Inflação a 3,2%

A taxa de inflação fixou-se nos 3,2% nos 12 meses terminados em Agosto em relação aos 12 meses imediatamente anteriores, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com os Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o Índice de Preços no Consumidor (IPC) subiu impulsionado sobretudo pelos aumentos nas secções de bebidas alcoólicas e tabaco (+32,75%) e da educação (+8,94%). Só em Agosto, o IPC geral médio aumentou 1,65%, em termos anuais, voltando a abrandar face ao mês anterior (+2,08%). O crescimento do indicador em Agosto deveu-se principalmente à ascensão das rendas dos parques de estacionamento, à subida dos preços das refeições adquiridas fora de casa, ao acréscimo das despesas dos serviços de administração de edifícios e dos preços dos automóveis, de acordo com a DSEC. No cômputo dos primeiros oito meses do ano, o IPC geral médio cresceu 2,83% face ao período homólogo do ano passado.

22 Set 2016

Pequim apoia candidato “mais capaz” para secretário-geral da ONU

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]A ONU está a analisar as candidaturas e a China vai trabalhar com os outros países para assegurar que é o (candidato) mais capaz a assumir o cargo”, sublinhou Lu Kang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, numa conferência de imprensa em Pequim. Rejeitando referir qualquer candidato, Lu afirmou que Pequim “crê que a decisão deve ser baseada no consenso, como consta na Carta das Nações Unidas, e o secretário ou secretária-geral deve ser alguém capaz de cumprir com as suas obrigações”.
O jornal de Hong Kong South China Morning Post assinala ontem que Irina Bokova, a directora-geral da UNESCO, é a candidata favorita de Pequim, com base na opinião de analistas chineses, que a consideram “alguém que não actuaria a favor dos interesses de nenhum país em particular”.
O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, reuniu-se com Bokova no passado mês de Junho.
A costa-riquenha Christiana Figueres, que desistiu da corrida na semana passada, foi também recebida por Wang Yi, e outros líderes chineses, em Julho.
Já o ex-primeiro-ministro português António Guterres, que é considerado o favorito à liderança da organização, após ter ficado à frente em todas as quatro votações secretas ocorridas entre os membros do Conselho de Segurança da ONU, esteve na capital chinesa em Maio, mas foi recebido pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Li Baodong, segundo informações no site do ministério. Na mais recente votação, Guterres teve 12 votos “encoraja”, dois “desencoraja” e um “sem opinião”.
Lu recusou revelar o candidato preferido por Pequim e limitou-se a dizer que o cargo de secretário-geral “implica uma grande responsabilidade”. Bokova é também apontada como a favorita da Rússia, o principal aliado da China em grande parte dos assuntos internacionais.

22 Set 2016

Banco chinês com mais balcões sai da bolsa. Operação aquém do esperado

O banco com o maior número de sucursais abertas ao público na China poderá protagonizar este mês a maior saída em bolsa do ano, com a emissão de 6,6 mil milhões de euros na bolsa de Hong Kong

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]oferta pública inicial do Postal Savings Bank of China (PSBC) será também a maior desde que o gigante chinês de comércio electrónico Alibaba realizou a maior operação de entrada em bolsa de sempre. A estreia do Alibaba na bolsa de Nova Iorque, em 2014, atingiu os 22.430 milhões de euros.
O valor da saída em bolsa do PSBC fica, contudo, aquém do previsto inicialmente pela empresa, que estimava uma operação de 6,6 mil milhões de euros, indicando uma procura aquém do esperado. No conjunto, o PSBC emitirá 12,1 mil milhões de acções, cada uma avaliada em 54 cêntimos de euro, no dia 28 de Setembro, segundo a agência de notícias Bloomberg. Trata-se de um valor próximo do mínimo no intervalo de preços por título estabelecido pela empresa, entre 4,68 e 5,18 dólares de Hong Kong.
A maioria das acções deverá ser adquirida por grandes investidores. Com 40.000 sucursais na China, cerca de 70% em áreas rurais, o PSBC é o quinto maior banco do país. Fundado em 2007, fornece serviços bancários para agricultores e proprietários de negócios agrícolas e é a única instituição financeira presente em algumas das áreas mais remotas da China.
De acordo com dados recentes, o valor total dos activos detidos pelo PSBC soma 1,03 biliões de euros. No primeiro trimestre do ano os lucros do grupo subiram 11%, para 1,67 mil milhões de euros.
Originalmente detido na totalidade pelo Estado chinês, o PSBC angariou 6,06 mil milhões de euros com a venda de 16,92% da empresa a 10 investidores estratégicos, em Dezembro passado. Entre os grupos que adquiriram parte do banco constam os gigantes da ‘internet’ Alibaba e Tencent, o banco suíço UBS e a empresa de Singapura Temasek Holdings.
Pequim tem defendido uma reforma urgente no sector do Estado, incluindo a promoção da propriedade mista e um sistema corporativo moderno, visando incutir uma “disciplina” de mercado nas empresas estatais. Apesar da China ter aderido às “práticas capitalistas” com a política de “Reforma Económica e Abertura ao Exterior”, adoptada em 1979, os grupos estatais continuam a dominar os sectores chave da economia chinesa.
 

22 Set 2016

Da tragédia à farsa

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á umas semanas atrás fiz um comentário no Facebook sobre algo que considero um devaneio que não tem nada a ver com arte e a que chamei como “the pathetic unspoken tragedy of the Macau art scene”. O resultado esperado com um número razoável de “gostos” e com a perturbação de algumas pessoas. Dentro das regras de convivência do facebook e do mundo em geral vamos aceitando as opiniões divergentes da nossa, tentando perceber a frustração dos outros, dando o devido desconto a respostas mais emocionais e tentando responder com dignidade e gentileza. Por limitações de espaço e objectividade do comentário deixei a coisa correr reservando uma mais longa reflexão sobre o problema para este espaço.
Considero que numa terra que se vai abstraindo do discurso de arte contemporânea – com a inexistência de uma escola de artes plásticas, com a inexistência de um Museu ou centro que o faça, com a inexistência de galerias que o façam, com a inexistência de discurso crítico nos media e no meio artístico em si – seja natural serem os artistas a fazer esse tipo de análise, Considero também que os artistas devem por seu lado estar imbuídos de um forte sentido de auto crítica e conhecimento geral sobre aquilo que se passa realmente na área ao nível internacional antes de qualquer análise daquilo que se passa ao seu redor.
Dito isto e voltando ao foco do meu comentário no facebook gostaria de dizer que o autor da peça que originou o comentário é mencionado nos meus workshops sobre práticas artísticas contemporâneas, como caso ilustrativo de determinadas coisas, e que em nenhum momento nas minhas aulas afirmo que é bom ou mau, ou defendo esta prática ou aquela, tentando oferecer aos meus alunos a possibilidade de poderem pensar, ter o seu próprio discurso crítico, e decidir por si. Volto a insistir também que considero existir espaço na arte para a maior variedade de práticas possíveis e é exactamente isso que faz com que a arte contemporânea seja hoje um terreno tão único e prolífero em ideias e trabalhos. Mas gostaria também de alertar que temos que ter a cabeça suficientemente atenta para a possibilidade da existência de fraudes intelectuais. E de que essas fraudes acontecem muitas vezes não especialmente pelos trabalhos em si mas pela perversão de certos valores essenciais à razão de existência da arte na vida.
Para que esta argumentação se torne mais clara gostaria de voltar ao tom ambíguo, implícito no comentário, com especial foco nas palavras “pathetic unspoken tragedy”, e no que poderei estar realmente a dizer. Se começarmos com o significado de “pathetic” (patético) descobrimos que é  “algo que desperta dó especialmente através de vulnerabilidade ou tristeza. Por outro lado “unspoken” (não dito) é “algo que não é declarado ou não é expresso em discurso”. E a minha favorita das três palavras “tragedy” (tragédia), que irá sempre ser lida como “um evento que causa grande sofrimento”, mas que, e isto é importante – acredito que a maior parte das pessoas leu no sentido que eu quis inserir – “uma peça de teatro ou filme que lida com eventos trágicos que tem um fim infeliz e que é directamente relacionado com a queda do personagem principal”. O meu uso da palavra “tragedy”, na frase, implica, sarcasticamente, que poderá existir algo de profético e ironicamente maldoso no aparecimento de tal peça, de Jeff Koons, que foi comprada pelo impressionante valor de 33,6 milhões de dólares americanos, em Macau. A farsa em construção portanto.
Tragédia é decepção. Qualquer exemplo de Sófocles a Shakespeare ou às tragédias modernas assenta nessa premissa. Os personagens centrais são atravessados por um estado de falhanço moral, em situações nas quais prejudicam outros, tendo isso uma consequência prejudicial para eles próprios. Por exemplo Édipo, que acidentalmente concretiza uma profecia da qual foi avisado de que acabaria por matar o seu pai e casar com a mãe com consequências dramáticas para si, para a sua cidade e família. Édipo representa dois dos temas recorrentes no mito e drama gregos: a natureza falhada da humanidade e o protagonismo individual no destino de uma realidade desastrosa. Outro caso, o de Hamlet, onde o “ser ou não ser” estabelece o espaço para uma vingança preordenada pelo fantasma de seu pai, e entre ser aquele que os outros querem e aquele que ele nunca se julga capaz de ser, Hamlet provoca o suicídio da sua namorada Ofélia, quando por erro de julgamento mata a pessoa errada, o pai de Ofélia. Um destino Hegeliano o de Hamlet, destinado a ser um criminoso pela sua própria alienação de si e do mundo. Um exemplo na tragédia contemporânea é o de Walter White na brilhante série americana Breaking Bad. Apanhado pelo cancro dedica-se à produção de meta-anfetamina com a desculpa de que o faz pela família resultando nas consequências mais desastrosas possíveis. Momento da verdade no último episódio quando afirma finalmente “I did it for me. I liked it”. O que aprendemos com o género da tragédia é que somos nós que estamos destinados a cumprir os nossos próprios dramas e que, de algum modo, já sabíamos que eles iam acontecer. Macau, ou a arte em Macau, é nesse sentido a personagem central da sua própria tragédia.
Voltando a Koons, para que se limpem certos mitos, gostaria de notar que:
1) Jeff Koons não trabalhou nas “Tulips” por mais de vinte anos como ouvi dizer por mais do que uma pessoa. Não que seja realmente importante para além de que factos são factos e que com uma visita ao seu website facilmente se comprova que o trabalho está datado como sendo de 1995/2004.
2) A peça não pode ser considerada uma peça única. Também no seu website pode-se ver que existem 5 variantes do mesmo.
3) O trabalho foi feito por molde o que significa que não foi feito pela mão. Ou seja se Koons assim o quiser pode continuar a produzir mais “Tulips”. Atenção que não acho que ser feito à mão ou não seja o factor essencial para uma boa peça de arte. O importante, neste caso, é perceber-se que esta pessoa trabalha com um número muito alargado de assistentes e usa técnicas industriais para produzir os seus designs.
4) Jeff Koons funciona como uma máquina muito bem oleada de fazer dinheiro e mesmo que tivesse demorado vinte anos até esta variação, o que não aconteceu, isso não quer dizer que esteve parado, com as mãos na cabeça, dúvidas existenciais e problemas financeiros só a trabalhar nesta peça. Esse romantização do artista na contemporaneidade é um mito. Uma visita ao seu website confirma que nos últimos vinte anos terminou 31 projectos da série “Celebration”, da qual as “Tulips” fazem parte e os mais famosos são os “Ballon Dogs”, e que cada projecto teve sempre mais de três variantes, mais provas de autor, com um total de mais de 100 peças. A este número juntam-se mais de 200 trabalhos noutras séries que são vulgarmente vendidos por figuras de mais de 6 a 7 zeros em dólares americanos.
5) Jeff Koons é conhecido no mundo da arte por ser um manipulador de audiências como é exemplo o seu casamento com a actriz porno húngaro-italiana Ilona Staller, largamente conhecida como Cicciolina, com a qual realizou trabalho de cariz erótico-agitador que foi exibido na Bienal de Veneza.
E o que é que se pode fazer à frente de uma decoração de aço inoxidável espelhado e polido com cores? Tirar um selfie. A verdade é que aparentemente os trabalhos de Koons já não servem para mais nada do que isso mas também não me parece que ele esteja muito preocupado com isso.
Tudo isto não é só tragédia ou farsa. Tudo isto é também freudiano e merece uma reflexão profunda em cada um de nós. 33,6 milhões de dólares americanos para quê? Para uns selfies? Para se revender daqui a uns anos por 45 ou 50 milhões e continuar a dizer-se cinicamente que somos “art lovers”? Qual é realmente o valor das coisas e o que é que realmente é mais importante para este mundo? Entre os neuróticos, que somos a maior parte de nós, existem os perversos. O mundo precisa de mais pensamento e debate crítico e de menos decorações de salão. A arte já não é isto. Já não é só um ornamento nas casas dos abastados. A perversão é só de alguns.

22 Set 2016

Corrupção | Empresa envolvida em caso da DSAT sabia horários de inspecções

Continuou o julgamento de Lou Ngai Wa, chefe de departamento da DSAT acusado de corrupção. Uma testemunha admitiu que uma das empresas envolvidas sabia dos horários de inspecção e até recebeu visitas dos funcionários da DSAT para ajudar na elaboração da proposta que lhe deu parques para gerir

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma funcionária de uma das empresas de gestão de auto-silos públicos que está envolvida no caso de corrupção que tem Lou Ngai Wa como principal suspeito admitiu ontem que sabia dos horários em que eram feitas as inspecções pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). O julgamento do ex-Chefe do Divisão da Gestão de Tráfego da DSAT continuou ontem no Tribunal Judicial de Base (TJB).
O caso de alegada corrupção envolveu um funcionário e o ex-Chefe de Divisão do organismo – acusado de ter recebido subornos para atribuir a gestão de parques públicos a empresas. Já anteriormente, um funcionário da Companhia de Gestão de Estacionamento de Lun Hap tinha admitido subornos pagos a Pun Ngai, ex-funcionário da DSAT, para que a gestão de alguns auto-silos públicos ficasse com a empresa. Agora, uma funcionária diz que os parques de estacionamento administrados pela Companhia tinham todos falta de pessoal , quando a DSAT chegava para fazer inspecções, a companhia chamava pessoal de outros parques. A empresa, diz, sabia todos os horários da inspecção.
A funcionária indica ainda que, durante a elaboração da proposta para a candidatura da gestão, foi-lhe ordenado por Leong Ion Fai, arguido e gerente, que fizesse alterações ao preço proposto face aos salários dos funcionários. Mais ainda, acrescentou, o segundo arguido, o ex-funcionário da DSAT Pun Ngai, foi à companhia durante a mesma altura de elaboração da proposta.
Lou Ngai Wa é acusado de corrupção por ter alegadamente ajudado três empresas de auto-silos a obter 54 contratos para a gestão de parques de estacionamento sem necessidade de concurso público. As empresas envolvidas são a Companhia de Serviços de Limpeza e Administração de Propriedades San Wai Son, a Empresa de Gestão Predial de Lam Fung e a Companhia de Gestão de Estacionamento de Lun Hap.

22 Set 2016

Exposição | Português mostra “Ilha Verde” em Hong Kong

Materiais de construção, desenhos e fotografias acerca do conceito de ilha verde. Uma ideia entre Macau e Hong Kong, que reflecte um conjunto de contradições que remetem para o paradoxo da construção desenfreada e de uma natureza abandonada, dá o mote para a exposição “Green Island” de João Vasco Paiva. Inaugura hoje na RAEHK

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma imersão na paisagem urbana enquanto arranque para a desconstrução de ambivalências é o ponto de partida para a exposição a solo que inaugura hoje na Galeria Edouard Malingue, em Hong Kong. Do criador português João Vasco Paiva, a mostra pretende ser uma apresentação dos últimos trabalhos do artista que reflectem a dialéctica da relação entre espaço urbanizado e espaço natural, numa mistura de paisagens abandonadas e outras excessivamente construídas. joao-vasco-paiva_net
É nesta relação – entre a construção e destruição para um novo nascimento – que se baseia o nome da exposição. “Green Island” (Ilha Verde em Português) remete não só para um marca de cimento da vizinha Hong Kong que data do início do séc. XX, como para a zona norte de Macau, onde há um local com o mesmo nome. O autor parte da ironia das palavras relativamente aos objectos que representam e começa o processo criativo, tanto para a escolha de materiais a utilizar, como para a montagem de todo um discurso à volta do paradoxo urbano e da sua relação dialéctica.
Instalações que usam canalizações são eleitas como objectos esculturais a par de fusão entre plásticos e sacos de cimento. Para além da ligação óbvia ao nome da exposição, esta escolha quer alertar para a situação de cidades que crescem perto de fontes de água, com é o caso de RAEHK e da RAEM, sendo abordado o “equilíbrio delicado entre os ciclos de criação e construção e o seu colapso”, explica a apresentação do evento.
O mais recente trabalho do criador luso integra ainda uma diversidade de meios para atingir da melhor forma os fins a que se propõe. O recurso à interactividade é conseguido através da criação de uma superfície de areia que convida à participação física dos visitantes no contexto expositivo.
Uma série de colagens vai ser mostrada sob o nome “Estudos para uma possível ilha verde” e do seu conteúdo fazem parte uma série de imagens fotográficas que combinam diferentes pontos geográficos, essencialmente da ilha de Lamma, local onde o artista reside, e de pontos dispersos por onde tem viajado.
Desenhos técnicos que explicam a construção em Hong Kong, esculturas e diversas instalações são também mote de reflexão, tanto para o autor como para o público.
Em última análise, “Ilha Verde”, como descrito pelo próprio João Vasco Paiva, “apresenta-se como uma ruína dos dias de hoje, uma paisagem pós-humana, onde as suas características são objectos que carregam em si os traços de humanidade – a humanidade como um componente e factor de tempo “.
João Vasco Paiva nasceu em Coimbra em 1979. Com formação superior nas Belas Artes adquirida no Porto, vive desde 2006 em Hong Kong, onde tem desenvolvido grande parte do seu trabalho e integra já a cena emergente de talentos da região vizinha.

22 Set 2016

Pequim pronto para ajudar Moçambique a ultrapassar crise

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo da China manifestou ontem em Maputo disponibilidade para ajudar Moçambique a atravessar a actual crise económica e financeira, anunciando planos para o cancelamento de dívidas e a construção de um parque industrial.
Em declarações aos jornalistas no final de um encontro com o primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, o embaixador da China em Maputo, Su Jian, afirmou que Pequim estuda o cancelamento de empréstimos sem juros contraídos por Moçambique, como parte do seu compromisso de apoiar o país a ultrapassar a actual crise.
“Desde 2001, a China já perdoou a Moçambique 10 verbas de empréstimos sem juros, recentemente perdoamos cinco milhões de dólares e agora as duas partes estão a preparar mais perdões de dívida”, declarou Su.
No âmbito da cooperação bilateral, prosseguiu o embaixador chinês, os dois países estão a preparar a instalação de um parque industrial que vai permitir que empresas chinesas transfiram para Moçambique as suas linhas de produção.
“O Governo chinês vai enviar um grupo de especialistas para preparar o planeamento e a localização do parque industrial, para podemos convidar empresas chinesas e moçambicanas”, afirmou Su Jian.
Su acrescentou que a implantação do parque irá permitir a criação de mais empregos, aumento de exportações e de receitas e contribuir para a diversificação da economia moçambicana.
No encontro com o primeiro-ministro moçambicano, o diplomata chinês endereçou um convite do Governo de Pequim a Carlos Agostinho do Rosário, para participar na Cimeira do Fórum da Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países Lusófonos, agendada para Outubro próximo em Macau.
“A presença de uma delegação oficial de alto nível de Moçambique será muito importante para o sucesso dessa cimeira”, declarou Su Jian.
A China é um importante parceiro de Moçambique, mantendo uma forte cooperação em vários domínios, incluindo no campo económico e empresarial.
Moçambique atravessa uma crise económica e financeira, provocada pela queda do preço das matérias-primas e dos investimentos, calamidades naturais, derrapagem da moeda nacional, subida galopante da inflação e aumento exponencial da dívida pública.
Em paralelo com a crise económica e financeira, o país é igualmente assolado por violência militar, com confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança (FDS) e o braço armado da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), principal partido de oposição, na sequência da recusa do movimento de aceitar os resultados das eleições gerais de 2014.

22 Set 2016

Incêndio leva a encerramento da Ponte da Amizade

Um carro incendiou-se ontem na Ponte de Amizade, perto da saída da Taipa. Segundo o Corpo de Bombeiros (CB), o fogo terá sido provocado pelo sobreaquecimento do motor, não tendo sido registados feridos. A ponte foi, contudo, fechada inteiramente por um período de cerca de 15 minutos, mas afectou o trânsito por uma hora.

22 Set 2016

CEM com nova subestação no Cotai

A Companhia de Electricidade de Macau (CEM) foi autorizada a construir mais uma subestação no Cotai, numa área concedida por arrendamento e sem concurso público pelo Governo. Um despacho publicado ontem no Boletim Oficial, e assinado pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, autoriza i arrendamento do terreno com 1711 metros quadrados, junto à Estrada Flor de Lótus, para ser aproveitado com a construção de uma subestação. O projecto tinha sido entregue em 2015, mas só este ano recebeu aprovação. Com a nova subestação, a CEM pretende gerar electricidade para os novos edifícios do hospital público, Complexo Hospitalar das Ilhas, que ai nascer em Coloane, bem como estabelecer ligações de contingência da rede de média tensão no Cotão para “satisfazer o aumento dos consumos energéticos”.

22 Set 2016

Autocarros | Mais paragens e novos trajectos

A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) criou uma nova paragem de autocarro junto ao Edifício Iat Seng, na Estrada Nordeste da Taipa e entra em funcionamento a 24 de Setembro, data em que começam as carreiras n.ºs 39 e 72 a fazer escala na mesma paragem, depois do “Colégio Anglicano”. As carreiras n.ºs 35 e 50X passam também a fazer escala na paragem “Terminal de Carga do Aeroporto” em vez de parar na “Rotunda do Aeroporto / Wai Long”. Estas medidas integram uma série de iniciativas que têm vindo a acontecer no que respeita aos transportes públicos do território com o intuito de facilitar a deslocação dos residentes da Taipa.

22 Set 2016

Rex Tso sobe ao ringue em Hong Kong com a Top Rank

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]lutador de Hong Kong Rex “The Wonder Kid” Tso vai voltar a subir a um ringue da Top Rank para um novo combate. O “puto maravilha” encabeça o cartaz, do qual fazia parte também o lutador do território KK Ng, que acabou por desistir, como confirmou ontem ao HM fonte da organização.
Tso, que se iniciou no Boxe profissional em Macau, vai defrontar Ryuto Maekawa pelo título internacional de juniores peso pluma da World Boxing Organization (WBO). O japonês nunca perdeu um combate, algo que marca também a carreira de Rex Tso, que estará, desta vez, a jogar em casa.
Marcada para o dia 8 de Outubro, a “Battle of Victors” junta-se ao campeonato de Fórmula E da FIA em Hong Kong, como um dos espectáculos adicionais. Tso, que venceu em Maio deste ano o coreano Young Gil Bae, encontra agora aquele que é considerado o número dois da Ásia pela WBO Asia-Pacific, conhecido pela rapidez dos combates.
Com uma audiência que se espera que seja de mais de cinco mil pessoas, o evento conta com oito combates: lutadores da Austrália, Japão, Reino Unido, Tailândia e Filipinas juntam-se a outros do Nepal e Indonésia. O “Battle of Victors” é, de acordo com a Top Rank, “o maior evento de boxe profissional em Hong Kong”. Da região vizinha sobe ainda ao ringue Raymond Poon, colega de Tso.
Para Bob Arum, dirigente da Top Rank, “é um prazer ver que Rex Tso está a emergir como uma estrela nesta parte do mundo”. Os bilhetes estão à venda por preços que vão dos 380 a 1880 dólares de Hong Kong.

22 Set 2016

Um fonema para ti

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]A língua que transporto é um veredicto e não sei falar.» O aparelho fonador fica assim como longa estrada que nos permitiu uma evolução complexa e que fez do cérebro um lugar maior, uma “máquina” poderosa. Esta evolução transversal deu-nos o advento de algo talvez não previsto nos ciclos da evolução e foi no seu aperfeiçoamento constante que outras associações se formaram, como os rios, galgando os seus deltas, correndo para os mares, formando a paisagem. Esta enorme massa associativa define a busca de um sopro que foi dado como emanação, registo primordial, e continha no seu núcleo todo o conhecimento do Universo. Foi para nós uma aturada desconstrução a sua análise, legada pelo «Verbo», aquele que no princípio foi e ainda não sabemos exactamente como e como foi. É por isto mesmo que a linguagem continua a ser o mais misterioso dos processos e quem a usa acrescenta ao homem, homem novo, formas novas, coisas outras, na medida em que se Deus é o Verbo, ele se faz em nós e nós fazemo-lo a ele numa leitura só possível com a descoberta que é o casamento entre as partes. Afinal, tudo se une para o encontro, todas as coisas se projectam para formar outras e das outras nascem coisas inimagináveis e ao nascerem acontecem, dado que é fazendo que se vai criando, que se vê, andando que se encontra.
Os signos visuais que nos são dados pelo alfabeto são composições abstractas que materializamos em formatos e sons para designarmos as coisas, coisas essas, porventura inomináveis, mas que precisamos para a Ordem cósmica da nossa já tão complexa natureza, que não fez mais do que laboriosamente criar até os seus obstáculos para se permitir viver. A ilusão de «Nós» forjou uma espécie só possível com um desconcertante labor, que é o ter-se separado da origem, esquecendo os pressupostos. Não por acaso, Babel existe nos nossos códigos, a espécie em movimento separada por uma técnica de puro desaire. Foi preciso registar tamanho e laborioso movimento, dar dele conhecimento, conhecimento esse que requer a prática constante do aperfeiçoar decalcado em vezes tais que, da primeira à última interpretação, se regista apenas o mote; e a história continua como se de uma “fábrica” louca estivéssemos munidos sem saber para onde vai e em que circunstância pará-la. picasso-dois-saltimbancos
A tensão permanente de uma vogal que encha toda a cavidade bocal, de um som que se altere nos músculos falantes, faz-nos sentinelas e fontes de transformação incapazes de ser domadas por um cânone que amenize tanta Pandora registadora de uma consciência que, aos poucos, nos foi dominando. Explicar só não serve, é preciso entender. Entender talvez que cada sopro destes pode ser de facto uma potência direccionada para um ilimitado poder e se deve ter dele um secreto medo, dado que a leveza primeva permanecerá como o último segredo por revelar: e aqui reside outro ardente mistério: quem fala melhor? O que deixa ao vento o sopro, ou quem direccionado e firme o leva pela consciência?
Em ambos os casos, falta no tempo presente uma disciplina formativa que é a Retórica. Parece até demasiado pomposo, mas não é, na medida em que há efectivamente um lugar mágico na voz e ela pode ser inibidora do entendimento se por agudos e graves nos for fornecido um ruído doente, febril ou cabisbaixo. Se monocordicamente nos anunciarmos “matando” o receptor e ficando assim a alma tão morta quanto a crença continuada da leiga formação dos falantes de que ela nem existe, o barulho das coisas, o tormento das vozes, as “hormonas” discursivas, o falatório, o diz que pensa, o fale agora, o não dito, o interdito… o amontoado, o vociferado, as conjugações, os acordos, os desacordos, criam um campo de guerra onde a palavra não é o vínculo que define a sua essência em nós.
Não por acaso o canto e o poema, as formas de comunicar respeitante ao tratamento da linguagem, formavam disciplinas que se requeriam como princípio moral. Elas ordenavam a consciência num semblante harmonioso de e para o quê toda a manifestação serviria: começou até como fonte de sobrevivência, acalmando as feras. É muito ilusória a propagação da comunicação que mantemos e creio que, ao continuarmos assim, não muito longe haverá uma forma telepática cujo aparelho ainda não desenvolvido pode começar a fazer anatomias diferentes. Ele terá o seu vocabulário e a sua métrica, e o som induzi-lo-á a outra compreensão do entendimento. Mas, magoado que foi todo o aparelho fonador e sujeito a repressões audíveis, tudo se tornou neste domínio e no momento da nossa evolução, pesado demais e destituído dos princípios fundamentais, que é já com algum desgosto que nos abeiramos dos componentes falantes.
Se a poesia se tornou matéria vã e é tantas vezes constituída por aqueles que dela não lhe conhecem a gravidade, é por causa de um desmoronar de noções em série, que vê numa liberdade sem transcendência a forma de anunciar, que existe sem a noção de que a existência não escuta os autoproclamados viventes. Na medida em que existir não supõe dizer-se o que se quer, mas dizer o que nos “dão” para dizer, nós continuamos a ser nada, perante as coisas que de bom grado passam para se revelarem. Assim como o estar mais receptivo que defensivo, mais disponível que interdito, mais confiante que céptico, menos musculado e mais dinâmico, ser a única saída possível. Uma transparência de página volante, as páginas estão soltas em tudo que fazemos e só lemos o que a consciência pode alcançar…. Talvez saibamos todos muito pouco, pois o saber é ainda casar, empatia, ternura pelas fontes. Há coisas bem agrestes que devemos saber, dado que a técnica é o martelo de Thor com que iremos forjar os metais.
Se estivermos atentos aos barulhos feitos pelos jovens, entendemos que está gasto o dom da linguagem, o que não quer dizer que não tenham desenvolvido outro e que essa anatomia herdada se reajuste como o fim do conflito perante a mecânica do som. “O Verbo que te leva e me leva a todas as coisas. Levo-o eu também e o recolho em mim.”
“Os jornais são já livros feitos em comum. «O escrever em comum» é um sintoma interessante, que faz prever um grande aperfeiçoamento na arte da escrita. Talvez um dia se escreva, se pense, se aja em massa. Comunas inteiras, países, empreenderão uma obra.” (Novalis)

22 Set 2016

F3 | Piloto de Macau Andy Chang vai para a terceira participação na prova

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ndy Chang Wing Chung vai sair do retiro temporário. O piloto de 19 anos da RAEM, que o ano passado fez meia temporada do Campeonato da Europa FIA de Fórmula 3, vai disputar as duas últimas provas do europeu – Imola e Hockenheim – como preparação para a refeita Taça do Mundo FIA de Fórmula 3 do Grande Prémio de Macau. O piloto de Macau assinou um contrato para estes três eventos com a equipa inglesa T-Sport e irá tripular um Dallara-NBE.

“Temos vindo a falar com o Andy há já alguns anos e estamos muito satisfeitos por colocarmos de pé este programa juntos”, afirmou Russell Eacott, o patrão da equipa T-Sport, que acredita que a experiência do jovem do território será uma mais valia na edição deste ano da prova.

Concentrado nos estudos em Inglaterra, e sem apoios que lhe permitam competir na Fórmula 3 ao mais alto nível a tempo inteiro, Chang ainda não fez uma única corrida de monolugares esta temporada, tendo apenas participado numa prova de karts no início do ano para manter a forma. Depois de se ter estreado no Circuito da Guia na edição número sessenta na corrida da Formula Masters China Series com um 7º lugar, Chang irá para a sua terceira participação na prova de Fórmula 3 do Grande Prémio de Macau.

Em 2014, Chang classificou-se no 19º lugar e o ano passado terminou na 14ª posição. Ukyo Sasahara será o companheiro de equipa do jovem nesta aventura, no entanto o japonês irá utilizar um motor Tomei construído pela ThreeBond no Japão, ao passo que Chang terá à disposição um motor arquitectado no Reino Unido pela Neil Brown Engineering.

Apesar de não ser uma das equipas de topo da Fórmula 3 internacional, a T-Sport conseguiu um surpreendente pódio na corrida do território em 2014 com o neo-zelandês Nick Cassidy. Contudo, sem o ritmo dos seus adversários, Chang não poderá almejar muito mais que um resultado dentro do 15 primeiros. Com a demissão de Barry Bland da co-organização da prova e a confusão que lhe seguiu, as inscrições para esta corrida apenas terminam no dia 30 de Setembro, sendo que a lista de inscritos só será conhecida no final de Outubro, aquando da tradicional conferência de imprensa de apresentação do evento.

22 Set 2016

Miseri(a)córdia

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]uito se tem falado, e especialmente especulado, sobre a iminente mudança de instalações da secretaria notarial do Leal Senado, que vem funcionando há mais de meio século no Edifício da Santa Casa da Misericórdia. Penso que toda a gente terá uma opinião em relação a esse tema, e é mesmo possível que entre umas e outras a amplitude seja considerável, variando entre a relativização e indiferença da parte de alguns, até às mais elaboradas teorias da conspiração, da parte dos mais “criativos”. Mais uma vez prefiro ficar sentado na divisória, pois tal como toda a gente pouco ou nada sei das “verdadeiras razões” para a mudança do Primeiro Cartório para outras instalações. A não ser a versão oficial, claro, da própria Secretaria da tutela da Justiça, e se por um lado não existe nada que me leve a supor que as razões são outras além das económicas, por outro lado compreendo que haja quem “desconfie”. Uma vez mordidos…
Mas aí está – só sei que nada sei, ponto. A partir daqui posso conjecturar sobre tudo e mais alguma coisa, os verdadeiros porquês, quem não gosta de quem, ou quem foi o infeliz que pisou a cauda de um dos “dinossauros”, tudo e mais alguma coisa, mas para mim, só para mim, e para ficar dentro da minha cabecinha. Posso eventualmente comentar com alguém das minhas relações, numa conversa informal, ou “de café”, como lhe chama um dos nossos oráculos. Por falar nisso, no outro dia encontrei-me com uma amizade do exterior, que veio até cá em trabalho, a propósito da inauguração do mais recente mamarracho casineiro maquilhado de “civilização ocidental, e estivemos a conversar num café, nem de propósito. Foi refrescante poder trocar impressões sobre a actualidade de Macau com alguém que não estivesse a cada dois minutos a olhar à volta, receando comprometer-se por estar a falar de factos, que por muito sensíveis que possam parecer, são do domínio público.
Sim, na minha mente e entre “a malta” tenho carta branca para dar largas à criatividade, e se quiser posso até compor um enredo que transportado para as páginas deste jornal me deixariam numa carga de trabalhos, mas pronto, “palavras leva-as o vento”, lá dizia o poeta. Ou depende, pois não foi para meu espanto que um destes dias vejo no canal público de televisão o responsável máximo da entidade a quem o cartório vai deixar de alugar o tal imóvel a “voar pelo infinito” neste universo do imaginário. Aposto que até passou despercebido a muita gente, mas isso é apenas porque já estamos vacinados, infelizmente. Nada contra a pessoa em questão, cuja idoneidade não ouso beliscar, quanto mais questionar, mas antes as palavras, sem falar do tom infantil de chantagem emocional, mais a atirar para o desespero. Entre a “má vontade” do Governo contra a instituição que representa, e um complô ao estilo da Revolução Cultural Maoista no sentido de “eliminar os símbolos portugueses em Macau”, acho que virei na saída errada daquela estrada para a Terra do Nunca e dei comigo a pensar: sim, foram razões de ordem económica, sejas elas quais forem.
O que está em causa, no fim de contas, nem é a importância histórica daquela instituição, o bem que faz ou deixa de fazer, ou se existe realmente “má vontade”, mas antes o facto da sua própria existência depender do arrendamento de um imóvel. Permitam-me que me atreva a fazer uma metáfora recorrendo à regra das relações biológicas: quando apenas uma das partes beneficia da sua relação com outra, deixa de ser mutualismo. Em Macau não chega sequer a ser irónico ver quem supostamente ajuda os necessitados no papel de necessitado, ou pior: à esmola. É apenas “típico”, e agora querem saber o que penso realmente? É triste olhar para quem teme ter os dias contados estrebuchar feito um frango de aviário durante o abate. Mas pronto, e depois? Quanto é que precisam? Não estou a falar do dinheiro, mas antes de tempo para esquecer que aquele lugar era assim e depois deixou de existir de todo? Pronto, fazer o quê? Menos beneficência, paciência.

22 Set 2016

Fundação Macau | Mais de metade dos apoios foi para a Educação em 2015

São milhões disponibilizados, tantos que mereceram cinco reforços orçamentais. Mas o relatório da Fundação Macau assegura que mais de 50% dos apoios atribuídos foi para talentos e Educação: entre bolsas de estudo e dinheiro para equipamentos e reparação de escolas, mais de dois mil milhões de patacas saíram dos cofres do organismo em 2015

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de metade dos apoios financeiros da Fundação Macau (FM) foram, em 2015, para o sector da Educação. Dados do relatório anual da entidade apontam para a entrega de diversas bolsas de estudo e dinheiro para projectos de investigação, que não esqueceram alunos dos Países de Língua Portuguesa.
Ao todo, a concessão de apoios financeiros da FM ascendeu aos 2,39 mil milhões de patacas. Mais de metade (57,04%) foram para projectos de “educação e investigação”, área a que se seguiu a cultura, desporto e lazer (com 17,37% dos pedidos) e acções filantrópicas e de voluntariado, que valeram 10,62% dos subsídios. Apoios internacionais e a indivíduos não chegaram sequer a 1%.
No relatório analisado pelo HM, pode ver-se que a Fundação atribuiu 384 bolsas de estudo a alunos locais do ensino superior e a mais de 9800 estudantes dos ensinos primário e secundário. Ao todo, foram 53 milhões de patacas em bolsas de estudo, divididos em diferentes graus. Por exemplo, todos os 9883 estudantes do ensino básico que receberam apoios foi na forma de “bolsas de mérito”. Outros 150 receberam bolsas de mérito especiais e 94 estudantes foram agraciados com apoios para as licenciaturas que frequentam.
Das 31 vagas disponibilizadas pela FM para subsídios para estudantes bilingues do curso de Direito Chinês – Português todas foram preenchidas, mas ao nível das bolsas para intercâmbio no exterior apenas 26 – de mais de 40 – foram atribuídas.
Outro das secções para que a Fundação Macau atribui dinheiro é a continuação de estudos em Portugal para alunos que completem o ensino secundário. Em 2015, 82 das 148 vagas foram preenchidas. No ensino do Português houve ainda mais seis bolsas atribuídas para alunos que frequentaram as aulas de Língua Portuguesa do Instituto Português do Oriente e o concurso de eloquência de Português.

Para todos

Os estudantes de fora não foram esquecidos: mais de uma dezena de pessoas de S. Tomé e Príncipe, Timor e Moçambique receberam apoios da Fundação, aos quais se juntaram 15 de Cabo Verde e Guiné Bissau. Para o interior da China foram quase uma centena de bolsas de estudo: a maioria (47) para cursos de licenciatura e para filhos de trabalhadores da indústria aeroespacial da China (33).
O relatório mostra ainda que a FM assegurou mais apoios ao nível da Educação, ainda que logísticos. “Ter boas instalações de ensino e equipamentos modernos constitui uma das chaves para assegurar a qualidade e sucesso da aprendizagem escolar ou universitária. Assim, com vista a cooperar com a política do Governo, a FM tem vindo a atribuir subsídios a instituições de ensino de Macau para a realização de obras de ampliação e remodelação dos edifícios escolares e renovação das instalações e equipamentos de ensino, de modo a criar melhores condições na área da Educação. Em 2015, subsidiamos a construção de prédios para escolas dos ensinos, primário e secundário e a aquisição de novos equipamentos pedagógicos, no valor de 430 milhões de patacas”, indica a Fundação.
Os apoios financeiros atribuídos a instituições privadas do ensino superior para a melhoria das instalações e equipamentos e construção dos campus foram no valor mais de 1,1 milhões de patacas, com a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, Universidade São José e a Universidade da Cidade de Macau a liderar o grupo dos subsidiados. A FM apoiou ainda a aquisição conjunta de um banco de dados de acervos de biblioteca de nove instituições de ensino superior, algo que custou dez milhões de patacas.
Num ano em que a palavra-chave para as políticas do Governo foram os talentos, a Fundação Macau focou-se também em projectos de formação de novos profissionais, tendo criado em 2014 os “Prémios para Talentos de Macau” destinados a premiar os residentes da RAEM que se distinguem em competições ou acções de abrangência nacional e/ou internacional. Em 2015, foram atribuídos dez prémios destes.
O organismo atribuiu ainda subsídios para apoiar mais de 140 projectos de estudos e investigação, num valor que atingiu 46 milhões de patacas.

Análises tantas

A liderança divide-se entre dois Conselhos – o de Curadores e o de Administração. O Conselho de Curadores fez quatro reuniões para apreciar mais de uma centena de pedidos. Aprovou 82, que obrigaram ao pagamento de mais de 1,8 mil milhões de patacas. A este número juntam-se mais 67,3 milhões de patacas que foram atribuídos por aprovação do Conselho de Administração. Este grupo, que analisa os pedidos de subsídios superiores a 500 mil patacas, reuniu 55 vezes para apreciar 939 pedidos – aprovou 716.
Em 2015, a FM assegura que continuou a reforçar os apoios atribuídos a instituições médicas, a lares de idosos e instituições de solidariedade social. Por exemplo, mais de 20 milhões de patacas foram para os hospitais privados e a Cruz Vermelha de Macau adquirirem equipamentos médicos e fazerem obras de manutenção.
A FM é constantemente criticado pelos apoios que dá, especialmente porque muitos deles são atribuídos a entidades que também fazem parte do corpo da Fundação. O dinheiro da Fundação, recorde-se, vem directamente das receitas dos casinos, sendo que a entidade recebe cerca de 2% do total dos lucros do Jogo.

MUST tem mais vagas para bolsas que duas públicas

A Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST, na sigla inglesa) teve mais vagas para bolsas destinadas a alunos finalistas do que o Instituto Politécnico de Macau e o Instituto de Formação Turística. Dados de 2014 e 2015 mostram isso mesmo, ainda que não seja possível recuar mais. Por exemplo, em ambos os anos a Universidade de Macau conseguiu dez vagas para “bolsas destinadas aos alunos finalistas com melhor aproveitamento escolar”, que foram totalmente preenchidas. A MUST conseguiu preencher seis das sete vagas abertas para si, enquanto o IPM preencheu seis das seis que tinha disponíveis e o IFT duas das quatro reservadas para os seus alunos.

Números

2,762,468 mil milhões de patacas eram as receitas da FM no final de Dezembro de 2015, sendo que as despesas ascenderam quase ao total desse número: 2,762,253,200 mil milhões. As “necessidades” levaram a cinco “reforços orçamentais”, num total que ascendeu a mais de 600 milhões de patacas

21 Set 2016

Turismo | Sector hoteleiro alerta para quebra nos preços e maior competição

Há uma ligeira crise a instalar-se no sector hoteleiro e os alertas foram deixados ontem por presidentes de associações, na reunião do Conselho para o Desenvolvimento Turístico. O excesso de oferta de quartos de hotel face ao igual número de turistas a pernoitar em Macau faz com que os preços estejam a baixar. Analistas falam, contudo, de uma crise passageira

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] sector hoteleiro afirma estar a passar por uma ligeira crise, numa altura em que os empreendimentos no Cotai vão sendo inaugurados aos poucos e há uma maior oferta em termos de quartos de hotel. O problema é que o número de turistas que pernoitam em Macau tem-se mantido igual, o que faz com que a elevada competição comece a chegar ao sector, algo que o obriga a baixar os preços. Dados divulgados esta semana mostram que as receitas dos hotéis baixaram em relação a 2014.
Ontem, em mais uma reunião do Conselho para o Desenvolvimento Turístico, alguns membros, que representam associações, expressaram os seus receios ao Governo.
“Houve um aumento de 15% no número de quartos, mas o número total de visitantes que cá pernoitam permanece o mesmo. Verificámos uma descida bastante visível no preço dos quartos. Estamos preocupados que o número de quartos aumente, pois deverão ser mais quatro mil nos próximos meses. Com tanta oferta o preço dos hotéis pode descer e afectar o sector”, referiu um dos membros. “Houve investimentos de milhões e milhões de patacas por parte dos hotéis, para conseguirem determinado número de visitantes, mas têm surgido muitas dificuldades, porque há mais concorrência e competitividade”, disse outro.
Num encontro que serviu para apresentar os mais recentes projectos da tutela dos Assuntos Sociais e Cultura, os membros do Conselho apoiaram a renovação das Casas-Museu da Taipa, do Museu do Grande Prémio e ainda da povoação de Ka-Hó, defendendo que o turismo local precisa de maior diversidade para sair de uma situação de impasse.
“O sector do turismo precisa de mais elementos e um conteúdo mais enriquecido. O Governo tem de lançar um calendário para que a população saiba o desenvolvimento dos trabalhos e para que Macau tenha uma maior competitividade”, afirmou outro representante.
Quanto ao responsável pela Associação dos Hoteleiros de Macau, falou da necessidade de ter “um maior foco nos elementos culturais”. “Faltam novos elementos e esses três projectos estão de acordo com as necessidades de Macau.”
Já outro membro do Conselho adiantou que também as pequenas empresas, nomeadamente o sector da restauração, estão a sofrer com este panorama. “Se o Governo conseguir trazer mais turistas ao centro da cidade só assim o sector pode beneficiar. Espero que os projectos avancem rapidamente para vermos os efeitos o mais depressa possível.”
O próprio Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, admitiu que se não forem lançados novos projectos não haverá novos elementos turísticos, o que “significa que o sector do turismo vai recuar”.

Uma crise passageira

O economista Albano Martins confirma ao HM o panorama de elevada competição e de quebra de preços. “Vão aparecer mais hotéis, mais camas, e vai haver muito mais competição. Existindo mais oferta, e se a procura não crescer significativamente, o que vai acontecer é que os preços vão descendo até chegar a uma altura em que a crise se pode instalar. Mas isso vai depender do mercado, pela maneira como o Jogo vai reagir daqui a diante. Vamos ter de ver se o Jogo vai continuar a crescer ou se vai recuperar a partir do próximo ano. Vai haver ainda a oferta do MGM e do Lisboa Palace e a concorrência vai acontecer.”
Contudo, o economista afirma que será uma crise passageira, com resolução a partir de 2018, data em que o empreendimento da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), o Lisboa Palace, deverá ser inaugurado.
“Só a partir de 2018, altura em que se prevê uma expansão da economia de Macau, haverá efeitos directos e indirectos a nível dos hotéis. A verdade é que até lá (os hotéis) vão passar um mau bocado, porque há uma oferta brutal”, acrescentou.
Se para o sector a queda dos preços constitui um problema, o mesmo não acontece com os hóspedes, defendeu o economista. “É bom que a concorrência se faça a preços mais baixos, porque todos sabem que os preços em Macau são altíssimos. Não vejo isso com grande preocupação, mas claro que as pessoas que estão no sector olham para a sua carteira. Mas quem está fora do sector olha para isso de forma perfeitamente natural. É o sinal de uma economia livre.”

Quebra suave

Anthony Wong, docente de Turismo na Universidade Cidade de Macau (UCM), lembrou que a quebra nas receitas foi modesta, desvalorizando a existência de uma crise mais grave. “Penso ser razoável este ajustamento na indústria hoteleira. Teremos um número semelhante de turistas mas teremos mais quartos de hotel, então a oferta será superior à procura, é razoável que haja um decréscimo da taxa da ocupação e também dos lucros.”
Tal como os representantes do sector, também o docente acredita que só com mais atracções é possível fazer com que os turistas pernoitem mais tempo no território.
“A única forma de aumentar as receitas e também a ocupação hoteleira prende-se com a oferta de mais atracções turísticas. Então o primeiro desafio será aumentar as atracções turísticas, mas também será um desafio para operadores turísticos e hotéis manterem os hóspedes e fazer com que eles regressem. Haverá vários quartos de hotel a ser construídos nos próximos tempos e isso trará pressão no sector, porque a competição será muita.
Albano Martins recorda que “é provável” que, com a nova oferta dos casinos, com os novos centros de diversão que estão a ser criados, as dormidas aumentem e possa haver uma melhoria. “O que é preciso é que haja gente a ficar mais tempo e não a entrar em Macau. A taxa de ocupação dos hotéis deverá cair nesta fase, o sector vai ter dificuldade e a única hipótese é baixarem os preços”, rematou o economista.

Os números da crise

– Lucros de 2,76 mil milhões de patacas, menos 44,4% face a 2014
– Segmento dos hotéis de quatro estrelas teve um prejuízo de 171 milhões de patacas, porque as receitas das novas unidades obtidas no ano passado foram inferiores às despesas desse ano, incluindo as operacionais anteriores à sua entrada em funcionamento
– Receitas do sector dos hotéis e similares chegaram às 26,04 mil milhões de patacas, menos 6,6%
– Existe um total de 107 estabelecimentos hoteleiros, mais oito face a 2014
– O número de trabalhadores no sector também aumentou, sendo mais 14,7% face a 2014
– Os turistas continuam a pernoitar, em média, uma noite em Macau
– Em Agosto, Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, disse esperar um aumento de turistas internacionais na ordem dos 10%, embora o número de turistas se deva manter igual aos anos anteriores, na ordem dos 30,7 milhões de pessoas. Os turistas da China registaram uma quebra de 0,4% nos primeiros seis meses do ano

Helena de Senna Fernandes desvaloriza queda das receitas

A directora dos Serviços de Turismo desvalorizou ontem a queda das receitas na hotelaria, destacando que está a aumentar o número de hóspedes e o tempo de estadia na cidade. “O número de hóspedes tem subido e o número de pessoas a pernoitar em Macau também subiu”, disse Helena de Senna Fernandes, sublinhando que em Junho e Julho deste ano, ao contrário do que é frequente, o número de turistas “que ficaram mais do que um dia em Macau” foi maior do que o de pessoas que visitaram a cidade em menos de 24 horas.
Senna Fernandes sublinhou que abriram novos hotéis em Macau e, “com mais quartos disponíveis”, o preço dos quartos, naturalmente, baixa. “Ao mesmo tempo, a taxa média de ocupação está na ordem dos 80% (…). Se calhar estivemos muito acostumados a taxas de ocupação na ordem dos 90%, mas acho que não há muitos destinos no mundo que tenham este tipo de taxa de ocupação”, afirmou. “Tem de haver equilíbrio entre os preços dos quartos e a taxa de ocupação”, acrescentou, em declarações aos jornalistas à margem da apresentação da quinta edição do Fórum de Economia de Turismo Global de Macau.

21 Set 2016

Lisboa Palace recontrata trabalhadores despedidos

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a sequência das manifestações por parte dos trabalhadores dos estaleiros do Lisboa Palace, que dizem ter sido demitidos injustamente, a operadora inverteu a medida e o responsável pela empreitada prometeu que iria recontratar estas pessoas. A celebração do novo contrato tem lugar hoje e o início de funções também.
A medida é tomada após uma reunião entre representantes da empreitada do Lisboa Palace e representantes da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), em que a deputada Ella Lei frisou, após o encontro e segundo comunicado divulgado à imprensa, que este caso veio demonstrar que o regime de contratação de trabalhadores não residentes ainda tem muitos problemas.
“Se o Governo mantiver a fraca supervisão que tem tido vai, com certeza, prejudicar os residentes, sobretudo nesta fase da economia do território, pelo que tanto o Executivo como a sociedade devem prestar uma atenção especial a estes assuntos”, remata a deputada.

21 Set 2016

Função Pública | Revisão do Regime de Carreiras deixa preocupações

Salário diferente para carreiras diferentes não é fonte de discórdia, mas o modo como a revisão do Regime das Carreiras dos Trabalhadores da Função Pública será feita já suscita dúvidas e sugestões. Agrupamentos de índices e prioridades ao alojamento são dicas deixadas por Chong Coc Veng e José Pereira Coutinho

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] critério para o ajuste de salários dos diferentes níveis e carreiras da Função Pública é tarefa complicada para o Governo, considera o presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Origem Chinesa, Chong Coc Veng. Ainda que não haja discordância da parte dos representantes dos trabalhadores do Governo face ao anunciado ajuste salarial.
Em declarações feitas ontem ao jornal Ou Mun, Chong Coc Veng concorda que a base salarial seja concedida em conformidade com as competências que a função exige mas apela para que, antes da revisão do regime, se faça uma revisão a outros níveis nomeadamente no que respeita, por exemplo, ao subsídio de alojamento.
Chon Coc Veng, que já foi chamado a dar opinião noutras alturas a convite dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), refere ainda que a chave para o sucesso das novas medidas é a uniformização destes subsídios para todos os tipos de carreiras. Pela sua experiência, e continuando com distinção, nomeadamente no que concerne o alojamento, o descontentamento continuará a existir.
A sugestão do presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Origem Chinesa é de que seja tida em conta a situação de Hong Kong em que as carreiras são classificadas nas categorias de baixa, média e alta a fim de criar condições para o ajustamento salarial de diferentes níveis. Desta forma, diz, o Executivo evita os problemas causados pelos aumentos conforme os índices, na medida em que aqueles que têm índices muito altos têm um aumento proporcional e os que estão em índices baixos tem um aumento muito diminuto sendo a diferença muito acentuada.
Também José Pereira Coutinho, presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, diz, em declarações ao HM, que a diferenciação das carreiras da Função Pública “é uma situação bastante complexa”, na medida em que a distinção da sua natureza e o trabalho efectivo que implicam não estão em concordância, o que tem permitido “a exploração dos trabalhadores nos últimos dez anos”.
“ O Governo contrata trabalhadores com determinado índice e acaba por dar trabalho a estas pessoas com o exercício de funções de índice muito mais elevado”, diz, sugerindo que se juntem os índices em blocos.

Casas para todos

Por outro lado, tanto Chon Coc Veng como Pereira Coutinho referem a situação do alojamento. O primeiro considera que o subsídio tem que ser aumentado e uniformizado, enquanto que Pereira Coutinho considera que “não é justo uns terem direito a casa e outros não” ao mesmo tempo que defende que a génese dos problemas está também nos regimes de desconto. O facto de uns receberem pelo regime de pensões e outros poderem receber pelo regime de previdência “é uma descriminação objectiva, nítida e pura por parte do Governo em relação aos trabalhadores”.

21 Set 2016

Jornal chinês associa declínio das receitas com campanha de Pequim

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] principal jornal oficial chinês de língua inglesa, o China Daily, publicou ontem um artigo em que volta a associar directamente o declínio das receitas de jogo em Macau à campanha contra a corrupção lançada por Pequim.
“A Las Vegas da Ásia começou a perder algum brilho desde 2014 (…), quando o combate contra a corrupção e extravagância, por parte de Pequim, aliado à economia da China em ‘corda bamba’, assustou os grandes apostadores, afastando-os para outros destinos de jogo regionais”, refere o China Daily, destacando que o Camboja surge como “um rival emergente”.
As receitas do jogo encetaram em Junho de 2014 uma trajectória descendente, com o mês de Agosto a colocar termo a 26 meses consecutivos de quedas anuais homólogas. Essa curva descendente – a mais longa de sempre – tem vindo a ser imputada por analistas a um cocktail de factores em que os efeitos da campanha anti-corrupção lançada por Pequim surgem à cabeça. No entanto, tal associação por parte da imprensa oficial chinesa tem sido muito pontual.
Mesmo com uma forte queda de 34,3% em 2015, as receitas de jogo de Macau ainda são três vezes superiores às de Las Vegas, seis vezes superiores às de Singapura e dez vezes superiores às da Coreia do Sul e às Filipinas, segundo salienta o China Daily, citando o Chefe do Executivo, Chui Sai On.
Na semana passada, a Fitch prognosticou uma diminuição de 5% das receitas dos casinos para o cômputo de 2016.

21 Set 2016

Melinda Chan diz que é preciso concretizar políticas de imediato

Não desvenda se vai ser novamente deputada à AL, mas tem propostas para algumas políticas de Macau: uma delas é a expansão do mercado para as PME. A outra é a concretização de políticas já prometidas

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais lares para idosos com serviços especiais e apoio às pequenas e médias empresas através do alargamento de mercado são algumas das propostas sugeridas pela deputada Melinda Chan para o futuro desenvolvimento do território. Numa entrevista concedida ao HM, a deputada não descortina o seu futuro na Assembeia Legislativa (AL), mas assegura estar pronta se os cidadãos precisarem dela.
Para Chan, eleita directamente pela população para ocupar um assento no hemiciclo, há ainda muitas promessas que estão por cumprir e políticas que devem ser alargadas para se adaptarem às novas realidades.
“Macau deve contar com mais lares para idosos que perderam a capacidade de cuidarem de si próprios e estes devem ser diferentes dos espaços para os idosos comuns. É preciso lares com cuidados mais específicos”, sugeriu Melinda Chan, referindo o aumento no número de idosos que sofrem de demência e Parkinson, doenças que ainda não são amplamente reconhecidas no território.
Acabar com a falta de lares é uma das medidas que há muito tem vindo a ser prometida pelo Governo, mas que a deputada pede que seja realmente concretizada, visto Macau estar a demonstrar cada vez mais uma tendência crescente para o envelhecimento populacional.
“Agora, os idosos precisam de ficar em listas de espera por mais de um ano para viver num lar”, apontou, relembrando que, muitas vezes, aqueles idosos que necessitam de tratamento especial 24 horas são recusados.
“Antes deste grupo populacional se tornar ainda maior, o Governo deve ter já pensado um plano, com antecedência”, frisa.

Apoio às PME

Outro dos cavalos de batalha de Melinda Chan são as pequenas e médias empresas. Ao HM, a deputada indica que, por enquanto, não há uma medida mais eficaz do que o alargamento do mercado e aprovação de mais trabalhadores não residentes para as PME. Esta última vai contra aquilo que a maioria dos deputados tem vindo a pedir na AL: o corte de TNR.
“Para conceder apoio às PME só se pode depender de políticas e essas são diferentes do apoio concedido aos grupos vulneráveis que ainda podem receber ajuda da sociedade e das organizações de caridade”, frisa. “As pequenas e médias empresas nunca são capazes de [concorrer] com as grandes, como os descontos que estas oferecem. E lutar pelo mercado que já está ocupado por estas [é difícil], pelo que, agora, a medida mais eficiente será abrir novos mercados e deixar as PME saírem de Macau, assim que puderem encontrar oportunidades.”
Questionada sobre uma recandidatura ao hemiciclo, no próximo, a deputada não desvenda detalhes. Melinda Chan diz apenas que “se os cidadãos quiserem que continue a prestar-lhes serviço, vai pensar nisso”. Mas por enquanto, afirma, ainda não consegue dizer ao certo se vai ou não recandidatar-se. “Ainda preciso de analisar”, indica.

21 Set 2016

Fórum de Turismo Global | Nova edição aborda tendências de consumo

O 5º Fórum de Economia de Turismo Global vai acontecer nos dias 15 e 16 de Outubro no Studio City e tem por tema “As Novas formas de Consumo- Transformar a Indústria Turística”. É a resposta do Governo à geração mais nova que procura novas rotas, tem novos interesses e tem um novo aliado: a internet

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo quer adaptar a indústria às gerações mais novas. E vai começar já com a quinta edição do Fórum de Economia de Turismo Global, que acontece nos dias 15 e 16 de Outubro no Studio City. Numa conferência de imprensa que ontem decorreu, o Executivo centrou-se na necessidade que o turismo de Macau tem de se adaptar às novas necessidades de mercado.
Uma nova geração de turistas emergiu e com ela a necessidade de novas respostas deste sector. Macau é conhecido pelos casinos, mas há muito mais para ver. “Macau não é só jogo”, disse Ip Peng Kin, chefe do Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.
Para Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, e Pansy Ho secretária-geral do Fórum de Economia de Turismo Global, é esta nova mensagem que importa passar junto dos operadores e representantes turísticos que vão participar durante os dois dias do Fórum.
“Vivemos numa época de revolução ao nível do consumo, com as novas gerações de consumidores a apresentarem grandes mudanças em relação aos padrões de consumo. Esta nova tendência tem um forte impacto na economia de turismo”, frisou Ip keng Kin. “E é por isso que é necessário adaptar os modelos de gestão desta importante indústria.”
Na mesma linha de pensamento, Pansy Ho sublinhou que o ecossistema de consumo se transformou, “passando do antigo modelo económico gerado pela oferta para um novo modelo económico orientado para o consumidor”. Esta edição, assegura, vai explorar como é que esta nova classe consumidora está a influenciar a indústria turística mundial e como é que os seus comportamentos de consumo e uso das novas tecnologias têm trazido mudanças sem precedentes para a indústria turística global.

Portugal ausente?

Com uma lista de vários participantes ligados ao sector do Turismo de todo o mundo, destacou-se a ausência de Portugal. Helena de Senna Fernandes avançou que “foi dirigido um convite ao Ministério da Economia, que é quem tutela o Turismo, mas até ao momento não foi recebida qualquer confirmação”.
China e França são os grandes convidados deste Fórum, com quem se pretende a troca de sinergias no sentido de trazer e levar turistas.
“A China por ter capacidade de difundir três mil anos de história e ser a cidade parceira do evento, com a Exposição das Cidades e Províncias Parceiras do Fórum. França porque continua a ser um importante pólo de atracção turística no mundo inteiro”, referiu a directora da DST. A cidade das luzes estará representada no Fórum com o tema “França: Arte e Cultura como impulsionadores do Turismo”.
O Orçamento para esta edição é de 45 milhões de patacas, sendo que 21 milhões são pagos pelos operadores turísticos e os restantes divididos entre os patrocinadores, onde estão incluídas as operadoras de autocarros, empresas e casinos de Macau, disse Ip Peng Kin.
O Governo tem como parceiros a Organização Mundial do Turismo e a Câmara do Turismo da China e do Centro de Pesquisa de Economia de Turismo Global. Durante a iniciativa será ainda lançado um guia com as atracções locais para facilitar a “venda” da RAEM aos operadores do turismo.

Cedência de vistos

Questionado sobre a questão de facilitar a cedência de vistos com vista a fomentar a entrada de mais turistas no território, o chefe do Gabinete para os Assuntos Sociais e Cultura disse apenas que não se pode continuar a aumentar este tipo de entradas. “Não podemos aumentar a atribuição dos vistos porque existem limites e temos de aprender a conviver com isso”, frisou Ip Peng Kin. Ainda assim, fez saber “que estão a ser levadas a cabo conversações a esse respeito”, ainda que seja “preciso mais trabalho governamental”. A esse propósito foi salientada a “participação pela primeira vez de uma delegação de Cantão, com oficiais do turismo, para consolidar e facilitar a relação regional”, concluiu Ip Peng Kin.

21 Set 2016

Novo museu do Grande Prémio poderá vir a funcionar 24 horas por dia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] novo museu do Grande Prémio de Macau poderá vir a funcionar 24 horas por dia, prevendo-se a ocupação de todo o edifício do Centro de Actividades Turísticas. A garantia foi dada ontem pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, na reunião do Conselho para o Desenvolvimento Turístico.
“Temos a perspectiva de que o museu possa vir a funcionar 24 horas por dia, para que o público possa sentir a sua importância”, referiu o Secretário sobre o projecto anunciado recentemente e que terá cerca de 16 mil metros quadrados. Alexis Tam mostrou ainda abertura para a participação de nomes internacionais que já estiveram no Grande Prémio de Macau, para que possam contar e partilhar as suas histórias sobre as competições no território. A sugestão foi feita por um membro do Conselho.
Coube à directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, a apresentação do projecto e das actividades que este vai conter. “Teremos zonas de exposição para vários tipos de veículos e queremos adicionar mais espaços para a realização de actividades, como a projecção de filmes e zonas para as indústrias culturais e criativas. Também queremos abranger uma zona de actividades para pais e filhos. Gostaríamos de construir mais elevadores e escadas rolantes para facilitar o acesso”, apontou.
Alexis Tam respondeu ainda às muitas críticas já feitas publicamente sobre o orçamento do novo museu, que custará 300 milhões de patacas. “Não vamos apenas renovar o museu mas todo o Centro de Actividades Turísticas, que se vai transformar num museu internacional, e por isso o orçamento tem esse valor. Já fizemos mais de 60 edições do Grande Prémio mas continuamos a ter um museu muito humilde”, concluiu.

21 Set 2016

Parque Central | Bombas da piscina responsáveis por inundação no estacionamento

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] inundação constante no parque de estacionamento do Parque Central da Taipa deve-se a problemas nas bombas de drenagem da água da piscina. A reparação, diz o Governo em comunicado, já foi feita, depois de uma avaria.
“Relativamente à fuga de águas residuais na cave 2 do auto-silo do Parque Central da Taipa, após uma vistoria, verificou-se uma avaria das bombas para águas residuais da piscina, o que originou um entupimento causado pelos produtos higiénicos e outros produtos constituídos por materiais de tecidos”, começa por indicar a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). “Deste modo, contactamos a entidade utente para acompanhar os trabalhos de reparação das bombas para águas residuais, bem como esclarecer as observações referentes à manutenção e reparação quotidiana. Neste momento, ficaram concluídos os trabalhos de reparação pela entidade utente.”

Sempre a somar

Esta é mais uma das polémicas a envolver o espaço, aberto há menos de três anos. Este ano, uma avaria no sistema de filtragem levou a piscina a encerrar temporariamente para a execução de “obras urgentes de reparação”. O ano passado, e depois de um relatório do Comissariado de Auditoria, Li Canfeng, director da DSSOPT, teve mesmo de pedir desculpa publicamente por causa dos problemas na construção do Parque e instalações. Na altura, foi criado um grupo de trabalho inteiramente dedicado à fiscalização do espaço.
Isto depois de, como avançado pelo HM, a abertura da piscina ter atrasado porque a Chon Tit, empresa responsável por toda a construção, estava a fazer alterações ao nível estético e da iluminação por “sugestões dos cidadãos”. Cidadãos que, contudo, ainda não tinham sequer estreado a piscina.
A Sociedade de Investimentos e Fomento Imobiliário Chon Tit (Macau) chegou a ser visada pelo Governo devido a “falhas” na construção. Diversos deputados queixam-se da empresa, com capital do interior da China e cujo director foi condenado por estar envolvido no escândalo de corrupção Ao Man Long, por falhas de segurança.
No comunicado agora enviado, o Governo não especifica se a entidade que fez a reparação das bombas é a empresa ou o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), mas assegura que, após tomada de conhecimento sobre as fugas de água através das bombas, tanto a Chon Tit como o IACM foram ao local.
“Verificou-se que o entupimento foi causado pelos lixos, produtos constituídos por materiais de tecidos e produtos higiénicos, o que originou a avaria das mesmas e sem condições de funcionamento. Na sequência da análise, constatou-se que o motivo de avaria das referidas bombas para águas residuais se deve ao uso indevido. Além de contactar com a entidade utente para acompanhar os trabalhos de reparação, a DSSOPT entendeu que a mesma deve reforçar a manutenção e reparação”, remata.

21 Set 2016

Simulacro de acidente marítimo foi “um sucesso”

Foi ontem realizado “com sucesso” um simulacro de incidente marítimo na entrada do Terminal do Porto Exterior. A inciativa contou com a participação de diversos serviços públicos e a TurboJET e a Cotai Waterjets. O simulacro contou ainda com a participação de 15 embarcações, 10 ambulâncias e 180 pessoas e durou cerca de uma hora e trinta minutos. Susana Wong, responsável da DSAMA, mostrou-se satisfeita pelo processo do simulacro, considerando que este atingiu os objetivos previstos, segundo um comunicado.

21 Set 2016