Joana Freitas Manchete PolíticaAmbiente | Chui Sai On diz que Macau precisa de “orientação” da China Numa visita ao território, o vice-Ministro da Protecção Ambiental do Governo Central ouviu do líder do Executivo que Macau está a caminhar para um desenvolvimento social equilibrado com a protecção do ambiente. Mas Chui Sai On disse a Huang Runqiu que a RAEM precisa do continente [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hui Sai On admitiu que Macau precisa do “apoio e orientação” da China no que toca à protecção ambiental. Num encontro no território com o vice-Ministro da Protecção Ambiental, Huang Runqiu, o líder do Governo trocou impressões sobre a necessidade de haver um equilíbrio entre protecção ambiental e desenvolvimento social. Um comunicado do Gabinete de Chui Sai On dá conta que o Chefe do Executivo destacou a importância de existir um intercâmbio entre a RAEM e o continente, de forma que a Macau possa “adquirir experiências de trabalho na área da protecção ambiental”. Chui Sai On fez mesmo questão de falar sobre o Plano Quinquenal da RAEM, que diz ter como um dos temas mais destacados o da protecção ambiental. “[O Chefe do Executivo] disse estar atento à procura de um equilíbrio entre o desenvolvimento sócio económico e os cuidados a ter com o ambiente e revelou que o Plano Quinquenal serve para reforçar e implementar a protecção ambiental, promover uma vida verde e acelerar a estruturação da cidade como um espaço propício aos seus residentes”, frisa o comunicado do Governo. O assunto foi alvo de crítica da parte de ambientalistas e deputados, que dizem ver promessas mas nada de concreto sobre o ambiente no Plano Quinquenal. O capítulo dedicado a este assunto fala de medidas, ainda que não apresente datas específicas para cada uma delas. Por exemplo, ao que o HM analisou, pode ver-se no documento que o Governo quer fazer um planeamento sobre a utilização de veículos eléctricos, incluindo os autocarros públicos, algo que já tem vindo a ser prometido. Melhorar os combustíveis para os automóveis, criar um plano para os materiais de construção (algo que tem vindo a ser feito há cerca de dois anos), diminuir as emissões a partir da fonte e plantar árvores ao longo do traçado do metro são outros dos objectivos. Durante o encontro, Huang Runqiu referiu ainda a necessidade de existir uma “cooperação contínua” no âmbito da prevenção e tratamento da poluição atmosférica, entre Guangdong, Hong Kong e Macau. O mesmo responsável afirmou que esta visita já representou, por si, “um intercâmbio sobre as principais acções a realizar, o sistema e a política a implementar no sector”.
Andreia Sofia Silva SociedadeSaúde | Reumatologista chegou a propor criação da especialidade Rui Melo, o médico reumatologista que está de saída do São Januário, chegou a propor um projecto de implementação da especialidade, mas tal nunca avançou. Em carta enviada a Alexis Tam, o médico denunciou problemas no funcionamento do serviço de medicina interna [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]médico reumatologista que não viu o seu contrato ser renovado pelos Serviços de Saúde (SS) revela agora a carta que enviou ao Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, a 18 de Agosto deste ano, uma semana depois de ter sido notificado de que o seu contrato não iria ser renovado. A carta, divulgada pelo próprio médico ao HM, mostra que Rui Melo chegou a propor um plano de implementação do serviço de reumatologia no Centro Hospitalar Conde de São Januário, o qual funciona inserido no serviço de medicina interna. A proposta de mudanças terá sido feita junto do director do serviço logo em 2014, na primeira semana de trabalho do médico. “Apresento-lhe um plano de implementação da especialidade, pois o mesmo (director) nem sequer tinha planeado a minha actuação. Começo a fazer três períodos de consulta com muitas lacunas abertas no meu horário. Volto a conversar com o mesmo no sentido de ampliar a minha área de actuação (executar técnicas da especialidade e colaborar no serviço de radiologia)”, escreveu Rui Melo. À data, o director do serviço terá solicitado “um prazo para analisar e discutir as minhas propostas”. Na sua carta, o médico brasileiro defendeu a “necessidade de divulgação da especialidade para os centros de saúde, a fim dos clínicos gerais poderem referenciar, o mais precocemente, os casos de patologia do músculo”. Tal plano terá sido exposto a Kuok Cheong U, director do hospital. “Sugeri fazer umas sessões de esclarecimento sobre a importância da especialidade, tendo em conta o número de habitantes e o crescente envelhecimento da população, utilizando os directores dos centros de saúde e mesmo os médicos para estarem presentes no auditório do edifício dos SS.” Kuok Cheong U terá ficado “com as cópias do projecto de implementação da especialidade e o nome de patologias que poderia receber e tratar dentro do hospital”. O director pediu então a Rui Melo para ter “calma” e aguardar “um tempo para que a situação pudesse modificar-se”. O problema na medicina interna Logo nos primeiros meses de trabalho Rui Melo terá começado a ser avisado pelas chefias. O director do serviço “reclamou do baixo número de consultas e ponderou que eu devia passar a cooperar no internamento da medicina interna”. Este disse mesmo, segundo a carta de Rui Melo, que Macau “não necessitava” da especialidade de reumatologia. Rui Melo afirma ter recusado participar no internamento de doentes, por achar “não ter idoneidade para praticar a especialidade de medicina interna”. “Não iria colocar em risco a saúde dos doentes nem a minha boa prática clínica, além daquele serviço não ter falta de especialistas e de internos para aquelas actividades”, escreveu ainda. O médico alertou ainda Alexis Tam para os problemas no atendimento a doentes reumatológicos. Logo nas primeiras semanas de trabalho, Rui Melo teve conhecimento da existência de duas especialistas em medicina interna, as quais realizam “cada uma delas, um período de consulta por semana chamada de “reumatologia” sem terem qualquer diferenciação para tal”. O médico terá então pedido para tratar destes doentes, o que foi recusado. “Solicitei a possibilidade de distribuição dos utentes que estão em seguimento nas outras duas consultas, pois os doentes são observados num período inferior de 15 minutos por cada uma das médicas, tendo cada uma um número avultado mínimo de 30 doentes por consulta, colocando em risco a qualidade do serviço prestado.” Má formação Rui Melo deixa ainda uma crítica ao funcionamento do hospital público. “A presença de elementos mal formados, do ponto de vista pessoal, cultural e técnico, e que estão à frente de algumas direcções de serviços médicos, impedem a aplicação de qualquer acção técnica de qualidade nos SS.” O médico fala da existência de situações de “boicote” aos profissionais vindos do exterior. “Se é para os SS continuarem a recrutar profissionais qualificados no exterior, mas com a a mediocridade local dos mal formados a quererem boicotá-los e a expulsá-los, acaba sendo um grande desperdício de dinheiro e de tempo para o Governo da RAEM e de prejuízo moral, profissional e financeiro para quem vem abraçar o desafio profissional num novo ambiente de crescimento e que necessita, cada vez mais, de profissionais qualificados”, escreveu. Rui Melo explica saídas dos hospitais portugueses Em Portugal, o médico brasileiro viu os seus contratos com os hospitais de Seia e Bragança serem rescindidos, mas ao HM explica as razões. Em Seia, Rui Melo ter negociado um orçamento para a comparticipação de doentes reumatológicos, o qual acabaria por ser negado pela nova administração do hospital. “Optei por não concordar em referenciá-los para os Hospitais da Universidade de Coimbra, e não tive o meu contrato renovado”, disse. No caso de Bragança, Rui Melo afirma ter sido vítima de um “mal entendido” entre o presidente do conselho de administração e a comissão da farmácia, “ao não aceitar a compra de novos medicamentos e impor limites ao número de doentes que poderiam ser tratados”. “Optaram por não estender o contrato entre aquela unidade e a minha clínica privada, que era prestadora do serviço.” Rui Melo, que foi acusado de passar doentes para a sua clínica, tem um processo em tribunal contra o hospital, que acusa de difamação.
Sofia Margarida Mota SociedadeErro médico | Conselho da especialidade continua sem respostas Com data marcada para Fevereiro, a Lei do Erro Médico, recentemente aprovada, continua a suscitar algumas questões. A obrigatoriedade de seguro, que é a mais falada entre as associações profissionais da especialidade, ainda não está regulamentada e foi o mote da discussão da reunião plenária do Conselho para os Assuntos Médicos [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]questão do seguro obrigatório a ser efectivado por todos os profissionais de saúde, que está prevista no novo diploma do erro médico, foi o tópico que mais dúvidas suscitou na reunião plenária do Conselho para os Assuntos Médicos (CAM), que teve lugar na passada sexta-feira e onde foram esclarecidos e discutidas as orientação do Regime Jurídico bem como as principais dúvidas por parte das Associações da especialidade. Com a entrada em vigor do diploma agendada para o próximo mês de Fevereiro, os profissionais de saúde são obrigados a fazer um seguro que “visa proteger tanto médicos como utentes”, afirmou Rui do Amaral, assessor jurídico dos Serviços de Saúde (SS), após o encontro. Segundo o jurista esta é uma medida que “pretende proteger ambas as partes sem que ninguém fique prejudicado em caso de prova de erro médico”. No entanto, a medida ainda não está regulamentada e aguarda aprovação do Conselho Executivo da proposta, que ainda aguarda definição por parte da Autoridade Monetária de Macau (AMM), sendo que Rui do Amaral garante que os interesses de cada especialidade “serão devidamente salvaguardados porque o objectivo do executivo é o de não agravar a responsabilidade que já existe e que estaria garantida no âmbito do quadro penal”. A possibilidade de não existência de capacidade financeira para abarcar com o pagamento do prémio do seguro essencial para o exercício de funções foi outra das questões ligadas a esta matéria. O problema não é tido como relevante para os SSM na medida em que, e partindo da experiência registada em situações semelhantes, serão prémios que “não envolvem valores muito elevados”, apesar de indefinidos. O director dos SSM, Lei Chin Ion, apontou, para justificar os valores baixos e baseado em situações idênticas, um valor máximo registado de cerca de 3 milhões de patacas para um seguro deste género. No entanto, esta é ainda uma questão que aguarda a devida regulamentação por parte da AMM, sendo que é uma medida em que o valor vai variar segundo a especialidade exercida e o tipo de entidade responsável. “No caso de hospitais, o seguro tem um valor mais elevado, mas esse tipo e estrutura também são entidades com maior capacidade para poder cobrir essas despesas, e nas clínicas mais pequenas com menor número de especialidades, obviamente que os valores serão mais reduzidos”, remata Rui do Amaral. A questão da notificação obrigatória em caso de suspeita de erro médico num prazo máximo de 24 horas e a definição de “fortes indícios” de que este tipo de situação tenha ocorrido também forma assuntos abordados pelas associações da especialidade e alguns membros do conselho que ainda não consideram que estejam devidamente definidas. A justificação adiantada pelo jurista dos SSM prende-se com o facto de que dada a abrangência do tema era necessário incluir no Regime uma definição de erro médico que fosse “o mais alargada possível porque não poderia ser feita de outra forma”. “Este ainda é um processo inicial e só como o decorrer do tempo e com a prática é que se poderão efectivar mais pormenores”, remata Rui do Amaral. O diploma referente ao erro médico começou a ser discutido em 2000, bem como outros que datam de há cerca de 16 anos. “Há muitos diplomas da saúde à espera de serem adiantados” e desde 2008 já foram regulamentados mais de 80, considerados de carácter fundamental.
Andreia Sofia Silva SociedadeSCM | Farmácia Popular com museu abre portas em 2017 [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stá escolhido o novo arrendatário para o rés-do-chão da Santa Casa da Misericórdia (SCM), espaço anteriormente arrendado ao Governo, onde funcionava o 1º Cartório Notarial. O Grupo Popular foi o escolhido pela SCM para ocupar o espaço com a Farmácia Popular. Segundo um comunicado enviado pela SCM, a mesma estará aberta ao público a partir do dia 1 de Abril de 2017. A renda que o Grupo Popular irá pagar será de 700 mil patacas mensais, valor abaixo do 1,2 milhão de patacas pago pelo Executivo. A nova renda foi afixada consoante o valor oficial da inflação. Está ainda “prevista a comparticipação da Irmandade nos resultados do exercício anual da Farmácia Popular, a partir de um montante previamente acordado.” A nova Farmácia Popular será também um local com história, estando prevista a concretização de um projecto do arquitecto Carlos Marreiros. Esta será “uma farmácia com uma componente museológica”, sendo recriado “a ambiência que viveu, desde a sua fundação, e de quando o farmacêutico Henrique Maria Nolasco da Silva a dirigia, através de fotografias da época e adereços de outros tempos.” A SCM afirma ter tido “a preocupação de respeitar a vocação histórica e cultural, e sobretudo de assegurar a dignidade do edifício – integrado no património de Macau reconhecido pela Unesco – e de divulgar a história desta farmácia pioneira e os laços que a ligam à Irmandade.”
Angela Ka Manchete SociedadeViolência Doméstica | AGM quer oferecer acolhimento temporário a baixo custo A Associação Geral das Mulheres quer arrendar casas a baixo custo e a prazo limitado para as mulheres vítimas de violência doméstica. A ideia é que estas consigam tornar-se independentes depois de serem ajudadas, para que não regressem a partilhar um tecto com os seus agressores [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação Geral das Mulheres (AGM) vai começar a oferecer acolhimento temporário a mulheres vítimas de violência doméstica no final do ano. Foi o que indicou a Associação numa iniciativa para a promoção da divulgação da Lei de Combate e Prevenção da Violência Doméstica, que entra em vigor no próximo mês. Dados da Associação mostram que, em 11 anos de serviço, a linha aberta do Centro de Solidariedade Lai Yuen, sob a alçada da AGM, recebeu cerca de 4200 chamadas telefónicas pedidos de ajuda de mulheres vítimas de violência doméstica, enquanto o seu centro ofereceu serviços a 543 mulheres e 349 crianças “maltratadas”. Segundo o jornal Ou Mun, entre estas 70% foram violentadas pelo marido. Mais ainda, 60% sofriam abusos há mais de cinco anos e 30% há mais de uma década. A responsável da AGM apresentou ainda informações de que 70% das mulheres que ligaram para a linha aberta também chamaram também a polícia para pedir ajuda, mas apenas 20% dos casos deu seguimento à situação até o agressor ser acusado pelo tribunal. Os principais factores que contribuíam para esta baixa percentagem, indica ainda a Associação, são medo face à saúde psicológica das crianças envolvidas, o acreditar no arrependimento dos agressores ou a necessidade de procurar outro alojamento caso as mulheres denunciassem o agressor. Por isso mesmo, a AGM referiu também que vai lançar no final do ano um plano do serviço de acolhimento temporário a curto-prazo, oferecendo alojamentos temporários às mulheres. Estes locais funcionarão como casas e serão pagos pelas vítimas, ainda que sejam “de rendas a baixo custo”. O período de alojamento pode ir de 14 dias a três meses. Wong Kit Cheng, vice-presidente da AGM, e Ho Fun Ngan, directora do Lai Yuen, referiram que já em 2008 a AGM tinha sugerido ao Governo o fornecimento do alojamento por mais tempo para as mulheres e crianças vítimas de violência doméstica, devido à dificuldade em ajudar todas as mulheres que procuram asilo no Lai Yuen. Muitas mostravam estarem estáveis quando moravam no centro, mas depois de se tornarem independentes não sabiam o que fazer, acabando por viver novamente com os agressores. O novo plano proposto pelo centro, dizem as responsáveis, pode permitir às mulheres terem mais tempo para se preparem para evitar que regressem a partilhar uma casa com os perpetradores de maus tratos.
Angela Ka SociedadeUng Vai Meng rejeita consultas públicas para Biblioteca Central [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]projecto para a nova Biblioteca Central de Macau não vai ser posto à auscultação da sociedade. É o que diz o presidente do Instituto Cultural (IC), Guilherme Ung Vai Meng, que afirma estar esperançoso de que os cidadãos apoiem a construção. À margem de uma actividade de promoção de Macau em Hong Kong, o presidente do Instituto indicou que o projecto não deverá ser alvo de consulta pública, para evitar mais atrasos. “O projecto vai contribuir significativamente para a evolução da geração futura e para a construção da qualidade cultural de Macau”, frisou, acrescentando que, se o projecto continuar a ser adiado, Macau vai “ficar para trás” em termos culturais. “Se se realizar mais uma consulta pública, o projecto vai ser ainda mais adiado e discutido por mais alguns anos. Como o Governo já fez, há dez anos, a consulta e os estudos relacionados com a construção, o Governo não vai repetir o processo, senão nada vai ser feito”, indicou. Foi em 2007 que o edifício foi oficialmente entregue ao IC e os dois anos seguintes foram períodos para os concursos de desenho do novo espaço. Concurso que deu problemas e que levou a que, em 2010, o Governo abandonasse o projecto e o recomeçasse do zero. Em 2012 foi concluído o planeamento da primeira fase das obras. Em 2014, o estudo prévio do novo projecto foi entregue às Obras Públicas e o ano passado, o IC fez um plano sobre os livros e equipamentos a adquirir. Este ano foi criado um grupo de trabalho entre o IC e a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e i novo concurso público para o projecto vai ser lançado no início de 2017, estando a iniciativa aberta apenas a arquitectos locais. O espaço deverá abrir em 2021. O responsável do IC reiterou que, em meados do Outubro, o organismo vai fazer uma exposição dos conceitos de construção da nova biblioteca que nascerá no antigo tribunal e nessa altura os cidadãos podem expressar as suas opiniões.
Sofia Margarida Mota EventosLMA | Um mês com música para todos os gostos Vêm da Suécia, Canadá, Pequim ou Japão para preencher um cartaz “abrangente” e darem muita música na LMA. A integração do jazz já é um facto e foi ainda anunciada a intenção de iniciar acções de formação na área do som [dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Queremos fazer um especial épico este mês”, são as palavras de Vincent Cheong ao HM ao apresentar o cartaz do “Live in October” da Live Music Association (LMA), que quer trazer a Macau mais música e de todo o lado. A diversidade, que vai ocupar o palco do 11º andar do edifício industrial da Av. Coronel Mesquita, é uma “oportunidade para dar a escolher ao público o que quer ver e ouvir”, avança o responsável pelo espaço e homem de vários ofícios ligados à arte do território. O cartaz abre com o violino de Jaron Freeman, que vem do Canadá, acompanhado por The Opposite of Everything. O dia seguinte é dedicado ao rock japonês e em dose dupla. São os nipónicos Buddhagetta e Touch My Secret. O Japão volta a marcar presença a 21 de Outubro com a música electrónica que leva ao palco Based on Kyoto. A cena rock de Pequim estará presente no dia seguinte com os Elenore e o seu brit rock. 26 de Outubro é serão de jazz com os suecos Music Music Music e a trazer sons argentinos estarão os norte americanos Cuarteto Tanguero, que prometem uma noite de tango. O mês de música do LMA termina a 29, desta feita com sonoridades do punk electrónico de Pequim pelos Future Orients. Internacionalizar por aí A aposta é no sentido de trazer à RAEM mais nomes internacionais. A tarefa não é fácil, mas a LMA está empenhada em concretizar esta missão e Outubro é um ensaio dessa possibilidade. “É um mês em que há muitos festivais, tanto na China Continental como em Taiwan, e nós estamos atentos às bandas que os integram para depois fazermos a nossa proposta para que venham à RAEM”. Esta é uma forma que facilita, tanto em custos como em logística, a vinda de mais diversidade musical ao território e é uma aposta que Vincent Cheong pretende ganhar. “É bom para todos”, afirma, “porque os músicos também gostam de tocar o mais possível e dar-se a conhecer a outras plateias e, desta forma, é também uma oportunidade de trazer ao público de Macau mais música independente e reconhecida”. Sons da terra por confirmar Os músicos da terra não são esquecidos, no entanto ainda não há confirmações. A ideia é que ocupem o palco com o preenchimento de “primeiras partes” dos espectáculos ou com os sons que seguem os concertos e tomem conta da mesa de mistura enquanto DJs. Vincent Cheong refere que a composição do cartaz prevê essa integração “e neste momento só faltam as confirmações porque esta é uma oportunidade para os locais partilharem o palco com nomes internacionais”. Por outro lado, tendo em conta o panorama actual do que se faz por cá, o responsável pelo LMA considera que esta é uma oportunidade de concretizar uma necessidade, a de “abrir mentes na música da terra, porque é necessário que exista uma maior abertura das bandas locais ao que se faz nos outros sítios e mesmo na cena musical em si”, afirma. Jazz à porta Rock punk, electrónica ou música experimental são já géneros que quem frequenta o LMA tem em mente quando olha para um cartaz da casa. Mas o espaço dedicado à música ao vivo não se quer ficar por aí e o jazz é agora uma das prioridades para compor os programas futuros e que começa já a partir de Outubro. “Trazendo jazz achamos que podemos chegar a um outro tipo de audiência”, justifica o programador enquanto adianta que o concerto agendado dos suecos Music Music Music é o pontapé para uma presença mais assídua deste género musical e nada como a presença de “uma banda muito reconhecida” para selar mais uma etapa. Mas para o futuro não se projecta apenas a continuidade de “meses épicos”. A Associação pretende dar início a uma componente formativa com a realização de workshops. A prioridade no momento está em oficinas de “engenharia de som”. Para Vincent Cheong os profissionais da área não são suficientes em Macau, “muitas vezes quando são necessários técnicos de som para os espectáculo, os que existem já estão ocupados pelo que é fundamental a formação de mais profissionais para que estejam as pessoas certas a fazer o som certo”. Por outro lado, o responsável pela LMA considera que há muitos interessados em aprofundar conhecimentos no que respeita à componente técnico da música e da sua engenharia, mas depois “não há nada no que respeita à formação”. As portas da casa abrem às 21h30 e os bilhetes têm o valor de 120 patacas, com excepção do espectáculo de dia 29, que por ser duplo, terá o custo de 150 patacas.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTeologia | São raros os alunos locais que estudam área por interesse Macau, território onde desaguaram um dia jesuítas e outros cristãos, tem hoje uma única universidade católica. A Faculdade de Estudos Cristãos da Universidade de São José oferece um programa abrangente, mas apenas um aluno de Macau fez essa escolha por gosto, sem querer seguir a vida religiosa. É especialista em Antigo Testamento e está a fazer o mestrado na Bélgica [dropcap style=’circle’]À[/dropcap]entrada do Seminário de São José somos avisados por uma aluna do curso de psicologia, que ali tem aulas: “quase ninguém estuda teologia, não conheço alunos”. Ali, onde também decorrem as aulas da Faculdade de Estudos Religiosos, da Universidade de São José (USJ), há uma maioria de alunos que um dia serão padres, freiras, missionários em nome de Deus. Vêm de vários países para terem formação em várias religiões, seja catolicismo ou budismo. O director da faculdade, Arnold Monera, também nos alerta não só para os poucos alunos de Macau mas também para a quase inexistência de leigos, ou seja, pessoas que não querem seguir a vida religiosa. Em todos estes anos, apenas um aluno de Macau se tornou na excepção à regra, para além de outro estudante que acabou por mudar-se para o Canadá. Quem é este leigo com interesse pela religião? Andrew Leong licenciou-se em gestão hoteleira, o curso que, à partida, garantia um emprego certo. Mas a vontade e o interesse falaram mais alto e este aluno está hoje na Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica, a fazer o mestrado na área da religião. Apesar de ser especialista no Antigo Testamento, Andrew confessou, em entrevista por e-mail, que tem interesse sobre várias áreas. “Interessam-me muito as áreas da religião, como a Liturgia e a Teologia Moral, que nos diz como cada um deve viver a sua vida na Terra. Gosto também da história da Igreja, pois sem sabermos o passado comum da fé em comunidade, ninguém pode conhecer a sua identidade. Gosto ainda da Teologia Sistemática e dos Estudos Bíblicos, já que tudo começa aí”, contou ao HM o estudante, que é católico. Andrew Leong refere ser um curioso por natureza. “Isso tem a ver com a minha personalidade, porque gosto muito de várias disciplinas, mesmo fora da teologia, como a história da China, filosofia, cosmologia e até estudos do Holocausto. Mas se tivesse de escolher uma área, seria os estudos da bíblia. Não só porque tudo começa nas escrituras, mas informa-nos como formulamos a liturgia, a teologia moral e como devemos avaliar a história da Igreja.” “Estudar teologia nunca foi um objectivo quando era criança, nem sequer um sonho de carreira, nada disso. A minha primeira licenciatura foi em gestão hoteleira, e ganhei alguma experiência nessa área. Contudo, quando acabei o curso, soube que havia uma faculdade de teologia criada recentemente e o director da altura convenceu-me a tirar o curso. Demorei um verão inteiro até tomar uma decisão. A grande motivação surgiu porque durante toda a minha infância e adolescência a fé cristã não me foi apresentada de uma maneira sistematizada e coerente, e muitos dos meus colegas e amigos até achavam algo irracional e inaceitável. Mas para mim desde o início que fazia algum sentido. Então decidi seguir esse percurso”, contou ainda Andrew Leong. O lugar da Bíblia Andrew Leong confessa-se fascinado pela Bíblia, livro escrito pelos discípulos de Jesus Cristo, que poucos compreendem, diz. “É como se fosse uma grande pintura que se observa de diferentes ângulos, onde se encontra sempre algo de diferente. É também como um espelho, em que cada um se pode encontrar. É como uma janela, onde podemos olhar para o passado, presente e futuro.” Em Lovaina, Andrew confessa que tem um contacto permanente com novas ideias e novos pontos de vista. Tem sido “uma experiência dura, desafiante”, mas não se mostra arrependido. O aluno pretende voltar a Macau e tornar-se académico nesta área. “Quero contribuir de alguma forma e promover mais os estudos em religião. Como católico, e uma vez que temos um novo bispo (Stephen Lee), que tem energia e muitos planos, penso que posso contribuir com o que for necessário, sobretudo na promoção da leitura da Bíblia. Quero promover um ambiente de leitura para que as pessoas saibam como recebemos a bíblia, e também focada para pessoas de outras religiões, sobretudo para aquelas que têm diferentes perspectivas. Gostaria que o público de Macau soubesse mais sobre a fé cristã, a qual está muito ligada à história da nossa região.” Curso para todos Numa sociedade onde coexistem várias religiões, as pessoas parecem afastadas do seu estudo. No seu gabinete, no Seminário de São José, Arnold Monera confessou ao HM que gostaria de atrair mais leigos para o curso, que actualmente tem umas dezenas de alunos. “Estes programas académicos não estão reservados apenas a alunos que queiram ser padres ou freiras. Claro que a maioria dos nossos alunos são seminaristas, que se estão a preparar para o sacerdócio, ou irmãs que vão entrar numa congregação. Neste momento temos um aluno de Hong Kong a estudar teologia. Este ano não conseguimos abrir o mestrado porque tivemos menos de dez alunos, o que faz com que não seja financeiramente viável para a universidade. Mas ao nível do doutoramento temos dois pastores protestantes a estudar. Esperamos que haja mais leigos a estudar na nossa licenciatura.” Com cursos de licenciatura, mestrado e doutoramento, os programas académicos abrangem várias religiões. “No nosso mestrado não nos centramos no cristianismo. Falamos do hinduísmo, islamismo, budismo. Vivemos numa altura em que temos de ter consciência da beleza e da existência das várias religiões. A Ásia é o sítio onde um grande número de religiões se correlaciona”, defendeu Arnold Monera. Andrew Leong encontra uma explicação para a ausência de alunos. “Se olharmos para a maioria das áreas que as pessoas de Macau estudam na universidade, descobrimos que são muito centradas na carreira, como a hotelaria, o Direito ou cursos de economia. Os estudantes de Macau e os seus pais preferem não estudar numa área que não lhes garante um bom futuro (com riqueza), então áreas como a teologia, ou a filosofia, psicologia, não são escolhidas.” O oposto da ciência Mas há ainda uma razão relacionada com a própria cultura chinesa. “Para a cultura chinesa, a religião é exactamente o oposto da ciência, e os discursos religiosos parecem-se com contos de fadas e lendas. Por isso é tido como algo que não se pode estudar ou explicar. Esse ponto e a mente prática das pessoas são duas das razões pelas quais as pessoas de Macau não estão interessadas em estudar esta área”, disse o estudante. Para Arnold Monera, o facto da faculdade ter programas académicos apenas em inglês, e sem alunos do continente, torna-se ainda mais difícil captar a atenção de novos estudantes. “E o inglês não é uma língua oficial em Macau, então a maior parte dos estudantes vão para Taiwan, é mais fácil para eles, porque podem estudar em chinês. Não sei se num futuro próximos possamos disponibilizar cursos em cantonês. Para além disso, o catolicismo é uma religião que existe em Macau mas não tem tantos seguidores como o budismo. Em termos dos jovens não há muito interesse em fazer estudos religiosos, porque acreditam que é dominado por padres e freiras, mas é uma área que está aberta a toda a gente.” Arnold Monera, filipino, é ele próprio leigo. É casado e especialista em Novo Testamento. Mantém o sonho de um dia a USJ poder ter alunos vindos da China. “Os estudantes chineses poderão ter interesse em estudar esta área, porque a religião tem a ver com os primórdios da humanidade. O ser humano é uma pessoa religiosa, e se retirarmos a religião perdemos uma parte importante da nossa existência. A religião tem sempre um lugar na sociedade, em qualquer sítio, não se pode erradicar”, concluiu.
Hoje Macau China / ÁsiaEmpresa do homem mais rico da China anuncia parceria em Hollywood [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]conglomerado chinês Wanda Group anunciou que vai investir na produção de filmes da Sony Pictures, em mais um passo que visa converter o grupo num importante operador da indústria cinematográfica de Hollywood. Fundado no final da década de 1980 em Dalian, no nordeste da China, o Wanda Group começou por se impor no sector imobiliário, mas nos últimos anos passou a investir também no cinema e no turismo. O acordo é o primeiro do grupo dirigido por Wang Jianlin – o homem mais rico da China -, com um dos principais estúdios de Hollywood e um marco importante na sua conversão num peso pesado da indústria do entretenimento. “A aliança vai permitir reforçar o poder de influência do Wanda na indústria de cinema global, e estabelecer um bom precedente para os produtores de filmes chineses nos seus investimentos além-fronteiras”, afirmou a empresa em comunicado. A mesma nota refere que irá “empenhar-se por destacar elementos chineses nos filmes em que investir”, sem acrescentar mais detalhes. O grupo Wanda mediatizou-se nos últimos anos pelos investimentos em grandes activos na Europa e Estados Unidos da América. Em 2012, adquiriu a empresa norte-americana AMC Entertainment, proprietária da segunda maior cadeia de cinemas dos EUA e da britânica Odeon & UCI Cinemas, presente no mercado português, onde é o segundo maior distribuidor. No ano passado, anunciou a compra da Legendary Entertainment, produtora de filmes como “Jurassic World” e “Godzilla”, por 3.500 milhões de dólares (3.240 milhões de euros). Wang Jianlin financiou a produção do filme “Spotlight”, Óscar da Melhor Fotografia deste ano. O grupo detém ainda uma participação de 20% no clube de futebol espanhol Atlético de Madrid e a empresa Triathlon Corporation, proprietária dos direitos de provas desportivas de resistência como Ironman, mas o seu principal foco tem estado em Hollywood. Wang “tem todo Hollywood na mira” e “talvez o seu próximo passo seja trabalhar directamente com todos os ‘Big Six'”, os seis maiores estúdios de cinema de Hollywood, refere o comunicado. Em Maio passado, o grupo abriu o seu primeiro parque temático, um investimento de 3,35 mil milhões de dólares, localizado na cidade de Nanchang, capital da província de Jiangxi, numa tentativa de competir com o novo parque da Disney, inaugurado no mês seguinte, em Xangai.
Hoje Macau China / ÁsiaXangai | Restaurante com estrela Michelin encerrado por falta de licença [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s autoridades de Xangai obrigaram a encerrar o restaurante Taian Table por funcionar sem licença, pouco depois de obter uma estrela no primeiro guia Michelin da cidade, noticiou o jornal local Shanghai Daily. O Taian Table, dirigido pelo chefe de cozinha alemão Stefan Stiller, foi um dos 26 restaurantes reconhecidos com estrelas pelo guia Michelin de Xangai, que foi apresentado esta semana e é o primeiro na China. No entanto, desde quinta-feira está afixado na porta um aviso do que o estabelecimento suspendeu o seu funcionamento para “uma revisão interna”. O Gabinete de Gestão e Supervisão do Mercado do distrito Changning, em Xangai, responsável pelo encerramento do restaurante, justificou a sua decisão alegando que o local carecia das licenças necessárias de negócios e de ‘catering’. Em Xangai, qualquer restaurante deve contar com uma autorização geral de negócios, emitido pelo Gabinete de Comércio e Indústria da cidade, e com outro específico para os serviços de comida, concedido pela Administração de Fármacos e Alimentos. O estabelecimento pediu ambas as autorizações no passado mês de Abril, quando abriu portas, mas estas foram-lhe negadas por se encontrar num edifício residencial. As autoridades locais, refere o jornal, advertiram em várias ocasiões o Taian Table sobre a sua situação de irregularidade, mas apenas o fecharam depois de ter sido identificado pelo guia Michelin como um dos mais destacados de Xangai. Stiller declarou ao jornal que pretende transferir o seu restaurante para um local que cumpra os requisitos das autoridades e que espera reabrir em Novembro.
Hoje Macau China / ÁsiaCuba | Li Keqiang assina 30 acordos bilaterais [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, de visita a Cuba, salientou a importância da cooperação económica e comercial, assinando cerca de 30 acordos durante o seu encontro, no sábado, com o Presidente da ilha, Raúl Castro. Li e Castro conversaram sobre as “excelentes relações entre os dois países, os principais projectos de cooperação” e o fortalecimento dos vínculos bilaterais, segundo uma nota oficial sobre o encontro. Após a reunião, os dois líderes presidiram a assinatura de cerca de 30 instrumentos jurídicos para favorecer a cooperação, incluindo um protocolo que oficializa a redução da dívida da ilha para com a China, segundo a televisão estatal cubana. Foram também assinados acordos que fixam doações chinesas para a modernização das alfândegas cubanas e para a compra de painéis solares, bem como um acordo para um “projecto de reforma ligado à imprensa e materiais gráficos”. Estes acordos abrangem também áreas como ambiente, informática, indústria, biotecnologia, energias renováveis e sector bancário. Li, que chegou a Havana no sábado para uma visita que se estende até segunda-feira, disse que entre os objectivos da sua viagem está a “intensificação da confiança mútua política” e a “injecção de uma nova dinâmica às relações bilaterais”. Para o primeiro-ministro chinês, Cuba “conquistou êxitos extraordinários na construção e desenvolvimento nacionais, opondo-se resolutamente à ingerência externa e resistindo ao contínuo bloqueio estrangeiro” dos Estados Unidos. Cuba e a China mantêm relações estreitas, com um intercâmbio que nos primeiros nove meses de 2015 chegou aos 1.596 milhões de dólares, um crescimento de quase 57% em relação ao ano anterior, de acordo com dados oficiais. Em 2014, o Presidente chinês, Xi Jinping, visitou Cuba, para onde começaram a realizar-se voos direitos a partir da China no final de 2015. O primeiro-ministro chinês chegou a Cuba após participar na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque e de uma visita ao Canadá. A sua estadia em Cuba estender-se-á até hoje, segunda-feira. Cuba e China mantêm relações muito próximas, nas quais o país asiático figura como o segundo maior parceiro comercial da ilha, com trocas comerciais de US$ 1,596 mil milhões, nos primeiros nove meses de 2015, o que representa um crescimento de quase 57% em relação a 2014, de acordo com dados oficiais. A chegada de Li ocorre numa semana de intensa actividade bilateral para o governo cubano, que nos últimos dias também recebeu na ilha o presidente do Irão, Hassan Rohani, e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan | Agente duplo condenado a 18 anos de prisão [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m tribunal de Taiwan condenou um antigo funcionário dos serviços secretos a 18 anos de prisão por trabalhar como ‘agente duplo’ e espiar para a China. Wang Tsung-wu foi condenado na quinta-feira pelo Supremo Tribunal de Taiwan por envolvimento em espionagem bem como violação das leis nacionais de segurança e inteligência. O tribunal não divulgou mais informação, alegando restrições relacionadas com a segurança nacional. Segundo a imprensa local, Wang foi alegadamente ‘convertido’ pela China quando foi para lá enviado como agente secreto do Gabinete dos Serviços Secretos Militares de Taiwan. Wang espiou a mando de Pequim durante mais de uma década, segundo a imprensa. O homem foi recrutado pela China em 1995 e passou informação confidencial antes de se reformar em 2005. Wang também recrutou o coronel reformado Lin Han em 2013 para ajudar a recolher informação, de acordo com o jornal de Hong Kong Apple Daily. Lin viajou para Singapura e para a Malásia para se encontrar com agentes chineses e transmitiu informação sobre as identidades de agentes do gabinete de Taiwan e as suas missões, segundo o jornal de Taipé Liberty Times. Wang recebeu cerca de 90 mil dólares e Lin cerca de 70 mil pela informação que passaram. Lin foi condenado a seis anos de prisão por violar as leis nacionais de informação, segundo o tribunal. Taiwan e China espiam-se mutuamente desde que se separaram em 1949, no final da Guerra Civil.
Hoje Macau China / ÁsiaCinco detidos na China por despejo de centenas de toneladas de lixo num lago [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]polícia chinesa deteve cinco pessoas por alegado envolvimento no despejo ilegal de centenas de toneladas de lixo no lago Tai, um popular destino turístico na cidade de Suzhou, na costa leste da China. Pilhas de entulho e lixo doméstico, com sete metros de altura, e amontoadas num espaço equivalente a três campos de basquetebol, terão sido encontradas em Julho passado nas margens do lago, segundo a imprensa local. O jornal Shanghai Daily detalha que mais de 22 mil toneladas de lixo foram transportadas, por oito barcos, a partir de Xangai, a “capital” económica da China, que fica a 100 quilómetros de distância. Situado no delta do rio Yangtsé, o Tai é o terceiro maior lago de água doce da China, com 2.400 quilómetros quadrados, servindo como fonte de água potável para várias comunidades locais. Dois representantes da Jinlu Construction and Engineering, a empresa de construção responsável pelo despejo, a pessoa que terá forjado o aterro sanitário, e dois funcionários encarregues de supervisionar aquela área, foram detidos. Estão acusados de causar danos ambientais e incumprimento do dever. O caso ilustra o impacto ambiental da rápida urbanização da China e aumento dos índices de consumo que, segundo os analistas, não são acompanhados pelo desenvolvimento de sistemas de processamento de lixo. Segundo dados citados pelo jornal oficial Global Times, só o município de Xangai, cujo número de residentes supera os 24 milhões, produziu no ano passado 89 milhões de toneladas de resíduos de construção. A mesma fonte detalha que a “capital” económica da China gera, em média, 20.000 toneladas de lixo doméstico por dia. Em Dezembro passado, um deslizamento de terras num parque industrial em Shenzhen, o centro da indústria tecnológica da China, situado na província de Guangdong, que confina com Macau e Hong Kong, resultou na morte de 70 pessoas e enterrou 33 edifícios. O acidente deveu-se à excessiva acumulação ilegal de resíduos de construção em montes com 100 metros de altura. O governo de Shenzhen admitiu, na altura, as dificuldades em processar os 30 milhões de metros cúbicos de entulho que a cidade gera anualmente.
Hoje Macau China / ÁsiaInternautas reagem a imagens de secção da Grande Muralha pavimentada [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]otos de uma secção da Grande Muralha da China transformada numa recta lisa e plana, coberta de cimento, após os trabalhos de restauro, motivaram esta semana duras críticas por parte dos internautas chineses. Situado na província de Liaoning, nordeste da China, o trecho Xiaohekou, cuja construção remonta a 1381, compõe oito quilómetros daquele monumento, considerado património da humanidade pela Unesco. As imagens postas a circular nas redes sociais mostram que o seu piso acidentado e degraus irregulares, onde ervas brotavam, foram pavimentados, dando lugar a uma longa faixa branca de betão. “Isto parece obra de um grupo de pessoas que nem o ensino básico completou”, afirmou um internauta no Sina Weibo, o Twitter chinês. “Se as obras serviram para isto, o melhor era terem rebentado com tudo”, disse. Outro internauta reagiu assim: “Um tratamento tão mau dos monumentos deixados pelos nossos ancestrais! Como é que pessoas com um nível de cultura tão baixo podem ocupar posições de liderança?”. Em declarações à televisão estatal CCTV, o próprio vice-director do departamento de Cultura de Liaoning admitiu que o resultado da reparação “é bastante feio”. A Grande Muralha, construção da Dinastia Ming, não é uma estrutura única, integrada, mas sim uma construção por secções que se estende por milhares de quilómetros a partir de Shanhaiguan, na Costa Leste de Jiayuguan, atravessando as areias do deserto de Gobi. Em alguns locais a estrutura está tão deteriorada que as estimativas da sua extensão total variam entre 9.000 e 21.000 quilómetros, dependendo se as secções que entretanto desapareceram são incluídas ou não. Os trabalhos de restauração de Xiaohekou foram iniciados em 2012, visando “evitar maiores danos e degradação”, devido “a problemas graves na estrutura e inundações”, e completados em 2014, segundo um comunicado difundido pela Administração Estatal de Património Cultural. O organismo governamental anunciou já uma investigação sobre quem aprovou e conduziu os trabalhos de reparação, afirmando que irá punir seriamente os responsáveis. Mais de 30% da Grande Muralha da China desapareceu ao longo do tempo, devido a condições meteorológicas adversas e à actividade humana, como a retirada de tijolos para construção de casas, segundo estimativas divulgadas pela imprensa estatal. De acordo com regulamentos citados pelo jornal oficial Global Times, retirar tijolos da Grande Muralha é punível com multa até 5.000 yuan, mas a vegetação e o turismo continuam a contribuir para deteriorar a mais longa construção humana do mundo.
Hoje Macau Diário (secreto) de Pequim h | Artes, Letras e IdeiasNanning, 22 de Abril de 1978 *por António Graça Abreu [dropcap style=’circle’]V[/dropcap]Viagem curta de avião desde Kunming, uma hora de voo. Estamos agora na província de Guangxi que tem por capital a cidade de Nanning, nas margens do Yongjiang, um dos principais afluentes do rio das Pérolas, a uns seiscentos quilómetros de Macau, a trezentos e cinquenta de Hanói. A região é habitada sobretudo pelos zhuang, a maior de todas as minorias nacionais chinesas ainda algo aparentada com os tailandeses. Mas a influência han na região, ou seja dos chineses propriamente ditos, é muito antiga e hoje os zhuang correspondem apenas a um terço da população de Guangxi, absorvida, aculturada pelo mundo chinês. Com o grupo de estrangeiros meus companheiros de viagem e de trabalho nas Edições de Pequim, visitámos a Universidade de Nanning e sentimos o entusiasmo com que fomos recebidos pelos estudantes da Faculdade de Línguas Estrangeiras que estudam inglês há vários anos e que jamais tinham tido a possibilidade de falar com um cidadão inglês ou norte-americano. Até eu dei o meu melhor para conversar com os estudantes na língua de Shakespeare. Nanning, apesar da presença dos zhuang e outras minorias, é uma cidade predominantemente chinesa, verde e bonita. Em volta do rio são muitos os jardins, bambuais, palmeiras, flores e relvados e, nos subúrbios da capital de Guangxi, existem pequenos bosques e lagos. Em Janeiro de 1958, quando aqui teve lugar uma conferência do Comité Central do Partido Comunista, Mao Zedong nadou por duas vezes nas águas deste rio Yongjiang. Tinha sessenta e cinco anos, havia lançado o movimento Anti-Direitista de 1956, criado as comunas populares em 1957 e preparava-se para avançar com o desastre do Grande Salto em Frente. Mao Zedong quis mostrar o vigor físico de um sexagenário na força da vida e, — apesar do clima subtropical da terra, em Janeiro a temperatura em Nanning não ultrapassa os 15 graus –, o timoneiro não receou o frio e lançou-se à natação no rio, acompanhado no banho por uns tantos seguranças militares. Tudo foi filmado, mostrado por toda a China e, no local onde Mao iniciou a jornada aquática, foi construído um pavilhão da Natação de Inverno. Hoje, as margens do rio, algo poluído, são a grande praia para as gentes de Nanning. A região de Guangxi foi um ponto importante no apoio ao Vietname do Norte quando do recente conflito sangrento entre os Vietname do Sul, do Norte e os norte-americanos. Na altura, a cidade estava completamente fechada à presença de estrangeiros. Por aqui eram canalizados poderosos meios militares e todo o tipo de auxílio, em combustíveis, armas, comida, vestuário, com que os chineses apoiavam os exércitos e a população vietnamita, o que garantiu a subsistência e sobrevivência do povo vietnamita, dos vietcong e do regime de Ho Chi Minh. Guilin, 24 de Abril de 1978 Guilin é um lugar de eleição nas viagens à China, um deslumbramento diante da recortada e sumptuosa paisagem de rios, lagos e estranhas montanhas. A magnificência do lugar não terá a ver com Guilin propriamente dita, mas com as visões fantásticas da descida de barco pelo rio Li, ou Lijiang. Em paisagens de magia, não será de esquecer o quotidiano difícil das gentes, a dura e extremada labuta diária, o pasmo e as doenças. Num passado não muito distante, a malária, a cólera, a lepra eram uma constante na região. Guilin fica no sul da China, na província de Guangxi ou região autónoma, na nomenclatura actual. A cidade é antiga e considera-se que começou a ganhar importância no reinado de Qin Shihuang (entre 221 a.C. e 209 a.C.), o primeiro imperador e unificador do império. A cidade tem alguma indústria mas vive sobretudo do turismo. São milhares de turistas que diariamente chegam a Guilin para depois fazerem os 83 quilómetros de barco na descida pelo Lijiang até à originalíssima cidadezinha de Yangshuo, já perto do rio Xijiang, o braço oeste do rio das Pérolas. Aqui, tal como acontece na vizinha província de Guangdong, come-se tudo o que mexe, está parado e parece comestível, tudo o que anda no ar e não é avião, tudo o que anda na terra e não é comboio, tudo o que anda no mar e não é navio. Ainda tudo o que tem quatro pernas e não é mesa. Podemos bem imaginar a riqueza da cozinha de Guilin… As especialidades locais podem começar por uma sopa de cobra perfumada com ervas aromáticas, depois um estufado de gato selvagem (ou proveniente das casas e dos telhados da cidade) com gengibre, continuando o banquete com perna de pangolim (um animal protegido, em vias de extinção) frita no wok com pimentão picante. E mais uns tantos petiscos como caldeirada de enguias, peixe do rio em molho de soja e ananás, pombos de escabeche com açafrão e canela e, delícia das delícias, um cozido de pedaços de cão com cenoura e rebentos de bambu. Deixemos a cozinha típica da região, e vamos até à gruta da Flauta de Cana rasgada pela água do tempo. É semelhante às nossas grutas calcáreas de Alvados e Mira Daire, um pouco maior e, como os chineses adoram excessos da mais variada espécie, resolveram iluminar tudo por dentro, num exagero barroco que transforma as grutas num pitoresco festival de luz e cor. Vale a pena ver. Depois é tempo de descer o rio Lijiang até a vila de Yangshuo. O rio corre devagar, abençoado pelo esvoaçar da brisa e pelo chilrear dos pássaros, a viagem fluvial faz-se, sossegada e límpida, entre bambuais, arrozais dourados e montes de pedra cobertos pelo veludo verde dos séculos, entre bosques de acácias e osmantos, à sombra da penedia gigantesca que sobe até ao céu. 26 de Abril de 1978, nos céus, sobre a província de Hunan Voando no avião chinês nos grandes espaços sobre montes e montanhas da província de Hunan, penso num pintor louco que um dia pegou em todas as bisnagas de tinta amarela, castanha e verde existentes no mundo. Despejou o conteúdo dos tubos ao acaso sobre uma imensa paleta que era um pedaço sinuoso da terra. Foi a suprema inundação da cor, verdes, castanhos, amarelos formaram colinas e montanhas, os líquidos escorreram e surgiram vales nublados, florestas azuis e rios de prata. Vieram depois os homens que regaram tudo com toneladas de suor e adubaram a terra com incontáveis manchas de sangue. Lá em baixo, adivinha-se hoje uma ou outra bandeira vermelha flutuando no topo dos socalcos dourados e fitas de água faiscantes onde cresce o arroz de cada dia. De cima, vejo sobretudo o colorido esfuziante das montanhas e, na imensa serrania escalavrada e inóspita, adivinho por única colheita, o trigo e as lágrimas das gentes. Pequim, 25 de Maio de 1978 Pequim, cinco e meia da manhã. Saio de bicicleta. Sãs as rodas que me levam a toda a parte, e não deixa de ser saudável pedalar 15 ou 20 quilómetros, em terreno plano, iniciando o percurso quando o sol começa a doirar a cidade. Pequim tem sete milhões de habitantes e três milhões de bicicletas que inundam ruas e avenidas ao longo de todo o dia. Saio cedo para ver e fotografar os chineses no taijiquan (leia-se taitchichuan) matinal. Não é preciso comprar bilhete para assistir ao espectáculo deste povo que se espalha por aqui e por acolá, nos relvados, nos jardins, nas alamedas, debaixo das árvores, em grupos de dez ou vinte pessoas, ou mesmo um ou outro indivíduo isolado. Estão alinhados e profundamente imersos no ritmo lento dos movimentos do corpo. Executam uma luta fantástica e estilizada contra um inimigo imaginário. Parece que estamos a assistir a um combate de boxe filmado em câmara lenta, com um pugilista que golpeia o vácuo. Os ingleses chamam ao taiqiquan o “shadow box”, o boxe das sombras, o que não deixa de ter a sua razão de ser. São sobretudo pessoas de meia e terceira idade que o praticam como meio de conservar a saúde. O objectivo é obter a unidade e harmonia entre o espírito e as diferentes partes do corpo. Cada pessoa move, simultaneamente, o tronco, os braços e as pernas com grande lentidão mas com muita flexibilidade e ritmo. Os golpes, os socos contra o tal inimigo imaginário são precisos e o corpo está sujeito a um total controlo da mente. Os músculos estão soltos, cada gesto organizado faz parte de uma série complexa de exercícios que podem ter 24, 32 ou 64 movimentos. Só os craques se aventuram no taijiquan 64 ou ainda no mais completo de todos, o de 88 movimentos. A respiração é calculada, o que reforça o controlo subjectivo do sistema nervoso e a velocidade de circulação do sangue. Surpreende a agilidade e aparente simplicidade com que tudo é executado. Há pessoas com mais de sessenta anos que levantam o pé com facilidade e tocam com ele na testa. O taijiquan é uma prática desportiva praticada todas as madrugadas e manhãs por dezenas e dezenas de milhões de chineses. Esta forma de entender o desporto como educação e equilíbrio entre corpo e espírito tem raízes profundas na filosofia chinesa, na tão difícil arte de saber viver.
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesAcumular carreiras [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o passado dia 12 o website de Hong Kong “www.stheadline.com” divulgou uma notícia sobre um conflito entre Albert Leung Sze Ho e a Ordem dos Advogados. Albert é advogado e foi processado pela Ordem porque queria exercer uma segunda profissão como terapeuta de escultura corporal. A Ordem dos Advogados de Hong Kong é o organismo responsável pela regulamentação desta actividade na cidade. Na área de consultoria jurídica existem dois grupos profissionais, os advogados e os solicitadores. De uma forma geral, o solicitador é responsável por compra e venda de propriedades, testamentos, recrutamentos e trabalho documental, ao passo que o advogado se ocupa do contencioso. O advogado, que também pode ser designado como causídico ou patrono, representa o seu cliente em Tribunal. Em Hong Kong estes dois grupos são representados por duas organizações diferentes, os advogados pela Ordem e os solicitadores pela Sociedade Legista de Hong Kong. O litígio teve início quando Albert apresentou um requerimento à Ordem na esperança de ser autorizado a exercer uma segunda profissão como terapeuta de escultura corporal. A escultura corporal é um tipo de Naturopatia que pretende corrigir a postura do corpo, através de métodos não dolorosos, eficazes e não-invasivos. Este conjunto de técnicas e de tecnologias terapêuticas surte efeito imediato. Esta técnica destina-se a corrigir distorções do esqueleto, nomeadamente da coluna vertebral e da anca, podendo eliminar ou atenuar corcundas, dores dorsais, torsão da cintura, desnível dos ombros, pernas com comprimentos diferentes, seios desiguais, pregas no pescoço etc. A formação de terapeutas nesta área não tem limite de idade, nem requer qualquer especialização em particular. Independentemente da formação académica, é possível candidatarmo-nos ao curso e passar a adquirir esta competência. Em Hong Kong, quando um advogado pretende exercer uma segunda profissão é necessário que solicite com antecedência autorização da Ordem. Se tal não for feito, é considerado violação da conduta profissional e incorre numa acção disciplinar. A remoção da carteira profissional é a penalização mais grave que pode ser aplicada, ficando consequentemente impedido de exercer advocacia. Albert apresentou este pedido, mas viu-o recusado pela Ordem. Os parágrafos 4 e 23 do Código de Conduta da Ordem dos Advogados consagram os princípios mais relevantes desta matéria. O parágrafo 4 estipula que os advogados devem, acima de tudo, manter a sua dignidade e reger-se pelo código de conduta profissional. O parágrafo 23 estipula que a advocacia deverá ser a principal ocupação dos membros. Caso alguém queira dedicar-se a uma segunda ocupação, esta nunca poderá prejudicar os interesses dos clientes. A Ordem dos Advogados considerou que a terapia de escultura corporal não é compatível com o exercício do direito e, por isso, o pedido apresentado por Albert foi recusado. O Secretário Honorário do Conselho da Ordem descobriu que a escola de terapia de escultura corporal em que Albert se tinha inscrito pertencia a uma empresa privada de Hong Kong, e que para ingressar no curso apenas era necessário o ensino secundário. Foi ainda apurado que esta escola disponibiliza diversos mini-cursos na área das terapias e da cosmética. Na sequência do indeferimento ao seu pedido, Albert apelou da decisão. Alegou, em primeiro lugar, que esta infringe o Artigo 33 da Lei de Bases de Hong Kong que confere aos cidadãos o direito à livre escolha da carreira; e, em segundo lugar, alegou que a Ordem não tinha apresentado razões válidas para sustentar a sua recusa. Como o caso está a decorrer no Tribunal de Recurso de Hong Kong, é preferível não emitirmos opinião sobre as partes em litígio. Limitemo-nos a considerações de ordem geral. As questões que mais preocupam as pessoas nestas matérias são os honorários dos advogados, pagos através de taxas de justiça, e a qualidade dos serviços legais. O direito de aprovar, ou rejeitar, o exercício de uma segunda profissão está reservado à Ordem. É fácil de entender que ninguém fica satisfeito se vir os seus rendimentos serem controlados por outrem. O rendimento de um advogado advém das taxas de justiça e de outras fontes. Se porventura o advogado não obtiver rendimentos suficientes de outras fontes, e não tiver fortuna pessoal, é-lhe difícil manter-se dignamente. Se a fonte de outros rendimentos for limitada, a probabilidade de o advogado aumentar os seus honorários é alta. Embora não tenhamos acesso a números que o provem, suspeitamos que esta é uma das razões para as taxas de justiça serem tão elevadas em Hong Kong. Por outro lado, temos de respeitar a decisão tomada pela Ordem. É absolutamente correcto afirmar que a Ordem é o órgão apropriado para defender a reputação e a dignidade da profissão. Se esta não o fizer, quem o fará? Não há dúvida que exigir aos seus membros que mantenham a dignidade e elevados padrões de conduta profissional é uma atitude correcta. Os clientes só beneficiarão com isso e a qualidade do serviço é defendida. É natural que a maior parte das pessoas queira taxas de justiça baixas e uma qualidade de serviço elevada. Desta forma um maior número poderá ter acesso à justiça. Contudo, taxas baixas podem lesar os interesses dos profissionais, até porque esta é uma carreira que exige muita dedicação. Rendimentos baixos nunca são desejáveis. O ideal será implementar-se taxas razoáveis de forma a contentar todas as partes envolvidas. Será que a decisão da Ordem infringiu o direito à livre escolha de carreira? Esta é uma resposta que só pode ser dada pelo Tribunal, e não por nós. Esperemos pela sua decisão. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Blog: https://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Ex-chefe de Segurança Interna finalmente acusado [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]romotores chineses acusaram na passada sexta-feira o ex-director de segurança interna Zhou Yongkang de corrupção, abuso de poder e revelação intencional de segredos de Estado, abrindo caminho para que seja julgado, numa potencial exposição dos trâmites internos do Partido Comunista. Zhou, de 72 anos, é a autoridade chinesa mais graduada a ver-se envolvida num escândalo de corrupção desde que o partido chegou ao poder em 1949. A decisão de processar Zhou ressalta o compromisso do presidente chinês, Xi Jinping, em combater a corrupção nos níveis mais altos do governo. Na denúncia, Zhou é acusado de “tirar vantagem de sua posição e buscar benefícios para outros”, “aceitar ilegalmente os activos de outras pessoas”, “abusar de poder” e “causar grandes perdas contra a propriedade pública, o Estado e o povo”, disse a Procuradoria Suprema do Povo da China num comunicado publicado no seu portal. “O impacto sobre a sociedade é vil, as circunstâncias são especialmente sérias”, disse o órgão, sem dar mais detalhes sobre as denúncias. Segundo o comunicado, os supostos crimes de Zhou foram cometidos durante décadas, incluindo o período em que ocupou os cargos de director-geral da China National Petroleum Corporation (CNPC), de chefe do partido na província de Sichuan, no sudoeste do país, e de ministro de segurança pública, bem como de membro do Comité Permanente do Politburo. Zhou foi informado sobre seus direitos legais e ouviu as opiniões do seu advogado, acrescentou o comunicado, sem especificar o local onde Zhou, que não aparece em público desde Outubro de 2013, se encontra detido. Nenhuma data foi marcada para o julgamento, mas os media disseram no mês passado que a China conduziria um julgamento público, com a intenção de preservar a transparência. Especialistas legais dizem, no entanto, que o partido corre o risco de que Zhou ameace revelar segredos de Estado. No ano passado, a China anunciou a prisão de Zhou e sua expulsão do partido, acusando-o de vários crimes, desde aceitar propina a vazar segredos estatais.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaBahama Leaks | Chui Sai On jura “honestidade” no exercício do cargo Os nomes de Chui Sai On e Chui Sai Cheong surgem nos Bahama Leaks como antigos membros da Yee Shing International Limited, uma empresa offshore sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. O Chefe do Executivo já referiu que governa Macau “com absoluta honestidade” [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]mais recente divulgação de ficheiros de empresas offshore feita pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), intitulada Bahama Leaks, revela que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, e o seu irmão e deputado indirecto, Chui Sai Cheong, foram membros do conselho de administração de uma empresa offshore, a Yee Shing International Limited, estabelecida nas Ilhas Virgens Britânicas, e que seria a filial da Hopewell Holdings Limited, empresa estabelecida em Hong Kong. À Rádio Macau, o Chefe do Executivo garantiu “absoluta honestidade” no cargo que ocupa, tendo explicado ainda que se desfez “de todos os cargos ocupados em organizações sociais e empreendimentos particulares antes de tomar posse no Governo”. Chui Sai On disse ainda que tem vindo a “defender a lei e servindo o bem comum”, tendo referido ainda que “não responde por outras organizações ou indivíduos”. Também Chui Sai Cheong deu explicações ao jornal Ou Mun, referindo que renunciou ao lugar no conselho de administração da empresa em Julho de 2012, um ano antes da implementação do Regime Jurídico da Declaração de Bens Patrimoniais e Interesses. Para o deputado indirecto e empresário, não havia, portanto, necessidade de declarar esta posição na empresa. De acordo com o mesmo regime, Chui Sai Cheong disse ser accionista e membro do conselho de administração de 18 empresas, sendo que a Yee Shing International Limited não consta na lista. Segundo a publicação Hong Kong 01, os ficheiros divulgados pelo consórcio de investigação referem-se ao período entre 1993 e 2010. Em 1993 a Hopewell Holdings Limited incumbiu o escritório de advogados Mossack Fonseca de fazer o registo da filial nas Ilhas Virgens Britânicas. À data, a Hopewell era o único accionista, sendo que os directores fundadores da empresa offshore eram Chui Sai Cheong e Lee Hsien Wu, administrador não executivo e assessor, que deixou o cargo de director executivo da empresa em 2011. Em 2010, os escritórios da Mossack Fonseca deixaram de representar a empresa offshore. A Hong Kong 01 noticia ainda que Chui Sai Cheong renunciou temporariamente do seu cargo entre 1994 e 1997, tendo, nesse ano, retomado o cargo antes de o deixar definitivamente em 2012. Já Chui Sai On diz ter abdicado da sua posição a 30 de Julho de 1999, meses antes de assumir o cargo de Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, algo que aconteceu em Dezembro desse ano. Chui Sai Cheong participou ainda em algumas operações da empresa, tal como a assinatura de dois documentos, sendo que um deles determinou o fim da cooperação com a Mossack Fonseca. Projectos em Macau A Hopewell Holding Limitada participou, desde os anos 90, no mercado imobiliário, tendo estado ligada à Urbanização do Jardim da Nova Taipa, concluída em 1996, e ainda na primeira e segunda fase do empreendimento Nova City, as quais foram concluídas nos anos de 2006 e 2007. Enquanto a Hopewell Holdings Limitada, desde os anos 90 já participou na construção dos projectos de habitação de Macau, incluindo a Urbanização Jardim Nova Taipa concluída em 1996, e a 1ª e 2ª fases da Nova City, concluídas no ano 2006 e 2007 respectivamente. De acordo com os relatórios anuais da empresa de Hong Kong, entre os anos de 2000 e 2003, a filial offshore é sua propriedade na totalidade e tem funcionado com o objectivo principal de fazer investimentos financeiros na China. A publicação Hong Kong 01 não encontrou quaisquer dados que a Yee Shing International Limited possa ter feito em Hong Kong, Macau ou Interior da China. Não surpreende Convidado a comentar o caso, Scott Chiang, presidente da Associação Novo Macau (ANM), garante não estar previsto a realização de qualquer protesto, uma vez que, aos olhos da lei, não é ilegal criar uma empresa offshore. “É difícil protestar porque tecnicamente não estão a fazer nada de errado. Chui Sai Cheong deixou a empresa antes da publicação do seu património e bens, então vamos protestar sobre o quê? Mas é difícil dizer que já não existe qualquer ligação”, disse ao HM. Para Scott Chiang, o impacto político será reduzido, uma vez que “não é surpreendente que exista essa ligação” de Chui Sai On e Chui Sai Cheong ao mundo off-shore. “Importa olhar para o que estará em causa por detrás disso. Haverá mais ligações que não conhecemos. Claro que esta empresa teria algum interesse, mas não sabemos quando nem sobre qual projecto. Não é surpreendente para as pessoas, não vai haver uma reacção dramática, mas só vem confirmar o que já suspeitávamos”, concluiu.
Joana Freitas Manchete SociedadeAuditoria | IACM permite falta de condições e de segurança em equipamentos sociais Apesar de gastos de quase mil milhões de patacas para todo o serviço de manutenção dos espaços verdes e equipamentos de lazer, o IACM não cumpriu os seus deveres: lixo, insegurança e falta de condições são algumas das críticas apontadas pelo Comissariado de Auditoria, que frisa ter havido “descuido” em diversos aspectos [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]esperdício – de recursos e dinheiro -, falta de condições para os utentes e até riscos de segurança. Uma avaliação do Comissariado de Auditoria (CA) caracteriza assim as instalações de lazer de Macau. De zonas de descanso a parques desportivos, são diversos os locais que deveriam ser melhor geridos pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), mas que não o são, frisa o CA. “A presente auditoria detectou um elevado número de problemas respeitantes às instalações e equipamentos e às condições de higiene nas instalações municipais para fins de lazer, o que demonstrou que o IACM foi insuficiente na actividade de gestão, pondo em causa a segurança e a saúde pública e prejudicando a imagem de Macau junto dos cidadãos e visitantes.” Num relatório que não deixa de fora os detalhes de cada um dos locais que visitou, o Comissariado dirigido por Ho Veng On fala em problemas “constantes” e critica o facto de alguns problemas se estenderem por mais de um ano, como é o caso das instalações e sinalizações perto dos Lagos Sai Van. “Desde há muito tempo, é uma noção comummente admitida pela comunidade que as instalações municipais construídas pelo Governo são seguras e fiáveis. No entanto, conforme mostram os resultados da Auditoria e devido à falta de atitude activa da entidade, um certo número de instalações e equipamentos comporta riscos de segurança, o que demonstrou o desvio da finalidade da criação das instalações municipais, colocando em destaque a actuação descuidada do [IACM]”, atira o CA, que pede que o Instituto pondere “a sério” os problemas apresentados para que haja resultados concretos. As situações acontecem por falta de iniciativa do próprio Instituto, tanto ao nível de gestão como de fiscalização, ainda que a responsabilidade dos utentes também não seja deixada de fora (ver caixa). “Em algumas instalações municipais geridas pelo IACM, as tarefas de reparação e limpeza são asseguradas pelos adjudicatários. Apesar disso, o IACM, enquanto entidade responsável pela gestão, deve reforçar a supervisão no sentido de garantir o cumprimento das responsabilidades dos adjudicatários. Deve também aperfeiçoar o mecanismo de inspecção de modo a permitir uma intervenção mais activa na detecção de problemas e na execução das tarefas de reparação e limpeza, evitando, assim, a passividade na realização dos trabalhos e falta de acção no caso da detecção de problemas evidentes no dia-a-dia.” Coisas do passado Os avisos do CA não são de agora. Em 2014, por exemplo, o Comissariado foi à Praça dos Lagos Sai Van. Foi aqui que começou a avaliação ao IACM, que passou por uma dezena de outros espaços. “Todos os locais examinados apresentavam elevado número de problemas respeitantes às instalações e equipamentos e às condições de higiene”, indica o Comissariado, que salienta outros dois sítios além dos lagos onde os problemas são mais flagrantes: o Jardim do Mercado do Iao Hon e a Zona de Lazer do Jardim Nam Ou. O Comissariado fala em 30 problemas detectados pelo CA nestes três locais. A maioria, 28 deles, “não foram detectados pelo IACM” e 11 deles “permaneceram sem melhorias até Março de 2016 apesar da comunicação do CA junto do IACM em Abril de 2014”. As instalações e equipamentos danificados com risco imediato não foram reparados atempadamente e “nem sequer” foram colocadas sinalizações de risco para evitar acidentes: as rupturas nos pisos superior e inferior da Praça do Lago Sai Van mantiveram-se, bem como os equipamentos desportivos “instáveis” e cheios de ferrugem do Iao Hon. E o lixo. “Verificou-se que o lixo existente nas calçadas permaneceu sem recolha durante dias e o lixo existente nos espaços verdes e entre as pedras se manteve por recolher durante meses.” Dinheiro sem supervisão O CA faz questão de referir que a construção das instalações já acarreta, por si só, “avultados custos do erário público” e diversos recursos: do IACM, das Obras Públicas, dos adjudicatários e dos trabalhadores. Mas, se a falta de atenção do IACM foi justificada por “falta de recursos” ou por não terem sido detectados os problemas (ver texto secundário), houve algo que não faltou ao Instituto: dinheiro gasto para reparar precisamente o que estava mal. Serviços que o IACM pagou mas que não tiveram qualquer supervisão. Por exemplo, o Instituto gastou em 2015 mais de 98 milhões de patacas para aquisição de serviços de limpeza e gestão de espaços verdes das instalações municipais, onde não se incluem apenas estas. E este valor não inclui custos pagos pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental para os mesmos serviços. No relatório, o CA pede ao IACM que defina um mecanismo “eficiente” para “detectar atempadamente” os problemas existentes e para os resolver “definitivamente”. Outro dos pedidos prende-se com a reparação e substituição das instalações em condições “deficientes que apresentam riscos imediatos”. Mais ainda, o CA quer que o IACM “reforce a supervisão dos serviços adjudicados por forma a assegurar o cumprimento das responsabilidades de acordo com o contrato”. Utentes também são responsáveis Apesar do Governo ser responsável por gerir e manter a limpeza das instalações municipais, também quem os usa tem a sua quota parte de responsabilidade. Os problemas de higiene “não têm origem no Governo”, recorda o CA, que frisa que a grande quantidade de lixo existente nas instalações municipais examinadas “foi abandonada indevidamente pelos utentes”. O aviso do CA vai, por isso, também para os cidadãos, mas o Instituto não escapa no que à promoção diz respeito. “O IACM deve reforçar a comunicação com os cidadãos e acompanhar seriamente as suas opiniões. Não deve adoptar uma atitude arrogante e deixar passar as opiniões da população, mas deve actuar com maior determinação no sentido de criar um ambiente de cooperação entre o Governo e a população e, em conjunto, manter as instalações públicas em condições limpas e agradáveis.” Instituto justifica-se e concorda com relatório Do lado do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), as justificações para estes problemas dividem-se entre a falta de recursos, grande número de utentes e ausência de perigo imediato para os utilizadores. No relatório do Comissariado de Auditoria (CA), o IACM indica que não efectuou a actividade de gestão e reparação devidamente “pela insuficiência de recursos”, algo que o Comissariado considera que originou o desperdício dos seus esforços e das outras entidades envolvidas e prejudicou os avultados recursos públicos canalizados para a construção destes equipamentos. Outro dos fundamentos apresentados pelo IACM sobre o atraso na limpeza foi o elevado número de utentes e outro ainda o facto de não haver riscos imediatos em alguns casos. Algo com que o CA não concorda. “O IACM informou que tinha conhecimento de que algumas instalações e equipamentos estavam em condições deficientes, mas não foram feitas as reparações por estes não apresentarem risco imediato. No entanto, o CA não pode deixar de realçar que um certo número das instalações e equipamentos em condições deficientes apresentavam risco imediato”, pode ler-se no relatório. O IACM, que frisa terem sido recolhidas dez amostras de entre 132 jardins, parques e zonas de lazer sob a sua alçada, diz concordar com o relatório – e admite que vai elevar a limpeza e o tratamento atempado de problemas. “Este Instituto pretende integrar a gestão e manutenção das instalações municipais para fins de lazer no sistema de gestão a longo prazo e melhorar o desempenho no trabalho através da obtenção do Certificado Internacional de Gestão de Qualidade ISO”, indica.
Joana Freitas Manchete PolíticaRádio-Táxis | Governo assina contrato com nova empresa Está assinado o contrato que vai trazer mais uma centena de rádio-táxis ao território. Começam a circular em 2017 [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stá assinado o contrato entre o Governo e a Companhia de Serviços de Rádio Táxi Macau. A partir de Abril de 2017, novos veículos de transporte por chamada vão começar a circular no território, depois da empresa ter vencido o concurso público à frente de outra empresa dirigida por David Chow. Num comunicado ontem divulgado, o Executivo afirma que “assinou o contrato de indústria de transportes de passageiros em táxis especiais” ontem, na Direcção dos Serviços de Finanças. O Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, foi quem assinou o documento em representação do Governo, para um serviço que é valido por oito anos. Ao que o HM apurou junto do Governo, David Chow não apresentou recurso da decisão da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), que optou por uma empresa que tinha sido, inicialmente, excluída. O empresário disse ao Jornal Tribuna de Macau que ponderava interpor recurso, mas contactado por diversas vezes pelo HM nunca respondeu. Já a DSAT confirma que não o houve. “Até agora, esta Direcção de Serviço não recebeu nenhum recurso sobre a atribuição da concessão de licenças especiais de táxis”, indicou ontem a DSAT ao HM. Recurso de sucesso A Companhia de Serviços de Rádio Táxi foi aceite depois de ter interposto um recurso e, no início de Setembro, a DSAT informou que foi esta quem venceu o concurso por ter apresentado uma proposta mais razoável. A companhia pertence ao vice-presidente da Associação de Agências de Turismo e vai ser a responsável pelos cem rádio-táxis que vão recomeçar a circular no território, depois de um contrato rescindido com a Vang Iek. A empresa promete carros com internet, diversidade na forma de chamar os táxis e só cobra a chamada. No mínimo 50 veículos vão estar em circulação “no prazo de um ano desde a data do início da operação”, como indica um comunicado do Executivo. E a Companhia deve disponibilizar, pelo menos, cinco táxis acessíveis e dez táxis de grande porte para responder às exigências. A atribuição destas cem licenças especiais chega dois anos depois do Governo ter desfeito o contrato com a empresa Vang Iek, em Novembro de 2014.
Joana Freitas PolíticaIC vai abrir concursos para gestão de lojas da Casa de Vidro [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s entidades que vão ocupar algumas das lojas da chamada Casa de Vidro do Tap Seac vão ser escolhidas por concurso público. Isso mesmo confirma o Instituto Cultural (IC) ao HM, depois de ter sido questionado sobre a gestão do espaço. Cafés e livrarias estão nos planos. “Após a conclusão da modificação [do Centro Comercial], serão abertos concursos públicos para algumas lojas da Casa de Vidro, para que o sector cultural e criativo possa tirar partido do espaço e desenvolver os seus negócios”, refere o IC, acrescentando que “os concursos públicos relevantes serão abertos durante o ano de 2017”. O Centro Comercial será transformado num espaço multifuncional para as indústrias culturais e criativas, no qual os empresários destas indústrias poderão expor as suas obras, “criando uma atmosfera cultural e criativa ligada às atracções do património mundial, às arquitecturas características e às entidades culturais”, relembra ainda o IC. Em 2014, o IC tinha referido que queria juntar ao espaço locais de lazer e confirma agora, ao HM, que esses planos continuam de pé. “Todo o espaço será projectado para lojas culturais e criativas e workshops mas também livrarias e instalações de restauração, entre outras.” O espaço tem estado vazio desde que ficou concluído em 2007, mas no próximo mês começam as obras de modificação, que compreendem cinco pisos, com uma área total de cerca de 5200 metros quadrados. A Companhia de Construção Urbana J & T Limitada é a responsável pelas obras e recebe 30,3 milhões de patacas pelo serviço. A remodelação deverá estar concluída no quarto trimestre de 2017, depois de começar no próximo mês.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaGoverno | ATFPM realiza inquérito de satisfação à população A Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau vai telefonar a três mil pessoas para saber o que pensam sobre o trabalho do Chefe do Executivo e dos Secretários. Há ainda perguntas sobre a possibilidade de aumento dos deputados directos na Assembleia Legislativa [dropcap style≠’circle’]“Q[/dropcap]ual a pontuação que dá aos trabalhos do Chefe do Executivo?”. “Concorda em aumentar o número de assentos dos deputados eleitos pela via directa?”. Estas são duas das sete questões que a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) vai colocar a três mil pessoas, quer sejam sócias ou não da Associação. Esse é o universo escolhido de um total de 40 mil contactos telefónicos que a ATFPM possui. O inquérito, cujos resultados deverão ser conhecidos daqui a um mês, visa ser “justo, imparcial” e representativo da população, disse o presidente da ATFPM e deputado directo, José Pereira Coutinho. “Na região vizinha temos 70 deputados no Conselho Legislativo (LegCo), dos quais 35 são eleitos pela via directa e outros 35 pela via indirecta. Não há deputados nomeados. E é por isso que queremos perguntar à sociedade, atendendo que no próximo ano vão ser feitas eleições legislativas, o que é que pensa sobre a possibilidade de elevarmos os números das eleições directas. Estou ansioso e curioso em saber qual vai ser o resultado final”, referiu. “No próximo ano vão ser as eleições e é por isso que queremos saber se o grupo de 14 deputados directos é ou não suficiente”, acrescentou Rita Santos, que irá coordenar o inquérito. “Será que o povo quer ver um crescimento gradual da democracia em Macau? Queremos que, com estes resultados, possa haver uma melhoria dos trabalhos dos Secretários”, disse ainda a presidente da mesa da assembleia-geral da ATFPM. Pereira Coutinho referiu ainda que este inquérito não trará qualquer influência ao processo de revisão da Lei Eleitoral, actualmente em curso, e frisa que tanto ele, como Leong Veng Chai, número dois no hemiciclo, estão completamente insatisfeitos pelo facto da Lei Eleitoral não propor um aumento de deputados pela via directa. “Se calhar há muita gente em Macau que também está insatisfeita com o facto da nova lei não corresponder aos anseios e necessidades que Macau precisa em termos de deputados. Se formos comparar com as listas participantes em cada acto eleitoral desde o estabelecimento da RAEM chega-se rapidamente à conclusão de que há mais listas participantes”, referiu Pereira Coutinho. Foco nos privados Apesar de ser um inquérito realizado pela ATFPM, o objectivo é ouvir mais os trabalhadores do sector privado, confirmou Rita Santos. “Vamos fazer o possível para que a maior percentagem (de inquiridos) não sejam os trabalhadores da Função Pública. Queremos ouvir mais os sócios que não sejam funcionários públicos e aqueles que, não sendo sócios, participam nas nossas actividades.” E há uma razão para isso. “Sabemos que os trabalhadores da Função Pública não se atrevem a falar dos seus superiores hierárquicos com medo de represálias. Quando o fazem são discriminados no emprego.” José Pereira Coutinho lembrou a alteração aos estatutos que a ATFPM realizou há cerca de seis anos, permitindo a entrada de sócios do sector privado. “É por isso que neste momento temos sócios da Função Pública e sócios das empresas privadas. Para além desses sócios ainda temos pessoas que não são sócias mas que gostam de participar nas nossas actividades, e que pagam mais por isso. Não excluímos nenhum sector da sociedade”, rematou. Depois de ouvir a opinião sobre o Chefe do Executivo e o seu Governo, a ATFPM deverá abordar os seus contactos no sentido de saber o que eles pensam sobre o desempenho dos tribunais e dos comissários da auditoria e corrupção. Rita Santos só é candidata se tiver certeza da eleição Coutinho espera por ela, o seu número dois pensa na reforma da política. Ela, Rita Santos, diz que só se candidata às eleições para a AL se tiver a certeza de ser eleita. “Ainda não é o tempo adequado para tomar essa decisão. Se tomar a decisão tenho de ter confiança de que posso entrar, se não, será um grande risco. Não há uma tradição de menos corrupção nas eleições”, acusou Rita Santos, referindo que no mais recente Festival do Bolo Lunar houve oferta de lai-si por parte de associações. Coutinho referiu que “não há nenhuma lista”. “Estamos à espera que a doutora Rita decida. O meu colega (Leong Veng Chai) está de férias e parece que se quer aposentar. Se esta senhora que está ao meu lado direito não der a palavra final, ele terá de regressar à base para continuar os serviços à comunidade. Cada um de nós está bem na vida e não precisamos do cargo de deputado para nada”, garantiu o actual deputado.
Andreia Sofia Silva SociedadeMédico Reumatologista foi afastado de vários hospitais em Portugal [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Centro Hospitalar Conde de São Januário não foi a única unidade de saúde a dispensar os serviços de Rui Melo, médico reumatologista cujo contrato de trabalho de um ano não foi renovado. Dois hospitais públicos em Portugal, nomeadamente o Hospital de Nossa Senhora da Assunção, em Seia, e a Unidade Hospitalar de Bragança também optaram por rescindir contrato com o médico brasileiro. A primeira saída deu-se há dez anos, segundo o jornal regional Porta da Estrela. A notícia dava conta do afastamento do único reumatologista do hospital de Seia, o qual tinha a cargo 600 doentes. Após um ano de trabalho, Rui Melo foi contactado pelo conselho de administração desse hospital, o qual o questionou sobre “as elevadas despesas com os tratamentos destes doentes”, escreveu o Porta da Estrela. A administração do hospital terá dito ao médico para não atender mais doentes fora da área do distrito de Seia, por questões orçamentais, sendo que este se recusou a fazê-lo. Pouco tempo depois, Rui Melo recebia uma carta a avisar da rescisão do contrato. À data, a saída de Rui Melo do hospital de Seia gerou protestos por parte dos doentes, os quais desejavam a continuação do clínico, de quem diziam receber o melhor tratamento. Mais acima No caso de Bragança, a saída terá acontecido em 2012, pelo facto de Rui Melo alegadamente “aliciar” doentes seus a terem consultas na sua clínica privada, escreveu o jornal Correio da Manhã. O médico recusou essa acusação. “Nunca aliciei nenhum utente daquela região para a minha clínica privada, que dista a 230 quilómetros da Unidade Hospitalar de Bragança. O que me surpreende é a forma perversa como este tipo de calúnia. O objectivo daqueles é eliminar quem possa desestabilizar e ou os afrontar com qualidade humana e profissional”, referiu no seu esclarecimento ao jornal. Esta quarta-feira o director do São Januário, Kuok Cheong U, disse aos jornalistas que os serviços de Rui Melo já não eram necessários, pelo que foi decidida a rescisão do contrato de um ano. O serviço de reumatologia irá continuar a ser mantido por duas médicas. Até ao fecho desta edição não foi possível contactar Rui Melo para mais esclarecimentos.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeMetro Ligeiro | Painéis solares descartados pelo GIT O caderno de encargos do Metro Ligeiro previa a instalação de painéis solares para a produção de energia, mas o projecto acabou por ser descartado pelo Governo devido à baixa popularidade e pouca “eficácia de custos”. O contrato de concessão com a CEM terá sido um dos factores [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s 11 estações do segmento da Taipa poderiam vir a ter painéis solares para a produção de energia, mas tal não vai acontecer. O HM sabe que essa intenção constava no caderno de encargos do projecto, mas a vontade de enveredar por uma iniciativa mais amiga do ambiente acabou por cair por terra, confirmou o próprio Gabinete de Infra-estruturas de Transportes (GIT). “Na fase inicial da elaboração do projecto da linha da Taipa do Metro Ligeiro foi avaliada a possibilidade de introdução de instalação para geração de electricidade solar. No entanto, considerando o desenvolvimento da respectiva técnica, a popularidade e a eficácia de custos, entre outros factores, acabou por não ser colocada nas estações da linha da Taipa”, disse o GIT numa resposta escrita enviada ao HM. Apesar disso, o Governo garante que as estações serão um sítio agradável para se estar e que se tentou, na mesma, reduzir o impacto ambiental do projecto. “Com o objectivo de poupar energia e proteger o ambiente, as estações localizadas na linha da Taipa do Metro Ligeiro foram projectadas por forma a criar um espaço aberto, tornando possíveis a ventilação e a iluminação naturais”, refere ainda a mesma resposta. O HM sabe ainda que o contrato de concessão da Companhia da Electricidade de Macau (CEM) foi um dos factores para a não instalação dos painéis solares, pelo facto da empresa ter a exclusividade da produção e fornecimento de energia. Confrontado com esta questão, o GIT nada disse sobre o assunto. Já a CEM confirmou que não teve, até à data, qualquer informação sobre a intenção de instalar painéis solares, referindo que o Governo só teria de contactar a concessionária após a referida instalação nas estações do Metro Ligeiro. Da exclusividade Olhando para a revisão do “Contrato de concessão do exclusivo da produção, importação, exportação, transporte, distribuição e venda de energia eléctrica”, datado de 2007 e publicado em Boletim Oficial (BO), conclui-se que “durante o período de concessão, só a concessionária tem o direito de utilizar as vias públicas, bem como os respectivos subsolos, com o fim de fornecer energia eléctrica”. Contudo, são excepção “os casos autorizados pela RAEM, depois de ouvida a concessionária”. O mesmo documento revela que “o regime de exclusivo não abrange nem prejudica as instalações particulares que sejam ou venham a ser alimentadas por energia eléctrica de produção própria e as redes de distribuição para tracção eléctrica, desde que devidamente autorizadas pela RAEM”. O HM contactou ainda André Ritchie, antigo coordenador-adjunto do GIT, o qual não quis fazer comentários sobre este assunto.