Loja das Conservas | Gabriela Cheang e Sara Costa, sócias

E se pudesse escolher além das tradicionais sardinhas e atum em lata? Agora pode, já que, a partir de dia 26 de Março, inaugura na Travessa do Aterro Novo a “Loja das Conservas”, directamente de Portugal para Macau

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lém das pastelarias de marcas de Macau que invadem a zona da Avenida de Almeida Ribeiro (San Ma Lou), surge agora uma loja grande, onde mais de 300 espécies de produtos portugueses estão disponíveis para a população. As latas de peixe não parecem ser estranhas às pessoas de Macau, mas com a “Loja das Conservas”, os clientes podem experimentar os alimentos em latinhas mais característicos de Portugal.
“O desafio surgiu depois da abertura de uma loja com as mesmas características em Lisboa. Esta loja reúne todas as fábricas portuguesas de conservas e tem um protocolo com a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe de Portugal para promover os seus produtos genuínos, tradicionais, originais”, começa por contar Sara Costa, uma das sócias da “Loja das Conservas”, ao HM.
Antes de chegar a Macau, Sara Costa – que agora trabalha lado a lado com Gabriela Cheang e João Manuel de Sousa Santos Reis – já trabalhava numa loja de conservas em Lisboa desde 2013. Mesmo que considere o trabalho um desafio, para Sara é “muito interessante” a abertura deste tipo de loja no território. Mais ainda, diz, faz todo sentido. IMG_3117
“Sendo que as conservas portuguesas são produtos que já estão presentes em Macau há algum tempo, agora surgem de outra forma, com mais variedade, com mais marcas de qualidade. Achamos que poderia ser interessante apresentar o que é que as indústrias portuguesas produzem, não só sardinhas e atum, mas uma série de outras espécies que também são produzidas”.
Localizada na Travessa do Aterro Novo, a loja foi aberta há pouco mais de uma semana e a inauguração oficial está marcada para o dia 26 de Março. Gabriela Cheang, outra das sócias da loja, natural de Macau, confessa que o Cônsul-geral de Portugal em Macau, Vítor Sereno, e o presidente Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe de Portugal, Rubem Maia, são convidados para a cerimónia, entre outras celebridades.
Gabriela Cheang explica ainda que, apesar de existirem cerca de 900 tipos de conservas em Portugal, esta loja escolhe primeiramente as espécies que os asiáticos aceitam mais.
“Quando escolhi os produtos, deixei os meus amigos chineses provar alguns. O que eles não gostaram tanto, não escolhi. Outros, com uma embalagem menos delicada, também não escolhi. Mas escolhemos produtos de cada uma das fábricas.”
Sara Costa admite que ainda não tem muito bem a noção de quais são os produtos que as pessoas do território mais gostam, mas afirma que quando os clientes provam “gostam imenso e compram bastante”.
“Para já, acho que estamos a ter uma boa aceitação. Mas a loja ainda não foi muito divulgada e, portanto, as pessoas ainda não sabem da sua existência, apenas as pessoas que vão passando aqui. Mas, de forma geral, acho que as pessoas gostam de reconhecer as sardinhas portuguesas e depois de experimentar outras coisas. É uma experiência muito boa”, disse.
Para Sara Costa, a loja não atrai apenas turistas mas também residentes de Macau, sobretudo macaenses. Já Gabriela acrescenta que, de acordo com o volume de negócio, os clientes são mais turistas, sobretudo de Hong Kong, já que estes, dizem as responsáveis, aceitam mais facilmente os alimentos estrangeiros.
“Uns turistas do interior da China ainda desconheciam as conservas e pensavam que tinham conservantes, mas os nossos produtos são todos sem conservantes. Como os peixes de profundidade têm muito ómega-3, são saudáveis e fáceis [de comer]. Mas os chineses precisam ainda de se habituar”, avançou Gabriela.
A loja ainda não está completamente pronta, já que vai ainda importar vinhos portugueses para venda, para combinar com as refeições que contam com as latinhas de conserva. IMG_3113
As sócias admitem existir um certo risco porque a renda e os custos das lojas em Macau são altas. Daí não ter sido escolhida uma loja perto das Ruínas de São Paulo, porque a renda mensal pode atingir um milhão de patacas. Como ainda está muito no início, Sara Costa diz que ainda é cedo para dar uma perspectiva de como é que as coisas vão correr, mas as sócias mostram-se confiantes.
Gabriela Cheang, nascida em Macau mas que trabalhou num escritório de advocacia em Portugal há algum tempo, juntamente com o marido, recorda que viajou muito pela Europa e notou como o negócio das lembranças é algo tão comum em Macau.
“Estava sempre a procurar um produto muito característico para vender como lembrança em Macau. Quando trabalhei no escritório de advocacia, os meus colegas apresentaram-me o outro sócio da loja, João, e compreendi que a venda das conservas de peixe em Lisboa é muito procurada por turistas. Assim, penso que este produto de característica portuguesa é bastante apropriado para servir de lembrança para quem vem a Macau. Foi assim que constituímos a loja, que agora está aqui”.
Tanto Sara, como Gabriela não vão ficar no território por um longo período, já que vieram a Macau apenas para acompanhamento inicial da loja até o funcionamento estar estável. Gabriela assegura que vai aventurar-se em Hong Kong, Japão, interior da China e Filipinas, onde vai tentar abrir mais lojas. E porquê? Porque estas latinhas podem ser um prazer.
“Antigamente, os asiáticos comiam [das] latas só quando não conseguiam fazer compras no mercado. Mas a verdade é que beber-se um copo de vinho tinto combinado com as conservas é um prazer”.

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