Analista americano vê Jogo em Macau com potencial

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente da Associação Americana de Jogo, Geoff Freeman, manifestou optimismo relativamente ao “potencial a longo prazo” da principal indústria de Macau, pese embora o declínio continuado das receitas dos casinos. A aposta no lado extra-jogo é apontada pelo especialista como uma medida brilhante.
“O mercado em Macau está a estabilizar, estamos a ver isso. Os números ainda são bastante fortes, ainda é um mercado [que gera receitas brutas anuais] de 27/28 mil milhões de dólares norte-americanos – o maior do mundo”, afirmou Geoff Freeman, à margem da abertura da 10.ª edição da Global Gaming Expo Asia (G2E Asia), que decorre até quinta-feira.
Para o presidente da Associação Americana de Jogo (AGA, na sigla em inglês), o facto de as empresas estarem “a fazer investimentos a longo prazo” demonstra que pretendem estar em Macau “durante muitos e muitos anos” e estão, portanto, “muito optimistas em relação ao futuro”.
Isto apesar da curva descendente das receitas dos casinos, encetada há aproximadamente dois anos.
Incertezas sobre o futuro “há em todos os mercados”, compreendendo-se que vivam “altos e baixos”, apontou. “Este mercado é único, há algumas questões que se têm de resolver, mas as empresas que estão a investir aqui têm confiança no potencial a longo prazo do mercado”, realçou o presidente da AGA, ao assinalar que muitas decisões foram tomadas a pensar nisso, que “é o que se deve ter em consideração”.
Além disso, Geoff Freeman vê já notas de que o mercado do jogo de Macau está “a estabilizar”.
“O primeiro trimestre do ano foi muito forte e estamos optimistas em relação ao segundo”, disse o presidente da AGA, para quem há bastante margem para crescimento do mercado de Macau e de outras jurisdições de jogo da Ásia em geral e em simultâneo, ao destacar o “óbvio interesse” que existe em torno da potencial legalização do jogo em casino no Japão.
Os casinos de Macau encaixaram entre Janeiro e Março receitas de 56.176 milhões de patacas – menos 13,3% face aos primeiros três meses do ano passado.

O outro lado

Sobre a crescente aposta – impulsionada pelo Governo – no segmento extra-jogo por parte dos operadores de casinos, com vista a uma evolução no sentido do modelo de Las Vegas, Geoff Freeman afirmou ver “um futuro brilhante”.
“Macau está já a gerar milhares de milhões em receitas não-jogo”, sublinhou, dando o exemplo da Las Vegas Sands, em que “mais de 20% das receitas vêem do não-jogo”, o que mostra que esse segmento constitui “um produto em desenvolvimento em Macau”.
“Há um futuro brilhante pela frente, o não-jogo tem enorme potencial, mas tem de se mover em consonância com o cliente, para aquilo em que ele está interessado. Está a desenvolver-se aqui em Macau, as pessoas deviam sentir-se bem com o desenvolvimento que está já a acontecer no não-jogo”, sublinhou o presidente da AGA.
Segundo dados do relatório da revisão intercalar sobre o setor do jogo em Macau após a liberalização – o primeiro estudo do tipo –, as seis operadoras geraram, em 2014, receitas operacionais de 23,2 mil milhões de patacas através de projectos não associados ao jogo.
De acordo com o documento, apresentado na semana passada, “o montante total do consumo nas actividades não jogo efectuado pelos visitantes no território pode ser comparável com o apurado em Las Vegas”. Só que “com uma receita bruta do jogo tão elevada, a percentagem proveniente dos projectos não relacionado com o jogo foi diluída”, segundo ressalva o mesmo estudo.
Esse valor representa pouco mais de 6,5% do total das receitas dos casinos apuradas no mesmo ano.

18 Mai 2016

Jinan | Associação acusa Governo de pressionar jornalistas

A Associação de Jornalistas de Macau emitiu um comunicado onde acusa o Governo de atentar contra a liberdade de imprensa no âmbito do caso da doação de cem milhões de reminbi à Universidade de Jinan. O comunicado fala de alegadas “pressões” sentidas por jornalistas que reportaram o caso, sendo que muitos foram pressionados ou até obrigados a não publicar os nomes dos dirigentes envolvidos. Muitos dos conteúdos das notícias terão sido “alterados ou mesmo eliminados” e os jornalistas afastados do caso. A associação fala ainda da existência de uma lista com nomes de pessoas que teriam de ser entrevistados sobre o caso, os quais teriam uma opinião positiva sobre a doação. O comunicado garante que não se tratam de casos individuais ou pontuais e que os meios de comunicação social chineses realizaram auto-censura e foram alvo de um maior controlo por parte do Governo. A associação aconselha os jornalistas a manterem a sua atitude profissional e a defender a liberdade de imprensa e alerta que este é o segundo caso de auto-censura nos meios de comunicação locais depois de 2012, quando o Governo levou a cabo o processo de reforma política.

18 Mai 2016

Meia centena de departamentos avaliados este ano

A Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) vai começar a avaliar 50 departamentos públicos em meados deste ano, uma medida que faz parte da primeira fase do sistema de avaliação do desempenho dos funcionários públicos. Numa resposta a uma interpelação escrita do deputado Chan Meng Kam, Kou Peng Kuan, director dos SAFP, relembrou que já foi feito o pedido a uma instituição do ensino superior para elaborar esse sistema de avaliação.
Na mesma resposta, os SAFP confirmaram ainda que já começaram o processo de simplificação de 18 serviços de emissão de licenças para as Pequenas e Médias Empresas (PME), estando prevista a simplificação de mais 27 serviços no próximo ano.
Kou Peng Kuan garantiu que a simplificação desses processos vai permitir um reforço da cooperação entre serviços públicos e uma maior transparência no processo de emissão das licenças.
O director dos SAFP confirmou que vão ser criadas plataformas on-line para os serviços mais procurados pela população entre os anos de 2017 e 2019. Chan Meng Kam questionou o Executivo sobre a necessidade de revisão dos processos burocráticos considerados dispensáveis, questionando ainda o mecanismo de avaliação por uma terceira entidade.

18 Mai 2016

Novo edifício municipal em Seac Pai Van quase pronto

A construção de um edifício municipal em Seac Pai Van que vai acolher um mercado, parque de estacionamento, biblioteca e um campo comunitário para a realização de várias actividades está quase concluída, faltando apenas a verificação final.
O jornal Ou Mun avança que a construção deste edifício surge depois de vários moradores se queixarem da falta de instalações socais naquela zona. Para responder a essas queixas o Governo começou a construir este edifício em 2013. O espaço tem uma área bruta de 35 mil metros quadrados e seis pisos. A obra inclui ainda uma paragem para os serviços de transbordo de autocarros, mercado municipal, parque de estacionamento público e um centro de actividades comunitárias.
Num estudo feito aos moradores da zona, organizado pela União Geral das Associação dos Moradores de Macau (Kaifong) os resultados indicaram que as instalações públicas eram o que mais pediam os inquiridos.
“Para irmos ao mercado temos de ir a outra zona, apesar de existir um supermercado a oferta é muito pouca. Espero que o edifício abra o mais rápido possível”, apontou uma residente da zona ao jornal.
O Governo está ainda a construir um Centro de Saúde com serviços para idosos e residência para pacientes mentais. A Administração espera que o mesmo possa estar concluído em Novembro do próximo ano.

18 Mai 2016

EUA/Presidenciais | Sheldon Adelson vai doar “cem milhões ou mais” a Trump

O magnata da Sands disse publicamente estar disposto a contribuir com mais dinheiro para eleger Donald Trump do que aquele que doou em qualquer outra campanha. E a ajuda não se fica por mais de cem milhões de dólares: Sheldon Adelson diz que este é o homem que os EUA precisam, mesmo que “não se concorde” com algumas coisas que ele diz

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s EUA precisam de alguém “forte” na liderança e esse alguém é Donald Trump. É a opinião bem vincada de Sheldon Adelson, o magnata dos casinos da Sands, com casinos em Macau, que justifica assim a doação de mais de cem milhões de dólares que poderá atribuir àquele que é um dos candidatos mais polémicos da corrida presidencial norte-americana.
Em 2012, Sheldon Adelson tornou-se o maior dador republicano de sempre, depois de doar entre 98 e 150 milhões de dólares americanos aos candidatos do partido que apoia. Mas este montante incluiu a corrida ao congresso e à presidência. Agora, o magnata está disposto a bater um novo recorde: mais de cem milhões de dólares apenas para Trump e a sua candidatura presidencial, como reportou o New York Times a semana passada. E Sheldon Adelson explica, ele próprio, porquê. sheldon-adelson
“[Entre tantos candidatos], um ganhou a corrida e agora os Republicanos têm de se juntar de forma a garantir que ele vença na etapa seguinte. Enquanto as primárias ainda têm algumas eleições importantes pela frente, está claro que Donald Trump será o Republicano nomeado para presidente”, começou por escrever numa coluna de opinião no jornal Washington Post. “Eu apoio publicamente Trump para a presidência e recomendo fortemente os meus colegas Republicanos – especialmente os oficiais eleitos através do Partido Republicano, os leais ao Partido e aqueles que fornecem um importante apoio financeiro – a fazerem o mesmo.”
A opinião de Adelson continua, considerando “assustador” a alternativa à presidência se não Trump. Num longo parágrafo onde critica Barack Obama – o homem que “conseguiu atingir os seus objectivos em muitos assuntos, ainda que estes não fossem os objectivos dos EUA” -, Adelson diz que é preciso colocar na Casa Branca alguém com um “R” (de Republicano) atrás. Esta é, assegura, a única forma de melhorar a situação. E essa oportunidade “ainda existe”.
“Sinto realmente que alguém com nível de experiência como CEO está suficientemente bem treinado para o trabalho de presidente. Isso é exactamente o que temos com Trump: ele é um candidato com experiência como CEO, moldado pelo compromisso e risco de utilizar o seu próprio dinheiro em vez do do público. Ele é um CEO com uma história de sucesso, que exemplifica o espírito de auto-determinação americano, compromisso para uma causa e boa gestão de negócios.”
Sheldon Adelson não menciona, por exemplo, as mais de duas dezenas de negócios montados por Donald Trump que não foram, de todo, “bem geridos”. Notícias correntes na imprensa norte-americana mostram esses casos – aliás motivo de chacota nos mais populares programas de comédia na televisão. São os bifes de Trump (um ano em funcionamento), o Trump Game (igual ao Monopólio, mas versão Trump, menos de um ano em produção), um restaurante (três meses), um motor de busca de viagens (um ano), água Trump Ice (menos de um ano), uma revista que durou dois anos e até uma universidade que acabou processada por diversos alunos porque, durante os seis anos em que funcionou, nunca conseguiu cursos acreditados.

[quote_box_left]Menos de 0,01% é o valor do apoio de Adelson a Trump quando comparado com o valor das receitas totais do ano passado da Sands, já que só a Sands China obteve lucros líquidos de 1,45 mil milhões de dólares em 2015[/quote_box_left]

Comer no prato que cuspiu

Apesar de alguns problemas nos negócios, a verdade é que Donald Trump foi sempre, de acordo com ele próprio e com média norte-americanos, “auto-financiado” na sua corrida à Casa Branca. Até porque “ele conseguiu alienar muitos dos seus doadores” devido a comentários menos próprios, como realça a imprensa dos EUA.
“Para começar a ter mais recursos [financeiros], Trump terá de ser mais activo em conseguir conquistar doadores que isolou durante as primárias”, escreve a CNN. “Charles e David Koch (dois dos maiores apoiantes das presidenciais) não parecem querer apoiar Trump. Charles Koch, em particular, foi publicamente crítico sobre a forma de candidatura de Trump durante as primárias.”
Esses comentários não passam sequer pela forma como Donald Trump fala das mulheres, ou da contínua ideia de construir um muro que separe o México do país. Os comentários foram dirigidos precisamente às figuras que agora poderão apoiar o candidato. puppet
“Trump foi claro durante a campanha, criticando os oponentes que esperam os ‘super PACS’ e dizendo que eles estavam a ser comprados por doadores ricos”, relembra o Wall Street Journal, referindo-se aos comités organizados para receber somas de dinheiro ilimitadas de empresas, indivíduos e uniões sem contribuírem directamente com o Partido ou os candidatos.
Trump dizia mesmo que o poder da sua campanha centrava-se no facto de ser “auto-financiado” e que isso acontecia porque as contribuições “têm um efeito de corrupção nos oficiais do governo”. Palavras que justificava com o facto de ser “um dos maiores doadores ricos a fazer essa compra”, como relembra o site MSNBC.
Nem Sheldon Adelson escapou. Quando o magnata apoiou Marco Rubio, Donal Trump não foi meigo. “Ele está a apoiar Marco Rubio para moldá-lo, para que ele seja a sua pequena marioneta”, escrevia o candidato em Novembro do ano passado, acrescentando no início deste ano que “os americanos não têm de se preocupar com esses ricos a dizer ao Trump o que fazer, porque ele não quer – e não recebe – o dinheiro deles”.
Apesar da retórica, a ira contra os ‘super PACS’ parece ter amainado, tal como a contra os “doadores ricos”: Donald Trump vai ser apoiado em “cem milhões de dólares ou mais” por Sheldon Adelson e a contribuição deverá ser feita precisamente através de ‘super PACS’.
A reacção de Trump quando confrontado pelos jornalistas? “Eu sei que as pessoas gostam de mim e formam um super PAC, mas eu não tenho nada a ver com isso. Vamos ser o que acontece”, disse à NBC News.
O dinheiro, escrevem analistas citados pela imprensa americana, é agora um ponto vital na corrida de Trump. É que, para combater Hillary Clinton na corrida geral à Casa Branca, Donald Trump deverá precisar de “700 milhões a mil milhões de dólares”. Trump tem neste momento cerca de 11 milhões de votos, precisando de cerca de 50 a 60 milhões para vencer. As eleições são em Setembro.

[quote_box_right]“Ele [Sheldon Adelson] está a apoiar Marco Rubio para moldá-lo, para que ele seja a sua pequena marioneta” – Donald Trump, em Novembro de 2015[/quote_box_right]

Jogo, ódio a Obama e Israel – Que interesses estão por trás dos apoios?

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]encontro entre Adelson e Trump de onde surgiu a notícia do apoio aconteceu há duas semanas em Manhattan. Desde então, o magnata do jogo tem insistido na necessidade de se juntarem a ele todos os republicanos possíveis, que ainda estão de pé atrás com Trump.
“Apesar de ter sido o neto de um mineiro e filho de um taxista, tenho muito experiência em ser parte de quase meia centena de diferentes negócios nos meus mais de 70 anos de carreira. (…) Ganhei o direito de falar sobre liderança e sucesso. Podem não gostar do estilo de Trump, ou daquilo que ele diz no Twitter, mas este país precisa de uma liderança executiva forte hoje em dia, mais do que em qualquer outro período na sua história”, escreveu Adelson na opinião publicada no Washington Post.
Mas, que interesses estão por trás do apoio a Trump? Primeiro, o “ódio” que Sheldon Adelson já manifestou contra Obama e a visão de que Hillary poderá ser a sua substituta mais parecida.
“Se os Republicanos não se juntarem no apoio a Trump, Obama vai, basicamente, ter algo que a Constituição não permite – um terceiro mandato em nome de Hillary Clinton. Passei algum tempo a falar com Donald Trump. Se concordo com ele em todos os pontos? Não. Mas é natural que nenhum americano concorde com o seu candidato preferido em todos os assuntos”, defendia Adelson na semana passada.
Outra das razões pode ser o interesse de Trump nos casinos. Como recorda a NewsWeek, Adelson é conhecido por apoiar políticos que poderão ajudar nos seus negócios de jogo, ainda que os casinos não pareçam ser o ponto forte do candidato à presidência. Trump declarou falência de três propriedades em Atlantic City: primeiro o casino Trump Taj Mahal, em 1991, depois de um ano em operação. Depois, em 2004, foi a vez do Trump Marina e o Trump Plaza. Depois disto, a Trump Hotels e Casino Resorts decidiu mudar para Trump Entertainment Resorts. Quatro anos depois, também esta empresa faliu.
E depois há a questão de Israel. Um dos cavalos de batalha de Adelson, judeu, a segurança de Israel é uma das maiores preocupações do magnata e parece ser, agora, também a de Trump, que Adelson considera ser “bom para Israel”. Mas a situação é confusa.
“Durante toda a corrida vimos reviravoltas que não eram suposto acontecer. Uma das maiores razões de Adelson para apoiar Trump é o grande apoio a Israel, ainda que Trump tenha feito comentários no passado que deveriam fazer os zionistas preocupar-se com tal presidência. Mas também já vimos as ideias de Trump mudar em diferentes eventos públicos”, frisou Myles Hoenig, activista e analista político, em declarações à Press TV.

Unidos por muros

Trump chegou a fazer comentários contrários sobre a questão Israel-Palestina, mas a última declaração pública é favorável à ideia de Sheldon Adelson. E mais uma vez, Trump usa-se a si próprio como exemplo. “Acontece que eu tenho um genro e uma filha que são judeus ok? E dois netos que são judeus.”
Para Hoenig, a liderança republicana sempre foi muito pró-Israel, mas também os democratas o têm sido, como refere, frisando que Hillary Clinton até é a candidata que mais apoia o país e que é activa nas suas acções para tal. Mas, para o activista, a dúvida não existe: por que razão Adelson apoia Trump? “Não é só para promover a conversa sobre Israel, mas para mostrar a oposição a todos os aspectos levantados por Obama nestes últimos oito anos. Obama é visto como uma oposição a Israel nas decisões que toma, mas ele apoiou o país em tudo o que fez e até cobriu crimes israelitas contra o povo palestiniano”, diz o analista, assegurando que, seja como for, a política dos EUA face a Israel não deverá mudar.
Uma das coisas que os dois milionários parecem ter certamente em comum é a ideia de construir um muro: Trump tem um planeado para o México. Adelson sugeriu construir “um grande, maior do que já existe”, para manter os palestinianos fora de Israel.

Wynn amigo de Hillary Clinton?

Dentro da política é habitualmente conhecido o papel de Sheldon Adelson como um dos grandes doadores, mas Steve Wynn também pondera apoiar alguém. Ainda que o nome do empresário do jogo, dono do Wynn em Macau e com um novo complexo a nascer no Cotai, não seja tão sonante nos meandros da candidatura, duas coisas são bem conhecidas: Steve Wynn “desaprova Barack Obama”, ao ponto de o comparar ao ex-presidente Richard Nixon, envolto num escândalo de escutas. Mas, ao contrário de Adelson (ver texto principal), o facto de Wynn não gostar de Obama pode não o impedir de apoiar Hillary Clinton, candidata pelos Democratas. Wynn assegura ter tido um “jantar charmoso com Clinton”, ainda que social e “não político” e que não descurava a eventualidade de apoiar a candidata, numa entrevista ao canal de televisão PBS. Do conhecimento público é também que Wynn não está nos melhores termos com Adelson ou Trump. Muito por causa dos negócios de casinos, já que o candidato republicano foi considerado, em tempos, provável competição de Wynn em Atlantic City.

Quem apoia quem?

Hillary Clinton: apoiada por Ben Affleck, Christina Aguilera, Tony Bennett, Drew Barrymore, Bon Jovi, Mary J. Blige, George Clooney, Bryan Cranston, Leo Dicaprio, Ellen Degeneres, Cher, Jesse Eisenberg, Morgan Freeman, Lady Gaga, Robert De Niro, Richard Gere, Tom Hanks, Ben Harper, Elton John, Beyoncé, Katy Perry

Donald Trump: apoiado por Hulk Hogan, Sarah Pallin, Stephen Baldwin, Azealia Banks, Kid Rock, Dennis Rodman, Mike Tyson

Bernie Sanders: Rosario Dawson, Danny De Vito, Mark Ruffalo, Danny Glover, Spike Lee, Seth MacFarlane, Michael Moore, Susan Sarandon, Red Hot Chilly Peppers,

18 Mai 2016

Sporting de Macau | Dois jogadores saem do clube, um deles despedido

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e uma assentada, saltaram dois jogadores do Sporting Clube de Macau (SCM). Um foi despedido, o outro despediu-se há umas semanas. Um não queria tomar banho, o outro não aceitava ordens, segundo apurámos junto de João Maria Pegado, treinador dos leões. Os jogadores em causa são o defesa central Vítor Almeida e o avançado Taylor Gomes.
A notícia foi veiculada ontem em comunicado da direcção do clube, que se escusou a fazer comentários remetendo-os para o treinador. Da direcção ficou-se apenas a saber a decisão de “terminar o vínculo” com Almeida e a “desvinculação por livre vontade” de Taylor Gomes, por “motivos semelhantes”: não se enquadrarem “nos valores de disciplina, respeito hierárquico, pelo clube e respectiva camisola”.
“Foram diversos actos de indisciplina, no campo, a nível táctico e nos treinos. Não dava”, diz João Maria Pegado. Segundo o treinador, Almeida “recusava-se a participar em várias actividades dos treinos” e o jogador “isolou-se do grupo, recusou-se desde o início a tomar banho após os treinos, o que é obrigatório, e também evitou participar nalguns jantares da equipa”.
Opinião diferente tem Taylor Gomes, que diz “ter sido sempre bem acolhido por Vítor Almeida”, que até o “ajudou bastante na recuperação de uma lesão”, garantindo que é “um jogador acolhedor”.
Taylor acha normal a recusa em tomar banho, pois “as equipas de Macau não têm balneários próprios” e às vezes “têm de ser divididos com outras equipas”, razão pela qual “muitos prefiram ir para casa relaxar”.
Face aos jantares, Taylor acha “um argumento falacioso” já que “o Sporting não paga muitos dos jantares (ao contrário de outras equipas) e Vítor esteve sempre nos que o clube pagou”, diz, acrescentando que “para um jogador emigrado, com responsabilidades familiares em Portugal, é natural ter outras prioridades mais importantes do que pagar jantares do bolso só porque o treinador os marcava”.
Já Vítor Almeida prefere, para já, o silêncio. “Neste momento não quero falar sobre isso. Direi tudo o que me vai na alma na altura certa. Nunca pensei que passasse por isto e nunca vi isto no futebol. Estou de consciência tranquila e tudo fiz pelo Sporting de Macau e só sei estar de uma forma no futebol e na vida que é respeitar o próximo e ter princípios, mas muitas pessoas desconhecem esses valores”, disse ao HM.

Ordens e desordens

No comunicado, o SCM aproveitou também para oficializar a desvinculação de Taylor Gomes ocorrida há já algumas semanas.
“Foi chamado à atenção no jogo do Benfica e no treino seguinte e teve o descaramento de me dizer que não obedecia a ordens nem dos pais nem dos patrões”, disse João Pegado a propósito do jogador.
No caso desse jogo, a ordem era uma técnica de futebol e Taylor terá dito ao treinador para ter calma. O jogador assume as respostas mas chama a atenção para o contexto: “No jogo contra o Benfica, [o treinador] andava descabelado a chamar por mim a toda a hora e, de facto, mandei-o ter calma para que me deixasse jogar futebol.”
Após o jogo, diz Taylor, “talvez por não assumir o papel de treinador como deve ser”, terá mandado o treinador-adjunto dizer-lhe que estava aborrecido com ele.
“Como não tinha problemas em pedir-lhe desculpa, dirigi-me a ele na primeira oportunidade e ele virou-me a cara”.
Depois dessa atitude Taylor confessa ter ficado sem vontade de pedir desculpas mas percebeu que o clima estava estragado mais não fosse por ter ido parar ao banco no jogo seguinte. Numa reunião geral, o treinador terá demonstrado o desagrado, garantindo Taylor ter aproveitado a oportunidade para “demonstrar surpresa por ele ter virado a cara”.
Confrontado com a recusa em aceitar ordens, Taylor confirma que o fez, apelando de novo ao contexto. Segundo ele, Pegado perguntou se estaria disponível para acatar ordens. Taylor terá dito “se quiseres dás orientações técnicas, agora ordens não recebo, nem tuas nem de ninguém”, assume.
Questionado João Pegado se estas atitudes de indisciplina não teriam sido possíveis de prever antes de contratar os jogadores, o treinador diz que “Taylor já tinha indícios”. “Saiu do Benfica, do Ka I, mas como treinador achei que podia fazer mais dele”, frisa ao HM.
Confrontado com estas declarações, Taylor manifesta-se estupefacto: não saiu a mal de nenhum clube, diz, mas sim por opção. Salienta que quando o Sporting foi ter com ele “estava a analisar uma proposta do Ka I mas entendeu que o Sporting seria uma nova experiência”, adiantando ainda ter recebido uma proposta deste clube, na pessoa do treinador Josicler, já depois de representar a equipa leonina, para disputar o Interpor Hong Kong-Macau para os vencedores da “bolinha” dos dois territórios.
No caso do Vítor Almeida, José Maria Pegado garante que não tinha essas indicações e foi uma surpresa. “Talvez tivesse sido mal aconselhado. Andava sempre com pessoas de outros clubes”, diz, acrescentando: “quando se apanham boleias para os treinos com um treinador de outro clube, está tudo dito”.

18 Mai 2016

Estou na bolha

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ideia de que vivemos numa bolha censória que nos protege de tudo o que é diferente daquilo que habitualmente vemos e lemos não é nova. Ganhou destaque, no entanto, nos Estados Unidos, nos últimos dias, com notícias de que o Facebook teria apagado estórias de cariz marcadamente conservador da secção dos posts mais vistos e comentados (trending). A ideia seria a de que o Facebook estaria apostado em favorecer visões mais liberais. Com um congresso maioritariamente conservador, a notícia levou o presidente da comissão do comércio a requerer explicações à empresa de Mark Zuckerberg, que as negou. Naturalmente.
O conceito da filter bubble, de uma bolha protectora online que estabelece por nós aquilo que consideramos ser mais relevante, foi uma constatação a que chegou Eli Pariser, presidente da MoveOn.org (uma plataforma online de discussão política), após ter estudado a forma de funcionamento do Facebook e do Google. As suas conclusões tornaram-se virais em 2011, quando participou numa TedTalk.
O conceito é muito simples e explica-se num parágrafo. Os motores de busca na internet e outras aplicações registam os nossos hábitos de pesquisa, de navegação, avaliando as páginas que abrimos e o conteúdo dos posts que gostamos e que comentamos. Quando fazemos uma nova pesquisa, os resultados obtidos são influenciados pelo registo do nosso histórico. Isso é evidente não apenas na forma como os resultados são ordenados, mas também na publicidade associada a páginas que visitamos. Por exemplo, se através do Agoda ou do Booking.com pesquisarmos um destino de férias, quando visitamos páginas em que estas empresas promovem os seus produtos somos confrontados com propostas – normalmente a preços imbatíveis – feitas à medida para a cidade, praia ou destino que procurámos anteriormente. Trata-se de publicidade feita à nossa medida. Para os nossos gostos. Para as tendências que preferimos. Para a ideologia com a qual estaremos mais identificados tendo em conta os textos que lemos online. Faz isso o Google. Faz isso o Facebook.
Se nas nossas pesquisas anteriores – por exemplo de notícias – preferimos em várias ocasiões o The Guardian ao The New York Times, a BBC à Russia Today ou o Público à Folha de São Paulo, quando voltamos a fazer uma pesquisa de notícias, os resultados serão ordenados pela tendência das nossas preferências anteriores. Se assim continuarmos, chegamos a um momento em o que The New York Times, a Russia Today e a Folha deixam de aparecer nos resultados da nossa pesquisa. Por uma questão de irrelevância. Se não vemos o que têm para nos dizer, acabam por desaparecer ou ficam muito para baixo da lista de resultados. Quem tem tempo para ver mais do que os dez primeiros?
No caso do Facebook, a forma como esta bolha opera – uma bolha construída por algoritmos e incluída na parte não contratual da plataforma – é igualmente bastante visível. Os amigos cujos posts raramente comentamos ou a quem nunca colocamos um gosto deixam simplesmente de aparecer na nossa news feed.
Isto afunila consideravelmente o nosso mundo. É como se vivêssemos num espécie de redoma, inócua, asséptica, em que nos é mostrado apenas aquilo que não vai contra os nossos valores, os nossos ideais. Embora não o tenhamos pedido a ninguém – recorra-se uma vez mais ao exemplo inicial das notícias – não nos deixam ver a visão alternativa plasmada nos artigos da Russia Today. E deixam de aparecer no nosso news feed no Facebook opiniões contrárias às nossas.
Esta não é uma questão de somenos. O Facebook é cada vez mais a principal fonte de informação para milhões e milhões de pessoas. Segundo o reputado centro de estudos de opinião norte-americano Pew Research Center, 63 por cento dos utilizadores do Facebook usam a plataforma para saberem o que se passa no mundo. Se parte do que se diz e que está a acontecer nos é escondido, estamos todos cada vez mais a fazer leituras do mundo em que várias cores possíveis estão omissas. As horas passadas no Facebook servem apenas para reforçar as ideias que já tínhamos e não para nos questionarmos a nós próprios. Por razões de “relevância”, somos forçados a concordar connosco próprios. A não nos desafiarmos.
Vivemos pois tempos em que os algoritmos substituíram o trabalho do censor prévio. E por mais que Zuckerberg diga que não há censura no Facebook, é fácil concluir que, sempre que nos ligamos à plataforma, os posts que surgem no topo da news feed são os dos amigos com quem mais interagimos – aqueles que mais comentamos e que mais gostamos – e não aqueles cujos posts apenas comentamos ocasionalmente ou raramente gostamos. Isto tem consequências profundamente nefastas.
Estamos pois fechados numa bolha, na qual apenas vemos os queridos amigos que bajulamos e com os quais temos um forte relação de proximidade, alegadamente intelectual. A diferença, o sal da vida, vai sendo substituída pelos sorrisos dos que constituem a nossa tribo, que nos tornam alheados em relação ao extraordinário. E deixamos de nos indignar, pois somos cada vez menos confrontados com aquilo que nos deveria fazer objectar, criticar. Tal qual o pai que acompanha o filho ao parque infantil e tenta garantir que ele não caia ou se magoe. No fundo, esse pai não quer perder o mundo perfeito em que as crianças são pequeninas e podem ser protegidas por um mero abraço. Um mundo em que as crianças não crescem e hão-de para sempre precisar da ajuda do progenitor.

18 Mai 2016

MP acusou estudante da morte de gatos em Taiwan

O Ministério Público de Taiwan acusou formalmente o estudante de Macau de violação da lei dos animais em vigor na Ilha Formosa. O jovem poderá agora enfrentar até um ano de prisão. O estudante de 23 anos, de apelido Chan, foi detido em Dezembro do ano passado pelas autoridades policiais por ter morto vários gatos, sendo que uma professora da Universidade Nacional de Taiwan, onde estuda Chan, foi testemunha dos actos cometidos. O jornal de Taiwan Apple Daily noticiou que o jovem acabou por admitir a prática do crime aquando da fase de inquérito, tendo mostrado arrependimento. Chan disse que estava apenas a brincar com um dos gatos, mas que este acabou por o arranhar. A professora referiu que Chan tentou sufocar os animais.

18 Mai 2016

Lou Ieng Ha nomeada juiz presidente

A magistrada Lou Ieng Ha, do quadro local do Tribunal Judicial de Base, foi nomeada a título definitivo juiz presidente do Tribunal Colectivo dos Tribunais de Primeira Instância, sob proposta da Comissão Independente responsável pela indigitação de juízes. A nomeação foi oficializada em Boletim Oficial, num despacho assinado por Chui Sai On, Chefe do Executivo, com efeitos a partir de 23 de Maio.

18 Mai 2016

PJ | Aumento de roubos e furtos em residências

Um comunicado emitido pela Polícia Judiciária (PJ) refere que nos primeiros quatro meses deste ano houve 26 casos de roubo em apartamentos, um aumento de quatro casos face a 2015. Dezasseis desses casos “ocorreram em edifícios altos e, na maioria destes casos, os autores dos crimes seguiram os moradores para poderem entrar nos edifícios e ali ficarem à espera da melhor altura para agirem. Houve dez casos de roubo que tiveram lugar em edifícios baixos e, normalmente, os criminosos actuam escolhendo os edifícios que têm a porta principal estragada”.

18 Mai 2016

CCM | Festival de Artes de Macau ainda mexe

A entrar na recta final, o FAM ainda tem muito para dar nestas quase duas semanas que faltam para o encerramento: desde dança contemporânea japonesa a experimentações sonoras com sons do Antárctico, passando por espectáculos de rua. Mas há mais

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]27.ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM) está prestes a terminar mas nem por isso o seu interesse. Fomos à procura no programa do que ainda está para vir e descobrimos, já nesta sexta-feira, uma “Obssessão”.
Assim se chama a famosa obra do coreógrafo japonês Saburo Teshigawara, inspirada na curta-metragem surreal “Un Chien Andalou” de Luis Buñuel. Estreou-se em 2009 no Festival Rock Arte de Saint Brieuc (França) e desde então
tem estado em vários festivais internacionais.
Teshigawara formou o KARAS, o grupo que apresenta a peça, com Kei Miyata em 1985 com o objectivo de procurar uma “nova forma de beleza” e assim desenvolveu uma nova linguagem artística, uma nova orientação para a dança contemporânea japonesa. Na interacção dos diversos elementos artísticos – música, movimento, belas-artes e filme, os KARAS criam espaços poéticos, em composições de grande sensibilidade escultural. Desejos impossíveis que se tornam realidade apenas através do amor irracional.

De Beckett à Antárctida

Sentado sozinho no seu pequeno quarto no dia do seu septuagésimo aniversário, um homem prepara-se para fazer uma gravação sobre o seu último ano de vida, um hábito de juventude. Mas antes ouve a cassete gravada há 30 anos, provavelmente o ano mais feliz da sua vida.
Assim está dado o mote para “A Última Gravação de Krapp”, a famosa obra de teatro do absurdo de Samuel Beckett e que surge em Macau encenada pelo mundialmente célebre Robert Wilson.
Na breve hora que dura esta obra, Wilson apresenta o trabalho de Beckett em meia dúzia de traços simples que pintam uma visão do mundo muito particular e, ao mesmo tempo, universal.
E se gravássemos uns sons da Antárctida? E se os combinássemos com música electrónica? E se inventássemos uns instrumentos para que a coisa saísse mais a preceito? Foi precisamente o que Álvaro Barbosa, professor da Universidade de São José, junto com o desenhador de instrumentos musicais Victor Gama fizeram, dando origem a “Viagem à Última Fronteira”.
Embarcados numa expedição de dez dias ao Antárctico num antigo barco oceanográfico dos anos 70 vaguearam pelas ilhas da Península e coligiram gravações áudio e vídeo. Barbosa ainda capturou a beleza natural dos gelos eternos em fotografia que deu origem a um livro. Depois saiu o concerto.
O espectáculo apresenta peças musicais tocadas em conjunto por músicos locais e pelo Hong Kong New Music Ensemble, que incluem composições electrónicas originais de Gama tocadas em instrumentos musicais desenhados por ele próprio e no dispositivo de som interactivo (Espanta Espíritos de Cordas Radiais) inventado por Barbosa. Podem também ouvir-se sons gravados na Península Antárctica, colocados para “transportar” o público para a magia natural daquele território.

Ar livre ou violino?

Para quem gosta de espectáculos de rua, o FAM inclui o que o que a organização designa por uma “caleidoscópica mostra de espectáculos”. Diversidade e emoção são as propostas para a Praça do Iao Hon, com uma série de espectáculos onde se incluem malabaristas, danças tradicionais tailandesas, música ao vivo, teatro infantil e marionetas, durante as três noites do próximo fim-de-semana.
Mas a opção também pode ser teatro infantil e aí tem a possibilidade de entrar em “Círculos”, uma produção de Taiwan de Cheang Tong onde a Fundação de Educação dos Oceanos Kuroshio, do mesmo país, surge como consultora.
Tudo começa um belo dia quando na biblioteca da zona surge um livro chamado “O Animal Mais Popular”. Assim começa a aventura. A vaca acha que é ela mas afinal são o panda e o golfinho. Curiosa, a vaca decide conhecê-los encetando um périplo à procura do “animal mais popular”.
“Círculos” é uma peça criada para inspirar uma reflexão sobre a forma como a humanidade vive, usando o teatro de marionetas, a poesia infantil, livros a três dimensões, música ao vivo, uma exposição interactiva e visitas guiadas. Uma viagem educativa para pais e filhos.
Para momentos mais clássicos, não dá para perder Shostakovich segundo o violino da lendária violinista russa Viktoria Mullova. Os concertos de Shostakovich, obras que revelam a influência do pós-romantismo e do neoclassicismo, estão permeados de elementos de discordância e cromatismo do séc. XX e podem ser considerados como uma experiencia singular.
Convidada a actuar neste concerto, a Mullova valeu-lhe o título de “Rainha do Gelo” da música. Esta será a sua primeira colaboração com a Orquestra de Macau.
Está dado o mote para um evento com diversos horários e bilhetes a preços diversos. Bom fim-de-semana.

18 Mai 2016

Oficializado curso de Serviço Social na UCM

O curso de licenciatura em Serviço Social, em Chinês, da Universidade da Cidade de Macau foi oficializado, ontem, em publicação no Boletim Oficial. O despacho assinado por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, indica que a licenciatura é de quatro anos, em regime de aulas presenciais, e conta com disciplinas como Política Social e Bem-estar Social, Serviço Social para a Família, Serviço Social e Serviços de Reabilitação, Técnicas e Estratégia de Comunicação Internacional.

18 Mai 2016

Portus Cale, restaurante | Herlander Fernandes, chef

Ali, entre as distracções do Jockey Club, está o Portus Cale. Um restaurante português que reúne gastronomia, música, espaços abertos e a possibilidade de, no coração da Taipa, sentirmos o sabor a casa

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]viagem começa logo no parque de estacionamento. Ao entrarmos no Jockey Club, bem lá no fundo, encontramos o Portus Cale, o restaurante do momento. Ao entrar no espaço sentimos que podíamos estar em qualquer outro restaurante, mas em Portugal. A verdade é essa, Portus Cale, aberto desde o final de 2014, quer trazer para Macau do melhor que se faz por lá.
Somos recebidos na sala VIP, ideal para almoços ou jantares de trabalho, aniversários ou qualquer outra festa que queira organizar. A sala, que está separada da principal do restaurante, reúne as condições ideias para parecer que está na sala lá de casa. Confortável, com música de fundo, o espaço acolhe quem o visita.
É Herlander Fernandes, o chef do Portus Cale, que nos dá as boas-vindas. Sorriso aberto e muita simpatia faz jus à representação de toda a equipa. Afinal de contas saber receber é das principais marcas de qualquer restaurante que queira ser uma segunda casa para o cliente.
A olhar à volta o espaço convida a ficar. Se já se está a questionar se existe esplanada, dizemos-lhe: sim. Duas. Uma varanda no primeiro andar, com mesas e possibilidade de almoçar ou jantar lá fora. “A verdade é que no Verão é mais difícil por causa do calor”, explica o chef, mas, garante, a decisão é do cliente. No andar de baixo há também uma esplanada, esta em cima da relva. “Ideal para festas”, diz Herlander. Nós confirmamos. O espaço fica virado para a pista de corridas, afastado mas com visibilidade. No lado direito estão os estábulos. herlander fernandes portuscale
“Quando há festas de aniversário de crianças, ou crianças em algum evento, podemos conciliar e oferecer passeios de pónei aos miúdos. É giro, a ideia é esta, as pessoas poderem aproveitar do espaço”, frisou.

Sabor luso

Mas vamos ao que interessa: a comida. O menu é só e apenas dedicado à comida tradicional portuguesa. “Temos alguns pratos de autor, criados por nós, mas são pratos portugueses, 100% portugueses”, apontou Herlander Fernandes ao HM. Prepare-se para ir provar aquelas que têm sido as jóias da casa: o arroz de marisco, a feijoada, o bacalhau à Portus Cale e a sopa, “o verdadeiro caldo verde”.
É preciso despachar-se, porque o menu vai mudar já este mês. Sem adiantar as surpresas que aí vêm, Herlander Fernandes garante que a carta será portuguesa, até porque essa é a essência deste espaço. “Comidas mais leves para o Verão e terá alguns pratos de assinatura”, diz-nos. É a única pista que conseguimos arrancar do chef. sala
Desengane-se quem acha que é um restaurante só a olhar para a comunidade portuguesa. “Os nossos clientes são metade portugueses, metade chineses”, adianta o chef, sem esconder que às vezes é preciso adaptar o tempero ao cliente. É inegável, confirma, o diferente paladar que as duas culturas têm. “Por vezes corto um bocadinho no açúcar porque sei que a comunidade chinesa não gosta tanto, mas a verdade é que não posso fugir ao que a sobremesa é na sua raiz”, confirma.

Sem entraves

Preparar pratos que sejam verdadeiramente portugueses é mesmo possível. Os entraves da inexistência ou escassez de alguns produtos são fáceis de contornar nos tempos que correm. “É possível aqui arranjar os produtos que temos em Portugal. Temos muitos fornecedores que importam directamente de Portugal e é fácil arranjarmos, aceitando que às vezes o custo é um pouco mais elevado. Mas não é difícil arranjar, é algo muito acessível até”, desvenda. comida1
O jantar é a hora de ouro do espaço, principalmente ao fim-de-semana. Uma sala que tem capacidade para 50 pessoas está muitas vezes cheia. “Também temos o snack-bar que podemos usar como sala, temos a varanda e ainda temos o estacionamento que é uma coisa tão difícil de arranjar em Macau. Os clientes podem vir, sem chatices, estacionar no nosso parque que, por sinal, é muito grande. E temos vista, conseguimos ver o horizonte, que é coisa rara em Macau. Conseguimos ver as montanhas da China. Reunimos as condições ideais”, relata.
Condições estas que têm feito os clientes voltar. “Sim, tenho notado que os nossos clientes repetem e isso é bom para a casa, é um bom sinal”, explica. O espaço é “meio escondido”, mas a qualidade e preço valem a procura. Por exemplo, Portus Cale funciona com um “set menu ao almoço, de terça a sexta-feira, com sopa, prato principal, bebida e sobremesa por 90 patacas”. “Um preço bastante acessível”, afirma Herlander Fernandes. De fundo ouve-se fado e outros géneros de música portuguesa, até porque esta é uma casa portuguesa, com certeza.

18 Mai 2016

Rua dos Mercadores | Substituição de parque infantil por estacionamento não agrada

Sorrisos, convívio e actividades desportivas foram trocadas pelo silêncio de um parque de estacionamento. Aquela zona, no coração da Rua dos Mercadores, é agora olhada com tristeza. Nada se pode fazer porque se trata de uma propriedade privada

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]parque infantil e zona de equipamentos desportivos na Rua dos Mercadores, que acolhia várias pessoas durante as tardes, é agora um parque de estacionamento privado de dez lugares que poucas vezes são ocupados. Idosos e crianças, especialmente, foram trocados por veículos.
Numa visita ao espaço, o HM percebeu o descontentamento dos residentes. “As crianças estão tristes porque já não podem brincar no seu parque”, começa por dizer Chan, moradora na zona. O neto olha atentamente a avó, enquanto esta continua o discurso. “Não concordo nada com a alteração, claro que preferia um parque de lazer e espaço para as crianças”, respondeu quando o HM lhe perguntou se concordava com a alteração. Chan continua a explicar que “as visitas ao parque com o neto” eram uma constante, algo que deixou de acontecer. E alternativas não existem. “Agora só podemos passear na rua”, frisa.

Privados à parte

O espaço é propriedade privada, conforme indicou o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) ao HM e, por isso, nada há a fazer. Durante os últimos anos foi aproveitado para lazer com o consentimento do próprio proprietário. O dono concordou em disponibilizar o espaço, mantendo-o disponível para uso público, em troca de uma renda de apenas “várias patacas”.
Terminado o contrato, no passado mês de Abril, o proprietário decidiu retomar o terreno para investimento. Para isso o IACM foi obrigado a retirar os equipamentos desportivos e os grafittis na parede que tornavam o espaço colorido.
Lou, proprietário da loja mais próxima da área, lamentou a transformação. Para o vendedor de máquinas de costura é compreensível que não se possa fazer nada, sendo uma zona privada, mas é uma “pena que o parque tenha desaparecido”.
“Ouvi algumas pessoas criticarem a mudança de zona de lazer para estacionamento, sobretudo as crianças e os idosos que passavam muito tempo por aqui. Qualquer pessoa gosta de ter espaços destes em cidades como esta”, explicou ao HM, apontando, entre sorrisos, que do ângulo comercial é inevitável que isto aconteça. “É natural que o proprietário queira fazer render o seu espaço”, frisou em jeito de cumplicidade. “É um espaço privado, não se pode fazer nada”, rematou.

Em acordo total

Para Lei Cheok Kuan, presidente da Federação da Indústria e Comércio de Macau Centro e Sul Distritos, são tão necessários espaços de lazer, como parques de estacionamento. Mas o presidente avançou ainda que, na realidade, o Complexo Municipal de S. Domingos tem um parque de estacionamento subterrâneo que nunca é utilizado pela população por causa da falha de construção na saída.
“O Governo explicou que a saída não é suficientemente grande para os carros. Mas quando construiu o complexo já se sabia que a rua era estreita. Então porque é que deixou aquele parque ao abandono? Mais vale resolver o problema para que aquele parque seja aproveitado”, argumentou.
Com ou sem acordo, um espaço que era de lazer e convívio é agora um parque de estacionamento que, pouco ou nada rentável parece. Por hora o preço é de 15 patacas, mas há um desconto para aqueles que querem estacionar das oito da noite às oito da manhã, em 60 patacas.

18 Mai 2016

Lai Chi Vun | Moradores querem plano de recuperação este ano

David Marques, porta-voz dos moradores da povoação de Lai Chi Vun, diz que a reconstrução do estaleiro em ruína pela DSAMA é apenas um trabalho preventivo e pede um plano concreto até chegarem os tufões. Marques pede ainda a união das várias povoações de Coloane para que a ilha continue a ser o que é e fala em problemas de propriedade com os terrenos

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á mais de 20 anos o pai de David Marques, macaense, decidiu juntar esforços e construir uma casa na povoação de Lai Chi Vun. Ajudou também a criar a Associação dos Moradores da Povoação de Lai Chi Vun para recuperar uma zona histórica onde um dia existiu uma indústria naval de construção de juncos.
Hoje é o jovem David Marques quem dá a cara pelos cerca de 30 moradores que não querem deixar as suas casas e a sua própria cultura. Em entrevista ao HM, David Marques pede um plano de recuperação concreto para os estaleiros de Lai Chi Vun que seja posto em prática ainda este ano. Os Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) prometeram reconstruir um estaleiro em ruína no prazo de 20 dias, mas o porta-voz exige algo mais.
“O Governo apenas está a reagir ao inevitável. Estão a tentar garantir a segurança no local por enquanto, mas assim que houver uma chuva mais forte ou um tufão aquilo vai cair. O que eles estão a fazer é pôr um penso numa ferida que está a sangrar. É certo que estão a evitar a queda da estrutura, mas isso não vai resolver o problema”, disse David Marques, que agradece o trabalho de comunicação entre os moradores e os departamentos do Executivo.
David Marques considera que não há uma ideia geral para a reconstrução dos estaleiros. “Aquilo pode colapsar de outra forma”, reiterou. E é por isso que o porta-voz quer que algo seja feito até ao Verão.
“Quero que algo seja feito até Junho, porque a época dos tufões vem aí e não sei o que vai acontecer. Estamos habituados a inundações, sei o que fazer para lidar com isso, mas há coisas a cair em cima da minha casa”, ironizou.
O porta-voz garantiu que já há propostas à espera de aprovação governamental. “O Governo enviou trabalhadores para resolverem a queda da estrutura apenas num estaleiro. Um proprietário de outro estaleiro já enviou uma proposta de reparação mas tem de passar por outros departamentos do Governo, como a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Este caso acabou por se tornar numa emergência e foi por isso que os Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) tiveram de intervir”, explicou David Marques.

Problemas de propriedade

Actualmente em Lai Chi Vun existem cerca de 16 estaleiros mas não é clara a propriedade de todos eles e por isso é que o Executivo apenas interveio em três. David Marques fala de uma situação que vem desde os idos tempos de 1999.
“Em primeiro lugar não há documentos. O Governo disse que poderia recuperar três estaleiros a partir dos proprietários e, segundo os contratos, estão apenas como gestores dos estaleiros e esse contrato está assinado com apenas uma pessoa que tem o direito de usar o terreno com aquela finalidade. Mas com a transferência de soberania essa pessoa decidiu vender o terreno a outra para receber dinheiro. O dono vendeu ao cliente A. Esse cliente acreditou que o terreno lhe pertencia e vendeu ao cliente B, que depois vendeu ao cliente C. O cliente C ainda está vivo. Este vai ao Governo porque quer reabilitar a zona, mas o Governo pergunta: ‘quem é o senhor?’”
O porta-voz dos moradores traça dois cenários possíveis. “Ou se espera pela morte dos proprietários ou os estaleiros ficam completamente destruídos com um tufão e aí o Governo pode recuperar os terrenos. O Governo legalmente não pode fazer nada enquanto os estaleiros tiverem a cobertura e a estrutura, por causa dos contratos, mas pode reaver os terrenos. Assim que toda a estrutura cair, os terrenos vão para as mãos do Governo. Por isso é que este caso está a gerar tanta tensão. Nós queixamo-nos porque a nossa vida está em perigo e alguém tem de fazer alguma coisa.”

Apenas cinco anos

Em 2012 o Conselho Consultivo para o Reordenamento dos Bairros Antigos, já extinto, chegou a apresentar um plano para o desenvolvimento de Lai Chi Vun, mas nada mais foi feito. David Marques prevê que daqui a cinco anos os estaleiros possam vir a desaparecer por completo.
“Os estaleiros estão construídos como se fossem um dominó, então a ruína do primeiro causou estragos aos restantes. Esses estaleiros foram bem construídos e por isso têm durado tanto tempo. Penso que talvez daqui a cinco anos vão acabar por cair todos, devido às condições climatéricas. Para haver preservação dos estaleiros já deveria ter sido feita, agora estamos numa fase em que não conseguimos preservar nada. Podemos preservar a memória, há poucos homens que ainda sabem como fazer barcos e trabalhar a madeira, mas não ensinam mais ninguém e já têm cerca de 60 anos”, acrescentou.
O estudo do conselho consultivo propunha dar ênfase à cultura de construção de juncos, tendo como destinatário a população local, preservando-se assim a atmosfera cultural e costumes locais da Vila de Coloane. Esse plano teria “como destinatário principal a população e os turistas”, olhando para a “manutenção das mesmas instalações, ambiente de construção, estrutura de textura da beira-mar, sistema rodoviário, características da antiga zona da indústria, condições turísticas e os usos e costumes locais”, aponta um comunicado publicado em 2012.
O planeamento seria feito por quatro zonas. “A Zona A como praça portal que é o acesso e o nó de trânsito da povoação de Lai Chi Vun, e com uma galeria de exposição do estaleiro naval; Zona B como zona de restauração de lazer e galeria de exposição da fábrica de cal; Zona C como zona de lazer em que os estaleiros de juncos e a fábrica de serralharia servem de locais de exposição dos artifícios com dispositivos de interacção, uma zona cultural e criativa animada; Zona D como zona de exposição geral de construção de juncos”, lê-se. Seria ainda “reservado espaço para realizar acções de formação e workshops”.

Saída dará origem a protestos

A petição assinada por 30 moradores levou o Executivo a agir e a reunir, após vários gritos de alerta. O Instituto da Habitação (IH) chegou a disponibilizar casas sociais na Ilha Verde, mas a proposta foi recusada.
O futuro da zona é uma incógnita. A povoação de Lai Chi Vun é, segundo David Marques, “uma zona muito atraente, em frente ao mar” e estamos perante um “mercado livre”. Poucos sabem o que poderá nascer ali e o Governo até deu mostras de querer preservar os estaleiros e ali construir um museu, mas David Marques pede a união das várias povoações da ilha.
“Há muitas coisas a serem construídas em Coloane e queremos fazer parte de uma espécie de fórum ou grupo. Fala-se muito nos problemas de Coloane, mas apenas na vila de Coloane, não se fala da vila de Lai Chi Vun ou de Ká Ho. São áreas diferentes e há grupos diferentes.”
Enquanto os trabalhos de reconstrução do estaleiro não chegam ao fim, há cinco famílias que não podem estar em Lai Chi Vun. David Marques garante que vai haver um protesto caso os moradores tenham um dia de deixar a povoação.
“Eu gosto de lá viver, todos gostam. A questão que se coloca é onde é que os moradores vão ser colocados. Como é que vão olhar para nós? Estamos a falar de uma vila de pescadores com muitos anos, com a sua própria cultura. A minha mãe fala uma língua diferente, fala o dialecto dos pescadores. Claro que vai haver um protesto se um dia os moradores forem obrigados a deixar Lai Chi Vun. Eu vou fazer para que isso aconteça”, rematou.

17 Mai 2016

Jinan | Mais de mil pediram retirada da doação e demissão de Chui Sai On

A manifestação de domingo contra a doação de mais de cem milhões de patacas à Universidade de Jinan juntou mais de mil nas ruas para pedir a demissão de Chui Sai On

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de mil pessoas saíram à rua no domingo para protestar contra a doação de cem milhões de yuan (123 milhões de patacas) à Universidade de Jinan. O grupo – que contava, de acordo com a organização, com 3300 pessoas e com 1100 de acordo com a PSP – pedia, entre gritos e cartazes, a demissão de Chui Sai On, a retirada da doação e uma reforma do regime de donativos do Governo.
Chui Sai On, Chefe do Executivo, foi confrontado com a acusação de tráfico de influências devido a ser presidente do Conselho de Curadores da Fundação e vice-presidente do Conselho Geral da Universidade de Jinan. O líder do Governo não pediu escusa da apreciação do pedido de doação, ainda que tenha indicado ser membro desses cargos.
A polémica doação da FM sem consulta aos residentes e sem comunicação oficial antes da imprensa do continente deu o mote para a saída à rua da Associação Novo Macau (organizadora), da Love Macau, da Associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau, da Associação de Activismo para a Democracia e da Associação de Mútuo Auxílio dos Operários.
Eram três da tarde, quando o Jardim Vasco da Gama foi ocupado pelos participantes no protesto. A marcha “vermelha” da Associação de Mútuo Auxilio de Operários de Macau começou primeiro, em direcção à Sede do Governo, onde foi entregue uma petição para a retirada da doação de cem milhões, mas os manifestantes levantaram também cartazes que pedem a implementação do “ensino superior gratuito”. 17516P4T1
O deputado Au Kam San, que se juntou à marcha da Associação Love Macau, criticou a falta de “razoabilidade” da doação, porque a FM é composta por “amigos” do Chefe do Executivo e por si próprio, o que permite que a decisão para a entrega de subsídios para entidades “que tenham boas relações com Chui Sai On” seja fácil, diz o deputado. “Quem dá e recebe os subsídios é a mesma pessoa”, criticou ainda.
Cloee Chao, líder da Associação Love Macau, defendeu que a manifestação não foi só contra a doação de cem milhões, mas também para evitar que o Governo conceda mais dinheiro a entidades de fora de Macau sem consultar os residentes.

Porcos e pérolas

Como já é hábito, foi a Novo Macau, que contou com a participação do deputado Ng Kuok Cheong, a associação mais interventiva: um cartaz com a imagem da cabeça de Chui Sai On com orelhas de porco e um carimbo vermelho na testa com o número 380 – o número de votos com que conquistou a reeleição, em 2014 – foi levantado durante toda a manifestação, com o presidente Scott Chiang a explicar que o cartaz significa que “Chui Sai On está a engordar com o dinheiro do Executivo”, criticando o papel do líder do Governo no caso da doação à Jinan.
“Quais são as nossas três solicitações principais?”, questionava alto Scott Chiang. “Primeiro, a retirada dos cem milhões. Segundo, a demissão do Chefe do Executivo. Terceiro, a apreciação pública de grandes doações através da Assembleia Legislativa”, respondiam os participantes.
Sou Ka Hou, ex-presidente da ANM que veio de Taiwan para participar na manifestação, recordou que no mesmo mês, há dois anos, aconteceu a manifestação contra o Regime de Garantias dos Titulares de Cargos Políticos, que juntou mais de 20 mil pessoas. Na altura, Chui Sai On afirmou “sou gordo mas não vou engordar com o dinheiro”, em tom de brincadeira. No entanto, o jovem activista leva a ideia a sério e diz o Governo ainda “não é suficientemente sério para corrigir as falhas do regime jurídico-político” e está a permitir que Macau continue a ser “um viveiro de corrupção”.
“Não estamos a visar qualquer instituição, nem a convocar conflitos entre os ex-estudantes [da universidade] e os residentes. Mas o cofre público continua a ser usado por debaixo da mesa, sem uma fiscalização pública, ao mesmo tempo que os assuntos sociais e da população ainda não foram tratados. Nenhum residente de Macau aceita isso, é preciso defender os recursos financeiros públicos de Macau”, continuou.
Para Ng Kuok Cheong, um dos fundadores da Novo Macau, existe conflito de interesses e um problema que radica na própria FM. “Se o sistema realmente permite que qualquer pessoa deixe de estar em conflito de interesses por não receber salário então isto é um problema muito significativo para Macau porque mostra que o próprio sistema está errado. Este caso que acontece actualmente demonstra muito claramente que a FM não tem legitimidade para lidar com tanto dinheiro (…). Os residentes não acreditam nesta fundação, não têm confiança nela”, sublinhou à agência Lusa.
Ng Kuok Cheong indicou que irá propor um mecanismo, como um “debate aberto na Assembleia Legislativa”, onde sejam tomadas decisões sobre a atribuição de fundos para fora de Macau.

E os locais?

Vestidos com camisolas brancas, a maioria dos manifestantes da ANM era jovem, mas havia também crianças com as famílias. Leong, uma dos manifestantes, afirmou ao HM que saiu à rua porque mais pela falta de transparência do que pelo dinheiro por si. Criticou o facto de o Governo não utilizar o dinheiro que deu à Jinan para “fazer bem os trabalhos na área do ensino”, mas justificar a doação pela formação de alunos de Macau naquela instituição.
Outras três jovens, incluindo duas estudantes e uma trabalhadora, decidiram juntar-se por não apoiar o donativo, defendendo que os fundos públicos deviam ser usados em prol da população de Macau. Isabel Neves, outra participante e funcionária pública, juntou vários argumentos: “Esse montante que foi doado não percorreu os caminhos correctos (…). Um montante tão grande devia passar através da Assembleia para eles autorizarem. Esse dinheiro pertence à população de Macau”, frisou à Lusa.
Recorde-se que, para o Governo, Macau está numa altura de crise económica que levou à diminuição de algumas despesas.
O protesto, sob o ‘slogan’ de três R (“Refund, Resign e Reform”, “Reembolso, Resignação e Reforma), seguiu-se a uma petição lançada online contra a atribuição do apoio.

“Desobediência” criticada

Quando a marcha da ANM chegou à Praia Grande a confusão instalou-se: depois do TUI ter impedido o grupo de usar a estrada porque o passeio era suficientemente grande para todos, a Novo Macau deparou-se com metade do passeio bloqueado com barreiras, tendo por isso pedido à PSP para continuar a marcha na faixa de rodagem. Mas as autoridades proibiram a passagem, pelo que as duas parte entraram em conflito durante 15 minutos. A PSP diz que a falta de cumprimento do combinado afectou o trânsito e que não se exclui a possibilidade de haver acusados pelo crime de desobediência qualificada.

Aviões em Santa Sancha

O protesto da ANM não acabou até Sou Ka Hou, Scott Chiang e cerca de cem manifestantes terem tentado chegar ao Palácio de Santa Sancha, na Colina da Penha, para deixar na caixa do correio da residência oficial do Chefe do Executivo uma carta com as reivindicações. Depararam-se com a estrada cortada, pelo que a manifestação terminou com os participantes a transformarem as reivindicações impressas em pequenos aviões de papel que foram lançados, por cima do muro, para o interior da residência. O presidente da Novo Macau, Scott Chiang, prometeu que as iniciativas não vão parar enquanto não forem cumpridos os objectivos da marcha.

17 Mai 2016

Revolução Cultural | Incidentes em Macau trouxeram problemas à relação luso-chinesa

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s incidentes em Macau provocados pela Revolução Cultural, como o “1,2,3”, tiveram “profundas consequências” nas relações entre Portugal e China, nomeadamente com a política externa portuguesa a ser condicionada pelos interesses de Pequim, defende o investigador Moisés Silva Fernandes.
Como exemplos dados estão duas votações de Portugal favoráveis a Pequim na Assembleia-Geral das Nações Unidas no início da década de 1970 e a adopção de uma “política de silêncio” da diplomacia portuguesa em relação ao continente. O primeiro voto foi sobre o reconhecimento da República Popular em vez de Taiwan (República da China) na ONU em Outubro de 1971.
“Portugal foi pressionado a apoiar a admissão da República Popular da China” por líderes da comunidade chinesa de Macau alinhada com Pequim, sustenta o professor universitário. “Em Portugal a questão não era falada, mas através do Governador da altura, Nobre de Carvalho, houve influências muito grandes, nomeadamente dos líderes chineses de Macau Ho Yin e Roque Choi, que foram claros na posição de que Portugal tinha que votar favoravelmente a questão chinesa”, para prevenir problemas no território.
O voto a favor de Pequim causou “grande satisfação em Macau”, informou Nobre de Carvalho em comunicação para Lisboa, diz o investigador, que fala à Lusa a propósito dos 50 anos da Revolução Cultural.
No ano seguinte, Pequim volta a marcar pontos na ONU, ao conseguir a aprovação da resolução que retira Macau e Hong Kong da lista de territórios a descolonizar – datada de Dezembro de 1960 –, na tentativa de evitar que fosse levantada a questão de uma eventual auto-determinação ou independência, refere Moisés Silva Fernandes.
Mais uma vez, os líderes da comunidade chinesa de Macau transmitiram a mensagem de Pequim de que Portugal “não devia dizer nada, ou o mínimo possível”. A resolução foi aprovada, mas a postura do Reino Unido e de Portugal foi “bem diferente”: Londres rejeitou-a publicamente e Lisboa remeteu-se a um “silêncio hermético”.

Início para o 1,2,3

A Grande Revolução resultou, em Macau, nos chamados incidentes do “1,2,3” (3 de Dezembro de 1966). Para João Guedes, o eco da Revolução por cá foi um golpe de morte para a presença nacionalista no território, palco durante anos de uma “guerra surda” entre comunistas e nacionalistas.
O jornalista e investigador da História de Macau assinala que, depois da proclamação da República Popular da China em 1949, “a luta entre comunistas e nacionalistas só continuou em Macau”, onde os dois grupos encontraram um refúgio.
“Era uma situação difícil para a China resolver – dado que Macau era administrado por portugueses. Eles não podiam tocar em Macau, porque se não também tinham de tocar em Hong Kong. A diferença é que a Inglaterra era uma superpotência e, portanto, a China não tinha hipótese”, explica.
No início dos anos 1960, com a fundação da Polícia Judiciária, os agentes lançaram uma série de raides e apreenderam “quantidades industriais” de armamento trazido pelos nacionalistas para Macau.
“O ataque da PJ vem provocar o vazio que é ocupado pelos comunistas que começam a tomar conta” desses núcleos e ficam em pé de igualdade”, adianta João Guedes.
Entre as exigências feitas ao governo português no âmbito do ‘1,2,3’ – além da expulsão de dirigentes, de pedidos de desculpas ou de indemnizações – figurava a “eliminação de todas as organizações nacionalistas”, uma reivindicação “menos falada, mas não menos importante”. “E, de repente, Macau deixa de ser nacionalista e passa a ser comunista”, realça o historiador.
Daí existirem em Hong Kong “aqueles partidos todos anti-comunistas e a bradar pela democracia”, algo que não existe por cá “porque os nacionalistas [cá] acabaram em 1966”, observa. “Isto da História não é uma coisa passada sem consequências. É por essa e por outras razões que um movimento como o Occupy seria absolutamente impossível cá”, avalia João Guedes.

O que és?

Meio século depois continuam a existir divergências sobre as causas dos chamados incidentes do “1,2,3” em Macau.
Na obra “Macau na Política Externa Chinesa (1949-79)”, publicada em 2006, o investigador Moisés Silva Fernandes divide em quatro as correntes de pensamento de autores portugueses sobre as causas do incidente, um assunto ainda hoje considerado “tabu” na comunidade chinesa local.
A primeira atribui a ocorrência dos acontecimentos à tentativa gorada de reconhecimento e estabelecimento de relações diplomáticas com o regime de Pequim em 1964, a segunda às actividades subversivas do Kuomintang em Macau, a terceira remete para a “incompetência política” da administração portuguesa e a quarta “avalia os acontecimentos como um conflito entre uma classe média chinesa em ascendência e uma classe média macaense defensora do status quo”.
Para o jornalista José Pedro Castanheira, na obra “Os 58 dias que abalaram Macau”, tudo começou “com uma concentração de estudantes e professores junto ao Palácio do Governador” no dia 3 de Dezembro. A intervenção da polícia resultou em “manifestações um pouco por toda a cidade, acompanhadas de desacatos e tumultos de violência crescente, provocados pelos sectores comunistas mais extremistas e radicais”.
Esses confrontos entre populares e polícia generalizaram-se, “edifícios públicos foram saqueados, estátuas derrubadas”, foram decretados a lei marcial e o recolher obrigatório.
O saldo foi de oito mortos e de mais de uma centena de feridos. Fotos da época mostram marchas de jovens com o livro vermelho de citações de Mao Zedong, um dos símbolos da Revolução Cultural, em riste.
“Durante 58 dias, os sectores comunistas mais radicais, inspirados pelos Guardas Vermelhos, impuseram a sua lei e a sua ordem no território até à satisfação integral das suas reivindicações e à capitulação do governador Nobre de Carvalho, obrigado a assinar um acordo humilhante para as autoridades portuguesas”, escreveu José Pedro Castanheira, resumindo o “1,2,3”.
A Grande Revolução Cultural Proletária, que agitou a China de Maio de 1966 até à morte de Mao Zedong dez anos depois, pretendeu purgar a República Popular da “infiltração de elementos burgueses” nas estruturas do governo e da sociedade. Por todo o país, os Guardas Vermelhos, na larga maioria grupos de adolescentes e jovens sempre acompanhados pelo “livro vermelho” com os ensinamentos de Mao, ocuparam todas as estruturas da sociedade para impor o novo modelo, enquanto milhões de estudantes e intelectuais foram enviados para os campos para “reeducação” pelo trabalho.
Milhões de pessoas sofreram humilhação pública, prisão arbitrária, tortura, confiscação de bens. A tradição cultural milenar foi renegada, museus, monumentos e livros foram destruídos. Estimativas falam em 750 mil mortos. Diana do Mar (agência Lusa) / editado por HM

Lição para HK

Hong Kong aprendeu com Macau “uma lição valiosa” sobre o que não fazer para reagir aos motins durante a Revolução Cultural chinesa, defende Peter Moss, antigo quadro dos serviços de informação da região. “Graças à humilhação infligida à administração portuguesa em Macau no ano anterior, o governo de Hong Kong aprendeu uma lição valiosa sobre como não tratar os esquerdistas quando tentaram os mesmos estratagemas em Hong Kong em 1967”, disse, referindo-se ao 1,2,3. “Sentimos que foi uma vantagem para Hong Kong que Macau tenha tido aquela experiência, porque ensinou-nos o que não devíamos fazer quando encontrássemos o tipo de oposição que Macau encontrou. Eles humilharam o vosso governador, fizeram-no ficar de pé no pátio. E nós aprendemos bastante com essa lição”, afirmou à Lusa.

 

17 Mai 2016

Operação de combate ao crime leva mais de noventa ao MP

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de noventa pessoas foram presentes ao Ministério Público pelas autoridades policiais de Macau, numa operação conjunta entre o território, Guangdong e Hong Kong. De acordo com os Serviços de Polícia Unitários (SPU), entre os vários crimes foi detectado um caso de exploração de prostituição transfronteiriça.
As autoridades policiais das três regiões desenvolveram, de 9 a 13 de Maio de 2016, uma operação conjunta de combate à criminalidade organizada transfronteiriça. A Polícia Judiciária e o Corpo de Polícia de Segurança Pública realizaram uma série de acções de fiscalização, tendo sido ainda feitas operações de identificação de veículos nas principais estradas.
“Durante esta operação, foi descoberto pelas autoridades policiais de Macau e de Zhuhai um caso de exploração de prostituição transfronteiriça, tendo sido detidos três indivíduos (dois homens e uma mulher) do interior da China, suspeitos de exploração de prostituição, e um indivíduo do sexo masculino suspeito de venda de drogas às prostitutas.
A polícia de Macau mobilizou 813 agentes, tendo identificado 2422 indivíduos (834 do sexo feminino), sendo que 255 (158 homens e 97 mulheres) foram conduzidos à polícia para efeitos de averiguação. Entre estes, 92 foram encaminhados ao Ministério Público por prática de crimes como associação criminosa, ofensa qualificada à integridade física, posse de armas proibidas, tráfico de droga, exploração de prostituição, usura, sequestro, passagem de moeda falsa, entre outros. Só 19 eram mulheres.

17 Mai 2016

A falha

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]uma edição recente do Financial Times aparece um artigo de David Tang sobre as piores cidades do mundo chamado Are these the world’s worst cities?. Macau figura nele e na fotografia de maior impacto, entre as várias que ilustram o texto, vê-se a zona do Grand Lisboa. Estas linhas não vêm especificamente em condenação do artigo de Tang mas em condenação da aceitação, por parte do FT, e de outras publicações mais ou menos especializadas e/ou de créditos formados, de incluir artigos mal feitos.
A melhor maneira de avaliar a qualidade de um guia de viagem é ler a edição que diz respeito ao sítio onde vivemos. Como exemplo, o guia Lonely Planet, em edições antigas, listava como restaurantes a patrocinar em Macau nomes absurdos e de interesse gastronómico muito duvidoso. Hoje em dia já não é assim e parece, no geral, equilibrado e feito com profissionalismo.
O mesmo se pode fazer com artigos de viagem, constantes em revistas da especialidade, sobre cidades ou países que conhecemos bem. É divertido identificar os erros e o modo como nós, os residentes, somos retratados. Em certos retratos de Lisboa todos os seus habitantes andam de eléctrico, cantam fado e comem Pastéis de Belém diariamente enquanto lamentam a perda do Império.
Menos agradável é pensar que artigos sobre cidades ou países que nos propomos visitar são escritos com a mesma leviandade ou a mesma carga de ignorância. O conselho que este vosso servo dispensa é o de que se deve mandar os articulistas todos à merda.*
Em Dezembro de 1999, vários jornalistas portugueses aterraram em Macau para cobrir a transferência de soberania do território para a R.P.C. Foi muito divertido e esclarecedor. Muitos deles juntavam-se ao fim do dia num bar/café da cidade – que hoje em dia é muito mais bem frequentado – e eu percebi que, ao fim de dois dias, todos eram especialistas de Macau. Achei que esta gente dos jornais e da rádio era uma gente extraordinária.
Por outro lado não se pode esperar que um articulista, cronista ou repórter possa, em uma visita de 4 ou 5 dias, munir-se de material que rivalize com o que um residente possui.
O que David Tang diz está bem, Macau tem uma quantidade imensa de sítios pirosos e imensamente feios, maioritariamente construídos após 1999, edifícios que espelham a instalação – acarinhada pela administração local – de uma ganância sino-americana sem limites no mau gosto e no desprezo pela cidade e seus residentes.
Não poderia estar mais de acordo. O edifício do Grand Lisboa, dentro e fora, é horrível. A parte do Cotai que se estende do Galaxy ao novo Studio City é um pavor de mau gosto e baixa qualidade de construção e algumas das unidades hoteleiras que estão em fase de acabamento, por trás do City of Dreams, são uma adição de horrores.
O que está menos bem é que Tang não diga que há ainda lugares em Macau que mantêm um charme próximo ao que terá tido há 30 anos, que há uma geração nova em Macau que tem introduzido subtis alterações positivas no comércio local e que se tem mantido um conjunto histórico que é único na Ásia.
As duas primeiras coisas ele não diz porque não sabe e a terceira não diz, sabendo-o, porque quer mostrar irritação. Sir David sabe perfeitamente que entre as cidades da Ásia Extrema onde permanece um conjunto monumental sincrético ou de matriz ocidental, como Malaca, Jacarta (o centro histórico abandonado), Penang, Xangai, Bandung ou mesmo Hong Kong, Macau é um exemplo superior.
O que é menos bom, e quem leu coisas escritas por Tang não estranha, é que este insista, pedantemente, na ideia de que Manila ou Bangkok deveriam ser parecidas com Viena ou Florença, exactamente da mesma maneira que Eduardo Prado Coelho (que tem obra e provas dadas em outras áreas, ao contrário de David Tang) se queixou de Macau por não ser mais parecida com Paris (… aquilo que é o encantamento parisiense (ruas com belíssimos cafés com espelhos e madeiras) não existe por estas bandas). Ainda hoje faz rir, mesmo àqueles que, como eu, deploram a falta de esplanadas (cafés já há, mesmo que não haja nenhum antigo).
O artigo de Prado Coelho, que já estava bastante debilitado na altura, é um exercício de desonestidade por parte de um nome com provas dadas na sua área de especialização mas que para ganhar uns cobres escreve apressadamente para um jornal (o Público) que aceita placidamente as suas linhas mal informadas porque se trata de um nome famoso.
Fica a consolação de que a Macau que ele queria ter encontrado (e como português teria de ser um cenário nostálgico e passadista à In the Mood for Love) existe e continua bem pastosa e húmida como no filme. Que ele não a tenha visto é culpa dos que não lhe mostraram essa parte da cidade. Tal como Tang, também EPC gosta da palavra hordas: Que é que eu fui descobrir? Milhares de chineses que invadiam o hotel em hordas ruidosas. De que estava ele à espera? De milícias curdas?
Sir David, que não precisa do dinheiro, devia estar quieto ou entretido com os seus trapinhos saudosistas, cuja filosofia espelha o provincianismo dos artigos que por vezes exporta num jornal que não o devia publicar, e que há bem pouco tempo se desembaraçou de modo pouco airoso de um cronista como Harry Eyres, autor da informada coluna The Slow Lane, enquanto mantém, sem sinal de vergonha, The Fast Lane, da autoria de Tyler Brûlé, talvez a coluna mais inútil e vazia de interesse para o mundo de que me lembro.
Estas linhas não são em defesa de Macau, onde a completa ignorância, infantilismo, provincianismo, falta de visão e de gosto das fracas almas que a têm administrado a transformaram em grande parte (falo da parte turística) num cacófato composto por obras intermináveis, ausência de arte e esplanadas, edifícios completamente pacóvios, lojas de sabonetes e relógios, um sistema de transportes públicos caótico, altos níveis de poluição – demonstração de uma completa falta de sentido de qualidade de vida.**
Um dos prazeres de escrever para um jornal é o de dizer mal, o de exibir a irritação ou a indignação junto de um público vasto, e qualquer articulista sabe que por vezes este desejo irresistível e saboroso de maldade faz esquecer o rigor. Felizmente que assim é, a favor do excesso. David Tang exercita-o com gosto, é pena que este se não complemente com mais rigor. Fiquei com muita vontade de ir a Leeds.

* Num livro publicado pela Lonely Planet chamado The Cities Book: A Journey Through the Best Cities in the World, que lista 200 cidades, Macau aparece em 121° lugar, depois de Copenhaga. Nele diz-se que os habitantes de Macau gostam de prazeres simples, such as smoking a pipe or having their palm read in Mediterranean-style cafés filled with caged birds. Também informa que a viagem para Hong Kong leva 4 horas (o livro não é muito antigo) e que entre as principais exportações de Macau se conta mobiliário de ráfia, moedas antigas e cigarros especializados. Nas páginas dedicadas a Hong Kong diz-se que os seus habitantes têm muito orgulho nos sucessos da China.

** Uma cidade que não tem um museu de arte a sério (o M.A.M. é uma anedota) e que em vez de trazer ao público local exposições ou peças de Baselitz, Richter, Anselm Kiefer, Baldessari, Barceló, Tapiés (houve há muito tempo, no Fórum), Paula Rego, David Hockney, Kapoor, Muniz, Abramovic, Beuys, Twombly, Koons ou Ai Wei Wei traz um pato de borracha só pode ser objecto de irrisão. Acrescente-se que o mesmo se passa em Hong Kong. Se vários destes nomes aparecem exibidos em galerias é por razões comerciais e não porque haja uma vontade da administração local de as mostrar aos residentes. Proponho que o Pato fique, permanentemente, em companhia dos Patos Bravos que o trouxeram.

17 Mai 2016

Lei do Ensino Técnico-Profissional no hemiciclo em 2017

A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) confirmou que a nova lei referente ao ensino técnico-profissional poderá estar na Assembleia Legislativa (AL) no próximo ano ou em 2018, sendo que a conclusão do processo legislativo esteve previsto para 2015. A elaboração do Plano de Desenvolvimento Quinquenal levou ao atraso da revisão da lei.
Segundo o jornal Ou Mun, Ng Wai Hong, chefe da divisão do ensino secundário e técnico da DSEJ, confirmou que a nova lei vai aumentar a flexibilidade da estrutura dos actuais currículos, dos participantes das empresas e dos professores.
Ng Wai Hong disse que actualmente existem 1300 estudantes a tirar cursos técnicos e profissionais em Macau, sendo que 5% diz respeito ao estudantes do ensino secundário. O responsável da DSEJ lembrou que nos últimos anos o Fundo de Desenvolvimento Educativo implementou um subsídio especial para educação técnico-profissional por forma a serem elaborados estágios.
O responsável confirmou ainda a criação de um “Centro de Prática de Educação Profissional” em Seac Pai Van para a formação na área da cozinha e indústrias culturais e criativas, estando prevista a oferta de exames de credenciação. O seu funcionamento deverá começar em 2018.

17 Mai 2016

PS | Visita de secretária-geral adjunta com saldo “muito positivo”

Ana Catarina Mendes aproveitou uma visita a Pequim para conhecer a secção do PS em Macau. A secretária-geral adjunta Socialista foi recebida por Alexis Tam e reuniu com o PS e os Conselheiros das Comunidades Portuguesas. Apesar dos “desabafos individuais”, Tiago Pereira traça um balanço positivo

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m encontro “muito positivo” é como Tiago Pereira, secretário-coordenador da secção de Macau do Partido Socialista (PS), descreve a visita de Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do mesmo partido, a Macau, no passado fim-de-semana. A visita, sem agenda oficial, tinha como grande motivação a troca de opiniões da secretária com a secção do PS local.
“[O encontro] correu muito bem. Debatemos sobre a nossa visão em Macau das comunidades portuguesas e sobre a realidade local [dessa comunidade]. Passámos ainda algumas sugestões daquilo que eventualmente consideramos ser proveitoso em termos de política para as comunidades portuguesas em geral e para a comunidade portuguesa de Macau, em específico. E comprometemo-nos também a estar presentes no Congresso do Partido – a decorrer de 3 a 5 de Junho”, explicou Tiago Pereira ao HM.
Ao endereçar o convite na participação do Congresso, Ana Catarina Mendes afirmou serem precisas “todas as vozes”, sendo que será um momento aberto à sociedade” e “terá a participação de militantes e simpatizantes nos vários debates”.

Aviso dado

A visita de Ana Catarina Mendes foi motivo de crítica por parte de alguns militantes na redes sociais, mas Tiago Pereira diz que não passam de “desabafos a título individual”, não sendo representativos da secção local.
“O que aconteceu foi que a secção foi contactada, antes da visita, mas não havia nenhuma agenda estabelecida”, explicou, indicando que aproveitando a presença em Pequim para o Fórum, o partido contactou a secção de Macau por vontade própria.
Sobre a visita, Tiago Pereira garante que “os militantes foram avisados” e que a reunião com a secção se realizou no sábado, não tendo sido possível, por questões logísticas, acontecer na sexta-feira. O secretário do PS Macau diz ainda que a própria secção soube da visita na semana passada.
Questionado sobre o encontro de Ana Catarina Mendes com o Conselho das Comunidades Portuguesas, Tiago Pereira explica que foi algo combinado, em Portugal, quando os Conselheiros, José Pereira Coutinho, Rita Santos e Armando de Jesus, visitaram o país, no início deste mês. Coube também a este órgão agendar as boas-vindas dos representantes do PS, que contou com a presença de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.

China amiga

Durante a sua visita, a secretária-geral adjunta frisou que é preciso “ter noção” de que Macau constitui um território “onde os partidos políticos estrangeiros não são uma normalidade”, pelo que “o facto de o PS estar a desenvolver a sua actividade, ter um X número de militantes, mas também um número significativo de simpatizantes diz bem do respeito que conquistaram aqui dentro e da capacidade que têm de passar a sua mensagem”, sustentou.
A representante destacou ainda “a batalha comum” pela divulgação da Língua Portuguesa, “uma causa nas comunidades e no mundo”, e “situações de precariedade” de jovens que emigraram, às quais “é preciso dar resposta”.
“O Partido Socialista foi convidado pelo Partido Comunista chinês para participar no fórum dos representantes de alto nível dos partidos europeus com relações com a China” e, neste âmbito, considerando “fundamental que se mantenha esta boa relação entre a Europa e a China”, “o papel de Portugal é absolutamente decisivo”, sustentou ainda Ana Catarina Mendes, à Agência Lusa.
A dirigente socialista justifica esse papel com “a longa tradição” em Macau, que faz com que seja “a plataforma giratória para [se] poder melhorar as relações entre a Europa e a China”.
“Também creio que nós, Portugal, temos um papel tão mais importante quando vi também com bons olhos que o Governo de Macau está neste momento a apostar muito” na Língua e Cultura Portuguesas, e na sua difusão, e que “temos hoje projectos muito interessantes liderados por portugueses por toda a China, mas que Macau foi essencialmente para isso”, acrescentou.

17 Mai 2016

Galgos | Defensores de animais travam transporte até Macau

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s 24 galgos que iam chegar a Macau na semana passada foram parados no Reino Unido, depois de centenas de activistas e defensores de animais terem exercido pressão sobre as autoridades. Em Inglaterra, as autoridades barraram o envio dos cães devido às más condições de transporte – condições a que foram sujeitos os nove galgos que chegaram este ano ao território.
“É uma grande vitória”, disse à Lusa o presidente da Anima – Sociedade Protectora dos Animais, que lançou a campanha internacional para encerrar o Canídromo. “O pessoal [do aeroporto] bloqueou, disseram que as condições de viagem não eram adequadas. Os nove cães que chegaram vieram em embalagens iguais, [o que revela que] estão a ser mais rigorosos”, diz o presidente da Anima.
O bloqueio dos animais na origem foi a forma como os defensores dos animais conseguiram contornar a falta de acção das autoridades. O fornecimento da Austrália – principal região de exportação destes cães – já foi barrado em Dezembro, mas a Irlanda – que tinha bloqueado o processo para a China em 2011 – decidiu permitir agora a exportação para Macau. Estes 24 galgos iriam chegar na sexta-feira passada.
Albano Martins explicou à Lusa que a campanha com organizações irlandesas e inglesas funcionou: no aeroporto de Manchester, onde os cães chegaram de barco vindos da Irlanda e de onde partiriam para Macau num voo da Lufthansa, os animais foram recebidos por activistas que chamaram a atenção para as condições de acondicionamento.

Alta pressão

Nas redes sociais, especialmente na página Stop Exportation From Ireland Greyhounds to China, as petições sucedem-se. Tanto o Chefe do Executivo de Macau, como a Lufthansa são alguns dos alvos, onde agora se acrescenta, como o HM apurou, a Qatar Airlines.
De acordo com Albano Martins circula, actualmente, na Irlanda, um trabalho televisivo australiano que mostra as condições do Canídromo e que teve um impacto significativo na opinião pública da Austrália. As más condições do Canídromo e a morte de dezenas de cães por mês são o foco principal, depois de diversas notícias locais terem dado conta da mesma situação.
O presidente da ANIMA vai deslocar-se à Irlanda a 2 de Junho, onde espera ser recebido pelo ministro da Agricultura do país, depois da petição para travar o envio de galgos para Macau ter reunido 350 mil assinaturas. De acordo com a Anima, entre 260 e 280 cães morreram no ano passado, alguns apenas um mês depois de chegarem à pista. Actualmente, há cerca de 720 galgos no Canídromo. O Canídromo opera há 50 anos e viu, naquele que deveria ter sido o último ano de funcionamento, o seu contrato ser renovado. O Governo renovou a concessão por mais um ano, argumentando que não seria “justo” encerrar o espaço “de um dia para o outro” e justificou a necessidade de “estudar” o problema.

Rick Gervais está convosco

O actor e comediante Ricky Gervais juntou-se ao apelo para a proibição das exportações, por lhes esperar a “morte certa” quando são vendidos para corridas em Macau. “Todos os cães que são enviados para Macau vão morrer lá”, afirmou o humorista britânico e conhecido defensor dos direitos dos animais, em declarações publicadas no domingo pelo jornal Irish Mail. Ricky Gervais apelou, na noite de sábado, ao governo irlandês para banir as exportações evocando até a imagem do país.

17 Mai 2016

Droga | Wong Sio Chak defende agravamento das penas

O combate à droga “não pode relaxar”. As palavras são de Wong Sio Chak, Secretário para a Segurança, que na passada sexta-feira, voltou a referir a necessidade do agravamento das penas na Lei da Droga. O Secretário reiterou que a “Lei de Combate à Droga em vigor não alcança os objectivos do legislador”, lembrando que ele próprio, enquanto director da Polícia Judiciária, já tinha defendido a necessidade de se proceder a uma revisão legislativa desta matéria com o agravamento das penas. Em comunicado à imprensa, o Gabinete do Secretário adianta que “as autoridades da segurança esperam que a referida proposta possa ser aprovada, o mais rápido possível, com o objectivo de reforçar o efeito de dissuasão e também atribuir às autoridades policiais maior poder de prevenção e combate a crimes relacionados com droga”.

17 Mai 2016

Io Lou Ian e Emily Chan entre os premiados do Macau Indies

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oram apresentados este domingo os filmes vencedores do Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Macau. O “Prémio do Júri” foi atribuído a “Projecto Miúdos” de Io Lou Ian, uma ficção sobre um grupo de crianças do jardim de infância que participa num show de talentos. A obra é uma reflexão sobre o sistema educativo e os valores que lhe estão associados. Io Lou Ian volta, assim, a receber um primeiro depois de a sua curta metragem “A Senhora Cogumelo” ter recebido a “Menção Honrosa do Júri” em 2012.
O “Prémio de Louvor para Melhor Longa-Metragem” coube a Emily Chan com “Uma Década de Blademark”, um filme que regista o percurso artístico da banda rock liderada por Fortes Pakeong Sequeira. A “Melhor Curta-Metragem” foi para Hong Heng Fai com o filme “Choque”, uma ficção baseada na perda e no reconhecimento social.
“Leno”, de Leong Kin e Cobi Lou, foi considerada “A Melhor Animação”. Uma brincadeira onde se falam de temas sérios como a protecção ambiental da cidade.
O Macau Indies distinguiu ainda o “Melhor Argumento”, com o prémio a ser entregue a Hugo Cheong pelo filme “Orpheus”, uma história à volta da conquista de sonhos e da percepção da realidade.
O júri foi composto por Sunny Luk, cineasta e argumentista de Hong Kong, Song Wen, fundador do FIRST – Festival Internacional de Cinema do continente chinês, e Derek Tan, impulsionador da plataforma para curtas-metragens asiáticas Viddsee, sediada em Singapura.
A concurso estiveram 25 produções, do cinema de animação às curtas, das longas-metragens aos projectos experimentais e documentais.
O Festival Internacional de Cinema e Vídeo 2016 prossegue com o desafio vídeo “Filme a La Minute”, onde os participantes têm 24 horas para criar um filme com a duração máxima de um minuto utilizando um telefone inteligente. Continua agendada a projecção de sete filmes internacionais de 1 a 5 de Junho.

17 Mai 2016