Biblioteca Central só abre portas em 2022

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM anuncia que a nova Biblioteca Central deverá abrir portas em 2022, estando previsto que as obras das fundações fiquem concluídas em 2020. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, confirmou ontem que a Biblioteca Central vai mesmo ser feita no edifício do antigo tribunal. Várias vozes têm pedido uma nova localização e um novo projecto, por o considerarem desajustado, mas o responsável não concorda.
“O sítio está bem localizado, no centro da cidade, e isso facilita a vida à população, que pode frequentar a biblioteca nas horas de ponta ou no horário de expediente. Neste momento não estamos a ver outro local mais conveniente do que o antigo edifício do tribunal. Claro que a população pode continuar a discutir sobre outras localizações para ter uma biblioteca central”, disse o Secretário na conferência de imprensa que serviu para apresentar o Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM.

Sem volta a dar

Já Chui Sai On, Chefe do Executivo, garantiu que o projecto “já está numa fase mais concreta”. “Há alguns anos decidimos pela sua construção e já tínhamos feito estudos. Definimos o local da biblioteca e isso vai responder às necessidades da população. Depois de alguns anos estamos já numa fase mais concreta.”
O Plano de Desenvolvimento Quinquenal anuncia ainda a inauguração de uma nova biblioteca no complexo de habitação pública de Seac Pai Van, em Coloane. Está ainda a ser pensada a implementação de um “projecto piloto de funcionamento de bibliotecas durante 24 horas por dia”, sendo que o mesmo será testado na biblioteca localizada junto ao Mercado Vermelho, já a partir de Outubro.
Ao Jornal do Cidadão, o analista político Larry So considerou que o caso da Biblioteca Central, entre outros, é sinónimo de como o Governo negligencia as opiniões da sociedade de forma selectiva. “Um Governo forte verdadeiramente não é assim. Pelo contrário, usa dados e informações científicas para mostrar os benefícios para os cidadãos, ou para explicar porque é que as opiniões não funcionam.” Larry So teme que esta postura do Governo origine situações de conflito político como já acontece em Hong Kong.

9 Set 2016

Plano Quinquenal | Terrenos são prioridade do Governo

Apesar de mais um relatório demolidor do Comissariado de Auditoria, o Governo garante que os terrenos a reaver serão destinados à habitação pública, a armazéns e só depois aos serviços públicos. O Plano de Desenvolvimento Quinquenal foi apresentado ontem

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] território já tem o seu Plano de Desenvolvimento Quinquenal que dá prioridade à construção de habitação pública. O documento foi apresentado ontem na sede do Governo pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, que se fez acompanhar pelos cinco Secretários.
Mesmo que o Comissariado de Auditoria (CA) tenha acusado o Governo de falhas na estratégia de construção de edifícios para albergar os serviços públicos, a verdade é que o Plano ontem apresentado coloca a construção de habitação social em primeiro lugar.
“Alguns terrenos podem destinar-se já a armazéns do Governo e outros poderão destinar-se a serviços públicos, mas a prioridade são habitações públicas. Sempre que reavermos terrenos estes vão destinar-se primeiro à habitação pública, depois aos armazéns e depois aos serviços públicos”, referiu o Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário.
O Chefe do Executivo, Chui Sai On, voltou a apresentar os mesmos números em relação aos apartamentos que irão nascer nos novos aterros ou no terreno anteriormente envolvido no caso La Scala, sem adiantar mais novidades quanto aos restantes terrenos desaproveitados.
“No futuro vamos ter três origens diferentes de terrenos. Há 38 que o Governo vai reaver de acordo com a lei e grande parte desses terrenos ainda estão em processo judicial. Vamos construir habitações sociais e este ano haverá mais de quatro mil. Na zona A haverá 28 mil. Estamos convictos de que estas habitações vão satisfazer as necessidades da população. Os terrenos que vamos reaver vão ser destinados a estruturas públicas para o funcionamento do Governo e para habitações públicas”, referiu.

Estratégias e incertezas

Quanto ao Plano Director do território, ficou confirmado o ano de 2019 para a sua conclusão, sendo que já este ano deverá ficar definida a estratégia nesse sentido, confirmou Raimundo do Rosário.
No total o Plano de Desenvolvimento Quinquenal apresenta 21 objectivos e indicadores, sendo que Chui Sai On disse ter plena consciência de que não deverá cumpri-los a todos até ao final do seu último mandato.
“Às vezes os planos de médio e longo prazo são difíceis de poderem ser desenvolvidos e concretizados num só mandato, e por isso temos este Plano Quinquenal, para traçar os objectivos e concretizá-los de uma forma faseada. É verdade que vai haver um novo mandato do Governo, mas também testemunhámos diferentes mandatos”, concluiu.

Português | Executivo quer definir mínimo de horas em escolas

O Plano de Desenvolvimento Quinquenal anuncia a criação de um limite mínimo de horas para que seja ensinada a língua portuguesa em escolas privadas. “A partir do ano lectivo 2016/2017 o ensino do português passa a ser um projecto com prioridade de apoio do plano de desenvolvimento das escolas, e vai ser definido o número mínimo de horas para as escolas particulares com cursos do ensino de português. Pretende-se aumentar o número de escolas particulares com a disciplina de português e o número de turmas de língua portuguesa ministradas através do ensino regular, para maior generalização da língua.”

Museu em memória de Xian Xinghai em 2017

O músico Xian Xinghai, nascido em Macau, vai ter um museu no território em sua memória. O projecto surge no Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM, prevendo-se que esteja concluído no quarto trimestre do próximo ano. Nascido em 1905, Xian Xinghai foi um dos mais conhecidos músicos e compositores da sua geração, tendo sido influenciado pela música ocidental. Morreu em Moscovo, na Rússia, em 1945.

Números na saúde inalterados

O prognóstico não é animador para o sector da Saúde nos próximos cinco anos. Isto porque o Plano de Desenvolvimento Quinquenal não prevê um crescimento de médicos ou enfermeiros até 2020. “Pressupõe-se que, no período compreendido entre 2015 e 2020, o número de crescimento do pessoal de saúde”, aumentando apenas 0,5% o número de enfermeiros e em 1,6% as camas hospitalares por mil habitantes. A isto se poderá dever o facto da construção do Complexo Hospitalar das Ilhas só ficar concluída parcialmente depois de 2019.

Raimundo do Rosário diz que há “problemas” na incineração

São poucas as novidades que o Plano de Desenvolvimento Quinquenal apresenta em termos de protecção ambiental, mas o Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, alertou para o excesso de resíduos alimentares, difíceis de tratar. A nova central de incineração de resíduos sólidos deverá estar concluída em 2021.
“Os resíduos estão a crescer ano a ano e é um grande problema para Macau. Outro problema é que estamos a enfrentar dificuldades no centro de incineração, cerca de 40% dos resíduos sólidos são resíduos domésticos de cozinha e é difícil a sua incineração. Trata-se de uma situação bastante singular em Macau porque isto não acontece noutras regiões”, alertou.
Em termos ambientais, o Governo pretende plantar mais 2300 árvores nos próximos cinco anos, para além de estar prevista a remodelação de cinco hectares de floresta. O Executivo prevê ainda que os dias com ar de boa qualidade possam atingir a meta dos 92% a 95%, além de pretender manter os níveis da taxa de emissão de dióxido de carbono abaixo das cinco mil toneladas.
“Temos uma série de diplomas legais sobre esta matéria e também a DSPA já realizou estudos. Damos uma grande atenção a esta matéria e este plano fala da protecção ambiental. Vai ser um conteúdo importante nas Linhas de Acção Governativa”, acrescentou o Chefe do Executivo.

9 Set 2016

Trabalhadores da Uber entregam mais de duas mil assinaturas ao Governo

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de duas mil assinaturas foram ontem entregues por condutores da Uber na Sede do Governo, para que o Executivo permita serviços de transporte privado semelhantes aos prestados pela empresa. A iniciativa foi levada a cargo pela Associação de Transporte por Conveniência dos Povos, composta exclusivamente por condutores da Uber, e que se fez representar por quatro jovens de máscara. Estes deram a conhecer o seu apoio “ao conceito de que qualquer condutor em Macau que queira prestar um serviço de transporte privado, possa estar autorizado a isso”, afirmou Lou Tyler, porta-voz na iniciativa, que defende que serviços como os da Uber em Macau “são muito necessários e o Governo deveria autorizar sempre estas iniciativas”.
As assinaturas ontem entregues foram recolhidas aquando da manifestação de apoio à Uber, organizada pela Associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário, a dia 4 de Setembro. Na altura, a Uber demarcou-se da manifestação, mas indicou estar a reunir assinaturas “de forma conjunta, de uma forma pacífica e racional, para expressar os pedidos ao Governo”.

Exemplos de fora

O porta-voz argumentava ontem que “os autocarros não são suficientes para o transportes diário das pessoas e muitas têm que recorrer à utilização de carros privados”. Lou Tyler dá como exemplo a China continental, onde há variedade nos serviços de transporte privado e diz que “pode ser copiado o mesmo tipo de políticas para Macau”. No total, havia 2300 nomes que se manifestaram a favor desta forma de transporte. Hoje, a Uber deixa de funcionar, como tinha afirmado anteriormente num comunicado enviado aos deputados.
O Governo não quer legalizar o transporte privado e a empresa foi multada em dez milhões de patacas em menos de um ano de operações. Na manifestação de apoio do início de Setembro, a Associação de Transporte por Conveniência dos Povos não colocou de parte de “tomar outras acções” de manifestação.

9 Set 2016

Visita | Deslocação de Chui Sai On a Portugal envolta em mistério

Portugal não tem agenda definida, Macau – se a tem – não a mostra. Pouco ou nada se sabe sobre a viagem de Chui Sai On a Portugal, que começa amanhã. Vítor Sereno vai estar na visita, mas não vai na pequena Comitiva do líder do Governo. O resto está envolto em mistério, como admitem os conselheiros da Comunidade Portuguesa

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]abe-se que parte a dia 10 e que vai co-presidir juntamente com o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, à Comissão Mista Portugal-Macau. Mas pouco mais se conhece sobre os detalhes da visita de Chui Sai On a Portugal, onde supostamente o líder do Governo se vai encontrar com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o Primeiro-Ministro, António Costa.
Até agora, e conforme avançado pela Rádio Macau esta semana, sabe-se que Chui Sai On vai a Lisboa sem Secretários ou representação da Assembleia Legislativa, fazendo-se acompanhar apenas por O Lam, Chefe do seu Gabinete. O HM sabe, contudo, que Vítor Sereno, Cônsul-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, vai estar na mesma visita, ainda que não na Comitiva oficial do líder do Executivo da RAEM.
Apesar da insistência do HM junto do Gabinete do Chefe do Executivo – a quem perguntámos os motivos para que Chui Sai On vá sozinho e se é, de facto, assim – não chegou nenhum tipo de esclarecimento à imprensa. Mas, e ainda que a viagem seja já amanhã, não foram apenas os média que ficaram em branco sobre este assunto.
“Acho muito estranha esta deslocação. Denota-se, na partida, alguma falta de transparência e, na comunidade portuguesa especula-se que [Chui Sai On] seja portador de alguma mensagem pessoal aos órgãos de soberania da República [Portuguesa]”, começa por dizer José Pereira Coutinho ao HM, deputado e conselheiro das Comunidades Portuguesas. Conselho que também, como confirmaram Pereira Coutinho e Rita Santos, não recebeu qualquer informação, ainda que um dos temas da Comissão Mista seja precisamente a Língua Portuguesa.
“Como conselheiro gostaria que esta deslocação tivesse um saldo positivo no âmbito educacional, cultural e de intercâmbio e formação de recursos humanos especialistas. Mas não recebemos qualquer informação.”
Também Rita Santos se junta à opinião, ainda que salvaguarde que, não tendo informação exacta, pouco pode dizer.
“Ele vai também com directores de serviço ou não? Acho que se for a Portugal e levar os directores que são das áreas que estão dentro de qualquer assinatura que [venha a acontecer] de protocolos, não sei se vão assinar ou não, já é suficiente. A figura máxima é ele, que representa o Governo, mas tem de haver alguma coisa de concreto [da visita]”, começa por defender a também conselheira das Comunidades Portuguesas. “Não sei realmente se há directores, porque não tenho conhecimento. Mas não acho que valha a pena levar os Secretários, até para poder poupar o erário público. Se for visita oficial ele certamente leva-os e a deputados da área empresarial.”

E temas?

Rita Santos não teve acesso a qualquer agenda, algo que também não se sabe ainda da parte de Portugal. “Não está ainda nada definido, nem o programa”, indicou ao HM um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, ao telefone. Nos sites da Presidência e do MNE não há qualquer nota sobre os encontros, que o líder do Governo disse ser oficial.
Em meados de Agosto, Chui Sai On anunciou frisou que iria participar na reunião deste ano da Comissão Mista Portugal-Macau, no âmbito de uma deslocação oficial a convite do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
“O Presidente da República [Portuguesa] fez-me esse convite, vou ser recebido por ele durante esta visita. Depois vou presidir à Comissão Mista (…), vamos fazer um balanço e uma perspectiva para o futuro. (…) Estamos muito confiantes no reforço da cooperação com os países lusófonos”, afirmou na altura Chui Sai On, citado pela Rádio Macau, quando falava antes de uma visita a Pequim.
A deslocação vai decorrer entre 10 e 15 de Setembro, de acordo com uma nota divulgada pelo Governo em Agosto, onde era indicado que, além de Marcelo Rebelo de Sousa, Chui Sai On irá também encontrar-se com o Primeiro-Ministro, António Costa.
O Governo assegurava que a viagem servia para fortalecer as bases para o intercâmbio em diversos domínios, tais como Língua Portuguesa e educação, cultura, meio ambiente e juventude. Temas que Rita Santos e Pereira Coutinho querem realmente ver discutidos.
“Seria importante discutir como trazer mais professores e elevar o ensino da Língua Portuguesa e reforçar a cooperação em várias partes, nomeadamente médicos, cooperação judicial e Turismo”, frisou a conselheira. Para Pereira Coutinho, “não sendo estas visitas muito frequentes, esperava-se [saber] mais desta visita do dirigente máximo da RAEM” a Portugal. Viagem que terá lugar mais de cinco anos depois da primeira, realizada em Junho de 2010.

9 Set 2016

Suicídio | Mais de 30 casos até Junho. Necessários mais dados

Um total de 31 pessoas decidiu pôr termo à vida até Junho. São números que já são mais de metade do que os casos ocorridos o ano passado, sendo que a solidão e o Jogo poderão ser as causas mais comuns. Yu Tao Xiang, da Universidade de Macau, fala da necessidade de existirem mais dados oficiais. Amanhã é o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ílvia Mohr prefere definir Macau como se fosse um cão dálmata. Todo o território é a parte branca e depois há as pequenas bolas pretas, as comunidades que não convivem umas com as outras. Isso causa solidão nos expatriados, um dos principais motivos que poderá levar uma pessoa a cometer suicídio. Mas a responsável pela Linha da Esperança da Cáritas para estrangeiros fala de um retrato bem diferente na comunidade chinesa, onde os problemas com o Jogo fazem com que o interesse pela vida desapareça.
Este ano, de Janeiro a Junho, já se contabilizaram 31 suicídios. O número equivale a mais de metade das mortes deste tipo no ano passado. Dados da Polícia Judiciária (PJ) fornecidos ao HM indicam que os saltos de prédio são a forma mais escolhida pelas pessoas que querem pôr fim à própria vida. Em 2015, foram 61 as pessoas que se mataram. Entre estas, 20 atiraram-se de prédios e 14 enforcaram-se. Este ano, só no primeiro semestre, houve 31 mortes: 11 delas por saltos de prédio e oito por enforcamento, método que a PJ diz ser o segundo mais utilizado.
Amanhã assinala-se o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio e em Macau continuam a não existir dados concretos que permitam criar políticas concretas de apoio às pessoas, defendeu ao HM o professor Yu Tao Xiang, da Universidade de Macau (UM).
“A sociedade está a envelhecer muito rapidamente e, se olharmos para a experiência de Hong Kong e China, os números de suicídio poderão crescer nos próximos anos. É necessária a realização de um inquérito sobre o assunto. Não há estudos sobre as tentativas de suicídio da população ou em grupos sociais mais específicos com risco de cometerem suicídio, como os idosos, os adolescentes, estudantes universitários ou trabalhadores migrantes. Os factores de risco têm de ser identificados antes de serem adoptadas políticas, caso contrário estas não farão sentido”, disse ainda o docente e psiquiatra, com investigação na área da saúde mental.

Ajuda numa linha

Sílvia Mohr vive em Macau há 20 anos e coordena uma equipa de 12 voluntários que atende as chamadas daqueles que estão desesperados. Nem sempre as pessoas se identificam, mas há casos que exigem a deslocação de uma equipa da Cáritas. Sílvia Mohr já segurou a mão de alguém que não queria viver e disse: “não está sozinha”.
Em Macau, em termos de expatriados, homens e mulheres ligam em igual número para relatarem, na maioria, casos de solidão e não tanto de pensamentos para pôr termo à vida. Sílvia Mohr referiu, no entanto, que há muitos homens que ligam a dizer que simplesmente não sabem o que fazer. São pessoas com licenciaturas e com trabalhos bem pagos em Macau que, ou se sentem deslocados, ou se sentem simplesmente sozinhos. Filipinos ou indonésios, as nacionalidades com trabalhadores menos qualificados, também sofrem de solidão, mas não só. “Eles têm tantos problemas para resolver, de saúde, de arranjarem um lugar onde morar, de ter dinheiro para a família, que a solidão é apenas mais um.”
O Verão é considerada uma época cheia de trabalho para os voluntários da linha destinada a estrangeiros, algo que nem Sílvia Mohr sabe explicar. “Não sei se é porque os colegas vão de férias na empresa… isso é digno de pesquisa, porque é que no Verão as pessoas sofrem mais.
O tema do suicídio e do vício do Jogo não é muito comum na Linha da Esperança para a comunidade estrangeira, porém na linha chinesa é, contou ainda Sílvia Mohr. “As pessoas ligam após terem jogado e perdido tudo. Na cultura chinesa a vergonha é muito grande e o medo de levar o problema para casa é maior ainda. Isto leva as pessoas a cogitarem a ideia de suicídio.”
Se o suicídio ainda é tabu no seio da comunidade chinesa, a verdade é que o panorama parece ter vindo a melhorar. “Houve um progresso muito grande. Não faz parte da cultura avisar que se vai cometer o suicídio, normalmente são casos silenciosos sem aviso prévio. Com as campanhas de consciencialização que são feitas, a população começou a falar de forma mais aberta sobre o assunto”, adiantou a responsável.
Actualmente Sílvia Mohr lidera uma equipa de 12 pessoas. O objectivo é que daqui a um ano a linha possa funcionar durante 24 horas.
A pensar naqueles que não encontram esperança, a Cáritas decidiu lançar uma campanha no Facebook em que cada pessoa tem de acender uma vela e postar a imagem na rede social durante o dia de amanhã.

9 Set 2016

Parisian inaugura terça-feira com 410 mesas de Jogo e descontos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] novo resort da Sands China abre na terça-feira. O Parisian é mais um dos complexos da operadora no Cotai e vai ter direito a 410 mesas, sendo que 300 delas serão transferidas de outros casinos do grupo e cem autorizadas pelo Executivo.
Wilfred Wong, presidente da Sands China, afirma que a empresa “respeita a decisão do Governo”, referindo-se às quotas para mesas jogo limitadas a 3% anual pelo Executivo. O hotel tem três mil quartos, mas o responsável assegura que as reservas já estão “bastante preenchidas para os próximos meses”.
O investimento no resort, com mais de dois mil pés quadrados, foi de cerca de dois mil milhões de dólares americanos. Apesar das quebras das receitas no jogo, a operadora mostra-se optimista.
“Estou confiante com o sucesso do Parisian”, referiu Wong.

Surpresas para todos

A conferência de imprensa que decorreu ontem no Venetian serviu ainda para desvendar o que vai acontecer durante a inauguração do Parisian. Estão prometidas muitas surpresas, espectáculos e promoções dedicadas “às pessoas de Macau”, como fez questão de afirmar Dave Horton, director do Gabinete de Marketing da Las Vegas Sands. O evento arranca às 20h18 e conta com a cantora belga Lara Fabian, um jantar de gala e um passeio na “red carpet” pela actriz e cantora de Hong Kong Karen Mok. Os espectáculos serão transmitidos no exterior em ecrãs gigantes.
Mas os anúncios não se ficaram por aqui. Dave Horton diz que “o grupo quer ser parte integrante de Macau e fazer parte da comunidade” e, por isso, anunciou uma série de descontos em lojas e serviços de todos os resorts da operadora, que vão dos 20% aos 50%. Subir à Torre Eiffel, comer uma refeição num dos muitos restaurantes do grupo ou tornar-se membro do ginásio são alguns exemplos destes serviços. Haverá também fogo de artifício e animação de rua. A cerimónia contou também com a presença de Paulo Chan, director de Inspecção e Coordenação de Jogos.

9 Set 2016

Gás| Conselho Consultivo quer mais regras para comercialização

O Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central defende um regulamento mais rigoroso no armazenamento de botijas de gás para o sector retalhista

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ediante a existência cada vez mais frequente de acidentes causados pelo vazamento de gás, o Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central defendeu, numa reunião ordinária realizada na quarta-feira, a criação de um regime de autenticação profissional dos fornecedores. O coordenador-adjunto do Conselho, Choi Tat Meng, e Lam U Tou, do grupo, relembraram os 36 acidentes que envolveram o vazamento de gás no ano passado e os 33 acidentes já registados desde o início do ano, cinco dos quais resultaram num morto e nove feridos, segundo os dados dos Bombeiros.
O Conselho considera que a situação necessita de mais atenção e, apesar das autoridades terem feito 210 visitas aos retalhistas, o facto de não se conseguir entrar em casas particulares faz com que seja necessário aumentar o índice de segurança. A longo prazo, dizem, deverá ser feita legislação para assegurar que os esquentadores sejam instalado por profissionais.

Respostas precisam-se

A propósito deste assunto, o deputado da Assembleia Legislativa Leong Veng Chai dirigiu uma interpelação ao Governo, onde manifesta preocupação em relação ao armazenamento deste género de produtos. As questões colocadas pelo número dois de Pereira Coutinho dizem respeito a casas particulares, questionando este se “as inspecções dependem de denúncias ou podem ser feitas de forma regular ou aleatória pelos funcionários públicos”.
Em relação aos espaços públicos, o deputado quer saber se “a lei vigente define ou não a frequência das inspecções junto dos estabelecimentos de restauração”. A título de exemplo foi referido um acidente num espaço comercial na ZAPE, que aconteceu no dia 26 de Julho, de onde foram retiradas várias garrafas de GPL.

9 Set 2016

Pequim não poupa grupos terroristas e promete combate feroz

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês prometeu não dar tréguas ao Movimento Islâmico do Turquestão Oriental (MITO), um grupo que reclama a independência de Xinjiang, após ter sido confirmado o seu envolvimento no ataque suicida à embaixada chinesa no Quirguistão. “As forças terroristas do Turquestão Oriental, representadas pelo MITO, levaram a cabo múltiplas actividades terroristas, dentro e fora da China, e têm as mãos manchadas com sangue”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying. “Iremos combatê-los”, disse. A porta-voz frisou que Pequim está disposto a cooperar com outros países na luta global contra o terrorismo. “Somos contra o terrorismo em qualquer formato”, afirmou.

Número dois

Segundo revelaram os serviços secretos do Quirguistão, o ataque suicida contra a embaixada da China em Biskek, na semana passada, foi organizado por militantes da minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur que combatem na Síria. A mesma fonte detalha que o suicida bombista era membro do MITO, um grupo que reclama a independência da região de Xinjiang, a oeste da China. “A investigação concluiu que o atentado foi ordenado por grupos terroristas uigures, que operam na Síria, e estão filiados com a organização terrorista Frente al Nosra”, afirmaram os serviços secretos quirguistaneses, citados pela imprensa chinesa. Este é o segundo grupo ‘jihadista’ mais importante na Síria, a seguir à organização extremista Estado Islâmico (EI).
A China reivindica que organizações extremistas recrutam membros na região autónoma do Xinjiang, onde vivem os muçulmanos uigures, e culpa estas por fomentar atentados no país, que causaram nos últimos anos centenas de mortos. Recentemente um estudo elaborado pelo instituto New America Foundation, considerou que esta região oferece um “alto potencial” para os recrutadores do EI, devido “às significativas disparidades económicas entre a etnia chinesa han e a população muçulmana local”.  

9 Set 2016

Mar do Sul da China | Pequim pede a Obama que se mantenha neutro nas disputas territoriais

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês apelou ontem ao presidente norte-americano, Barack Obama, para que mantenha a neutralidade, nas disputas territoriais que a China mantém com os países vizinhos, no Mar do Sul da China. Numa conferência de imprensa em Pequim, a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, pediu aos Estados Unidos da América para que desempenhem um papel construtivo na região.
Obama defendeu no Laos, durante a cimeira da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), o carácter “vinculativo” da decisão do Tribunal Permanente de Arbitragem, com sede em Haia, que concluiu, em Junho passado, que não existe uma base legal para a China reclamar direitos históricos no Mar do Sul da China. “Esperamos que os EUA desempenhem um papel positivo e justo nesta questão e que façam esforços positivos, genuínos e construtivos para a paz e estabilidade no Mar do Sul da China”, disse Hua Chunying.

Ilegalidades

Hua recordou que a China não reconhece a mediação do tribunal internacional: “O Tribunal de Arbitragem não tem jurisdição sobre o caso, e por isso consideramos a sua sentença inválida e ilegal”.
Hua enalteceu ainda a elaboração de um código de conduta entre Pequim e a ASEAN, que negociavam desde 2010, para diminuir os conflitos de forma pacífica e melhorar a comunicação, visando “evitar incidentes”.
“Ambas as partes tiveram o desejo de olhar em frente e esforçarem-se para devolver a questão do Mar do Sul da China ao diálogo e consulta”, disse.
Pequim reivindica a soberania sobre quase todo o Mar do Sul da China, com base numa linha que surge nos mapas chineses desde 1940, e tem investido em grandes operações nesta zona, transformando recifes de corais em portos, pistas de aterragem e em outras infra-estruturas.
Vietname, Filipinas, Malásia e Taiwan também reivindicam uma parte desta zona, o que tem alimentado intensos diferendos territoriais com a China.

9 Set 2016

Dj japonesa actua no Kam Pek e em evento de meditação

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] japonesa Yumii chega em dose dupla a Macau este final de semana. Directamente de Tóquio, e depois de ter passado recentemente no Festival Boom, em Portugal, a DJ vai agarrar-se aos pratos no bar Kam Pek e no YogaLoft Macau.
Primeiro num tom mais “festivo”, como indica a organização, Yumii vai pôr toda a gente a mexer nesta sexta-feira no bar Kam Pek. A DJ junta-se aos locais Hi-Tech Tribe e DJ Gordon para oferecer “música um pouco mais ritmada e festiva, mas com a mesma sensibilidade feminina e estética tribal/étnica”. Yumii apresenta-se com um estilo musical “profundo, meditativo e imbuído de deep electrónica”. Dependendo da atmosfera, a DJ assegura que pode mudar para funky lounge, deep house dance, tribal fusion e até uma “mistura imprevisível de ritmos animados”.

Acalmar o corpo

Meditação e relaxamento são as palavras de ordem do estúdio de Yoga dirigido por Rita Gonçalves durante o mês de Setembro e, para acalmar as festividades do dia anterior, Yumii apresenta-se no estúdio no Leal Senado. O Yoga Loft é, assim, palco do “primeiro concerto de música ambient/chill out” com Yoga do território já amanhã.
Pelas 17h00, os interessados têm a oportunidade de participar numa sessão de meditação “sentada e deitada”. Enquanto a professora e gerente do estúdio, Rita Gonçalves, guia os participantes com a sua voz, a DJ Yumii toca alguns sons iniciais, ficando depois o resto da sessão a seu cargo.
Os organizadores convidam os participantes a “deixar que a música os leve e que os sons da natureza pintem uma imagem na sua mente, ao mesmo tempo que a música liberta a alma”. Rita Gonçalves optou por uma sessão sem posturas de yoga, para que mais pessoas em Macau possam fazer parte desta experiência, que diz ser “muito especial”.
O evento tem lotação limitada e custa cem patacas, podendo as inscrições ser feitas através da página do Facebook do Yoga Loft. Yumii também é terapeuta de Reiki e está disponível este domingo para fazer tratamentos ao custo de 350 patacas, no mesmo local.
Agora em Macau para terminar a tourneé do Verão, Yumiko Watanabe já esteve em diversos festivais de música de dança alternativa, como “Boom” (Portugal), “Universo Parallelo” (Brasil), “Transahara” (Marrocos)”, “Psy-Fi ”(Holanda) ou “The Experience Festival” (Tailândia), mas também colabora com vários professores de yoga em contextos mais íntimos, criando bandas sonoras para aulas desta modalidade. Os residentes de Macau Rita Gonçalves e Ryoma Ochiai são os organizadores das duas iniciativas. O Kam Pek abre às 23h30 e a festa tem entrada livre.

9 Set 2016

Negociações do Acordo para Macau

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]or Carta Régia de 22 de Fevereiro de 1547, D. João III faz mercê a Leonel de Sousa de duas viagens sucessivas para a China. “Compreende-se que, desta forma, o conjunto fosse mais rendoso, dado que os contratos fechados num ano, para cumprimento no seguinte, permitiriam, por certo, condições mais favoráveis. Além disso, não se trata ainda de concessão da viagem, mas de uma nomeação para capitão-mor de viagens da coroa, com as vantagens que lhes eram inerentes, mas sob regimento do governador da Índia”, segundo Gonçalo Mesquitela. Data em que se encontravam ainda os mercadores portugueses pelos portos do litoral de Fujian e de Zhejiang, e segundo Jin Guoping e Zhang Zhengchun, no artigo Liampó reexaminado à luz de Fontes Chinesas, “O porto em questão (Liampó) é um lugarejo perdido no meio do mar, que fica a uns 30 quilómetros do Distrito Dinghai. Embora seja uma terra abandonada, só para desterrados, e com rara presença humana, com duas ilhas frente a frente, direcção leste-oeste, separadas por um canal que corre de norte para sul, a sua situação é de grande importância estratégica. Os montes que se erguem nas ilhas constituem bons abrigos. O espaço que se mede entre as duas ilhas é amplo, à volta de uns 10 quilómetros de largura”. Daqui se percebe a impunidade com que os mercadores portugueses viveram meia dúzia de anos clandestinamente numa povoação que, devido a se encontrar longe dos olhares dos mandarins de província e pelos enormes lucros, cresceu para uma cidade. Segundo estes historiadores, os documentos chineses não apresentam a versão de Fernão Mendes Pinto sobre o massacre de Liampó, chacina não relatada por Fr. Gaspar da Cruz, “que nunca foi aceite por estudiosos sérios. Sabemos que o Governador Zhu Wan caiu em desgraça e se suicidou, envenenando-se por ter mandado executar 96 pessoas em Chinchéu em 1549, sem ter autorização da Corte para tal”.
A mercê que por Carta Régia, D. João III faz a Leonel de Sousa, segundo Mesquitela, “Deve estar longe dos privilégios da futura viagem concedida por alvarás depois de 1550. Acresce que no caso de não haver viagem da coroa programada oficialmente, a mercê permitia a alternativa de ser conferida licença para a viagem, mas à custa do próprio Leonel de Sousa, em nau ou navio próprio, obedecendo também a regimento do governador da Índia”.
Leonel de Sousa (c.1500-c.1572), natural do Algarve e casado em Chaul, como refere o Padre Gaspar da Cruz, era “capitão algarvio com longos anos de serviço no Oriente,” segundo Rui Manuel Loureiro e “foi responsável pela normalização do tráfico luso-chinês, ao estabelecer com os mandarins de Cantão, em 1554, as normas que deveriam de futuro reger esse intercâmbio”.

Recusadas as viagens em nau da coroa

“D. Afonso de Noronha, alegando que D. João III não mandara que a Leonel de Sousa fosse dada nau, pois se o mandasse ele daria, nem sequer ordenou que lhe fosse dado o ‘favor’ para a sua viagem que diz ter sido dado a D. Francisco Mascarenhas e António Pereira. Assim , diz ele mais tarde numa carta”, como refere Gonçalo Mesquitela, que continua, “A mercê real de mera licença não era pois uma garantia de concessão de viagem, como se vê.
Leonel de Sousa, vendo que eram recusadas as viagens em nau da coroa, teria conseguido emprestado um terço do espaço de uma nau de mercadores e nela estaria em Sanchoão naquele ano de 1555”. Luís Gonzaga Gomes corrige essa data e refere que “Leonel de Sousa, Capitão-Mor da Viagem do Japão, capitaneando uma esquadra de 17 navios fundeados na Ilha de Sanchoão, desde fins de 1553, escreveu (em 15 de Janeiro de 1556) ao Infante D. Luís, irmão de D. João III, comunicando-lhe que conseguiu assentar com Vam-pé, Segundo Inspector das Costas, um convénio, pelo qual os portugueses foram autorizados a estabelecerem-se em Macau e a construírem habitações em terra”.
“Nos portos da China, que encontrou ‘todos cerrados’, as armadas impediam ‘fazer fazenda’. Devia no entanto, ter feito uso da mercê real, pois afirma que, perante a situação encontrada e os avisos de que poderia vir a haver ataques da armada imperial, . Note-se que se queixa de que não lhe foi dado mais que a licença e os trabalhos de capitão”, isto é, as credenciais e o regimento que lhe davam os poderes de capitão-mor.
“A iniciativa partira do Aitão de Cantão e as negociações não devem ter sido fáceis, mais por questões formais, e legais, do que pela vontade mútua de se encontrar solução”, segundo Mesquitela, que continua, “Acautelada a segurança dos navios e pessoas portuguesas que com ele iam, e recomendado que não provocassem fosse o que fosse que pudesse ‘alevantar a terra’, receoso, portanto, de que a tolerância nas ilhas tivesse sofrido alteração, iniciou as aproximações com o Aitão para negociações”. (…) “Veio visitar os navios um dos chineses, que estava eleito para Aitão. Devem ter inquirido cuidadosamente dos poderes que trazia para com ele poderem negociar. (…) .”
Satisfeita esta condição,’assentarem que era Capitão de Sua Alteza’, tiveram com Leonel de Souza .
G. Mesquitela refere ser o primeiro ponto difícil das negociações, a proibição imperial de negociar com os Fu Lan Ki, questão resolvida do modo mais inesperado para mentalidades ocidentais. “Assim para fazerem esta paz nos mudaram o nome de Franges que nos dantes chamavam a portugueses de Portugal e de Malaca (…) e passamos então a ser os Fan Ian, ‘os homens do Ocidente’, deixando de ser os Franges, ou Fu Lan Ki, nome que ainda hoje se mantém na proibição do Édito Imperial de 1522.
Ficava o outro ponto: a taxa dos direitos a pagar. O Aitão oferecia a aplicação da mesma taxa que era aplicada aos navios e mercadores do Sião, país tributário, a de 20 por cento. Os de Sião, navegam na China por privilégio d’ El Rei. Leonel de Souza não aceitou mais que 10 por cento. A maior dificuldade estava em que a alteração da taxa só podia ser concedida por Pequim, o que significava só se poder resolver o caso – e o acordo – no ano seguinte, e então, só Deus saberia se seria conseguido. O Aitão rodeou então a questão. O problema seria posto a Pequim para que tivesse decisão definitiva, como aliás veio a ter, aprovando a taxa de 10 por cento, a partir do ano seguinte. E, neste ano, pagariam os 20 por cento, mas apenas sobre metade das mercadorias. Assente a solução, o Aitão pediu a Leonel de Sousa que ‘mandasse fazer bom agasalhado dos mandarins que são como Desembargadores que os vissem fazer (os direitos) aos navios e que não olhasse que eram chineses senão as divisas e Armadas do Estado d’El Rey que traziam’ a fim de não se repetirem as causas que inicialmente tinham levado a perder as boas relações com os portugueses”.

Simão de Almeida

O Capitão-mor Leonel de Sousa e o haidão Wang Bo, (subintendente dos Assuntos de Defesa Costeira) realizaram o assentamento de 1553-1554, um acordo que permitia aos portugueses autorização para terem um lugar temporário, do qual dependia a viagem ao Japão e de onde se conseguia assegurar o comércio pacífico com a China. No Kwang Tung Chi, a História de Guangdong refere que “Ting Yi Chung, juiz do crime, se opusera à presença de navios estrangeiros no Kwang Tung, continua referindo que Wong Pak (Wang Bo) não teve sucesso quando tentou convencê-lo a permitir barcos europeus em águas chinesas. Pouco depois, porém, foi promovido ao posto de Comissário da Administração Civil, o que lhe deu a necessária autonomia para decidir conforme entendesse. E o cronista do Kwang Tung Chi indica claramente que um funcionário de alto grau permitiu aos portugueses que ancorassem em portos chineses”, segundo Mesquitela, que refere a seguir, ”Ainda Wong Pak nos aparece nesse ano de 1554 como nomeado pelo comandante-em-chefe do Kwang Tung, Pau Chan In, juntamente com Wong Pui e Mak Mang Yeung e outros, para capturarem os piratas Ah Pat que, com outros, infestava as águas do Kwang Tung.
Com esse acordo tornou-se possível aos portugueses ir a Cantão e ali legalmente negociar. Valeu-se Leonel de Sousa, como intermediário, de “um Simão de Almeida, homem honrado e cavaleiro”, que na China tem feito muita diligência, com “desejos de servir Sua Alteza. Por algumas obrigações do seu serviço que lhe pus diante foi sempre honradamente e veio à sua custa e até do que gastou. Soube que dera algumas dádivas a pessoas e oficiais do Aitão com quem negociou mais breve do que eu pudera fazer sem isso. Nem eu servira Sua Alteza como o servi se não fora sua ajuda e Conselho, porque eu tinha pouco cabedal para suprir, mais do que supri nem ele o quis de mim e disse sempre que se nisso servia a Sua Alteza, que dela queria o galardão e não doutrem”. Por estas razões, Leonel de Sousa recomenda Simão de Almeida para mercês reais “porque não é de Sua Alteza por exemplo dos que se acharem em partes tão remotas, que folgue de servir Sua Alteza com pessoas e fazendas como ele fez”.
Assim terá sido Simão de Almeida quem preparou Leonel de Sousa, para cuidadosamente observar os costumes chineses e as suas cortesias e .
Nas despedidas, o haidão chamou ainda a atenção a Leonel de Sousa, pois mercadores não negoceiam com as armas na cinta, que eles muito nos estranham e que assim lhes é muito defeso nas Cidades, que ninguém traz senão os que defendem na terra e guarda dos Oficiais”.
Nas feiras de Cantão, realizadas normalmente em Março e em Setembro, os comerciantes portugueses passaram a abastecer-se de seda que, depois de vendidas, tanto no Japão como na Europa, davam lucros astronómicos. A mercantil Companhia da Índia Portuguesa, fundada em 1549 com capitais da Coroa, passou a enviar ao Japão a Nau da Prata, como também era chamada a Nau do Trato (trato significava comércio). Era o capitão-mor dessas viagens, o representante em Macau do Rei e do Vice-Rei ou Governador da Índia Portuguesa, quando nos meses de monção, aí se encontrava à espera para seguir viagem. A monção no Mar de Bengala acontecia em Dezembro/Janeiro e no Pacífico em Junho/Julho, tendo as viagens isso em atenção.
Luís Gonzaga Gomes refere, a 15 de Janeiro de 1556 o “Governador da Índia, D. Francisco Barreto, iniciador do assentamento de paz entre os portugueses e os chineses, numa carta em que pedira que lhe fossem concedidas três viagens do Porto Pequeno de Bengala, em navio de sua Alteza, diz: ”. Mas, segundo refere o próprio Leonel de Sousa, .
Leonel de Sousa foi dos primeiros capitães-mor da povoação de Macau, quando em 1557, por duas vezes, aqui esteve com a nau ancorada, desde Julho de 1557 até chegar a monção em Junho do ano seguinte. Substituiu como capitão-mor Francisco Martins, que em Junho desse ano seguiu para o Japão.

9 Set 2016

Caverna de Kafka. Castelo de Platão

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á sempre aquela vista do castelo. De baixo para cima. O meu olhar esperançoso de que desta vez seja por uns tempos e que depois tudo. O tudo de sempre. Volte ao normal, por uns tempos, o normal de sempre. Avanço na direcção da porta. Do castelo. A porta ali ao lado, o castelo em frente, em cima.
Ai, ai ai, ai ai. Rola despedida curva abaixo. O castelo pelas costas. Casario acima. O calor a insuportar. A bandeira pendente.
Ai. Responde a caverna ao vento. Cidade acima, bandeira a adejar. Adejou e parou. Ai. Com um guincho de travões.
Take I – Travo a cadeira de rodas com um joelho e um canto da barriga, só um canto, para poder agarrar-lhe, para além da cadeira, os cotovelos. Inclinar-me para ela. Erguê-la. A cadeira escorada contra o carro de ladeira acima. Ou abaixo para ser optimista, ou, já não sei. Os cotovelos e deslindar-lhe os pés dos apoios para os pés. Que se levantam mas caem. Não encontro o travão da cadeira. Se calhar já não tem. Há um momento crucial em que, para dar o impulso de a entornar, quase assim, coitadinha da minha paciente sempre e sempre paciente em tudo isto, para o banco dianteiro do carro, me distraio do canto da barriga, do joelho na cadeira, e avanço o outro joelho em que quase sentada, há-de deslizar um pouco abruptamente para o banco. Enquanto a cadeira se solta e desenfreada descreve um curva vertiginosa em rota de colisão com a ambulância que avança entretanto numa correria desatada e uivante. Ao lado uns metros entre mim e o castelo, o segurança e um paramédico conversam da vida encostados a uma outra ambulância em repouso. Olham eles. Olho eu. Olho estarrecida, muda e estática a curva da cadeira. A ambulância que corre. A minha paciente que pesa e quase cai. A cadeira, que no seu desvario curvo, vence as leis normais da gravidade e sobe desvairada numa rota já escondida do olhar por detrás do carro. Os cotovelos da minha paciente, paciente, e o joelho a amparar-lhe as pernas vagas. Aterra no assento meio de lado. A ambulância pára mais à frente. A cadeira louca também. O segurança e o paramédico olham, eu olho. E disparato um pouco, alivio os fígados: pediu ajuda? Não, não pedi…
Sento-me no carro, aperto-lhe o cinto e digo-lhe qualquer coisa carinhosa. Respiro fundo, furiosamente. Eu respiro sempre fundo quando há tempo. Olho-a no seu alheamento paciente com desvelo. Porque é para além de tudo o mais. Mas um outro lado de mim, tem uma enorme vontade de rir com todo aquele potencial fílmico. A cadeira desvairada e a ambulância, em rota de colisão como nos desenhos animados. Mas o riso, fica um pouco lá atrás da melancolia de tudo.
Take II – Mais tarde na semana, o carro de ladeira acima, ou abaixo consoante a perspectiva. Os cotovelos, um joelho discreto a amparar a paciente, paciente, e outro a cadeira destravada, devia ter um travão mas se calhar já não tem, e o canto da barriga a ajudar. A paciente entornada com a delicadeza possível no banco dianteiro do carro. O joelho a prender a cadeira que gira um pouco sobre si própria, teimosa e impaciente, a querer libertar-se. Fechar a porta. Suspirar fundo e olhar em volta a querer exibir um ar triunfante. Talvez mesmo um sorriso. Ninguém. A observar, a ajudar. Isto correu bem. Devolver a cadeira.
Take III – A mesma cena, só que sem paramédicos, ambulância, segurança, cadeira de rodas, paciente. Na verdade a única coisa em comum é o carro de ladeira acima, com a patinha quase a descambar na valeta com sarjeta abismal, porque o segurança diz sempre encoste o mais à esquerda possível, e o nariz bem encostado ao sinal de sentido proibido, porque o segurança diz sempre encoste o mais possível ao sinal. Fecho a porta do carro de ladeira acima e de monco caído. Eu. O carro também por empatia. Não há cadeira tonta, não há paciente, paciente. Nada. Ficou lá. Para ir logo se vê para onde. De resto só aquela figura que diz, monstruosa, o preto, o macaco que está ali, o segurança. Um outro, neste caso. Mais nada. Devia disparatar de dentro para fora, mas estarreci e engoli em seco, como antes, a olhar para a cadeira, e um pouco reduzida a metade de mim, no dia longo. Desculpem-me todos os que leram aquela frase. Sim, não é que me choque mais a cru, é que me sinto morrer mais um pouco. Este humano demasiado humano. O excesso de realidade nos momentos limite. Hospitais devolvem qualquer um ao seu interior nem sempre belo. Mas há momentos feios de morrer. Lá fui de monco caído, como disse. No sentido contrário ao do castelo. Aliviada. Descansada. Ou não. Quase a antever a saga do cobertor azul. O pico anedótico dos episódios seguintes.
Grande plano final – E depois, aquela arrumação provisória de um trecho de vida a recobrir de qualquer outra coisa que distraia, que faça esquecer até amanhã. Fechar uma gaveta e abrir uma outra de onde se evole uma possibilidade de conforto. Voltar a casa. De caminho uma passagem rápida no supermercado. Uma daquelas latas do costume porque tenho a impressão de que ontem ainda não jantei. E num gesto compulsivo agarro com o mesmo desespero que a uma boia de salvação, um pé de orquídea. Minto, dois, na realidade três, pés de orquídeas. Phalaenopsis floridas, delicadas naqueles tons de branco a esverdear e olhos amarelos. E uma, branca mesmo, de olhos purpura, e a imperfeição de um sinal da mesma cor numa única pétala de cada flor. Como um pequenino borrão de tinta. Um sinal curioso e assimétrico de imperfeição. Como aquele sinal do meu pai. Negro e saliente sobre o canto do lábio superior. Não me lembro de que lado. E que os fotógrafos retocavam sempre, a fazê-lo desaparecer como marca de imperfeição. Havia um único retrato dele em que isso não aconteceu. Não lembro qual. Por aí no baú, tenho que o encontrar, mas não agora. E ela rebelava-se tanto. Gostava daquele sinal. Adorava vê-lo inteiro em cada retrato.
Flashback – Durante mais de dez anos nunca lhe falhámos um domingo. A meio da tarde, fizesse o tempo que fizesse. Até quando a ela já lhe custava muito percorrer aqueles passos. Limpar o mármore. Arranjar as flores frescas na jarra. Conversar sucintamente sobre a composição do ramo. Retirar um pé aqui e pôr ali. Ramos de folhagem recém colhida. Sempre variadas e naquela mistura aleatória de que ele gostava. E da quinta, para lhe serem mais próximas. Algumas plantadas por ele. Ainda. Depois ficávamos um pouco em silêncio. Cada uma no seu. Ou a falar com ele, talvez. E íamos. Mais adiante virávamo-nos sempre, mas sempre, para trás a ver como estava. A jarra. Só dizíamos coisas como hoje ficaram bonitas. Estão bem presas, não vão voar com o vento. Está bem. Hoje ficou bem. Quando deixei de poder ir com ela, deixei de ir. É uma dupla mágoa. Ela a limpar com o lencinho o rosto de esmalte da fotografia. Naquele gesto eterno das viúvas. A minha avó fazia o mesmo. Eterna saudade. Escrevemos-lhe. Sim.
E eu levo-as para casa, as orquídeas. Que mesmo em sombras delicadas na parede, me confortam. Junto-as num único vaso branco, na necessidade urgente de afogar os olhos nelas. O desvio. E deixá-las inundar-me com o animismo daqueles olhares benévolos. Encontrar a doçura possível do dia. Como elas, as flores, com uma marca de imperfeição. Mas é assim a vida. Zoom out.
E, pensando em filmes, só me lembro da cena final de “E tudo o vento levou”, com Scarlett O’Hara, personagem talvez por vezes um pouco tonta, mas corajosa, a dizer esse monumental estereotipo: “amanhã é outro dia…” E é… Acordar. Zoom in sobre um copo bonito de sumo de laranja e começar o dia com uma cor veemente…escrever cartas de amor, talvez, sei lá…e o que fôr. E depois.

9 Set 2016

GP | Stuart Easton e Michael Rutter juntos em Macau

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] BMW tem a particularidade de ser o único construtor que se pode gabar de ter vencido no Circuito da Guia tanto em carros como em motos. Depois de décadas em que a BMW coleccionou triunfos na Corrida de Guia e escreveu um pouco da história no automobilismo do Sudeste Asiático, o construtor alemão que tem as suas origens na indústria aeronáutica venceu pela primeira vez o Grande Prémio de Motos de Macau o ano passado, graças a uma performance imaculada do até aqui quase desconhecido inglês Peter Hickman. E este ano, altura em que a prova comemora o seu quinquagésimo aniversário, a BMW arrisca-se a repetir o feito. Isto porque, além da supremacia das suas máquinas, a BMW terá uma dupla de peso a representá-la que soma entre si, nada mais, nada menos, que doze triunfos na prova.

Stuart Easton, quatro vezes vencedor da prova, assinou com a Bathams SMT BMW e fará com Michael Rutter uma das duplas mais fortes da 50ª edição do Grande Prémio de Motos de Macau. Antes, Easton fará três provas do campeonato inglês Pirelli National Superstock, onde Rutter tem participado, como preparação para a duríssima prova de Macau. Aliás, antes mesmo da separação da ePayMe Yamaha, a sua antiga equipa, Easton já tinha acordado com a equipa de Robin Croft para correr na RAEM em Novembro.

“Tendo um acordo para competir de Superbike desde o Grande Prémio de Macau do ano passado, eu mantive o contacto regular com o  Robin e a equipa”, assegura o escocês, que reconhece que “precisa de milhas antes de Macau” e precisa de se habituar à BMW porque nunca conduziu  uma antes. “Portanto competir nestas três provas em três dos meus circuitos favoritos é uma oportunidade para mim. Eu tenho visto o que o Michael tem andado a fazer na classe Superstock, portanto quando o Robin me colocou à frente esta oportunidade, eu pensei que seria algo de muito bom para mim e ajudará a voltar a colocar-me um sorriso na face”, frisa.

Ironicamente, as BMW de Easton e “The Blade” vão ter pela frente, entre outras, a oposição da Kawasaki de Hickman. As inscrições para o Grande Prémio de Motos de Macau terminam esta sexta-feira, mas a lista oficial de inscritos só deverá ser dada a conhecer em Outubro.

Nada de especial

A BMW S 1000 RR é uma moto de sucesso em quatro continentes e não é por acaso que há 250 equipas em todo o mundo a utilizar as motas germânicas, tanto em provas de pista, como em provas de estrada. Sobre a presença em Macau em Novembro, fonte oficial da BMW Motorrad Motorsport afirmou ao HM que estar “muito orgulhosos do resultado do ano passado e, claro, ansiosos pela edição deste ano”.

Contudo, o construtor da Baviera não tem planos para organizar qualquer evento especial durante o evento da RAEM, pois “não existe nenhum envolvimento da BMW Motorrad e, como tal, não há qualquer evento especial marcado para a prova”. Porém, o departamento de competição vai “apoiar, via os nossos engenheiros e técnicos do departamento BMW Motorrad Motorsport, as equipas privadas que competirem em Macau”. Pois para a casa alemã “isto faz parte da estratégia a longo prazo da competição-cliente”.

Também nos GT

Depois de uma aparição discreta em 2013, numa parceria com uma equipa privada de Taiwan que não correu tão bem como certamente gostaria, o ano passado a BMW não arriscou participar na Taça do Mundo FIA de GT. Porém, este ano a marca bávara irá regressar à RAEM. A equipa alemã ROWE Racing irá participar com dois BMW M6 GT3, graças ao patrocínio da empresa chinesa de sistemas de armazenamento de energia CATL.  “Para nós (BMW), é particularmente especial aparecermos com um parceiro asiático tão forte na final de GT em Macau”, disse Jens Marquardt, director desportivo do braço automóvel da BMW. O construtor alemão não revelou ao público quem serão os seus dois pilotos, mas o construtor bávaro conta nas suas fileiras com dois especialistas lusófonos do Circuito da Guia, como são o português António Félix da Costa ou o brasileiro Augusto Farfus.

9 Set 2016

Chen Yu Chia, nadador de Macau, já está nos Paralímpicos do Brasil

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau vai estar representado nos Jogos Paralímpicos Rio2016, que arrancaram ontem, por um atleta que vai competir em duas provas de natação. Chen Yu Chia, de 18 anos, partiu para o Rio de Janeiro no sábado, sem que tenha havido, porém, uma cerimónia oficial pública de despedida com o Chefe do Executivo, Chui Sai On.
Em 2012, à partida para os Jogos Paralímpicos Londres2012, Fernando Chui Sai On presidiu a uma cerimónia de despedida da delegação desportiva, à qual entregou a bandeira da RAEM.
O mesmo sucedeu quatro anos antes, com o anterior líder do Governo, Edmund Ho, que apresentou os cumprimentos oficiais à missão enviada a Pequim2008.
Questionado pela agência Lusa por que razão não houve uma despedida formal por parte do Chefe do Executivo da delegação que vai representar a RAEM, o seu gabinete respondeu que o Secretário da tutela manteve um encontro com a delegação ao Rio2016, na passada sexta-feira, dia 2, “em representação do Governo”.
O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, reuniu-se com a delegação desportiva (composta pelo atleta, treinador e chefe de missão), mas não se tratou de uma cerimónia pública oficial.
“Isso corresponde a diversas ocasiões anteriores de despedidas a atletas, quando foi o mesmo Secretário a representar a RAEM”, acrescenta a mesma resposta escrita.
A comunicação social não foi, contudo, convocada para o encontro, ficando apenas a saber-se do mesmo por via de uma fotografia e de um comunicado publicado em Chinês.
Macau não pertence ao Comité Olímpico Internacional (COI), ao contrário da vizinha Hong Kong, pelo que não participa nos Jogos Olímpicos. Contudo, tem sido presença assídua nos Jogos Paralímpicos. Desde a estreia, em 1988, em Seul, aliás, com a maior delegação de sempre, Macau enviou sempre atletas, embora nunca tenha conquistado medalhas.
Chen Yu Chia, que chegou aos Jogos Paralímpicos Rio2016 a convite, vai competir em duas provas nas categorias S14 e SM14, reservadas a nadadores com deficiência intelectual. Os Jogos Paralímpicos decorrem até 18 de Setembro.

9 Set 2016

Péssima experiência de reciclagem? Não, ainda pior

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão é novidade que, em Macau, o tratamento do lixo não é bem feito e acho que já nenhum residente estranha a super baixa taxa de reciclagem de materiais essenciais, como o papel, o plástico, o vidro e o metal. É que, como quase todos consideram que não fazer reciclagem é algo muito comum aqui, o caminho acaba por ser esse: a população prefere não ser amiga do ambiente.
Mas a péssima situação no território não se deve simplesmente à falta de consciência das pessoas. É um problema crítico que tem responsabilidades de vários lados. A Direcção de Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) só faz promoção: é do uso de transportes públicos e menos carros privados, de prémios de hotel verde, prendas por sorteio a quem não usar saco plástico quando fizer compras, é organizar visitas à zona ecológica em Cotai… Porque não colocar, simplesmente, mais caixotes para facilitar a vida aos cidadãos que queiram fazer reciclagem?
Talvez porque os chamados “pontos de recolha pública de recursos residuais” sejam da responsabilidade do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), entidade que não tem competência para avançar com uma protecção ambiental mais séria. Essa missão deveria ser da DSPA.
Uma pesquisa no site do IACM mostra que, de facto, existem mais de 200 pontos de reciclagem em toda a cidade. Como é que não é suficiente? Eu tento explicar, até porque isto que vou contar já me aconteceu: estive na futura biblioteca do Patane e queria encontrar um ponto de recolha de recursos residuais por perto. Só consegui depois de subir até à praça em frente ao Jardim de Camões, ou andando cerca de 600 metros até à Doca do Lam Mau ou Bacia Norte do Patane. Se os materiais que quisesse reciclar fossem muitos e pesados, não teria a mínima vontade de andar a pé até lá. A minha intenção de fazer reciclagem foi completamente destruída. Não percebo porque é que o Governo não pode pôr pontos de reciclagem em todos os pontos de recolha de lixo.
Mas a péssima experiência de reciclagem em Macau não acaba aqui. Uma mulher de Taiwan que tinha o hábito de fazer reciclagem e que vive, agora, em Macau partilhou a sua experiência “incrível” na página do Facebook “Nickie in Macau”.
Será que algum leitor sabe onde se pode fazer reciclagem de pilhas no território? Sim? Não? Esta taiwanesa também não e, por isso, questionou a DSPA. “Para a reciclagem de pilhas, deve deslocar-se à Estação de Tratamento de Resíduos Especiais e Perigosos, ao lado da Central de Incineração de Resíduos Sólidos. É preciso reservar antes de se deslocar”, respondeu uma funcionária.
O quê? A compra de pilhas é tão fácil mas os cidadãos precisam de ir ao Pac On fazer reciclagem? O Governo considera que um residente normal prefere ir até lá do que deitar pilhas num caixote de lixo que está ao lado de sua casa? Penso que isto é uma grande vergonha para Macau face ao que se passa no estrangeiro.
Além disso, todos os anos, quando se aproxima o Ano Novo Chinês, o IACM apela aos cidadãos a não deitarem as mobílias de grande dimensão ao lado de pontos de recolha de lixo, mas sim a chamar um camião ou a Companhia de Sistemas de Resíduos (CSR) para transportar estes móveis à Central de Incineração de Resíduos Sólidos. Sim faz todo o sentido, mas duvido se a maioria de residentes tem conhecimento disso e, mesmo que saiba, no ângulo de um cidadão comum, quem não quer mudar de coisas velhas para novas o mais rápido e barato possível? Quem é que prefere pagar para as coisas que já não precisa, em vez de as deitar fora, no lixo normal?
O lixo aqui está sempre em fase de estudo. Depois de estudos sobre a cobrança de resíduos de construção e de sacos de plástico, agora o Governo continua a pagar milhões a outros para fazer estudos sobre a cobrança de lixos domésticos. Não posso dizer que fazer estudos não é útil, e inclusive a ideia de cobrança de lixos domésticos é prática e já foi apelo de grupos de protecção ambiental. Mas irrito-me com o baixo nível de Macau, com o dinheiro constantemente gasto e que não chega a nenhuma conclusão. É como o deputado Ng Kuok Cheong costuma dizer: “Um parvo com tanto dinheiro.”

9 Set 2016

Qiu Ju e os outros

[dropcap style≠’circle’]1.[/dropcap] Uma mulher grávida, muito grávida, uma camponesa pobre, muito pobre, à procura de justiça numa China rural, em nome de um marido agredido e injustiçado. Da aldeia para a vila, da vila para a cidade, as escadas todas de um sistema burocrático, uma China surda e muda, uma China com dificuldades em aceitar queixas, em tratar queixas, em reconhecer que erra. O filme é de 1992, é de um Zhang Yimou com Gong Li mas sem cenários vistosos, tem um final mais ou menos feliz, e vi-o pouco tempo depois de ter chegado a Macau, ainda em VCD, formato entretanto falecido.
Lembro-me da história de Qiu Ju com frequência. Há uns dias, lia uma notícia sobre um relator das Nações Unidas que apontava à China o grande pecado de não ser capaz de lidar com estruturas intermédias entre a população e as autoridades, estruturas que possam gerir queixas e críticas.
O relator – que apresentava as conclusões do trabalho que fez ainda a título provisório, porque o documento final só vai ser conhecido para o ano – condenava também a opacidade da China, a impossibilidade de se movimentar no país sem a companhia de representantes do poder, as encenações que viu (e que não o convenceram) de uma impossível harmonia entre etnias, entre estratos sociais, entre quem manda e quem responde às ordens. Deixou ainda um aviso sobre os males que virão das novas regras para as organizações não-governamentais, exemplos das tais estruturas que, não sendo povo nem poder, tocam num e no outro para – se quiserem – poderem ser intermediárias dos interesses de ambos.
Tudo isto a propósito das eleições legislativas de Hong Kong. A antiga colónia britânica é um caso sério há muitos anos, é uma coisa fora dos padrões a que estamos acostumados deste lado, neste pedaço de terra. Hong Kong é muita gente, é muitas coisas, é muita pobreza que não se vê nas idas às compras e nos espectáculos e nas saídas nocturnas e nas fugas à rotina que todos nós vamos fazendo. Hong Kong é muito descontentamento social, é uma grande incapacidade de lidar com o que a história lhe reservou, não é uma história bonita de amor, uma transferência de poder emocionada. Hong Kong é para quem percebe de Hong Kong.
De fora, a sensação de que a relação da China com Hong Kong fica sempre marcada pela crítica, pela incapacidade de gestão dos críticos, dos descontentes. Em certa medida – e com as devidas diferenças – a mesma dificuldade que temos por cá de cada vez que há certas contestações sociais: empolga-se o que não deveria ser empolgado, dá-se protagonismo a quem o procura, faz-se a vontade porque não se sabe encaixar a diferença de pensamento e de acção na prateleira certa. Ao longe, é isso que está (também) a acontecer em Hong Kong: uma China que se crispa quando as coisas lhe escapam, uma China que ainda tem de aprender a ser criticada, dentro e fora de portas, que seja capaz de dar resposta a uma classe média que, depois do dinheiro, vai querer outra coisa qualquer e não vai ficar calada se não a tiver.

2. Por cá, mais do mesmo. Ficámos esta semana a saber que os radiotáxis vão sair à rua só no próximo ano, no primeiro semestre, e vão ser só 50, não 100 como nos tinham prometido. Os outros 50 têm um ano para começar a operar, a contar do dia em que os primeiros começarem a transportar clientes. Dizem-nos que vai ser um serviço bonito de se ver, impecável, cheio de tecnologias. Sucede que aparece dois anos e meio depois de o outro serviço de radiotáxis ter guardado as viaturas na garagem.
Quem percebe de concursos públicos e afins dir-me-á que faz parte, que estas coisas são difíceis, que demoram o seu tempo. Eu não percebo nada de concursos públicos e não quero perceber. Mas entendo das dificuldades em apanhar um táxi, do tempo de espera por um autocarro, da impossibilidade em estacionar um carro nos mais variados pontos da cidade. Percebo ainda do descontentamento – que é meu também – das pessoas que aqui vivem, que têm de ir trabalhar todos os dias, de levar os miúdos à escola, regressarem a casa com os sacos das compras, nos solavancos apertados dos autocarros, com a multa da polícia na carteira porque se deixou o carro parado durante cinco minutos à porta da farmácia.
Percebo ainda qualquer coisa sobre os tempos da comunicação: em semana de fim de Uber – alternativa de muito boa gente nos últimos meses para a garantia de alguma normalidade no quotidiano – não cai bem anunciar que os novos táxis chegam para o ano, um anúncio feito nove meses depois da abertura das propostas. Provavelmente a intenção era fazer passar a ideia de que as coisas vão mudar, de que não tarda nada até vai ser possível chamar um táxi, qual Uber qual carapuça, os futuros táxis é que vão ser, Macau cidade internacional e de lazer.
Entre um guarda-chuva molhado e um autocarro à pinha, numa fila de carros que não andam, entre a casa e o trabalho, fica a Macau surda e muda que não responde à crítica, na incapacidade de perceber que, tal como a Qiu Ju do filme de Zhang Yimou, as pessoas comuns, as que andam por aí na rua, só querem mesmo é ter uma vida mais ou menos tranquila e organizada. Feitas as contas, um final pouco feliz, mas vai tudo dar ao mesmo e não faz mal, que amanhã é outro dia.

9 Set 2016

Ambiente | Falta fazer quase tudo em termos de legislação

Falar da legislação ambiental na RAEM é sinónimo de falar de leis obsoletas implementadas, na sua maioria, nos anos 90. Especialistas defendem a necessidade não só de uma política ambiental mas de leis que promovam uma maior eficiência energética e uma melhor mobilidade

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]inda Vasco Rocha Vieira era Governador em Macau quando a Lei de Bases do Ambiente foi implementada. Estávamos em 1991 e o diploma visava definir “o enquadramento geral e os princípios fundamentais a que deve obedecer a política de ambiente no território”. Olhando artigo a artigo, a lei dizia ainda que o Governador deveria apresentar “em cada ano à Assembleia Legislativa (AL) um relatório sobre o estado do ambiente do território referente ao ano anterior”.
Anos depois, a mesma lei continua em vigor, sem uma revisão, e sem que o Chefe do Executivo apresente anualmente um relatório ambiental ao hemiciclo. Olhando para a maioria dos diplomas em vigor na área do ambiente, são ainda decretos-lei dos anos 90, sendo parcas as normas aprovadas após a transição. (ver quadro)
Maura Capoulas Santos, especialista em Direito da Energia, aponta sobretudo a existência de um vazio legislativo em termos de mobilidade eléctrica e eficiência energética. “A RAEM, tanto pela sua dimensão como pela densidade urbana, é um dos candidatos ideais para a mobilidade eléctrica”, disse ao HM. “Esta aposta exige uma forte coordenação e articulação entre as políticas públicas de energia, clima e mobilidade. Será necessário delinear um plano estratégico integrado que actue a vários níveis, um verdadeiro programa para a mobilidade eléctrica.”
Para a consultora em Direito da Energia, é necessária uma “criação de incentivos para a aquisição e utilização dos veículos eléctricos”, “o desenvolvimento e introdução de um sistema de carregamento dos veículos eléctricos”, com uma “rede de carregamento integrada”, e ainda “a garantia de um regime de universalidade e equidade no acesso aos serviços de mobilidade eléctrica”.
É, por isso, necessário que exista “um verdadeiro plano estratégico e da criação do enquadramento legal e do regime regulatório adequados”.
As medidas que Maura Capoulas Santos considera serem fundamentais continuam sem existir. Nas últimas semanas o Governo decidiu colocar nas estradas dois autocarros eléctricos a título experimental, mas não há sequer um calendário para a sua implementação a larga escala ou um plano concreto para a instalação de estações de carregamento pelo território.
Ao nível da eficiência energética, Maura Capoulas Santos considera que é uma “área crucial”, sobre a qual o Executivo tem feito “um esforço na implementação de algumas medidas”, como a “mudança de comportamentos ao nível doméstico”.
Contudo, é preciso que o Governo “acelere este processo, dando o exemplo de redução dos consumos nos edifícios públicos, através do desenvolvimento do sector das empresas de serviços energéticos, potenciando a criação de um verdadeiro mercado de serviços de energia com elevado potencial”.
Maura Capoulas Santos considera que “têm de ser criadas condições para que as empresas de serviços energéticos possam florescer”. “Tal implica a criação de um regime jurídico adequado e de um sistema de incentivos eficaz.”

Território sem política

Para António Trindade, CEO da CESL-Ásia, o que falta sobretudo é a existência de um rosto que lidere uma política ambiental, para além da legislação existente. “Faz falta uma liderança ambiental, como tal não vai haver uma legislação específica e se houver serão leis avulsas, porque ninguém assume essa liderança. Não faz sentido de falar de legislação avulsa enquanto não houver uma liderança instituída, credível, reconhecida e aceite no âmbito da política ambiental”, disse ao HM.
A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), actualmente dirigida por Raymond Tam, ex-Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), já admitiu a possibilidade da Lei de Bases do Ambiente vir a ser revista, mas não mais se ouviu falar do assunto. Há seis anos foi concluída a consulta pública sobre o “Quadro Geral do Planeamento Conceptual da Protecção Ambiental de Macau (2010-2020)”, cuja implementação continua a ser estudada.
Para Maura Capoulas Santos, “a ausência de orientação em matérias de política de mobilidade sustentável e de legislação é incompreensível e tem-se revelado muito prejudicial para o ambiente e para as populações de Macau”.
“Note-se que o sector dos transportes é o mais poluente e a mudança de paradigma para o carro eléctrico – à semelhança do que já sucede nalguns países – é a resposta lógica e racional. A RAEM não deve perder mais tempo e deve aproveitar o facto de ter boas condições para implementar um verdadeiro plano de mobilidade sustentável”, acrescentou.

Legislação ambiental em vigor

Decreto-lei de 1986 (regula a Convenção do comércio internacional das espécies da fauna e flora selvagens em extinção. A AL está analisar na especialidade, desde Abril deste ano, a proposta de Lei de execução da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção)

Decreto-lei de 1999 (determina a reserva total em Coloane, a ser usada pelos já extintos Serviços Florestais e Agrícolas de Macau. A primeira vez que esta reserva foi definida foi em 1981)

Lei de Bases do Ambiente (1991)

Decreto-lei de 1995 (implementa as medidas de controlo de substâncias que empobrecem a camada de ozono)

Decreto-lei de 1996 (regulamento das águas e drenagem das águas residuais de Macau)

Decreto-lei de 1997 (regulação da proibição de lançar ou despejar substâncias nocivas nas áreas das jurisdições marítimas)
Despacho de 2012 (normas ecológicas de emissão de gases poluentes para automóveis ligeiros novos)

Regulamento administrativo de 2012 (determina os limites da emissão de gases de escape de veículos aquando da sua importação)

Regulamento administrativo de 2014 (estabelece os limites de emissão de poluentes atmosféricos e normas de gestão de instalações dos estabelecimentos industriais de produção de cimento)

Regulamento administrativo de 2015
(estabelece o regime de gestão de deposição do material dragado no mar”

Regulamento administrativo de 2016 (normas de gasolina sem chumbo e gasóleo leve para veículos)

8 Set 2016

Chui Sai On vai a Portugal sem Secretários na comitiva

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, desloca-se a Portugal sem levar outros membros do Governo. É o que avança a Rádio Macau, que diz que o líder da Administração vai apenas com a chefe de Gabinete, O Lam.
A três dias de sair de Macau rumo a Lisboa, são poucas as informações face à deslocação oficial. As comitivas de Chui Sai On integram sempre Secretários e a última visita oficial, relembra a rádio, contou também com representantes da Assembleia Legislativa.
Questionado pelo HM, o Gabinete do Porta-Voz do Governo não foi muito esclarecedor. Apesar deste jornal querer saber o motivo por que Chui Sai On vai apenas com O Lam, até porque a notícia avançada pela rádio indicava já isso mesmo, a resposta foi parca.
“A lista da delegação oficial será publicada em breve. Até então, agradecemos a sua paciência.” Apesar de termos insistido, nada mais adiantou o Governo.
O Chefe do Executivo parte de Macau no sábado, dia 10, e regressa a 15, sendo que, em Portugal, vai presidir a reunião da Comissão Mista Macau-Portugal, juntamente com o Ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. O líder do Governo tem ainda encontros marcados com o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa e com o primeiro-ministro António Costa.

8 Set 2016

Wong Sio Chak nega actos ilegais no combate à Uber

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Uber voltou a ser assunto, desta feita com as acções de inspecção que envolvem a consulta dos telemóveis dos motoristas suspeitos de transporte ilegal. As questões foram colocadas após a cerimónia de tomada de posse do novo director dos Serviços Correccionais (DSC), Cheng Fong Meng. A situação em causa tem a ver com a solicitação do telemóvel de um motorista em concreto pela polícia, que queria verificar se este desempenhava uma actividade ilegal.
O Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, responde que “todos os actos levados a cabo pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública foram feitos conforme a lei” e que, “naturalmente, quando há indícios que o telemóvel do condutor contenha informações, depois do consentimento do motorista, [este se] inspecciona”.
Apesar da justificação do modus operandi dos agentes fica a afirmação de que “caso o motorista não concorde pode fazer queixa junto das autoridades”.
Em causa estão queixas efectuadas relativamente a este tipo de casos a um canal de rádio enquanto situações de abuso de poder. O caso particular em questão é também referente a uma situação em que o motorista já tinha, no passado, desempenhado funções na Uber, sendo assim “um suspeito”.
Outra preocupação manifestada por Wong Sio Chak foi relativa à segurança dos agentes da polícia. “Este trabalho não é seguro porque os agentes inspeccionam os carros nas ruas e por isso preocupo-me com a sua segurança.” Por outro lado, “só correndo riscos é que as Forças de Segurança podem combater os transportes ilegais”, justifica o Secretário.

8 Set 2016

SS analisam mais de 70 pedidos para construção de salas de fumo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) autorizaram a construção de mais de 80 salas de fumo de 2014 até ao final de Julho e estão a analisar mais de 70 novos pedidos. É o que responde o organismo a uma interpelação da deputada Ella Lei, que indicava ainda que, em média, houve cerca de 46 acusações mensais de violação à Lei do Controlo do Tabagismo nos casinos, só na primeira metade do ano.
Além das 86 salas autorizadas desde a entrada em vigor da lei até Julho, os SS ainda estão em processo de autorização para a construção de outras 73 salas, para 21 casinos diferentes. A medida, dizem os SS, mostra que está a ser “executada com rigor” a Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo, que prevê que, desde Outubro de 2014, seja proibido fumar nas áreas comuns dos casinos e que as operadoras tenham de requerer autorização para a instalação de novas salas de fumo.
Até ao início do mês de Julho, segundo os dados fornecidos pelos SS na resposta à interpelação da deputada, entre as 83 salas autorizadas, a maioria fica nas áreas comuns de jogo e três salas ficam na zona de apostas elevadas.
Os SS garantem estar a implementar a política do controlo de fumo “rigorosamente”, sendo que continua a realizar inspecções conjuntas com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) em datas aleatórias e sem aviso às operadoras. No primeiro semestre, a frequência destas inspecções subiu a 240 vezes, tendo sido registadas 277 violações por fumar ilegalmente. A linha directa do controlo de fumo dos SS recebeu também 561 queixas dos casinos e 90% delas já foram transferidas à DICJ.
A deputada relembrava o caso do MGM, que instalou salas de fumo sem autorização alegadamente encobertas como “salas multifuncionais”. O organismo diz que o caso já foi investigado e que, numa inspecção surpresa, os SS e a DICJ conseguiram detectar nove pessoas que violaram a lei, ao mesmo tempo que o casino tinha ainda sinais de proibição de fumo que não estavam visíveis. A operadora é suspeita de ter violado a lei e, segundo os SS, o caso já entrou em processo jurídico.

8 Set 2016

TaxiGo | Empresa garante que não divulga dados e quer apenas “ajudar”

Apesar das Políticas de Privacidade dizerem o contrário, quem descarregar a app TaxiGo vê que são apenas pedidas três coisas: nome (que pode ser fictício), telefone e género. É o que garante a empresa, que diz só estar a tentar ajudar a melhorar o serviço de táxis do qual toda a gente se queixa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] TaxiGo garante que não divulga dados pessoais dos utilizadores a terceiras entidades, até porque poucos dados pede assim que a aplicação é descarregada. É o que assegura Kyle Ho, Chefe do Departamento de Estratégia da empresa, ao HM, depois de confrontado com a polémica em torno das Políticas de Privacidade da nova aplicação que serve para chamar táxis.
A introdução da app no mercado tem vindo a levantar rumores por dois principais motivos: um deles é o facto das Políticas de Privacidade, na versão inglesa, mostrarem que a empresa “pode divulgar a terceiros dados e informações fornecidas pelo passageiro e não se limitando estes ao seu nome completo, apelido, localização, telefone e foto de perfil”. taxi_SEM CREDITOS
Confrontado com o problema, o responsável clarifica: “se as pessoas realmente se registarem como passageiros da TaxiGo vão perceber que as únicas coisas que pedimos é o telefone, um nome e o género. O nome, por exemplo, pode ser uma alcunha, como ‘Mr.K’. Serve apenas para que o taxista possa adereçar a pessoa quando lhe liga. Não há número de bilhete de identidade, não há endereço de email, nem fotografia. Até porque não é possível enviar fotografias pela app. Por isso não compreendo porque é que as pessoas estão a atacar desta forma”, diz, acrescentando que o endereço é dado apenas quando táxi é chamado.
Confrontado com o facto de que as pessoas se baseiam nas Políticas de Privacidade para “atacarem” a app, Kyle Ho não descura que pode vir a corrigir esta situação no site, mas explica que foi “o departamento legal” da empresa quem as fez.
Ho admite ainda que há dados que pode vir a utilizar, mas que são as horas e as áreas em que são necessários mais táxis, “como estatísticas para melhorar o serviço”.
A Uber utiliza Políticas de Privacidade ligeiramente semelhantes, pedindo até mais informação. Por exemplo, a operadora recolhe “nome, email, número de telefone, código postal, método de pagamento, fotografia de perfil” e admite que pode usar dados fornecidos pelo passageiro para campanhas de publicidade. Fala ainda em fornecer dados às autoridades no caso, por exemplo, “considerar que houve violação da lei”.

Quem és tu?

Outra das questões prende-se com ataques, maioritariamente no Facebook, de que a aplicação é permitida quando a Uber não era. Motivo que levou até, segundo Ho, a ataques pessoais de pessoas “ligadas” à empresa de transporte privado que vai deixar Macau amanhã. Mas a aplicação TaxiGo não é semelhante à Uber: enquanto a nova app faz uso de táxis já licenciados que a ela se queiram associar – não detendo qualquer carro -, a Uber entrou ilegalmente no mercado e manteve-se ilegal, detendo não só a aplicação, mas também carros com motorista. Assim, e como explica um advogado ao HM, que preferiu manter-se no anonimato, uma coisa nada tem a ver com a outra.
“As pessoas estão a fazer uma grande confusão ao atacar a TaxiGo. Isto é uma aplicação que pode ser inspirada na Uber, mas que é apenas isso: uma app. Não é uma empresa detentora de carros privados. E não foi, certamente, por causa dela que a Uber foi punida pelo Governo, ao mesmo tempo que dizer que ‘ai, o Governo permite esta e não permitiu a Uber’ é errado. A Uber sempre actuou de forma ilegal. Isto é como se fosse uma aplicação para pedir comida num restaurante. Está legal e usa ‘restaurantes’ que a ela se associaram voluntariamente.”
A empresa tentou ficar com as licenças especiais de táxis, tendo-se candidatado ao concurso público e sido desqualificada por falta de documentos e também se inspirou na Uber para se ficar apenas pela app. Como explica Kyle Ho ao HM, também ele era “utilizador da Uber”. A aplicação estava também incluída na proposta de ficar com as licenças especiais, mas como a empresa não conseguiu, optou por avançar apenas com a app. Kyle Ho explica a razão, ao mesmo tempo que admite que tem vindo a ser atacado por associações ligadas aos táxis.
“Sou um jovem empreendedor e estou apenas a tentar mudar algo. Já recebi chamadas de taxistas a insultar-me, a dizer ‘vai-te f****, a acusar-me que estou a recolher dados para dar ao Governo sobre taxistas [que se portam mal]. Mas não. Foi algo que eu criei. É uma aplicação que pensei que iria ajudar a sociedade, porque todos nós nos queixamos do serviço de táxis. Tentei a Uber e gostei. E acho que as coisas boas podem ser utilizadas, daí ter criado uma app como esta”, frisa.
Em resposta ao HM, o Gabinete de Protecção de Dados Pessoais também disse não ter recebido qualquer notificação por parte da TaxiGo relativa à recolha e tratamento de dados pessoais. Diz estar a acompanhar o caso. Ao que o HM apurou também não feita qualquer queixa sobre utilizadores da app, apesar de serem vários os residentes que se recusam a fazer o download por este motivo.
A app em inglês já se encontra disponível na Apple Store. O HM experimentou-a e verificou que não há, de facto, pedidos de mais informações além do nome, género e número de telefone.

8 Set 2016

Palácio Imperial | Governo não vai interferir nas disputas comerciais

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]se Heng Sai, vice-directora da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), confirmou que o Governo não vai interferir no caso do Hotel Palácio Imperial Beijing, tratando-se de um caso que deverá ser resolvido em tribunal. O caso remete para acusação de fraude pelo hotel, denúncia que partiu de associações turísticas.
“Estamos a seguir o procedimento normal e vamos tomar uma decisão de acordo com a decisão. Não há mais a acrescentar”, disse Tse Heng Sai, citada no Jornal do Cidadão.
O grupo, auto-intitulado Aliança das vítimas do Hotel Palácio Imperial Beijing, denunciou na segunda-feira a suspeita de que a empresa responsável pela gestão da unidade hoteleira tenha cometido fraude. O grupo fez chegar a denúncia ao Ministério Público, já que dizem que contactaram mais de 30 trinta agências de viagem de Macau, da China e de Hong Kong com o objectivo de perceber as razões por detrás da gestão deficitária do Hotel. O grupo terá reservado ao longo das últimas semanas mais de 700 mil quartos, em operações que movimentariam mais de 250 milhões de dólares de Hong Kong. Os funcionários acusam a unidade hoteleira de cometer fraude, ao vender acima da sua capacidade de acolhimento.

Tudo na mesma

Há meses, o hotel foi obrigado a fechar, tendo o Governo dado seis meses à unidade para melhorar as condições de segurança. Helena de Senna Fernandes não negou a possibilidade do prazo ser alargado, mas até ao momento as obras ainda não arrancaram.
“Há vários factores” que poderão originais atrasos nas obras, disse esta semana a directora da DST, citada pela Rádio Macau. Os responsáveis pelo Hotel Palácio Imperial Beijing afirmam terem sentido problemas burocráticos com a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) no âmbito da entrega de documentação para o projecto.

8 Set 2016

Militarizados | Revisão de estatutos apaga o “militar”

[dropcap style≠’circle’]“M[/dropcap]ilitarizado” é palavra que pode acabar na RAEM. A notícia foi avançada ontem por Wong Sio Chak, Secretário para a Segurança, no final da cerimónia de tomada de posse do novo director dos Serviços Correcionais de Macau (DSC) Cheng Fong Meng. Em causa está a revisão dos Estatutos dos Militarizados que está em fase de estudo e consulta pública.
“A palavra militarizados vai ser retirada” afirma o Secretário para a Segurança. “A Defesa cabe ao Governo Central e nós somos um serviço de forças de segurança e conforme a Lei Básica, não temos nenhum serviço militarizado”, justifica. As Forças de Segurança continuarão como tal, mas deixando a conotação militar para os responsáveis pela defesa nacional.

Oportunidades iguais

O Secretário refere ainda que “vai ser criado um cargo para articular as carreiras. O objectivo é que os profissionais que ocupam os lugares de base na carreira militar possam aceder a cargos mais altos.
Se antigamente a hierarquia estava dividida em carreiras base e carreiras de alta patente em que as primeiras não podiam ambicionar uma subida de posição, com a revisão dos estatutos que está na calha, a ascensão profissional pode vir a ser uma realidade.
Para o efeito Wong Sio Chak menciona que a sugestão “é que sejam feitos exames e acções de formação”. Um formação não de quatro anos, como as licenciaturas, mas ainda sem se saber ao certo o que é. “Ainda estamos a fazer a recolha de opiniões por parte dos profissionais desta área”, justifica o Secretário enquanto avança que “independentemente de ser possuidor de uma licenciatura, os cargos de altas patentes vão estar abertos a todos” para atrair, não só os colegas da linha da frente como ainda novos talentos para integrar as forças de segurança”.

Tudo a opinar

A consulta interna vai ter lugar num período de três meses e é esperado que no início do próximo ano a revisão possa entrar no processo de legislação.
De segunda-feira a ontem já foram dadas 200 opiniões no que respeita à revisão do Estatuto dos Militares, número inédito de adesão no que respeita a revisões legislativas, segundo Wong Sio Chak.
O estatuto dos militarizados está em vigor desde 1994 e com a revisão anunciada na quarta feira é objectivo do Governo dar origem a “uma lei mais racional que reflicta a afirmação da modernidade” e os trabalhos.

8 Set 2016

Kino|Festival de cinema alemão estreia em Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] melhor do cinema alemão vai animar a Cinemateca Paixão. É o KINO, que se estreia em Macau com cartaz de luxo entre 8 e 16 de Outubro. Wim Wenders é o realizador de destaque e Doris Dörrie vai marcar presença e estar em conversa com o público.
Do programa, que conta com a organização da Associação Audiovisual CUT e do Instituto Goethe de Hong Kong, constam oito sessões que integram sete películas e uma maratona de curtas-metragens.
O ecrã abre no dia 8 de Outubro com uma palestra que conta com o crítico de cinema local Leong I On, à qual se seguirá a projecção de “Babai” de Visar Morina. O evento começa as 15h00 e o filme às 16h30.
Do programa destacam-se as exibições de “Paris, Texas” e “Asas do Desejo”, películas icónicas dos anos 80 que contam com a assinatura de Wim Wenders. O último é ainda o filme escolhido para fechar a primeira edição do KINO em Macau.
A passagem de Doris Dörrie pela edição local do KINO não se regista apenas no ecrã. Além da projecção de “Fukushima, Mon Amour”, a mais recente realização da cineasta, está agendada uma conversa com o público para que a autora do filme premiado possa partilhar experiências e responder a questões dos interessados. Theresa Von Eltz, Neele Leana Vollmar e Christian Schwochow são também nomes a ter em conta para a semana do cinema alemão com os filmes “4 Kings”, “The Pasta Detectives” e “Bornholmer Straße”, respectivamente.

Curtas para o fim

A programação termina a 16 de Outubro com a rubrica “Short Export 2016”, que integra dez curtas-metragens. A compilação pretende abordar não só os temas que marcam a actualidade como proceder à sua apresentação sob diferentes linguagens visuais. Do documentário à comédia, a exploração da diversidade das formas de ver os diferentes temas vão encher o ecrã.
Os bilhetes já estão à venda na Cinemateca Paixão, Livraria Pin-to ou através da Easyticket.

8 Set 2016