Hoje Macau VozesMacau, Um Visão Metafísica POR AURELIO PORFIRI [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m mais do que uma ocasião tive oportunidade de falar sobre a minha visão de Macau. É evidente que tenho uma ligação a esta cidade, mesmo que algumas pessoas pensem que o meu olhar crítico revela ingratidão ou quaisquer outras razões insondáveis. Todos temos o direito de opinião, mesmo que essa opinião não tenha uma aparente ligação a factos concretos. Na verdade, tenho uma teoria sobre Macau: esta cidade deve ser entendida, não do ponto de vista materialista, mas do ponto de vista metafísico. E com isto quero dizer exactamente o quê? A Enciclopédia Filosófica Routledge apresenta a seguinte definição de Metafísica: “A Metafísica é uma disciplina da Filosofia. Possui um campo de estudo alargado e caracteriza-se por duas análises fundamentais. A primeira pretende levar a cabo uma investigação, o mais detalhada possível, sobre a natureza da Realidade: haverá princípios que se possam aplicar de forma constante ao Real, a tudo o que existe? – se nos abstrairmos da natureza particular de todas as coisas que as distinguem umas das outras o que é que podemos ficar a saber sobre cada uma, baseando-nos apenas no facto da sua mera existência? THE LAST EMPEROR, director Bernardo Bertolucci on set, 1987, (c) Columbia A segunda análise pretende revelar a essência do Real, dando frequentemente respostas que contrastam vivamente com o nosso entendimento empírico do mundo. Entendida em função destas duas questões, a Metafísica relaciona-se de perto com a Ontologia, que se interroga sobre a questão da natureza da existência (do Ser) e também sobre as diferenças fundamentais entre todos os seres.” E em que sentido é que esta definição se aplica a Macau? No sentido em que, para entender a estrutura profunda de uma entidade, é necessário ir além da experiência do dia a dia; no caso de Macau a estrutura mais profunda é o conceito platónico de fusão entre o Oriente e o Ocidente, que efectivamente permanece mais como uma ideia metafísica do que como uma realidade palpável. Muito poucas pessoas que tenham vivido em Macau poderão afirmar que este encontro de culturas se realizou em pleno, existem demasiadas diferenças de perspectiva sobre a vida, para permitir que uma fusão cultural seja bem sucedida. Não nos podemos esquecer que, quando os ocidentais vieram inicialmente para Macau tinham dois objectivos em mente: fazer negócio e converter as pessoas ao Catolicismo. Nenhum destes propósitos requer um encontro com a população e com a cultura local numa base de igualdade. Se os missionários quiseram converter a população à mensagem de Jesus foi porque acreditavam que esta mensagem salvadora podia proporcionar o que nenhuma outra cultura, fora do cristianismo, podia. Isto não quer dizer que depreciassem outras culturas. É sabido que missionários como Matteo Ricci, ou Alessandro Valignano, tentaram compreender a cultura chinesa. Mas, em última análise, o objectivo era a evangelização da população chinesa. Ver Macau como um local onde o Ocidente e o Oriente se encontram é certamente uma ideia apelativa e, tenho a certeza que, em termos metafísicos, é muito interessante e com potencial para ser explorada. Mas, por favor, não usemos esta entidade metafísica para representar uma realidade que, nunca o foi, não o é, e pelo caminho que a cidade está a levar, provavelmente, nunca o será. De Aurelio Porfiri
Leonor Sá Machado Ócios & NegóciosNomad Design Ldt, empresa de design | Stanley C., fundador e designer [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e Macau para o Canadá e de regresso às origens que o viram nascer. É isso mesmo: Stanley C. nasceu no território, mas viajou até àquele país para completar uma licenciatura em Design de Arquitectura. Talvez tenha sido isso ou a simples vontade de abrir um negócio que fez com que o jovem designer tenha criado a marca Nomad Design Ldt há cerca de dois anos. Em parceria com um outro profissional, transportou a empresa para voos mais altos. A clientela é toda local, mas os produtos são comprados lá fora, até “porque aqui não há coisas com a qualidade das estrangeiras”, diz. Do maior ao mais pequeno À conversa com o HM, mostrou uma série de projectos que ganharam vida por essas ruas, incluindo do restaurante e loja Green’s, localizado na Calçada de Santo Agostinho. A ideia partiu da premissa de escassez quando se fala de empresas que oferecem “soluções de design”. Enfim, uma alternativa aos estilos clássicos a que a população está habituada. A Nomad produz de tudo um pouco e está preparada para completar grandes projectos. “Podemos fazer desde pequenos elementos até ao projecto [de construção] todo, quase chave na mão, desde a escolha de azulejos, tintas de parede e móveis”, começa o designer por explicar. Os materiais, esses, podem vir de qualquer parte do mundo, passando pelos EUA, países europeus, América do Sul e outros países asiáticos. “Tentamos encontrar a melhor solução para aquilo que o cliente quer e depois importamos de qualquer parte do mundo, com pessoas a quererem peças dos EUA que são depois reproduzidas na China”, informa. Estúdios de trabalho, a Nomad não tem, mas dispõe de um escritório. É aqui que a magia acontece. Os designers encontram-se com o cliente, debatem ideias e chegam à conclusão naquele mesmo local. As ideias vão surgindo e depois resta avaliar o espaço in loco e pôr mãos à obra. No escritório são dois funcionários, a juntar a uma equipa de pessoal de construção e outras duas pessoas que tratam de negócios no exterior. O cliente importa Os trabalhos mais interessantes, confessa Stanley, não têm que ver com os espaços a mexer, mas sim com o tipo de cliente e os pedidos. “Sinceramente, não importa muito o espaço em que mexemos, mas sim o cliente e às vezes é interessante debater ideias”, acrescenta. Abrir a Nomad foi uma ideia que partiu dos dois parceiros: “Temos a mesma mentalidade em relação à forma como se faz design em Macau”. Ambos trabalhavam para terceiros outrora, mas chegou a altura de montarem o seu próprio negócio e deixarem de seguir ordens para passarem a transformar conceitos em objectos palpáveis. “Não tínhamos capacidade para executar as nossas ideias e percebemos que as pessoas em Macau estão a pagar cada vez por trabalhos que não são exactamente aquilo que desejavam inicialmente”, explicou. E assim nasceu a Nomad. (In)visionários Neste momento, diz, os principais obstáculos têm somente que ver com a natureza humana. O primeiro problema teve início mesmo antes da empresa estar em actividade: “Tudo o que está relacionado com burocracias e aprovações do Governo, é lento e progride num passo vagaroso”. Outro dos obstáculos é a falta de visão da população e das empresas relacionadas com a área. “Enquanto no resto do mundo há uma tendência já no seu pico, em Macau pouca gente a conhece ou rejeita”, lamenta Stanley. É preciso, assim, “persuadir as pessoas para que percebam o que é melhor para elas”. Aqui joga-se, aparentemente, pelo seguro. Questionado sobre se por estes lado se transpira um espírito e gosto clássicos e pouco modernos, o designer consente e vai mais longe. “Diria que não são apenas clássicos, mas também com uma visão muito fechada”, disse. “É muito mais interessante quando trabalhamos com pessoas que nos deixam experimentar mais e arriscar”, confessa. São os casinos e hotéis que vencem pela sua imensidão e popularidade internacional. “A clientela local tem necessidade de ver os materiais em primeira mão já montados”, adiantou ao HM. A Nomad está a tentar trazer novos métodos, ideias, conceitos, materiais e formas de criar diferentes. Para isso, explicam, viajam bastante para procurar lá fora. Põe-se aqui um outro problema: Stanley lamenta que haja uma crescente escassez de pessoal de construção especializado, que saiba trabalhar com as mãos na massa. China com qualidade A China é conhecida pelos inúmeros casos de contrafacção e imitação de produtos, pelo que é uma tendência que se estende a todos os mercados e não apenas aos dos acessórios, roupa e relógios. As empresa de arquitectura e construção queixam-se frequentemente de lidarem com produtos falsos, com maus acabamentos e de má qualidade. Questionado sobre como enfrenta este problema, Stanley fala de uma revolução neste mercado chinês. “Nestes últimos anos, tenho ido várias vezes à China e noto que as coisas estão a mudar. Há já uma vasta escolha de materiais de alta qualidade e as empresas fazem boas opções de preço/qualidade”, revela. Há vários anos, justificou, era preciso ir até Hong Kong porque os produtos do continente não eram de confiança. Às vezes voava-se mesmo até aos EUA. “Acho que as empresas chinesas perceberam que faz mais sentido investir um pouco mais para ter produtos de qualidade e conquistar a clientela do que gastar menos e vender coisas sem qualidade”, justificou. Sobre o preçários dos trabalhos executados, Stanley adiantou apenas que “depende do projecto”, porque há muitas premissas a ter em conta. Aqui importam os materiais, o tamanho do espaço e o estilo escolhido.
Hoje Macau SociedadeJogo | Receitas da SJM caíram 37,9% no terceiro trimestre [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Sociedade de Jogos de Macau (SJM) anunciou ontem receitas de 11,243 mil milhões de dólares de Hong Kong, menos 37,9% do que no mesmo período de 2014. Num comunicado, a SJM, fundada por Stanley Ho e a operadora de jogo de Macau com mais mesas no território, revelou ainda que nos primeiros nove meses do ano teve receitas de 37,562 mil milhões de dólares de Hong Kong, menos 39,6% do que em 2014. Já o EBITDA ajustado da SJM (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) no terceiro trimestre deste ano (Julho a Setembro) baixou 49,5%, em comparação com o período homólogo de 2014, situando-se nos 884 milhões de dólares de Hong Kong. No mesmo comunicado, o grupo disse que as receitas do terceiro trimestre lhe deram 21,3% do mercado do jogo em casino de Macau, quando no mesmo período de 2014 tinha 22,5%. Contra o pessimismo O presidente do Conselho de Administração da SJM, Ambrose So, citado no mesmo comunicado, disse que num momento de “condições desafiantes” para o jogo de Macau, em que as receitas dos casinos do território registam quedas há seis trimestres consecutivos (desde Junho de 2014), o grupo que lidera tem controlado custos e melhorado os serviços prestados aos clientes. “Continuamos optimistas em relação ao futuro”, disse ainda Ambrose So, referindo a boa situação financeira da SJM, apesar das quedas das receitas, e que o grupo mantém o propósito de concluir o “Lisboa Palace”, o seu primeiro ‘resort’ no COTAI (a zona de casinos de Macau situada nos aterros que agora unem as ilhas da Taipa e de Coloane), no prazo previsto, ou seja, em 2017. As receitas dos casinos em Macau, pilar da economia do território, registam quedas mensais homólogas consecutivas desde Junho de 2014, tendo em Setembro descido para níveis de há cinco anos (17,13 mil milhões de patacas, cerca de 1,91 mil milhões de euros). Em Outubro, manteve-se a tendência de queda, mas a descida homóloga de 28,4% nas receitas brutas dos casinos foi a de menor dimensão desde Fevereiro. Por outro lado, as receitas brutas dos casinos voltaram em Outubro a superar a fasquia dos 20 mil milhões de patacas, barreira que levou o Governo da região a adoptar medidas de austeridade (cortes em despesas da Administração) que entraram em vigor a 1 de Setembro. Lusa
Leonor Sá Machado SociedadeDSAL | TNR “não podem injustificadamente” recusar-se a trabalhar [dropcap style=’circle’]A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) disse ontem que os trabalhadores TNR “não podem injustificadamente recusar a prestação de trabalho”, sem indicar, no entanto, que consequências poderia ter esta acção. “Os empregadores devem assegurar os legítimos direitos e interesses dos seus trabalhadores, e estes, por seu lado, não podem injustificadamente recusar a prestação de trabalho”, declara a DSAL. A afirmação, feita em jeito de advertência num comunicado publicado ontem, refere-se ao pedido de apoio que 130 trabalhadores fizeram à DSAL. Em causa estava um conflito laboral que data de 26 do mês passado e envolve cerca de 200 trabalhadores não residentes da construção civil. Nesse dia, dirigiram-se à sede do organismo para pedir ajuda à DSAL, que garante ter aberto “imediatamente” um processo. No entanto, a entidade afirma que alguns deles exigiram “outras compensações não contempladas” na legislação. “A DSAL também esclareceu detalhadamente as disposições legais em causa, mas parte dos trabalhadores manifestaram-se várias vezes pouco cooperativos, afectando em certa medida o acompanhamento do caso e o normal funcionamento da DSAL”, lamenta a Direcção de Serviços em comunicado. No documento, a DSAL apelou ainda “ao bom senso” dos TNR, sem mencionar a entidade empregadora.
Flora Fong SociedadeIACM | Grossistas de aves criticam consulta “falsa” [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s grossistas de aves de capoeira de Macau criticaram a falta de explicação por parte do Instituto para Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) em decidir avançar agora com uma consulta pública sobre a importação directa de aves congeladas, sem, defende, ter colocado a possibilidade de abate centralizado nos mercados. Pela postura apresentada pelo IACM, os profissionais colocam em causa as verdadeiras intenções do Governo, deixando em aberto a possibilidade de “consulta falsa” por parte da Administração. Desde domingo passado que o IACM está a realizar uma consulta pública relativamente à proposta de terminar com o abate de aves de capoeira nos mercados, passando a importar directamente do continente as aves congeladas. Segundo o Jornal do Cidadão, Chao Wa Seng, representante dos grossistas de aves de capoeira de Macau, defende que actualmente as medidas de inspecção de aves tem sido eficazes, considerando que o Governo deve manter o direito da escolha de aves vivas ou congeladas. O representante avançou que já foi sugerido ao Governo a hipótese de centralizar o abate das aves de capoeira em cada mercado, antes de ser vendidos pelos próprios vendedores. No entanto, explicou que o IACM não respondeu e avançou de imediato com a consulta pública sobre a importação de aves congeladas. “É uma consulta pública falsa, os vendedores e grossistas não têm condições de negociar”, explicou. Chao Wa Seng duvida ainda que o Governo não está a avaliar o efeito negativo, até a nível de saúde, que o consumo de aves congeladas da China continental pode trazer.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeAutomobilismo | André Couto sagra-se campeão de GT300 no Japão André Couto tornou-se campeão da prova nipónica GT 300 no circuito Autopolis. Foi no passado domingo que a equipa do piloto português de Macau recebeu a taça. Mesmo arrancando em 14º lugar e com 74 kg em cima [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] automobilista de Macau, André Couto sagrou-se campeão da prova mundial de GT300 no passado domingo. Em parelha com o seu colega de equipa japonês Katsumasa Chiyo, completou o circuito Autopolis em segundo, mesmo tendo arrancado em 14º lugar da grelha de partida. Foi na sexta posição que passou o carro para Chiyo, que continuou a recuperar até chegar ao segundo lugar. A corrida, que se prolonga por mais de 300 quilómetros, foi dividida pelos dois atletas, que conseguiram uma recuperação notável com Nissan GT-R da Gainer. Além de partir bem atrás, ao carro de Couto foram ainda adicionados 74 kg, como obstáculo (handicap, em inglês). A corrida de domingo foi a sétima ronda das oito que completam o circuito de GT 300. Esta prova acontece a par com a GT 500, na qual os automobilistas têm que percorrer 500 quilómetros em vez de 300. A sétima ronda teve lugar em Autopolis, circuito localizado na Prefeitura de Oita. Segue-se agora a última ronda da prova, mas na qual André Couto não precisa de vencer, uma vez que já reuniu pontos suficientes para a sua equipa se sagrar campeã. Esta acontece em meados deste mês, em Motegi. Durante os treinos de sábado, o atleta confessou que o carro não era dos melhores da sua categoria e os pneus não eram “exactamente iguais”, mas tudo correu pelo melhor. “O que está feito, está feito e está para trás, portanto agora o nosso foco mental está na corrida de amanhã. Vamos fazer de tudo para recuperar da 14ª posição”, disse o automobilista no sábado passado. Uma ultrapassagem de cada vez A partir da sétima fila no início da corrida, a bandeira desceu e André Couto conseguiu ultrapassar quase todos os seus adversários. Durante a nona volta, já o atleta estava em 12º lugar. A 17ª volta serviu para ultrapassar outros três atletas, ficando na 10ª posição. Foi ao final de 35 voltas que André Couto passou o comando para as mãos de Katsumasa Chiyo, com a equipa já em quinto lugar. O japonês continuou a corrida até chegar, na 51ª volta, ao segundo lugar. Ao HM, o campeão garante a parte mais difícil da corrida de domingo foi ultrapassar os rivais que estavam na casa das dezenas. “Não me estavam a facilitar a vida. Estavam a ser um pouco agressivos a guiar e eu tinha que ter mais cautela para não bater, pelo que demorei um bocado mais a desembaraçar-me deste pelotão, mas consegui”, afirmou orgulhosamente. A pista de Autopolis “desgasta muito os pneus”, mas Couto justificou que tanto a maquinaria do automóvel como os pneus usados fizeram jus ao esforço que esta sétima ronda exigia. O regulamento do presente campeonato responde a uma série de exigência para tornar as provas mais competitivas. Uma das normas é que as equipas com mais pontos devem partir em desvantagem. Esta premissa somou ao carro de Couto uns notáveis 74 kg numa posição quase final. E mesmo assim conseguiu alcançar o pódio. Faltam agora duas semanas para a última corrida deste campeonato de GT 300. Desta vez, todos os carros estarão ao mesmo nível. “Na próxima, todos os carros tiram os pesos todos, portanto ficamos todos com zero [quilos], de forma que também vai ser melhor para nós”, disse. “Atacar ao máximo” O português garantiu ainda que a oitava e última corrida “não vai ser diferente das outras”, pelo que a equipa vai empenhar-se da mesma forma. “Vou para lá atacar ao máximo, só não tenho é a pressão de ter que me chegar à frente de um ou outro adversário, vamos estar mais calmos”, explicou o atleta. [quote_box_right]“Não me estavam a facilitar a vida. Estavam a ser um pouco agressivos a guiar e eu tinha que ter mais cautela para não bater, pelo que demorei um bocado mais a desembaraçar-me deste pelotão, mas consegui”[/quote_box_right] Em entrevista aos media, o automobilista dedicou a vitória a “várias pessoas”, afirmando que “todas elas sabem quem são”. No entanto, foi o seu filho Afonso – que faleceu vítima de um linfoma há cinco anos – que mereceu lugar de destaque: “agradeço às várias pessoas que me acompanharam desde criança, mas só há uma pessoa em quem penso quando estou dentro do carro e quando venci o campeonato. E essa pessoa é o Afonso”, confessou ao HM. É a primeira vez, desde há 11 anos, que André Couto chega ao pódio. Em 2004, sagrou-se vice-campeão ao volante de um Toyota Supra. No entanto, a prata foi conquistada na prova de GT 500, na qual o atleta correu durante 11 anos. Couto estreou-se no GT 300 do Japão em 2014. A coleccionar feitos André Couto foi mundialmente reconhecido depois de ter vencido o Grande Prémio (GP) de Macau em 2000, na categoria de Fórmula 3 (F3). Tendo começado jovem nas lides dos karts no território, Couto não demorou a entrar em competições por esse mundo fora. Em 1995 venceu uma ronda do Circuito do Estoril do campeonato europeu Fórmula Opel Lotus, ano em que também deu início à sua carreira na F3. Entre 1996 e 1997, o atleta viveu competiu na mesma categoria na Alemanha e Itália. Foi ao final de seis anos no GP que finalmente venceu em 2000. Nessa altura, Macau inteiro ficou ao rubro: não só um atleta local venceu a prova mundial, como o território voltava a ser colocado no mapa internacional do desporto. A 20 de Novembro de 2000, o jornalista John Carney escrevia que o dia se assemelhava ao de uma “novela televisiva”. É que a mesma corrida que deu a vitória a Couto, vitimou dois turistas que estavam na assistência. O piloto holandês Franz Verschuur estava ao volante de um Renault quando falhou a curva do Hotel Lisboa e saiu sem conseguir travar, atingindo os turistas mortalmente. De acordo com Carney, Couto “teve que concluir um jogo de gato e rato com o italiano Paulo Montin antes de vencer”, mas o repórter garante que os fãs celebraram. “As pessoas ficaram loucas; homens feitos desfizeram-se em lágrimas e o champanhe fluía”. Um clima de festa, leia-se. Lar doce lar Questionado pelo HM sobre a diferença que é vencer o GP da sua terra-natal e um campeonato de GP internacionalmente renomado, André Couto não tem dúvidas: “são duas coisas completamente diferentes, até porque um é uma corrida só e outro são várias, mas o sentimento de vitória acaba por ser o mesmo”. O presente campeonato é mais como uma prova de esforço a longo prazo, enquanto o GP de Macau prima por ser competição onde tudo tem que ser dado de uma vez só. Ainda assim e embora o pisar de um pódio é sempre um momento inesquecível, Couto admite que “Macau será sempre Macau”. Afinal, a vitória no lar é sempre a mais doce de todas.
Carlos Morais José EditorialObrigado, campeão [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão tem sido fácil a carreira de André Couto, nem a sua vida pessoal, marcada pela trágica perda de um filho. Mas o piloto de Macau reuniu sempre forças, nas curvas mais difíceis, nas paragens mais complicadas de engolir, nos momentos mais delicados de viver, para tudo ultrapassar. Essa é a fibra de campeão que nele existe e que nos faz sentir orgulho dele nos representar. André Couto é, antes de mais, um exemplo de perseverança e coragem. De alguém que transformou a dor numa causa, numa missão, levando-o a viver ainda mais intensamente a sua vida. Um piloto cuja excelência só a má sorte (e talvez a falta de apoios em momentos cruciais) terá impedido de chegar à prova-rainha do automobilismo. Macau tem de lhe agradecer o facto de ter conseguido levar o seu nome a um pódio internacional, como o pode homenagear pelo conjunto da sua carreira, durante a qual representou a cidade com dignidade e valor. Ser um campeão é muito mais do que ganhar provas. É ter uma alma enorme e um coração incansável; é conseguir juntar a humildade a uma vontade irreprimível de vencer. E André Couto não precisaria de ter vencido este campeonato para nos dar conta da sua estirpe. Aqui em Macau, conhecemo-lo deste e doutros circos. Vimo-lo crescer, tornar-se adulto, maturar. Quando demos por ele, ganhava o Grande Prémio. Sempre capaz de surpreender quem não está habituado à sua capacidade quase constante de regeneração. E assim tem sido ao longo dos anos. Por isso sabemos poder ainda esperar por mais desse olhar, que espelha loucura e determinação. Obrigado, campeão.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaComissão já definiu directrizes para casos de morte cerebral Depois de anos de quase inactividade, a Comissão de Ética para as Ciências da Vida já decidiu as directrizes a tomar em caso de morte cerebral dos doentes, as quais serão aprovadas por Chui Sai On. Um jurista e um antigo membro da comissão aplaudem a decisão [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Comissão de Ética para as Ciências da Vida, um órgão consultivo presidido por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, decidiu o conceito e critérios a adoptar em casos de morte cerebral de doentes. A decisão foi ontem anunciada através de um comunicado oficial, e tomada no âmbito da segunda sessão ordinária deste ano, ocorrida no passado sábado. “Durante a sessão, a Comissão apreciou os critérios e as normas para a determinação da morte cerebral, assim como apresentou opiniões relativas à legislação sobre o transplante de órgãos e sobre a procriação medicamente assistida”, pode ler-se. O comunicado não faz, contudo, qualquer referência a detalhes dessas directrizes, as quais já foram submetidas para apreciação do Chefe do Executivo, Chui Sai On. “Os membros da Comissão são unânimes de que os critérios e as directrizes que determinam a morte cerebral são rigorosos e prudentes e atendem aos procedimentos científicos”, para além de “responderem à necessidade do desenvolvimento da medicina actual”. Segundo o Governo, tal passo “significa um novo marco histórico em Macau sobre o conceito de morte cerebral e a promoção do transplante de órgãos”. No bom caminho Apesar de desconhecer a decisão da Comissão, o jurista Paulo Cardinal congratulou-se com a iniciativa, depois de, em 2011, ter declarado numa entrevista que era necessário reactivar o organismo. “É um passo claramente positivo e no bom caminho, que não será com certeza suficiente, mas é o primeiro passo depois de uma ausência de muitos anos”, disse ao HM. O padre Luís Sequeira, director do Colégio Mateus Ricci, e que há dez anos era um dos membros da Comissão, também aplaude este avanço. “Não estando a morte cerebral regulamentada, é sempre algo necessário numa sociedade. Nos transplantes há situações muito delicadas que nem sempre são respeitadas, e até a própria doação dos órgãos. Penso que é bom que se venha pôr umas regras suficientemente equilibradas e com bom senso”, disse ao HM. O HM tentou contactar o advogado Vong Hin Fai, um dos membros actuais da Comissão, mas até ao fecho desta edição não foi possível estabelecer contacto. No discurso proferido no âmbito da reunião da Comissão, Alexis Tam considerou ser necessário “elaborar critérios e regras de certificação da morte cerebral, assim como emitir recomendações sobre questões éticas suscitadas pelo progresso científico nos domínios da biologia, da medicina ou da saúde” tratando-se de “matérias de grande importância”. Não estavam preparados Esta decisão vem dar algum avanço a esta matéria depois de, em Junho, os Serviços de Saúde (SS) terem frisado “não estarem preparados” para dar este passo. “A legislação de Macau que se encontra em vigor regula que a morte cerebral é a condição relevante da doação de órgãos de origem humana. No entanto, a definição de morte cerebral é um processo rigoroso. Considerando não haver nenhum mecanismo e condição que evite eventuais e desnecessárias controvérsias relativas à doação, os SS ainda não efectuam este tipo de procedimentos”, disse o organismo ao HM. Lei Chin Ion, director dos SS, explicou que o grande obstáculo era, precisamente, a definição de morte cerebral. “É um tema rigoroso e altamente científico, cheio de controvérsia e [que conta] com os impactos de vários factores, como ciência, tecnologia, religião, cultura e região. Em Macau, presentemente, ainda não há nenhuns critérios e regras a respeito da morte cerebral. Quer dizer, na prática, ainda não existiu qualquer autorização para a colheita de órgãos em cadáver”, explicou Lei Chin Ion. Em cinco anos, o serviço público de saúde enviou 23 pessoas para o exterior para serem submetidas a transplantes de órgãos, sendo que o transplante de fígado é a cirurgia que surge no topo da lista. Na última sessão ordinária a Comissão discutiu ainda a “elaboração de leis sobre o transplante de órgãos e a procriação medicamente assistida, sendo que unanimemente expressou que os dois temas envolvem questões de ética e moral”. Os membros defenderam ser “necessário submeter a sua regulação através da lei, para que os procedimentos na execução de transplante de órgãos e da procriação medicamente assistida fiquem sujeitos à regulação, supervisão e gestão, eliminando deste modo a ocorrência de actos imorais e infracções”.
Flora Fong PolíticaLeis | Associação quer coordenação com regulamentos desfasados [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] subdirector do Centro de Política da Sabedoria Colectiva, Loi Man Keong, apela a que o Governo crie um mecanismo de coordenação centralizada de legislação para alistar leis e regulamentos desfasados. O mais recente relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) indica que a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) e o Instituto para Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) têm regulamentos e regimes caducados e desfasados da realidade actual mas que continuam a ser usados como formas de multar infracções. Loi Man Keong apontou que existem muitas leis atrasadas em Macau, exemplificando com o regime de responsabilização dos titulares dos cargos do Governo. “Embora o Chefe do Executivo tivesse mencionado a implementação do regime para aumentar a eficácia administrativa e o nível de transparência de governação, esse trabalho está ainda parado no âmbito de “slogan”, desfasado da realidade que a população espera”, indicou. O responsável recordou ainda que o Chefe do Executivo apontou nas Linhas de Acção Governativa (LAG), em Março deste ano, que o Governo está “a observar claramente que a criação do sistema jurídico não consegue coordenar e adequar o desenvolvimento da sociedade e da economia”. “O Governo vai melhorar as leis essenciais, sobretudo as sobre assuntos da vida da população”, terá dito na altura. Para ver melhor No entanto, Loi Man Keong duvida da capacidade do Executivo em “observar claramente”, por isso, propõe a criação, o mais rápido possível, de um mecanismo de coordenação unificada de legislação, alistando todas as leis ou regulamentos desfasados. É ainda sugerido que esta coordenação possa fazer sugestões de revisão para os organismos competentes, de forma rigorosa. Além disso, o subdirector sugere que o Executivo aumente as funções do CCAC e do Comissariado de Auditoria (CA), para que se possam dar notas aos serviços. Notas estas que deverão ser publicadas nos relatórios de investigação, incluindo a avaliação aos Secretários, sendo que estas irão fazer parte das suas pastas.
Flora Fong PolíticaSusana Chou lamenta não ter legislado conduta dos funcionários públicos [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] ex-presidente da Assembleia Legislativa (AL), Susana Chou, diz sentir-se responsável por hoje em dia não existir um regime legislativo que regulamente a conduta e o comportamento dos funcionários públicos de Macau. A ex-chefia apela a que estes serviram a população “de verdade”. O sentimento foi exortado no mais recente artigo de Susana Chou no seu blogue pessoal, onde citou várias notícias que faziam menção a casos de abuso de poder e conduta indevida de pessoal de cargos superiores do Governo da RAEHK. A título de exemplo, ilustra com o caso do director dos Serviços de Aviação Civil, que aprovou a construção de uma sala de dança para a sua mulher, cheia de equipamentos luxuosos de áudio e vídeo, ou da acusação do antigo Chefe do Executivo Donald Tsang Yam Kuen por suspeita de violação da lei por má conduta. “Sendo residente das duas regiões [Hong Kong e Macau], elogio em especial as notícias que denunciaram os maus comportamentos dos oficiais públicos”, escreve a antiga responsável. Fraquezas e lamentos Susana Chou disse, na pele de residente de Macau, que sente alguma inquietação: “Comparando com Hong Kong, a AL e as notícias dos média de Macau trabalham pouco na supervisão dos oficiais públicos. Arrependi-me de nunca, em dez anos de liderança da AL, nunca ter sido capaz de elaborar um regime completo contra este tipo de condutas”. A ex-líder do hemiciclo lamenta que “a capacidade de supervisão da AL sobre o Governo não seja suficiente”. A ex-presidente avançou que ouve críticas frequentas, por parte da população de Macau em relação a má conduta dos governantes. “Houve um oficial que usou grandes montantes dos cofres públicos para decorar o seu escritório e um outro até tem um bar dentro do gabinete”, exemplificou Susana Chou. “Lembro-me de uma vez termos apanhado o ferry de Macau para Hong Kong que se atrasou porque estávamos à espera que fosse entregue uma comida especial a um dos cargos superiores que viajava connosco e isto tornou-se conversa entre a população”, denunciou a também ex-deputada. Susana Chou mostrou-se entristecida com a falta de eficácia na Função Pública. Esta, argumenta, não aumenta, mesmo com um acréscimo no número de trabalhadores e de consultas públicas realizadas. “Muitos serviços até utilizam dinheiros do cofre público para viajar, a julgar pela aparência das visitas”, acrescentou. A ex-presidente do hemiciclo considera que embora a má conduta possa não representar um acto ilegal, é definitivamente antiética, pelo que apela os oficiais para que criem uma boa imagem cá para fora, servindo bem a população de Macau.
Filipa Araújo Manchete SociedadeLai Man Wa | Deputados duvidam de tese de suicídio apresentada por PJ Com Flora Fong [dropcap style=’circle’]“E[/dropcap]stou absolutamente chocado”, começa por dizer o deputado José Pereira Coutinho, em reacção à morte, na sexta-feira passada, da Directora dos Serviços de Alfândega, Lai Man Wa. Lai Man Wa, com 57 anos e dois filhos, foi encontrada sem vida numa casa de banho pública no empreendimento Ocean Garden, na Taipa. Na autópsia, realizada no início da tarde de sábado, a tese final indica suicídio, tendo o médico legista descartado a hipótese de crime. “Os investigadores forenses fizeram a autópsia ao corpo à uma da tarde de hoje [sábado]. Confirma-se que a causa de morte é asfixia. Os contornos das feridas no corpo coincidem com a faca encontrada no local. A posição e o ângulo dos cortes também se coadunam com suicídio”, indicou Chan Cho Man, porta-voz da Polícia Judiciária (PJ), em declarações à TDM. “Conhecia a directora há 20 anos, tive na minha vida profissional como presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) e deputado vários encontros de trabalho. Conheço-a como uma senhora de armas. Uma pessoa de personalidade forte. Era uma pessoa dura com as decisões, em termos profissionais”, relembra o deputado. De personalidade decidida e responsável, a directora em nada combina com o tipo de morte agora defendido pelas autoridades. “Isto é um choque. O choque de toda esta situação é que está a ser divulgado pelos meios de comunicação, a tese de suicídio. Tenho muitas reservas, muitas, mas mesmo muitas reservas”, defendeu Coutinho. Um lado estranho A PJ indicou que o corpo foi encontrado com a cabeça coberta por um saco, com cortes nos pulsos, sendo que a faca estaria dentro da carteira da vítima. O espaço apresentava muito sangue e foi encontrada embalagem de um soporífero. “Quando o corpo foi examinado no hospital, encontrámos cortes em ambos os pulsos e do lado direito do pescoço, feitos por uma faca. Não encontrámos sinais de resistência. Depois de falarmos com várias testemunhas, confirmámos que as roupas estavam intactas quando foi encontrada. (…) O cadáver tinha a cabeça coberta por um saco plástico e o medicamento encontrado era um soporífero”, explicou o porta-voz. Também o deputado Au Kam San, considera a tese de suicídio “muito estranha”. “Não tenho informações pormenorizadas, mas parece-me que a possibilidade de suicídio não faz sentido, a começar pelas próprias causas de morte. É impossível uma pessoa que se quer suicidar cortar os pulsos e o pescoço e colocar a faca na carteira. Estranho acho ainda a escolha do local para a prática do suicídio. É um sítio sujo, não combina com a mulher. Como é que ela ainda tomou ainda um medicamento se supostamente tapou a cabeça com um saco?”, argumenta o deputado. Para o deputado as pessoas com o nível de instrução da directora definem um método de suicídio e não uma aglomerado de tentativas e formas. “Só pessoas com nível baixo de conhecimento, ou até jovens, é que se tentam matar de diversas formas, a directora era bem formada, ainda por cima, pelas Forças de Segurança, saberia como ter uma morte imediata e simples, não se iria suicidar com cortes, remédios e asfixia”, reforça. Apesar de respeitar a análise dos peritos, Au Kam San, acho que muitas pessoas pensam em “morte anormal”, e por isso, espera que o Governo “não esconda a verdade, garantindo a justiça para a funcionária falecida”. Momento infeliz Pereira Coutinho caracterizou ainda o discurso de Wong Sio Chak, Secretário para a Segurança, durante a conferência de imprensa, na sexta-feira passada na Sede do Governo, de “momento infeliz”, quando o próprio faz uma referência ao Comissariado Contra a Corrupção (CCAC). “Rejeito e acho que foi um momento infeliz que se tenha, na conferência de imprensa, dito que não havia nenhum processo do CCAC contra a directora. Acho que no momento em que se divulga uma notícia deste cariz, pessoas com responsabilidade como o Chefe do Executivo e o Secretário da Segurança devem limitar-se à questão que é a morte, neste caso”, argumenta. Para o deputado foi prematuro ter-se mencionado qualquer assunto para além da possível investigação a acontecer, até por “respeito à família”. “Uma situação que poderia nunca surgir na cabeça das pessoas, de existir um processo de investigação, ficou imediatamente suscitado. Posso dizer que recebi de várias pessoas, por mensagem ou contacto directo, questões sobre a personalidade da directora”, remata. Lai Man Wa entrou nas Forças de Segurança em 1984, começando a trabalhar na Polícia Marítima e Fiscal. Em 1999 assumiu funções de segundo comandante da mesma entidade e de subdirectora-geral dos Serviços de Alfândega. Assumiu o cargo de directora-geral dos Serviços de Alfândega há menos de um ano, em Dezembro de 2014, altura em que o novo Governo tomou posse. Wong Sio Chak reuniu no Sábado, com a direcção dos Serviços de Alfândega, e, de acordo com um comunicado do próprio Secretário, foram implementadas “medidas de emergência quanto aos trabalhos em curso, nomeadamente, relacionados com a preparação da expansão das águas que vão passa para jurisdição de Macau, e no âmbito do combate contra a imigração ilegal”.
Joana Freitas BrevesVisão | Médico desaconselha uso de livros electrónicos antes dos oito anos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] sector médico de Macau desaconselha o uso de livros electrónicos por crianças com menos de oito anos de idade, em prol da saúde ocular dos mais novos. Segundo o Jornal do Cidadão, o subdirector do Hospital Kiang Wu, Cheong Chun Wing, referiu numa exposição de saúde realizada na Escola Pui Ching na semana passada, que os globos oculares de crianças são suaves e a sua função de ajustamento ainda não está desenvolvida. Por essa mesma razão, justifica que os produtos electrónicos podem obrigar ao uso prematura de óculos graduados na escola primária. “Isto é um alerta. A protecção visual deve começar na infância, os pais não devem usar os produtos electrónicos como ferramenta para acalmar os filhos”, começou por dizer. O especialista refere mesmo que a melhor forma de proteger a visão é “ter hábitos de leitura saudáveis e usar produtos electrónicos de forma apropriada”. Cheong Chun Wing sugere que as escolas permitam o uso de livros pedagógicos electrónicos apenas por alunos acima dos oito anos de idade, aconselhando ainda a pausas obrigatórias de meia em meia hora.
Joana Freitas BrevesDetidas 37 pessoas em “festa da droga” [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] noite terminou mal para 37 pessoas, que na semana passada, foram detidas por consumo de droga. Os jovens, de Hong Kong, China Continental, Macau e Indonésia encontravam-se numa sala de karaoke quando a Policia de Segurança Pública (PSP), após uma denúncia, tentou entrar na sala. Apresentando resistência, o grupo de amigos demorou a abrir as portas. Lá dentro estavam 37 pessoas, das quais 31 estavam sob o efeito de drogas. “Encontrámos uma pequena quantidade de drogas e utensílios. No total, onze sacos de plástico transparente e vinte palhinhas. Encontrámos restos do que achamos ser droga queimada”, explicou o porta-voz da PSP. O caso segue agora para o Ministério Público.
Joana Freitas BrevesIACM | Proposta fim de morte de aves em mercado [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) avançou com a proposta de substituir as aves de capoeira vivas por aves congeladas. A proposta que segue agora para consulta pública tem como objectivo evitar, ou pelo menos ter maior controlo, sobre os surtos de gripe aviária. “A inspecção de aves vivas é feita de forma aleatória. É impossível analisar todas as aves vivas. No modo de venda que temos em Macau é impossível evitar tocar nas aves. Assim, não podemos garantir que não haja um surto de gripe aviária”, afirmou o IACM, citado pela TDM. Com a nova proposta a matança e o processamento das aves é feito na China Continental, sendo que depois de congeladas são trazidas para o território. O IACM admite que esta proposta vem trazer uma mudança ao mercado actual, e por isso, avança com uma sugestão de subsídio para os vendedores, diminuindo os efeitos negativos que a mudança trará aos seus negócios. “Na verdade não pode haver um impacto negativo no sector, porque eles podem apenas ter em conta o lado deles [vendedores de aves vivas]- mas o Governo esta aberto à opinião pública e ainda não há decisão final”, explicou Ng Sio Hong, do IACM, ao canal televisivo. As aves de capoeira vivas em mercados têm sido um assunto bastante polémico em Macau. A consulta já está a decorrer e terminará a 30 de Dezembro deste ano.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeParques de estacionamento mais caros em Dezembro Com Flora Fong [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Governo decidiu aumentar os preços dos passes mensais e lugares em 11 auto-silos por forma a disponibilizar mais espaço nos parques de estacionamento. A medida, publicada em Boletim Oficial (BO) na passada sexta-feira, determina que o passe mensal vai passar a custar 2300 patacas, enquanto que um lugar reservado custará 1600 patacas. Já o lugar reservado para motociclos e ciclomotores passa a custar 400 patacas mensais. Em relação às tarifas normais, o Governo também introduziu modalidades de pagamento. Um lugar no período diurno, entre as 8h00 e 20h00, passa a custar seis patacas por hora, enquanto que um lugar entre as 20h00 e 8h00 do dia seguinte custará três patacas. Já as tarifas para motociclos e ciclomotores vão custar entre uma e duas patacas. Para o próximo ano, o Governo deverá actualizar as tarifas dos restantes parques de estacionamento públicos. Ao canal chinês da Rádio Macau, Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) disse que as tarifas em Macau são quatro a onze vezes mais baratas face a Hong Kong ou Singapura. O organismo prevê que uma parte dos parques veja as tarifas aumentadas entre o início de 2016 e até final desse ano terminar o processo de aumento das tarifas em todos os parques, para que os preços se aproximem dos que vigoram nos parques privados, confirmou Lam Hin San. Em comunicado, a DSAT explica que “já não se vislumbra, desde há muitos anos, a actualização das tarifas devidas pela utilização dos lugares de estacionamento público”, sendo que “as mesmas tarifas encontram-se desfasadas do desenvolvimento do mercado, devido à subida crescente dos custos de exploração”. O objectivo é ainda “aumentar a rotatividade na ocupação dos lugares de estacionamento, rentabilizando cabalmente os recursos públicos”, algo feito com a aplicação de tarifas diurnas e nocturnas. Associação discorda Lam U Tou, vice-presidente da Associação Choi In Tong Sam, o aumento das tarifas em todos os auto-silos não ajuda a aliviar a pressão da falta de estacionamento no território, apontando que os passes mensais são a principal origem do problema. “O aumento das tarifas só aumenta o custo do estacionamento, mas não ajuda na distribuição de veículos nem a aliviar a pressão dos parques de estacionamento. Seria melhor ajustar as tarifas de acordo com a situação de utilização de cada parque e do período de tempo”, disse ao Jornal do Cidadão. Lam U Tou é da opinião que o Governo acabe com os passes mensais e reveja todo o regime dos parques de estacionamento públicos, por forma a trazer justiça à utilização dos parques de estacionamento e a flexibilizar a ocupação de veículos. No comunicado emitido, a DSAT garante ainda dispor de mais medidas para lidar com o excesso de trânsito, que não passam apenas por novas tarifas nos auto-silos. “Para além da actualização do tarifário do estacionamento, na vertente da política de controlo do crescimento do número de veículos, o Governo recorrerá também à actualização dos impostos e taxas relativos aos veículos, em conjugação de outras medidas inibidoras para o controlo dos veículos, no sentido de implementar gradualmente o plano de acção de gestão racional dos veículos particulares”, pode ler-se. PSP e DSAT querem aumentar multas A Polícia de Segurança Pública (PSP) e a Direcção dos Serviços para Assuntos de Tráfego (DSAT) vão estudar a hipótese de revisão da Lei do Trânsito Rodoviário, por forma a aumentar as multas. Foram registados 620 mil casos de infracções de trânsito dos primeiros nove meses deste ano. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o chefe do Departamento de Trânsito da PSP, Che Wai, disse que a revisão pretende ajustar as infracções e aumentar as respectivas multas, incluindo os preços pagos nos parquímetros. O responsável acha que a multa é demasiado baixa, actualmente nas 70 patacas.
Flora Fong BrevesCaso Dore | Empresa fecha sala VIP. Vítimas dizem-se preocupadas [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma das salas VIP da empresa de junkets Dore – do casino Wynn – já fechou portas, mas a empresa afirmou que deverá manter-se activa até que todos os problemas financeiras dos investidores estejam solucionados. Segundo uma mensagem do grupo Forefront of the Macau Gaming, enviada aos média, a empresa ponderou encerrar as suas duas salas VIP que tem no Wynn, mas acabou por fechar apenas uma no final do mês passado. A decisão tem em conta o alegado desvio de mais de mil milhões de dólares de Hong Kong por uma contabilista e o facto dos investidores ainda não terem conseguido reaver o seu dinheiro. A Dore deve manter-se assim em funcionamento até resolver os problemas. Contactado pelo HM, Wong Wai Man, presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço, que ajudou os lesados, afirmou que “ainda não têm comentários a fazer, pelo que vão avaliar os acontecimento para decidir o que fazer”. Apesar de tudo, Wong confessou não estar confiante com o retorno do dinheiro aos investidores da empresa. Recorde-se que a Polícia Judiciária (PJ) afirmou já ter recebido 49 queixas sobre o caso, estando ainda a investigar pelos ângulos de burla, de abuso de confiança e emissão de cheque sem provisão. A PJ vai pedir ajuda extra à Organização Internacional da Polícia Criminal, caso esta se revele necessária.
Filipa Araújo SociedadeAlexis Tam pede organização para ensino especial O ensino especial continua a ser uma pedra no sapato do Governo. Mesmo depois de alguma medidas de apoio, Alexis Tam assume que é preciso mais. Mais cooperação, coordenação e organização [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais organização dos serviços e um melhor aproveitamento dos recursos existentes é o que Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, pede. O Secretário referia-se ao estado do ensino especial no território. Numa visita, durante a semana passada, à escola Kai Chi e ao Centro de Educação para Crianças com Problemas Auditivos, Alexis Tam e a equipa da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) constataram que, apesar das melhorias e da aposta do Governo neste tipo de ensino, ainda muito se pode fazer, a começar pelo aproveitamento de organização dos próprios serviços. Assim, o Secretário garantiu que “será reforçada a coordenação entre os Serviços de Saúde (SS), o Instituto de Acção Social (IAS) e a DSEJ, a fim de melhorar e fomentar o desenvolvimento da educação especial”. Durante a visita à Escola Kai Chi, gerida pela Associação de Apoio aos Deficientes Mentais de Macau, que actualmente acolhe 103 estudantes no ensino especial, Alexis Tam, sublinhando o apoio que o Governo tem atribuído aos grupos em situação vulnerável, admitiu que ainda “se verifica margem para melhorar o investimento de recursos para educação especial”. O Governo indicou ainda que para uma melhor interligação entre tratamento e ensino precoces, destinados às crianças com necessidades especiais, está a decorrer uma coordenação entre os SS e o IAS. Ouvir melhor Na visita ao Centro de Educação para Crianças com Problemas Auditivos, o grupo de trabalho frisou o rastreio auditivo, avançado pelo Governo, a todos os bebés recém-nascidos a partir de Janeiro. O objectivo, diz Alexis Tam, é prevenir e não perder a oportunidade no que diz respeito ao desenvolvimento auditivo e de fala com a intervenção, “sem demora”, através de treinos destinados às crianças com deficiência auditiva. Relativamente à intenção sobre a criação do um centro de formação para os encarregados apresentada pela Associação de Surdos de Macau com o objectivo de ajudar aos mesmos no desenvolvimento auditivo, linguístico, físico e mental das crianças, o Secretário manifestou o seu total apoio.
Leonor Sá Machado SociedadeSeis adolescentes terão sido molestados em campo militar em Coloane Com Flora Fong [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi durante a estadia num campo militar que seis adolescentes locais foram alegadamente molestados por um dos instrutores. O homem, natural do continente, já confessou o crime, depois de um dos jovens ter denunciado os actos de abuso junto da Direcção para os Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) e das autoridades. De acordo com declarações do jovem, o acto terá sido cometido durante a madrugada de quinta para sexta-feira, no campo militar das Águias Voadoras de Macau, em Coloane. Este era o primeiro de três dias de actividades no campo. De acordo com a Polícia Judiciária (PJ), o instrutor terá tocado nos pénis dos rapazes e feito sexo oral a dois deles. Os seis têm entre 12 e 14 anos de idade. Contactada pelo HM, a Associação organizadora do campo não quis comentar o caso, alegando que se trata de um “assunto muito sensível” e que “envolve várias premissas”. Deixou, no entanto, a promessa de falar publicamente sobre o sucedido “em breve”. É também a associação que se responsabiliza pela contratação do corpo docente, de acordo com a DSEJ. Pés de lã “No dia 30, por volta das três [horas] da madrugada, o suspeito entrou no dormitório onde os rapazes estavam a dormir, tirou as calças e roupa interior e dois deles e fez-lhes sexo oral”, explicou Chan Cho Man, porta-voz da PJ. “Depois disso, o suspeito tocou no pénis de outros quatro alunos”, continuou o responsável. O instrutor trabalha na Associação Águias Voadoras desde Junho passado e é proveniente do continente. De acordo com esclarecimento da DSEJ, podem ser empregados naquela associação profissionais não residentes que reúnam as qualificações exigidas pelo organismo. Está em Macau com Bluecard e a DSEJ assegura que já está a tratar do caso e a investigar o passado de todos os outros profissionais. “Basicamente, a associação é que tem que garantir [a qualificação] dos professores, instrutores e outros funcionários, mas o normal é que, em questões de comportamento, cada um assuma a responsabilidade por aquilo que faz”, começou a directora da DSEJ, Leong Lai, por dizer. Raiva acumulada “Estou enraivecido com este caso”, adiantou o subdirector da Associação Geral de Estudantes Chong Wa de Macau, Fong Kam Hoi. O responsável disse estar “desapontado com a negligência da associação”, considerando que o caso vai trazer prejuízos para as vítimas. Actualmente, defende, o importante é proteger os adolescentes lesados e as suas famílias, através de acções de aconselhamento. “É preciso ajudá-los a sair da sombra o mais rápido possível”, reiterou. Fong Kam Hoi instou a DSEJ a resolver o assunto rapidamente e a promover mais acções de sensibilização e educação sexual e de auto-defesa.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteCinema | José Fonseca e Costa morre aos 82 anos de idade “[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] filme da minha vida será um que nunca fiz. Tive um grande projecto do qual lamento não ter concretizado: a adaptação ao cinema de um livro do Miguel Torga; ‘O Sr. Ventura.” A grande carreira do realizador português José Fonseca e Costa não pode, afinal, deixar para trás uma película que esteve quase para ser rodada na China, com a ajuda de uma produtora de Macau. Fonseca e Costa, falecido este domingo aos 82 anos vítima de uma pneumonia, antecedida de uma leucemia, falou daquele que seria o filme da sua vida numa entrevista concedida em 2003. Mas o realizador Ivo Ferreira recorda o momento em que foi convidado a participar no “Sr. Ventura”. “Conhecia-o desde muito miúdo, e ele convidou-me para trabalhar num filme que ele queria fazer na China. Era o projecto do ‘Sr.Ventura”, e durante muitos anos manteve essa luz acesa. Tentou, de alguma forma, erguer (o projecto) quando houve uma retrospectiva do José Fonseca e Costa em Macau, em 1995, realizada pelo Instituto Português do Oriente (IPOR”)”, contou ao HM. Ivo Ferreira recorda um realizador com uma “atitude menos radical e com uma maior comunicação com o público”, que pertence a uma “segunda geração do cinema português”. No início da década de 70 Fonseca e Costa fazia a sua primeira longa-metragem de ficção, intitulada “O Recado”. A derradeira película ganhou o nome “Axilas”. “Era um cineasta que tinha um feitio muito especial, era muito amado por uns e menos amado por outros. Trabalhou com os actores mais importantes da sua geração. Sei que este último filme foi adiado várias vezes pelo Paulo Branco (produtor) porque ele já estava muito fraco para preparar o filme, sobretudo, e queria manter esta vontade meio louca de querer filmar”, disse Ivo Ferreira. Já Pedro Cardeira, também realizador radicado em Macau, diz não ter conhecido pessoalmente Fonseca e Costa, mas destaca os filmes feitos no período compreendido entre a década de 70 e 80. “É triste ver morrer mais um realizador português do Cinema Novo. Há uma época do cinema dele que gostei muito, que foi a época que vem do final dos anos 70, anos 80, mais rica do cinema de José Fonseca e Costa. Depois caiu um pouco, mas acho que esses filmes eram muito interessantes. Conseguiu um equilíbrio muito interessante entre as origens dele, que vem do Cinema Novo, e o cinema de grande público”, defendeu ao HM. Nova retrospectiva Ivo Ferreira salienta o facto de Fonseca e Costa nunca ter deixado de trabalhar com Paulo Branco. “É curioso, apesar de tudo, ele fazer parte de uma orientação do cinema português, não diria mais comercial mas mais próximo do público, e ter estado com o Paulo Branco em vez de outros produtores que teriam à partida mais apetência para esse cinema”, frisou. O realizador teve vários sucessos de bilheteira e grandes adaptações de romances, como “Kilas, o mau da fita” ou a “A Balada da Praia dos Cães”, do escritor José Cardoso Pires, ou obras de David Mourão-Ferreira. Para Ivo Ferreira, seria bom se Macau voltasse a receber uma retrospectiva dos trabalhos de Fonseca e Costa. “Seria sempre bom, embora fosse triste ser pela sua morte, voltar a ver os filmes deste cineasta”, concluiu.
Hoje Macau BrevesNíveis de poluição em Pequim caíram mais de 20% [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s níveis de poluição em Pequim caíram mais de 20% nos primeiros dez meses de 2015, em termos homólogos, avançou ontem a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. A densidade de PM 2.5 – as partículas mais pequenas e susceptíveis de se infiltrarem nos pulmões – diminuiu 21,8%, enquanto a densidade de PM 10 – dióxido de enxofre e dióxido de nitrogénio – caiu 21%, escreve a Xinhua, citando o Gabinete Municipal de Protecção Ambiental. Segundo a mesma fonte, comparando com os primeiros nove meses do ano passado, houve mais 31 dias com boa qualidade do ar e menos 16 dias com níveis de poluição graves. O gabinete atribuiu as melhorias às medidas de controlo da poluição adoptadas pelo Governo chinês e condições climatéricas favoráveis. No ano passado, foram encerradas na capital chinesa duas centrais eléctricas a carvão e 315 empresas consideradas poluidoras, indica a Xinhua.
Hoje Macau China / ÁsiaHollande | Apoio da China “é essencial” para um acordo na conferência de Paris [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Presidente francês, Francois Hollande, disse ontem que o apoio chinês “é essencial” para um acordo efectivo nas conversas climáticas das Nações Unidas (COP21), a serem realizadas no final deste mês, em Paris. No arranque de uma visita de Estado de dois dias à China, Hollande afirmou que deseja “um acordo global e ambicioso, que limite o aquecimento global a um máximo de dois graus centígrados”. “O apoio chinês é essencial”, disse Holland, no município de Chongqing, no centro do país, acrescentando que “a luta contra o aquecimento global é uma questão humanitária – como poderá o planeta ser preservado – e um assunto de considerável importância económica, o chamado crescimento ‘verde'”. A China, o maior emissor de gases poluentes do mundo, será um elemento chave nas negociações que arrancam a 30 de Novembro, numa altura em que países desenvolvidos e em desenvolvimento discutem qual das partes deverá assumir maior responsabilidade na redução das emissões. As conversas terão paralisado em torno do mecanismo que acompanhará os compromissos dos 195 países envolvidos: a França defende um vínculo jurídico, revisto a cada cinco anos, (ver caixa) enquanto a China excluiu qualquer tipo de sistema punitivo. Pequim, que terá alegadamente dificultado as negociações durante a conferência de Copenhaga em 2009, já prometeu que as suas emissões de carbono vão atingir o pico máximo “por volta de 2030”. Mais uma viagem Esta é a segunda visita de um chefe de Estado europeu à China no espaço de uma semana, depois de a chanceler alemã, Angela Markel, ter concluído na sexta-feira passada uma deslocação de quatro dias ao país. No mês passado, China e Reino Unido firmaram acordos no valor de 40 mil milhões de libras, durante a primeira visita de Estado do Presidente chinês, Xi Jinping, a Londres. O segundo e último dia da visita será dedicado à cooperação entre as empresas dos dois países, com um fórum inaugurado pelo primeiro-ministro chinês, Li Keqiang. A China é o segundo maior parceiro comercial da França. Em média, as transacções comerciais diárias entre as duas nações somam 160 milhões de euros. A França é o terceiro destino do investimento chinês na Europa, a seguir ao Reino Unido e Alemanha. Portugal disputa o quarto lugar com a Itália. “Comparando com a recepção dos líderes da Alemanha e França ao Dalai Lama, apesar dos protestos chineses, em 2007 e 2008, as coisas mudaram dramaticamente, já que a China agora tem a iniciativa nas relações sino-europeias”, escreveu um jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) na semana passada. Em editorial, o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC, defende que “a China devia procurar uma interacção mais benéfica com a Europa”, argumentando que os laços com o continente europeu podem “contrabalançar as restrições impostas pela aliança EUA-Japão”. Acordo vinculativo A China e a França concordaram “estabelecer um acordo ambicioso e juridicamente vinculativo” na conferência de Paris sobre o clima, acompanhado de mecanismos de verificação dos compromissos esperados, indica uma declaração conjunta dos presidentes chinês e francês. Estes compromissos deverão ser alvo de uma “revisão completa todos os cinco anos”, refere a declaração conjunta divulgada à imprensa, em Pequim, por Xi Jinping e François Hollande, que sublinharam a sua “determinação em trabalhar em conjunto” para o êxito da conferência. Pequim e Paris declaram-se “favoráveis à realização de uma revisão completa todos os cinco anos sobre os progressos alcançados” e sublinham a necessidade de um “sistema de transparência melhorado para reforçar a confiança mútua”. O Presidente chinês considerou que esta declaração comum, composta por 21 pontos, demonstra “o compromisso comum de tornar a conferência de Paris um êxito”. François Hollande afirmou tratar-se de “um passo maior” para um acordo na COP21. “Com esta declaração, estabelecemos as condições que nos permitem antever um êxito”, disse Hollande, sublinhando que “a partir de agora é possível um acordo” em Paris.
Hoje Macau BrevesPequim quer crescimento económico médio anual de “pelo menos 6,5%” [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China espera atingir um crescimento económico médio anual de “pelo menos 6,5%”, até 2020, disse o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, na primeira alusão do género desde que a liderança do país se reuniu na semana passada. “Propomos uma meta que permita criar uma sociedade moderadamente próspera até 2020, o que exige um crescimento médio anual de pelo menos 6,5% ao longo dos próximos cinco anos”, afirmou Li, citado pela imprensa estatal. A liderança chinesa está a encetar uma transição no modelo de crescimento do país, visando maior ênfase no consumo doméstico, em detrimento das exportações e investimento, que asseguraram três décadas de trepidante, mas “insustentável”, crescimento económico. Na semana passada, o Comité Central do Partido Comunista Chinês, a cúpula do poder na China, definiu um “crescimento económico médio alto” como a meta para os próximos cinco anos e a partir de 2016. O mesmo documento aponta como objectivo dobrar o Produto Interno Bruto (PIB) e o PIB ‘per capita’ de ambos os residentes urbanos e rurais até 2020, face a 2010. As decisões foram anunciadas após uma reunião de quatro dias à porta fechada, que serviu também para vaticinar o fim da política “um casal, um filho”, abolindo um rígido controlo da natalidade que durava desde 1980. Em 2014, a economia chinesa cresceu 7,4%, o nível mais baixo das últimas duas décadas, enquanto no terceiro trimestre deste ano avançou 6,9%, o ritmo mais baixo desde o pico da crise financeira internacional, em 2009.
Hoje Macau BrevesChina | Yang Jiechi diz que país assumirá maior responsabilidade global [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] conselheiro de Estado chinês, Yang Jiechi, o responsável máximo pelos Negócios Estrangeiros da China, disse ontem que o “gigante asiático” assumirá maiores responsabilidades políticas globais à medida que se desenvolve. Yang, que falava num fórum com ex-líderes oriundos de vários países, sublinhou que a China trabalhará em conjunto com a comunidade internacional em questões como a luta contra o terrorismo, as alterações climáticas, ou epidemias globais. “Também colaboraremos na resolução de assuntos pendentes como os da península Coreana, onde a China defende a desnuclearização”, afirmou o ex-ministro, que desde a ascensão ao poder do actual Presidente chinês Xi Jinping, em 2013, foi promovido a Conselheiro de Estado. “A China procura uma relação estável e equilibrada com as grandes potências”, acrescentou, citado pela agência EFE, vincando os esforços em prol de uma nova relação mais cooperante com os Estados Unidos e parceiras estratégias com a Rússia e a União Europeia. Segundo Yang, a ascensão da China na política e economia internacionais, “trará novas possibilidades a estes e outros actores”. “Nos próximos cinco anos, e ao abrigo do 13.º plano quinquenal (2016-2020), a China fará transacções comerciais com outros países do mundo no valor total de dois biliões de dólares, investirá 500.000 milhões no exterior e 500 milhões de chineses farão turismo fora do país”, disse. Políticos e economistas de todo o mundo reúnem até hoje na II conferência para a compreensão da China, com que Pequim procura divulgar a sua visão sobre o seu próprio desenvolvimento político e económico e o seu impacto global.
Hoje Macau China / ÁsiaSíria | Pequim insiste em procura de uma solução política [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China insistiu domingo na sua posição de que “uma solução política” é a única saída para o conflito na Síria que dura há quatro anos e que já causou mais de 250 mil mortos. “A China sempre esteve comprometida com uma solução política para a questão síria”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Hua Chunying, em comunicado. O Governo de Pequim “continua disposto para continuar a trabalhar com a comunidade internacional em busca de consenso”, e mais ainda depois da reunião que decorreu na capital austríaca a qual na perspectiva da China teve resultados positivos, refere a nota. No encontro em Viena estiveram presentes os actores internacionais envolvidos no conflito, como os principais aliados do Presidente sírio, Bashar al-Assad, Rússia e Irão, e os seus principais adversários, Estados Unidos, Arábia Saudita e Turquia. Cerca de vinte países fizeram representar-se na reunião, assim como a União Europeia e a ONU, com o desafio de formular um plano aceitável tanto para o Governo sírio como para as milícias opositoras apoiadas pelos Estados Unidos e seus aliados árabes. Os grandes ausentes na reunião são as próprias partes que se enfrentam na guerra Síria, tanto Al-Assad como as diferentes facções opositoras. Nova fase Ao fim de oito horas de intensos debates, em que a China também participou, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, declarou aos jornalistas o “começo de um novo processo diplomático”. O chefe da diplomacia norte-americana disse que Washington continua a acreditar que a saída do poder de Assad irá facilitar o caminho para um acordo que determine o fim da guerra civil na Síria, bem como irá ajudar na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI). As 19 delegações estrangeiras presentes em Viena acordaram voltar a reunir-se daqui a duas semanas para uma nova ronda de conversações. O conflito na Síria teve início em Março de 2011 e já deixou mais de 250 mil mortos e 13 milhões de refugiados, numa onda de deslocados sem precedentes desde a II Guerra Mundial, segundo dados da ONU.