Hoje Macau BrevesTestado autocarro capaz de passar sobre engarrafamentos testado Um autocarro em forma de ponte capaz de evitar os engarrafamentos de trânsito passando por cima de outros automóveis e com espaço para 300 passageiros foi ontem testado nas ruas da cidade de Qinhuangdao, nordeste da China. As imagens do Autocarro Elevado de Trânsito (TEB-1, na sigla em inglês), que tem 22 metros de cumprimento, 4,8 de altura e 7,8 de largura, foram exibidas no canal oficial CCTV. O formato do veículo, que se apoia sobre as bermas da estrada e é elevado, constituindo uma espécie de ponte móvel, permite aos restantes automóveis circularem por baixo deste. A ideia de um veículo que possa evitar os engarrafamentos tem vindo a ser estudado pela China há muitos anos, sendo que a demonstração de ontem não é ainda o produto final, visto este modelo ter dificuldades em fazer as curvas. O primeiro TEB circulou apenas por 300 metros, mas os seus criadores acreditam que este possa vir a integrar a rede urbana de transportes públicos no futuro, com autocarros capazes de transportar até 1.200 pessoas.
Hoje Macau BrevesNúmero de cibernautas na China ultrapassa os 700 milhões O número de chineses ligados à internet ultrapassou os 700 milhões, até Junho, revelou ontem o China Internet Network Information Center (CNNIC), numa altura em que a economia ‘online’ assume-se como um novo motor de crescimento económico. A população ‘online’ da China aumentou 3,1%, desde o final de 2015, para 710 milhões (mais de o dobro de há apenas cinco anos), 92,5% dos quais acedem à rede através de smartphones, segundo o organismo regulador do sector. Aquela cifra representa mais de metade da população total da China – 1.375 milhões -, país onde vive cerca de 18% da humanidade, ou mais 200 milhões do que a população total da União Europeia. Redes sociais e ferramentas online como o Facebook, Twitter, Google, Youtube ou Dropbox estão banidas na China, mas o comércio electrónico tem-se revelado vital na transição para um modelo económico assente no consumo. O Governo está a promover um projecto designado “internet plus”, visando expandir a tecnologia da internet à indústria, como parte dos planos para modernizar aquele sector. O número de cibernautas entre os cidadãos rurais, porém, permanece baixo – menos de um terço do total – visto que os residentes no interior do país carecem de conhecimentos ou de acesso à internet, ou não estão interessados, detalhou a CNNIC. Empresas como o gigante do comércio electrónico Alibaba, fundada pelo magnata Jack Ma, tornaram-se negócios multimilionários, nos últimos anos, aproveitando o ‘boom’ da internet no país. Só no último dia dos solteiros, que se celebra a 11 de Novembro, o Alibaba anunciou um volume de vendas total de 14,3 mil milhões de dólares.
Sofia Margarida Mota Eventos MancheteCinema | Filme de José Drummond chega a trienal alemã O filme de José Drummond “Kiss me, and you will see how important I am” está de viagem para Berlim. A apresentação por terras alemãs decorre amanhã, a convite da curadora Christine Nippe. O filme será parte integrante da rubrica “A sense of self”, espaço inserido na Trienal Transart de Berlim [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Trienal Transart de Berlim decorre durante o mês de Agosto e conta nesta edição também com o se faz por Macau. A representação local viaja através da obra de José Drummond, artista local, com a projecção do filme “Kiss me, and you will see how important I am”. Decorre nos Uffer Studios enquanto parte da rubrica “A sense of self”. O filme retrata um encontro desconexo e momentâneo entre duas pessoas, como avança a apresentação no anúncio de selecção do filme. Um encontro falhado, onde há uma perda ilusória de equilíbrio e uma melancolia inerente para mostrar que a beleza também pode ser encontrada em expressões de crueldade e de dor. É do absurdo do momento do encontro e do imaginário das duas personagens que acompanham a película que se desenrola uma viagem que “prende o espectador” aos meandros de um labirinto que se pretende de amor. O sentimento de derrota vai aparecendo e fazendo-se sentir, num crescendo lento com o desvendar de que cada um de nós é o responsável pela sua catástrofe pessoal ilustrada por um vazio “súbito” e profundo. Quem somos? O filme de Drummond integra a selecção da rubrica destinada à reflexão sobre os aspectos que interrogam a identidade. A questão do “quem sou eu” é um fundamento existencial que acompanha a humanidade desde sempre e, nos dias que correm, é um conceito dirigido ao ego que se pensa, se diz e se concretiza. A resposta ao “quem somos” e as formas como é percebido o meio circundante estão intimamente ligadas e é nesta interacção que o papel dos média, da fotografia, vídeo e da própria internet contêm uma função contemporânea essencial. Na rubrica “A sense of self” serão apresentados dez trabalhos em vídeo, que ilustram os processos narrativos de diferentes formas de abordar o “eu” e a identidade. Estarão presentes trabalhos que vão de abordagens românticas ou aventureiras ao frenesim urbano. De entre os artistas seleccionados, acompanham José Drummond nomes como Eli Cortinas, Jonathan Goldman, Kate dela RHEE, Sanja Hurem, Richard Jochum, Ahmed Mohsen Mansour, Christine Schulz, Jana Schulz e Suzan Tunca. Prata da casa José Drummond é um artista e curador residente em Macau. O director do VAFA (Festival Internacional de Vídeo-arte de Macau) é mestre em Práticas Criativas pelo Instituto Transart de Nova Iorque e Universidade de Plymouth do Reino Unido. Já foi por duas vezes seleccionado para o Sovereign Asian Art, tendo na edição deste ano chegado aos nomes finalistas. Representante de Portugal na Bienal de Valência, Drummond conta com bolsas de estudo de diversas entidades, entre as quais a Fundação Oriente, o Centro Nacional de Cultura de Portugal e o Instituto Cultural. O seu trabalho tem corrido mundo e já foi exibido em Macau, Hong Kong, China, Taiwan, Coreia do Sul, Tailândia, Portugal, Espanha, França, Alemanha, Hungria e EUA.
Hoje Macau BrevesNida provocou perdas de 40 milhões de euros na China Nida, o mais intenso tufão a atingir o Sul da China nos últimos 30 anos, causou perdas económicas no valor de quase 40 milhões de euros na província de Guangdong, mas não deixou mortos. Segundo a agência oficial Xinhua, a chuva torrencial e o vento destruíram 4.860 hectares de campos agrícolas e danificaram 485 casas, obrigando à retirada de 22 mil pessoas. Os serviços de transporte foram também afectados, com quase 300 comboios e 150 voos suspensos. O Nida, que entretanto perdeu intensidade, desloca-se agora a 20 quilómetros por hora e atravessou ontem a região autónoma chinesa de Guangxi, a oeste de Guangdong. Trata-se do mais forte tufão a atingir o sul da China desde 1983, segundo os serviços meteorológicos chineses, e obrigou a medidas extraordinárias de precaução. .
Hoje Macau BrevesTelevisão de Zhejiang assina protocolo com Tv Cabo A televisão de Zhejiang e a TV Cabo de Macau assinaram um protocolo de cooperação na terça-feira. A presidente da TV Cabo disse que a televisão Zhejiang é um canal muito popular no interior da China e que programas como o “Running Man” ou “The Voice of China” tiveram excelentes resultados de audiência. Para a presidente, a cooperação não só vai corresponder às expectativas dos espectadores locais, como também reforçará o intercâmbio entre Macau e o interior da China, fazendo com que mais residentes e visitantes conheçam as características chinesas difundidas através dos programas da Zhejiang. Espera também mais colaborações entre as duas televisões. Por outro lado, a responsável da Zhejiang afirmou que vê com grande importância o lançamento do canal em Macau e espera que consiga oferecer mais programas de boa qualidade aos espectadores e aos visitantes de Macau. A partir desta terça-feira, já se disponibiliza a televisão Zhejiang no canal 159 da TV Cabo.
Hoje Macau BrevesHong Kong | Candidatos pró-independência excluídos de eleição A comissão eleitoral de Hong Kong rejeitou seis candidaturas às eleições de Setembro para o Conselho Legislativo (LegCo) por defenderem a independência da cidade. Entre os excluídos está Edward Leung, do grupo Hong Kong Indigenous, que ganhou projecção após as eleições intercalares de Fevereiro passado e foi desqualificado na terça-feira, noticiam ontem os meios de comunicação locais. Nos últimos dias foram também rejeitados outros ‘localists’ – que pedem uma maior autonomia em relação à China ou mesmo a independência de Hong Kong –, incluindo Chan Ho-tin, do recém-formado Hong Kong National Party, Yeung Ke-cheong, do Democratic Progressive Party of Hong Kong, e Nakade Hitsujiko, do Nationalist Hong Kong. Edward Leung, de 25 anos, pretendia candidatar-se a um lugar de deputado pelo círculo eleitoral de New Territories East, onde nas eleições intercalares de 28 de Fevereiro ficou em terceiro lugar, com mais de 60.000 votos (15% do total), uma votação realizada cerca de duas semanas depois de ter sido preso num protesto que terminou em confrontos com a polícia. Segundo o jornal South China Morning Post (SCMP), 42 listas de candidatos do campo pró-democrata e de ‘localists’ que não assinaram o documento viram, não obstante, as respectivas candidaturas validadas. Edward Leung advogou a independência de Hong Kong até à semana passada, quando foi forçado a clarificar a sua posição pela comissão eleitoral. O Civic Party condenou a desqualificação dos seis candidatos pró-independência, afirmando tratar-se de “controlo político” e acusando a comissão eleitoral de desvio do princípio da neutralidade política, segundo o SCMP.
Hoje Macau Manchete SociedadeUM | Descoberta “ajuda a entender” influência da Ciência Ocidental na China Um estudo recentemente descoberto por um professor da UM pode dar um novo entendimento sobre como a Ciência Ocidental foi introduzida na China durante a Dinastia Ming. O documento foi descoberto na Biblioteca Real da Ajuda, em Lisboa [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ntónio Vasconcelos de Saldanha, professor da Universidade de Macau (UM), descobriu um documento que poderá ajudar a perceber como é que Ciência Ocidental chegou à China. A recente descoberta foi anunciada durante uma conferência na Universidade de Tubingen, na Alemanha, e remete para um diário pessoal do jesuíta Sabatino Ursis. Este padre foi um dos sucessores do Padre Matteo Ricci, geógrafo, cartógrafo e cientista renascentista italiano que esteve em Macau e que era considerado uma importante figura da corte na dinastia Ming. Sabatino Ursis trabalhou em parceria com Matteo Ricci e chegou mesmo a escrever um livro em Chinês. O manuscrito recém descoberto reforça como Sabatino Ursis discutia já problemas práticos e questões teóricas relacionadas com a Hidrologia e a gestão hídrica na sua obra. Aliás, o mesmo já tinha publicado em Pequim, em 1612, um tratado dedicado ao tema, intitulado “Hydromethods of the Great West”. Na altura, a divulgação foi patrocinada por “importantes figuras da dinastia” Ming, como indica um comunicado da UM, tendo mesmo um prefácio de Xu Guangqi – importante figura no intercâmbio cultural – antes de ser apresentado ao imperador Wanli. Segundo a UM, este estudo pode dar uma perspectiva mais abrangente de como os padres jesuítas influenciaram a introdução dos conhecimentos científicos ocidentais deste lado do mundo. De Portugal para cá Este manuscrito pertencia aos arquivos jesuítas em Macau, mas encontrava-se agora caído no esquecimento na Biblioteca Real da Ajuda, em Lisboa, onde foi redescoberto e identificado pelo professor António Vasconcelos de Saldanha. O académico é especialista na História de Macau e da Companhia de Jesus, na China. O seu trabalho está a ser desenvolvido em associação com outros projectos de pesquisa “importantes e inovadores”, como indica a UM, sobre Ciência, Tecnologia e Medicina na dinastia Ming. Os jesuítas são tidos como uma referência no mundo das ciências e na divulgação de artigos científicos. Existem nomes sobejamente conhecidos, como é o caso de João Rodrigues, na área da Geografia, e Manuel Dias com o estudo “Uma explicação da Esfera Celestial”, datado de 1615. H.M.
Joana Freitas Manchete SociedadeImpressão a 3D | Revolução que começou há mais de 30 anos Foram criadas há mais de 30 anos, mas só agora estão a saltar para as luzes da ribalta. As impressoras 3D vêm com um carimbo de “revolução”, em descobertas que estão, essencialmente, a ajudar a melhorar a nossa vida. Em Londres, abriu esta semana o primeiro restaurante que recorre a impressão 3D [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ode pensar que as impressoras 3D chegaram agora, mas o facto é que estes objectos que começam a tornar a nossa vida mais fácil foram inventados já na década de 1980. Esta técnica de impressão está a revolucionar a indústria permitindo a criação rápida de chocolates e brinquedos, de casas e próteses, entre tantos outros produtos. Mas aquilo que aparenta ser uma tecnologia revolucionária completa, este ano, 32 primaveras. O que fez as impressoras 3D ascenderem à ribalta? Apesar da longa existência destes engenhos, a revolução aconteceu devido especialmente aos preços e à evolução dos aparelhos. A lentidão e imperfeição não ajudavam à utilização dos mecanismos na indústria e os equipamentos e produtos caros restringiam a criação: artigos simples eram a opção, apenas para completar grandes construções. Mais de três décadas depois, contudo, a tecnologia parece estar ao alcance do mercado, tendo aumentado a sua concorrência: de pequenas peças, passa-se agora a imprimir produtos inteiros, com algumas grandes marcas a prever que mais de 20% dos seus produtos sejam exclusivamente fabricados recorrendo a estas impressoras, segundo estudos de mercado e diversas notícias internacionais. Ainda ontem, foi notícia a abertura do primeiro restaurante exclusivamente dedicado à comida feita a 3D (ver texto ao lado). Mas as invenções sucedem-se e podem ser mais úteis do que nunca. As jóias, o carro e a casa Em 2011, vestidos da holandesa Iris van Herpen figuraram entre as 50 melhores invenções da revista americana Time. A estilista utilizou computador e impressora para criar roupa, sapatos e acessórios, mas já há quem venda biquínis e peças feitas com nylon, vidro, acrílico e até cerâmica. O mesmo tem acontecido com carros: em 2011, o Urbee foi lançado como o primeiro automóvel cuja carroçaria foi feita em 3D. Areion, um carro de corrida feito por um grupo de estudantes de engenharia belgas, foi o seguinte, podendo atingir uma velocidade até 140km/h. As impressões servem ainda para o fabrico de peças antigas, para carros que já não estão à venda. As casas foram também alguns dos itens que, assim que a evolução se deu, integraram a lista de produtos a fabricar por estas impressoras. Enrico Dini foi, de acordo com a revista Superinteressante do Brasil, um dos pioneiros, quando em 2007 criou uma mega-impressora 3D que usa areia e cola à base de magnésio para fazer casas. Não há nada de cimento, aço ou metal na obra, com a máquina – A D-Shape – a conseguir fazer casas em quatro vezes menos o tempo necessário normalmente. As ideias são inúmeras e podem passar por construir abrigos para sobreviventes de catástrofes e casas para população mais pobre. Comida é outra das grandes apostas, com algumas impressoras pioneiras a conseguir imprimir bombons de chocolate, nozes e avelãs. Agora, um novo mundo se abre com restaurantes dedicados especialmente a este tipo de cozinha. Na sala de operações Próteses, ossos, tecidos e até órgãos têm sido os bens mais falados recentemente no que à impressão a 3D diz respeito. Como relembra o jornal O Globo, os profissionais da área da Saúde, em particular, têm sido os mais rápidos a adoptar esta tecnologia, como uma forma de reduzir custos e melhorar os resultados. Os objectivos passam, por exemplo, por acabar de vez com a necessidade de transplantes. Implantes e próteses foram dos primeiras a ser fabricados. Mas há quem esteja já de olho na produção de tecido humano e órgãos. Anthony Atala, da Universidade Wake Forest, na Carolina do Norte, nos EUA recriou em laboratório a bexiga de sete voluntários, portadores de um grave defeito congénito. Segundo a Superinteressante, Atala usou células das próprias bexigas dos pacientes, injectou-as num molde e voltou a colocá-las nas pessoas. A experiência teve sucesso e a ideia é avançar com a criação de rins. A complexidade dos órgãos ou tecidos humanos criou um impasse. Mas a pergunta “como pôr a funcionar algo que é vivo?”, foi rapidamente respondida por uma equipa da Universidade de Harvard, que desenvolveu um método que permite a construção de tecidos formados por múltiplos tipos de células e com estrutura vascular. “A construção de grandes órgãos ainda está distante”, mas a evolução aponta para este sentido. Bio-impressão é o nome dado à técnica de impressão 3D que reproduz partes do corpo, como veias, cartilagens e pele. “A impressão 3D já provou o seu valor ao recriar uma variedade de tecidos anatomicamente idênticos aos naturais”, diz Michael Renard, vice-presidente da Organovo, empresa responsável pela criação da primeira bioimpressora 3D, em 2010. “Em pouco tempo, esses tecidos vivos funcionais poderão fazer a diferença no estudo de patologias ainda pouco conhecidas e, principalmente, na avaliação da eficácia e segurança de drogas ainda em fase de testes”, prevê, de acordo com a revista Superinteressante. A tendência é que a bio-impressão acabe também com a utilização de ratos, coelhos e outros animais nas investigações clínicas. Pais babados A criação da primeira impressora 3D é atribuída a Charles “Chuck” Hull, em 1984, mas uma investigação mais a fundo remete-nos para alguns anos antes. Em 1981, o japonês Hideo Kodama, do Instituto Industrial de Investigação de Nagoya foi pioneiro na criação de um modelo sólido idêntico ao que, três anos depois, Chuck Hull cria, em conjunto com a estereolitografia, que permite a criação de modelos 3D recorrendo a dados digitais. Poucos anos depois, Chuck Hull funda a 3D Systems Corp. e patenteia a sua criação. A empresa, que abriu portas à comercialização do produto, continua como uma das líderes de mercado actualmente. E o futuro? O que nos fazia querer estar a viver no futuro foi, afinal, um processo evolutivo que começou há mais de três décadas. Com base na invenção de Nagoya, Hull criou uma nova máquina e é com base nesta sua invenção que mais e mais investigadores se juntam ao processo de continuar a simplificar a impressão tridimensional. Mas, se enquanto a evolução é vista com bons olhos por uns, há outras criações que deixam alertas, mesmo que sem intenção. Como em todas as histórias, há um lado negro da impressão a 3D: “Liberator” é exemplo disso -uma arma de fogo completamente funcional, que utiliza balas reais e cuja “receita” está disponível na internet. Mas, os materiais já não se limitam ao plástico e a produção em massa está a bater à porta, bem como a utilização destas impressoras na casa de cada um de nós. Nas escolas. Nos hospitais. E em tantos outros lados. Para o bem e para o mal. Londres abre primeiro restaurante Em Londres abriu o primeiro espaço a servir exclusivamente pratos confeccionados a partir de uma impressora 3D. A notícia é avançada pelo Público, que explica que o Food Ink recorre pura e simplesmente à técnica de impressão a três dimensões para confeccionar toda a sua comida. Todo o processo acontece em frente aos clientes e, de acordo com a empresa, até os próprios talheres e mobília do restaurante foram construídos através de máquinas de impressão 3D. Segundo o Público, os ingredientes chegam em tubos e a impressora só consegue produzir sob a forma de uma pasta. Caviar de azeite, sobremesas de chocolate, biscoitos, ou humus são as possíveis opções do menu, com a cozinha a contar com a experiência de arquitectos, engenheiros, designers, artistas e “inventores e entusiastas de indústria e tecnologia”, afirma a empresa fundada por Antony Dobrzensky e Marcio Barradas. O restaurante quer passar por cidades como Berlim, Dubai, Seul, Roma, Tel Aviv, Barcelona, Paris, Amsterdão, Toronto, Nova Iorque, Las Vegas, Tóquio, Singapura e Los Angeles. Segundo alguns especialistas citados pelo Le Monde, há quem acredite que a impressão de comida em três dimensões poderá ser uma das soluções no combate às crises alimentares e fome. Como funciona? Modelo: antes de se criar um objecto, é preciso ter um modelo digital, que pode ser desenhado a 3D com um programa que, depois, o divide em diferentes camadas. Material: É aplicada uma fina camada da matéria-prima derretida sobre uma plataforma no interior da impressora. A matéria-prima, que pode ser resina ou plástico, por exemplo, endurece e forma a base do objecto, sendo depois sucessivamente colocadas mais e mais camadas do mesmo material. Produto: Com a sobreposição das matérias-primas, o objecto começa a formar-se. A impressão pode levar de poucos minutos a algumas horas e há até máquinas que, após a criação do produto, passam-no por uma fase de polimento Sabia que… A primeira réplica de um coração em 3D ajudou, em Março, ao planeamento de uma cirurgia num bebé de nove meses? A impressão em 3D é utilizada em diversos filmes para a produção de acessórios e decoração? A Estação Espacial Internacional tem uma impressora 3D a bordo para substituir eventuais partes danificadas de forma mais rápida, mas também para comida? Há uma impressora 3D no mercado (a Photonic Professional GT) que é capaz de criar objectos tão finos quanto um cabelo humano?
Sofia Margarida Mota EventosCinema | “Boat People”, de duas portuguesas, seleccionado para festival em Washington “Boat People”, um filme de Filipa Queiroz e Lina Ferreira, foi recentemente seleccionado para marcar presença num festival de cinema dedicado aos temas com impacto social em Washington. É a primeira paragem de um filme que as realizadoras querem ver “por todo o lado” e que trata, através da representação de refugiados, de temas actuais como o racismo, xenofobia e a busca por um outro lugar para chamar de casa [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]filme “Boat People”, que esteve presente na edição deste ano do Festival de Cinema e Vídeo de Macau, vê agora o nome na selecção do “Global Impact Film Fest”, em Washington. Inserido na programação de curtas-metragens, o filme que em Maio deu a conhecer a vida de quem saía de barco do Vietname para fugir de uma guerra integra, agora, as curtas de um festival dedicado à apresentação de películas sobre temas de impacto mundial. A selecção de “Boat People” é factor de agrado para Filipa Queiroz. “O facto de ser exibido nos EUA, mais do que fazer pensar na participação do país na Guerra do Vietname – até porque nem é esse o conflito presente no filme -, é simbólico numa altura em que questões como o acolhimento de refugiados, a xenofobia e o racismo estão na ordem do dia”, diz a realizadora ao HM. Um filme de esperança “Boat People” não explora apenas o conflito em si. “Foca-se na ideia do que é ser refugiado e, em ultima instância, faz um paralelismo entre o que era ser refugiado naqueles tempos e hoje em dia”, esclarece Filipa Queiroz. A película nasceu de uma ideia conjunta com Lina Ferreira. As duas jornalistas residentes em Macau foram à procura de histórias que “são postas debaixo dos buracos” e esta “caiu-lhes no colo”. O assunto que lidera a actualidade foi uma procura de quem em tempo de guerra deixava o Vietname em busca de um porto a salvo. Mais que um retrato de uma realidade, como frisou Filipa Queiroz em entrevista ao HM em Maio, foi um projecto que representa “uma mensagem de esperança, coragem e gratidão”. Hoje a realizadora, satisfeita com a selecção, reafirma: “é um exemplo feliz de uma história que normalmente é contada com a tónica na tristeza”. Em busca de outros portos A internacionalização de “Boat People” começou com Washington, mas o objectivo é que chegue a “todo o lado”. Canadá e Portugal seriam locais de eleição para Filipa Queiroz, até porque os protagonistas são refugiados que passaram por Macau e neste momento estão em Vancouver, o que tornaria esta numa oportunidade de “lhes prestas a devida homenagem”, como afirma a portuguesa. Por outro lado, a RAEM estava sob alçada lusa na altura da história. Mas não é fácil ir além fronteiras. “Hoje em dia para nos candidatarmos a participar em festivais de cinema independentes temos que pagar e muitas vezes, depois de seleccionados, temos que voltar a pagar para que que o filme seja projectado”, afirma a realizadora. “O cinema independente passou de uma arte a um negócio” e se isso permite a existência de mais festivais deste género, o que representa um factor positivo, no revés da medalha por vezes “não é fácil reunir os meios necessários à devida divulgação e participação internacional”. Por cá, uma nova projecção já está na calha. Neste momento são duas as entidades interessadas e “que até pagam um valor simbólico pela cedência do filme”, diz Filipa Queiroz, confessando alguma surpresa. Fica para já a certeza que a TDM irá transmitir a história do “Boat People”, em data a anunciar.
Hoje Macau EventosUnião de Bartenders de Macau arrecada primeiro e quarto lugares em competição [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]União de Bartenders e Cocktails de Macau arrecadou este ano dois prémios numa competição asiática. O grupo conseguiu um primeiro lugar na categoria “flair” no Asia-Pacific Cocktail Championship, em Singapura, e um quarto na categoria “clássico”. A competição aconteceu no dia 27 de Julho e ajudou a promover o nome de Macau além fronteiras. A União de Bartenders e Cocktails de Macau, que existe desde Dezembro de 2012 e conta com 130 associados – todos residentes em Macau – participa em várias competições internacionais e promove workshops na área das bebidas, “onde todos os que têm paixão por cocktails podem participar independentemente de estarem ou não ligados a esta indústria”. Desta vez, a participação no concurso valeu-lhes o primeiro lugar na categoria “flair”. “São avaliados vários critérios, entre eles os malabarismos, a coordenação com a música e a execução do cocktail propriamente dita”, refere Bruno Santos, presidente da União, ao HM. O vencedor foi Jonathan Villarma, bartender filipino, que trouxe para o território um troféu de cristal. Jonathan Villarma e Edu Zamora, ao lado de Bruno Santos, trouxeram os prémios para Macau Já Eduardo Zamora, outro bartender das Filipinas radicado em Macau, trouxe um quarto lugar que, apesar de não receber nenhum troféu, traz “orgulho” à União de Bartenders. A competição decorreu durante dois dias com várias provas a acontecerem nas diferentes categorias. “No primeiro dia são apurados os três finalistas da categoria ‘flair’ e logo aí percebemos que íamos à final. Na categoria ‘Clássico’, são escolhidos seis finalistas”, explica Bruno Santos, para quem este é um importante prémio que ajuda a dinamizar a profissão de bartender. “Pode [até] ser uma opção profissional para muitos jovens do Instituto de Formação Turística”, acrescenta. Este prémio é também importante para a afirmação da entidade no circuito internacional. “Há três anos que participamos na Conferência Mundial de Bartenders como observadores, e esperemos que este ano, em Dezembro, já tenhamos outro estatuto.” O concurso Asia-Pacific Cocktail Championship decorreu durante dois dias e contou com a participação de 26 países. Cada país pode concorrer apenas com um participante por categoria.
Hoje Macau SociedadeSecretário acusado de “confundir” conceitos no inquérito sobre o Estoril [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado democrata Ng Kuok Cheong apontou ontem o dedo a Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, criticando o responsável por “deliberadamente confundir” a população no inquérito que fez sobre o Hotel Estoril. Na base da acusação do deputado está o uso das palavras “reconstrução” e “reaproveitamento” no inquérito de opinião, que fez “com que a base das opiniões recolhidas fosse falsa”. Em declarações ao Jornal do Cidadão, Ng Kuok Cheong disse que é aceitável Alexis Tam expressar o seu próprio ponto de vista, mas o inquérito incumbido pelo Governo começa por perguntar se a pessoa “sabe o conceito do Governo sobre o reaproveitamento do Hotel Estoril e a sua piscina”. O deputado critica que, na altura, o Executivo estava a confundir “reconstrução” e “reaproveitamento” e, depois, nos discursos de Alexis Tam este continuou deliberadamente a confundir as duas palavras. “O inquérito que se baseia no seu próprio desejo queria obter apoios do público, não lhe apetecia a explicar o que é reaproveitamento e o que é reconstrução”, critica o deputado. Ng Kuok Cheong explica que o “reaproveitamento” pode ser a reconstrução ou a decoração do prédio em si e a demolição será um acto mais extremo do “reaproveitamento”. “Forçar a explicação de reaproveitamento para apoiar a reconstrução foi um engano óbvio. Se não houvesse transferência de interesses dele, não deveria acontecer erro deste tipo”, atirou mesmo o deputado. Ng Kuok Cheong diz que as opiniões recolhidas vão ser “tendenciosas” para o lado de Alexis Tam. O Secretário, recorde-se, lançou consultas públicas, colocou a questão no Conselho do Planeamento Urbanístico e pediu às associações o envio de opiniões. Mas, para Ng Kuok Cheong, Alexis Tam está apenas a insistir nos seus próprios erros, sem querer saber da opinião verdadeira e sem alguma vez ter mencionado “quais são os efeitos negativos de se manter a piscina e a fachada do Hotel Estoril”. *por Angela Ka
Hoje Macau China / ÁsiaChina aumenta punição por pesca ilegal nas suas águas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Supremo Tribunal Popular da China anunciou ontem o aumento das penas por pesca ilegal nas águas do país, incluindo nas áreas do Mar do Sul da China cuja soberania disputa com os países vizinhos. A nova regulação surge três semanas depois de o Tribunal Permanente de Arbitragem, com sede em Haia, ter decidido a favor das Filipinas e contra a China no caso das disputas territoriais. A máxima instância judicial da China assinalou que chineses e estrangeiros poderão ser julgados se “praticarem caça ou pesca ilegal em águas sob jurisdição chinesa”. O texto detalha que “aqueles que entrarem ilegalmente em águas do território chinês e recusarem sair, depois de avisados, ou que voltem a entrar, após terem sido expulsos ou multados, no último ano, serão acusados de actos criminais graves e sentenciados com até um ano de prisão, detenção ou vigilância”. A pena aplica-se também a quem entrar ilegalmente em águas do território chinês para pescar, mesmo que não chegue a praticar aquela actividade, adverte. Por águas sob a jurisdição da China, o documento refere-se não só às águas exteriores e mares territoriais, mas também a zonas contíguas, zonas económicas exclusivas e placas continentais, que incluem áreas que a China disputa com países vizinhos, como o Vietname, Filipinas e Malásia. “Os tribunais vão exercer activamente a sua jurisdição nas águas territoriais da China e apoiarão os departamentos legais para que actuem na administração da lei marítima, protegerão com igualdade os direitos da China e países estrangeiros, salvaguardando a soberania territorial”, aponta a normativa. Pequim reivindica a soberania sobre quase todo o Mar do Sul da China, com base numa linha que surge nos mapas chineses desde 1940, e tem investido em grandes operações nesta zona, transformando recifes de corais em portos, pistas de aterragem e em outras infra-estruturas. Face à decisão do Tribunal de Haia, a China insiste que não aceita a mediação de terceiros, apelando aos países vizinhos que adoptem pela negociação bilateral. Na semana passada, o Ministério da Defesa chinês anunciou que vai realizar exercícios navais conjuntos no Mar do Sul da China, onde os principais focos de tensão são os arquipélagos Paracel e Spratly.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Advogado de Direitos Humanos condenado com pena suspensa [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]activista e advogado chinês Zhai Yanmin foi ontem condenado a três anos de prisão com quatro anos de pena suspensa por subversão. Este foi o primeiro de uma série de quatro julgamentos que se realizam esta semana na China relacionados com a campanha do regime contra defensores de direitos humanos. A agência oficial chinesa Xinhua, escreveu que Zhai, “residente de Pequim sem emprego”, foi considerado culpado de subverter o poder do Estado por um tribunal de Tianjin (nordeste), julgamento em que só entraram alguns meios de comunicação social autorizados pelo Governo chinês. Segundo sentenças similares prévias contra outros oito activistas ou advogados, a de Zhai implica que não terá de ir para a prisão se não incorrer no delito de que foi considerado culpado nos próximos quatro anos. A agência EFE descreveu que nas imediações do tribunal de Tianjun houve ontem uma forte vigilância policial, “maior, inclusive, do que em outros processos contra dissidentes ou activistas”. As autoridades cortaram a Avenida Xiangjiang, onde se encontra o tribunal, mantendo os jornalistas a centenas de metros de distância. Pela primeira vez em casos deste género, o julgamento foi declarado “aberto ao público”, possibilitando o acesso de alguns órgãos de comunicação às instalações judiciais. O julgamento de Zhai faz parte de uma campanha repressiva lançada contra advogados dos Direitos Humanos, que resultou em várias detenções, entre as quais a de Zhou Shifeng, director do prestigiado escritório Shengrui, que será também julgado esta semana. Segundo a Xinhua, os outros dois acusados que esta semana poderão receber o veredicto (Hu Shigen e Gou Hongguo) estão também acusados de “subversão”. Trata-se de uma acusação muito grave na China, cuja pena máxima é prisão perpétua. A forte vigilância policial não evitou momentos de tensão. Uma das cenas envolveu a chegada às imediações do tribunal de Yuan Shanshan, esposa de Xie Yanyi, um outro advogado vítima desta campanha, que se apresentou com o bebé de ambos, nascido em Março, mas que o marido ainda não viu, devido ao isolamento a que foi submetido. A polícia pressionou a mulher a deixar a zona, enquanto agentes obrigaram vários jornalistas a entrar para veículos das autoridades. O julgamento realizou-se um dia depois de Wang Yu, outra advogada detida na sequência desta campanha, ter sido colocada em liberdade sob fiança, após ter feito uma “confissão”, em que admite ter colaborado com “forças estrangeiras”.
Fernando Eloy VozesSubtropical (episódio II) (continuação da semana passada: “Jacinto sabia que as forças estavam no limite. Apenas a vontade o mantinha ali, quiçá a imagem do sonho. porque já não era o corpo físico que o sustinha. “A imaginação dá asas”, pensava, tentando manter-se animado e imaginando-se uma criatura alada. A chuva começou a cair”) [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]or mais que se imagine e enquanto as leis da física não sofrerem uma alteração profunda, ou a nossa espécie, as asas não crescem assim, sem mais nem menos. Não a curto prazo, pelo menos. Não quando estamos pendurados numa corda velha, escorregadia, e olhamos para baixo sem conseguir imaginar o fundo. Não quando já deixámos de fantasiar com a ideia de nos deixarmos atrair pelo abismo. Não quando chove como se o mar estivesse em cima e não em baixo. Assim estava Jacinto. Talvez a atracção fatal se tenha desvanecido ao lembrar-se de uma passagem de “Ishmael”, a história de um gorila que explicava ao homem o sentido da vida – Dizia o animal tornado mestre que, quando os homens procuravam descobrir a forma de voar, criaram aquelas passarolas que tudo indicava serem apropriadas ao objectivo. Tinham asas que batiam e assim dos precipícios se atiravam. Por momentos julgavam estarem mesmo a voar mas, na realidade, estavam a cair a uma velocidade vertiginosa em direcção ao chão onde se iriam esmagar – Se bem que a ideia do voo para o vazio tivesse sido tão aconchegante há bem pouco, Jacinto não queria esmagar-se. Antes pelo contrário, a força do sonho tão desejado mantinha-o ali, agarrado, com o resto das forças que ainda conseguia invocar. É bem verdade que a necessidade transforma-nos em sobre-humanos, em algo que se conseguíssemos aplicar diariamente envergonharia até os heróis da Marvel. Teria sido o poder do sonho que o fez agarrar-se à vida, ali bem representada por aquela corda escorregadia? Talvez mais ainda que o medo do esmagamento contra o solo invisível. Jacinto pensou mais depressa. O dia, antes alvo e solarengo, tinha dado lugar a uma quase escuridão que um relâmpago agora rompia. Breve que foi, chegou para que Jacinto visse o sangue a esvair-se das mãos cerradas na corda. Talvez fosse isso também a aumentar-lhe a determinação, a fazê-lo querer sair daquela situação insustentável. “A imaginação não me vai dar asas”, pensou Jacinto, agarrando-se à vontade, o único tesouro que ainda lhe restava. A intensidade da chuva tinha amolecido a parede do precipício, o suficiente para que finalmente surgisse uma possibilidade. Apercebendo-se disso, Jacinto pontapeou a parede com quanta força a posição lhe permitia até que, por fim, conseguiu apoiar primeiro um, e depois os dois pés. Apenas as pontas mas o suficiente para a situação ter passado de desesperada a difícil. “Evolução”, rejubilou Jacinto. Já conseguia respirar. Já conseguia avaliar a situação sob uma perspectiva mais favorável, o suficiente para fazer planos, o suficiente para descobrir uma forma de subir a escarpa, o suficiente para recordar-se das palavras de um sábio com quem um dia se tinha cruzado no caminho: “há sempre uma reserva dentro de nós”, tinha ele dito, “…de energia e de vontade. Se tiveres amor suficiente e compaixão. Se acreditares e fores capaz de olhar para dentro de ti próprio. Mesmo que esteja lá mesmo no fundo. Procura e descobrirás. Acredita quando mais ninguém for capaz, mesmo quando tudo parecer indicar o pior.” Assim era de facto e a tempestade que normalmente achamos trazer apenas desgraças tinha sido o seu bilhete para a salvação. MÚSICA DA SEMANA “”When I Live My Dream” (David Bowie – 1967) When I live my dream When I live my dream, I’ll forgive the things you’ve told me And the empty man you left behind It’s a broken heart that dreams, it’s a broken heart you left me Only love can live in my dream I’ll wish, and the thunder clouds will vanish Wish, and the storm will fade away Wish again, and you will stand before me while the sky will paint an ouverture And trees will play the rhythm of my dream
Hoje Macau China / ÁsiaTóquio | Governadora cria comissão para JO 2020 [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]nova governadora de Tóquio, Yuriko Koike, anunciou ontem a criação de uma comissão de acompanhamento da preparação dos Jogos Olímpicos de 2020, que deverá apresentar um primeiro relatório sobre o assunto em Setembro. “É necessário verificar, de forma independente, a credibilidade de orçamentos e acompanhar todos os preparativos”, afirmou Yuriko Koike, em conferência de imprensa. O principal objectivo da comissão, liderada pela própria Yuriko Koike, é garantir maior transparência na preparação do Jogos de 2020, algo que tem sido colocado várias vezes em causa. “Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos vão ser um êxito”, afirmou Yuriko Koike, que no domingo se tornou a primeira mulher a assumir o cargo de governadora de Tóquio. A preparação dos Jogos Tóquio2020 tem estado envolvida em algumas polémicas, nomeadamente no que se refere ao projecto do estádio olímpico. Depois de perceber que o projecto inicial teria custos superiores aos inicialmente previstos, a organização decidiu abrir concurso para novos projectos, o que provocará atrasos na construção da infra-estrutura. A principal infra-estrutura da competição só deverá estar pronta pouco antes do início dos Jogos, não podendo por isso ser testada no Mundial de râguebi de 2017, como estava inicialmente previsto.
Hoje Macau China / ÁsiaChina “não tolera” acusações ao investimento no Reino Unido [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China “não pode tolerar” as acusações de que o seu investimento numa central nuclear no Reino Unido ameaça a segurança daquele país, afirmou na segunda-feira a imprensa oficial, após Londres ter decidido suspender o projecto. Pequim concordou em ficar com uma participação de um terço na central nuclear a ser construída pela gigante francesa EDF em Hinkley Point C, no sudoeste da Inglaterra. O negócio foi anunciado durante a visita oficial do Presidente chinês, Xi Jinping, ao Reino Unido em Outubro como parte da “era dourada” nas relações bilaterais, promovida pelo então primeiro-ministro britânico David Cameron e o ministro das Finanças George Osborne. A nova administração britânica, liderada por Theresa May, anunciou, entretanto, a suspensão do projecto. Menos dourado A decisão “traz incertezas à ‘era dourada’ nas relações entre a China e o Reino Unido”, afirmou a agência oficial Xinhua, num comentário assinado pelo jornalista Tian Dongdong, que acrescenta que o futuro investimento chinês no país poderá ser suspenso, “a menos que aquele projecto avance”. Apesar da tensão e aberta animosidade registadas na década de 1990 sobre a transferência da soberania de Hong Kong – e da histórica “humilhação” causada pela sempre lembrada Guerra do Ópio – o Reino Unido é hoje o principal destino do investimento chinês na Europa. Receios de que a China “crie condições”, durante a construção, para controlar infra-estruturas chave, “são infundadas e têm um toque de ficção científica”, refere Tian. “A China espera que um governo britânico racional tome decisões responsáveis, mas não pode tolerar qualquer acusação contra a sua vontade sincera e benigna de procurar uma cooperação de benefício mutuo”, acrescenta. Vince Cable, antigo membro do governo britânico que trabalhou com May quando esta ocupava o cargo de ministra do Interior, afirmou à imprensa que a nova chefe do executivo britânico estava “preocupada” com o investimento chinês. “A maioria dos países ocidentais, e certamente os EUA, adoptam uma visão geopolítica muito mais céptica e estão preocupados com a aproximação a um governo com uma ideologia muito diferente, que potencialmente trará problemas sérios no futuro”, referiu Cable. O Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, lembrou ontem em editorial que “a ideologia não é mais um obstáculo nas relações bilaterais”, afirmando que “May não tem motivos para arrefecer as relações entre os dois países”. Nos últimos anos, a China foi dos países que mais investiu em Portugal, comprando participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca, e tornou-se também um mercado de crescente importância para as exportações portuguesas.
Joana Freitas Manchete SociedadeNida | “Ventos de baixa intensidade” levaram a sinal mais baixo, dizem SMG * com Angela Ka e Cláudia Tang O impacto que os SMG pensaram que o tufão Nida iria ter em Macau fez os serviços alertar para a possibilidade de se içar o sinal 8. Um alerta que, afinal, estava errado, como admitiu o Governo. É que, para o território, bastou o sinal 3, garantiu ontem Fong Soi Kun, assegurando que os dados foram “científicos”. Polícia e bombeiros não tiveram mãos a medir [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]urante mais de 24 horas o tufão Nida fez o tempo mudar em Macau, mas nem a chuva intensa, os ventos fortes e a quase impossibilidade de atravessar pontes e estradas, como muitos testemunhos demonstraram, levou a que os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) içassem o sinal 8 de alerta de tufão, como aconteceu em Hong Kong e na China. A justificação dada pelos serviços é de que em Hong Kong os ventos “eram de intensidade significativamente mais forte” e Zhuhai, onde também foi içado o sinal 8, “tem parâmetros de classificação diferentes” dos de Macau, o que leva Fong Soi Kun a dizer que “não se deve comparar com a China”. O director dos SMG convocou ontem uma conferência, depois da manifesta contestação popular face à ausência de sinal elevado no território. Fong Soi Kun até admitiu erros na sinalização do tufão, mas não relativamente ao sinal 8: as imagens de satélite pouco nítidas e um erro na localização do tufão foram justificações dadas pelo director para o facto dos SMG terem indicado que o sinal 8 poderia ser elevado. Algo que, para Fong Soi Kun, afinal não era preciso. “Quando vimos as imagens com nitidez resolvemos não aumentar o sinal.” Os ventos não ultrapassaram, segundo os SMG, intensidade entre os 40 km/h e os “60 e poucos km/hora”, tendo havido rajadas que andaram à volta de 90km/h. “O sinal 3 compreende intensidade que vai até aos 110 km por hora”, avisou Fong Soi Kun. Medidas que, segundo o responsável, não apresentam “qualquer perigo para a circulação na RAEM”. Casos “isolados” Confrontado com as imagens que circularam na internet de pessoas em apuros a conduzir motociclos na ponte da Amizade, Fong Soi Kun afirma que o sistema de classificação de perigosidade só “reflecte de um modo geral o que vai acontecer no território e alguns pontos são mais perigosos que outros”. Compete às pessoas, frisou, gerirem a sua própria segurança. Também o HM questionou um condutor sobre por que decidiu conduzir a sua mota se o sinal 3 estava içado. A resposta foi simples: “quando saí de casa, na minha zona, não se notava o perigo que era e tinha mesmo de chegar ao trabalho cedo. A minha namorada avisou-me que era impossível apanhar autocarros e foi por isso”, referiu Jony Leong ao HM, acrescentando que tentou apanhar táxi mas que estes estavam a cobrar tarifas mais altas. Diversos vídeos entretanto postos a circular nas redes sociais mostram condutores de motociclos a ser empurrados com a força do vento, na ponte. Quase não aguentam as motas, alguns deles mesmo caindo ao chão. Foram também muitos os cidadãos que ligaram ao programa Macau Talk do canal chinês da Rádio Macau, a queixar-se por ter de ir trabalhar com o tempo como estava de manhã: ou porque os autocarros estavam cheios, ou porque os guarda-chuvas não aguentavam, ou porque os próprios veículos em que seguiam ficaram em risco na travessia da ponte. “Os motociclistas não conseguiam atravessar a ponte. O vento soprava e eles iam caindo ao chão”, contou um ouvinte do programa. A contestação popular foi sentida em força, com algumas pessoas a contactar não só os SMG, como a imprensa e as associações civis. “Fiquei surpreendido com o facto de não terem içado o sinal. Surpreendido não é bem a palavra, porque esta não é a primeira vez que Macau não iça o sinal superior de tufão mesmo que Hong Kong o faça. Mas estava de facto muito vento, mais do que noutros casos em que o sinal estava mais alto”, refere António Silva ao HM. O residente indica que esteve “mais de meia hora” à espera do autocarro com a esposa, ontem de manhã, e o cenário não era favorável. “Os guarda-chuvas não sobreviveram, como de costume, e havia montes de caixotes do lixo, tabuletas, árvores e [sinais] das obras a voar e pelo meio da rua, mesmo em frente ao Jockey Club.” Científico No programa Fórum Macau houve também quem considerasse que não se pode decidir o sinal de acordo com o “sentimento pessoal” e que se deve acreditar na análise dos aparelhos profissionais. Fong Soi Kun também pediu o mesmo. O responsável sublinhou ontem que a decisão de não içar o sinal 8 foi baseada “na ciência, nos dados e no conhecimento [dos SMG], sem ser de forma nenhuma influenciada pelo jogo”. Desde ontem à tarde que o Nida se começou a afastar de Macau. As autoridades não chegaram a elevar o alerta, mantendo hasteado o sinal 3 desde o final da tarde de segunda-feira. Durante a madrugada e manhã não foram realizados voos no aeroporto, tendo sido cancelados ou adiados para a tarde de ontem, tendo acontecido o mesmo com as ligações marítimas entre Macau, continente e RAEHK, que foram interrompidas pelas 20h00 de segunda-feira, levando a que pessoas ficassem a dormir nos terminais. O tufão tocou terra às 03h35 de ontem na Península de Dapeng, na cidade de Shenzhen, em Guangdong. Mais de 220 voos a partir dos aeroportos das cidades chinesas de Guangzhou, Shenzhen e Zhuhai foram cancelados antes da chegada do tufão, segundo o portal de notícias Sohu. Cerca de dois mil trabalhadores envolvidos na construção da ponte que vai ligar Hong Kong, Macau e Zhuhai foram retirados, segundo a Xinhua. Na zona do Delta do Rio das Pérolas, o tufão é tido como “o pior desde 1983”. Novo Macau e deputadas pedem explicações A Associação Novo Macau exigiu ontem, numa carta entregue aos SMG, explicações para os residentes. A Associação diz que recebeu várias queixas e pede esclarecimentos sobre a forma como funciona o sistema de alerta de tufão. Também duas deputadas escreveram ontem ao Governo. Para a Associação, os SMG só forneceram as últimas velocidades do vento que se fez sentir sem ter sido apresentado um gráfico ou informações adicionais sobres possíveis mudanças. O grupo quer, por isso, saber quais os critérios para içar o sinal de tufão e como é que é determinada “a velocidade dos ventos”. A Novo Macau diz mesmo que o sistema, baseado no de Hong Kong mas sem ter sofrido a revisão que o da região vizinha sofreu em 2005, talvez precise de ser revisto. A carta solicita ainda que os SMG respondam a um cidadão que terá entrado em contacto com os serviços e que lhe foi dito por “um funcionário dos SMG que os serviços estavam prontos para içar o sinal 8, mas que, lamentavelmente, não recebeu indicações no mesmo sentido dos seus superiores hierárquicos”. Melinda Chan pede também explicações e exige que seja dada aos residentes uma listagem detalhada dos critérios e fundamentos científicos que estão na base da classificação de sinal 3. Já Angela Leong refere que já não é a primeira vez que os SMG fazem “uma previsão do tempo que não estava em conformidade com a situação exacta”. A deputada considera que os residentes não têm confiança nos aparelhos dos SMG, que custam “milhões” ao Governo, e diz que o organismo necessita de fazer uma auto-avaliação para perceber se está a tomar as decisões correctas. Hong Kong parado Hong Kong continuou parada depois de as autoridades terem içado um alerta de nível 8 que fechou escolas e serviços públicos e cancelou as ligações marítimas e aéreas, na segunda-feira. As ruas de Hong Kong estavam ontem de manhã desertas, com alunos e funcionários públicos em casa, a Bolsa de Valores encerrou o dia todo e muitos autocarros e comboios operaram, mas com serviços limitados. O sinal oito foi içado pouco depois das 16h00 de segunda-feira e foi alterado para o número três ontem, depois das 13h00. Ventos de 151 quilómetros por hora foram registados durante a noite, com as autoridades a alertarem para a possibilidade de inundações ou derrocadas. Mais de 150 voos foram cancelados na noite de segunda-feira e cerca de 200 voos levantaram ontem, num aeroporto que costuma operar mais de mil. Em toda a cidade, mais de 200 pessoas procuraram refúgio nos abrigos do Governo. Mas alguns dos fãs mais dedicados do jogo Pokemon Go equiparam-se com impermeáveis para continuar a caçar monstros durante a tempestade. Quatro ilegais salvos do mar Os Serviços de Alfândega salvaram ontem quatro imigrantes ilegais do mar. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, os quatro foram resgatados pelo barco de patrulha da Alfândega na noite do tufão. Às 21h00, os barcos dos SA encontraram um barco que estava a afundar-se devido ao Nida. Os três homens e a mulher que seguiam no barco já tinham caído ao mar e, depois do resgate, os SA descobriram que os quatro eram imigrantes ilegais do interior da China. Um deles é de Henan e será a segunda vez que tenta entrar ilegalmente em Macau. O caso já está a ser seguido pelo Ministério Público. Quando o telefone toca – Residente portuguesa queixa-se ao HM “Escolhi o vosso jornal como porta-voz da minha indignação e de outras pessoas que conheço por esta noite terem içado o sinal 3. Primeiro porque o tufão foi realmente forte. Já estou há muitos anos em Macau e sei identificar perfeitamente. Lá em casa dormimos mal e falei com outras pessoas que me disseram o mesmo. [Depois as pessoas tiveram de se] deslocar para o trabalho com condições terríveis, atendendo nomeadamente ao facto de neste momento existirem imensas obras a decorrer, pelo que podia ter havido objectos e pedras a obstruir ou mesmo a cair. (…) Houve pessoas que tiveram que utilizar motociclos na ponte e sei de um caso específico que a pessoa teve que parar várias vezes devido às rajadas. Há imensas coisas que podem ser postas em causa por não ter sido içado o sinal 8. (…) Já houve ainda um caso em que houve um sinal 10 em Hong Kong e nós que estávamos muito mais perto não tivemos o mesmo sinal. Já na altura disseram que isto tem a ver com a força dos casinos. Agora a questão que eu coloco é: é menos importante a segurança das pessoas? Os interesses dos casinos são mais importantes? Não está em causa o ir ou não ir trabalhar mas sim as condições em que as pessoas o fizeram. (…) Nós sabemos quais são as razões. Com um sinal 8 os acessos são fechados e os pagamentos são maiores e há muita gente a dizer isto. Outro factor a ter em conta é o facto de agora a escolas estarem fechadas e por isso não havia crianças para transportar e então pronto, fica o sinal 3. Foi uma grande irresponsabilidade por parte dos serviços competentes. Tiveram muita sorte por não ter havido alguma caso grave de acidentes.” Números: 32 objectos que caíram (inclui janelas, publicidade, etc) 26 árvores caídas 7 acidentes rodoviários 4 vítimas de acidentes que deram entrada nos hospitais 3 inundações 1 painel de ferro deitado abaixo pelo vento 1 incêndio
Joana Freitas Manchete PolíticaArrendamento | Revisão ao Código Civil quer expandir poder do tribunal Aumentar a competência do Juízo de Pequenas Causas Cíveis para acelerar as acções de despejo é uma das propostas em cima da mesa na revisão do Código de Processo Civil que está a ser feita pelo Governo. Não há qualquer data para a apresentação de uma proposta, mas Sónia Chan está cautelosa face à eliminação da possibilidade de recurso [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]revisão ao Código do Processo Civil (CPC) que está a ser levada a cabo pelo Governo quer expandir os poderes do Juízo de Pequenas Causas Cíveis. Como já foi anteriormente noticiado pelo HM, sobre o aumento das rendas nada será feito pela Administração, que deixa o assunto a cargo dos deputados que apresentaram o projecto de lei da Alteração do Regime Jurídico de Arrendamento previsto no Código Civil. Mas um dos artigos a ser revisto no CPC está de facto relacionado com os arrendamentos, ainda que no que às acções de despejo diz respeito. “O Governo tem vindo a desenvolver para o efeito os trabalhos de revisão, cujos principais objectivos incluem a simplificação e o aumento da eficácia processual”, indica a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ) numa resposta ao HM. Conforme avançado em Março, a ideia é tornar o processo mais eficiente, permitindo “ao locador interpor, de forma ainda mais fácil e acelerada, o processo de acção de despejo e aperfeiçoar o regime de comunicação”. A questão da falta de pagamento das rendas é comum no território, de acordo com o que tem vindo a ser defendido por deputados, e uma das formas de simplificar a acção de despejo será, então, alargando os poderes do tribunal. “As orientações de melhoria [na revisão do CPC] incluem a simplificação dos processos judiciais e o aumento da eficácia processual, como por exemplo a ampliação da competência do Juízo de Pequenas Causas Cíveis, para se deixar que as acções de valor mais baixo possam ser distribuídas e tratadas através de um processo mais conveniente”, pode ler-se numa resposta a uma interpelação escrita de Zheng Anting, assinada por Li Canfeng, director da DSAJ. Alterações feitas em 2004 ao CPC e à Lei de Bases de Organização Judiciária vieram permitir que as acções de despejo que consistem na falta de pagamento da renda e não sejam superiores a 50 mil patacas possam ser julgadas por um tribunal singular. Recurso é preciso Segundo o CPC é admissível o recurso da decisão do tribunal, como forma de “concretizar o direito de habitação dos moradores das fracções afectadas pelas acções de despejo”. Mak Soi Kun tinha questionado o Governo sobre a necessidade de existirem estes recursos, tendo salientado que poderão atrasar as questões. Mas, numa resposta ao deputado, Sónia Chan deixou um alerta. “É necessário tomar uma atitude prudente e imparcial quanto à apreciação da ideia da eliminação do direito de recurso em nome de aceleração da marcha dos processos”, frisa a Secretária para a Administração e Justiça. Sobre um calendário para a apresentação de uma proposta de revisão, o Executivo nada adianta. A DSAJ assegura ao HM que já fez uma primeira consulta ao sector e que o próximo passo, após análise das propostas que os operadores jurídicos e judiciários apresentaram e a auscultação da opinião do Conselho Consultivo da Reforma Jurídica, é “definir as orientações e o âmbito da revisão”, para se elaborar “uma proposta concreta”.
Hoje Macau SociedadeSJM cria programa para parcerias com PME locais [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e a Câmara do Comércio de Macau anunciaram ontem o lançamento de uma parceria com vista a apoiar as pequenas e médias empresas (PME). O “Macau SME Procurement Partnership Programme”, assim se chama, foi anunciado na segunda-feira e contou com a participação de várias entidades promotoras, bem como de representantes de PME locais. O objectivo é dinamizar e promover os negócios do território. Chan Tze Wai, directora substituta dos Serviços de Economia, disse que as “pequenas e médias têm crescido a par da indústria do turismo e do jogo, naquilo que tem sido uma estratégia que se complementa, gerando benefícios mútuos”, algo que a responsável vê como benéfico para todos. A parceria visa continuar a promover actividades locais com a Câmara do Comércio de Macau e apostar na promoção de actividades económicas entre o comércio local e os resorts integrados, com a SJM a frisar que vai continuar a apoiar as PME. Angela Leong, directora-executiva da operadora, adiantou que os espaços da empresa continuam “à procura de mais negócios locais, para criar novas parcerias e apostar na qualidade da imagem de Macau”. Depois de ter criado um supermercado exclusivo para funcionários, a empresa salienta que “80% dos negócios” da operadora são feitos com PME locais. A propósito desta ideia, Ambrose So, director-executivo da SJM, apontou a “importância de empresas e marcas que representam Macau, contribuindo para uma imagem internacional, competitiva” do território. Concurso aberto Bayley Sin, director de Marketing da SJM, anunciou que no dia 19 de Setembro, os representantes das PME locais poderão ter um encontro de negócios no Grand Lisboa, onde estará uma equipa especializada nesta área. Entretanto, a SJM uniu esforços com a Câmara de Comércio de Macau e o Centro de Productividade e Tecnologia para o lançamento do concurso de design de uniformes para os dealers do casino do Grand Lisboa Palace, com o objectivo de promover a indústria criativa e cultural e mostrar a importância do “made in Macau”. Todos os que tenham mais de 21 anos são convidados a participar.
Joana Freitas PolíticaLei Eleitoral vai a votos dia 9 de Agosto [dropcap style=’circle’]J[/dropcap]á foi aceite pela Assembleia Legislativa a nova versão da Lei Eleitoral que rege as candidaturas ao hemiciclo. O diploma, revisto pelo Executivo, vai a votos dia 9 de Agosto, numa sessão marcada para as 15h00. O Governo quer, por exemplo, introduzir a declaração obrigatória das actividades eleitorais, a auditoria obrigatória das despesas nas campanhas ou a criação de uma entidade de apoio às campanhas. No que toca ao “reforço do combate ao acto ilícito nas eleições”, o Executivo propõe a introdução de um regime de responsabilidade penal colectiva de modo a garantir que os responsáveis de associações possam ser condenados por ilícitos eleitorais, quando até aqui eram apenas as associações que estavam sujeitas a multas, e que abranja actos cometidos também fora do território. Entre as propostas estão ainda alterações no regime de criação e funcionamento da Comissão de Assuntos Eleitorais da AL, como a obrigatoriedade de passar a integrar um elemento do Ministério Público. Outros dados revelados incluem a criação de um regime de caução da eleição, que deverá prever o pagamento de 25 mil patacas pelos interessados em candidatar-se a um lugar de deputado. A proposta de lei prevê também que um deputado que renuncie ao mandato não poderá candidatar-se à eleição suplementar e proíbe expressamente os deputados de assumirem cargos políticos noutros países, na sequência de uma candidatura à Assembleia da República portuguesa em 2015, pelo deputado José Pereira Coutinho. A nova lei tinha sido entregue à AL com carácter urgente, uma vez que as eleições acontecem no próximo ano.
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasO outro italiano 製作萬國全圖的人 *por Julie O’yang [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]semana passada escrevi sobre Lang Shining, o pintor italiano ao serviço do Imperador Kangxi. Em 2010 celebrou-se o 400º aniversário da morte do missionário jesuíta Matteo Ricci 利瑪竇. Na China este aniversário teve particular significado, devido ao tremendo impacto que a sua abordagem à cultura chinesa provocou. Mas o que é que sabe efectivamente o povo chinês sobre a vida e obra de Ricci e dos seus companheiros? Matteo Ricci (nascimento 6 de Out. de 1552, em Macerata, Estado do Vaticano — morte, 11 de Maio de 1610, Pequim, China) foi um missionário jesuíta italiano que introduziu a doutrina cristã no Império chinês do séc. XVI. Viveu no País durante cerca de 30 anos e foi pioneiro na tentativa de estabelecer uma ponte de entendimento entre a China e o Ocidente. Ricci aprendeu chinês e adoptou os costumes locais, o que lhe granjeou a entrada na China interior, normalmente interdita a estrangeiros. Em Agosto de 1582 Ricci chegou a Macau vindo de Goa. Passou o resto dos seus dias na China, em Zhaoqing, Chaozhou, Nanjing e Pequim. Viveu em Pequim nos últimos anos da sua vida, de 1601 a 1610, e, ele e o seu companheiro jesuíta Diego Pantoja foram os primeiros ocidentais a penetrar nos mistérios da Cidade Proibida. O “método de Ricci” garantiu-lhe a celebridade nos meios académicos, mas também junto do povo: de forma deliberada, alvoroçou e impressionou a China do séc. XVI com as conquistas científicas e culturais da Europa cristã, e obteve a admiração incondicional de académicos e funcionários superiores. Na sua casa em Zhaoqing tinha exposto um grande mapa do mundo, desenhado no Ocidente. Os visitantes ficavam espantados por ver a Terra representada como uma esfera e por se aperceberem que o Império chinês ocupava apenas uma parte relativamente pequena do mundo. Em resposta a diversos pedidos, Ricci traduziu o mapa para chinês. A primeira versão foi gravada e impressa em 1584. O mapa que aparece na imagem é uma das seis cópias conhecidas da terceira versão, feita por Ricci em 1602, a pedido de um cartógrafo chinês seu amigo. A versão de 1602 é a mais antiga de que se tem registo na China a representar as Américas, reflectindo os conhecimentos obtidos com as viagens dos descobridores. Ricci preencheu o mapa com elaboradas anotações em chinês, que patenteavam o estado do (des)conhecimento ocidental, à época, sobre vários países. O Nilo aparecia referido como “o maior do mundo. Corre para o mar durante sete meses. Neste País não há nuvens nem chuva durante o ano inteiro, mas os habitantes têm grandes conhecimentos de astronomia.” Sobre o Canadá, escreveu: “Os habitantes são amáveis e hospitaleiros. Fabricam o vestuário com peles de animais e dedicam-se à pesca.” O mapa também contem informação geográfica e astronómica muito precisa e sofisticada, de onde se destaca: uma dissertação sobre o formato e tamanho da Terra, uma explanação sobre a variação da duração dos dias e das noites, uma tabela com as distâncias dos diversos planetas para a Terra. Inclui ainda perspectivas polares (Norte e Sul) do globo que mostram que a Terra é redonda. Agora aqui vai a questão central que coloco aos meus leitores. Será possível que a China tenha contribuído para a importância da obra de Ricci? Porque sem a “Cultura do Outro”, o seu legado teria sido menos grandioso, senão mesmo inexistente.
Hoje Macau BrevesMelco tem novo director A Melco International anunciou ontem a nomeação de Evan Winkler como director-executivo do grupo. Winkler já iniciou funções e tem como principal responsabilidade a criação de uma “estratégia de crescimento”, como frisa um comunicado da operadora. Evan Winkler irá responder directamente a Lawrence Ho, director da empresa. O anterior envolvimento do novo director em projectos do grupo, bem como toda a sua experiência noutras companhias, foram pontos fortes a seu favor nesta tomada de decisão. “Estou confiante por ter alguém com o seu background e reputação a bordo, acredito que com a sua capacidade de liderança e trabalhando em conjunto com a equipa executiva, o Grupo Melco terá um novo peso”, diz Lawrence Ho. Winkler terá outras funções associadas, nomeadamente como membro do Comité Financeiro e do Comité Executivo.
Hoje Macau BrevesWang Zhiming “gosta cada vez mais de Macau” Wang Zhiming, o novo director do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, assistiu na segunda-feira à Celebração do 89º Aniversário do Estabelecimento do Exército Popular de Libertação, naquela que foi a sua primeira actividade pública em Macau, segundo o Jornal do Cidadão. O novo director disse que começou a gostar de Macau “assim que chegou à cidade” e que “vai gostar de Macau cada vez mais.” Quando questionado sobre a actualidade de Macau, como a opinião sobre a Lei de Terras, em voga actualmente, o novo director saiu imediatamente sem responder às perguntas dos jornalistas. A entrevista demorou apenas 30 segundos, segundo a publicação chinesa, mas ficou a saber-se que Wong Zhiming precisa de mais tempo “para observar e apreciar a cidade com calma antes de escolher os seus lugares favoritos”.
Joana Freitas BrevesQueixas contra táxis são mais de duas mil Foram cerca de 2454 as queixas contra o serviço de táxis recebidas pela PSP desde Janeiro. A cobrança excessiva de tarifas e a rejeição de transporte ocupam as maiores proporções, com 35% (86 casos) e 36% (883 casos), respectivamente. A aceitação de transportar passageiros que não respeitam a fila ocupa 5% das queixas. A PSP recebeu ainda, durante o mês de Julho, um total de 123 acusações de serviço de transporte sem licença própria, em que 116 envolvem acusações dirigidas à chamada de carros por aplicações de telemóvel. De Janeiro a Julho, foram registados 413 casos através das operações de combate a veículos sem licença em que 286 também envolviam o conceito de “chamada por app”, como é o caso da Uber. As multas nestes casos podem ascender a 30 mil patacas.