorge Godinho, académico que lançou o livro Direito do Jogo há dois meses, sugeriu novamente a quebra deste monopólio. No ano passado, depois de uma prorrogação de três anos, a renovação do contrato por um ano voltou a trazer à baila a hipótese de que este monopólio estivesse a chegar ao fim, mas o Governo disse na altura não haver condições para que tal acontecesse.
Joana Freitas BrevesPôr do sol com música nas Casas-Museu O “Concerto ao Anoitecer” leva a banda portuguesa 80&Tal ao anfiteatro das Casas-Museu da Taipa, no próximo sábado às 17h30. Numa co-organização da Casa de Portugal e do Instituto Cultural, este será um espectáculo que conta com a interpretação de uma seleção de temas que correm o tempo. A banda foi criada em 2006 e é constituída pelo vocalista Tomás Ramos, Filipe Fontenelle no baixo, percursão e guitarra, e Miguel Andrade na guitarra principal. Segundo a organização a banda já conta com um vasto repertório que vai do rock ao fado e tem conquistado público de todas as gerações por onde passa, tendo ainda novos temas em Mandarim. Da selecção musical, a organização adianta que o público terá oportunidade de apreciar os grandes clássicos criados desde os anos 60 até agora. Dentro do projecto “Concerto ao Anoitecer” estão ainda previstos espectáculos até Outubro agendados para o segundo sábado de cada mês. Para animar o pôr do sol, os convidados são diversos e provindos de cantos diferentes do mundo, dos quais constam os Estados Unidos da América, Taiwan ou Portugal. As interpretações também pretendem ser para todos os gostos passam pelo jazz, pop ou country. A iniciativa conta com entrada livre.
Joana Freitas BrevesAves vivas regressam aos mercados municipais Os mercados de Macau estão desde hoje a vender aves vivas novamente, após quase duas semanas de proibição por ter sido encontrado um vírus da gripe aviária num local de venda que levou ao abate de nove mil animais. Ontem já chegaram mais de oito mil aves. “Após discussão com as entidades responsáveis do interior da China, a importação irá recomeçar a 6 de Julho. De acordo com o procedimento estabelecido, as aves a importar terão que permanecer no Mercado Abastecedor para serem inspeccionadas”, informou o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), num comunicado, que adiantava que as que chegaram ontem já foram inspeccionadas e começam a ser vendidas hoje. O Instituto “vai aumentar ainda o número de inspecções e de amostras recolhidas” para testar a presença de vírus da gripe aviaria. Já as aves, que são importadas do interior da China, têm de ser testados no Mercado Abastecedor e só “caso os resultados não mostrem qualquer anomalia” serão vendidas nos mercados. As autoridades anunciaram a 22 de Junho o abate de aproximadamente nove mil aves e a suspensão da venda após ter sido detectado um subtipo do vírus da gripe aviária H7 num mercado. O vírus foi detectado numa “amostra ambiental” do mercado (e não num animal), junto a uma banca de venda. Desde 2014 foi detectada por várias vezes a presença do vírus da gripe aviária no território e este ano aconteceu duas vezes. Macau importa em média oito mil galinhas por mês, de acordo com dados do IACM, e quatro em cada dez residentes de Macau opõem-se à substituição de aves vivas por refrigeradas nos mercados, segundo um estudo divulgado na semana passada. O Governo mantém a intenção de substituir a venda de aves de capoeira vivas por refrigeradas, mas devido à ausência de consenso, não tem data para avançar com a medida. LUSA/HM
Joana Freitas SociedadeZhong Yi Seabra de Mascarenhas nova vice-presidente da Fundação Macau [dropcap style=’circle’]Z[/dropcap]hong Yi Seabra de Mascarenhas foi ontem nomeada como a nova vice-presidente do Conselho de Administração da Fundação Macau. Quase nada muda na estrutura do organismo, que se vê agora sem Peter Lam e Chui Sai Peng e observa ainda uma outra mudança de cargo. Despachos ontem publicados no Boletim Oficial dão conta de renovações dos membros do Conselho de Curadores e a alteração no cargo de Vong Hin Fai, deputado da Assembleia Legislativa, que substitui agora o presidente do Conselho Fiscal Chui Sai Cheong, também deputado. Dentro deste grupo, acontece ainda a renovação de Ho Mei Va como membro. Zhong Yi Seabra de Mascarenhas é, ao que o HM apurou, funcionária pública, trabalha no Gabinete do Chefe do Executivo. Segundo fonte do nosso jornal, é da confiança de Chui Sai On e o seu braço direito na Fundação Macau. A agora responsável já era membro do Conselho de Administração, sendo representante da Fundação Macau em diversas ocasiões públicas. Ocupa um lugar que estava vago há dois anos, depois da aposentação de Cheong U, ex-Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Todos os despachos ontem publicados foram assinados pelo Chefe do Executivo, também ele presidente do Conselho de Curadores da Fundação Macau. O líder do Governo justifica a escolha com o tempo que Zhong Yi Seabra de Mascarenhas está na Fundação – foi nomeada em 2010. Ontem foi ainda renovada a nomeação de Wu Zhiliang para exercer o cargo de presidente do Conselho de Administração e de Ng Fok, Ung Si Meng, Lei Pui Lam, Anabela Fátima Xavier Sales Ritchie, Ma Iao Hang, Carlos Marreiros, Chan Meng Kam, Stanley Au, Susana Chou, Angela Leong, Neto Valente, Ho Teng Iat, Eric Yeung Tsun Man e Liu Chak Wan como membros do Conselho de Curadores. De fora ficam os nomes de José Chui Sai Peng e de Peter Lam. Os despachos entram em vigor a 11 Julho.
Manuel Nunes China / Ásia MancheteHK | Mudança de atitude de CE pode ser passo para a “reeleição” A semana passada, o Chefe do Executivo de Hong Kong recusava falar em reforma política até às eleições. Esta semana disse que ter “um sufrágio universal o mais rapidamente possível é um desejo de cidadãos, governo da RAEHK e de Pequim”. A corrida eleitoral já começou, Pequim pediu-lhe a emenda, ou estará a desviar atenções quando este assunto estava na gaveta? As análises são diversas [dropcap style=’circle’]“[/dropcap]Por mais que quisesse retomar o processo de desenvolvimento político, não acho que vá ter tempo nos próximos 12 meses e não acho que temos o consenso necessário na sociedade (…). Sei que Pequim não vai rever a Lei Básica, não é realista recomeçar o processo.” Assim falava CY Leung, Chefe do Executivo de Hong Kong no final do mês passado. Em Abril do ano passado, antes da votação para o novo regime eleitoral que viria a falhar e a provocar as eleições intercalares que aí vêm em Setembro para o LegCo (hemiciclo), Leung dizia que “o lançamento de um processo de reforma eleitoral não é fácil. Se desta vez for rejeitada, uma nova ronda só acontecerá após vários anos.” Mas o discurso mudou. Na terça-feira passada, ao apresentar o relatório anual da actividade do governo, CY Leung disse que “eleger o líder de Hong Kong por sufrágio universal o mais rapidamente possível é um desejo comum dos cidadãos, bem como dos governos tanto da cidade como Central”. Estas declarações surgiram na sequência de outras efectuadas durante o fim-de- semana pela número dois do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, que afirmou ter uma “esperança sincera” que a próxima administração possa colocar o processo em andamento de novo e que os cidadãos de Hong Kong possam escolher o seu líder num sistema “uma pessoa, um voto”. Confrontado com esta ideia, CY Leung considerou uma aspiração comum “dos Hongkongers, do governo e de Pequim”. Um homem, um voto daria ao Chefe do Executivo “maior legitimidade”, acrescentou. Quando nada o fazia prever e quando as atenções têm estado viradas para o caso dos livreiros, esta nova tomada de posição do líder da RAEHK vem trazer de novo para a ribalta a questão da reforma política do território vizinho. “Ele tem uma notória má reputação, portanto nem tudo o que ele diz pode ser levado a sério”, começa por dizer Jason Chao, da Associação Novo Macau. Uma opinião partilhada pelo analista político Eric Sautedé. “A realidade é que ninguém confia nele em Hong Kong, basta ver as sondagens. O nível de confiança no governo é muito baixo”, frisa, adiantando ainda que as declarações de Leung não são uma contradição no sentido literal da palavra, tendo em conta que a mudança de opinião é algo normal para o líder. “Ele diz uma coisa hoje e outra amanhã e depois as pessoas que peguem no quiserem. Age como não tendo qualquer direcção, portanto não me choca que se contradiga.” A questão terá a ver, isso sim, com as eleições que aí vêm. “Temos de olhar para o quadro geral”, diz Jason Chao, “a corrida para o novo Chefe do Executivo já começou. Portanto ele está a tentar ganhar suporte público.” Sautedé também não tem dúvidas sobre o assunto. “Está a tentar mostrar boa vontade porque, como desde 2014 as posições estão extremadas, mesmo conflituosas, está a tentar criar espaço de manobra, ou uma área cinzenta, paras próximas eleições”, diz o analista. “Basicamente é uma preparação para o debate para estar pronto para tudo”, acrescenta ainda Sautedé, explicando que “o lado pró-Pequim está muito mais dividido do que em Macau, como é o caso do DAB (Democratic Alliance for the Betterment and Progress of Hong Kong), um movimento muito próximo da população. Portanto, CY tem de servir estas clientelas. Naturalmente, existem outros grupos pró-Pequim que não querem saber e só fazem o que lhes mandam.” Recados de Pequim? Larry So, sociólogo e ex-docente de Administração Pública do Instituto Politécnico de Macau, tem uma visão diferente. Para o académico, “o Governo Central, ou o Gabinete de Ligação Hong Kong-Macau deu-lhe algum tipo de instruções para continuar a reforma política num futuro próximo mas, claro, dentro da linha deles”. A motivação de So tem a ver com uma necessidade de “acalmar a população” mas não acredita que a política “uma pessoa, um voto vá avante” a menos que “a eleição seja controlada e os candidatos restritos a um grupo. Não irão tão longe”, diz. Sautedé, por seu lado, tem dúvidas sobre a intervenção de Pequim, pois “é sempre um processo de negociação”, adicionando ainda que só se sabe que Pequim intervém quando existem fugas de informação das reuniões. “Por isso, estas acontecem cada vez mais em Shenzhen, ou noutros locais do continente, e à porta fechada. Praticamente já não ocorrem em Hong Kong porque havia sempre fugas de informação”, explica. Todavia, o analista concede que “o que pode estar a acontecer é Pequim começar a perceber que a linha dura não é a única possível e que não consegue resolver todos os problemas dessa forma. E Hong Kong já está suficientemente radicalizado.” Joshua Wong, líder do movimento “Scholarism” de Hong Kong, que estava em Pequim quando contactado pelo HM, tem uma visão diferente. Para o activista, “são dois tempos diferentes. Ele disse não haver tempo até às eleições mas isso não quer dizer que não apoie a reforma política depois”, pelo que não vê “qualquer tipo de contradição”, adiantando ainda em relação às declarações de Carrie Lam ser “algo para o próximo governo”. A verdade, para Jason Chao, é que não vale a pena falar de reforma política agora. “Não faz sentido. Está apenas a desviar as atenções das questões essenciais como o caso dos livreiros. O próximo Chefe do Executivo vai ser eleito segundo o velho sistema por isso é absurdo ele vir agora chamar o assunto.” No fundo, para Sautedé, “o facto de virem aí as eleições e a pressão do movimento indígena pode estar a fazer com que adopte uma posição mais próxima da Lei Básica que é ter um alto grau de autonomia para Hong Kong e Macau.” Macau passa ao largo A medida do impacto para Macau das posições de CY Leung parece, todavia, ser nula. Para Jason Chao, os governantes de Macau “até resistiram à ideia de um sufrágio falso como o proposto pela China para Hong Kong há dois anos, por isso não acredito que isto tenha qualquer impacto por aqui.” Recorde-se que, o “sufrágio falso” a que Chao se refere é, de facto, uma eleição “uma pessoa, um voto” mas apenas com um grupo restrito de três ou quatro candidatos aprovados por Pequim. Eric Sautedé vai mais longe na sua análise ao caso de Macau começando por comparar o tecido social local com o de Hong Kong. “A sociedade local, em termos de desenvolvimento, de modernidade, no sentido em que olha para política é diferente. Estamos num nível diferente. Não quer dizer que em Hong Kong não existam sectores tradicionais mas aqui é praticamente toda”, explica. “O debate de 2008, por exemplo, quando finalmente se passou o artigo 23, lembro-me de ouvir mentes liberais intelectuais de Macau dizerem que Hong Kong é muito mais um último recurso, uma rede de segurança para a mudança política em Macau”, conclui. Maioria de dois terços As eleições de Setembro afiguram-se, portanto, como cruciais para este processo porque a alteração do sistema existente requer o apoio de dois terços do Conselho Legislativo, o que significa que o governo precisa do apoio de vários pró-democratas, pelo menos. Também exigirá a aprovação do Comité Permanente do Congresso Nacional do Povo. Para além disso, as eleições de Setembro parecem também ser fundamentais para Leung decidir se avança, ou não, para a candidatura a segundo mandato cujas eleições realizam-se em Março do próximo ano. Em declarações recentes ao South China Morning Post, disse que iria esperar até depois de Setembro para decidir. Após as declarações sobre a reforma política continuou a apresentar o relatório anual da actividade do governo, com 39 páginas – o último antes das eleições para Chefe do Executivo – notando-se ter colocado uma tónica forte no progresso e realizações do seu governo, mencionando a iniciativa comercial “Uma Faixa, Uma Rota” 17 vezes. A líder dos democratas, Emily Lau Wai-hing, disse, por seu lado, não ter ficado nada convencida com as garantias de Leung sobre reforma política, pois “ele nunca mostrou qualquer tipo de entusiasmo para a fazer avançar”. “Mas é melhor tarde do que nunca”, disse ainda, apesar de suspeitar que era apenas conversa para reeleição.
Sofia Margarida Mota Manchete PolíticaIncêndio em Hong Kong alerta para lacunas em Macau O Comandante dos Bombeiros pede a criação de legislação que enquadre a questão do licenciamento dos mini-armazéns. As declarações de Leong Iok Sam aconteceram ontem, no dia em que foi dada a conhecer uma reestruturação no Corpo de Bombeiros [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Comandante do Corpo de Bombeiros (CB), Leong Iok Sam, alertou ontem, à margem da conferência de imprensa que deu a conhecer a Revisão da Organização do CB, para a necessidade de criar legislação que enquadre o licenciamento dos denominados mini-armazéns, em Macau. O alerta surge após os incidentes recentes em Hong Kong, onde deflagraram fogos que vitimaram dois bombeiros. Leong Iok Sam afirma que Macau não dispõe de nenhum regulamento que contemple os mini-armazéns. “Actualmente não há mecanismo de licenciamento de armazéns e, por isso não, existe uma entidade responsável para os fiscalizar” afirma o Comandante. Na sua opinião “há necessidade de legislação neste sentido”. O responsável adianta ainda que o regulamento contra incêndios já foi discutido, em coordenação com as Obras Públicas, tendo sido criada uma proposta que está neste momento em fase de consulta pública. Não há ainda calendário para que avance. Apesar da lacuna legal, Leong Iok Sam afirma ainda que os 12 mini-armazéns identificados em Macau já foram submetidos a inspecção sendo que em todos foi registado o cumprimento das normas básicas de segurança contra incêndios. Estrutura renovada O Conselho Executivo deu ainda o aval à alteração da estrutura orgânica dos Bombeiros, extinguindo algumas unidades e sectores, o que “permite uma optimização dos recursos”. “Com o aumento de turismo, de trabalhadores e das vias de acesso a Macau há novas necessidades e é necessária a adaptação às mesmas”, adianta o porta-voz do Conselho Executivo, Leong Heng Teng. A par das extinções está o aumento “de quatro departamentos e seis divisões para sete departamentos e dez divisões”. Esta mudança enquadra-se numa política de racionalização de quadros e extinção de serviços que tinham menos de cem funcionários. Dentro da reestruturação destaca-se ainda a fusão do Bombeiros com a Comissão de Segurança dos Combustíveis. Com a integração, as responsabilidades da Comissão revertem para os Bombeiros sendo que não haverá prejuízo para os trabalhadores. Actualmente, fazem parte do CB 1589 funcionários, sendo que é o número previsto para colmatar as necessidades até 2019.
Hoje Macau EventosSands Resorts cria mundo de fantasia com o Panda do Kung Fu [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]mais recente iniciativa da Sands Resorts tem a assinatura da Dreamwoks e pretende proporcionar a toda a família um Verão num espaço de fantasia. O anfitrião é Po, o protagonista da saga Kung Fu Panda. As actividades propostas pretendem oferecer uma experiência completa dentro do mundo de Po e para o efeito o Sands Cotai disponibiliza, já a partir de 16 de Julho, o “Banquete Kung Fu de Po”. Está também prevista a realização de outras actividades como a “Academia do Panda Kung Fu” , festas de aniversários temáticas ou Caças ao Tesouro. Segundo o Director do Departamento de Marketing da empresa, a intenção é a de criar experiências e memórias aos seus convidados de modo a que estes regressem. Segundo a organização, o banquete temático já teve uma versão de teste no passado dia 5 de Julho e promete levar os interessados a um espaço especialmente decorados em que os petiscos são dedicados às estrelas de animação da Dreamworks. Enquanto se está à mesa é ainda tempo para desfrutar de uma performance a cargo das personagens que fazem parte do imaginário dos mais pequenos bem como interagir, em palco, com elas. Mas nem tudo é à mesa e a iniciativa “Academia do Panda Kung Fu” desafia os interessados para um corrida de obstáculos no mundo do terceiro filme da saga. Pela primeira vez, os pequenos mestres da arte marcial podem fazer equipa com os pais e testar as suas habilidades em forma de jogo. Para quem deseje aprofundar a experiência, as famílias podem ainda recorrer aos pacotes da operadora que incluem alojamento e refeições. Os aniversários não passam despercebidos ao mundo da ilusão e para estas ocasiões tão especiais nada como fazer do “rei desse dia” o rei do palco também. Para os petizes que ali queiram cantar os parabéns é criado um espectáculo especial a eles dedicado. Paralelamente a estas iniciativas a organização anuncia o desfile de estrelas da Dreamworks onde o contacto com as personagens do grande ecrã está à mão de cada um, ou ainda a casa ao tesouro partilhada entre pais e filhos em que é proposta à família a descoberta das suas personagens preferidas em forma de cartas a três dimensões.
Sofia Margarida Mota Eventos MancheteCCM | Tiger Lillies e Theater Republique em espectáculo único O aniversário da morte do escritor e dramaturgo Shakespeare continua a marcar lugar nas salas de espectáculo da RAEM. “Hamlet” regressa a cena a 1 de Setembro, agora em jeito de cabaret-punk, que mistura circo e vídeo numa apresentação única no Centro Cultural de Macau [dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Hamlet” está de volta a Macau para uma “encenação única”, afirma o Centro Cultural de Macau (CCM) na apresentação da peça agendada para abrir o mês de Setembro. O espectáculo junta o cabaret punk da banda de culto britânica The Tiger Lillies e a companhia dinamarquesa Theater Republique num trabalho que, segundo a organização, é “nunca visto” por juntar arte circense, vídeo e música para ilustrar a conhecida saga shakesperiana. A história de um jovem confrontado com o dever de vingar a morte do pai conta, desta vez, com a encenação de Martin Telinius e traz ao público da RAEM duas horas de “refinada sedução teatral”, num espectáculo que aborda a completa futilidade da existência. Numa explosão de som e imagem, a peça ilustra o processo inexorável da destruição de Hamlet, através de uma intensa colaboração entre “performers exímios”. A peça junta ainda uma banda de prestígio a uma conceituada companhia teatral. Os Tiger Lillies estão de novo na estrada, depois de uma longa digressão pelo mundo com um alinhamento de canções sobre carteiristas e outros vilões londrinos. A cantar e a representar, Martin Jacques, líder da banda, veste agora a pele de mentor omnipotente, dando voz a uma suite de temas originais. Estas sonoridades mantêm a banda na senda do esplendor negro de espectáculos anteriores, como o que marcou a sua estreia em Macau há cinco anos. Por seu lado, a companhia dinamarquesa Theater Republique recria em 2012, na terra natal de Hamlet, esta interpretação “extravagante e sofisticada” da obra-prima de Shakespeare e reinventa um clássico através de uma combinação inovadora de teatro, design de palco e imagens estimulantes. Ao estilo “Brechtiano”, esta “Ópera Grotesca” promete conquistar o público com uma série de canções macabras que leva os espectadores “numa viagem poética e tragicamente bela”, remata a organização. O espectáculo tem lugar a 1 de Setembro pelas 20h00 e o bilhetes serão postos à venda a partir de dia 10 de Julho com valores entre as cem e as 250 patacas. A peça conta com tradução em Chinês.
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasQue estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? | 19 – A viúva * por José Drummond [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]al o líder entrou murmurou algo ao ouvido do homem de rabo de cavalo. Um sinal com a cabeça e fui de seguida enviada para o quarto e obrigada a esperar. Um dos outros subalternos entrou comigo e fechou a porta atrás de si. Sentei-me na cama. Não sei quanto tempo esperei. Esperei até que se fez noite. Esperei até começar a adormecer. De repente ouvi um som. Estava já deitada. Era o líder que entrava no quarto enquanto o subalterno saia. Pensei rapidamente no que fazer. Por nenhuma razão queria ter sexo com este homem horrível. “Posso fazer alguma coisa por si?” perguntei. “Antes de mais preciso de uma massagem”, disse ele esticando-se na cama. “Muito trabalho? Precisa de relaxar?”, digo eu. “Sim, tem tudo sido demasiado intenso”, responde ele. Sorri e aproximei-me dele. “Sinto muito em dizer isto, mas temo que não que eu possa fazer muito pouco por si nessa área. As minhas qualidades são especialmente expressas na mesa de jogo. Tenho, no entanto, a esperança de o poder agradar”, disse-lhe. “O meu problema é que os meus músculos ficam frequentemente duros, especialmente nos momentos em que tenho que tomar decisões”, disse ele. “Por vezes é tão intenso que não consigo literalmente mexer qualquer músculo”, continuou. “E fico assim durante horas. Tudo o que posso fazer nesses momentos é arranjar um pretexto junto dos outros para me retirar e rapidamente vir deitar-me”, rematou. “Eu não sou para este mundo”, pensei. Não feches os olhos. Esta história é importante e tenho que a contar antes de um cliente que estou à espera chegar. O líder, pessoa temível estava ali à minha disposição e em posição vulnerável. No entanto eu não conseguiria escapar aos seus rapazes na sala. Tinha que tentar com que ficássemos sozinhos na suite, coisa que parecia impossível de acontecer. “Não sinto nenhuma dor em especial. É mesmo um bloqueio terrível. Todos os músculos do corpo ficam rígidos e eu tenho simplesmente que passar a uma posição imóvel. Por vezes nem sequer consigo mover um dedo”, disse ele. Eu nada disse olhando para ele com a doçura mais falsa com que consegui. Não é difícil mentir mas fazeres-te passar por outro tipo de pessoa é extremamente exigente. Não é coisa para todos. Tentei fazer conversa. “Talvez precise de uma mulher a tempo inteiro. Uma mulher que o faça esquecer de todas essas tensões e decisões difíceis a que está sujeito no dia a dia”, disse-lhe enquanto lhe comecei a massajar as costas. Comecei a ter uma estranha sensação que me percorria o corpo todo. Enquanto o massajava nas costas a minha cabeça começou a trair-me e os meus pensamentos começaram a tentar encontrar saídas para um labirinto de emoções que me surgiram inexplicavelmente. Um fio de suor começou a correr na minha fronte. Os nervos passaram a ligeira excitação. Aquele homem, sem que eu desse por isso, tinha conseguido cativar outras energias dentro de mim. Energias, para as quais eu não estava preparada. Aquele homem que eu tinha que matar estava ali à minha mercê e, sabe-se lá porquê, havia despertado em mim pensamentos sexuais. Os nossos destinos cruzados como que por mera casualidade e o meu corpo a trair-me. E a minha cabeça a trair-me. Eu tinha um papel naquela história e não passava por desenvolver qualquer tipo de atracção. “Não há nada neste mundo que substitua o que sentimos. Nada que ultrapasse a voz do coração”, disse ele como se conseguisse pressentir o meu corpo a tornar-se quente. Como se conseguisse ler os meus pensamentos. “Reparei, quando sorriu, que a sua boca é realmente muito bonita, muito bem desenhada”, continuou. Sem perceber tinha parado de o massajar, ele havia se virado e estávamos a beijar-mo-nos. Lágrimas derramaram pelos meus olhos sem ordem alguma. Chorava por tudo o que tinha perdido. Chorava por tudo o que estava prestes a perder. Ele nada fez. Continuou a beijar-me e acariciou-me com ternura até que chegou um ponto no qual eu não podia chorar mais. As minhas defesas estavam completamente em baixo e a minha máscara prestes a cair. Uma voz no fundo da cérebro começou a ecoar relembrando-me da minha missão. As lágrimas secaram numa parede invisível e fria. A assassina estava de volta. Lutava com a mulher que eu sempre escondi existir em mim. Uma mulher frágil. Vulnerável. Que deseja ser feliz. Que deseja amar. Que queria aquele homem naquele preciso momento. Imensamente. Que queria embarcar numa loucura. Ele abraçou-me e começou a despir-me. Aquela voz começou a lançar um alerta. Uma alerta incessante. Do outro lado uma outra voz se opunha. Questionava a missão. Queria acreditar no mundo e nas pessoas. No amor. Queria acreditar na possibilidade do amor. Da felicidade. O alerta recordou-me, enquanto as suas mãos desciam para me acariciar o sexo, de que existia algo escondido no seu interior. Dei um salto para trás e quase deitei tudo a perder. O penso higiénico com o batom de segurança. Tinha que o tirar. Ri-me nervosamente. “Estamos a ir muito rápido. Deixe-me vestir uma lingerie mais sensual”, e fugi para a casa de banho. E o resto é um dos meus maiores erros. Retirei o penso. Vesti uma lingerie super sexy e voltei à cama onde me deixei prolongar em espasmos. Ele foi o melhor amante que alguma vez tive. Porque hei-de eu de ficar sozinha na minha miséria? Como vez a vida está cheia de mistérios. Quando ele adormeceu dei-lhe uma morte indolor utilizando a agulha fina do pente que trazia. Na sala os seus acólitos viam futebol na televisão. A custo levei o seu corpo até à banheira e abri as torneiras. Ainda nua entreabri a porta e chamei pelo homem de rabo de cavalo. Deixei a porta entreaberta e quando ele entrou fechei-a atrás de si. Ele ficou nervoso ao ver-me nua e antes que ele fizesse qualquer som cortei-lhe a carótida com o batom. Ainda nua e com o silenciador na pistola entrei na sala e antes que qualquer um dos outros tivesse tempo para reagir disparei tiros certeiros na testa de cada um. Vesti-me e abri a porta da suite. Mais um acólito esperava do lado de fora. A surpresa foi o factor chave que me permitiu usar o fio de aço e acabar com ele que estrebuchou por minutos. Nunca pensei ser tão forte fisicamente. Por vezes somos capazes do impossível. Escapei-me sorrateiramente do hotel. Tinha que desaparecer. Sair de Macau o mais rapidamente possível. Afinal parecia que havia conseguido cumprir a minha missão. Mas a que custo? O líder. O homem que foi o melhor amante da minha vida é também o pai da minha filha. A felicidade é uma mentira que contamos a nós próprios. E desapareci na província de Cantão para só regressar a Macau cinco anos depois. Oiço passos nas escadas. São horas. Vem aí um novo cliente. Tenho que te amordaçar e levar-te para outro quarto. O teu silêncio será de ouro e poderá salvar-te. Silêncio absoluto. Nem respires.
Manuel Afonso Costa Fichas de Leitura h | Artes, Letras e IdeiasMinimalismo e realismo Carver, Raymond, A Catedral, Teorema, Lisboa 1987 Descritores: Literatura norteamericana, Contos, Stories without story, minimalismo, Tradução de Carlos Santos, 191, [5] p.:21 cm Cota: C-10-5-222 [dropcap style=’circle’]R[/dropcap]aymond Carver nasceu no dia 25 de Maio de 1938 em Clatskanie no estado de Oregon e faleceu a 2 de Agosto de 1988 em Port Angeles, Washington DC. Cresceu em Yakima, Washington. Carver estudou por um tempo com o escritor e teórico John Gardner na Chico State College em Chico, Califórnia. Publicou um grande número de contos em diversos periódicos, incluindo The New Yorker e Esquire, contos que mais tarde foram reunidos em livros. As suas histórias têm sido incluídas nas mais importantes colecções norte-americanas, como Best American Short Stories and O. Henry Prize Stories. A escrita de Carver é normalmente associada ao minimalismo e ao chamado realismo sujo (Dirty Realism). O seu editor na Esquire, Gordon Lish, foi fundamental no processo da escrita minimalista de Carver. Por exemplo, quando Gardner aconselhava Carver a usar 15 palavras ao invés de 25, Lish aconselhava Carver a usar 5 no lugar de 15. Durante este tempo, Carver também submeteu suas poesias a James Dickey, então editor de poesia da Esquire. Minimalismo e realismo Da obra de Carver destaco os contos que em Portugal apareceram em colecções com títulos muito originais: Queres Fazer o Favor de te Calares, De Que Falamos Quando Falamos de Amor, além da Catedral, e de Três Rosas Amarelas, título de um dos contos desta colecção, provavelmente o melhor conto de Carver e que glosa os últimos dias de vida de Anton Tchekov, na cama de um hospital em Badenweiler, na Floresta Negra. A sua mulher, Olga narrou assim os momentos finais: “Anton sentou-se extraordinariamente erecto e disse em voz alta e clara (embora ele não soubesse quase nada de alemão): Ich sterbe (“Estou morrendo”). O médico acalmou-o, pegou uma seringa, deu-lhe uma injecção de cânfora e pediu champanhe. Anton tomou um copo cheio, examinou-o, sorriu para mim e disse: ‘Fazia um bom tempo que não bebia um copo de champanhe. “Ele bebeu, e inclinou-se suavemente para a esquerda, e eu só tive tempo de correr em sua direcção e de colocá-lo na cama e chamá-lo, mas ele tinha parado de respirar e estava dormindo tranquilamente como uma criança”. Mas o final, quer dizer as últimas dez páginas de Três Rosas Amarelas, é simplesmente sublime. Mas não é desse livro, nem desse conto que se trata agora. Agora é de um realismo mais sujo e de contos mais minimalistas e mais americanos. Três Rosas Amarelas, provavelmente por causa do tema é uma digressão pelo realismo à maneira de Tchekhov, existencial mas limpo, minimalista o quanto baste, irónico, subtil, contudo intensamente lírico, como só o génio russo pôde dar. Os contos da Catedral são até literariamente mais difíceis de lograr, porque lhes falta o tema, nem me estou sequer a referir à elevação do tema. Não! Apenas ao tema tout court, quer dizer, um assunto simplesmente. Os contos da Catedral são sobre nada e coisa nenhuma, são sobre o vazio existencial, sendo eles mesmo vazios. Então como é que produzem um efeito não só literário como emotivo. Onde nos tocam, por onde nos tocam e como nos tocam os contos de Carver? Era sobre isso que eu gostaria de tentar dizer qualquer coisa. Não tenho sequer a ilusão de chegar a um porto desta vez, o deserto é imenso e é preciso atravessá-lo em condições difíceis. Ezra Pound disse algures, eu sigo umas notas avulsas que andam por aqui no meio dos meus livros, disse, dizia, que: “a precisão sem concessões é a única moralidade da escrita”. Ora nisso estaria Raymond Carver de acordo e o seu editor ainda mais, por maioria de razão. Quando portanto, e volto a repetir, Gardner disse a Carver, a propósito da análise de um parágrafo concreto de um manuscrito qualquer, que usasse 15 palavras em vez de 25 e o editor o aconselhou a usar apenas 5, estariam ambos a empurrar a obra de Raymond Carver para o domínio estético circunscrito pelo aforismo poundiano. Parece-me que ficamos assim conversados acerca desse ponto, do minimalismo e do rigor. Mais do que rigor é de puro ascetismo e disciplina que se trata. A mim o que me cativa em Carver é assim o que fica por dizer, os buracos na narrativa, muitas vezes explícitos e essa pobreza quase ostentatória que tanto me comove. Há por outro lado brechas, rasgões por onde entra o frio e isso além do mais incomoda e pode fazer sofrer, talvez a meias com um desconforto tímido, porém as brechas no discurso acordam-nos e estimulam uma resistência ao cansaço e uma vontade de participação. Estou a ser lacónico, pois o que me cativa em Carver é afinal tudo e por isso ele ocupa um lugar nuclear na minha relação com a literatura contemporânea. Há uma época da minha vida, cujos contornos existenciais se adequavam às características destas short stories without story, na medida em que também a minha experiência vital ia no sentido de uma deriva com episódios inconclusivos. Quando por acaso os acasos me colocavam na senda de uma narratividade mais consistente e mais densa eu próprio me encarregava de a sincopar ou de a esvaziar até. Foi o tempo em que para além de Raymond Carver eu lia David Leavitt e Bret Easton Ellis e saía de salas de cinema a meio para voltar e acabar de ver os filmes dias mais tarde. A desestruturação da realidade, a sua desconstrução em partes, conferia ao meu modo de vida um sentimento que eu pensava na época que era mais intensamente poético. Mas de tudo o que ficou de uma forma mais perene foi afinal a leitura de Raymond Carver, e através dos seus textos, a cristalização de uma ideia de radical incomunicabilidade dos sentimentos, em particular e por maioria de razão, do sentimento de solidão. Em Raymond Carver, nunca há foguetório e muito menos suspense e clímax final. O texto vai-se deixando ler por desfastio, porém deixar de ler nem pensar, como se o ‘nada acontecer’ fosse uma droga. Como, não sei. E já terei dito quase tudo o que sou capaz. Carver vai entrando e vai forçando uma conversa interior, um monólogo; as suas propostas são muito abertas e precisam de nós para adquirir, ganhar sentido, quando damos conta estamos atolados até ao pescoço. O conto, a Catedral, que dá nome ao conjunto é muito emblemático pois o personagem principal é cego e sendo amigo da mulher de Carver vai a sua casa para conversar. Carver não está nada à vontade a falar com um cego. Durante algum tempo os três, o anfitrião, a mulher e a visita, interagem, comendo, bebendo, fumando e conversando, depois a mulher adormece no sofá e ficam apenas os dois homens disponíveis para continuar a conversar, o anfitrião e a sua estranha visita. Nesta altura a interação torna-se mais complicada sobretudo quando a propósito de um programa de televisão em que se fala de catedrais, o cego interpela o anfitrião no sentido de que ele lhe fale de como são as catedrais, … É aí que a incomunicabilidade tão cara às personagens de Raymond Carver explode, mostrando neste caso que aquele que vê não é menos cego que o cego. É aliás o cego que, a dada altura, lhe guia a mão, para que ambos desenhem uma catedral de olhos fechados, digamos assim. De facto, o anfitrião fecha os olhos para conseguir adquirir a sensação de não estar dentro de nada, o que é muito expressivo, uma vez que é isso o que as personagens de Carver parecem exprimir habitualmente, que estão sempre à beira de naufragar, embora dentro de nada, ou seja, à beira de naufragar dentro do vazio, de um fluido que não existe e contudo, ao mesmo tempo, rodeadas de um excesso de tudo, de ruídos, de destroços, de objectos, de sentimentos excessivos, de frases sincopadas, de pedaços de comunicação apócrifa, metrópoles de adereços descontextualizados, de puros detritos sem sentido.
Hoje Macau China / ÁsiaComércio com PLP caiu 14,55% até Maio As trocas comerciais entre o gigante asiático e os países de língua portuguesa seguem em linha descendente nos primeiros cinco meses deste ano, a exemplo do que tem vindo a acontecer desde 2015 [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]comércio entre a China e os países de língua portuguesa caiu 14,55% entre Janeiro e Maio, face ao período homólogo de 2015, indicam dados oficiais ontem divulgados. Segundo as estatísticas dos Serviços da Alfândega da China, publicadas no portal do Fórum Macau, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa totalizaram 32,73 mil milhões de dólares nos primeiros cinco meses do ano. Pequim comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 22,31 mil milhões de dólares – mais 2,37% – e vendeu produtos no valor de 10,42 mil milhões de dólares – menos 36,89% comparativamente aos primeiros cinco meses de 2015. O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 24,05 mil milhões de dólares, valor que traduz uma queda de 9,88% em termos anuais homólogos. As exportações da China para o Brasil atingiram 7,65 mil milhões de dólares, traduzindo uma diminuição de 39,19%, enquanto as importações chinesas totalizaram 16,40 mil milhões de dólares, reflectindo, em sentido inverso, uma subida de 16,25%. Com Angola, o segundo parceiro chinês no universo da lusofonia, as trocas comerciais caíram 33,93%, para 5,80 mil milhões de dólares. Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 611,6 milhões de dólares – menos 67,95% face aos primeiros cinco meses de 2015 – e comprou mercadorias avaliadas em 5,19 mil milhões de dólares, ou seja, menos 24,49%. Com Portugal, terceiro parceiro da China no universo lusófono, o comércio bilateral ascendeu a 2,09 mil milhões de dólares – mais 19,80% –, numa balança comercial favorável a Pequim, que vendeu a Lisboa bens na ordem de 1,56 mil milhões de dólares – mais 36,60% – e comprou produtos avaliados em 536 milhões de dólares, menos 11,80%. Em 2015, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa caíram 25,73%, atingindo 98,47 mil milhões de dólares, a primeira queda desde 2009. Os dados divulgados incluem São Tomé e Príncipe, apesar de o país manter relações diplomáticas com Taiwan e não participar directamente no Fórum Macau. A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau (Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa), que reúne ao nível ministerial de três em três anos. A próxima conferência ministerial – a quinta desde 2003 – realizar-se-á este ano, mas ainda não há data marcada.
Hoje Macau China / ÁsiaApreendidos 880 quilos de barbatanas de tubarão martelo [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s autoridades alfandegárias de Hong Kong apreenderam 880 quilos de barbatanas de tubarão de uma espécie ameaçada na terça-feira, noticia ontem o jornal South China Morning Post. Os 880 quilos de barbatanas de tubarão martelo foram a segunda maior apreensão na cidade, tendo sido descobertos numa embarcação oriunda do Panamá. A mercadoria foi avaliada em 100 mil dólares. Activistas ligados à defesa da vida selvagem consideram que a apreensão demonstra que as barbatanas de espécies de tubarões listadas em acordos internacionais estão a ser escondidas dentro de remessas de outras barbatanas legais, de aspecto semelhante. O transporte por navio constituiu 92% de todas as importações de barbatanas de tubarão de Hong Kong – 5.717 toneladas – no ano passado, de acordo com dados oficiais. As importações de barbatanas de tubarão para Hong Kong caíram 42% entre 2010 e 2015. Durante esse período registou-se também uma queda de 72% nas importações por via área, para 450 toneladas. As transportadoras HK Express, Cathay Pacific e Dragonair anunciaram recentemente que iriam suspender todo o transporte de barbatanas de tubarão. Para os activistas, é claro que ainda há muitas empresas a facilitar o transporte ilegal. “Algumas empresas continuam a facilitar o que é claramente comércio ilegal. Esta apreensão prova que nenhum navio de carga ou companhia aérea pode assegurar que barbatanas ilegais não estão a ser escondidas no meio de outras barbatanas, não ilegais, de aspecto idêntico”, disse Alex Hofford, da WildAid.
Joana Freitas PolíticaMetro | Deputado desiste de concurso para evitar conflito de interesses [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]empresa do deputado Mak Soi Kun desistiu do concurso por convite para a construção do parque e oficina do metro para evitar um conflito de interesses. Isso mesmo explicou Mak Soi Kun ao HM, depois de questionado sobre a decisão da Companhia de Engenharia Soi Kun de desistir do convite do Gabinete de Infra-Estruturas e Transportes (GIT). “Como deputado, fiz muitas sugestões ao Governo sobre o projecto do metro ligeiro. Quando o Governo me convidou para o concurso público [do parque de materiais e oficina], para não levantar suspeitas, rejeitei. Senão, os outros se calhar iriam pensar que todas as propostas que fiz foram para conseguir obter o contrato”, começou por justificar. “Depois de ter uma reunião com o Conselho da Administração [da empresa], decidimos que precisamos de evitar os ‘pensamentos’ dos outros e eu preciso de dissociar [a candidatura] da identidade de deputado. Estar separado do sector comercial. Por isso, tomámos esta decisão.” A empresa de Mak Soi Kun foi uma das sete convidadas para subsistir o consórcio Cheong Mei/ Top Builders, que não conseguiu terminar a obra a tempo e deixou cláusulas contratuais por cumprir, o que levou à rescisão do contrato.