Hoje Macau China / ÁsiaÓbito | Shimon Peres não resistiu a um AVC [dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]á tinha sido internado durante o mês de Janeiro, devido a complicações cardíacas. Depois de ter implantado um cateter para alargar uma artéria, voltou a dar entrada no hospital com um episódio de arritmias. Ontem, o Prémio Nobel da Paz Shimon Peres não resistiu e morreu depois de sofrer um AVC. A notícia da morte do líder histórico foi avançada pelo médico. Apesar de ter nascido na actual Bielorrússia, é em Israel, para onde se mudou com apenas 11 anos, que Peres desenvolve o seu percurso político. Primeiro integra as fileiras do Haganah, que viria a tornar-se, aquando da formação do Estado Judeu em 1948, as Forças Armadas de Israel. Aos poucos foi desenvolvimento habilidade política e tornando-se numa peça chave nos corredores do governo, acabando por ser eleito pela primeira vez em 1959 para o Knesset, parlamento israelita. Shimon Peres esteve à frente de vários ministérios mas ambicionava comandar Israel. Candidatou-se cinco vezes às eleições legislativas, mas nunca conseguiu ser escolhido. Apesar de ter sido um perdedor neste capítulo, conseguiu atingir o cargo, mas sem ter sido eleito para o fazer. A primeira vez foi na década de 80, quando o seu partido se uniu ao rival histórico, o Likud. Em 1995 foi novamente chamado para ocupar o cargo maior, desta vez para substituir Itzhak Rabin, assassinado por um fanático. Incontornável foi a sua ambição de pacificar o território, marco que lhe valeu o Nobel da Paz dividido com outros dois protagonistas deste período: Ytzhak Rabin e Yasser Arafat, em 1994. Os acordos de Oslo assinados em 1993, entre Israel e o Líder da OLP Yasser Arafat são outro marco no seu percurso político, desta feita enquanto Ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de Rabin. Neste documento, Israel comprometia-se a desocupar militarmente a faixa de gaza e a Cisjordânia além de reconhecer a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) como entidade administradora transitória dos territórios palestinos. Poderia ter sido o início de uma nova fase, mas as bases políticas nunca chegaram a ser consolidadas devido a grupos extremistas de ambos os lados que dificultaram o processo de pacificação. O ultimo cargo político que ocupou foi o de Presidente do Estado de Israel, entre 2007 e 2014. Depois disso dedicou-se ao Centro Peres pela Paz, fundado com o dinheiro do prémio Nobel da Paz, que promove a co-existência entre judeus e árabes. Shimon Peres gostava de dizer que o segredo da sua longevidade se devia a dois copos diários de um bom vinho, exercício físico e uma boa alimentação. O pacificador do Médio Oriente morreu ontem aos 93 anos. Em sete décadas de carreira, foi primeiro-ministro por duas vezes, ministro em 16 governos, deputado durante 48 anos e chefe de Estado ao longo de sete.
Andreia Sofia Silva PolíticaFinanças | Centro Financeiro Internacional de Xangai apresentado em Lisboa Um encontro recente na capital portuguesa serviu para a China, Macau e Portugal falarem da criação do Centro Financeiro Internacional de Xangai e da cooperação nesta área. Responsáveis do Banco de Portugal elogiaram entrada de capitais chineses no país [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) e o Gabinete dos Serviços Financeiros de Xangai fizeram-se representar em Lisboa “recentemente” numa conferência que contou com a presença de instituições bancárias portuguesas, nomeadamente a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o próprio Banco de Portugal. Segundo um comunicado, a conferência serviu para debater “as construções para a criação do Centro Financeiro Internacional de Xangai”. O Gabinete dos Serviços Financeiros de Xangai realizaram uma apresentação sobre a criação do referido Centro “e o seu desenvolvimento”. Foram ainda “formuladas diversas sugestões sobre a forma de promover a cooperação financeira entre Portugal, Xangai e Macau”. O espírito terá sido de “consenso” quanto aos memorandos de cooperação assinados. O referido Centro, a ser criado em Xangai, terá ainda como objectivo “impulsionar e estimular a cooperação financeira entre o interior da China, a RAEM e os países de língua portuguesa”, aponta um comunicado oficial. O evento, que contou com o apoio da CGD, contou com representantes de cem instituições financeiras e empresas locais. O Banco de Portugal também esteve presente e elogiou a presença chinesa em Portugal, através de vários investimentos feitos em empresas e área financeira. “O Banco de Portugal manifestou uma atitude muito positiva em relação à participação das instituições chinesas no desenvolvimento do mercado português, para além de expressar a sua satisfação, por ter verificado uma cooperação ainda mais aprofundada e vasta, entre o interior da China, a RAEM e os países de língua portuguesa”, refere o comunicado. Em relação a Macau, o Banco de Portugal disse apreciar “altamente, o papel como plataforma de prestação de serviços”. A AMCM falou “da situação de Macau e de Xangai”, abordando a ligação da RAEM com os países de língua portuguesa e como “plataforma de regularização das operações em renmimbi”. Foram ainda deixadas palavras de encorajamento às empresas portuguesas para que estas “explorem o mercado do interior da China através da plataforma de Macau” e para aproveitarem “os serviços financeiros de Macau”, sendo que se incluem “os serviços de regularização das operações” na moeda chinesa. Para a AMCM, este aspecto trará a possibilidade de maiores desenvolvimentos do sector bancário, bem como “o alargamento de mais espaço de desenvolvimento de profissionais e jovens de Macau”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaFunção Pública | Maioria dos trabalhadores contratados a prazo Último relatório dos recursos humanos da Administração mostra que maioria dos trabalhadores têm contratos administrativos de provimento, os quais só se tornam definitivos após vínculos laborais de cinco anos, dependendo de várias avaliações por parte das chefias [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]relatório dos recursos humanos da Função Pública de Macau, referente a 2015, mostra que a maioria dos contratos celebrados com os trabalhadores são contratos administrativos de provimento (CAP). Segundo a lei, os mesmos são assinados por um período nunca superior a dois anos, estando a sua renovação dependente de uma avaliação dos superiores, sendo que um segundo contrato apenas poderá ser renovado por um período igual ou inferior a dois anos. Os dados mostram que são 46,2% de trabalhadores que estão nesta situação, ou seja, 13.843 pessoas, sendo que a maioria têm entre 30 e 39 anos. Em segundo lugar surge a nomeação definitiva, com um universo de 36,5% dos trabalhadores nesta situação, ou seja, 10.951 pessoas. O único sector da Função Pública onde as nomeações definitivas estão em maioria é as Forças de Segurança, um total de 67,5% em relação a todos os efectivos. Nas Forças de Segurança apenas 16,1% tem o CAP. Contactado pelo HM, José Pereira Coutinho, deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), considera que a prevalência do CAP é uma forma de manter os trabalhadores obedientes, mas não é sinónimo de estabilidade laboral. “Sempre foi nossa preocupação que os trabalhadores da Função Pública tivessem contratos de longa duração para garantir a segurança e a longevidade dos seus postos de trabalho. Mas não é isso que está a acontecer. Desde o estabelecimento da RAEM que os direitos dos trabalhadores têm sido muito prejudicados. Os contratos de trabalho são de facto uma forma de manter a faca no pescoço, para que os trabalhadores sejam mais obedientes e para que tenham sempre em mente que não há garantia de que os seus postos de trabalho possam ter a estabilidade como têm alguns trabalhadores que pertencem ao Fundo de Pensões.” Coutinho fala ainda de desigualdades graças à implementação do regime de previdência dos trabalhadores dos serviços públicos. “Com a entrada em vigor do novo regime de previdência todos os trabalhadores, seja pessoal civil ou das forças de segurança, estão abrangidos por um contrato individual de trabalho. É aqui que as coisas começam a funcionar mal, porque os princípios de estabilidade ficam extremamente diminuídos”, referiu. Para o presidente da ATFPM, “o ideal seria colocar esses trabalhadores em situação de igualdade com aqueles que estão inseridos no Fundo de Pensões”. “Neste momento existem muitas desigualdades na Função Pública”, ao nível de direitos e regalias, alertou ainda o deputado eleito pela via directa. A lei prevê ainda a existência do CAP de longa duração, mas o mesmo tem a duração máxima de três anos, sendo que só é possível de obter este tipo de contrato de trabalho desde que o trabalhador tenha obtido duas menções consecutivas não inferiores a “satisfaz muito”. Para obter o CAP sem termo, o trabalhador tem que trabalhar durante três anos com um CAP de longa duração e ter obtido, nas suas avaliações, duas menções consecutivas não inferiores a “satisfaz muito”.
Andreia Sofia Silva SociedadeBiblioteca Central | Governo “cauteloso” em relação ao projecto Ung Vai Meng quer avançar devagar com o projecto da Biblioteca Central. No próximo mês vai decorrer uma nova sessão de esclarecimento à população, mais detalhada, sendo que só em 2018 deverá existir um plano de concepção. Localização continua a ser contestada [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]projecto da futura Biblioteca Central, no edifício do Antigo Tribunal, foi ontem discutido pelos membros do Conselho do Património Cultural mas, à margem do encontro, Ung Vai Meng, presidente do Instituto Cultural (IC), confirmou que a cautela é a palavra de ordem. Depois de uma sessão de esclarecimento feita à população este mês, o IC prepara-se para fazer nova sessão, ainda mais detalhada e técnica, em Outubro. Só depois se irá avançar com a demolição da parte oeste do edifício onde estava a Polícia Judiciária (PJ), na Rua Central, com menor valor histórico. Quanto ao plano de concepção, só para 2018. “Gostaríamos de ter mais comunicação e de estabelecer confiança. Para nós é importante ter mais cultura em Macau e não podemos perder mais tempo. O que vamos apresentar em Outubro é o conceito da Biblioteca Central, porque há muitos residentes que não entendem o que é. Vai ser uma apresentação mais profissional, com mais detalhes”, disse Ung Vai Meng. “Esperamos que no ano de 2018 possamos ter o projecto, este vai ser feito por locais. Ainda não temos uma decisão final quanto à concepção, mas decidimos que vão ser pessoas locais. Este não é um projecto fácil”, acrescentou o presidente do IC à margem do evento. A localização da Biblioteca Central voltou a ser contestada por alguns membros do Conselho do Património Cultural, ainda que o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, tenha garantido que é na Praia Grande que a biblioteca vai ficar. Uma das vozes críticas foi a de Lau Veng Seng, deputado à Assembleia Legislativa. “O Governo já demorou muito tempo com este projecto e se não apoiarmos vai ser mau. Mas o antigo hotel Estoril tem um espaço alargado e também muito perto dos bairros comunitários. Penso que aí também seria um bom local para a biblioteca central. Se precisarmos de preservar a fachada vai demorar mais tempo para concluir a obra, pelo menos oito a dez anos. Se demolirmos o edifício do hotel Estoril e fizermos uma nova planta, será mais rápido”, defendeu o deputado nomeado e empresário do sector imobiliário. Já Tam Chi Wai defendeu que os tribunais instalados no edifício Macau Square deveriam mudar-se para a Praia Grande, apesar do Governo já ter um projecto de construção nos novos aterros. “Não tenho nada contra a construção de uma biblioteca, mas será que este é o local adequado? Há dez anos o CCAC achou que o concurso público tinha problemas, não será o momento oportuno para se pensar noutro local? Agora temos outros terrenos, não será melhor escolher outro espaço sem tantas restrições de construção? Porque não mudamos os tribunais para esses edifícios? Assim será uma forma de dignificar o trabalho dos órgãos judiciais.” O arquitecto Carlos Marreiros disse ser a favor da localização e deixou um alerta em relação às inúmeras críticas na área cultural. “A minha mulher é bonita e a mulher do dr. Alexis Tam também é, mas tudo depende da perspectiva. Em Macau não podemos continuar assim, porque sempre que se tenta fazer alguma coisa alguém diz opiniões opostas e tudo pára”, concluiu. Em relação ao orçamento, Carlos Marreiros diz ser “normal” que os valores finais sejam superiores aos estimados. “O orçamento de 20 mil patacas por metro quadrado não é caro e isso tem de ser esclarecido junto da população. Esta tem de saber que não é caro e que os custos deverão ser mais elevados.” Reparos na Igreja de Santo Agostinho finalizados em Outubro O IC confirmou na mesma reunião que as obras de reparação do telhado da Igreja de Santo Agostinho deverão ficar concluídas no final do próximo mês de Outubro, tendo sido contratada uma empresa de consultadoria de construção para realizar a inspecção. Locais como o Armazém do Boi ou o Seminário de São José também têm vindo a ser alvo do trabalho de manutenção do IC. IC recupera troços das muralhas O Instituto Cultural levará a cabo, entre 29 de Setembro e 30 de Novembro, a recuperação dos troços das muralhas antigas em chunambo juntos ao Miradouro de Nossa Senhora da Penha, e às Ruínas de S. Paulo e dos troços perto do sinal de trânsito que se localiza junto ao Templo de Na Tcha. Por motivos de segurança pública, a zona em redor do troço de chunambo perto do Miradouro de Nossa Senhora da Penha será vedada ao público a partir de 29 de Setembro, de modo a separar os transeuntes da área de trabalho. No entanto, este trabalho não terá impacto no restante espaço envolvente, que continuará a estar acessível ao público. A partir de 16 de Outubro, serão colocados andaimes no muro de chunambo junto às Ruínas de S. Paulo e no troço localizado à entrada do Pátio do Espinho. Contudo, será deixado espaço para a circulação pedonal. As Ruínas de S. Paulo, incluindo o Museu de Arte Sacra e Cripta, e a Sala de Exposições do Templo de Na Tcha, situada junto às Ruínas de S. Paulo no Pátio do Espinho, continuam a estar abertas ao público.
Joana Freitas China / Ásia MancheteEleições EUA | Donald Trump focado na China no primeiro debate presidencial No primeiro debate dos candidatos à Casa Branca, a China foi por diversas vezes alvo de acusações de Donald Trump. Mas o republicano tem diversas ligações ao país, que passam por dinheiro de apoio na sua campanha a produtos que vende precisamente em tempo de eleições [dropcap style=’circle’]“[/dropcap]Vejam bem o que a China está a fazer aos EUA.” Foi assim que Donald Trump iniciou uma série de acusações ao continente, naquele que foi o primeiro debate que colocou frente-a-frente os candidatos às presidenciais norte-americanas. O discurso do, provavelmente, mais polémico candidato na corrida à Casa Branca teve mais foco na China – e no facto desta “roubar” diversas coisas aos EUA – do que propriamente nas políticas que pretendem tornar o país “great again”. Enquanto os EUA esperam, expectantes, o seu destino, Donald Trump vai-se zangando com Xi Jinping. Mas há factos, confirmados pelo próprio candidato, que contrariam a sua retórica: será que Trump sabe que Macau – de onde vem parte do dinheiro que o ajuda na corrida – é, também, China? E será que se recorda que, apesar de apontar o dedo à segunda maior economia do mundo, também ele faz negócios com a China? Doar mas menos Depois de dizer publicamente estar disposto a contribuir com cem milhões de dólares americanos para apoiar Trump, Sheldon Adelson – dono do império Sands, que detém casinos em Macau – quase voltou com a palavra atrás. Quase, porque só mudou o valor da doação: o magnata do Jogo não vai apostar tanto nesta corrida, mas mantém o título de “maior financiador” do Partido Republicano, já que prometeu, em conjunto com a mulher, doar aproximadamente 45 milhões de dólares ao partido que nomeou Donald Trump como seu candidato. Ainda que nem todo o dinheiro vá directamente para Trump, como indica a CNN, o donativo pode transformar os últimos dois meses de campanha do empresário do imobiliário. Trump vai receber de Adelson cinco milhões de dólares americanos, algo que o fará ficar mais perto de Hillary Clinton, que lidera em termos de apoios. O magnata do Jogo doa ainda 20 milhões de dólares para o Fundo de Liderança do Senado, um ‘super PAC’ (comités de acção política na sigla em Inglês) ligado ao influente Karl Rove, braço-direito do ex-Presidente George W. Bush, e ao líder do partido no Senado, Mitch McConnell. Um cheque de idêntico valor deve seguir para o fundo de liderança do Congresso, outro ‘super PAC’ similar focado na Câmara dos Representantes. Os valores representam um histórico investimento na esperança do Partido Republicano nas eleições presidenciais de Novembro. Mais do que manter Sheldon Adelson como o maior doador da campanha, a decisão do magnata – que muitos analistas norte-americanos dizem ser mais para derrubar Clinton do que ajudar Trump – pode levar a que outros grandes doadores do Partido lhe sigam os passos, o que pode resultar num “significativo impulso para Donald Trump”. Isto chega depois de, um mês após a eleição de Trump como candidato republicano, Adelson ter contribuído com 1,5 milhões de dólares americanos para a Convenção Republicana, como relembrava ontem o New York Times. Menos de 0,01% é o valor do apoio de Adelson a Trump quando comparado com o valor das receitas totais do ano passado da Sands, já que só a Sands China obteve lucros líquidos de 1,45 mil milhões de dólares em 2015. Mas, mais do que o dinheiro, as palavras de Adelson – que até teve direito a quatro lugares na fila destinada aos convidados VIP de Trump no debate de ontem – estão também registadas. O bilionário instou Trump a moderar as acusações contra a sua concorrente, mas também o classificou como um “homem forte” e capaz de liderar os EUA. Adelson convidou inclusive os colegas republicanos “a fazerem o mesmo”. O homem da Sands dizia “sentir realmente que alguém com nível de experiência como CEO está suficientemente bem treinado para o trabalho de presidente. Isso é exactamente o que temos com Trump: ele é um candidato com experiência como CEO, moldado pelo compromisso e risco de utilizar o seu próprio dinheiro em vez do público. Ele é um CEO com uma história de sucesso, que exemplifica o espírito de auto-determinação americano, compromisso para uma causa e boa gestão de negócios.” O magnata não mencionava, por exemplo, as mais de duas dezenas de negócios montados por Donald Trump que não foram “bem geridos”. Notícias correntes na imprensa norte-americana mostram esses casos – aliás motivo de chacota nos mais populares programas de comédia na televisão. São os bifes de Trump (um ano em funcionamento), o Trump Game (igual ao Monopólio, mas versão Trump, menos de um ano em produção), um restaurante (três meses), um motor de busca de viagens (um ano), água Trump Ice (menos de um ano), uma revista que durou dois anos e até uma universidade que acabou processada por diversos alunos porque, durante os seis anos em que funcionou, nunca conseguiu cursos acreditados. Negócios da China “Vejam bem o que a China está a fazer aos EUA.” Chapéus, gravatas e ursos de peluche, pelo menos, é o que a China está, certamente, a fazer para os EUA. E para Trump. No debate presidencial frente à antiga Secretária de Estado, Donald Trump voltou a uma questão antiga: ódio contra a China. Lester Holt, moderador do debate, foi quem lançou a questão: como é que o futuro presidente, que vai ocupar a cadeira de Barack Obama, tenciona criar mais postos de trabalho para os norte-americanos? Para Trump, a resposta foi fácil: além do México, “acabar com a ameaça” que é o País do Meio. “A China está a roubar os nossos postos de trabalho. As pessoas não conseguem trabalho porque não os há, porque a China tem-nos e o México tem-nos”, frisou o candidato. “Eles desvalorizam a moeda deles e ninguém no nosso Governo está disposto a lutar contra isso. Eles usam o nosso país como porquinho mealheiro para reconstruir a China.” A acusação da desvalorização propositada do yuan pela China é antiga, tendo o candidato mencionado antes que a China era “a maior manipuladora de moeda que já existiu à face da terra”. Ainda que até tenha um fundo de verdade, como defendem economistas, a teoria de analistas é que a acusação vem tarde: “a China fê-lo há uns anos, mas agora tem intervindo para controlar esse problema”, frisa o New York Times. Trump já acusou também a China de vender produtos abaixo do preço que realmente custam. Mas as declarações fizeram o candidato perpetrar mais um momento bipolar: enquanto acusa o continente de roubar postos de trabalho e vender coisas ao desbarato, o próprio empresário vende objectos “made in China”. Como, aliás, admite. “Um amigo meu é um grande produtor. E, vocês sabem, a China vem cá, atira com as suas coisas todas e eu compro. Compro porque, francamente, não tenho obrigação de o fazer, mas eles desvalorizam a sua moeda de forma tão brilhante…” T-shirts, ursos de peluche, chapéus e gravatas com a marca Trump têm sido vendidos nos EUA sem que as etiquetas “made in China” – ou outros países, como é o caso de fatos completos que vêm da Turquia – sejam retiradas. Donald Trump comprometeu-se ainda a acabar com “estas relações”, dizendo por exemplo que iria, assim que se tornasse presidente, impor taxas “pesadas” nas importações dos EUA à China, esquecendo-se que, ainda que tal seja mau para a economia chinesa, bens como as peças da marca americana Apple são, na realidade, fabricadas no continente. Como começou o ódio à China? Entre acusações de que o aquecimento global era uma “fraude perpetrada pelos chineses” e outras, Trump repetiu a palavra China, de acordo com o The Guardian, “meia dúzia de vezes”. Mas de onde vem tanto ódio ao país? A imprensa da região vizinha e o New York Times dizem que tudo começou há algumas décadas, quando negócios com empresários chineses não correram como Trump esperava. Em 1994, “Trump estava quase na bancarrota, devido ao colapso do mercado imobiliário dos EUA, quando um consórcio entre os bilionários Henry Cheng Kar-shun e Vincent Lo Hong-shui vieram em sua salvação”. Os dois empresários de Hong Kong terão comprado 77 hectares do Riverside South, uma propriedade de Trump em Nova Iorque, num negócio que culminaria com uma visita de Trump à região vizinha. Em 2005, os dois empresários terão vendido o projecto por mais de 1,7 mil milhões de dólares. Trump clama não ter sido avisado e processou Lo e Cheng por danos, mas acabou por perder o caso em tribunal. Nem Macau fica de fora nos negócios frustrados do candidato. Como relembrava o Macau Daily Times, há cerca de dois meses, Trump perdeu um caso no Tribunal de Segunda Instância, quando uma decisão dava conta que a Trump Companhia Limitada – em nada ligada ao candidato – foi autorizada a usar a marca, que tinha registado em 2006, para desagrado do candidato. Segundo a TDM, Trump – que parece estar de olho, e muito, na China, chegou a interpor recurso da decisão para o Tribunal de Última Instância, que não o aceitou. Wynn à espera de um adulto Steve Wynn continua “à espera que um adulto” tome uma posição na campanha presidencial. Tal como já tinha referido em Macau, aquando da abertura do seu mais recente projecto no Cotai, o Wynn Palace, o magnata do Jogo não parece que vá abrir os cordões à bolsa para apoiar qualquer um dos candidatos. Steve Wynn “desaprova Barack Obama”, ao ponto de o comparar ao ex-presidente Richard Nixon, envolto num escândalo de escutas. Mas, ao contrário de Adelson, o facto de Wynn não gostar de Obama poderia não o impedir de apoiar Hillary Clinton, candidata pelos Democratas, como o próprio empresário chegou a dizer no início da campanha. Mas as coisas não parecem favoráveis nem para Trump, nem para Hillary. “O que temos ouvido são promessas de gastar mais dinheiro, para dar mais coisas, sem qualquer discussão sobre como é que essas coisas vão ser pagas”, disse à CNBC no mês passado. “Não me comprometi com ninguém porque quero alguém que assuma a responsabilidade pelo verdadeiro bem-estar do povo americano. Gostava de ter esse adulto na [corrida]. Estou à espera que essa pessoa apareça nesta campanha.” Wynn disse mesmo que acreditava que a população da China está, neste momento, mais confiante no seu Governo do que o povo americano.
Joana Freitas Manchete PolíticaDrones | Novo regulamento estabelece regras, mas profissionais pedem credenciação Novas restrições ao uso de drones, esta semana aprovadas pelo Executivo, podem limitar a captação de imagens por profissionais. Para evitar este problema, um realizador local sugere a certificação de profissionais que usam estes aparelhos, algo que poderia até a ajudar a obter licenças mais rapidamente [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m despacho publicado esta semana em Boletim Oficial dá conta da entrada em vigor de novas regras face à utilização de drones, mas as restrições não estão a agradar a todos. Ainda que haja quem concorde com o facto de que já era tempo de se regulamentar o uso destes aparelhos, a inexistência de acreditação para quem precisa destas aeronaves para trabalhar incomoda. O Regulamento da Navegação Aérea de Macau foi aprovado directamente pelo Chefe do Executivo e prevê, no seu artigo 67º, limites às operações com aeronaves não tripuladas, conhecidas vulgarmente como drones: por exemplo, os drones só podem voar abaixo de 30 metros de altitude e não podem ser pilotados à noite. Isto aplica-se apenas às zonas fora de espaço aéreo controlado, como o aeroporto, onde o drone só pode ser pilotado com autorização da Autoridade de Aviação Civil de Macau (AACM). Outra das regras é que todos os drones com mais de 250 gramas tenham etiquetas com o nome e número de telefone e que estes aparelhos não podem estar a menos de cem metros caso haja uma multidão com uma centena ou mais de pessoas. “Desligado da vida real” Amantes da fotografia aérea não poupam nas críticas, em declarações à publicação Macau Concealers, por considerarem por exemplo que o Regulamento dá demasiado poder à AACM e está “desligado da vida real”. “Normalmente quando pilotamos um drone este vai chegar pelo menos a cento e tal metros de altura, logo o limite de 30 metros vai tirar toda a piada ao uso do aparelho”, indicou um entrevistado, de apelido Wong. Apesar de concordar com que se deva fazer regulamentos face a estes aparelhos – especialmente porque contêm câmaras fotográficas e de vídeo –, Wong diz que o Regulamento “estrangulou” a vontade de usar os drones. “Antes não havia regulamentos e os amantes [deste aparelho] tinham auto-disciplina suficiente e escolhiam sítios que não afectavam as pessoas e a sua segurança”, indica, admitindo, contudo, que o facto da tecnologia ter avançado e estes aparelhos estarem mais acessíveis pode criar “desordem”. Profissionais que importam Se estas regras estivessem em vigor quando da grande manifestação contra o Regime de Garantias, que juntou mais de 20 mil pessoas à porta da Assembleia Legislativa em 2014 num protesto co-organizado pela Associação Novo Macau, o drone que filmou o local não o poderia ter feito. Isto porque, além de ter voado a mais de cem metros de altura, voou a menos de cem metros de uma multidão com mais de cem pessoas e perto dos Tribunais de Segunda e Última Instâncias e da AL, algo que o Regulamento proíbe também e que incluem ainda a Sede do Governo e edifícios das Forças de Segurança. Mas, para Sérgio Perez, realizador do filme “Flying Over Macau” – que faz uso precisamente deste aparelho – há outras coisas a ter em conta, nomeadamente no que toca a profissionais. “Esta legislação tinha de ser feita. Temos de ter consciência que os drones evoluíram muito ao longo dos anos e hoje em dia temos acessibilidade a drones que conseguem voar alto e que são rápidos e sofisticados”, começa por dizer ao HM. “Nesta fase, acho que era importante haver uma distinção entre pessoas que brincam com os drones, sem experiência, e os profissionais. Tendo sido feito uma forma de responsabilizar as pessoas pelo uso destes drones, que não havia, tem de se criar um mecanismo que profissionais – ou pessoas qualificadas, principalmente locais – consigam fazer as imagens que estes equipamentos permitem, claro que com responsabilidades.” Uma das preocupações do residente e realizador é a possibilidade de os pedidos de autorização que podem ser pedidos à AACM – porque há excepções previstas no Regulamento – possam ser lentas. Algo que também os entrevistados da Macau Concelears dizem. A noite já não é uma criança Por exemplo, a captação de imagens nocturnas, que atraem fotográficos e realizadores de cá e de fora, e de uma paisagem total de Macau – acima dos 30 metros – pode ficar comprometida com estes pedidos. Daí ser necessário, defende Sérgio Perez, haver mais esclarecimentos. “Como é que esse processo pode permitir que os operadores possam ser classificados como alguém com competência ou capacidade para fazer essas imagens e dar-me flexibilidade para as fazer? Fazer imagens aéreas está condicionado pelo tempo, por exemplo, e podemos planear fazê-las num dia em que não há condições. Tem de haver flexibilidade. É preciso pensar como garantir [este trabalho].” Sérgio Perez concorda com a identificação do drone, mas pede que seja pensada uma forma de certificação dos profissionais, para permitir que haja uma “indústria em Macau”. Um trabalho que, defende o realizador, seria do Governo e ajudaria a obter licenças de forma mais rápida. “Estando as pessoas identificadas estariam sujeitas a regras que seriam mais flexíveis”, frisa, acrescentando que poderia ajudar também à compra de seguros. O Regulamento, analisado pelo HM, não fala em sanções, nem punições para quem não cumprir as regras agora aprovadas pelo Chefe do Executivo. Já em Julho, como avançado pelo HM, a AACM tinha referido que iria restringir as áreas, horários e a altitude de utilização de drones, tendo avançado na altura que as novas disposições iriam ser integradas no Regulamento de Navegação Aérea. Em Hong Kong, apesar de também se definir limites às aeronaves não tripuladas, estas são divididas em categorias de lazer e profissional. Na região vizinha, estes aparelhos podem também voar até 90 metros.
Hoje Macau SociedadeLui Che Woo confiante no mercado de massas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente da Galaxy Entertainment disse ontem que a era dos grandes apostadores na cidade passou, mas que tem “confiança absoluta” na evolução do mercado de massas. Lui Che Woo, de 87 anos, disse numa entrevista à agência AFP que vislumbra agora um crescimento estável para Macau, que viu as receitas dos casinos caírem de forma contínua ao longo de mais de dois anos, até Agosto último. Para o magnata de Hong Kong, o único caminho para seguir agora em Macau, após este ajustamento, é o do mercado de massas, por oposição ao do dos grandes apostadores, que ainda representam mais de metade das receitas dos casinos, mas cujo peso tem vindo a cair. “Estamos a seguir a direcção do mercado de massas, a nossa confiança nisto é absoluta”, afirmou à AFP. Segundo assegurou, tem havido um crescimento saudável no número de clientes da classe média nos casinos de Macau, apesar da desaceleração da economia da China, origem da esmagadora maioria dos apostadores. Apesar de confiante, Lui Che Woo duvida de um regresso aos níveis de receitas de há dois anos, dizendo não saber se o mercado de massas alguma vez crescerá a esse ponto. Sobre a renovação das concessões das licenças de jogo em Macau, entre 2020 e 2022, afirmou estar confiante em que serão renovadas, dado o compromisso das operadoras com a aposta no mercado de massas, como pedem as autoridades do território. Na próxima semana, será entregue pela primeira vez o Prémio Lui Che Woo, instituído no ano passado com um valor de cerca de cerca de 7,75 milhões de dólares norte-americanos para distinguir quem torna o mundo um sítio melhor e mais sustentável. Entre os vencedores deste ano estão o ex-presidente Jimmy Carter e a Organização Não-Governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras.
Joana Freitas SociedadeEntena | Governo avança com pagamento das despesas da recuperação de edifício [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo vai suportar inicialmente os custos da reparação do Edifício Wa Keong, atingido por um autocarro de turismo no início de Agosto, sendo depois ressarcido dos custos. As obras de reparação começaram ontem e o Executivo vai depois ser ressarcido dos custos. A obra tem um prazo de execução de cerca de 80 dias úteis e compreende a remoção do pilar e da parede lateral danificados, a reconstrução de um novo pilar e de uma nova parede em betão armado e a restauração das partes danificadas. De acordo com um comunicado do Governo, depois de “concluída a obra, a resistência do novo pilar não será inferior ao existente antes da ocorrência do incidente”. Informações publicadas no portal da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), citadas pela Rádio Macau mostram que o custo da reparação será superior a 700 mil patacas, orçamento suportado pelo Governo, que assegura que vai ser, depois, pago. “As despesas da obra de reparação do edifício devem ser compartilhadas por todos os condóminos do edifício”, indica o comunicado. Mais tarde os lesados “poderão recorrer às vias judiciais para serem ressarcidos”. Na passada sexta-feira houve uma reunião entre membros da DSSOPT e responsáveis da empresa de prestação de serviços de assessoria técnica à obra, que informaram os lesados do plano de trabalhos e que garantiram compreender “o desejo dos condóminos do edifício para a conclusão com a maior brevidade possível dos respectivos trabalhos de reparação”. Foi dada também a garantia que durante toda a execução da obra haverá espaço para que os moradores possam entrar em contacto com o empreiteiro, para “responder na medida dos possíveis às exigências dos moradores”. Foi também afixado o contacto telefónico do técnico responsável. Sobre indemnizações e apuramento de responsabilidades, ainda se aguarda o apuramento dos responsáveis. Recorde-se que as autoridades recusaram dar o nome da agência de turismo envolvida no acidente ao HM. Do acidente resultaram 44 feridos, todos turistas da China. Alguns deles ainda se encontram em Macau, estando o alojamento a cargo da empresa que alugou o autocarro, como assegurou o Governo.
Angela Ka BrevesAutocarros | Paragens das ilhas são uma desgraça Só uma, em 51 paragens de autocarro da Taipa, possui iluminação suficiente. A informação é adiantada pela União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong) ao jornal Ou Mun e baseada nos resultados de um inquérito que realizou a 147 paragens nas ilhas, em que estavam sete índices sob avaliação entre os quais a presença de cobertura, de bancos ou de luzes. Os Kaifong adiantam ainda que em Coloane não há nenhuma paragem com as condições mínimas referentes à iluminação e os maiores problemas registados nas ilhas são, na sua maioria, relativos à falta de bancos e ao limite de espaço para aguardar os transportes. Em declarações ao Ou Mun, a secretária-geral da Associação de Mútuo Auxílio dos Moradores da Seac Pai Van de Coloane, Wong Lai I, referiu que, além do grave problema de falta de iluminação, cerca de 60% das paragens não têm bancos, coberturas ou indicação do percurso dos autocarros e em Coloane a situação é significativamente pior. Cheong Yook Men, vice-director da delegação dos Kaifong das ilhas, sugeriu que, dada a gravidade do problema, o Governo deveria adoptar o sistema de paragens inteligente a ser alimentado por painéis solares de modo a que a iluminação nocturna fosse também assegurada. A existência de painéis informativos acerca dos percursos dos autocarros é outra medida requerida.
Sofia Margarida Mota EventosFIMM | Sons locais abrem trigésima edição do festival de música Músicos da terra, uma ópera de Puccini e cordas de Berlim, acompanhadas a erhu, compõem a ementa de entradas da trigésima edição do Festival Internacional de Música de Macau [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omemora-se este ano o trigésimo aniversário do Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) e, apesar da data agendada para a grande abertura coincidir com o Dia Nacional da China, nada como o devido prelúdio dedicada à terra anfitriã. Sob a rúbrica “Bravo Macau!”, os concertos de abertura do evento são com o de melhor que a cidade de Macau tem no que respeita a virtuosismo musical. O palco da sala do Teatro D. Pedro V abre o pano a 29 e 30 de Setembro com uma série de nomes locais: na quinta-feira, a agenda aponta para um dueto de piano, composto por Poon Ho Suet e Poon Ho Tung, seguido da actuação de um quinteto de metais. As obras a interpretar serão composições de Tchaikovsky, Saint-Saens e Rachmaninoff ao piano; e Ewazen, Lafosse e Nagel nos metais. O último dia de Setembro apresentará a pianista Cindy Ho a acompanhar os solistas Cheong Hoi Leong (piano), Chan Sin (piano) e Timothy Sun (saxofone), com interpretações de Kurt Weil, George Gershwin, Prokoviev e Rachmaninoff. Os bilhetes custam 120 ou 150 patacas e os concertos são às 20h00. Amor ou morte O primeiro destaque da presente edição do FIMM vai para a denominada “grande abertura” do evento: o palco do Centro Cultural de Macau acolhe a ópera “Turandot”. Composta pelo italiano Giacomo Puccini, esta famosa peça traz a história da princesa chinesa que, na busca de um marido, sujeita os pretendentes a um processo de selecção fatal. São três os enigmas que podem significar amor ou morte. A peça terá sido terminada pelo compositor Franco Alfano e vem agora a Macau pela batuta do maestro Lu Jia, numa encenação de Giancardo del Monaco. A agenda coincide com a semana dourada e de 1 a 4 de Outubro, pelas 20h00, o palco acolherá “Turandot”. O valor dos bilhetes vai das 250 às 800 patacas. Em simultâneo, de volta ao Teatro D. Pedro V, o Quinteto de Cordas da Filarmónica de Berlim traz dois espectáculos à RAEM. Dia 3 o grupo alemão apresenta adaptações de obras clássicas onde se registam os nomes de compositores que vão desde Mozart a Piazzola. No dia seguinte, juntam-se-lhe no palco o intérprete chinês de erhu, Xu Ke, com quem o Quinteto colabora há cerca de uma década. O espectáculo tem como finalidade dar a conhecer as conversas entre as cordas dos dois lados do mundo. Os concertos têm hora marcada para as 20h00 e os bilhetes são de 250 e 300 patacas. Enigmas de amor e morte Turandot é a última composição para ópera de Giacomo Puccini. A peça, em três actos, que veio a ser terminada por Franco Alfano, traz a história de uma princesa chinesa de nome Turandot que, a certa altura, é obrigada pelo pai a casar por motivos dinásticos. Turandot acaba por aceitar a imposição sem, no entanto, deixar de exigir uma outra condição: o homem que virá a ser seu marido terá que responder acertadamente a três enigmas por ela colocados, sendo que, em caso de erro, estará destinado à morte. A crueldade da condição acaba por não conseguir afastar a admiração do Príncipe Desconhecido que decide arriscar a própria vida para conseguir a mão da orgulhosa princesa. Após a derrota dos candidatos que o antecederam e a conquista do direito à mão de Turandot, não é intenção do príncipe ter a princesa contra a sua vontade e acaba por lhe devolver um outro enigma para que Turandot decida o seu destino.
Angela Ka Ócios & Negócios PessoasAgora Taproom, bar | Angel Wong, proprietária O segundo espaço nocturno de Angel Wong pretende mostrar o que de melhor existe na cerveja artesanal. O bar, localizado na zona dos NAPE, espera trazer também mais música e aperitivos para que se crie um ambiente que incite aos brindes e à diversão [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]rimeiro era a cerveja apenas em garrafa, tão banal como em qualquer outro bar ou loja. Mas Angel Wong quis inovar e abriu, em Julho deste ano, um bar com uma cultura diferente. O “Agora Taproom” existe na zona do NAPE e o principal objectivo é trazer a cultura da cerveja artesanal a Macau, contou ao HM a fundadora. No Agora vende-se cerveja guardada nos tradicionais barris, feitos à mão e importados do estrangeiro, tão difíceis de encontrar no outro lado de Macau. Angel Wong garantiu que o espaço ainda precisa de ser desenvolvido e que o ambiente não está como desejou. Falta uma maior diversidade de aperitivos nas mesmas, mais bandas de música ao vivo e jogos, para que se possa trazer alguma energia ao espaço, contou. O cliente tem mais de 20 tipos de cerveja à escolha e não tem sequer de se preocupar com as mudanças que Angel Wong pretende introduzir. Esta garante que o bar vai continuar a manter um ambiente tranquilo, propício à conversa e aos brindes em grupo. Se o seu primeiro bar, aberto em 2014, não tivesse tido tanto sucesso, Angel Wong jamais se atreveria a investir num novo espaço nocturno. Mas até agora a proprietária garante que, para os lados do NAPE, o negócio promete prosperar. A cerveja como fenómeno Em 2014, quando se aventurou neste tipo de negócio, Angel Wong reparou que nem todos os clientes estavam familiarizados com o mundo da cerveja artesanal. “No início as pessoas pediam as bebidas porque olhavam para as garrafas primeiro”, disse a proprietária. A popularidade da bebida disparou em Macau e beber cerveja tornou-se um fenómeno comum há cerca de dois anos, ao ponto de neste momento, ao ponto de Angel Wong garantir que muitos dos clientes já sabem distinguir a origem da cerveja e o país de onde vem. Angel Wong quer que o seu negócio cresça, até porque já não é exclusivo na cena nocturna de Macau. Esta referiu ao HM que há cada vez mais bares que têm cervejas artesanais vindas de todos os cantos do mundo, existindo mesmo pequenos cafés que já disponibilizam este tipo de bebidas. Primeiro festival realizado Aberto entre as 17h00 e as 4h00, o Agora foi buscar o seu nome à língua portuguesa, idioma que Angel Wong estudou quando era criança. A ideia é que os clientes possam “gozar o momento” enquanto estão no espaço. Por forma a promover as cervejas e o conceito por detrás do bar, Angel e o seu sócio começaram a contar a história das cervejas artesanais e todo o processo de produção que está por detrás. Neste momento os empregados estão a ser formados para este efeito, para que depois possam promover os produtos junto dos clientes. Também aqui a falta de recursos humanos se faz notar. “Em Macau só os proprietários dos bares é que percebem dos vinhos e das cervejas”, contou Angel. É necessário formar pessoas desde o seu início, para que a formação possa continuar. Angel Wong quer também promover as suas cervejas através de um festival de pequena dimensão. Para o evento foi convidado o responsável pela fábrica da cerveja “Brewdog”, da Escócia. Este fez uma apresentação da produção da cerveja neste país europeu, que neste momento chega a Macau graças aos fornecedores de Hong Kong. Para Angel Wong, eventos quase ao jeito do célebre Oktoberfest, onde as grandes canecas de cerveja são as rainhas, são essenciais para promover a cerveja artesanal que tem, quase sempre, um sabor diferente das cervejas banais.
Fernando Eloy VozesIdade das Trevas [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á uns dias, numa qualquer estação de TV, perguntava-se a jovens americanos num campus universitário a sua opinião sobre as eleições norte-americanas, que uma entrevistada resumiu da melhor forma: “nem um, nem o outro”, dizia. De facto, qualquer pessoa com dois dedos de testa percebe rapidamente que Donald Trump é um verbo de encher, carregado de frases feitas que querem dizer muito pouco ou nada e que, do outro lado, Clinton também não inspira nada conotada que está com o “establishment” e que só começou a mostrar-se realmente de esquerda quando sentiu um apertão valente de Bernie Sanders. Ainda assim, dediquei parte da manhã de ontem a ver o primeiro debate entre ambos. Contrariamente aos das ultimas eleições onde apetecia ver Obama, neste não apetecia ver nada. Mas vi. Talvez fosse o desejo mórbido de ver (e ouvir) as patacoadas de Trump, talvez para perceber se a Clinton conseguia, ou não, apagar-lhe a vela. Consegui ambos. Numa altura que as tendências eleitorais se situam perigosamente numa zona de empate, Clinton mostrou ter ideias e planos definidos. Trump confirmou o palhaço que é, e teve até a sorte de Clinton ter alinhado por uma postura passivo-agressiva-cordata, o que lhe evitou umas bordoadas valentes especialmente quando ele se auto-intitulou de “inteligente” por ter conseguido escapar-se aos impostos… A curiosidade agora, claro está, é o efeito que este primeiro debate terá na opinião pública norte-americana, pois mesmo desconfiando-se de Clinton é como aquela velha máxima: “mais vale o diabo que se conhece”. Para já vou escusar-me a fazer juízos de valores sobre a sanidade do povo americano mas não posso deixar de desconfiar que, provavelmente, mesmo com o “louraço” a espalhar-se ao comprido por mais do que uma vez, mesmo sem ter apresentado um única ideia sustentada num plano, de repetir slogans fora de tema, mesmo sem conseguir demonstrar não ser racista e sempre escondido por detrás dos seus supostos bons negócios e de frases feitas anti-establishment, provavelmente nada vai mudar, para já, nas sondagens. Alguém lhe deveria perguntar, por exemplo, o que significa o seu mote de campanha “Let’s Make America Great Again”. A que período estará ele a referir-se num país com meia dúzia de anos de história? Será à guerra da independência? À de secessão? À crise dos anos 30? À Lei Seca? À Segunda Guerra Mundial e às bombas de Hiroxima e Nagasaki? Ao “Macartismo”? Ou falará de Nixon? Talvez seja o “Reaganismo” onde o controle sobre o capital se evaporou e as raízes para a última crise foram lançadas… Ou a tudo e a nada ao mesmo tempo? Para além disso, Trump não apresenta um plano claro sobre nenhuma das ideias peregrinas que vai apregoando bem ao jeito dos seus antepassados que vendiam “banha da cobra” pelo Oeste americano afora. Não apenas nos Estados Unidos, mas de uma forma geral pelo mundo inteiro, com o advento das redes sociais e do autêntico tsunami de informação com que somos bombardeados diariamente, a população parece cada vez mais estupidificada, cada vez com menos memória (está toda no Google), cada vez mais apta a emprenhar pelos ouvidos. O que interessa são as parangonas, os slogans, as chamadas bombásticas no facebook que a maioria se apressa a partilhar na maioria das vezes sem ler conteúdos, sem cruzar informação, sem sequer se dar ao trabalho de verificar a data de publicação da notícia que tanto os excitou, e Trump sabe disso. Por isso, não me admiro que após o debate de ontem, Trump continue a ter a mesma legião de idiotas que tinha antes. Percebemos também que ambos têm as suas némesis, como convém a qualquer político que pretenda reunir as hostes internas e dispersar atenções para o(s) “outro(s)”, invariavelmente o(s) culpado(s) dos problemas que não se conseguem resolver em casa. Trump é a China, Clinton a Rússia. Nada de novo. Nações des(Unidas) Num outro plano, é impossível deixar passar em claro as cinco vitórias consecutivas que António Guterres garantiu na sua corrida a secretário-geral das Nações Unidas (ONU). Em boa verdade, é o melhor candidato, o único que diz coisas com sentido e com um percurso assinalável no apoio aos refugiados, apesar de ter andado a pregar no deserto uma e outras vezes porque o mundo não gosta de ouvir as verdades, nem de seguir os caminhos simples que Guterres tantas vezes indicou para resolver a situação dos refugiados. Não tem nada a ver com o facto de Guterres ser português como eu mas sim com o caso indesmentível de ele ser o melhor candidato, e as votações têm vindo a provar isso mesmo. A verdade, todavia, é que apesar de já ir na quinta vitória consecutiva, pode nunca chegar lá se um (!) dos membros permanentes do Conselho de Segurança o vetar. O resultado será, portanto, fruto de um consenso (guerra) entre os Estados Unidos, a China e a Rússia, acreditando que o Reino (ainda) Unido e a França não vão criar ondas. Neste caso, tal como nas nossas pequenas realidades, o que interessa não é a competência mas os compromissos de bastidores. Diz-se, inclusivamente, que Irina Bokova, apesar de nunca ter ganho nenhuma das eleições anteriores e ter recebido 7 votos a desencorajar nesta última, poderá ser quem reúne o tal consenso por ser de Leste e, principalmente, por “ser altura de termos uma mulher” à frente das Nações Unidas, argumento idêntico ao que levou Clinton a reunir as preferências do Partido Democrata americano. Um principio perigoso que não defende as mulheres mas apenas as objectifica ainda mais por via do iníquo sistemas de cotas, deixando mais uma vez de lado, a competência em favor do “politicamente correcto” ou das vontades ínvias do Grupo dos Permanentes sentados nas suas cadeira de controlo do mundo. Faz ainda algum sentido nos dias de hoje a existência deste conselho permanente com direito a veto, nascido do pós-guerra? Que segurança é esta? Mais um rei que não apenas vai nu mas ainda desfila em piruetas sucessivas fazendo momices para nós, os papalvos, que continuamos eternamente à espera que a promessa de um mundo novo, mais justo, com mais diálogo e onde as minorias conseguem ter o seu espaço se concretize. A Idade das Trevas é muito mais longa do que nós, gente moderna, arrogantemente pensa. MÚSICA DA SEMANA “Cygnet Committee” (David Bowie, 1969) “I ravaged at my finance just for Those Those whose claims were steeped in peace, tranquility Those who said a new world, new ways ever free Those whose promises stretched in hope and grace for me”
Hoje Macau China / ÁsiaAdvogados confessam ligações a organizações estrangeiras [dropcap style=’circle’]T[/dropcap]rês activistas chineses dos direitos laborais foram condenados a penas suspensas, de entre dois e quatro anos, avançou a imprensa estatal, que cita o seu envolvimento com “organizações estrangeiras hostis à China” Zeng Feiyang, que era o director do escritório de advogados Panyu Workers’ Centre, foi punido com três anos de pena suspensa, enquanto os seus colegas Tang Huanxing e Zhu Xiaomei foram condenados a 18 meses de pena suspensa, segundo a agência oficial Xinhua. Os três ajudavam trabalhadores da província de Guangdong, que reclamavam salários em atraso e bónus não pagos aos seus empregadores, mas foram condenados por “ignorar as leis nacionais e organizar encontros de massas que perturbaram a ordem social”, afirma a Xinhua. Sindicatos independentes são proibidos na China. Apenas o oficial All-China Federation of Trade Unions é reconhecido pela lei, apesar dos críticos afirmarem que frequentemente falha na protecção dos direitos dos trabalhadores. “Eu aceitei treino e financiamento de uma organização estrangeira hostil à China e, atendendo ao seu pedido, incitei e organizei trabalhadores para protegerem os seus direitos de uma forma extrema”, afirmou Zeng, citado pela Xinhua. “Espero que outros aprendam uma lição com o meu caso e evitem ligações a este tipo de organizações”, acrescentou. Um relatório difundido na segunda-feira pelo Ministério de Segurança Pública acusa Zeng de ter desviado fundos de “múltiplos grupos e embaixadas de países estrangeiros”, desde 2010. Os três acusados confessaram os crime de que são acusados e disseram que não vão recorrer da decisão. Guangdong, que confina com Hong Kong e Macau, é uma das mais ricas províncias da China, mas enfrenta agora várias dificuldades, à medida que muitas fábricas no Delta do Rio das Pérolas fecham ou optam por deslocar a produção para outros locais, com mão de obra mais barata. Durante a liderança do actual Presidente chinês, Xi Jinping, as autoridades reforçaram o controlo sob académicos, advogados e jornalistas, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.
Hoje Macau MancheteCrime | PJ detém mais de 20 pessoas do continente por associação criminosa [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Polícia Judiciária (PJ) anunciou ontem ter detido 27 pessoas do interior da China na sequência de um caso de associação criminosa e de agiotagem, que envolveu pelo menos um sequestro, entretanto encaminhado para o Ministério Público. Os suspeitos, com idades entre os 20 e os 53 anos, em que se incluem quatro mulheres, da província chinesa de Fujian, foram detidos na sequência de uma operação policial no domingo, em diferentes zonas da cidade, para a qual foram mobilizados 80 agentes. A operação foi desencadeada depois de a PJ ter recebido, no início do ano, a informação de que um grupo de agiotagem estaria a operar nas zonas dos NAPE e da Taipa. O grupo terá começado a funcionar em meados de 2015 e só desde Abril último efectuou uma centena de empréstimos, envolvendo 20 milhões de dólares de Hong Kong, explicou Ho Chan Nam, porta-voz da PJ, em conferência de imprensa. O grupo teria aparentemente uma estrutura hierárquica bem definida: um cabecilha e membros de nível intermédio e de nível inferior. Aos últimos caberia a função de procurar clientes no interior e exterior dos casinos e apresentá-los, depois, aos do nível médio do grupo para discutirem as condições do empréstimo. Os empréstimos de valor inferior a cem mil patacas podiam ser autorizados e concedidos logo pelos membros de nível médio. Porém, se o montante desejado fosse superior teria então de ser autorizado pelo cabecilha, de acordo com a PJ. Os juros pelo empréstimo seriam cobrados em dois momentos: no início e por cada aposta ganha. Em ambos os casos a percentagem oscilaria entre os 10% e os 20%, segundo a PJ. Já se o cliente perdesse tudo na mesa de jogo a apreensão dos seus documentos de identificação ou o sequestro eram possibilidades. Aliás, de acordo com a PJ, no dia em que se desenrolou a operação policial, uma mulher foi libertada num hotel dos NAPE e os dois homens que a vigiavam detidos. Outras detenções ocorreram em apartamentos, como sucedeu com o cabecilha, um homem de 34 anos, mas também numa sala VIP de um casino na Taipa. A PJ apreendeu durante as rusgas uma série de objectos como documentos, talões de empréstimo ou telemóveis, fichas de jogo (avaliadas em cem mil dólares de Hong Kong) e dez mil dólares de Hong Kong em dinheiro vivo. O caso foi encaminhado para o Ministério Público e a PJ continua a investigar o caso face à possibilidade de haver membros do grupo que se encontram a monte.
Hoje Macau China / ÁsiaAcordos portugueses com a China só durante a visita de António Costa O ministro dos Negócios Estrangeiros deslocou-se aos Açores para se encontrar com Li Keqiang. Na mesa esteve a candidatura de António Guterres e a visita do primeiro-ministro à China. Resultados só no fim do jogo [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ministro dos Negócios Estrangeiros disse que Portugal poderá assinar acordos com a China durante a visita de António Costa, alegando que a reunião com o primeiro-ministro chinês na ilha Terceira serviu para preparar essa visita. “Para além deste gesto de cortesia, o sentido do encontro foi também preparar a visita do primeiro-ministro de Portugal à China, que se fará no início de Outubro. Essa visita será a ocasião para avançar nos trabalhos que estão em curso, para assinar já alguns acordos e para dar algumas notícias. Vamos esperar”, salientou Augusto Santos Silva, em declarações aos jornalistas, na base aérea n.º4, nas Lajes, à saída de uma reunião de poucos minutos com o primeiro-ministro chinês. Li Keqiang, primeiro-ministro da República Popular da China, e a sua comitiva chegaram segunda-feira à ilha Terceira, nos Açores, onde farão uma escala de dois dias, na viagem de regresso a casa, após uma visita a Cuba. Questionado sobre a possibilidade de se ter discutido no encontro o alegado interesse da China no porto da Praia da Vitória e na economia do mar dos Açores, o ministro dos Negócios estrangeiros português disse apenas que a reunião foi um “gesto de cortesia” de Portugal a um país com quem tem “relações históricas”. “As relações políticas e diplomáticas são excelentes. O processo de transição de Macau foi conduzido de forma exemplar pelo então primeiro-ministro António Guterres e pelas autoridades chineses e cimentou a nossa colaboração recíproca”, frisou. Na curta reunião com o primeiro-ministro chinês, houve tempo para falar precisamente da candidatura de António Guterres a secretário-geral da ONU e, segundo Augusto Santos Silva, a China reafirmou o seu critério nesta matéria. “A República Popular da China considera que o único critério que deve contar na selecção do próximo secretário-geral é a sua capacidade pessoal, as suas qualidades políticas e a sua experiência. E como Portugal entende que o engenheiro António Guterres é uma personalidade especialmente qualificada, com experiência bastante, quer do ponto de vista político, quer na gestão do alto comissariado para os refugiados, Portugal fica muito confortável com este critério”, salientou. Por sua vez, o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, que também participou na reunião, disse apenas que era “uma honra e um gosto” receber o primeiro-ministro chinês na ilha Terceira, fugindo às questões sobre o possível interesse da República Popular da China no Porto da Praia da Vitória. “Os objectivos, os propósitos, a agenda oficial desta visita são públicos e, portanto, é disso que se trata”, adiantou. Questionado sobre a possibilidade de as visitas de governantes chineses aos Açores pressionarem os Estados Unidos da América, que iniciaram um processo de redução militar na base das Lajes, Vasco Cordeiro rejeitou essa hipótese. O primeiro-ministro chinês visitou ontem, terça-feira, os principais pontos turísticos da ilha Terceira, antes de regressar à China. Em Julho de 2014, esteve também na ilha Terceira o Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, durante cerca de oito horas, numa escala entre o Chile e Pequim, em que aproveitou para se reunir com o então o vice-primeiro-ministro de Portugal, Paulo Portas. Já em 2012, tinha estado na ilha Terceira o primeiro-ministro chinês da altura, Wen Jiabao, acompanhado por uma comitiva de mais de 100 pessoas, numa escala técnica entre o Chile e a China, que demorou cerca de cinco horas. Em Junho deste ano, o presidente do Governo Regional dos Açores, recebeu, em Ponta Delgada, o ministro do Mar da China, Wang Hong, que destacou o potencial dos Açores na área do mar.
Julie Oyang h | Artes, Letras e IdeiasO olhar persistente de Zachmann 永别了,中国 [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]urante mais de 30 anos, o fotógrafo francês Patrick Zachmann estudou aprofundadamente a China, que descobriu em 1982 através do cinema. Das tríades de Hong Kong, nos anos 80, ao renascimento de Pequim ou Wenzhou, dos protestos dos estudantes de Tiananmen, em 1989, ao terrível terramoto de Sichuan, Zachmann contou as pequenas e as grandes histórias de um país em rápida mudança e fixou para sempre a preto e branco esses momentos. Frequentava os cafés de Pequim para conhecer fotógrafos locais e aficcionados, com os quais discutia técnicas de fotografia. Espinha dorsal da Magnum, em termos estéticos, Zachmann é um herdeiro da clássica fotografia europeia, mas o seu trabalho também explora a profundidade das personagens e dos ambientes. No entanto Zachmann não ficou preso à tradição europeia, foi mais longe à descoberta de um novo estilo documental, inspirado numa “intuição crítica” e na prática no terreno. Nascido em 1955, tornou-se fotógrafo freelancer em 1976. Desde essa altura, focalizou o seu trabalho em três tópicos principais: identidade, amnésia, imigração global e outras questões culturais. Recentemente, com a ascensão da China ao primeiro plano da política internacional, Zachmann regressou para revisitar o seu velho tema, e tentar definir a nova identidade chinesa: “Na China mudou tudo de forma drástica, menos Cui Jian; Cui Jian é eterno!” Patrick Zachmann: “Tornei-me fotógrafo porque não tenho memória. A fotografia ajuda-me a reconstituir os álbuns de família que nunca tive. As imagens omissas são o meu motor de busca. As minhas folhas de contacto são o meu diário.” Aqui encontram-se três folhas do diário: homens, mulheres e cidade.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeSaúde | Obesidade cresce em crianças em idade escolar As crianças e adolescentes de Macau estão cada vez mais gordos. O fenómeno não surpreende os especialistas mas alarma para a má alimentação, aumento do consumo de açúcares e o facto desta faixa etária estar cada vez mais “sentada” [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s crianças e adolescentes de Macau estão significativamente mais obesos do que em 2010. Este é o resultado essencial divulgado ontem na reunião de apresentação do Relatório de Avaliação da Condição Física da População de Macau de 2015. Comparativamente à última avaliação, realizada em 2010, as crianças e adolescentes do sexo masculino entre os seis e os 22 anos representam 19,9 % desta população registando um aumento em 3,4 pontos percentuais comparativamente a 2010. As raparigas representam 14,5% do mesmo grupo etário e registam um aumento em cerca de 2,9%. O presidente do Instituto do Desporto (ID), Pun Weng Kun, informou os jornalistas que o organismo pretende dar início a um conjunto de iniciativas capazes de combater esta tendência e que irá ter em especial atenção a educação escolar na área da alimentação. “Agora come-se o que se quer e não o que se pode”, afirma Fernando Gomes, médico, ao HM sem qualquer surpresa perante os resultados. O profissional de saúde adianta ainda que é esse o caminho que “infelizmente está a ser seguido pelos países desenvolvidos e diz respeito a pessoas de todas as idades”. Os açúcares e o sedentarismo estão na base deste fenómeno crescente, considera, enquanto explica que a glicose acaba por fazer parte dos hábitos de consumo diário e o corpo, com a continuidade e o hábito, começa a pedir mais açúcar. “Não é à toa que as pessoas gordinhas são gulosas”, ilustra o médico. A opinião é partilhada pela psicóloga Goreti Lima. Pela experiência da sua prática clínica, este aumento do índice de obesidade em crianças e adolescentes faz-se sentir no consultório. “Não é por mal, mas os pais muitas vezes nem sabem o que estão a dar de comer aos filhos”, afirma, atribuindo a responsabilidade à desinformação no que respeita à alimentação. “É o chocolate aqui e o bolinho ali, e depois a actividade física actualmente não é a mesma que se registava há uns anos. Para a psicóloga, as crianças agora saem da escola e não vão brincar, “fecham-se antes em casa a fazer os trabalhos escolares e depois, para relaxar, sentam-se no sofá a brincar com iPad.” E são estas as condições “óbvias” que levam à obesidade e aos problemas consequentes. Maldita cadeira O sedentarismo é o outro pilar do aumento dos índices de obesidade nomeadamente nestas faixas etárias. “As criança não brincam e as brincadeiras que têm não implicam queima de calorias”, ilustra Fernando Gomes. Por outro lado, esta faixa da população tem cada vez menos tempo e se o tem “ou estão sentados a tocar piano, ou viola ou a fazer outra coisa do género”. Este é um problema que apresenta contornos preocupantes e, para o médico, é necessária uma intervenção do Governo. À semelhança a do que já se faz noutros países, é altura de proibir ou de taxar determinados produtos, nomeadamente bebidas ricas em açúcar. “Tirando a água, tudo o que bebemos tem açúcar”, afirma, e por isso é fundamental uma educação preventiva para que pais e crianças tenham noção do que põe à mesa todos os dias. À parte o aumento da obesidade, os resultados do relatório apontam para um melhoramento, no geral, da condição física da população de Macau, à excepção dos idosos que revelam um ligeiro decréscimo no que respeita ao estar em forma. A saúde dentária também é causa de alarme: os números nunca foram os melhores e continuam sem registar mudanças.
Angela Ka BrevesPJ encontrou cocaína em bagagem de venezuelana A Polícia Judiciária (PJ) encontrou na bagagem de uma venezuelana cocaína no valor estimado de 12 milhões de patacas. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a suspeita de 26 anos, enfermeira, entrou em Macau vinda da Tailândia, tendo sido detida no aeroporto. A venezuelana terá adquirido as drogas no Brasil, tendo voado da Etiópia para a Tailândia. Chegou a Macau com destino a Hong Kong. A suspeita admitiu que recebeu 2500 dólares norte-americanos para custear a viagem, sendo que, após a transferência das drogas, poderia receber seis mil dólares americanos.
Sofia Margarida Mota BrevesAPG escondido com a lei de fora Uma delegação do Asia/Pacific Group on Money Laundering (APG) encontra-se, desde ontem, em Macau para reuniões com o Governo, no sentido de serem efectuadas diversas auditorias a serviços governamentais. Contudo, o Gabinete de Informação Financeira (GIF) recusa-se a admitir este facto, tendo-o sonegado ao HM, num exercício claro de falta de transparência deste organismo. O objectivo da actual presença do APG ao território é a preparação de uma série de acções de controlo do modo como o Governo local aplica, entre outras, a lei de branqueamento de capitais, recentemente aprovada. A ausência desta lei tem motivado críticas da entidade reguladora internacional. Agora o APG pretende verificar se a entrada em vigor do diploma corresponde ao modus operandi do Executivo. Os membros do APG deverão estar na RAEMN até à próxima quinta-feira.
Joana Freitas BrevesTNR são mais de 182 mil Macau contava no final de Agosto com 182.178 trabalhadores contratados ao exterior, mais 1991 do que no período homólogo do ano passado, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com os dados da PSP, disponíveis no portal da Direcção para os Assuntos Laborais, o número de trabalhadores não residentes também aumentou face ao registado no final de Julho (mais 1139 pessoas). O universo de mão-de-obra importada equivalia a 45,5% da população activa e a 46,4% da população empregada, estimadas no período entre Junho e Agosto. O interior da China continua a ser a principal fonte de trabalhadores recrutados ao exterior, com 117.979 (64,7% do total), mantendo uma larga distância das Filipinas, que ocupa o segundo lugar (25.690) num pódio que se completa com o Vietname (14.799). O sector dos hotéis, restaurantes e similares continua a figurar como o que mais absorve mão-de-obra importada (49.371), seguido do da construção (41.470).
Hoje Macau BrevesJoseph Lau pode ter de desembolsar milhões Joseph Lau poderá ter de pagar 13 mil milhões de patacas como compensação pelo fim do projecto La Scala. Segundo a Rádio Macau, que cita um documento enviado à Bolsa de Hong Kong, o empresário condenado por corrupção por ter subornado Ao Man Long, ex-Secretário para os Transportes e Obras Públicas condenado a 29 anos e meio de prisão, chegou a um acordo com os accionistas da Chinese Estate, ex-empresa do magnata. A obra foi suspensa devido ao pagamento do suborno, tendo depois o Governo retirado os terrenos à empresa. A decisão está a ser contestada pela Moon Ocean, outra das empresas envolvidas, mas caso perca, Lau terá de pagar a compensação.
Joana Freitas Manchete SociedadePlástico | Macau reciclou quase 300 mil quilos em 2015 mas não se sabe consumo total [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stamos em Setembro de 2002 e é o aniversário da Rita. Comprámos-lhe uma boneca como prenda, até porque a Rita ainda só tem cinco anos. A miúda quer brincar com a bonita imitação da Barbie, mas primeiro é preciso paciência: para lhe chegarmos, temos de abrir primeiro o saco de plástico onde a prenda veio. Vemos depois a caixa de plástico que tem dentro uma espécie de tabuleiro, de plástico, onde se insere a boneca (de plástico) e os seus utensílios, também de plástico. Todos eles estão presos com pequenas fitinhas de plástico à parte de trás da caixa. O tempo vai passando e Rita está impaciente. Enquanto isso, um amontoado de plásticos vai-se juntando no chão pronto para ser deitado ao lixo. Os anos passam mas, com eles, a Terra não se consegue ver livre dos plásticos inúteis que chegaram com a boneca da Rita e de tantas outras meninas. A própria boneca acaba obsoleta e passa a ser apenas mais um objecto feito neste material, pronta para ser deitada fora – pronta para ficar anos a fio sem se desfazer. Catorze anos passaram desde que a Rita recebeu a prenda e, com as novas tecnologias que todos os dias chegam às mãos da humanidade, seria de esperar que o uso deste material tivesse diminuído. Mas a realidade é diferente: de ano para ano, são cada vez mais as toneladas de garrafas, bonecas e outros tantos materiais que desaguam nas praias e lagos de todo o mundo. São às centenas os animais marinhos que ficam presos em plástico, que comem plástico e que vivem não só com plástico a flutuar, mas com plástico preso nos fundos dos mares. Sempre a produzir Desde a Segunda Guerra Mundial os humanos já produziram e utilizaram plástico suficiente para forrar a Terra, como indica um estudo publicado na revista de Ciência “Anthropocene”, que frisa ainda que “nenhum canto do planeta está livre deste problema”. Anualmente, o mundo vê serem fabricados 300 milhões de toneladas de plástico e quatro vezes mais tipos diferentes deste material do que há 70 anos, o que tem vindo a fazer com que cientistas cheguem a uma conclusão assustadora: estamos a ser confrontados com uma epidemia. “Pensemos apenas nos peixes. Uma vasta proporção deles tem plástico dentro dos estômagos. Pensam que é comida e alimentam-se disso, tal como os pássaros, que alimentam as suas crias com plástico”, refere Jan Zalasiewicz, da Universidade de Leicester, no estudo “The Geological Cycle of Plastics and Their Use as a Stratigraphic Indicator of the Anthropocene”. “O planeta está, lentamente, a ser coberto em plástico.” Em Macau, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) não consegue estimar o consumo exacto deste produto, adiantando apenas o que acaba nos contentores certos: no ano passado pelo menos 293 mil quilogramas deste material foram reciclados. Reciclados é, aqui, a palavra-chave – não são precisos dados estatísticos para ver que, nas praias de Coloane, o plástico é rei e senhor. Ainda assim, temo-los: só este ano 420 quilos de lixo foram apanhados de Hac Sá e Cheoc Van por iniciativas de voluntários. “A maioria” era plásticos, seguidos de esferovite dos comuns ‘ta pao’. Medidas (in)suficientes? O plástico está literalmente nas nossas mãos diariamente: o teclado do computador onde escrevemos esta reportagem é de plástico e, provavelmente, o copo onde está agora a beber o seu café também o é, tal como os sacos onde carrega as suas compras. Mas, num local como Macau – onde a comida take away é um costume enraizado –, quem presta atenção a estes detalhes? “Normalmente só os clientes estrangeiros é que trazem os seus próprios sacos”, admite ao HM uma funcionária de um supermercado na Avenida da Praia Grande. “Os chineses não. E alguns até pedem sacos a mais.” Desde que a Rita chegou a Macau, há seis anos, já poderá ter utilizado 4818 sacos plásticos. A ajuda às contas é da DSPA, que diz que cada residente utiliza uma média diária de 2,2 sacos plásticos, algo que perfaz uma quantidade anual de 450 milhões de sacos. Mas, ainda que, em 2008, a China continental tenha banido o uso de determinados tipos destes sacos e implementado a cobrança por outros, por cá ainda se vai arrastando a conclusão de uma consulta pública sobre o assunto. No território, a DSPA fez uma auscultação pública sobre se deveria ou não começar a cobrar os sacos plásticos aos clientes, deixando nas mãos dos residentes esta decisão na protecção do ambiente. “Felizmente”, a maioria até concorda. Mas, e ainda que implemente medidas como a de dar prémios a quem reduzir o uso de sacos plásticos, a DSPA ainda tem muito que caminhar para formular oficialmente esta política. Enquanto isso, um lanche origina, pelo menos, três sacas: uma para o copo do chá, outra para o pão e outra para colocar o saco com o pão lá dentro. Como o próprio HM pôde testemunhar, numa padaria na Avenida da Praia Grande. “Acho que não há problema que o Governo comece a cobrança dos sacos, porque realmente fazem mal ao ambiente e é necessário cultivar esse hábito”, frisa a senhora Kan, enquanto leva a sandes que acabou de comprar dentro de uma sacola de plástico. A empregada da padaria – que fica ao lado de uma loja de chás que acaba de servir um jovem que desce agora a rua com um copo de plástico, com uma tampa de plástico, uma palhinha e um saco de plástico – diz que até há clientes que já trazem as suas próprias sacolas. “São cerca de 10%.” Mas a falta de uma lei que permita cobrar pelos sacos leva a que, muitas vezes, os próprios estabelecimentos não possam ajudar o ambiente. Mesmo que queiram. “Claro que tenho de dar sacos de plástico e recipientes quando as pessoas levam ‘ta pao’, ainda que haja pessoas que tragam as suas próprias caixas de comida e sacos. Mas as lojas são passivas e a iniciativa tem de partir dos cidadãos”, diz-nos o dono de um restaurante chinês, também na Praia Grande. “Macau já é quase o último a implementar essa cobrança. Taiwan, China e Hong Kong já o fazem.” Menos reciclados Os dados da DSPA fornecidos ao HM mostram que o valor dos plásticos reciclados reduziu de 2014 para o ano passado. Se, em 2015, eram pouco mais de 293 mil quilos, em 2014 esse valor ascendeu aos 358 mil quilos aproximadamente. O organismo liderado por Raymond Tam assegura que tem impulsionado “activamente” a reciclagem, depois de ter lançado – há cinco anos – o Programa de Pontos Verdes, que obrigou à colocação de postos de reciclagem em “vários sítios da comunidade”. Um destes caixotes é dedicado ao plástico. Mas a DSPA afirma que não fica por aqui. “Através da cooperação com as instituições organizadoras do Festival de Gastronomia, durante o festival, a DSPA promove o Plano para Redução de Resíduos. Em 2014, começou-se a exigir a todos os [participantes] no festival a utilização de utensílios amigos do ambiente para substituir os utensílios plásticos que foram utilizados ao longo dos anos.” Para Rita, que agora vive em Macau, a resposta não é suficiente. E a portuguesa explica: “faço a separação dos plásticos em casa, mas de nada me adianta, porque no prédio não tenho recipientes de reciclagem. Se quiser reciclar tenho de me deslocar a um ecoponto, mas eles são tão pequeninos que é impossível colocar lá todo o lixo que faço”, indica, acrescentando que solução passa, muitas vezes, por dar as garrafas de plástico às “velhinhas que o recolhem” nas ruas de Macau. Epidemia global Se há locais mais responsáveis por esta epidemia – por exemplo, a China, Filipinas, Tailândia, Vietname e Indonésia são responsáveis por 60% dos mais de 20 milhões de toneladas de plásticos que vão parar aos oceanos anualmente – a verdade é que o uso deste material é um problema à escala global. Há já vida animal a adaptar-se à poluição por plástico, indicam cientistas que falam em caranguejos-ermita a fazer uso de garrafas de plástico como as suas casas. Mas o plástico demora anos a degradar-se, tornando-se um problema mais grave do que já é. Tal como há a possibilidade de o corpo humano absorver os químicos que o compõem, há também a possibilidade de “todos os pedaços de plástico alguma vez feitos pelo homem” ainda existirem. A caixa da boneca da Rita e a própria boneca poderiam estar hoje numa qualquer praia do mundo. E como comprovam algumas das soluções que apresentamos na coluna ao lado, é possível viver “plastic free”. Empresa local criou sacos e embalagens de almoço biodegradáveis Foi a pensar no desperdício relacionado com os plásticos que Gilberto Camacho decidiu criar, em Fevereiro deste ano, a Macau ECOnscious. O também conselheiro suplente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) e engenheiro informático tem vindo a conseguir, aos poucos, implementar nos restaurantes e supermercados dois produtos: um saco biodegradável e embalagens de comida feitas com base de bambu e cana de açúcar. A adesão é, contudo, tímida: apenas três restaurantes e dez supermercados aceitaram os produtos da empresa. O saco biodegradável pode ser adquirido por apenas uma pataca no supermercado. “A parte que tem corrido melhor é em relação aos residentes ocidentais ou asiáticos que tenham vivido no Ocidente. Nos supermercados tenho recebido um bom feedback. Mas muitas pessoas da comunidade chinesa ou asiática não têm acolhido muito bem a ideia, porque não querem pagar uma pataca quando podem ter sacos de plástico grátis”, disse Gilberto Camacho ao HM, que não tem dúvidas: “As pessoas estão demasiado preocupadas em ganhar dinheiro, não são capazes de gastar uma pataca num saco biodegradável, acham estranho.” A Macau ECOnscious começou por ser uma associação, mas o diálogo com a DSPA não correu bem. Gilberto Camacho assegurou que demorou um ano até ter resposta para o seu projecto. “Não quis esperar que a oportunidade chegasse e decidi eu próprio avançar com a criação da empresa. Têm uma política conservadora. Gostaram das ideias, mas disseram que precisavam de mais algum tempo para decidir. E eu não quis esperar mais para avançar com um projecto piloto para criar uma maior consciência ecológica junto das pessoas, com produtos mais amigos do ambiente”, acrescentou. Gilberto Camacho espera que possa levar os residentes a terem uma maior consciência dos gastos diários que se fazem com o plástico. Com uma página no Facebook que serve também para o debate de ideias, a Macau ECOnscious procura alertar para “o nível catastrófico em que Macau se encontra”. “Senti que tinha de fazer alguma coisa. Temos de começar por algum lado”, assegurou. (Andreia Sofia Silva) Soluções “plastic free” – A França tornou-se o primeiro país do mundo a banir todos os talheres, copos e pratos de plástico, numa lei que vai entrar em vigor em 2020 – Diversos engenheiros estão a construir casas feitas de plásticos velhos em países menos desenvolvidos, como a Bolívia – Alguns estados dos EUA baniram o uso de sacos e garrafas de plástico, bem como algumas cidades na Austrália e o Hawai – Em 2011, a Etiópia passou uma lei que proíbe a manufactura e importação de plásticos não recicláveis – Na Índia, uma empresa criou colheres e garfos comestíveis, feitos de cereais, para diminuir o uso dos plásticos – Uma empresa francesa de tecnologia criou teclados de computador de madeira – Cientistas norte-americanos criaram películas feitas à base de leite, ou seja comestíveis, para substituir as películas plásticas que envovlem os alimentos Factos que assustam – Mais de 5,25 biliões de partículas de plástico com um peso total de 269 toneladas estão a flutuar nos oceanos do mundo – 50% do plástico é apenas utilizado uma vez – só se recupera cerca de 5% de todo o plástico produzido – o plástico totaliza mais de 10% de todo o lixo que produzimos – a produção de plástico obriga à utilização de mais de 8% do petróleo do mundo – o plástico leva entre 500 a mil anos para se desfazer
Joana Freitas PolíticaDSAT vai rever diplomas de trânsito até 2018 [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) vai rever legislação e uma série de regulamentos relacionados com o trânsito, algo que planeia fazer até 2018. É o que diz o director do organismo, Lam Hin San, numa resposta a uma interpelação da deputada Ella Lei, datada de Setembro. O responsável da entidade começa por indicar que a DSAT tem já vindo a planear uma “revisão global” do Regulamento de Trânsito Rodoviário, de forma a aperfeiçoá-lo. Revisão que tem, avisa Lam Hin San, de cumprir restrições que estão na Lei do Trânsito Rodoviário e no Regime Jurídico de Enquadramento das Fontes Normativas Internas. Diplomas que deverão integrar o pacote das revisões. “O projecto de revisão do Regulamento Administrativo [do Trânsito Rodoviário] e da Lei do Trânsito Rodoviário poderão ser submetidos à apreciação do Conselho Executivo e Assembleia Legislativa em 2018”, refere a DSAT. Antes disso, contudo, o organismo vai avançar já com uma mudança ao Regulamento do Trânsito Rodoviário. “Vamos fazer, em primeiro lugar, um ajustamento dos articulados [desse] Regulamento vigente, os que reúnem condições para ser revistos. Mediante um regulamento administrativo complementar, que se prevê que possa ser submetido ao Conselho Executivo ainda este ano.” Em 2017, a DSAT prevê ainda criar mais um regulamento que versa sobre regulação da intensidade e do ângulo dos faróis dos veículos, depois de ter levado a cabo “estudo de viabilidade para técnicas de exame, técnicas para fiscalização e forma de regulamentação jurídica”. Assim, no próximo ano a matéria “será controlada e regulada por regulamento administrativo complementar”. Ella Lei tinha questionado a DSAT sobre o que considerava serem lacunas nos regulamentos que regem o trânsito, mas também sobre “a falta de fiscalização” dos veículos. O organismo dirigido por Lam Hin San assegura ainda à deputada que vai fazer mais acções de promoção para “elevar a consciência dos residentes” face às leis rodoviárias.
Sofia Margarida Mota EventosVillage Art Space | Novo projecto quer levar a cena artística à Taipa Taipa Village Art Space é o nome do novo espaço dedicado às artes no centro da Vila da Taipa. A data de abertura está agendada para 5 de Outubro e inaugura com uma exposição do grafitter local PIBG [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]iniciativa da criação de um novo espaço dedicado à mostra artística na Taipa partiu da Associação recém criada “Taipa Village Cultural Association” e pretende descentralizar os eventos culturais para fora da península de Macau. O resultado é a abertura do espaço associado – Taipa Village Art Space – que juntou a iniciativa privada de empresários locais ligados à restauração que querem a dinamização daquela comunidade através da criação de condições que tragam mais diversidade no que respeita a ofertas ligadas à cultura. O “pequeno espaço”, que inaugura a 5 de Outubro, tem a programação e curadoria a cargo do arquitecto e artista João Ó e abre as portas, pelas 15h30, com uma exposição dedicada à arte do grafitti do artista local PIBG, que traz à luz do dia o projecto “On the Verge”. Rumo à macro-escala A Village Art Space está situada “num pequeno edifício no centro da vila e “foi decorado com o mínimo de recursos de forma a concretizar um espaço branco”, afirma João Ó ao HM. A ideia é possibilitar uma maior liberdade no que respeita à programação e curadoria de exposições e eventos. Esta é ainda a primeira vez de João Ó como curador que pretende “trazer a experiência enquanto arquitecto e artista para perceber o que quer fazer aos espaços”. O objectivo é alargar a própria concepção espacial e sair fora do conceito mais convencional rumo a uma macro-escala, esclarece João Ó. Foi baseado nesta meta que o curador descobriu a equipa de grafitters locais Gantz5 de onde sobressaiu o trabalho de PIGB, um dos membros da “crew”. Para João Ó, o potencial de um grafitti é o poder que tem em “preencher o exterior mas que, neste caso concreto, terá uma ligação com o interior da galeria”. Para o efeito, a exposição inaugural do Village Art Space inclui dois murais situados nas ruas e obras feitas em tela que estarão “de uma forma não convencional no interior da galeria”. É aqui que, para o curador, está a grande diferença desta exposição, na “conciliação do mundo interior com o mundo exterior e ao mesmos tempo transgredir as regras da exposição convencional porque esta ideia da arte deve ser dada à comunidade e não se resumir a um lugar fechado”. Ensinar arte às gentes A ideia da Associação na gestão deste espaço é que cada exposição esteja patente pelo menos durante um período de dois meses. “Um mês não é suficiente para divulgar um projecto e para poder ter outras actividades associadas e por isso optámos pelos dois meses”, justifica, sendo que nesta inauguração o grafitti tem três meses na agenda. O objectivo é promover também um maior contacto com a comunidade através de actividades formativas. Estão já na calha a realização de oficinas para crianças com o artista residente e no continuar das actividades há espaço e intenção para a realização de seminários de “modo a dar a conhecer a arte às pessoas”.