Andreia Sofia Silva PolíticaVisita | Secção do PS não vai encontrar-se com António Costa [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] visita do primeiro-ministro português, António Costa, a Macau, não vai contemplar um encontro com a secção do Partido Socialista (PS) em Macau. Tal foi confirmado ao HM por Tiago Pereira, coordenador-geral da secção. “Não há nenhum encontro programado com a secção do PS porque o senhor primeiro-ministro vem em visita de Estado e não estão previstos encontros de natureza partidária.” Segundo a agência Lusa, António Costa vai reunir-se com Chui Sai On, Chefe do Executivo, e assinar vários protocolos de cooperação em diversas áreas estratégicas, mas a sua agenda oficial em Macau, com mais detalhes, não foi ainda tornada pública pelo Governo português. É sabido que Costa estará presente no Fórum Macau e num fórum empresarial organizado à margem do evento. “Trata-se de uma visita para a consolidação das relações diplomáticas entre Portugal e a China, em que se pretende fortalecer relações a nível institucional e económico, no sentido de abrir portas a empresas. A visita de Macau enquadra-se nesta visita da RPC pela importância histórica que Macau tem nas relações entre os dois países e numa vertente cultural e de expansão da língua portuguesa”, disse ainda Tiago Pereira ao HM. Para o coordenador-geral da secção do PS em Macau, “é positivo termos em Macau a visita do primeiro-ministro”, sendo que Tiago Pereira espera que “haja a possibilidade de haver um encontro com a comunidade portuguesa local”. “Esperamos sempre que haja progresso no resultado destas visita. Esperemos que se abra mais portas e que se desenvolvam relações mais próximas entre os dois países”, disse ainda. O primeiro-ministro visita ainda as cidades de Pequim e Xangai antes de passar por Macau, sendo que a viagem oficial vai durar entre 8 e 12 de Outubro. Segundo a Lusa, Xangai vai servir para aprofundar as relações económicas e empresariais entre os dois países, enquanto que a capital chinesa servirá para encontros mais institucionais. Augusto Santos Silva, Ministro dos Negócios Estrangeiros, encontrou-se com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, na Base das Lajes, na Ilha Terceira, Açores, com o objectivo de preparar a viagem da comitiva portuguesa à China. “Não há nenhuma agenda escondida nas reuniões que realizo. A reunião que se fará na segunda-feira (ontem) é no quadro de preparação da viagem do primeiro-ministro António Costa à China”, disse Santos Silva à Lusa (ver página 12).
Hoje Macau China / ÁsiaWang Jianlin ultrapassa Li Ka-Shing como homem mais rico da Ásia [dropcap style=’circle’]W[/dropcap]ang Jianlin ultrapassou o empresário de Hong Kong Li Ka-shing como o homem mais rico da Ásia, graças aos preços crescentes das acções A e H listadas do Wanda Group nos últimos meses. Com uma fortuna de US$ 38,1 mil milhões, Wang ultrapassou Li como a pessoa mais rica da China, de acordo com dados da Bloomberg Chinese Rich List e Asia Rich List de 1 de Maio de 2015. Nessa data, Wang Jianlin classificou-se como o 11º mais rico do mundo, o fundador do Alibaba Group Jack Ma o 17º, com uma fortuna de US$ 35,1 mil milhões e Li Ka-shing o 19º, com US$ 34,7 mil milhões. A classificação de Wang superou a de Li e Ma no final de Abril. De acordo com as listas de ricos divulgadas antes pela Bloomberg e Forbes, Wang Jianlin tinha uma fortuna de apenas US$ 24,2 mil milhões, mostrando que o aumento acentuado no valor de mercado de três empresas listadas de Wang nesse período tornou-se um factor-chave da sua riqueza crescente. Em 4 de Maio, as acções na Dalian Wanda Commercial Properties, uma empresa listada em Hong Kong do Wanda Group, subiu para HK$ 68/acção após a abertura, empurrando o seu valor de mercado acima de HK$ 300 mil milhões pela primeira vez. Uma vez que Wang e a sua família detinham 2,43 mil milhões de acções da Dalian Wanda Commercial Properties através do Wanda Group, o valor de mercado das acções da Dalian Wanda Commercial Properties detidas apenas por ele e pela sua família já ultrapassa US$ 20 mil milhões. Além da Dalian Wanda Commercial Properties, Wang Jianlin também detém uma participação de 60,71% em acções A listadas Wanda Cinema Line (002739.SZ) por meio da Wanda Investment Co., Ltd, que tinha um valor de mercado de cerca de RMB 57,2 mil milhões com base no valor de mercado da Wanda Cinema Line em 4 de Maio. Além das duas empresas listadas acima, Wang Jianlin também detém uma participação de 78% na AMC, uma operadora de cinema listada nos EUA com um valor de mercado de cerca de RMB 14,5 mil milhões, com base nos preços das acções em 4 de Maio, elevando o valor das participações de Wang Jianlin nas três empresas listadas para cerca de RMB 200 mil milhões ou US$ 32 mil milhões. Notavelmente, as ações da Dalian Wanda Commercial Properties e da Wanda Cinema Line subiram em Abril 33% e 74%, respectivamente. Em relação ao desempenho das duas empresas no mercado de capitais, alguns analistas do sector acreditavam que era devido, principalmente, à reavaliação dos investidores das suas valorizações. Em particular, a estratégia recentemente proposta do Wanda Group de sua quarta reestruturação, ou seja, de “asset-heavy” para “asset-light”, ajudou a aliviar os estrangulamentos financeiros que há muito tempo inibiam a velocidade de expansão da Dalian Wanda Commercial Properties. Os investidores vão, portanto, também reavaliar a velocidade de expansão de activos da Dalian Wanda Commercial Properties. Além disso, com a crescente presença em cultura, turismo, e-commerce e finanças, o Wanda Group construirá um ecossistema fechado que consiste de tráfego de clientes, logística, fluxo de capital e fluxo de informações com base no consumo off-line. “Com as suas propriedades comerciais maciças no continente, acreditamos que a Dalian Wanda Commercial Properties beneficiará da política do governo central para impulsionar o consumo doméstico. Devido à poderosa influência da marca de Wanda na China, os seus bens serão favorecidos pelos comerciantes nacionais e estrangeiros. Acreditamos que, à medida que as suas propriedades comerciais amadurecem, ainda há espaço para Wanda aumentar os rendimentos.”
Angela Ka PolíticaEmprego | Ella Lei quer definição do número total de TNR [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada indirecta Ella Lei disse que o Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM falha na sua previsão de recursos humanos, defendendo que o Governo deve fazer uma estimativa da população trabalhadora, sobretudo no que diz respeito aos trabalhadores não residentes (TNR). Ella Lei quer que seja feita uma análise em todos os sectores, por forma a fixar o número ideal de TNR em cada área. A deputada, que no hemiciclo representa a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), defende que o Plano também falha na garantia de emprego aos residentes e definição dos números de TNR consoante as necessidades de mercado. Ella Lei acusa ainda o Gabinete de Recursos Humanos (GRH) de não ter desempenhado bem as suas funções ao longo dos anos, nomeadamente na parte da definição de números. “A prioridade que se deve dar aos trabalhadores locais no acesso ao emprego, e o facto dos TNR deverem ser apenas um complemento nas vagas de emprego são parâmetros exigidos na lei”, disse a deputada. Na óptica de Ella Lei, o Plano de Desenvolvimento Quinquenal também falha nas medidas para a formação de talentos locais e a sua reserva, sem divulgar novos métodos. Para a deputada, se não for feita a análise das verdadeiras necessidades em termos de recursos humanos e as capacidades dos residentes em termos de emprego, será difícil para o Governo fazer uma distribuição adequada dos recursos humanos. Segundo Ella Lei, esse deveria ter sido o trabalho do GRH nos últimos anos.
Angela Ka PolíticaIdosos | Base de dados sobre os que vivem sozinhos concluída em 2017 Depois da lei, que será entregue na AL em breve, Macau vai finalmente ver concluída a base de dados sobre os mais velhos, que vai ajudar as instituições sociais a perceber quais os idosos que vivem sozinhos. O final do próximo ano é a meta do Governo [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]base de dados dos idosos prometida pelo Governo há anos será concluída em 2017. É o que diz Choi Sio Un, Chefe do Departamento de Solidariedade Social do Instituo de Acção Social (IAS), que reforça ainda a entrega da Lei de Bases dos Direitos e Garantias dos Idosos à Assembleia Legislativa ainda este ano. Citado pelo Jornal do Cidadão, Choi Sio Un indicou que a base de dados, proposta pelo “Plano de Acção para o Desenvolvimento dos Serviços de Apoio a Idosos nos Próximos Dez Anos (2016-2025)” poderá ser concluída no fim do próximo ano, para abranger sobretudo informações sobre os cerca de seis mil idosos que vivem sozinhos em Macau. O responsável diz que os trabalhos para a criação da base de dados estão a correr “bem” e que a primeira fase servirá para recolher e classificar dados obtidos pelas associações que fornecem serviços de auxílio aos mais velhos. A segunda fase versa sobre a abertura da base de dados às instalações que prestam serviços a idosos, primeiramente, e só depois é que estas informações vão ser estendidas a outras instituições sociais. “O IAS faz principalmente a ligação às informações e analisa os dados, para depois estes servirem como referência à avaliação dos serviços. Os casos individuais têm instituições para o seu acompanhamento”, explicou Choi Sio Un. No mesmo dia, o responsável do IAS reforçou que a Lei de Bases dos Direitos e Garantias dos Idosos já entrou na “última fase de apreciação” pelo que, depois da aprovação pelo superior hierárquico do organismo, a proposta deverá poder ser entregue à Assembleia Legislativa (AL) para análise ainda este ano. Já em Julho, Vong Yim Mui, presidente do IAS, disse que este diploma já estava “praticamente concluído”, algo que estava já em 2012, antes de ir par duas consultas públicas. “A proposta está em fila de espera para o Conselho Executivo. O mais rápido possível vai dar entrada na AL, para análise dos deputados”, frisou, em Julho, a responsável. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, acrescentou que “depois da férias de Verão, a proposta vai ser apresentada”. O diploma garante direito ao sustento, habitação e saúde, bem como cuidados ao domicílio e, para a União Geral dos Moradores de Macau (Kaifong) já vem tarde. O vice-presidente do grupo, Wong Wa Keong, criticou no passado domingo o que chama de um “processo lento” e pediu ao Governo que dê mais importância ao assunto e concretize a lei o mais cedo possível.
Hoje Macau China / Ásia MancheteLi Keqiang faz “escala técnica”nos Açores [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China disse ontem que a estada de dois dias do primeiro-ministro, Li Keqiang, na ilha Terceira, nos Açores, se trata apenas de uma “escala técnica”, optando por não comentar o alegado interesse geoestratégico no território. Li chegou aos Açores, depois de ter realizado um périplo pelo continente americano, que incluiu visitas à sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, Canadá e Cuba. “Pelo que sabemos, o primeiro-ministro Li estará na ilha Terceira para uma escala técnica”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, numa conferência de imprensa, em Pequim. Trata-se da terceira visita de um responsável chinês ao território insular, no espaço de cerca de quatro anos. Em 2014, o Presidente chinês, Xi Jinping, efectuou uma escala técnica de cerca de oito horas na ilha Terceira, onde se encontrou com o então vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas. Dois anos antes, o então primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, escalou também naquela ilha. As visitas ocorreram depois de os Estados Unidos da América terem anunciado a redução da sua presença na Base das Lajes. No ano passado, o presidente do governo regional dos Açores, Vasco Cordeiro, salientou, em entrevista à RTP, a possibilidade de aquela infra-estrutura ser usada por outro país que não os EUA, dando o exemplo da China, com quem Portugal tem “uma relação diplomática” que é “muito anterior” àquela que tem com Washington. Na Praia da Vitória, concelho onde se localiza a Base das Lajes, existe também um porto oceânico no qual os chineses podem ter interesse. Questionado pela agência Lusa, o porta-voz do MNE chinês não confirmou nem desmentiu um interesse geoestratégico no território. Geng salientou antes que as relações entre Portugal e China “atravessam um período de progresso estável”, com os dois países “a realizarem frequentemente visitas e intercâmbios” e a gozarem de “forte confiança política mútua”. “A China vai-se esforçar, junto com Portugal, para impulsionar a parceria estratégica global estabelecida entre os dois países”, acrescentou. O acordo luso-chinês de “parceria estratégica global”, um dos primeiros do género que a China estabeleceu com nações europeias, foi assinado em dezembro de 2005 em Portugal pelos chefes de governo dos dois países. Na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, rejeitou também a existência de “uma agenda escondida” na reunião que terá hoje com Li Keqiang, na Base das Lajes, afirmando que esta visa apenas preparar a viagem do primeiro-ministro português, António Costa, à China.
Hoje Macau China / ÁsiaOMC | Brasil não deverá opor-se a estatuto de mercado da China [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Brasil não vai seguir os Estados Unidos e questionar abertamente o estatuto de economia de mercado da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), mas manterá uma postura agressiva para proteger produtores locais de bens chineses mais baratos, disseram duas fontes familiarizadas com a decisão à Reuters. A China está a pressionar parceiros para ser reconhecida como economia de mercado, quando o seu protocolo de admissão à OMC expirar em Dezembro. Os Estados Unidos alertaram a China em Julho, argumentando que não havia sido feito o suficiente para se qualificar para o estatuto de economia de mercado, especialmente nos sectores de aço e alumínio. A União Europeia está a ponderar a sua posição sobre o estatuto da China, mas rejeitou afrouxar a sua defesa comercial. O Brasil, um grande participante da OMC e o quinto país mais populoso do mundo, vai manter-se à margem dessa discussão, disseram duas altas autoridades, que pediram para permanecer no anonimato porque não são autorizadas a falar publicamente sobre o assunto. “Não é necessária uma declaração formal de que a China é economia de mercado ou não é”, disse uma autoridade directamente envolvida no tema. “Onde houver dumping e dano à indústria local, agiremos como temos que agir.” O governo brasileiro está a estudar um método alternativo para calcular os preços dos produtos chineses, disse a fonte. Tal como os seus parceiros da OMC, o Brasil tem usado preços de terceiros para reflectir os subsídios estatais da China. Considerada a mais fechada das grandes economias das Américas, o Brasil é um dos campeões mundiais em implementar medidas antidumping para proteger a sua indústria local, que tem visto a sua participação na economia cair pela metade desde a década de 1980. Outra fonte disse que manter o silêncio sobre o estatuto de economia de mercado da China ajudaria o Brasil a evitar potenciais desafios do seu principal parceiro de comércio. Espera-se que a China crie disputas comerciais contra países que rejeitarem o seu estatuto em Dezembro. Produtores de aço brasileiros, que enfrentam uma recessão de dois anos em casa, estão a pressionar o governo para tomar uma posição contra a China, a quem acusam de estar a inundar os mercados globais com aço barato. “Como a China se coloca no mercado internacional, o fenómeno das empresas estatais e subsidiadas fazem muito mal tanto aqui no Brasil quanto nos nossos mercados principais”, disse Marco Polo de Mello Lopes, chefe do Instituto Brasileiro de Aço, que representa produtores de aço brasileiros. Reconhecer o novo estatuto levaria à falência de 4811 companhias no Brasil e custaria à já enfraquecida indústria brasileira 397476 postos de trabalho, segundo um estudo da consultoria Barral M. Jorge, que foi contratada pelo instituto. O protocolo de admissão da China permitiu que países da OMC não considerassem a China uma economia de mercado para as suas defesas comerciais. Agora que o protocolo está prestes a expirar, a China argumenta que os membros da OMC deveriam automaticamente conceder o estatuto.
Joana Freitas SociedadeDoca dos Pescadores | Macau Legend continua a falar na abertura de dois novos casinos [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Macau Legend continua a dizer que os seus novos hotéis na Doca dos Pescadores vão ter casinos, apesar da Direçcão de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) ter afirmado ao HM que nenhum tipo de licença foi ainda pedido. Num relatório interino da empresa, entregue ontem à Bolsa de Valores de Hong Kong, a Macau Legend assegura que tanto o Legendale, como o Legend Palace vão ter dois espaços de jogo no interior. “As remodelações na Doca dos Pescadores incluem o acréscimo de novas instalações, como o (…) Legendale Hotel e o Legend Palace Hotel, dois casinos, infra-estruturas culturais e de entretenimento, uma área de restauração, uma marina de iates e lojas ao ar livre”, começa por indicar o relatório. Mais detalhadamente, a Macau Legend escreve que o Legendale Hotel – o terceiro – “será um hotel cinco estrelas, com 500 quartos e um casino novo” e que o Legend Palace, o segundo, tem 223 quartos e um casino no interior”. No final de Maio, contudo, a DICJ assegurou não ter nem recebido, nem dado autorização para qualquer construção ligada ao Jogo. “Até agora, a DICJ não recebeu qualquer candidatura de nenhuma das concessionárias para a abertura de novos casinos na localização [da Doca dos Pescadores]”, frisou na resposta dada um mês antes deste relatório da Macau Legend. Uma questão de altura A empresa assegura também estar ainda à espera da resposta final do Governo face à altura do novo hotel que está ainda a construir na Doca, indicando que mantém a esperança na autorização para que a construção esteja completa no final de 2018. “Pedimos ao Governo para aumentar a altura do Legendale e estamos ainda à espera da decisão. Assim que a licença para a altura do hotel for obtida, a construção do hotel vai começar com vista à conclusão completa no final de 2018”, pode ler-se no relatório. Recentemente, David Chow falava em “injustiça”, caso seja obrigado a reduzir a altura do novo hotel de 90 para 60 metros. Se o Governo ceder à pressão popular que tem sido feita, o empresário diz que quem ganha é o “populismo irracional”. O Executivo, que desde o ano passado que ainda não tem uma decisão, disse este ano que o prédio vai “seguir a legislação”, mas não avança qualquer informação detalhada. O limite ao hotel é pedido por deputados e activistas por causa da vista para o Farol da Guia, património mundial da UNESCO. No relatório fica ainda a saber-se que a Macau Legend conseguiu receitas brutas 666 milhões de dólares de Hong Kong entre Janeiro e Junho deste ano, um decréscimo de 4,6% face ao mesmo período do ano passado.
Hoje Macau Manchete SociedadeMacau só tem dois postos de recolha de pilhas para reciclagem A DSPA colocou mais um contentor para recolha de pilhas à disposição dos residentes de Macau e está localizado no edifício deste organismo. A medida surge depois de um deputado ter questionado sobre as medidas ambientais levadas a cabo por este Governo. A questão agora é perceber que tipo de reciclagem é feita na RAEM [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) informou que já colocou mais um contentor de recolha de pilhas à disposição dos residentes de Macau, localizado nas suas instalações. Esta resposta vem na sequência da interpelação feita, no início deste mês, pelo deputado Au Kam San que quis saber qual o resultado das políticas ambientais do Governo. Na altura, Au especificou a situação da reciclagem das pilhas por ter chegado ao seu conhecimento o caso de um cidadão que, tendo dificuldades em encontrar um local para depositar pilhas usadas, contactou a DSPA. Terá sido então informado que devia dirigir-se à Estação de Tratamento de Resíduos Especiais e Perigosos de Macau (ETRPM), que está localizada na Avenida Son On, Pac-On, na ilha da Taipa, mas não sem antes ter sido informado que devia fazer uma marcação prévia. Por considerar que esta resposta não é adequada às necessidades reais do momento, Au Kam San decidiu pôr o dedo na ferida e questionou o executivo sobre esta matéria, avançando ainda que, até aquele momento, a DSPA não disponha de nenhum meio para reciclar pilhas. A resposta da DSPA não se fez por esperar. Foi criado mais um posto de reciclagem onde as pilhas podem ser colocadas diariamente entre as 9h e as 5h45 horas e onde não é necessário fazer marcação prévia. Este posto de recolha aceita todas as pilhas excepto as baterias de automóveis. Pilhas tóxicas As pilhas apresentam na sua composição metais pesados considerados perigosos à saúde humana e ao meio ambiente. Falamos de mercúrio, chumbo, cobre, zinco, cádmio, manganês, níquel e lítio. Esses metais podem chegar até aos seres humanos através da ingestão de água ou através de alimentos que estiveram em contacto com estes compostos. Como? Através da cadeia alimentar. Assim, se uma pilha for deitada no solo, ficará durante 50 anos a libertar todos os elementos tóxicos de que é feita. Durante esse tempo os materiais pesados entram no solo, contaminando este e os lençóis de água. Bastava isto para que o ser humano seja rapidamente afectado, mas não nos podemos esquecer que há ainda a contaminação feita através da cadeia alimentar. Assim, sempre que comer carne ou peixe de um animal que, por sua vez, já ingeriu alimento produzido em ambiente contaminado, acaba por estar a afectar duplamente o organismo. Já para não falar que alguns deles têm efeitos cumulativos, isto é, vão-se acumulando, potenciando exponencialmente os efeitos nocivos. Todos estes elementos químicos provocam reacções no corpo. A saber: o mercúrio debilita o cérebro causando perda de memória; o cádmio causa problemas renais que podem ir até à insuficiência renal crónica, tem a duração de 10 a 30 anos no meio ambiente e o organismo demora bastante até eliminá-lo. Se for inalado causa ainda inflamações nos pulmões. O lítio afecta sobretudo o coração. O cádmio provoca ainda danos no aparelho digestivo e o chumbo “ataca” as articulações podendo provocar a paralisia dos membros. Existem vários tipos de pilhas, umas mais poluentes que outras, mas todas elas comportam riscos graves para a saúde. Para preservar o meio ambiente é importante que todos tenham presente que são pequenos gestos que contribuem para grandes feitos. “Não é bem reciclagem” Na opinião de Joe Chan, da União Macau Green Student, “ter mais um local de recolha de pilhas é uma atitude positiva, até porque reciclar estes materiais nocivos para o ambiente, está unicamente nas mãos do Governo e cabe a ele dar o exemplo”. São atitudes como estas que contribuem para aumentar a consciência das pessoas quanto ao ambiente e à temática da reciclagem, afirmou. Quanto à questão de serem apenas dois os locais existentes para fazer este tipo de reciclagem, “não é fácil colocar depósitos em todos os departamentos do Governo e conseguir dar resposta à recolha e à sua destruição. Temos de dar tempo ao tempo, mas ainda assim acho que é uma atitude positiva. Digamos que foi ligado o botão de todo um grande processo”. Quanto à questão da reciclagem propriamente dita, Joe Chan diz que, de acordo com o que sabe, “não há uma reciclagem propriamente dita a acontecer. O que fazem é: queimam todas as pilhas na incineradora e as cinzas provenientes da queimada, que são altamente tóxicas e nocivas, são colocadas em camadas. Uma camada de cinza outra de cimento. No final, são enterradas. Não é a solução ideal, mas é melhor que deitar lítio, chumbo e mercúrio directamente para o solo”, explica. O HM contactou a DSPA para obter esclarecimentos quanto à forma como a reciclagem é feita, mas até ao momento do fecho da edição, não chegou nenhuma resposta.
Joana Freitas SociedadeCECC recebe mais de mil milhões para empreitada do metro e do Governo [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Companhia de Engenharia e de Construção da China de Macau (CECC) é a empresa encarregue de construir a superstrutura do parque de materiais e da oficina do metro ligeiro. O anúncio foi ontem feito em Boletim Oficial, no mesmo dia em que se ficou ainda a saber que a mesma empresa conseguiu um outro contrato: o da construção do edifício do Governo no Pac On. No total, a CECC – cujos antigos administradores estiveram ligados ao caso Ao Man Long e que tem como uma das subsidiárias a Chon Tit – arrecada 1,348 mil milhões de patacas com os dois serviços, sendo que pouco mais de mil milhões são apenas para a obra do metro. A autorização da celebração dos contratos foi dada pelo próprio Chefe do Executivo, Chui Sai On, e chega depois da empresa ter vencido dois concursos públicos em separado: um para a construção do parque de materiais e da oficina e outro para a concepção e construção do Edifício Multifuncional do Governo. Foi a Consul-Asia a empresa responsável pela revisão do projecto do parque de materiais e da oficina do metro ligeiro, obra que causou polémica devido aos constantes atrasos, que fizeram com que as carruagens não pudessem sequer ser armazenadas em Macau. Terminado o contrato com o consórcio composto pela Top Builders e Mei Cheong, encarregues inicialmente da construção e que entraram em divergências com o Executivo, a CECC passa a ser a companhia escolhida. Já o novo edifício do Governo no Pac On – num terreno recuperado por falta de aproveitamento – serve, como indicou o HM no início deste ano, para diminuir os arrendamentos no privado. O complexo vai ter parque de estacionamento, fábrica e escritórios. Os pagamentos serão feitos em tranches, com a CECC a receber este ano 77 milhões de patacas pelo metro e 42 milhões pelo edifício. No caso do sistema de transporte, a empresa é paga até 2019, um ano a mais do que pelas obras do Pac On.
Joana Freitas EventosFesta “Golden Grooves” amanhã no Bistro Marcellinho [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]inda se lembra das festas de antigamente, onde a música obrigava à invasão da pista? Pois bem, amanhã pode voltar a sentir na pele os arrepios que traz o que de melhor se faz no Hip Hop, r&b, Funk e Disco. A partir das 22h00, “e até tarde”, o Le Bistro Marcellinho recebe a festa “Golden Grooves”, um evento que promete algo “diferente do que os grandes clubes” de Macau oferecem actualmente, como indica ao HM Luís Lourenço, um dos responsáveis do 2Legit, entidade organizadora do evento. “A Golden Grooves é uma nova festa local que encoraja a nossa comunidade a dançar como costumava, a esquecer estar sempre agarrado ao telemóvel e pagar muito caro por uma bebida”, indica a página do Facebook da festa. “Queremos levar toda a gente de volta às boas vibrações do Funk dos anos 1970 e da era dourada do Hip Hop, nos anos 1990. Mais interacções, mais conexão.” Na “Golden Grooves” é absolutamente proibido estar parado na pista de dança. E, para evitar isso mesmo, três DJ animam a noite: Rocklee (Rockl), Nicespice e Adrian. Mais ainda, quem fizer parte de grupos ou escolas de dança locais tem entrada gratuita. A entrada para o evento é de cem patacas e inclui uma bebida, sendo que a festa acontece no Le Bistro Marcellinho, um restaurante de fusão (português e italiano) que fica localizado perto do velho campus da Universidade de Macau. “Esta é nossa primeira noite, por isso venham conhecer novos amigos e mostrar os vossos melhores movimentos na pista de dança”, indica o 2Legit, um salão de jovens barbeiros de Macau. Esta é a primeira festa, mas não deverá ser a única, já que Luís Lourenço fala em mais ideias para futuros eventos, com os mais diversos estilos de música. A ideia é simples: providenciar algo que “satisfaça a alma” de quem gosta realmente das boas vibrações do estilo ‘old school’.
Andreia Sofia Silva EventosSaúde | IPOR lança livro trilingue em parceria com associações [dropcap style=’circle’]É[/dropcap]já esta quinta-feira que será lançado, no Instituto Português do Oriente (IPOR), o livro “Guia Lexical Trilingue para a Saúde”. Trata-se de um projecto lançado pela instituição de ensino do português em parceria com a Associação dos Médicos de Língua Portuguesa e a Associação de Cardiologia de Macau. Em comunicado, o IPOR explica que o livro visa assinalar o Dia do Coração, tendo a obra um total de 5,700 entradas apresentadas em português, chinês e inglês. A língua portuguesa é o idioma de partida. “Desenvolvido ao longo de um ano e meio, a sua elaboração contou, para além da equipa de coordenação do projecto no IPOR, com os contributos de vasto um conjunto de profissionais da área da saúde, tradutores e também cidadãos, enquanto utilizadores desses serviços, seguindo a dupla perspectiva pela qual se orientaram os trabalhos do Guia”, explica o mesmo comunicado. O objectivo é que a obra seja lida pelo paciente comum mas também que constitua “uma ferramenta de apoio para estudantes de ciências médicas e, sobretudo, para os profissionais de saúde que diariamente operem em contexto multilingue envolvendo o português, o chinês e mesmo o inglês”. Com vinte capítulos que abrangem as mais diversas áreas da medicina, o livro faz a “identificação das situações comunicativas mais correntes e frequentes na interacção paciente-médico, bem como do léxico essencial de suporte a essa comunicação ao nível do corpo humano, das doenças mais comuns, dos exames médicos mais utilizados no diagnóstico e dos equipamentos e especialidades médicas que lhes estão associados”. Com esta obra, o IPOR afirmar ajudar a desenvolver a relação entre o português e o chinês, bem como a promover “a internacionalização da língua portuguesa e a sua afirmação em vários domínios de actividade”.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesDivórcio [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão podia deixar passar o divórcio mais badalado dos últimos tempos sem um mísero comentário. Não me importo muito com a Angelina ou com o Brad, mas gostava de opinar sobre o divórcio – o divórcio das estrelas (já que toda a gente o faz). Há a ideia subjacente de que os ricos (famosos) e os pobres têm potenciais de longevidade relacional diferente. Os ricos atraentes vivem o amor de contos de fadas, enquanto que todos os outros feiosos vivem o romances menos românticos que terminarão em divórcio. Eu sou pró-divórcio porque sou anti-casamentos. Não acredito na santidade do matrimónio, não percebo na utilidade da união e nunca me apanharão vestida de branco a caminhar para um altar com flores. Julgo-me uma desesperada romântica atípica porque só consigo apreciar um casamento se for uma simples convidada e nunca o ‘alvo’ do casório. Mas se há o direito de atar o nó, há o direito de o desfazer (hurrah!). O casamento acaba ao meterem os papéis num advogado, um outro rito de passagem para a mudança nas nossas vidas. Digamos que se trata de uma outra celebração mais dolorosa, a separação que doi a todas as partes e a famílias inteiras, mas que é verdadeiramente necessária pela saúde mental (e por vezes física). Ora não querer citar a lógica da batata nem invocar o Capitão do Óbvio, parece-me um desejo inútil da minha parte. A Angelina e o Brad, como tantos outros casais giros, ricos e famosos, casaram-se e depois divorciaram-se. O que não percebo, realmente, é como é que o discurso é todo algo como ‘o casal maravilha não funcionou! A crença no amor morreu’. De facto, que desgraça. Pior ainda será pensar que o casal, que inspirou a história do filme Eat, Pray, Love, divorciou-se recentemente também. Já não há provas de amor eterno, se aqueles que nós conhecemos ‘bem’ através da televisão e do cinema terminam relacionamentos. O amor, afinal, não é para sempre? Não é, ou por outra, pode não ser. O amor é de uma complexidade tremenda e por isso não há receitas bem-definidas para a sua eternidade. Nem para os giros e famosos como a Angelina e o Brad (e lembram-se do Brad e da Jennifer?). O que há são terapeutas de casal que tentam desenvolver estratégias para perceber se o divórcio é a única solução possível para a resolução dos problemas sentidos. O amor pode não ser para sempre mas ele existe – e é isso que temos que entender bem. O amor existe e às vezes resulta a curto, médio ou a longo prazo, depende de uma panóplia de factores. Os contos de fadas que pregam um ‘feliz para sempre’ naturalmente fácil de conseguir, são pura fantasia. A vida real tem coisas mágicas e tem coisas como o divórcio, que não é (que não deve ser) o fim do mundo. O divórcio é um dos muitos tratamentos necessários para a felicidade também. Mas eu percebo que é muitas vezes difícil de ver como tal. Eu, que nunca passei por um casamento nem por um divórcio, tenho muito pouca autoridade para falar sobre estas coisas. Só tive a oportunidade de vê-las em várias fases da minha vida, como espectadora. A responsabilidade de proceder com um o processo de divórcio de uma forma humana e funcional é tremenda, especialmente quando há filhos envolvidos (e a Angelina e o Brad têm imensos!). Porque o divórcio traz muita negatividade em nós, muitas confusões e muitos medos. A preocupação será de não inundar as crianças com a sensação de desgraça disfuncional porque não é. O divórcio existe porque é funcional. Um mundo de possibilidades pode nascer à nossa frente. Novas pessoas, novos momentos e, até, novas famílias. Isto para dizer que se pensam que a família que não é composta pelo pai e pela mãe é uma família ‘disfuncional’, desenganem-se. Não há tríades obrigatórias – muito menos para famílias. Talvez se nos deixássemos de viver na fantasia que as revistas cor de rosa incutem sobre o amor e o casamento, conseguiríamos perceber que o casamento não é um fim em si mesmo mas um processo de altos e baixos. Até para Angelina e para o Brad. O divórcio é o fim e o renascer.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaFronteiras | DST nega discriminação a cidadãos indianos Os cidadãos indianos que viajam para Macau de Hong Kong estão a ser obrigados a trazer cinco mil patacas em dinheiro e a mostrar o bilhete de avião de regresso. O caso foi denunciado pelo consultor Kavi Khen, mas Helena de Senna Fernandes e a PSP negam discriminação. Ainda assim, tal não acontece apenas a quem vem da Índia e a lei permite [dropcap style=’circle’]K[/dropcap]avi Khen, cidadão indiano e residente em Macau há vários anos, denunciou ao HM aquilo que considera ser uma discriminação contra os seus compatriotas. Vindos de Hong Kong, os turistas indianos que chegam ao território serão obrigados a estar numa fila à parte. Aí os funcionários dos Serviços de Migração exigem-lhes a quantia de cinco mil patacas em dinheiro e o bilhete de avião de regresso impresso, sendo que estas regras serão aplicadas mesmo que um turista vá apenas a Zhuhai fazer compras durante um dia. “Em Hong Kong há uma maior atenção dada a todos aqueles que pedem asilo político e muitas vezes essas pessoas acabam por ser deportadas para a Índia ou para outros países de onde vieram. Macau começou a adoptar as mesmas regras logo na fronteira com a China. É um destino turístico que tem vindo a ser promovido, que recebe vários grupos de turistas indianos. Quando os cidadãos indianos vão um dia à China para fazer compras e regressam não conseguem entrar. Consultei as regras adoptadas pela Migração e isso está referido para todas as nacionalidades e não apenas para os cidadãos indianos. Está escrito para os portugueses, por exemplo. Então porque é quando mostramos o nosso passaporte temos de passar para outro corredor?”, questionou Kavi Khen. A situação, que já foi noticiada pelo diário inglês Macau Daily Times, representa, para o consultor, uma discriminação. “Macau é um destino turístico e o Governo tem tentado promover o território na Índia, tem sido uma prioridade. Não sei quais serão as razões por detrás desta decisão, mas parece-me discriminatório. A Índia é um dos principais mercados turísticos para Macau e adoptar todos os estes passos não vai trazer uma boa imagem para o território”, acusou. O HM contactou a Polícia de Segurança Pública (PSP), que apenas referiu que as regras são aplicadas para todas as nacionalidades. Nada foi dito quanto à transferência de cidadãos indianos para uma fila diferente na fronteira. “Em resposta à lei e situação de ordem mundial, bem como também de localidades vizinhas, esta polícia tem implementado medidas de verificação e controlo da migração à chegada dos visitantes. Este controlo é efectuado a qualquer país do mundo, e não especificamente só para cidadãos da Índia. Tais medidas de verificação e controlo de entrada de visitantes no momento da chegada, são realizadas de acordo com a lei e formalidades estabelecidas para o cumprimento de requisitos de entrada na Região”, disse a PSP em resposta escrita. Contactada novamente, desta feita sobre o pedido de cinco mil patacas a cidadãos portugueses que aterraram na RAEM através da Air Macau, a PSP citou a lei. “De acordo com a Lei dos Princípios Gerais do Regime de Entrada, Permanência e Autorização de Residência, é recusada a entrada na RAEM a quem não conseguir comprovar ou garantir o seu regresso à sua proveniência, suspeito de possuir documento de viagem falsificado, ou não possuir os meios de subsistência adequados ao período de permanência na Região ou o título de transporte necessário ao seu regresso.” As autoridades não respondem, por exemplo, quais os critérios para que alguns cidadãos sejam questionados sobre o dinheiro que trazem e outros não. Kavi Khen levantou a questão dos pedidos de asilo político, referindo que as autoridades locais poderão estar com receio de um aumento neste sentido. Contudo, os dados mais recentes mostram que nenhum cidadão indiano pediu asilo político em Macau. A nega de Helena Segundo o Jornal do Cidadão, a directora dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, negou a existência de quaisquer actos discriminatórios, tendo referido que o Governo deve promover um equilíbrio entre a segurança do território e as conveniências na imigração para os turistas. “Deve escolher-se entre os ganhos e as perdas”, frisou. Questionada sobre se estas regras podem levar a uma diminuição do fluxo de turismo oriundo da Índia, Helena de Senna Fernandes referiu apenas que em todo o mundo existe regras de segurança nas fronteiras, devendo os turistas respeitar essas exigências. A directora confirmou ainda que a DST vai fornecer mais informações aos turistas indianos para que estes possam compreender a necessidade de trazerem certos documentos, por forma a reduzir as inconveniências causadas.
Paulo José Miranda h | Artes, Letras e IdeiasTragédia grega II [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]or sua recorrência, algumas cenas se destacam nas tragédias gregas e são tão típicas do género quanto é, por exemplo, uma cena de perseguição num filme de acção. 1. Catástrofes: catástrofes são cenas de violência que, em geral, são ocultadas aos olhos da plateia e narradas posteriormente por um actor – como em Os Persas, que narra a destruição da expedição contra os gregos. Representa a reviravolta para pior no destino de um personagem. No drama Agamémnon, o seu assassinato por Clitemnestra. Em Édipo, a cena final onde o protagonista aparece em cena com os olhos perfurados e sangrando (nós não temos acesso à acção de Édipo a furar seus olhos, mas a acção é-nos contada). 2. Cenas patéticas: cenas de explicitação de sofrimento, de dor, em cena. Por exemplo, as cenas em que Electra dá vazão à sua dor pela morte do pai e pela situação humilhante a que sua própria mãe a obriga. 3. Agón ou cenas de confrontação: tratam-se de cenas onde, através de acções ou de diálogos entre personagens, se explicita o conflito trágico no palco. Exemplos maiores seriam o diálogo entre Clitemnestra e Orestes antes da cena de catástrofe, onde Clitemnestra é morta pelo próprio filho em As Coéforas, ou em Édipo Rei, na cena que Édipo discute violentamente com o adivinho Tirésias, ou ainda nas cenas de reconhecimento, isto é, naquelas em que se dá a passagem da ignorância para o conhecimento, quando um personagem se descobre parente, amigo ou inimigo de outro. Pode também tratar-se da descoberta de algo que se fez ou não. O exemplo clássico de uma cena de reconhecimento é a descoberta de Édipo como assassino do pai e esposo da mãe em Édipo Rei. As técnicas usadas para este reconhecimento em si poderia se dar de modos muito diferentes. Uma das técnicas mais usadas era através de sinais exteriores, como quando Electra reconhece seu irmão Orestes por causa de uma peça de roupa que este usa. É importante deixar claro que não se trata de uma cena em que o público toma conhecimento de algo. É o personagem que toma consciência desse facto significativo para o seu destino. Depois de um breve olhar para a forma da Tragédia, regressemos ao seu sentido, à sua natureza. Vimos anteriormente que, contrariamente à epopeia ou à lírica, a tragédia é a representação de uma acção. A tragédia está a acontecer. A epopeia trata do que já aconteceu, a lírica de uma subjectividade intemporal, mas a tragédia está a acontecer. A tragédia está ali em frente dos nossos olhos, em frente de nós, é o presente a acontecer. A tragédia, literalmente, faz-se diante de nós. O presente, o a acontecer é o fundo onde a acção se move. Que acção é esta que se move neste tempo, que acontece aqui e agora diante de nós, espectadores? A acção é um acontecer aqui e agora através daquilo a que Aristóteles chamou de “alma da tragédia”: o mytho, o enredo. Na Poética, em 52b 9, Aristóteles escreve que as duas partes do enredo são a peripécia e o reconhecimento; apontando ainda uma terceira a que chama de patético, isto é, pathê, ser afectado. A peripécia está estritamente ligada à metabolê, à mudança. Não se trata de uma simples mudança, mas de mudança que traz em si a negação do seu oposto, isto é, a acção converte-se no seu contrário. Por conseguinte, esta mudança é na realidade uma reviravolta – e neste sentido a tragédia é a arte mais próxima da vida humana. Como exemplo máximo de reviravolta, ou de peripécia, Aristóteles refere o Édipo Rei, de Sófocles, no episódio em que um arauto chega a Tebas, vindo de Corinto, com a mensagem da morte de seu pai e, vendo que Édipo ainda sentia preocupação em relação à possibilidade do oráculo de Delfos estar correcto e ele poder desposar sua mãe, revela-lhe que sua mãe não é realmente sua mãe, pois ele foi-lhe entregue em criança pelas mãos de um pastor que pertencia à casa real de Tebas. Ora, aquela que deveria ser uma revelação auspiciosa, acaba por tornar-se precisamente no seu contrario, afundando mais Édipo em preocupação, que agora é já quase uma certeza; trata-se da reviravolta por excelência, segundo Aristóteles. Mas esta reviravolta é simultaneamente um reconhecimento, pois Édipo passa de uma situação de ignorância em relação ao que de facto aconteceu no passado, para um conhecimento quase pleno daquilo que realmente se passou. No fundo, todo o reconhecimento é também ele uma reviravolta, pois o personagem passa de uma situação de ignorância para uma de conhecimento pleno, isto é, para o seu contrário. Aristóteles acrescenta ainda que a reviravolta ou peripécia é apenas apanágio das tragédias mais complexas, e também mais perfeitas do ponto de vista do trágico ou patético (não há uma clara diferenciação entre trágico e patético em Aristóteles). Ora, porque razão ele conecta complexidade do enredo, através da reviravolta, com amplificação do trágico? Precisamente porque a reviravolta é um mecanismo de acção trágica especialmente apropriada para suscitar o terror e a piedade ou compaixão. Mas estas reviravoltas surtem o seu efeito maior se conectadas a actos patéticos, pathê, como lhe chama Aristóteles. Em 53b 20, ele exemplifica quais são esses actos patéticos: um irmão que mata ou pensa em matar um irmão; um filho, o pai; uma mãe, o filho; ou um filho, uma mãe. Mas estes actos patéticos e a reviravolta não podem ser usados aleatoriamente, isto é, há situações de reviravolta com actos patéticos que não suscitaria o terror e a piedade, mas sim a repulsa. Por exemplo, ver um justo passar da felicidade à desgraça ou um injusto passar do infortúnio à felicidade. O que estás agora aqui em causa é o apuramento daquilo que efectivamente suscita piedade. E, em 53a 5, Aristóteles escreve: Sente-se piedade por aquele que não merece o infortúnio e não por quem o merece. Muito bem, se pensarmos já, adiantadamente no livro do Eça, poderíamos dizer que se Basílio caísse em desgraça nós não seríamos afectados de piedade, de compaixão por esse personagem. Contrariamente, sentimos toda a piedade por o que acontece a Édipo, que tenta tudo para não errar, age sempre justamente, mas não consegue escapar ao infortúnio que tinha já sido ditado pelos deuses. Por outro lado, não basta o personagem não merecer infortúnio, é necessário que possamos identificar-nos com ele. É preciso que a infelicidade atinja um nosso semelhante, acrescenta Aristóteles. Por conseguinte, e em forma de conclusão em relação à alma da tragédia, a reviravolta do enredo deve ir da felicidade ao infortúnio, devido não à maldade do herói, mas a uma grande falta cometida por ele ou por seus familiares. Para terminarmos, não poderíamos deixar de mostrar o modus operandi daqueles que as compunham. A técnica que os tragediógrafos usavam na composição de um tema é a que podemos chamar hoje de técnica do zoom. Em que consiste esta técnica? O zoom é uma possibilidade técnica e material dos nossos dias que permite aumentar uma determinada imagem. Neste aumentar de imagem acontece duas coisas: 1) o campo do que se vê fica mais reduzido; 2) vê-se mais desse reduzido do que se via na imagem alargada. Para quem viu o Blow Up de Antonioni, sabe muito bem do que estou a falar. Um fotógrafo num parque tira uma foto a uma mulher em campo alargado de imagem. Mais tarde, em estúdio, vai fechando esse mesmo campo, deixando mesmo de ver a mulher e passar só a ver os arbustos e, nesse fechamento do campo, nessa diminuição do espaço, há um ganho de conhecimento, isto é, passa-se a ver algo que ainda não estava a ser visto. Neste caso, como também acontece na tragédia, passa-se a ver um revólver a disparar, causa pressuposta da morte dessa mulher. É precisamente este o método utilizado pelos poetas trágicos. Passemos a ver. Há uma situação conhecida, um campo alargado de imagem, que é o rapto de Helena ou a sua fuga com Páris para Tróia. Pois bem, usemos agora uma lente que permita fazer um enorme zoom sobre este campo alargado de imagem mítica. Imagine-se que, com este zoom, deixamos de ver tudo excepto Menelau no seu quarto às voltas com dores e decisões. Ou seja, através do zoom o poeta trágico faz-nos pensar, faz-nos ver o que poderia ter acontecido a Menelau naquela situação. O zoom não inventa uma imagem, não inventa um mito, antes reproduz um deles numa ampliação que não existia. Este é o método do poeta trágico: aplicar zooms aos seus mitos. Por conseguinte, e porque se trata de uma amplificação de uma imagem “real”, o final da tragédia também não poderia contrariar o curso normal do mito tratado pela tragédia e conhecida do espectador, isto é, o final não poderia revelar o que a imagem não ampliada não mostrava. Acontecesse o que acontecesse com Menelau, nesse zoom, ele teria sempre de partir para a guerra de Tróia. Na próxima semana iremos ver de perto a arte de Esquilo.
Carlos Morais José A outra face VozesCelebrações [dropcap style=’circle’]Q[/dropcap]uando lágrimas ou sorrisos, de alguma maneira, me ofendem sei chegado o tempo de partir. Permanecer seria vão e as linhas traçadas na curta espera desta macedónia de gente mostram-se recta sem sentido. Lanço às palavras a alma, que não tenho, na ânsia súbita de agarrar. De aqui podar o excessivo, simplificar o caminho que sei não levar a lado nenhum. Detesto celebrações. Bogart chamaria a estes eventos uma “amateur night” – leio no Facebook e concordo com avidez. No meio de todo o ruído, sabe bem não estar totalmente sozinho e encontrar, ainda que morto, um irmão cujas ideias flutuam ainda no ciberespaço. Nunca me conformei à necessidade de divertimento compulsório. Admito que seja por espírito de contradição, mas quando se impõe a festa quase imediatamente me advêm pensamentos tristes, deprimentes, e não há álcool que os apaguem, nem música que os afugentem. Permanecem por ali, num lugar recuado da mente, enquanto sorrio para todos e desejo votos de qualquer coisa. Não têm qualquer substância particular, nem conteúdo específico. Passado pouco tempo, sinto sempre que é melhor bater em retirada. E mesmo se alguém verdadeiramente amigo me contacta, prefiro mergulhar no mar da solidão que nesses momentos me habita. Fogem-me as palavras e são-me penosos os sorrisos. É talvez um mero relato de não estar em parte alguma, de vegetar dentro de mim, sem vontade de sair do invólucro a que me destino como caixão antecipado. Nesta proximidade à morte, não seria claramente uma boa companhia para ninguém, como não o sou sequer para mim. Daí que me outorgue este estranho direito de ficar sozinho, saborear a inutilidade do tempo, a vacuidade das datas e reforçar a ideia de que não passam de um esforço ridículo de quem realmente teme, em silêncio, a morte. Sentiria também, se me vestisse para a festa, que estaria a fazer a minha “toilette de cadáver”, como dizia Pessanha. Afinal, preparar-me para os outros ao espelho é como preparar-me para enfrentar o vazio frio da eternidade. Desse tempo que existiu antes de mim e que existirá depois de eu partir. Assim, fico nesta consciência de uma efemeridade que só a dor engrandece, na sua inutilidade e paradoxo; e só o prazer do amor e da beleza eventualmente riscam uma justificação. Será pouco, muito poucochinho e talvez esta constatação me enfureça subtilmente e desta raiva calada emerge então uma disposição solitária. Agrada-me, por outro lado, ficar à janela enquanto a cidade vibra e os foliões desesperam na grande e programada demanda do esquecimento. Sobe-me à garganta alguma ternura pelos humanos, pela sua corrida angustiada e de sentido circular. Estranho paradoxo este de procurar não ser para ter uma sensação mais absoluta de ser qualquer coisa. Afinal, será esta grande festa uma recriação de um caos original, apenas pressentido, em que se tornava claro não passarmos de matéria estelar. Cumpro algumas das obrigações, presto algumas das deferências a que a minha condição social obriga. É preferível assim do que depois ter me desfazer em estúpidas, eventualmente mentirosas, justificações. Depois, rapidamente, me recolho, pondo o telefone em silêncio, respiro mais fundo e mais livre no conforto desta gruta a que chamo casa e prometo a mim mesmo nada determinar das minhas acções futuras. Sei lá quanto me espera neste espaço de tempo a que chamamos um ano. Não o temo nem o desejo, não me inspira nem me desespera. Aceitarei sem remorso o que as coincidências me aportarem. Não estarei preparado para nada, pois sei que a todo o momento depararei com uma curva e pouco imagino sobre o que estará para além dela. Intimamente, muito intimamente, sorrio porque foi desta ignorância que aprendi há muito a fazer a minha liberdade. E – imaginem! – por uma centelha deste tempo, por um instante de eternidade, fui realmente feliz. Ainda bem que, amanhã ao acordar, já terei esquecido tudo isto.
Joana Freitas SociedadeAcidente Entena | Autoridades rejeitam dar nome de agência de viagens [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s autoridades rejeitam dar o nome da agência de viagens de turismo envolvida no acidente com um autocarro de turismo na Rua da Entena. O HM tenta, há mais de um mês, saber qual a empresa envolvida no acidente que vitimou mais de 40 pessoas, mas depois das questões deste jornal serem constantemente passadas de departamento para departamento – por “não serem da competência” dos diversos serviços envolvidos, a PSP rejeita dar a informação. Desde poucos dias após o acidente do início de Agosto que o HM tenta saber a quem pertencia o autocarro de turismo que transportava turistas de Shenzhen. Da PSP, as nossas questões foram enviadas para a Direcção dos Serviços de Turismo e daqui para a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes – tudo organismos que estão envolvidos no tratamento do caso. Depois destes, o HM foi novamente notificado para contactar a PSP, que finalmente respondeu, ainda que sem sucesso. “Face [a que] o caso a que refere se encontra na fase de instrução processual, esta Polícia não tem nada a referir neste momento”, indica uma resposta da PSP. A autoridade não adianta mais detalhes, por exemplo se a “fase de instrução processual” é em tribunal ou interna à PSP. Segundo diversos comunicados do Governo, as situações respeitantes ao incidente estão a ser tratadas por acordos entre os turistas e a agência de viagens, que tem, segundo o Executivo, prestado auxílio no que concerne, por exemplo, à estadia dos turistas e familiares em Macau. Até agora é público que apenas o condutor está a ser acusado pelo Ministério Público, não se sabendo se a empresa irá também a tribunal.
Joana Freitas SociedadeReceitas das operadoras desceram em sectores afiliados ao Jogo em 2015 [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão foram apenas as receitas do Jogo que baixaram em 2015, mas todo o sector a ele afecto sofreu baixas. Dados da Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) indicam que as receitas de restauração e até de câmbios de moeda caíram mais de 10%. No ano passado, as receitas globais das operadoras foram de 233,23 mil milhões de patacas, menos 34,1% face a 2014. A maioria (231,5 mil milhões) diziam respeito a receitas de Jogo, que tiveram uma queda semelhante às receitas globais. Mas, e como também aconteceu com o sector hoteleiro, estas não foram as únicas quedas registadas em 2015. O dinheiro acumulado pela restauração baixou em 10,6%, tendo as receitas totalizado 548 milhões de patacas, e com o câmbio de moedas caiu 24,6% (76 milhões de patacas em receitas). As despesas globais do sector cifraram-se em 101,87 mil milhões de patacas, tendo diminuído 32,5% em relação a 2014. As despesas foram principalmente para compras de mercadorias, comissões e ofertas a clientes, tendo caido 45,1%, para 56,99 mil milhões de patacas. “Entre as despesas de exploração, as efectuadas em bens e serviços proporcionados gratuitamente a clientes, por exemplo alojamento em quartos de hotéis e restauração, situaram-se em 9,81 mil milhões de patacas, diminuindo 14,1%, em termos anuais, enquanto as despesas realizadas em marketing e publicidade foram de 3,91 mil milhões de patacas, descendo 27,6%”, indica ainda a DSEC. Em sentido inverso, as despesas com funcionários subiram em 5%, para quase 20 mil milhões de patacas. Dados do início do ano mostravam que, apesar de haver menos empregados na indústria do Jogo, eram mais bem pagos: eram 56.217 (menos 3% do que no ano anterior), mas com salários que subiram mais de 4%.
Joana Freitas BrevesComércio China-Macau cai mais de 20% O comércio entre a China e Macau caiu 26% nos primeiros sete meses do ano, em termos homólogos anuais, para 1,96 mil milhões de dólares, de acordo com o Ministério do Comércio chinês. As exportações da China para Macau caíram 26,2% em termos anuais para 1,87 mil milhões de dólares durante o período entre Janeiro e Julho, segundo informação divulgada pela agência oficial Xinhua. De Macau, a China importou o equivalente a 90 milhões de dólares, menos 23,6% que no mesmo período de 2015. As autoridades da China aprovaram 197 projectos de investimento de Macau durante o período entre Janeiro e Julho, com 550 milhões de dólares de capital de Macau, menos 14,9% que no período homólogo de 2015, segundo o Ministério do Comércio, citado pela Xinhua.
Sofia Margarida Mota BrevesTap Seac | IACM investiga choque eléctrico O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais já se encontra a investigar, junto da empresa responsável pela manutenção dos equipamentos luminosas referentes às comemorações do Festival do Bolo Lunar, o incidente relativo ao choque eléctrico que vitimou no passado domingo um homem de 65 anos na Praça do Tap Seac. A vítima terá sido electrocutada quando tocou com a mão nas referidas iluminações e o Corpo de Bombeiros (CB) foi chamado ao local onde constatou que tinha ocorrido uma descarga eléctrica nos arames que sustentam as luzes. A fonte de electricidade já foi desligada e o homem que sofreu queimaduras de segundo grau em 1% do polegar direito e tem ferimentos no pé foi hospitalizado encontrando-se em estado considerado estável.
Andreia Sofia Silva BrevesDSAT ainda estuda novo modelo de autocarros Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), confirmou à deputada Kwan Tsui Hang que o novo modelo de funcionamento de autocarros ainda está a ser estudado. “Esta direcção de serviços está a realizar os trabalhos preliminares do planeamento sobre o futuro modelo de exploração de autocarros, designadamente a revisão das vantagens e desvantagens do actual regime de exploração, bem como através da análise dos modelos de gestão de serviços de autocarros das regiões vizinhas e aproveitar as vantagens recolhidas para melhorar o actual modelo de exploração, com vista a atender a sociedade”, respondeu o director da DSAT à interpelação escrita da deputada.
Sofia Margarida Mota SociedadeJustiça | Direito a recurso “não deve ser limitado” a penas reduzidas A possibilidade de recorrer a instâncias superiores, independentemente do limite da pena, é uma das questões levantadas pelo livro “Estudos comemorativos – 20 anos do Código Penal e Código de Processo Penal de Macau”. A sugestão é dada no fecho da obra e pretende um processo penal mais equilibrado [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]questão ligada ao recorrer de sentenças para determinadas instâncias superiores e em circunstâncias definidas é um ponto que poderia ser alvo de revisão em Macau. A sugestão é dada por Luís Pessanha, jurista da Assembleia legislativa (AL) no artigo “Perspectivas de Futuro para o Código de Processo Penal de Macau – Breves Notas sobre o que ficou talvez por fazer na Revisão de 2013”. A reflexão fecha o livro que assinala o vigésimo aniversário de código Penal e Código do Processo Penal de Macau e incide sobretudo “numa opinião pessoal relativa ao limite imposto quando se pretende recorrer a tribunais superiores”, adianta o jurista ao HM. “Este tipo de problema existe dada as limitações de recursos humanos”, refere Luís Pessanha enquanto explica, a título de exemplo, que quando um sujeito não é considerado culpado por um tribunal de base, o Ministério Público pode recorrer para a instância seguinte. Caso seja condenado em segunda instância, esta representa efectivamente a “primeira decisão condenatória e quando a pena é relativamente reduzida, é aplicada a regra de que já existiram duas instâncias de julgamento, pelo que não se justifica a aceitação de recurso para instancia superior”. Para Luís Pessanha esta regra não será a mais equilibrada sendo que se justifica que “quando há uma primeira decisão condenatória e independentemente do valor da pena, deverá ser admitida a possibilidade de recurso, porque pode existir de facto algum erro, na medida em que é, efectivamente, o primeiro julgamento condenatório”. Apesar de entender que esta é uma forma de filtragem para evitar o amontoado de processos em últimas instâncias de julgamento, o jurista da AL considera ainda que e trata de uma medida que poderá ser ponderada, até porque “estes processos não serão muito comuns pelo que e nesse casos se justifica admitir o recurso independentemente da pena aplicada”. Em 2013, data da última revisão do Código do processo penal, “esta alteração não foi considerada pelo que é ainda uma ideia actual que poderá ser analisada”, remata Luís Pessanha. Duas décadas em reflexão Celebra-se este ano o vigésimo aniversário da entrada em vigor do código penal e da aprovação do código do processo penal de Macau. A iniciativa é celebrada pela Fundação Rui Cunha com a apresentação de um conjunto de reflexões por parte dos profissionais do Direito do território. “Estudos comemorativos – 20 anos do Código Penal e Código de Processo Penal de Macau” partiu da ideia de possibilitar uma reflexão e um diálogo através de um convite extensivo a profissionais quer de formação portuguesa quer chinesa, para que as pessoas tenham um conhecimento mais alargado do que se vai produzindo a nível legal nesta matéria”, refere Paulo Sena, coordenador científico da publicação e jurista da Assembleia legislativa (AL). A obra conta com artigos genéricos e mais gerais até à reflexão acerca de casos particulares e é apresentada numa edição bilingue que reúne cerca de 1000 páginas escritas por juristas portugueses e chineses. A ideia é fundamentar a necessidade de “uma doutrina própria da RAEM porque vivemos ainda muito sob o direito de Portugal e esta é uma obra que já implica uma reflexão local acerca dos códigos de Macau”, explica Paulo Sena. A apresentação do livro tem lugar a 29 de Setembro na Fundação Rui Cunha pelas 18h30.
Andreia Sofia Silva BrevesDSAT ainda estuda novo modelo de autocarros Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), confirmou à deputada Kwan Tsui Hang que o novo modelo de funcionamento de autocarros ainda está a ser estudado. “Esta direcção de serviços está a realizar os trabalhos preliminares do planeamento sobre o futuro modelo de exploração de autocarros, designadamente a revisão das vantagens e desvantagens do actual regime de exploração, bem como através da análise dos modelos de gestão de serviços de autocarros das regiões vizinhas e aproveitar as vantagens recolhidas para melhorar o actual modelo de exploração, com vista a atender a sociedade”, respondeu o director da DSAT à interpelação escrita da deputada.
Joana Freitas PolíticaIACM forma pessoal para evitar problemas detectados pelo CA [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) vai levar a cabo a formação do seu pessoal para melhorar as instalações de lazer sob a sua alçada. É o que diz o Instituto, num comunicado enviado depois de ter sido dado a conhecer um relatório do Comissariado de Auditoria (CA), que não poupava nas críticas ao organismo dirigido por José Tavares. O documento, semelhante à resposta dada pelo Instituto ao CA, a entidade indica que “tem empenhado esforços constantes” no sentido de optimizar as instalações municipais de lazer, “de modo a torná-las mais adequadas ao uso dos cidadãos”. Mas o IACM admite que é ainda possível introduzir melhorias, algo que vai fazer “o mais rapidamente possível”. Os primeiros passos são a limpeza de todas as instalações e a formação de trabalhadores. “De acordo com a proposta do CA, o IACM intensificará, o mais rapidamente possível, a frequência da limpeza de todas as instalações de lazer e a formação dos trabalhadores, como forma de elevar as suas capacidades de comunicação e de tratamento apropriado de problemas que envolvam riscos imediatos para os cidadãos”, indica. “A par disso, através do aperfeiçoamento do actual mecanismo de fiscalização por rondas e supervisão e gestão do serviço adjudicado, o IACM irá reforçar a gestão e aperfeiçoar, de forma contínua, o trabalho.” O CA falava em desperdício de dinheiro, falta de condições para os utentes e até riscos de segurança nos diversos parques desportivos e zonas de lazer do IACM. O Comissariado dizia mesmo que havia um “elevado número de problemas” não só de nos equipamentos, como face às condições de higiene. Tal como o IACM já tinha referido na resposta que deu ao Comissariado, vai ser estabelecido um mecanismo para gerir e fazer a manutenção das instalações, algo que vai acontecer com a obtenção do Certificado Internacional de Gestão de Qualidade ISO. Sónia Chan garantiu que 80% dos problemas detectados pelo CA estão resolvidos. Ainda assim, citada pela TDM, a Secretária para a Administração e Justiça, diz que “o resto dos problemas só será resolvido através de obras de construção”. Sónia Chan diz que o IACM já fez um plano que será posto em curso e que versa, tal como frisava o Instituto, na manutenção e limpeza dos espaços.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeAmbiente | Iniciativa voluntária limpa praia de Coloane Foram ontem recolhidos cerca de 120 quilos de lixo numa pequena praia de Coloane. A limpeza foi levada a cargo por um grupo de voluntários que juntou gerações e nacionalidades, tudo para dar o exemplo e alargar consciências do que se anda a fazer no mundo em que se vive [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]agenda apontava para as três da tarde de ontem para preencher um domingo de limpezas. No final, o prémio foi de mais de 120 quilos de lixo, distribuídos por 50 sacos depois de uma tarde “a assar”. Numa iniciativa da Associação Green Future, em parceria com o Instituto Politécnico de Macau (IPM), foi realizada a segunda acção voluntária de limpeza de uma pequena praia localizada nas traseiras do templo Tam Kong, em Coloane. Nem o sol abrasador que se fazia sentir, nem o facto de ser o dia de descanso, demoveram os cerca de 80 voluntários que compareceram à iniciativa. De todas as idades e das mais diversas proveniências foram pegando no material que lhes estava reservado – sacos, pinças e luvas – e , divididos em equipas, começaram a colecta. A separação do lixo era feita logo de início. Uns ficaram com os plásticos, outros com as esferovites e os restantes com todo o tipo de lixo que ia aparecendo. Ao longe, pareceria uma actividade de apanha de conchas à beira do mar, mas não, mais do que as “peles” de crustáceos, eram os desperdícios de todos que se acumulam na chegada das ondas. Maldito plástico “O plástico é, sem dúvida, o pior”, afirma Shirley, a representante do IPM, instituição coorganizadora. Satisfeita com a primeira edição, que teve lugar em Junho, especialmente com os mais de 100 voluntários que na altura apareceram, Shirley considera que, mais do que estas iniciativas, é necessário educar para a prevenção. “O que vemos mais por aqui são garrafas de plásticos, esferovites, essencialmente vindos de comida vendida para fora, e muitos pauzinhos”, desabafa para justificar que não há uma educação para um consumo responsável. “Vamos comprar um chá e só por isso temos um copo de plástico, uma tampa para esse copo, uma palhinha e um saco para trazer o copo, tudo isto por apenas um chá. Não faz sentido!”. Com este género de iniciativas “as pessoas não são apenas informadas do que se está a passar mas veem, pelos seus próprios olhos, o que estão a fazer ao mundo em que vivem, e isso tem outro impacto”, afirma. A ideia é partilhada pela engenheira química portuguesa, Rita Correia, que trabalha no território há sete anos. “Macau tem piorado muito e acredito que com atitudes como esta e no efeito em cadeia que podem ter, possamos estra a fazer uma coisa importante para um mundo melhor”, afirma. Já conta com a segunda participação enquanto voluntária nesta iniciativa e considera que mais do que o acto de limpeza em si, só o facto de existirem pessoas que dispensam o seu tempo para ali estar já é, por si, um movimento cívico em assumir a responsabilidade e fazer melhor”. Por outro lado, o facto das pessoas apanharem o lixo que produzem faz com que acabem por perceber gravidade de muitos dos pequenos actos do dia-a-dia. “Se calhar depois de ver tanta embalagem de esferovite recolhida, a próxima vez que forem comprar limões não trazem aqueles que estão em couvettes e acham isso um despropósito”. É através da acção que se aprende, considera, “e coisas como esta ajudam a ter noção da realidade”. Medidas de cima Apesar de alguma afluência por parte dos filhos da terra, Rita Correia é da opinião que ainda é “muito pouco” e considera que “o Governo de Macau devia ser o primeiro a fazer mais e a promover este tipo de iniciativas”. Podia continuar a ser uma campanha de voluntariado mas, tal como os voluntários que vão correr as maratonas e depois lhes é oferecido um buffet, também neste tipo de iniciativas deveria acontecer qualquer coisa idêntica, em que as pessoas que participam para um Macau melhor tivessem algum tipo de “recompensa” pelo seu civismo”. Por outro lado, há medidas legislativas a serem tomadas à semelhança do que já acontece noutros países, nomeadamente no que concerne à limitação no uso de plásticos e de alguns tipos de esferovite. Sem uma acção “de cima” qualquer medida para proteger o espaço que nos rodeia é muito lenta, defende a engenheira química. Uma folga útil Trocaram o dia de folga na limpeza das casas dos outros para ajudar a limpeza na praia. “Gostamos de gastar a nossa folga em coisas que nos tragam uma recompensa maior do que apenas andar por aí, e por isso estamos aqui, ao ar livre, e a ajudar por uma praia mais limpa”, explicam as duas amigas de origem filipina. Ali, consideram-se mais úteis e já é a segunda vez que passam a folga na limpeza costeira. A prioridade é “ter um ambiente melhor, porque é essencial a uma boa vida”, afirmam. Há mais de 14 anos em Macau, as preocupações com o crescendo de poluição são muitas mas “é com actividades como esta que todos também podem contribuir”. Por entre o cantonês e o português ou inglês, ouvia-se um grupo de jovens em mandarim. São estudantes de tradução e vêm de diferentes regiões da China continental. Assumiram como porta-voz a colega Yolanda, de Qingdao. Apesar de proveniências diferentes, aqueles cerca de 10 jovens universitários são experientes neste tipo de acções. “Desde o ensino secundário que sou voluntária em acções para protecção ambiental, e os meus colegas também” afirma Yolanda, ao mesmo tempo que, com orgulho, refere o conhecimento que tem acerca da maior consciência dos problemas ambientais e da urgência em prevenir o pior. “Somos todos activistas ambientais”, explica, enquanto adianta preocupações relacionadas com as notícias das mortes de parte da fauna marinha devida aos plásticos e a relevância social e pedagógica deste tipo de iniciativas, que, “apesar de serem em pequena escala, valem o que valem e são sempre alguma coisa”.